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ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO MATO GROSSO DO SUL CONTRIBUIÇÕES TÉCNICAS, TEÓRICAS, JURÍDICAS E METODOLÓGICAS Volume I

Zeems Vol 01

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  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 1

    ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICODO MATO GROSSO DO SUL

    CONTRIBUIES TCNICAS,TERICAS, JURDICAS E METODOLGICAS

    Volume I

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS2

    Comisso Coordenadora ZEE/MS

    Jorge Celeri (SEGOV)Paulo Csar Reis (SEGOV)Dcio Queiroz Silva (SEMAC)Roberto Ricardo Machado Gonalves (SEMAC)Thais B. de Azambuja Caramori (IMASUL)Carlos Henrique Lemos Lopes (SEPROTUR)Humberto Cesar Mota Maciel (AGRAER)Milton Portocarrero Naveira (SEOP)Evandro Faustino (SEOP)

    Equipe de Trabalho

    Claudia Arcangelo Mota MacielEdna Rodrigues Plens UmekiJacquieline Zarour TortorelliJoo Paulo Rosa dos SantosLuciano Massao Falco ArakakiMilton Portocarrero NaveiraMrcia Corra de OliveiraSynara Olendzki BrochThais B. de Azambuja Caramori

    Coordenao Geral

    Srgio Seiko Yonamine

    Apoio Institucional

    Ministrio do Meio Ambiente - MMASecretaria de Extrativismo e Gesto Territorial

    Consultoria

    Fundao de Apoio ao Desenvolvimento e a Educao deMato Grosso do Sul - FADEMSEquipe: Arnaldo Yoso Sakamoto,Paulo Marcos Esselin,Roberto Ortiz Paixo,Tito Carlos Machado de Oliveira (coord.),Zefa Valdivina Pereira

    Andr PuccinelliGovernador do Estado

    Murilo ZauithVice-Governador do Estado

    Tereza Cristina Corra da Costa DiasSecretria de Estado de Desenvolvimento Agrrio, da Produ-o, da Indstria, do Comrcio e do Turismo - SEPROTUR

    Osmar Domingues JeronymoSecretrio de Estado de Governo - SEGOV

    Edson GirotoSecretrio de Estado de Obras Pblicas e de Transportes -SEOP

    Carlos Alberto Negreiros Said MenezesSecretrio de Estado do Meio Ambiente, do Planejamento, daCincia e Tecnologia - SEMAC

    Mrio Srgio Maciel LorenzettoSecretrio de Estado de Fazenda -SEFAZ

    Thie Higuchi Viegas dos SantosSecretria de Estado de Administrao - SAD

    Carlos Eduardo Xavier MarunSecretrio de Estado de Habitao e das Cidades - SEHAC

    Tnia Mara GaribSecretria de Estado de Trabalho e Assistncia Social - SETAS

    Maria Nilene Badeca da CostaSecretria de Estado de Educao - SED

    Beatriz Figueiredo DobashiSecretria de Estado de Sade - SES

    Wantuir Francisco Brasil JaciniSecretrio de Estado de Justia e Segurana Publica - SEJUSP

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 3

    Colaborao InstitucionalRede ZEE/MS

    ACRISSUL - Associao dos Criadores de Mato Grosso do Sul

    ASSOMASUL - Associao dos Municpios de Mato Grosso doSul

    ABAV - Associao Brasileira de Agncias de Viagem

    ADCG - Agncia de Desenvolvimento de Campo Grande

    AGRAER - Agncia de Desenvolvimento Agrrio e ExtensoRural

    AGMS - Associao dos Gelogos do Mato Grosso do Sul

    Atratur

    Brasil Telecom

    CEF - Caixa Econmica Federal

    Cmara Setorial de Bovinocultura

    Cmara Setorial da Floresta-

    Cmara Setorial de Logstica de Armazenagem e Transporte

    Cmara Setorial de Piscicultura

    Cmara Setorial Setor Sucroalcooleiro

    CERH - Conselho Estadual de Recursos Hdricos

    CI - Conservation International do Brasil

    CIABRI - Consrcio Intermunicipal do Rio Iguatemi

    CIDEMA - Consrcio Intermunicipal dos Rios Miranda e Apa

    COEMA - Conselho Temtico Permanente do Meio-Ambiente

    COINTA - Consrcio Intermunicipal para o DesenvolvimentoSustentvel da Bacia do Rio Taquari

    Colnia 21 Corumb

    CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento

    COOPAER - Cooperativa de Trabalho em DesenvolvimentoRural e Agronegcio

    CORECOM/MS - Conselho Regional de Economia de MatoGrosso do Sul

    CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

    CREA/MS - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura eAgronomia de Mato Grosso do Sul

    ECOA - Ecologia e Ao

    EGRHP/ MS - Empresa de Gesto de Recursos Humanos ePatrimnio

    EMBRAPA-CNPS - Centro Nacional de Pesquisa de Solos

    EMBRAPA-CPAO - Centro de Pesquisa Agropecuria do Oeste

    EMBRAPA-CNPGC - Centro Nacional de Pesquisa de Gadode Corte

    EMBRAPA- CNPTIA - Informtica Agropecuria

    EMBRAPA-CPAP - Centro de Pesquisa do Pantanal

    ENERSUL - Empresa Energtica de Mato Grosso do Sul

    FADEMS - Fundao de Apoio ao Desenvolvimento da Educa-o de Mato Grosso do Sul

    FAMASUL - Federao da Agricultura e Pecuria de Mato Gros-so do Sul

    FCMS - Fundao de Cultura de Mato Grosso do Sul

    FECOMRCIO/MS - Federao do Comrcio do Estado de MatoGrosso do Sul

    FIEMS - Federao da Indstria e do Comrcio de Mato Grossodo Sul

    FUNDTUR/MS - Fundao de Turismo de Mato Grosso do Sul

    IAB/MS - Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento doMato Grosso do Sul

    IASB - Instituto guas Serra da Bodoquena

    IBAMA/MS - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re-cursos Naturais Renovveis de Mato Grosso do Sul

    IBGE/MS - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica deMato Grosso do Sul

    IMASUL - Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul

    INDETEC - Instituto de Desenvolvimento Tecnolgico

    INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

    IPH - Instituto de Pesquisa Hidrulicas

    IPHAN/MS - Instituto de Patrimnio Histrico e Artstico Na-cional - Mato Grosso do Sul

    MAPA - Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    MMA - Ministrio do Meio Ambiente

    MME - Ministrio de Minas e Energia

    MMX- - Minerao e Metlicos S.A

    MPE/MS - Ministrio Publico do Estado de Mato Grosso doSul

    Museu de Arqueologia UFMS -

    OAB/MS - Ordem dos Advogados do Brasil - MS

    PERH/MS - Plano Estadual de Recursos Hdricos de MatoGrosso do Sul

    PLANURB - Instituto Municipal de Planejamento Urbano

    PMA - Polcia Militar Ambiental

    PMPP - Prefeitura Municipal de Ponta Por

    PMSGO - Prefeitura Municipal de So Gabriel do Oeste

    PZEE - Programa ZEE

    REFLORE-MS - Associao Sul-Mato-Grossense de Produto-res e Consumidores de Florestas Plantadas

    REPAMS - Associao de Proprietrios de Reservas Particularesdo Patrimnio Natural de Mato Grosso do Sul

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS4

    Empresa Mineradora Rio Tinto -

    SRCG - Sindicato Rural de Campo Grande

    SRC - Sindicato Rural de Corumb

    SRD - Sindicato Rural de Dourados

    SANESUL - Empresa de Saneamento do Estado de Mato Gros-so do Sul

    SEMA/Bonito - Secretaria de Meio Ambiente de Bonito

    SEGOV/MS - Secretaria de Estado de Governo

    SEMAC/MS - Secretaria de Estado de Meio Ambiente, dasCidades, do Planejamento, da Cincia e Tecnologia

    SEOP/MS - Secretrio de Estado de Obras Pblicas e de Trans-portes

    SEPLAN/MT - Secretaria de Estado Planejamento de MatoGrosso

    SEPROTUR/MS - Secretaria de Estado de DesenvolvimentoAgrrio, da Produo, da Indstria, do Comrcio e do Turis-mo

    SETASS/MS - Secretaria de Estado de Trabalho, AssistnciaSocial e Economia Solidria

    SINDAL/MS - Sindicato do lcool de Mato Grosso do Sul

    SINDUSCON/MS - Sindicato Intermunicipal da Indstria da Cons-truo do Estado de Mato Grosso do Sul

    SODEPAN - Sociedade de Defesa do Pantanal

    Sophus Consultoria e Assessoria Ltda

    SRA - Sindicato Rural de Aquidauana

    SRT - Sindicato Rural de Terenos

    Terra Verde Empreendimentos Consultoria Florestal Ltda

    UCDB - Universidade Catlica Dom Bosco

    UEMS - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

    UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

    UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados

    UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    UNIDERP - Universidade para o Desenvolvimento do Estadoe da Regio do Pantanal

    WWF Brasil - World Wildlife Fund

    Colaboradores do ZEE/MS

    Alessandro MenezesAllison Ishyngela Demisque Siqueirangelo Jos Rodrigues LimaAntnio Conceio Paranhos FilhoArnaldo SakamotoCarlos Alberto Negreiros Said Menezes

    Carlos Andr Bulhes MendesCssio da SilvaCelso MonteiroCelso Wainer ManzattoDbora Fernandes CalheirosDemar Augusto FerreiraDulio Jurado FernandesEliane RibeiroEni Garcia de FreitasEmlio Csar Miranda de BarrosFernanda MacariosGeancarlo de Lima MerigueGlson MartinsIsaas BernardiniJernimo ChavesJoo Batista LopesJoo dos Santos Vila da SilvaJoo Pedro Cuthi DiasLeonardo BarrosLuciano BarrosMrcio OshiroMarcos Estevam Del PretteMargareth RibasMiguel MilanoMilton Medeiros SarattNatlio Abraho FilhoNelson TsushimaNlson de BarrosPaulo Marcos EsselinRoberto Folley CoelhoRoberto KlabinRoberto Ortiz PaixoRoberto OshiroRoberto Ricardo GonalvesRoberto Ricardo VizentinRodiney Arruda MauroSandro Menezes SilvaSylvia TorrecilhaTiago RamiresTito Carlos Machado de OliveiraValter Jos MarquesZefa Valdivina Pereira

    Projeto grficoLennon Godoi

    Editorao eletrnicaMarcelo Brown

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 5

    Estas contribuies, tcnicas, tericas, jurdicas e metodolgicas (volumes I, II e III) so as Refern-cias Ambientais e Socioeconmicas para o Uso do Territrio: uma contribuio ao Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS. Integram o escopo de uma proposta nacionalcoordenada pelo Ministrio do Meio Ambiente (MMA), orientada a estabelecer medidas e padres deproteo ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental dos recursos hdricos, do solo e aconservao da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentvel e a melhoria das condies devida da populao (Decreto Federal n. 4.297/2002).

    O Zoneamento Ecolgico Econmico (ZEE) tem como objetivo estabelecer normas tcnicas elegais para o adequado uso e ocupao do territrio, compatibilizando, de forma sustentvel, asatividades econmicas, a conservao ambiental e a justa distribuio dos benefcios sociais.

    Como princpio, o ZEE exige uma srie de entendimentos prvios da realidade do territrio oque define, por sua vez, a necessidade de um diagnstico multidisciplinar para identificar asvulnerabilidades e as potencialidades especficas ou preferenciais de uma das reas, ou subespaosdo territrio em estudo. Somente neste sentido poder ser um instrumento de orientao de parmetrospara a sua utilizao.

    No Mato Grosso do Sul, o ZEE/MS se desenvolve como ferramenta do planejamento estratgicodo Estado, sob a coordenao geral da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, das Cidades, doPlanejamento, da Cincia e Tecnologia (SEMAC). Com este estudo, a Comisso Coordenadora doZEE/MS, disponibiliza mais um produto para subsidiar a construo do ZEE/MS.

    A opo administrativa do Governo Estadual em obter, em curto prazo, as normas gerais doZoneamento Ecolgico Econmico para orientao de suas prprias polticas pblicas e para promovero ordenamento geral de uso e ocupao do territrio sul-mato-grossense fez com que, se fizesse aopo pela organizao dos trabalhos em trs etapas.

    A Primeira Aproximao tem o objetivo de fixar as normas e os conceitos gerais do ZoneamentoEcolgico Econmico, da a necessidade das contribuies estabelecidas por vrios estudiosos de distin-tas reas agregados nestes trs volumes. A Segunda Aproximao, em seguida, dever promover odetalhamento e a compatibilizao com a metodologia geral do ZEE-Brasil; e a terceira etapa deve prepa-rar e apoiar a realizao do ZEE/MS em escala local, municipal ou regional.

    importante ressaltar que tal organizao impe a opo de se fazer o ZEE/MS Primeira Aproxi-mao baseado exclusivamente em dados secundrios e nos estudos afins j realizados e em parce-rias com entidades e instituies para busca e organizao de conhecimentos produzidos e manti-dos em diversos arquivos.

    APRESENTAO

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS6

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 7

    SUMRIO

    APRESENTAO ______________________________________________________________ 5

    1. A HISTRIA DE MATO GROSSO DO SUL__________________________________________ 11

    Referncias Bibliogrficas _____________________________________________________ 20

    2. PANORAMA MUNDIAL, AMRICA LATINA E BRASIL ________________________________ 21

    2.1 PANORAMA MUNDIAL: AQUECIMENTO GLOBAL _________________________________ 21

    2.2 PANORAMA MUNDIAL: PODER ECONMICO, POLTICO E MILITAR ___________________ 24

    2.3 PANORAMA DA AMRICA LATINA: MEIO-AMBIENTE _____________________________ 28

    2.4 PANORAMA DO BRASIL: MEIO-AMBIENTE _____________________________________ 28

    2.5 PANORAMA DO BRASIL: IMPACTOS DA MUDANA CLIMTICA NA AGRICULTURA ______ 31

    Bibliografia ________________________________________________________________ 35

    3. PERSPECTIVAS ECONMICAS DE MATO GROSSO DO SUL ___________________________ 37

    3.1. MATO GROSSO DO SUL: TRAJETRIA DE CRESCIMENTO _________________________ 37

    3.2. EVOLUO ECONMICA DOS SETORES PRODUTIVOS ___________________________ 40

    3.2.1. Setor Primrio ________________________________________________________ 40

    3.2.1.1. Evoluo da produo das principais culturas agrcolas _______________________ 41

    3.2.1.2. Comportamento da produo agrcola por microrregio _______________________ 41

    3.2.1.3. Evoluo da pecuria__________________________________________________ 42

    3.2.2. Setor Secundrio ______________________________________________________ 43

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS8

    3.2.2.1. Comportamento por microrregies _______________________________________ 44

    3.2.3. Setor Tercirio ________________________________________________________ 46

    3.2.3.1. O comrcio geral e nas microrregies _____________________________________ 46

    3.2.3.2. Comrcio exterior ____________________________________________________ 47

    3.2.3.3. Anlise da logstica de transportes________________________________________ 47

    3.3. MATO GROSSO DO SUL: DESAFIOS A SEREM SUPERADOS _______________________ 48

    3.4. OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL _________ 61

    3.5. NECESSIDADES DE INFRA-ESTRUTURA E SERVIOS PBLICOS ___________________ 62

    3.5.1. Infra-estrutura: projetos prioritrios do governo estadual________________________ 62

    3.6. ANLISE DE IMPACTOS: REGIES BENEFICIADAS COM OS INVESTIMENTOS

    NOS SETORES SUCRO-ALCOOLERIO, MINERO-SIDERRGICO E PAPEL E CELULOSE ________ 63

    3.7. ANLISE DE AMBIENTE: CENRIOS E TENDNCIAS _____________________________ 64

    4. O CLIMA DE MATO GROSSO DO SUL ____________________________________________ 69

    4.1. REGIMES TRMICOS REGIONAIS ___________________________________________ 70

    4.2. CARACTERIZAO CLIMTICAS REGIONAL___________________________________ 71

    4.3. REGIME PLUVIOMTRICO, SISTEMAS FRONTAIS E INFLUNCIAS GEOGRFICAS ______ 71

    Referncias bibliogrficas _____________________________________________________ 73

    5. AQFEROS DE MATO GROSSO DO SUL _________________________________________ 75

    5.1. SITUAO ATUAL ______________________________________________________ 75

    5.1.1. Bacia Sedimentar do Paran _____________________________________________ 76

    5.1.2. Escudo Cristalino______________________________________________________ 76

    5.1.3. Bacia Sedimentar do Paraguai ____________________________________________ 76

    5.2. CARACTERIZAO DOS TIPOS DE AQFEROS _________________________________ 77

    5.3. DESCRIO DETALHADA DOS AQFEROS PRESENTES

    EM CADA COMPARTIMENTAO _______________________________________________ 78

    5.3.1. Bacia Sedimentar do Paran _____________________________________________ 78

    5.3.2. Escudo Cristalino______________________________________________________ 85

    5.3.3. Bacia do Paraguai ______________________________________________________ 86

    5.4. CONCLUSO E RECOMENDAES FINAIS_____________________________________ 87

    6. RECURSOS HDRICOS _______________________________________________________ 89

    Referncia Bibliogrfica ________________________________________________________ 94

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 9

    7. CARACTERIZAO DA BIODIVERSIDADE DE MATO GROSSO DO SUL ___________________ 95

    7.1. CARACTERIZAO DA VEGETAO__________________________________________ 95

    7.2. FORMAES VEGETACIONAIS DE MATO GROSSO DO SUL_______________________ 100

    7.2.1. Savana Arbrea Densa (Cerrado) ________________________________________ 102

    7.2.2. Savana Arbrea Aberta (Cerrado e Campo Cerrado) __________________________ 102

    7.2.3. Savana Parque (Campo sujo) ___________________________________________ 103

    7.2.4. Savana Gramneo-lenhosas (Campo limpo) _________________________________ 103

    7.2.5. Regio da Savana Estpica (Vegetao Chaquenha)___________________________ 103

    7.2.6. Savana Estpica Arbrea Densa__________________________________________ 103

    7.2.7. Savana Estpica Arbrea Aberta _________________________________________ 103

    7.2.8. Savana Estpica Parque________________________________________________ 104

    7.2.9. Savana estpica Gramneo-Lenhosa ______________________________________ 104

    7.2.10. Regio da Floresta Estacional Semidecidual ________________________________ 104

    7.2.10.1. Floresta Aluvial ____________________________________________________ 104

    7.2.10.2. Floresta Estacional Semidecidual Submontana ____________________________ 104

    7.2.11. Regio da Floresta Estacional Decidual____________________________________ 105

    7.2.11.1. Florestas das Terras Baixas ___________________________________________ 105

    7.2.11.2. Floresta Estacional Decidual Submontana ________________________________ 105

    7.2.12. Formao de Transio _______________________________________________ 105

    7.2.13. rea de Tenso Ecolgica _____________________________________________ 105

    7.2.13.1. Ectonos ________________________________________________________ 105

    7.2.13.2. Encrave _________________________________________________________ 106

    7.3. DIVERSIDADE DE ESPCIES ______________________________________________ 106

    7.3.1. Flora ______________________________________________________________ 106

    7.3.2. Fauna _____________________________________________________________ 106

    7.4. UNIDADE DE CONSERVAO _____________________________________________ 107

    7.5. POTENCIAIS CORREDORES DA BIODIVERSIDADE______________________________ 111

    Referncias Bibliogrficas ____________________________________________________ 113

    8. PROPOSTAS DE UTILIZAO DA BIODIVERSIDADE

    SUL MATO-GROSSENSE E SUA CONSERVAO ____________________________________ 115

    8.1. INTRODUO _________________________________________________________ 115

    8.2. BIODIVERSIDADE NO CONTEXTO DO ZEE_____________________________________ 115

    8.3. APROVEITAMENTO DA FAUNA NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL ______________ 116

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS10

    8.4. ATIVIDADES ECNMICAS PARA MELHORA DA

    RENDA DOS PRODUTORES NO PANTANAL SUL MATO-GROSSENSE ____________________ 116

    8.4.1. Sistema de Produo de jacars __________________________________________ 118

    8.4.2. Sistema de produo de porco monteiro ___________________________________ 119

    8.4.3. Sistema de Produo de novilho pantaneiro NOVIPAN ________________________ 119

    8.5. Concluses ___________________________________________________________ 120

    Referncias Bibliogrficas ____________________________________________________ 121

    9. ANLISE DA ATIVIDADE TURSTICA EM MATO GROSSO DO SUL _____________________ 123

    9.1. O PANORAMA GLOBAL DO TURISMO E O CASO BRASILEIRO _____________________ 123

    9.2. O SETOR TURSTICO NO MATO GROSSO DO SUL: PROBLEMAS E IMPACTOS _________ 125

    9.3. PERSPECTIVAS PARA O SETOR NO MATO GROSSO DO SUL:

    PERSPECTIVAS E DESAFIOS GOVERNAMENTAIS __________________________________ 126

    Referncias Bibliogrficas ____________________________________________________ 128

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 11

    A histria da colonizao e conquista da bacia platina e das regies do mdio e alto Paraguai estodiretamente ligadas busca das riquezas do Peru e a rivalidade lusa espanhola. O uso de objetos deprata entre os ndios da regio, obtidos atravs das relaes econmicas que mantinham com as popu-laes incaicas, despertou a cobia entre os primeiros navegantes europeus que incursionavam poresses territrios.

    As primeiras embarcaes que navegaram sob as guas do rio da Prata, ocorreram ainda na primei-ra etapa dos descobrimentos e conquista da Amrica.

    No comeo do sculo XVI, mais precisamente a partir de 1502, os espanhis estavam empenhadosna busca de um caminho martimo que os conduzissem Molucas, objetivo maior do comrciomercantilista. Foi essa busca que os trouxe ao esturio do Rio da Prata.

    A princpio o continente no despertou muito interesse entre os navegantes europeus j que cons-titua um obstculo aos que procuram o monoplio das ricas especiarias orientais. medida que asembarcaes espanholas foram se aproximando da costa meridional atlntica da Amrica do Sul, seusocupantes passaram a explor-la e manter contatos com os nativos colhendo deles, histrias e lendassobre as supostas riquezas que existiam na terra, o que constituiu em poderoso incentivo para a explora-o do continente americano.

    Os indgenas faziam referncia existncia de uma serra situada a longa distncia do litoral perten-cente a um rei branco, cujo reino de Paytiti, continha um centro produtor de prata que era muito utilizadapelos nativos na costa de Santa Catarina.

    Esses relatos exerceram um considervel fascnio no imaginrio dos conquistadores que sonhandocom o enriquecimento fcil e rpido, passaram a acreditar que a quantidade de prata existente, segundoesse mito, fosse considerada como sendo o equivalente ao volume de uma serra. Assim, o mito da Serrade Prata, pertencente a um rei branco, transformou-se gradativamente no principal objetivo da conquistaeuropia. (SILVA NOVAIS, p.36,2004).

    PARTE I

    A HISTRIA DE MATO GROSSO DO SULPaulo Marcos Esselin

    Doutor em Histria, Professor da UFMS

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS12

    As divulgaes, na Corte portuguesa da possibilidade de riquezas provocaram a imediata reaoda Coroa. Uma vez deliberado que por Santa Catarina era possvel atingir a lendria Serra de Prata,naturalmente se aguaram as rivalidades entre lusos e espanhis em torno da posse daquela rea.Imediatamente, uma expedio deixou o porto de Lisboa sob o comando de Martim Afonso de Souza; apresena a bordo de Henrique de Montes foi expressiva, pois ele ficar mais de dez anos no litoralcatarinense, naufrago de uma expedio, conhecia bem a lngua dos indgenas e os caminhos quelevavam s riquezas do Peru. Foi por sua inspirao que se organizou em 1531, a entrada de Pero Lobo,que partiu da Canania com quarenta espingardeiros e quarenta besteiros para buscar as riquezas peru-anas. Todos, porm foram mortos pelos naturais, na confluncia dos rios Iguau e Paran. (CABEA DEVACA, 1987, P.22)

    Apesar do insucesso, os portugueses no perderam as esperanas de alcanar as riquezas almeja-das. Antes de voltar a Lisboa, Martim Afonso de Souza, contrariando determinaes reais, fundou , em1532, So Vicente e Piratininga que no se situavam na Costa do Pau Brasil, o que revela o prioritriointeresse dos portugueses, ou seja, a busca dos metais preciosos, j que o local escolhido para a funda-o das vilas favorecia o acesso ao Paraguai e s minas do Peru.

    A preocupao dos espanhis com as expedies portuguesas na regio platina acabou por acele-rar o processo de sua ocupao. A certeza da existncia dos metais atraa mercadores, banqueiros emuitos aventureiros que buscavam enriquecimento rpido e fcil. Alm disso, Francisco Pizarro, que sehavia apoderado do Imprio Inca em 1531, retornou Espanha, levando grande tesouro do Peru. A parteque cabia ao rei. O quinto real, ficou exposto a visitao pblica por muitos dias, causando forte impres-so nos visitantes e estimulando novas descobertas. (GADELHA, 1980, p.70). Assim as lendas do reiBranco e da Serra de Prata foram adquirindo maior veracidade estimulando banqueiros a financiar novosprojetos de conquista da regio.

    Havia tambm a preocupao da Coroa espanhola porque Portugal no parecia disposto a aceitaros termos do Tratado de Tordesilhas e procurava incluir o rio da Prata na linha de demarcao. Temero-sos com a possibilidade da ocupao da regio da Prata pelos portugueses, e tambm, com o propsitode impedir que eles remontassem o referido rio, a Coroa espanhola no ano de 1535 organizou umagrande expedio, muito maior do que as que conquistaram o Mxico ou o Peru. Na ocasio foi assina-do um contrato entre o nobre espanhol Pedro de Mendonza e o rei da Espanha, para a conquista epovoamento das terras e provncias do rio da Prata.

    Esse contrato previa que a expedio tinha dois objetivos bsicos: estabelecer o povoamentopermanente na regio da Prata em proveito espanhol e conquistar a to sonhada Serra de Prata. A reada provncia do Paraguai limitava-se, ao norte, com a Capitania de So Vicente, pois a linha imaginriaa separar os territrios da Espanha dos de Portugal passava sobre Iguape, no atual Estado de SoPaulo; ao sul, com o Rio da Prata; a leste com o oceano Atlntico e, a oeste, com a Provncia deTucumn. Possua o Paraguai, portanto jurisdio sobre os atuais Estados brasileiros do Paran, SantaCatarina, Rio Grande do Sul e o sudoeste de Mato Grosso (antiga Provncia do Itatim, hoje territriopertencente ao Pantanal sul-mato-grossense), subindo da at a bacia do Amazonas. Igualmente, per-tenciam ao seu territrio o Uruguai e a Argentina, com exceo da regio de Tucumn. No atual territ-rio boliviano, limitava-se com a Provncia de Santa Cruz de la Sierra. (GADELHA, 1980, P.46-47). Aexpedio de Pedro de Mendonza partiu de Sanlcar de Barrameda em 24 de agosto de 1535, com 14embarcaes e 2650 homens, sendo 150 alemes e 2500 espanhis e ainda setenta e dois cavalos.Seu Estado Maior era formado por representantes da alta nobreza espanhola, parentes do prpriocomandante e outros que se destacaram como Juan de Ayolas, Domingo Martinez de Irala, Juan deSalazar Espinosa, Gonzalo de Mendonza, Francisco Ruiz Galan e o bvaro Ulrich Schmidel. (COSTA,1999, P.38).

    Em fevereiro de 1535, os espanhis aportaram margem ocidental do rio da Prata, onde levantaramum pequeno forte, ao qual deram o nome de Santa Maria de Buenos Aires.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 13

    Ao contrrio de suas experincias anteriores no Mxico com os Astecas e no Peru e Bolvia com osIncas, onde encontraram uma fonte inesgotvel de riquezas em ouro e prata, alm de uma populaoindgena densa, sedentria, praticando uma agricultura de alto nvel tcnico que puderam ser aproveita-dos como trabalhadores, tanto nas minas como nas demais atividades produtivas, aqui eles eram nma-des viviam da caa e da pesca e as riquezas sonhadas pareciam no existir, alm disso, as vrias etniaslocais se associaram e passaram a atacar os espanhis.

    Constantemente atacados, isolados em um territrio hostil e no dispondo das provises necess-rias, os expedicionrios foram quase que completamente dizimados.

    Em pouco tempo a nova colonizao estava derrotada, tanto pela falta de alimentos como tambm,pelos constantes ataques promovidos pelos indgenas, Buenos Aires, centro da conquista da Serra dePrata, teve que ser despovoada, sendo transladada sua pequena populao para a cidade que haviasido fundada recentemente pelos pioneiros espanhis, Nuestra Senra de Assuncion.

    Em Assuno os espanhis encontraram condies mais favorveis para o incio da colonizao.Nas margens do rio homnimo, no local denominado pelos indgenas de Lambar, eles entraram emcontato com os crios, ndios agricultores e sedentrios que estavam em condies de produzir osalimentos necessrios para a sua subsistncia enquanto estivessem eles desenvolvendo sua empresade buscar a Serra de Prata.

    Muito cedo se desfez o sonho da conquista da Serra de Prata. Quando em 1548 os espanhisradicados no Paraguai percorreram o mesmo caminho trilhado por Aleixo Garcia e chegaram ao territriode Charcas, em terras peruanas, constataram que as mesmas j haviam sido ocupadas por patrciosseus, vindos da costa ocidental, que ali chegaram e j haviam organizado ncleos de povoamento e seapossado das riquezas. Desfez se, dessa forma o sonho dos colonizadores de Assuno de se apossa-rem delas.

    Para agravar ainda mais a situao dos pioneiros, a Corte de Madrid determinou que as liga-es da Prata com o Peru fossem interrompidas e proibiu tambm o uso de moedas no Paraguaipara limitar as relaes de comrcio nas reas coloniais. Ou seja, a metrpole procurava evitar osdescaminhos da Prata e impedir que as recentes descobertas de Potosi escapassem do controle dasautoridades.

    O fracasso das expedies ao Peru fez com que o colonizador direcionasse seus movimentos emdireo ao Guair, Itatim e a Ilha de Santa Catarina, na tentativa de encontrar meios para desenvolversuas atividades de produo de maneira lucrativa.

    O Itatim estava localizado na plancie pantaneira na regio banhada pelo rio Mbotetey na rea com-preendida atualmente pela bacia hidrogrfica dos rios Miranda e Aquidauana na parte no inundvel doPantanal Sul Mato-Grossense.

    Para os espanhis radicados em Assuno se estabelecer no Itatim era muito importante, tratava-sede regio estratgica, a porta de entrada ao Peru e o sonho acalentado pelos assuncenhos era o departicipar do comrcio na regio mais prsperas das colnias espanholas onde havia sido encontradodesde 1531 grandes reservas de prata.

    Outro fator importante estava relacionado questo do trabalho, a questo das encomendas. Apredominncia da populao guarani nessas reas, alm da facilidade do trato, assegurava a manuten-o dos europeus.

    Por outro lado, os prprios encomendeiros j se organizavam e exigiam o avano da colonizao,uma vez que enfrentava problemas quanto ao reduzido nmero de ndios de servio, o que no atendiaaos seus interesses estando descontentes e a procura de novos territrios cujos habitantes pudessemexplorar.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS14

    A mo de obra indgena representava a nica riqueza que podia o colono possuir, em territrio pobre de minrio como o

    Paraguai e onde devido relativa abundncia, as terras no eram compradas e nem adquiridas e sim obtidas por real

    doao. Assim a riqueza e prestgio de um indivduo eram medidos pelo nmero de encomendas por ele possudas (GADELHA,

    1980, p. 77).

    No ano de 1600 os espanhis resolveram pela fundao de uma pequena cidade em territrio doatual estado de Mato Grosso do Sul, o espao selecionado localizava-se na regio banhada pelo rioMbotetey na rea compreendida atualmente pela bacia hidrogrfica dos rios Miranda e Aquidauana. Acidade recebeu o nome de Santiago de Xerez.

    Assentados, os espanhis desenvolveram uma economia de subsistncia, ao lado de uma pequenaproduo de algodo, milho, feijo, mandioca e atividades criatrias.

    Por vezes, exportavam seus produtos para o mercado de Assuno, Tucum e principalmente paraas redues jesuticas do Guair, Ciudad Real e Vila Rica do Esprito Santo. Situada a 80 lguas de SantaCruz de la Sierra, era uma vila pobre que mantinha contatos espordicos com Potosi, e a sua populaoespanhola nunca foi superior a 60 vecinos em seu melhor momento. (ESSELIN, 2000.)

    Embora fosse um povoado extremamente pobre, sem um produto que despertasse interesse nasdemais colnias espanholas, no entanto, o rebanho bovino e eqino se desenvolveu muito bem. Pos-sua vultuosa gadaria, alm de fartas lavouras (TAUNAY, 1961, 2 ed., p. 62, T.I). A ajuda vinda de Assun-o parece que era freqente no s em armamentos, mas tambm em gado bovino, o que permitiu arpida estruturao desse rebanho em Santiago de Xerez.

    A cidade, porm enfrentou muitas dificuldades, pois, mesmo sendo a via mais fcil e mais rpidapara atingir os tesouros peruanos, a presena dos guaicurus e paiaguses nas rotas impediam a livrecirculao e o comrcio regular. Afastada dos demais ncleos espanhis, acidade no conseguiu pros-perar e seus habitantes sobreviveram enfrentando privaes e aos constantes ataques dos nativos. Asdificuldades enfrentadas pelos colonos no fez esmorecer os nimos das autoridades assuncenhas queestimularam a instalao dos padres da Companhia de Jesus naquele espao.

    A necessidade indispensvel de mo de obra indgena domesticada para a economia agrcola colo-nial motivou a vinda de missionrios jesutas para a regio. A catequese dos ndios guaranis itatins,assentados no mbito dos Campos de Xerez, resultou na constituio da provncia jesutica do Itatim. Noentanto, as relaes entre jesutas/ndios e colonos xereanos no se deram de forma harmoniosa, aocontrrio, os jesutas impuseram resistentes obstculos a apropriao compulsria da mo de obra ind-gena catequizada, o que era, portanto contraditrio com o modelo da economia colonial Ibrica.

    Os padres receberam amplos poderes para reunir os naturais em povoados, governarem-nos semqualquer dependncia das cidades e fortalezas vizinhas e se oporem em nome do rei a quem quisessesujeitar os novos cristos ao servio pessoal dos espanhis sob qualquer que fosse o pretexto. (MONTOYA,1985). O propsito dos jesutas era fazer dos indgenas, cristos.

    A necessidade de mo de obra indgena domesticada tambm exerceu forte atrao sobre os ban-deirantes paulistas que desde meados do sculo XVI j excursionavam pela regio, e passaram a partirde 1630 a assediar os plos castelhanos.

    A necessidade de mo de obra indgena domesticada tambm exerceu forte atrao sobre os ban-deirantes paulistas que desde meados do sculo XVI j excursionavam pela regio, e passaram a partirde 1630 a assediar os plos castelhanos.

    Desde 1632 a 1649 a provncia jesutica do Itatim foi transformada em um grande palco onde seencontraram jesutas a servio da Espanha, colonos espanhis e os bandeirantes paulistas lutando pelocontrole da mo de obra indgena.

    Os ltimos impuseram fragorosa derrota aos plos de colonizao espanhola assaltaram osaldeamentos, escravizaram os nativos e destruram as redues dos padres jesutas.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 15

    Aps as invases colonos e padres espanhis retornaram para Assuno abandonando as terrasque outrora ocuparam, deixaram desocupados os espaos onde haviam edificado redues e cidades.Abandonadas essas reas, constituram um trampolim para que os portugueses pudessem alcanar asminas de ouro no extremo oeste e facilitar s geraes vindouras o trabalho de incorporar essas regiesao territrio brasileiro.

    As vitrias portuguesas sobre os ncleos de povoao castelhana se revestiram de importante sig-nificado.

    medida que os plos de colonizao dos espanhis foram destrudos deixaram de constituirempecilho entrada dos portugueses na regio. As expedies se tornaram ainda mais ousadas e oslusitanos passaram a ingressar em parte do Paraguai e do vice-reinado do Peru (sobretudo no que hojea Bolvia).

    O caminho estava livre e as runas de Santiago de Xerez e das redues serviam de ponto de apoiopara as suas investidas:

    O certo que descortinados os campos de Xerez, passariam eles s vezes a fornecer pousada, albergue, colheita de

    sementeiras e infalivelmente passagem privilegiada ao extremo oeste. (HOLLANDA, 1986, p. 152).

    A contnua penetrao dos bandeirantes em direo ao sul e a oeste rumo s fronteiras castelhanaslevou a descoberta da minas de ouro em Cuiab, o que atraiu milhares de portugueses e seus escravosafricanos para a regio.

    A parte meridional da provncia de Mato Grosso perdeu seu encanto completamente, as riquezasperuanas foram substitudas pelas cuiabanas, esse territrio passou a constituir apenas rota obrigatriapara aqueles que desejavam atingir as lendrias riquezas.

    No af de preservar os stios aurferos as atenes da coroa portuguesa voltaram-se exclusivamentepara o norte de Mato Grosso, onde foram sendo constitudos fortes e vilas na fronteira com a Bolvia.

    Por outro lado os espanhis voltaram as suas atenes para o sul de Mato Grosso, onde os portu-gueses no tinham pontos de ocupao fundaram o forte de Vila Real da Conceio, acima da boca dorio Ipan, a margem esquerda do Paraguai, por onde visavam manter comunicao entre Assuno e asaldeias dos chiquitos, o que para os portugueses, representava perigo de expanso dos inimigos emdireo as minas do Cuiab.

    Em resposta os portugueses mandam executar um minucioso levantamento das vias navegveis dabacia do Paraguai, com o objetivo de implantar pontos estratgicos militares no sentido de atender aexpanso colonialista lusa, e estancar o avano de sditos espanhis.

    Concludo o levantamento decidiu-se pela ocupao de Fecho dos Morros o que demonstravaclaramente a inteno da coroa portuguesa de firmar a posse de pontos estratgicos no extremo sul deMato Grosso, no sentido de favorecer Portugal frente a um possvel litgio fronteirio com o reino vizi-nho.

    A partir de 1775 foi fundado o forte de Coimbra as margens do rio Paraguai, em 1776 a cidade deAlbuquerque e em 1778 Corumb e assim assegurar o domnio da margem direita do rio Paraguai garan-tindo o controle da sua navegao.

    Mesmo com a fundao desses novos ncleos na fronteira sul de Mato Grosso o abandono eraabsoluto. Os soldados enfrentavam atrasos em seus salrios de mais de ano, a alimentao era deficien-te, assim como era constante a falta de munio. Todas s vezes, porm, que se divulgavam notciassobre a possibilidade de uma invaso por parte dos espanhis, procuravam-se dar melhores condiess tropas: o pagamento era colocado em dia e recursos eram destinados compra de munio e arma-mento para garantir a defesa, porm, a situao se normalizava e desapareciam as ameaas, tudo volta-va ao estado anterior.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS16

    Com a fundao de vilas presdios e fortes na fronteira, era inteno tambm, formar colnias comsoldados e suas famlias e, quando possvel estimular a aproximao, amizade e o casamento dos soltei-ros com as nativas, com o objetivo de aumentar a populao e, consequentemente a ocupao territorial.A fronteira sudoeste no vale do Paraguai foi a que recebeu maiores atenes, devido a sua vulnerabilidadee por se avizinhar com a Provncia do Paraguai. (ALMEIDA SERRA, 1975).

    Os fortes construdos para a defesa da Capitania contra eventuais ataques do incmodo vizinhoacabaram por agregar os indgenas que, j bastante desorganizados, buscaram refgio em suas proxi-midades, formando aldeamentos e desenvolvendo intenso comrcio com as guarnies. Tornaram-seesses fortes, plos atrativos, permitindo mais tarde, a formao dos primeiros ncleos urbanos, comoCorumb, Miranda e Albuquerque.

    Quando da emancipao das colnias espanholas e portuguesas com o surgimento de duas novasrepblicas independentes Bolvia e Paraguai, e a monarquia brasileira as tenses e as relaes comerci-ais no s se mantiveram como foram ao longo do sculo XIX se ampliando com todas as suas contradi-es.

    Para o produtor sul-mato-grossense at 1856 era muito mais fcil e rpido comercializar nas praasdo Paraguai e da Bolvia do que com So Paulo e Rio de Janeiro.

    A vinculao com as provncias do imprio basicamente se realizava atravs do comrcio de cara-vanas, com todas as dificuldades conhecidas: transpor relevos acidentados enfrentou a presena hostilde algum remanescente indgena, levar alimentos para atender os animais que compunha a tropa. Eramvias inseguras, verdadeiras trilhas de salteadores.

    O imprio assistiu por muito tempo a provncia de Mato Grosso gravitar economicamente em tornodos crculos comerciais paraguaios, com tendncia a se desligar da precria unidade monrquica e sejuntar a repblica paraguaia.

    Essa facilidade de se chagar as terras do pas vizinho permitiu que o contrabando de gado desem-penhasse importante papel na economia sulina, o gado era vendido no pas guarani, na volta os criado-res traziam sal, medicamentos, produtos alimentcios e outros produtos de difcil obteno para os isola-dos fazendeiros sulistas.

    O Brasil, atravs de seu governo, manifestava constante preocupao com a integridade de seusterritrios a oeste e mantinha conversaes com o Governo paraguaio, sempre com respaldo da Inglater-ra, que defendia os interesses comerciais de seus sditos.

    O segundo presidente republicano do Paraguai, Antonio Carlos Lopes, no se negava a abrir anavegao do rio homnimo para os navios brasileiros, desde que fosse a troca de um tratado quedessas fronteiras seguras ao pas guarani. (POMER, 1979, p.70).

    Enquanto o governo imperial reivindicava a soberania do territrio entre os rios Branco e Apa,tendo este ltimo como limite com o Paraguai, com base no principio do uti possidetis, pois havia cida-dos brasileiros dispersos nessa rea. O governo paraguaio, por sua vez, pleiteava o limite no rio Branco,com base no Tratado de Santo Idelfonso, de 1777, assinado entre a Coroa espanhola e a portuguesa. Adiplomacia imperial rejeitava esse pleito e argumentava que o Tratado de Badajoz, de 1801, firmadoentre essas duas metrpoles, anulara o, firmado entre essas duas metrpoles, anulara o documento dosculo anterior. (DORATIOTO, p.32, 2002).

    As diplomacias do imprio do Brasil e da repblica do Paraguai foram incapazes de resolver ascontendas entre os dois pases e com isso a guerra foi deflagrada. Em novembro de 1864 as hostilidadesentre os dois pases comearam, o Presidente Solano Lopes deu ordens para capturar o vapor brasileiroMarqus de Olinda, com a conseqente priso do Presidente nomeado para Mato Grosso, o coronelCarneiro de Campos, que nele seguia como passageiro, no mesmo ano lanou um ataque sobre matoGrosso com duas poderosas colunas, uma fluvial e outra terrestre.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 17

    A Guerra do Paraguai interrompeu um perodo promissor de desenvolvimento econmico na regiodo Pantanal sul de Mato Grosso. Durante quase cinco anos, desapareceu a livre navegao no rio Paraguai,sobretudo no trecho brasileiro, j que as cidades ribeirinhas permaneceram sob o domnio do invasor.Isso comprometeu a economia de toda a Provncia, atingiu duramente o sul e se constituiu num verdadei-ro desastre para a populao pantaneira.

    A invaso paraguaia de 1864 -1870 para alm da fronteira de Mato Grosso alcanou Coimbra,Corumb, Miranda, Aquidauana, Nioaque, Dourados, Coxim e boa parte dos Pantanais. Provocou a de-sorganizao das vilas e fazendas de criao de gado bovino, saqueadas pelos paraguaios, que seserviram, em especial, dos rebanhos matogrossenses encontrados para abastecimento de seu numero-so contingente militar. Os habitantes dessa zona que fronteiria que no foram afetados de forma diretapela invaso sofreram as conseqncias do prolongamento da guerra, padecendo pelo isolamento, pelacarestia do abastecimento e por outras dificuldades. Outros sofreram com o aprisionamento de suasfamlias, levadas fora para Assuno, e com a runa de seus negcios e de suas propriedades. Pade-ceram, ainda, com o flagelo de molstias de carter epidmico que grassaram por ocasio da guerra,[...] (CORRA, p.99, 1999)

    Aps a guerra, as atenes do Governo Imperial voltaram-se para Mato Grosso, sobretudo para aregio do Pantanal sul, medidas foram sendo tomadas para estimular a economia local. A primeira delas,e a mais importante, foi a obteno da livre navegao do rio Paraguai, garantindo a comunicao mar-timofluvial da Provncia com o Rio de Janeiro.

    Essa foi uma deciso muito importante, uma vez que inmeras embarcaes voltaram a transitarpelo rio Paraguai e seus afluentes. Empresas nacionais e estrangeiras se estabeleceram e passaram aprestar servios de navegao entre Corumb e as cidades do Prata, com o estabelecimento de linhasde cargas e de passageiros.Para o porto da vila chegaram mercadorias dos mais longnquos pases.Corumb passou a ser uma cidade emprio constituda na sua maior parte de comerciantes, de nacio-nalidades diversas. Era a porta de entrada para a Provncia de Mato Grosso (ROCHA, 1977, P. 78 108).

    Essa pequena cidade porturia tornou-se o centro distribuidor da Provncia e de todas as cidades ezonas ribeirinhas; era ali que se processava o transbordo para as embarcaes de menor calado, desti-nadas a Cuiab, Cceres, Miranda, Coxim e escalas. (SOUZA, sd).

    A cidade passou a desempenhar o papel de capital do rio Paraguai. Era o entreposto entre os portosplatinos e europeus e de toda a Provncia, tornado-se a principal porta de embarque da exportao dosbens produzidos no Pantanal e da entrada da cultura platina, com todas as suas decorrncias.

    A abertura de linhas regulares de navegao permitiu grande afluxo de comerciantes estrangeirospara a regio, negociantes de gado, couro e outras expedies cientficas. Mercadorias dos mais distan-tes pases chegavam ao Porto de Corumb, no corao do Pantanal Sul, e dele saam matrias primasda terra, como peles, ipeca, charque, subprodutos do boi, penas e mais tarde borracha e erva mate.Era a que acontecia o transbordo das mercadorias para as embarcaes menores destinadas s cida-des ribeirinhas da Provncia, como Cceres, Cuiab, Miranda e Coxim. Os grandes vapores da linhanacional no iam alm de Corumb, que recebia as riquezas das frotas do mundo inteiro e depois funci-onava como centro distribuidor da Provncia. Foi por essa condio que, alm das linhas de navegaoregulares, surgiram empresas armadoras organizada por comerciantes e empresrios dos portos regio-nais que conduziam passageiros e mercadorias por todo o alto e mdio Paraguai levando produtos spequenas cidades ou a determinados portos para atender fazendeiros e de l trazerem produtos produ-zidos na regio.

    Apesar de escassamente povoada, a Provncia de Mato Grosso atraiu investimentos estrangeiros, aabertura do rio Paraguai a navegao constituiu em importante fator para o desenvolvimento de diversasatividades econmicas.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS18

    Uma delas foi a explorao da Erva mate, no que hoje Mato Grosso do Sul, tem incio, em 1878,com vistas ao fornecimento para o mercado platino, atravs da formao da Companhia Matte Laranjeira,que tomou grande impulso em 1902, quando se associou a capitais argentinos e formou a CompanhiaLaranjeira, Mendes e Cia., com sede em Buenos Aires.

    muito fcil mensurar a importncia e a influncia que exerceu essa empresa em Mato Grosso. Em1924 a empresa auferia uma renda seis vezes maior do que a do Estado, o dinheiro que corria em suaspropriedades era cunhado por eles prprios, os trabalhadores eram pagos em vales, o que prendia opeo ao patro impedindo-os primeiros de deixarem as propriedades da companhia presos pelas dvi-das, a polcia era formado por jagunos arregimentados pelos donos da Cia., Matte Laranjeira. (CICLOda ERVA MATE, 1986, p.207)

    Um novo empreendimento importante para a economia estadual foi a concesso dada pelo gover-no do Estado para a explorao do minrio de ferro e mangans a Societ Anonyme dOugree Mariharyee Societ Metallurgique d Esperance Langdoz para a fabricao do ao, tendo se iniciado a o proces-so de aproveitamento industrial das jazidas de Corumb com capitais belga.

    Coincidentemente, parte dos capitais que financiavam a construo da rede ferroviria era tambmbelga. Mais tarde, quando concludo o assentamento dos trilhos, os metais passaram a ser exportadostambm pelo porto de Santos; inicialmente, eram conduzidos at o porto de Corumb e dali seguiam emvapores at Rosrio, na Argentina, ou Montevidu, no Uruguai, de onde eram levados para os maislongnquos pases.

    A segunda revoluo industrial, marcada, sobretudo pela concentrao da produo e pelo desen-volvimento dos transportes, diminuiu distncias e aproximou as metrpoles europias dos emergentespases da Amrica, provocando profundas transformaes nos antigos centros coloniais.

    Outro empreendimento beneficiado com a abertura do rio Paraguai e que atraiu o interesse deinvestidores platinos foi a presena de enormes e baratos excedentes bovinos subutilizados e a excelen-te posio de Mato Grosso para atender o mercado consumidor do Rio de Janeiro e do nordeste brasilei-ro estimularam a instalao das charqueadas no fim do sculo XIX e no comeo do XX.

    Essa conjuntura favorvel permitiu a instalao de um grande nmero de saladeiros; em 1920 havia22 desses estabelecimentos no Estado, dos quais oito no Pantanal sul mato-grossense.

    O perodo que se estendeu de 1870 a 1910 foi marcado pela lenta integrao do Pantanal sul deMato Grosso, ao mercado nacional, quando foram sendo construdas as bases para o desenvolvimentoda pecuria de corte. Esse foi um perodo que coincidiu com a substituio da criao do bovino pelaovelha na Argentina e Uruguai, com o conseqente deslocamento de capitais desses pases para aexplorao dos imensos rebanhos que estavam subutilizados na plancie pantaneira. Pouco mais tarde,quando grandes frigorficos ingleses se instalaram naqueles dois pases para a exportao da carnecongelada ou em conserva para o mercado europeu, ambos deixaram de fabricar o charque que, emparte, era exportado para o Brasil, cujo mercado foi ento suprido exclusivamente pela indstria nacio-nal. (FLORES da CUNHA, 1928, V. 1). Isso permitiu novo aporte de investimentos no Pantanal sul de MatoGrosso, o que acelerou o processo de transformao de toda a regio. Os produtores passaram a vendermais e melhor e, conseqentemente, as fazendas comearam a ser melhoradas, as benfeitorias foramsendo construdas, as cercas foram separando as propriedades e permitindo melhor seleo dos ani-mais, o que abriu caminho para a estruturao de um dos mais importantes plantis de gado zebu domundo.

    O Estado de Mato Grosso, sobretudo a regio sul recebeu, no final do sculo XIX e comeo do XX,grande impulso com a modernizao do porto de Corumb, a instalao da indstria da carne e siderr-gica, a compra de grandes extenses de terra por empresas estrangeiras e a construo da rede ferrovi-ria federal. Tudo isso foi mudando as feies da regio. Em 1912, a iluminao pblica foi inaugurada

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 19

    em Corumb e depois dela veio a rede de telefonia. (AMORIM, 1917). Em 1904, estava concluda aligao telegrfica de praticamente todo o sul do Estado, com a inaugurao da estao de Corumb.

    O hoje Mato Grosso do Sul foi o grande beneficirio da expanso capitalista que ocorreu na segun-da metade do sculo XIX, com a internacionalizao da economia. A reabertura do rio Paraguai nave-gao e a construo da ferrovia permitiram intenso intercmbio comercial, como tambm o crescimen-to da economia porturia e a penetrao de capitais estrangeiros tanto para o desenvolvimento da pecu-ria, agricultura, como dos transportes e a minerao.

    Fator no menos importante para o desenvolvimento dessa regio foi a Revoluo Federalista ocor-rida no Rio Grande do Sul (1863 1895), durante quase trs anos de conflito, dez mil gachos desencan-tados com o estado de guerra deixaram seus pagos fugindo para o sul de Mato Grosso, onde havia umasituao tranqila para quem quisesse trabalhar grandes quantidades de terras devolutas que poderiamser requeridas junto ao poder pblico. Com os gachos h um substancial aumento da produo agrco-la a introduo de mtodos modernos de cultivo e o melhor aproveitamento das terras.

    No perodo de 1914 a 1918, que coincide com a Primeira Guerra Mundial, houve expressivo aumen-to da produo do charque, como tambm da venda do gado em p e do couro.

    Fora o consumo interno, possvel aferir que em torno de 130.000 cabeas de gado bovino passa-ram a ser comercializadas pelos produtores e industriais de Mato Grosso na primeira dcada do sculoXX; alm do que, o contrabando continuou expressivo, tanto para o Paraguai e Bolvia como tambmpara So Paulo e Minas Gerais.

    A melhora do preo do gado bovino e a absoro do excedente produzido no interior das fazendaspelo mercado aumentaram os rendimentos dos produtores rurais, os quais estreitaram relaes comseus pares, sobretudo de Minas Gerais, e comearam a incorporar novas tcnicas ao processo de pro-duo, cresce a especializao da prpria pecuria, com o contnuo aumento da produo. Com relaoao manejo, muito pouco mudou, mas a grande reavaliao foi o melhoramento do padro racial dorebanho na busca do aumento do desfrute e da produtividade.

    Desde o ltimo quartel do sculo XIX, os produtores de Uberaba passaram a importar da ndia ogado zebu, cuja caracterstica era a rusticidade. Os animais se adaptavam muito bem ao clima tropical,podiam ser criados extensivamente, no dependiam de muitos cuidados e se revelaram extremamenteprecoces, fortes para o trabalho do campo e de rpida reproduo. Onde os animais das chamadasraas finas se extinguiram ele prosperava. (VALVERDE, 1972, p. 116).

    Lentamente, o gado azebuado foi ganhando a plancie pantaneira e a preferncia dos produtores,de modo que em 50 anos, ou seja, no comeo da dcada de 60 do sculo XX, os primitivos rebanhoscoloniais desapareceram completamente.

    Ao lado da melhoria do padro racial, o arame farpado comeou a aparecer nas propriedades doPantanal como condio essencial para o azebuamento do rebanho. As fazendas foram sendo cercadas,e as pastagens, divididas, propiciando a seleo dos animais. Com isso, o rebanho foi sendo direcionadoe preparado para a produo de carne. O rebanho regional era conhecido na poca por sua inferiorqualidade e, exatamente por dispor de exgua quantidade de carne, s poderia ter aproveitamento indus-trial lucrativo nos saladeiros e charqueadas (ALVES, 1984.) e por isso foi aos poucos sendo substitudopelo gado grado de forma arredondada, muito andejo e com visvel acmulo de carne no posterior.

    De todo modo, os elementos destacados que aludidos anteriormente, consolidaram uma paisagemprodutiva muito diferenciada entre a parte norte da parte sul do velho Mato Grosso. O sul, com CampoGrande a frente, foi indelevelmente consolidando uma modernidade sensivelmente superior quela exis-tente na pecaria tradicional do norte. Esta diferena, se acelera com muita intensidade a partir dos anoscinqenta, a chegada de paulista minimamente capitalizados (nos 50s) para as terras do entorno deDourados, dos gachos (nos 60s) j capitalizados substituindo tradicionais ervais no cone sul e de super-

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS20

    capitalizados nos inicio dos 70, consolidaram uma condio de desconforto institucional entre o sul enorte do velho Mato Grosso, desembocando em um processo irreversvel de diviso poltica do Estado a constituio de Mato Grosso do Sul.

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  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 21

    2.1 Panorama Mundial: Aquecimento GlobalO mundo est passando por um perodo de grandes transformaes. O relatrio realizado pelos

    grupos de trabalho do Painel Intergovernamental sobre Mudana Climtica, em 2007, afirma que o aque-cimento global inequvoco, com evidente elevao da temperatura mdia global do ar e do oceano,reduo da neve e do gelo e aumento do nvel mdio global do mar.

    Entre 1995 e 2006 esto os onze anos mais quentes desde 1850 e a tendncia linear de aqueci-mento nos ltimos 50 anos duas vezes maior do que a dos ltimos 100 anos. O nvel do mar se elevouem mdia 1,8 mm por ano no perodo de 1961 a 2003, mas entre 1993 e 2003 essa mdia foi de 3,1mm. A freqncia e a intensidade de alguns eventos climticos extremos mudaram nos ltimos 50anos.

    Foram verificadas evidncias de que os sistemas fsicos e biolgicos naturais esto sendo afeta-dos pelas mudanas climticas regionais, particularmente pelo aumento da temperatura, em todos oscontinentes e na maioria dos oceanos. A anlise de 75 estudos, baseados em 29.000 observaes,mostra que 89% das mesmas so consistentes com mudanas esperadas em resposta ao aqueci-mento.

    As mudanas climticas so guiadas por causas naturais e antropognicas. As emisses degreenhouse gases (GHGs) - gases de efeito estufa -, em razo de atividades humanas, cresceram 80%entre 1970 e 2004, sendo que a utilizao de combustveis fsseis e minerais foi responsvel pela emis-so de 56,6 % do total dos gases causadores do efeito estufa em 2004.

    PARTE II

    PANORAMA MUNDIAL, AMRICA LATINA E BRASILFernanda Ferraz de Campos Macrios

    Sociloga, Mestre em Agronegcio

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS22

    Os cientistas do Painel Intergovernamental consideram muito provvel que a elevao da temperaturamdia global esteja ocorrendo em razo do aumento da concentrao de GHG na atmosfera. Os pasesdesenvolvidos, que abrigam cerca de 20% da populao mundial e respondem por 57% do PIB (paridadedo poder de compra) global, so responsveis por 46% do total das emisses de gases de efeito estufa.

    Grfico 1Grfico 1Grfico 1Grfico 1Grfico 1 - Emisses Antropognicas Globais de GHG.

    Fonte: Intergovernamental Panel on Climate Change- 2007.

    Grfico 2Grfico 2Grfico 2Grfico 2Grfico 2 - Distribuio Regional das Emisses de GHG por Populao e por PIBppc em 2004

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 23

    De 1990 a 1999, a taxa de crescimento das emisses de CO2 foi de 1,1% ao ano e subiu para 3,3% aoano entre 2000 a 2005. Existem fortes evidncias de que as emisses de GHG continuaro a crescer nasprximas dcadas, se mantidas as atuais polticas de mitigao e prticas de desenvolvimento sustentvel.

    Vrios cenrios projetam para as prximas duas dcadas um aumento de 0,2 C por dcada, emesmo que as emisses permanecessem constantes, aos nveis de 2000, haveria uma elevao de0,1 C por dcada. Um aumento mdio de temperatura maior que 1,5-2,5 C colocaria em risco deextino cerca de 20% a 30% das espcies de plantas e animais existentes atualmente.

    A produtividade agrcola deve sofrer um leve aumento em locais de mdias e altas latitudes para umaelevao da temperatura entre 1-3 C, dependendo da cultura. Nas reas de baixas latitudes, a produtividadeser reduzida, mesmo para pequenos aumentos da temperatura entre 1-2 C, aumentando o risco de fome.

    Espera-se que a mudana climtica reduza a disponibilidade de gua, aumentando o estresse jexistente sobre os recursos hdricos, proveniente do crescimento econmico e da populao, da mudan-a no uso da terra e do processo de urbanizao.

    Mapa 1Mapa 1Mapa 1Mapa 1Mapa 1 - Projees e Modelo de Consistncia de Mudanas Relativas na Disponibilidade de gua no Final doSculo XXI.

    Fonte: Intergovernamental Panel on Climate Change- 2007.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS24

    O ano de 2007 foi marcado por uma srie de eventos que apontaram para as significativas mudanasclimticas que esto ocorrendo no planeta. Entre eles, um relatrio do World Glaciers Monitoring Center,publicado em janeiro, anunciou que entre 2000 e 2005 o derretimento de montanhas de gelo foi 1,6 vezesmaior do que a mdia de perda da dcada de 1990 e 3 vezes maior do que a mdia da dcada de 1980.

    Em fevereiro, o filme Uma Verdade Inconveniente,que relata os perigos da mudana climtica, ga-nhou o Oscar. Em maro, o WWFs Worl ds Top Rivers at Risk publicou um relatrio mostrando que osmaiores rios de cada continente esto sob ameaa de represas, poluio, excesso de pesca, espciesinvasivas, excesso de extrao de gua ou mudana climtica.

    Em abril, o Conselho de Segurana da ONU discutiu a questo da mudana climtica pela primeiravez e analisou o seu impacto na paz e segurana mundiais. Os EUA e a UE j mencionam a questoambiental nas suas estratgias de segurana nacional.

    Em agosto, cientistas anunciaram que a Nortwest Passage est aberta navegao, normalmenteum caminho de mar gelado ao longo do rtico na costa norte americana.

    Em setembro, o Secretrio-Geral da ONU, Ban Ki-moon, clamou pelo apoio de 150 naes para arealizao de uma coaliso visando acelerar uma resposta mudana climtica, identificada como umadas suas altas prioridades.

    Em outubro, a European Envieronment Agency relatou a situao ambiental de 53 pases, destacan-do significativa poluio do ar, perda de biodiversidade e baixa qualidade da gua. Afirmou que a polui-o pode reduzir em um ano a expectativa de vida em algumas regies da Europa. No Brasil, o InstitutoNacional de Pesquisa Espacial apontou para o aumento do desmatamento na Amaznia.

    2.2 Panorama Mundial: Poder Econmico, Poltico e MilitarTambm so profundas as alteraes econmicas e polticas observadas no panorama mundial, com a

    gradativa ascenso de pases asiticos a posies estratgicas no mercado e comrcio internacionais.

    A crise econmica americana intensificada pelo aumento dos preos do petrleo e por debatesem torno do final do ciclo baseado nos combustveis fsseis, cujas reservas registradas apontam paraum horizonte de esgotamento.

    Grfico 3Grfico 3Grfico 3Grfico 3Grfico 3 - Participao nas Exportaes Mundiais por Regio (%) 1948-2006.

    WTO: International Trade Statistics 2007

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 25

    O crescimento econmico acelerado da China leva a uma demanda crescente por energia e a umaumento das tenses com os EUA em vrias regies produtoras de petrleo. As disputas entre os doispases tambm ocorrem em torno das reservas mundiais de minrios.

    A populao mundial est crescendo de forma acelerada, com um incremento de 1,7 bi de pessoasentre 1987 e 2007. O PIB per capita subiu de US$ 5.927 em 1987 para US$ 8.162 em 2004. O crescimentopopulacional e a elevao do poder aquisitivo esto levando a um aumento acentuado da demanda porprodutos que dependem de recursos naturais cada vez mais escassos. Os dez pases que mais depen-dem da importao de gros tm uma dependncia em torno de 70% de outras naes, a chamadaSndrome Japo.

    Grfico 4Grfico 4Grfico 4Grfico 4Grfico 4 - Produo Mundial de Petrleo (Cenrio Moderado).

    Fonte: LAKO, P.; KETS, A. Resources and Future Availability of Energy Sources. A Quick Scan.

    Grfico 5Grfico 5Grfico 5Grfico 5Grfico 5 - Projeo do Consumo de Energia de Alguns Pases 1990-2030 (quadrilhes de BTU).

    Fonte: International Energy Outlook 2007.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS26

    A China est dependendo cada vez mais da importao de petrleo, minrios e tambm de alimen-tos, particularmente de soja.

    O momento atual de transio de um mundo unipolar, dominado pelos EUA, para um mundomultipolar, com a ascenso de vrios pases, destacando-se a China e a UE, que se fortalecer de formasignificativa caso consiga unificar-se politicamente.

    A China tem capacidade de ascender rapidamente, chegando a semi-superpotncia em2015. O status de poder dos EUA est longe de ser ultrapassado por qualquer outro grande podermundial, mas a ascenso da China indica expanso do seu poder poltico e os EUA se defendero daameaa.

    A atrofia de poder de um Estado fator significativo para a rpida ascenso de outros Estados, oque cria um importante cenrio para a mudana de poder entre eles. A crise econmica pode causar

    Grfico 6Grfico 6Grfico 6Grfico 6Grfico 6 - Parcela do Consumo de Gros Proveniente das Importaes

    Fonte: USDA

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    Taiwan Yemen Cuba Japan Malaysia SouthKorea

    SaudiArabia

    Colombia Algeria Tunisia

    Grfico 7Grfico 7Grfico 7Grfico 7Grfico 7 - Projeo das Importaes Mundiais de Soja 2007-2017(thousand metric tons).

    Fonte: FAPRI.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 27

    uma acentuada queda do poder e trabalha como agente mais rpido do que o crescimento econmicona mudana do status de poder entre Estados.

    A velocidade da ascenso do status de poder da China ser afetada pelo comprometimento militardos EUA e pelo aumento ou decrscimo da sua capacidade de mobilizao internacional, como tambmpelo ritmo da integrao poltica da Unio Europia.

    A poltica unilateral dos EUA provocou uma queda acentuada na sua capacidade de mobilizaopoltica internacional a partir de 2003. O nico pas em condies de representar uma ameaa aos EUA,atualmente, a China pelo fato de possuir forte poder militar, poltico e econmico.

    Entre a 2 e a 3 dcada do sculo XXI, a influncia da China rivalizar com a dos EUA e a transiode poder pode aumentar a probabilidade de conflito armado. O grande desafio para os EUA e para omundo est na coalizo de interesses de longo-prazo dos EUA e da emergente e poderosa China. Ocrescimento militar e a corrida armamentista so indicadores da disposio de escolher a guerra aoinvs da paz quando paridade e disputa esto presentes.

    O relatrio do Departamento de Defesa dos EUA para o Congresso Americano sobre o poder militarda China aponta para a rpida ascenso, reconhece o seu poder poltico regional e econmico mundial,destaca que o pas tem aspiraes globais e potencial para competir militarmente com os EUA.

    Os americanos mostram-se incertos quando aos rumos a serem trilhados pelos lderes chineses,esto preocupados com a expanso do poder militar da China e com a forma de utilizao desse poder.Afirmam que o Exrcito de Libertao do Povo est preparando-se para lutar e vencer conflitos de curtadurao e alta intensidade contra adversrios com alta tecnologia.

    Os EUA denunciam que os gastos com defesa da China continuam acima dos admitidos oficialmen-te e que podem ter girado em torno de US$ 85 bilhes e U$ 125 bilhes em 2007. Mostram-se apreensi-vos com o aumento do intercmbio e das atividades de cooperao militares entre a China e a Rssia,bem como com o crescimento de contratos de energia nova celebrados pela China com a Arbia Sauditae pases Africanos. A cpula China/frica, realizada em novembro de 2006, contou com a presena de 48dos 53 pases africanos, mostrando a forte influncia que a China exerce atualmente no continente.

    A influncia da China cada vez maior nos organismos internacionais, em particular no Conselhode Segurana da ONU. Por ser membro permanente, possui poder de veto e tem bloqueado muitas dastentativas de aes dos EUA em vrias partes do mundo. Por meio de ajuda econmica e de relaes

    Grfico 8Grfico 8Grfico 8Grfico 8Grfico 8 - Gastos Militares por Regio (US$ bi).

    Fonte: SIPRI.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS28

    comerciais, os chineses tem diminudo a capacidade de presso dos EUA sobre outros pases, aumentan-do dessa forma o seu prprio poder de influncia sobre vrias naes em diversos continentes.

    2.3 Panorama da Amrica Latina: Meio-AmbienteOs pases da frica sub-saariana, da sia e da Amrica do Sul so os mais vulnerveis s conse-

    qncias do aquecimento global. O relatrio do Painel Intergovernamental de Mudana Climtica prevalguns impactos do aquecimento global na Amrica Latina:

    - no meio do sculo, o aumento da temperatura e a conseqente diminuio da gua no solo leva-ro a uma gradual substituio da floresta tropical pela savana no leste da Amaznia. A vegetaosemi-rida tender a ser substituda pela vegetao rida;

    - risco de perda significativa da biodiversidade por meio da extino de espcies em muitas reastropicais da Amrica Latina;

    - reduo da produtividade de algumas das importantes culturas agrcolas, com conseqnciasnegativas para a segurana alimentar. Nas zonas temperadas, o rendimento da soja aumentar,mas no geral haver um aumento no nmero de pessoas em risco de fome;

    - mudana no padro de precipitao e o desaparecimento de reas glaciais afetaro significativa-mente a disponibilidade de gua para consumo humano, para a agricultura e para a gerao deenergia;

    Na II Conferncia Regional de Mudana Climtica: Amrica do Sul, foram vrios os exemplos apon-tados de impactos negativos da mudana climtica global que j se fazem sentir, entre eles:

    - na Patagnia, Terra do Fogo e Pennsula Antrtica: desde 1978 as reas glaciais esto sofrendoretrao;

    - perda de biodiversidade e de massa florestal;

    - alta freqncia de eventos hidrolgicos extremos, como inundaes e secas;

    Os cientistas elaboraram cenrios que levam em considerao as variveis poltica, cultural etecnolgica que podem expandir, manter ou reduzir a emisso de gases de efeito estufa no futuro. Oimpacto da mudana climtica maior onde a vulnerabilidade regional mais elevada. Essas condiesso particularmente significativas na Amrica Latina e nas zonas polares.

    A previso de um aumento da temperatura entre 1,4 C e 5,8 C at 2100 e de aumento do nvel domar entre 0,2m e 0,7m. Essas mudanas climticas iro provocar alteraes no regime das precipitaese podem comprometer profundamente a produtividade e a lucratividade da soja, irrompendo processossbitos na dinmica social, econmica e ambiental. A temperatura, associada a outros fatores, podeinduzir a alteraes no desenvolvimento da cultura, bem como estabelecer condies para a incidnciade insetos, pestes ou doenas ocasionadas por microorganismos (bactrias e fungos).

    O aumento da temperatura e a reduo de chuvas podem estar associados ao aquecimento globale ao desmatamento da Amaznia. Se estas hipteses forem confirmadas, a produtividade e a lucratividadeda soja caminharo para uma reduo significativa, com alto impacto na economia do Brasil e na segu-rana alimentar.

    2.4 Panorama do Brasil: Meio-AmbienteAs recentes secas na Amaznia e no sul do Brasil, bem como o furaco Catarina so exemplos de

    possveis efeitos da mudana climtica global no territrio brasileiro, que tambm se fazem sentir em

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 29

    alteraes na biodiversidade, no aumento do nvel do mar, nos impactos na sade, na agricultura e nagerao de energia hidreltrica.

    O Brasil encontra-se em quarto lugar na lista dos pases que mais liberam gases causadores doefeito estufa, principalmente em razo dos desmatamentos e das queimadas, que respondem por maisde 75% das emisses brasileiras. Em compensao, o pas est reduzindo de forma acelerada o consu-mo de substncias que comprometem a camada de oznio.

    No que diz respeito concentrao de poluentes no ar, nas regies metropolitanas, o Brasil esttendendo a uma estabilizao ou mesmo ao declnio das concentraes mximas e mdias observadas,provavelmente em razo do controle das emisses veiculares, das mudanas tecnolgicas nos motorese da melhoria na qualidade dos combustveis. Mas a concentrao anual mdia ainda muito elevadaem So Paulo, Rio de Janeiro e Braslia.

    O uso de fertilizantes, que permite aumentos substanciais na produtividade agrcola, est associadotambm eutrofizao dos rios e lagos, acidificao dos solos, contaminao de aqferos e reserva-trios de gua e gerao de gases associados ao efeito estufa. Em 2006, foram consumidas 8.906.056toneladas de fertilizantes no Brasil.

    Os agrotxicos so utilizados para o controle de pragas, doenas e ervas daninhas. Existe umatendncia de que se acumulem no solo e na biota e os seus resduos podem chegar s guas superficiaispor escoamento e s subterrneas por lixiviao. Em 2005, seu consumo foi de 208.367,3 toneladas emtodo o territrio nacional, o que representou cerca de 3,2kg/ha.

    As terras em uso agrossilvopastoril permitem verificar a capacidade da agricultura, da pecuria e dasilvicultura em atenderem crescente demanda mundial por alimentos, energia e matrias primas. Aoverificar a utilizao das terras, podemos detectar a presso sobre o solo e as disputas existentes entrediferentes formas de uso, como, por exemplo, a expanso da fronteira agrcola, principalmente para oplantio de soja, que ocorre no serrado e na Amaznia brasileira e que substituem a vegetao nativa porcultivos e pastagens. Por outro lado, tambm ocorre o aumento de reas legalmente protegidas quelevam recuperao e incorporao de reas degradadas.

    As queimadas so autorizadas pelos rgos ambientais para renovao e abertura de pastos eocorrem de forma controlada, enquanto os incndios so no controlados. Ambos representam as prin-cipais ameaas aos ecossistemas brasileiros e esto se concentrando principalmente no sul e leste daAmaznia Legal. Representam danos biodiversidade, intensificam os processos erosivos do solo, com-prometem recursos hdricos, emitem gases de efeito estufa e comprometem a sade da populao.

    O Brasil apresentou um total de 117.453 focos de calor em 2006, reduo de 48% em relao ao anoanterior.

    O desflorestamento bruto anual na Amaznia Legal, em 2006, foi de 14.039km2, promovido princi-palmente nos Estados do Par, Mato Grosso e Rondnia. A Mata Atlntica, um dos biomas mais ameaa-dos do mundo, sofreu um desflorestamento de 9.51Km2 no perodo 2000/05.

    A desertificao um processo que ocorre em reas de clima rido, semi-rido e submido seco,que se apresenta nos estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais. No Nordeste existe uma rea de100.000 km2, povoada por 4,5 milhes de pessoas, com altssima suscetibilidade desertificao eoutra de 80.000 km2 de alta suscetibilidade, com 2,6 milhes de habitantes. No Brasil, a desertificaoest mais ligada ao mau uso da terra e sobreexplorao dos recursos naturais do que s mudanasclimticas, que podero impactar profundamente a regio em meados do sculo.

    J a arenizao um processo de degradao em razo da sobreexplorao dos recursos naturais,tais como pastoreio excessivo e agricultura mecanizada em reas de solos arenosos e sujeitos erosohdrica e elica, fenmeno que ocorre no sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul, abrangendo dez

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS30

    municpios e uma rea de 3.027 ha. Existem, tambm, 1.600 ha com focos de arenizao, suscetveis a suaocorrncia.

    Embora no podendo ainda ser considerado como arenizao, o problema da eroso aceleradaocorre na maior parte dos estados brasileiros.

    A sustentabilidade dos recursos pesqueiros est vinculada, entre outros fatores, ao esforo de pes-ca, ao emprego de mtodos predatrios, degradao dos habitats, poluio aqutica, aodesmatamento, degradao dos recursos hdricos e s oscilaes climticas e ocenicas.

    A aqicultura gera problemas ambientais, tais como a destruio de mangues e outras vegetaesnativas para a instalao de tanques, bem como a poluio dos rios e esturios em razo dos descartesde efluentes dos criatrios. A pesca extrativista pode introduzir espcies exticas, promover a destruiode matas ciliares e a drenagem de vrzeas.

    As mudanas climticas esto levando elevao do nvel do mar, com a conseqente submersode parte do litoral, afetando a populao que ali reside.

    Em 2004, o Brasil possua 627 espcies da fauna (vertebrados e invertebrados) ameaadas extino,sendo 160 de aves, 142 de peixes e 96 de insetos, entre outras. As espcies arbreas so as maisameaadas, no que diz respeito flora, em virtude do desmatamento, das queimadas e da exploraodas madeireiras. Os principais fatores de risco aos biomas brasileiros so: desmatamento, queimadas,fragmentao dos ecossistemas, espcies invasoras, trfico e comrcio de animais e plantas silvestres ea introduo de doenas. As mudanas climticas previstas tambm se constituiro em forte ameaa biodiversidade.

    reas protegidas so aquelas destinadas proteo do meio ambiente, onde a explorao dosrecursos naturais proibida ou controlada por legislao especfica. Muitas dessas reas so pequenase isoladas, desvantagens que esto sendo superadas pela criao de corredores biolgicos que visam proteo e conservao da biodiversidade.

    O Brasil, em 2006, possua 47.923 estaes ecolgicas, 84.621 parques estaduais, 2.294 refgiosda vida silvestre, 200 reservas ecolgicas, 584 monumentos naturais, 2.701 reservas biolgicas, 192reas de relevante interesse ecolgico, 108.539 florestas estaduais, 94.490 reservas de desenvolvimentobiolgico, 25.827 reservas extrativistas, 247.543 reas de proteo ambiental.

    O trfico de animais silvestres movimenta US$ 10 billhes por ano, 10% dos quais provenientes doBrasil, que exporta 30% do total dos animais silvestres traficados. Estima-se que para cada animal trafica-do, outros trs morram antes de chegar ao destino. A biopirataria um importante fator de estmulo aotrfico de animais. Outro elemento de presso sobre os reservas de animais silvestres a exportaolegal. Em 2005, foram apreendidos 37.742 animais silvestres no Brasil que seriam traficados. No mesmoano, foram exportados legalmente 29.000.762 peixes ornamentais.

    No territrio nacional, foram cadastradas 543 espcies invasoras (microorganismos, fungos, plan-tas e animais terrestres e aquticos), pelo menos 262 das quais causam danos ao meio ambiente. Asespcies invasoras so uma das trs principais responsveis pela extino de espcies no mundo, poiscompetem com as espcies nativas, levando muitas vezes a sua eliminao.

    O mexilho dourado, originrio da China, tem prejudicado o funcionamento das hidroeltricas eentupido as tubulaes de esgotos e de guas pluviais. A esquistossomose, a filaniose e a dengue sooriginrias de outros pases.

    Em 2007, foram detectadas espcies invasoras em 56,4% dos municpios brasileiros e, em algunsEstados, 100% dos municpios as abrigam. Elas podem extinguir espcies locais, provocar a perda debiodiversidade, a modificao na paisagem e nos processos naturais. Podem tambm, dispersar pragas,competir com espcies de interesse econmico, provocar perda da capacidade produtiva dos

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 31

    ecossistemas e do valor da paisagem. So responsveis pela introduo de parasitas e so vetores dedoenas do homem.

    O lixo no coletado ou disposto em local inadequado pode levar proliferao de vetores de doen-as, contaminar o solo e rios, como tambm gerar gases de efeito estufa pela decomposio da matriaorgnica. Em 2006, 97,1% dos domiclios urbanos brasileiros eram servidos pela coleta de lixo e, nazona rural, 24,6%.

    No Brasil, 46,6% do lixo produzido tinha destinao adequada em 2000. A falta de saneamentobsico no Brasil um grave problema ambiental, comprometendo a qualidade das guas dos rios. Otratamento de gua para abastecimento pblico fica bem mais caro quando h contaminao por efluentesdomsticos e industriais, o que comea a trazer problemas de escassez de gua de qualidade em reasricas em recursos hdricos. Alm do saneamento bsico, necessrio proteger as nascentes, mananci-ais, vrzeas e reas no entorno dos rios.

    Em 2006, 96,2% dos domiclios urbanos brasileiros estavam lidados rede geral de abastecimentode gua e zona rural. Apenas 35,3% do total do esgoto coletado no Brasil tratado.

    2.5 Panorama do Brasil: Impactos da Mudana Climtica na AgriculturaEstudo realizado em Campinas, cobrindo o perodo de 1890 a 2006, mostra que as temperaturas

    mnimas mdias vm aumentando ao longo do tempo naquele municpio, confirmando os dados apre-sentados pelo Painel Intergovernamental de Mudana Climtica.

    Segundo o IPCC, haver um aumento de 15% nas chuvas nas reas dos trpicos. Estudo realizadopela UNICAMP e EMBRAPA mostrou como esse fenmeno afetar a colheita do trigo e dificultar oacesso de mquinas ao campo, inviabilizando a colheita de soja em regies dos cerrados.

    A previso de elevao das temperaturas entre 1,40C e 5,80C ser prejudicial para alguns Estadosbrasileiros e, em parte, benfico ao Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que tero a freqnciae a intensidade das geadas amenizadas. Com o aumento das temperaturas, algumas reas do Nordeste,

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS32

    do sul do Mato Grosso do Sul, do oeste de Santa Catarina, do Paran e do Rio Grande do Sul passaro asofrer deficincia de gua, perdendo condio de adequabilidade para o plantio de algumas culturas.

    A avaliao dos cenrios agrcolas brasileiros frente ao aquecimento global projeta resultados para oalgodo, arroz, feijo, caf, cana-de-acar, girassol, mandioca, milho, soja, pastagens e gado de corte,apontando os municpios nos quais essas atividades podero ser desenvolvidas com baixo risco at o finaldo sculo XXI.

    A elevao da temperatura aumentar a deficincia hdrica e reduzir o risco de geadas no sul, sudes-te e sudoeste do Brasil, provocando migrao de culturas para reas ao sul do pas e para regies dealtitudes mais elevadas. A rea de culturas de clima temperado sofrer decrscimo.

    O Nordeste ir apresentar reduo significativa das reas cultivadas com milho, arroz, feijo, algodoe girassol, principalmente no agreste e nos cerrados. O plantio da mandioca apresentar baixo risco edever crescer em rea, particularmente no sul do Brasil e na Amaznia, e sofrer retrao no semi-rido eno agreste nordestino.

    O sul brasileiro e os cerrados nordestinos sul do Maranho e do Piau e oeste da Bahia - sofreroperdas de 40% no cultivo da soja em 2070, causando um prejuzo de R$ 7,6 bilhes.

    O caf arbica, cultivado nos Estados de So Paulo e Minas Gerais, perder 33% de sua rea debaixo risco e dever migrar para o Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

    A cana-de-acar ampliar em mais de 100% a rea de produo de baixo risco. O sul do Brasilpassar a ter potencial produtivo para seu cultivar dentro de uma ou duas dcadas. O Centro-Oestepermanecer rea de baixo risco, mas necessitar de irrigao no perodo mais seco.

    Milho, arroz, feijo, algodo e girassol sofrero diminuio da rea de baixo risco no nordeste,perdendo produo de forma significativa. A mandioca ganhar rea de baixo risco.

    A avaliao das perdas na produo agrcola alcana o montante de R$ 6,7 bilhes no ano de 2020e R$ 12,1 bilhes em 2070 no cenrio menos pessimista, excluindo a cana-de-acar. No cenrio maispessimista, sobe para R$ 7,4 bilhes e R$ 14,9 bilhes respectivamente.

    Produo

    atual

    Valor da

    produo

    Impacto no

    valor da produo

    Impacto no

    valor da produo

    Impacto no

    valor da produo

    Modelo Precis B2,

    2020*

    Modelo Precis B2,

    2050*

    Modelo Precis B2,

    2070*

    Culturas

    (toneladas) (R$1.000) (R$1.000) (R$1.000) (R$1.000)

    Algodo 2.898.721 2.831.274 -312.572 -401.191 -444.793

    Arroz 11.526.685 4.305.559 -368.555 -539.486 -616.125

    Caf 2.573.368 9.310.493 -628.458 -1.705.682 -2.550.144

    Cana 457.245.516 16.969.188 29.005.433 24.905.677 24.337.209

    Feijo 3.457.744 3.557.632 -154.756 -356.118 -453.598

    Girassol ----- ------- --- --- ----

    Mandioca 26.639.013 4.373.156 -109.766 318.803 726.381

    Milho 42.661.677 9.955.266 -1.211.555 -1.506.231 -1.691.400

    Soja 52.454.640. 18.470.711 -3.993.367 -5.478.412 -6.438.890

    Perdas -6.779.029 -9.987.120 -12.194.950

    Ganhos 29.005.433 25.224.480 25.063.590

    Saldo 22.226.404 15.237.360 12.868.640

    VVVVVariao do Variao do Variao do Variao do Variao do Valor da Produo no Cenrio B2,alor da Produo no Cenrio B2,alor da Produo no Cenrio B2,alor da Produo no Cenrio B2,alor da Produo no Cenrio B2,em Comparao com os Vem Comparao com os Vem Comparao com os Vem Comparao com os Vem Comparao com os Valores Atuais do IBalores Atuais do IBalores Atuais do IBalores Atuais do IBalores Atuais do IBGEGEGEGEGE, Ano Base 2006., Ano Base 2006., Ano Base 2006., Ano Base 2006., Ano Base 2006.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS 33

    Para o algodo, tendo por base a produo de 2,9 milhes de toneladas em 2006, avaliada em R$ 2,8bilhes, projetou-se uma perda de R$ 312 milhes em 2020, de R$ 401 milhes em 2050 e de R$ 444,8milhes em 2070, no cenrio menos pessimista. No cenrio mais pessimista, as perdas sero de R$ 313milhes, R$ 407 milhes e R$ 456 milhes, respectivamente. A reduo da rea apta ao plantio doalgodo ser de 11% em 2020 e chegar a 16% em 2070.

    Para o arroz, a base foi de 11,5 milhes de toneladas, com um valor de R$ 4,3 bilhes em 2006. Oprejuzo girar em torno de R$ 368 milhes a R$ 417 milhes em 2020, levando em conta os dois cen-rios. Em 2050, a perda se localizar entre R$ 530 milhes e R$ 600 milhes. A reduo da rea de baixorisco ao plantio do arroz se situar entre 8,56% e 9,7% em 2020, chegando a algo em torno de 12,5% e14% em 2070.

    No caso do caf, a produo de 2,5 milhes de toneladas, cujo valor alcanou R$ 9,3 bilhes em2006, serviu de base para a projeo de prejuzos de R$ 600 milhes em 2020, de R$ 1,7 bilho em 2050e de R$ 2,55 bilhes em 2070 no melhor cenrio. Para o mais pessimista, as perdas sero de R$ 882milhes, de R$ 1,6 bilho e de R$ 3 bilhes respectivamente. A queda de rea apta ao plantio girar emtorno de 6,75% e 9,48% em 2020, entre 17,1% e 18,3% em 2050 e por volta de 27,39% e 33% em 2070.

    A base utilizada para a cana-de-acar foi de uma produo de 6 milhes de hectares, com valor deR$ 17 bilhes. A previso de que a rea suba para 17 milhes de hectares em 2020, gerando umareceita de R$ 29 bilhes, decrescendo para R$ 24,3 bilhes em 2070, ocasio em que a rea ser redu-zida para 15 milhes de hectares. No cenrio mais pessimista, a rea plantada ser de 16 milhes dehectares em 2020, gerando uma receita de R$ 27 bilhes e ser reduzida para 13 milhes em 2070,sendo avaliada em R$ 20 bilhes.

    A produo de 3,45 milhes de toneladas de feijo, em 2006, avaliada em R$ 3,5 bilhes serviu debase para a projeo de perda de R$ 155 milhes em 2020, de R$ 360 milhes em 2050 e de R$ 473milhes em 2070. A reduo da rea apta ao plantio do feijo ser de 4,3% em 2020, de 10% em 2050 ede 13,3% em 2070. Os nmeros so os mesmos para os dois cenrios.

    Produo

    atual

    Valor da

    produo

    Impacto no

    valor da produo

    Impacto no

    valor da produo

    Impacto no

    valor da produo

    Modelo Precis B2,

    2020*

    Modelo Precis B2,

    2050*

    Modelo Precis B2,

    2070*

    Culturas

    (toneladas) (R$1.000) (R$1.000) (R$1.000) (R$1.000)

    Algodo 2.898.721 2.831.274 -313.422 -401.191 -456.401

    Arroz 11.526.685 4.305.559 -417.639 -539.486 -610.959

    Caf 2.573.368 9.310.493 -882.635 -1.705.682 -3.073.394

    Cana 457.245.516 16.969.188 27.109.975 24.905.677 20.054.186

    Feijo 3.457.744 3.557.632 -155.113 -356.118 -473.165

    Girassol

    Mandioca 26.639.013 4.373.156 -155.113 589.501 929.733

    Milho 42.661.677 9.955.266 -1.192.641 -1.511.209 -1.720.270

    Soja 52.454.640 18.470.711 -4.357.241 -6.307.748 -7.645.027

    Perdas -7.473.804 -10.821.434 -13.979.216

    Ganhos 27.109.975 25.495.178 20.983.919

    Saldo 19.636.171 14.673.744 7.004.703

    VVVVVariao do Variao do Variao do Variao do Variao do Valor da Produo no Cenrio A2,alor da Produo no Cenrio A2,alor da Produo no Cenrio A2,alor da Produo no Cenrio A2,alor da Produo no Cenrio A2,em Comparao com os Vem Comparao com os Vem Comparao com os Vem Comparao com os Vem Comparao com os Valores Atuais do IBalores Atuais do IBalores Atuais do IBalores Atuais do IBalores Atuais do IBGEGEGEGEGE, Ano Base 2006., Ano Base 2006., Ano Base 2006., Ano Base 2006., Ano Base 2006.

  • Zoneamento Ecolgico-Econmico - MS34

    Para o girassol no foi calculado o impacto econmico, mas a rea apta para o plantio ser diminudaem 14% em 2020, em 16,5% em 2050 e em 18% em 2070 nos dois cenrios.

    A base utilizada para a mandioca foi a produo de 26 milhes de toneladas, com um valor de R$ 4,3milhes, em 2006. Os clculos apontam para uma perda de algo em torno de 2,5% a 3,1% de rea, em2020, correspondente a um prejuzo entre R$ 109 milhes e R$ 137 milhes. Em 2050, haver um aumentoda rea apta de 7,29% no pior cenrio e de 13,48% no melhor, com ganhos de R$ 319,8 milhes e R$ 589milhes respectivamente. Para o ano de 2070, a projeo de ganho entre 16,61% e 21,26%, levando emconta os dois cenrios, o que acarretar valores em torno de R$ 726,00 milhes e R$ 929 milhes.

    A produo de 42,6 milhes de toneladas, com valor de R$ 9,9 bilhes de 2006 foi utilizada comobase para o clculo da perda de 12% da rea, em 2020, nos dois cenrios, de 25% em 2050 e de 17% em2070. Esse quadro levar a prejuzos de R$ 1,2 bilho em 2020, R$ 1,5 bilho em 2050 e de R$ 1,7 bilhoem 2070.

    A base de clculo para a soja o valor de produo de R$ 18,4 bilhes em 2006. A per