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YOU MUST - PARQ MAG · 2016. 12. 14. · 01 02 Art Room • Pátio do Tijolo 1, à D. Pedro V , Lisboa • Ter. a Sáb. das 15h às 20h 06. You Must See No coração de Londres, num

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Dezembro Dezembro2016 2016

YOU MUST (04—31)

04. Banksy 06. Mário Belém 08. Sketch 10. Sangue Novo14. Moshtari Hilal 16. Pedro Mkk17. Gimme Danger 18. David Mancuso 20. Cheryl will ruin your life 22. Reentré 30. Shopping

SOUNDSTATION (32—35)

32. J—K 34. Preoccupations

CENTRAL PARQ (36—47)

36. Charles & Ray Eames 40. Diana Serpins44. Once upon a table

FASHION (48—63)

PARQ HERE (64—66)

Director: Francisco Vaz Fernandes [email protected]

Editor: Teresa Melo [email protected]

Coordenação de Moda: Daniel Ribeiro Sérgio Simões

Direcção de Arte: Valdemar Lamego [email protected] www.k-u-n-g.com

Periocidade: Bimestral Depósito legal: 272758/08

Registo ERC: 125392 Edição: Conforto Moderno Uni, Lda. NIF: 508 399 289

PARQ: Revista de tendências de distribuição gratuita Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa t. 00351.218 473 379

Propriedade: Conforto Moderno Uni, Lda. Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa

Impressão: Eurodois — R. Santo António 30, 2725 Sintra 12.000 exemplares

Distribuição: Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 — 2016 PARQ.

Assinatura anual: 12 euros

Textos: Bráulio Amado — Carla Carbone — Carlos Alberto Oliveira — Diogo Simão — Francisco Vaz Fernandes — Henry Sequeira — Joana Teixeira — João Patrício — Marcelo Marcelo — Maria São Miguel — Mariana Viseu — Rebeca Bonjour — Roger Winstanley — Rui Miguel Abreu — Sara Bernardino — Teresa Melo

Fotos: António Medeiros — Carlos Teixeira — Carlota Andrade — Diogo Ferreira — Sara Antepazo

Styling: Diogo Ribeiro — Joana Borger — Maria Cuntín Castro — Morgana Andrade — Sérgio Simões — Tiago Ferreira

www.parqmag.com

fotografia por Carlos Teixeirastyling por Daniel Baptista

Ribeiro & Joana Borgeshair por Cláudio Pacheco para Chiado Studio com produtos

L'Oreal Profissionnelmake-up por Miguel Stapleton

modelos @ L'Agence Kate Maresova e João Batistacasaco ALPHAMOMENT

vestido MIGUEL VIEIRA, brincos MANGOcasaco MIGUEL VIEIRA

Editorial

2017

Esta é sempre uma época especial, existindo sempre a esperança que o próximo ano seja melhor ou pelo menos igual ao do corrente.

Cada edição é também levada pelo mesmo grau de espe-rança e esta não é diferente, uma pérola, levada pelo en-tusiasmo, ávidos de comunicar e fazer a diferença no uni-verso que nos aproxima dos nossos leitores. Nesta edição abordámos essencialmente vários criadores, grande par-te deles nacionais, como é o caso de MÁRIO BELÉM, as ar-tistas, ANA DUARTE e CÁTIA MOREIRA, duas jovens desig-ners de moda e J-K , um novo fenómeno nacional no campo da música. Na área da gastronomia, demos especial aten-ção a ANDRÉ FREIRE e BERNANDO AGRELA que nos fazem so-nhar no seu restaurante ambulante, um verdadeiro, Once Upon A Table. No panorama internacional, mais criadores, dos quais dou especial destaque a MOSHTARI HILAL, que utiliza o domínio da ilustração para explorar temas tão im-portantes como a globalização, o feminismo e a imigração.

Para o ano esperamos brindar-vos com mais e melhor. A equipa da PARQ deseja-vos um excelente 2017.

Francisco Vaz Fernandes

02 03

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texto por Joana Teixeirafoto por Hugo Thomassen

Pela primeira vez na história da arte moderna, as obras do misterioso BANKSY não estão expostas numa galeria un-derground, mas sim num museu. O Moco Museum, em Amesterdão —um museu de arte contemporânea dedicado às “Rock Starts of Art”— apresenta a exposição BANKSY: LAUGH NOW.

Os amantes deste controverso artista podem apreciar a sua estética provocadora numa coleção de 50 obras origi-nais. No Moco Museum estão expostos trabalhos indoor em tela, como o famoso “Girl with Balloon”, e algumas obras outdoor recuperadas a partir de prédios em ruínas.

Esta é uma exposição não autorizada, o que combina bem com a identidade secreta de BANKSY e as suas intervenções urbanas de cariz político e ativista. As obras do icónico street artist de Bristol podem ser vistas no Moco Museum até 31 de Janeiro de 2017.

You Must See

BanksyLaugh Now

www.mocomuseum.com

04FREDPERRY.COM

Authentic Store: NorteShopping; Arrábida Shopping; Rua do Ouro, 534 LisboaEl Corte Inglés: Gaia e Lisboa

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You Must See

texto por Francisco Vaz Fernandesfoto por Rui Aguiar

Escultor, designer gráfico, pintor de morais públicos, envolvido na cena da street Art nacional, MÁRIO BELÉM é um criativo múltiplo que não se inibe em ser igualmente ilustrador e propõe uma exposição de ilustração que considera estar absolutamente secundarizada em Portugal.

Ao temor de uma arte menor, o artista responde com humor. Expressões caricatas que vai ouvindo pela rua como “Há-des-de cá vir” ou “cansas-me a alma” tornaram-se a matéria ideal para passar para o papel o insólito da vida quotidiana. Como refere, antes de começar a desenhar, gosta de ter idealizada a composição e ajudam-no a ver a iro-nia com que gosta de levar a vida.

Só depois da construção de uma imagem mental, chega a execução que pode levar vários caminhos. Neste caso optou por explorar o corte a lazer que lhe permitiu efetuar um extenso rendilhado em papel que causa grande impacto pela minúcia com que cada trabalho é tratado. Os recortes sobrepostos fazem com que cada um se apresente como uma teia. Na verdade, a maior parte dos trabalhos apresenta-se como uma série de enlaces que pretendem criar um mi-crocosmo que em geral nos é familiar. Por exemplo, em Um alfabeto inteiro das coisas que te chamava na cara se ago-ra aqui estivesses corresponde ao conjunto de 25 desenhos, cada um com uma letra e títulos de carácter insultuoso como: “és um merdas” ou “és uma vendida”.

Temos uma súmula de tudo o que nos poderá ter vindo à cabeça num momento de discussão. A familiaridade e a graça com que os temas são tratados faz-nos sentir enredados na teia de MÁRIO BELÉM.

Mário Belém

01. Não sabes beijar mas és uma tesão, de Mário Belém02. Noite em branco, de Mário Belém

01 02

www.mariobelem.com

Art Room • Pátio do Tijolo 1, à D. Pedro V , Lisboa • Ter. a Sáb. das 15h às 20h

06

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You Must See

No coração de Londres, num edifício do século XVIII encontra-se um espaço delicioso pela comida que serve e na esté-tica que apresenta: Sketch ocupa dois andares divididos em 5 salas repletas de experiências visuais e gastronómicas.

The Gallery é uma brasserie artística desenhada por INDIA MAHDAVI em tons rosa e com uma imagética tranquilizan-te na sua monocromia —digna de um filme de WES ANDERSON. Aqui, o chá é servido com 239 obras do britânico DAVID SHRIGLEY no background. The Lecture Room é um restaurante com duas estrelas Michelin, onde o chef Francês PIERRE GAGNAIRE serve um requintando menu gourmet numa sala em tons quentes desenhada por GAHBAN O’KEEFFE. The Parlour é um salão de chá e cocktails cuja estética foge da monotonia com uma decoração excêntrica, com sofás e ca-deirões padronizados. The Glade é um bar com uma energia relaxante, criado pelos artistas CAROLYN QUARTERMAINE e DIDIER MAHIEU com cadeiras de madeira e paredes com uma paisagem pitoresca —uma autêntica floresta de um con-to de fadas moderno. The East Bar é uma sala intimista com pista de dança, pouca luz e desenhos nas paredes, criada por MOURAD MAZOUZ e NOE DOUCHAFOUR.

Sketch é mais do que um espaço de arte, música e gastronomia: é uma experiência única e peculiar no centro de Londres que arrebata visualmente turistas e locais há mais de uma década. E é dos poucos espaços na capital inglesa onde fazer uma visita às casas de banho é obrigatório: a divisão minimalista está repleta de cápsulas futuristas. Ficou com vontade de apanhar um voo de última hora?

texto por Joana Teixeira

Sketch

08

LECOQSPORTIF.COM

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You Must See You Must SeeYou Must See

Ana Duarte & Cátia Moreira

Sangue Novo

Irina: casaco e saia DUARTE

Marcos: malha, calções e calças DUARTE

No passado mês de Outubro, a ModaLisboa (agora conhe-cida como Lisboa’s Fashion Week) apresentou a sua nova seleção de jovens designers portugueses, presentes na categoria Sangue Novo. A PARQ esteve lá e entre desfiles conversamos com duas das designers que estrearam as suas coleções nessa mesma categoria.

CÁTIA MOREIRA, 22 anos, iniciou a sua formação em Design de Moda na ESAD, concluindo este ano. Apresentou a sua primeira coleção -Path- com foco no seu percurso e evo-lução como pessoa, designer e mulher. É essa a procura da estabilidade e do percurso que se apresenta na pas-serelle. A coleção, exclusivamente apresentada na cor branca vive de opostos: o delicado exterior e a força inte-rior que CÁTIA define como “a sua essência”.

Por outro lado, ANA DUARTE, 26 anos, já não é novata no mundo da moda. Licenciada em Design de Moda pela FAUL, completou em 2015 o mestrado em Menswear Design and Technology na London College of Fashion, sendo ainda se-lecionada pelo British Council para expor no International Fashion Showcase durante a London Fashion Week. O seu trabalho já foi apresentado no MUDE, em Lisboa, na mos-tra LCF MA15 na Victoria House em Londres e estreou-se na ModaLisboa em Março de 2015 na plataforma Sangue Novo onde a encontrámos novamente. A sua última coleção Knock Out é a mais recente criação da sua marca: DUARTE.

Por entre mudanças de guarda roupa, flashes, retoques finais e o caos característico dos backstages de moda, a PARQ conseguiu falar um pouco com ambas as designers.

Como caracterizas a tua última coleção e quais foram as principais inspirações durante o processo criativo?

AD: A coleção “Knock Out” é inspirada no Kickbox e é uma abordagem ao conceito de luxo desportivo presente na minha marca DUARTE. O conceito da coleção acabou por surgir de uma forma natural, sendo que o desporto em geral é uma fonte de inspiração constante na maneira como penso e crio.

CM: A minha última coleção “PATH” teve como ponto de partida um dos livros de DAVID BALEY “If we Shadows” assim como na minha evolução enquanto pessoa. “PATH” é uma coleção que tem como principal intuito transmitir tranquilidade, harmonia e equilíbrio, daí a cor predominante ser o branco. Sem dúvida que esta coleção testou alguns dos meus limites: consegui concluir este longo processo criativo e a prova está nesta coleção.

Como foi para ti ver a tua coleção na Moda Lisboa?

AD: Apresentar na ModaLisboa é uma honra e o culminar de um processo criativo intensivo. Poder dar a conhecer ao público o que idealizei através de um desfile (com toda a roupa, música e styling) é sempre um privilégio porque consigo falar diretamente com o público.

CM: Foi inesquecível! Qualquer aspirante de moda sonha integrar um projeto desta dimensão. A oportunidade que o Sangue Novo me proporcionou marcará o meu percurso de uma forma bastante positiva.

A plataforma Sangue Novo pretende sempre apresentar as mais recentes criações na moda portuguesa. Qual a tua opinião sobre o estado atual da moda em Portugal?

AD: Penso que Portugal tem vindo a afirmar-se cada vez mais e o “Made in Portugal” começa a ser reconhecido como símbolo de qualidade em todo o mundo.

CM: A moda em Portugal é um desafio constante. Com tantas tendências e criações não é fácil ingressar neste meio. Sem dúvida que já existem algumas oportunidades para os jovens (como o Sangue Novo na ModaLisboa e o Bloom no Portugal Fashion) no entanto acho que se devia apostar mais nos novos talentos, nos novos designers. Investir no que é nosso, mostrar que o nacional pode também ser internacional!

Algum conselho para jovens designers que estão a começar?

AD: Persistência e muito trabalho. Vão surgir muitos obstáculos e o desafio está em aprender como superá-los e continuar a evoluir.

CM: O melhor conselho de uma jovem designer para outro jovem designer é que o mundo da moda é um constante desafio por isso com paixão, trabalho e dedicação tudo é possível.

Quais os planos para futuro?AD: Expandir a marca nacional e internacionalmente. Quanto a projetos, gosto sempre de participar em vários (desde fardamentos a ilustrações) e relativamente às coleções “DUARTE”, vou começar a apresentar na plataforma LAB da ModaLisboa a partir de Março de 2017.

CM: Terminei recentemente a minha licenciatura em design de moda e de imediato integrei uma formação em Produção de Moda. Vou me dedicar a este projeto e a desenvolver as minhas capacidades como designer, quem sabe uma próxima coleção ModaLisboa em 2017.

entrevista por Henry Sequeirafoto por Carlota Andradeass. foto por Susana Pinho

styling por Own Statement Produtionsmake-up & hair por Sandra

Matos + Rafaela Martinsmodelos Marcos Wu @ KaracterIrina Ene &Kateryna Varnakova @ Blast

Agredecimento especial ao EKA Palace.

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You Must See You Must See

Kateryna: faixa Duarte, top, saia e sandálias CÁTIA MOREIRA

Marcos: kimono, cinto e calções DUARTE

Irina: faixa DUARTE, top, saia e sandálias CÁTIA MOREIRA

Irina: vestido CÁTIA MOREIRA

Kateryna: trench coat, faixa e calções DUARTE

Marcos: faixa DUARTE, colete e culotes CÁTIA MOREIRA

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You Must See You Must See

entrevista por Teresa Melo

Inigualável na sua forma de expressão, MOSHTARI HILAL utiliza o domínio da ilustração para explorar temas tão im-portantes como a globalização, o feminismo e a imigração.

“Nos anos 90, a minha família refugiou-se na Alemanha para fugir à guerra no Afeganistão e, por isso, cresci num campo de asilo”, conta. A experiência pessoal é, com toda a certeza, a matéria-prima de um trabalho tão imponente.

A atração pela cultura e estética dos seus antepassa-dos naturais do Médio Oriente e Ásia Central, assim como a urgência em confrontar a negatividade da sociedade

ocidental elevaram-se no melhor formato da sua criativi-dade. Entre viagens em família, a artista reaproximou-se da terra natal, Kabul, e redescobriu as suas raízes. “Em meados de 2012, comecei por conhecer artistas locais e a par-ticipar em festivais de arte. Infelizmente, a situação agravou--se e as pessoas vivem num medo constante de explosões, de bombistas-suicidas e do terrorismo em geral.”

Para MOSHTARI, “ilustrar ou desenhar são tão evidentes como escrever, ler e falar na minha vida. São os meus instrumentos para refletir e exprimir a vida, as suas batalhas e os seus mo-mentos de excelência. Mas é claro que o meu trabalho artístico

existe dentro de um quadro teórico que visa criar visibilidade para rostos e histórias além das narrativas mainstream.”

Ao poder opressivo dos padrões de beleza atuais, a artis-ta contrapõe com rostos verdadeiros e impercetíveis ao olhar dos media, “a menos que estejam segundo as normas "brancas" de quem é belo ou civilizado.” Numa linguagem vi-sual assertiva, MOSHTARI aproxima o conceito de identi-dade das comunidades diásporas cumpridas em partilha de narrativas e símbolos. E acrescenta “os meus retratos são uma resposta que traz visibilidade aos rostos subalternos e negados pelas grandes indústrias.”

FRIDA KAHLO, AMRITA SHER-GIL, AYQA KHAN ou o movimen-to "Black is Beautiful" suscitam em si as principais inspi-rações, que se adicionam aos estudos feministas e pós--coloniais. “Por exemplo, se és uma mulher numa sociedade patriarcal, as tuas lutas pessoais e privadas são políticas e en-raizadas em conceitos problemáticos e errados no sistema. Portanto, o problema não é o teu corpo, mas o sistema patriar-cal que desvaloriza e inferioriza as tuas necessidades.”

Até o final de janeiro de 2017, a sua mais recente exposição —“Girl with a Moustache"— estará disponível no Literary Colloquium Berlin em Wannsee, Alemanha.

MoshtariHilalmoshtari.tumblr.com

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You Must See You Must Watch

texto por Henry Sequeirafoto por Pedro MKK

“Um fotógrafo deve ser alguém curioso ao ponto de querer experimentar e fazer tudo o que a fotografia permite”.

PEDRO MKK tem 19 anos e nasceu no Porto. Depois de acabar o curso de fotografia na Escola Artística Soares dos Reis, continuou a sua formação em Design de Comunicação na ESAD.

PEDRO mantêm-se fiel às origens: a fotografia e o modo como a sua câmara vê o mundo. “A fotografia é o meio essencial de comunicação com que mais me identifico e é através disso que me vou refugiando para tentar passar algo a quem a vê.” Com uma linguagem própria de cores fortes e vibrantes captadas em momentos “breves, mas exatos” o seu trabalho apre-senta uma abordagem íntima de quem é fotografado. “O meu trabalho tenta revelar pessoas, nada mais que isso. O foco está naquilo que elas são, a minha curiosidade passa por encontrar aquilo que a pessoa retratada é ou mostra ser, independentemen-te do tipo de fotografia que esteja a fazer.”

No seu percurso conta com colaborações nos Maus Hábitos-Espaço de Intervenção Cultural, no Coliseu Porto, no Plano B e mais recentemente no Portugal Fashion, como fotógrafo no Bloom da designer FII (presente na edição PARQ 50) sendo que de momento, o portfólio do fotógrafo é principalmente divulgado através do Instagram: “utilizo-o porque me permite chegar a um público mais abrangente de uma maneira que as outras plataformas não permitem.”

Pedro M k k

@pedromkk

texto por Rebeca Bonjourfoto por Richard McCaffrey

Gimme Danger (2016) é o novo documentário de JIM JARMUSCH sobre os THE STOOGES, a banda rock dos anos 60 onde se estreou IGGY POP, e que lançou as bases para o punk e o rock alternativo.

Através dos relatos do próprio IGGY POP —que é, sem dúvida, quem tem mais destaque ao longo do documentário— dos restantes membros da banda e do seu antigo manager, vamos percebendo a forma como o grupo se formou e a sua evolução musical e política. Mas Gimme Danger dá-nos, sobretudo, uma nova perspetiva sobre a dimensão cultu-ral, revelando a forma como o grupo vivia, numa atitude descontraída e despreocupada, por vezes até irresponsável, e que foi ao mesmo tempo a essência dos THE STOOGES, aquilo que os projetou e levou à ribalta, e a sua decadência, o motivo que levou ao seu fim.

JARMUSCH, que não está propriamente associado ao formato documentário, conseguiu captar muito bem a alma da banda, apresentando-a sem censuras ou julgamentos. Ao mesmo tempo, o realizador consegue projectar-se no docu-mentário, sendo possível reconhecer algumas das características que associamos aos seus filmes: vemos, por exem-plo, a estrutura fragmentada que normalmente impera nas suas histórias, pela forma como organizou a informação, dividida cronologicamente, por épocas, lugares ou diferentes fases pelas quais a banda foi passando e que são sepa-radas por pequenos separadores; ou os seus também habituais apontamentos humorísticos, aqui presentes através do uso de pequenos clipes de filmes antigos para ilustrar alguns detalhes das entrevistas. De resto, os depoimentos dos entrevistados vão sendo intercalados com filmagens dos concertos e fotografias antigas.

O resultado é um documentário bem estruturado e muito completo, mas ao mesmo tempo descontraído e cómico, li-geiramente trashy, fazendo jus à própria personalidade de IGGY POP e dos THE STOOGES. Gimme Danger pretende, as-sim, ser uma homenagem à banda que JARMUSCH considera “possivelmente, a melhor banda da história do rock’n’roll.”

Gimme Danger pode ser visto no Espaço Nimas, em Lisboa.

Gimme Dangerby Jim Jarmusch

SAN FRANCISCO - 1978: E>D David Bowie e Iggy Pop ao vivo, 1977, San Francisco, Califórnia.(Foto por Richard McCaffrey / Michael Ochs Archive / Getty Images)

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You Must Know Clubbing You Must Know Clubbing

texto por Marcelo Marcelo

Foi no dia 14 de Novembro que o coração de DAVID MANCUSO deu a sua última batida. Com a perda deste he-rói, DJs fizeram mixtapes de tributo para recordar os discos que ele partilhou; outros tocaram-nos nas fes-tas, bares e clubes nos dias e noites que se sucederam; os media e admiradores não o olvidaram e homenagea-ram-no. “Professor dos professores”, “o pai de todas as dan-ças”, “o maestro das festas”, “o pai do disco”, “o inventor da record pool” são alguns dos muitos cognomes que ilustram DAVID MANCUSO e o elevam como um dos mais importan-tes e inspiradores rostos da música de dança e do club-bing mundial.

Tudo começou quando em 1965, para ajudar a pagar a ren-da, um DAVID MANCUSO de 21 anos, começou a fazer umas pequenas festas em sua casa. Porém, é no São Valentim de 1970 que fez a “Love Saves The Day” e iniciou o que os seus seguidores viriam a chamar de THE LOFT. Num mun-do racista, onde a homossexualidade era considerada um transtorno mental pela psiquiatria e numa Nova Iorque em ebulição com as ainda recentes Revoltas de Stonewall (1969), as suas festas nasceram como um mundo paralelo ideal onde as únicas cores que importavam eram as dos balões de hélio tão característicos. Diferentes cores, gé-neros, orientações sexuais, idades, classes ou profissões eram vistos como iguais e dançavam e sorriam em unís-sono, horas em que casais se beijaram pela primeira vez e grupos de amigos se tornaram um.

Nesta nova e idílica nação, que nascia semanalmente por umas horas, em que a comida e a bebida era acessível a todos, independentemente dos dólares que tivessem na carteira e doassem à organização, a música sempre foi o bem superior. DAVID trabalhou décadas em busca da pu-reza do som e teve como ideal deixar a música tocar sem intromissões, queria que a ouvissem do princípio ao fim, como os artistas a gravaram, sem se perder um segun-do, sem deixar escapar nenhuma subtileza da composição nem mesmo a voz ou a secção de metais trémulos de en-tusiasmo. Para isso, não misturava, não brincava com as equalizações, nem usava efeitos marados à DJ “pintas” e partilhava a sua enorme e pitoresca coleção de dis-cos de vinil, “o suporte mais quente e onde se pode ouvir com mais detalhe”, num sistema de som audiófilo, sem mesa de mistura, nem headphones, “apenas” composto por sete Klipschorns Richard Long dispostas em círculo, amplifi-cadores Mark Levinson, gira-discos Mitchell Cotter e ca-beças e agulhas handmade da Koetsu desenvolvido com o apoio de Alex Rosner a um volume máximo de 100 decibéis.

O homem que sempre recusou o título de DJ assumindo o de “musical host”, justificando que era apenas alguém que proporcionava uma festa e partilhava música com os seus amigos, selecionava os discos de forma a replicar os três “bardos” de uma trip de ácidos: a fase gentil e brin-calhona do início, seguida pela fase mais profunda, aluci-nante e transcendental e, por fim, a mais aberta, social e revigorante.

Ao som de soul, funk, r&b, rock psicadélico, jazz, dub e dis-co e, dos 80 para a frente, das pueris sonoridades house e techno, DAVID MANCUSO propunha e pilotava uma ver-dadeira viagem tão diversa musicalmente como nós e o

cosmos somos. Desprovido de ego, convidava a uma pura e mágica redenção perante a música: o bem superior. E o silêncio entre uma faixa e outra? Para nós é estranho ima-ginar, porém era nesse momento que as pessoas abriam os olhos e batiam palmas, assobiavam, gritavam, digeriam o arrepio na espinha, inspiravam fundo e expiravam cons-cientemente como se de uma meditação se tratasse.

DAVID MANCUSO não só ofereceu um reduto para as pes-soas o poderem ser livremente, como em 1975, com STEVE D’ACQUISTO e PAUL CASTELLA, co-fundou a THE NEW YORK RECORD POOL, a primeira a oferecer discos promo a DJs, com ela tinham acesso a música gratuitamente, ou qua-se, apenas teriam de dar feedback quanto às reações nas pistas de dança —mais um passo para tornar a músi-ca acessível a todos e promover os discos que tanto lhe eram especiais.

A importância de DAVID MANCUSO, dos seus LOFTS e da sua record pool são inegáveis e são os alicerces para o que é o clubbing e também a música que ouvimos hodiernamente. Foi graças à inspiradora devoção deste homem que nas-ceu The Gallery de NICKY SIANO, o Paradise Garage de LARRY LEVAN, The Warehouse de ROBERT WILLIAMS. Directa ou in-diretamente, DAVID MANCUSO foi também o mestre dos mestres FRANKIE KNUCKLES, TONY HUMPHRIES, FRANÇOIS KERVOKIAN, entre outros. Irónico e jocoso como alguém que nem usava mesa de mistura era para LARRY LEVAN “o mais excecional e visionário DJ que alguma vez existiu” e inspirou e continua a inspirar as gerações vindouras.

As desigualdades económicas agravam-se a cada dia que passa e a misoginia, racismo e homofobia parece voltar a assombrar a terra da Estátua da Liberdade e a conquis-tar território no mundo em que vivemos. A vida e obra de DAVID MANCUSO faz tanto sentido hoje como quando tudo começou há 51 anos. Os valores de respeito, igualda-de, amor e liberdade continuam vivos nas festas de Nova Iorque e outras festas descendentes como a Lucky Cloud Loft Party em Londres, a Last Note em Roma e, na verdade, nas pessoas com quem ele se cruzou fisicamente ou não em todo o mundo.

DAVID MANCUSO não é só um dos mais importantes e ins-piradores rostos da música de dança e do clubbing mun-dial. É um dos mais importantes e inspiradores rostos da História. Apresentamo-lo e não nos esqueçamos das suas sábias palavras: “Music is love, and love saves the day.” Rest in peace.

David MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid Mancuso

David MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid MancusoDavid Mancuso

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You Must Party You Must Party

Cheryl will ruin your life Cheryl will ruin your life Cheryl will ruin your life Cheryl will ruin your life Cheryl will ruin your life Cheryl will ruin your lifeentrevista por Bráulio Amado

foto por Lauren Silberman e Maro Hagopian

CHERYL é um coletivo de artistas que tem proporcionado algumas das mais divertidas noites de Nova Iorque. Quem participa nos seus eventos —que acontecem tanto num ve-lho armazém como numa galeria de arte— destaca o am-biente de catarse, onde a dança, a cor e os confettis se cru-zam. BRÁULIO AMADO, o nosso colaborador em Nova Iorque, é um fã declarado. No conforto do seu lar, entrevista NICK SCHIARIZZI, um dos membros fundadores dos CHERYL.

Olá NICK, isto é um pouco estranho. A PARQ gostava de te fazer uma entrevista e eles sabem que somos namorados. Não te conhecem bem e por isso, para começar, quem és tu? Quem são os CHERYL?

Sou videasta e Dj. Antes de tudo produzo trabalhos em vídeo para os CHERYL que é um coletivo de artistas que ajudei a fundar em Brooklyn (2008). Atualmente é constituído por um grupo de pessoas que em geral recorre a máscaras e gera um conjunto de acontecimentos que criam um conjunto de interações inusitadas entre o público em espaços, como museus, galerias e salas de espetáculos. Os recursos materiais que usamos são, em geral, pobres, de forma a criar um universo de comunicação alternativo.

Como é que acompanhas a cena artística e noturna de Nova Iorque?

Em termos de atualidade no campo artístico, temo que não possa dar a resposta mais exata. Geralmente prefiro focar-me nas coisas que gosto de forma obsessiva até enjoar. Não estou propriamente a par de tudo o que se está a fazer e das tendências que marcam o panorama artístico nova-iorquino. Não sinto que faça parte das tendências e prefiro relacionar-me com uma parte do que estar diluído no todo de uma comunidade artística.

Há um pequeno grupo de Djs que estão a organizar a maior parte das festas gays que acontecem em Nova Iorque. Estarão 10 ou 12 pessoas envolvidas, todos Djs e promotores muito talentosos e sem dúvida que o ambiente é mais festivo do que era há 10 anos quando me mudei para cá. Acredito que a vida noturna em

Nova Iorque é um meio de exploração artística onde há espaço para o desenvolvimento da nossa criatividade e produção de inovação. Até agora tento focar as minhas energias nessa direção. Há pessoas a fazer coisas malucas e maravilhosas. A par disso mantém-se a tradicional vida gay e Nova Iorque, com lugares e atitudes específicas, mas o importante é ter opções.

O que é que pensas que vai acontecer aos EUA, agora que DONALD TRUMP se vai tornar no novo presidente?

Nada de bom, imagino. Muitas pessoas só acordaram agora para um país que lhes é estranho. Para quem vive em Nova Iorque, uma cidade enorme, multicultural, cheio de emigrantes e de pessoas LGBT, é surpreendente e triste perceber que o resto do país tem medo de tudo e está contente com a eleição de um demagogo com um grau zero de formação.

Estás a organizar uma nova festa CHERYL que de certa forma é uma reação a este clima!

Há uma nuvem negra sobre grande parte da nossa comunidade e nós queríamos fazer algo que lembrasse às pessoas que apesar de tudo, não se tornaram impotentes. O tema da festa é: palhaços. Pensamos que os palhaços passam uma energia positiva que nos ajuda a superar a depressão ao qual juntamos o movimento compulsivo da dança. A festa será uma celebração da vida.

Vocês já estiveram mais vezes em Portugal do que eu nos últimos anos. Quais são as coisas portuguesas de que mais gostam e quando é que CHERYL volta a Portugal?

Adoramos Portugal, as suas cidades e os portugueses, as praias, os caracóis e os galões. Costumamos ir

a Portugal uma vez por ano. Estivemos em Julho no Milhões de Festa e no ano anterior estivemos no Walk&Talk nos Açores. O “A Leste”, na Madeira também já nos recebeu. Talvez esteja na hora de irmos a Lisboa no próximo verão. Adoramos Lisboa.www.cherylwillruimyourlife.info

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You Must WearYou Must Listen

texto por Carlos Alberto Oliveira

O primeiro mês do novo ano promete celebrar o início de 2017 com muitas novidades e, em alguns casos, são regressos há muito aguardados.

É com expectativa que se espera pelo terceiro álbum de originais dos The XX, I See You, que finalmente sairá a 13 de Janeiro. O primeiro single “On Hold” avança com promissoras pistas para aquele que sucederá a “Coexist” de 2012. Trata-se do primeiro grande lançamento a acontecer logo no início do próximo ano.

Assinalado no calendário como uma das prioridades do ano, Future Politics, o novo álbum da cantora AUSTRA é lançado pela Domino a 20 de Janeiro. Suspeita-se que o single “Utopia” levante o véu revelando mais um belíssimo disco.

No dia 27 de Janeiro aguardam-se dois álbuns a ter em muita consideração: o homónimo do prolifero TY SEGALL, do qual foi retirado o single “Orange Color Queen” e o disco Life Without Sound dos CLOUD NOTHINGS, do qual já se conhece o tema “Modern Act”.

Fevereiro agenda o regresso do sempre enigmático JAMIE STEWART, que já apresentou o single “Wondering” e nos alicia para mais um registo de boas canções a que os XIU XIU nos têm vindo a habituar. O novo álbum é apresentado sob a designação FORGET e será lançado a 24 desse mês.

O duo feminino britânico EKKAH continua a aguçar o apetite, sobretudo depois do contagiante single dançante “Can’t Give It Up”. Conta-se que o álbum de estreia seja lançado no próximo ano, mas infelizmente ainda não há novidades quanto a datas.

O álbum homónimo de estreia da promissora cantora DUA LIPA tem data marcada para 10 de Fevereiro. A avaliar pelos singles “Blow Your Mind (Mwah)”, “Hotter Than Hell” e “Room For 2”, poderá ser o ano da sua consagração como artista a nível mundial.

O single da sempre encantadora LAURA MARLING “Soothing”, antevê mais um conjunto de extraordinárias canções para o seu novo álbum SEMPER FEMINA, que sairá a 10 de Março de 2017.

O novo single dos POND “Sweep Me Off My Feet” foi produzido por Kevin Parker dos TAME IMPALA e revelou a notícia de que o tema fará parte no novo álbum da banda, a editar no início de 2017.Os TEMPLES, outra banda que ainda não tem data para o lançamento do seu novo disco, já partilharam "Certainty" como primeiro avanço. O seu segundo álbum será editado no início de 2017 via Heavenly Recordings.

Feliz Novidadetexto por Maria São Miguel

A United Colors of Benetton anunciou recentemente a sua colaboração com STELLA JEAN com vista à realização de uma coleção cápsula exclusiva. A designer reinterpretará, para a estação fria que se avizinha, dois marcos funda-mentais da Benetton: a malha e a cor.

Trata-se da primeira participação da marca italiana com uma designer de moda, neste caso STELLA JEAN, alguém que nos últimos anos tem vindo a afirmar-se com como uma das figuras mais inovadoras no panorama mundial da moda.

A coleção cápsula reinterpretará o knitwear da Benetton na ótica alegre e global de STELLA JEAN que tem por hábito impregnar o estilo italiano com elementos da tradição têxtil de países do hemisfério sul. A minicolecção, inteiramente dedicada ao mundo feminino, será complementada com acessórios.

O compromisso social e a elevação do potencial da mulher são dois elementos fundamentais nesta colaboração. STELLA tem desenvolvido um trabalho intensivo com comunidades locais em países em desenvolvimento. Quanto ao Grupo Benetton, lançou em Outubro de 2015 o Programa de Emancipação da Mulher, com foco na sustentabilidade a longo prazo e no apoio à emancipação da mulher e do seu papel social em todo o mundo.

A coleção estará disponível a partir de Dezembro de 2016 em lojas selecionadas da United Colors of Benetton e em www.benetton.com

Stella Jeanx Benetton

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You Must Wear You Must Wear

texto por Maria São Miguel

O bomber, um casaco de aquecimento que apareceu nos anos 50, foi retirado dos ombros de campeões de ténis e colo-cado nas costas das subculturas britânicas. A sua estética tem ganho um crescente interesse e tornou-se uma peça chave intemporal no guarda roupa desta estação. O Twin Tipped Bomber, modelo original da Fred Perry, apresenta-se com os mesmos detalhes com que brindou a geração do pós-guerra: mais otimista e desportiva. O Twin Tipped Bomber tinha, tal como hoje, uma cintura elástica, desenhada para segurar a parte traseira do casaco durante uma partida de ténis e o bolso lateral tinha forma arredondada adaptada a uma bola de ténis. Há uma versão padrão pied-de-poule, para uma abordagem mais elegante da peça de sportswear e existe a versão acolchoado do bomber em todas as co-res de arquivo: mid imperial, preto e verde escuro.

Para festejar os seus 35 anos, a Merrell lança nesta estação a linha Heritage na qual recria alguns dos modelos que es-tão na origem da marca nos anos 80. Reproduzidos com as inovações técnicas atuais, cada modelo representa o futu-ro desta marca americana de calçado. É o exemplo da coleção 1SIX8 que traduz uma forma de viver citadina, incorpo-rando aventuras outdoor ligeiras e urbanas. Super leve e confortável, este calçado é criado para se usar no interior como no exterior.

Como não podia deixar de ser, a celebração dos 35 anos não estaria completa sem a referência dos sapatos de monta-nha típicos desta década, entre os quais o modelo Eagle e Stowe, que foram na sua época verdadeiras estrelas. Com as típicas cores fortes contrastantes, estas botas trazem uma palmilha com grande capacidade de amortecimento, ao lado de toda a tecnologia que a Merrell oferece para conseguir um calçado confortável, leve e robusto.

Para completar o estilo montanha, a Merrell criou paralelamente uma linha de acessórios no qual se incluem mochilas.

Twin TippedPerry's Bomber

texto por Maria São Miguel

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www.fredperry.com

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You Must WearYou Must Wear

texto por Francisco Vaz Fernandes texto por Francisco Vaz Fernandes

O modelo icónico da G-Star, o Elwood, inspirado nas calças biker é reinventado esta estação a partir de uma tecnolo-gia 3D que criou um modelo mais atual e ergonómico. Concebidos para celebrar o 20º aniversário do modelo original, os novos Elwood ganham agora alguns apontamentos típicos de um uniforme, como a introdução do velcro ajustável ao nível da cintura e dos tornozelos de cada individuo. As joelheiras caneladas que expandem, são outro exemplo da necessidade de corte preciso que só era possível a partir de um desenho 3D e que assegura conforto mesmo durante movimentos mais dinâmicos.

A Exceed Shoe Thinkers, pela mão dos seus fundadores PEDRO CARIA e AGOSTINHO MARQUES e com o contributo do de-signer JOÃO PEDRO FILIPE, dá alma à expressão popular, The portugueses do it Better, ou seja, os portugueses fazem melhor, sendo deste, mais um exemplo da excelência do calçado nacional marcado pelo sucesso. A marca oferece duas linhas, a casual e a dress, produzindo modelos masculinos com uma aura de calçado intemporal. Procuram oferecer um design que renove a linguagem visual dos modelos clássicos mais conhecidos. Então, um sapato que é igual a tantos outros, ganha na Exceed, diferenciação nos detalhes conferindo ao homem que os procura, distinção, contemporanei-dade e urbanidade. Ainda que pensados para o dia-a-dia, cada exemplar é produzido com materiais de grande qualida-de e com acabamentos manuais que asseguram ao homem uma sensação diária de luxo.

Elwood3D

Exceed

www.gstar.com

www.exceedshoes.com

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texto por Maria São Miguel

L’ essence du ParfumJean-Paul Gualtier reinventa os seus dois campeões de vendas: Le Male para homem e Classique para mulher. Com es-tes dois perfumes propõe novos valores olfativos e novas embalagens, procurando aprofundar a essência de cada um deles. Mantêm como base os torsos humanos mas, desta vez, facetados como os heróis manga. Ambos voltam a explo-rar os aromas orientais amadeirados, tendo o feminino uma vertente floral enquanto o masculino é marcado por no-tas de couro. Um perfume para os não formatados.

Pó douradoE se o teu perfume lançasse um pó dourado sobre a tua pele… É a proposta da Givenchy para a linha Dahlia Divin que ganha uma edição limitada a pensar nas datas fes-tivas. Pensado para despertar a deusa que há em ti, as partículas douradas vêm aperfeiçoar um momento espe-cial. Para quem não pensa em limites.

L'homme + La Femme PradaPrada cria duas identidades que consagram a comple-mentaridade de um casal multifacetado: L'Homme Prada e La Femme Prada. Fragrância de pares, de justaposições e camadas. Uma aliança altamente sensual, com uma base floral suave combinada com baunilha e vetiver para ela, e uma base de armas de madeiras e cítricos combinados com âmbar e íris para ele. Se procuras o requinte e o luxo te atraí, este é um perfume para ti.

You Must Want You Must Wear

Beautifytexto por Maria São Miguel

texto por Maria São Miguel

O novo Huawei Fit é um wearable all-in-one desenhado para todas as necessidades fitness do utilizador. O novo wearable à prova de água da Huawei inclui monitorização multidesporto, contagem automática de passos, frequência cardíaca e monitorização de sono. É o acessório perfeito para um estilo de vida ativo e que oferece uma monitorização precisa de diversos tipos de dados. Faz uma identificação automática do status de caminhada e corrida e grava os dados, incluin-do objetivos como distância, duração e calorias queimadas. Não te surpreendas se um dia o confundires com um perso-nal trainer que requisita programas alargados de corrida baseados na capacidade de resistência e objetivos de treino.

Todos os anos a Eastpak convida artistas de várias áreas para recriarem a sua mochila numa iniciativa cujas ven-das revertem para a organização Designers Against AIDS. Este ano, foram grandes nomes da moda os que aceita-ram participar: KENZO, VÊTEMENTS, CHRISTOPHER RAEBURN, NICOPANDA, AMI PARIS, WANDA NYLON, HOUSE OF HOLLAND, JACQUEMUS, GIAMBATTISTA VALLI, ALEXANDRE VAUTHIER e INAN.

A venda on-line ocorreu no Dia Internacional de Luta Mundial contra à SIDA, 1 de dezembro, em artiststudio.eastpak.com

HuaweiFit

EastpakArtist Studio

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Soundstation J—K Soundstation J—K

Parte do agitado coletivo MONSTER JINX, J-K para o seu novo álbum deixa a música no domínio digital, mas dá corpo de papel às palavras.

Sorriso Parvo, Armadura Brilhante ou Complexo de Inferioridade foram capítulos anteriores no percurso de J-K e, como toda a outra música da MONSTER JINX, incluindo o seu novíssimo álbum Contos de Espadas, é livremente acessível atra-vés da página oficial bandcamp da editora (http://music.monsterjinx.com/). Mas desta vez há um lado físico e palpável para a arte de J-K, feita de intrincadas rimas e complexas histórias que se tornam simples e claras no seu flow.

“Desde o início que queria e sabia que ia fazer um álbum diferente”, explica J-K. “Sempre quis explorar instrumentais mais agressivos, me-

nos harmoniosos, porque também queria explorar essa parte na minha escrita. Esse foi o ponto de partida para este álbum, ir aos meus cantos

mais obscuros e explorar sons mais duros. Felizmente, porque quer dizer que não sou o monstro, não o consegui fazer sem passar pelo lado

mais nostálgico, mais lento e melódico que caraterizava a minha música até agora”.

O MC prossegue, procurando descodificar os significados mais fundos de Contos de Espadas: “por isso, acho que é uma boa

viagem. É um álbum de revolta contra o mundo, mas também de reconhecimento dos próprios erros, de redenção. Acho que é assim porque

para mim, quem quer mudar a sociedade e apontar o dedo aos outros, deve, pelo menos, ter consciência dos seus defeitos e falhas. Não tem de

ser um santo, mas tem de saber que não o é.”

“As músicas”, adianta, “acabam sempre por falar de lutas, daí estas serem as histórias dessas lutas, contadas pelas espadas que as sobrevi-

veram. Por isso é que resolvi criar o livro, onde esses contos aparecem separados e ilustrados por pessoas talentosas. Tenho também a sorte de

algumas delas serem minhas amigas”, admite o MC de Sorriso Parvo.

“Acho este o álbum mais “estranho” que fiz. Não gosto muito de seguir estruturas de músicas e aqui tomei a liberdade de fazer o que me ape-

tece. É rap independente, rap estranho, rap alternativo, “indie”, chamem-lhe o que quiserem. É o que eu e o pessoal da Monster Jinx sempre

fizemos e continuamos nessa estrada”, conclui.

A MONSTER JINX volta, entretanto, a surpreender no plano da edição física —depois de ter no seu catálogo títulos em CD, cassete e vinil colorido, lança também uma luxuosa versão física em livro de Contos de Espadas pela módica quantia de 12 euros. Nesse objeto, as letras do álbum de J-K são traduzidas visualmente com ilustrações de LORD MANTRASTE, KRUELLA D’ENFER, ESGAR ACELERADO, SOFIA AYUSO, LOBIJOVEM, LARA LUÍS, BRUNO ALBUQUERQUE, LARO LAGOSTA e MIN, nomes importantes neste plano das artes visuais. Um luxo: as palavras, a música, as ilustrações e o facto de tudo estar ao alcance de qualquer um.

texto por Rui Miguel Abreu

A língua comoa espada

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Soundstation Preoccupations Soundstation Preoccupations

Anteriormente conhecidos como VIET CONG, a banda canadiana viu-se forçada a alterar o seu nome, sobretudo depois de ter sido acusada de conter traços racistas. Não foi um processo fácil, mas domado e animado de um outro fôlego, o grupo regressa com um novo álbum, desta vez como PREOCCUPATIONS.

Renunciando a possibilidade de se afastarem do género post-punk assumem, ao invés, as suas referências, tornando--as cristalinas. Não sendo por isso estranho a familiaridade dos ambientes criados pelos JOY DIVISION, THE FALL ou até mesmo dos primeiros trabalhos dos THE CURE. Esta aproximação ao universo Post-Punk de 1977-82 já fora denunciado na história discográfica dos elementos da banda, como se verificou por exemplo na versão dos BAUHAUS “Dark Entries”, no primeiro EP como VIET CONG.

A descompressão da atmosfera soturna e o ritmo desacelerado da maquinaria imposta pelo ritmo industrial, caracte-rística sobretudo do álbum Viet Cong, revela que em PREOCCUPATIONS os medos e anseios são enfrentados de frente, como quem agarra o touro pelos cornos, ainda que projetados com uma dor igualmente dilacerante.

Percebe-se que a abordagem das emoções à flor da pele, sejam de que ordem forem, se sentem num estado frenético constante. “Anxiety”, o tema de abertura, revela precisamente esse estado de alma de uma ansiedade constante, tra-duzida num nervo hipnótico, a roçar o maníaco, sobretudo pela extensa verbalização arrastada da palavra.

A métrica guitarra-sintetizador marcada na segunda faixa “Monotony” revela uma aposta mais aberta da construção musical, recorrendo a outros recursos e elementos, numa clara abordagem mais expansiva que os seus registos ante-riores, nomeadamente na banda anterior do cantor MATT FLEGEL e do baterista MIKE WALLANCE: WOMEN.

As temáticas opressivas da sociedade do século XXI como o controlo social e as limitações impostas pelas pessoas, são questionadas em “Zodiac” ou em “Stimulation”, sentindo-se neste último o desalento imprimido numa linha de guitarra e baixo muito próximo dos primeiros trabalhos dos THE CURE ou até mesmo dos temas mais obscuros dos ECHO AND THE BUNNYMEN. Por sua vez, o primeiro tema revela a escola KRAUTROCK nas suas vísceras.

É precisamente a meio do álbum que entramos na sua clivagem: “Memory”. A escolha de uma faixa de 11 minutos de du-ração, tradicionalmente deixada para o final do álbum, revela uma certa irreverência da banda, sobretudo por conter várias ondulações e spin-offs, revelando, por exemplo, a surpresa da vocalização de DAN BOECKNER dos WOLF PARADE.

Por oposição “Sense” e “Forbidden”, as canções mais curtas do disco, com pouco mais de um minuto cada, servem sobre-tudo para respirar um pouco, como que para recuperar o folego, vir à tona de água e mergulhar novamente na imensi-dão dos pavores que nos assolam, munidos de uma nova força para lutar contra eles.

Ainda ancorada na faixa anterior, “Degraded” demora a tomar embalo, martelando o som maquinal que se abre num dis-paro de bateria, como se desvanecesse o nevoeiro, revelando um sol resplandecente. A linha de baixo remete claramen-te para os JOY DIVISION, mas de uma forma premonitória juntando-lhe as formas dos NEW ORDER.

“Fever” encerra o álbum de forma brilhante. Canção deliciosamente marcada pela bateria e pelos sintetizadores, enlea-dos num modo vocal desolado, mas ainda assim com laivos de perseverança. Afinal não é o vencer a guerra que importa aqui, mas sim a batalha e a certeza de que se conquistou um bem inestimável.

Inegavelmente a corrente elétrica que liga as faixas do álbum cimentam-no conceptualmente. Corre-se de uma ponta à outra com um inesperado júbilo de quem corre por gosto e não cansa. São canções mais leves do que comparativamen-te nos habituaram os registos anteriores, é verdade, mas são também mais intensas e estimulantes. Apetece repetir. Apetece andar para trás e para a frente com elas e sentir percorrer pelo corpo toda uma potente e frenética descarga energética e libertar, finalmente, esta contenção numa explosão catártica.

texto por Carlos Alberto Oliveira

Novos transtornos

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Central Parq Design Central Parq Design

Charles EamesRay EamesEames

Charles EamesRay EamesEames

O mundodos Eames

O Mundo de Charles e Ray EamesDas 12:00 às 20:00. Encerra 3ª

Até 9 de Janeiro

MAAT — Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia

Av. Brasília, Central Tejo, Lisboa

www.maat.com

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Central Parq Design Central Parq Design

O conhecido edifício da Central Tejo, braço do atual MAAT recebeu, desde Outubro, a exposição itinerante “O Mundo de Charles e Ray Eames” que fez parte do programa de mostras que marcaram a abertura pública da obra arquitetónica e de cariz orgânico da arquiteta Amanda Levete.

O visitante é confrontado à entrada, primeiro com um filme, depois com uma fotografia a preto e branco do casal, os-tentando, além de um sorriso, uma das suas mais realizadas experiências nos anos 40: uma tala em contraplacado mol-dado. Como não poderia deixar de ser, a primeira sala está repleta de exemplares de peças em que o material usado é o contraplacado e documenta o período quando a dupla Ray e Charles trabalhou exaustivamente a madeira para a Marinha Americana.

Além das talas usadas pelos aliados na segunda Guerra Mundial, o casal Eames, aproveitando a tecnologia avançada fornecida pela Marinha, experimentou desenhar equipamento e mobiliário. Por exemplo, o conhecido elefante em ma-deira moldada, concebido em 1945, cuja base é a mesma das cadeiras pequenas para crianças, faz parte de um grupo de animais que Ray desenhou nessa altura. O princípio é o mesmo: à semelhança das cadeiras, o elefante era montado em duas laminas onduladas de madeira, uma para o assento e outra para o espaldar. As mesmas cadeiras, por sua vez, e para aproximá-las de um design concebido para a vida, no sentido das pessoas e para as pessoas, ostentavam no es-paldar um orifício com a configuração de um coração que Ray (que se suspeita ter sido a autora da ideia) atribuía a fun-ção de pega, de modo a transportar a peça. Uma forma airosa de Ray imprimir na peça uma função decorativa.

O que, para a altura da designer, era algo alvo de repúdio e condenação severa (com os princípios do “bom design” e das políticas formais racionalistas, em que atribuíam, tal como Loos, um valor pejorativo e criminoso ao ornamento) não constituindo um problema, porém, para a própria Ray, portadora de princípios estilísticos “avançados” para a época. As mesas, ainda dentro da mesma tecnologia e desenvolvidas para a empresa Evans Products Company, relembram na sua “tipologia” uma outra desenhada em 1936 por Marcel Breuer.

A dupla lidava pacificamente com a decoração, não constituindo, por isso, mal maior introduzir elementos decorativos nas suas peças. Na realidade, a dupla, apesar de ter raízes assentes no racionalismo, celebrava o decorativismo: co-lecionava artefactos de todo o mundo e valorizava o autóctone. Para eles, o que contava eram os fatores surpresa e a criatividade. O elemento folk (o coração) que fora usado na cadeira para crianças, não só servia para sentar como alia-va a inovação à tradição.

Os princípios do “bom design” excluíam de facto a memória e a identidade dos objetos e são esses os princípios ditados pela fábrica e pela indústria que, por razões de custo e de seriação, desumanizou os objetos do quotidiano. A exposição enfatiza os aspetos humanos do design e revela a consciência que os dois designers tinham de que o design deveria ser concebido para a vida e para os homens. Em vários lugares, espalhados pela exposição, encontramos cartas esparsas, notas soltas e lembretes onde podemos ver o símbolo do coração empregue abundantemente. O casal, decidiu usar o símbolo do coração de modo a reforçar os aspetos mais vitais da vida: o amor (Kirkham).

A carta de pedido de casamento de Charles a Ray enfatiza essa preocupação na exposição. Uma preocupação pela di-mensão da vida. Depois a carta que Ray escreveu à mulher de Alexander Girard, também presente na exposição, escri-ta numa caligrafia criativa e colorida, desenhada sobre papel de cor verde. Na mesma carta estão corações desenha-dos e ainda uma outra carta (também destinada a Susan), mas esta em fundo rosa e com corações vermelhos e azuis.

Para além das cartas e recados que se apresentam abundantes pelo recinto, pode ver-se em largo número, fotografias do casal em pequenas festas, na sua casa, (um grupo delas foram tiradas por Peter Stackpole, em 1950) ou em diversos eventos, texturas, estruturas, componentes de computadores, entre outros temas.

Charles era um amante fervoroso de fotografia e, segundo o neto Eames Demetrios, terá oferecido uma máquina foto-gráfica para uma expedição para ver uma baleia, quando Demetrios era pequeno. A máquina que o avô lhe deu não seria uma sofisticada, e tão pouco seria problemático se se viesse a estragar. O avô ofereceu a Demetrios uma máquina ba-rata e simples que não causasse dano caso se se perdesse ou danificasse: “O que o meu avô quis foi que eu não perdesse a

oportunidade de registar imagens da experiência que estava a ter, sem ter medo de danificar a máquina, por ser cara”.

A dupla era caracterizada justamente pelo alcance pedagógico do design nas pessoas. Por meio de jogos, brinquedos, associações de imagens, ligações de objetos o casal procurava demonstrar os princípios do design, bem como a razão da proveniência desses mesmos objetos. Normalmente atribui-se ao casal Eames um percurso mais abrangente do que o habitualmente percorrido pela maior parte dos designers do seu tempo. Ray e Charles “não só deram forma aos objetos

como formaram a maneira como as pessoas pensavam os objetos.”

texto por Carla Carbonefotos por Bruno Lopes

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Central Parq Fotografia Central Parq Fotografia

Diana Serpins (1989) direciona-se inevitavelmente para essa energia excecional que pertence à juventude. Com uma ca-pacidade única de observação, a fotógrafa desafia a beleza para a redescobrir no seu estado mais autêntico.

Lisboeta de naturalidade, cruzou-se cedo com a fotografia. “Lembro-me por volta dos 11 ou 12 anos, ter recebido no Natal uma

Kodak analógica de 35mm oferecida pelo meu pai”, conta. A partir desse momento, a curiosidade assumiu o seu lugar e os pri-meiros passos foram dados, espontaneamente, dentro do seu próprio quotidiano.

Com uma forte paixão pelo analógico —embora rendida ao digital— o trabalho da fotógrafa evidencia-se nessa aproxi-mação à figura humana com tudo o que lhe pertence. E acrescenta, “ao fotografar interessa-me muito a identidade de cada per-

sonagem sempre com um universo bastante pessoal. Composição e enquadramento nem sempre são o mais importante para mim e sim perceber

a nossa linha e modo de trabalho.”

Licenciada em Fotografia e Cultura Visual pelo Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE), Diana começou a colaborar em 2012 com a bloguer de moda Hella Pebble (www.amberhella.com). No entanto, o projeto Across a Girl foi o ponto de viragem no seu percurso: neste momento percebeu qual a sua direção enquanto fotógrafa e onde se posicio-naria o seu trabalho num futuro bem próximo da ambição.

Billabong, Cia Marítima, Cheap Monday, Kenzo, Pepe Jeans, Purificación García, Sandro Paris, Seat ou Sisley são marcas que compõem o seu curriculo. “Este ano [2016] tive a oportunidade de colaborar com a Jameson ao fotografar o making-of para a

campanha global ´Sine Metu` em que o David Fonseca é o protagonista da campanha portuguesa.”

“Fotógrafa de autor”, assim se autodescreve, produz narrativas em formato visual. Em registos delicados, revela-se a preferência pela intimidade e os shots acontecem num ato quase voluntário e sem uma interferência excessiva: “cada

local ou pessoa têm uma história a contar, acabando por se fundir nas minhas fotografias a memória, o quotidiano, o íntimo, os objetos, os

detalhes/pormenores e as pessoas.” É o amor pela vida real, sem manipulação.

texto por Teresa Melofotos por Diana Serpins

@dianaserpins

www.dianaserpins.com

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Central Parq Chefs Central Parq Chefs

Once upon a tableOnce upon a tableOnce upon a tableOnce upon a tableOnce upon a tableOnce upon a tableOnce upon a tableOnce upon a table

Once upon a tableOnce upon a tableOnce upon a tableOnce upon a tableOnce upon a tableOnce upon a tableOnce upon a tableOnce upon a table

André FreireAndré FreireAndré FreireAndré FreireAndré Freire

Bernardo AgrelaBernardo AgrelaBernardo AgrelaBernardo AgrelaBernardo Agrela

texto por Joana Teixeira fotos por Sara Antepazo

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Central Parq Chefs Central Parq Chefs

Era uma vez, dois chefs portugueses que decidiram contar histórias de encantar o palato. André Freire estudou na conceituada escola de cozinha Le Cordon Bleu e esteve seis anos a trabalhar em Londres. Bernardo Agrela é um cozi-nheiro do mundo, cujas mãos já passaram por cozinhas nas Maldivas, Seychelles, Tóquio e Luxemburgo.

Este conto de fadas gastronómico começou no Loft, em Londres, onde as suas carreiras culinárias se cruzaram. No Loft, o chef Nuno Mendes —chef do Chiltern FireHouse e proprietário da Taberna do Mercado— abria as portas da sua casa para servir menus de degustação experimentais a pouco mais de uma dezena de pessoas, criando um clube gas-tronómico exclusivo e intimista. Escusado será dizer que este conceito diferente deixou os chefs com água na boca e com vontade de o dar a comer aos lisboetas.

No início deste ano, André Freire e Bernardo Agrela regressaram à Lisboa menina e moça e na mala trouxeram a von-tade de cozinhar em conjunto. Começaram a fazer jantares em casa para amigos e à mesa nasceu o Once Upon A Table —“pensámos em fazer jantares de amigos para pessoas que não têm amigos.”

O projeto funciona como um pop-up supper club: sem morada fixa, sem duração definida, independente e cheio de surpresas! Estreou-se em Julho n’O Apartamento com um menu de degustação rico em sabores variados, desde Croquete de Cozido a Tártaro de Carapau Alimado. A Cozinha Popular da Mouraria foi a segunda sala de jantar do projeto, onde juntamente com o chef convidado Mickael Moreira, serviram um menu mais tradicional com ingredien-tes de produtores nacionais.

Once Upon A Table desconstrói o conceito requintado da cozinha de autor. Não há um restaurante ou uma agenda, mas uma vontade de cozinhar aliada a outra vontade de comer bem —“Portugal deve ser dos poucos países onde à mesa se fala de

comida.” E nestes jantares intimistas, André Freire e Bernardo Agrela servem experiências gastronómicas que apelam aos sentidos e proporcionam viagens emocionantes pelos sabores de Portugal sem sair da cadeira. Os chefs convidam os portugueses a degustar a sua cozinha de autor, a ouvir as histórias por detrás de cada prato, a conversar de faca e garfo na mão. Afinal, não nos sentamos à mesa só para comer.

Como e quando surgiu a ideia de criar o Once Upon a Table (OUT)?

O OUT surgiu apos ter-mos voltado das nossas aventuras no estrangeiro. Numa noite entre amigos de forma natural surgiu a ideia de se fazer qualquer coisa aqui em Lisboa.

Contam histórias com a vossa comida?Acho que não sendo uma prioridade, gostamos muito de trabalhar sobre conceitos. Neste sentido acho que a nos-sa comida acaba por contar as histórias dos conceitos a que nos propomos trabalhar em conjugação com toda a nossas experiências e know how.

Qual é o objetivo deste vosso projeto?Em termos muito genéricos, o OUT pretende o que nós gos-tamos de chamar a democratização da gastronomia. Este conceito prende-se com o facto de existirem ainda mui-tos estigmas sobre a comida em Portugal como o caso de comida de rulotes ou de rua pode não ser boa. Tentamos desta forma criar uma marca forte, mas de personalida-de flexível onde estamos à vontade para aceitar qualquer projeto ou desafio que nos pareça aliciante e que tenha a ver com a nossa filosofia e standard desejado.

Expliquem o conceito de supper clubs.Supper clubs são residências mais ou menos regulares e de diferente periodicidade onde os guests podem usufruir de uma experiência diferente em locais pouco normais como casas ou espaços que são modificados para o efeito.

Porque fazer cada refeição num espaço diferente e não abrir um restaurante?

Nunca dissemos que queríamos abrir um espaço nosso. O OUT começa por ser um conceito pop up mas como mar-ca flexível que somos não fechamos portas nem bloquea-mos ideias. Neste momento faz mais sentido começar por uma vertente pop up mas se a oportunidade surgir e se fizer sentido porque não abrir um OUT.

Como criam os vossos menus?Gostamos muito de trabalhar em cima de conceitos, sen-do esta a linha condutora de todo o menu. Desta forma, tanto criamos um conceito a partir de um espaço que vi-sitamos ou criamos um conceito e depois buscamos um espaço para ele. É uma coisa muito orgânica no sentido que nunca para. Avança, recua e transforma-se. Por ou-tro lado, por exemplo no caso de quando nos pedem para ir cozinhar a casa das pessoas, procuramos fazer um menu que vá de encontro aos seus gostos, mas sempre com o nosso cunho pessoal que nunca abdicamos, qual-quer que seja o cliente ou tipo de comida.

Como descrevem a comida que servem?Acho que as melhores palavras para descrever a nossa comida são HONEST e TASTY. Não procuramos imitar nin-guém nem ser melhor ou pior que ninguém, apenas quere-mos oportunidades para sermos nós! Além disso, a nos-sa comida não deixa de ser influenciada por todo o tempo que estivemos fora, o que nos permite pensar um pouco out side the box e apresentar propostas diferentes com o cunho OUT.

É fácil arranjar espaços em Portugal para fazer as refeições?

Não é muito fácil encontrar espaços para fazer janta-res, sendo que a dificuldade é ainda maior quando abor-damos e tentamos formar parcerias para uma residência mais fixa, algo que temos tentado há algum tempo e ainda estamos nesse processo. Sim estamos à procura de um espaço para nos estabelecer de forma mais tradicional, num registo mais de restaurante ou espaço para even-tos. Temos algumas potenciais oportunidades mas a bus-ca nunca para.

Como está a ser a aderência do público a este conceito?

Acho que aderência está a ser bastante positiva. Temos conseguido encher os eventos que nos propusemos até agora e mais reconfortante ainda é ver que as mesmas pessoas nos procuram várias vezes e em diferentes tipos de conceito.

Cada refeição tem um final feliz?Até agora acho que temos tido sorte de ter trabalhado com gente muito interessante e que nos tem ajudado a que o final seja feliz. A eles um muito obrigado! Melhor que nós, acho que as pessoas que nos seguem e apoiam, podem dizer de sua justiça. independentemente da qua-lidade da comida, a interação e o ambiente nos nossos eventos geram um ambiente bastante agradável para quem nos visita.

Quais os vossos planos para este projeto no futuro?

Nesta fase, estamos à procura de um espaço para uma residência mais fixa onde possamos de uma forma mais sustentada fazer crescer o projeto quer a nível de con-ceito de comida quer ao nível de capacidade de produ-ção. Estamos a tentar alargar a nossa oferta de serviços para private chef ou ir a casa das pessoas cozinhar como eventos privados ou corporate.

/LisbonDiningInc

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fotografia por Carlos Teixeira

styling por Daniel Baptista Ribeiro & Joana Borges

hair por Cláudio Pacheco para Chiado Studio com produtos L'Oreal Profissionnel

make up por Miguel Stapleton

modelos Kate Maresova e João Batista @ L'Agence

top ADIDAS ORIGINALS jumpsuit COS

casaco MIGUEL VIEIRA t-shirt CHEAP MONDAY

calças COSsapatos CONVERSE ALL STAR

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casaco ALPHAMOMENTsweatshirt ADIDAS ORIGINALScamisa INTROPIAbrincos CHEAP MONDAY

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sobretudo ERMENEGILDO ZEGNAcapuz e calças COS

sobretudo e calças MIGUEL VIEIRAcasaco COSsaia PRIMARKcinto LOUIS VUITTON

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camisa e jumpsuit ALEXANDRA MOURAluvas KENZOxH&M

casaco BY MALENE BIRGERcamisola COS

calções ADIDAS ORIGINALS

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fotografia por Diogo Ferreira

styling por Sérgio Simões

ass.styling por María Cuntín

make up por Joana Lobao Teixeira

modelos Francisco Cipriano @ Central Models

Natalia @ Just Models

camisa print FLY GIRL

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casaco de pêlo PEPE JEANSmacacão CHEAP MONDAY

blusão bomber PATRICK DE PÁDUA na Comcor

calças COSsapatos EXCEED

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Natáliacamisola em malha LACOSTE

calças LEVIS meias DOCKERS

sandálias SUSANA TRAÇA na ComcorFrancisco

lenço print PEPE JEANScamisa LEVIScalças GANT

botas CONVERSE ALL STAR II

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Natáliavestido print SILVIAN HEACH

sandálias e meias ALEXANDRA MOURAFrancisco

camisa DOCKERScamisola DECENIO

jeans RVCAbotas DOC MARTENS

Natáliavestido ALEXANDRA MOURA

Franciscosapatilha CONVERSE ALL STAR

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Parq Here Parq Here

Claus PortoRua da Misericórdia, 135 (Chiado)De 2ª a Dom. das 10h às 20h

HansiRua da Moeda, 1A • LisboaSeg. a Qui.12h ás 16h e 18h ás 23h. Sex. e Sáb., 12h à 1h. Dom. 12h às 20h. Fecha segunda ao jantar

Nicolau LisboaRua de São Nicolau, 17 • LisboaSeg. a Sáb. 9h ás 18h30

Son of a gunRua Rosa, 23 • LisboaDe 2ª a Sáb. das 11h às 20hwww.sonofagum.eu

texto por Francisco Vaz Fernandesfoto por Victor Machado

texto por Francisco Vaz Fernandesfoto por John Wolf

texto por Maria São Miguel

texto por Teresa Melo

A CLAUS PORTO, com cerca de 130 anos, criou a partir de uma antiga farmácia, a sua primeira flagshipstore abrindo ao cliente uma montra completa de produtos que, pelo impacto internacional que tem alcançado, se tem posicionado no patamar do luxo. Há sabonetes de todas as cores e aromas, colónias e uma linha de velas perfumadas, uma novidade para completar o universo da marca. Os homens não foram esquecidos e até têm uma sala própria com a já clássica gama da MUSGO REAL.

O espaço desenhado pelo arquiteto JOÃO MENDES RIBEIRO evidencia a complementaridade que pode existir entre o passado e o futuro, referenciando a longa história da CLAUS PORTO.

A primeira sala virada para a rua, destaca os móveis da antiga farmácia, que agora restaurados, servem de exposito-res, remetendo-nos para a tradição. Contudo, o balcão central surge como um volume minimal espelhado, dando bri-lho e uma sofisticação contemporânea ao conjunto.

Na segunda sala, cadeiras de barbeiro e uma parede rachada de onde desponta musgo, não deixam dúvidas que é uma área dedicada à MUSGO REAL e aos cuidados da barba. O espaço reúne as condições para desenvolver pontualmen-te ações para o tratamento da barba. É uma questão de estar atento à programação da CLAUS PORTO, enquanto não abre o segundo espaço, previsto para a cidade do Porto.

Apesar de novo, este restaurante dedicado aos melhores produtos da gastronomia austríaca, as salsichas, não se acanha em encontrar a sua fundação em 1951. CHRISTOPH HUBMAYER, o mesmo que abriu o KAFFEEHAUS no Chiado, alicerça as suas fundações na salsicharia do seu pai que, desde essa data se mantém em produção, abastecendo por completo HANSI. A ideia de abrir um novo espaço no Cais do Sodré, dedicado à salsicha vianense deve-se ao sucesso que esse prato tinha no KAFFEEHAUS, pretendendo agora ampliar o leque de oferta. São 12 variedades de salsichas do menu, como a Burenwurt (6,90€), uma salsicha de vaca fumada, a Lammbratwurt (6,90€), de borrego, a Berner (6,90€), com recheio de queijo emmental e presunto crocante, a Currywurst (6,90€), com molho de caril, ou a Bosna (6,90€), a única servida em pão de baguete, com caril cebola roxa e salsa fresca. Cada prato incluiu um acompanhamento que pode ser um tipo de salada ou batata fritas. Para além das salsichas e porque a HANSI é uma continuação da cafetaria, pode-se encontrar muitos dos pratos confecionados no KAFFEEHAUS incluindo pratos vegetarianos, para que ninguém se sinta excluído.

Pinta não lhe falta ao NICOLAU… um Tekel, também conhecido por cá como cão salsicha, aparece pomposamente retratado de fato e gra-vata num dos quadros de um novo café da Baixa, o NICOLAU LISBOA. Este é apenas um detalhe marcante de um interior que foi cuida-dosamente pensado, onde os livros em tons pálidos combinam com os tons quentes da madeira que, no seu conjunto, proporcionam um ambiente lounge de tranquilidade e familiaridade que nos deixam a pensar: “era uma sala assim que precisava lá em casa”. E, já agora, que viesse com o menú completo, pautado pela simplicidade dos sabo-res que cada elemento fresco pode dar. A questão é, valorizar re-feições saudáveis onde pelo menos 50% dos produtos são vegetais. O serviço de pequeno almoço e lanche estende-se a qualquer hora e nele podemos incluir, por exemplo, os ovos mexidos com salmão fumado (5€), o iogurte grego, fruta, granola e mel (4,50€) e as pa-pas de aveia com mel e frutos vermelhos (5€). Mas, se acharem pou-co e procurarem algo para o almoço com mais substância, aconse-lham-se as saladas de atum e lentilhas com vinagrete de cominhos (8,50€) ou de porco char siu e quinoa com laranja, espinafres e cajus (8,50€). Pronto para o Brunch?

A SON OF A GUN assume-se em Lisboa com uma vontade inteira: destacar-se pela individualidade. O novo espaço foi inaugurado no passado dia 4 de novembro na Rua da Assunção, 105, para substituir a antiga loja que se localizava no Bairro Alto.

Hoje, a SON OF A GUN ocupa um lugar destacado na capital como uma referência no que toca ao streetwear. Das t-shirts aos sneakers, dos gorros aos acessórios para skate, dos pólos aos caps, a oferta é infi-nita. Na sua génese está uma ligação orgânica com o underground e o trabalho sobretudo com a HUF, TRASHER, ALIEN, SELVA, UNDEFEATED, STUSSY, DIAMOND, 10 DEEP, VANS, OBEY ou BORN X RAISED. Apesar de serem uma presença habitual na loja, não é algo fixo, já que vão sem-pre chegando algumas marcas novas e saindo outras.

Claus Porto H a n s i

Nicolau Lisboa

Son of a gun

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Parq Here

texto por Francisco Vaz Fernandes

O grupo Armani aposta em Portugal e abre duas lojas da Armani Exchange, a marca do grupo dirigida ao segmento mais jovem onde se pode encontrar uma maior presença do denim e uma abordagem mais streetstyle da colecção. São no essencial coleções funcionais a pensar no dia à dia de um indivíduo mais exigente. A loja de Lisboa, situa-se em plena Avenida da liberdade, tem 350 metros quadrados e distingue-se por ser a maior desta linha na Europa. A loja do Porto encontra-se na Rua de Sta Catarina, e é igualmente dividido entre womenswear, menswear, calçado e acessórios.

A Armani Exchange foi criada 1991 por Giorgio Armani no seguimento do seu grande sucesso mediático quando per-cebeu que havia uma geração de jovens que optava por um guarda-roupa mais, descontraído e citadino com os quais só marginalmente mantinha contacto. Decidiu criar então uma marca específica para a nova geração que juntasse a energia da juventude com a tradicional elegância da Armani. Nos EUA foi um grande sucesso que se repetiu um pouco por toda à parte.

Armani Exchange

Armani ExchangeAv da Liberdade, 9 • LisboaRua de Sta Catarina • Porto

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