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RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS EM ALIMENTOS NO BRASIL 1 Mônica Milani 2 Eduardo Marin Morales RESUMO Considerando a alta demanda do uso de agrotóxicos no Brasil, objetiva-se ressaltar informações sobre o uso de agrotóxicos e a tendência do consumo de alimentos com agrotóxicos acima dos parâmetros permitidos como outros não permitidos pela legislação em vigor. Utilizou-se a metodologia de revisão bibliográfica e os critérios de inclusão dos artigos levaram em conta textos em português com publicações realizadas entre 2000 e 2019. Mediante a problemática considera-se a agroecologia um caminho fundamental para conquistar a transição para sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis, principalmente com relação ao efeito dos agrotóxicos e conclui-se que existe a necessidade de mais pesquisas a longo prazo de seus efeitos múltiplos na saúde do ser humano. Palavras-chave: Agrotóxicos. Alimentos. Resíduos. Agricultura. Brasil. Orgânicos. ABSTRACT 1 Aluna de Graduação em Nutrição – Faculdade Municipal Professor Franco Montoro – FMPFM. E-mail: [email protected] 2 Engenheiro de Alimentos graduado pela universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP. Mestre em Microbiologia Aplicada – UNESP/Rio Claro. Doutor em Microbiologia Aplicada – UNESP/Rio Claro – Justus Liebig Giessen Universität/Alemanha. Especialista em Gestão Ambiental – UNICLAR/Rio Claro. Professor Titular na Faculdade Municipal Prof. Franco Montoro – FMPFM. E-mail: [email protected] 1 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

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RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS EM ALIMENTOS NO BRASIL

1Mônica Milani2Eduardo Marin Morales

RESUMO

Considerando a alta demanda do uso de agrotóxicos no Brasil, objetiva-se ressaltar informações sobre o uso de agrotóxicos e a tendência do consumo de alimentos com agrotóxicos acima dos parâmetros permitidos como outros não permitidos pela legislação em vigor. Utilizou-se a metodologia de revisão bibliográfica e os critérios de inclusão dos artigos levaram em conta textos em português com publicações realizadas entre 2000 e 2019. Mediante a problemática considera-se a agroecologia um caminho fundamental para conquistar a transição para sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis, principalmente com relação ao efeito dos agrotóxicos e conclui-se que existe a necessidade de mais pesquisas a longo prazo de seus efeitos múltiplos na saúde do ser humano.

Palavras-chave: Agrotóxicos. Alimentos. Resíduos. Agricultura. Brasil. Orgânicos.

ABSTRACT

Considering the high demand for pesticides use in Brazil, the objetive is to highlight information on pesticide use and the trend os pesticide food consumption above the parameters allowed as others not allowed by current legislation. The literature review methodology was used and the inclusion criteria of the articles took into accorent texts in Portuguese with publications made between 2000 and 2019. Agroecology is considered to be a fundamental way to achieve the transition to healthier and more sustainable food systems, especially regarding the effect of pesticides and it is concluded that there is a need for more longterm research on their multiple health effects of the human being.

Keywords: Pesticides. Foods. Waste. Agriculture. Brazil. Organic.

1 Aluna de Graduação em Nutrição – Faculdade Municipal Professor Franco Montoro – FMPFM. E-mail: [email protected] Engenheiro de Alimentos graduado pela universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP. Mestre em Microbiologia Aplicada – UNESP/Rio Claro. Doutor em Microbiologia Aplicada – UNESP/Rio Claro – Justus Liebig Giessen Universität/Alemanha. Especialista em Gestão Ambiental – UNICLAR/Rio Claro. Professor Titular na Faculdade Municipal Prof. Franco Montoro – FMPFM. E-mail: [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

Os agrotóxicos apresentam riscos quanto à saúde pública, tendo em vista o

grandioso volume observado nas fábricas de agrotóxicos e em suas imediações, na

agricultura, na contrariedade às endemias e demais setores, nas redondezas de

áreas agrícolas, além de todos os indivíduos, em geral, consumidores dos alimentos

contaminados. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (Ibama) publica desde 2000 boletins anuais de comercialização de

agrotóxicos no Brasil. Em 2013, foram 495,7 mil toneladas de pesticidas vendidos,

enquanto em 2017 o número chegou a 539,9 mil toneladas. O recorde foi registrado

em 2016, com 541,8 mil toneladas vendidas. Os valores de 2018 ainda não foram

divulgados. Mas a projeção é que os números tenham aumento e sigam crescendo

neste ano (GRIGORI, 2019).

De acordo com informações do Instituto Nacional de Câncer - INCA (2015), os

agrotóxicos são produtos químicos sintéticos usados para eliminar insetos ou ervas

no local campestre, que prejudiquem de qualquer maneira a fabricação agrícola. A

cultura da utilização de agrotóxicos no Brasil teve início por meio do decênio de

1960, quando um plano foi empregado pelo governo e forçou os agricultores a

adquirir uma prestação definida de agrotóxicos para consumo de influência

campestre.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2013), a liberação

da aquisição, a começar por sementes transgênicas e seu espalhamento nas áreas

agricultáveis estão associadas ao crescimento do uso, possibilitando a utilização

intensa de herbicidas, responsáveis por quase metade do volume usado, seguidos

pelos fungicidas e inseticidas.

Os resultados do Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos em

Alimentos, produzido pela Anvisa (2013), indicam que em 2011 somente 22% das

amostras analisadas estavam livres desses contaminantes. Chama a atenção a

figura de ao menos dois agrotóxicos não registrados no Brasil: o azaconazol e o

tebufempirade, sugerindo contrabando dos produtos e desequilíbrio por parte das

políticas públicas. Desta maneira, a problemática parte da seguinte questão: quais

os problemas oriundos do consumo de alimentos com agrotóxicos no Brasil?

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Frente ao exposto, o presente estudo tem por objetivo geral ressaltar

informações generalizadas sobre agrotóxicos e suas atribuições estratégicas,

mediante levantamento bibliográfico sobre a tendência do consumo de alimentos

com agrotóxicos acima dos parâmetros permitidos como outros não permitidos pela

legislação em vigor. Para tal, o trabalho apresenta uma conceituação geral acerca

dos agrotóxicos presentes nos alimentos no Brasil; expõe análises de amostragem

dos resíduos utilizados não permitidos bem como os encontrados acima dos

parâmetros permitidos por lei nos últimos anos; destaca as formas que o consumo

de alimentos com resíduos de agrotóxicos afeta a vida dos indivíduos brasileiros; e,

por fim, enaltece sistemas orgânicos de produção.

O desenvolvimento do presente artigo encontra-se subdivido em cinco

principais tópicos, listados respectivamente da seguinte maneira: conceituação

acerca dos agrotóxicos no Brasil; agricultura brasileira e o uso de agrotóxicos;

resíduos permitidos e não permitidos utilizados nos últimos anos; os malefícios do

consumo de alimentos com resíduos de agrotóxicos; sistemas orgânicos de

produção.

2. METODOLOGIA

Utilizou-se a metodologia de revisão bibliográfica, a coleta de dados foi

realizada por meio de vários artigos e sites pesquisados, como Google Acadêmico e

Scielo, referentes ao tema e assuntos relacionados. Os critérios de inclusão foram

estudos relacionados à palavras chaves: agrotóxicos, alimentos, resíduos,

agricultura, Brasil e orgânicos. A seleção dos artigos foi realizada com a avaliação

do título, seguida pela leitura dos resumos. Os critérios de inclusão dos artigos,

inicialmente para a revisão levaram em conta textos em português com publicações

feitas entre 2000 e 2019. Como critérios de exclusão não foram considerados artigos

anteriores ao ano 2000.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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O uso em grande escala de agrotóxicos na agricultura começa do decênio de

1950, nos Estados Unidos, com a inclusão da “Revolução Verde”, que teria a

finalidade de renovar a área agrícola e reforçar sua produtividade. No Brasil, este

movimento chega no decênio de 1960 e, com a implantação do Programa Nacional

de Defensivos Agrícolas (PNDA), ganha estímulo no decênio de 1970. O programa

vinculava o uso dessas substâncias à concessão de créditos agrícolas, sendo

incentivados pelo próprio Estado (SIQUEIRA et al., 2013; JOBIM et al., 2010).

O termo agrotóxico passou a ser empregado no Brasil por meio do Princípio

Federal nº 7.802, de 89, regulamentado pela Prescrição nº 4.074, e traz o posterior

conceito: compostos de substâncias químicas destinadas ao controle, exterminação

ou prevenção, direta ou indiretamente, de agentes patogênicos para ervas e animais

benéficos e aos indivíduos (SANTANA; MOURA; NOGUEIRA, 2013).

Nos dias de hoje, o Brasil também tem políticas públicas que fomentam a

utilização e o comércio de agrotóxicos mantidos pela influência da bancada ruralista

na Câmara Nacional. Exemplos disso são o esforço irrisório de repartição de

produtos na ANVISA e a dispensa, na maior parte dos estados, do Imposto sobre a

Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) (SOARES; PORTO, 2012).

O governo, justificando a necessidade de progresso do campo, implementou

políticas para proporcionar o processamento de expansão dos agrotóxicos.

Recursos financeiros foram destinados para a instalação de companhias nacionais e

multinacionais destes produtos usados na agricultura, os registros foram facilitados e

isenções fiscais e tributárias para consumo dos mesmos foram concedidas. Nos dias

de hoje também são concedidas vantagens para a repartição de agrotóxicos

(LONDRES, 2011).

Segundo Londres (2011) os agrotóxicos passaram a ser utilizados nas

lavouras mediante pacote de técnicas e processos que visavam o invento e

modificação dos costumes agrícolas em sistemas mecanizados, com olhos ao

crescimento da fabricação de alimentos. As indústrias que comercializavam os

agrotóxicos, antes usados como armas químicas, substâncias tóxicas capazes de

sacrificar-se, viram na agricultura um novo negócio lucrativo para o seu consumo,

principalmente derivado da urgência de crescimento da fabricação de alimentos.

Houve um crescimento da fabricação de distintas culturas produzidas com a

aplicação de agrotóxicos, com o pretexto que seria necessário moderar pragas e

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doenças que afetassem as culturas, bem como reforçar a fabricação de alimentos

(VEIGA et al., 2006; JARDIM et al., 2009).

De acordo com Jobim et al. (2010), essa tecnologia agrícola, no entanto, ao

mesmo tempo que gera desenvolvimento econômico, está relacionada à riscos ao

ambiente local e à saúde humana. O Brasil é um dos principais produtores agrícolas

do mundo o que levou à uma expansão de 190% o mercado de agrotóxicos no Brasil

no último decênio, colocando o país em primeiro lugar no ranking mundial de uso a

partir de 2008. Somente na safra de 2010 e 2011, foram consumidas um total de 936

mil toneladas de agrotóxicos (RIGOTTO; VASCONCELOS; ROCHA, 2014).

Se por um lado o uso de agrotóxicos favoreceu a intensificação da fabricação

de alimentos seus efeitos se fazem sentir cada vez mais na saúde humana e no

meio local. Com a utilização dessas substâncias, apesar dos efeitos úteis em termos

de ganhos produtivos têm produzido grandes prejuízos e efeitos indesejáveis à

saúde humana e do meio ambiente local (RANGEL; ROSA; SARCINELLI, 2011).

Neste entrecho Rangel, Rosa e Sarcinelli (2011) citam que cerca de dois

terços do montante completo de agrotóxicos existentes estão voltados para

utilização na área agrária. Tal fato torna os trabalhadores agrícolas mais

susceptíveis ao contato com esses compostos. De acordo com os autores, após a

exposição ocupacional, as principais fontes de contato humano com agrotóxicos são

as ambientais, uma vez que esses produtos evidenciam a capacidade de acumular-

se no ar, água e solo, podendo, assim, ter potencialidade de provocar danos ao

longo do tempo.

Dessa forma, indivíduos podem estar expostos a graus excessivos de

agrotóxicos ao longo do trabalho, por meio da refeição, contato com solos, água ou

ar. Além destas vias de contaminação Rangel, Rosa e Sarcinelli (2011) destacam

também a capacidade de ocorrerem contaminação das águas subterrâneas, lagos,

rios e mais corpos de água, contaminando peixes e outras fontes de suprimentos

vitais para o bem estar humano.

3.2 Agricultura brasileira e o uso de agrotóxicos

Diminuir perdas na lavoura, bem como garantir alimentos em porção e

qualidade adequados em plena expansão demográfica apresenta-se como o grande

desafio relacionado à produção de alimentos no mundo. Assim, a utilização de

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agrotóxicos é considerada, por diversos setores, necessária para o crescimento da

produtividade das áreas destinadas à agricultura, especialmente motivadas pelo

controle de insetos-pragas, responsáveis pelas grandes perdas verificadas ao longo

da produção de alimentos (SANTOS; AREAS e REYES, 2007).

A agricultura brasileira tem apresentado números cada vez mais expressivos,

tanto relacionados à produção, plantio, bem como nas tecnologias empregadas no

campo. Análogo desenvolvimento leva similarmente ao uso de maiores quantidades

de agrotóxicos na fabricação (ANVISA, 2006).

Segundo a Anvisa (2011) há o aumento do risco dietético para os

consumidores que ingerem o alimento contaminado (entre os quais o próprio

trabalhador da lavoura), uma vez que esse uso não foi considerado no cálculo da

Ingestão Diária Aceitável (IDA)3 e que este risco se agrava à medida que esse

agrotóxico é encontrado em um número maior de alimentos comercializados.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) vem

monitorando os teores de agrotóxicos em alguns tipos de alimentos de consumo

diário, por meio do Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos em

Alimentos (PARA). Os dados arranjados com este programa evidenciam um alerta

aos produtores e autoridades do meio agrícola quanto a utilização de agrotóxicos.

Dados do PARA em correlação as 3.130 amostras analisadas, indicaram que 744

possuíam ingredientes ativos não autorizados, representando 23,8% do total e, 88

amostras tinham graus de agrotóxicos acima do limite de resíduos (LMR) permitidos

correspondendo a 2,8% do total (ANVISA, 2009).

O uso de agrotóxicos aumentou de forma demasiada, ajudando para a

supressão de costumes opcionais e ecologicamente saudáveis de controle de

pragas como o uso de produtos naturais e seus derivados (JOBIM et al., 2010).

Jobim et al. (2010) similarmente reforça os efeitos dos agrotóxicos. O resultado

mostra que existem três principais vias de absorção de agrotóxicos: a dérmica, a

digestiva e a respiratória. As intoxicações agudas por agrotóxicos são as mais

comuns, afetando, principalmente, os indivíduos expostos em seu local de trabalho

3 A Ingestão Diária Aceitável (IDA) é um parâmetro de segurança definido como a quantidade máxima de agrotóxico que podemos ingerir por dia, durante toda a vida, de modo a não causar danos à saúde. A quantidade máxima de ingestão permitido é calculado para cada agrotóxico, expressa no valor de IDA, medida em miligramas de agrotóxico por quilo de peso corpóreo de pessoa que ingere (mg/Kg). Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/duvidas-sobre-agrotoxicos-em-alimentos>. Acesso em: 09 dez 2019.

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(descrição ocupacional). O problema caracteriza-se pelos seguintes efeitos: estresse

da pele e olhos, cólicas, vômitos, diarreias, espasmos, dificuldades respiratórias,

convulsões e morte.

Com a expansão das áreas agrárias sem planejamento territorial, houve o

aumento dos impactos ocasionados pela utilização dos agrotóxicos sobre o local,

elevando, desta maneira, a contaminação do ar, do solo, das águas e as

enfermidades em pessoas e animais. A utilização dos agrotóxicos nos ecossistemas

e, consequentemente, na saúde humana levanta questões especialmente pelo fato

de que a maior parte dos agrotóxicos usados em lavouras são capazes de acumular-

se em organismos distintos, elevando sua taxa efêmera e ajudando para a

contaminação de alimentos, corpos d’água e do solo (LIMA, 2010).

De acordo com INCA (2015), as intoxicações crônicas são capazes de

prejudicar todos os indivíduos, uma vez que resultam da exposição múltipla aos

agrotóxicos, ou seja, da inclusão de resíduos desses em alimentos, assim como

também no local. Barros (2010) atenta que a principal motivação de contaminação

por agrotóxicos acontece pelo manuseio inadequado desses produtos, por parte dos

trabalhadores rurais. A contaminação pode ocorrer por três principais vias

responsáveis pelo impacto direto da contaminação humana: a ocupacional, que se

caracteriza pela contaminação dos trabalhadores que manipulam essas substâncias;

a ambiental, que acontece a partir de dissipação/subdivisão dos agrotóxicos durante

as várias aplicações do meio local; e a alimentar que se efetua pela contaminação

relacionada ao consumo de produtos contaminados por agrotóxicos (MOREIRA et

al., 2002).

E, o mais preocupante, é que os resíduos de agrotóxicos não acontecem

apenas nos alimentos in natura, mas também, em vários produtos alimentícios

industrializados, como biscoitos, pães, cereais matinais, salgadinhos e demais

outros que contenham ingredientes como o trigo e a soja, podendo existir

similarmente nas carnes e leites de animais os quais têm contato residual com os

agrotóxicos (INCA, 2015).

O impacto da utilização de agrotóxicos sobre a saúde vem preocupando cada

vez mais a população, principalmente pelo fato de desconhecimento da porção de

agrotóxicos ingerida. Os efeitos à saúde ocasionados pela exposição aos

agrotóxicos podem ser classificados como agudos ou crônicos. Os efeitos agudos

ocorrem a começar por uma única exposição e frequentemente em doses altas, já

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efeitos passam a ser considerados crônicos a partir de exposições a doses baixas

durante um longo período. Várias das intoxicações são capazes de provocar

redução das defesas imunológicas, fraqueza, impotência sexual, cefalalgia, falta de

sono, modificações de pressão arterial, distimia e distúrbios de comportamento

(LEVIGARD; ROZEMBERG, 2004).

Contudo, a utilização de pesticidas é uma estratégia essencial no campo para

a prevenção de pragas agrícolas, procurando maior produtividade com menor

esforço (CANTARUTTI, 2005). Já o uso de pesticidas de utilização veterinária evita

perdas na produtividade devido às enfermidades parasitárias. Ainda que o controle

químico de pragas tenha serenado o índice de doenças para homens e animais e

ampliado a produtividade, estes agentes químicos são capazes de ficar ativos no

local por longos períodos, afetando os ecossistemas. Os efeitos desses agentes

durante o tempo representam um grande perigo para a saúde pública, enaltecendo a

importância da auditoria e da vigilância desses produtos em águas, solos, alimentos

e ar. A garantia de investigação de contaminantes é primordial para a prevenção de

doenças, especialmente num país como o Brasil, que enfrenta sérias complicações

de caráter nutricional e de acesso ao sistema público de saúde (CALDAS; SOUZA,

2000).

3.3 Resíduos permitidos e não permitidos utilizados nos últimos anos

Com o intuito de identificar produtos que geram agravos aos indivíduos e,

consequentemente, à saúde humana, a ANVISA estabeleceu programas de controle

da contaminação de alimentos, dentre os quais enaltecemos o Programa de

Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). O PARA teve seu

início em 2001, com o intuito de avaliar os graus de resíduos de agrotóxicos nos

alimentos in natura que chegam aos consumidores. As análises do PARA utilizam

como método o Limite Máximo de Resíduo (LMR), que trata da porção legalmente

reconhecida no mantimento, de acordo com aplicação correta do produto no campo

(ANVISA, 2010).

As coletas dos alimentos são realizadas pelas Vigilâncias Sanitárias

(Estaduais/Municipais) de acordo com princípios e guias internacionalmente aceitos,

como o Codex Alimentarius4. Esse certificado recomenda que a coleta seja feita no

4 O Codex Alimentarius é um programa conjunto da Organização das Nações Unidas para Agricultura

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local em que os indivíduos adquirem os alimentos, com amostragem realizada com

qualidade semelhante ao que será usado. As coletas são realizadas toda semana no

mercado retalheiro, por exemplo mercados e sacolões, conduzindo-se esboços que

envolvem compilação prévia dos pontos de coleta e das amostras a serem coletadas

(CARNEIRO et al., 2015).

Realizou-se uma pesquisa com base nos relatórios do PARA entre os anos de

2001 à 2018, expondo o número de amostras coletadas e analisadas, apresentando

como resultado a porcentagem de amostras insatisfatórias, amostras essas onde os

alimentos encontravam-se tanto com excessos acima dos limites máximos

permitidos de resíduos agrotóxicos, como os resíduos não autorizados pela

legislação em vigor, conforme tabela 1.

Tabela 1: Relatórios do PARA dos anos de 2001 a 2018Anos pesquisados pelo

programa PARANúmero de amostras

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2001 - 2002 1.278 16,20 %

2003 1.369 11,96 %

2004 1.354 10,40 %

2005 1.199 8,54 %

2006 923 13,65 %

2007 1.198 17,42 %

2008 1.773 15,28 %

2009 3.130 29,00 %

2010 2.488 27,90 %

2011 1.628 36,00 %

2012 1.397 25,00 %

2013 - 2014 - 2015 12.051 19,70 %

2017 - 2018 4.616 23,00 %

Fonte: Anvisa (2008 - 2019)

e Alimentação (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), criado em 1963, com o objetivo de estabelecer normas internacionais na área de alimentos, incluindo diretrizes, padrões de produtos e códigos de boas práticas. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/foruns-internacionais?inheritRedirect=true>. Acesso em: 09 dez 2019.

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Gráfico 1: Porcentagem de amostras insatisfatórias

Fonte: Anvisa (2008 - 2019)

O Gráfico 1 mostra a tendência de que os alimentos analisados vêm sofrendo

um crescente avanço no quesito de agrotóxicos tanto acima dos parâmetros

permitidos como também contendo outros não permitidos pela legislação em vigor

(ANVISA, 2008; 2009; 2010; 2011; 2013; 2014; 2016; 2019).

Nas primeiras análises do PARA de 2001 a 2007 foram apresentados os

resultados apenas das porcentagens dos agrotóxicos encontrados acima dos limites

e os não permitidos, não sendo divulgados os nomes dos agrotóxicos encontrados

(ANVISA, 2008).

Os resultados do PARA de 2008 até 2018, mostram que, além da utilização

de agrotóxicos acima do limite permitido, agrotóxicos não autorizados e agrotóxicos

com restrições e banidos continuam sendo utilizados no campo, gerando riscos tanto

a trabalhadores quanto aos consumidores pela sua potencialidade toxicológica

(ANVISA, 2009; 2010; 2011; 2013; 2014; 2016; 2019).

3.4 Os malefícios do consumo de alimentos com resíduos de agrotóxicos

O modelo de cultivo no Brasil com uso intenso de agrotóxicos gera grandes

malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e da população

em geral. As intoxicações agudas afetam principalmente as pessoas em exposição

ocupacional, já as intoxicações crônicas, podem afetar toda a população, pois são

decorrentes da exposição múltipla dos agrotóxicos (resíduos de agrotóxicos) em

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alimentos e no ambiente em doses baixas. Os efeitos podem aparecer muito tempo

após a exposição, dificultando a correlação com o agente. Dentre os efeitos à

exposição crônica podem ser citados a infertilidade, impotência, abortos,

malformações, neurotoxidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema

imunológico e câncer (INCA, 2015).

Agrotóxicos da categoria dos fungicidas e pesticidas amplamente utilizados

no Brasil e que causam vários agravos à saúde, tem sido encontrados nos alimentos

analisados pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos

(PARA) (CARNEIRO et al., 2015).

Um dossiê organizado por Carneiro et al. (2015), mostrou que diversos

autores têm alertado para agrotóxicos, sendo importante enaltecer os seguintes

levantamentos quanto aos princípios ativos utilizados e suas consequências

conforme tabela 2:

Tabela 2: Princípio ativo e consequênciasPrincípio ativo Consequências

Cipermetrina É tóxica para embriões de ratos, incluindo a perda pós-

implantação dos fetos e más-formações viscerais; em linfócitos

humanos foram observadas aberrações cromossômicas e trocas

de cromátides irmãs; induziu a promoção de tumores em

camundongos.

Epoxiconazol Interfere com a produção dos hormônios sexuais feminino e

masculino, como mostrado em estudos utilizando sistemas in

vitro de linhagens celulares humanas.

Fenopropatrina

Provoca alterações neuromotoras.

Procloraz É um desregulador endócrino de diferentes eixos, diminuindo a

produção e síntese de hormônios corticosteroides e sexuais

masculinos e femininos e prejudicando diversas funções

fisiológicas fundamentais a vida, como a fertilidade masculina, o

metabolismo de nutrientes e a regulação do sistema imunológico.

Metamidofós Efeito imunossupressor, diminui ainda a proliferação dos

linfócitos T do timo e a capacidade de formar anticorpos.

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Princípio ativo Consequências

Endosulfan Pode afetar o sistema endócrino e o metabolismo orgânico,

através de sua atividade nas glândulas hipófise, tireoide,

suprarrenais, mamas, ovários e testículos, provocando efeitos no

metabolismo do organismo e alterando a produção de hormônios,

entre outros, do crescimento (GH), prolactina (PRL),

adrenocorticotrófico (ACTH), estimulante da tireoide (TSH),

folículo estimulante (FSH), luteinizante (LH), triiodotironina (T3),

tiroxina (T4), hormônios sexuais; O endosulfan e seus isômeros α

e β induziram a proliferação, in vitro, de células de câncer de

mama humanas – MCF-7.

Parationa É um desregulador endócrino, uma vez que induz a hiperglicemia

e a hipoinsulinemia em ratos.

Fonte: Carneiro et al (2015).

Embora existam provas já disponíveis sobre os danos à saúde, a maior parte

das pesquisas existentes apontam somente a ocorrência em animais ou in vitro,

assim, analisam a exposição um único ingrediente ativo, cuja situação

frequentemente não acontece na rotina dos indivíduos, que ingerem muito mais de

um ingrediente ativo em somente um tipo de alimento. (CARNEIRO et al., 2015).

Caso o consumo de frutas e hortaliças pela população brasileira alcançasse a

recomendação da WHO (World Health Organization / Organização Mundial da

Saúde), seis agrotóxicos excederiam a porcentagem da Ingestão Diária Aceitável

(IDA) para crianças, já para adultos, três agrotóxicos excederiam o IDA, deflagrando

o uso indiscriminado de inseticidas. (FERREIRA et al., 2018).

Perante essa perspectiva, a avaliação de resíduos de agrotóxicos apresenta-

se de extrema importância, podendo ser usada nos programas de avaliação do

governo e pesquisas acadêmicas, visando a proteção da saúde e do meio local.

Similarmente há poucos dados sobre intoxicações por agrotóxicos, possivelmente

por não apresentar um sistema apropriado de fiscalização, capaz de identificar

especialmente os agrotóxicos envoltos nos casos de intoxicações agudas e crônicas

(FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007).

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3.5 Sistemas orgânicos de produção

Sistema orgânico de produção agropecuária: todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente (BRASIL, 2007).

As agriculturas biodinâmica, biológica, permacultura, ecológica,

agroecológica, regenerativa, sustentável e natural integram as correntes do

movimento orgânico, e o ponto comum entre elas é o objetivo de identificar um

sistema de produção sustentável mediante o manejo e a proteção dos recursos

naturais, sem a utilização de produtos químicos agressivos à saúde humana e ao

meio ambiente, mantendo a diversidade biológica e respeitando a integridade

cultural dos agricultores, não obstante as pequenas diferenças existentes (SANTOS;

MONTEIRO, 2004).

O mercado de produtos orgânicos apresenta algumas dificuldades como a

baixa escala de produção, necessidade do pagamento da certificação, fiscalização e

assistência técnica que, diferentemente do sistema convencional, representam

custos adicionais aos produtores, porém mesmo diante desses problemas, alguns

estudos comparativos entre os sistemas orgânico e convencional mostraram que o

sistema orgânico pode ser vantajoso e competitivo tanto economicamente quanto

ambientalmente (SANTOS; MONTEIRO, 2004).

A aceitabilidade dos produtos orgânicos, segundo os consumidores regulares,

descreve que suas características sensoriais são melhores do que os produtos

similares convencionais (cultivados com agrotóxicos). Mas é importante ressaltar

que existem poucos estudos disponíveis na literatura quanto ao aspecto nutricional e

sensorial de alimentos orgânicos, embora vários trabalhos relatem a superioridade

dos alimentos orgânicos nestes aspectos (SANTOS; MONTEIRO, 2004).

O INCA apoia a produção de base agroecológica em acordo com a Política

Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Este modelo otimiza a integração

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entre capacidade produtiva, uso e conservação da biodiversidade e dos demais

recursos naturais essenciais à vida. Além de ser uma alternativa para a produção de

alimentos livres de agrotóxicos, tem como base o equilíbrio ecológico, a eficiência

econômica e a justiça social, fortalecendo agricultores e protegendo o meio

ambiente e a sociedade (INCA, 2015).

O Brasil foi premiado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação

e Agricultura (FAO) no prêmio Políticas para o Futuro (Future Policy Award) de 2018,

que destaca as melhores leis e políticas de promoção da agroecologia do mundo.

A Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) recebeu o

segundo lugar (Prêmio Prata) por ter contribuído para o desenvolvimento

sustentável, possibilitando melhoria de qualidade de vida à população por meio da

oferta de alimentos saudáveis e do uso sustentável dos recursos naturais (VERDI,

2018).

A agroecologia é um caminho fundamental para conquistarmos a transição para sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis. As políticas selecionadas são exemplos excepcionais, que apresentam importantes elementos agroecológicos que suportam essas transições. Liderança e vontade política são fundamentais para alcançá-los. A FAO incentiva essa liderança, e está comprometida em dar as mãos para acelerar a transição necessária, afirmou a vice-diretora geral da FAO, Maria Helena Semedo (VERDI, 2018).

4. CONCLUSÃO

Frente ao exposto é de grande importância enfatizar a continuidade do PARA

(Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos), com a

finalidade de garantir o trabalho no monitoramento dos níveis de agrotóxicos em

alimentos em nível nacional e sua divulgação para a conscientização da população e

para suporte das políticas públicas.

Evidencia-se que as pesquisas só avaliam os efeitos de cada princípio ativo

isolado, contudo, o que acontece na vida real é o contato e, consequentemente, o

consumo de vários princípios dentro de um mesmo alimento, caracterizando a

extrema necessidade de mais pesquisas à longo prazo envolvendo esse assunto.

Embora o Brasil tenha as melhores leis e políticas de promoção de

agroecologia do mundo, inclusive sendo premiado, ainda é um país que possui uma

demanda bem considerável na aquisição e utilização de agrotóxicos.

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Hoje com tantas transformações nas políticas públicas, observa-se que as

ações e pesquisas sobre os problemas relacionados ao contato e consumo de

agrotóxicos se tornaram ineficientes. Deste modo uma alternativa mais assertiva

seria o de promover o consumo de alimentos orgânicos que, devido ao seu processo

produtivo, devem apresentar-se livres de fertilizantes sintéticos e agrotóxicos

relacionados a tantos malefícios para a saúde humana.

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