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ALFABETIZAÇÃO NA TERCEIRA IDADE: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DA APRENDIZAGEM TARDIA
MOREIRA, Terezinha FernandesFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)
[email protected], Jacqueline
Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)
RESUMO: A perspectiva de vida da população brasileira tem aumentado nas últimas
décadas, tornando necessária a criação de políticas públicas e a adequação de
serviços para atender os indivíduos nessa faixa etária, como por exemplo, os
âmbitos da saúde e da educação. A presente pesquisa tem como objetivo identificar
os principais benefícios e dificuldades da alfabetização no desenvolvimento
psicológico da pessoa idosa, bem como refletir sobre as contribuições da psicologia
na superação dessas dificuldades. Foi realizada uma revisão integrativa sobre a
produção científica dos últimos dez anos a respeito da alfabetização de idosos, a
partir de 7 artigos selecionados segundo critérios pré-estabelecidos. Os resultados
mostram que os idosos alfabetizados sentem-se mais independentes, aumentam os
vínculos de amizade, expõem mais ideias e tornam-se mais cientes de seus direitos,
porém encontram desafios como falta de estímulo; inadequação do currículo e
desrespeito por parte de algumas pessoas. No âmbito da psicologia escolar, por
exemplo, um trabalho envolvendo os alunos pode ser proposto, usando a empatia e
a importância de ouvir pessoas com uma extensa bagagem de experiências
angariada nos anos de vida.
Palavras-chave: Alfabetização, idosos, Terceira Idade, Educação de Jovens e
Adultos, Educação Continuada
ABSTRACT: Brazilian population’s life expectancy has increased the last few
decades, and because of that, the creation of public policies and adjustment of
society aspects are necessary to provide for individuals in this age range, such as
health and education. This research aims to identify the main benefits and difficulties
of literacy in the psychological development of the elderly, as well as reflect upon the
contributions of Psychology in overcoming these hinderances. A systematic review
was made based on seven academic articles using criteria established previously.
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The results show that positively, literate elderly feel more independent, have their
friendship circles grow, expose their ideas and become more aware of their rights,
but at the same time they face obstacles such as lack of encouragement, lack of a
curriculum suited for their needs, and disrespect from people. In the field of school
Psychology, for example, a project involving the students can be made, harnessing
empathy and the importance to hearing people with an extensive array of
experiences earned throughout the years.
Keywords: Literacy, eldery, Third Age, Young-Adult Education, continued education
1. IntroduçãoMuitas pessoas na terceira idade que nunca frequentaram a escola e não
sabem ler e escrever já deixaram esse intento para trás. Outros, no entanto, ainda
mantêm esse objetivo. Alguns, por inúmeras razões (falta de oportunidade,
vergonha, dificuldade para se locomover, etc.), não se arriscam a procurar meios
para realizá-lo. Por isso, é necessário pensar e promover estratégias para que esse
direito seja concretizado, visto que o mesmo também incidirá sobre a autoestima e
qualidade de vida desses indivíduos.
Soares e Istoe (2015) apresentam diferentes informações sobre a sociedade
em relação ao envelhecimento populacional e alterações na distribuição etária. A
concepção da longevidade com qualidade de vida supõe a superação de
paradigmas como preconceitos, estigmas, e a concepção de que o envelhecimento
estaria vinculado à incapacidade, declínio e morte. Por isso, a educação contribui
para a formação crítica do idoso, para que ele se sinta ativo, com maior inserção
social, articulação, dignidade, respeito, e o cumprimento dos seus direitos. Ações
educativas para este público exigem estratégias estruturadas que atendam suas
especificidades.
Ainda de acordo com essas autoras, dados do IBGE de 2015 mostram que
até a década de 50, por conta das taxas de fecundidade de mais de 6 filhos por
mulher, a distribuição etária se assemelhava a uma pirâmide, com a base larga,
representando muitos jovens e crianças, e cume estreito, com poucos idosos. Por
isso, as políticas públicas estavam predominantemente direcionadas à saúde e
educação infantil. Todavia, a partir dos anos 2000, com a taxa de fecundidade
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abaixo de 2 filhos por mulher (WORLD BANK GROUP, 2020) e a longevidade
aumentada, espera-se que as políticas sociais estejam mais voltadas para adultos e
idosos.
A Constituição Federal de 1988 assegura como direito de todos e dever do
Estado a educação para o cidadão brasileiro, mas, de acordo com Oliveira, Moura e
Sousa (2018), sua efetivação ainda não é a realidade de minorias analfabetas,
especialmente entre pessoas idosas, pois isso requer investimentos em programas
de educação inclusiva, voltados para aprimorar habilidades de escrita e leitura na
norma culta padrão. O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741 de 1º de Outubro de 2003)
estabelece em seu capítulo 5, e em seu artigo 20 que “o idoso tem direito à
educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que
respeitem a sua peculiar condição de idade”. Destaca no artigo 21 que “o poder
público criará condições de acesso do idoso à educação, adequando currículos,
metodologias e material didático aos programas educacionais a eles destinados”.
A partir dessas políticas, pensa-se uma educação que possa ser oferecida
dentro das características que esse público idoso apresenta, tendo profissionais
preparados para recepciona-los, considerando algumas especificidades que podem
aparecer conforme o avanço da idade. Segundo Silva, Galdino e Colella (2015),
desde a meia-idade é possível verificar um declínio da cognição, o chamado
envelhecimento intelectual é complexo e acarreta ganhos e perdas. Na velhice
avançada, pode haver perda da atenção seletiva, memória episódica e operacional,
raciocínio abstrato, nomeação de objetos, fluência verbal, velocidade e
processamento de informações, mas também há a construção de novos saberes.
Sendo assim, adequar a alfabetização à terceira idade é uma missão desafiadora,
pois é preciso se afastar dos limites e criar mediações eficazes para o
desenvolvimento dos idosos. As escolas precisam se preparar para acolher essa
população, devendo contar com a ajuda de profissionais como o psicólogo, para a
adaptação do currículo, instrução do educador e elaboração de técnicas e
ferramentas.
A presente pesquisa intenciona conhecer e refletir sobre a produção científica
dos últimos dez anos a respeito da alfabetização de idosos. Como objetivos
específicos, busca identificar quais são os principais benefícios da alfabetização no
desenvolvimento psicológico da pessoa idosa de acordo com a literatura
selecionada, bem como identificar quais são as principais dificuldades na
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alfabetização de idosos segundo as publicações e refletir sobre as contribuições da
psicologia na superação dessas dificuldades.
2. DesenvolvimentoConforme Martins Filho (2017), o processo de ensino-aprendizagem necessita
de práticas pedagógicas que levem em consideração os contextos geográfico,
econômico, cultural, religioso, social e étnico. O professor alfabetizador de idosos
deverá mediar o acesso do idoso ao mundo da cultura grafocêntrica e, para isso,
deverá ter ampla compreensão do processo educativo em suas nuances. Na
pesquisa desses autores, os sujeitos enxergam a alfabetização não só como
domínio do código, mas como possibilidade e abertura de se viver o mundo de modo
mais enriquecedor, com capacidade para interpretar criticamente a realidade e
acionar novos sentidos.
Para Oliveira e Oliveira (2019), os estudos de Paulo Freire (Pedagogia da
Autonomia, 2004, e Educação como Prática para a Liberdade, 1999) apresentam
como base a educação popular e, através deles, houve uma revolução na maneira
de compreender a importância da alfabetização de jovens, adultos e idosos. Assim
sendo, as especificidades da Educação de Jovens e Adultos (EJA) devem ser
consideradas e valorizadas, como um direito articulador e provedor da garantia de
diversos outros direitos. O olhar crítico é imprescindível, e trazer assuntos
relacionados ao cotidiano do alunado os ajuda a atribuir mais sentido às discussões.
Segundo Santos e Abreu Costa (2015), Paulo Freire nos conscientiza que a
educação libertadora só se dará através do diálogo, e também com a práxis, isto é, a
partir da interpretação da realidade da vida, que direciona um movimento de ação-
reflexão-ação. Desse modo, os discentes devem ser instigados a questionar, e não
simplesmente naturalizar as situações presenciadas. O papel do professor é
fundamental, transformador e construtivo, pois o mesmo orientará, mediará e
estimulará seus estudantes. O professor alfabetizador precisa ter conhecimento do
Sistema de Escrita Alfabética – SEA, estabelecendo uma intencionalidade nas
atividades. O aluno da EJA não é uma tabula rasa, mas alguém que alicerça
saberes. Portanto, há uma troca de conhecimentos entre professor-aluno-objeto de
conhecimento.
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O conceito de aprendizagem ao longo da vida está se tornando, na
estruturação das políticas públicas de educação, uma ideia de destaque, norteando
e formulando um novo aspecto na conformação e aplicação das avaliações dos
currículos e do próprio sentido da educação de modo geral. Esse enfoque quebra
uma visão estanque da educação, normalmente compartimentalizada em ciclos,
níveis, modalidades, etc., articulando a educação como um todo,
independentemente da idade, e de ser formal ou não. A partir de uma visão mais
holística, concebe-se que a educação se estabelece do nascimento até a morte, e é
sempre conectada à vida, às pessoas, à cidadania (GADOTTI, 2016).
Conforme a pesquisa realizada por Gadotti (2016), o analfabetismo
permanece fora da agenda política: é a política da desistência. Por causa desta
situação, 13 milhões de brasileiros podem continuar sem conseguir ler um livro pelo
resto da vida, e não serão apenas eles a perder, pois o Brasil perderá também 13
milhões de histórias que não empunharam caneta, lápis e papel para serem
registradas, o que empobrece o país.
Partindo das contribuições da psicanálise, Aranha (2007, APUD BIASUS,
2016) afirma que pensar na psicologia/funcionamento psíquico do idoso é averiguar
um conjunto de mecanismos e traços que intervém habitualmente no
envelhecimento, como perda da capacidade de sublimação, tendência ao
recolhimento narcísico e ao desinteressar-se pelo arredor, repressão para etapas
pré-genitais do desenvolvimento. Ou, ao contrário: atitudes de recusa, idealização
da infância. Lidar com as dificuldades dependerá do grau de autoestima,
maturidade, tolerância à frustração, capacidade de se envolver e investir em objetos
substitutivos. Aprender a ler e a escrever pode ser motivo estimulante para essas
pessoas.
Segundo Barroso et al (2018), o advento da terceira idade suscita uma
modificação da forma de olhar para o mundo, como se manter e se adaptar aos
relacionamentos sociais e familiares, e também como se relacionar consigo próprio.
Não podemos negar algumas mudanças que podem ser prejudiciais, como doenças
crônicas, incapacidades físicas ou psicológicas. Consequentemente, é fundamental
que as pessoas próximas e o próprio indivíduo procurem trabalhar a questão do
isolamento, busquem criar e manter vínculos, afastar a angústia generalizada, e
procurar atividades e companhias que o auxiliem no encontro de um sentido para a
vida, reforçando sua identidade, e afastando possíveis quadros depressivos.
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3. MetodologiaA metodologia desta pesquisa está voltada para a integração de informações
que foram publicadas sob a perspectiva de vários especialistas, em artigos
publicados em periódicos científicos.
Neste caso, será realizada uma revisão integrativa de literatura, um “método
que tem como finalidade sintetizar resultados obtidos em pesquisas sobre um tema
ou questão, de maneira sistemática, ordenada e abrangente” (ERCOLE, MELO,
ALCOFORADO, 2014, p.1). Esta revisão tem como propósito sintetizar e destacar
um corpo diversificado de conhecimentos expressos a partir de estudos prévios. Não
há busca por evidências para se tomar uma decisão, tampouco objetiva-se a análise
quantitativa para se obter padrões, mas a partir das declarações encontradas,
construir uma interpretação pessoal a respeito do assunto.
3.1. Fontes de informaçãoA análise foi respaldada por artigos publicados em revistas científicas na
língua portuguesa nos últimos 10 anos. Abrangeram-se os artigos de metodologia
qualitativa, selecionados a partir das buscas efetivadas no portal de periódicos da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a CAPES. A coleta
de dados foi realizada no mês de agosto de 2020.
Incluiu-se artigos que abordassem o processo de alfabetização na terceira
idade, mais especificamente falando a respeito das mudanças de vida notadas pelos
idosos a partir do desenvolvimento das capacidades de leitura e escrita. Empregou-
se como descritores as palavras “alfabetização”, “idosos”, “educação continuada”,
“educação de jovens e adultos”, “terceira idade”, em conjunto e separadamente, por
exemplo: (alfabetizar* OR “educação continuada” OR “educação de jovens e
adultos”) AND (idosos* OR “terceira idade” OR “melhor idade”).
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Figura 1: Estágios do processo de seleção de estudosFonte: Autoria própria
No resultado da busca foram obtidos 505 artigos na primeira fase da
pesquisa, sendo que em seguida, na seleção por idioma (Língua Portuguesa),
período de tempo (2010 a 2020) e área de publicação, restringiu a busca a 15
trabalhos. Levando em consideração artigos indisponíveis em sua totalidade ou
duplicados, as pesquisas selecionadas decaíram para 12. Por fim, após leitura e
análise dos resumos, somente sete pesquisas permaneceram no rol para mais
aprofundada análise. No quadro 1 é possível verificar os artigos selecionados e os
códigos atribuídos para os fins desta investigação:
Quadro 1: Codificação das publicações
Código Autor(es) e ano Título
Artigo 1 Todaro; Guimarães
(2014)
As pessoas idosas e o processo de alfabetização:
Algumas implicações pedagógicas
Artigo 2 Peres (2012) A educação de jovens e adultos e o analfabetismo na
velhice
Artigo 3 Rodrigues; Arruda
(2014)
Educação na melhor idade
Artigo 4 Lucini; Santana
(2019)
Pedagogia decolonial e educação de jovens, adultos e
idosos no contexto de uma sociedade racializada
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Artigo 5 Costa (2011) O que se aprende além das letras
Artigo 6 Adamo; Esper;
Bastos (2017)
Universidade aberta para a terceira idade: o impacto da
educação continuada na qualidade de vida dos idosos
Artigo 7 Pereira; Oliveira
(2020)
Benefícios alcançados por adultos que retornam à
escola
Fonte: Autoria própria
4. Resultados e discussãoApós a seleção dos artigos, os mesmos foram categorizados de acordo com
benefícios e dificuldades encontradas. A Tabela 1 apresenta o ano em que foram
publicados:
Tabela 1: Percentual de publicações de acordo com anoAno Número de publicações Porcentagem
2011 1 14,3%
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2017 1 14,3%
2019 1 14,3%
2020 1 14,3%
Total 7 100%
Fonte: Autoria própria
4.1. Benefícios da alfabetizaçãoConforme as informações foram coletadas, foram construídas quatro
categorias a respeito dos benefícios alcançados pelos idosos a partir da
alfabetização: autonomia, autoestima, dignidade e integração social. A frequência
destes benefícios nos artigos publicados pode ser observada na Tabela 2, sendo
que um artigo pode se enquadrar em mais de uma categoria:
A seguir, discorreremos a respeito de cada categorias que norteia os objetivos
traçados nesta pesquisa sobre a alfabetização na terceira idade.
Tabela 2: Categorias de benefícios e sua frequência
Categoria Número de publicações Frequência (%)
Autoestima Artigo 3, Artigo 6, Artigo 7 42,8%
Autonomia Artigo 1, Artigo 4, Artigo 5, Artigo 7 57%
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Integração Social Artigo 4, Artigo 5, Artigo 6 42,8%
Fonte: Autoria própria
4.1.1. Benefício 1: AutoestimaA autoestima é concebida como “a imagem de si”, que habita a subjetividade
do sujeito, o que ele sente e pensa acerca de si mesmo e não o que o meio social
ou o outro imagina a respeito dele, exercendo, então, influência na relação do sujeito
com o ambiente em que faz parte. Na psicanálise é compreendida como “o tamanho
do ego”, que é aumentado a partir daquilo que o homem realiza ou detém. A
autoestima madura envolve uma imagem positiva de si (MACEDO; ANDRADE,
2012).
A respeito da autoestima, o Artigo 6 afirma que dentro do aprendizado de e
outras práticas sociais culturais e esportivas, as pessoas idosas se integram com
diferentes gerações, transmitem e adquirem novos conhecimentos, elevando esse
aspecto.
O Artigo 7 cita que a universalização do ensino fundamental e médio acaba
sendo uma via de reconhecimento de si, para que todos possam desenvolver sua
autoestima, possibilitando o exercício do pensar, a apropriação de conhecimentos
adquiridos para que as pessoas se tornem mais solidárias, tornando os países mais
autônomos e democráticos. Esta pesquisa supracitada frisa que a EJA também
incide em conhecimentos de melhoria para a saúde do indivíduo, relacionando a
autoestima com a conquista de racionalidade e poder, e com maiores possibilidades
de desenvolvimento. A autoestima, a qualidade de vida e o bem-estar social
aparecem como fatores que definem o que é saúde, para além da ausência de
doenças.
4.1.2. Benefício 2: AutonomiaDe acordo com Haeser, Buchele e Brzozowski (2011), a autonomia é tida
dentro da promoção de saúde como categoria central, ou seja, ser/estar
empoderado significa ser autônomo para fazer escolhas informadas. Ter autonomia
é se ordenar por si mesmo, condição pela qual a pessoa pretende poder escolher
através das leis que regem a conduta. É o inverso da heteronomia, em que as leis
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são recepcionadas de outrem. A construção da autonomia depende do sujeito e de
sua coletividade.
O Artigo 1, destaca que é possível ter domínio suficiente para acompanhar a
complexidade e velocidade do mundo contemporâneo no contexto da aprendizagem
continuada a partir da alfabetização, que confere a aprendizagem da escrita e leitura
com autonomia, portanto, amplia a condição de compreender linguagens, códigos e
símbolos. Já o Artigo 4 menciona a prática educativa que contribui para a autonomia
do ser, que passa a confiar mais em si mesmo, e conquista maior valorização
pessoal. A alfabetização altera projetos de vida, trazendo saberes geradores de
aprendizagem entre educadores e educandos, numa atitude de compartilhamento e
conscientização de que todos têm com o que contribuir. As pessoas passam a atuar
como agentes de transformação da realidade existente a partir dos conhecimentos
construídos.
No Artigo 5, os sujeitos entrevistados apontaram vantagens do processo de
alfabetização que influenciam diretamente na autonomia: uma delas confirmou que
consegue compreender melhor as ofertas de supermercado, ponderando o que vale
ou não a pena comprar. Outra participante afirmou que escreve o que ouve nas
reuniões da igreja que frequenta, assina o nome na lista de presença e também das
amigas que não quiseram estudar. Usa o telefone, pois agora reconhece os
numerais, e também escreve bilhetes para avisar a filha quando necessita sair. A
mesma pesquisa apresenta, ainda, uma alfabetizanda alegou que foi perdendo o
medo de se expor oralmente, e que está compreendendo coisas que antes tinha que
questionar. Uma delas disse que os filhos a zombavam porque ela falava errado e
ficava chateada com isso, e que frequentando a escola esse cenário mudou
bastante.
Já o Artigo 7 ressalta que a educação é um meio que leva o indivíduo à
reflexão, recuperando sua humanidade. A libertação para o oprimido. A partir do
letramento, os indivíduos adultos que regressaram à escola podem desenvolver
habilidades que transformam a sua vida, como o incremento da memória. Sentem-se
empoderados para participar ou perguntar algo em discussões com familiares e
amigos. Fazem novas amizades e muitos cogitam em seguir carreira ou ingressar
em um curso superior. Assim sendo, há uma melhora na autoconfiança, e mesmo na
esperança de seguir por novas perspectivas.
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Alguns indivíduos asseveraram que saem de casa mais confiantes. Uma
mulher conheceu mais pessoas, o que a ajudou no processo de luto do marido,
frisou que não fica mais em casa todo o tempo, sozinha, e que está se tornando
“mais sabida” (Artigo). Percebe-se, analisando os contextos e depoimentos, que
adquirir a habilidade de leitura e escrita permitiu mais do que independência no que
tange o domínio desses atributos, mas também maior socialização e uma criação de
redes de contato.
4.1.3. Benefício 3: DignidadeOs estudos de Frias e Lopes (2015) trazem a definição de dignidade humana,
a partir de três elementos: o valor intrínseco (inevitavelmente arbitrário), condições
exteriores (importante, no entanto incompleta), e a definição a partir de um atributo
adquirido (autonomia pessoal).
Sobre a categoria ‘dignidade’, o artigo 6 destaca que o envelhecimento ativo
advém de um equilíbrio biopsicossocial, com a integralidade do idoso em seu meio.
As políticas públicas devem focar na necessidade de projetos que favoreçam o
envelhecimento digno, enquanto o artigo 1 considera que a dignidade de cada um é
um imperativo ético, e não um fator que podemos ou não oferecer.
Segundo o Artigo 4, os elaboradores e executores da agenda propositiva de
redução de taxas de analfabetismo devem contar com um estado pleno de
consciência ético-crítica, articulando e fazendo dialogar com as diferenças num meio
de respeito, igualdade e legitimidade.
A respeito da definição de desenvolvimento humano, o Artigo 7 atesta que
viver uma vida decente, com liberdade, dignidade e liberdade, deve fazer parte de
viver uma vida longa e sã, ampliando as opções da pessoa, e contribuído também
para uma sociedade mais digna.
4.1.4. Benefício 4: Integração SocialConforme Ramos (2002), a integração social promove um sentido de
significado e propósito para a vida. Mede-se pela frequência e intensidade dos
contatos sociais, acontecendo por intermédio de um comprometimento, que as
pessoas têm com a ordem social, exercendo controle sobre o comportamento dos
indivíduos. Reforça um sentimento de pertencimento, influenciando positivamente na
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saúde dos indivíduos. Todavia, pode ter efeitos negativos, dependendo da qualidade
dos contatos.
De acordo com o Artigo 4, na década de 60, com Paulo Freire, pessoas de
comunidades em Sergipe, imbuídas de compromisso social, alfabetizavam adultos,
jovens e idosos, fora da estrutura escolar comum, em espaços alternativos,
valorizando e enaltecendo o entrecruzamento de saberes, dos espaços/tempos das
vivências e experiências além dos muros da sala de aula, conduzindo a um
conhecimento integral e integralizado. As universidades abertas para a Terceira
Idade (UNATI), apresentadas no Artigo 6, têm por objetivo oferecer opções para que
os idosos utilizem o tempo livre, de maneira a conhecer pessoas em atividades à
escolha deles.
A integração social se estreita a partir de um convite pessoal, como um aviso
ao final da missa, uma sugestão feita pela educadora, ou algum colega que já esteja
no processo de alfabetização. Grupos de amigos que se incentivam e, por
consequência, conforme começam a frequentar o ambiente de estudo, aumentam
ainda mais o círculo de conhecidos e possíveis amizades. Esses são fatores de
acolhimento, que favorecem a permanência dos estudantes até a conclusão do
período matriculado, sem contar que os vínculos criados podem se estender a
outros contextos.
4.2. Dificuldades da alfabetização
Tabela 3: Categorias de dificuldades e sua frequência
Categoria Número de publicações Frequência (%)
Situação socioeconômica Artigo 5 14,3%
Preconceitos Artigo 4 14,3%
Sentimentos Artigo 3 14,3%
Fonte: Autoria própria
4.2.1. Dificuldade 1: Situação socioeconômicaA falta de uma situação socioeconômica favorável, citada no Artigo 5, reduz
as chances de um envelhecimento digno, dificultando o acesso a serviços de saúde
e mesmo aos bancos escolares para aqueles que desejam.
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4.2.2. Dificuldade 2: Preconceito/falta de solidariedade intergeracionalOs autores do Artigo 4 enfatizam que a falta de solidariedade intergeracional
pode ser um percalço, pois no atual cenário da EJA há uma mistura de faixas
etárias, com empatia por parte de muitos, mas com zombaria de alguns jovens em
relação aos idosos, o que obviamente prejudica a integração social.
4.2.3. Dificuldade 3: Sentimentos que atravancam o processo de aprendizagem.
O Artigo 3 comenta sobre uma dificuldade enfrentada pelos descritos no
processo de alfabetização para idosos, que é a baixa autoestima apresentada por
alguns, o que desencadeia entraves na aprendizagem e a desistência das aulas
(evasão). Por exemplo, alguém que se queixa de esquecimento dos conteúdos
abordados nas aulas, que faz com que necessitem rever várias vezes um mesmo
texto ou pedir a mesma explicação, demorando a fazer ligação com as explanações
seguintes.
5. Considerações finaisA partir da leitura e reflexões desenvolvidas a respeito dos artigos
selecionados, averígua-se que a alfabetização, assim como a continuidade do
processo educacional na terceira idade, não somente contribui para o aprendizado
de conteúdos formais, mas sim, em diversos outros aspectos para esse público:
incremento da independência (autonomia), elevação da autoestima, reforço da
dignidade, expansão das relações sociais, sensação de conquista pelos próprios
esforços.
Dessa forma, há grandes possibilidades de interferir positivamente no
psicológico desses indivíduos, já que possibilita o reconhecimento de outras
capacidades, o compartilhamento de conteúdos de seus históricos de vida, a criação
e fortalecimento de vínculos de amizade; Um compromisso para consigo mesmos,
saindo da rotina que, por vezes, se instaura, pois muitos depois que se aposentam
ou se concentram sobremaneira por anos nos afazeres domésticos acabam por
perder a oportunidade de receber novos estímulos.
Pelo lado negativo pode-se frisar a questão da falta de estrutura, oferta e
planejamento específico para o atendimento dessas pessoas, visto que as aulas
para estas requerem uma avaliação e implementação apurados e específicos para
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suas necessidades. Igualmente, as famílias e comunidades de maneira geral
também incentivar à volta aos bancos escolares, uma vida ativa, visando o bem
estar.
É crucial que imponham a frequência à escola como meta, superando
dificuldades como o cansaço natural da idade ou cuidado que despendem aos netos
por conta dos filhos que trabalham fora. Que o sonho desses que almejam aprender
seja alcançado, com o governo também oferecendo unidades de ensino próximas,
formação continuada para os docentes, recursos financeiros para a proposição de
práticas e compra de materiais. O Brasil sendo de fato um país de todos.
Durante a pesquisa houve um pouco de dificuldade para encontrar artigos
publicados que abordassem o assunto alfabetização na terceira idade. Fica,
portanto, a recomendação para novos estudos referentes ao campo, visto a sua
importância no contexto histórico-cultural.
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