Vida Desafios e Solucoes (Dival - Joanna de Angelis)

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  • DlVALDO FRANCO Pelo Esprito Joanna de ngelis

    Srie Psicolgica Joanna de Angelis Vol. 8

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    Esta uma obra resplandecente de conceitos libertadores do

    Esprito Joanna de ngelis, atravs da mediunidade de Divaldo Franco.

    A mensageira da Imortalidade oferece, em linguagem simples e acessvel, estudos dos problemas humanos luz da Psicologia Esprita com os subsdios da Psicologia Transpessoal, a fim de minorar os problemas e dificuldades da existncia corporal, preparando o Esprito para a sua destinao futura.

    Temas delicados so tratados com beleza e oportunidade para o entendimento dos aparentes enigmas da reencarnao, propondo solues para as dificuldades de relacionamento, de comportamento, da existncia em si mesma.

    Os profundos conceitos, que chegam com sabedoria ao atendimento de todos, encontrados nesta e nas demais obras da Srie Psicolgica de Joanna de ngelis, jamais sero esquecidos.

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    Divaldo Pereira Franco um dos mais consagrados oradores e

    mdiuns da atualidade, fiel mensageiro da palavra de Cristo pelas consoladoras e esperanosas lies da Doutrina Esprita.

    Com a orientao de Joanna de Angelis, sua mentora, tem psicografado mais de 250 obras, de vrios Espritos, muitas j traduzidas para outros, idiomas, levando a luz do Evangelho a todos os continentes sedentos de paz e de amor. Divaldo Franco tem sido tambm o pregador da Paz, em contato com o povo simples e humilde que vai ouvira sua palavra nas praas pblicas, conclamando todos ao combate violncia, a partir da auto pacificao.

    H 60 anos, em parceria com seu fiel amigo Nilson de Souza Pereira, fundou a Manso do Caminho, cujo trabalho de assistncia social a milhares de pessoas carentes da cidade do Salvador tem conquistado a admirao e o respeito da Bahia, do Brasil e do mundo.

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    Salvador 12. ed. -2013 (1997) Centro Esprita Caminho da Redeno - Salvador (BA)

    12. Ed.-2013 5.000 exemplares (milheiros: de 62 a 66) Reviso: Jorge Leite Oliveira Christiane Barros Loureno Editorao eletrnica: Lvia Maria Costa Sousa Capa: Cludio

    Urpia Coordenao editorial: Luciano de Castilho Urpia Produo grfica: LIVRARIA ESPRITA ALVORADA EDITORA Telefone: (71) 3409-8312/13 - Salvador BA E-mail: [email protected] Homepage: www.mansaodocaminho.com.br Dados Internacionais de Catalogao na Publicao ( CIP)

    (Catalogao na Fonte) BIBLIOTECA JOANNA DE NGELIS

    FRANCO, Divaldo Pereira

    F895 . 12. ed./ Divaldo Pereira Franco pelo Esprito Joanna de ngelis. Salvador: Livraria

    Esprita Alvorada Editora, 2013. (Srie psicolgica, volume 8) 176 p. ISBN: 978-85-61879-88-4 1. Espiritismo 2. Psicologia 3. Comportamento I. Divaldo Pereira

    Franco II. Joanna de Angelis III. Ttulo CDD: 133.90

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    DIREITOS RESERVADOS: todos os direitos de reproduo,

    cpia, comunicao ao pblico e explorao econmica desta obra esto reservados, nica e exclusivamente, para o Centro Esprita Caminho da Redeno. Proibida a sua reproduo parcial ou total, mediante qualquer forma, meio ou processo, sem a prvia e expressa autorizao, nos termos da Lei 9.610/98.

    Impresso no Brasil Presita en Brazilo

    Smula 0 milagre da vida 7 1 Vida 11 1.1 Definio e proposta 11 1.2 Impedimentos naturais, domsticos, afetivos, 15 sociais, econmicos, do inter-relacionamento pessoal 1.3 Doena e sade 21 1.4 Obsesses 23 2 Significado do ser existencial 27 2.1 Objetivos da vida humana 27 2.2 Conflitos pessoais 30 2.3 Mitos, iluso e realidade 33 3. Fatores de insegurana 39 3.1 A Criatura astuta 39 3.2 Necessidade da mentira 43 3.3 Afetividade conflitiva 47 3.4 Apoios ineficazes 50 4 Energias da vida 53

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    4.1 Hbitos mentais 53 4.2 Frustraes e dependncias 56 4.3 Sensaes e emoes 58 4.4 Vida interior 61 5 Significado do ser integral 65 5.1 Bases para a auto realizao 65 5.2 Conquistas que plenificam 69 5.3 Lies de vida 72 6 Aspectos da vida 6.1 Juventude e velhice 6.2 Estar desperto 6.3 Alegria de viver 7 Descobrindo o inconsciente 7.1 Anlise do inconsciente 7.2 Processo de individuao 7.3 Os Arqutipos 8 Auto despertamento inadivel 8.1 O despertar do Si 8.2 Esforo para equilibrar-se 8.3 Disciplina da vontade 8.4 Aes libertadoras 9 Relacionamentos saudveis 9.1 A influncia dos mitos na formao da personalidade 9.2 Conceitos incorretos e perturbadores 9.3 Estabilidade de comportamento 10 A busca da realidade 10.1 Necessidades humanas 10.2 Lutas conflitivas 10.3 Autorrealizao 11 11.1 O crebro intelectual e o crebro emocional 11.2 Meditao e visualizao 11.3 O pensamento bem-direcionado

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    O milagre da vida Por mais que a mente humana interrogue a respeito da vida, na

    atual conjuntura do conhecimento intelectual, embora inegavelmente vasto, difcil se torna encontrar as respostas adequadas que lhe facilitem apreender todo o seu sentido e significado.

    Reduzindo-a a acasos absurdos, destitudos de qualquer lgica, alguns investigadores simplificaram-na, eliminando maiores preocupaes em torno da sua magnitude. Outros a estabeleceram sobre contedos mitolgicos de fcil aceitao, graas aos componentes do sobrenatural e do maravilhoso.

    O milagre da vida muito mais complexo e, por isso mesmo, o seu ponto de partida somente pode ser encontrado no Criador que a elaborou e a vem conduzindo atravs de bilhes de anos, produzindo na sua estrutura as indispensveis adaptaes, desdobramentos, variaes...

    No que diz respeito vida humana em si mesma, detectamos sua gnese no Psiquismo Divino, que a concebeu e a inspira, proporcionando-lhe a energia de que se nutre, que a impulsiona ao crescimento atravs das multifrias reencarnaes do Esprito imortal, tambm denominado princpio inteligente do Universo. Simples, na sua constituio, liberta as complexidades que se lhe fazem necessrias para o crescimento, qual semente que se intumesce no seio generoso do solo, a fim de alcanar o vegetal que a sua fatalidade, ora dormindo no seu ntimo.

    Ignorante quanto sua destinao, desperta para a prpria realidade mediante as experincias intelectuais e vivncias morais que o capacitam para a conquista da plenitude.

    semelhana da semente humilde e nobre, que jamais contemplar a espiga dourada, em razo da morte que lhe faculta

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    o surgimento do gro, o Esprito, na sua simplicidade inicial como psiquismo, no se apercebe do anjo que se lhe encontra silencioso no mago, e um dia singrar os infinitos rios da Imortalidade.

    Esse processo de evoluo, no entanto, assinalado por desafios, cada vez mais graves e significativos, quanto mais se lhe desdobram as faculdades e o discernimento.

    O desabrochar dos valores internos , de certa maneira, dilacerador em todas as espcies vivas.

    A vida vegetal rompe a casca protetora da semente, a fim de libertar-se; o mesmo ocorre com o ser humano que se v envolto pela carapaa forte que o encarcera no princpio e cuja priso lhe deixa marcas profundas que devem ser eliminadas, na razo direta em que se desenvolve e passa a aspirar a mais amplos espaos e a mais gloriosa destinao.

    A luta se lhe faz, portanto, intensa, sem quartel, avolumando-se na medida da capacidade de resistncia e de esclarecimento que lhe facultam as vitrias.

    Viver um desafio sublime, e realiz-lo com sabedoria uma bem-aventurana que se encontra disposio de todo aquele que se resolva decididamente por avanar, autossuperar-se e alcanar a comunho com Deus.

    Estudamos, neste modesto livro, diversos desafios que o

    homem e a mulher modernos enfrentam no cotidiano. Graas ao valioso concurso das doutrinas psquicas em geral e

    da Psicologia Esprita em particular, excelentes contribuies existem e se encontram disponveis para todos aqueles que esto sinceramente interessados na construo de uma conscincia saudvel, de um ser responsvel e lcido, de uma sociedade feliz.

    No apresentamos nenhuma frmula mgica, e tal no existe, que possa resolver as dificuldades e os problemas naturais, que fazem parte do processo da evoluo.

    Todas as propostas e solues para os desafios existenciais da vida dependem de cada pessoa, do seu esforo, da sua perse-verana e da sua ao confiante.

    O que no seja conseguido em um momento, mediante a insistncia saudvel ser alcanado depois.

    Reconhecemos que existem excelentes obras que abordam alguns, seno a quase totalidade dos temas aqui apresentados, e com melhores contribuies.

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    A nossa singela colaborao, porm, se fundamenta nos postulados vigorosos da Doutrina Esprita, que vem, desde h quase cento e quarenta anos, quando da publicao de O Livro dos Espritos, por, (1) Allan Kardec, no dia 18 de abril de 1857, iluminando vidas e libertando conscincias.

    Confiamos que, embora inexpressiva, a nossa oferenda poder

    auxiliar algum leitor que se encontre experimentando. 1- Nota da Editora - Com a publicao da presente obra,

    homenageamos O Livro dos Espritos, de Allan Kardec, por ocasio do transcurso do seu 140 aniversrio de publicao, que ocorrer no prximo dia 18 de abril do ano em curso. Igualmente, congratulamo-nos com o mdium Divaldo Pereira Franco, pela celebrao do seu cinquentenrio de labor esprita pela palavra, iniciada medi unicamente no dia 27 de maro de 1947, na cidade de Aracaju, Sergipe, onde ter lugar o Io Congresso Esprita Es-tadual, nos dias 27 a 30 de maro prximo, comemorando a abenoada ocorrncia. Desafios, aqui descobrindo as solues correspondentes e tornando-se harmonizado, a caminho da conquista da felicidade.

    Salvador, 20 de janeiro de 1997 Joanna de ngelis

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    1 VIDA

    Definio e proposta. Impedimentos naturais,

    domsticos, afetivos, sociais, econmicos, do inter-relacionamento pessoal. Doena e sade. Obsesses.

    Definio e proposta

    Os bons dicionaristas definem a vida como um Conjunto de propriedades e qualidades graas s quais animais e plantas, ao contrrio dos organismos mortos ou da matria bruta, se mantm em contnua atividade, manifestada em funes orgnicas tais como o metabolismo, o crescimento, a reao a estmulos, a adaptao ao meio e a reproduo, segundo o Dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa.

    A vida pode tambm ser considerada como o perodo que medeia entre as aes e reaes que vitalizam os seres vivos, como resultado de organizaes celulares de grandiosa complexidade, que se desenvolvem entre o nascimento e a morte.

    Supe-se que a vida teve incio no perodo pr-cambriano, embora a ausncia de vestgios fsseis, que por certo desapareceram, em vez de no haverem existido, pois que, no perodo imediato - o cambriano - j era volumosa a presena da fauna, rica e diversificada.

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    Quando surge uma estrutura celular se pode identificar o ser vivo. No caso dos vrus, alguns deles ainda no possuindo estrutura celular, no podem ser considerados como tal.

    Todos os seres vivos dependem grandemente do consumo da

    energia, que chega Terra atravs da luz do Sol, que a exterioriza, convertendo quatrocentos e vinte milhes de toneladas de massa em cada segundo, para poder manter o Sistema, e, por consequncia, todas as formas de vida em nosso planeta, especialmente as plantas que servem de base para a manuteno dos vegetais, ao lado de outras substncias, e que, por sua vez, nutrem os animais.

    Embora essas expresses variadas de compreenso em torno da vida, eis que ela transcende a tais limites impostos pela deficincia de linguagem, pela pobreza da forma e da maneira para entender-lhe o significado profundo que a oculta, mesmo aos olhos dos observadores mais atentos.

    A vida manifesta-se conforme a sua estrutura prpria e peculiar, sendo detectada por cada estudioso, por cada analista, de acordo com o seu ngulo de entendimento ao v-la e senti-la.

    Santo Agostinho a considerava filosoficamente muito simples como a nutrio, o crescimento, o depauperamento, tendo por causa um princpio que traria em si o seu prprio fim, que ele denominava entelquia.

    J Cludio Bernard considerava impossvel defini-la, por ser inacessvel e abstrata.

    O conceito, portanto, sobre a vida varia de acordo com a corrente de pensamento filosfico ou de comportamento cientfico, em se considerando que cada um apoia sua viso em torno dela, mediante as prprias bases de sustentao cultural.

    Os mecanicistas elucidam que a vida se originou atravs de fenmenos totalmente fsico-qumicos. Os vitalistas acreditam na vigncia de um princpio vital, encarregado de transformar a matria inerte em animada ou pulsante. J o materialismo dialtico apresenta o conceito de que a vida se teria originado em um sistema no qual tudo se modifica em um incessante

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    movimento de superao de umas partes por outras; em que no h fenmenos isolados, mas tudo est relacionado.

    O espiritualismo parte da realidade de um Ser Transcendente que a criou e a mantm, facultando-lhe um desdobramento infinito em quantidade e qualidade, que se direciona para o rumo da perfeio.

    O bilogo dir que a vida o resultado da organizao celular, em admirveis aglutinaes, formando rgos, sistemas e funes que se individualizam.

    O filsofo apresentar formulaes diferentes, que decorrem da sua ptica vivencial e cultural, concordando com a Escola a que se vincule, limitando-a, entretanto, ao perodo que se estende entre o bero e o tmulo.

    O artista, conforme a rea a que se dedique, tentar traduzi-la em beleza e majestade, copiando-a, manifestando-a com deslumbramento ou desencanto, em relao estrutura psicolgica que lhe seja peculiar.

    ... E assim, sucessivamente, cada pessoa, entendendo--a, definindo-a de acordo com a sua percepo, a sua emoo, a sua capacidade cultural, fornecer conceitos compatveis com a sua forma de ser.

    A vida, no entanto, em determinado momento, extraordinrio qumico, que transforma gua e hmus em madeira e acar, no vegetal, oferecendo perfume flor e sabor ao fruto, enquanto no estmago prepara solues vigorosas para modificar os alimentos e digeri-los, a fim de que no peream os seres, que dessa forma se nutrem.

    Simultaneamente o artista incomum que trabalha todas as folhas dos vegetais com riqueza de contornos, que nunca se repetem, colocando, num homem, impresses dactiloscpicas, que jamais so encontradas noutro. Ao mesmo tempo, com toques mgicos d cor e brilho s plantas, aos pssaros e a todos os demais seres vivos, enquanto adorna a Natureza com festas arrebatadoras em tons infinitos, impossveis de serem repetidos.

    um fsico incomparvel, que trabalhou todos os campos de energia, permitindo que, s a pouco e pouco, o homem lhe pudesse penetrar os milagres, ora abertos a inmeros setores do conhecimento que deslumbra as inteligncias mais aguadas.

    Entrementes, a vida surge da unio de um protoplasma com um raio de sol, que o fragmenta, multiplicando--o ao infinito, de forma que tudo quanto vive no mundo terrestre a teve o seu

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    comeo. E to forte essa fantstica unio de energias difanas, que humilde raiz, em insignificante greta, lentamente pode culminar o seu desenvolvimento fendendo a rocha...

    No ser humano, apresenta-se frgil e poderosa ao mesmo

    tempo, pois que estruturou o seu corpo com tais recursos que ele resiste a diferentes presses atmosfricas, a choques vigorosos e deixa-se afetar por delicada picada de um alfinete que, se infectado, pode lev-lo morte, ou por um corte que lhe permite a perda de sangue, caso no se forme o cogulo tampo produzido pela fibrina, ou vtima de um traumatismo de pequena monta... Uma gripe de aparncia comum pode afet-lo gravemente; uma virose pode vir a roubar-lhe a existncia, enquanto se recompe de processos graves e infecciosos, de cirurgias e transplantes expressivos com naturalidade, podendo enfermar ou restabelecer-se sob o comando da mente, da vontade, pela manuteno do oxignio, da gua e, principalmente, do amor.

    A Vida, no entanto, Deus, e, por isso, ainda difcil, seno impossvel de ser compreendida plenamente, alm das suas manifestaes, que fazem parte do processo da realidade dos seres, precedendo-lhes ao surgimento na forma material e sobrevivendo-lhes decomposio cadavrica.

    No incomparvel e no dimensvel oceano da Vida, encontramo-nos sob Leis que estabelecem as diretrizes essenciais para o processo da felicidade que a tudo e a todos aguarda que a incomum fatalidade para a qual se expressa no mundo: a perfeio!

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    Impedimentos naturais, domsticos, afetivos,

    sociais, econmicos, do inter-relacionamento pessoal.

    Estudando-se os primrdios do planeta terrestre, pode-se

    imaginar os graves impedimentos existentes para o aparecimento da vida.

    Temperaturas muito elevadas, convulses geolgicas incessantes, gases venenosos que pairavam na atmosfera, turbilho em toda parte, quase o caos...

    Lentamente, porm, o psiquismo existente na imensa geleia que envolvia o Orbe desceu intimidade das guas abissais dos oceanos, dando incio s primeiras molculas, na razo direta em que amainava o calor comburente e amorteciam os movimentos gigantescos das ondas do mar golpeando as rochas.

    Obedecendo a uma hbil e complexa programao transcendental teve incio a aglutinao molecular, e o hlito Divino em forma de vida passou a sustentar as organizaes iniciais.

    Transcorridos quase dois bilhes de anos, o ser humano direciona o pensamento para as conquistas do macrocosmo, enviando sondas espaciais que lhe facultam o conhecimento mais profundo do Sistema Solar e avanam, audaciosamente, no rumo do mais alm da sua rbita...

    No obstante esse desenvolvimento tecnolgico, no ocorreu equivalente crescimento moral, e, como consequncia, o prprio homem ameaa o ecossistema que lhe preserva a existncia fsica, enlouquecido pelas ambies desvairadas, atirando-se no abismo da loucura pelo gozo...

    Indubitavelmente a vida triunfa sobre o meio hostil, e as espcies, s dezenas de milhares, surgiram, desenvolveram-se e desapareceram, repetindo-se em ciclos de periodicidade de aproximadamente cem mil anos.

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    inexorvel o aprimoramento das formas que envolvem o

    psiquismo, o crescimento das aspiraes e compreenses dos valores, cada vez mais nobres, que convidam a inteligncia e o sentimento ao permanente trabalho de sublimao.

    Como inevitvel, no suceder dos ciclos da evoluo, as conquistas e os prejuzos de cada experincia se refletem na imediatamente posterior, exigindo maior contribuio do ser para depurar-se e desenvolver outros segmentos que nele jazem aguardando oportunidade.

    A residem os demais impedimentos expresso da vida, que se podem relacionar como domsticos, sociais, afetivos, econmicos, do inter-relacionamento pessoal.

    O Esprito, portanto, incurso nas suas realizaes, repete por atavismo automatista, as mesmas experincias, particularmente aquelas nas quais malogrou, at fixar novas aprendizagens.

    Aristteles afirmava que o conhecimento se adquire e a virtude se exercita, de modo a conseguir-se a sabedoria.

    O conhecimento do dever e a virtude da responsabilidade caminham lado a lado, desenvolvendo recursos latentes e aprimorando-os atravs do contributo das sucessivas reencarnaes.

    Em face dessa conjuntura, os impedimentos domsticos ou familiares tm suas razes na necessidade de o princpio inteligente, que rege a vida humana, conviver com os problemas ou as bnos que produziu nas atividades anteriores, a cujas razes se encontra vinculado.

    Lares difceis, relacionamentos familiares speros, presena de me dominadora e de pai autoritrio, fomentando o surgimento de conflitos na personalidade infantil, remontam aos perodos pretritos de alucinao, de instinto e de desregramento.

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    Quando se compenetrarem, os pais, de que o lar o santurio

    para a vida humana e no um campo de disputas para a supremacia do ego; quando os adultos se conscientizarem que a educao um ato de amor e no um meio de intimidar, de descarregar problemas; quando as pessoas entenderem a famlia como um compromisso dignificador e no um ringue de lutas, as trgicas ocorrncias do abuso infantil, pela violncia, pela indiferena, pelo estupro, pela misria em que nasce o ser e a ela fica relegado, cedero lugar construo de uma sociedade justa, equnime e feliz. Isso porque, a criana maltratada, sob qualquer aspecto que se considere, projeta contra a sociedade o espectro do terror que a oprime, do abandono em que estertora e, na primeira oportunidade, tentar cobrar pela crueldade o amor que lhe foi negado.

    Investiguem-se as origens sociais dos criminosos em-pedernidos, salvadas as excees de natureza patolgica -hereditariedade, comprometimento pelas obsesses e se detectaro os lares infelizes, as famlias desajustadas ou grupos perversos reunidos em simulacros familiares, vitimados pelo abuso e descaso de pessoas inconscientes e chs ou pelos sistemas ainda mais insensveis que culminam pela hediondez das leis em que se apoiam.

    O impedimento familiar ser superado a partir da conscincia de amor, entendendo as circunstncias do renascimento e administrando os conflitos mediante terapias especializadas e a convivncia com grupos de auxlio e sustentao.

    Surgem os impedimentos afetivos, que resultam de inmeros fatores, entre os quais o prprio desajuste emocional do indivduo: timidez, complexos de inferioridade, de superioridade, narcisismo...

    As marcas psicolgicas perturbadoras no cicatrizadas fazem-no refugiar-se na infncia infeliz, procurando sustentar a imagem de desvalor que lhe foi inculcada ou que se lhe estereotipou, negando-se a liberdade e o direito de ser ditoso.

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    Castrado nos sentimentos do amor, que no experimentou e

    por isso no desenvolveu, anela pela afetividade, que teme, receando amar e no acreditando merecer qualquer tipo de afeto, desenvolvendo sim, na sua insegurana, o cime, a desconfiana sistemtica, a dominao do outro, ou tombando em tormentos maiores de ordem psicolgica, iniciando-se no crime, pela extino da vida fsica daquele a quem ama apaixonadamente ou por quem amado.

    Na imensa gama dos conflitos perturbadores, o indivduo se dissocia do convvio social, a princpio atravs de uma fragmentao da personalidade, que se sente destroada, derrapando em atitudes de autocomiserao ou de agressividade, a depender do prprio arcabouo psicolgico. inevitvel que, nessa conjuntura aflitiva, o convvio social seja insuportvel, ou exera um tipo de presso emocional angustiante, que o empurra no rumo da alienao.

    As vezes o grupo social fechado, impeditivo de crescimento, evitando que novos membros se lhe associem, o que constitui um estgio primrio no processo da evoluo, assim temendo a invaso da privacidade que preserva como mecanismo de autodefesa. Apesar disso, em grande nmero de vezes, ele prprio inseguro, atormentado que rejeita a sociedade, refugiando-se em escusas de que no seria aceito caso insistisse, mesmo vencendo os seus limites e resistncias.

    H sempre presente o mecanismo de autopreservao, quando se trata de personalidades conflituosas em relao ao comportamento social, evitando o grupo e acusando-o de rejeio.

    Por outro lado, as dificuldades financeiras geram impedimentos para a plenificao existencial, por facultarem complexos de inferioridade econmica entre os aparentemente triunfadores, que dispem de recursos para desfilar o seu triunfo, a sua sade, a sua felicidade...

    Sabe-se que os valores amoedados certamente promovem o indivduo, o grupamento social onde ele se movimenta, porm de maneira alguma evita que padea a injuno de todos os sofrimentos que so comuns s demais criaturas. A aplicao desses valores pode atenuar as dificuldades, diminuir as provaes, ensejar comodidade, nunca porm impedir as

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    ocorrncias que a todos afetam, especialmente as de ordem ntima, que antecedem o comportamento atual.

    Quando se possui uma personalidade estruturada, os desafios econmicos se apresentam e so avaliados, a fim de serem superados, conquistando-se patamares de equilbrio, que em nada invalidam os valores reais que exornam o carter ntimo de cada qual. No , desse modo, o ter ou no ter recursos econmico-financeiros, mas a forma como se encara a situao ou a dependncia a que se entrega a pessoa ante a circunstncia que defronta.

    De alguma forma, esses impedimentos perturbam o inter-relacionamento social, ou alguns deles, ou mesmo apenas um, a depender da estrutura emocional de cada qual.

    Uma personalidade bem-desenvolvida e desbloqueada encara os desafios, os impedimentos existenciais, como testes de valorizao, sentindo-se convidada a lutas e esforos que mais lhe desenvolvem a capacidade para enfrentar futuras dificuldades. O amadurecimento psicolgico d-se a pouco e pouco, jamais atravs de golpes-surpresas, muito do agrado dos inseguros e sonhadores.

    Enquanto sejam identificados impedimentos plenificao da vida, se est em crescimento, em processo de valorizao existencial, de desenvolvimento intelecto-moral.

    Em vez de constiturem obstculos, devem ser encarados como estmulo, como emulao descoberta e aplicao de recursos que jazem ignorados e podem ser aplicados com eficincia para a harmonia pessoal.

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    Doena e sade Sade o estado ideal da vida. Doena ocorrncia vibratria

    perturbadora, mudana de comportamento na organizao molecular do indivduo ou no seu psiquismo em processo de amadurecimento.

    Essa distonia no mecanismo sutil do ser, abrindo espaos para a manifestao e proliferao dos processos degenerativos, tem sua sede nas intrincadas malhas do Esprito, em si mesmo herdeiro dos atos que o acompanham na larga trajetria da evoluo, sempre responsvel pelo que e pelo que se candidata a conseguir.

    A doena, no entanto, nem sempre representa estado de calamidade na maquinaria ou nos equipamentos responsveis pelas expresses da inteligncia, do pensamento, da emoo. Quando bem-entendida e direcionada para finalidades superiores, que so conseguidas por meio da reflexo, do amadurecimento das ideias, pode ser considerada, em muitos casos, como terapia preventiva a males piores os de natureza moral profunda, espiritual significativa - advertindo que a organizao somtica sempre uma indumentria de breve durao e que o ser, em si mesmo, que merece todo o investimento de preocupao e esforo iluminativo, preservador.

    A fatalidade da vida estabelece equilbrio, harmonia e perfeio, porque o ser rebelde ou descuidado, transitando por estgios de desajustes que abrem campo para a instalao das doenas.

    A sade resulta de uma bem-dosada quota de valores mentais em consonncia com a estabilidade fsica e a ordem psicolgica, que produzem o clima de vitalidade responsvel pela funcionalidade do corpo. Qualquer alterao nos equipamentos sensveis da maquinaria fisiopsquica e logo surge um campo propiciatrio manifestao da doena. Nesse sentido, a rea psquica portadora de grande responsabilidade, porque graas sua vibrao encarregada de manter o perfeito entrosamento entre as manifestaes fsicas, emocionais e mentais que as ocorrncias nas diferentes expresses podem sofrer alterao.

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    A educao mental, que resulta do esforo pelo cultivo das

    ideias edificantes, torna-se de alta validade no processo de uma existncia saudvel, geradora de futuros comportamentos orgnicos e psquicos, que sempre produziro bem-estar e felicidade. O mesmo ocorre quando se instalam hbitos mentais perturbadores, que produzem desconforto emocional, campo fsico vulnervel instalao de agentes microbianos degenerativos, perturbaes psquicas lamentveis, que se transferem de uma para outra existncia corporal, como fruto da Lei de Causa e Efeito.

    Todo o esforo, portanto, para ter preservada a mente da invaso de ideias portadoras de energias dezequilibrantes, torna-se psicoterapia preventiva, responsvel pela vida s.

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    Obsesses Toda fixao indevida nos processos mentais e emocionais em

    torno de pessoas, fatos e coisas converte-se em estado perturbador do comportamento, empurrando o indivduo para os transtornos de ordem neurtica assim como psictica.

    Esses procedimentos, que podem preceder existncia atual, como surgir durante a vilegiatura do momento, decorrem das ambies desmedidas, dos desregramentos comportamentais, dos anseios exagerados que afetam o metabolismo cerebral, propiciando a produo descompensada de enzimas que afetam a harmonia do sistema nervoso em geral e do comportamento em particular.

    medida que constituem imperativo dominador, tornam-se obsesses que passam a inquietar o indivduo, levando-o a estados mais graves na rea da sade mental. Surgem, ento, as obsesses compulsivas, os estados de fragmentao da personalidade a um passo da degenerao do comportamento. Outras vezes, trata-se de fenmenos que procedem de outras existncias, nas quais o Esprito malogrou, sendo objeto de conflitos profundos ou de circunstncias agressivas que lhe danificaram os equipamentos perispirituais, ora modeladores das ocorrncias doentias.

    Paralelamente, em razo de condutas extravagantes, no campo da tica e da Moral, das aes mentais e comportamentais, aqueles que se lhes fizeram vtimas, embora vivendo em outra dimenso, na Esfera espiritual, sintonizam com o responsvel pela sua desdita e do curso a perseguies, ora sutis, ora violentas, no campo psquico, e se instalam outros tipos de obsesso. Essas, portanto, de origem espiritual, em face da presena de faculdades medinicas no paciente, que passa a sofrer constrangimentos mais diversos, at derrapar nos abismos da alucinao, do exotismo, das alienaes mentais.

    Ningum foge da prpria conscincia, que o campo de batalha onde se travam as lutas da reabilitao ou os enfrentamentos da regularizao de atitudes malss.

  • 21

    Por isso, ainda so o controle mental e a educao do

    pensamento que podem representar a eficiente terapia de preveno de distrbios, como a curadora para os processos de ordem espiritual, desde que alterando a faixa vibratria por onde transitam as ideias, se superiores, eleva-se, ficando indene sintonia com os seres atrasados, e, se negativas, passando a frequentar os nveis onde se encontram e se digladiam as energias e sentimentos em constante litgio, vinculando-se a essas emisses deletrias, que terminam por afetar o organismo fsico e os complexos mecanismos mentais, responsveis pelo conjunto produtor da sade.

    As obsesses que resultam de traumas psicolgicos, de conflitos de profundidade, de insuficincia de enzimas neuronais especficas, surgem tambm da interferncia das mentes dos seres desencarnados, interagindo sobre aqueles aos quais so direcionadas, em processos perversos de vingana.

    A sade exige cuidados especficos que lhe podem e devem ser dispensados, a fim de manter-se inalterada, ou, quando afetada, esforos especiais para reconquist-la sob orientao especializada na rea mdica, tanto quanto direcionamento espiritual, a fim de realizar o seu mister, que auxiliar o Esprito encarnado na sua viagem celular, temporria, a caminho da plenitude que pode ser antevista na

    Terra, porm, somente desfrutada depois da reencarnao, quando os implementos corporais sujeitos ao mecanismo degenerativo da prpria matria no mais se encontrem sob os imperativos da Lei de Entropia e da fragilidade de que constitudo.

  • 22

    2 Significado do ser existencial Objetivos da vida humana. Conflitos pessoais.

    Mitos, iluso e realidade.

    Objetivos da vida humana Ningum se encontraria reencarnado na Terra, no tivesse a

    existncia fsica uma finalidade superior. O ser produto de um largo processo de desenvolvimento dos infinitos valores que lhe dormem em latncia, aguardando os meios propiciatrios sua manifestao. Etapa a etapa, passo a passo, so realizados progressos que se fixam mediante os hbitos que se incorporam individualidade, que resulta do somatrio das vivncias das multifrias reencarnaes.

    Erros e acertos constituem recursos de desdobramento da conscincia para os logros mais grandiosos da sua destinao, que a de natureza csmica, quando em perfeita sintonia com os planos e programas do Universo.

    Passando o princpio inteligente por diversos patamares do processo da evoluo, fixa todas as experincias que lhe constituem patrimnio de crescimento mental e moral, atravessando os perodos mais difceis e laboriosos da fase inicial, para alcanar os nveis de lucidez que o capacitam compreenso e vivncia dos Soberanos Cdigos que regem o Cosmo.

    No perodo do pensamento primrio tudo feito mediante automatismos dos instintos, preservando os fenmenos inevitveis da vida biolgica, de modo a poder desenvolver as faculdades do discernimento sob a fora do trabalho brutal, suavizando a prpria faina com o esforo das conquistas operadas. Nesse ser primitivo as esperanas cantam as expectativas das glrias futuras. Ele olha o zimbrio estrelado e

  • 23

    no entende as lanternas mgicas rutilando ao longe, que lhe parece prximo.

    A saga da evoluo longa e, por vezes, dolorosa, deixando-lhe sulcos profundos, que noutras fases, sob estmulos inesperados dos sofrimentos, ressurgem como angstia ou violncia, desespero ou amargura que no consegue explicar. Constituir-lhe-o arqutipos a exercerem grande influncia no seu comportamento psicolgico durante vrias existncias corporais, assinalando-lhe a marcha ascensional. Mesclam-se, em cada personalidade proveniente das reencarnaes, dando surgimento a algumas personificaes parasitrias e perturbadoras, que constituem o captulo das personalidades mltiplas, em forma de comportamentos alienados. A sua evoluo psicolgica , tambm, a mesma antropolgica, especialmente nos passos primeiros.

    Avanando lenta e seguramente, aprendendo com as foras vivas do Universo, entesoura os recursos preciosos do conhecimento que lhe custou sacrifcios inumerveis no longo curso das experincias, e agora se interroga a respeito da finalidade de todo esse curso de crescimento, descobrindo, por fim, que se encontra no limiar das realizaes realmente plenificadoras e profundas, porque so as que significam libertao dos atavismos remanescentes, ampliando as aspiraes na rea das emoes mais nobres, portanto, menos afligentes, aquelas que no deixam as sequelas do cansao, da amargura ou do desnimo.

    A criatura est fadada felicidade, conquista do Infinito, alm das expresses do espao.

    A dor que hoje a comprime camartelo de estimulao para que saia da situao que propicia esse desagradvel fator de perturbao.

    Compreendendo, por fim, a grandeza do amor, ala--se s cumeadas do trabalho pelo bem geral, empenhando--se na conquista de si mesma, do seu prximo, da vida em geral. Tudo quanto pulsa e vibra interessa-lhe, retira-a da pequenez e conduz grandeza, trabalhando-lhe o ntimo que se expande e se harmoniza em um hino de confraternizao com tudo e com todos, passando a fazer parte vibrante da vida.

    Esse significado existencial somente descoberto quando atinge um grau de elevada percepo da realidade, que transcende o limite da forma fsica, transitria e experimental

  • 24

    que, todavia, pode e deve ser cultivada com alegria e sade integral.

    No se creia, portanto, equivocadamente, que a finalidade primeira da conjuntura existencial seja viver bem, no sentido de acumular recursos, fruir comodidades, gozar sensaes que se renovam e exaurem, alcanando o pdio da glria competitiva e todos esses equivalentes anelos do pensamento mgico, partindo para as aspiraes fenomnicas e miraculosas dos privilgios e das regalias que no harmonizam o indivduo com ele mesmo.

    Certamente, na pauta dos objetivos e do sentido existencial, constam as realizaes sociais, econmicas, artsticas, culturais, religiosas, todas aquelas que fazem parte do mundo de relaes interpessoais. Entretanto, no so exclusivas - metas finais das buscas e das lutas - desde que o ser transpe os umbrais do tmulo e continua a viver, levando os seus programas de elevao gravados no imo profundo.

    Lutar sem fadigas exaustivas por conquistar-se, su-perando-se quanto possvel, enfrentando os desafios com alegria e compreendendo que so os degraus de ascenso diante dos seus passos - eis como incorporar ao cotidiano os objetivos essenciais do seu aprimoramento fsico, emocional e mental.

  • 25

    Conflitos pessoais Nesse empreendimento de ascenso inevitvel, o ser depara-se

    com as construes do seu passado nele insculpidas, que se exteriorizam amide, afligindo-o, limitando-o. Apresentam-se, essas fixaes, como conflitos nas paisagens ntimas, ameaando a sua realizao, a alegria do trabalho, a harmonia da convivncia com outras pessoas, transformando-se com facilidade em complexos perturbadores na rea da emoo e do comportamento.

    No se podem negar os fatores responsveis por tais distrbios, a comear pelos comportamentos da gestante, afetando o ser na vida intrauterina e culminando com a convivncia em famlia, particularmente com pais dominadores, mes castradoras, neurticas, que transferem as suas inseguranas e todos os outros conflitos para os filhos em formao, que se tornam fragilizados sob a alta carga de tenses que se veem obrigados a suportar. Por outro lado, as presses sociais e econmicas, culturais e educacionais se transformam em gigantes apavorantes que passam a perseguir com insistncia o educando, que absorve esses fantasmas e no os digere vindo a tem-los, a detest-los e a conduzi-los por toda a existncia, quando no recebeu conveniente tratamento. E certo que o Esprito renasce onde se lhe torna melhor para o processo da evoluo. Como, todavia, ningum vem Terra para sofrer, seno para reparar, adquirir novas experincias, desenvolver aptides, crescer interiormente, todos esses empecilhos que defronta fazem parte da sua proposta de educao, devendo equipar-se de valores e de discernimento para super-los e, livre de toda constrio restritiva sua liberdade, avanar com desembarao na busca da sua afirmao plenificadora.

  • 26

    Esta , sobretudo, a funo da Psicologia, ao penetrar o mago

    do ser, para o desalgemar dos conflitos e heranas infelizes que lhe pesam na economia emocional.

    Sigmund Freud, o insigne Pai da Psicanlise, afirmava com razo muito pessoal que, na raiz de todo conflito neurtico, sempre existe um problema da libido. No se pode descartar essa manifestao recalcada da libido, nos diversos comportamentos perturbadores que afetam a criatura humana. Isso porque, remanescente das suas experincias coevas, o ser renasce sob as injunes das condutas pelas quais transitou.

    No complexo de Edipo, por exemplo, detectamos uma herana reencarnacionista, tendo em vista que a me e o filho apaixonados de hoje foram marido e mulher de antes, em cujo relacionamento naufragaram desastradamente. No complexo de Eletra, deparamos uma vivncia ancestral entre esposos ou amantes, e que as Soberanas Leis da Vida voltam a reunir em outra condio de afetividade, a fim de que sejam superados os vnculos anteriores de conduta sexual aflitiva.

    Esses amantes reencontrando-se e guardando no inconsciente, isto , no Esprito, as reminiscncias das atividades vividas sob tormentos, sentem os apelos de ontem reaparecerem vibrantes, e, no possuindo uma forte conduta moral, derrapam nas relaes incestuosas, portanto infelizes.

    Mesmo nos complexos de inferioridade como nos de superioridade, ressurge o passado espiritual dominador, pro-vocando os estados mrbidos, que levam ao desequilbrio, a um passo da alienao mental. No deixamos de ter em vista os fatores familiares, educacionais, sociais, que pesam na manifestao dessas perturbaes, constituindo-se estmulos ao seu surgimento, piorando as tendncias inquietadoras, sulcando a psique de forma poderosa.

  • 27

    Nos quadros fbicos, podemos encontrar Espritos que

    conduzem, no ntimo, pavores que sobreviveram ao fenmeno biolgico da reencarnao, cicatrizes do mundo espiritual inferior por onde transitaram, ou do despertamento na sepultura, em face das mortes aparentes, havendo desencarnado, em consequncia, por falta de oxignio, e que reexperimentam o tormento comea na claustrofobia. Outrossim, as recordaes de cenas apavorantes de que participaram na multido como vtimas ou desencadeadores, revivem-nas, inconscientemente, na agorafobia.

    Nas psicoses depressivas de vria manifestao, convm lembrar a presena da conscincia de culpa, que preexiste ao corpo, portanto, formao psicolgica atual, produzindo mecanismos de fuga ao dinmica, sob o imprio, no poucas vezes, de enzimas neuroniais responsveis pelo desajuste, como de fatores causais prximos e mesmo de obsesses espirituais, que se fazem atuantes no comrcio mental com as criaturas humanas.

    Nesse captulo, as dolorosas obsesses compulsivas tm suas razes etiopatognicas em graves condutas do Esprito nas existncias pretritas, assinaladas pelo descaso dignidade humana, por desrespeito s leis constitudas...

    Quando a educao tiver como objetivo a construo do homem integral, os fatores de perturbao cedero lugar a outros tipos de estmulos, que so os edificadores da esperana, mantenedores das aspiraes elevadas, no esforo para a superao das heranas doentias que cada um traz em si mesmo.

  • 28

    Mitos, Iluso e Realidade. Quando a criana no consegue amadurecer psicologicamente

    aps o perodo de desenvolvimento do seu pensamento mgico, transfere aquelas construes para todas as fases da sua existncia fsica, mantendo-se um indivduo mendaz, que se refugia na criatividade imaginativa para liberar-se da responsabilidade dos atos imaturos. Essa conduta igualmente tem suas razes profundas no arqutipo herdado do homem ancestral que viveu o processo de evoluo pensante e deixou fixadas no inconsciente coletivo as marcas do trnsito por aquele perodo.

    Entretanto, a conduta de pais dominadores, que se sentem compensados pelo amor em carncia, com a bajulao e a sujeio da prole, impe que a fase mtica permanea na estrutura da personalidade infantil, vendo, inclusive, nos filhos, mesmo adultos, os seres em formao que gostariam de continuar dirigindo. Trata-se de um conflito que se transfere de uma para outra gerao, cada vez com resultados mais danosos.

    A falta de honestidade do adulto para autoanalisar-se e assumir a coragem de libertar-se de todos os impedimentos e amarras, que o detm nas fixaes do passado, responde por condutas de tal natureza.

    A sua insegurana ntima produz o ditador que se cerca de leis injustas e atos arbitrrios, de guardas ferozes e cuidados especiais, intimidando, destruindo e fazendo-se detestado como forma de sentir-se realizado. No dio que lhe votam as vtimas, ele sente-se homenageado, porque temido, transferindo os seus medos em relao a tudo e todos para os demais em relao sua pessoa.

    Os mitos, que remanescem do perodo infantil ou da falta de maturidade do adulto sob a ao de arqutipos especficos, trazem de volta considerao os velhos conceitos em torno de deuses, semideuses, magos, fadas, fantasmas, crendices, como formas de aguardar proteo em deidades superiores, que chegaro magicamente para o salvar da maldade humana, da sociedade injusta, dos amigos infiis...

  • 29

    O pavor que lhe infundia o pai, ao alcanar a idade da razo,

    transfere-o para Deus, que reflete a imagem detestada do genitor fsico, ou para os deuses mais terrveis que a imaginao concebeu nos perodos anteriores da cultura mais primitiva. A me arbitrria construir no inconsciente a bruxa m, invejosa, que ser vencida pela interferncia da fada madrinha.

    Os conflitos da afetividade no lar inspiraro a confiana em um

    amor romntico, estilo medieval, que vir arrancar a vtima do encarceramento emocional em que sofre solido e desconforto. O mestre mesquinho e perverso que mais se compraz em intimidar que em ensinar, estrutura, no psiquismo do educando, o invasor sem alma que lhe penetra o castelo existencial paia destruir, sob pretexto de amizade e ajuda.

    Soterrados, mas no mortos, os mitos esto nos alicerces do inconsciente, sempre prontos a tomarem de assalto a casa mental e o campo psicolgico, levando o indivduo a fugas ocasionais por intermdio dos sonhos acordados, da fertilidade imaginativa.

    A vida, para essas pessoas, passa a ter o seu lado de realidade e pleno, embora todas as suas aspiraes estejam centradas no mundo do encantamento, certas de que, em um momento ou outro tudo se alterar e vivero felizes para sempre.

    Essa iluso de que a vida fsica o todo, a proposta essencial do existir, produz terrveis conflitos, porque, confiando com total dedicao no mundo material, as prprias injunes do desenvolvimento do ser apresentam-lhe a fragilidade estrutural em que se apoia, e isso produz-lhe desencanto, dor e desfalecimento nos ideais.

    A crena firmada na iluso de que tudo duradouro, seno eterno, no mundo terrestre, propicia o choque com a realidade dos fenmenos das transformaes incessantes, que ocorrem por fora da prpria transitoriedade da matria e de tudo quanto ela se reveste.

    O ser profundo resistente s situaes da mudana das ocorrncias humanas ou fenomnicas do habitai, construdo de energia pensante, que independe dos fatores transitrios do corpo somtico, a ele preexistente e sobrevivente, portanto uma realidade que vence tempo e espao, avanando sem cessar.

  • 30

    Os fatos que o demonstram resistem s teses que se lhe opem e apresentam os resultados filosficos e psicolgicos dos seus contedos de segurana.

    Transitar da iluso para a realidade imperativo para a aquisio da harmonia pessoal, da felicidade ntima.

    Buscar o apoio do conhecimento, a fim de discernir o que ilusrio e o que verdadeiro, o que tem estrutura resistente ao tempo e s transformaes culturais e aquilo que apenas engoda, oferece ensejo de amadurecimento psicolgico, de realizao interior.

    Com essa determinao, os apegos perturbadores, os cimes injustificveis, as angstias da ansiedade sem sentido, as decepes infantis, ante os acontecimentos normais do desenvolvimento dos fenmenos, cedem lugar libertao de pessoas, coisas e prazeres, que, embora sejam motivao para viver, no constituem a nica razo da vida.

    So realidades inalienveis as ocorrncias do nascimento e da morte, da velhice e das doenas, porque fazem parte dos mecanismos da vida fsica. Tornar mais aprazveis os dias vividos no corpo, eliminar os fatores de perturbao que tornam a existncia insuportvel, s vezes, fundamentar o conhecimento por meio das experincias so opes ao alcance de toda pessoa lcida, que pode conseguir o desejado atravs do esforo empregado para tanto.

    Prolongar a existncia fsica factvel, no, porm, indefinidamente, por motivos bvios. Sendo inevitvel a morte prpria ou dos seres amados, enfrent-la com serenidade um sentido de vida normal, que no deve surpreender, nem magoar.

    Aceitar os indivduos como so, eliminando a hiptese de que so perfeitos, deuses ou semideuses do panteo da iluso, funciona como termmetro para o equilbrio da emoo em torno da realidade da vida humana. Nem paixo, nem abandono diante da vida, mas conscincia de como bem viver no relativo tempo terrestre.

  • 31

    3 Fatores de insegurana

    A criatura astuta. Necessidade da mentira. Aeetmdade conelitiva. Apoios ineficazes.

    A criatura astuta Com variaes, narram os mitlogos gregos que a cidade de

    Corinto, quando em determinado perodo era governada por Ssifo, apresentava-se rida e desprovida de fontes de recursos para a prpria manuteno.2 O rei mitolgico, para a preservao(2) da cidade e do seu povo, mantinha um verdadeiro exrcito de assaltantes que atacavam os viajantes imprevidentes, que se viam obrigados a passar pela regio demandando outras reas.

    Graas astcia de que era constitudo, estava sempre informado das ocorrncias locais e tambm das acontecidas no Olimpo.

    Tomou conhecimento, graas aos seus espies, de que o deus Asopo andava desesperado porque sua filha Egina desaparecera sem deixar vestgio, e estava oferecendo fortuna e fertilidade a quem desse informao que levasse jovem raptada.

    Ssifo, mui astuciosamente, conseguiu saber do paradeiro da moa e, buscando-lhe o pai, prometeu dizer onde a mesma se encontrava, se ele cumprisse a promessa de compensar aquele que o auxiliasse a encontrar Egina. Confirmando o que estabelecera, Asopo soube que fora Zeus quem a raptara e a mantinha em cativeiro.

    2- Vide o nosso livro Desperte e Seja feliz. Captulo 24 - Inteireza moral. Editora LFIAL. Nota da Autora espiritual.

    O pai angustiado procurou o supremo deus e exigiu--lhe a

    entrega da filha. Sem poder negar-se solicitao, Zeus

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    devolveu-lha com a condio de saber quem o delatara, o que Asopo informou sem rebuos.

    Tomando conhecimento do fato, Zeus enfureceu-se e mandou a Morte buscar Ssifo.

    O astuto, que pensara haver solucionado o problema-da sua terra e do seu povo, que passaram a ter guas em abundncia, com a sua atitude gerou um novo desafio, que era enfrentar a detestada encerradora de destinos. Acreditando-se, no entanto, invencvel na astcia, quando a Morte chegou, elogiou-a, informando que desejava homenage-la com um colar especial que havia reservado para aquele momento. No entanto, solicitava o prazer de adorn-la, ele prprio. Envaidecida, a Morte aceitou o gesto do rei e, quando este lhe ps o adorno, reteve-a, porquanto se tratava de uma coleira habilmente disfarada em colar. A Morte ficou encarcerada e ele acreditou-se livre de futuras injunes, assim vencendo Zeus.

    Outros deuses, no entanto, como Saturno, soberano dos mares e dos infernos, e Mercrio, responsvel pela guerra e pela morte, procuraram o supremo deus e levaram--lhe speras queixas. Com o aprisionamento da Morte, os infernos estavam sem populao nova e as guerras foram interrompidas. Exigiam, dessa forma, que a mesma fosse libertada e Ssifo viesse trazido a julgamento.

    Dessa vez, Zeus enviou Hermes, que no teve dvida em apresentar-se ao astucioso e impor-lhe a viagem postergada. Colhido de surpresa, o deus-rei pediu licena para despedir-se da mulher e, ao faz-lo, sussurrou-lhe ao ouvido que, aps a sua morte, no lhe deixassem sepultar o cadver, porque ele pretendia regressar. Assim, mui prazerosamente seguiu Hermes presena de Zeus, que havia reunido o Olimpo para o julgamento do ambicioso. Na oportunidade, diante de todos, antes que lhe fosse aplicada a sentena, Ssifo solicitou a Zeus que o deixasse retornar Terra, porque o seu corpo no houvera recebido as homenagens que so devidas aos reis, particularmente queles de procedncia mitolgica. Ademais, como se podia verificar, ele no se encontrava com o eidolon (corpo espiritual), exigindo, dessa forma, um retorno Terra.

    O Soberano lhe concedeu a volta ao mundo e, quando retomou

    o corpo, sem demora, evadiu-se de Corinto com a mulher, a fim de fugir fria de Zeus. Certamente resolveu um novo desafio,

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    no entanto gerou um problema muito mais grave, que iria defrontar posteriormente.

    Instado pelos demais deuses a respeito da punio que deveria ser aplicada no fujo, respondeu-lhes o Soberano: Mandarei agora um deus do qual ele no fugir para sempre.

    Trata-se do Tempo. E silenciou. Ssifo fugiu quanto pde, porm, medida que o fazia, era

    tomado pela velhice, pelas enfermidades, at que a Morte veio busc-lo.

    Ao ser apresentado a Zeus, sem qualquer escusa, ouviu a pena que lhe estava reservada, por haver tentado burlar as leis, fugir Justia. Deveria conduzir uma pedra de grandes propores montanha acima, at coloc-la no acume. Para evitar diminuio de movimento no trabalho, quando lhe adviesse o cansao, foi destacada uma Ernia para fustig-lo com um bidente.

    E at hoje, narram os mitlogos, Ssifo tenta conseguir o intento. Isso porque, ao chegar prximo parte superior da montanha, a pedra escapa-lhe das mos e volta ao piso, exigindo-lhe repetir a faanha, sem xito, indefinidamente.

    bem o testemunho de advertncia queles que esto sempre transferindo deveres e realidades, acreditando na prpria astcia. Supem-se, todos quantos assim agem, que so muito espertos, enquanto os demais so estpidos ou ingnuos.

    "Em realidade, astcia no expressa inteligncia, mas sim, instinto de preservao da vida e dos jogos de interesses pessoais.

    Todo indivduo enfrenta desafios para crescer. A prpria existncia terrestre um permanente convite ao esforo. A melhor soluo para enfrentar problemas tentar resolv-los nas suas fontes, evitando-se as atitudes que os postergam, trazendo-os de volta mais complicados. O que no feito hoje, amanh estar, por certo, mais difcil de ser conseguido.

    Quando se resolve mal um problema, ele d surgimento a outro, que lhe resultado, ou retorna mais desafiador. Por isso, somente as atitudes corretas, baseadas na honradez e na lealdade, conseguem resolver em definitivo as dificuldades e as ocorrncias desagradveis do percurso.

    O indivduo imaturo sempre adia solues, na iluso de que amanh as possibilidades sero melhores do que as de hoje, fugindo ao enfrentamento com a conscincia e o dever. Suas vitrias so conseguidas atravs dos mecanismos da deslealdade,

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    da conduta incorreta, que lhes permitem sorrir da forma como ludibriam os demais. Em verdade, porm, enganam-se a si mesmos, porque o compromisso retorna-lhes sempre para a necessria regularizao.

    O amadurecimento psicolgico prope que cada atividade tenha lugar no seu momento prprio, e cada desafio seja atendido no instante correto, quando se apresente.

    A autocompaixo diante dos problemas e a astcia para fugir deles so mecanismos infantis que em nada os resolvem.

    Problema solucionado significa patamar vencido e novo desafio de crescimento adiante, porque assim a constante da vida humana em seu sentido de evoluo.

    Necessidade da mentira

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    Os remanescentes da fase de mendacidade permanecem no adulto imaturo, levando-o ao prosseguimento da distoro da realidade, de modo que lhe agrade aos sentidos, gerando, inconsequente, situaes vexatrias que o fazem sofrer e aos demais, aps o que, liberado do que poderiam ser resultados infelizes, mesmo prometendo-se que no voltar a reincidir no vcio, no condicionamento da mentira, repete a experincia desagradvel.

    A insegurana infantil est presente nesse indivduo que se recusa ao crescimento, acreditando chamar a ateno utilizando-se desse instrumento de perturbao.

    A mentira dever ser rechaada sob qualquer forma em que se apresente, em face dos prejuzos morais que provoca, levando maledicncia, calnia e a todo um squito de terrveis distonias psicolgicas e ticas no comportamento social. O mentiroso algum enfermo, sem dvida, no entanto provoca desprezo, em razo da forma de proceder, tornando sua palavra desacreditada mesmo quando se expressa corretamente, o que nem sempre acontece. De tal forma se lhe faz natural alterar o contedo ou a apresentao dos fatos, que os revela de forma irreal, esperando manipular pessoas atravs desse ignbil ardil.

    As razes da mentira esto no lar malformado, instvel, onde a insegurana era substituda pela compra dos valores que a fantasia disfara. Alm desse fator, os conflitos da personalidade induzem ao comportamento da fantasia, em fuga neurtica da realidade, que constitui ao paciente um verdadeiro fardo, que no gosta de enfrentar. As coisas e os acontecimentos para ele devem ser coloridos e sempre bons. Assim, quando no ocorre, o que normal, apresentasse-lhe assustador, parecendo ameaar-lhe a paz e levando-o ao mecanismo da falsificao do acontecimento.

    Tornou-se to habitual o fenmeno da distoro dos fatos, que se criou a imagem da chamada mentira branca, isto , aquela de carter suave, que no prejudica, pelo menos intencionalmente, e evita situaes que se poderiam tornar desagradveis, caso fosse dita a verdade.

    A face da verdade transparente e nunca deve ser ocultada. Na

    histria da humanidade, as grandes lies sempre foram apresentadas de forma potica, simulada, velada, a fim de sobreviverem aos tempos e terem o seu significado interpretado

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    conforme os parmetros de cada poca, em todos os sculos, como o Vedanta, a Bblia, o Zend Avesta, o Coro, para nos referirmos a apenas alguns dos grandes Livros espirituais, passando pela literatura de Homero, de Virglio, de Ovdio, de Horcio, de Dante.

    So assim os contos, as suras, as parbolas, as estrias, os koans...

    Apesar da forma, a verdade ressalta no contedo dessas narrativas, levemente escondida, de modo a preencher o entendimento daqueles que as ouviram dos seus autores, bem como tornar-se fcil narr-las posterioridade, que delas todas se vem beneficiando no transcurso dos milnios.

    H, quase sempre, nos indivduos, uma reao psicolgica contra a verdade. Deseja-se sempre ouvi-la, porm, como se assevera popularmente, dourando-se a plula, isto , escamoteando-a. Certamente, no se deve zurzi-la como um ltego, que uma forma neurtica de agir, de impor-se com a sua verdade, ferindo e, dessa maneira, sentindo-se triunfante, em mecanismo perturbador de falsa superioridade moral. Todo aquele que assim procede portador de grave complexo de inferioridade inconsciente, que se exibe como autoridade e fiscal da fragilidade humana.

    A verdade deve ser ministrada com naturalidade, suavemente, sem alarde, sem imposio, mas tambm sem ser falseada, sem perder a fora do seu contedo.

    O mentiroso desculpa-se, incidindo no erro e acusando as demais pessoas, que parecem no o entender, fugindo responsabilidade das suas informaes alteradas.

    Uma disciplina e vigilncia rgida na arte de falar, procurando repetir o que ouviu como escutou, o que viu conforme ocorreu, evitando traduzir o que pensa em torno do assunto, que no corresponde legitimidade do fato, so de vital importncia para o encontro com a realidade.

    A terapia da boa leitura, dos hbitos saudveis no campo moral, sem pieguismo nem autocompaixo, produz resultado relevante e reajusta o indivduo harmonia entre o que pensa, v, ouve e fala.

    No h, portanto, necessidade de mentir, e quando isso ocorre, defronta-se um distrbio de comportamento que precisa ser corrigido.

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    A filosofia budista, entre outros ensinamentos nobres, mostra as sete linhas da conduta saudvel, estabelecendo os itens ideais do bem proceder, dos quais destacamos apenas: pensar corretamente, falar corretamente, agir corretamente...

    No pensamento, portanto, tem lugar o planejamento de tudo. Dessa forma se deve pensar com correo, falar com correo, de modo a se poder agir com correo.

    Por isso, a vida familiar deve ser um lugar de segurana emocional, de realizao total e no o reduto onde se vo descarregar o meu humor e as tenses do cotidiano.

    Uma criana de sete anos indagou sua genitora, profissional de televiso, por que ela sempre se apresentava sorrindo na tela do aparelho, enquanto que em casa estava sempre aborrecida e enfezada. Surpreendida com a indagao, a senhora respondeu que, na televiso, ela ganhava para sorrir. Diante da resposta, a filha, que a amava, indagou--lhe, esperanosa: - E quanto a senhora quer ganhar para sorrir tambm em casa?

    Os filhos so mais do que reprodues do corpo. Trata-se de Espritos atentos, necessitados uns, preparados outros, para seguirem adiante e construrem o mundo do futuro. Todo o cuidado que lhes seja dispensado sempre de resultado feliz.

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    Afetividade conflitiva Entre as condutas perturbadoras, convm seja destacada a

    afetividade conflitiva como de relevncia, apresentada pela criatura humana que, desajustada emocionalmente, expressa todos os seus tipos de realizaes mediante estados de desequilbrio, gerando novas ansiedades, insatisfaes e desajustes.

    A carncia afetiva e a insegurana normalmente produzem comportamentos antinaturais, instveis, que chamam a ateno de forma desagradvel.

    Confundindo afetividade com paixo, o paciente transfere o seu potencial de irrealizaes para o ser elegido e prope-se a dominar-lhe a existncia, utilizando-se de ardis variados, atravs dos quais, sentindo-se sem valor para receber amor, tenta conquistar piedade, simpatia, fazer-se necessrio, isolando o afeto de outros relacionamentos e atividades, de forma a estar sempre presente e tornar-se um misto de servo e amante ao alcance da mo.

    As suas manifestaes de afetividade so egosticas, insaciveis, derrapando no cime doentio, que assevera ser demonstrao de amor, destruindo a espontaneidade das atitudes na convivncia. Mesmo que amado, desconfia dessa possibilidade, afirmando ser do outro um sentimento de compaixo e no um amor cheio de arrebatamento e de profundidade.

    Sempre almeja dedicao exclusiva at o asfixiar da pessoa escolhida, que perde a personalidade sob o jugo implacvel desse algoz afetivo.

    No obstante consiga conquistar algum, no capaz de mant-lo, porque sempre aspira a mais, a ponto de tornar insuportvel o convvio, fugindo para a autodestruio psicolgica. Suas maneiras so artificiais, sua preocupao nica cercar o ser querido com demonstraes cansativas do que diz ser o amor que devota, no compreendendo que o outro tem inquietaes prprias e anseios diferentes dos seus, e nem sempre est disposto a suportar a asfixia que lhe imposta.

  • 39

    A criatura nasceu para ser livre, e, por isso mesmo, o amor sentimento que liberta, proporcionando paz e alegria. Quando manifestado por exigncias descabidas, deperece e morre. O amor tem infinita capacidade de compreender e de tolerar, de ser franco e honesto, nunca diminuindo, quando em dificuldades, por dispor de recursos nobres para eliminar os impedimentos e incompreenses.

    Um relacionamento saudvel feito de dilogos e coerncia de comportamentos, de lealdade na forma de ser e autenticidade na maneira de viver, de tal forma que a presena do outro no inibe, antes agrada, preenchendo os espaos sem as imposies habituais de tom-los. A pessoa nem sequer se d conta de como o outro ser -lhe importante, at o momento em que lhe sente a ausncia, experimentando a profundidade afetiva e o significado daquele a quem ama.

    Quando a afetividade se apresenta atravs de uma pessoa insegura, torna-se tormentosa, cansativa, e aquele que parece amado sente-se bem quando longe do seu controlador emocional. Por sua vez, o atormentado olha todos quanto estimam o seu elegido como adversrios ou competidores, invejosos ou dificultadores da sua plenificao e felicidade.

    As razes dessa conduta esto na infncia solitria, maltratada, que foi vivida conflituosamente e transferiu para o futuro as aspiraes de dominao para ter, em vez da afirmao pessoal para ser.

    Na fase infantil, sentindo-se desamada, a criana chamava a ateno pelo choro, pela insubordinao, pelo fingimento, que transferiu para a idade adulta, dissimulando o que pensa e o que faz, em razo dos recursos mentais de que dispe.

    A libido funciona, nesses casos, sob estmulos equivocados, quando o indivduo passa de um estado de posse ao de perda, agigantando-se e desejando o outro, submetendo--se a situaes humilhantes, desagradveis, sem importar--se, desde que atenda o ego em angustiosa desesperao.

    Quase nunca relaxa quem assim se comporta, vivendo de suspeitas e procurando provas do que pensa, por isso exigindo sempre mais abnegao, pacincia e demonstraes de amor que espera receber, sem satisfazer-se.

    Essa afetividade patolgica requer terapia cuidadosa, a fim de o paciente adquirir a tranquilidade perdida e a autossegurana, necessrias para poder amar sem conflitos.

  • 40

    Quanto mais a pessoa tentar ignorar que esse um comportamento irregular, tanto mais difcil se lhe torna a convivncia com as demais criaturas, particularmente quando manifesta a tendncia para ser vtima, transferindo a culpa do que lhe ocorre para as demais pessoas.

    A coragem para assumir responsabilidades e reconhecer a urgncia, em favor de uma terapia conveniente para o seu conflito, j um passo significativo para o seu processo de cura.

  • 41

    Apoios ineficazes Procurando fugir da realidade, o paciente portador de

    insegurana e que vive experincias perturbadoras, no poucas vezes recorre a mecanismos de apoio, a fim de evitar o enfrentamento com a prpria conscincia, sendo, por isso mesmo, vtima de transtornos comportamentais que vitaliza sistematicamente, por escassear-lhe o discernimento para o que correto, razo pela qual a sua uma conduta patolgica.

    . A postura de vtima constante uma das suas caractersticas, refugiando-se nesse esconderijo em busca de compaixo e de justificao para todos os seus desequilbrios. Torna-se enfadonha, cansativa para os demais, a sua forma de apresentar-se sempre incompreendido, sem o menor esforo para compreender, tomando postura de responsabilidade dos atos.

    Noutras vezes, passa de vtima a acusador inconsequente, vendo o que lhe apraz e nunca identificando o que realmente acontece, complicando mais a situao em que se encontra.

    Tem grande preocupao em conseguir aderentes desinformados para a sua rea, usando recursos infantis ou perversos como a calnia, a infmia, a maledicncia, desde que resultem nus favorveis para os objetivos que persegue.

    A dissimulao atitude habitual, variando de um para outro estado, de forma que se apresente com aparncia jovial ou inocente, infeliz ou amargurada, a depender da circunstncia e do objetivo que tem em vista.

    Esse paciente recorre a esses apoios, que so ineficazes, por causa da sua personalidade infantil, sem desenvolvimento emocional, ingenuamente acreditando que, na falta de coragem para viver integralmente conforme as ocorrncias, a sua existncia deve transcorrer em plano de fantasia e irrealidade.

    O ser psicolgico maduro enfrenta desafios e vence-os com naturalidade, sem pressa, confiando no prprio crescimento e nos recursos de que possa usufruir na convivncia social. Quando se fragiliza, para, reflexiona e recomea, procurando fortalecer-se na prpria luta, evitando fugir, porquanto esse recurso no leva a nada.

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    J o indivduo imaturo no se enfrenta, nem a ningum enfrenta, utilizando-se de mecanismos especiais para evitar definies, assumir compromissos e cumpri-los. Outras vezes, tem facilidade para comprometer-se, como forma de postergar decises e solues, transferindo, porm, sempre, a realizao.

    Sero necessrios muitos esforos do paciente para libertar-se dessa tendncia de recorrer a apoios ineficazes, porquanto perigosos, resolvendo-se pelas atitudes definitivas, mesmo que a preo de esforo e luta. Em qualquer situao, ser-lhe- sempre exigido o trabalho. Que o seja, portanto, quando para o xito e no para transferncia; para o momento, em vez do futuro; para a verdade e a libertao, em detrimento da fantasia e da iluso que se dissipam, deixando-o no ar, em maior insegurana emocional e real.

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    4 Energias da vida Hbitos mentais. Frustraes e dependncias.

    Sensaes e emoes. Vida interior.

    Hbitos mentais vida biolgica, em si mesma, resultado de automatismos,

    funcionando com harmonia desde que os equipamentos orgnicos se encontrem em ordem. Obedecendo ao ritmo cardaco e s reaes cerebrais, todos os fenmenos apresentam-se repetitivos, previsveis, dentro dos atavismos ancestrais. Sujeita aos fatores mesolgicos, alimentares nutrientes, no primeiro perodo da existncia fsica transcorre sem alteraes, marchando inexoravelmente para a fatalidade do seu desenvolvimento.

    A vida mental se inicia por vislumbres e percepes medida que o Esprito se assenhoreia dos equipamentos do crebro, que lhe decodificam as ondas do pensamento. Dos impulsos iniciais, instintivos, at compreenso csmica e toda uma larga experincia, abre as comportas da comunicao, para tornar-se lgico, antes de alcanar a etapa superior, que a identificao com a Conscincia Divina.

    O ser humano, vitorioso nas etapas anteriores pelas quais passou, ao atingir o momento da razo, traz, nsitos nos refolhos das fixaes da aprendizagem intelectual, os hbitos mentais. So eles que passam a dirigir a sua conduta, porque toda a programao existencial comea no pensamento.

    de alta relevncia considerar essa questo, porquanto no pensamento esto as ordens do que se deve realizar e como proceder sua execuo. Deixando-se conduzir pelas manifestaes primitivas, habituais, repetem-se, sem resultados positivos, os labores que mantm o ser no estgio em que se encontra, sem o valor moral para alcanar novos patamares do processo da evoluo.

  • 44

    Desde que no pensamento est a diretriz da conduta, pensar corretamente deve constituir o grande desafio de quem almeja o triunfo.

    Em decorrncia das vivncias anteriores, ficaram mais profundamente marcados os pensamentos de dor, de angstia, de pessimismo, em razo da sua fora desequilibradora. So essas evocaes inconscientes que primeiro assaltam a casa mental do indivduo no seu cotidiano.

    Vinculado aos mecanismos repetitivos da conduta sofredora, ele mantm as tendncias para o masoquismo, cultivando, sem dar-se conta, os hbitos mentais geradores de conflitos e de padecimentos.

    Constri a ideia, e sofre-a, de que tudo sempre lhe h de sair mal, no se esforando para que as suas tentativas de mudana se coroem de resultados positivos. Preserva conceitos destrutivos a respeito das pessoas, coisas e acontecimentos, alimentando a fonte das irradiaes mentais de cargas pesadas quo degenerativas, que lhe impossibilitam o direcionamento correto, franco e saudvel, que recarrega de energias realizadoras os centros da vontade ento viciada.

    Tornando-se vtima espontnea desse pessimismo, que

    sustenta no campo das idias, estabelece padres negativos a respeito de situaes e pessoas, no alterando a forma de pensar nem de agir, assim vivendo sob o estigma do mau humor, das insinuaes malss, da falta de sorte, em que se refugia a fim de evitar a luta necessria para o xito. Os seus clichs mentais sobrepem-se a todas as vises de limpidez psquica a respeito da vida e das demais criaturas, tornando--se a sua existncia um caos psicolgico, por falta exclusiva do desejo de alterar a forma de pensar e de ser.

    Desde que todas as expresses do evoluir dependem do pensamento, porque dele provm, fcil pensar de forma varivel, substituindo aquele que seja incorreto por outro que parea favorvel. Como a pessoa poder dizer que no sabe discernir qual o ideal daqueloutro que pernicioso, basta que faa uma avaliao do que lhe constitui bengala para sustentar o j experimentado e perturbador, passando a novo tentame de construo diferente.

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    A princpio, a acomodao levar o indivduo a repetir-se e a no acreditar no xito da experincia em formao. Cabe-lhe, nesse caso, insistir e perseverar, abrindo novo espao no campo mental viciado, plantando as sementes novas do otimismo e da esperana, a fim de sair do estado doentio. Logo depois, imprescindvel comear a valorizar tudo quanto se encontra sua volta, estabelecendo novos padres de compreenso, assim libertando-se das construes negativas-pessimistas.

    O novo hbito se ir implantando lentamente no subconsciente at tornar-se parte integrante do comportamento.

    Pensar bem ou mal uma questo de hbito. Toda vez que ocorrer um pensamento servil, doentio, perverso, malicioso, injusto, de imediato substitu-lo por um digno, saudvel, amoroso, confiante, justo, sustentando-o com a onda de irradiao do desejo de que assim seja realizado. O que se pensa, torna-se realidade, como natural. Eis por que, pensar e agir so termos da mesma equao existencial. Primeiro pensar, para depois atuar, a fim de que no venha a agir antes, arrependendo-se quando passe a reflexionar.

    As construes mentais superiores, que produzem os hbitos saudveis, renovam-se e crescem no ser, originadas do Esprito que as capta do Pensamento Divino, de onde procedem todas as foras da edificao e da realizao total.

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    Frustraes e dependncias O indivduo est sempre no momento presente, que o seu

    instante decisrio. O passado, por isso mesmo, no pode servir de parmetro, seno para aprender como no repetir os erros, pois que irrecupervel, no entanto, reparvel. Nada existe que possa ser recuperado na rea moral comprometida, no entanto, desde que haja interesse real, poder ser corrigido. Assim, negativo manter saudades do j ocorrido, sentir-se frustrado pelo que gostaria que houvesse sucedido mas no aconteceu, ou arrependido em profundidade pelo insucesso de que foi objeto.

    Tais sentimentos no podem modificar as consequncias desencadeadas no pretrito, no entanto, podem ser reformuladas as bases da ao que se repetir em forma nova, assim modificando os futuros resultados. Eis por que se deve perdoar a tudo e a todos, igualmente proporcionando--se perdo a si mesmo, recompondo-se emocionalmente e recomeando a tarefa onde ela se desencaminhou.

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    O homem psicolgico saudvel no vive de recordaes, nem se atormenta com as aspiraes. Portador de um presente enriquecedor, os seus movimentos atuais esto sempre voltados para as aes que o promovem, confiando, naturalmente, no futuro de forma natural, racional, sem inquietao, despido de ansiedade, vivendo integralmente cada instante do seu hoje.

    Personalidades instveis sentem-se frustradas facilmente em razo da falta de idealismo perseverante para se realizarem. Ambicionam em demasia ou a nada aspiram, deixando-se arrastar por estados melanclicos que cultivam, sem o competente esforo para sarem da situao doentia.

    Inmeros fatores contribuem para as frustraes pessoais, entre outros, os conflitos da libido no realizada, geradora de medos injustificveis ou de melancolias carregadas de sombras; o convvio familiar insatisfatrio, no qual as imagens dos pais mal-humorados e reclamadores produzem ansiedades e desejos de fuga da realidade inquietante; dificuldades de autorrealizao, por decorrncia de falta de iniciativa ou por pequenos insucessos que poderiam ser transformados em xitos, se tivesse havido perseverana; inveja pelo triunfo das outras pessoas, muitas vezes logrado a grande esforo, que o paciente se recusa usar...

    Todo o squito de frustraes leva o indivduo dependncia emocional, criando tabus, buscando amuletos para a sorte madrasta, tentando o sobrenatural, procurando solues mgicas para o que poder tornar-se um desafio ao alcance da vitria, na luta encetada.

    Essa dependncia se transfere das crenas supersticiosas para as pessoas que as devem carregar psicolgica, fsica e economicamente, solucionando os seus problemas, resolvendo as suas dificuldades, que se renovam, por falta de deciso e reflexo para agir corretamente. Porque no encontram aqueles que estejam dispostos a suportar to pesada carga, mais aumentam as suas frustraes, que adquirem estgio mrbido, levando aos transtornos psicticos manaco-depressivos.

    Quando a pessoa considerar que se encontra na Terra, no

    momento, no lugar e com as pessoas certas, aquelas que lhe so necessrias para o prprio desenvolvimento, despertar da dependncia infantil e da frustrao debilitadora, recuperando a

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    sade comportamental atravs da renovao mental e das motivaes atraentes para tornar a sua existncia mais do que suportvel, perfeitamente feliz.

    O indivduo deve aspirar ao mximo, que, mesmo no logrado, significa-lhe viso otimista do porvir, que o aguarda, permitindo-se ento o que seja possvel conseguir, sem produzir mecanismo frustrante ou dependncia daqueles que o lograram.

    Como o pensamento a fonte geradora das aspiraes, anelar pelo melhor, trabalhar por adquiri-lo, representa elevao e engrandecimento moral. No se perturbar, todavia, quando isso no ocorra, demonstrao de maturidade e de equilbrio que todos devem manter.

    Sensaes e emoes

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    A criatura humana um feixe de sensaes, resultado natural dos perodos primrios da evoluo, em trnsito para a realidade das emoes. As largas experincias vividas nas faixas primitivas do passado deixaram impresses profundas que se tornaram prevalecente exigncia no comportamento pessoal social e principalmente psicolgico. Impulsos e reaes fazem parte desse processo que estabelece os paradigmas da conduta, quando fora do crivo da razo.

    Nesse estgio da vida, nutre-se emocionalmente das sensaes objetivas, dos contatos com o mundo e suas manifestaes, comprazendo-se no jogo desmedido do querer ter, longe da aspirao de ser.

    Adormecida para as percepes mais sutis da existncia, acumula coisas e compraz-se com elas at saturao, quando se transfere para possuir pessoas, que no so fceis de se deixaram pertencer, produzindo choques emocionais, que desarticulam a planificao interior do ambicioso. Sentindo a frustrao do desejo no transformado em prazer, amargura-se e rebela-se, fugindo, no poucas vezes, para as libaes alcolicas, o tabagismo ou para as drogas aditivas.

    lento o curso de mudana da faixa grosseira do ime-diatismo para as sutilezas da emoo dignificada. Nesse trnsito, comum deparar-se com a fase da sensao-emotiva, quando h um descontrole no sistema nervoso e o excesso de emotividade domina-lhe as paisagens comportamentais. No acostumado s expresses da beleza, da sinceridade, do amor, facilmente se deixa comover, derrapando no desequilbrio perturbador, no entanto, passo inicial para o clima de harmonia que o aguarda.

    O homem-sensao exigente e possuidor, no se apercebendo do valor da liberdade dos outros, que pretende controlar, nem dos deveres para com a sociedade que se lhe no submete. Sentindo-se marginalizado, graas hostilidade que mantm em relao a todos quantos se lhe no subalternizam, volta-se contra os estatutos vigentes e as pessoas livres, brutalizando-se e agredindo, pelos meios ao alcance, os demais.

    Ao despertar a emoo, torna-se natural a valorizao do

    prximo e da vida, o respeito pelos valores humanos e gerais, ao mesmo tempo que trabalha em favor do progresso, que preza, ampliando os horizontes de entendimento e de realizao interior.

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    A sensao herana do instinto dominador; a emoo tesouro a conquistar pelos caminhos da ascenso.

    Quando desperta a conscincia para a necessidade da emoo, a nica alternativa que resta a luta por alcan-la. Esse empenho torna-se fcil quando o combate se inicia, facultando o encontro com a sua realidade, energia pensante que e no somente grupo de clulas em departamentos especializados formando o corpo.

    No perodo da emoo, o indivduo no est isento das sensaes, que lhe permanecem oferecendo prazeres, alegrias e advertncias, s que sob controle, em equilbrio, orientadas e produtivas. Na fase da sensao, igualmente, o ser experimenta emoes algo desordenadas e, vez que outra, propiciadoras de bem-estar, o que lhe constitui estmulo para crescer e esforar-se por consegui-las.

    Nas diferentes psicopatologias h predominncia das sensaes e grande descontrole das emoes, o que traduz o transtorno da mente, refletindo-se no comportamento alienado.

    Podemos encontrar razes desse estado na estrutura do lar desajustado, de pais imediatistas, ambiciosos, incapazes de amar, que transmitiram aos filhos a ideia de que todo aquele que possui, vale; enquanto que os outros existem para servir aos primeiros.

    Essencialmente, porm, o Esprito, em si mesmo, em fase de desenvolvimento, que se revela no corpo, experimentando mais as expresses fortes em detrimento das manifestaes mais elevadas.

    O esforo bem-direcionado, o cultivo das ideias enobrecedoras e o trabalho edificante promovem de uma para outra faixa todo aquele que aspira libertao da fase primitiva em que ainda estagia.

    Vida interior

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    To necessrio quanto a alimentao para uma existncia saudvel, o cultivo da reflexo, da orao e da meditao torna-se de relevncia. A primeira atende s clulas fsicas e o outro quelas que so de ordem psquica, geradoras da organizao material. Sem a vibrao harmnica, procedente do psiquismo, o campo no qual se desenvolvem as de constituio condensada desequilibra-se e, por consequncia, a distonia na forma prejudica a realizao da modelagem no exterior.

    O oxignio mantm o corpo, a onda mental sustenta a vida. Indispensveis, ambos, para o ser em equilbrio, nem sempre so utilizados, esses recursos, com a sabedoria que conduz dosagem prpria. Alguns indivduos, compreendendo a necessidade de uma respirao bem-orientada, buscam esportes e espairecimento ao ar livre, descuidando-se da vida interior ou abandonando outros compromissos que constituem imperativo bsico para o seu real crescimento.

    Outros, tomados pelo entusiasmo e encantamento do bem-estar que fruem mediante o exerccio de interiorizao, descuidam-se dos relacionamentos humanos e isolam-se, criando fatores dissolventes na rea do comportamento, que levam ao egosmo, falta de solidariedade edificante no mundo social,

    A vida interior bem-direcionada ensina a criatura a aceitar-se como , sem desejar imitar modelos transitrios das glrias momentneas, que brilham sob os focos das lmpadas da iluso; mas tambm a no ambicionar parecer-se com outrem, cujas caractersticas so belas nele e no em quem a elas aspira. Ser autntico em si mesmo, autoamar-se, sem derrapar nas ambies acumuladoras inspiradas pelo egosmo, nem supor-se melhor do que os demais constitui uma vitria sobre os conflitos e os complexos que atormentam e facultam a desvalorizao da pessoa amargurada entre lutas internas e fracassos externos.

    Ao aceitar-se como , desenvolvendo os recursos ntimos para mais crescer e conquistar novos valores morais, o ser atinge o cume das ambies que anelava, sem o saber, no sofrendo os impactos perturbadores das alturas, nem as aflies das regies servis de onde procede.

    Esse comportamento sugere a experincia do amor, como

    forma de entrega lcida e destituda das paixes que amesquinham o sentimento. Ao amar, busca esquecer-se de si

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    mesmo a fim de doar-se, enriquecendo-se enquanto promove os demais. Esse desdobrar do sentimento afetivo constitui o momento glorioso da autorrealizao, aquele no qual o ser entoa um canto de entusiasmo vida, exaltando--a e glorificando-a em si mesmo e em torno dos prprios passos. Essa manifestao do amor irrompe do seu interior como um sol que nasce suave e belo, crescendo at atingir o mximo, com uma diferena, que a de no declinar jamais, permanecendo a aquecer e iluminar.

    Enquanto perdura o sentimento de amor-permuta, dar para receber, ou primeiro receber para doar depois, o egosmo, o sentido de criana psicolgica permanece dominador, dificultando o amadurecimento real.

    Esse amor que leva ao auto esquecimento - das paixes perturbadoras, das exigncias descabidas, das iluses injustificveis - conquista interior que dignifica e liberta.

    Nessa fase do desenvolvimento da vida interior, o ser passa a acreditar na sua destinao espiritual, que a conquista da felicidade desde agora, e, tranquilizando-se quanto aos fatores dissolventes e amesquinhantes, avana sem preocupar-se com as torpezas que ficam na retaguarda.

    Somente acreditando nas prprias possibilidades e empenhando-se por viv-las, apesar dos obstculos que surgem, que se atinge com xito a viagem interior, o autodescobrimento e as tcnicas que podem ser aplicadas para auferir os benefcios dessa realizao.

    Alcanado esse estgio, surge a vontade da libertao das coisas, das cadeias frgeis que atam aos condicionamentos passados, que pareciam oferecer segurana, em uma existncia fsica que se interrompe a qualquer momento, mas que parece impor necessidades de fixao, que no vo alm de quimeras. Todos os pertences valem o preo que lhes so atribudos, devendo ser considerados de menor importncia, embora a sua momentnea utilidade. A libertao dos pertences momento de alta magnitude para a harmonizao psicolgica em relao vida, seja no corpo ou fora dele. vida interior implcita, quando conquistada, ressurge no campo das formas em manifestao explcita. O ser se apresenta total, livre de impedimentos, rico de aspiraes, sem conflitos, sem queixas; pleno, portanto.

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    5 Significado do ser integral Bases para a autorrealizao - Conquistas que plenificam - Lies de vida.

    Bases para a autorrealizao Jesus, o mais notvel psicoterapeuta que a humanidade

    conheceu, afirmou: Vs sois deuses e podeis fazer tudo quanto fao e muito mais, se quiserdes. Trata-se de uma proposta-desafio para seres amadurecidos psicologicamente, capazes de ambicionar o alm do habitual, e que esto dispostos a consegui-lo. Para lograr o xito nesse tentame, necessrio possuir autoconfiana e f, essa certeza coerente que existe entre o desejar e o poder realizar, saindo do mesmismo perturbador das ambies exclusivamente de natureza material, imediata.

    Identificar-se com um deus ampliar os valores que dormem no ntimo e so desconsiderados. Uma fasca sabedora do seu poder de combusto, que encontre substncias fceis de arder, consegue produzir um incndio. Quando algum se identifica possuidor desse recurso, pode atear o incndio que devora os vcios e abre espaos virgens para a instalao dos elevados potenciais do desenvolvimento pessoal.

    Quem toma conhecimento dos recursos prprios, dispe de medida para avaliar as possibilidades de triunfo e empenha-se para alcan-lo, enquanto aquele que os desconhece detm-se no pretexto da prpria fragilidade, porque, no ntimo, assim o prefere.

    O ser existencial tem o seu significado relevante, que necessita

    ser detectado e utilizado com segurana. Os seus alicerces

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    repousam nas camadas profundas do inconsciente - as experincias do passado - e nas possibilidades imensas do seu superconsciente - as conquistas que lhe cumpre lograr - debatendo-se nas reminiscncias do ontem e nas ambies do futuro. O ser existencial oscila entre esses dois plos, que contribuem para a realizao feliz ou desventurada no presente, a depender, naturalmente, das opes elegidas e do empenho aplicado na sua execuo.

    Inicialmente lcito fazer-se uma avaliao do que so tesouros: os de ordem externa e os interiores. Quais deles tm primazia para serem conquistados, e como fazer, a fim de os conseguir.

    O ser fisiolgico preferir os de significado e aplicao imediata, enquanto o ser psicolgico analisar aqueles que tm primazia e dar-se- conta da necessidade desses que so externos como utilitrios e aqueles que esto internos, os permanentes. Sem abandonar os primeiros, dedicar-se- conquista dos mais valiosos, que so os permanentes.

    Nesse af se identificar com realidades que o fascinaro. Descobrir que, em mdia, o ser humano experimenta sessenta mil pensamentos por dia, o que demonstra a grandeza, a majestade da sua organizao mental, descobrindo quanto nobre aprender a utilizar desse tesouro abundante, que muitas vezes se perde em crculo de viciaes mentais, malbaratando tempo e oportunidade em lamentaes, queixas, pessimismo, desgaste das potncias de que constitudo.

    Reconhecer a necessidade de ser pessoa e no mquina, evitando o repetir-se monotonamente, sem direcionamento para frente nem para o melhor. Aplicar cada pensamento mais poderoso, de sentido profundo, de valor utilizvel na construo do seu mais adequado comportamento para a paz. Eliminar aqueles que so perturbadores e podem ser substitudos amide, fomentando um clima psquico de sade com respostas orgnicas de bem-estar.

    Com essa atitude mental vencer o medo de adoecer, de envelhecer, de ficar pobre, de enfrentar dificuldades, de morrer, pois compreender serem todos esses fatores perfeitamente controlveis, desde que assuma a sua condio de deus e passe a fazer tudo quanto possvel atravs do empenho pessoal.

    A doena sempre acidente de percurso, jamais sendo uma realidade, antes um estado transitrio, que pode ser

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    ultrapassado, mesmo quando se apresente com caractersticas expiatrias. J que o ser eterno, as manifestaes orgnicas e mentais desta ou daquela natureza fazem parte da transitoriedade do mundo da forma. No se justifica, dessa maneira, o medo de doenas.

    O envelhecimento no deve inspirar qualquer tipo de receio, porquanto a beleza de cada fase da existncia corporal encontra-se na atitude interior de quem observa o mundo externo. As experincias nascem das vivncias e para poder fru-las exigido o patrimnio do tempo, no que ocorrem o envelhecimento do corpo e o amadurecimento do Esprito.

    A verdadeira pobreza interior, quando se perdem as aspiraes de crescimento e realizao ntima. A financeira sempre contornvel, desde que o indivduo se empenhe por super-la, e o trabalho assim fonte geradora de recursos externos, enquanto internamente aprimora o sentido de vida. Os verdadeiramente pobres perderam a razo de viver e entregam-se, funestamente, aos prazeres perturbadores, aos gozos desgastantes, aos jogos da iluso cansativa...

    ... E a morte, a grande devoradora da vida, desmitifica-se e j no inspira qualquer receio, porque ela faz parte do processo existencial, como forma