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JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2015 8 (15): 615-637.
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Uso de vitamina E e ômega 3 no tratamento da caquexia
cardíaca secundária à insuficiência cardíaca congestiva
Use of vitamin E and omega 3 in the treatment of cardiac
cachexia secondary to congestive heart failure
La vitamina E y ácidos grasos omega-3 uso en el
tratamiento de la caquexia cardíaca secundaria a la
insuficiencia cardíaca congestiva
Mariana Yukari Hayasaki Porsani *1, Ruthnéa Aparecida Lázaro
Muzzi2, Imara Guimarães Lima3, Camila Santos Pereira1 e
Silvia Maria Kurth Cabral3
Resumo
Em pacientes geriátricos as enfermidades cardiovasculares adquiridas mais
diagnosticadas são as doenças valvares, as quais, quando não controladas,
levam o animal a apresentar insuficiência cardíaca congestiva (ICC). A
caquexia cardíaca é uma complicação geralmente associada a pacientes
com cardiomiopatia dilatada (CMD) e ICC. Pacientes geriátricos portadores
de doenças crônicas inflamatórias e degenerativas geralmente apresentam
lesões celulares oxidativas. A caquexia é uma síndrome metabólica
complexa associada a uma doença subjacente, caracterizada por perda de
massa muscular, com ou sem perda de gordura. Na terapêutica atual,
nutrientes imunomoduladores associados aos antioxidantes são utilizados
com a finalidade de estabilizar o catabolismo celular e combater os efeitos
oxidativos. Dentre eles destacam-se o uso dos ômegas 3 e da vitamina E.
1 Médica Veterinária. Mestranda em Ciências Veterinárias, Departamento de Medicina Veterinária,
Universidade Federal de Lavras (UFLA) – MG.
* E-mail: [email protected]
2 DSc. Docente do Departamento de Medicina Veterinária da UFLA.
3 Médica Veterinária. Departamento de Medicina Veterinária, UFLA.
JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2015 8 (15): 615-637.
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Os ômegas 3 são ácidos graxos que não possuem síntese realizada pelos
animais e seres humanos, devendo ser consumidos por via exógena. Bons
resultados têm sido encontrados no uso de ômega 3 proveniente de óleo de
peixe. A vitamina E é um antioxidante biológico com capacidade de
neutralizar os radicais livres e evitar a peroxidação lipídica nas membranas
biológicas. O uso destes devem ser empregados no momento do
diagnóstico de enfermidade cardíaca com o intuito de se evitar a progressão
da doença, e o aparecimento da caquexia cardíaca. Desta forma, esta
revisão tem por objetivo abranger o balanço dos ácidos graxos ômega 3 e
do antioxidante vitamina E na resposta inflamatória em pacientes com
caquexia associada às cardiomiopatias.
Palavras-chave: antioxidantes, cardiopatia, ácidos graxos, avaliação
nutricional.
Abstract
In geriatric patients acquired cardiovascular diseases most diagnosed are
valvular diseases, which, if not controlled, take the animal to present
congestive heart failure (CHF). Cardiac cachexia is a complication usually
associated with patients with dilated cardiomyopathy (DCM) and CHF.
Geriatric patients with inflammatory and degenerative chronic diseases often
present oxidative cell damage. Cachexia is a complex metabolic syndrome
associated with an underlying disease characterized by loss of muscle mass,
with or without fat loss. In the present therapeutic, immunomodulators
nutrients associated with antioxidants are used in order to stabilize the cell
catabolism and combat oxidative effects. Among them stand out the use of
omega 3 and vitamin E. The omega 3 are fatty acids that have no synthesis
performed by animals and humans and should be consumed exogenously.
Good results have been encountered in the use of omega 3 from fish oil.
Vitamin E is a biological antioxidant capable of neutralizing free radicals and
prevent lipid peroxidation in biological membranes. They must be employed
at the time of diagnosis of heart disease with the aim of trying to prevent
progression of the disease and the onset of cardiac cachexia. Therefore, this
review aims to cover the balance of omega 3 fatty acids and antioxidant
vitamin E in the inflammatory response in patients with cachexia associated
to cardiomyopathies.
JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2015 8 (15): 615-637.
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Key words: antioxidants, cardiomyopathy dilated, fatty acids, nutrition
assessment.
Resumen
En perros geriátricos las enfermedades cardiovasculares adquiridas más
diagnosticadas son las afecciones valvulares, las cuales cuando no
controladas conducen a manifestaciones de insuficiencia cardiaca
congestiva en los pacientes (ICC). La caquexia cardiaca es una
complicación generalmente asociada a pacientes con cardiomiopatia
dilatada (CMD) y ICC. Los pacientes geriátricos portadores de
enfermedades cronicas inflamatórias y degenerativas comunmente
manifiestan lesiones celulares oxidativas. La caquexia es una sindrome
metabólica compleja asociada a una enfermedad subyacente, caracterizada
por la perdida de masa muscular, con o sin perdida de gordura. En las
terapias actuales, son utilizados nutrientes imunomoduladores asociados a
antioxidantes con la finalidad de estabilizar el catabolismo celular y combatir
los efectos oxidativos. Entre ellas pueden ser destacadas las terapias con
uso de omegas 3 y de vitamina E. Los omega 3 son ácidos grasos que no
son sintetizados por los animales ni por los seres humanos, lo que demanda
su consumo por via exógena. Han sido encontrados resultados positivos
con el uso de omega 3 del aceite de pescado. La vitamina E es un
antioxidante biológico con capacidad de neutralizar los radicales libres y
evitar la peroxidación lipidica de las membranas biológicas. Ambos deben
ser utilizados en el momento de diagnóstico de enfermedades cardiacas con
el objetivo de evitar la evolución de la enfermedad, y la aparición de caquexia
cardiaca. Por lo tanto, esta revición tiene como objetivo incluir el
balanceamiento de los ácidos grasos, omega 3 y del antioxidante vitamina
E en perros con caquexia asociada a las cardiomiopatias.
Palabras-clave: antioxidantes, cardiopatia, ácidos grasos, evaluación
nutricional
Introdução
Com o crescimento da
expectativa de vida dos cães, estão
sendo diagnosticados um maior
número de casos de doenças
degenerativas, tais como as
cardiomiopatias. Em pacientes
geriátricos as enfermidades
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cardiovasculares adquiridas mais
diagnosticadas são as doenças
valvares. A degeneração
mixomatosa valvar ou doença
crônica da valva atrioventricular
esquerda e a cardiomiopatia dilatada
(CMD) são as enfermidades de
maior incidência em cães de
pequeno porte. Tais doenças,
quando não controladas, levam o
animal a apresentar insuficiência
cardíaca congestiva (ICC)1. A fim de
controlar as manifestações clínicas
causadas pela ICC, inúmeros
medicamentos são utilizados, sendo
os inibidores da enzima conversora
de angiotensina (IECA), digoxina,
inotrópicos positivos,
betabloqueadores, fármacos
antiarrítmicos e diuréticos, os mais
comuns2. A caquexia cardíaca é uma
complicação geralmente associada
a CMD e ICC, caracterizada por
anorexia e emagrecimento com
perda de massa magra3. Cães
geriátricos portadores de doenças
crônicas inflamatórias e
degenerativas, como as
cardiopatias, geralmente
apresentam lesões celulares
oxidativas, associadas à produção
excessiva de radicais livres4.
Na terapêutica atual,
nutrientes imunomoduladores
associados aos antioxidantes são
utilizados com a finalidade de
estabilizar o catabolismo celular e
combater os efeitos oxidativos4,5.
Desta forma, esta revisão tem
por objetivo abranger o balanço dos
ácidos graxos ômega 3 e do
antioxidante vitamina E na resposta
inflamatória em pacientes com
caquexia associada às cardiopatias.
Revisão de literatura
Insuficiência Cardíaca Congestiva
A insuficiência cardíaca é uma
síndrome clínica caracterizada como
a principal complicação na
progressão das cardiopatias em
cães1. Quando o coração sofre
algum tipo de lesão, seja por
anomalias valvares (Figura 1),
miocárdicas (Figuras 2 e 3) ou
mesmo arritmias patológicas, sua
capacidade de bombear o sangue é
deprimida, levando a uma
diminuição do retorno venoso e
queda na ejeção ventricular de
sangue2,7.
A ativação do sistema
nervoso simpático (SNS) e do
sistema renina angiotensina
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aldosterona (SRAA) atuam na
tentativa de manter o DC e a PA9. A
ativação desses mecanismos causa
respostas compensatórias, que
inicialmente são benéficas embora, a
longo prazo, produzam inúmeras
repercussões adversas, como
taquicardia, vasoconstrição
periférica, além de retenção de sódio
e água. Isto favorece o início dos
sinais clínicos como a congestão,
ascite, efusão pleural, edema
pulmonar e de membros, tosse,
intolerância ao exercício, dispneia,
ritmo de galope, sopros e arritmias6.
Caquexia Cardíaca
A caquexia é uma síndrome
metabólica complexa associada a
uma doença subjacente,
caracterizada por perda de massa
muscular, com ou sem perda de
gordura3,10,11. Sua denominação é de
origem grega, originada das palavras
“kakos”, que significa ruim e “hexis”,
que significa condição ou
aparência10,12. É uma complicação
encontrada em pacientes
oncológicos, cardiopatas,
nefropatas, com doença pulmonar
obstrutiva crônica e com
enfermidades infecciosas3.
Em humanos é definida
clinicamente por perda de peso em
adultos ou problemas de
crescimento em crianças, excluindo
desordens endócrinas. Anorexia,
inflamação, resistência insulínica e
aumento da perda de proteína
muscular estão frequentemente
associados com a doença10.
A caquexia é um problema
grave por vezes subestimado pelos
médicos veterinários. Em estudos
em pacientes humanos portadores
de doenças crônicas foi observado
que uma perda de peso superior a
30%, desde o diagnóstico da
enfermidade, geralmente está
associada ao óbito12.
Para se identificar a caquexia
primeiramente é necessário
diferenciá-la de desnutrição. A
desnutrição é caracterizada por uma
baixa ingestão de calorias, proteínas
e oligoelementos necessários para o
metabolismo tecidual normal13, que
se desenvolve por hiporexia ou
privação alimentar. A mobilização
das reservas corporais, com a
utilização excessiva de gordura
como fonte energética se dá por
meio do catabolismo proteico
exacerbado3,10,14.
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Já em pacientes com doenças
crônicas, como a fase terminal das
cardiopatias, o organismo não
consegue ter respostas adaptativas
na utilização de gordura, resultando
em uma perda de peso progressiva,
alterações na composição corporal,
principalmente na gordura e no
tecido muscular, além de alterações
na homeostase12,15. Uma queda na
imunidade e na sobrevivência do
animal também está relacionada a
caquexia14,16,17. Os principais
aspectos relacionados com a
caquexia cardíaca incluem a
diminuição na absorção de
nutrientes e no consumo de
alimentos e o aumento da
necessidade de energia, não sendo
apenas caracterizada pelo processo
catabólico acentuado3.
A fisiopatogenia da caquexia
ainda não foi totalmente elucidada,
embora alguns estudos apontem a
ativação neurohormonal e
imunológica, relativas à ICC, como
responsáveis pelo complexo estado
catabólico. Muitas destas vias são
ativadas no início do
desenvolvimento da ICC, para
proteção e manutenção do sistema
cardiovascular, como uma tentativa
compensatória na progressão da
disfunção miocárdica. Mediadores
relacionados a esses processos são
citocinas pró-inflamatórias,
catecolaminas, cortisol e o peptídeo
natriurético atrial (FNA)18.
A ativação do SRAA tende a
seguir a ativação de citocinas pró-
inflamatórias na evolução da ICC,
promovendo a elevação dos níveis
plasmáticos do fator de necrose
tumoral (TNF), interleucina-1 (IL-1) e
interleucina-6 (IL-6)16. O TNF-α
também pode ser chamado de
caquexina, pois, muitos estudos
supõem que este seja o principal
mediador humoral envolvido na
caquexia13.
As citocinas são produzidas
pelas células endoteliais e pelo
estímulo ao sistema imune,
promovendo a degradação da
massa magra, além de alterações no
metabolismo dos carboidratos e de
lipídeos. Isso resulta em perda de
gordura subcutânea e massa
corporal magra, predispondo a
resistência insulínica10,13,19.
O TNF e a IL-1 levam à
hipertrofia e fibrose cardíaca, além
de evidenciarem efeitos inotrópicos
negativos42. Possuem ação na
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movimentação das proteínas dos
músculos esqueléticos induzindo a
apoptose, levando a diminuição da
síntese de proteína dos miócitos
cardíacos e a ativação de processos
catabólicos, resultando em perda
muscular3,14,16. Isto, por sua vez, faz
com que haja redução da resistência
ao exercício e de fornecimento de
nutrientes aos músculos,
contribuindo para aumento da
morbidade nestes pacientes3,18.
A anorexia está presente em
34-75% dos cães com caquexia
cardíaca3,14,17 e pode ser relacionada
a diversos fatores como a falta de
palatabilidade da dieta hipossódica,
má condição corporal e toxicidade de
medicamentos como a digoxina,
diuréticos e IECA16,17,21.
Outro fator relacionado à
caquexia cardíaca são as disfunções
gastroentéricas associadas à ascite
grave. Elas induzem uma
compressão venosa externa que
leva à baixa perfusão sanguínea e
causa má absorção de nutrientes,
edema e atrofia das vilosidades
intestinais, ascite e
hepatomegalia3,17,22. Esta congestão
venosa também resulta em redução
funcional do volume gástrico e, por
conseguinte, saciedade, diminuição
do apetite e náuseas22. A fadiga,
anemia e hipoalbuminemia também
estão relacionadas à caquexia10.
Estudos em humanos identificaram
que estes fatores, além de
contribuirem para a diminuição da
absorção de nutrientes, favorecem a
translocação bacteriana3.
A caquexia cardíaca pode ser
muito sutil inicialmente, mas com
grande importância no prognóstico
do animal, por isso é necessário
reconhecê-la e diferenciá-la
rapidamente16,18. Uma avaliação
nutricional deve ser realizada com o
intuito de observar principalmente, a
perda da massa corporal magra3,16.
Avaliação nutricional
A avaliação nutricional dos
cães vem sendo incorporada como o
quinto sinal vital, acompanhada dos
outros quatro sinais que são
temperatura, pulso, respiração e
controle da dor15.
Todos os cães devem ser
submetidos a uma avaliação
nutricional, e fatores como a idade,
raça, enfermidades do animal, a
dieta e a forma de administração da
dieta, devem ser interrogados. Esta
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avaliação deve ser feita de duas
maneiras, sob a forma de triagem em
cães saudáveis e mais detalhada em
cães doentes. Deve-se avaliar o
histórico pregresso, exame físico,
índice de condição corporal (Tabela
1) e o índice de massa muscular
(IMM) (Figura 4) 15.
O índice de condição corporal
pode ser feitos por várias escalas (5,
6, 7 ou 9 pontos). Na escala de 9
pontos, um cão com escore ideal
pode apresentar o índice entre 4 a 5.
Os extremos correspondem a um
animal magro (escore 1) e um animal
obeso (escore 9)15.
Outro método de avaliação é
o IMM, o qual é feito pela observação
visual e palpação dos ossos
temporais, escápulas, vértebras
lombares e ossos pélvicos. A
mensuração do IMM é muito
importante principalmente em
pacientes portadores de
enfermidades3,15, pois uma perda de
massa muscular identificada
precocemente é benéfica para o
prognóstico do animal10,12.
Para definir os índices de
escore corporal e IMM é necessário
palpar todos os grupos ósseos dos
animais, pois apenas a observação
visual pode ser dificultada em
animais de pelos longos,
mascarando algumas evidências
corporais3,15. É muito importante
ressaltar que alguns cães podem
estar com perda muscular, mesmo
estando acima do peso, podendo
caracterizar o início de caquexia15.
Pacientes cardiopatas devem
ser monitorados anualmente,
considerando a presença ou não de
ascite, para não mascarar perdas
mínimas de peso corporal10. Em
humanos cardiopatas, a perda de
5% de peso em três meses
seguidos, associados à fadiga, perda
da musculatura esquelética e
anormalidades hematológicas como
anemia, sugerem um quadro de
caquexia cardíaca12.
Todos os pacientes
cardiopatas crônicos devem passar
por uma avaliação do escore
corporal anual. O escore corporal
referente à caquexia recebe uma
classificação em escala numérica de
0 a 4. O escore corporal de caquexia
0 (Figura 5) indica um bom tônus
muscular do paciente, sem
evidências de perda de massa
muscular16. No escore de caquexia
corporal 1, o cão apresenta perda de
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massa muscular, especialmente nos
membros pélvicos e região lombar.
No escore de caquexia corporal 2, o
cão apresenta moderada perda de
massa muscular em todos os grupos
musculares. Nota-se especialmente
atrofia do músculo temporal e
músculos na região escapular. No
escore de caquexia corporal 3, o
animal apresenta grande perda de
massa muscular, com atrofia em
todos os grupos musculares. Nos
cães com escore corporal 4 (Figura
6), vê-se uma intensa atrofia da
massa muscular de todos os grupos
musculares14.
A dificuldade de um
diagnóstico precoce de caquexia
cardíaca é muito grande, pois as
medidas empregadas, sendo
subjetivas em alguns cães, e a
presença de edema podem
atrapalhar sua pontuação3,14,16.
Assim, técnicas de avaliação mais
específicas, como a dupla absorção
de raios X, são indicadas, no
entanto, estas técnicas ainda não
estão disponíveis na rotina clínica da
medicina veterinária3.
É muito importante que o
animal tenha sua dieta balanceada,
por um nutricionista veterinário, a fim
de se evitar maiores prejuízos nas
condições corporais e na
homeostasia destes pacientes3. O
controle da caquexia cardíaca
consiste em fornecer uma
quantidade equilibrada de calorias e
proteínas15. Uma modificação na
dieta, a alimentação assistida ou
outros programas de alimentação
são benéficos na melhoria da
ingestão alimentar e na qualidade de
vida destes pacientes3,18. A melhora
da palatabilidade da dieta consegue-
se pelo uso de dietas caseiras
balanceadas ou pela adição de
rações úmidas. O aquecimento do
alimento e o uso de palatabilizantes
como peixes ricos em ômega 3, por
exemplo o salmão, são uma escolha
bastante eficaz14,16. Muitas vezes os
cães começam a ter apetites
cíclicos, isto é, aceitam o alimento
durante várias semanas e depois
começam a recusá-lo. Este sinal
pode estar associado com a piora do
quadro clínico e/ou a necessidade de
um novo manejo alimentar3.
Muitas vezes é necessário o
uso de coadjuvantes para auxiliar o
apetite do animal como, por
exemplo, a Cianocobalamina, na
dose de 1000 μg/cão ou a
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Ciproheptadina, na dose de 5-20
mg/cão, ambas por via oral3,23. Em
ocasiões em que o animal não volte
a se alimentar, faz-se necessário a
utilização de sondas de alimentação
posicionadas no trato gastrintestinal,
para se fornecer os nutrientes
necessários23.
Um dos principais motivos de
escolha da eutanásia pelos
proprietários de cães com caquexia
cardíaca é a anorexia3,14,16. A ação
de citocinas inflamatórias contribui
para o quadro de anorexia em cães
com ICC, pois os desequilíbrios
hormonais fazem com que os
animais apresentem um quadro de
saciedade, mesmo sem a ingestão
do alimento18.
Em mensurações de
hormônio do crescimento (GH) em
pacientes com caquexia cardíaca,
pode-se notar aumentos de seus
níveis sérico em até 3 vezes, quando
comparados aos pacientes
saudáveis, demonstrando existir
uma resistência a ação deste
hormônio nestes pacientes. Por isso,
terapias com a administração de GH
na tentativa de potencializar seus
efeitos anabolizantes não se
mostraram eficazes, devendo tais
estudos serem feitos na tentativa de
otimizar este tratamento18.
A grelina estimula a secreção
do GH e possui ação no centro da
fome. Com a privação de alimento,
os níveis de grelina plasmática
aumentam, estimulando o consumo
dos alimentos. A administração de
grelina na dose 2 μg/kg, duas vezes
por dia durante três semanas,
apresentou resultados benéficos em
pacientes humanos portadores de
caquexia cardíaca, estimulando a
ingestão de alimentos e o aumento
de massa magra24.
O neuropeptídio Y é um ácido
peptídeo com potente ação na
estimulação de apetite. Em infusão
em 7 pacientes humanos com ICC,
não se obteve efeitos sobre padrões
hemodinâmicos centrais25.
A leptina, um hormônio
protéico derivado dos adipócitos,
tem como principal objetivo controlar
e manter os estoques de gordura,
pois o aumento em sua liberação
leva a uma diminuição na ingestão
de alimento e aumento no gasto
energético. A privação alimentar leva
a queda abrupta de leptina18.
A modulação nutricional da
produção de citocina em cães
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mostrou-se bastante eficaz no
controle da caquexia cardíaca,
embora em humanos com ICC, os
agentes anti-TNF-α não provaram
ser benéficos3,16,20. O bloqueio
parcial de citocinas pode fornecer
múltiplos benefícios, tanto para a
doença base, como para a perda
muscular3. Este bloqueio pode ser
feito com o uso de ácidos graxos
polinsaturados como ômega 3, ácido
eicosapentaenóico (EPA) e ácido
docosahexaenóico (DHA),
responsáveis pela redução dos
níveis de IL-114,16,21.
Atualmente, muitas
abordagens diferentes vêm sendo
empregadas no tratamento e
controle da caquexia cardíaca em
pacientes humanos e nos cães, no
entanto, não há tratamento
específico disponível. O uso de
anabolizantes, hormônios como a
grelina, terapias com anticatabólicos
e estimulantes do apetite estão
sendo avaliados como intervenções
nutricionais12.
Ômega 3
Na última década, inúmeros
estudos foram feitos baseados na
suplementação de ácidos graxos,
principalmente de óleo de peixe
marinho. Duas séries de ácidos
graxos essenciais não podem ser
sintetizadas pelos animais e seres
humanos, devendo ser consumidas
via exógena, por meio da dieta ou de
suplementos. Estes ácidos graxos
são o ômegas 3 e o ômega 626,27.
Os ômegas 3 são derivados
do ácido alfa-linolênico (ALA),
possuem 18 carbonos e três duplas
ligações. O ômega 6 é derivado do
ácido alfa-linoléico (ALN)28. Estes
ácidos graxos podem ser
encontrados em vegetais, como a
linhaça, ou em peixes marinhos de
águas profundas, como o
salmão27,28.
O consumo ou a
suplementação do ALN favorece o
aumento do ácido aracdônico (AA)27,
nos fosfolipídios das membranas
celulares. Estes possuem
características pró-inflamatórias,
devido à síntese dos eicosanóides.
Os AA dão origem à formação das
prostaglandinas da série 2 (PG2),
tromboxano A (TXA) e leucotrienos
da série 4, importantes mediadores
envolvidos nas inflamações,
infecções, lesões teciduais, na
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modulação do sistema imune e na
agregação plaquetária5,29.
A suplementação com ALA é
responsável pela síntese de
eicosapentanóico (EPA) e
docosaexanóico (DHA)27,
precursores de mediadores
químicos menos potentes, como as
prostaglandinas da série 3 (PG3),
TXA e leucotrienos da série 5
(LTB5)29.
Um balanço na
suplementação dos ômegas 3 e 6
deve ser efeito de forma efetiva. Um
excesso de ômega 6 reduz o
metabolismo do ômega 3, levando o
déficit de seus metabólitos. Já um
aumento na ingestão de EPA e DHA
inibe o metabolismo do AA, por
competição no mecanismo da
cicloxigenase nas membranas
celulares, formando assim,
mediadores inflamatórios menos
ativos, comprometendo o sistema
imunológico e a liberação de
citocinas29.
Além da diminuição do
metabolismo de AA, também diminui
a liberação de tromboxano A2
(TXA2). Estes desequilíbrios
favorecem alterações indesejáveis
ao organismo, como diminuição na
coagulação sanguínea, diminuição
da agregação plaquetária, na
viscosidade do sangue e na
fibrinogênese, aumento da
deformidade eritrocitária e na própria
resposta inflamatória. O consumo de
ácidos graxos faz com que ocorra o
favorecimento na síntese de
eicosanóides da série ímpar, como a
PGE3, TXA3 e LTB5, que possuem
características antinflamatórias,
sendo assim, reduzida a ação de
mediadores pró-inflamatórios pela
ação dos eicosanóides5.
O EPA participa na profilaxia
de cardiopatias e no controle da
hipertensão, enquanto o DHA
também possui ação nas
cardiopatias, nas arritmias
cardíacas, além de atuar na redução
da taxa de triglicerídeos, na
resistência insulínica e no
desenvolvimento da função cerebral
e visual27. A ação dos ácidos graxos
nas cardiopatias é vista pela redução
na PA, melhora na função vascular,
diminuição na agregação plaquetária
e a produção de prostaglandinas26,30.
Além disto, atuam estimulando o
apetite em cães anoréticos3,20,30.
A suplementação diária de
EPA, em um período de 3 meses,
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apresentou efeito benéfico em
pacientes humanos com doenças
coronárias, durante o exercício,
aumentando a vasodilatação e o
fluxo sanguíneo31.
Em cães, a ação do ômega 3
é benéfica na CMD e na ICC pelos
seus efeitos anticitocinas e pela sua
ação na correção da deficiência
relativa de EPA e DHA. Afirma que
cães com CMD, suplementados com
ômega 3, apresentaram redução na
PGE2 em relação a pacientes que
receberam placebo. Esta ação do
ômega 3 relaciona-se a diminuição
de citocinas inflamatórias IL-1 e
TNF-α e no combate a anorexia em
alguns cães com ICC20.
Cães cardiopatas possuem
níveis plasmáticos reduzidos de EPA
e DHA, sendo necessária sua
suplementação. A suplementação
de 27 mg/kg/dia de EPA e 18
mg/kg/dia de DHA em cães com ICC
e caquexia cardíaca, por um período
de 8 semanas, demonstrou a
atuação desses ácidos graxos na
diminuição de valores do AA, TNF-α,
PGE e a produção de IL-1,
minimizando a perda de peso e a
melhora da caquexia nestes
pacientes20.
Atualmente, a dose
recomendada de ácidos graxos
essenciais para cães com
cardiopatias é 40 mg/kg de EPA e
25mg/kg de DHA3,14. O óleo de
fígado de bacalhau não deve ser
fornecido nestas dosagens altas,
pois contém vitamina A e D o que
pode gerar toxicidade3. A melhor
fonte de ômega 3 é o óleo de peixe,
que deve conter vitamina E como um
antioxidante3,20,27. Os óleos de
origem vegetal, como o de linhaça,
devem ser evitados pois são ricos
em ALA, que para obter seus efeitos
beneficos, devem ser convertidos
em EPA e DHA, embora cães
possuam enzimas para fazer essa
conversão estas estão presentes em
níveis reduzidos3,14.
Vitamina E
Moléculas orgânicas e
inorgânicas que apresentam átomos
com um ou mais elétrons não
pareados são classificadas como
radicais livres. Esses radicais livres
são muito instáveis e muito reativos
quimicamente, prejudicando, assim,
a homeostasia celular do animal4.
A formação dos radicais livres
acontece pela ação catalítica no
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metabolismo celular por meio de
enzimas, no citoplasma, nas
mitocôndrias e/ou nas membranas
de proteínas, lipídeos, carboidratos e
DNA4. As cardiopatias,
arteriosclerose, envelhecimento
celular, neoplasias e problemas
pulmonares levam a danos
oxidativos, aumentando a
quantidade de radicais livres e
levando à morte celular4,32. Este
estresse oxidativo é tóxico ao
sistema cardiovascular, induzindo a
produção de citocinas inflamatórias e
efeitos inotrópicos negativos. Um
aumento do estresse oxidativo e
redução de vitamina E, com a
progressão da CMD e ICC em cães
já foi comprovado33.
Os antioxidantes são
empregados para o combate dos
danos causados pelos radicais
livres4,34, conseguindo atrasar ou
inibir sua oxidação. Eles são
divididos em não enzimáticos como
o α-tocoferol (vitamina E),
curcumina, β-caroteno, ácido
ascórbico (vitamina C), flavonóides,
proteínas do plasma, selênio,
glutationa, clorofilina, L-cisteína, e os
enzimáticos, como o superóxido
dismutase, catalase, NADPH-
quinona óxido redutase, glutationa
peroxidase e enzimas de reparo4.
Atuam impedindo a formação
de radicais livres e reconstituindo as
lesões promovidas pelo excesso dos
mesmos nas moléculas de DNA4,32.
A ação dos antioxidantes varia de
acordo com o tipo de radicais livres e
os danos que estes sofreram4. Um
desequilíbrio no balanço entre
agentes pró-oxidante e antioxidante
pode aumentar o risco de
peroxidação dos lipídios, danos ao
DNA e proteínas33.
Os antioxidantes podem ser
adquiridos de forma dietética ou
produzidos de forma endógena, pelo
próprio organismo14,32,33. Alguns
estudos destacam a adição de
alguns antioxidantes (vitamina C e
vitamina E) na dieta ou por meio de
suplementos. Estes têm
demonstrado efeito benéfico na
inibição da peroxidação dos lipídeos
das membranas plasmáticas e na
proteção do DNA4.
O uso de antioxidantes
exógenos vem sendo bastante
difundido em humanos com ICC, por
causa da redução dos níveis
plasmáticos de vitamina E. Acredita-
se que, em cães, estas mesmas
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alterações possam ser encontradas.
Os estudos nesta área ainda são
falhos, embora acredite-se na
hipótese de que cães com CMD,
possuam níveis reduzidos de
vitamina E pelo aumento do estresse
oxidativo33.
Alguns estudos relacionam a
influência de alguns medicamentos
como os antagonistas β-
adrenérgicos (carvedilol,
propranolol, metoprolol),
antagonistas do canal de cálcio
(nifedipina) e IECA (captopril) no
estresse oxidativo e na concentração
de antioxidantes3,33.
A vitamina E é um termo
genérico que se refere aos tocóis e
aos tocotrienóis (α, β, δ, γ, α-
tocoferol e α, β, δ, γ tocotrienol),
sendo a forma α-tocoferol a mais
encontrada nos tecidos e no
plasma4,35,36. O α–tocoferol possui
um grupo metil no carbono 5,737. É
um antioxidante biológico com
capacidade de neutralizar os radicais
livres e evitar a peroxidação lipídica
nas membranas biológicas. Ele pode
ser encontrado em todos os tecidos
do corpo e é armazenado no
fígado35,38. Sua atuação em nível
celular inibe a proliferação de células
musculares lisas das artérias,
promove a agregação plaquetária e
a adesão de monócitos à parede do
endotélio. Outras funções
associadas ao α–tocoferol são a
captação de lipoproteínas de baixa
densidade (LDL), a oxidação e a
produção de citocinas36.
A peroxidação lipídica pode
destruir a integridade estrutural das
membranas celulares. Em estudos
laboratoriais observou-se que a
vitamina E é um antioxidante
extremamente potente,
interrompendo a oxidação destes
lipídeos, cedendo elétrons aos
radicais livres que induzem a
peroxidação lipídica e aumentando a
resistência das LDL à oxidação35,39.
Em um estudo, cães com ICC
possuem um maior estresse
oxidativo em relação a cães
saudáveis33. Os resultados de outro
estudo sugerem que os cães com
cardiomiopatia dilatada idiopática
tem aumento no estresse oxidativo
com alterações no sistema
antioxidante endógeno comparado a
cães saudáveis40.
Os níveis de vitamina E estão
relacionados com a quantidade de
ácidos graxos essenciais contidos no
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alimento do animal, pois a vitamina E
protege as gorduras contra a
rancificação, deste modo são
oxidadas antes dos ácidos graxos
insaturados e, consequentemente,
destruídas35.
Cães normalmente sofrem
danos oxidativos e, por meio de
estudos os autores concluíram que a
suplementação de vitamina E na
dieta auxilia na redução desses
danos38.
Algumas fontes de vitamina E
são o trigo, óleos de bacalhau e
sementes de girassol35. Um nível
máximo de 1000 UI de vitamina E/kg
de alimento está listado para cães,
mas não há evidências que uma
maior quantidade seria prejudicial
para os mesmos41.
O uso da suplementação de
445 e 540 UI de vitamina E/ kg
diminuiu as quantidades de
alquenais plasmáticos, diminuindo o
estresse oxidativos em cães. O SNC
possui a menor quantidade absoluta
de vitamina E comparado aos
músculos e tecido adiposo. Por meio
deste estudo obtiveram um aumento
de vitamina E nos nervos periféricos
e tecido muscular, embora no fígado
e tecido renal observou-se um
aumento menor comparado com
outros tecidos. Sendo assim, ainda
não foi estabelecida uma dose exata
de vitamina E necessária para
proteger de forma eficaz todos os
tecidos contra o estresse oxidativo38.
Considerações Finais
Atualmente na rotina da
clinica de pequenos animais existe
uma grande incidência de cães
cardiopatas, sendo de grande
ocorrência quadros de ICC e
caquexia cardíaca. A caquexia
cardíaca ainda é um grande desafio
ao clínico veterinário, devida sua
classificação subjetiva, assim como
a ausência de métodos diagnósticos
complementares usuais na rotina,
dificultando ainda mais o
reconhecimento precoce de tal
complicação clínica.
A fim de melhorar o
prognóstico desses pacientes,
muitos estudos demonstram um
efeito benéfico no uso concomitante
de ácidos graxos (ômega 3 e 6) e
antioxidantes (vitamina E), como
tratamento coadjuvante em caquexia
cardíaca e ICC. Bons resultados têm
sido encontrados no uso de ômega 3
proveniente de óleo de peixe, e
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assim como a vitamina E em cães
cardiopatas. Estes devem ser
empregados no momento do
diagnóstico de enfermidade
cardíaca, com o intuito de tentar
evitar a progressão da doença.
Entretanto novos estudos devem ser
realizados com intuito de determinar
a real quantidade necessária para
suplementação em cães.
Figura 2: Cão, fêmea, da raça Boxer com cardiomiopatia dilatada apresentando escore corporal grau 4. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 1: Cão com acometimento da valva mitral apresentando escore corporal grau 1. Fonte: Arquivo pessoal.
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Ausência de Perda Muscular
Perda Muscular Leve
Perda Muscular Moderada
Perda Muscular Acentuada
Figura 4: Índice de Massa Muscular. Fonte: Adaptado de Dr. Tony Buffington, Freeman et al., 2011.
Figura 3: Cão, macho, da raça Boxer com cardiomiopatia dilatada apresentando escore corporal grau 2. Fonte: Arquivo pessoal.
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Tabela 1: Escala de 1 a 9 de escore corporal de cães. Fonte: Adaptado de Freeman et al., 2011.
Animal muito magro
1
Costelas, vértebras lombares, ossos pélvicos e todas as proeminências ósseas visíveis à distância. Ausência de gordura corporal perceptível. Perda de massa muscular evidente.
2
Costelas, vértebras lombares e ossos pélvicos facilmente visíveis. Ausência de gordura palpável. Algumas proeminências ósseas podem ser visíveis. Perda mínima de massa muscular.
3
Costelas facilmente palpáveis e podem estar visíveis sem gordura palpável. Ossos pélvicos tornando-se visíveis. Topo das vértebras lombares visível. Cintura e reentrâncias abdominais evidentes.
Animal com peso ideal
4 Costelas facilmente palpáveis com cobertura adiposa mínima. Vista de cima, a cintura é facilmente observada. Reentrância abdominal evidente.
5
Costelas palpáveis sem cobertura adiposa excessiva. Vista de cima, a cintura é observada atrás das costelas. Abdome retraído quando visto de lado.
Animal muito pesado
6
Costelas palpáveis com leve excesso de cobertura adiposa. Cintura visível quando vista de cima, mas não é acentuada. Reentrância abdominal aparente.
7
Costelas palpáveis com dificuldade; grossa cobertura adiposa. Depósito de gordura evidente sobre a área lombar e a base da cauda. Cintura ausente ou sutilmente visível. A reentrância abdominal pode estar presente.
8
Impossível palpar as costelas situadas sob a cobertura adiposa muito densa ou palpáveis somente com pressão acentuada. Denso depósito de gordura sobre a região lombar e a base da cauda. Cintura inexistente. Ausência de reentrância abdominal, podendo existir distensão abdominal evidente.
9
Depósitos de gordura maciços sobre o tórax, espinha e base da cauda. Depósitos de gordura no pescoço e membros. Distensão abdominal evidente.
Figura 6: Grau 4 de caquexia e escore corporal grau 2. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 5: Grau 0 de caquexia e escore corporal grau 5. Fonte: Arquivo pessoal.
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Recebido em: Abril de 2015
Aceito em: Julho de 2015
Publicado em: Julho de 2015