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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO TRÊS RIOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE - DCMA
CÁLCULO DO ÍNDICE DE ARBORIZAÇÃO URBANA (ÍNDICE DE
ÁREA VERDE) COMO INDICADOR DA QUALIDADE
SOCIOAMBIENTAL PARA A CIDADE DE TRÊS RIOS, RJ.
Raphael Fonseca de Sá Silva
ORIENTADOR: Prof. Dr. Sady Júnior M. da C. De Menezes
TRÊS RIOS - RJ
JUNHO – 2016
I
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO TRÊS RIOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE - DCMA
CÁLCULO DO ÍNDICE DE ARBORIZAÇÃO URBANA (ÍNDICE DE
ÁREA VERDE) COMO INDICADOR DA QUALIDADE
SOCIOAMBIENTAL PARA A CIDADE DE TRÊS RIOS, RJ.
Raphael Fonseca de Sá Silva
Monografia apresentada ao curso de Gestão Ambiental,
como requisito parcial para obtenção do título de
bacharel em Gestão Ambiental da UFRRJ, Instituto Três
Rios da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
TRÊS RIOS - RJ
JUNHO – 2016
II
Silva, Raphael Fonseca de Sá, 2016
Cálculo do índice de arborização urbana ( índice de área verde ) como indicador da
qualidade socioambiental para a cidade de Três Rios, rj.. - 2016.
35p. : grafs., tabs.
Orientador: Sady Júnior M. da C. De Menezes.
Monografia – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto Três Rios.
Bibliografia: f. 35-38.
1. Geoprocessamento - Sensoriamento Remoto - Planejamento Territorial Urbano -
Vegetação Urbana
I. Silva, Raphael Fonseca de Sá. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Instituto Três Rios.
III
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO TRÊS RIOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE - DCMA
CÁLCULO DO ÍNDICE DE ARBORIZAÇÃO URBANA (ÍNDICE DE
ÁREA VERDE) COMO INDICADOR DA QUALIDADE
SOCIOAMBIENTAL PARA A CIDADE DE TRÊS RIOS, RJ.
Raphael Fonseca de Sá Silva
Monografia apresentada ao Curso de Gestão Ambiental
como pré-requisito parcial para obtenção do título de
bacharel em Gestão Ambiental da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Instituto Três Rios da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Aprovada em 15/06/2016
TRÊS RIOS - RJ
JUNHO – 2016
IV
AGRADECIMENTO
Primeiramente agradeço ao meu protetor São Jorge Guerreiro, que permeou minhas
orações e sempre renovou minhas forcas ao longo dessa caminhada.
Agradeço de coração a todos que de alguma maneira contribuíram com essa
conquista, fossem nos momentos serenos ou de apreensão.
À minha companheira Tayná Bernardes Miguel, que faz parte de toda a minha
história, que me estimulou a embarcar nessa jornada e me incentivou em cada momento
difícil. Além de estar sempre forte e dedicada ao meu lado, me inspirando e dando o exemplo
de ser humano forte e batalhador.
À memoria do meu Avô Jurandir de Sá, homem trabalhador e dedicado à família,
que representou um exemplo a ser seguido, sempre transbordando honestidade, carinho e
amor.
Aos meus pais Luiz Fabiano e Josiane, que apesar das dificuldades envolvidas na
educação de um jovem, conseguiram superá-las, tornando assim exemplo de vida e
contribuindo com a minha formação.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Sady Júnior Martins da Costa de Menezes, que
acreditou em mim. Ouviu pacientemente as minhas considerações e partilhou as suas ideias,
conhecimentos e experiências, fazendo com que isso me motivasse. Quero expressar o meu
reconhecimento e admiração pela sua competência profissional e minha gratidão pela sua
amizade, por seus conselhos, por ser um profissional extremamente qualificado e pela forma
humana que conduziu minha orientação e toda a minha passagem em suas disciplinas e
experiências profissionais.
Aos docentes tanto do curso de Gestão Ambiental quanto dos demais cursos do
Instituto Três Rios que fizeram parte dessa jornada acadêmica, agradeço pela troca de
conhecimentos e experiências que foram tão importantes na minha vida acadêmica e pessoal,
contribuindo assim para o meu novo olhar profissional e humano. Em especial, ao Professor
Dr. Marcelo Cid de Amorim por todas as oportunidades, conversas, conhecimento
compartilhado e incentivo que fazem parte da nossa amizade.
V
Aos meus colegas de curso, deixo meu sincero agradecimento, que de alguma
maneira tornaram a minha vida acadêmica mais desafiante e descontraída. Peço a Deus que os
abençoe grandemente, preenchendo seus caminhos com muita paz, amor, saúde e
prosperidade. Em especial as minhas amigas, Jordaica Neves e Priscila Lima e meus amigos
João Felipe Biancadi, Leandro Souza, Maike Motta, Pedro Morais e Lucas Arguello por todos
os momentos vivenciados nesses 5 anos.
Agradeço à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, por ter me permitido
vivenciar uma graduação publica de qualidade, prezando pela ética profissional. Ao
Laboratório Geotecnologias - Núcleo de Análise e Prevenção de Desastres Naturais (GEO3R)
deixo minha gratidão por ser parte desse projeto.
Agradeço ainda, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico, pela bolsa de estudo concedida, permitindo assim, que eu iniciasse meu
conhecimento pelo mundo científico.
VI
Epigrafe
“Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar...”
Antônio Gonçalves Dias, Canção do Tamoio.
VII
RESUMO
O presente trabalho objetivou alcançar um índice de área verde urbana para as ilhas
de urbanização da cidade de Três Rios-RJ. Foi utilizada a base de dados do IBGE,
disponibilizada de forma gratuita, e processada pelos programas Erdas Imagine 9.2 e ArcGIS
10.3.1. Encontrou-se um índice igual a 97,925 m2/hab., considerando a divisão da área coberta
por vegetação (árvore) classificada (Cenário 1) e índice igual a 230,596m2/hab., considerando
a divisão do somatório da área coberta por vegetação (árvore) e pasto (Cenário 2) pelo
número total de habitantes da cidade de Três Rios, segundo dados do IBGE (2010). O índice
obtido revelou que as áreas urbanas de Três Rios possuem um índice de área verde expressa
em m2/hab. bastante elevado, valor esse, que supera os níveis referenciais estabelecidos pela
OMS de 12m2/hab. e pela SBAU de 15m
2/hab. Concluiu-se que apesar do elevado número
encontrado no resultado, é necessário um estudo com uma base de dados atual e de melhor
qualidade em termos de resolução espacial e temporal, possibilitando assim realizar um
trabalho mais exato, o qual fará não apenas uma análise quantitativa, mas também qualitativa
das áreas verdes urbanas do município, de forma que posteriormente sejam traçadas
estratégias voltadas para um melhor uso dessas áreas pela população.
Palavras Chave: Geoprocessamento; Sensoriamento Remoto; Planejamento
Territorial Urbano, Vegetação Urbana.
VIII
ABSTRACT
This study objected to reach an index of urban green area in the Três Rios city. It was
based on IBGE numbers. Two programs were used to process the information - Erdas Imagine
9.2 and ArcGIS 10.3.1. It was determined two sceneries: the index in the scenery 1 was
97.925 m2/hab. This number was given to division among green areas (just trees) to number
of habitats the city (IBGE, 2010). In the scenery 2 the index was 230.596 m2/hab, considering
green area the amount among trees and pasture. The index revealed to the city has a hight
green area. The number to top expectations of that was established by OMS (12m2/hab) and
SBAU (15m2/hab). It follows that it is necessary a research with actually information to
realize an accurate study. That will be no merely numbers, but information based on
qualitative information. It will provide the creation of strategy to improve the use of green
areas.
Keywords: Geoprocessing; Remote sensing; Territorial Urban, Urban Vegetation
planning.
IX
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
ANAC – Agencia Nacional de Aviação Civil
AV - Áreas Verdes;
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente;
H – Nº de habitantes;
hab. – Habitantes;
IAV - Índice de Áreas Verdes;
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
ITR – Instituto Três Rios;
m2 – metro quadrado;
MAXVER - Maximum Likelihood;
OMS – Organização Mundial da Saúde;
PDAU - Plano Diretor da Arborização Urbana;
SBAU – Sociedade Brasileira de Arborização Urbana;
UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
VANT - Veiculo Aéreo Não Tripulado.
X
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa da localização do município de Três Rios, destacando-o no mapa do Estado
do Rio de Janeiro..............................................................................................................Pag 5
Figura 2: Mapa de Três Rios com a localização dos principais aglomerados
industriais..........................................................................................................................Pag 8
Figura 3: Censo demográfico 1980, 1991, 2000 e 2010 e contagem da população
1996.................................................................................................................................Pag 12
Figura 4: Ortomosaico das áreas urbanas da cidade de Três Rios...............................Pag 23
Figura 5: Recorte ampliado da área urbana central evidenciado a aplicação de Brilho e o
Contraste...........................................................................................................................Pag 23
Figura 6: Chave de interpretação das feiçoes................................................................Pag 24
Figura 7: Mapa das áreas urbanas da cidade de Três Rios, com as feições a
classificar...........................................................................................................................Pag 25
Figura 8: Ortomosaico + Imagem Classificada segundo o classificador proposto
MAXVER..........................................................................................................................Pag 27
Figura 9: Imagem Classificada segundo o classificador proposto MAXVER.................Pag 27
Figura 10: Imagem transformada de Raster para Polígono (Vetor)..................................Pag 28
Figura 11: Resultado da Classificação Supervisionada para a Área Central da cidade de Três
Rios....................................................................................................................................Pag 31
Figura 12: Classificação Supervisionada, bairro Pilões..................................................Pag 31
Figura 13: Classificação Supervisionada, bairro Nova Niterói......................................Pag 32
Figura 14: Classificação Supervisionada, bairro Moura Brasil......................................Pag 32
Figura 15: Classificação Supervisionada, Ilha do Sola....................................................Pag 33
Figura 16: Classificação Supervisionada, Distrito de Bemposta.....................................Pag 33
Figura 17: Classificação Supervisonada, bairro Ponto Azul...........................................Pag 34
Figura 18: Estatística da feição Árvore...........................................................................Pag 36
Figura 19: Estatística da feição Pasto...............................................................................Pag 37
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Amostras Coletadas.................................................................................................25
Tabela 2. Área de cada feição em metro quadrado (m2) e hectare (ha). ...............................34
ANEXO
Figura 20. Mosaico de imagens obtidas por meio de VANT, Ilha do Sola.............................43
Figura 21.Mosaico de imagens obtidas por meio de VANT, Complexo Industrial................44
Layouts: Mapas Finais........................................................................................................45-54
XII
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVO ........................................................................................................................... 4
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................... 5
2.1 ÁREA DE ESTUDO - TRÊS RIOS ..................................................................................... 5
2.2.1 A importância das áreas verdes para ambientes urbanos. ............................................... 11
2.2.2. Valores mínimos de referência da OMS e SBAU .......................................................... 15
2.2.3. Legislação brasileira – áreas verdes ............................................................................... 16
2.2.4. Plano diretor do município de Três Rios: Zoneamento Municipal ................................ 17
2.3 AEROLEVANTAMENTO: POSSIBILIDADES E INOVAÇÕES .................................. 19
2.3.1. Ortofotos ........................................................................................................................ 19
2.4 Beneficios das areas verdes nas cidades ............................................................................. 21
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 22
3.1 CONFECÇÃO DO ORTOMOSAICO DA ÁREA EM ESTUDO ................................... 22
3.2 PROCESSAMENTO DA BASE DE DADOS .................................................................. 23
3.2.1 Coleta das amostras de treinamento ............................................................................... 23
3.2.2 Classificação da imagem segundo as feições propostas ................................................. 26
3.3 CÁLCULO DO IAV – ÍNDICE DE ÁREA VERDE ........................................................ 28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 29
4.1. PONDERAÇÕES PARA ANÁLISE GEOESPACIAL PARA AS FEIÇÕES DE
ÁRVORES, PASTOS E INFRAESTRUTURA URBANA. .................................................... 29
4.1.1. Árvores ........................................................................................................................... 29
4.1.2. Pastos .............................................................................................................................. 30
4.1.3 Infraestrutura urbana........................................................................................................ 30
4.2. PROCESSAMENTO SEGUNDO OS CRITÉRIOS PROPOSTOS ................................. 30
XIII
4.3. ANÁLISE DE CENÁRIOS SEGUNDO AS INFORMAÇÕES OBTIDAS APÓS A
CLASSIFICAÇÃO PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE DE ÁREAS VERDES (IAV) .......... 35
4.3.1. Cenário 1: feição de árvore: ........................................................................................... 35
4.3.2. Cenário 2: feição de árvore + feição de pasto: ............................................................... 36
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 37
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 38
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 40
8. ANEXOS .............................................................................................................................. 43
8.1 IMAGEM DE TRÊS RIOS: VANT SENSEFLY SWINGLET CAM – ITR/UFRRJ –
LABORATÓRIO DE GEOTECNOLOGIAS - GEO3R .......................................................... 43
9. LAYOUTS – MAPAS FINAIS ............................................................................................ 44
1
1. INTRODUÇÃO
A segunda metade do século XX se revelou como um importante período no
que tange às discussões relacionadas às questões urbanas brasileiras. Isso se deu devido ao
acelerado processo de transformação que as cidades brasileiras tem passado. Resultado da
transição de uma economia de base agrária para uma economia industrial, o súbito
desenvolvimento das cidades brasileiras faz sua população urbana quase dobrar em 40 anos.
Passa de 44,7% do total dos brasileiros em 1960 para 81,2% no ano 2000 (BRASIL, 2005).
Hoje em dia, discute-se não apenas crescimento econômico, fala-se também em desenvolvido
sustentável e qualidade de vida de todos que habitam nas cidades. Esse pensamento traz à
tona a necessidade de serem analisadas todas as dimensões socioambientais envolvidas para o
planejamento e gestão urbana.
“Desde a década de 1970 as cidades brasileiras têm
sofrido as mais intensas transformações. A busca pela compreensão
da diversidade dos aspectos do espaço urbano, relacionados às suas
dimensões socioambientais, tornou-se uma preocupação cada vez
mais presente para o planejamento e a gestão urbana. Os temas
relacionados à qualidade ambiental das áreas urbanas vêm
sendo debatidos por diversos pesquisadores nos níveis técnicos
e científicos” (BARGOS & MATIAS, 2011).
O desenvolvimento sustentável traz consigo a necessidade de se voltar o olhar para as
questões relacionadas ao meio ambiente e qualidade social e não apenas ao avanço
econômico. Salienta-se que um município necessita de um sistema de áreas verdes que
produza o equilíbrio necessário à garantia da qualidade de vida. A qualidade de vida é
garantida pela Constituição Brasileira, pelo Direito Ambiental, pelos Direitos Humanos, pelas
Constituições Estaduais e pelas legislações do município. É urgente, para todos os habitantes,
a adoção de parâmetros que tracem os caminhos para o desenvolvimento sustentável. Sendo
assim, é necessário que seja pensado em um planejamento urbano a proporção de áreas verdes
e a quantidade de habitantes por metro quadrado nas cidades.
2
Permeando os caminhos do desenvolvimento sustentável, para que a população
urbana tenha qualidade de vida, salienta-se que além de uma educação que proporcione níveis
elevados de conhecimento e serviços de saúde é necessário um ambiente com qualidade.
Entende-se que a população urbana depende para o seu bem estar, não só de educação,
cultura, equipamentos públicos, mas também de um ambiente com qualidade, e a vegetação
quando presente interfere positivamente na qualidade de vida dos habitantes da cidade (LIMA
& AMORIM, 2006).
A temática se revela de suma importância visto que as áreas verdes têm influencia
direta na qualidade de vida das pessoas que habitam nesses locais. Lima & Amorim (2006)
salientam que as áreas verdes são importantes para a qualidade ambiental das cidades, já que
assumem um papel de equilíbrio entre o espaço modificado para o assentamento urbano e o
meio ambiente.
“Os termos áreas verdes, espaços/áreas livres, arborização
urbana, verde urbano, têm sido frequentemente utilizados no meio
científico com o mesmo significado para designar a vegetação
intraurbana. No entanto, pode-se considerar que a maioria deles não
são sinônimos, e tampouco se referem aos mesmos elementos. A
falta de consenso em relação ao termo áreas verdes se evidencia,
entre outras coisas, na dificuldade para o mapeamento e
classificação/categorização dessas áreas, além das tentativas de
comparações entre os diferentes índices de áreas verdes (IAV)
obtidos segundo o emprego de diferentes metodologias
retratando localidades diversas” (BARGOS & MATIAS, 2011).
Bargos & Matias (2011) revelam que ainda existe uma dificuldade substancial em se
caracterizar o que são áreas verdes nos espaços urbanos, visto a dificuldade de mapeamento e
classificação dessas áreas.
Pensando nesse contexto, e identificando quão carente o meio científico ainda é
quanto ao mapeamento e classificação dessas áreas urbanas, o presente trabalho objetiva então
contribuir justamente com isso. Por meio da análise de imagens obtidas por aerolevantamento,
3
advindas da base de dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sendo
estas de domínio público e gratuitas objetivou-se calcular a área arborizada urbana (área
verde) por habitante (m2/habitante) pelo computo do Índice de Arborização Urbana para a
cidade de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro, a fim de que fosse determinado o Índice de
Arborização Urbana dessa cidade (todo o perímetro urbano e bairros, individualizando-os),
bem como relacionar este índice como indicador da qualidade socioambiental pela análise dos
valores encontrados em relação aos valores mínimos de referência da OMS e SBAU - área
verde (m2) por habitante. Além disso, esse trabalho proporcionou o desenvolvimento de uma
metodologia eficaz e de baixo custo para uso dos órgãos públicos no município Três Rios e
futuramente em todo o Brasil, utilizando ferramentas de Geoprocessamento e Sensoriamento
Remoto, de forma a nortear quanto às políticas públicas de gestão territorial e ocupação do
solo no que tange o desenvolvimento urbano da cidade, objetivando atender os valores
mínimos de referência da OMS e SBAU. Para tanto, deseja-se também que a partir disso, haja
a disseminação do uso de informações espaciais (imagens aéreas e orbitais) de domínio
público e gratuito, advindas de centros de pesquisa tais como o INPE – Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais e outros órgãos (IBGE, EMBRAPA, Universidades, etc.) e o
uso de ferramentas de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto para fins de análise,
gerenciamento e tomada de decisão pelos órgãos públicos.
A escolha da área de estudo torna-se fundamental por conter também o campus da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – Instituto Três Rios, órgão este que propõe a
pesquisa atual de forma a nortear e subsidiar futuros projetos e atividades no município de
Três Rios/RJ. O município de Três Rios, localizado na região Centro-Sul Fluminense do
Estado do Rio de Janeiro, tem vivenciado um acelerado processo de dinamização
econômica através do renascimento do setor industrial local. O posicionamento geográfico
e logístico privilegiado do município garante vantagem em relação a outras regiões. Está
situado em um importante entroncamento rodoferroviário do país, com fácil acesso às
principais capitais brasileiras, centros de consumo e de oferta de matéria-prima e insumos
para o setor secundário. Desde 2003, vem se aliando a essa vocação logística do município
uma intensa política de incentivos fiscais que estimula a atração de empresas e a expansão de
investimentos. A industrialização acelerada, considerada sob o ponto de vista de seus
impactos territoriais, por um lado, implica o surgimento de novas áreas de expansão urbana e
4
o fortalecimento da atividade imobiliária local, consideradas como novas oportunidades para
o desenvolvimento do município. Por outro lado, favorece a ocorrência de problemas
ambientais e de crescimento urbano desordenado, com possíveis consequências maléficas
que incluem questões de infraestrutura urbana como trânsito, transporte, lixo e
saneamento, e outras de ordem socioeconômica como favelização e criminalidade
(ALMEIDA, 2012).
1.1 OBJETIVO
O presente estudo objetivou determinar o Índice de Arborização Urbana para a
cidade de Três Rios e relacionar este índice como indicador da qualidade socioambiental pela
análise dos valores encontrados em relação aos valores mínimos de referência da OMS e
SBAU - área verde (m2) por habitante;
Pretendeu-se também desenvolver uma metodologia eficaz e de baixo custo para uso
dos órgãos públicos no município Três Rios e futuramente em todo o Brasil, utilizando
ferramentas de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto, de forma a nortear quanto às
políticas públicas de gestão territorial e ocupação do solo no que tange o desenvolvimento
urbano da cidade, objetivando atender os valores mínimos de referência da OMS e SBAU, de
forma que fossem disseminadas o uso de informações espaciais de domínio público e
gratuito, advindas de centros de pesquisa como IBGE, EMBRAPA, Universidades, etc. e o
uso de ferramentas de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto para fins de análise,
gerenciamento e tomada de decisão pelos órgãos públicos.
5
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ÁREA DE ESTUDO - TRÊS RIOS
O Município de Três Rios (Figura 1) localiza-se a uma latitude 22°07’00” SGw e a
uma longitude 43°12’33”OGw. Abrange um território de 326,135 km², a 269 m de altitude,
com topografia marcada por morros arredondados. Posicionado no entroncamento
rodoferroviário formado pelas BR-040 e BR-393 e as linhas férreas Central do Brasil e
Leopoldina, ocupa posição central do perímetro circunscrito pelas principais capitais do
sudeste brasileiro . Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte estão, respectivamente, a
120, 440 e 320 quilômetros de distância. Três Rios possui uma população de 77.432
habitantes, segundo dados do último Censo do IBGE (2010).
Figura 1 – Mapa da localização do município de Três Rios
Fonte: Google Maps 2016.
Segundo Mariano & Pinto (2011) Três Rios já se destacou pela industrialização
principalmente no ramo ferroviário e de alimentos, tendo declinado com a quebra de duas
importantes empresas da região, principalmente a Companhia Industrial Santa Matilde
fabricante de automóveis, vagões e tratores. A Santa Matilde, fábrica mineira vinda do
6
município de Conselheiro Lafaiete atraída por incentivos fiscais estaduais, especializava-
se na produção de vagões. A diversidade de modelos e a quantidade da produção eram
algumas de suas destacadas características. De vagões de carga a passageiros, a empresa
fornecia seus produtos para sistemas de transporte metro ferroviários de grandes
metrópoles brasileiras e para consórcios de empresas estrangeiras. Expandiu seus negócios
para a produção de implementos agrícolas e para um projeto de produção de um automóvel
esportivo nacional (em 1975), o que lhe rendeu ainda mais notoriedade. O excelente
desempenho obtido entre meados da década de 1970 e 1980 colocou a Companhia em
posição central na economia local, considerada então o principal empregador do município.
A partir de 1980, a economia brasileira entrou em declínio. Diante da realidade adversa,
marcada por corte dos investimentos estatais, restrição às importações e aceleração da
inflação, a Santa Matilde, cuja atividade dependia de financiamentos públicos e
investimentos estatais no setor ferroviário, começou a dar seus primeiros sinais de fraqueza.
A partir daí, a empresa entrou em um longo processo de queda, que perdurou por mais
de duas décadas, até a decretação formal de sua falência em 2005. Como consequência,
as empresas fornecedoras que orbitavam sua grande cliente, agora falida, migraram para
outros centros (Volta Redonda e Rio de Janeiro, principalmente), contribuindo para o
aumento do desemprego e da desarticulação do setor metal-mecânico da região. O fim da obra
de construção da rodovia BR-040, em 1985, também significou o fechamento de postos de
trabalho e a evasão de técnicos e engenheiros de Três Rios.
Segundo Almeida (2012), a fase de estagnação econômica perdurou de meados dos
anos 1980 até o fim da década seguinte. O comércio, neste período, desempenhou importante
papel na sustentação da economia local. O início da articulação do Poder Público e da
iniciativa privada em busca de alternativas para o setor industrial tomou lugar entre os anos
de 1996 e 1998, ainda que sem um projeto ou plano de desenvolvimento definido.
Dentre essas primeiras ações, destacou-se a tentativa de recuperação da
Companhia Industrial Santa Matilde através da instalação de outra empresa ligada ao setor
ferroviário (T’Trans) no antigo parque industrial da empresa falida para gerir sua produção de
vagões. A T'trans foi fundada em novembro de 1997. A T’Trans atua no segmento metro
ferroviário realizando serviços nas áreas de Energia, Sinalização e Controle,
7
Telecomunicações, Sistemas Auxiliares, Bilhetagem Eletrônica e Material Rodante. O
contrato iniciou-se no ano de 1998 conforme exposto por Almeida (2012). “Em 16 de
março de 2011 foi anunciado oficialmente pelo governador do Estado do Rio de Janeiro,
o presidente da Nestlé no Brasil e o prefeito de Três Rios a instalação da terceira fábrica da
Nestlé no Estado e a 31ª do país, cuja sede é o município de Três Rios”
“Em 08 de fevereiro de 2012 o prefeito de Três Rios e o
governador do Estado do Rio de Janeiro anunciaram a instalação da
fábrica de ônibus Neobus, a terceira do setor no Brasil. Quando
estiver em pleno funcionamento, a fábrica da Neobus terá
capacidade para produzir 13 ônibus urbanos e alguns modelos de
micro-ônibus por dia irá gerar 1.200 empregos diretos” (ENTRE
RIOS JORNAL, 2012).
Conforme Almeida (2012) nos últimos anos a cidade recebeu mais de
novecentas novas empresas, sendo cento e dez só no setor industrial, conforme Figura
2.
Destacam-se as multinacionais já instaladas como a Nestlé e a Latapack-Ball
(fabricante de embalagens de alumínio) e a Neobus (fabricante de ônibus com sede no Rio
Grande do Sul), todas com altos investimentos e instalações de grande de porte.
Destaca-se também o renascimento do complexo das antigas instalações da empresa
Santa Matilde, hoje com novas indústrias em atividade.
8
Figura 2: Mapa de Três Rios com a localização dos principais aglomerados industriais.
Fonte: ALMEIDA (2012)
O estudo foi realizado no perímetro urbano da cidade de Três Rios, Estado do Rio de
Janeiro. Subdividiu-se o perímetro urbano em “Área Central” região que contempla um
aglomerado de bairros limítrofes e outros bairros que representam ilhas isoladas de
urbanização, sendo eles, Ilha do Sola, Moura Brasil, Nova Niterói, Pilões, Ponto Azul e
Bemposta. Para tal tarefa foi utilizado a base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) que se encontra disponível de forma gratuita na internet, coletando então
ortofotos (2006) e dados censitários (2010) para alimentar a pesquisa permitindo o
processamento de dados que visaram mapear áreas de pasto, remanescente florestal urbano, e
Infraestrutura urbana que na metodologia desenvolvida nesta pesquisa englobou feições de
urbanização e solo exposto, com isso possibilitando uma posterior mensuração das feições
visando obter a área (em metro quadrado, m2) de tais feições, para assim realizar o respectivo
cálculo do Índice de Área Verde (IAV) pela divisão da área verde (metro quadrado, m2) pelo
número total de habitantes, fornecendo assim o total de área verde por habitante (m2/hab.) no
município de Três Rios/RJ.
9
2.2. ÁREAS VERDES
O discurso do desenvolvimento sustentável suscita a necessidade da conscientização
e adequação dos planos diretores dos municípios quanto à questão da preservação ou criação
de áreas verdes. Partindo dessa premissa, é necessário que haja um entendimento sobre a
conceituação dessas áreas, pois o ambiente urbano pode ser vislumbrado como um sistema
aberto, o qual é formado por uma porção natural (meio físico e biológico) e outra antrópica
(sociedade e suas atividades).
Diante disso, Bargos & Matias (2011) destacam que o termo mais utilizado para
designar a vegetação urbana é “áreas verdes”. No entanto, ainda existe uma falta de consenso
sobre esta terminologia. Isso se dá, dentre outras coisas visto as tentativas de comparação os
variados índices de áreas verdes (IAV), obtidos por meio do emprego de diversas
metodologias para diferentes cidades.
“Os termos áreas verdes, espaços/áreas livres, arborização
urbana, verde urbano, têm sido frequentemente utilizados no meio
científico com o mesmo significado para designar a vegetação
intraurbana. No entanto, pode-se considerar que a maioria deles não
são sinônimos, e tampouco se referem aos mesmos elementos”
Bargos & Matias (2011).
Troppmair & Galina (2003) definem áreas verdes como espaços abertos com
cobertura vegetal e uso diferenciado, que integram o tecido urbano e a população tem acesso.
“As áreas verdes urbanas são consideradas como o
conjunto de áreas intraurbanas que apresentam cobertura vegetal,
arbórea (nativa e introduzida), arbustiva ou rasteira (gramíneas) e
que contribuem de modo significativo para a qualidade de vida e o
equilíbrio ambiental nas cidades. Essas áreas verdes estão presentes
numa enorme variedade de situações: em áreas públicas; em áreas de
preservação permanente (APP); nos canteiros centrais; nas praças,
parques, florestas e unidades de conservação (UC) urbanas; nos
10
jardins institucionais; e nos terrenos públicos não edificados. São
exemplos dessas áreas: praças; parques urbanos; parques fluviais;
parque balneário e esportivo; jardim botânico; jardim zoológico;
alguns tipos de cemitérios; faixas de ligação entre áreas verdes.”
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2016).
Andrade (2004) apud Benini & Matin (2011) salientam que “áreas verdes, são
quaisquer áreas plantadas”. Grey e Deneke (1986) apud Benini & Matin (2011) definem estas
áreas como sendo compostas por áreas de rua, parques e áreas verdes em torno de edifício
público e outros tipos de propriedades públicas e privadas.
Cavalheiro et al. (1999) apud Benini & Matin (2011) afirmam que área verde é
um tipo especial de espaços livres onde o elemento fundamental de composição é a
vegetação. Lima et al. (1994, p. 549) apud Benini & Matin (2011) afirmam que área verde é
uma categoria de espaço livre, desde que haja predominância de vegetação arbórea,
como por exemplo: praças, jardins públicos e parques urbanos.
Londe & Mendes (2014) “destacam que as diferentes
terminologias utilizadas para designar áreas verdes, não possuem o
mesmo significado, embora todas façam parte do “verde urbano”,
com exceção dos espaços livres, que por ser um termo mais
abrangente, podem ou não se incluir nesta categoria. Porém, cada
uma com suas especificidades contribuem para qualidade
ambiental das cidades e para melhoria da qualidade de vida de seus
habitantes”.
Os autores destacam ainda, que simplificando o assunto que espaços livres são áreas
não construídas e que as áreas verdes são um tipo especial de espaço livre, onde o elemento
fundamental de sua composição é a vegetação. As áreas verdes devem satisfazer três objetivos
principais: estético, ecológico-ambiental e de lazer e servir a população, proporcionando uso e
condições para recreação. Logo, áreas urbanas como parques, praças, bosques, balneários,
playgrounds, camping, margens de rios e lagos que satisfazem os requisitos descritos, são
consideradas áreas verdes.
11
2.2.1 A importância das áreas verdes para ambientes urbanos.
O crescimento urbano e as recentes demandas por infraestrutura, moradia, transporte
e qualidade de vida em seu âmbito geral tem sido tema recorrente a partir da segunda metade
do século XX. As paisagens urbanas ao longo dos anos têm se modificado de maneira
acelerada.
“Diante dessa nova paisagem urbana destacam-se as
modificações na paisagem com o consequente comprometimento da
qualidade do meio físico, insalubridade e péssima qualidade de vida.
A verificação da qualidade ambiental das cidades é cada vez mais
evidente e importante, pois é no espaço urbano que os problemas
ambientais geralmente atingem maior amplitude, notando-se
concentração de poluentes no ar e na água, a degradação do solo e
subsolo, em consequência do uso intensivo do território pelas
atividades urbanas” Lombardo (1985) apud Londe & Mendes
(2014).
“A questão ambiental se agrava e ganha importância cada
vez mais à medida que as cidades se expandem e se apropriam
demasiadamente dos recursos naturais, pois se tornaram o local em
que grande parte da população mundial se concentra, e a
consequência disso é a transformação do espaço natural. Considera-
se que o ambiente urbano é formado pelo sistema natural (meio
físico e biológico) e pelo sistema antrópico (constituído pela
sociedade e suas atividades). Entretanto, não funciona como um
ambiente fechado onde a sociedade encontra tudo o que necessita,
mas sim como um sistema aberto, dependendo de recursos do meio
ambiente”. Lima & Amorim (2006).
De acordo com o senso do IBGE do ano de 2010, cerca de 84% da população vive
em áreas urbanas (Figura 3).
12
Figura 3: Censo demográfico 1980, 1991, 2000 e 2010 e contagem da população 1996.
Fonte IBGE, 2016.
Esse percentual traduz quão significante é a parcela da população que vive nas
cidades. Esse cenário traz consigo interferências significativas nas paisagens. Por muitas
vezes, essas modificações nos meios urbanos trazem consigo prejuízos à biodiversidade e
comprometimento da qualidade de vida das pessoas. A premissa do desenvolvimento
sustentável reflete que tão importante quanto o desenvolvimento econômico, é que este venha
junto com o pensamento na qualidade de vida das gerações futuras, ou seja, esse
desenvolvimento precisa estar atrelado à conservação do meio ambiente e qualidade social.
“As árvores urbanas e as vegetações associadas têm
inúmeros usos e funções no ambiente urbano. Além do uso estético e
arquitetônico, a vegetação urbana desempenha várias funções de
engenharia. As árvores urbanas são importantes para a sociedade
porque a maioria das pessoas vive nas cidades. As árvores ajudam
na melhoria da qualidade de vida das pessoas, contribuem para o
lazer, conforto e bem-estar das pessoas. As árvores fazem parte de
nossa vida diária” (DE ARAUJO & DE ARAUJO, 2011).
13
Posto isso, esse cenário traz à tona a necessidade de conscientização sobre quão relevante são
as áreas verdes para a qualidade de vida de uma população. Pensando sobre o assunto
Ernstson et al. (2010) destacam que as áreas verdes urbanas, tais como praças, parques,
florestas urbanas, terrenos baldios, hortas e até mesmo cemitérios, tem papel relevante
na sobrevivência dos ecossistemas, pode-se destacar a absorção de CO2, manutenção da
polinização, dispersão de sementes, manutenção dos predadores de herbívoros e outros
processos ecológicos importantes.
“Nas cidades, a busca pela qualidade de vida tem
orientado a elaboração e implantação de políticas públicas
objetivando o bem-estar coletivo. Todavia, não somente
administradores públicos, mas também pesquisadores de diversas
áreas têm encontrado grande dificuldade de definir o que vem a ser
qualidade de vida, devido o caráter subjetivo do conceito, o qual está
estritamente relacionado com o atendimento das necessidades
humanas, frente ao contexto sociocultural e econômico que o
indivíduo esteja inserido. Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), conceitua-se qualidade de vida como "a
percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto
da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em
relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações"
(THE WHOQOL GROUP, 1995).
Pensando quão necessário é proporcionar qualidade de vida às pessoas que habitam
nas cidades, salienta-se a importância das áreas verdes nas cidades, visto que essas áreas
contribuem segundo Nucci (2008) com a integração do ser humano com a natureza e
proporcionam dessa forma diminuição da “angústia”. Essa afirmação traduz que existe uma
relação direta com o estado emocional e psicológico e o índice de áreas verdes de um local.
“Desde a Antiguidade, as áreas verdes e jardins tinham
finalidades de passeio, lugar para expor luxo e de repouso.
Atualmente com os problemas gerados pelas cidades modernas, elas
e os parques e jardins são uma exigência não só para a ornamentação
urbana, mas também como necessidade higiênica, de recreação e
principalmente de defesa do meio ambiente diante da degradação
14
das cidades. São destinadas para comportar o verde urbano e
também um indicador muito importante para a qualidade ambiental.
A troca do verde das paisagens pelo concreto das construções das
cidades provoca mudanças nos padrões naturais de percolação das
águas, por exemplo, fazendo das áreas urbanas sinônimos de
desequilíbrio dos ecossistemas e de vários processos de erosão.
Além de servirem como equilíbrio do ambiente urbano e de locais de
lazer, também podem oferecer um colorido e plasticidade ao meio
urbano. Outro fator importante referente à vegetação é a arborização
das vias públicas que serve como um filtro para atenuar ruídos,
retenção de pó, reoxigenação do ar, além de oferecer sombra e a
sensação de frescor” (LIMA & AMORIM, 2006).
Outros benefícios podem ser percebidos, tal como a regulação de temperatura e
auxilio no combate à poluição.
“A vegetação oferece benefícios ambientais como, por
exemplo: combate à poluição do ar através da fotossíntese, regula a
umidade e temperatura do ar; mantém a permeabilidade, fertilidade
e umidade do solo e protege-o contra a erosão e; reduz os níveis de
ruído servindo como amortecedor do barulho das cidades”
(GOMES, 2005).
Muitas são as vantagens que podem ser observadas, visto a existência de áreas
verdes. Os autores Troppmair & Galina (2003) salientam:
a) criação de microclima mais ameno que exerce função de centro de alta pressão e
se reflete de forma marcante sobre a dinâmica da ilha de calor e do domo de poluição;
b) despoluição do ar de partículas sólidas e gasosas, dependendo do aparelho foliar,
rugosidade da casca, porte e idade das espécies arbóreas;
c) redução da poluição sonora, especialmente por espécies aciculiformes (pinheiros)
que podem acusar redução de 6 a 8 decibéis;
15
d) purificação do ar pela redução de microrganismos. Foram medidos 50
microrganismos por metro cúbico de ar de mata e até 4.000.000 por metro cúbico em
shopping centers;
e) redução da intensidade do vento canalizado em avenidas cercadas por prédios;
f) vegetação como moldura e composição da paisagem junto a monumentos e
edificações históricas.
“As árvores e florestas urbanas têm a função de diminuir
os impactos ambientais da urbanização, moderando o clima,
conservando energia no interior de casas e prédios, absorvendo o
dióxido de carbono, melhorando a qualidade da água, controlando o
escoamento das águas e as enchentes, reduzindo os níveis de
barulho, oferecendo abrigo para animais e aves e melhorando a
atratividade das cidades, entre os muitos benefícios que nos
proporcionam” (DE ARAUJO & DE ARAUJO, 2011).
Percebe-se dessa maneira, os inúmeros benefícios das áreas verdes para as cidades,
seja no âmbito ecológico, estético ou relacionado ao lazer, visto que essas áreas suavizam os
impactos negativos da urbanização e contribuem com a saúde da população.
2.2.2. Valores mínimos de referência da OMS e SBAU
Segundo dados da Alteração Estatutária da Sociedade Brasileira de Arborização –
SBAU (2013), esta tem os seguintes objetivos:
I – apoiar e estimular trabalhos técnicos, científicos e político-administrativos no
campo da arborização;
II – divulgar e incentivar os trabalhos que contribuam para o desenvolvimento da
arborização através de eventos, cursos, treinamentos, publicações e outras formas de
comunicação;
III – promover o intercâmbio e cooperação entre pessoas físicas ou jurídicas no
campo de ação da arboricultura;
16
IV – atuar na defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
A Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) indicou como índice mínimo
para áreas verdes públicas o valor de 15 m2 /habitante (SBAU, 1996).
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o índice mínimo de 12 m² de
área verde por habitante na área urbana. Já se sabe que é muito pouco, o recomendado é de
pelo menos (3) árvores ou 36 m² de área verde por cada habitante” (ACHE TUDO REGIÃO,
2016).
Partindo da premissa que esses são dois importantes índices que identificam a
qualidade ambiental de um determinado local, optou-se por ambos tendo em vista trata-se de
órgãos de renome e referência na sociedade quanto às preocupações socioambientais.
2.2.3. Legislação brasileira – áreas verdes
“Considerando que as áreas de preservação permanente e
outros espaços territoriais especialmente protegidos, como
instrumentos de relevante interesse ambiental, integram o
desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e futuras
gerações; Considerando a função socioambiental da propriedade
prevista nos arts. 5o , inciso XXIII, 170, inciso VI, 182, § 2
o , 186,
inciso II e 225 da Constituição e os princípios da prevenção, da
precaução e do poluidor-pagador; Considerando que o direito de
propriedade será exercido com as limitações que a legislação
estabelece, ficando o proprietário ou posseiro obrigados a
respeitarem as normas e regulamentos administrativos” Resolução
CONAMA nº 369 de 28 de março de 2006.
Segundo De Araujo & De Araujo (2011) o Plano Diretor da Arborização Urbana –
PDAU deve ser um documento elaborado, discutido e aprovado pelos municípios com a
participação da população. Deve ser um instrumento complementar ao Plano Diretor do
Município ou Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Municipal, além de estar em
17
consonância com a Lei Orgânica do Município. O Plano Diretor é uma exigência do Estatuto
da Cidade, aprovado pela Lei 10.257, de 10 de julho de 2001.
“A Constituição Federal, em seus artigos 182 e 183,
define a política urbana, determinando que o instrumento básico da
política de desenvolvimento e expansão urbana é o Plano Diretor
Municipal. O planejamento na esfera local ressurgiu, com vigor, nos
anos noventa. Para além da exigência constitucional, o intenso
crescimento das cidades brasileiras reforça o papel do planejamento
local como importante instrumento para organização das ações
governamentais, visando o bem-estar coletivo e a justiça social. A
visão atual do Plano Diretor difere bastante de sua concepção
anterior. De mero documento administrativo com pretensão de
resolução de todos os problemas locais, desconsiderando as práticas
sociais quotidianas, o Plano Diretor assume a função de, como
instrumento, interferir no processo de desenvolvimento local, a partir
da compreensão integradora dos fatores políticos, econômicos,
financeiros, culturais, ambientais, institucionais, sociais e territoriais
que condicionam a situação encontrada no Município. O Plano
Diretor, deixa de ser o plano de alguns para ser de todos, construído
a partir da participação dos diferentes setores sociais, fazendo com
que, coletivamente, ocorra a sua elaboração, implementação e sua
natural e necessária revisão. As estratégias, originalmente adotadas,
podem ser revistas após a avaliação responsável e consequente do
Plano Diretor, permitindo mudanças nos rumos anteriormente
traçados e perseguidos” (Oliveira, 2001, apud DE ARAUJO & DE
ARAUJO, 2011)
De Araujo & De Araujo (2011) salientam que segundo o Estatuto da Cidade, o Plano
Diretor deve ser aprovado por lei municipal, é vislumbrado como um instrumento básico da
política de desenvolvimento e expansão urbana.
2.2.4. Plano diretor do município de Três Rios: Zoneamento Municipal
Fica definido pelo ART.4º que o território municipal de Três Rios/RJ é dividido em
área urbana, área de expansão urbana e área rural. Em linhas gerais, esta divisão dá
continuidade às diretrizes do Plano Diretor elaborado em 1968. Para o ART.5º, a área urbana
18
compreende a cidade de Três Rios e a sede do distrito de Bemposta. (Alterada pela lei 1.919
de 23/02/1994). Em seu Parágrafo Único, os perímetros da área urbana da cidade e das sedes
dos distritos são os consagrados, atendendo as posições do cadastro fiscal para dirimir
dúvidas.
JUSTIFICATIVA:
As alterações efetuadas nos perímetros urbanos visam a promover o adensamento de
áreas parceladas, com melhor aproveitamento da infraestrutura disponível.
Para o ART.6º, considera-se de expansão urbana da cidade de Três Rios, área situada à
margem direita do Rio Paraíba do Sul, limitada pela antiga BR-040. E no ART.7º , considera-se
rural o restante do município; excluídas as áreas urbanas e de expansão urbana.
JUSTIFICATIVA:
Ao Município cabe legislar sobre o uso do solo urbano. Neste sentido não foram
detalhadas as diretrizes de ocupação propostas pelo Macrozoneamento da Bacia Hidrográfica
do Paraíba do Sul para o restante do Município.
Em seu ART.8º, fica a área urbana da cidade de Três Rios dividida nas seguintes
zonas:
I - ZONA MISTA (ZM)
II - ZONAS HABITACIONAIS (ZH)
III - EIXOS DE CONCENTRAÇAO DE COMÉRCIO E SERVIÇOS (ECS)
IV - ZONAS INDUSTRIAIS (ZI)
V - ZONA DE PRESERVAÇAO AMBIENTAL (ZPA)
JUSTIFICATIVA:
A divisão da área urbana em zonas pretende em princípio compatibilizar usos,
misturar atividades, buscando dotá-las de acordo com as limitações físicas e equipamentos
urbanos disponíveis. A divisão proposta neste trabalho conserva, em linhas gerais, a estrutura e
19
a nomenclatura constantes do Plano Diretor, e já incorporadas no dia a dia daqueles que
utilizam a legislação urbana.
2.3 AEROLEVANTAMENTO: POSSIBILIDADES E INOVAÇÕES
Aerolevantamento é o conjunto de operações para obtenção de informações da parte
terrestre, aérea ou marítima do território nacional, por meio de sensor instalado em plataforma
aérea, complementadas pelo registro e análise dos dados colhidos, utilizando recursos da
própria plataforma ou de estação localizada à distância (ANAC, 2016).
O Decreto-Lei N°1177 define, em seu artigo 3°, que o aerolevantamento é o
“conjunto das operações aéreas e/ou espaciais de medição, computação e registro de dados do
terreno com o emprego de sensores e/ou equipamentos adequados, bem como a interpretação
dos dados levantados ou sua tradução sob qualquer forma”. Ainda, em seu artigo 6°,
estabelece as categorias de empresas de aerolevantamento, como sendo: categoria A,
executantes de todas as fases do aerolevantamento, categoria B, executantes apenas de
operações aéreas e/ou espaciais, e categoria C, executantes da interpretação ou da tradução
dos dados obtidos em operações aéreas e/ou espaciais por outras organizações (PRATES,
2014).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponibiliza de forma ampla
e gratuita, imagens advindas de aerolevantamento. As imagens utilizadas nesse trabalho foram
obtidas do sítio desta Instituição.
Assim, desde 2003 o IBGE tem promovido o cadastro georreferenciado dos
aerolevantamentos já executados no território brasileiro. Dessa forma, optou-se pelas
ortofotos advindas dessa fonte, visto informações confiáveis de qualidade.
2.3.1. Ortofotos
A revista Mundo Geo (2000) salienta que ortofoto é a foto corrigida de todas as
deformações presentes na fotografia aérea, decorrentes da projeção cônica da fotografia - que
20
dá à foto um aspecto distorcido, como se a imagem tivesse sido arrastada do centro para as
bordas da foto – e das variações do relevo, que resultam em variação na escala dos objetos
fotografados.
“A ortofoto é uma fotografia ou uma imagem, quando
apresentada na forma digital, que representa as feições projetadas
ortogonalmente com uma escala constante corrigida do
deslocamento devido ao relevo e da inclinação da câmara sendo, por
isso, geometricamente equivalente à uma carta. Desta forma, podem
ser realizadas medidas semelhantes às que são feitas sobre um mapa.
A ortofoto digital (ou Orto-Imagem) tem grande importância como
mapa e imagem. Como mapa, possui distorção mínima de escala.
Como imagem, além de não requerer alguns níveis de detalhes para
retratar as feições planimétricas do terreno, possui a mesma
qualidade geométrica dos mapas. A geração da ortofoto digital
proporciona a diminuição de tempo e esforço do operador,
comparada ao processo convencional de restituição” (SSR
TECNOLOGIA, 2016).
Foram obtidas através do site do IBGE de forma gratuita 8 ortofotos (códigos RJ:
27151ne; 27151se; 27152ne; 27152no; 27152se; 27152so; 27161no; 27161so), no sítio
http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm, para imagens aéreas ortofoto
projeto_rj_escala_25mil, utilizadas nesse estudo para compor o ortomosaico trabalhado à
nível da área central e bairros do município de Três Rios/RJ. A base de dados refere-se ao ano
de 2006, visto ser o último ano disponibilizado gratuitamente no site do IBGE para download.
A necessidade por informações de qualidade e precisas pressupõe a importância do
uso das ortofotos tanto no meio acadêmico quanto científico. O avanço dos sistemas de
fotografias digitais corroborou com o advento da integração e melhoramento dos sistemas
cartográficos, possibilitando assim, a criação de mapas mais precisos.
Esse pensamento pressupõe a importância das ortofotos para o contexto de
informações atuais. Este trabalho optou por essa tecnologia vista a disponibilização gratuita
pelo site do IBGE, bem como a qualidade desse tipo de foto.
21
Tal proposição reforça o significado e importância dessa temática para o meio
acadêmico. O presente trabalho utilizará tais fotos, como ferramenta central de imagens para
obtenção de mosaicos.
2.4 Beneficios das areas verdes nas cidades
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), é recomendável que uma cidade
tenha pelo menos 12 metros quadrados de área verde por habitante. Goiânia, com 94 metros
quadrados de áreas verdes por habitante e Curitiba que tem 51 metros de área verde por
habitante, estão entre as cidades mais aborizadas do Brasil segundo dados divulgados
pela Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) em 2007. Entre as cidades brasileiras
com menos espaço verde está São Paulo, com 4 metros quadrados por habitante.
De acordo com um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em 2012, os domicílios mais arborizados, com árvores em volta dos
quarteirões, em calçadas ou canteiros, estão nas regiões sul e sudeste do país. Já nas regiões
Norte e Nordeste, estão as casas com áreas menos arborizadas. As capitais Belém, com
22,4%, e Manaus, no meio da floresta amazônica, mas com 25,1%, têm os menores
percentuais de arborização.
A revista digital áreas verdes das cidades (2003), divulgou que existem diversos
beneficios relacionados as áreas verdes urbanas :
Função paisagística;
Neutralização dos efeitos da população em consequência do processo de
oxigenação;
Redução da poluição sonora;
Diminuição das temperaturas externas por causa da absorção dos raios solares entre
as espécies;
Sombreamento;
Redução da velocidade dos ventos;
Abrigos para as faunas;
22
Balanço hídrico influenciado;
Valorização ornamental e visual;
Melhoras significativas na qualidade do ar e ecossistema.
Melhora a saúde física e mental de quem as utilizam, segundo estudos científicos
recentes
Propicia uma oportunidade para o exercício de convivência solidária entre pessoas
e natureza, para o estreitamento dos vínculos familiares e estabelecimento de novas
relações de amizades.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 CONFECÇÃO DO ORTOMOSAICO DA ÁREA EM ESTUDO
Segundo Melazo (2008) o mosaico tem como objetivo retratar uma determinada área
de interesse através de ajustes e sobreposições de margens vizinhas de maneira a se obter uma
imagem contínua da superfície de interesse.
Os dados utilizados no trabalho foram advindos das ortofotos e do Mapa Municipal
de Três Rios, RJ, sendo este último em arquivo shapefile (.shp), formato este para ser usado
em programa de geoprocessamento.
Para o processamento dos dados foram utilizados os programas computacionais
ERDAS 9.2 (fabricante ERDAS, Sensoriamento Remoto) e o ArcGIS 10.3.1 (fabricante
ESRI, Geoprocessamento) que também serão utilizados para análise, processamento e
construção dos mapas temáticos.
O mosaico de imagens foi confeccionado por meio do programa Erdas 9.2 e esta
evidencia as zonas urbanas da cidade de Três Rios (Figura 4). Tal processo foi realizado para
facilitar o processamento dos dados posteriormente no programa ArcGiS 10.3.1.
23
Figura 4: Ortomosaico das áreas urbanas da cidade de Três Rios.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
3.2 PROCESSAMENTO DA BASE DE DADOS
3.2.1 COLETA DAS AMOSTRAS DE TREINAMENTO
Inicialmente foi trabalhado o Brilho e o Contraste na Imagem para realçar as feições.
Configurando-as em 3R 1G 2B que foi a melhor configuração encontrada para diferenciação
dos alvos a serem classificados (Árvores, Urbanização, Pasto e Solo Exposto) como visto na
Figura 5.
24
Figura 5: Recorte ampliado da area urbana central evidenciado a aplicação de Brilho e o
Contraste.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
Posto isso, foram criadas chaves de interpretação, as quais pretenderam diferenciar
os pixels facilitando a criação de feições para o uso na Classificação Supervisionada. Como
visto Figura 6:
Figura 6: Chave de interpretação das feições.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
Salienta-se que foram criadas 3 feições, sendo elas: ÁRVORE, que se caracteriza
como a feição objeto principal do objeto do estudo. Foram ainda criadas as feições de
PASTO e INFRAESTRUTURA URBANA. A feição de INFRAESTRUTURA URBANA
foi formada pela junção das características de pixels de SOLO EXPOSTO e
URBANIZAÇÃO.
As feições de pasto e infraestrutura urbana foram criadas com a finalidade de facilitar
o processamento dos dados pelo classificador evidenciando de forma mais clara o objeto
central do estudo que é a feição de árvore, individualizando-as nos mapas temáticos criados.
25
Com as feições de interesse já definidas iniciou-se então o processo de coleta das
amostras de treinamento para uma posterior aplicação do algoritmo de classificação. A Figura
7 mostra o resultado do trabalho de coleta de amostras evidenciado os pontos obtidos para
todas as feições de interesse, destacando a forma heterogênea e espaçada que tais pontos
foram coletados representando toda a área do mosaico.
Figura 7: Mapa das áreas urbanas da cidade de Três Rios, com as feições a classificar.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
A Tabela 1 evidencia as amostras coletadas.
Tabela 1: Amostras das coletas.
Feições Cor atribuída à classificação Pontos coletados
Árvore Azul 150 amostras
Pasto Verde escuro 150 amostras
Infraestrutura Urbana Amarelo 200 amostras
26
3.2.2 Classificação da imagem segundo as feições propostas
Segundo o INPE 2016 as técnicas de classificação multiespectral "pixel a pixel" mais
comuns são: máxima verossimilhança (MAXVER), distância mínima e método do
paralelepípedo, para o presente trabalho foi selecionado como o método mais adequado para a
classificação supervisionada de áreas verdes urbanas o algoritmo proposto pelo classificador
“MAXVER”, que é um método de classificação que considera a ponderação das distâncias
entre médias dos níveis digitais das classes, utilizando parâmetros estatísticos, considerando
os valores de níveis digitais, por meio de atribuição de classes aos “pixels” considerando
pontos individuais da imagem. Os conjuntos de treinamento definem o diagrama de dispersão
das classes e suas distribuições de probabilidade, considerando a distribuição de probabilidade
normal para cada classe do treinamento. Para duas classes (1 e 2) com distribuição de
probabilidade distintas, as distribuições representam a probabilidade de um "pixel" pertencer
a uma ou outra classe, dependendo da posição do "pixel" em relação a esta distribuição.
Ocorre uma região onde as duas curvas sobrepõem-se, indicando que um determinado "pixel"
tem igual probabilidade de pertencer às duas classes. Nesta situação estabelece-se um critério
de decisão a partir da definição de limiares.
Procedeu-se então, à classificação da imagem após a edição das assinaturas
espectrais, sendo utilizado o método que considera a ponderação das distâncias entre médias
dos níveis digitais das classes, utilizando parâmetros estatísticos, que dirão qual a
probabilidade de um pixel pertencer ou não à uma determinada classe ou a outra, levando em
consideração a localização do mesmo segundo a distribuição espectral da classe. Tal
classificador é conhecido como MaxVer (Maximum Likelihood).
Foram utilizadas ferramentas que objetivaram limpar artefatos e pixels isolados que
poderiam prejudicar a visualização da imagem. Tal filtragem foi utilizada para eliminar e
reduzir os ruídos da classificação.
As Figuras 8 e 9 mostram os resultados obtidos pelo classificador Maxver, utilizando
os parâmetros citados para as feições propostas.
27
Figura 8: Ortomosaico + Imagem Classificada segundo o classificador proposto MAXVER.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
Figura 9: Imagem Classificada segundo o classificador proposto MAXVER.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
28
Finalmente foi utilizada a ferramenta do ArcGIS 10.3.1 (RASTER TO POLYGON)
para transformar o formato da imagem de raster para polígono (vetor), possibilitando o
cálculo de cada feição apresentada. A Figura 10 mostra o resultado do uso de tal ferramenta.
Figura 10: Imagem transformada de Raster para Polígono (Vetor).
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
3.3 CÁLCULO DO IAV – ÍNDICE DE ÁREA VERDE
A metodologia utilizada para calcular o índice de arborização urbana utilizou o
Índice de Área Verde (IAV) segundo equação (1):
(1)
Onde:
IAV = Índice de Áreas Verdes;
∑AV = Somatório das Áreas Verdes;
H – Nº de habitantes.
29
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores referentes ao IAV reportam para uma análise realizada com a base de
dados do IBGE (2006), tais valores representam um resultado superestimado. A base de dados
relatada foi analisada e considerada a melhor base para se trabalhar dentre as bases
disponíveis de forma gratuita na rede, porem com uma base de dados atual e com resolução
espacial abaixo de 1m/pixel, os valores de IAV por métodos de classificação automatizados
por programas computacionais, tenderiam a obter valores mais próximos da realidade atual da
cidade, subsidiando então ações e tomadas de decisão dos gestores municipais.
4.1. PONDERAÇÕES PARA ANÁLISE GEOESPACIAL PARA AS
FEIÇÕES DE ÁRVORES, PASTOS E INFRAESTRUTURA URBANA.
Foi realizado no programa de Geoprocessamento, uma seleção por atributos das
feições Árvores, Pasto e Infraestrutura Urbana, utilizando as seguintes ponderações abaixo:
4.1.1. Árvores
Foi considerado para a feição Árvore, a respectiva análise utilizando a definição de
copa, ou seja, a parte superior das plantas altas. Para este estudo, vamos propor, para análise
geoespacial e seleção dos atributos para a respectiva feição que a copa representa uma forma
geométrica circular, utilizando como parâmetro que uma área de copa de arvore é maior ou
igual a 3,14 m2, ou seja, que tenha um diâmetro de copa de aproximadamente 2,0 metros
(raio de 1,0 metro).
= πR ² = 3.14 * 1m²
≥ 3.14 m² (Área Verde)
< 3.14m² (Não Área Verde)
30
4.1.2. Pastos
Foi atribuída como parâmetro para pasto toda área superior a 0.1 ha, ou seja,
1.000m2.
4.1.3 Infraestrutura urbana
Foi atribuído como parâmetro para se considerar Infraestrutura Urbana uma área
superior a 12m2 (construído e/ou corte aterro).
4.2. PROCESSAMENTO SEGUNDO OS CRITÉRIOS PROPOSTOS
Após o processamento das imagens do perímetro urbano da cidade de Três rios
segundo os critérios acima estabelecidos para uma análise geoespacial de forma a restringir a
análise em termos de informações a serem obtidas para as áreas que contém Árvores, Pastos e
Infraestrutura Urbana, foi obtido o resultado final da classificação supervisonada, o qual pode
ser observado na Figura 11, para a Área Central do Perímetro Urbano da cidade de Três
Rios/RJ.
31
Figura 11: Resultado da Classificação Supervisionada para a Área Central da cidade de Três
Rios.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
As Figuras 12 à 17 apresentam os resultados da classificação supervisionada pelo
classificador Maxver separadas pelos seus respectivos bairros (perímetros urbanizados) do
município de Três Rios.
Figura 12: Classificação Supervisionada, bairro Pilões.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
32
Figura 13: Classificação Supervisionada, bairro Nova Niterói.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
Figura 14: Classificação Supervisionada, bairro Moura Brasil.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
33
Figura 15: Classificação Supervisionada, Ilha do Sola.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
Figura 16: Classificação Supervisionada, Distrito de Bemposta.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
34
Figura 17: Classificação Supervisionada, bairro Ponto Azul.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
A imagem revela que os locais que apresentadas a cor amarela são caracteristicas de
áreas caracterizadas como de INFRAESTRUTURA URBANA, o tom de verde representa as
áreas de PASTO e a cor azul representa as áreas de ÁRVORE.
Foi realizado o processamento dos dados visando alcançar o valor percentual de cada
feição dentro das áreas citadas no estudo. Conforme identificado na Tabela 2.
Tabela 2: Área de cada feição em metro quadrado (m2) e hectare (ha).
Feição Área em m2 Área em hectares Percentual
Árvore 7.582.562,80 758,25628 32.84%
Pasto 10.272.947,49 1.027,294749 44.49%
Infraestrutura
Urbana
5.235.872,84 523,587284 22.67%
TOTAL 23.091.383,13 2.309,138313 100%
.
35
4.3. ANÁLISE DE CENÁRIOS SEGUNDO AS INFORMAÇÕES OBTIDAS
APÓS A CLASSIFICAÇÃO PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE DE ÁREAS
VERDES (IAV)
Após a análise e seleção de seus respectivos atributos por meio dos parametros da
metodologia proposta para a classificação de árvores, foi obtido o resultado IAV segundo a
equação (1) fazendo a simulação de cenários para 2 condições específicas:
1. Cenário 1: cálculo do IAV apenas para o valor de área calculado para a feição Árvore;
2. Cenário 2: cálculo do IAV para os valores de áreas calculados para as feições de
Árvore e Pasto.
4.3.1. Cenário 1: feição de árvore:
Simulando para a primeira condição de cenário, que considera como área verde
urbana apenas árvores, foram obtidas 42.969 feições classificadas como árvore, conforme
Figura 18. Este valor segundo a estatística apresentada abaixo na Figura 18 pela análise dos
resultados obtidos na simulação do Cenário 1, representa um total de 7.582.562,800348m2
de área verde urbana em todo o perímetro urbano da cidade de Três Rios RJ. Esse valor
dividido pelo número total de habitantes de Três Rios que é de 77.432 hab. (IBGE, 2010) e
apresenta como resultado do IAV um total de 97,925 m2/hab. O índice obtido ultrapassa os
valores mínimos de referência recomendados pela OMS e SBAU, que são de 12m2/hab. e
15m2/hab., respectivamente.
36
Figura 18: Estatística da feição Árvore.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
IAV = (7.582.562,800348m2/77.432 hab.) = 97,925 m
2/hab.
4.3.2. Cenário 2: feição de árvore + feição de pasto:
Posteriormente foi realizada uma nova simulação, que considerou em conjunto a
feição árvore e feição pasto, as quais somam 43.533 feições, conforme valores estatísticos
para somatório das feiçoes individualizadas verificadas tanto na Figura 18 para Árvores
quanto na Figura 19 para Pasto. Juntas, essas feições totalizaram uma área de
17.855.510,292719 m2. Aplicando este valor à divisão pelo número total de habitantes
verifica-se um resultado ainda maior do que na primeira simulação realizada para o Cenário 1,
obtendo um valor total de 230,596 m2/hab.
37
Figura 19: Estatística da feição Pasto.
Fonte: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
IAV = ((7.582.562,800348m2 + 10.272.947,492371m
2) /77.432 hab.) = 230, 596 m
2/hab.
5. CONCLUSÃO
Os resultados encontrados para o referido trabalho são oriundos de uma base de
dados do IBGE (aerolevantamentos 2006) e (senso demográfico 2010) devido a tal
temporalidade, os índices de área verde encontrados podem não mais expressar a realidade
atual. Sendo necessário aguardar disponibilidade de novos dados de forma gratuita,
viabilizando no futuro uma nova pesquisa para comparação com o presente, além de uma
modelagem que reflita com mais precisão a situação atual do município de Três Rios. Tal
base de dados foi selecionada entre as de mais que se encontravam de forma gratuita devido a
melhor resolução espacial, possibilitando com que a analise fosse realizada. É recomendável
que em um próximo trabalho uma resolução espacial abaixo de 1m/pixel, proporcionando
para o pesquisador que a coleta de amostras seja mais precisa devido a fácil identificação das
feições e facilitando a classificação pelo programa e tornando o trabalho não só quantitativo,
mas também qualitativo.
38
Os valores para os cenários encontrados, Cenário 1 de 97,925 m2/hab. e o Cenário 2
de 230,596 m2/hab. para a cidade de Três Rios, caracterizado por – Cenário 1: feição de
Árvore; Cenário 2: somatório das feições de Árvore e Pasto revelou que o município está
enquadrado dentro dos valores mínimos de referência para o Índice de Área Verde – IAV -
estabelecidos pela OMS de 12m2/hab. e SBAU de 15m
2/hab. Estes são dados quantitativos
utilizados nesta comparação.
Apesar das interferências significativas na paisagem urbana, as quais estão atreladas
aos prejuízos à biodiversidade e comprometimento da qualidade de vida das pessoas, a cidade
de Três Rios possui um índice que revela, ainda que de maneira quantitativa, que o município
segundo os valores de IAV encontrados em comparação com os valores mínimos de
referência – OMS e SBAU – mantém uma quantidade de área verde significativa para à
população.
O resultado obtido foi satisfatório, pois revelou que o município de Três Rios possui
valores significativos de vegetação urbana. Posto isso, destaca-se apenas quão importante é o
também o estudo qualitativo dessas áreas, a fim de conhecer o real estado dessa vegetação,
bem como a percepção da população sobre essas áreas.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visto a carência da literatura relacionada às questões que envolvem estudos na área
de aerolevantamento e cálculo do índice de áreas verdes, é premente destacar a importância de
estudos futuros com informações oficiais e confiáveis do número de habitantes por bairros,
como um refinamento, calculando o Índice de Área Verde para cada bairro, individualmente,
computando a área verde (m2) de cada bairro e dividindo pelo número de habitantes
específicos de cada bairro.
O produto desse trabalho pode ser visto apenas como quantitativo por meio do
cálculo do IAV para o perímetro urbano do município de Três Rios/RJ, pois é tão somente o
39
produto da divisão entre o somatório das áreas verdes e o número de habitantes, significando
que esse índice é sempre dependente de fatores demográficos. Nesta perspectiva, o IAV pode
ser elevado em certas localidades não pela quantidade de áreas verdes, mas pela menor
quantidade populacional no local (ROSSET, 2005).
Para tanto, destaca-se ainda que este trabalho pode ser caracterizado como
quantitativo, não sendo levado em consideração as condições da vegetação objeto do estudo.
Diante disso, salienta-se a importância de estudos futuros que se preocupem também com as
questões qualitativas e percepção da população quanto à importância das áreas verdes
urbanas. Para tanto, é interessante que seja realizada uma análise não só das áreas verdes em
si, mas também o ordenamento da vegetação que propiciam um isolamento da área em relação
aos transtornos da rua, o entorno, a acessibilidade, a porcentagem de área permeável, as
espécies vegetais naturais e as exóticas, a densidade de vegetação, a altura da vegetação, a
função social, os equipamentos de recreação, telefonia, estacionamentos, bancos, sombras,
tráfego, manutenção, valor estético, ecológico, serviços, iluminação, isolamento visual,
sanitários, avifauna, etc. (NUCCI, 2008).
Salienta-se que uma ferramenta bastante interessante para a obtenção de dados
seguros e confiáveis é a utilização de veículos aéreos não tripulados (VANTs). Sendo assim,
como forma de ratificar o exposto será anexada neste trabalho, imagens obtidas por voos de
VANT em áreas do município de Três Rios – Perímetro Urbano, disponibilizada como
cortesia do Laboratório de Geotecnologias - GEO3R – do Instituto Três Rios/UFRRJ (6.
Anexos - Figuras 20 e 21). Destaca-se que essa ferramenta não foi utilizada como base desse
estudo, visto o VANT do laboratório não ter autonomia suficiente para cobrir todo o território
urbano do município de Três Rios, posto o baixo alcance, que é limitado ao raio de 1 km de
cobertura, bem como a carência de pontos estratégicos que possibilitem o lançamento do
mesmo.
40
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> Acesso em: 05 jan. 2016.
43
8. ANEXOS
8.1 IMAGEM DE TRÊS RIOS: VANT SENSEFLY SWINGLET CAM – ITR/UFRRJ –
LABORATÓRIO DE GEOTECNOLOGIAS - GEO3R
As imagens abaixo foram obtidas por meio de aerolevantamento, com o uso de
veículo áereo não tripulado (VANT). Caracterizam-se por sua qualidade superior, quanto a
resolução espacial e temporal (imagens datadas do ano de 2013 a 2014).
Figura 20: Mosaico de imagens obtidas por meio de VANT, Ilha do Sola.
Cortesia: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
44
Figura 21: Mosaico de imagens obtidas por meio de VANT, Complexo Industrial.
Cortesia: Laboratório de Geotecnologias – GEO3R – ITR/UFRRJ, 2016.
9. LAYOUTS – MAPAS FINAIS