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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
FATORES AMBIENTAIS QUE INFLUENCIAM NA OCUPAÇÃO DE AVES DA
CAATINGA DO SERIDÓ – UM ESTUDO DE CASO NA RPPN STOESSEL DE
BRITO.
Discente: Julio Cezar Calderon de Almeida
Orientador: Mauro Pichorim
Natal-RN
Setembro/2018
2
JULIO CEZAR CALDERON DE ALMEIDA
FATORES AMBIENTAIS QUE INFLUENCIAM NA OCUPAÇÃO DE AVES DA
CAATINGA DO SERIDÓ – UM ESTUDO DE CASO NA RPPN STOESSEL DE
BRITO.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Biológicas do Centro de
Biociências da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Biológicas.
Orientador: Prof. Dr. Mauro Pichorim
Comissão Examinadora:
Prof. Dr. Gustavo Zampier
Prof. Dr. Guilherme Santos Toledo de Lima
Natal-RN
Setembro/2018
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de Biociências - CB
Almeida, Julio Cezar Calderon de.
Fatores ambientais que influenciam na ocupação de aves da
Caatinga do Seridó - Um estudo de caso na RPPN Stoessel de Brito / Julio Cezar Calderon de Almeida. - Natal, 2018.
61 f.: il.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em
Ciências Biológicas. Orientador: Prof. Dr. Mauro Pichorim.
1. Aves - Dissertação. 2. Seridó - Dissertação. 3. Caatinga -
Dissertação. 4. Ocupação - Dissertação. 5. Guildas - Dissertação. I. Pichorim, Mauro. II. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. III. Título.
RN/UF/BSE-CB CDU 598.2
Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351
4
JULIO CEZAR CALDERON DE ALMEIA
Dissertação submetida ao Programa De Pós-Graduação Em Ciências Biológicas, da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPCB/UFRN), como requisito para
obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas.
Aprovada em: _____/_____/______
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________________
Profº. Dr. Mauro Pichorim
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DBEZ /UFRN)
(Presidente)
____________________________________________
Profº. Dr. Gustavo Zampier dos Santos Lima
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ETC/UFRN)
(Membro interno)
_______________________________________________
Profº. Dr. Guilherme Santos Toledo de Lima
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
(Membro externo)
5
AGRADECIMENTOS
A Deus por estar sempre presente na minha vida, e me ajudar nesse caminho longo
que é a vida.
Ao Programa Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (PPCB/UFRN), coordenadoras, professores e funcionários, pela
oportunidade e receptividade.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
bolsa concedida ao autor.
Ao meu orientador, professor doutor Mauro Pichorim, pela dedicação e atenção.
Aos professores doutores Gustavo Zampier dos Santos Lima (UFRN), Guilherme
Santos Toledo de Lima (UFRPE), pela colaboração em minha banca de defesa.
Aos meus pais, Delmiro Neto de Almeida e Josete Calderon de Almeida que
sempre me incentivaram a buscar o caminho da sabedoria, e me ensinaram os valores
morais e éticos, os quais guardarei comigo para sempre.
Aos senhores David, Valdenir e em especial ao senhor Francisco Reis,
Funcionário da RPPN Stoessel de Brito, pelo acolhimento e apoio para a produção deste
trabalho.
Aos Professores e pesquisadores João de Brito, Cleysyvan Macêdo, Hudson Silva
e Emmanuel Sabino pela sua amizade e pelo apoio na pesquisa.
A todos os colegas de sala de aula pelos bons momentos compartilhados.
A todos os meus amigos, conhecidos e vizinhos, obrigada pelos bons momentos
vividos juntos.
Ao Laboratório de Ornitologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
onde tudo começou, e as amizades ali construídas, meu muito obrigado.
A minha esposa Narajana Ferreira por esta sempre comigo em todos os momentos
felizes e tristes, por propiciar um dos momentos mais felizes de nossas vidas, a vinda de
nosso filho Jullius.
A todos que me ajudaram de alguma forma meu muito OBRIGADO!!!
6
RESUMO
As aves são um dos grupos zoológicos que mais sofrem com a descaracterização e
fragmentação de habitats causados pela ação antrópica. A avifauna brasileira é composta
por aproximadamente 1.919 espécies, sendo que 510 destas espécies ocorrem na Caatinga.
As aves merecem destaque por sua diversidade taxonômica, característica de
bioindicadores e grande capacidade de deslocar-se para escolha de seu hábitat, sendo que
a avaliação de sua comunidade é uma importante ferramenta para verificar o grau de
conservação e qualidade dos hábitats. Em vista disso efetuamos um levantamento
ornitológico em uma área de caatinga com o propósito de caracterizar as aves
predominantes no ambiente. Nesse sentido o presente estudo tem por objetivo investigar
como os aspectos ambientais e as relações intra e interespecíficas afetam a distribuição de
grupos de aves do sub-bosque da caatinga do Seridó e estimar a ocupação das mesmas em
seu habitat. Dessa maneira coletamos dados por ponto-de-escuta em 40 unidades amostrais
no período de menor pluviosidade. O estudo foi feito na Reserva Particular do Patrimônio
Natural (RPPN) Fazenda Salobro conhecida como Stoessel de Britto, situada no município
de Jucurutu, no estado do Rio Grande do Norte. A RPPN Stoessel de Brito contém um
conjunto de espécies de aves adaptados ao domínio da Caatinga, o qual foi classificado de
acordo com o hábito alimentar, sendo consideradas as seguintes guildas tróficas: carnívoro,
frugívoro, granívoro, granívoro de solo, insetívoro, insetívoro de solo, insetívoro de tronco,
nectarívoro e onívoro. Utilizamos o programa MARK para gerar modelos de ocupação
estática, os quais incorporam os processos estocásticos de ocupação e detecção. A
probabilidade de ocupação (Ψ) é definida como a proporção de habitat ocupado por uma
espécie e a detecção (p) é a probabilidade da espécie alvo ser detectada em determinada
área. Usamos modelos de ocupação para uma espécie e uma estação. Dessa forma,
obtivemos um conjunto de modelos formados a partir da hipótese inicial onde as
covariáveis ambientais influenciavam na detecção e na ocupação da guilda de aves. Diante
das análises apontadas pelo programa MARK tivemos uma distribuição de aves bastante
homogênea. Aqui observa-se que as guildas tróficas de carnívoros, frugívoros, granívoros,
granívoros de solo e insetívoros, com o maior número de pontos de ocupação, destacando
os granívoros e insetívoros generalistas com 92,5%, e granívoros de solo que ocupam
97,5% dos pontos de amostragem, já as guildas tróficas insetívoro de solo e insetívoro de
tronco apresentaram 22,5% da sua ocupação, com sua ocupação influenciada pelas
covariáveis ambientais.
Palavras-chave: Aves, Seridó, Caatinga, Ocupação, Guildas.
7
ABSTRACT
Birds are one of the zoological groups that most suffer from the fragmentation of habitats
caused by anthropic action. The Brazilian avifauna is composed of approximately 1,919
species, of which 510 of these species occur in the Caatinga. The birds deserve special
attention because of their taxonomic diversity, characteristic of bioindicators and great
capacity to move to choose their habitat, being that the evaluation of their community is an
important tool to verify the degree of conservation and quality of the habitats. In view of
this, we carried out an ornithological survey of the area with the purpose of enabling the
characterization of the predominant birds in the environment. In this sense, the present
study aimed to investigate how the environmental aspects and the intra and interspecific
relations affected the distribution of groups of birds of the understory of the Seridó caatinga
and estimate their occupation in their habitat. In this way we collected point-of-listening
data in 40 sampling units during the period of lower rainfall. The study was done in the
Private Natural Heritage Reserve (RPPN) Salobro Farm known as Stoessel de Britto,
located in the municipality of Jucurutu, in the state of Rio Grande do Norte. The RPPN
Stoessel de Brito contains a set of species of birds adapted to the Caatinga domain, which
was classified according to the food habit, being considered the following trophic guilds:
carnivorous, frugivorous, granivore, soil granivore, insectivorous, insectivorous soil,
insectivorous trunk, nectarivore and omnivore. We use the MARK program to generate
static occupation models, which incorporate the stochastic occupation and detection
processes. The probability of occupation (Ψ) is defined as the proportion of habitat
occupied by a species and the detection (p) is the probability of the target species being
detected in a given area. We used occupation models for a species and a season. Thus, we
obtained a set of models formed from the initial hypothesis where the environmental
covariates influenced the detection and occupation of the guild of birds. In view of the
analysis pointed out by the MARK program we had a very heterogeneous distribution of
birds. It was observed that the trophic guilds of carnivores, frugivores, granivores, soil and
insectivorous granivores, with the highest number of occupation points, standing out the
granivores and insectivorous generalists with 92.5%, and soil granivores occupying 97, 5%
of the sampling points, while the insectivorous trophic guilds of soil and insectivorous
trunk presented 22.5% of their occupation, with their occupation influenced by
environmental covariates.
Keywords: Birds, Seridó, Caatinga, Occupation, Guilds.
8
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO................................................................................................. 18
2. MÉTODOS....................................................................................................... 22
2.1 Área de estudo........................................................................................... 22
2.2 Amostragem de aves.................................................................................. 23
2.3 Coleta de dados e covariáveis.................................................................... 23
2.4 Análise estatística...................................................................................... 27
2.4.1 Análises de ocupação simples......................................................... 27
3.RESULTADOS................................................................................................. 29
3.1 Ocupação individual em função das covariáveis ambientais..................... 29
3.1.1 Carnívoros....................................................................................... 29
3.1.2 Frugívoros....................................................................................... 33
3.1.3 Granívoros generalistas.................................................................... 35
3.1.4 Granívoros de solo........................................................................... 37
3.1.5 Insetívoros........................................................................................ 39
3.1.6 Insetívoros de solo........................................................................... 42
3.1.7 Insetívoros de Tronco...................................................................... 44
3.1.8 Nectarívoros..................................................................................... 46
3.1.9 Onívoros........................................................................................... 47
4. DISCUSSÃO..................................................................................................... 50
REFERÊNCIAS................................................................................................ 54
ANEXOS........................................................................................................... 60
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 4 Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP)
dos parâmetros mais relevantes na modelagem de ocupação da
guilda trófica de frugívoros em um sub-bosque da caatinga do
Seridó. Os valores de β são referentes aos melhores modelos nos
quais aparecem as covariáveis. ......................................................... 33
Tabela 1 Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-
season occupancy models) aplicados ao grupo de carnívoros em um
sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p)
foi estimada a partir do tempo, enquanto a probabilidade de ocupação
(Ψ) considerou, a densidade da vegetação (den) e a distância do
açude (dista). ................................................................... 30
Tabela 2 Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP) dos
parâmetros mais relevantes na modelagem de ocupação da guilda
trófica carnívora em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Os
valores de β são referentes aos melhores modelos nos quais
aparecem as covariáveis. .................................................................. 30
Tabela 3 Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-
season occupancy models) aplicados ao grupo de frugívoros em um
sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p)
foi estimada a partir do tempo (t) e o diâmetro da altura do solo (das),
enquanto a probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, o diâmetro da
altura do solo (das). ............................................................................ 33
10
Tabela 5 Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-
season occupancy models) aplicados ao grupo de granívoros
generalistas em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A
probabilidade de detecção (p) foi estimada a partir da altura do dossel
(alt), distância do açude (dista) e a distância da sede (dists), enquanto
a probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, a distância da sede
(dists). ................................................................................................. 36
Tabela 6 Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP)
dos parâmetros mais relevantes na modelagem de ocupação da
guilda trófica de granívoros em um sub-bosque da caatinga do
Seridó. O valore de β é referente ao melhor modelo no qual aparece
a covariável. ..................................................................................... 36
Tabela 7 Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-
season occupancy models) aplicados ao grupo de granívoros de solo
em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de
detecção (p) foi estimada a partir do diâmetro da altura do solo (das),
distância do açude (dista) e a distância da sede (dists), enquanto a
probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, a densidade vegetativa
(den). .................................................................................................. 37
Tabela 8 Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP)
dos parâmetros mais relevantes na modelagem de ocupação da
guilda trófica de granívoros de solo em um sub-bosque da caatinga
do Seridó. Os valores de β é referente ao melhor modelo no qual
aparece a covariável. ........................................................................ 37
11
Tabela 9 Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-
season occupancy models) aplicados ao grupo de insetívoros em um
sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p)
foi estimada a partir da altura do dossel (alt), diâmetro da altura do
solo (das) e a densidade da vegetação (den), enquanto a
probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, a distância do açude
(dista) e distância da sede (dists). ....................................................... 40
Tabela 10
Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP)
dos parâmetros mais relevantes na modelagem de ocupação da
guilda trófica de insetívoros em um sub-bosque da caatinga do
Seridó. Os valores de β é referente ao melhor modelo no qual
aparece a covariável. ........................................................................ 40
Tabela 11 Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-
season occupancy models) aplicados ao grupo de insetívoros de
hábito alimentar em solo em um sub-bosque da caatinga do Seridó.
A probabilidade de detecção (p) foi estimada a partir da altura do
dossel (alt), diâmetro da altura do solo (das), a distância do açude
(dista) e distância da sede (dists), enquanto a probabilidade de
ocupação (Ψ) considerou, a distância da sede (dists) e distância do
açude (dista). ...................................................................................... 42
Tabela 12 Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP)
dos parâmetros mais relevantes na modelagem de ocupação da
guilda trófica de insetívoros com habito alimentar em solo em um
sub-bosque da caatinga do Seridó. Os valores de β é referente ao
melhor modelo no qual aparece a covariável. ................................... 42
12
Tabela 13 Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-
season occupancy models) aplicados ao grupo de insetívoros de
hábito alimentar em troncos de árvores em um sub-bosque da
caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p) foi estimada a
partir do diâmetro da altura do solo (das), densidade da vegetação
(den) e distância do açude (dista), enquanto a probabilidade de
ocupação (Ψ) considerou, a densidade da vegetação (den), distância
do açude (dista) e a distância da sede (dists). ...................................... 44
Tabela 14 Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP)
dos parâmetros mais relevantes na modelagem de ocupação da
guilda trófica de insetívoros com hábito alimentar em troncos em
um sub-bosque da caatinga do Seridó. Os valores de β é referente
ao melhor modelo no qual aparece a covariável. .............................. 44
Tabela 15 Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-
season occupancy models) aplicados ao grupo de nectarívoros em
um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção
(p) foi estimada a partir do tempo (t) enquanto a probabilidade de
ocupação (Ψ) considerou, a densidade da vegetação (den). ................ 46
Tabela 16 Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP)
dos parâmetros mais relevantes na modelagem de ocupação da
guilda trófica de nectarívoros em um sub-bosque da caatinga do
Seridó. O valor de β é referente ao melhor modelo no qual aparece
a covariável. ..................................................................................... 47
13
Tabela 17 Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-
season occupancy models) aplicados ao grupo de aves onívoras em
um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção
(p) foi estimada a partir da altura de dossel (alt) e diâmetro da altura
do solo (das), enquanto a probabilidade de ocupação (Ψ)
considerou, a densidade da vegetação (den). ..................................... 48
Tabela 18 Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP)
dos parâmetros mais relevantes na modelagem de ocupação da
guilda trófica de nectarívoros em um sub-bosque da caatinga do
Seridó. O valor de β é referente ao melhor modelo no qual aparece
a covariável. .................................................................................... 48
Tabela 19 Ocupação de guildas tróficas presentes nos pontos de amostragem,
percentual individual de guildas em relação ao total de pontos de
observação (40 pontos) e percentual de ocupação estimada pelo
MARK. ........................................................................................... 49
14
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Localização da região Seridó no Rio Grande do Norte (área verde) com
o limite dos municípios de abrangência. ............................................... 19
Figura 2 Mapa do Rio Grande do Norte destacando os 25 municípios que
compõe a região do Seridó. ..................................................................... 19
Figura 3 Localização dos municípios de Caicó e Jucurutu, no Brasil, Rio Grande
do Norte, onde está inserido o Distrito de Lagihas e a RPPN Stoessel
de Brito. .................................................................................................. 22
Figura 4 Localização da RPPN Stoessel de Brito com os pontos de observação e
de escuta de aves, localização da sede e do leito de água (açude); em
destaque área com representação esquemática de obtenção de
coraviáveis ambientais. .......................................................................... 24
Figura 5 Imagem do uso de playback no ambiente, técnica de execução do som
para o chamado das espécies de aves do local. ........................................ 25
Figura 6 RPPN Stoessel de Brito com os pontos de observação e de escuta de
aves, localização da sede e do leito de água (açude); em destaque área
com representação esquemática de obtenção de covariáveis ambientais
como densidade vegetativa (den), altura de dossel (alt) e diâmetro da
altura do solo (das). ................................................................................ 26
Figura 7 RPPN Stoessel de Brito mostrando os pontos de observação e de escuta
de aves, localização da sede e do leito de água (açude); com a
representação esquemática de obtenção de covariáveis de distância da
sede (dists) e distância do açude (dista). ................................................. 26
Figura 8 Efeito da densidade da vegetação (den) sobre a probabilidade de
ocupação de carnívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó.
Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa
covariável indica uma contagem de espécies vegetais com das ≥ 3 em
100m2 de área. ........................................................................................ 31
15
Figura 9 Efeito da distância do açude (dista) sobre a probabilidade de ocupação
de carnívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas
feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma espécie
(Single-species, single-season occupancy models). ............................... 31
Figura 10 Efeito da distância da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação
de carnívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas
feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma espécie
(Single-species, single-season occupancy models). ............................... 32
Figura 11 Efeito do diâmetro na altura de solo (das) sobre a probabilidade de
ocupação de carnívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó.
Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa
covariável indica uma média da espessura dos troncos das árvores com
o das ≥ 3 cm em 100m2 de área. ............................................................. 32
Figura 12 Efeito do diâmetro na altura de solo (das) sobre a probabilidade de
ocupação de frugívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó.
Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa
covariável indica uma média da espessura dos troncos das árvores com
o das ≥ 3 cm em 100m2 de área. ............................................................. 34
Figura 13 Efeito da densidade da vegetação sobre a probabilidade de ocupação de
frugívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas
a partir da média dos modelos de ocupação para uma espécie (Single-
species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma
contagem de espécies plantas com das ≥ 3 em 100m2 de área. .............. 34
Figura 14 Efeito da altura de dossel (alt) sobre a probabilidade de ocupação de
frugívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas
a partir da média dos modelos de ocupação para uma espécie (Single-
species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma
média da altura das árvores com o das ≥ 3 cm em 100m2 de área. ......... 35
16
Figura 15 Efeito da distância da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação de
granívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas
a partir da média dos modelos de ocupação para uma espécie (Single-
species, single-season occupancy models). ............................................ 36
Figura 16 Efeito da distância da sede (dists)sobre a probabilidade de ocupação de
granívoros de solo em um sub-bosque da caatinga do Seridó.
Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models). ................... 38
Figura 17 Efeito da distância do açude (dista) sobre a probabilidade de ocupação
de granívoros de solo em um sub-bosque da caatinga do Seridó.
Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models). ................... 38
Figura 18 Efeito da densidade da vegetação sobre a probabilidade de ocupação de
granívoros de solo em um sub-bosque da caatinga do Seridó.
Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa
covariável indica uma contagem de espécies plantas com das ≥ 3 em
100m2 de área. ........................................................................................ 39
Figura 19 Efeito da distância do açude (dista) sobre a probabilidade de ocupação
de insetívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas
feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma espécie
(Single-species, single-season occupancy models). ............................... 41
Figura 20 Efeito da distância da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação de
insetívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas
a partir da média dos modelos de ocupação para uma espécie (Single-
species, single-season occupancy models). ............................................ 41
Figura 21 Efeito da distância da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação de
insetívoros de habito alimentar de solo em um sub-bosque da caatinga
do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação
para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models). .... 43
17
Figura 22 Efeito da distância do açude (dista) sobre a probabilidade de ocupação de
insetívoros de habito alimentar de solo em um sub-bosque da caatinga do
Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para
uma espécie (Single-species, single-season occupancy models). ................ 43
Figura 23 Efeito da densidade da vegetação sobre a probabilidade de ocupação de
insetívoros com hábito alimentar em troncos de árvores de solo em um
sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos
modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season
occupancy models). Essa covariável indica uma contagem de espécies
plantas com das ≥ 3 em 100m2 de área. ...................................................... 45
Figura 24 Efeito da distância do açude (dista) sobre a probabilidade de ocupação de
insetívoros de habito alimentar em troncos de árvores em um sub-bosque
da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de
ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy
models). ...................................................................................................... 45
Figura 25 Efeito da distância Da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação de
insetívoros de habito alimentar em troncos de árvores em um sub-bosque
da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de
ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy
models). ....................................................................................................... 46
Figura 26 Efeito da densidade da vegetação sobre a probabilidade de ocupação de
nectarívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas
a partir da média dos modelos de ocupação para uma espécie (Single-
species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma
contagem de espécies plantas com das ≥ 3 em 100m2 de área. .................... 47
Figura 27 Efeito da densidade da vegetação sobre a probabilidade de ocupação de
aves onívoras em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas
a partir da média dos modelos de ocupação para uma espécie (Single-
species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma
contagem de espécies plantas com das ≥ 3 em 100m2 de área. ..................... 48
18
1. INTRODUÇÃO
As aves são um dos grupos zoológicos que mais sofrem com a descaracterização
e fragmentação de habitats causados pela ação antrópica. A avifauna brasileira é composta
por aproximadamente 1.919 espécies, sendo que 510 destas espécies habitam a Caatinga
(PIACENTINI, 2015; DE FARIAS, 2013). As aves merecem destaque por sua diversidade
taxonômica, característica de bioindicador e grande capacidade de deslocar-se para escolha
de seu hábitat, sendo a avaliação de uma comunidade de aves uma importante ferramenta
para verificar o grau de conservação e qualidade dos hábitats (SCHERER et al., 2010).
As espécies com mais de um tipo de táxon são, na verdade, compostas por
conjuntos de populações bastante distintas, cada uma com suas próprias características de
plumagem, voz e comportamento. A identificação e o mapeamento desses conjuntos
distintos de populações são um dos maiores desafios da ornitologia brasileira (SILVA et
al., 2003), pois definir quais são as aves endêmicas da Caatinga é a determinação dos
limites da Caatinga propriamente dita.
O complexo da Caatinga destaca-se entre as outras províncias fitogeográficas por
ser, aparentemente, a mais rica em paisagens de exceção ou enclaves (OLMOS et al., 2005).
Segundo Poulin et al. (1992, apud Silveira e Machado, 2012) em ambientes semiáridos e
áridos como a Caatinga, a avifauna pode ser encontrada exposta a períodos longos de baixa
pluviosidade o que vem acontecendo na região estudada.
A Caatinga é um mosaico de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas
que cobre a maior parte dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e a parte nordeste de Minas Gerais, no vale do
Jequitinhonha (DE MELO, 2015). Na Caatinga do Rio Grande do Norte destacamos uma
região denominada Seridó, na qual é responsável pela manutenção da biodiversidade da
avefauna, uma vez que a região está encravada na depressão sertaneja setentrional, o que
corrobora para uma diversidade de espécies de fauna e flora, além da grande quantidade de
pequenos açudes.
A região do Seridó Potiguar é citada por Medeiros Neta (2005), como um vasto
trecho do território do estado do Rio Grande do Norte, que está atravessado e cortado pelo
Rio Seridó e seus afluentes como o Rio Barra Nova, rios intermitentes que ficam sem
volume de água no período de estiagem. A seis anos a região do Seridó está com o nível
de pluviosidade baixo (BRASIL, 2017), fazendo com que espécies de aves residentes
procurem se adaptar a novas condições impostas pelo ambiente.
19
O Seridó do Rio Grande do Norte constitui uma importante região do semiárido
nordestino (MACÊDO, 2010), localizada no extremo sul do Rio Grande do Norte (Figura
1) este tipo especial de Caatinga é caracterizado por formações vegetais lenhosas de baixo
e médio porte e grande representatividade de espécies xerófilas e decíduas, onde o tipo
predominante é a savana estépica gramíneo-lenhosa, que possui um estrato herbáceo
bastante definido em épocas de chuva (ROQUE, 2008).
Figura 1: Localização da região Seridó no Rio Grande do Norte (área verde) com o limite dos municípios de
abrangência. Fonte: Alan de Araújo.
O Seridó tem uma extensão territorial de 10.808,615 Km² (Figura 2), é composto
por vinte e cinco municípios: Currais Novos, Acari, Cruzeta, São José do Seridó, Caicó,
Serra Negra do Norte, Jardim do Piranhas, Jardim do Seridó, Jucurutu, São Fernando, São
João do Sabugi, Timbaúba dos Batistas, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Bodó, Florânia,
Ipueira, Lagoa Nova, Ouro Branco, Parelhas, Equador, Santana do Matos, Santana do
Seridó, São Vicente e Tenente Laurentino Cruz (ROQUE,2008).
No ano 2000, o Ministério do Meio Ambiente realizou uma sistematização e
diagnóstico referente à fauna do Bioma Caatinga. Chegou-se à conclusão de que existe a
necessidade de se aumentar o conhecimento acerca da fauna da Caatinga (CRUZ; BORBA;
Figura 2: Mapa do Rio Grande do Norte destacando os 25 municípios que compõe a região do Seridó.
20
ABREU, 2005). A diversidade de espécies e a crescente pressão antrópica, aliadas à
ausência de estudos suficientes para mapear com precisão a biodiversidade na Caatinga,
tornam evidente a necessidade de levantamentos dos grupos de espécies em localidades
pouco ou não amostradas, sobretudo para subsidiar políticas de conservação (BEZERRA;
ARAUJO; ALVES, 2013).
Em áreas florestais que sofrem degradação ou fragmentação da vegetação, a
diversidade de aves é reduzida devido à diminuição do tamanho dos seus habitats. Estas
ficam isoladas, dando origem a paisagens contendo remanescentes de vegetação natural
circundados por uma matriz de vegetação alterada. Devido a estes fatores, ocorrem
restrições ao tamanho das populações, diminuição da riqueza de espécies e da variabilidade
genética, alteração do movimento, a nidificação das aves, aumento do efeito de borda, entre
outros. Assim, algumas aves mais vulneráveis ou com especialização em sua dieta, podem
ser extintas localmente, enquanto outras, mais generalistas, podem ser favorecidas e
aumentar em riqueza e abundância (MOHR, 2012).
Olmos et al. (2005) descrevem que as condições de altitude, drenagem,
geomorfologia e tipos de solo determinam a existência de uma grande diversidade de
características da vegetação que, variam de formações espaçadas a verdadeiras florestas.
Assim diversos estudos demonstram que em cada região os aspectos da vegetação se
relacionam com os grupos de aves, influenciando diferentes fatores como a composição da
avifauna de cada localidade e a riqueza (OLMOS et al. 2005; SCHERER et al. 2005;
DARIO 2008; SILVEIRA E MACHADO 2012; VIEIRA et al. 2013).
Usando características da vegetação como aspecto de influência na ocupação dos
grupos de aves, nos fornece um conhecimento sobre a distribuição espacial das espécies.
A seleção de habitats por aves está estritamente relacionada com a estrutura da paisagem
(ANDERSON & SHUGART, 1974; CODY, 1985; apud NUNES, 2009). Willson (1974,
apud GIMENES & DOS ANJOS, 2003) constatou adição de guildas e no número de
espécies dentro de cada guilda em uma série de ambientes com crescente complexidade
estrutural da vegetação, sendo que a presença de árvores no ambiente teve grande
importância para o acréscimo de espécies de aves.
A estruturação vegetal de um sub-bosque é um fator determinante da riqueza e da
distribuição de aves, já que diferentes espécies de aves exibem diferentes formas de
utilização do habitat e de comportamento de forrageamento, conforme a espécie de planta
utilizada (MARTINS, 2007).
21
Diante disso trabalhamos com a hipótese de que a estrutura da vegetação,
representada pela altura de dossel, diâmetro e densidade de árvores, influencia de forma
distinta a probabilidade de ocupação das espécies de aves de diferentes guildas.
Nesse sentido, o presente estudo teve por objetivo investigar como os aspectos
ambientais afetam a distribuição de grupos de aves do sub-bosque da caatinga do Seridó e
estimar a ocupação das mesmas em seu habitat. Por essa razão, realizamos um
levantamento ornitológico da área possibilitando a caracterização das aves predominantes
no ambiente, facilitando o conhecimento da área, no qual é carente de informação.
A presença de populações relativamente grandes não é um indicativo preciso de
viabilidade populacional em determinadas situações. Sendo assim, se faz necessário o
referido estudo na região da RPPN, e se justifica propondo uma análise detalhada das
espécies locais evidenciando os parâmetros demográficos e de viabilidade populacional de
vertebrados de área de caatinga de forma a fornecer subsídios para a conservação e manejo
da RPPN Stoessel de Brito.
22
2. MÉTODOS
2.1 ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi realizado na Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda
Salobro (Figura 3) conhecida como RPPN Stoessel de Brito, situada no município de
Jucurutu, no estado do Rio Grande do Norte (6°12'53.97"S, 37° 2'30.76"O), possuindo área
de 818,50 ha (IDEMA, 2009). A área apresenta vegetação predominantemente arbustiva-
arbórea e esparsa, com campinas de permeio e manchas desnudas. Além de preservar
belezas cênicas e ambientes históricos, a RPPN Stoessel de Brito protege recursos hídricos
e naturais, além de permitir o desenvolvimento de pesquisas científicas, manutenção de
equilíbrios climáticos ecológicos entre vários outros serviços ambientais.
Figura 3: Localização dos municípios de Caicó e Jucurutu, no Brasil, Rio Grande do Norte, onde está
inserido o Distrito de Lagihas e a RPPN Stoessel de Brito. Fonte: Mycarla Míria .
A RPPN Stoessel de Brito representa uma unidade de conservação que mostra uma
porção bem conservada de caatinga arbustiva-arbóreo, sofre constantemente as pressões de
ordem natural e antrópica e constitui uma área para a efetiva preservação da biodiversidade.
Há sensibilização da comunidade do seu entorno, atuando no desequilíbrio ambiental com
ações de caçadores locais, onde ocorre a diminuição de biodiversidade animal, e também
com frequentes queimadas nos períodos de escassez hídrico (LUCENA, 2010).
23
2.2 AMOSTRAGEM DE AVES
A identificação das aves foi visual, com o auxílio de binóculo 8 x 42, guias de
campo, gravação e comparação de cantos. A nomenclatura científica e ordem taxonômica
seguiu Piacentini et al. (2015). As espécies registradas foram classificadas quanto aos seus
hábitos alimentares acordo a literatura (PICHORIM et al. 2016, DEL HOYO et al., 2018),
sendo consideradas as seguintes guildas tróficas:
C – Carnívoras: aves que se alimentam de vertebrados;
F – Frugívoras: aves que se alimentam de frutos;
G – Granívoras: aves que se alimentam de pequenas sementes;
GS – Granívoras de solo: aves que se alimentam de pequenas sementes que se
encontram no solo;
I – Insetívoras: aves que se alimentam de insetos em geral;
IS – Insetívoras de solo: aves que se alimentam de insetos que se encontram no
solo;
IT – Insetívoras de tronco: aquelas que se alimentam de insetos que se encontram
nos troncos das árvores;
N – Nectarívoras: aves que se alimentam de néctar;
O – Onívoras: aves que se alimentam de diferentes recursos, seja animal ou
vegetal.
2.3 COLETAS DE DADOS E COVARIÁVEIS
Usando o software QGIS GRASS 7.4.0, (Quantum GIS Development Team),
geramos um polígono 1,98 km² sobre um “shapefile” da RPPN Stoessel de Brito (ver
Icmbio, 2017). Em seguida efetuamos a aleatoriedade dos 40 pontos (sítios amostrais), para
garantir que todas as unidades amostrais fossem igualmente contempladas no estudo
(Figura 4). Os pontos amostrados estiveram a uma distância mínima de 300 metros entre
eles para garantir independência espacial das réplicas.
24
Figura 4: Localização da RPPN Stoessel de Brito com os pontos de observação e de escuta de aves,
localização da sede e do leito de água (açude); em destaque área com representação esquemática de
obtenção de covariáveis ambientais.
Inicialmente, foi reproduzida isca de áudio da espécie Glaucidium brasilianum
(caburé) para tornar as aves locais mais ativas e maximizar suas detecções (Figura 5). O
período de censo em cada ponto amostral foi de 21 min, subdivididos em três sessões de 7
min. Em cada sessão houve a reprodução do canto da Glaucidium brasilianum, por 3 min
seguidos de 4 min de espera subsequentes para registros das espécies locais. É importante
frisar que os “playbacks” foram reproduzidos em baixo volume, de forma a abranger um
raio máximo aproximado de 20 m no entorno do ponto, para que somente as espécies
próximas fossem atraídas.
25
Figura 5: Imagem do uso de playback no ambiente, técnica de execução do som para o chamado das espécies
de aves do local.
Ao todo foram realizadas dez ocasiões de amostragens em cada dia, sendo cinco
pela manhã (05:00 as 10:00) e outras cinco à tarde (15:00 as 17:30). As campanhas de
campo ocorreram nos períodos de menor pluviosidade – entre os meses de julho e
dezembro de 2017 – com doze dias de esforço, totalizando um mínimo de 120 ocasiões de
amostragens no período (dez amostragens diárias durante doze dias), no total, visitamos
cada sítio três vezes, seguindo orientações de MacKenzie (2006), onde optamos por um
desenho amostral com poucas repetições em um maior número de sítios, visto que as
espécies são comuns na RPPN.
Adotamos algumas covariáveis de análise (variáveis ambientais que
possivelmente influenciam na ocupação das espécies), como o estrato arbóreo onde foi
medido o diâmetro das plantas na altura de solo (das), medida realizada com auxílio de um
paquímetro analógico de capacidade 0 – 500 mm, graduação 0,05 mm. Após foi feito a
média dos diâmetros das árvores em todos os pontos (média do das), a densidade da
vegetação (den), ou seja, o número de indivíduos lenhosos (das > 3) em um raio de 100 m2
de cada ponto de amostragem. A altura de dossel, altura da planta efetuado do solo até a
extremidade da copa das árvores, executada com estacas medindo 120 cm, em seguida
fizemos a média das alturas (alt) das plantas, uma vez que um dos objetivos é verificar se
as espécies diferem quanto à altura da vegetação em que habitam e exploram recursos.
26
As covariáveis de análise do estrato arbóreo foram coletadas em cada ponto
amostral numa área de 100 m2 e as plantas usadas para a amostragem foram selecionadas
de forma aleatória (Figura 6), assim cada ponto demonstrou características distintas.
Figura 6: RPPN Stoessel de Brito com os pontos de observação e de escuta de aves, localização da sede e
do leito de água (açude); em destaque área com representação esquemática de obtenção de covariáveis
ambientais como densidade vegetativa (den), altura de dossel (alt) e diâmetro da altura do solo (das).
Outras covariáveis testadas foram a distância da sede (dists) como meio de ação
antrópica e a distância do açude (dista) com recurso hídrico disponível na área da RPPN,
no qual foi utilizado o programa Google Earth Pro para as medições de cada ponto (Figura
7).
Figura 7: RPPN Stoessel de Brito mostrando os pontos de observação e de escuta de aves, localização da
sede e do leito de água (açude); com a representação esquemática de obtenção de covariáveis de distância da
sede (dists) e distância do açude (dista).
27
2.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
2.4.1 Análises de ocupação simples
Utilizamos o programa MARK (White & Burnham, 1999) para gerar modelos de
ocupação estática (uma espécie e uma estação), os quais incorporam dois processos
estocásticos. Como parâmetros temos a probabilidade de ocupação (Ψ) que é definida como
a proporção de habitat ocupado por uma espécie e a detecção (p) que é a probabilidade da
espécie alvo ser detectada em determinada área, considerando-se que a espécie está
presente (MACKENZIE et al., 2002)
Foram utilizados modelos de ocupação para uma espécie e uma estação (Single-
species, single-season occupancy models) seguindo metodologia de MACKENZIE et al.
(2006), dado que, o trabalho foi produzido no período de seca e as espécies foram
agrupadas em guildas alimentares.
Esse modelo possui algumas premissas importantes:
1) a ocupação se mantém constante em cada sítio ao longo da estação (não ocorre mudança
na condição de ocupação no período amostrado);
2) as probabilidades de ocupação são constantes entre sítios ou variam em resposta à
alguma covariável;
3) as probabilidades de detecção são constantes entre sítios de amostragem ou variam em
função de uma covariável;
4) a detecção da espécie e histórias de detecção em cada área são independentes.
Esta estrutura de modelos de ocupação para uma espécie e uma estação permite a
análise de diferentes grupos de aves (guildas), quando os históricos de registros feitos em
cada grupo são tratados como um único conjunto. Dessa forma, os dados de cada guilda
foram analisados como grupos e não de forma conjunta como em modelos de ocupação
para múltiplas estações, os quais preveem probabilidades de colonização e extinção entre
as sessões. Então, quando a espécie ocupa uma unidade amostral, ela pode ou não ser
detectada (Gerber, et al. 2017).
Esse tipo de modelagem utiliza o histórico de detecção obtido por meio de várias
visitas (três visitas) aos sítios amostrais para estimar a detectabilidade das espécies e a
proporção de sítios ocupados por elas. Com isso o uso de covariáveis nos grupos, nos
permitiu testar o efeito do tipo de ambiente, desde que a circunstância da ocupação dos
sítios amostrais sejam constantes dentro dos intervalos que denominamos de estação.
28
Seguindo esse princípio de modelagem, montamos um modelo global no qual a
ocupação de cada grupo de aves (guildas) está sobre o efeito das covariáveis individuais de
cada ponto amostral, a altura média das plantas (alt), diâmetro médio das plantas na altura
do solo (das), densidade vegetativa (den), distância da sede (dists) e distância do açude
(dista), e a detecção de cada grupo de ave (guildas) também está sendo influenciados pelas
mesmas covariáveis. Portanto, o modelo inicial global teve sua estruturação da seguinte
forma: Ψ (alt+das+den+dista+dists) p(t+alt+das+den+dista+dists). A partir desse modelo global, testamos as
hipóteses alternativas, restringindo as covariáveis, com o propósito de verificar qual
covariável ou qual conjunto de covariáveis teve maior influência sobre as estimativas de
ocupação e detecção. Dessa forma, obtivemos 2048 modelos formados a partir da hipótese
inicial onde as covariáveis (alt, das, den, dista e dist) influenciaram na detecção (p) e na
ocupação (Ψ) dos grupos de aves (guildas)
Ranqueamos os modelos de acordo com o Critério de Informação de Akaike
ajustado para pequenas amostras (AICc), sendo os menores valores referentes aos modelos
mais bem ajustados aos dados. O Delta AICc (ΔAICc) é uma medida de distância entre os
modelos, ou seja, a diferença entre o AICc do modelo que mais se ajustou aos dados
coletados e os demais modelos. Conforme mencionado em Burnham e Anderson (2002),
modelos com Delta AICc ≤ 2 apresentam semelhanças quanto ao seu ajuste aos dados e
explicam a variação no conjunto de dados tão bem quanto o modelo melhor colocado. Do
conjunto de modelos excluímos todos aqueles que apresentaram parâmetros não
informativos (ARNOLD, 2010). Um índice importante também é o peso dos AICc (wei)
que é pertinente à ordenação de modelos. O AICc wei é uma medida relativa da importância
de cada modelo em relação ao conjunto total de modelos, ela foi usada como parâmetro de
seleção dos modelos da formação das tabelas. O AICc wei também foi empregado na
formação de um conjunto de modelos com o somatório dos valores igual a 95 %, os demais
modelos que não pertencem ao conjunto foram excluídos, exceto o modelo global e o
modelo constante (Ψ (.) p(.)), o qual apresenta as estimativas de ocupação e detecção sem
influência das covariáveis, sendo o peso entre os modelos remanescentes redistribuídos
seguindo Burnham e Anderson (2002).
29
3. RESULTADOS
3.1 OCUPAÇÃO INDIVIDUAL EM FUNÇÃO DAS COVARIÁVEIS
AMBIENTAIS
A partir do modelo global, criamos 2048 modelos para cada guilda trófica. Após a
exclusão de modelos com parâmetros não informativos, esse número caiu para 245
modelos em carnívoros, 259 em frugívoros, 240 em granívoros, 250 em granívoros de solo,
250 em insetívoros, 250 em insetívoros de solo, 160 em insetívoros de tronco, 180 em
nectarívoros e 180 em onívoros. No entanto, só consideramos apenas os modelos que
integraram 95% dos pesos do AICc (AICc wei). Os modelos que tiveram ΔAICc < 2
entraram como nível de comparação, também apresentamos os modelos globais (assume
influência de todas as covariáveis sobre as estimativas dos parâmetros) e constante (assume
que as covariáveis não tem influência sobre as estimativas dos parâmetros), onde obtiveram
um baixo AICc wei.
3.1.1 Carnívoros
Para os carnívoros, observamos que a covariável de densidade da vegetação (den)
foi importante na estimativa da ocupação, presente no modelo com o menor AICc e com o
AICc wei. = 0,09 (Tabela 1). A ocupação dessa guilda foi negativamente (β = -0,028)
afetada pela densidade da vegetação (Tabela 2 e Figura 8). As covariáveis de distância do
açude (dista), distância da sede (dists) e diâmetro da altura do solo (das) apresentaram
modelos com o AICc wei. = 0,06 e o ΔAICc menor 2, logo essas covariáves também
influenciaram na ocupação dos carnívoros (Tabela 1). Observamos que a covariáveies
ocasionam diferentes intensidades de efeito sobre o grupo. A distância do açude apresentou
um parâmetro negativo (β = -0,394), a covariável distância de sede (dists) apresentou
parâmetro positivo (β = 0,120) e o diâmetro de altura do solo (das) apresentou um
parâmetro negativo (β = -0,002), dessa maneira as covariáveis de densidade da vegetação,
distância do açude, distância da sede e diâmetro da altura do solo tiveram influência própria
na probabilidade de ocupação dos carnívoros (Figuras 8, 9, 10 e 11).
30
Tabela 1. Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models) aplicados
ao grupo de carnívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p) foi estimada
a partir do tempo, enquanto a probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, a densidade da vegetação (den) e a
distância do açude (dista).
GRUPO Modelos Num.
Par.
AICc ΔAICc AICc
Wei.
Ca
rnív
oro
s
Ψ (den) p(t) 11 413,40 00,00 0,09
Ψ (.) p(t +das) 11 413,87 00,46 0,07
Ψ (dista) p(t) 11 414,08 00,67 0,06
Ψ (.) p(t +den) 11 414,16 0,75 0,06
Ψ (dists) p(t) 11 414,20 0,79 0,06
Ψ (das) p(t) 11 414,21 0,80 0,06
Constante Ψ (.) p(.) 2 419,96 06,55 0,01
Global {Ψ (alt+das+den+dista+dists)
p(t+alt+das+den+dista+dists)} 20 452,29 38,89 0,00
Legenda: Num. Par. = número de parâmetros, AICc = Critério de Informação de Akaike corrigido para pequenas amostras, ΔAIC = diferença
de AICc de cada modelo para o melhor modelo, AICc wei. = peso de explicação de um modelo. Covariáveis: alt (altura de dossel) das (Média
do DAS), den (densidade da vegetação), dista (distância do açude) e dists (distância da sede).
Tabela 2: Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP) dos parâmetros mais relevantes na
modelagem de ocupação da guilda trófica carnívora em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Os valores de β
são referentes aos melhores modelos nos quais aparecem as covariáveis.
Grupo Covariável Valor β EP
Carn
ivoro
s
Ψ (den) -0,028 0,031
Ψ (dista) -0,394 0,001
Ψ (dists) 0,120 0,001
Ψ (das) -0,002 0,084
31
Figura 8: Efeito da densidade da vegetação (den) sobre a probabilidade de ocupação de carnívoros em um
sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma contagem de
espécies vegetais com das ≥ 3 em 100m2 de área.
Figura 9: Efeito da distância do açude (dista) sobre a probabilidade de ocupação de carnívoros em um sub-
bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0 10 20 30 40 50
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DENSIDADE DA VEGETAÇÃO (unidade/100m2)
Carnívoros
0,66
0,68
0,7
0,72
0,74
0,76
0,78
0,8
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DISTÂNCIA DO AÇUDE (m)
Carnívoros
32
Figura 10: Efeito da distância da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação de carnívoros em um sub-
bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models).
Figura 11: Efeito do diâmetro na altura de solo (das) sobre a probabilidade de ocupação de carnívoros em
um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para
uma espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma média da
espessura dos troncos das árvores com o das ≥ 3 cm em 100m2 de área.
0,73
0,74
0,75
0,76
0,77
0,78
0,79
0,8
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DISTÂNCIA DA SEDE (m)
Carnívoro
0,74
0,75
0,76
0,77
0,78
0,79
0,8
0 5 10 15 20 25
PR
OB
AB
ILID
AD
DE
DE
OC
UP
AÇ
ÃO
(Ψ
)
DIÂMETRO NA ALTURA DO SOLO EM cm (das)
Carnívoro
33
3.1.2 Frugívoros
Para a guilda dos frugívoros, a covariável diâmetro na altura do solo (das) foi
selecionada no melhor modelo (Tabela 3). A ocupação dessa guilda respondeu de forma
positiva (β = 0,102), em função da covariável das (Tabela 4 e Figura 12). As covariáveis
de densidade da vegetação (den) e de altura do dossel (alt) apresentaram modelos com
ΔAICc < 2, assim tem sua importância para a ocupação dos frugívoros (Tabela 3). Como
foi observado no grupo dos carnívoros as covariáveis causaram também efeitos diferentes
sobre a ocupação da guilda. A densidade da vegetação apresentou influência positiva (β =
0,005), a covariável de altura do dossel (alt) apresentou influência negativa (β = -0,528),
desse modo a ocupação da guilda trófica teve sua influência de acordo com o diâmetro de
altura do solo, tênue na densidade da vegetação e a altura do dossel (Figuras 12, 13, e 14).
Tabela 3. Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models) aplicados
ao grupo de frugívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p) foi estimada
a partir do tempo (t) e o diâmetro da altura do solo (das), enquanto a probabilidade de ocupação (Ψ) considerou,
o diâmetro da altura do solo (das).
Grupo Model Num.
Par AICc ΔAICc
AICc
Wei.
Fru
gív
oro
Ψ (das) p(t + das) 12 390,00 00,00 00,17
Ψ (.) p (t + das + den) 12 390,75 00,75 00,11
Ψ (.) p (t + alt + das) 12 391,24 01,24 00,09
Ψ (den) p(t + das) 12 391,32 01,32 00,08
Ψ (alt) p(t + das) 12 391,35 01,35 00,08
Constante Ψ (.) p(.) 2 412,80 22,80 00,00
Global {Ψ (alt+das+den+dista+dists) p(t+alt+das+den+dista+dists)} 20 424,02 34,02 00,00
Legenda: Num. Par. = número de parâmetros, AICc = Critério de Informação de Akaike corrigido para pequenas amostras, ΔAIC = diferença
de AICc de cada modelo para o melhor modelo, AICc wei. = peso de explicação de um modelo. Covariáveis: alt (altura de dossel) das (Média
do DAS), den (densidade da vegetação), dista (distância do açude) e dists (distância da sede).
Tabela 4: Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP) dos parâmetros mais relevantes na
modelagem de ocupação da guilda trófica de frugívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Os valores
de β são referentes aos melhores modelos nos quais aparecem as covariáveis.
Grupo Covariável Valor β EP
Fru
gív
oro
Ψ (das) 0,102 0,093
Ψ (den) 0,005 0,032
Ψ (alt) -0,528 0,002
34
Figura 12: Efeito do diâmetro na altura do solo (das) sobre a probabilidade de ocupação de frugívoros em
um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para
uma espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma média da
espessura dos troncos das árvores com o das ≥ 3 cm em 100m2 de área.
Figura 13: Efeito da densidade da vegetação sobre a probabilidade de ocupação de frugívoros em um sub-
bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma espécie
(Single-species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma contagem de espécies plantas
com das ≥ 3 em 100m2 de área.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 5 10 15 20 25
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DIÂMETRO NA ALTURA DO SOLO EM cm (das)
Frugívoro
0,7
0,71
0,72
0,73
0,74
0,75
0,76
0,77
0 10 20 30 40 50
PO
BA
BIL
IAD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DENSIDADE DA VEGETAÇÃO (unidade/100m2)
Frugívoro
35
Figura 14: Efeito da altura de dossel (alt) sobre a probabilidade de ocupação de frugívoros em um sub-
bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma média da altura das
árvores com o das ≥ 3 cm em 100m2 de área.
3.1.3 Granívoros generalistas
Nos granívoros generalistas, o melhor modelo (AICc wei = 0,14) mostrou como
covariável do parâmetro de ocupação do grupo a distância da sede (dists) (Tabela 5). A
ocupação dessa guilda foi afetada negativamente (β = -0,001), pela dists (Tabela 6 e Figura
15). Diante desse fato a ocupação do granívoros generalistas teve de forma sutil uma
influência pela distância da sede, e em relação as demais covariáveis não tiveram
importância significativa na ocupação do grupo. Ao contrário das demais guildas, nos
granívoros as covariáveis alt (altura de dossel), das (diâmetro da altura do solo), den
(densidade da vegetação) e dista (distância do açude) não causaram efeitos sobre a
ocupação, por tanto apresentam uma ocupação uniforme na região de estudo.
0,722
0,723
0,724
0,725
0,726
0,727
0,728
0,729
0 100 200 300 400 500 600 700
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
ALTURA DE DOSSEL EM cm (alt)
Frugívoro
36
Tabela 5. Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models) aplicados
ao grupo de granívoros generalistas em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p)
foi estimada a partir da altura do dossel (alt), distância do açude (dista) e a distância da sede (dists), enquanto a
probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, a distância da sede (dists).
Grupo Model Num.
Par AICc ΔAICc
AICc
Wei.
Gra
nív
oro
Ψ (dists) p(alt + dista + dists) 6 437,07 00,00 00,14
Ψ (.) p(das + dista + dists) 5 437,26 00,18 00,13
Ψ (.) p(dista + dists) 4 437,47 00,40 00,11
Ψ (.) p(alt + den + dista) 5 438,11 01,03 00,08
Ψ (.) p(das + den + dista) 5 438,97 01,90 00,05
Coonstante Ψ (.) p(.) 2 444,16 07,08 00,00
Global {Ψ (alt+das+den+dista+dists) p(t+alt+das+den+dista+dists)} 20 495,76 58,68 00,00
Legenda: Num. Par. = número de parâmetros, AICc = Critério de Informação de Akaike corrigido para pequenas amostras, ΔAIC =
diferença de AICc de cada modelo para o melhor modelo, AICc wei. = peso de explicação de um modelo. Covariáveis: alt (altura de
dossel) das (Média do DAS), den (densidade da vegetação), dista (distância do açude) e dists (distância da sede).
Tabela 6: Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP) dos parâmetros mais relevantes na
modelagem de ocupação da guilda trófica de granívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. O valore de
β é referente ao melhor modelo no qual aparece a covariável.
Grupo Covariável Valor β EP
Granívoro Ψ (dists) -0,001 0,001
Figura 15: Efeito da distância da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação de granívoros generalistas
em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para
uma espécie (Single-species, single-season occupancy models).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DISTÂNCIA DA SEDE (m)
Granívoros Generalistas
37
3.1.4 Granívoros de solo
Nos granívoros de solo, a distância de sede (dists) foi a covariável presente no
melhor modelo (AICc wei. = 0,102) (Tabela 7). A ocupação dos granívoros de solo variou
de forma negativa (β = -0,0118), em função da covariável den (Tabela 8 e Figura 16).
Diferente dos granívoros generalistas outras covariáveis tiveram importância na ocupação
do grupo, estas foram, distância do açude (β = -0,0114) e densidade da vegetação (β = -
0,4166). Em vista disso a ocupação da guilda trófica teve sua influência de acordo com a
densidade da vegetação, distância do açude e a distância da sede (Figuras 16, 17 e 18).
Tabela 7. Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models) aplicados
ao grupo de granívoros de solo em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p) foi
estimada a partir do diâmetro da altura do solo (das), distância do açude (dista) e a distância da sede (dists),
enquanto a probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, a distância da sede (dists).
Grupo Model Num.
Par AICc ΔAICc
AICc
Wei.
Gra
nív
oro
de
solo
Ψ (dists) p(das + dista + dists) 6 342,39 0 00,102
Ψ (dista) p(das + dista + dists) 6 342,66 00,27 00,089
Ψ (dists) p(das) 4 342,92 00,53 00,078
Ψ (dista) p(das) 4 343,19 00,80 00,068
Ψ (den) p(das + dista + dists) 6 343,24 00,84 00,067
Constante Ψ (.) p(.) 2 352,99 11,94 00,000
Global {Ψ (alt+das+den+dista+dists) p(t+alt+das+den+dista+dists)} 20 392,07 51,02 00,000
Legenda: Num. Par. = número de parâmetros, AICc = Critério de Informação de Akaike corrigido para pequenas amostras, ΔAIC = diferença
de AICc de cada modelo para o melhor modelo, AICc wei. = peso de explicação de um modelo. Covariáveis: alt (altura de dossel) das (Média
do DAS), den (densidade da vegetação), dista (distância do açude) e dists (distância da sede).
Tabela 8: Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP) dos parâmetros mais relevantes na
modelagem de ocupação da guilda trófica de granívoros de solo em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Os
valores de β é referente ao melhor modelo no qual aparece a covariável.
Grupo Covariável Valor β EP
Gra
nív
oro
de
solo
Ψ (dists) -0,0118 0,00923
Ψ (dista) -0,0114 0,00927
Ψ (den) -0,4166 0,48220
38
Figura 16: Efeito da distância da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação de granívoros de solo em
um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para
uma espécie (Single-species, single-season occupancy models).
Figura 17: Efeito da distância do açude (dista) sobre a probabilidade de ocupação de granívoros de solo
em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação
para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DISTÂNCIA DA SEDE (m)
Granívoros de solo
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DISTÂNCIA DO AÇUDE (m)
Granívoros de solo
39
Figura 18: Efeito da densidade da vegetação sobre a probabilidade de ocupação de granívoros de solo em
um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para
uma espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma contagem de
espécies plantas com das ≥ 3 em 100m2 de área.
3.1.5 Insetívoros
Nos insetívoros a distância do açude (dista) foi a covariável presente no melhor
modelo (AICc wei. = 0,21) (Tabela 9). A ocupação dos insetívoros apresentou uma relação
negativa (β = -0,0038), em função da covariável dista (Tabela 10 e Figura 19). A distância
da sede também teve importância na ocupação do grupo, (β = -0,0036) com o segundo
modelo melhor ranqueado. Em vista disso a ocupação da guilda trófica teve sua influência
de acordo com a, distância do açude e a distância da sede (Figuras 19 e 20).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 10 20 30 40 50
PR
OB
BIL
IDA
DE
DE
OC
UP
AÇ
ÃO
(Ψ
)
DENSIDADE DA VEGETAÇÃO (unidade/100m2)
Granívoros de solo
40
Tabela 9. Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models) aplicados ao
grupo de insetívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p) foi estimada a
partir da altura do dossel (alt), diâmetro da altura do solo (das) e a densidade da vegetação (den), enquanto a
probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, a distância do açude (dista) e distância da sede (dists).
Grupo Model Num.
Par AICc ΔAICc
AICc
Wei.
Inse
tívo
ros
Ψ (dista) p(alt + das + den) 6 395,08 00,00 00,21
Ψ (dists) p(alt + das + den) 6 395,40 00,32 00,18
Ψ (.) p(alt + das + den) 5 395,84 00,76 00,14
Constante Ψ (.) p(.) 2 412,26 17,17 00,00
Global {Ψ (alt+das+den+dista+dists) p(t+alt+das+den+dista+dists)} 20 447,98 52,90 00,00
Legenda: Num. Par. = número de parâmetros, AICc = Critério de Informação de Akaike corrigido para pequenas amostras, ΔAIC = diferença
de AICc de cada modelo para o melhor modelo, AICc wei. = peso de explicação de um modelo. Covariáveis: alt (altura de dossel) das (Média
do DAS), den (densidade da vegetação), dista (distância do açude) e dists (distância da sede).
Tabela 10: Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP) dos parâmetros mais relevantes
na modelagem de ocupação da guilda trófica de insetívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Os
valores de β é referente ao melhor modelo no qual aparece a covariável.
Grupo Covariável Valor β EP
Inse
tívo
ro
Ψ (dista) -0,0038 0,0021
Ψ (dists) -0,0036 0,0021
41
Figura 19: Efeito da distância do açude (dista) sobre a probabilidade de ocupação de insetívoros em um
sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models).
Figura 20: Efeito da distância da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação de insetívoros em um sub-
bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DISTÂNCIA DO AÇUDE (m)
Insetívoros
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
OC
UP
AÇ
ÃO
(Ψ
)
DISTÂNCIA DA SEDE (m)
Insetívoros
42
3.1.6 Insetívoros de solo
Nas aves insetívoras que se alimentam no solo, obtivemos para a estimação do
parâmetro de ocupação da guilda, a covariável de distância da sede (dists), esteve no melhor
modelo (AICc wei. = 0,22) (Tabela 11). Em vista disso, a ocupação dos insetívoros de solo
foi influenciada negativamente (β = -0.0061), pela covariável dista (Tabela 12 e Figura 21).
Outra covariável teve importância na ocupação do grupo, a distância do açude (β = -0.0065)
com o segundo e o terceiro modelos melhor ranqueados. Em vista disso a ocupação da
guilda trófica teve sua influência de acordo com a, distância da sede e do açude (Figuras
21 e 22).
Tabela 11. Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models) aplicados
ao grupo de insetívoros de hábito alimentar em solo em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de
detecção (p) foi estimada a partir da altura do dossel (alt), diâmetro da altura do solo (das), a distância do açude
(dista) e distância da sede (dists), enquanto a probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, a distância da sede (dists)
e distância do açude (dista).
Legenda: Num. Par. = número de parâmetros, AICc = Critério de Informação de Akaike corrigido para pequenas amostras, ΔAIC = diferença
de AICc de cada modelo para o melhor modelo, AICc wei. = peso de explicação de um modelo. Covariáveis: alt (altura de dossel) das (Média
do DAS), den (densidade da vegetação), dista (distância do açude) e dists (distância da sede).
Tabela 12: Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP) dos parâmetros mais relevantes na
modelagem de ocupação da guilda trófica de insetívoros com habito alimentar em solo em um sub-bosque da
caatinga do Seridó. Os valores de β é referente ao melhor modelo no qual aparece a covariável.
Grupo Covariável Valor β EP
Inse
tívo
ro
de
solo
Ψ (dists) -0,0061 0,0040
Ψ (dista) -0,0065 0,0045
Grupo Model Num.
Par AICc Δ/AICc
AICc
Wei.
Inse
tívo
ros
de
solo
Ψ (dists) p(alt + das + dista + dists) 7 142,39 00,00 00,22
Ψ (dista) p(alt + das + dista + dists) 7 142,78 00,38 00,18
Ψ (dists + dista) p(alt) 5 144,09 01,69 00,097
Constante Ψ (.) p(.) 2 157,03 14,63 00,00
Global {Ψ (alt+das+den+dista+dists) p(t+alt+das+den+dista+dists)} 20 200,23 57,83 00,00
43
Figura 21: Efeito da distância da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação de insetívoros de
habito alimentar de solo em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média
dos modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models).
Figura 22: Efeito da distância do açude (dista) sobre a probabilidade de ocupação de insetívoros de habito
alimentar de solo em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos
de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DISTÂNCIA DA SEDE (m)
Insetívoro de solo
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PÇ
ÃO
(Ψ
)
DISTÂNCIA DO AÇUDE (m)
Insetívoro de solo
44
3.1.7 Insetívoros de tronco
Nas aves insetívoras com o hábito alimentar em troncos, o parâmetro de ocupação
foi correlacionado às covariáveis de distância do açude (dista) e a densidade da vegetação
(den), essas covariáveis estiveram presentes no melhor modelo (AICc wei. = 0,19) (Tabela
13). A ocupação dos insetívoros de tronco sofreu influência negativa (β = -0,0046) da dista
e positiva (β = 0,1668) do den, em função das duas covariáveis (Tabela 14 e Figuras 23 e
24). Outra covariável teve importância na ocupação do grupo, a distância da sede (β = -
0,0045) com o segundo modelo melhor ranqueado. Diante dos dados mencionados a
ocupação da guilda trófica teve sua influência de acordo com a, distância do açude,
densidade vegetativa e distância da sede (Figuras 23, 24 e 25).
Tabela 13. Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models) aplicados
ao grupo de insetívoros de hábito alimentar em troncos de árvores em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A
probabilidade de detecção (p) foi estimada a partir do diâmetro da altura do solo (das), densidade da vegetação
(den) e distância do açude (dista), enquanto a probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, a densidade da vegetação
(den), distância do açude (dista) e a distância da sede (dists).
Grupo Model Num.
Par AICc ΔAICc
AICc
Wei.
Inse
tívo
ros
de
tronco
Ψ (den + dista){p(das + den + dista) 7 142,69 00,00 00,19
Ψ (den + dists){p(das + den + dista) 7 143,25 00,55 00,14
Ψ (.) p(das) 3 143,47 00,77 00,12
Constante Ψ (.) p(.) 2 148,04 05,34 00,01
Global {Ψ (alt+das+den+dista+dists) p(t+alt+das+den+dista+dists)} 20 193,67 50,97 00,00
Legenda: Num. Par. = número de parâmetros, AICc = Critério de Informação de Akaike corrigido para pequenas amostras, ΔAIC = diferença
de AICc de cada modelo para o melhor modelo, AICc wei. = peso de explicação de um modelo. Covariáveis: alt (altura de dossel) das (Média
do DAS), den (densidade da vegetação), dista (distância do açude) e dists (distância da sede).
Tabela 14: Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP) dos parâmetros mais relevantes na
modelagem de ocupação da guilda trófica de insetívoros com hábito alimentar em troncos em um sub-bosque da
caatinga do Seridó. Os valores de β é referente ao melhor modelo no qual aparece a covariável.
Grupo Covariável Valor β EP
Inse
tívo
ro d
e so
lo
Ψ (den) 0,1668 0,0744
Ψ (dista) -0,0046 0.0023
Ψ (dists) -0.0045 0.0023
45
Figura 23: Efeito da densidade da vegetação sobre a probabilidade de ocupação de insetívoros com hábito
alimentar em troncos de árvores de solo em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir
da média dos modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models).
Essa covariável indica uma contagem de espécies plantas com das ≥ 3 em 100m2 de área.
Figura 24: Efeito da distância do açude (dista) sobre a probabilidade de ocupação de insetívoros de habito
alimentar em troncos de árvores em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da
média dos modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 10 20 30 40 50
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DENSIDADE DA VEGETAÇÃO (unidade/100m2)
Insetívoro de tronco
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DISTÂNCIA DO AÇUDE (m)
Insetívoro de tronco
46
Figura 25: Efeito da distância Da sede (dists) sobre a probabilidade de ocupação de insetívoros de habito
alimentar em troncos de árvores em um sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da
média dos modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models).
3.1.8 Nectarívoros
A ocupação de espécies nectarívoras foi positivamente (β = 0.0761) influenciada
pela densidade da vegetação melhor modelo (Tabela 15, Tabela 16 e Figuras 26). Outras
covariáveis ambientais não tiveram influência na ocupação da guilda. Nessa situação a
ocupação dos nectarívoros teve sua influência de acordo com a densidade da vegetação.
Tabela 15. Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models) aplicados
ao grupo de nectarívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p) foi estimada
a partir do tempo (t) enquanto a probabilidade de ocupação (Ψ) considerou, a densidade da vegetação (den).
Grupo Model Num.
Par AICc ΔAICc
AICc
Wei.
Nec
tarí
voro
s
Ψ (den) p(t) 11 100,97 00,00 00,33
Ψ (.) p(t) 10 102,22 01,25 00,18
Constante Ψ (.) p(.) 2 132,32 31,34 00,00
Global {Ψ (alt+das+den+dista+dists) p(t+alt+das+den+dista+dists)} 20 143,38 42,41 00,00
Legenda: Num. Par. = número de parâmetros, AICc = Critério de Informação de Akaike corrigido para pequenas amostras, ΔAIC = diferença
de AICc de cada modelo para o melhor modelo, AICc wei. = peso de explicação de um modelo. Covariáveis: alt (altura de dossel) das (Média
do DAS), den (densidade da vegetação), dista (distância do açude) e dists (distância da sede).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DISTÂNCIA DA SEDE (m)
Insetívoro de tronco
47
Tabela 16: Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP) dos parâmetros mais relevantes
na modelagem de ocupação da guilda trófica de nectarívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. O valor
de β é referente ao melhor modelo no qual aparece a covariável.
Grupo Covariável Valor β EP
Nectarívoros Ψ (den) 0,0761 0,035
Figura 26: Efeito da densidade da vegetação sobre a probabilidade de ocupação de nectarívoros em um
sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma contagem de
espécies plantas com das ≥ 3 em 100m2 de área.
3.1.9 Onívoros
Nas aves onívoras a estimação do parâmetro de ocupação apresentou a covariável
de densidade da vegetação (den), essa covariável está presente em dois modelos com o
menor AICc tendo o primeiro com AICc wei. = 0,22 e o segundo com AICc = 0,21 (Tabela
17). A vista disso, a ocupação das aves onívoras nos demonstrou um parâmetro positivo (β
= 0,0673) em sua ocupação, de acordo com a covariável citada anteriormente (Tabela 18 e
Figuras 27). Outras covariáveis ambientais não influenciaram substancialmente a ocupação
da guilda. Nessa situação a ocupação dos nectarívoros teve sua influência de acordo com a
densidade da vegetação (Figura 27).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 10 20 30 40 50
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (
PIS
I)
DENSIDADE DA VEGETAÇÃO (unidade/100m2)
Nectarívoro
48
Tabela 17. Modelos de ocupação para uma espécie (Single-species, single-season occupancy models) aplicados
ao grupo de aves onívoras em um sub-bosque da caatinga do Seridó. A probabilidade de detecção (p) foi estimada
a partir da altura de dossel (alt) e diâmetro da altura do solo (das), enquanto a probabilidade de ocupação (Ψ)
considerou, a densidade da vegetação (den).
Grupo Modelos Num.
Par AICc ΔAICc AICc Wei.
On
ívo
ros
Ψ (den) p(alt + das) 5 257,10 00,00 00,22
Ψ (den) p(das) 4 257,18 00,07 00,21
Ψ (.) p(alt + das) 4 258,88 01,78 00,09
Constante Ψ (.) p(.) 2 269,72 12,62 00,00
Global {Ψ (alt+das+den+dista+dists) p(t+alt+das+den+dista+dists)} 20 309,85 52,75 00,00
Legenda: Num. Par. = número de parâmetros, AICc = Critério de Informação de Akaike corrigido para pequenas amostras, ΔAIC =
diferença de AICc de cada modelo para o melhor modelo, AICc wei. = peso de explicação de um modelo. Covariáveis: alt (altura de
dossel) das (Média do DAS), den (densidade da vegetação), dista (distância do açude) e dists (distância da sede).
Tabela 18: Estimativa do valor de Beta (β) e respectivos erros padrões (EP) dos parâmetros mais relevantes
na modelagem de ocupação da guilda trófica de nectarívoros em um sub-bosque da caatinga do Seridó. O valor
de β é referente ao melhor modelo no qual aparece a covariável.
Grupo Covariável Valor β EP
Onívoros Ψ (den) 0,0673 0,035
Figura 27: Efeito da densidade da vegetação sobre a probabilidade de ocupação de aves onívoras em um
sub-bosque da caatinga do Seridó. Estimativas feitas a partir da média dos modelos de ocupação para uma
espécie (Single-species, single-season occupancy models). Essa covariável indica uma contagem de espécies
plantas com das ≥ 3 em 100m2 de área.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 10 20 30 40 50
PR
OB
AB
ILID
AD
E D
E O
CU
PA
ÇÃ
O (Ψ
)
DENSIDADE DA VEGETAÇÃO (unidade/100m2)
Onívoros
49
As estimativas de ocupação das guildas tróficas por meio da média dos modelos
melhor selecionados em cada caso ocorreram da seguinte forma: carnívoros foram
encontrados em 30 pontos de amostragem, tendo uma ocupação estimada de 75,70% dos
pontos de observação; frugívoro em 29 dos pontos de amostragem (Ψ = 73,63%);
granívoros generalistas com presença em 37 dos pontos (Ψ = 90,70%); granívoros de solo
em 39 dos pontos amostrais (Ψ = 99%); insetívoros em 37 dos pontos (Ψ = 96,93%);
Insetívoros de solo e insetívoros de tronco apresentam-se em 9 pontos (Ψ = 33,58% e Ψ =
34,31% respectivamente); nectarívoros encontrados em 8 pontos (Ψ = 17,14%); e onívoros
em 17 pontos (Ψ = 45,25%) de ocupação dos pontos ( Tabela 19 e 28 Figura).
Tabela 19. Ocupação de guildas tróficas presentes nos pontos de amostragem, percentual individual de guildas
em relação ao total de pontos de observação (40 pontos) e percentual de ocupação estimada pelo MARK.
GUILDAS Ocupação dos pontos
(% de ocupação simples)
% de ocupação estimada pela
modelagem (Ψ)
CARNÍVORO 30 (75,0%) 75,70%
FRUGÍVORO 29 (72,5%) 73,63%
GRANÍVORO 37 (92,5%) 90,70%
GRANÍVORO DE SOLO 39 (97,5%) 99,00%
INSETÍVORO 37 (92,5%) 96,93%
INSETÍVORO DE SOLO 9 (22,5%) 33,58%
INSETÍVRO DE TRONCO 9 (22,5%) 34,31%
NECTARÍVORO 8 (20,0%) 17,14%
ONÍVORO 17 (42,5%) 45,25%
50
4. DISCUSSÃO
Nesse trabalho vimos que as guildas tróficas de carnívoros, frugívoros,
granívoros, granívoros de solo e insetívoros tiveram ocupação ao longo dos pontos
amostrados. Os granívoros e insetívoros generalistas tiveram 90,70% e 96,93% de
ocupação respectivamente e os granívoros de solo ocuparam 99% dos pontos de
amostragem. Já as guildas tróficas insetívoro de solo obtiveram 33,58% da ocupação, e os
insetívoro de tronco apresentaram 34,31% da sua ocupação (Tabela 19). De acordo com
Olmos et al. (2005) esse domínio de granívoros e granívoros de solo é decorrente do
forrageio em meio à vegetação, sendo muito mais comuns nos arredores de áreas cultivadas
em comparação às caatingas mais intactas. Já o aumento dos insetívoros generalistas pode
ser decorrente de alguma alteração ambiental, onde o número de insetívoros aumenta em
matas mais alteradas como mencionou Piratelli (2002). Os nectarívoros tiveram o menor
percentual de ocupação dos pontos, exibindo 17,14% dos pontos de amostragem (Tabela
19). Esse nível baixo pode ter ocorrido devido ao período do dia, pois esta guilda tem mais
atividade durante o período de abertura das flores, e também pode ter sido influenciado
pelas condições ambientais visto que a coleta foi realizada no período de menor
pluviosidade.
A ocupação das aves depende do nível de tolerância das espécies à fragmentação
e à alteração de seus ambientes, espécies mais tolerantes são mais aptas a ocuparem habitats
alterados (MAIA-GOUVEA, 2005). Trabalhos efetuados em outras regiões do bioma
também demonstraram que as espécies endêmicas são mais afetadas negativamente pelos
efeitos adversos da fragmentação do que as espécies de distribuição geográfica mais ampla
(ANTUNES, 2007). Algumas guildas de aves demonstram que sua ocupação foi negativa
diante das covariáveis ambientais impostas a elas, outras guildas tiveram influência
positiva na sua ocupação.
Sieving & Karr (1997, apud Donatelli, 2007) afirma que aves carnívoras estão
entre as mais susceptíveis à fragmentação, sendo mais vulneráveis à uma extinção local,
pois são de grande porte, e especializadas, tendo baixa tolerância ao habitat matriz, baixa
densidade e baixa taxa de sobrevivência anual. Ressalta-se que algumas espécies
registradas, como Rupornis magnirostris, Caracara plancus, Heterospizias meridionalis e
Geranospiza caerulescens que apresentam adaptações para as imposições feitas pelo
ambiente da Caatinga.
51
Quando colocamos as covariáveis de densidade vegetativa (den), distância do
açude (dista) e diâmetro na altura do solo (das), a ocupação dos carnívoros diminui (Tabela
2). Isto é, à medida que a quantidade de plantas aumenta e a espessura do tronco aumenta
o nível de ocupação diminui (Figuras 8 e 11). Isto ocorreu também devido ao
distanciamento do leito de água, a taxa de ocupação também diminui (Figura 9). Isso
decorre do fato de que as outras guildas que estão em sua cadeia alimentar regulam o seu
nível de ocupação. Silva (2016) afirma que aves carnívoras, além de se guiarem pela visão
para caçarem, também se utilizam da audição, para detectar possíveis ruídos emitidos pela
presa em potencial. Diante desse fato, as covariáveis ambientais tiveram suma importância,
pois aves carnívoras precisam de um ambiente propício para sua relação de predação. Isso
é demonstrado quando visualizamos sua ocupação em relação a distância da sede (dists),
no qual vemos um aumento significativo de sua ocupação (Figura 10).
Segundo Mckey (1975, apud Argel de Oliveira et al., 1996), frugívoros são típicos
de áreas mais abertas ou perturbadas, e não possuem um padrão regular de visitas. Assim
a ocupação dos frugívoros foram correlacionadas ao diâmetro na altura do solo (das) e pela
densidade da vegetação (den) de forma positiva (Tabela 4). Isto é, com o aumento da
quantidade de plantas e o aumento da espessura do tronco tivemos maior ocupação desse
grupo (Figuras 12 e 13).
Em Mata Atlântica Develey e Martensen (2006) mencionam que os fundos dos
vales possuem árvores mais altas e maior riqueza e diversidade de espécies vegetais do que
áreas situadas nos topos de morros. Dessa forma, esses locais devem conter maior
disponibilidade de frutos, assim influenciando na riqueza de aves frugívoras. Em
contrapartida, Olmos et al. (2005) dizem que as aves frugívoras têm seu habitat preferencial
nas caatingas arbustivas e densas, comumente se beneficiando da substituição das caatingas
arbóreas, com estratos mais baixos abertos, por macegas densas. Podemos perceber isso
quando analisamos a ocupação desse grupo sendo influenciado pela altura do dossel,
quantos mais alto for o dossel das árvores menos ocupação de frugívoros teremos (Figura
14).
Na guilda de granívoros a ocupação do grupo varia entre ambientes com diferentes
estruturas de vegetação durante a época de reprodução ou poderiam restringir sua atividade
às áreas cobertas durante a maior parte do dia no verão, mencionado por Milesi (2006) em
seu trabalho. Quando observamos a ocupação de granívoros vemos que a distância da sede
(dists) influência negativamente (Tabela 6), vemos que quando se afastam da sede a
ocupação diminui (Figura 15). Esse fato é decorrente por motivos no qual a uma facilitação
52
na sua alimentação. Milesi et al. (2002) também mencionam que aves granívoras utilizam
mais do que o esperado (de acordo com a disponibilidade) locais com maior cobertura de
arbustos e cobertura morta, evitando especialmente aqueles setores com menor cobertura.
Com isso tivemos uma distribuição de granívoros de solo uma negatividade em
sua ocupação (Tabela 8), distancia da sede (dists), distância do açude (dista) e densidade
da vegetação (den) estão como corariáveis mais influentes na ocupação. Esse grupo de aves
granívoras teve resposta diferenciada em relação aos outros granívoros, os quais utilizam
preferencialmente ou exclusivamente locais com cobertura lenhosa de árvores e arbustos.
Esse grupo de aves apresenta uma diminuição gradativa sua ocupação quando a densidade
chega de 46 a 48 espécimes de planta (Figura 18), e quando chegam a 1600 metros de
distância da sede e do açude também diminuem sua ocupação (Figuras 16 e 17). Um fato
que analisado pode indicar o limite da ocupação de granívoros e granívoros de hábito
alimentar no solo.
Em aves insetívoras a ocupação teve influência da distância do açude (dista) e na
distância da sede (dists). Donatelli et al. (2004) constataram que há mais aves de espécies
insetívoras no interior da mata, sendo esta comunidade insetívora do interior da mata
composta na sua maioria por aves Passeriformes, um indício de preservação. Sekercioglu
et al. (2002) afirmam que a fragmentação vegetal atinge mais as aves insetívoras que as
granívoras ou onívoras, diminuindo a abundância de animais invertebrados das quais tais
aves insetívoras se alimentam, logo a medida em que se afastam da sede e do açude os
insetívoros diminuem sua ocupação (Figuras 19 e 20).
Nunes (2009) expôs que as probabilidades de ocupação pelas espécies de aves
insetívoras de sub-bosque são influenciadas pelo isolamento, bem como também pelas
covariáveis impostas pelo sub-bosque. Em locais com manchas florestais menores, isoladas
e com sub-bosque alterado, as probabilidades de ocupação pelas espécies de aves
insetívoras de sub-bosque são drasticamente reduzidas. A vista disso, quando analisamos
uma guilda mais específica de insetívoros (de solo e de tronco) observamos que para o
mesmo parâmetro de covariável ambiental a diminuição da ocupação continua (Figuras 21,
22, 23 e 24).
Os insetívoros de sub-bosque, utilizam a densa vegetação do interior da floresta
para forragear e dessa forma, a biomassa do sub-bosque influencia suas probabilidades de
ocupação em manchas florestais (NUNES, 2009). Dessa maneira os insetívoros de tronco
quando submetidos a densidade de vegetação (den) apresenta aumento em sua ocupação,
portanto, quanto mais plantas, maior será a ocupação desse grupo (Figura 23).
53
Esses resultados sugerem que as ações antrópicas na paisagem podem causar
grande impacto na estrutura de manchas florestais, por conseguinte, afetar negativamente
as probabilidades de ocupação por aves insetívoras do sub-bosque. Segundo Laurance
(2004) aves nectarívoras não são afetadas por estradas e florestas secundárias que as
envolvem, sendo encontradas amplamente ao longo delas. A tolerância dos nectarívoros a
ambientes perturbados se deve a sua grande capacidade de dispersão dessas aves (Lees e
Peres 2008; Lees e Peres 2009). Sob condição de seca, quando as chuvas podem se tornar
localmente escassas e irregulares, a disponibilidade destes recursos é ainda mais limitada,
forçando aves nectarívoras a se deslocarem regionalmente em busca de áreas com oferta
adequada de alimentos (LIMA, 2017). Desta maneira, a densidade da vegetação teve efeito
positivo na ocupação do grupo, quão maior for a densidade da vegetação, maior será a
ocupação de nectarívoros.
MOTTA-JÚNIOR (1990, apud Piratelli, 2005) relatou que em ambientes com
altos índices de degradação ambiental há um número crescente de aves onívoras. Esse
grupo de aves teve uma ocupação de 45,25% dos pontos de amostragem, não demonstrando
um nível significativo de sua distribuição territorial. A distribuição do grupo de aves
onívoras sofreu influência pela densidade da vegetação (den), essa covariável teve forma
positiva a ocupação das espécies onívoras (Tabela 18 e Figura 27).
Almeida (1982, apud Donatelli, 2006) afirma que o número de espécies onívoras
em geral é maior que as insetívoras em matas menos alteradas e o de insetívoras aumenta
nas mais alteradas. Esse fato não ocorreu na RPPN Stoessel de Brito, os onívoros
apresentaram percentual menor em relação aos insetívoros. Em fragmentos com tamanho
reduzido, as aves onívoras podem estar em maior porcentagem que as frugívoras (WILLIS
1979, apud Donatelli, 2006), o que não é o caso deste estudo, em que foi registrado um
maior número de aves frugívoras.
A análise das guildas tróficas ocupadas pelas espécies de aves registradas tanto na
caatinga arbórea quanto na caatinga arbustiva, revelaram que ambas as fisionomias
apresentam um predomínio de granívoros com hábito alimentar no solo, seguido por
granívoros e insetívoros em geral, carnívoros e frugívoros. Esse padrão na composição das
guildas tróficas não se assemelha a registros feitos em outros biomas.
54
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SILVEIRA, M. H. B.; MACHADO, C. G. Estrutura da comunidade de aves em áreas de
caatinga arbórea na Bacia do Rio Salitre, Bahia, Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia,
v. 20, n. 3, p. 161-172, 2012.
TEIXEIRA, I. A. S. Camuflagem e mimetismo como estratégias de sobrevivência.
Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, Brasil. 2012. Disponível em:
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VIEIRA, Fabiana Mendonça et al. Estrutura trófica da avifauna de quatro fitofisionomias
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WIKIAVES (2018) WikiAves, a Enciclopédia das Aves do Brasil. Disponível em:
<http://www.wikiaves.com.br/>. Acesso em: 10 de abril de 2018.
60
ANEXOS
Anexo 1. Espécies amostradas na RPPN Stoessel de Brito por hábitos alimentares conforme Handbook of
the Birds of the World Alive atualizado em 2018, com as guildas Carnívoro (C); Frugívoro (F); Granívoro
(G); Granívoro de solo (GS).
Espécies Guildas
Caracara plancus C
Cathartes aura C
Coragyps atratus C
Geranospiza caerulescens C
Glaucidium brasilianum C
Heterospizias meridionalis C
Rupornis magnirostris C
Euphonia chlorotica F
Eupsittula cactorum F
Forpus xanthoperygius F
Icterus jamacaii F
Icterus pyrrhopterus F
Paroaria dominicana F
Ammodramus humeralis G
Coryphospingus pileatus G
Sicalis luteola G
Sporophila albogularis G
Zonotrichia capensis G
Columbina minuta GS
Columbina picui GS
Columbina squammata GS
Columbina talpacoti GS
Leptotila verreauxi GS
Patagioenas picazuro GS
Zenaida auriculata GS
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Anexo 2. Espécies amostradas na RPPN Stoessel de Brito por hábitos alimentares conforme Handbook of
the Birds of the World Alive atualizado em 2018, com as guildas Insetívoro (I); Insetívoro de solo (IS);
Insetívoro de tronco (IT); Nectarívoro (N); Onívoro (O).
Espécies Guildas
Certhiaxis cinnamomeus I
Euscarthmus meloryphus I
Hemitriccus margaritaceiventer I
Hirundinea ferruginea I
Myiarchus tyrannulus I
Myiozetetes similis I
Pitangus sulphuratus I
Polioptila plumbea I
Stigmatura napensis I
Todirostrum cinerum I
Troglodytes musculus I
Tyrannus melancholicus I
Crotophaga ani IS
Furnarius figulus IS
Guira guira IS
Nystalus maculatus IS
Vanellus chilensis IS
Colaptes melanochloros IT
Lepidocolaptes angustirostris IT
Veniliornis passerinus IT
Chlorostilbon lucidus N
Cyanocorax cyanopogon O
Cyclarthis gujanensis O
Mimus saturninus O
Pseudoseisura cristata O
Turdus rufiventris O