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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Jenielly de Noronha Ferreira de Castro PERFIL DE RESISTÊNCIA DE CEPAS DE Pseudomonas aeruginosa EM TRÊS CENTROS DE SAÚDE DO ESTADO DO RN Natal /RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Jenielly de Noronha Ferreira de Castro

PERFIL DE RESISTÊNCIA DE CEPAS DE Pseudomonas aeruginosa EM TRÊS

CENTROS DE SAÚDE DO ESTADO DO RN

Natal /RN

2015

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JENIELLY DE NORONHA FERREIRA DE CASTRO

PERFIL DE RESISTÊNCIA DE CEPAS DE Pseudomonas aeruginosa EM TRÊS

CENTROS DE SAÚDE DO ESTADO DO RN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas do Centro de Biociências, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos à obtenção de título de Mestre em Ciências Biológicas.

Área de concentração: Biodiversidade - Microbiologia (Bacteriologia médica).

Orientador: Prof. Dr. Renato Motta Neto

Natal /RN

2015

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências

Castro, Jenielly de Noronha Ferreira de. Perfil de resistência de cepas de pseudomonas

aeruginosa em três centros de saúde do Estado do RN / Jenielly de Noronha Ferreira de Castro. – Natal, RN, 2014

90 f.: il. Orientador: Prof. Dr. Renato Motta Neto Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-

Graduação em Ciências Biológicas. 1. Pseudomonas aeruginosa – Dissertação. 2. Resistência. –

Dissertação. 3. AmpC. – Dissertação. I. Motta Neto, Renato. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título

RN/UF/BSE-CB CDU 604.2

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FOLHA DE APROVAÇÃO

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DEDICATÓRIA

Dedico estre trabalho aos meus pais,

meus irmãos e meu esposo por todo o

apoio que me ofereceram nesses anos

de estudos. Especialmente ao meu filho,

o maior presente na minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Rosa Maria de Noronha e Jessé Ferreira, pelo amor, carinho

e compreensão, e por terem sido um exemplo em minha vida de retidão de caráter,

honestidade e perseverança.

Aos meus irmãos, Jeilma Noronha e Jonatas Noronha, por todo o incentivo,

carinho e amizade que me deram força, muito obrigada por acreditar em mim;

Ao meu esposo, Elnaem Castro, pelo companheirismo, amor e compreensão,

sem o seu apoio seria muito difícil chegar até aqui.

Ao Professor Dr. Renato Motta Neto, pela oportunidade que me foi confiada,

mesmo quando ainda não me conhecia, muito obrigada pela confiança, incentivo,

paciência e pelos valiosos ensinamentos.

Ao Professor Dr. Kassio Michel Gomes de Lima e Professora Maria Celeste

Nunes de Melo pelas contribuições científicas deste trabalho.

Aos colegas de laboratório, Fagner Martins, Miguel Ansaldi, Maria Eduarda

Costa, Ransay Lourenço, e Edilaine Silva pela amizade, convívio e ajuda;

Aos bioquímicos dos laboratórios de Análises Clínicas do HUOL, do HGT e

LACEN-RN, sobretudo aos responsáveis pelo setor de microbiologia pela abertura

cedida para o recrutamento das amostras clínicas.

Aos colegas da Pós Graduação em Ciências Biológicas, especialmente

Israelly Senna e Maria Carolina, que se tornaram grandes amigas, pela troca de

experiências dentro e fora das salas de aula, tornando o período das disciplinas

momentos agradáveis e de crescimento coletivo.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente neste trabalho, os meus

sinceros agradecimentos.

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RESUMO

O crescente aumento da resistência aos antimicrobianos em Pseudomonas aeruginosa é um exemplo notável de como as bactérias podem manter e expressar novas informações genéticas que conferem resistência a uma ou várias drogas. No presente estudo avaliou-se o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos em isolados de P. aeruginosa provenientes de três grandes centros de referência do Estado do Rio Grande do Norte: Laboratório Dr. Almino Fernandes (LACEN-RN), Laboratório de Análises Clínicas do HUOL e Laboratório de Análise Clínicas do Hospital Giselda Trigueiro (HGT). Os isolados foram obtidos entre janeiro de 2013 e junho de 2014, onde 113 cepas foram isoladas de diversas amostras clínicas por demanda espontânea. A espécie de P. aeruginosa foi identificada inicialmente nos laboratórios de origem e confirmada, através de testes fenotípicos, no Laboratório de Micobactérias (LABMIC) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. A determinação da susceptibilidade aos antimicrobianos deu-se através do Teste de Disco Difusão. Após a determinação do perfil de resistência, as amostras foram submetidas à avaliação fenotípica confirmatória para detecção de produção de Beta Lactamase do tipo AmpC e Metallo Beta Lactamase. Dos 113 isolados 67,2% (n = 76) apresentaram perfil de resistência a, pelo menos, uma classe de antimicrobianos. Todas as cepas de P. aeruginosa foram susceptíveis a Polimixina B. As maiores taxas de resistência foram verificadas frente à Ofloxacina 57,5% (n=65), Ciprofloxacina 55,7% (n=63), Norfloxacina 55,7% (n=63), Ticarcilina-ácido clavulânico 43,3% (n=49), Ceftazidima 41,5% (n=47), Meropenem 39,8% (n=45), Aztreonam e Cefepime 38,9% (n=44), Imipenem 36,2% (n=41), Tobramicina 36,2% (n=41), Piperacilina-tazobactam 28,3% (n=32) e Amicacina 28,3% (n=32). Das 113 cepas estudadas, 46 (40,7%) apresentaram resultados fenotípicos positivos para produção de β-Lactamases do tipo AmpC através do método de disco aproximação. Cinquenta (44%) isolados apresentaram resistência a, pelo menos, um dos carbapenêmicos avaliados, e estes foram submetidas ao teste de detecção fenotípica para produção de Metallo Beta Lactamase – MBL, através do teste de bloqueio enzimático com discos combinados com EDTA. Das 50 amostras com resistência a carbapenêmicos, 21 (42%) apresentaram teste fenotípico positivo para produção de metallo-β-lactamase, sendo presuntivamente consideradas produtoras de MBL. Os dados obtidos, demonstram elevada produção de β-lactamases do tipo ampC e Metallo-β-lactamases. Foram também observadas elevadas taxas de resistência a antimicrobianos, especialmente em carbapenêmicos. Portanto conclui-se que a identificação de patógenos e a análise da resistência de microrganismos aos antimicrobianos constituem importante ferramenta para auxiliar os clínicos no tratamento de infecções.

Palavras-Chave: Pseudomonas aeruginosa. Resistência. MBL. AmpC.

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ABSTRACT

The enhanced antimicrobial resistance in Pseudomonas aeruginosa is a remarkable

example of how the bacteria can maintain and express the new genetic information

conferring resistance to one or more drugs. In the present study we evaluated the

profile of antimicrobial susceptibility in isolates of P. aeruginosa from three major Rio

Grande do Norte state reference centers: Laboratory Dr. Almino Fernandes (LACEN-

RN), Laboratory of Clinical Analysis of HUOL and Analysis Laboratory of Clinical

Hospital Giselda Trigueiro (HGT). The isolates were obtained between January 2013

and June 2014, in which 113 strains were isolated from various clinical specimens by

spontaneous demand. The species of P. aeruginosa was first recognized in home

laboratories and confirmed by phenotypic tests, the Mycobacteria Laboratory

(LABMIC) of the Federal University of Rio Grande do Norte - UFRN. The

determination of antimicrobial susceptibility was given through the disk diffusion test.

After determining the resistance profile, the samples were subjected to confirmatory

phenotypic evaluation to beta lactamase producing AmpC type detection and Metallo

Beta Lactamase. Of the 113 isolates 67.2% (n = 76) showed resistance profile of the

at least one class of antimicrobials. All strains of P. aeruginosa were susceptible to

Polymyxin B. The highest resistance rates were checked against the ofloxacin 57.5%

(n = 65), Ciprofloxacin 55.7% (n = 63), Norfloxacin 55.7% (n = 63), Ticarcillin-

clavulanic acid 43.3% (n = 49) Ceftazidime 41.5% (n = 47), Meropenem 39.8% (n =

45), and Aztreonam Cefepime 38.9% (n = 44), Imipenem 36.2% (n = 41 )

Tobramycin 36.2% (n = 41), piperacillin-tazobactam 28.3% (n = 32) and amikacin

28.3% (n = 32). Of the 113 strains studied, 46 (40.7%) showed positive phenotypic

results for the production of β-lactamases AmpC type of approach through the disk

method. Fifty (44%) isolates showed resistance to at least one of the evaluated

carbapenems, and these were subjected to phenotypic screening test for production

Metallo Beta Lactamase - MBL, by blocking enzymatic test with discs combined with

EDTA. Of the 50 samples with resistance to carbapenems, 21 (42%) showed positive

phenotypic test for the production of metallo-β-lactamase producing considered

presumptively with MBL. The data demonstrate high production of β-lactamases type

ampC Metallo-and β-lactamase. It was also observed high antimicrobial resistance

rates, especially carbapenems. Therefore it is concluded that early identification of

pathogens and analysis of microorganisms to antimicrobial resistance constitute an

important tool to assist clinicians in the treatment of infections.

Keywords: Pseudomonas. Aeruginosa. Resistance. MBL. AmpC.

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LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 - Mecanismo de ação das β-lactamases com serina no sítio ativo ............ 27

Figura 2 - Representação esquemática da disposição dos discos de antimicrobianos

utilizados no teste fenotípico de detecção de AmpC ................................................. 38

Figura 3 - Representação esquemática da disposição dos discos de antimicrobianos

utilizados no teste fenotípico de detecção de MBL. .................................................. 39

Figura 4 - Método de disco aproximação para detecção fenotípica de beta-

lactamases AmpC induzíveis. ................................................................................... 41

Figura 5 - Amostras positivas para produção de MBL no teste fenotípico bloqueio

enzimático com EDTA A) Imipenem e Imipenem + EDTA, Meropenem e Meropenem

+ EDTA e Aztreonam. B) Imipenem + EDTA e Imipenem ......................................... 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição de 113 amostras de P. aeruginosa de origem clínica, de

acordo com o sítio de isolamento. ............................................................................. 40

Tabela 2 - Distribuição da frequência de resistência a 13 antimicrobianos, de 113

amostras de P. aeruginosa, de acordo com os resultados do teste de disco difusão.

.................................................................................................................................. 41

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 15

2.1 Gênero Pseudomonas ................................................................................. 15

2.1.1 Identificação e Características Bioquímicas ................................................. 16

2.1.2 Epidemiologia e prevalência das infecções por P. aeruginosa. ................... 17

2.1.3 Potencial De Patogenicidade ....................................................................... 19

2.1.4 Fatores de virulência .................................................................................... 20

2.2 Resistência bacteriana aos antimicrobianos ................................................ 21

2.2.1 Alteração das PBP’s..................................................................................... 24

2.2.2 Perda de porinas .......................................................................................... 24

2.2.3 Sistema de efluxo ......................................................................................... 25

2.2.4 Produção de Enzimas Inativadoras de Antimicrobianos .............................. 26

2.2.4.1 Β-Lactamases .............................................................................................. 26

2.2.4.1.1β-Lactamases de Espectro Estendido (ESBL) ............................................ 27

2.2.4.1.2Metallo-Β-Lactamase ................................................................................... 29

2.2.4.1.3Ampc ........................................................................................................... 30

2.2.4.2 Produção De Enzimas Inativadoras De Aminoglicosídeos ........................... 31

2.2.5 Resistência A Fluoroquinolonas ................................................................... 32

2.2.6 Resistência À Polimixina .............................................................................. 33

3 OBJETIVOS ................................................................................................. 35

3.1 Geral ............................................................................................................ 35

3.2 Específicos ................................................................................................... 35

4 METODOLOGIA .......................................................................................... 36

4.1 Características do estudo ............................................................................. 36

4.2 Local e período do estudo ............................................................................ 36

4.3 Confirmação da identificação dos isolados de P. aeruginosa ...................... 36

4.4 Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos ................................................ 37

4.5 Detecção Fenotípica da produção de Beta-Lactamase do tipo Ampc .......... 37

4.6 Confirmação fenotípica da produção de Metallo-Beta-Lactamases (MBL) .. 38

5 RESULTADOS ............................................................................................ 40

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5.1 Amostras bacterianas: fontes de isolamento ................................................ 40

5.2 Determinação do padrão fenotípico de resistência a antimicrobianos. ........ 40

5.3 Detecção da produção de Β-Lactamases do tipo Ampc............................... 41

5.4 Produção de Metallo Β-Lactamase .............................................................. 42

6 DISCUSSÃO ................................................................................................ 43

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 52

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53

ARTIGO .................................................................................................................... 72

ANEXOS ................................................................................................................... 87

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1 INTRODUÇÃO

Os Bacilos Gram Negativos não Fermentadores (BGNNF) de carboidratos são

organismos versáteis, apresentam baixa necessidade nutricional e boa tolerância a

uma série de condições físicas adversas, devido a sua resistência intrínseca a

desinfetantes, degermantes e múltiplas classes de antimicrobianos, além da

resistência adquirida devido a mutações cromossômicas e aquisição de genes de

resistência (POOLE, 2011).

Considerados organismos oportunistas, raramente estão associados a infecções

comunitárias em indivíduos saudáveis, porém apresentam alta prevalência de

envolvimento em indivíduos imunossuprimidos, principalmente em ambiente

hospitalar (ROSAY et al., 2015). Dentre as espécies de BGNNF, a Pseudomonas

aeruginosa configura-se como a mais prevalente em isolados clínicos de natureza

hospitalar. As infecções causadas por P. aeruginosa podem variar desde infecções

superficiais de pele a septicemia grave, podendo causar infecção aguda pela

produção de toxinas e infecção crônica pela ação da camada espessa que consiste

no seu biofilme, podendo resultar ainda no somatório dos tipos de infecção pela

ação concomitante destes componentes. São bactérias dotadas de mecanismos de

virulência extremamente complexos (produção de leucocidinas, alginato,

fosfolipases, etc.) que contribuem de forma positiva para um aumento crescente do

número de agravos infecciosos principalmente no ambiente hospitalar (PIER et al.,

2005).

Descrito pela primeira vez em 1894, por Walter Friedrich August Emil Migula,

botânico dedicado à taxonomia vegetal, o gênero Pseudomonas figura-se como um

dos gêneros bacterianos mais variáveis e ubíquos, cujas espécies têm sido isoladas

em diversos ambientes, desde a Antártica aos Trópicos, presentes no solo,

sedimentos e água de rios e lagos, plantas, fungos e em amostras clínicas (PEIX,

RAMÍREZ-BAHENA, 2009). As espécies que constituem esse gênero, com o

decorrer do tempo, vêm passando por várias reclassificações e, atualmente,

totalizam 128 espécies, sendo a Pseudomonas aeruginosa a principal espécie de

interesse clínico e também um dos principais patógenos de infecção hospitalar

(EUZÉBY, 2010).

É notável o aumento da resistência aos antimicrobianos por P. aeruginosa, sendo

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esse microrganismo um exemplo de como as bactérias podem manter e expressar

novas informações genéticas que conferem resistência a uma ou a várias drogas

(WALSH et al., 2008). Mecanismos de resistência intrínsecos ou adquiridos

desempenham um papel crucial. A resistência a vários antibióticos por essa bactéria

é, muitas vezes, resultante da combinação de uma baixa permeabilidade da

membrana externa, a indução ou desrepressão de enzimas β-lactamases do tipo

AmpC e super expressão intrínseca ou induzida de bombas de efluxo.

(POOLE, 2011).

Dentre os diferentes mecanismos de resistência desenvolvidos por espécies de

P. aeruginosa a produção de enzimas beta-lactamases é o mecanismo mais

importante. Penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e carbapenêmicos podem

ser hidrolisados por este grupo de enzimas e a interação entre essas enzimas e

seus substratos resultam em compostos inativos que permitem a sobrevida da célula

bacteriana (BUSH, 2001). Entre as amostras de P. aeruginosa, a produção de

AmpC, ESBLs (Beta-lactamases de espectro estendido) e as metallo-beta-

lactamases desempenham papel importante na resistência à antimicrobianos

utilizados para o tratamento de infecções causadas por estes agentes (JACOBY et

al., 2005).

Considerando a gravidade das infecções causadas por P. aeruginosa e da

limitação de antimicrobianos disponiveis para eliminá-las, determinar o perfil de

resistência dessa bactéria poderá contribuir para direcionar de forma adequada o

uso de antimicrobianos.

No estado do Rio Grande do Norte há poucos estudos relacionados a esse P.

aaeruginosa, seus mecanismos de resistência, bem como a disseminação destes

mecanismos. Trata-se de um estudo inédito a ser realizado no estado do RN, o qual

serve como base, e evidencia a importância de conhecer presença de P. aeruginosa

com padrões de resistência a fim de auxiliar a pratica clínica e de controlar a

transmissão desta resistência no estado do Rio Grande do Norte.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Gênero Pseudomonas

Descrito em meados de 1894 por Migula, o gênero Pseudomonas é composto

por bacilos Gram negativos não fermentadores de carboidratos. Esse grupo de

microrganismos oportunistas coloniza plantas, animais e seres humanos

(PALLERONI, 2003).

Pseudomonas spp. são bastonetes Gram-negativos aeróbios não-formadores

de esporos que apresentam-se retos ou ligeiramente curvos, medindo de 0,5 a 1,0

mm por 1,5-5,0 mm. Eles são geralmente móveis, com um ou vários flagelos

polares, possuem um metabolismo respiratório estritamente aeróbio com o oxigênio

como o receptor de elétrons, em alguns casos, o nitrato pode ser utilizado como

aceitador de elétrons alternativo que permite o crescimento anaeróbio. A maioria das

espécies de interesse clínico é oxidase positiva (exceto Pseudomonas luteola e

Pseudomonas oryzihabitans). Pseudomonas spp. são catalase positiva (HENRY;

SPEERT, 2011). A P. aeruginosa é nutricionalmente versátil, não necessitando de

muitos fatores de crescimento orgânico. Cresce a 37°C e também a 42°C, mas não

a 4°C (ZAVASCKI, 2005).

O gênero Pseudomonas é o mais frequente entre isolados de BGNNF. A

espécie P. aeruginosa representa em média 75% dos isolados de amostras clínicas,

essa alta incidência pode ser justificada pelo fato desse microrganismo ser ubíquo e

possuir predileção por ambientes úmidos, podendo ser encontrado no solo, matéria

orgânica em decomposição, água e vegetais. Além disso, apresenta pouca

exigência para o crescimento e grande versatilidade nutricional (KISKA ; GILLIGAN,

2003).

P. aeruginosa é a principal espécie do gênero, e apresenta-se como citocromo-

oxidase positiva e móvel com flagelo monotríquio polar. Além disso, produzem

colônias características de morfologia variada, com ou sem odor característico

(NEVES et al., 2011). Essa espécie bacteriana possui a capacidade de sintetizar

diversos pigmentos hidrossolúveis, dentre esses podemos citar a pioverdina,

piocianina, piorrubina e piomelanina. A pioverdina é um composto fluorescente

também produzido por P. fluorescens e P. putida, já a piocianina é um pigmento azul

fenazínico específico da P. aeruginosa, que quando combinado com a pioverdina

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gera uma coloração verde brilhante característica. Os outros dois pigmentos citados

são mais raros, sendo a piorrubina de cor vermelha e a piomelanina de coloração

marrom (KISKA;GILLIAN, 2003; FREITAS;BARTH, 2004). Essas substâncias, cuja

produção é favorecida por temperaturas abaixo de 37° C e na presença de ferro no

meio, têm demonstrado possuir atividade antibiótica e efeito sobre a integridade do

epitélio respiratório (TODAR, 2009; KONG et al., 2006).

2.1.1 Identificação e Características Bioquímicas

A identificação da P. aeruginosa é relativamente simples devido a sua

facilidade em se desenvolver em diversos meios de cultura. P. aeruginosa possui

crescimento aeróbico e não fermenta carboidratos. Entretanto, não é facilmente

distinguível de outros bacilos Gram-negativos não fermentadores no exame direto.

Possui um odor característico doce, semelhante à uva, que provém de suas colônias

em meios de culturas, sendo essa uma característica específica da espécie

aeruginosa. Se usado como base suas características bioquímicas, P. aeruginosa

pode ser identificada por vários métodos automatizados. Em alguns casos esses

sistemas não diferenciam as espécies não-aeruginosas, o que pode necessitar de

diferentes oxidações de açúcares, crescimento a 42°C e coloração de flagelos

(POLLACK, 2003; ZAVASCKI, 2005).

A morfologia da colônia, produção de pigmentos e testes bioquímicos são

alguns dos meios diagnósticos de rotina para identificação da P. aeruginosa. Essa

bactéria é comumente isolada em meios de cultivo enriquecido, como ágar

McConkey, ágar sangue e/ou meio seletivo e diferencial como o ágar pseudomonas

e cetiltrimetil cloreto de amônio (cetrimide), ágar cetrimide é um meio específico para

a P. aeruginosa devido à particularidade deste microrganismo resistir aos compostos

de amônia quaternária, como o cetrimide (JACOME, 2012).

A morfologia da colônia (Ex., O tamanho da colônia, atividade hemolítica,

pigmentação, odor) e os resultados de uma variedade de testes bioquímicos rápidos

(Ex., reação de oxidase positivo) são suficientes para a identificação preliminar de

estirpes. A P. aeruginosa cresce rapidamente e formam colônias achatadas, com

bordas irregulares, β-hemólise em ágar sangue, pigmentação verde relacionado à

síntese de piocianina azul, fluoresceína amarelo, e um odor característico doce

semelhante a uvas. (PALLERONI, 2003). Além disso, no processo de identificação,

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realiza-se a coloração de Gram, e uma bateria de testes bioquímicos que tem como

resultado: fermentação de açúcares negativa, oxidação da glicose em meio basal

(oxidase positivo), utilização de citrato como única fonte de carbono (citrato positivo),

inabilidade de descarboxilar a lisina (lisina negativo) e incapacidade de utilização do

aminoácido triptofano (indol negativo) (WINN et al.,2008). Embora a identificação

final de P. aeruginosa seja relativamente simples, uma vasta gama de parâmetros

fisiológicos para identificar outras espécies do género Pseudomonas é necessária.

2.1.2 Epidemiologia e Prevalência das Infecções por P. aeruginosa.

Segundo dados de programas de vigilância epidemiológica a partir de amostras

de países da América Latina, Pseudomonas aeruginosa é o primeiro agente em

pneumonias e encontra-se entre os cinco patógenos mais isolados em infecções de

corrente sanguínea. (GALES et al.,2012). Uma grande variedade de doenças tem

sido relacionada à P. aeruginosa, incluindo bacteremias, infecções de tecidos moles,

doenças pulmonares, especialmente entre indivíduos portadores de fibrose cística,

infecções urinárias nosocomiais, endocardites, infecções em decorrência de

queimaduras ou trauma e, em alguns casos, pode acometer o sistema nervoso

central, incluindo meningites (HENRY; SPEERT, 2011). O trato respiratório inferior é

o sítio mais comum de infecção por esse agente. Dados do National Nosocomial

Infection Surveillance – (NNIS), nos EUA, de 1986-2003 relatou P. aeruginosa como

a segunda causa mais comum de pneumonia (18,1%), a terceira causa mais comum

de infecção do trato urinário (16,3%) e o oitavo patógeno mais isolado da corrente

sanguínea (3,4%) (GAYNES;EDWARDS, 2005). Embora a proporção global de

infecções causadas por P. aeruginosa tenha se mantido estável durante 1986-2003,

a proporção de isolados resistentes tiveram aumentos alarmantes em 2003 em

comparação com 1998 e 2002 (NNIS, 2004).

Além do trato respiratório, a P. aeruginosa, também está envolvida em

infecções hospitalares do trato urinário, de queimados, de corrente sanguínea e de

sítio cirúrgico. Na América Latina, é o terceiro patógeno mais isolado em infecções

de pele (GALES et al., 2012) e é a segunda bactéria mais isolada de infecções

nosocomiais de pele e tecidos moles (10,8%) na América do Norte (RENNIE;

JONES; MUTNICK; 2003). No Brasil, é o segundo agente causador de infecções do

trato urinário (12,6% dos casos), o segundo agente mais isolado em infecções de

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sítio cirúrgico (10,5%) e o sexto (7,5%) em infecções de corrente sanguínea

(SADER; GALES; PFALLER; 2001). Uma pesquisa realizada nos EUA entre 2003 e

2004, envolvendo 104 unidades de queimados, foi realizado um levantamento

através de uma pesquisa quantitativa e qualitativa a partir de dados do sistema de

vigilância nacional do país, além de entrevistas com especialistas do controle de

infecção dos hospitais avaliados, onde 44% das instituições

identificaram P. aeruginosa como o patógeno Gram-negativo mais prevalente,

seguida por Acinetobacter baumannii e Enterococcus spp. (HODLE, et al., 2006).

A elevada incidência de P. aeruginosa nas instituições de saúde contribuiu

para o mau estado de saúde dos pacientes, principalmente devido à alta taxa de

cepas resistentes a múltiplas drogas em enfermarias de hospitais, e ao uso prévio

de antibióticos de largo espectro, que contribuíram com o aumento da resistência a

antimicrobianos nesses microrganismos (OTTER et al., 2011 ). Embora as taxas

variem entre os estudos e as instituições, a Pneumonia Associada a Ventilação

(PAV) geralmente demonstra a maior mortalidade, cerca de 30% (WILLIAMS et

al., 2010 ). Os pacientes com PAV muitas vezes sofrem de um epitélio rompido

induzido pela inserção do tubo endotraqueal, que pode servir como um reservatório

para P. aeruginosa a qual cresce em biofilme na superfície de plástico (WILLIAMS et

al ., 2010 ). Estes biofilmes são difíceis de remover, assim como as bactérias

associadas ao biofilme exibem aumento da resistência aos antibióticos e

desinfetantes. Isto, em parte, explica o êxito relativo dos regimes de tratamento com

antibióticos que são iniciados antes da formação de biofilmes em comparação com a

persistência de infecções por P. aeruginosa após o desenvolvimento do biofilme

(GELLATLY e HANCOCK, 2013).

A resistência a antimicrobianos de amplo espectro em isolados multidroga

resistentes (MDR), limita significativamente as opções terapêuticas

eficazes. Comumente, os agentes de último recurso para os organismos MDR

incluem os aminoglicosídeos e as polimixinas. Diversos estudos evidenciaram que

estes agentes podem ou não ser tão eficazes como agentes de primeira linha, mas

também podem estar associados com efeitos adversos mais significativos (isto é,

nefrotoxicidade, ototoxicidade e neurotoxicidade) (HARTZELL, et. al. 2009; LI, et

al.,2006). Isso contribui para a dificuldade em avaliar se patógenos MDR estão

realmente associados a piores desfechos clínicos. Dados clínicos sugerem que

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infecções por P. aeruginosa MDR podem estar associadas a piores

prognósticos, no entanto estas investigações são muitas vezes confundidas com

definições variadas de resistência a múltiplas drogas (RIBERA et al., 2015).

2.1.3 Potencial de Patogenicidade

Pseudomonas aeruginosa é um agente patogênico oportunista, presente em

muitas e diversas configurações ambientais e que pode ser isolado a partir de várias

fontes vivas, incluindo plantas, animais e seres humanos. A capacidade

de P. aeruginosa para sobreviver com as necessidades nutricionais mínimas e de

tolerar uma variedade de condições físicas permitiu a este organismo persistir em

ambos os contextos comunitários e hospitalares (LYCZAK et al.,2000). .

No hospital, P. aeruginosa pode ser isolado a partir de uma variedade de

fontes, incluindo equipamentos de terapia respiratória, antissépticos, sabão, pias,

esfregões, medicamentos e piscinas de hidroterapia e fisioterapia. A sua

adaptabilidade e alta resistência intrínseca aos antibióticos lhe permite sobreviver

em uma ampla gama de regulações naturais e artificiais, incluindo as superfícies em

instalações médicas. Em sua maioria, as infecções nosocomiais por P.

aeruginosa são muitas vezes sérias, e quase todos são associados com as defesas

do hospedeiro comprometidas, tais como neutropenia, em queimaduras graves, ou

em casos de fibrose cística (LYCZAK et al.,2000).

As opções terapêuticas são cada vez mais limitadas devido ao surgimento

contínuo e disseminação de cepas resistentes aos antimicrobianos. Como

resultado, infecções por P. aeruginosa apresentam alta morbidade e

mortalidade. Nos Estados Unidos, P. aeruginosa está entre os patógenos

hospitalares mais prevalentes e é o segundo patógeno mais frequentemente isolado

de pacientes com pneumonia associada à ventilação mecânica (HIDRON et

al.,. 2008).

A patogênese do ponto de vista microbiológico está associada à capacidade

invasiva e toxigênica dessa bactéria. Basicamente, o processo infeccioso da P.

aeruginosa pode ser dividido em três fases: 1) adesão e colonização; 2) invasão

local; e 3) disseminação e doença sistêmica. Nenhuma das fases se desenvolve

sem que a anterior tenha ocorrido, embora o processo possa se limitar a qualquer

uma delas (ZAVASCKI, 2005).

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20

2.1.4 Fatores de Virulência

P. aeruginosa é considerada a espécie mais virulenta dentre os bacilos Gram

negativos não fermentadores como resultado da produção de uma grande variedade

de fatores de virulência celulares e extracelulares. Dentre os fatores celulares se

destacam os pilli, apêndices superficiais que promovem a aderência do

microrganismo a receptores de gangliosídeo GM-1 presentes na superfície das

células epiteliais do hospedeiro; os flagelos, que também participam da aderência; e

a endotoxina (lipopolissacarídeo da parede celular; LPS); responsável pela síndrome

séptica através da ativação e liberação de mediadores de vasodilatação, como

interleucina 1 e fator de necrose tumoral, da ativação do complemento e da

deflagração de coagulação intravascular disseminada, entre outros mecanismos

(BALASUBRAMANIAN et al.,2013).

No que concerne à invasão de tecidos por P. aeruginosa, é promovida pela

produção de elastase, proteases alcalinas, hemolisinas (fosfolipase e lecitinase),

citotoxinas (leucocidina), sideróforos com os seus sistemas de captação, e pigmento

piocianina difusível. As elastases secretadas por P. aeruginosa clivam IgG, IgA, e

proteínas do complemento. Além disso, as elastases rompem a integridade da

barreira epitelial aos desregular junções de células epiteliais, interferindo com a

depuração mucociliar. A elastase da P. aeruginosa também degrada proteínas

surfactantes A e D (SP-A e SP-D), os quais têm um papel importante na imunidade

inata (MARIENCHECK, et al.,2003). As proteases alcalinas promovem a lise da

fibrina, interferindo com a formação de fibrina, e inativando proteínas de defesa do

hospedeiro importantes, tais como anticorpos, proteínas do sistema complemento,

IFN-γ, e citocinas. A leucocidina é uma proteína formadora de poros que tem efeitos

citotóxicos nas células hospedeiras. Fosfolipase e lecitinase são hemolisinas que

agem sinergicamente para quebrar lipídios e lecitina. Estas proteínas promovem a

invasão e provocam efeitos citotóxicos nas células hospedeiras

(BALASUBRAMANIAN et al.,2013).

A maioria das estirpes de P. aeruginosa segregam piocianina (N-metil-1-

hydroxyphenazine), o pigmento que dá cor azul-esverdeada para as colônias

bacterianas. Altas concentrações de piocianina são detectados nas secreções

pulmonares de pacientes com fibrose cística, onde exerce um efeito pró-inflamatório,

perturba o epitélio brônquico, e prejudica a função ciliar. A piocianina também

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21

interfere nas defesas antioxidantes do pulmão e facilita o dano oxidativo ao epitélio

pulmonar através da inibição da atividade da catalase ( O’MALLEY, et. al. 2003a;

2003b).

P. aeruginosa pode causar dano tecidual direto e necrose, muitas vezes

consequência da produção de exotoxina A. Exotoxina A é uma enzima de

ribosilação de ADP (Adenosina Difosfato) excepcionalmente potente que entra nas

células eucarióticas por endocitose mediada por receptor e catalisa a ribosilação do

ADP inibindo o fator de alongamento do EF-2 na célula eucariótica. A consequência

disso é a inibição da síntese de proteínas, em última análise conduzindo à morte

celular (YATES, et. al. 2001).

O Lipopolissacarídeo (LPS) é outro componente importante da P. aeruginosa e

outras bactérias Gram-negativas. As cadeias antigênicas O-laterais de LPS foram a

base dos sistemas de tipagem sorológicas, historicamente usados para estudos

epidemiológicos em P. aeruginosa, antes dos métodos de tipagem genômicas

estarem disponíveis. (ERNST ; MILLER, 2000). O LPS está associado com o

aumento da imunogenicidade, embora deva notar-se que em P. aeruginosa é muito

menos imunogênico e evoca uma resposta de citocinas mais modesta a partir de

macrófagos em comparação com outras bactérias como Escherichia

coli ou Salmonella (ERNST et al., 2000).

A produção de alginato é outro mecanismo de virulência muito importante em

P. aeruginosa, o qual trata-se de um polissacarídeo capsular que permite a

aderência às superfícies epiteliais pulmonares com a formação de grandes

conglomerados bacterianos, biofilme que protege a bactéria da ação dos antibióticos

e do sistema imunológico do hospedeiro; este fator de virulência é hiperproduzido

pelas cepas de P. aeruginosa e é responsável por infecções pulmonares em

pacientes com fibrose cística (HEAD et al.,2004).

2.2 RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIMICROBIANOS

A resistência aos antibióticos, entre os vários gêneros bacterianos, representa

um problema de saúde pública mundial. Para alguns estudiosos a situação atual

caminha para o que foi vivenciado na era pré-antibiótico, uma vez que o surgimento

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de novos recursos terapêuticos não acompanha a evolução dos mecanismos de

resistência bacterianos (PATERSON, 2006).

Os Bacilos Gram-negativos aeróbios, incluindo a família Enterobacteriaceae e

BGNNF como a Pseudomonas e Acinetobacter spp, são as principais causas de

infecções hospitalares A taxa de resistência aos antibióticos entre esses patógenos

acelerou dramaticamente nos últimos anos e atingiu escala pandêmica. Já não é

incomum encontrar infecções por bactérias Gram-negativas que são intratáveis por

antibióticos convencionais em pacientes hospitalizados. (GALES et al., 2012).

As mutações que conferem resistência a antibióticos para bactérias são

evolutivamente antigas e difundidas na natureza, tendo surgido em resposta a

pressões seletivas que antecedem a atividade humana (D’COSTA et al., 2011;

NESME et al.,2014). Estes mecanismos de resistência tem encontrado um nicho

permissivo no ambiente hospitalar, em que uma alta densidade de pacientes

suscetíveis, a intensa pressão seletiva para resistência aos antibióticos, e múltiplas

oportunidades para a transmissão se cruzam. As taxas de resistência são mais altas

na UTI por causa do uso excessivo de antibióticos, práticas de isolamento

imperfeitas, e internamentos prolongados de pacientes que são altamente

suscetíveis a infecções nosocomiais por causa de comorbidades e o uso de

dispositivos de longa permanência, como sonda endotraqueal e nasogástrica,

cateteres urinários, e cateteres centrais venosos (VINCENT et al.,2009). A

propagação clonal de organismos resistentes entre as regiões geograficamente

distantes adicionou um novo impulso para o aumento explosivo na resistência aos

antibióticos nos últimos anos (CANTÓN et al.,2012; PETTY et al.,2014). Essa

disseminação global da resistência antimicrobiana é alimentada pela falta de higiene

e uso comum de antibióticos nos países em desenvolvimento, práticas veterinárias

do uso excessivo de antibióticos em animais de corte para consumo humano, bem

como a frequência das viagens internacionais (LANDERS et al.,2012; World Health

Organization, 2014).

Os bacilos Gram-negativos são a causa mais comum de infecções

hospitalares e a causa mais comum de infecção na UTI (VINCENT et

al.,2009) incluindo a maioria dos casos de pneumonia e infecções do trato urinário,

infecções hospitalares e 25% a 30% de infecções do sangue e do sítio cirúrgico

(ROSENTHAL et al. 2012; ZARB et al. 2012)

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Um subconjunto de bacilos Gram-negativos, as Enterobacteriaceae, fazem

parte da microbiota comensal normal do intestino humano e, no contexto de doença

aguda, de forma assintomática, colonizam o trato aerodigestivo superior e da pele

em pacientes hospitalizados e quase todos os indivíduos criticamente doentes. Uma

vez estabelecidos como colonizadores, estes organismos causam infecções

hospitalares por microaspiração ou devido a sua introdução em sítios estéreis. Além

disso, as bactérias que colonizam são progressivamente substituídas por estirpes

resistentes aos antibióticos na UTI (TABLAN et al. 2004). Os bacilos Gram-negativos

possuem vários modos de resistência a antibióticos e são altamente eficientes em

transferi-los horizontalmente entre as espécies. O aumento dramático na resistência

a antibióticos entre bactérias Gram-negativas nas últimas décadas foi identificada

pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças entre as ameaças mais

importantes para a saúde humana em todo o mundo (Centers for Disease Control

and Prevention, 2013).

O aparecimento de resistência a múltiplas drogas tornou-se uma grande

ameaça para o tratamento atual de infecções hospitalares causadas

por P. aeruginosa em todo o mundo (MUDAU et al., 2013; MURAKI et al., 2013). As

opções terapêuticas disponíveis para o tratamento de infecções causadas por

P. aeruginosa são limitadas a um pequeno número de compostos que pertencem a

três grandes classes de antimicrobianos: β-lactâmicos anti-pseudomonas,

fluoroquinolonas anti-pseudomonas e aminoglicosídeos (HONG et al, 2013). De

acordo com o estudo de vigilância conduzido pela International Nosocomial Infection

Control Consortium (INICC) em 36 países da América Latina, Ásia, África e Europa,

47,2% casos de P. aeruginosa isoladas foram relatadas como sendo resistentes a

imipenem (ROSENTHAL et al., 2012 ). Da mesma forma, dois proGramas de

vigilância na China, nomeados Surveillance by Etest and Agar Dilution of Nationwide

Isolate Resistance (SEANIR) e Study for Monitoring Antimicrobial Resistance Trends

(SMART), informaram que 32,4% de P. aeruginosa isoladas no período de 2008-

2010 apresentaram resistência à ceftazidima ( XIAO et al., 2012 ). O SCOPE Brasil

(Vigilância e Controle de patógenos de importância epidemiológica) constatou que

35,8%, 36,8% e 36,6% de P. aeruginosa isolados foram resistentes ao meropenem,

imipenem e ceftazidima, respectivamente (MARRA et al., 2006 ). É bem sabido que

a resistência antimicrobiana é um determinante importante que mantem

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P. aeruginosa no ambiente hospitalar, mas os mecanismos de virulência deste

microrganismo são muito importantes. (JIMENEZ et al., 2012 ).

Em P. aeruginosa, podemos citar quatro principais mecanismos de resistência

predominantes os quais podem estar sozinhos ou associados, são eles: mudança no

sítio ativo das PBPs (Protein Bilding Penicilin), diminuição da expressão de porinas

(Outer Membrane Proteins - OMPs), aumento da expressão de bombas de efluxo e

produção de enzimas betalactamases (BABIC; HUJER; BONOMO, 2006).

2.2.1 Alteração das PBP’s

As modificações em PBPs podem acontecer por mutações, hiperexpressão ou

redução da afinidade. Todas essas modificações reduzem a atividade do

antimicrobiano β-lactâmico na inibição da síntese da parede celular conferindo

resistência a esses agentes. É um mecanismo muito importante em Gram-positivos

como Streptococcus pneumoniae resistente à penicilina, e Staphylococcus aureus

resistente à meticilina (MRSA). Na maioria dos Gram-negativos a mutação em PBPs

tem menor importância que os demais mecanismos (SAUVAGE et al.,2008).

2.2.2 Perda de Porinas

A diminuição da expressão de porinas (OprD) é um mecanismo de resistência

prevalente em P. aeruginosa. Para acessar as PBPs no interior da membrana

plasmática, os antibióticos devem se difundir na parede (o que é muito difícil, já que

são moléculas pouco lipofílicas) ou atravessar canais chamados de porinas.

Algumas bactérias apresentam resistência aos carbapenêmicos devido à perda

destas OprD. A perda de porinas também está associada à resistência ao imipenem

e meropenem em Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii (JACOBY;

MILLS; CHOW, 2004; BABIC; HUJER; BONOMO, 2006). As mutações pontuais ou a

presença de sequências de inserção nos genes que codificam as porinas podem

produzir proteínas com função diminuída e, portanto, resultar em menor

permeabilidade aos antimicrobianos. É importante ressaltar, no entanto que, apenas

a deficiência da porina não é suficiente para produzir o fenótipo de resistência,

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sendo normalmente encontrada combinada à produção de β-lactamases (POOLE,

2004B).

A perda ou alteração da proteína de membrana OprD, ou porina, é considerado

o mecanismo mais comum de resistência aos carbapenêmicos (incluindo imipenem)

em P. aeruginosa (RODRIGUEZ-MARTINEZ et al., 2009; WANG et al., 2010). Em

comparação com a produção de enzimas do tipo MBL, esse mecanismo não é visto

como promotor de alto nível de resistência, mas associado a outros mecanismos

como super expressão de bombas de efluxo (GUTIERREZ et al.,2007;.

RODRIGUEZ-MARTINEZ et al.,2009; TOMAS et al., 2010 ; WANG et al., 2010 ), ou

produção de enzimas inativadoras de antibióticos, como AmpC, pode ser

considerado como o principal determinante da resistência aos carbapenêmicos não

mediada por beta-lactamases (GUTIERREZ et al., 2007; TOMAS et al., 2010; WANG

et al., 2010).

2.2.3 Sistema de efluxo

Outro mecanismo de grande importância em Gram negativos não

fermentadores, em especial P. aeruginosa, tem sido as bombas de efluxo, que

atuam em conjunto com outros mecanismos de resistência e proporcionam altos

níveis de resistência nessa espécie bacteriana. As bombas de efluxo são capazes

de exportar uma grande variedade de substratos do periplasma para o meio

ambiente. Essas bombas são um importante determinante da multirresistência em

muitos microrganismos Gram-negativos, especialmente P. aeruginosa e

Acinetobacter spp. e funcionam expulsando os antimicrobianos do espaço

periplásmico para fora da célula, conferindo resistência à bactéria. (SHAHID et

al.,2009).

As Bombas de efluxo bacterianas foram classificados em cinco famílias, sendo

elas a superfamília ATP-Binding Cassette (ABC) (Lubelski et al.,2007), a Major

Facilitator Superfamily (MFS), (PAO et al.,1998), a família Multidrug and Toxic

Compound Extrusion (MATE) ( (KURODA et al.,2009), a família Small Multidrug

Resistance (SMR) (JACK et al.,2001), e a superfamília Resistance Nodulation

Division (RND) (SEEGER et al. 2008) em especial, os exportadores de drogas

pertencente à família RND desempenham um papel-chave na resistência

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clinicamente relevante em bactérias Gram-negativas, que parecem ser os

contribuintes mais significativos para a resistência antimicrobiana

em P. aeruginosa (POOLE, 2004A, 2007 ).

Em P. aeruginosa, o aumento da expressão do sistema de bombas de efluxo

MexAMExB-OprD em combinação com a baixa permeabilidade de membrana

externa pode resultar em redução da susceptibilidade a penicilinas e cefalosporinas,

mas também a antimicrobianos de outras classes como quinolonas, tetraciclina e

cloranfenicol. (DRAWZ et al.,2010).

2.2.4 Produção de enzimas inativadoras de antimicrobianos

2.2.4.1 β-lactamases

Compostos β-lactâmicos são produzidos por diversos microrganismos

presentes no solo e provavelmente sua produção pode representar uma vantagem

competitiva pelo nicho ecológico. De modo análogo, a produção de β-lactamases

pode representar uma vantagem adaptativa para garantir a integridade da parede

celular e, portanto existe no ambiente, resultado de uma adaptação natural (DRAWZ

et al.,2010).

Não é surpresa, portanto, que a primeira β-lactamase a ser descrita tenha

sido identificada em um isolado de E.coli mesmo antes do uso generalizado da

penicilina na prática clínica (KIRBY, 1944). A origem dessa enzima parece estar

relacionada com as próprias PBPs bacterianas, a partir de uma estrutura primordial

e de um ponto de vista evolutivo, sugerindo que aquela proteína possa apresentar

um ancestral comum com bactérias primitivas produtoras de antibióticos (HALL ;

BARLOW, 2004). Hoje em dia, elas já estão amplamente distribuídas entre bactérias

Gram-positivas e Gram-negativas e, configura como principal mecanismo de

resistência em P. aeruginosa (LIVERMORE, 1995).

Essas enzimas são codificadas por genes chamados bla, que podem estar

presentes no cromossomo bacteriano ou em plasmídeos. A expressão dos genes

bla pode ser induzida pela presença dos β-lactâmicos ou estar continuamente

ativada. Assim, as β-lactamases podem estar presentes de forma induzível ou

constitutiva (LIVERMORE, 1995).

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O seu mecanismo de ação em Gram-negativos ocorre no espaço

perliplasmático e se caracteriza pela hidrólise do anel β-lactâmico presente no

núcleo estrutural das penicilinas, o ácido 6-aminopenicilâmico, provocando assim a

formação do ácido peniciloíco que é desprovido de atividade antimicrobiana.

(TAVARES, 2001). Primeiramente, a enzima associa-se de forma não covalente ao

anel β-lactâmico do antimicrobiano. Então, o radical hidroxila livre do resíduo de

serina presente no sítio ativo da enzima, ataca o anel β-lactâmico, formando uma

ligação covalente acil-éster. A hidrólise do éster formado libera a enzima ativa e os

antimicrobianos hidrolisados e inativos como mostra a FIGURA 1 (LIVERMORE,

1995). É importante ressaltar que algumas β-lactamases utilizam o zinco como

cofator enzimático ao invés da serina. Entretanto a maioria age via éster de serina.

De forma similar, ocorre com a hidrólise das cefalosporinas e dos carbapenêmicos.

Figura 1. Mecanismo de ação das β-lactamases com serina no sítio ativo

Fonte: Adaptado de LIVERMORE, 1995.

2.2.4.1.1 β-lactamases de Espectro Estendido (ESBL)

O primeiro isolado clínico, expressando ESBL, foi identificado por Knothe, na

Alemanha, em 1983 em uma cepa de Klebsiella ozanae (KNOTHE et al.,1983). O

gene responsável por esse fenótipo apresentava uma única mutação quando

comparado à sequência da enzima SHV-1 (intrínseca a este gênero), o que

aumentava consideravelmente seu espectro de ação, passando a ter a capacidade

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de hidrolisar cefalosporinas de terceira geração; essa enzima foi denominada SHV-2

(KLIEBE et al.,1985). Atualmente, o número de ESBLs caracterizadas já passa de

500, e as pesquisas que as relatam têm origem em mais de 30 países do mundo, o

que demonstra sua ampla distribuição (PATERSON, 2006; GNIADKOWSKI, 2008).

As primeiras ESBLs descritas eram derivadas de β-lactamases do tipo SHV

(primeiro caso descrito na literatura) e do tipo TEM, a partir de mutações em seu

sítio ativo. Essas β-lactamases eram importantes apenas no ambiente hospitalar

(BRADFORD, 2001). Da mesma forma, as ESBLs do tipo OXA são derivadas de

OXA não ESBLs por mutações (NAAS; NORDMANN, 1999). A família CTX-M, no

entanto, ao contrário das ESBLs citadas anteriormente , não são derivadas de β-

lactamases de espectro restrito (LIVERMORE et al.,2007) e desde os seus primeiros

relatos em 1989, vem ganhando cada vez mais importância, tornando-se endêmica

em continentes como a América do Sul, Europa, Ásia e Oceania. (CÁNTON;

COQUE, 2006).

A grande parte das beta-lactamases de espectro ampliado (ESBL) encontram-

se enquadradas no grupo molecular A de Ambler (AMBLER, 1980; BARLOW, 2005),

enquanto que na classificação funcional de Bush e Jacoby, a maioria está situada no

grupo 2be. Estas enzimas são capazes de hidrolisar penicilinas, cefalosporinas

(incluindo as de amplo espectro) e monobactâmicos, mas são ineficazes em relação

aos inibidores de β-lactamases (clavulanato, tazobactam), carbapenêmicos e

cefamicinas (cefoxitina e cefotetan). Todavia, a resistência as cefamicinas pode

ocorrer em cepas produtoras de ESBL, quando houver uma diminuição de porinas

de membrana reduzindo sua permeabilidade. (BUSH; JACOBY, 2010). Os

carbapenêmicos, por sua vez, apresentam-se ineficazes quando existem

mecanismos de resistência diferentes das ESBLs associados a elas ou quando o

mecanismo de resistência for a produção de carbapenemases, enzimas que serão

discutidas mais adiante (QUEENAN; BUSH, 2010). Já os inibidores de β-

lactamases, mostram-se ineficientes quando enzimas conhecidas como IRT (TEM

resistentes a inibidores), pertencentes ao grupo 2br de Bush e Jacoby, estão

atuantes. As últimas emergiram do tipo TEM-1 e TEM-2, mas também são

encontradas na família SHV devido a mutações que comprometeram a afinidade

destas pelos inibidores de β-lactamases (BABIC; HUJER; BONOMO, 2006).

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Muitas definições já foram atribuídas às β-lactamases de espectro estendido,

mas a fim de simplificar esse conceito foi proposta uma definição durante a

conferência ESCMIC (European Society of Clinical Microbiology and Infectious

Diseases), a qual, em suma, afirma que toda ESBL é uma β-lactamase,

ordinariamente adquirida e na sua grande maioria, não inerente às espécies, as

quais podem hidrolisar rapidamente, ou conferir resistência a oximino-cefalosporinas

(não carbapenêmicos), ou uma β-lactamase mutante, dentro de uma família que

tenha habilidade em fazê-lo. (LIVERMORE, 2008).

2.2.4.1.2 Metallo-β-lactamase

Beta-lactamases de classe B ou metallo-beta-lactamase (MBLs) são enzimas

que requerem íon zinco como um co-factor de metal para a atividade como

carbapenemase. Essas MBL são capazes de conferir resistência aos

carbapenêmicos em uma ampla variedade de bactérias Gram-negativas (JACOBY,

2005; LEE, et al. 2008; WALSH, 2008; SIARKOU et al.,2009).

A primeira MBL foi descrita em 1966, em um isolado de Bacillus cereus

(KUWABARA; HUSSAIN et al.,1985). Devido sua facilidade de propagação, através

de plasmídeos e sua capacidade de hidrolisar todos os beta-lactâmicos, com

exceção do Aztreonam, essa enzima tem se tornado um sério problema de saúde

pública, no Brasil e no mundo (SADER et al. 2005).

Enzimas do tipo MBL, são um motivo de preocupação, porque elas são

capazes de hidrolisar a maioria dos beta-lactâmicos, incluindo o imipenem e

meropenem, consideradas drogas de reserva para o tratamento de estirpes Gram-

negativas multirresistentes (MAGALHÃES et al., 2005; YAN et al. 2001). Além disso,

as MBL são codificadas nos genes associados aos elementos móveis, uma condição

que facilita a sua propagação entre diferentes espécies bacterianas e gêneros

(MAGALHÃES et al. 2005; GALES et. al. 2003).

Ultimamente, tem havido um aumento dramático na detecção e propagação de

famílias adquiridas e transferíveis destas metallo enzimas (IMP, VIM, SPM, GIM,

SIM e AIM) (FRANCO et. al. 2010). Cepas de P. aeruginosa produtoras de MBLs

têm sido relatadas como causadoras de pequenos surtos nosocomiais

(LAGATOLLA, et al. 2006). Diferentes tipos de MBL (IMP, VIM, SPM-1, GIM-1, 1-

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SIM, NDM-1 e MIF-1) têm sido encontrados em P. aeruginosa (CORNAGLIA et al.,

2011; POLLINI et al., 2013 ). As MBL possuem disseminação lenta, entretanto

crescente, dentro dos hospitais, causando surtos e/ou situações hiperendêmicas em

vários centros, principalmente no Extremo Oriente e no sul da Europa (TSAKRIS et

al. 2009; LAGATOLLA, et al., 2006; PEÑA et al., 2007). Vários estudos identificaram

fatores de risco para a aquisição de MBL, como distúrbios respiratórios, idade acima

de 40 anos, tempo de internação maior que 20 dias e uso inadequado de

antimicrobianos (HORIANOPOULOU et al., 2006; MARRA et. al. 2006) bem como o

resultado de infecções causadas por P. aeruginosa produtores de MBL (LEE et al.,

2004). O aumento da incidência de infecções nosocomiais por estirpes de P.

aeruginosa possuindo MBL compromete severamente a seleção de tratamentos

adequados e está, portanto, associada à significativa morbidade e mortalidade

(TSAKRIS et al., 2000).

2.2.4.1.3 AmpC

As AmpC são serino beta-lactamases pertencentes a Grupo 1, segundo

classificação de Bush-Jacoby-Medeiros (Bush-Jacoby-Medeiros, 1995), e de Classe

C, de acordo com a classificação de Ambler (AMBLER et al., 1991). Elas também

são chamadas cefalosporinases embora o seu espectro de ação hidrolítico não só

inclua as cefalosporinas (JUAN et al.,2005). Certas Enterobacterias têm,

naturalmente, beta-lactamases AmpC, como é o caso da Enterobacter spp.,

Providencia spp., Morganella morganii, Serratia marcescens, freundii Citrobacter e

Hafnia (SUÁREZ et. al. 2006) bem como bacilos Gram-negativos não fermentadores

de importância clínica como Pseudomonas aeruginosa (VILA; MARCO, 2002). A

AmpC produzida pelos microrganismos supracitados são de natureza cromossômica

induzível e explicam a resistência natural a aminopenicilinas, cefalosporinas de 1ª

geração, cefamicinas (cefoxitina, cefotetan) e Aminopenicilinas combinado com

inibidores de beta-lactamase (amoxicilina ácido clavulânico, ampicilina-sulbactam),

expressa por estes agentes bacterianos (SUÁREZ et. al. 2006). E. coli, Shigella spp.

e Acinetobacter baumannii, também possuem beta-lactamase AmpC cromossômica,

porém constitutiva (não indutíveis) (VILA; MARCO, 2002). Por outro lado, há

plasmídeos que codificam AmpC que pode ser induzível ou não (SCHMIDTKE;

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HANSON, 2006). Uma característica das enzimas AmpC é que elas não têm efeito,

por si só, contra cefalosporinas de 4ª geração, ou em carbapenems, sendo este

último beta-lactâmicos de escolha em cepas produtoras de AmpC (PAI et al., 2004;

PEREZ-PEREZ; HANSON, 2002) Além disso, AmpC não são inibidas pelos

clássicos inibidores de beta-lactamase (ácido clavulânico, sulbactam, tazobactam)

(PETROSINO, et. al. 2002), embora algumas possam ser inibida por sulbactam ou

tazobactam (BUSH, et al.,1993).

As enzimas tipo AmpC são um tipo de beta-lactamases que ao contrário das

ESBLs não possuem atualmente um método padronizado pelo Standards Institute

Laboratory (CLSI) para detecção fenotípica. Este fato, juntamente com a dificuldade

para elucidar fenotipicamente se existe presença de uma AmpC cromossômica ou

plasmidial, e a ausência de inibidores de AmpC para utilização in vivo, fazem

considerar estas enzimas como um emergente problema terapêutico (MARTINEZ,

2009).

2.2.4.2 Produção de enzimas inativadoras de aminoglicosídeos

Os aminoglicosídeos são comumente utilizados no tratamento de infecções

causadas por P. aeruginosa (por exemplo, tobramicina, gentamicina, amicacina;

BARTLETT, 2004), especialmente para tratamento de infecções pulmonares em

pacientes com fibrose cística (FC), onde amicacina e, em particular, tobramicina são

rotineiramente empregadas (TACCETTI et al.,2008). Seu uso é, no entanto, ligada

ao desenvolvimento de resistência devido a produção de enzimas modificadoras de

aminoglicosídeos (Modifying Enzymes Aminoglycosides - AMEs) e metilases rRNA,

além da elaboração de mecanismos de efluxo endógenas. (POOLE, 2005).

A modificação do Aminoglicosídeo, que leva a inativação do antibiótico,

normalmente envolve a fosforilação (por aminoglicosídeos fosforiltransferases,

APHS), acetilação (por aminoglicosídeos acetiltransferases, AACS), ou adenilação

(por aminoglicosídeos Nucleotidiltransferases, ANTs; aminoglicosídeo

adeniltransferase, AAD). As AMEs são determinantes comuns de resistência a

aminoglicosídeo em P. aeruginosa exceto em isolado de Fibrose cistica onde estes

mecanismos são quase desconhecidos (HENRICHFREISE et al.,2007 ; ISLAM et

al., 2009 ). Genes para AMEs são normalmente encontrados em integrons com

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outros genes de resistência (POOLE, 2005 ; RAMIREZ E TOLMASKY, 2010 ) e,

como tal, isolados AME são frequentemente multirresistente.

2.2.5 Resistência a Fluoroquinolonas

As fluoroquinolonas (FQS), especialmente ciprofloxacina, são comumente

utilizadas no tratamento de infecções por P. aeruginosa. A resistência a esses

agentes é predominantemente mediada por mutações na DNA girase e

Topoismerase IV, enzimas que são alvo das FQS, embora o sistema de efluxo

contribua significativamente (JACOBY, 2005 ; DRLICA et al., 2009 ), muitas vezes

em combinação com mutações no local alvo (HENRICHFREISE et al.,2007 ;.

REJIBA et al.,2008 ;. TAM et al.,2010 ).

A classe das FQ age nas topoisomerases bacterianas [topoisomerase II (aka

gyrase) e topoisomerase IV], que são responsáveis pela introdução e/ou remoção de

superenovelamento, bem como encadeamento/ desencadeamento de DNA e, assim,

desempenham um papel essencial na replicação, transcrição, recombinação e

reparação do DNA (DRLICA e ZHAO, 1997). Em bactérias Gram-negativas, a girase

é o alvo preferido de FQS, dessa forma, mutações nesse sitio são comuns de

ocorrer, além de mutações adicionais em topoisomerase IV, visto em alguns

isolados altamente resistentes (JACOBY, 2005).

A DNA-girase (GyrA e GyrB) e topoisomerase (ParC e parE) são, cada um,

compostos por duas subunidades. Mutações que promovam resistência a FQ

ocorrem tipicamente na chamada "região determinante de resistência à quinolona"

(QRDR) de GyrA e/ou ParC (JACOBY, 2005 ;. DRLICA et al.,2009 ). Tais mutações

são comuns em P. aeruginosa (LEE et al., 2005 ; MURAMATSU et al., 2005 ;

HENRICHFREISE et al.,2007 ;. REJIBA et al., 2008 ) em isolados altamente

resistentes que transportem mutações múltiplas em gyrA e/ou parC (LEE et

al.,2005 ; MURAMATSU et al.,2005 ), com mutações em gyrB (LEE et al.,2005 ;

MURAMATSU et al.,2005 ; SCHWARTZ et al.,2006 ) e parE (LEE et al.,2005 ;.

REJIBA et al.,2008 ), menos comum.

Outro mecanismo de resistência comum a essa classe de antimicrobianos é a

hiper expressão de bombas de efluxo. Quatro membros da família RND de sistemas

de efluxo para múltiplos fármacos, MexAB-OprM, MexCD-OprJ, MexEF-oprN, e

MexXY-OprM são conhecidos por reconhecer e expulsar antibióticos da classe das

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FQs (POOLE, 2000), consequentemente estes sistemas de efluxo estão

intimamente relacionados com a resistência a FQ em isolados clínicos (POOLE,

2000; REINHARDT et al.,2007 ).

Os plasmídeos também pode produzir diretamente resistência às

fluoroquinolonas. Por muito tempo se pensou não existir resistência às FQs

mediada por plasmídeo, até que foi descoberto, em um isolado clínico de K.

pneumoniae no Alabama, um plasmídeo que poderia transferir resistência de baixo

nível para quinolonas a E. coli e outras bactérias Gram-negativas (MARTÍNEZ-

MARTÍNEZ; PASCUAL; JACOBY, 1998). O plasmídeo aumentou a MIC para todas

as quinolonas testadas, com exceção da Coumermycin A1, uma quinolona inibidora

de função da GyrB. Uma vez que o plasmídeo não afetou as concentrações

intracelulares de quinolonas ou expressão de porina da membrana externa e porque

continuava a aumentar a resistência em estirpes de E. coli com gyrA, gyrB, Parc,

ompF, ompC , ou Marr mutações, um novo mecanismo de resistência foi sugerido

(MARTÍNEZ-MARTÍNEZ et al. 2003).

2.2.6 Resistência à Polimixina

Devido ao aumento da prevalência de P. aeruginosa multi-resistente, os

antimicrobianos Polimixina B e colistina (também chamado de polimixina E),

pertencente a uma família de antimicrobianos oligopeptideos cíclicos, voltaram a

atuar como uma opção de tratamento de último recurso, embora estes agentes

tenham efeitos colaterais fortes (por exemplo, nefrotoxicidade) com alta incidência

(POOLE, 2011). Muito recentemente, as Concentrações de Prevenção de Mutantes

(MPC) a polimixina para P. aeruginosa mostraram-se muito elevada (≥64 ng/ml),

mesmo para isolados sensíveis (ou seja, com concentração inibitória mínima (MIC)

intervalos de 1-2 mg/ml; CHOI e KO, 2013). Nos estudos de MPC, a mutação de

resistência a polimixina aparentemente pode resultar de uma única mutação ( CHOI

e KO, 2013 ).

O mecanismo de ação das polimixinas envolve uma fase inicial de interação

com o lipídio A do Lipopolissacarídeo (LPS), conduzindo à absorção auto-promovida

de polimixinas através da membrana, seguido de morte celular (FERNANDEZ et

al.,2013. ). O mecanismo mais comum de resistência à polimixina surge a partir da

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modificação do lipídio LPS A com 4-amino- L -arabinose, um processo que tem sido

observado tanto em mutantes selecionados in-vitro quanto em isolados de Fibrose

cística ( MILLER et al.,2011. ; POOLE, 2011 ; . MOSKOWITZ et al.,2012 ). Tais

alterações podem ser alcançados por meio de modificações covalentes do lipídio A

do LPS por meio da adição de fosfoetanolamina (PETN) e modificação da 4-amino-

4-desoxi-L-arabinose (L-Ara4N), através da desacilação, hidroxilação e palmitoilação

por PAgP (palmitoilação não contribuem para a resistência polimixina) (RAETZ et

al.,2007 ). Outras estratégias incluem a utilização de uma bomba de efluxo e

formação de cápsula (PADILLA et al., 2010 ). A modificação da L-Ara4N é a mais

eficaz das duas modificações devido à natureza da alteração de carga. A carga

positiva líquida resultante do LPS modificado reduz a sua ligação a polimixinas,

conduzindo à resistência (OLAITAN et al. 2014).

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3 OBJETIVOS

3.1 GERAL:

- Avaliar o perfil de resistência a antimicrobianos de Pseudomonas aeruginosa

isoladas em três centros de referência localizados na cidade do Natal/RN.

3.2 ESPECÍFICOS:

- Identificar os principais sítios de isolamento das amostras de P. aeruginosa

isoladas;

- Determinar o perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos através do método de

disco difusão;

- Avaliar a presença de cepas produtoras de β-lactamases do tipo AmpC e Metallo-

β-Lactamase.

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4 METODOLOGIA

4.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO

Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, de abordagem quantitativa. No

presente estudo foram avaliados 113 isolados de P. aeruginosa. Todos os isolados

de P. aeruginosa utilizados foram provenientes de Centro de saúde, sendo

previamente identificados de material clínico e encaminhados dos Laboratórios Dr.

Almino Fernandes (LACEN-RN), Laboratório de Análises Clínicas do HUOL e

Laboratório de Análise Clínicas do Hospital Giselda Trigueiro (HGT) ao Laboratório

de Micobactérias (LABMIC), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte -

UFRN. O critério de inclusão utilizado nesse estudo foram a espécies bacterianas de

P. aeruginosa.

4.2 LOCAL E PERÍODO DO ESTUDO

As análises foram realizadas entre o período de Janeiro de 2013 a Junho de

2014 no Laboratório de Micobactérias (LABMIC) da UFRN.

4.3 CONFIRMAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO DOS ISOLADOS DE P.

aeruginosa

As amostras de Pseudomonas aeruginosa avaliadas neste estudo foram

identificadas, inicialmente, nos laboratórios de origem. A partir da verificação da

pureza das culturas foram feitas, em todas as amostras, testes fenotípicos

confirmatórios de sua identificação no LABMIC. Os testes fenotípicos utilizados na

identificação de P.aeruginosa incluíram: prova da oxidase, metabolismo OF-glicose,

motilidade, produção de pigmento, descarboxilação dos aminoácidos lisina, arginina

e ornitina, prova do indol, hidrólise da uréia, redução do nitrato, hidrólise da esculina,

crescimento em Caldo NaCl 6,5%, crescimento a 42°C e utilização do citrato. Estes

testes foram executados seguindo as recomendações de Koneman et al., (1997)

As espécies foram repicadas para Ágar MacConkey (HIMEDIA, Pennsylvania,

EUA) e incubadas por 18h a 35ºC em estufa bacteriológica.

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A Cepa de P. aeruginosa ATCC 27853 foi utilizada como controle dos meios de

cultura.

Após a confirmação da espécie P. aeruginosa através das provas bioquímicas

supracitadas, as amostras foram submetidas a Testes de Sensibilidade a

Antimicrobianos (TSA).

4.4 TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS

O teste de sensibilidade aos antimicrobianos foi realizado, na ocasião do

isolamento das bactérias, no Laboratório de Micobactérias da UFRN, por disco de

difusão, seguindo as recomendações, vigentes na época do isolamento, do Clinical

and Laboratory Standard Institute 2013 (CLSI 2013). Para preparação de uma

suspensão bacteriana com turvação aproximada de 0,5 na escala de McFarland

(Dade Behring, MicroScan®Turbidity Meter) foi feita uma suspensão de 2 a 5

colônias em solução de salina, e em seguida o semeio, em placas de Ágar Muller-

Hinton.

Após 10 minutos aplicaram-se os seguintes discos de antibióticos (13 discos

por placa): Imipenem, Meropenem, Ticarcilina-Ácido Clavulânico, Cefepime,

Ceftazidima, Piperacilina-Tazobactam, Amicacina, Tobramicina, Ciprofloxacina,

Ofloxacina, Norfloxacina, Aztreonam e Polimixina B.

Após incubação da placa, a 37°C por 18 horas, foram mensurados os

diâmetros dos halos de inibição para cada antibiótico. Os resultados obtidos foram

interpretados de acordo com o CLSI 2013/2014.

4.5 DETECÇÃO FENOTÍPICA DA PRODUÇÃO DE BETA-LACTAMASE DO

TIPO AMPC

As amostras de P. aeruginosa foram submetidas à avaliação da produção de

AmpC por meio do método de disco aproximação (DUNNE; HARDIN 2005) com

antibióticos isolados e combinados conforme desenho esquemático na Figura 2. Em

placas contendo meio de ágar Mueller-Hinton foram dispostos os discos, sendo o

Imipenem (10µg) utilizado como indutor, e Ceftazidima (30µ), Piperacilina +

Tazobactam (110/10µg), dispostos equidistantes de 20 a 25 mm do indutor

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(distância medida de centro a centro). Depois de incubadas por 24 h a 37°C, é

caracterizado como teste positivo a presença de um antagonismo entre o indutor e

um dos substratos caracterizado pela forma de um D (MARTINEZ, 2009).

Figura 2. Representação esquemática da disposição dos discos de antimicrobianos utilizados no teste fenotípico de detecção de AmpC

* PIT= Piperacilina + Tazobactam, CAZ= Ceftazidima, IMP= Imipenem.

4.6 CONFIRMAÇÃO FENOTÍPICA DA PRODUÇÃO DE METALO-BETA-

LACTAMASES (MBL)

As bactérias que se mostraram resistentes a pelo menos um dos

carbapenêmicos (Imipenem ou meropenem) foram submetidas ao teste confirmatório

de MBL pelo método de bloqueio enzimático. Em uma placa de Ágar Mueller-Hinton

HIMEDIA, Pennsylvania, EUA), seguindo a escala de turbidez 0,5 McFarland (Dade

Behring, MicroScan®Turbidity Meter), foi semeada a cepa suspeita por toda a

extensão da placa, conforme padronizado pelo CLSI para realização do teste de

sensibilidade aos antimicrobianos por disco difusão (CLSI 2014). Em seguida, dois

discos, um com Meropenem (10µg) (OXOID) e outro com Imipenem (10µg) (OXOID),

foram posicionados paralelos a outros dois discos de Meropenem (10µg) (OXOID) e

Imipenem (10µg) (OXOID) ambos acrescidos de 10µL de EDTA (0,1M), seguindo

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recomendações da Nota Técnica nº01/2013 da ANVISA. Os discos combinados com

EDTA foram preparados no dia do teste e aplicados nas placas somente após sua

secagem. Para interpretação, os halos de substrato com e sem EDTA foram

comparados, em amostras produtoras de MBL é observado aumento do halo de

inibição de crescimento da bactéria-teste na região do ágar onde ocorreu a difusão

do EDTA, e o achado de diferença maior ou igual a 7 mm no halo de substrato/

EDTA em relação ao substrato sozinho foi considerado positivo para MBL (YAN et

al., 2004). Já em testes negativos, não se espera alteração no halo de inibição de

crescimento da bactéria testada.

Figura 3. Representação esquemática da disposição dos discos de antimicrobianos utilizados no teste fenotípico

de detecção de MBL.

*IMP – Imipenem, MPM - Meropenem

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5 RESULTADOS

5.1 Amostras bacterianas: Fontes de isolamento

Um total de 113 cepas de Pseudomonas aeruginosa foram caracterizadas à nível

de espécie e susceptibilidade a antibacterianos no LABMIC-UFRN.

A Tabela 1 mostra a distribuição das 113 P. aeruginosa avaliadas. Observou-se

que 72 (63,7%) foram provenientes do trato respiratório inferior.

Tabela 1. Distribuição de 113 amostras de P. aeruginosa de origem clínica, de acordo com o sítio de isolamento.

Fonte de Isolamento n° de amostras (%)

Secreções¹ 72 (63,7%)

Urina 24 (21,2%)

Sangue 7 (6,1%)

Líquidos de punção² 2 (1,7%)

Ponta de cateter 2 (1,7%)

Outros sítios³ 6 (5,3%)

Total 113 (100%)

¹ Inclui: secreções de feridas, de drenos, oculares, de vesícula, de ouvido, intrabdominais, do trato respiratório inferior e outras. ² Inclui: Líquor ³ Inclui: Fragmento de pleura e raspado de lesão

5.2 Determinação do padrão fenotípico de resistência a antimicrobianos.

A Tabela 2 mostra a frequência da resistência aos 13 antimicrobianos

testados. As maiores taxas de resistência foram verificadas frente às

Fluoroquinolonas.

Todas as amostras avaliadas foram sensíveis a Polimixina B.

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Tabela 2. Distribuição da frequência de resistência a 13 antimicrobianos, de 113 amostras de P. aeruginosa, de acordo com os resultados do teste de disco difusão.

Classe de antimicrobianos

Antimicrobianos n° (%) de Amostras Resistentes

Ofloxacina 65 (57,5%)

Fluoroquinolonas Ciprofloxacina 63 (55,7%)

Norfloxacina 63 (55,7%)

β-lactâmico + Inibidor Ticarcilina – Ácido

Clavulânico 49 (43,3%)

de β lactamase Piperacilina-tazobactam 32 (28,3%)

Cefalosporinas de 3ª Ceftazidima 47 (41,5%)

e 4ª Geração Cefepime 44 (38,9%)

Carbapenêmicos Meropenem 45 (39,8%)

Imipenem 41 (36,2%)

Monobactâmico Aztreonam 44 (38,9%)

Aminoglicosídeos Tobramicina 41(36,2%)

Amicacina 32 (28,3%)

Polimixina Polimixina B 0 (0%)

5.3 Detecção da Produção de β-Lactamases do tipo AmpC

O índice de positividade para produção de AmpC correspondeu a

(40,7%, n=46) do total de 113 amostras testadas. Na figura 3 observa-se o resultado

positivo apresentado por uma amostra de P. aeruginosa.

Figura 4. Método de disco aproximação para detecção fenotípica de beta-lactamases AmpC induzíveis.

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5.4 Produção de Metallo β-lactamase

Das 113 amostras avaliadas neste estudo, 50 (44%) apresentaram resistência

a, pelo menos, um dos carbapenêmicos pela técnica de disco difusão, e estas foram

submetidas ao teste de detecção fenotípica para produção de MBL. Das 50

amostras com resistência a carbapenêmicos, 21 (42%) apresentaram teste

fenotípico positivo para produção de metallo β-lactamase a partir do teste de

bloqueio enzimático, sendo presuntivamente consideradas produtoras de MBL. A

Figura 4 ilustra dois resultados positivos conforme observado no teste empregado

para detecção de MBL.

Figura 5. Amostras positivas para produção de MBL no teste fenotípico bloqueio enzimático com EDTA A) Imipenem e Imipenem + EDTA, Meropenem e Meropenem + EDTA e Aztreonam. B) Imipenem + EDTA e Imipenem

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6 DISCUSSÃO

O estudo avaliou o perfil fenotípico de cepas de P. aeruginosa além de

caracteriza-la quanto à presença de dois dos principais mecanismos de resistência

apresentados por essa bactéria.

A maioria das amostras de P. aeruginosa estudadas foi isolada de espécimes

de secreções, em grande parte proveniente do trato respiratório inferior e de urina.

De um modo geral, estas são as fontes de isolamento mais frequentes, como

verificado pelos estudos de Freitas e Barth (2004), analisando amostras isoladas de

pacientes atendidos em hospitais de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e por Santos

Filho e colaboradores (2002), com amostras de origem comunitária e hospitalar

isoladas em laboratórios clínicos da cidade de João Pessoa, na Paraíba.

A resistência intrínseca de P. aeruginosa aos antimicrobianos é bem

conhecida, mas a aquisição de novos mecanismos de resistência a antimicrobianos

anti-pseudomonas, como constatado na rotina laboratorial, é um grande desafio. A

alta mortalidade (48,1%) entre os pacientes com infecções por P. aeruginosa

resistente aos carbapenêmicos pode ser reflexo da falta de opções de terapias

antimicrobianas (ZAVASCKI et al.,2005).

No presente estudo, todas as amostras isoladas foram avaliadas quanto à

susceptibilidade aos antimicrobianos utilizando o teste de difusão em ágar. Entre os

antibióticos testados, a Ciprofloxacina, Ofloxacina e Norfloxacina apresentaram as

maiores taxas de resistência. Esses resultados apontam um alto índice de

resistência a essa classe de antimicrobianos, e corroboram com estudos ao redor do

mundo que apontam um crescimento da resistência as fluoroquinolonas. Um estudo

prospectivo de quatro anos realizado por Omigie e colaboradores (2009) procurou

determinar a incidência e taxa de desenvolvimento de resistência às

fluoroquinolonas de patógenos comuns responsáveis por infecções do trato urinário

na Nigéria. Os resultados evidenciaram elevada resistência às quinolonas entre

estirpes de P. aeruginosa (43,4%), E. coli (26,3%), e Proteus spp. (17,1%). Durante

os quatro anos do estudo, observou-se um aumento da resistência a estes

antimicrobianos em P. aeruginosa (14,2%), Proteus spp. (8,8%) e E. coli (9.7%).

Atualmente dois mecanismos diferentes são considerados principais

determinantes da resistência às Quinolonas: mutação da DNA

Girase/Topoisomerase IV, e alteração nos genes reguladores de bomba de

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efluxo mexR e nfxB como os mecanismos mais comuns encontrados como

promotores da resistência a essa classe de antimicrobianos (HOOPER, 1999). Um

estudo realizado por Hu e colaboradores (2013) através da análise genômica de

espécies de Pseudomonas resistentes a ciprofloxacina, utilizando

pirosequenciamento 454, sugere que há três regiões no genoma da P. aeruginosa

com alto potencial de variabilidade associada à resistência a ciprofloxacina. Soma-

se a esses fatores, o uso em alta escala desses antimicrobianos no âmbito

hospitalar, gerando uma pressão seletiva, e predispondo ao desenvolvimento de

resistência a essa classe de antibióticos.

Os β-lactâmicos associados aos inibidores de beta-lactamase, Piperacilina-

Tazobactam e Ticarcilina-Ácido Clavulânico apresentaram taxas de resistência

também elevadas, em especial a ticarcilina associada ao clavulanato. Para

Piperacilina-Tazobactam, a taxa de resistência detectada nesse trabalho foi

semelhante à encontrada por Soares (27,8%) em 2005 e Almeida (25%) em 2012

entre amostras isoladas no Rio de Janeiro e no estado do Pará, respectivamente, e

ligeiramente inferior à detectada por Figueiredo et. al. (33,9%) em 2007. Para

ticarcilina-ácido clavulânico, a taxa de resistência detectada neste trabalho foi

semelhante à relatada por Soares (50,6%) em 2005. Porém bem inferiores à

detectada por Almeida (91,6%), no ano de 2012, em 12 isolados de origem

hospitalar em Belém do Pará.

Um estudo retrospectivo, conduzido na China por Xu e colaboradores,

realizado entre os anos de 2003 a 2011, demonstrou associação entre o uso de

antimicrobianos e o desenvolvimento de resistência ao longo desse período. O

estudo mostrou um aumento significativo, nas taxas de resistência de P. aeruginosa

a Ticarcilina-ácido clavulânico de 18% e piperacilina-tazobactam de 36,2% no

período de 2003 a 2011 (XU et. al., 2013).

Os resultados discrepantes apresentados na classe dos β-lactâmicos

associados aos inibidores de beta-lactamase, pode ser justificada pela melhor

eficiência do tazobactam como inibidor de beta-lactamases em Gram-negativos, em

relação ao clavulanato. Além disso, Beta-lactamases do tipo AmpC são enzimas que

não sofrem a ação dos inibidores de beta-lactamases, especialmente ácido

clavulânico, e seus genes são de origem cromossomal, no entanto podem

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apresentar superexpressão induzível aumentando até cerca de 1000 vezes sua

expressão quando na presença de antibióticos (MELETIS,BAGKERI, 2013).

As taxas de resistência a ceftazidima e cefepime foram superiores às

encontradas por Soares (2005) (31,9% e 33,3%, respectivamente) no Rio de

Janeiro, e Carvalho (2004) (22,9% e 26,2%) em São Luís do Maranhão. Por outro

lado, um estudo realizado no Recife/PE por Figueiredo et al., em 2007 mostraram

taxas de resistência superiores (70% e 51,4%, respectivamente) às detectadas

nesse estudo.

Esses resultados apontam um alto índice de resistência em uma classe de

antimicrobianos que não é considerada uma droga de primeira escolha, e segue

recomendação de restrição no seu uso como medida de prevenção da disseminação

de P. aeruginosa produtoras de metallo-beta lactamases (FIQUEIREDO et al.,

2007). Fatores como a utilização inadequada dessa classe de antimicrobianos

podem levar ao aumento de resistência por P. aeruginosa.

Além disso, foi observada resistência à ceftazidima com sensibilidade à

cefepime, o que pode, ao menos em parte, ser atribuído à produção de AmpC cuja

ação é mais efetiva sobre a ceftazidima (LIVERMORE, 1995). Estas discrepâncias

mostram que os resultados de resistência ou sensibilidade encontrados “in vitro”

para uma destas cefalosporinas não podem ser extrapolados para a outra, sendo,

portanto, necessário avaliar a susceptibilidade de ambos antimicrobianos. Outros

mecanismos associados como a super expressão de bombas de efluxo e produção

de enzimas como as MBL, também podem ser determinantes de resistência nessa

classe de antimicrobianos (HONG et al., 2013).

Em relação ao meropenem e imipenem, as taxas de resistência encontradas

neste estudo foram semelhantes à detectada por Figueiredo e colaboradores (41,8%

e 42,3%, respectivamente) em 2007, e Jacome (37,7% e 36%, respectivamente) em

2012, porém superiores às encontradas por Pires e colaboradores (20,7% e 18,2%)

em 2009.

Carbapenêmicos são drogas de última escolha para tratamento de infecções

de P. aeruginosa, entretanto, devido ao uso indiscriminado desses antimicrobianos,

há várias descrições de resistência a essas drogas em hospitais. Um estudo

multicêntrico na América Latina observou diminuição da sensibilidade ao

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meropenem em 53,8%, 46,7%, 33,3%, e 28,8% dos isolados da Argentina, Brasil,

Chile, e México, respectivamente (GALES et al., 2012).

P. aeruginosa pode adquirir resistência aos carbapenêmicos pela produção

de carbapenemases, principalmente metallo-beta-lactamases e AmpC, que são

bastante comuns nessa espécie bacteriana (LISTER et al., 2009). Além disso, outros

mecanismos também podem estar envolvidos na resistência a essa classe de

antimicrobianos, como a perda de porinas, OprD, ou super expressão de bombas de

efluxo (FERNANDEZ;HANCOCK, 2012).

Para o Aztreonam, obtivemos taxa de resistência de 38,9%, valor superior ao

descrito por Soares (27,8%) em 2005, Pires et. al., (25,6%) em 2009 e Jacome

(29,5%) em 2012. Por outro lado, outros autores reportam taxas de resistências em

concordância com nosso estudo, podemos citar o estudo de Carvalho (37,9%) em

2004 e Figueiredo e colaboradores (40,2%) em 2007.

Um dos principais mecanismos de resistência ao monobactâmico Aztreonam

é a produção da cefalosporinase AmpC, outros mecanismos associados são,

provavelmente, a hiper expressão de bombas de efluxo, combinado com o baixo

número de porinas e a presença de poros muito pequenos, impedindo a passagem

da droga para o interior da membrana (GALES et al.,2003).

O perfil de resistência a amicacina, dos isolados avaliados, foi de (28,3%),

demonstrando ser o antibiótico mais efetivo contra P. aeruginosa além da Polimixina

B, que destacaremos mais adiante. Esse resultado é semelhante aos dados obtidos

por Soares (2005) (32,1%) entretanto foram inferiores as encontradas por Pires et.

al. (2009) (40,6%) e Figueiredo e colaboradores (2007) (44%). Na América do Norte,

Hoban e colaboradores (2003) constataram que o antimicrobiano mais susceptível

para a P. aeruginosa em seus estudos foi a amicacina com 93,7% de sensibilidade.

Em relação à Tobramicina, a taxa de resistência foi de 36,2%, esse resultado está

em concordância com estudos de Pires et. al. (2009) (38,9%) e Almeida (2012)

(41,6%), mas superior à encontrada por Casal et. al. (2012) (4,58%), na Espanha e

Bosso et al., (2013) (10%) nos EUA.

Dentre os aminoglicosídeos, a amicacina é mais utilizada para infecções

causadas por essa bactéria, porque, como foi observado, os isolado de P.

aeruginosa que apresentaram resistência à amicacina exibem altos índices de

resistência a outros aminoglicosídeos como a tobramicina (TORRES et al., 2000).

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A resistência a aminoglicosídeos em P. aeruginosa está relacionada

principalmente a inativação enzimática da molécula do antibiótico devido à produção

de enzimas modificadoras de aminoglicosídeos, a nucleotidiltransferase,

fosfotransferase e acetiltransferases. Outros mecanismos também estão

relacionados com a resistência a essa classe de antimicrobianos, são esses a

redução da permeabilidade da membrana através diminuição de porinas na

membrana da célula bacteriana, e modificação do sítio de ligação no ribossomo

(POOLE, 2005).

Todos os isolados deste estudo foram susceptíveis a polimixina B, assim

como relatado em outros estudos (GALES et al.,2002; LOUREIRO et al.,2002), e,

por esta razão, as polimixinas podem ser uma alternativa no tratamento contra P.

aeruginosa multirresistentes, embora esses compostos sejam consideravelmente

tóxicos.

P. aeruginosa pode causar um grande número de falhas terapêuticas, e

representa um desafio clínico significativo se esses mecanismos de resistência

permanecem despercebidos. Portanto, a identificação precoce das infecções

causadas por estes microrganismos é necessária para que o tratamento adequado

possa reduzir a propagação destas cepas resistentes, bem como reduzir a

mortalidade em pacientes hospitalizados. Isto enfatiza a necessidade de vigilância

de isolados que produzem estas enzimas para evitar falhas terapêuticas e de surtos

nosocomiais (KUMAR et al., 2012).

O estudo evidenciou elevada taxa de produção de beta-lactamase da classe

C de Ambler, AmpC (40,7%), corroborando estudos de outros autores (DUNNE E

HARDIN, 2005; PARVEEN et al.,2010; KUMAR et. al., 2012). As beta-lactamases do

tipo AmpC são cefalosporinases que são mal inibidas pelo ácido clavulânico. Elas

podem ser diferenciadas de outras ESBLs pela sua capacidade de hidrolisar

cefamicinas (cefoxitina, cefotetan), bem como outras cefalosporinas de amplo

espectro (JACOBY, 2009). Embora as orientações atuais do CLSI não descrevam

qualquer método para a detecção de isolados que produzem beta-lactamases

AmpC, optou-se por seguir o método de disco aproximação

(Imipenem/Ceftazidima/Piperacilna-Tazobactam) para detectar beta-lactamases

AmpC.

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Um estudo realizado por Dunne e colaboradores em 2005, avaliou a produção

de AmpC em 200 amostras que incluíram

Enterobacter spp., Serratia spp., Citrobacter spp., e Pseudomonas aeruginosa

usando uma variedade de combinações de antibióticos indutor/substrato,

semelhante ao realizado no estudo. As combinações examinadas incluíram

cefoxitina-piperacilina, imipenem-cefotaxima, imipenem-ceftazidima, imipenem-

piperacilina-tazobactam, e imipenem-cefoxitina. No total, 85,5% dos isolados

mostraram-se indutível para a produção de AMPc, por um ou mais combinações de

indutores/substrato e 11% de todos os isolados foram estavelmente desreprimida

para a expressão de AmpC. De todas as combinações, o imipenem/piperacilina-

tazobactam e imipenem/ceftazidima forneceram maior sensibilidade (100%) em P.

aeruginosa, demonstrando ser um excelente método para detecção fenotípica da

produção de AmpC nessa espécie bacteriana.

A propagação global de bacilos Gram-negativos produtores de

carbapenemases, como as metallo-β-lactamase, na última década é uma séria

ameaça à saúde pública, e limitadas opções de tratamento estão disponíveis para

tais infecções (PATEL; RASHEED; KITCHEL, 2009). A prevalência de MBLs,

entre P. aeruginosa, é elevada em todo o mundo e é um problema significativo, que

limita as opções terapêuticas para o tratamento de pacientes (MALTEZOU, 2009). A

detecção rápida e precisa de mecanismos de resistência é essencial para

determinar as medidas de terapia e controle de infecção antimicrobiana.

P. aeruginosa produtoras de MBL têm sido relatadas como importante causa

de infecções hospitalares. O aparecimento das MBL e sua disseminação entre

bactérias patogênicas são questões de grande importância no que diz respeito ao

futuro da terapêutica antimicrobiana (MARRA et al.,2006).

A frequência de 44% na produção de MBL detectada neste estudo é superior

às encontradas por Torres e colaboradores em Fortaleza (2003) de 9,4%, e

Pellegrino e colaboradores (2002) em amostras isoladas em hospitais do Rio de

Janeiro (18,5%), por Lee e colaboradores (2003) na Coréia (11,4%), por Lagatolla e

colaboradores (2004) na Itália (20%) e Scheffer (2008), no Paraná. Os resultados

apresentados no estudo são de extrema importância para que a Comissão de

Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) possa aplicar medidas e cuidados para evitar

a disseminação da resistência. A disseminação das linhagens de P. aeruginosa

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produtoras de MBL no hospital exige atenção especial sendo importante observar se

os cuidados para a prevenção de infecção estão sendo tomados, como a lavagem

correta das mãos, uso de luvas esterilizadas e não-esterilizadas de maneira

adequada, aplicação e manutenção correta de cateteres, cuidados pré-, intra- e pós

operatórios e esterilização do instrumental hospitalar.

Em razão dos inúmeros relatos de bactérias produtoras de MBLs em

diferentes regiões do mundo, houve a necessidade de desenvolver testes simples,

práticos e de baixo custo, para tornar possível o rastreamento de bactérias

produtoras de MBLs nos laboratórios de rotina microbiológica. As MBLs necessitam

de íons divalentes, como o Zn++, que funcionam como co-fator para a reação de

hidrólise do b-lactâmico, portanto, estas enzimas podem ser identificadas por testes

fenotípicos com auxílio de agentes quelantes de zinco, como o EDTA. Entre as

metodologias possíveis, a técnica de disco-combinado vem se mostrando efetiva na

detecção de MBL, assim como demonstrado por Young e colaboradores em 2002

em amostras de P. aeruginosa, utilizando discos de imipenem + EDTA com 95,7%

de sensibilidade especificidade. Outro estudo realizado por Tsakris e colaboradores

em 2010, demonstrou 100% de sensibilidade e especificidade utilizando discos de

meropenem + EDTA.

É importante destacar que todas as amostras produtoras de MBL foram

isoladas em um período curto, de janeiro de 2013 a junho de 2014, em três

laboratórios avaliados, indicando possivelmente um evento de caráter pontual,

sendo necessário prosseguir com novas avaliações verificar tendência à

disseminação de estirpes com tal característica.

Estudos nacionais (SADER et al., 2001; FREITAS;BARTH, 2004; LOUREIRO

et al., 2002; PELLEGRINO et al., 2002) e internacionais (FLUIT et al., 2001; MATHAI

et al., 2001; PFALLER et al., 2001) têm demonstrado isolados de P. aeruginosa com

elevadas taxas de resistência aos antimicrobianos e a emergência de alguns

multirresistentes. Entretanto, no estudo, foi observada uma taxa de 9,7% de

resistência simultânea a 12 dos 13 antimicrobianos testados. Outros estudos

encontraram taxas menores ou semelhantes de resistência simultânea, 3,2% em

Hospitais de Porto Alegre (FREITAS; BARTH, 2004) e de 10% em Hospitais da

Grécia (TASSIOS et al., 1998), enquanto Pellegrino e colaboradores (2002)

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detectaram um elevado percentual de resistência simultânea em 5 hospitais do Rio

de Janeiro (40%).

A alta resistência simultânea aos antibióticos testados aponta um perfil de

multirresistência e limita as opções terapêuticas elevando as taxas de

morbimortalidades em hospitais. P. aeruginosa possui resistência intrínseca a várias

classes de antimicrobianos, aliado a isso, vários mecanismos de resistência já foram

descritos como a super expressão de bombas de efluxo, produção de enzimas

inativadoras de antibióticos, diminuição de porinas, além de vários fatores de

virulência como produção de biofilmes, liberação de exotoxinas e produção de

piocianina, dentre outros fatores que dificultam a terapia antimicrobiana.

A utilização indiscriminada ou inadequada de antimicrobianos parece

favorecer a seleção de microrganismos multirresistentes (ALOUSH et al., 2006).

Dados da literatura descrevem relação significativa entre utilização prévia de

antimicrobianos e desenvolvimento de multirresistência (LODISE et al., 2007a). A

exemplo disto, Paramythiotou et al. (2004) relataram uso prévio de drogas

antipseudomonas como importante fator de risco para o desenvolvimento de cepas

multirresistentes.

No estudo, apenas a polimixina B manteve-se ativa contra todos os isolados

resistentes aos carbapenêmicos. Vários estudos descrevem esta droga como única

opção terapêutica para alguns isolados multirresistentes (GALES et al.,2003;

SADER et al.,2005; ZAVASCKI et al.,2005). Entretanto, o aumento da descrição de

amostras resistentes à polimixina B é proporcional ao aumento da sua utilização na

rotina, principalmente em UTIs (LANDMAN et al.,2005).

Vale salientar ainda que P. aeruginosa possui resistência intrínseca a vários

antibióticos além da habilidade de adquirir novos genes de resistência, como os que

conferem para as MBLs, assim como possuem constitutivamente beta-lactamases

do tipo AmpC, características essas que tornam as infecções causadas por essas

bactérias praticamente intratáveis. Além disso, P. aeruginosa são bactérias que

geralmente causam infecção oportunista, em pacientes que já possuem a saúde

debilitada sendo, desta maneira, muito importante conhecer quais beta-lactamases

estão presentes no hospital.

Os resultados obtidos revelaram um perfil de resistência em P. aeruginosa,

bem como dois dos principais mecanismos de resistência associados a esse

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microrganismo. É sabido que essa bactéria é o principal não-fermentador

responsável por infecção hospitalar, e que adapta-se rapidamente a condições

ambientais diversas (HILL; HENRY; SPEERT, 2007). Com isso, estudos dessa

natureza tornam-se cada vez mais importantes para identificar mecanismos de

resistência disseminados no hospital, para que assim possam ser implantadas

medidas de vigilância mais adequadas para conter a disseminação destas bactérias.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As cepas de P. aeruginosa avaliadas nesse trabalho mostraram que esse

microrganismo é mais frequentemente encontrado em isolados de secreção e de

urina. O padrão fenotípico de resistência das amostras analisadas mostrou altas

taxas de resistência, principalmente a fluoroquinolonas, seguida por beta-lactâmicos

associados aos inibidores de β-lactamases, cefalosporinas e carbapenêmicos.

Também foi observada uma alta frequência na detecção de enzimas do tipo AmpC e

metallo-β-lactamases, resultado esse que chama a atenção, visto que esses

mecanismos de resistência inviabilizam diversas terapias antimicrobianos e

dificultam o tratamento de infecções causadas por esse patógeno.

A partir dos dados obtidos conclui-se que, muito embora a compreensão sobre

P. aeruginosa ao longo do tempo tenha avançado, esta bactéria continua a ser um

flagelo em hospitais, causando infecções virulentas e devido a sua capacidade de

desenvolver resistência as mais variadas classes de antimicrobianos, torna-se muito

difícil o tratamento de pacientes acometidos.

Os resultados evidenciam a importância da detecção de mecanismos de

resistência como a produção de beta-lactamases, assim como o estabelecimento de

critérios para utilização de antibióticos a fim de minimizar os riscos de

desenvolvimento de resistência.

Trata-se de um estudo pioneiro no Estado do Rio Grande do Norte que de

certa forma servirá como base para estudos mais aprofundados no que refere à

resistência a antimicrobianos em espécies de P. aeruginosa. A identificação precoce

de patógenos e a análise da resistência de microrganismos aos antimicrobianos

constituem importante ferramenta para auxiliar os clínicos no tratamento de infecções.

Dessa forma, conhecer o perfil de susceptibilidade aos antibióticos de P. aeruginosa

pode nortear a escolha de terapia empírica. Além disso, o conhecimento dos

mecanismos de resistência deste agente, presentes em cada instituição é de extrema

importância para conter a disseminação de microrganismos multirresistentes reduzindo

morbi-mortalidade de pacientes internados em nossos hospitais.

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ARTIGO

Título do Artigo: Perfil de Resistência de Cepas de Pseudomonas

aeruginosa em três Centros de Saúde do Estado do RN

*Jenielly N. F¹. Castro, Renato M. Neto¹

1 Laboratório de Micobactérias, Departamento de Microbiologia e Parasitologia,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal 59072-970, RN-Brasil

* Autor correspondente: Jenielly de Noronha Ferreira de Castro

Tel.: +55 84 99932-5910

E-mail: [email protected]

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Resumo

No presente estudo avaliou-se o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos

em isolados de P. aeruginosa provenientes de três grandes centros de

referência do Estado do Rio Grande do Norte. A espécie de P. aeruginosa foi

identificada inicialmente nos laboratórios de origem e confirmada, através de

testes fenotípicos, no Laboratório de Micobactérias (LABMIC) da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. A determinação da susceptibilidade

aos antimicrobianos deu-se através do Teste de Disco Difusão. Do total de 113

isolados 67,2% (n = 76) apresentaram perfil de resistência a, pelo menos, uma

classe de antimicrobianos. Todas as cepas de P. aeruginosa foram

susceptíveis a Polimixina B. As maiores taxas de resistência foram verificadas

frente à Ofloxacina (57,5%), Ciprofloxacina (55,7%), Norfloxacina (55,7%),

Ticarcilina-ácido clavulânico (43,3%), Ceftazidima (41,5%). Quarentas e seis

isolados (40,7%) apresentaram resultados fenotípicos positivos para produção

de β-Lactamases do tipo AmpC. Vinte e um isolados apresentaram teste

fenotípico positivo para produção de metallo-β-lactamase, através do teste de

bloqueio enzimático com discos combinados com EDTA, sendo

presuntivamente consideradas produtoras de MBL. Os dados obtidos,

demonstram elevada produção de β-lactamases do tipo ampC e Metallo-β-

lactamases. Também foi observada elevada taxa de resistência a

antimicrobianos, especialmente em quinolonas e carbapenêmicos. Este

estudo confirma que a identificação precoce de patógenos e a análise da

resistência de microrganismos aos antimicrobianos constituem importante

ferramenta para auxiliar os clínicos no tratamento de infecções.

Palavras-Chave: Pseudomonas aeruginosa. Resistência. MBL. AmpC.

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INTRODUÇÃO

Os Bacilos Gram Negativos não Fermentadores (BGNNF) de carboidratos

são organismos versáteis, apresentam baixa necessidade nutricional e boa

tolerância a uma série de condições físicas adversas, devido a sua resistência

intrínseca a desinfetantes, degermantes e múltiplas classes de antimicrobianos,

além da resistência adquirida devido a mutações cromossômicas e aquisição

de genes de resistência (POOLE, 2011).

Considerados organismos oportunistas, raramente estão associados a

infecções comunitárias em indivíduos saudáveis, porém apresentam alta

prevalência de envolvimento em indivíduos imunossuprimidos, principalmente

em ambiente hospitalar (ROSAY et al., 2015). Dentre as espécies de BGNNF,

a Pseudomonas aeruginosa configura-se como a mais prevalente em isolados

clínicos de natureza hospitalar.

As infecções causadas por P. aeruginosa podem variar desde infecções

superficiais de pele a septicemia grave, podendo causar infecção aguda pela

produção de toxinas e infecção crônica pela ação da camada espessa que

consiste no seu biofilme, podendo resultar ainda no somatório dos tipos de

infecção pela ação concomitante destes componentes. São bactérias dotadas

de mecanismos de virulência extremamente complexos (produção de

leucocidinas, alginato, fosfolipases, etc.) que contribuem de forma positiva para

um aumento crescente do número de agravos infecciosos principalmente no

ambiente hospitalar (PIER et al., 2005).

Considerando a gravidade das infecções causadas por P. aeruginosa e da

limitação de antimicrobianos disponíveis para eliminá-las, determinar o perfil de

resistência dessa bactéria poderá contribuir para direcionar de forma adequada

o uso de antimicrobianos.

Na região Nordeste do Brasil, estudos sobre resistência bacteriana em

BGNNF são escassos e não se conhece quais formas de resistência são mais

frequentes em P. aeruginosa. No estado do Rio Grande do Norte essa

limitação é ainda maior, com poucos estudos relacionados a esse patógeno,

seus mecanismos de resistência, bem como a disseminação destes

mecanismos. Trata-se de um estudo inédito a ser realizado no estado do RN, o

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qual serve como base, e evidencia a importância de conhecer presença de P.

aeruginosa com padrões de resistência a fim de auxiliar a pratica clínica e de

controlar a transmissão desta resistência no estado do Rio Grande do Norte.

O objetivo desse trabalho foi avaliar o perfil de resistência a antimicrobianos e

produção de β-lactamases do tipo AmpC e Metallo-β-Lactamase de

Pseudomonas aeruginosa, em três centros de referência localizados na cidade

do Natal/RN

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MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, de abordagem quantitativa.

Neste estudo foram avaliados 113 isolados de P. aeruginosa. Todos os

isolados de P. aeruginosa utilizados nesse estudo foram provenientes de

Centro de saúde, sendo previamente identificados de material clínico e

encaminhados dos Laboratórios Dr. Almino Fernandes (LACEN-RN),

Laboratório de Análises Clínicas do HUOL e Laboratório de Análise Clínicas do

Hospital Giselda Trigueiro (HGT) ao Laboratório de Micobactérias (LABMIC),

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. O critério de inclusão

utilizado nesse estudo foram a espécies bacterianas de P. aeruginosa.

O estudo não se enquadra no que normatiza a resolução 196-CNS. Não

necessitando ser revisada por um comitê de ética em pesquisa.

As análises foram realizadas entre o período de Janeiro de 2013 a Junho

de 2014 no Laboratório de Micobactérias (LABMIC) da UFRN.

As amostras de Pseudomonas aeruginosa avaliadas neste estudo foram

identificadas, inicialmente, nos laboratórios de origem. A partir da verificação da

pureza das culturas foram feitas, em todas as amostras, testes confirmatórios

de sua identificação no LABMIC. Os testes fenotípicos usuais utilizados na

identificação de BGNNF incluíram: prova da oxidase, metabolismo OF-glicose,

motilidade, produção de pigmento, descarboxilação dos aminoácidos lisina,

arginina e ornitina, prova do indol, hidrólise da uréia, redução do nitrato,

hidrólise da esculina, crescimento em Caldo NaCl 6,5%, crescimento a 42°C e

utilização do citrato. Estes testes foram executados seguindo as

recomendações de Koneman et al., (1997)

As espécies foram repicadas para Ágar MacConkey (HIMEDIA,

Pennsylvania, EUA) e incubadas por 18h a 35ºC em estufa bacteriológica. Para

cada cepa foi realizado teste confirmatório do padrão fenotípico de

multirresistência segundo recomendações do CLSI 2013.

A Cepa de P. aeruginosa ATCC 27853 foi utilizada como controle dos

meios de cultura.

Após a confirmação da espécie P. aeruginosa através das provas

bioquímicas, as amostras foram submetidas a Testes de Sensibilidade a

Antimicrobianos (TSA).

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Teste de sensibilidade aos antimicrobianos

O teste de sensibilidade aos antimicrobianos foi realizado, na ocasião do

isolamento das bactérias, no Laboratório de Micobactérias da UFRN, por disco

de difusão, seguindo as recomendações, vigentes na época do isolamento, do

Clinical and Laboratory Standard Institute 2013 (CLSI 2013). Para preparação

de uma suspensão bacteriana com turvação aproximada de 0,5 na escala de

McFarland (Dade Behring, MicroScan®Turbidity Meter) foi feita uma suspensão

de 2 a 5 colônias em solução de salina, e em seguida o semeio, em placas de

Ágar Muller-Hinton.

Após 10 minutos aplicaram-se os seguintes discos de antibióticos (13

discos por placa): Imipenem, Meropenem, Ticarcilina-Ácido Clavulânico,

Cefepime, Ceftazidima, Piperacilina-Tazobactam, Amicacina, Tobramicina,

Ciprofloxacina, Ofloxacina, Norfloxacina, Aztreonam e Polimixina B.

Após incubação da placa, a 37°C por 18 horas, foram mensurados os

diâmetros dos halos de inibição para cada antibiótico. Os resultados obtidos

foram interpretados de acordo com o CLSI 2013/2014.

Detecção fenotípica da produção de beta-lactamase do tipo AMPC

As amostras de P. aeruginosa foram submetidas à avaliação da produção

de AmpC por meio do método de disco aproximação (DUNNE ; HARDIN 2005)

com antibióticos isolados e combinados conforme desenho esquemático na

Figura 2. Em placas contendo meio de ágar Mueller-Hinton foram dispostos os

discos, sendo o Imipenem (10µg) utilizado como indutor, e Ceftazidima (30µ),

Piperacilina + Tazobactam (110/10µg), dispostos equidistantes de 20 a 25 mm

do indutor (distância medida de centro a centro). Depois de incubadas por 24 h

a 37°C, é caracterizado como teste positivo a presença de um antagonismo

entre o indutor e um dos substratos caracterizado pela forma de um D

(MARTINEZ, 2009).

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Figura 6. Representação esquemática da disposição dos discos de antimicrobianos utilizados no teste fenotípico de detecção de AmpC

* PIT= Piperacilina + Tazobactam, CAZ= Ceftazidima, IMP= Imipenem.

Confirmação fenotípica da produção de Metalo-beta-lactamases (MBL)

As bactérias que se mostraram resistentes a pelo menos um dos

carbapenêmicos (Imipenem ou meropenem) foram submetidas ao teste

confirmatório de MBL pelo método de bloqueio enzimático. Em uma placa de

Ágar Mueller-Hinton HIMEDIA, Pennsylvania, EUA), seguindo a escala de

turbidez 0,5 McFarland (Dade Behring, MicroScan®Turbidity Meter), foi

semeada a cepa suspeita por toda a extensão da placa, conforme padronizado

pelo CLSI para realização do teste de sensibilidade aos antimicrobianos por

disco difusão (CLSI 2014). Em seguida, dois discos, um com Meropenem

(10µg) (OXOID) e outro com Imipenem (10µg) (OXOID), foram posicionados

paralelos a outros dois discos de Meropenem (10µg) (OXOID) e Imipenem

(10µg) (OXOID) ambos acrescidos de 10µL de EDTA (0,1M), seguindo

recomendações da Nota Técnica nº01/2013 da ANVISA. Os discos

combinados com EDTA foram preparados no dia do teste e aplicados nas

placas somente após sua secagem. Em amostras produtoras de MBL é

observado aumento do halo de inibição de crescimento da bactéria-teste na

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região do ágar onde ocorreu a difusão do EDTA. Já em testes negativos, não

se espera alteração no halo de inibição de crescimento da bactéria testada.

Figura 7. Representação esquemática da disposição dos discos de antimicrobianos utilizados no teste

fenotípico de detecção de MBL.

*IMP – Imipenem, MPM – Meropenem

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um total de 113 amostras de Pseudomonas aeruginosa foram

identificadas no LABMIC-UFRN. A caracterização fenotípica desses isolados,

obtida através da realização do TSA, permitiu avaliar a susceptibilidade aos

antibióticos de diferentes classes.

Mais da metade das amostras foi isolada de secreções 72 (63,7%), a

maioria proveniente do trato respiratório inferior. Seguida por amostras de urina

24 (21,2%) e, em menor proporção de sangue 7 (6,1%), ponta cateter 2 (1,7%),

líquidos de punção 2 (1,7%) e de outros espécimes variados 6 (5,3%).

No presente estudo, todas as amostras isoladas foram avaliadas quanto

à susceptibilidade aos antimicrobianos utilizando o teste de difusão em ágar.

Entre os antibióticos testados, Ofloxacina 57,5% (n= 65), Ciprofloxacina

55,7% (n = 63), Norfloxacina 55,7% (n=63) apresentaram as maiores taxas de

resistência. Esses resultados indicam um alto índice de resistência a essa

classe de antimicrobianos, e corroboram com estudos ao redor do mundo que

apontam um crescimento da resistência as fluoroquinolonas (OMIGIE et al.,

2009; HU et al., 2013).

Atualmente dois mecanismos diferentes são considerados principais

determinantes da resistência às Quinolonas: mutação da DNA

Girase/Topoisomerase IV, e alteração nos genes reguladores de bomba de

efluxo mexR e nfxB como os mecanismos mais comuns encontrados como

promotores da resistência a essa classe de antimicrobianos (ADABI et al.,

2015). Um estudo realizado por Hu e colaboradores (2013) através da análise

genômica de espécies de Pseudomonas resistentes a ciprofloxacina, utilizando

pirosequenciamento 454, sugere que há três regiões no genoma da P.

aeruginosa com alto potencial de variabilidade associada à resistência a

ciprofloxacina. Soma-se a esses fatores, o uso em alta escala desses

antimicrobianos no âmbito hospitalar, gerando uma pressão seletiva, e

predispondo ao desenvolvimento de resistência a essa classe de antibióticos.

Os β-lactâmicos associados aos inibidores de beta-lactamase,

Piperacilina-Tazobactam 28,3% (n= 32) e Ticarcilina-Ácido Clavulânico 43,3%

(n= 49) apresentaram taxas de resistência também elevadas, em especial a

ticarcilina associada ao clavulanato. Esse resultado pode ser justificado pela

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melhor eficiência do tazobactam como inibidor de beta-lactamases em Gram-

negativos, em relação ao clavulanato. Além disso, Beta-lactamases do tipo

AmpC são enzimas que não sofrem a ação dos inibidores de beta-lactamases,

especialmente ácido clavulânico, e seus genes são de origem cromossomal, no

entanto podem apresentar superexpressão induzível aumentando até cerca de

1000 vezes sua expressão quando na presença de antibióticos

(MELETIS,BAGKERI, 2013).

As cefalosporinas Ceftazidima 41,5% (n= 47), e Cefepime 44% (n= 38,9)

também demonstraram alta taxa de resistência. Esses resultados apontam um

alto índice de resistência em uma classe de antimicrobianos que não é

considerada uma droga de primeira escolha, e segue recomendação de

restrição no seu uso como medida de prevenção da disseminação de P.

aeruginosa produtoras de metallo-beta lactamases (FIQUEIREDO et al., 2007).

Fatores como a utilização inadequada dessa classe de antimicrobianos podem

levar ao aumento de resistência por P. aeruginosa. Outros mecanismos

associados como a super expressão de bombas de efluxo e produção de

enzimas como as MBL e AmpC, também podem ser determinantes de

resistência nessa classe de antimicrobianos (HONG et al., 2013).

Em relação ao carbapenêmicos, as taxas de resistência encontradas neste

estudo foram de 39,8% (n = 45) para o Meropenem e 36,2% (n= 41) para o

Imipenem. P. aeruginosa pode adquirir resistência aos carbapenêmicos pela

produção de carbapenemases, principalmente metallo-beta-lactamases e

AmpC, que são bastante comuns nessa espécie bacteriana. Além disso, outros

mecanismos também podem estar envolvidos na resistência a essa classe de

antimicrobianos, como a perda de porinas, OprD, ou super expressão de

bombas de efluxo (FERNANDEZ;HANCOCK, 2012). Carbapenêmicos são

drogas de última escolha para tratamento de infecções de P. aeruginosa,

entretanto, devido ao uso indiscriminado desses antimicrobianos, há várias

descrições de resistência a essas drogas em hospitais. Um estudo

multicêntrico na América Latina observou diminuição da sensibilidade ao

meropenem em 53,8%, 46,7%, 33,3%, e 28,8% dos isolados da Argentina,

Brasil, Chile, e México, respectivamente (GALES et al., 2012).

Para o Aztreonam, obtivemos taxa de resistência de 38,9% (n=44). Um dos

principais mecanismos de resistência ao monobactâmico Aztreonam é a

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produção da cefalosporinase AmpC, outros mecanismos associados são,

provavelmente, a hiper expressão de bombas de efluxo, combinado com o

baixo número de porinas e a presença de poros muito pequenos, impedindo a

passagem da droga para o interior da membrana (RUPPE et al., 2015).

O aminoglicosídeo amicacina apresentou a menor taxa de resistência

nesse estudo 28,3% (n=32), já em relação à Tobramicina, a taxa de resistência

nesse estudo foi de 36,2% (n=41). Observa-se uma elevada resistência a essa

classe de drogas, em especial a amicacina, que apesar de demonstrar o menor

percentual de resistência entre os antibióticos testados, ainda é considerada

elevada, principalmente se tratando de um fármaco que por anos é apontado

como um dos antibióticos com boa eficácia contra P. aeruginosa. Entretanto,

uma análise univariada realizado por Trigueros e colaboradores (2015) aponta

a exposição prévia à amicacina (<3 dias), está relacionada a aquisição de

resistência piperacilina-tazobactam, fluroroquinolonas e múltiplas drogas.

A resistência a aminoglicosídeos em P. aeruginosa está relacionada

principalmente a inativação enzimática da molécula do antibiótico devido à

produção de enzimas modificadoras de aminoglicosídeos, a

nucleotidiltransferase, fosfotransferase e acetiltransferases. Outros

mecanismos também estão relacionados com a resistência a essa classe de

antimicrobianos, são esses a redução da permeabilidade da membrana através

diminuição de porinas na membrana da célula bacteriana, e modificação do

sítio de ligação no ribossomo (RUPPE et al., 2015).

Todos os isolados deste estudo foram susceptíveis a polimixina B e, por

esta razão, as polimixinas podem ser uma alternativa no tratamento contra P.

aeruginosa multirresistentes, embora esses compostos sejam

consideravelmente tóxicos.

O presente estudo evidenciou elevada taxa de produção de beta-

lactamase da classe C de Ambler, AmpC (40,7%). As beta-lactamases do tipo

AmpC são cefalosporinases que são mal inibidas pelo ácido clavulânico. Elas

podem ser diferenciadas de outras ESBLs pela sua capacidade de hidrolisar

cefamicinas (cefoxitina, cefotetan), bem como outras cefalosporinas de amplo

espectro (TIAN et al, 2011). Essa alta taxa de produção de AmpC pode ser o

fator determinante da elevada resistência aos antimicrobianos apresentados

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nesse estudo, em especial cefalosporinas, penicilinas associadas a inibidores

de beta-lactamases e monobactâmicos.

Embora as orientações atuais do CLSI não descrevam qualquer método

para a detecção de isolados que produzem beta-lactamases AmpC, seguimos

o método de disco aproximação (Imipenem/Ceftazidima/Piperacilna-

Tazobactam) para detectar beta-lactamases AmpC e obtivemos resultados

satisfatórios neste estudo.

Cinquenta amostras (44%) apresentaram resistência a, pelo menos, um

dos carbapenêmicos, e estas foram submetidas ao teste de detecção fenotípica

para produção de MBL. Das 50 amostras com resistência a carbapenêmicos,

21 (42%) apresentaram teste fenotípico positivo para produção de metallo β-

lactamase a partir do teste de bloqueio enzimático, sendo presuntivamente

consideradas produtoras de MBL. Os resultados apresentados no presente

estudo são de extrema importância para que a Comissão de Controle de

Infecção Hospitalar (CCIH) possa aplicar medidas e cuidados para evitar a

disseminação da resistência. A disseminação das linhagens de P. aeruginosa

produtoras de MBL no hospital exige atenção especial sendo importante

observar se os cuidados para a prevenção de infecção estão sendo tomados,

como a lavagem correta das mãos, uso de luvas esterilizadas e não-

esterilizadas de maneira adequada, aplicação e manutenção correta de

cateteres, cuidados pré-, intra- e pós operatórios e esterilização do instrumental

hospitalar

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CONCLUSÃO

As cepas de P. aeruginosa avaliadas nesse trabalho mostraram que esse

microrganismo é mais frequentemente encontrado em isolados de secreção e

de urina. O padrão fenotípico de resistência das amostras analisadas mostrou

altas taxas de resistência, principalmente a fluoroquinolonas, seguida por beta-

lactâmicos associados aos inibidores de β-lactamases, cefalosporinas e

carbapenêmicos. Também foi observada uma alta frequência na detecção de

enzimas do tipo AmpC e metallo-β-lactamases, resultado esse que chama a

atenção, visto que esses mecanismos de resistência inviabilizam diversas

terapias antimicrobianos e dificultam o tratamento de infecções causadas por

esse patógeno.

Os resultados apresentados nesse estudo evidenciam a importância da

detecção de mecanismos de resistência como a produção de beta-lactamases,

assim como o estabelecimento de critérios para utilização de antibióticos a fim

de minimizar os riscos de desenvolvimento de resistência.

Nosso estudo é pioneiro no Estado do Rio Grande do Norte e servirá

como base para estudos mais aprofundados no que refere à resistência a

antimicrobianos em espécies de P. aeruginosa. A identificação precoce de

patógenos e a análise da resistência de microrganismos aos antimicrobianos

constituem importante ferramenta para auxiliar os clínicos no tratamento de

infecções. Dessa forma, conhecer o perfil de susceptibilidade aos antibióticos

de P. aeruginosa pode nortear a escolha de terapia empírica. Além disso, o

conhecimento dos mecanismos de resistência deste agente, presentes em

cada instituição é de extrema importância para conter a disseminação de

microrganismos multirresistentes reduzindo morbi-mortalidade de pacientes

internados em nossos hospitais.

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ANEXOS

Anexo I - Descrição dos meios de cultura empregados na identificação de

Pseudomonas aeruginosa.

Ágar Citrato Simmons

Princípio: Verifica a capacidade da bactéria de utilizar o citrato de sódio como

única fonte de carbono, juntamente com sais de amônia, alcalinizando o meio.

Utilidade: Diferenciar gêneros e espécies de enterobactérias e não

fermentadores.

Base para Oxidação e Fermentação - OF

Princípio: Verificar a capacidade do microrganismo em utilizar os carboidratos

pela via oxidativa ou fermentativa.

Utilidade: Diferenciar bacilos Gram negativos quanto ao tipo de metabolismo

empregado em utilizar carboidratos.

Caldo Base de Moeller (Aminoácidos)

Princípio: As descarboxilases são um grupo de enzimas com substrato

específico, capazes de reagir com o grupo carboxila dos aminoácidos para

formarem aminas alcalinas.

Utilidade: Verificar a capacidade de microrganismos usarem enzimas,

auxiliando na identificação. Utilizado principalmente para identificações de

enterobactérias, bacilos Gram negativos não fermentadores, estafilococos.

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Provas para Crescimento a 42°C

Princípio: Verificar a capacidade do microrganismo crescer em altas

temperaturas.

Utilidade: Identificação de bacilos Gram negativos não fermentadores.

Prova de tolerância ao NaCl 6,5%

Princípio: A tolerância ao NaCl a 6,5% é uma prova utilizada para verificar a

capacidade de alguns microrganismos crescerem em presença do sal.

Utilidade: Na identificação de bacilos Gram negativos não fermentadores.

Teste de motilidade

Princípio: A bactéria é móvel através do seu flagelo. Flagelos ocorrem nos

bacilos Gram negativos, poucas formas de cocos são móveis.

Utilidade: Determinar se o microrganismo é o não móvel;

Ágar TSI – Triplo Açúcar Ferro

Princípio: Este meio contém três açúcares: 0,1%glicose, 1,0% lactose, 1,0%

sacarose, vermelho de fenol para detecção da fermentação de carboidratos e

sulfato de ferro para detecção da produção de sulfato de hidrogênio (indicado

pela cor preta na base do tubo).

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Utilidade: Diferenciar bacilos Gram negativos com base na fermentação de

carboidratos, produção de sulfato

de hidrogênio e gás.

Prova de Gelatinase

Princípio: Determina a habilidade do microrganismo de produzir enzimas

proteolíticas (gelatinases) que liquefaz/hidrolisa gelatina.

Utilidade: Identificar e classificar bactérias fermentadoras, não fermentadoras e

bacilos Gram positivos esporulados.

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ANEXO II- Isolamento e identificação de P. aeruginosa