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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO GEOGRAFIA E GESTÃO DO TERRITÓRIO ENREDOS DA DINÂMICA URBANO-REGIONAL SULMARANHENSE: reflexões a partir da centralidade econômica de Açailândia, Balsas e Imperatriz JAILSON DE MACEDO SOUSA UBERLÂNDIA/MG 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE GEOGRAFIA · INSTITUTO DE GEOGRAFIA ... afeto e a paz. A paz que inclusive resultou em mudanças radicais, até mesmo de moradia

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA

    INSTITUTO DE GEOGRAFIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA

    REA DE CONCENTRAO GEOGRAFIA E GESTO DO TERRITRIO

    ENREDOS DA DINMICA URBANO-REGIONAL SULMARANHENSE:

    reflexes a partir da centralidade econmica de Aailndia, Balsas e Imperatriz

    JAILSON DE MACEDO SOUSA

    UBERLNDIA/MG

    2015

  • JAILSON DE MACEDO SOUSA

    ENREDOS DA DINMICA URBANO-REGIONAL SULMARANHENSE:

    reflexes a partir da centralidade econmica de Aailndia, Balsas e Imperatriz

    Tese de doutorado apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Geografia da Universidade Federal de

    Uberlndia PPGEO/UFU, como requisito parcial

    obteno do ttulo de doutor em Geografia.

    rea de concentrao: Geografia e Gesto do Territrio

    Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Ribeiro Soares

    UBERLNDIA/MG

    INSTITUTO DE GEOGRAFIA

    2015

  • me e amiga.

    minha me querida Joana de Macedo Sousa. Atravs da sua simplicidade e de suas atitudes

    serenas aprendi que a perseverana e a humildade constituem os passaportes ideais para superar

    as tormentas da vida e, sobretudo, para vivenciar dias felizes. A sua presena sempre uma

    motivao a mais para enxergar que os dias podem ser mais alegres e

    iluminados. Tudo o que eu sou... eu devo a voc mezinha.

    professora e amiga Beatriz Ribeiro Soares. Com voc aprendi algo que cada vez mais raro no

    universo envaidecido da academia. Que necessrio sempre cultivar a alegria e o desejo permanente

    da felicidade. Sou e serei sempre grato por voc ter iluminado os meus sonhos

    e contribudo e para cultiv-los no decurso das jornadas do doutorado.

  • AGRADECIMENTOS

    A gratido um dos sentimentos mais nobres, porm, rarefeita em um mundo

    onde as relaes sociais so cada vez mais edificadas em estados lquidos. Agradecer no

    momento presente a todos aqueles que ofereceram as suas contribuies para que esta

    importante etapa da minha vida se concretizasse no constituiu uma tarefa fcil.

    Sou grato a Deus criador e onipotente pela sabedoria e confiana a mim

    depositadas. Sem a presena de Deus eu no teria findado esta valiosa etapa da minha vida.

    minha me Joana de Macedo Sousa e ao Guilherme Sousa (sobrinho-filho)

    que nos momentos adversos mesmo no entendendo os sentidos de se produzir uma tese

    ofereceram o que mais necessitei para que eu seguisse firme em meus objetivos: o carinho, o

    afeto e a paz. A paz que inclusive resultou em mudanas radicais, at mesmo de moradia.

    minha famlia. Aos irmos queridos: Jonas e Janilson. s irms: Janileide,

    Lucileide, Ivoneide, Gardnia, Janilene (Jany). Somos uma grande famlia oriunda do semi-

    rido piauiense. As semelhanas nos nomes guardam os estreitos laos de afeio. Obrigado a

    todos pelos gestos de apoio e carinho manifestados no decurso de construo desta tese.

    Aos meus sobrinhos agradeo pelo carinho, pelo apoio e os constantes gestos de

    afeto a mim oferecidos nos momentos bons e ruins de minha trajetria pessoal e profissional.

    professora e amiga Beatriz Ribeiro Soares. Sou grato a Deus por ter propiciado

    o nosso encontro a quase uma dcada atrs quando em dezembro de 2005 tive a grata

    satisfao de t-la como examinadora da minha dissertao de mestrado. Naquela ocasio

    pude perceber a grandiosa pessoa que voc . No apenas por ter sido uma leitora atenta s

    minhas ideias, mas, sobretudo, pela ateno e respeito oferecidos ao meu estudo. Atravs dos

    seus ensinamentos aprendi que a vida deve ser refletida muito alm dos projetos edificados no

    universo acadmico. preciso estar atento s outras dimenses que nutrem a nossa existncia,

    sobretudo, quelas que nos permitem ir ao encontro da felicidade. Obrigado por tudo!

  • Ao Miguel Coelho. O teu apoio serviu de alento em muitos momentos adversos.

    Estes estmulos foram essenciais para a concretizao desta importante etapa da minha vida.

    Professora Eduarda Marques da Costa e famlia. Agradeo pelo acolhimento

    aconchegante na cidade de Lisboa. Sou grato pela oportunidade de me fazer enxergar que os

    ensinamentos construdos nas terras do alm-mar vo muito alm das necessidades imediatas

    da academia. Obrigado tambm pelo acompanhamento aprazvel na realizao do estgio de

    doutoramento sanduche em Lisboa e por ter despertado em mim o interesse de conhecer

    alguns instrumentos que norteado as polticas de ordenamento do territrio em Portugal.

    Aos amigos lisboetas, em especial, Ceclia Duarte, Sandra Domingues, Marina

    Garcia, Ins Fontes e Nuno Camelo. Os ensinamentos que tive durante o estgio sanduche s

    surtiram efeitos positivos em razo dos laos de amizade que construmos. O inverno europeu

    se tornou tropical pela presena agradvel de todos vocs. Muitssimo obrigado!

    Aos amigos brasileiros Lucir Alves, Juliety Dourado, Ana Freitas, Rosana Patane,

    Sarynha Freire, Marcilene Reis e Maristane Rosa. Agradeo pela acolhida e pelos gestos de

    carinho a mim oferecidos no inverno de 2012 na cidade de Lisboa e em Portugal. Lucir,

    sempre serei grato pelos ensinamentos acadmicos e de vida. Obrigado por ter transformado

    alguns momentos de desespero com as estatsticas em instantes de leveza.

    Agradeo tambm aos amigos Josimar Souza e Mayza Nunes pelos dias incrveis

    e inesquecveis vivenciados em algumas cidades da Espanha, Itlia e Frana.

    Aos amigos Imperatrizenses: Dina, Lucineide, Jehan Marlio, Rejane e Raquel

    Azevedo. Sou grato por terem suportado os meus surtos indelicados e terem oferecido a mim

    a mais leal e sincera amizade. Obrigado por vocs existirem e fazerem parte da minha vida.

    Ao professor e amigo Marcelo Cervo Chelotti. Uma criatura de corao imenso.

    Generoso, sensato, vvido e leal. Como seria bom se neste mundo tivssemos mais seres

    humanos como voc. Obrigado pelas acolhidas em Uberlndia e pelo seu companheirismo.

  • Aos professores Jlio Ramires e Vitor Ribeiro Filho. Sou grato pela oportunidade

    da leitura do meu estudo e pelas sugestes oferecidas no exame de qualificao. Agradeo

    ainda aos professores: Celene Barreira (IESA/UFG) e William Ferreira (IG/UFU) que

    acolheram o convite de fazer parte da banca examinadora na avaliao final da tese.

    Aos amigos do doutorado, em particular, Arlete Mendes, Joycelaine Oliveira

    (Joyce), Lidiane Alves, Sanny Rodrigues, Paulo Irineu, Joo Manoel e Luiz Andrei. Agradeo

    pelas conversas, cafs, conhecimentos partilhados e, principalmente, por terem oferecido a

    mim nessa trajetria do doutorado: a mais sincera amizade. Arlete e Andrei h laos que

    construmos que se transformam em pontes nos unindo por toda a nossa existncia. Obrigado!

    Cludia Adriana Bueno Fonseca. Agradeo por todos os cuidados e o

    profissionalismo que demonstrou na elaborao das bases cartogrficas deste estudo.

    Ao Antonio do Carmo. Sou grato pelas contribuies na sistematizao dos dados

    estaststicos e pelos frutos da sua pacincia que permitiu o despertar de uma amizade cordial.

    Aos alunos do CESI/UEMA: Thas Miranda, Helbaneth Macdo e Jos Alencar.

    A presena , o auxlio e o apoio de vocs foram essenciais para que eu pudesse transpor todas

    as dificuldades e tormentas nas distintas fases de elaborao deste estudo. Sem as

    contribuies de vocs a tese no teria alcanado o formato que assumiu. Obrigado por tudo!

    Agradeo ainda ao Luan Castro, Walison Reis, Isac Ferreira, Humberto Dias e

    Fernando Almeida pelas motivaes que me deram desde a proposio inicial dos projetos de

    iniciao cientfica at a etapa de construo do objeto de estudo aqui apresentado.

    s populaes residentes nos municpios investigados de Aailndia, Balsas e

    Imperatriz. Agradeo pela oportunidade que possibilitaram de conhecer e apreender os

    distintos dinamismos que movimentam estes espaos. Atravs de vocs guardo as lies desta

    importante etapa da pesquisa que apresentaram efeitos no somente em razo de um produto

    elaborado, mas, principalmente, na necessidade de partilha deste conhecimento obtido.

  • Agradeo s instituies pblicas e privadas: prefeituras e demais instituies dos

    municpios pesquisados por meio de seus representantes, sindicatos, fundaes de pesquisa e

    s diversas empresas que forneceram os dados que foram teis ao desenvolvimento desta tese.

    Universidade Estadual do Maranho atravs do Centro de Estudos Superiores

    de Imperatriz CESI/UEMA e da Pr-Reitoria de Pesquisa e Ps-graduao PPG/UEMA.

    Sou grato por todas as condies que foram proporcionadas para que eu pudesse me dedicar

    integralmente produo desta tese. Agradeo ainda aos colegas do Departamento de Histria

    e Geografia DHG do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz/CESI- UEMA que

    assumiram todos os compromissos profissionais na minha ausncia.

    Fundao de Amparo Pesquisa e Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    do estado do Maranho - FAPEMA pelo apoio financeiro concedido atravs do financiamento

    da bolsa de estudos que possibilitou a minha dedicao integral construo deste estudo.

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal - CAPES. Agradeo tambm pela

    concesso da bolsa de estudos que possibilitou a mim a realizao do doutoramento sanduche

    no Instituto de Geografia da Universidade de Lisboa IGOT/UL.

    Universidade Federal de Uberlndia atravs do Programa de Ps-graduao em

    Geografia - PPGEO/UFU. Tambm sou grato pelos momentos que foram proporcionados

    minha formao acadmica e humana em funo do ingresso neste programa.

    Agradeo ainda Yara e ao Joo Fernandes secretrios do Programa de Ps-

    graduao em Geografia da Universidade Federal de Uberlndia PPGEO/UFU que sempre

    foram prestativos na resoluo dos problemas relacionados mim neste programa.

    Yara... num mundo fugidio e com nfimas expectativas para a doao voc se

    mostrou uma exceo preciosa. Obrigado pelo apoio oferecido em todos os momentos que

    necessitei. Que Deus continue a orientar com muito zelo a tua vida pessoal e profissional.

  • Do lado daquela cidade existe um rio...

    De eternidade, amores e barcaas e barrancas e capins.

    Tucunar, piau e o matagal que sem igual

    Riacho do cacau, a desaguar no Tocantins.

    Toca essa gua, toca essa mgoa

    Toca e desgua, Tocantins (2x).

    E quando noite enluarada

    A gua toda prateada trs a meninada para o Tocantins.

    E tudo ento se faz cano s cordas de um violo

    Nas mos de um poeta l no Tocantins.

    Toca essa gua, toca essa mgoa

    Toca e desgua, Tocantins (2x).

    E os nobres filhos da princesa

    Frutos da me natureza cheios de beleza vo pro Tocantins A tarde cai e o sol se vai, Deus do cu abenoai...

    O imperador da Imperatriz - o Tocantins.

    Carlinhos Veloz

  • RESUMO

    Este estudo aborda e analisa aspectos essenciais da dinmica urbano-regional

    Sulmaranhense, delineada a partir da dcada de 1950. Para tanto, foram eleitas trs

    espacialidades que apresentam expressivas funes socioeconmicas no interior da regio

    investigada. Trata-se das cidades de Aailndia, Balsas e Imperatriz que se localizam nas

    pores sul e sudoeste do estado do Maranho aqui adjetivada de regio Sulmaranhense. Esta

    interpretao foi guiada a partir de uma leitura dos condicionantes (histricos, polticos,

    econmicos e demogrficos) entendidos como essenciais formao socioespacial e

    estruturao destes arranjos urbano-regionais. Os referenciais metodolgicos utilizados se

    pautaram na adoo de conceitos-chaves compreendidos como teis para iluminar este estudo,

    a saber: cidade, regio, cidades mdias e centralidade urbano-regional e ordenamento do

    territrio. Associado a estes instrumentos realizou-se um estudo exploratrio descritivo

    fundamentado na abordagem qualitativa. Considerou-se tambm o uso de mltiplas tcnicas

    de pesquisa, particularmente, a observao assistemtica e sistemtica, a anlise documental e

    a realizao de entrevistas semi-estruturadas. Os resultados obtidos por meio deste estudo

    permitiram a elaborao de mapas, quadros, tabelas, grficos e ainda de relevantes

    informaes acerca do dinamismo socioeconmico que tem mobilizado os principais ncleos

    urbanos da regio Sulmaranhense, ou seja, as cidades de Aailndia, Balsas e Imperatriz. Dito

    isto, entende-se que este estudo cumpre com as suas finalidades centrais, uma vez que atravs

    deste exerccio analtico foi possvel apreender as dinmicas das centralidades

    socioeconmicas que tem dado vida e visibilidade aos ncleos urbanos investigados. Em

    razo das reflexes realizadas neste estudo, notou-se ainda que h fortes desequilbrios entre

    estas cidades. Desse modo, apresentou-se como sugestes para corrigir estas assimetrias

    alguns instrumentos que norteado o ordenamento territorial portugus, especialmente, queles

    refletidos em cidades mdias.

    Palavras-chaves: Regio Sulmaranhense. Cidades. Urbanizao. Dinmica econmica.

    Ordenamento do territrio.

  • ABSTRACT

    This study discusses and analyzes essential aspects of recent urban-regional

    Sulmaranhense dynamics drawn from the decade of 1950. For this purpose, three spatiality

    were elected that present significant socioeconomic functions within the urban network

    investigated. These are the cities of Aailndia, Balsas and Imperatriz which are located in

    southern and southwestern portions of the state of Maranho. This analysis was guided by

    reading the (historical, political, economic and demographic) understood as responsible for

    the socio-spatial formation and structure of this urban-regional arrangement. The

    methodological frameworks used were based on the adoption of key concepts understood as

    useful to illuminate this study, namely: city, region, medium-sized cities, urban network,

    urban-regional centrality, major projects and planning. Associated with these instruments held

    an exploratory descriptive study based on a qualitative approach, and as a research strategy

    case study which included the use of multiple techniques, particularly, observation, document

    analysis and semi-structured interviews. The organization of the data resulted in the

    preparation of maps, charts and graphs that show the connections and socioeconomic relations

    between the major urban centers of the region Sulmaranhense. The analysis of socioeconomic

    centralities Aailndia, Balsas and Imperatriz also considered demographic and economic

    dynamism assumed by these cities from the 1960s. Due to this reflection it was noted that

    there are strong imbalances between these urban centers. This way, it was presented as

    suggestions to correct these asymmetries few instruments that guided the Portuguese spatial

    planning, especially those ones reflected in medium-sized cities.

    Keywords: Region. Cities. Urban network. Services. Spatial planning.

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: vora, Aailndia e Balsas Sujeitos da Pesquisa/Populaes entrevistadas 54

    Quadro 2: Imperatriz - Sujeitos da Pesquisa/ Populao entrevistada no municpio 57

    Quadro 3: Serto de Pastos Bons - Quantidade de rebanho bovino, 1861 121

    Quadro 4: Estratgias recentes de ocupao e povoamento da Amaznia (1953-1988) 135

    Quadro 5: Mudanas estruturais na Amaznia brasileira (1990) 137

    Quadro 6: Mortes em conflitos agrrios na pr-amaznia maranhense (1975-1984) 154

    Quadro 7:Aailndia, Balsas e Imperatriz - Indicadores de habitao (1991-2010) 196

    Quadro 8: Aailndia/MA - Composio das indstrias do polo siderrgico 215

    Quadro 9: Brasil - Projetos constituintes do PRODECER por Estado, 2001 261

    Quadro 10: Balsas/MA - Distribuio dos equipamentos tercirios na rea central 300

    Quadro 11: Balsas/MA- Tipologia dos estabelecimentos tercirios-Avenida Catulo, 2012 302

    Quadro 12: Balsas/MA - Estabelecimentos tercirios com vnculos ao setor agropecurio 303

    Quadro 13: Imperatriz - Principais atividades econmicas desenvolvidas (1950-1980) 331

    Quadro 14: Imperatriz - Principais atividades econmicas desenvolvidas aps 1980 340

    Quadro 15: Imperatriz/MA: Nveis de Hierarquia dos estabelecimentos de sade 368

    Quadro 16: Imperatriz/MA: Tipos de Estabelecimentos de Sade, 2014 370

    Quadro 17: Imperatriz/MA: Condomnios cadastrados na SEPLUMA, 2014 374

    Quadro 18: Imperial Shopping - Estabelecimentos comerciais e de servios, 2014 416

    Quadro 19: Tocantins Shopping - Estabelecimentos comerciais e de servios, 2014 417

    Quadro 20: Timbira Shopping Estabelecimentos comerciais e de servios, 2014 418

    Quadro 21: Imperatriz/MA - Principais Hospitais existentes na cidade (1960-1980) 425

    Quadro 22: Imperatriz/MA - Principais hospitais e clnicas na rea central, 2014 428

    Quadro 23: Imperatriz/MA - IES Superior que oferecem cursos na modalidade EAD 463

    Quadro 24: IESMA/IFMA - Caracterizao dos cursos de graduao, 2014 464

    Quadro 25: vora Estratgias de ordenamento e desenvolvimento territorial 492

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1: Aailndia/MA - crescimento da populao total, urbana e rural (1991-2010) 220

    Grfico 2: Aailndia/MA-Evoluo e valor adicionado do PIB por setores: (2000-2010) 229

    Grfico 3: Regio de Carajs Evoluo das exportaes de Ferro-Gusa (1990-2010) 235

    Grfico 4: Aailndia/MA - Evoluo de estabelecimentos tercirios (1985-2005) 241

    Grfico 5: Balsas/MA - crescimento da populao total, urbana e rural (1970-2010) 264

    Grfico 6: Balsas/MA Evoluo e valor adicionado do PIB por setores (2000-2010) 275

    Grfico 7: Brasil, Maranho e Balsas - Uso de mquinas em unidades produtivas rurais 285

    Grfico 8: Brasil, Maranho e Balsas - Uso de tratores em unidades produtivas rurais 287

    Grfico 9: Balsas/MA -Evoluo de estabelecimentos tercirios ligados ao agronegcio 295

    Grfico 10: Imperatriz/MA - Evoluo demogrfica do municpio (1950-1980) 320

    Grfico 11: Imperatriz/MA - Evoluo demogrfica do municpio (1980-2010) 323

    Grfico 12: Imperatriz/MA - Evoluo de matrculas nas IES privadas (2003-2011) 365

    Grfico 13: Imperatriz/MA - Evoluo do PIB conforme setores econmicos (2000-2010) 378

    Grfico 14: Regio Sulmaranhense - Composio do PIB das principais cidades, 2011 380

    Grfico 15: Regio Sulmaranhense - Agncias e postos bancrios das principais cidades 383

    Grfico 16: Regio Sulmaranhense - N de IES e cursos de graduao principais cidades 396

    Grfico 17: Regio Sulmaranhense - Servios de sade das principais cidades, 2014 397

    Grfico 18: Imperatriz/MA - Fluxos do comrcio atacadista tradicional, 2014 410

    Grfico 19: Imperatriz/MA - Fluxos do comrcio varejista moderno, 2014 419

    Grfico 20: HMI/Imperatriz-MA Nmero de profissionais da sade, 2014 433

    Grfico 21: HMI Evoluo do nmero de leitos conforme procedimentos (2009-2013) 434

    Grfico 22: HMI Evoluo de internaes segundo nveis de complexidade (2009-2013) 436

    Grfico 23: HMI Evoluo do n de atendimento segundo complexidade (2009-2013) 438

    Grfico 24: Imperatriz/MA: IES com cursos regulares de graduao/ps, 2014 462

    Grfico 25: Imperatriz/MA: N de alunos matriculados em cursos graduao, 2014 466

  • Grfico 26: Imperatriz/MA - Procedncia dos estudantes das IES pblicas, 2014 469

    Grfico 27: Imperatriz/MA - Procedncia dos estudantes das IES privadas, 2014 471

    Grfico 28: vora, Portugal Evoluo populacional (1991-2011) 487

    Grfico 29: vora Populao empregada conforme sectores econmicos (2001-2011) 488

    Grfico 30: vora Afluncia turstica (1997-2011) 490

    LISTA DE MAPAS

    Mapa 1: Regio Sulmaranhense - Centralidades urbano-regionais, 2014 26

    Mapa 2: Amaznia Legal e suas sub-regies 70

    Mapa 3: Maranho - Mesorregies e Microrregies do Estado, 1991 73

    Mapa 4: Regio Sulmaranhense Configurao Socioespacial, 2014 77

    Mapa 5: Diviso poltica do territrio brasileiro em capitanias hereditrias, sculo XVI 107

    Mapa 6: Maranho - Localizao das principais tribos indgenas, sculo XVII 110

    Mapa 7: Maranho - Evoluo dos municpios da provncia maranhense, sculo XIX 112

    Mapa 8: Regio de Pastos Bons - Colonizao do serto maranhense (1850-1950) 114

    Mapa 9: Regio de Pastos Bons - Vilas e rotas comercial, sculo XIX 125

    Mapa 10: Projeto de colonizao do Alto Turi PCAT Localizao geogrfica 146

    Mapa 11: Rodovia Belm-Braslia - Destaque para sistema virio maranhense, 2014 167

    Mapa 12: Regio Sulmaranhense - Evoluo das populaes rural e urbana (1960-1980) 175

    Mapa 13: Aailndia-MA - Localizao geogrfica do municpio, 2014 209

    Mapa 14: Estrada de Ferro Carajs Localizao geogrfica da EFC 213

    Mapa 15: Aailndia/MA: Principais eixos comerciais e de servios 245

    Mapa 16: Balsas/MA: Localizao geogrfica do municpio 252

    Mapa 17: Maranho: Principais municpios produtores de soja, 2014 270

    Mapa 18: Balsas/MA: Principais bairros ou reas comerciais do municpio 294

    Mapa 19: Balsas/MA - Principais eixos comerciais e de servios da rea central 299

  • Mapa 20: Imperatriz/MA: Localizao geogrfica do municpio 308

    Mapa 21: Imperatriz/MA: Configurao e evoluo da malha urbana (1950-2010) 345

    Mapa 22: Imperatriz/MA: reas de concentrao do comrcio atacadista e varejista 404

    Mapa 23: Imperatriz/MA: Fluxos socioeconmicos do comrcio atacadista, 2014 412

    Mapa 24: Imperatriz/MA: Fluxos socioeconmicos do comrcio varejista, 2014 421

    Mapa 25: Imperatriz/MA: reas especializadas na oferta dos servios de sade 427

    Mapa 26: Regio Sulmaranhense - Plano Diretor de regionalizao da sade, 2013 431

    Mapa 27: Hospital Municipal de Imperatriz - Fluxos dos servios de sade, 2014 451

    Mapa 28: Imperatriz/MA: Localizao geogrfica das principais IES, 2014 460

    Mapa 29: Imperatriz/MA: Fluxos dos servios de educao superior, 2014 473

    Mapa 30: vora: Localizao geogrfica no territrio portugus 485

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Regio Sulmaranhense - Caracterizao poltico-administrativa 78

    Tabela 2: Regio Sulmaranhense Distribuio da populao segundo porte populacional 79

    Tabela 3: Regio Sulmaranhense Densidade demogrfica segundo porte populacional 80

    Tabela 4: Serto de Pastos Bons Fazendas instaladas no sculo XIX (1815) 120

    Tabela 5: Serto de Pastos Bons - Populao bovina dos maiores municpios, 1870 121

    Tabela 6: Maranho - Latifndios por dimenso com rea igual/superior a 10.000 ha 151

    Tabela 7: Imperatriz/MA: Migraes dirigidas para o municpio na dcada de 1970 160

    Tabela 8: Regio Sulmaranhense - crescimento demogrfico de cidades (1960-1980) 173

    Tabela 9: Regio Sulmaranhense - crescimento urbano e rural das cidades (1960-1980) 174

    Tabela 10: Amaznia oriental - Heterogeneidade dos ncleos urbanos (1970-2010) 184

    Tabela 11: Municpios emancipados do territrio de Imperatriz/MA (1981-1997) 185

    Tabela 12: Amaznia oriental Heterogeneidade dos ncleos urbanos (1970-2010) 187

  • Tabela 13: Ranking e participao do PIB dos principais ncleos urbanos maranhenses:

    valores agregados por setores econmicos, 2010 202

    Tabela 14: Aailndia/MA - Caracterizao das indstrias do polo siderrgico 233

    Tabela 15: Aailndia/MA - Fornecedores de carvo vegetal das siderrgicas, 2008 234

    Tabela 16: Regio de Carajs - Quantidade e valor do ferro-gusa exportado (2000-2008) 236

    Tabela 17: Evoluo de exportaes de ferro-gusa/Empresas maranhenses (2007-2008) 237

    Tabela 18: Aailndia/MA - Distribuio dos estabelecimentos comerciais/Bairros, 2010 243

    Tabela 19: Mesorregies Maranhenses Evoluo da produo de soja (1990-2010) 279

    Tabela 20: Maranho - rea colhida e produzida de arroz e soja (1990-2010) 281

    Tabela 21: Evoluo da produo de soja no estado do Maranho e na microrregio dos

    Gerais de Balsas (2000-2010) 284

    Tabela 22: Imperatriz/MA - Evoluo demogrfica do municpio (1950-1980) 317

    Tabela 23: Imperatriz/MA - Fragmentao territorial do municpio (1955-1997) 326

    Tabela 24: Regio Sulmaranhense - Produo de arroz: rea colhida, quantidade produzida e

    rendimento mdio (1960-1970) 334

    Tabela 25: Imperatriz/MA Produo e exportao de madeira serrada (1975-1980) 337

    Tabela 26: Imperatriz/MA - Principais feiras/mercados livres do municpio 350

    Tabela 27: Imperatriz/MA - IES com cursos presenciais, 2014 362

    Tabela 28: Montes Claros/MG - Instituies de Ensino Superior, 2011 363

    Tabela 29: Regio Sulmaranhense - Estabelecimentos formais segundo setores econmicos

    dos principais municpios, 2010 393

    Tabela 30: Regio Sulmaranhense - Empregos formais nos principais ncleos urbanos 394

    Tabela 31: Brasil - Evoluo dos Shopping Centers (2006-2013) 414

    Tabela 32: HMI/Evoluo dos procedimentos da produo hospitalar (2009-2013) 439

    Tabela 33: HMI/Evoluo dos procedimentos da produo ambulatorial (2009-2013) 441

  • Tabela 34: HMI/ Evoluo do tratamento de cirurgias mltiplas (2009/2013) 442

    Tabela 35: HMI/Tratamento de acidente vascular cerebral - AVC (2009-2013) 444

    Tabela 36: HMI/Tratamento de traumatismo cranioenceflico (2009-2013) 445

    Tabela 37: Brasil - Distribuio das IES conforme Unidades da Federao, 2011 455

    Tabela 38: Imperatriz/MA - Evoluo das matrculas nas principais IES (2010-2014) 467

    LISTA DE FOTOS

    Foto 1: Balsas/MA Sede da Empresa Algar/Agro, 2014 85

    Foto 2: Regio Sulmaranhense - Vista parcial da Chapada das Mesas 100

    Foto 3: Regio Sulmaranhense - Aspectos das paisagens rurais e urbanas 131

    Foto 4: Regio Sulmaranhense - Aspectos das paisagens rurais e urbanas 131

    Foto 5: Regio Sulmaranhense - Aspectos das paisagens rurais e urbanas 131

    Foto 6: Regio Sulmaranhense - Aspectos das paisagens rurais e urbanas 131

    Foto 7: Regio Sulmaranhense - Aspectos das paisagens rurais e urbanas 131

    Foto 8: Imperatriz/MA - Vista parcial da rea central da cidade, 1963 173

    Foto 9: Imperatriz/MA - Vista parcial da rodovia Belm-Braslia, 2005 173

    Foto 10: Araguana/TO - Vista area da cidade 183

    Foto 11: Marab/PA - Vista area da cidade 183

    Foto 12: Imperatriz/MA - Vista area da cidade 183

    Foto 13: Aailndia/MA - Vista parcial do bairro Piqui 192

    Foto 14: Aailndia/MA - Vista parcial do bairro Piqui 192

    Foto 15: Balsas/MA - Ausncia de infraestrutura no Bairro So Francisco 195

    Foto 16: Aailndia/MA - Ausncia de infraestrutura no Bairro Vila Ildemar 195

    Foto 17: Aailndia/MA - Centralidade da produo siderrgica 200

  • Foto 18: Balsas/MA - Centralidade da produo agrcola moderna 200

    Foto 19: Imperatriz/MA - Centralidade da produo terciria do municpio 200

    Foto 20: Aailndia/MA - Vista area do municpio 208

    Foto 21: Aailndia/MA - condies das moradias do Bairro Jardim de Alah 222

    Foto 22: Aailndia/MA - condies das moradias do Bairro Vila Ypiranga 222

    Foto 23: Aailndia/MA - Centro comercial/Avenida Tcito de Caldas 231

    Foto 24: Aailndia/MA - Centro comercial/Rua Duque de Caxias 231

    Foto 25: Aailndia/MA Centro comercial/Avenida Desemb. Tcito de Caldas 247

    Foto 26: Aailndia/MA - Centro comercial de Aailndia/Rua Duque de Caxias 247

    Foto 27: Aailndia/MA - Banco da Amaznia/Rua Bom Jesus - Centro comercial 248

    Foto 28: Aailndia/MA - Banco do Brasil/Av. Dorgival Centro comercial 248

    Foto 29: Balsas/MA - Vista parcial da erea central do municpio 251

    Foto 30: Balsas/MA - Escritrio da Empresa Lavronorte 265

    Foto 31: Balsas/MA - Escritrio da Empresa Bunge 265

    Foto 32: Balsas/MA - rea perifrica do municpio/Bairro So Flix 274

    Foto 33: Balsas/MA - rea perifrica do municpio/Bairro So Francisco 274

    Foto 34: Balsas/MA - Centro comercial da cidade/Rua Padre Franco, Centro 293

    Foto 35: Balsas/MA - Centro comercial da cidade/Avenida Antonio Leo 293

    Foto 36: Balsas/MA - Eixos comerciais da cidade/Avenida Catulo 301

    Foto 37: Balsas/MA - Eixos comerciais da cidade/Avenida Catulo 301

    Foto 38: Vista area da cidade de Imperatriz, MA 307

    Foto 39: Imperatriz/MA - Cine Fides/Avenida Getlio Vargas - (1979) 339

    Foto 40: Imperatriz/MA - Casas Pernambucanas/Rua Godofredo - (1981) 339

    Foto 41: Imperatriz/MA - Setor varejista/Calado - Centro comercial 348

    Foto 42: Imperatriz/MA - Setor varejista/Avenida Getlio Vargas - Centro comercial 348

  • Foto 43: Imperatriz/MA - Feira do Bairro Bom Sucesso 349

    Foto 44: Imperatriz/MA - Feira do Bairro Bacuri 349

    Foto 45: Imperatriz/MA - Feira do Mercadinho Setor alimentcio 351

    Foto 46: Imperatriz/MA - Feira do Mercadinho Setor de ervas e razes/Imperatriz 351

    Foto 47: Imperatriz/MA - Bairro Entroncamento - Setor de auto-peas 354

    Foto 48: : Imperatriz/MA - Bairro Entroncamento - Setor de auto-peas 354

    Foto 49: Imperatriz/MA - Condomnio New Ville Av. Pedro Neiva de Santana 373

    Foto 50: Imperatriz/MA - Edifcio Buriti Bairro Trs Poderes 373

    Foto 51: Imperatriz/MA Verticalizao do Bairro Centro 376

    Foto 52: Imperatriz/MA - Verticalizao do Bairro Trs Poderes 376

    Foto 53: Imperatriz/MA Hospital Municipal de Imperatriz/HMI 400

    Foto 54: Imperatriz/MA UFMA Campi avanado do Bom Jesus 400

    Foto 55: Imperatriz/MA - Vista parcial do Imperial Shopping 400

    Foto 56: Imperatriz/MA Comrcio atacadista/Rua Benedito Leite/Bairro Mercadinho 405

    Foto 57: Imperatriz/MA Comrcio atacadista/Rua Benedito Leite/Bairro Mercadinho 405

    Foto 58: Imperatriz/MA - Vista parcial do Timbira Shopping 415

    Foto 59: Imperatriz/MA - Vista parcial do Imperial Shopping 415

  • LISTA DE SIGLAS

    ABRASCE Associao Brasileira dos Shopping Centers

    BASA Banco da Amaznia S/A.

    CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal

    CEG Centro de Estudos Geogrficos

    CESI Centro de Estudos Superiores de Imperatriz

    COLONE Companhia de Colonizao do Nordeste

    COMALTA Cooperativa Mista da Regio do Alto Turi

    COMARCO Companhia Maranhense de Colonizao

    CME Cmara Municipal de vora

    CPT Comisso Pastoral da Terra

    DGOTDU Direo Geral de Ordenamento do Territrio e Desenvolvimento Urbano

    DHG Departamento de Histria e Geografia

    DSOT Diviso de Servios de Ordenamento do Territrio da Cmara Municipal de vora

    IG Instituto de Geografia

    IGOT Instituto de Geografia e Ordenamento do Territrio

    FACIMP Faculdade de Imperatriz

    FERGUMAR Ferro Gusa do Maranho S/A

    FEST Faculdade de Educao Santa Terezinha

    FINOR Fundos de Investimentos do Nordeste

    FINAM Fundos de Investimentos da Amaznia

    GEPLAN Gerncia de Planejamento e Desenvolvimento Econmico do Maranho

    GTDN Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste

    HMI Hospital Municipal de Imperatriz

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatsticas

    IESA Instituto de Estudos Socioambientais

  • IESMA Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranho

    IMESC Instituto Maranhense de Estudos Econmicos Sociais e Cartogrficos

    INCRA Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria

    IPEA Instituto de Pesquisas Econmicas Aplicadas

    MIRAD Ministrio da Reforma e do Desenvolvimento Agrrio

    NERE Ncleo Empresarial da Regio de vora

    PCAT Projeto de Colonizao do Alto Turi

    PGC Programa Grande Carajs

    PIN Programa de Integrao Nacional

    POLAMAZNIA Programa de Plos Agrominerais da Amaznia

    PPG Pr-Reitoria de Pesquisa da Universidade Estadual do Maranho

    PPGEO Programa Ps-graduao em Geografia

    PPM Projeto de Povoamento do Maranho

    PNOPT Programa Nacional da Poltica de Ordenamento do Territrio de Portugal

    PNOT Poltica Nacional de Ordenamento do Territrio

    PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento

    PRODIAT Projeto de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Araguaia-Tocantins

    SIFEMA Sindicato das Indstrias de Ferro Gusa do Estado do Maranho

    SUDAM - Superintendncia de Desenvolvimento da Amaznia

    SUDENE Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste

    UEMA Universidade Estadual do Maranho

    UL Universidade de Lisboa

    UFG Universidade Federal de Gois

    UFU Universidade Federal de Uberlndia

    UFMA Universidade Federal do Maranho

    UNISULMA Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranho

  • SUMRIO

    LISTA DE QUADROS I

    LISTA DE GRFICOS II

    LISTA DE MAPAS III

    LISTA DE TABELAS IV

    LISTA DE FOTOS V

    LISTA DE SIGLAS VI

    CONSIDERAES INICIAIS 25

    Inquietaes, motivaes e interesses pela temtica urbana e regional 27

    1 PERCURSOS METODOLGICOS DO ESTUDO 40

    1.1 Aportes metodolgicos do estudo: abordagens e mtodos cientficos 42

    1.2 Delineamento dos instrumentos metodolgicos: os procedimentos da pesquisa 50

    1.3 Os conceitos-chaves enquanto percursos analticos do estudo: regio/regionalizao,

    centralidade urbano-regional e ordenamento do territrio 60

    1.3.1 Regio e regionalizao: uma via de acesso compreenso da dinmica urbano-regional

    Sulmaranhense 61

    1.3.2 Centralidade urbano-regional: revisitando conceitos 82

    1.3.3 O ordenamento do territrio: uma alternativa ao planejamento do sistema urbano-

    regional Sulmaranhense? 91

    2 FORMAO SOCIOESPACIAL DA REGIO SULMARANHENSE 100

    2.1 Aspectos singulares da formao socioespacial Sulmaranhense 101

    2.2 As bases iniciais da conquista do territrio maranhense 104

    2.3 Os caminhos do gado e a conquista do serto maranhense 111

    2.3.1 Expropriao e violncia na conquista e ocupao do serto maranhense 116

    2.3.2 Especificidades da formao econmica e social do serto maranhense 119

    2.3.3 Mobilizao poltica e integrao do serto ao litoral maranhense 126

  • 3 REESTRUTURAO URBANO-REGIONAL AMAZNICA E OS SEUS

    REFLEXOS NO TERRITRIO MARANHENSE 131

    3.1 Reestruturao urbano-regional amaznica: reflexes a partir das estatgias recentes de

    ocupao e povoamento 132

    3.1.1 Os efeitos dos projetos de colonizao na pr-amaznia maranhense (1960-1980) 143

    3.1.2 Fluxos migratrios e a formao de um mercado de trabalho regional na pr-amaznia

    maranhense (1960-1980) 156

    3.1.3 A rodovia Belm-Braslia e a consolidao da ocupao da regio Sulmaranhense 166

    3.2 Os reflexos da urbanizao amaznica na regio Sulmaranhense 179

    4 CENTRALIDADES URBANO-REGIONAIS NA REGIO SULMARANHENSE 200

    4.1 Aailndia: expresses da centralidade urbano-regional atravs da siderurgia? 206

    4.1.1 Aspectos da formao socioespacial de Aailndia e os condicionantes da instalao de

    um polo siderrgico na regio Sulmaranhense 208

    4.1.2 Aspectos da estrutura demogrfica do municpio de Aailndia 220

    4.1.3 Elementos da estrutura econmica do municpio de Aailndia 228

    4.2 Balsas: a centralidade urbano-regional exercida atravs da agricultura moderna? 250

    4.2.1 A formao socioespacial do minicpio de Balsas e a constituio de um plo agrcola

    moderno na regio Sulmaranhense 251

    4.2.2 Aspectos da estrutura demogrfica do municpio de Balsas 263

    4.2.3 Elementos da estrutura econmica do municpio de Balsas 275

    4.3 Imperatriz: uma cidade de mltiplas centralidades 306

    4.3.1 Especificidades da formao socioespacial do municpio de Imperatriz 307

    4.3.2 Aspectos da estrutura demogrfica do municpio de Imperatriz (1950-2010) 320

    4.3.3 Elementos da estrutura econmica do municpio de Imperatriz 330

    4.4 Expresses da centralidade urbano-regional de Aailndia, Balsas e Imperatriz 380

  • 5 OS REFLEXOS DA CENTRALIDADE TERCIRIA DE IMPERATRIZ NO

    CENRIO REGIONAL SULMARANHENSE 400

    5.1 O comrcio de Imperatriz e as suas expresses na regio Sulmaranhense 403

    5.2 A centralidade dos servios pblicos de sade de Imperatriz e os seus reflexos na regio

    Sulmaranhense: uma abordagem a partir do Hospital Municipal de Imperatriz 423

    5.2.1 Emergncia e consolidao dos servios de sade na cidade de Imperatriz 424

    5.2.2 A influncia regional dos servios pblicos de sade difundidos atravs do HMI 432

    5.3 A educao superior de Imperatriz e os seus reflexos na regio Sulmaranhense 453

    5.3.1 As bases constituintes da educao superior na cidade de Imperatriz 457

    5.3.2 A consolidao da educao superior na cidade de Imperatriz e a sua influncia no

    espao regional Sulmaranhense 458

    5.4 O ordenamento do territrio: uma alternativa vivel ao planejamento do sistema urbano-

    regional Sulmaranhense? 480

    5.4.1 As boas prticas e lies do ordenamento territorial portugus: reflexes a partir da

    realidade socioespacial de vora 483

    CONSIDERAES FINAIS 503

    REFERNCIAS 510

    APNDICES 531

    ANEXOS 541

  • 25

    CONSIDERAES INICIAIS

    Seja qual for o ponto de partida da atividade cientfica, tal actividade s pode convencer plenamente

    abandonando o domnio de base: se ela experimenta, ter de raciocinar, se raciocina ter de experimentar.

    (BACHELARD, 1996)

    As reflexes apresentadas neste estudo objetivaram entender as transformaes

    socioeconmicas materializadas na regio Sulmaranhense a partir da dcada de 1950. Buscou-

    se compreender a configurao do atual processo de reestruturao urbano-regional

    amaznico e as suas implicaes no mbito da regio Sulmaranhense em razo da emergncia

    e difuso de novas centralidades econmicas, a saber: a centralidade agropecuria, siderrgica

    e terciria. Nesta anlise, objetivamos entender os papis e funes desenvolvidas pelos

    principais ncleos urbanos da regio Sulmaranhense1. Trata-se das cidades de Aailndia,

    Balsas e Imperatriz que esto inseridas nas pores sudoeste e sul do estado do Maranho.

    Considerou-se como recorte temporal o momento erigido a partir de 1980. Este

    o perodo em que as mudanas econmicas, demogrficas e cuturais ocorreram de modo mais

    eficaz nesta regio. Estas cidades tm acolhido desde 1980 projetos econmicos dinmicos

    ligados produo agrcola moderna, produo siderrgica e consolidao do tercirio. Os

    processos de modernizao notados nestes espaos nos levou a indagar se de fato h uma

    nova dinmica nesta regio? Questionamos ainda, se os novos investimentos econmicos tm

    de fato assegurado s populaes desta regio condies adequadas de desenvolvimento?

    O interesse em investigar a recente dinmica urbano-regional Sulmaranhense e as

    suas relaes com a emergncia de novas centralidades socioeconmicas nesta regio no

    recente e se vincula minha trajetria de estudos e ao exerccio profissional desenvolvido no

    Centro de Estudos Superiores de Imperatriz da Universidade Estadual do Maranho

    CESI/UEMA. Assim sendo, a tarefa inicial proposta para a introduo desta tese se pautou na

    exposio dos interesses e motivaes que nos levaram a desenvolver este estudo.

    1 Verificar mapa 1, pgina 26.

  • 26

    Mapa 1: Regio Sulmaranhense - Centralidades urbano-regionais, 2014

  • 27

    Inquietaes, motivaes e interesses pela temtica urbana e regional

    Desde os primeiros passos dados no universo acadmico, aprendemos que o fato

    de lidar com determinado objeto de estudo implica na necessidade da adoo permanente de

    instrumentos metodolgicos condizentes com a realidade investigada. Estes instrumentos

    devem apresentar estreitas relaes com a problemtica e as finalidades propostas ao estudo.

    No entanto, de nada adianta estabelecer estes nexos se deixarmos de lado as

    motivaes e interesses que tambm esto atrelados ao desenvolvimento da pesquisa. Nesse

    percurso, o carter objetivo da pesquisa cientfica deve realizar incessante dilogo com as

    subjetividades que permeiam o processo de construo de conhecimentos. Esta relao

    enriquecedora e pode ser til s indagaes, reflexes e respostas que buscamos acerca do

    objeto investigado. Sobre esta perspectiva de anlise, Hissa (2002) contribui ao afirmar

    A imaginao um pr-requisito da criao de qualquer construo humana. [...]

    Qualquer construo reflete a imaginao e a inventividade de seu criador. Em

    princpio, no h como admitir distncia entre cincia e arte que sejam

    fundamentadas no critrio da imaginao. Entretanto, em sua interpretao moderna,

    a cincia procura o caminho da distino das demais atividades atravs de seus

    objetivos e, sobretudo, de seus procedimentos. (HISSA, 2002, p. 57).

    A adoo de determinados procedimentos metodolgicos deve levar em conta as

    relaes de interdependncia entre a criatividade, perspiccia e os sonhos do pesquisador.

    Estes ingredientes devem se associar no processo de investigao sem desprezar o carter

    formal que move a cincia. Ao considerar estes critrios, ressaltamos as principais indagaes

    que serviram de base e motivao ao desenvolvimento deste estudo. So elas: Por que estudar

    a recente dinmica urbano-regional Sulmaranhense? Como se expressa esta dinmica quando

    se consideram as centralidades socioeconmicas dos principais ncleos urbanos desta regio?

    O estudo das centralidades socioeconmicas presentes nas cidades de Aailndia,

    Balsas e Imperatriz se torna til e interessante quando h uma preocupao, por parte do

    pesquisador, no sentido de associar ao mesmo tempo este dinamismo socioeconmico

    materialidade dos fenmenos e processos sociais que se edificam nestes espaos.

  • 28

    Nessa direo, so utis as contribuies fornecidas por Spsito (1999)

    O debate acerca da importncia da valorizao da anlise da dimenso econmica na

    pesquisa urbana pode ser estimulante, desde que nos afastemos do enfoque

    economicista, para usar um termo que nos permita fazer referncia tendncia de

    tomar o econmico como determinante no conjunto das transformaes sociais,

    polticas e ideolgicas. (SPSITO, 1999, p. 53).

    Trata-se de reconhecer nesta leitura os significados e as relaes de

    interdependncia entre os diferentes condicionantes (polticos, econmicos, demogrficos e

    culturais) que do vida e visibilidade produo do espao urbano e regional. Aos

    questionamentos destacados somaram-se vrios outros que fortaleceram a nossa inquietao e,

    justificaram a necessidade de compreender a atual estrutura e dinmica da rede urbana

    Sulmaranhense e as suas relaes com a emergncia de novas centralidades. So eles:

    Que elementos socioespaciais (histricos, polticos, naturais, demogrficos e

    econmicos) condicionaram a formao e a estruturao da regio Sulmaranhense?

    Qual a relao da recente estrutura da regio Sulmaranhense delineada a

    partir da dcada de 1980 com a emergncia de novas centralidades socioeconmicas?

    Que ncleos urbanos tm apresentado maior visibilidade e importncia no

    interior da regio pesquisada em relao aos aspectos econmicos e demogrficos?

    Por que a cidade de Imperatriz localizada no sudoeste do estado do Maranho

    reconhecida desde 1950 como a principal centralidade socioeconmica da regio investigada?

    Que tipo de relaes Imperatriz tem estabelecido com os principais ncleos

    urbanos da regio Sulmaranhense? Como se materializam e se expressam as relaes de

    centralidades socioeconmicas entre os principais ncleos urbanos desta regio?

    As respostas a estes questionamentos so complexas. Elas exigem do pesquisador

    durante o processo de investigao a adoo de uma postura interdisciplinar. Nesse sentido,

    h a necessidade da realizao de um dilogo permanente entre as distintas reas do

    conhecimento humano a fim de obter as respostas satisfatrias problemtica estudada.

  • 29

    preciso levar em conta nesta interpretao s contribuies fornecidas por meio

    do dilogo erigido entre o conhecimento geogrfico, histrico, econmico e sociolgico no

    que tange ao processo de produo do espao2. Nesta anlise, o espao segundo Santos (2008)

    Deve ser considerado como uma totalidade, a exemplo da prpria sociedade que lhe

    d vida. Todavia, consider-lo assim uma regra de mtodo cuja prtica exige que

    se encontre, paralelamente, atravs da anlise, a possibilidade de divid-lo em partes.

    Ora, a anlise uma forma de fragmentao do todo que permite, ao seu trmino, a

    reconstituio desse todo. (SANTOS, 2008, p. 15).

    Desse modo, a interpretao aqui proposta sobre o processo de produo e

    estruturao do sistema urbano Sulmaranhense leva em conta estas proposies que so frutos

    da relao indissocivel da sociedade e o espao num dado momento histrico3.

    Entende-se que a ruptura das fronteiras disciplinares que passou a orientar a

    cincia moderna constitui uma condio sine qua non uma leitura mais coerente da

    realidade investigada. preciso olhar para alm dos nossos umbigos. A realidade urbano-

    regional muito mais complexa do que se imagina e exige do pesquisador uma viso

    poliocular de modo a enxergar as distintas dimenses que a envolve. Segundo Brando (2009)

    [...] em sua verdadeira vocao, e, ao contrrio do que pensam pessoas dedicadas a

    alguma de nossas cincias, toda a pesquisa, mesmo a de elaborao e a de realizao

    mais solitria, pode e deve ser tambm um trabalho destinado a ser colocado em

    volta da mesa; a ser partilhado, pensado e redigido como um texto, um artigo ou o

    que seja, pronto a ser posto a servio de algo mais do que um novo ttulo, ou um

    novo conjunto de ideias e de achados dirigido ao crculo restrito dos que so como

    eu e pensam como eu. (BRANDO, 2009, p. 17).

    A cincia contempornea inserida no paradigma denominado por muitos

    estudiosos como ps-moderno tributria e sedenta deste exerccio de dilogo. O dilogo

    interdisciplinar alm de se apresentar como condio indispensvel ao entendimento da

    realidade social que nos envolve, constitui tambm numa possibilidade coerente de

    interpretao das formas complexas de produo do conhecimento no mundo hodierno.

    2 Esta postura adquire sentido quando o dilogo se estabelece entre os distintos campos do saber. Brando (2009)

    a este respeito fornece valiosa colaborao quando sugere a adoo e o exerccio do dilogo interdisciplinar. 3 Para Santos (2008, p. 35) A noo de espao inseparvel da ideia de sistemas de tempo. A cada momento da

    histria local, regional, nacional ou mundial, a ao de diversas variveis depende do sistema temporal.

  • 30

    Nessa direo Morin (2001) afirma

    De toda parte surge a necessidade de um princpio de explicao mais rico do que o

    princpio de simplificao que podemos denominar princpio de complexidade. Ele

    se esfora por desenvolver amplamente o dilogo entre ordem, desordem e

    organizao, para conceber, na sua especificidade, os fenmenos fsicos, biolgicos

    e humanos. Esfora-se por obter uma viso poliocular ou poliscpica, em que as

    dimenses fsicas, biolgicas, espirituais, culturais, sociolgicas e histricas daquilo

    que humano deixem de ser incomunicveis. (MORIN, 2001, p. 30).

    Nossa preocupao neste estudo repousa justamente na necessidade da adoo

    desta postura interdisciplinar, de modo a reconhecer as distintas formas de apreenso da

    realidade urbana e regional por meio das contribuies de diferentes reas do conhecimento.

    No que tange s motivaes encontradas para o desenvolvimento deste estudo,

    necessrio sublinhar que tais idias encontraram sustentao ainda nas minhas primeiras

    incurses no universo acadmico, por ocasio da concluso do curso de graduao.

    Na concluso do curso de licenciatura em Geografia optei por trabalhar com a

    temtica urbana, atravs do estudo das desigualdades socioespaciais presentes no espao

    urbano de Imperatriz mediadas pelo processo da segregao espacial no bairro Beira-Rio4.

    Naquele momento, percebi que o objeto eleito para o estudo no se edificava apenas nos

    limites internos da cidade, ou seja, a segregao espacial urbana manifestada em Imperatriz

    passou a exigir tambm uma leitura do espao regional. A cidade apresentava tais formas,

    funes, processos e estrutura em razo das relaes estabelecidas com o espao regional.

    Diante daquelas evidncias, me propus a buscar entender melhor entre os anos de

    2003 a 2005 estas relaes atravs da dinmica socioeconmica edificada em Imperatriz e as

    suas projees no espao regional, ou seja, a sua influncia socioeconmica no mbito da

    regio Tocantina atravs do meu ingresso no Programa de Ps-graduao em Geografia do

    Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Gois IESA/UFG.

    4 Trata-se do trabalho de concluso de curso desenvolvido no ano de 2001 no Centro de Estudos Superiores de

    Imperatriz da Universidade Estadual do Maranho CESI/UEMA, cujo ttulo enfocou: O estudo do cotidiano e

    a segregao espacial na regio da Beira-rio, sob a orientao da Profa. Dra. Rosirene Martins Lima.

  • 31

    Nesta instituio refleti de maneira acurada acerca da realidade urbano-regional

    de Imperatriz, atravs da dissertao de mestrado intitulada: A cidade na regio e a regio na

    cidade - a dinmica socioeconmica de Imperatriz e suas implicaes na regio Tocantina5.

    Pude ento compreender a influncia do tercirio moderno, sobretudo, em funo

    das atividades conduzidas pela atividade comercial (comrcio atacadista e varejista) que

    adquiriu forte expresso no cenrio intra-urbano e regional no incio da dcada de 1980.

    Destacou-se ainda, neste estudo, o interesse em investigar o dinamismo dos servios pblicos

    e privados de sade desenvolvidos com maior vigor a partir de 1990 e a consolidao dos

    servios de educao superior. A configurao socioespacial presente em Imperatriz delineada

    a partir da dcada de 1980 s encontrou explicaes coerentes mediante uma leitura das

    relaes socioeconmicas que esta cidade tem estabelecido com o contexto regional.

    Destarte, este fato constituiu como o ponto de partida para a investigao a ser

    realizada atravs desta tese. J havamos em momento anterior demonstrado esta preocupao

    em estudar a realidade urbana de Imperatriz, articulando-a a escala regional. Esta ideia foi

    reforada em face das reflexes propostas por Soares (2003, p. 84) que contribui ao afirmar

    que as questes urbanas e regionais esto interligadas e se torna difcil na dinmica territorial

    identificar o que particular problemtica urbana e o que diz respeito questo regional.

    O urbano e o regional encontram-se interligados e os seus nexos se revelam

    atravs do dinamismo assumido pelos ncleos urbanos no interior da rede urbana, ou seja, por

    meio dos fixos e fluxos materializados na rede urbana. atravs destas relaes entre fixos e

    fluxos desenvolvidas na rede urbana que a vida nas cidades e na regio adquire sentido.

    Assim sendo, esta tese se ocupa em captar a essncia desses movimentos que do

    visibilidade rede urbana Sulmaranhense, por meio do estudo da dinmica socioeconmica

    dos seus principais ncleos urbanos, em particular, Aailndia, Balsas e Imperatriz.

    5 Diz respeito Dissertao de mestrado produzida entre 2003 a 2005 no Instituto de Estudos Socioambientais da

    Universidade Federal de Gois IESA/UFG, sob a orientao da Profa. Dra. Lana de Souza Cavalcanti.

  • 32

    O municpio de Aailndia localiza-se no sudoeste do estado do Maranho e foi

    desmembrado do municpio de Imperatriz no incio da dcada de 1980, tendo a sua

    emancipao no ano de 1981, atravs da lei estadual n 4.295 de junho de 1981.

    Aailndia constitui um exemplo fidedigno de instalao de polo de crescimento

    econmico implantado no bojo da poltica desenvolvimentista executada pelos governos

    militares na Amaznia oriental. Esta cidade apresenta na atividade siderrgica a base de sua

    estrutura econmica. O desenvolvimento da atividade siderrgica est estreitamente vinculado

    ao polo siderrgico da regio que se insere no contexto do Programa Grande Carajs. Sua

    instalao no incio da dcada de 1980 se relaciona s demandas oriundas deste programa

    tanto em relao produo do carvo vegetal como ao beneficiamento do ferro-gusa.

    Segundo dados oficiais do IBGE (2010), Aailndia conta com populao total de

    104.047 habitantes, constituindo um dos principais ncleos urbanos da regio Sulmaranhense.

    Apresenta rea territorial de 6.831 km2

    e dispem de densidade demogrfica de 17,84%.

    Representa no cenrio estadual um dos principais ncleos urbanos do estado do Maranho,

    tanto pela forte participao demogrfica como tambm em relao aos aspectos econmicos.

    A cidade de Balsas, por seu turno, localiza-se na poro sul do estado do

    Maranho. Foi elevada categoria de vila onde recebeu a denominao Santo Antnio de

    Balsas atravs da lei estadual n 15 de 07 de outubro de 1892, tendo sido neste perodo

    desmembrada do municpio de Riacho. Em razo da lei estadual, n 775 de 22 de maro de

    1918 alcanou condio de cidade. O municpio de Balsas apresenta na atividade agrcola

    moderna, especialmente, em razo da produo de gros a base de sua estrutura econmica.

    Trata-se de um dos principais polos sojicultores da regio nordeste e do territrio

    brasileiro, apresentando expressivos papis e funes no cenrio econmico estadual e no

    mbito nacional. Conforme os dados do IBGE (2010) apresenta populao total de 83.528

    habitantes, sendo que 87,12% residem na rea urbana e 12,88% se concentram na rea rural.

  • 33

    Outro municpio que merece ateno no bojo do dinamismo socioeconmico,

    demogrfico e cultural presente na regio Sulmaranhense diz respeito cidade Imperatriz.

    Imperatriz foi elevada categoria de vila com a denominao de Vila Nova da

    Imperatriz atravs da lei Provincial n 398 de 27 de agosto de 1856, tendo sido desmembrada

    neste perodo do municpio de Chapada (atualmente Grajau). Posteriormente, foi elevada

    condio de cidade em razo da lei estadual n 1.179 de 22 de abril de 1924.

    Trata-se do principal ncleo urbano da regio Sulmaranhense. Segundo os dados

    demogrficos do IBGE (2010) apresenta populao total correspondente 247.505 habitantes.

    Representa no contexto estadual a segunda cidade mais importante quando se consideram as

    dimenses econmicas e demogrficas, perdendo nesses aspectos, apenas para a capital So

    Lus. O municpio de Imperatriz apresenta desde o incio da dcada de 1980 a sua base

    econmica vinculada ao setor tercirio em razo do desenvolvimento da atividade comercial

    (comrcio atacadista e varejista), os servios pblicos e privados de sade, educao

    superior e atualmente a expressiva participao do segmento da construo civil.

    De modo geral, entende-se que a dinmica assumida por estes ncleos urbanos

    tem revelado transformaes significativas na estrutura e no desenvolvimento da rede urbana

    Sulmaranhense. Esta regio que at o incio da dcada de 1980 apresentara frgil articulao e

    interaes espaciais, demonstra desde a dcada de 1980 uma maior articulao social,

    econmica e demogrfica. Trata-se de uma regio que em sua essncia se tornou mais fluda.

    Tais fatos nos levaram a refletir, questionar e a buscar compreender as relaes

    socioeconmicas estabelecidas entre estes ncleos urbanos no contexto regional e tambm nos

    motivou a levantar a seguinte hiptese: observa-se que desde 1980 vem se configurando uma

    nova estrutura no sistema urbano Sulmaranhense. Esta tem sido marcada pela presena de

    novas centralidades econmicas. Assim sendo, acredita-se que a presena destas centralidades

    socioeconmicas tem alterado a dinmica urbano-regional Sulmaranhense.

  • 34

    importante advertir que a escolha destes ncleos urbanos no ocorreu de modo

    aleatrio. Eles passaram a desenvolver significativas funes e papis socioeconmicos no

    interior da rede urbana Sulmaranhense a partir da dcada de 1980.

    Esta escolha tambm foi motivada em razo do meu exerccio profissional. Desde

    o ano de 2009 tem sido recorrente a proposio e aprovao de projetos de iniciao cientfica

    junto Pr-reitoria de Pesquisa e Ps-graduao da Universidade Estadual do Maranho

    PPG/UEMA relacionados ao estudo da dinmica urbano-regional Sulmaranhense.

    Entre os anos de 2009 a 2010 foi aprovado e desenvolvido o projeto de iniciao

    cientfico intitulado Efeitos socioespaciais de grandes projetos no sudoeste maranhense: uma

    reflexo a partir da atividade sidergica no municpio de Aailndia/MA. Posteriormente, ou

    seja, entre os anos de 2010/2011 foi proposto projeto de inciao cientfica que objetivou

    compreender a Centralidade dos servios pblicos de sade de Imperatriz no contexto

    Sulmaranhense. Estes projetos6 contemplaram diversas inquietaes no sentido de buscar

    entender a atual dinmica urbano-regional Sulmaranhense por meio das relaes

    socioeconmias tecidas entre as cidades e emergncia de novas centralidades econmicas.

    Relacionadas a estas motivaes importante destacar ainda a realizao de

    trabalhos de campo desde o ano de 2008 na regio Sulmaranhense. Estes estudos empricos

    foram fomentados atravs das disciplinas de Geografia Regional e Urbana ministradas entre

    os anos de 2008/2010 no CESI/UEMA. Estas pesquisas despertaram o interesse em apreender

    o dinamismo socioeconmico que tem mobilizado nesta fase recente a regio Sulmaranhense.

    vlido destacar ainda que esta leitura e anlise do dinamismo socioeconmico

    impresso no contexto da regio Sulmaranhense tambm encontrou estreitas vinculaes com

    os processos de reestruturao urbano e regional materializados desde a dcada de 1950 na

    Amaznia brasileira, particularmente, em sua poro oriental.

    6 Para um aprofundamento dos significados e efeitos dos referidos projetos econmicos difundidos na regio

    Sulmaranhense sugere-se a consulta dos estudos desenvolvidos por Sousa e Almeida (2012); Almeida (2013);

    Sousa e Dias Filho (2012); Dias Filho (2013) e Sousa e Reis (2012); Reis (2013).

  • 35

    Dito isto, entende-se que a poro adjetivada de Sulmaranhense no tem ficado

    margem no conjunto destas mudanas. As estruturas de algumas cidades e a dinmica do

    espao regional se alteraram, acarretando numa maior complexidade dos ncleos urbanos.

    De um padro dendrtico7, a rede urbana tem assumido maior complexidade em

    razo das funes, processos, estruturas e formas que alguns dos seus ncleos urbanos tm

    apresentado, expressando assim a insero destes na recente diviso territorial do trabalho.

    Porm, vale afirmar que nem todas as cidades situadas na regio Sulmaranhense apresentaram

    os mesmos ritmos de crescimento. Desse modo, as intervenes governamentais apresentaram

    papis essenciais na escolha de determinadas reas que passaram a acolher de modo seletivo

    algumas externalidades. Trata-se dos municpios de Aailndia, Balsas e Imperatriz.

    As transformaes verificadas nestas cidades impulsionaram a reestruturao do

    sistema urbano, revelando a importncia da dimenso poltica neste processo. O espao

    mesmo com a influncia dos determinantes econmicos em face da introduo de projetos

    econmicos na regio entendido como reflexo direto das intervenes polticas. A sua

    dinamizao subordina-se s injunes polticas. Lefebvre (2008) nesse sentido expe

    [...] o espao no um objeto cientfico descartado pela ideologia ou pela poltica.

    Se esse espao tem um aspecto neutro, indiferente em relao ao contedo, portanto,

    puramente formal, abstrato de uma abstrao racional, precisamente porque ele j

    est ocupado, foi objeto de estratgias antigas, das quais nem sempre se encontram

    vestgios. O espao foi formado, modelado a partir de elementos histricos ou

    naturais, mas politicamente. O espao poltico e ideolgico. uma representao

    literalmente povoada de ideologia. (LEFEBVRE, 2008, p. 61-62).

    A dimenso poltica movimenta e d vida s relaes sociais no espao

    amaznico. Tem-se atravs de suas intervenes um processo dinmico de reestruturao. As

    centralidades que da emergem devem ser pensadas para alm das intervenes econmicas,

    uma vez que adquirem tais formas em face das foras e intervenes polticas que nele atuam.

    7 Conforme Corra (1988a); (1989); (2006) o padro dendrtico constitui uma expresso peculiar da rede urbana

    amaznica. Tem uma histria colonial e resulta da manuteno de um simples e monotnico processo de criao

    de atividades cujos produtos destinavam-se ao mercado exterior, sendo visvel na regio at a dcada de 1960.

  • 36

    A centralidade econmica exercida por estes ncleos urbanos a partir da dcada

    de 1980 se concretiza mediante o exerccio da centralidade poltica. A centralidade poltica

    constituiu condio vital para a instalao de projetos econmicos nesta regio. No estado do

    Par, por exemplo, Trindade Jnior (2011) entende que esta centralidade se afirma mediante

    [...] a presena de grandes projetos econmicos ou de importantes atividades

    econmicas em expanso sob a sua rea de influncia e revelam uma relativizao

    do papel de Belm, uma das metrpoles regionais, frente s cidades mdias,

    especialmente Marab e Santarm, que definem novos papis no contexto da

    participao econmica da Amaznia oriental, e especialmente do Estado do Par.

    (TRINDADE JNIOR, 2011, p. 147).

    Desse modo, entende-se que h relaes de interdependncia entre a centralidade

    poltica e a econmica. Estas so mediadas pelos projetos econmicos difundidos nesta

    regio. A centralidade econmica se efetiva mediante as aes guiadas pelo Estado. por

    meio destas intervenes polticas que os empreendimentos econmicos recebem o devido

    aval para sua instalao nos distintos subespaos da Amaznia. tambm em face das

    centralidades poltico-econmicas que a regio atesta crescente processo de reestruturao.

    Diante da exposio dos interesses destacados realizao deste estudo, a tarefa

    seguinte pautou-se na apresentao dos objetivos propostos para esta investigao. So eles:

    Compreender aspectos essenciais da atual estrutura e dinmica da rede urbana

    Sulmaranhense e as suas relaes com a emergncia de centralidades econmicas na regio;

    Refletir sobre os elementos socioespaciais (histricos, econmicos, polticos,

    demogrficos) que condicionaram a efetiva formao da regio Sulmaranhense;

    Investigar as cidades que tem apresentado maior visibilidade no interior da

    regio investigada em relao aos aspectos econmicos e demogrficos;

    Entender por que a cidade de Imperatriz, situada no sudoeste do Estado do

    Maranho apontada desde a dcada de 1950 como a principal centralidade da regio;

    Analisar a natureza e os significados da emergncia e difuso de centralidades

    socioeconmicas no mbito dos principais ncleos urbanos da regio Sulmaranhense.

  • 37

    Os objetivos especficos apresentados constituram a trajetria escolhida pelo

    pesquisador para compreender a atual dinmica do sistema urbano Sulmaranhense. Vale

    ressaltar que este constituiu um caminho, ou seja, uma forma de apreenso da realidade

    urbano-regional Sulmaranhense, no suprimindo outras formas de olhar esta realidade.

    Estes objetivos ressaltados encontraram estreitas ligaes com a problemtica e

    com os instrumentos metodolgicos adotados neste estudo. A compreenso destes objetivos

    expostos encontrou susteno na adoo dos referidos instrumentos metodolgicos eleitos

    para esta investigao. Para tanto, enfatiza-se a seguir estruturao da tese que seguida da

    exposio dos aportes metodolgicos que nortearam a construo deste estudo.

    ESTRUTURAO DA TESE

    As ideias introdutrias desta tese enfatizam os instrumentos metodolgicos que

    serviram de suporte construo deste estudo. Trata-se da exposio das abordagens tericas,

    mtodos cientficos e tcnicas de pesquisa que foram teis a esta investigao. Expomos ainda

    os conceito-chave que aliceraram o debate proposto. No conjunto destes, destacaram-se:

    regio/regionalizao, centralidade urbano-regional e ordenamento do territrio.

    O segundo captulo desta tese aborda e analisa o processo de formao

    socioespacial8 da regio Sulmaranhense. Este debate considerou os condicionantes histricos,

    demogrficos, polticos e as estruturas produtivas desta regio. Trata-se de uma interpretao

    fundamentada no processo evolutivo das bases histricas da formao Sulmaranhense.

    Desse modo, esta leitura enfatiza aspectos essenciais da formao e evoluo

    histrica da regio de Pastos Bons, considerando a periodizao delimitada a partir da

    primeira metade do sculo XVIII estentendo-se at as primeiras dcadas do sculo XX. Esta

    leitura acompanhada de um exame dos elementos econmicos, polticos e culturais

    responsveis pelo processo histrico de produo do espao regional Sulmaranhense.

    8 Para uma compreenso mais aprofundada acerca do processo de formao socioespacial e as suas contribuies

    uma leitura do espao conveniente considerar as ideias fornecidas por Milton Santos (1977); (2004a); (2008).

  • 38

    O terceiro captulo enfatiza aspectos essenciais do processo de reestruturao

    urbano-regional amaznico e os seus reflexos no espao maranhense. Este debate questiona os

    significados das estratgias recentes de ocupao e povoamento difundidas na Amaznia e os

    seus desdobramentos no territrio maranhense. No bojo destas estratgias teve destaque: a

    colonizao pblica e privada das terras, a induo de fluxos migratrios, a formao do

    mercado de trabalho regional, a construo da rodovia Belm-Braslia e o recente processo de

    urbanizao difundido nas cidades da regio Sulmaranhense. Estas estratgias tiveram

    implicaes diretas na reestruturao da poro meridional do territrio maranhense,

    apresentando efeitos imediatos na reorganizao do sistema de cidades Sulmaranhense.

    A proposta delineada para o quarto captulo deste estudo centrou as suas atenes

    numa possibilidade de leitura e interpretao das centralidades socioeconmicas presentes na

    regio Sulmaranhense. Para tanto, foram eleitas trs espacialidades que em nossa opinio

    passaram a exercer expressivas funes socioeconmicas no cenrio maranhense a partir da

    dcada de 1980. Trata-se das cidades de Aailndia, Balsas e Imperatriz. Estes ncleos

    urbanos tm desenvolvido desde a dcada de 1980 significativas funes, denotando

    dinmicas peculiares no interior da regio Sulmaranhense. Assim sendo, este estudo busca

    reconhecer as funes socioeconmicas desenvolvidas por estes municpios no mbito da

    regio Sulmaranhense em face das centralidades econmicas que eles tm desenvolvido.

    A cidade de Aailndia, por exemplo, tendo sido desmembrada do municpio de

    Imperatriz no incio da dcada de 1980 conheceu notvel crescimento demogrfico e

    econmico a partir de ento em razo do desenvolvimento da atividade siderrgica.

    A cidade de Balsas, por sua vez, teve a sua dinmica socioeconmica e

    demogrfica transformada desde meados da dcada de 1970 em funo do desenvolvimento

    da atividade agrcola moderna, comandada pela produo de soja. A difuso da produo de

    gros motivou o crescimento econmico e demogrfico desta cidade a partir de ento.

  • 39

    No contexto das centralidades emergentes na regio Sulmaranhense vlido

    destacar ainda a forte participao socioeconmica assumida pela cidade de Imperatriz em

    face da difuso de mltiplas centralidades. Esta cidade se apresenta desde o incio da dcada

    de 1960 como o principal ncleo urbano desta regio quando se consideram os aspectos

    demogrficos e econmicos. Este fato se associa pujana do segmento tercirio, em razo do

    desenvolvimento da atividade comercial, os servios de sade e a educao superior.

    O quinto captulo deste estudo interpreta as expresses da centralidade urbano-

    regional exercida por Imperatriz no interior da rede urbana Sulmaranhense. Para entender os

    significados e a materialidade destas centralidades foi necessrio inicialmente ressaltar as

    particularidades da dinmica econmica desta cidade erigida a partir da dcada de 1980.

    Desse modo, buscou-se reconhecer os significados conferidos s diferentes atividades

    econmicas desenvolvidas em Imperatriz desde a dcada de 1980 at os dias atuais.

    Neste perodo recente, ou seja, a partir da dcada de 1980 a interpretao deste

    dinamismo se voltou a uma leitura da crescente participao do tercirio moderno em razo

    da consolidao do comrcio atacadista e varejista, a intensa participao dos servios

    pblicos e privados de sade e a recente consolidao da educao superior nesta cidade. Esta

    importncia da atividade comercial e dos servios pblicos e privados de sade e da educao

    superior tem se projetado inclusive para alm dos limites internos desta cidade, sendo

    irradiados para o extremo norte do Tocantins e para o sul/sudeste do Par.

    Inicialmente sero abordados aspectos essenciais dos aspectos metodolgicos que

    foram adotados neste estudo. Estas ideias esto dispostas no primeiro captulo desta tese que

    enfatiza os elementos metodolgicos que foram utilizados neste estudo. Destacamos nesse

    sentido, a abordagem, o mtodo e as tcnicas, ou seja, os pressupostos metodolgicos que

    foram utis ao desenvolvimento e execuo desta pesquisa.

  • 40

    1 PERCURSOS METODOLGICOS DO ESTUDO

    A histria da cincia, afinal de contas, no consiste simplesmente em fatos e concluses. Tambm contm ideias,

    interpretaes de fatos, problemas criados por interpretaes conflitantes, erros e assim por diante.

    (FEYERABEND, 2007).

    Estas ideias introdutrias enfatizam a trajetria metodolgica de construo deste

    estudo. Focaliza e expe a adoo dos instrumentos metodolgicos que foram teis a esta

    investigao. A metodologia adotada no suprime outras formas de apreenso das categorias

    eleitas para este estudo, a saber: a cidade e a regio. De acordo com a assertiva destacada por

    Feyerabend (2007) o fato de produzir conhecimentos por meio da atividade cientfica implica

    em reconhecer que somos passveis de erros e acertos. Os problemas que emergem da

    sociedade hodierna devem ser encarados como metas num processo de investigao, embora

    seja reconhecido que nossas respostas nem sempre caminhem na direo da verdade absoluta.

    A presente tese segue uma orientao metodolgica pautada na adoo de uma

    abordagem ou postura interdisciplinar. No advogado apenas Geografia, ou seja, ao

    conhecimento geogrfico o estatuto unvoco de interpretao da realidade urbana e regional.

    Entende-se que esta tarefa tem sido cada vez mais compartilhada por diferentes reas do

    conhecimento humano. A este respeito cumpre ressaltar as contribuies de Santos (2004a)

    [...] o princpio da interdisciplinaridade geral a todas as cincias. Toda cincia se

    desenvolve nas fronteiras de outras disciplinas e com elas se integram por meio de

    uma filosofia. A geografia, sociologia e economia so interpretaes complementares

    da realidade humana. [...] Uma interdisciplinaridade que no leva em conta a

    multiplicidade de aspectos com os quais se apresenta aos nossos olhos uma mesma

    realidade, poderia conduzir construo terica de uma totalidade cega e confusa,

    incapaz de permitir uma definio correta de suas partes, e isso agravaria ainda mais,

    o problema de sua prpria definio como realidade. (SANTOS, 2004a, p. 140).

    apoiado nesta perspectiva que buscamos desenvolver esta investigao. Atravs

    do dilogo mediado por distintas reas do conhecimento humano, especialmente, a geografia

    e as contribuies dadas pelo conhecimento histrico, sociolgico e pela economia que ser

    possvel obter resultados satisfatrios acerca da dinmica urbano-regional Sulmaranhense.

  • 41

    O dilogo interdisciplinar colocou-se como condio essencial no processo de

    construo de conhecimentos. Desse modo, importante reconhecer as categorias, ou seja,

    conceitos-chaves e demais instrumentos metodolgicos que auxiliaram na identificao e

    compreenso do objeto aqui investigado. Carlos Rodrigues Brando (2009) ao refletir sobre a

    pesquisa e as formas de produo do conhecimento no mundo contemporneo enfatiza

    [...] o horizonte mesmo da pesquisa solitria solidrio. o trabalho vivido em/ ou

    dirigido equipe, comunidade. E a vocao da pesquisa em equipe tende a

    realizar-se como alguma modalidade de um trabalho partilhvel, participativo e

    participante. Assim, podemos acreditar que o valor de uma investigao cientfica

    no est somente no envolvimento e nos compromissos acadmicos de seus

    realizadores. Ele est tambm no sentido de servio e de proveito dado ao processo

    do trabalho cientfico e aos seus produtos. (BRANDO, 2009, p. 17).

    O esprito solitrio e objetivo que tanto orientou os pesquisadores no decurso da

    produo de conhecimentos pela cincia moderna tem exigido desde 1950 a adoo de uma

    postura distinta pautada, sobretudo, no dilogo. Na atualidade produzir conhecimentos

    implica em partilhar angstias e estabelecer nexos com reas vizinhas do conhecimento.

    No entanto, h de se reconhecer que do ponto de vista prtico ainda h um fosso

    enorme que separa os pesquisadores e os seus distintos distritos do conhecimento. Esta

    segmentao do trabalho acadmico, to peculiar construo do conhecimento moderno,

    tem na atualidade transposto as fronteiras disciplinares. Nessa direo Hissa (2002) pondera

    A busca da preciso e da liberdade no so excludentes, como pode ser sugerido por

    referncias mais conservadoras. Imagina-se que o mtodo de investigao cientfica

    seja sistemtico o suficiente para a construo crtica a leitura das coisas e dos

    seres -, mais suficientemente livre para estimular o esprito criativo do sujeito. Desse

    modo, o pensamento criativo, entendido como o jogo da liberdade, que sob novas

    regras tem inventado novos roteiros, mais ldicos que melhor propiciam o

    desenvolvimento das potencialidades criativas -, limita-se diante dos planos de

    pesquisa mais rigorosos. (HISSA, 2002, p. 162).

    Afirmou-se antes que a postura metodolgica aqui trabalhada pauta as suas

    preocupaes no olhar e numa prxis de construo do conhecimento de modo compartilhado.

    A metodologia adotada neste estudo mesmo seguindo convenes e normas objetivas no

    privada do exerccio do dilogo com as outras formas de edificao do saber.

  • 42

    Ao considerar esta postura metodolgica no processo de investigao da realidade

    urbano-regional Sulmaranhense, enfatiza-se a necessidade de conduzir este estudo pautando

    estas reflexes numa abordagem interdisciplinar. Brando (2009) nessa direo afirma

    A geografia abre janelas e escancara portas, e conclama s suas vizinhas que

    derrubem tambm as suas cercas como os homens e as mulheres do trabalho com a

    terra gritam aos senhores dos negcios com a terra -, que abram as suas portas e que

    venham, baixados os seus muros acadmicos e as suas armas cientficas, dialogar em

    grandes praas de palavras, de ideias e de teorias (slidas o bastante para, em algum

    tempo, desmancharem-se no ar). Terras de todas as cincias e de nenhuma, para

    poderem ser a parte original de cada uma, depois de haverem aprendido e se

    haverem impregnado do que sempre lhes pareceu interdito, porque no eram,

    justamente, da minha rea. (BRANDO, 2009, p. 15).

    As ideias expostas por Brando (2009) enfatizam com propriedade a importncia

    de se trabalhar numa perspectiva de anlise interdisciplinar. Dito isto, apresentam-se a seguir

    os principais instrumentos metodolgicos que nortearam construo desta tese.

    1.1 Aportes metodolgicos do estudo: abordagens e mtodos cientficos

    Os estudos de natureza cientfica devem pautar as suas preocupaes na adoo de

    instrumentos metodolgicos condizentes com a problemtica e os objetivos propostos. O uso

    de abordagens tericas, mtodos cientficos e tcnicas de pesquisa devem estar em harmonia

    com a problemtica e finalidades eleitas pelo pesquisador em sua investigao. Acerca destes

    cuidados no processo de construo da pesquisa, Bourdieu (2004) adverte

    A pesquisa uma coisa demasiado sria e demasiado difcil para se poder tomar a

    liberdade de confundir a rigidez, que o contrrio da inteligncia e da inveno,

    com o rigor, e se ficar privado deste ou daquele recurso entre os vrios que podem

    ser oferecidos pelo conjunto das tradies intelectuais da disciplina e das

    disciplinas vizinhas: etnologia, economia, histria. Apetecia-me dizer: proibido

    proibir ou livrai-nos dos ces de guarda metodolgicos. (BOURDIEU, 2004, p. 16).

    O rigor e a objetividade so entendidos como elementos fundamentais nas

    distintas fases de construo do conhecimento. Porm, de nada adianta levar a cabo estes

    critrios sem o olhar sensvel e criativo do pesquisador. A subjetividade deve constituir uma

    forte aliada da objetividade. Esta articulao pea-chave na prxis do pesquisador.

  • 43

    Hissa (2002) nessa perspectiva enfatiza

    A liberdade uma das condicionantes do processo criativo e est, assim, associada

    natureza e qualidade da criao. Do mesmo modo, refere-se autonomia e

    maturidade com que so manipuladas as metodologias e tcnicas (elas, tambm,

    constituem um produto do mtodo livre de investigao) disponveis para o processo

    criativo, nas artes e na cincia. (HISSA, 2002, p. 139).

    O rigor metodolgico constitui um caminho indispensvel descoberta do novo

    no mundo do saber. No entanto, o paradigma da objetividade tem cedido espao nesta fase

    recente de produo de conhecimentos pela cincia para a liberdade. Liberdade que velada.

    A construo de conhecimentos no se faz de maneira despretensiosa. Segue normas,

    protolocos e convenes metodolgicas de acordo com cada rea do conhecimento. Ao

    considerar estes elementos no processo de edificao desta tese, ressaltam-se inicialmente os

    instrumentos metodolgicos que iluminaram a construo deste estudo. Segundo Gil (2008)

    Para que um conhecimento possa ser considerado cientfico, torna-se necessrio

    identificar as operaes mentais e tcnicas que possibilitam a sua verificao. Ou,

    em outras palavras, necessrio determinar o mtodo que possibilitou chegar a esse

    conhecimento. Pode-se definir mtodo como um caminho para se chegar a

    determinado fim. E o mtodo cientfico como o conjunto de procedimentos

    intelectuais e tcnicos adotados para se atingir o conhecimento. (GIL, 2008, p. 27).

    Nas cincias humanas como lembra Hissa (2002, p. 159), o mtodo diz respeito,

    as concepes amplas de interpretao do mundo, de objetos e de seres, referentes s

    posturas filosfica, lgica, ideolgica e poltica que fundamentam a cincia e os cientistas.

    Sobre a importncia do mtodo cientfico numa investigao, Oliveira (1998) enfatiza

    O mtodo assinala, portanto, um percurso escolhido entre outros possveis. [...] O

    mtodo no representa to somente um caminho qualquer entre outros, mais um

    caminho seguro, uma via de acesso que permite interpretar com a maior coerncia e

    correo possveis as questes sociais propostas num dado estudo, dentro da

    perspectiva abraada pelo pesquisador. (OLIVEIRA, 1998, p. 17).

    O importante para o pesquisador neste trajeto de construo da sua pesquisa

    encontrar os caminhos mais seguros e confiveis de modo que possa obter com o maior xito

    possvel as respostas teis e satisfatrias aos questionamentos propostos investigao.

  • 44

    Com relao ao mtodo cientfico utilizado nesta investigao ressalta-se a adoo

    do mtodo dialtico. Neste estudo trabalha-se com aspectos de uma frao da realidade social

    que dinmica e se constri mediante s intervenes de distintos sujeitos com interesses

    divergentes. A respeito do mtodo dialtico, Kosik (2010) afirma que a dialtica um

    [...] mtodo revolucionrio de transformao da realidade. Para que o mundo possa

    ser explicado criticamente, cumpre que a explicao mesma se coloque no terreno

    da prxis revolucionria. [...] a realidade pode ser mudada de modo revolucionrio

    na medida em que ns mesmos produzimos esta realidade, e na medida em que

    saibamos que a realidade produzida por ns. (KOSIK, 2010, p. 22).

    A realidade urbano-regional aqui estudada parte constituinte da realidade social,

    por isso, a dinmica das cidades investigadas (Aailndia, Balsas e Imperatriz) est sujeita

    constantes transformaes. Este fato explicado em razo desta realidade acompanhar de

    perto as mudanas operadas pela sociedade. A este respeito Santos (2008) comenta

    Consideramos o espao como uma instncia da sociedade, ao mesmo ttulo que a

    instncia econmica e a instncia cultural-ideolgica. Isto significa que, como

    instncia, ele contm e contido pelas demais instncias, assim como cada uma

    delas o contm e por ele contida. [...] Nesse caso, o espao no pode ser apenas

    formado pelas coisas, os objetos geogrficos, naturais e artificiais, cujo conjunto nos

    d a natureza. O espao tudo isso, mais a sociedade: cada frao da natureza abriga

    uma frao da sociedade atual. (SANTOS, 2008, p. 12).

    Desse modo, a dinmica socioespacial eleita para esta investigao considera o

    carter dialtico e dinmico que move o sistema urbano Sulmaranhense. Esta postura

    metodolgica se concretiza mediante o uso da abordagem marxista. Sobre as influncias da

    abordagem marxista nos estudos geogrficos Mendonza; Jimenz e Cantero (1982) afirmam

    [...] Las perspectivas crticas radicales en geografia se insertan en un movimiento de

    conjunto que nace y se alimenta de unas situaciones polticas y sociales muy

    concretas, dolorosamente sentidas en ciertos medios universitarios y que unos y

    otros coinciden en identificar com ele revulsivo que dio al traste com su buena

    consciencia profesional. Obviamente, se trata en Estados Unidos, sobre todo, por

    una parte del largo movimiento en favor de los derechos civiles, com sus mltiples

    episodios trgicos y el descobrimiento por parte de muchos intelectuales de las

    bolsas de miseria en el pas de la opulencia. [...] En Europa, se plantea el final de la

    etapa de bienestar caracterstica de las dos dcadas consecutivas a la Segunda

    Guerra Mundial, el recrudecimiento de los conflitos sociales, la gran crisis

    universitaria de mayo del 68, las primeras tomas de consciencia de la crisis

    ecolgica. (MENDONZA; JIMENZ; CANTERO, 1982, p. 135).

  • 45

    Os movimentos sociais conduzidos pelas correntes radicais e influenciados pelo

    marxismo se expandiram a partir da dcada de 1960 por todos os continentes expondo a

    necessidade de uma anlise crtica acerca das formas desiguais do processo de produo do

    espao em face da intensificao das desigualdades sociais presentes no mundo.

    A postura destes estudiosos estava baseada na compreenso dos distintos aspectos

    que envolvia ordem espacial vigente, caracterizada por intensas desigualdades. Neil Smith

    (1988) lembra que atravs de Henri Lefebvre que se fomenta uma interpretao mais

    consistente sobre o processo de produo do espao segundo a perspectiva marxista.

    A ideia da produo do espao no nova. [...] O enfoque de Lefebvre visa menos

    ao processo de produo e mais reproduo das relaes sociais de produo que,

    constitui o processo central e oculto da sociedade capitalista. A produo das

    relaes sociais de produo no ocorre somente na fbrica, nem tampouco numa

    sociedade como um todo, o espao como um todo tornou-se o lugar em que a

    reproduo das relaes de produo se localiza. As relaes espaciais so geradas

    localmente, mas tornam-se dialetizadas atravs da atividade humana sobre o espao.

    este espao dialetizado e de conflitos que produz a reproduo, introduzindo nele

    as suas mltiplas contradies. (SMITH, 1988, p. 139).

    As relaes sociais de produo que Lefebvre enfatiza se edificam numa base

    material que construda por distintos sujeitos com interesses convergentes e divergentes.

    Este espao se constri mediante um movimento que em sua essncia dialtico. Nessa

    direo Lefebvre (2008, p. 76) salienta, utilizando da dialtica que os pesquisadores

    confrontam as opinies, pontos de vista, diferentes aspectos do problema, as oposies e

    contradies e tentam elevar-se a um ponto de vista mais amplo, mais compreensivo.

    A apreenso deste movimento adquire sentido em face das aes sociais presentes

    no espao. Estas aes nem sempre se manifestam a um mesmo horizonte. Este fato decorre

    dos interesses capitalistas se edificarem de modo divergente no espao. Para Santos (2008)

    O espao constitui uma realidade objetiva, um produto social em permanente

    processo de transformao. O espao impe a sua prpria realidade, por isso a

    sociedade no pode operar fora dela. Para estudar o espao, cumpre apreender sua

    relao com a sociedade, pois esta que dita a compreenso dos efeitos de processos

    (tempo e mudana) e especifica as noes de forma, funo e estrutura, el