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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS EFEITOS DA DIETA HIPERSÓDICA DURANTE O PERÍODO PÓS- NATAL SOBRE A INGESTÃO INDUZIDA DE ÁGUA E SÓDIO NA FASE ADULTA ARYANNE BATISTA SOARES DE MELO GOIÂNIA-GO 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

EFEITOS DA DIETA HIPERSÓDICA DURANTE O PERÍODO PÓS-NATAL SOBRE A INGESTÃO INDUZIDA DE ÁGUA E SÓDIO NA

FASE ADULTA

ARYANNE BATISTA SOARES DE MELO

GOIÂNIA-GO 2016

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ARYANNE BATISTA SOARES DE MELO

EFEITOS DA DIETA HIPERSÓDICA DURANTE O PERÍODO PÓS-NATAL SOBRE A INGESTÃO INDUZIDA DE ÁGUA E SÓDIO NA

FASE ADULTA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Biológicas do Instituto

de Ciências Biológicas da Universidade

Federal de Goiás, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Ciências

Biológicas.

Área de Concentração: Farmacologia e

Fisiologia

Orientador: Prof. Dr. André Henrique Freiria-

Oliveira

Co-orientador: Prof. Dr. Gustavo Rodrigues

Pedrino

GOIÂNIA-GO

2016

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ARYANNE BATISTA SOARES DE MELO

EFEITOS DA DIETA HIPERSÓDICA DURANTE O PERÍODO PÓS-NATAL SOBRE A INGESTÃO INDUZIDA DE ÁGUA E SÓDIO NA

FASE ADULTA

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof. Dr. André Henrique Freiria-Oliveira Universidade Federal de Goiás

_____________________________________________

Prof. Dr. Carlos Henrique de Castro Universidade Federal de Goiás

_____________________________________________

Profa. Dra. Elizabeth Pereira Mendes Universidade Federal de Goiás

Aprovada em: ____/____/_______

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1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de embargo.

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E

DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ X ] Dissertação [ ] Tese 2. Identificação da Tese ou Dissertação

Autor (a): Aryanne Batista Soares de Melo

E-mail: [email protected]

Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ X ] Sim [ ] Não

Vínculo empregatício do autor

Agência de fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Sigla: Capes

País: Brasil UF: GO CNPJ: 00889834/0001-08

Título: Efeitos da dieta hipersódica durante o período pós-natal sobre a ingestão induzida de água e sódio na fase adulta

Palavras-chave: Desidratação celular e extracelular, pressão arterial, sede e apetite ao sódio.

Título em outra língua: Effects of high salt diet during the postnatal period on the induced intake of water and sodium in adulthood

Palavras-chave em outra língua: Cellular and extracelular dehydration, arterial pressure, thirst, sodium apettite.

Área de concentração: Fisiologia e Farmacologia

Data defesa: (dd/mm/aaaa) 18/03/2016

Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas

Orientador (a): André Henrique Freiria-Oliveira

E-mail: [email protected]

Co-orientador (a):* Gustavo Rodrigues Pedrino

E-mail: [email protected] *Necessita do CPF quando não constar no SisPG

3. Informações de acesso ao documento: Concorda com a liberação total do documento [ ] SIM [ X ] NÃO1

Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação.

O sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat.

________________________________________ Data: ____ / ____ / _____ Assinatura do (a) autor (a)

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“O saber a gente aprende com os mestres e com os livros.

A sabedoria se aprende com a vida e com os humildes.”

(Cora Coralina)

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Dedicatória

A minha mãe Rejane, pela educação e incentivo para seguir em frente com todos os

meus sonhos. Por sempre torcer muito pela minha vitória e estar do meu lado nos

momentos alegres e tristes de minha vida. Por ficar orgulhosa com tudo que eu faço.

A minha irmã Aryadne e ao meu cunhado Eduardo, que sempre me apoiam nas

minhas decisões. Pelo carinho e apoio que me fornecem quando preciso. Por estarem

ao meu lado sempre com o amor e sem medir esforços para me ajudar.

Ao meu pai Rubens, que mesmo estando longe sempre torceu muito pelas minhas

conquistas e me auxiliou muito com meus estudos.

Ao meu namorado Mayon, que me acompanha há algum tempo e sempre esteve do

meu lado em todas minhas decisões me dando muito apoio. Pelo carinho e dedicação

que me proporciona.

A minha avó Ivone que do céu me protege, sendo meu anjo da guarda. Ao meu avô

Maurício por ser tão coruja que tudo que faço é motivo de orgulho, e sempre torcendo

muito para que meus sonhos sejam realizados.

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Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus por ter me proporcionado a vida, e por guiar meus

caminhos, me dando sempre sabedoria para caminhar seguindo meus princípios e

valores.

A FAPEG/CAPES, pela bolsa de estudos a mim ofertada, o que possibilitou a

dedicação exclusiva ao mestrado, assim como o financiamento do laboratório

juntamente com o CNPq.

Ao meu orientador André Henrique Freiria-Oliveira, pela confiança, paciência e

amizade. Pelos aprendizados e ensinamentos passados. Pelo ensinamento de

técnicas cirúrgicas, por “brigar” sempre que necessário, tentar me manter calma

mesmo quando estou desesperada. Por ser um ótimo orientador do qual tenho muito

orgulho de ser aluna, alguém que me espelho para um futuro.

À Graziela Blanch, por ter ajudado sempre quando foi preciso com muita disposição,

pelos ensinamentos transmitidos, pela amizade e carinho.

À todos os alunos do CPNFC, em especial Aline, Elaine, Nathalia, Lara, Izabella,

Stefanne, Laíla, Paulo por terem me acolhido no laboratório, pela amizade,

companheirismo, pelos ensinamentos que cada um me passou e ainda passa, pela

paciência, pelos almoços, pelas ajudas com os experimentos que foram muito

importantes, pelos congressos, pelos bolos de aniversários, agradeço por tudo. Em

especial à Marina que mesmo com sua pouca paciência me ensinou bastante, puxou

e puxa minha orelha sempre que foi preciso muito, me mostrando sempre como deve

ser feito. Aos mais recentes integrantes do laboratório Karla, Keila e Isis por fazerem

parte deste incrível grupo.

Às meninas do LCCPE, Láiza, Ludmila, Thaís, Jade e a mais nova integrante Kássia

pela ajuda em todos os momentos, pela amizade, por torcerem tanto por mim. Por

realmente formarem uma equipe e trabalhar como tal, fazendo algo pelo outro sem

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pensar em troca. Saber que sempre vou pode contar com vocês do mesmo jeito que

também sempre estarei disponível para o que for preciso.

Aos professores Daniel e Gustavo, por estarem sempre dispostos a ajudar qualquer

integrante do laboratório. Pelos conhecimentos transmitidos durante os seminários,

que são muito importantes para nossa formação.

À Karina, Poliana e Paula por serem minhas amigas pro resto da vida, por estarem do

meu lado desde a graduação, continuando juntas nessa etapa de pós-graduação e

espero que pelo resto da vida. Pelas ajudas no laboratório, pelos conselhos, por

aguentarem meus desabafos, por torcerem pelas minhas conquistas. Por se tornarem

cada vez mais especiais em minha vida.

Ao Allancer por me ajudar sempre em tudo quando recorro a ele, pelos conselhos e

ensinamentos. Pela amizade e carinho que me proporcionou. Por se preocupar

comigo sempre, com muito carinho.

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................... x

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... xi

RESUMO .............................................................................................................. xiv

ABSTRACT ........................................................................................................... xvi

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 18

1.1. Alterações do Equilíbrio Hídrico ................................................................... 18

1.1.1. Desidratação.......................................................................................... 18

1.1.1.1. Desidratação intracelular................................................................. 19

1.1.1.2. Desidratação extracelular................................................................ 20

1.1.2. Super-hidratação ................................................................................... 20

1.2. Alterações do Equilíbrio Hidroeletrolítico ...................................................... 20

1.2.1. Hiponatremia ......................................................................................... 20

1.2.2. Hipernatremia ........................................................................................ 20

1.3. Controle Endócrino do Equilíbrio Hidroeletrolítico ........................................ 21

1.3.1. Vasopressina (VP) ................................................................................. 21

1.3.2. Sistema Renina Angiotensina-Aldosterona (SRAA) .............................. 22

1.3.3. Ocitocina e Peptídeo Natriurético Atrial ................................................. 24

1.4. Mecanismos Centrais envolvidos no equilíbrio hidroeletrolítico ................... 24

1.5. Consumo excessivo de sódio e doenças cardiovasculares ......................... 26

1.6. Dados experimentais e dietas hipersódica ................................................... 27

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 29

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 30

3.1. Animais ........................................................................................................ 30

3.2. Sobrecarga de Sódio na Fase Pós-natal ...................................................... 30

3.3. Pletismografia de Cauda .............................................................................. 30

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3.4. Protocolos de Ingestão Induzida .................................................................. 31

3.4.1. Furosemida (FURO) associada ao Captopril (CAP) .............................. 31

3.4.2. Isoproterenol .......................................................................................... 32

3.4.3. Depleção de sódio ................................................................................. 32

3.4.4. Sobrecarga intragástrica de salina hipertônica 2 M (Gavagem) ............ 33

3.4.5. Privação Hídrica por 24 horas ............................................................... 34

3.5. Dosagem de Sódio na Urina ........................................................................ 35

3.6. Análise Estatística ........................................................................................ 35

4. RESULTADOS................................................................................................... 36

4.1. Sobrecarga de Sódio na Fase Pós-natal ...................................................... 36

4.2. Plestimografia de Cauda .............................................................................. 40

4.3. Protocolos de Ingestão Induzida .................................................................. 41

4.3.1. Furosemida (FURO) associada ao Captopril (CAP) .............................. 41

4.3.2. Isoproterenol .......................................................................................... 43

4.3.3. Depleção de sódio ................................................................................. 44

4.3.4. Gavagem ............................................................................................... 46

4.3.5. Privação Hídrica por 24 horas ............................................................... 47

5. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 50

6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 55

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 56

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x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACTH - hormônio adrenocorticotrófico

AVC – acidente vascular cerebral

ADH - hormônio antidiurético

Ang I - angiotensina I

Ang II - angiotensina II

ANP - peptídeo natriurético atrial

ASR - atividade nervosa simpática renal

AV3V - região anteroventral do terceiro ventrículo

Cl- - cloro

CAP - captopril

CVR - condutância vascular renal

ECA - enzima conversora da angiotensina

FC - frequência cardíaca

FSR – fluxo sanguíneo renal

FURO - furosemida

ISO - isoproterenol

K+ - potássio

LEC - líquido extracelular

LIC - líquido intracelular

MIN - minutos

Mg2+ - magnésio

Na+ - sódio

OT - ocitocina

OVLT - órgão vasculoso da lâmina terminal

PA - pressão arterial

PAM - pressão arterial média

PAS - pressão arterial sistólica

SFO - órgão subfornicial

SNC - sistema nervoso central

SRAA - sistema renina-angiotensina-aldosterona

VP - vasopressina

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Ilustração demonstrando os mecanismos desenvolvidos durante uma

desidratação intracelular e extracelular. Adaptada de Thorton et al (3). .................. 19

Figura 2. Iustração esquemática do Sistema Renina-Angiotensia-Aldosterona. ...... 23

Figura 3. Protocolo FURO + CAP. ............................................................................ 31

Figura 4. Protocolo do isoproterenol. ........................................................................ 32

Figura 5. Protocolo de depleção de sódio. ............................................................... 33

Figura 6. Protocolo de gavagem. .............................................................................. 34

Figura 7. Protocolo de privação hídrica por 24 horas. .............................................. 35

Figura 8. Ingestão diária de fluídos durante o tratamento e recuperação. Os dados

foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05

quando comparados aos animais controle. ............................................................... 37

Figura 9. Ingestão diária de ração durante o tratamento e recuperação. Os dados

foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05

quando comparados aos animais controle. ............................................................... 37

Figura 10. Ganho de peso corporal durante o tratamento e recuperação. Os dados

foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05

quando comparados aos animais controle. ............................................................... 38

Figura 11. Volume urinário durante o tratamento e recuperação. Os dados foram

expressos em média ± EPM e analisados por One Way ANOVA, seguido pelo pós-

teste de Bonferroni. *p<0,05 quando comparados aos animais controle. ................. 39

Figura 12. Concentração de Na+ na urina dos animais durante o tratamento e

recuperação. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados por One Way

ANOVA seguido pelo pós-teste de Bonferroni. *p<0,05 quando comparados aos

animais controle. ....................................................................................................... 39

Figura 13. Ingestão de água (A) e NaCl 0,3 M no período de ambientação por 5 dias.

Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA.

*p<0,05 quando comparados aos animais controle................................................... 40

Figura 14. PAS e FC dos animais ao final do período da recuperação. Os dados foram

expressos em média ± EPM e analisados pelo teste t não pareado. *p<0,05 quando

comparados aos animais controle. ............................................................................ 41

Figura 15. Ingestão cumulativa de água (A) e de NaCl 0,3 M (B) em relação ao tempo,

após administração de FURO + CAP. Os dados foram expressos em média ± EPM e

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xii

analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparado aos animais controle +

FURO-CAP. #p<0,05 quando comparado com os grupos salina. ............................. 42

Figura 16. Volume urinário (A) após uma hora da administração de FURO+CAP ou

salina e concentração de Na+ na urina (B). Os dados foram expressos em média ±

EPM e analisados por One Way ANOVA seguido pelo pós-teste de Bonferroni....... 42

Figura 17. Ingestão cumulativa de água (A) e de NaCl 0,3 M (B) em relação ao tempo,

após administração do ISO. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados

por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparado aos animais controle +

isoproterenol. #p<0,05 quando comparado com os grupos salina. ........................... 43

Figura 18. Volume urinário após uma hora da administração do ISO ou salina. Os

dados foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA. ....... 44

Figura 19. Ingestão cumulativa de água (A) e de NaCl 0,3 M (B) em relação ao tempo,

após a depleção de sódio. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados

por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparado aos animais controle + furosemida.

#p<0,05 quando comparado com os grupos salina. .................................................. 45

Figura 20. Ingestão de água por 24 horas (A) durante a depleção de sódio e volume

urinário (B) após as 24 horas. Os dados foram expressos em média ± EPM e

analisados por Two Way ANOVA. ............................................................................. 45

Figura 21. Ingestão cumulativa de água (A) e de NaCl 0,3 M (B) em relação ao tempo,

após sobrecarga de NaCl 2 M intragástrico. Os dados foram expressos em média ±

EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparado aos animais

controle + NaCl 2 M. #p<0,05 quando comparado com os grupos NaCl 0,15 M. ...... 46

Figura 22. Volume urinário após uma hora da sobrecarga de NaCl 2 M e de NaCl 0,15

M intragástrico. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados por One

Way ANOVA seguido pelo pós-teste de Bonferroni. ................................................. 47

Figura 23. Ingestão cumulativa de água pelo tempo, caracterizando o período de

reidratação após privação hídrica de 24 horas. Os dados foram expressos em média

± EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparado aos animais

controle privado de água. #p<0,05 quando comparado com os grupos hidratados. . 48

Figura 24. Ingestão cumulativa de água (A) e de NaCl 0,3 M (B) em relação ao tempo,

após o período de reidratação. Os dados foram expressos em média ± EPM e

analisados por Two Way ANOVA. ............................................................................. 49

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xiii

Figura 25. Volume urinário (A) e concentração de Na+ (B) após 24 horas da privação

hídrica. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados pelo teste t não

pareado. .................................................................................................................... 49

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xiv

RESUMO

Alguns estudos sugerem que doenças desenvolvidas na fase adulta estão

relacionadas com determinadas condições a que o indivíduo foi exposto nos estágios

iniciais de vida. Estudos no nosso laboratório demonstraram que animais na fase pós-

natal que receberam uma dieta hipersódica desenvolvem aumento na PA na fase

adulta. Porém, nenhum estudo foi realizado sobre o comportamento de ingestão de

água e sódio com animais na fase pós-natal submetidos a uma dieta rica em sódio. O

objetivo deste trabalho foi identificar se o aumento da ingestão de sódio na fase pós-

natal foi capaz de alterar a sensibilidade ao sódio e a ingestão induzida de sódio e

água na fase adulta. Foram utilizados ratos Wistar com 21 dias de vida divididos em

dois grupos: grupo controle, mantidos com água e ração e grupo experimental,

mantidos com NaCl 0,3 M e ração por 60 dias (período de tratamento). Após 60 dias,

os animais de ambos os grupos foram mantidos com água e ração por 15 dias (período

de recuperação). Posteriormente, tiveram a oferta de água, NaCl 0,3 M e ração por 5

dias (período de ambientação). No período do tratamento observamos que os animais

experimentais ingerem uma maior quantidade de fluído diário em comparação ao

controle nesse período (EXP: 84,3 ± 3,9 vs. Controle: 33,0 ± 1,6 ml; p<0,05). Na

recuperação não houve diferença na ingestão diária de água (EXP: 35,2 ± 1,9 vs.

Controle: 38,7 ± 2,0 ml). No período de ambientação não houve diferença na ingestão

diária de água (EXP: 32,2 ± 1,8 vs. Controle: 30,4 ± 3,4 ml), e na ingestão de NaCl 0,3

M observamos que os animais experimentais ingerem menos que o controle (EXP:

4,1 ± 1,0 vs. Controle: 14,2 ± 3,0 ml; p<0,05). Foi realizado pletismografia de cauda

nestes animais aonde verificamos um aumento na PAS (EXP: 159,9 ± 5,2 vs. Controle:

149,7 ± 3,2 mmHg; p<0,05) e FC (EXP: 412,9 ± 7,7 vs. Controle: 375,7 ± 12,9 bpm;

p<0,05) dos animais experimentais. Protocolos de desidratação foram realizados para

avaliar o comportamento ingestivo destes animais. No protocolo de injeção

subcutânea do diurético furosemida associado com o inibidor da enzima conversora

de angiotensina, captopril os animais experimentais ingeriram mais água (EXP: 10,4

± 1,1 vs. Controle: 9,3 ± 1,3 ml/90 min; p<0,05) e tiveram um atraso na ingestão de

sódio (EXP: 2,3 ± 0,7 vs. Controle: 3,5 ± 1,0 ml/30 min; p<0,05). A administração

subcutânea de isoproterenol causou nos animais experimentais uma inibição da

ingestão de sódio (EXP: 0,1 ± 0,1 vs. Controle: 1,5 ± 0,6 m l/120 min; p<0,05). A

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xv

depleção de sódio induzida por uma injeção de furosemida e o acesso a uma dieta

pobre em sódio por 24 horas também causou um atraso na ingestão de sódio nos

animais experimentais (EXP: 4,5 ± 1,3 vs. Controle: 7,3 ± 2,7 ml/60 min; p<0,05). A

sobrecarga intragástrica de NaCl 2 M nos animais experimentais causou uma redução

na ingestão de sódio (EXP: 0,7 ± 0,4 vs. Controle: 1,9 ± 0,6 ml/120 min; p<0,05). Já a

privação hídrica de 24 horas observamos uma potencialização no aumento da

ingestão de água durante o período de reidratação (EXP: 15,4 ± 0,8 vs. Controle: 11,2

± 1,0 ml/120 min; p<0,05). Com isso, os nossos resultados demonstraram uma

alteração no apetite ao sódio dos animais submetidos a sobrecarga de sódio na fase

pós-natal e que desenvolvem um aumento na PA na fase adulta. Sugerindo assim,

que nestes animais esteja ocorrendo possíveis alterações em regiões do SNC que

são responsáveis pelos mecanismos de controle da sede e apetite ao sódio.

Palavras-chave: desidratação celular e extracelular, pressão arterial, sede, apetite ao

sódio.

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xvi

ABSTRACT

Some studies suggest that developed in adulthood diseases are related to certain

conditions to which the individual was exposed in the early stages of life. Studies in

our laboratory have shown that animals in the postnatal period who received a high

salt diet develop increased blood pressure in adulthood. However, no study has been

conducted on the water and sodium intake behavior in animals postnatal period subject

to a diet rich in sodium. The objective of this study was to identify whether the increased

sodium intake in postnatal phase was able to change the sensitivity to sodium and

induced intake of sodium and water in adulthood. Wistar rats with 21 days divided into

two groups: control group, maintained with water and feed and experimental group

maintained with 0.3 M NaCl and food for 60 days (treatment period). After 60 days, the

animals of both groups were kept with water and food for 15 days (the recovery period).

Later, they had the supply of water, 0.3 M NaCl and food for 5 days (setting period).

The period of treatment was observed that the experimental animals ingest greater

amounts of fluid daily compared to the control in this period (EXP: 84.3 ± 3.9 vs. control:

33.0 ± 1.6 ml; p<0.05). Recovery no difference in daily water intake (EXP: 35.2 ± 1.9

vs. control: 38.7 ± 2.0 ml). In setting period there was no difference in daily water intake

(EXP: 32.2 ± 1.8 vs. control: 30.4 ± 3.4 ml) and 0.3 M NaCl intake observed that the

experimental animals eat less than the control (EXP: 4.1 ± 1.0 vs. control: 14.2 ± 3.0

ml; p<0.05). Tail plethysmography was performed on these animals where we find an

increase in SBP (EXP 159.9 ± 5.2 vs. control: 149.7 ± 3.2 mmHg; p<0.05) and HR

(EXP 412.9 ± 7.7 vs. control: 375.7 ± 12.9 bpm; p<0.05) of experimental animals.

dehydration protocols were performed to evaluate the feeding behavior of these

animals. In subcutaneous injection protocol associated with the diuretic furosemide

inhibitor of angiotensin converting enzyme, captopril experimental animals ingest more

water (EXP: 10.4 ± 1.1 vs. control: 9.3 ± 1.3 ml / 90 min; p<0.05) and had a delay in

sodium intake (EXP: 2.3 ± 0.7 vs. control: 3.5 ± 1.0 ml / 30 min, p<0.05). Subcutaneous

administration of isoproterenol caused an inhibition in experimental animals and

sodium intake (EXP: 0.1 ± 0.1 vs. control: 1.5 ± 0.6 m l / 120 min; p<0.05). The sodium

depletion induced by an injection of furosemide and access to a low-sodium diet for 24

hours also caused a delay in sodium intake in experimental animals (EXP: 4.5 ± 1.3

vs. control: 7.3 ± 2.7 ml / 60 min, p<0.05). The intragastric overload 2 M NaCl in

experimental animals caused a reduction of sodium intake (EXP: 0.7 ± 0.4 vs. control:

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xvii

1.9 ± 0.6 ml / 120 min; p<0.05). Since the 24-hour water deprivation observed a

potentiation of the increase in water intake during the rehydration period (EXP: 15.4 ±

0.8 vs. control: 11.2 ± 1.0 ml / 120 min; p<0,05). Thus, our results demonstrated a

change in sodium appetite of animals subjected to sodium overload in the postnatal

period and develop an increase in BP in adulthood. Thus suggesting that these animals

is occurring possible changes in the CNS regions that are responsible for the control

mechanisms of thirst and sodium appetite.

Keywords: cellular and extracellular dehydration, arterial pressure, thirst, sodium

apettite.

.

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18

1. INTRODUÇÃO A água é o elemento mais abundante no corpo e sua quantidade varia de 40 a

75% do peso corporal. A água total do organismo está dividida em dois

compartimentos: no líquido intracelular (LIC) que corresponde à 2/3 e o líquido

extracelular (LEC), que corresponde aos 1/3 restantes.

O LIC e o LEC são formados tanto por líquidos quanto por eletrólitos. O principal

cátion do LEC é o sódio (Na+) e os ânions que contrabalançam são o cloro (Cl-) e o

bicarbonato. Os principais cátions do LIC são o potássio (K+) e o magnésio (Mg²+) e

os ânions são as proteínas e fosfatos orgânicos. A manutenção destes eletrólitos em

ambos os compartimentos é denominado homeostasia que significa o equilíbrio do

meio interno [(1), revisado em (49)].

Para manter-se vivo o corpo necessita de um equilíbrio entre as concentrações

de água e sais minerais. O sistema nervoso central controla a ingestão e os rins são

responsáveis pela excreção ou reabsorção dessas substâncias para manter a

homeostase dos fluídos e eletrólitos através da regulação renal. O controle da

ingestão de água e sódio é necessário para a manutenção de um volume de sangue

suficiente para realizar a perfusão tecidual (2).

A ingestão normal de alimentos proporciona ao organismo a entrada adequada

de água e nutrientes. A proporção da água, como componente dos alimentos sólidos,

varia entre 50 e 90%. O sódio é ingerido sob a forma de sal, como condimento e, em

proporções diversas de diferentes alimentos (2).

A sede e o apetite ao sódio refletem a alguma possível alteração no meio

interno ou no meio externo, e controlam a entrada por via oral da quantidade adequada

de água e sais. Em diversas patologias, em que a consciência dessa necessidade

esteja prejudicada, a administração de água e eletrólitos deve ser feita por via venosa

e deve visar o equilíbrio entre os LIC e LEC.

1.1. Alterações do Equilíbrio Hídrico

1.1.1. Desidratação A desidratação acontece pela deficiência de entradas e/ou excesso de perdas

de água. As causas mais frequentes de desidratação são: falta de ingestão ou perdas

de um grande volume de água, como poliúria, diarreia, vômitos, sudoreses, entre

outros. A desidratação pode acontecer tanto no compartimento intra quanto no

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extracelular, desencadeando assim algumas reações visando a hidratação (3) (Figura

1).

Figura 1. Ilustração demonstrando os mecanismos desenvolvidos durante uma

desidratação intracelular e extracelular. Adaptada de Thorton et al (3).

A perda de água que ocorre nos compartimentos intra ou extracelular, seletiva

ou conjuntamente, estimula diferentes tipos de sede e apetite ao sódio. Em conjunto

com as respostas comportamentais também participam os diferentes mecanismos

neuroendócrinos (SRAA, VP, OC e ANP) que controlam uma adequada excreção

renal de água e sódio (49).

1.1.1.1. Desidratação intracelular A desidratação intracelular se origina por uma redução do volume do LIC,

devido a um aumento de 2% na osmolaridade efetiva desse compartimento resultante

de um aumento na concentração de solutos osmoticamente ativos. Os receptores que

detectam essa variação na osmolaridade, são os osmorreceptores, que funcionam

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provavelmente por um mecanismo dependente de desidratação celular (49). Um dos

solutos mais efetivos para aumentar a concentração osmótica é o íon sódio, devido a

sua grande quantidade no LEC e por ter a característica impermeante (50).

1.1.1.2. Desidratação extracelular A redução de volume do LEC está diretamente relacionada com uma

diminuição na volemia. A hipovolemia pode resultar em redução das descargas de

receptores cardiopulmonares de baixa pressão, removendo a inibição do tronco

encefálico sobre o circuito de sede (4,5). Após experimentos utilizando os

antagonistas do SRAA em animais hipovolêmicos, chegaram à conclusão que a

angiotensina II é um hormônio dipsogênico (5).

1.1.2. Super-hidratação Normalmente acontece pelo excesso de água corporal, seja na sua

administração ou por diminuição da sua excreção orgânica. Este aumento deve-se a

uma retenção de água e sódio no LEC, gerando uma expansão do volume deste

compartimento. A super-hidratação é acompanhada pelo aumento da volemia,

diluição do plasma, com redução relativa das taxas de hemácias, de hemoglobina, do

hematócrito e de proteínas totais no plasma (4).

1.2. Alterações do Equilíbrio Hidroeletrolítico 1.2.1. Hiponatremia A hiponatremia pode ocorrer por ingestão insuficiente (dieta hipossódica) ou

por perdas renais e extra renais exageradas como poliúria, diarreia crônica, o uso

abusivo de diuréticos e insuficiência adrenal são situações que acarretam perda

importante de Na+ (51).

1.2.2. Hipernatremia É mais comum que a hiponatremia e pode ser decorrente da perda de água

proporcionalmente maior que a de Na+ (diabetes insípido, diabete mellitus, febre,

insolação, hiperventilação), reposição insuficiente de perdas hídricas (redução da

ingestão hídrica por náuseas, vômitos ou incapacidade física), administração

excessiva de solutos em pacientes renais (sal na alimentação por sonda, diuréticos

osmóticos) (51).

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21

1.3. Controle Endócrino do Equilíbrio Hidroeletrolítico O controle endócrino do equilíbrio hidroeletrolítico acontece por dois

parâmetros: primeiro pela regulação do volume através do Sistema Renina-

Angiotensina-Aldosterona (SRAA), onde as células da mácula densa detectam a

variação na concentração de Na+ no filtrado, estimulando as células justaglomerulares

a secretarem renina que inicia um sistema em cascata que, como resultado final,

estimula a liberação de aldosterona pelo córtex adrenal. A aldosterona aumenta a

reabsorção Na+ (e de água) e normaliza a pressão arterial. O segundo parâmetro é a

regulação da osmolaridade mediada por osmorreceptores que controlam a liberação

do hormônio antidiurético (ADH) também conhecido como vasopressina, tendo como

efeito o estímulo da reabsorção de água (livre de solutos) nas porções finais do néfron

(49).

Outros mecanismos de controle endócrino são a liberação de ocitocina (OT) e

peptídeo natriurético atrial (ANP). A OT atuando como inibidor do apetite ao sódio e o

ANP têm efeito de excreção de sódio pela urina.

1.3.1. Vasopressina (VP) Por ser um hormônio antidiurético ele controla a taxa de excreção de água na

urina, ajudando assim a controlar a quantidade de água no organismo. A VP possui

capacidade de aumentar a pressão arterial em virtude de seu efeito vasoconstritor. É

um hormônio hipotalâmico com ação nas células renais, hepatócitos e células

vasculares. Sua síntese ocorre nos neurônios magnocelulares localizados nos

núcleos supra-ópticos e paraventriculares no hipotálamo e é armazenada em grânulos

nas terminações axonais dos neurônios magnocelulares localizados na neuro-hipófise

(6,7).

A regulação da liberação da vasopressina é um processo complexo que

envolve estimulação osmótica e não osmótica. Os principais e mais potentes

estímulos de liberação da VP são o aumento da osmolaridade plasmática (regulação

osmótica) e hipovolemia e hipotensão (regulação não osmótica) (8). Além destes

estímulos, dor, náusea, hipóxia, hormônios e drogas endógenas e exógenas também

aumentam a liberação da VP na circulação (9,10).

A VP tem como papel fisiológico regular a reabsorção de água nas células

tubulares renais, age na reabsorção de Na+ nos túbulos renais ramo grosso

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ascendente e também é um potente constritor nas células musculares lisas dos vasos.

O papel deste hormônio no controle da pressão arterial ainda é controverso, porém a

concentração de VP plasmática foi encontrada elevada em vários experimentos em

humanos com hipertensão (11,12). O aumento dos níveis plasmáticos de VP resulta

no aumento da retenção de água que mantém a osmolaridade plasmática dentro dos

valores normais. O efeito antidiurético é obtido para promover a reabsorção de água

livre de solutos nos túbulos distal e túbulos coletores do rim (13).

1.3.2. Sistema Renina Angiotensina-Aldosterona (SRAA) O sistema renina-angiotensina-aldosterona é um dos mais importantes

sistemas hormonais envolvidos no controle do equilíbrio hidroeletrolítico.

Células do túbulo distal detectam a quantidade de Na+ presente no líquido

tubular e sinalizam para as células justaglomerulares do córtex renal sintetizar renina.

Sua secreção é controlada pela pressão sanguínea renal e concentração de sódio do

fluído tubular sentida pela mácula densa e atividade nervosa simpática. A renina cliva

seu substrato, o angiotensinogênio, que é sintetizado no fígado para produzir a

angiotensina I (ver Figura 2). A angiotensina I (ANG I) é rapidamente convertida em

angiotensina II (ANG II) pela enzima conversora da angiotensina (ECA) presente nos

pulmões, endotélio vascular e outros tecidos. (14).

O nível circulante da renina é o fator determinante para esse sistema. A renina

age como o próprio regulador do SRAA (15). Fatores que reduzem o volume

sanguíneo renal, como hemorragia ou desidratação, aumentam os níveis de renina.

Em contraste, fatores que aumentam a pressão sanguínea como o aumento do

consumo de sal e vasoconstrição periférica, diminuem os níveis de renina

circulantes(14).

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23

Figura 2. Iustração esquemática do Sistema Renina-Angiotensia-Aldosterona.

A ANG II é um potente vasoconstritor atuando nos receptores AT1 e com efeitos

vasodilatadores quando atuando nos receptores AT2, atuam nos vasos sanguíneos,

rins e coração. A angiotensina II (ANG II) apresenta diversas funções fisiológicas,

podendo destacar a regulação da queda da pressão arterial em curto prazo, controle

da excreção de Na+ e ingestão de água e Na+ (recuperação da volemia).

Perifericamente a ANG II exerce suas ações realizando vasoconstrição de arteríolas

em diferentes leitos, incluindo os rins, estimulando a secreção de aldosterona (pelas

adrenais) ou atuando diretamente sobre os túbulos renais promovendo a conservação

do Na+ (16). A ativação simpática, assim como a ingestão de água e sódio e o aumento

da secreção de vasopressina e de hormônio adrenocorticotrófico, depende da atuação

da ANG II em áreas cerebrais livres de barreira hematoencefálica e que permitem o

acesso do peptídeo circulante aos receptores (principalmente dos tipos AT1)

localizados centralmente. O mecanismo indireto de ação renal da ANG II envolve a

produção e secreção de aldosterona.

A aldosterona é sintetizada principalmente na zona glomerulosa da glândula

adrenal. Recentemente foi relatada a síntese extra-adrenal da aldosterona tanto nas

células endoteliais como no cérebro. Seus receptores estão presentes também nos

miócitos cardíacos, células endoteliais endocardiais e fibroblastos cardíacos (17).

Também tem papel fundamental no controle da concentração de Na+, atuando tanto

perifericamente sobre a reabsorção tubular renal de Na+ e água como em receptores

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no sistema nervoso central, especialmente em estruturas límbicas, como o núcleo

medial da amígdala estimulando a ingestão de sódio (5,18), como também no tronco

encefálico (52). A secreção da aldosterona é regulada por diversos fatores, os

principais são o SRAA e o potássio. O hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), sódio,

vasopressina, dopamina, peptídeo natriurético atrial (ANP), serotonina, somatostatina

e agentes β-adrenérgicos agem como moduladores.

1.3.3. Ocitocina e Peptídeo Natriurético Atrial A ANG II e a aldosterona tem ação sistêmica complementar à ação

comportamental de induzir apetite ao sódio. Ambos os hormônios atuam no sentido

de conservar sódio e impedir queda na volemia e pressão arterial. Porém, existem

hormônios antagonistas a ações destes hormônios, a ocitocina (OT) e peptídeo

natriurético atrial (ANP), que também desencadeiam ações sistêmicas e

comportamentais (49).

O ANP é sintetizado principalmente nos átrios cardíacos e liberado na

circulação em resposta ao aumento do volume do LEC. O ANP exerce seus efeitos

principalmente sobre os vasos (vasodilatação), adrenais (inibindo a síntese de

aldosterona), vasos renais (diminuindo a síntese e liberação de renina, dilatando as

arteríolas aferentes, aumentando a taxa de filtração glomerular, o fluxo renal

plasmático, diminuindo a reabsorção de sódio e de água). Além dos efeitos sobre os

vasos sanguíneos e túbulos renais, o ANP atua no SNC diminuindo a sede induzida

pela ANG II, restrição hídrica e estimulação colinérgica. Além do ANP, estudos

recentes têm mostrado a participação de outro peptídeo no controle do equilíbrio

hidroeletrolítico, a OT exerce também um efeito inibitório sobre o apetite ao sódio (49).

A OT é produzida e liberada pelos neurônios magnocelulares dos núcleos

paraventricular e supraóptico do hipotálamo após eventos de aumento da

osmolaridade (34,49,55), contribuindo para a excreção de sódio, parte por promover

vasodilatação renal (55), mas também por estimular a liberação de ANP (49).

1.4. Mecanismos Centrais envolvidos no equilíbrio hidroeletrolítico Diferentes áreas hipotalâmicas e a área septal participam de um circuito

cerebral envolvido com o controle da excreção renal de Na+, K+ e água. A estimulação

colinérgica ou adrenérgica dessas áreas aumenta a excreção renal de Na+ e K+, além

de produzir antidiurese. Uma área central essencial para os efeitos da estimulação

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colinérgica central e também para a liberação do peptídeo natriurético atrial é a região

anteroventral do terceiro ventrículo (AV3V), cuja lesão abole a natriurese, a caliurese

e liberação de ANP produzida pela estimulação colinérgica central ou por outros

protocolos experimentais (19–21).

Os osmorreceptores quando detectam alguma variação na osmolaridade

transmitem essas informações para diversas regiões do sistema nervoso central

(SNC), modulando, as respostas comportamentais e vegetativas (22). Os

osmorreceptores centrais estão localizados em regiões denominadas de órgãos

circunventriculares, que são desprovidos de barreira hematoencefálica. Dentre estes,

destacam-se os neurônios localizados no órgão subfornical (SFO) e no órgão

vasculoso da lâmina terminal (OVLT) (23,24). Os osmorreceptores periféricos estão

localizados nos vasos renais, intestinais e principalmente hepáticos (veia porta) (25).

Quando os osmorreceptores detectam alterações na osmolaridade do LEC,

desenvolve-se mecanismos de ajustes comportamentais e vegetativos que visam

reestabelecer o volume ou composição do compartimento extracelular (5,19).

A osmolaridade plasmática é o gradiente que regula o movimento da água no

nosso organismo (3). Mesmo variações muito pequenas neste gradiente estimulam

mecanismos quer de conservação quer de excreção de água (26). O aumento da

sensação de sede é um dos mecanismos de conservação de água induzidos pelo

aumento da osmolaridade plasmática bastando uma variação de 1 a 2% da pressão

osmótica do plasma para que tal ocorra (25). A este nível, variações na osmolaridade

extracelular induzem diferentes respostas no que toca ao aumento ou diminuição da

sensação de sede, sendo as concentrações de potássio e sódio (respectivamente) as

principais determinantes nesta variação.

Um aumento da osmolaridade do compartimento extracelular (como exemplo:

aumento da concentração de sódio originada por uma refeição hipersódica) conduz a

uma transferência de água do espaço intracelular de modo a restabelecer o equilíbrio

osmótico entre os dois espaços, ocorrendo assim uma desidratação intracelular. Uma

vez estimulados, os osmorreceptores alertam outras zonas do cérebro para iniciarem

a procura de água que levará ao ato de beber. A água ingerida é rapidamente

absorvida e deverá reduzir a osmolaridade para o valor fisiológico (entre 280 e 300

mOsm/L) (3). Simultaneamente ao início desta procura de água e provavelmente mais

importante no caso de a água não ser rapidamente encontrada, os osmoreceptores

estimulam neurónios nos núcleos supraóptico e paraventricular do hipotálamo de

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modo a ser liberado a VP pelos terminais axônicos da neurohipófise para a corrente

sanguínea (27).

O limiar osmótico para o aumento da sede e para a libertação de VP é muito

similar ou mesmo idêntico, sendo este hormônio posteriormente responsável por uma

acumulação de aquaporinas na membrana exterior do ducto coletor renal facilitando

a passagem de água para o interior da medula renal e integração na corrente

sanguínea originando assim uma menor perda de água pela urina (3).

1.5. Consumo excessivo de sódio e doenças cardiovasculares A OMS recomenda que os adultos devem consumir menos de 2.000 miligramas

(mg) de sódio - equivalente a 5 gramas de sal de cozinha, e pelo menos 3.510 mg de

potássio por dia. Para as crianças a OMS recomenda uma redução na ingestão de

sódio para controlar a pressão arterial. O nível máximo recomendado de ingestão de

sódio 2 g/dia em adultos devem ser ajustados para baixo com base nos requisitos de

energia de crianças em relação aos dos adultos (61).

Atualmente segundo a OMS, a maioria das pessoas consome muito sódio e

pouco potássio. Uma pessoa com níveis de sódio elevados ou com baixos níveis de

potássio tem uma maior probabilidade de aumento da pressão arterial - hipertensão,

que por sua vez aumenta o risco de doenças cardíacas e acidente vascular cerebral

(AVC) (61).

Segundo a última Pesquisa do Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE), o brasileiro consome, em média, 12 gramas de

sódio por dia, considerando o sal de mesa e o sódio obtido dos alimentos. A marca é

mais que o dobro do que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

(61).

Se chegasse ao consumo médio ideal, o Brasil teria forte impacto na qualidade

de vida dos brasileiros e na redução das mortes atribuídas à hipertensão e às suas

complicações, conforme dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Estima-se que

esta mudança acarretaria 15% menos mortes por AVC e 10% menos mortes por

infarto. Além disso, seria possível reduzir em 1,5 milhão o número de pessoas que

necessitam de medicação para controlar a pressão alta. Outro ganho seria o

acréscimo de mais quatro anos na expectativa de vida dos hipertensos (61).

O sódio é encontrado naturalmente em uma grande variedade de alimentos,

incluindo leite (aproximadamente 50 mg de sódio a cada 100 g de leite) e ovos (cerca

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de 80 mg/100 g). Mas ele é encontrado em quantidades muito mais elevadas em

alimentos industrializados, como bacon (cerca de 1.500 mg/100 g), salgadinhos,

biscoitos e pipoca (aproximadamente 1.500 mg/100 g), assim como em condimentos

tais como molho de soja (cerca de 7.000 mg/100 g) e caldo de carne

(aproximadamente 20.000 mg/100 g). Os alimentos ricos em potássio são: feijão e

ervilha (cerca de 1.300 mg de potássio para cada 100 g), nozes (cerca de 600 mg/100

g), legumes, como couve, espinafre e salsa (cerca de 550 mg/100 g) e frutas como

bananas, mamões e tâmaras (cerca de 300 mg/100 g) (61).

Sabe-se, através dos estudos em adultos, que o estilo de vida dos indivíduos

interfere nos níveis de pressão arterial. Observamos que houve trocas recentes nos

padrões de consumo alimentar. O sal é muito utilizado na conservação de alimentos.

Assim, alimentos industrializados, como temperos prontos, enlatados, embutidos,

queijos e salgadinhos, contêm grande quantidade de sal. O consumo crônico de dieta

com conteúdo elevado de sal está associado com maior pressão arterial e mortalidade

por doenças cardiovasculares. Essa associação está diretamente relacionada à

pressão arterial e às complicações cardiovasculares. Estudos populacionais

epidemiológicos sustentam que o sal tem seu papel na etiologia da hipertensão (62).

A diversidade e o aumento da oferta de alimentos industrializados podem

influenciar os padrões alimentares da população, principalmente a infantil, uma vez

que os primeiros anos de vida se destacam como um período muito importante para

o estabelecimento de hábitos. O consumo inadequado, em excesso e muito frequente

destes alimentos, pode comprometer a saúde nesta fase e na idade adulta (63).

1.6. Dados experimentais e dietas hipersódica Dentre os ajustes vegetativos, várias evidências experimentais têm

demonstrado que aumentos agudos da concentração plasmática de sódio

desencadeiam uma série de respostas autonômicas, cardiovasculares e hormonais.

Dentre essas respostas destacamos: a redução da atividade simpática renal (29–32),

secreção de ANP (33), ocitocina e vasopressina (34,35), aumento da pressão arterial

(PA) e vasodilatação renal (34,36–38). Admite-se que estes ajustes, desencadeados

pela hipernatremia, fazem parte de um conjunto de respostas integradas que visam

promover a natriurese, restabelecendo, assim as condições volêmicas normais.

Alguns estudos sugerem que doenças desenvolvidas na fase adulta estão

relacionadas com determinadas condições a que o indivíduo foi exposto nos estágios

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iniciais de vida, incluindo a fase pré-natal (39). Chen et al. em 2008 (40)

demonstraram que o risco de se desenvolver hipertensão arterial na fase adulta está

relacionado com os níveis de PA nas fases iniciais da vida. Consistente com estes

resultados, Gillman et al. (41) mostraram que valores altos de PA durante a infância

estiveram correlacionados positivamente com os altos valores da PA sistólica e

diastólica anos mais tarde. Neste sentido, Vidonho et al. (42) observaram maior PA na

prole adulta de mães que foram alimentadas com dieta hipersódica (0,65 M ou 1,3 M

de NaCl) durante a gestação e a lactação.

Recentemente, estudos realizados no nosso laboratório observaram que

animais submetidos a uma dieta hipersódica na fase pós-natal desenvolvem um

aumento na pressão arterial média (PAM) e na frequência cardíaca (FC) na fase

adulta, também apresentam uma diminuição da sensibilidade barorreflexa, sem alterar

os valores basais de fluxo sanguíneo renal (FSR), condutância vascular renal (CVR)

e atividade nervosa simpática renal (ASR). Foi verificado um comprometimento do

relaxamento cardíaco após isquemia e do relaxamento vascular independente de

endotélio na fase adulta. Também demonstraram que estes animais submetidos a

dieta hipersódica não apresentaram alteração na concentração de Na+ na urina, na

excreção, na concentração plasmática de Na+, na osmolaridade plasmática e no

hematócrito (37).

Apesar de evidenciar as influências de alterações no equilíbrio hidroeletrolítico

no desenvolvimento de hipertensão arterial, os diversos estudos não avaliaram se o

aumento da ingestão de sódio durante as fases pós-natais levaria a alteração da sede

e do apetite ao sódio na fase adulta e se essa alteração estaria relacionada com

elevados níveis de PA.

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29

2. OBJETIVOS O presente trabalho teve como objetivo identificar se o aumento da ingestão de

sódio em ratos jovens foi capaz de alterar a sensibilidade ao sódio e a ingestão

induzida de sódio e água.

Mais especificamente, avaliamos os efeitos do aumento do consumo de sódio

durante o período pós-natal sobre a:

1. sensibilidade ao sódio;

2. ingestão de água e sódio induzida pela administração de furosemida

associada com captopril;

3. ingestão de água e sódio induzida pela administração de isoproterenol;

4. ingestão de água e sódio induzida pela depleção de sódio por 24 horas;

5. ingestão de água e sódio induzida por gavagem de 2 mL de NaCl 2 M;

6. ingestão de água e sódio induzida por privação hídrica por 24 horas.

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30

3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Animais

Foram utilizados ratos Wistar, com 21 dias de vida, fornecidos pelo Biotério da

Universidade Federal de Goiás. Todos os procedimentos experimentais foram

aprovados pelo comitê de ética em uso animal (CEUA nº 023/15) da Universidade

Federal de Goiás. Os animais foram mantidos com água e ração granulada ad libitum

em ambiente com temperatura e umidade controlados e ciclo claro/escuro de 12:12

horas.

3.2. Sobrecarga de Sódio na Fase Pós-natal Após o desmame dos animais (21 dias de vida), eles foram separados em dois

grupos: controle e experimental. O grupo controle foi mantido com água, e o

experimental com salina hipertônica 0,3 M (NaCl 0,3 M), durante 60 dias

caracterizando o período de tratamento. Após o tratamento, iniciou-se o período de

recuperação, aonde ambos os grupos tiveram a oferta de água por 15 dias. Logo após

esse período, foi ofertado água e NaCl 0,3 M para ambos os grupos, por 5 dias

determinando o período de ambientação. Durante todos os dias os animais também

tiveram acesso a ração. A ingestão tanto de água quanto de NaCl 0,3 M foi mensurada

todos os dias, a ração e o peso corporal dos animais foi verificado através de uma

balança.

3.3. Pletismografia de Cauda Após o período de ambientação foi realizado o registro das variáveis

cardiovasculares (PAS e FC) nos animais já na fase adulta. Para isso, os animais

foram acomodados em um contensor de madeira e um manguito de borracha,

acoplado a um esfignomanômetro, foi posicionado na porção proximal da cauda. Um

transdutor de pulso foi posicionado próximo ao manguito e os sinais de pulso foram

amplificados (LabChart; AD Instruments, Colorado Springs, CO, EUA) e digitalizados

(PowerLab;ADInstruments, Colorado Springs, CO, EUA). Para o registro da pressão

arterial sistólica (PAS), o manguito foi insuflado e desinsuflado em intervalos

regulares. Com a insuflação do manguito, os sinais de pulso de pressão são perdidos,

assim, a PAS é considerada como o primeiro sinal de pulso após a desinsuflação. A

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FC foi considerada como a média de períodos de 10 segundos entre as insuflações

do manguito.

3.4. Protocolos de Ingestão Induzida Foi avaliado o comportamento de ingestão de água e sódio (NaCl 0,3 M) nos

animais adultos submetidos a uma sobrecarga de sódio durante o período pós-natal,

através de alguns protocolos de ingestão. Os protocolos foram realizados após o

período de adaptação e com intervalos mínimos de uma semana de um para outro.

3.4.1. Furosemida (FURO) associada ao Captopril (CAP) Este protocolo caracteriza uma desidratação extracelular, por desencadear

uma hipovolemia nos animais através da administração de furosemida um diurético e

natriurético associado a injeção do captopril que é um inibidor da enzima conversora

de angiotensina II. A FURO causa uma intensa perda de volume e a dose administrada

de CAP inibe apenas a formação de ANG II periférica tendo assim uma quantidade

elevada de ANG II central [revisado em (49)].

Foi feito uma injeção de FURO (10 mg/Kg de peso corporal - pc) associado a

injeção de CAP (5 mg/Kg de pc) subcutaneamente; para o controle foi administrado

salina isotônica 0,15 M (0,1 ml/Kg de pc), em seguida foram colocados em gaiolas

metabólicas por uma hora sem acesso a ração, água e NaCl 0,3 M. Após uma hora

foi realizado a primeira coleta de urina (controle), e imediatamente após foi oferecido

buretas graduadas de vidro (com divisões de 0,1 mL) contendo água e NaCl 0,3 M por

120 minutos e realizada a mensuração da ingestão, nos tempos 0, 15, 30, 60, 90 e

120 minutos.

Figura 3. Protocolo FURO + CAP.

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3.4.2. Isoproterenol O protocolo de isoproterenol caracteriza-se por desencadear uma desidratação

extracelular, devido a essa droga ser um agonista beta adrenérgico causando uma

hipotensão e ativação do sistema renina-angiotensina e diretamente por causar

estimulação dos receptores beta adrenérgicos das células justaglomerulares,

aumentando muito a secreção de renina e consequentemente a formação de ANGII,

e assim, estimulando a ingestão de água nos animais [revisado em (49)].

Os animais receberam uma injeção subcutânea de isoproterenol (30 µg/Kg de

pc); para o controle foi administrado salina isotônica 0,15 M e mantidos em gaiolas

metabólicas sem acesso a ração, água e NaCl 0,3 M. Após uma hora foi feito a

primeira coleta de urina (controle), e em seguida foram oferecidas buretas contendo

água e NaCl 0,3 M para mensurar a ingestão de água e solução salina durante 2

horas, nos tempos 0, 15, 30, 60, 90 e 120 minutos.

Figura 4. Protocolo do isoproterenol.

3.4.3. Depleção de sódio A depleção de sódio caracteriza-se pela administração do diurético e

natriurético furosemida, causando uma intensa perda de volume e consequente perda

de eletrólitos, e por 24 horas o animal fica sem acesso ao sódio (mantido com dieta

pobre em sódio). Este protocolo promove então uma desidratação extracelular, o que

irá induzir uma ávida busca a soluções sódicas [revisado em (49)].

Realizou-se uma injeção subcutânea de 1 mL de FURO (10 mg/ml) em cada

animal; para o controle injetou-se 1 mL de salina isotônica 0,15 M, e os animais foram

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mantidos em gaiolas metabólicas por 24 horas somente com água e fubá (alimento

pobre em sódio). Após as 24 horas coletou-se a primeira urina (controle), e retirou-se

o acesso ao fubá. Iniciou-se a oferta de água e NaCl 0,3 M por um período de 2 horas,

e feito a mensuração da ingestão nos tempos 0, 15, 30, 60, 90 e 120 minutos.

Figura 5. Protocolo de depleção de sódio.

3.4.4. Sobrecarga intragástrica de salina hipertônica 2 M (Gavagem) O protocolo de gavagem caracteriza-se por desencadear uma desidratação

intracelular, aonde os animais recebem uma quantidade de salina hipertônica 2 M,

aumentando assim a osmolaridade plasmática, fazendo com que a água do meio

interno seja alocada para o meio externo tentando normalizar a osmolaridade,

causando uma intensa busca pela água [revisado em (49)].

Os animais receberam uma solução intragástrica de 2 mL de NaCl 2 M; para o

controle os animais receberam 2 mL de salina isotônica 0,15 M e foram colocados em

gaiolas metabólicas, onde ficaram sem acesso a ração, a água e solução salina 0,3

M por uma hora, após esse tempo foi coletado a urina desses animais e em seguida

foram oferecidas buretas graduadas contendo água e NaCl 0,3 M e as medidas de

ingestão de água e NaCl 0,3 M foram mensuradas durante 2 horas, nos tempos 0, 15,

30, 60, 90 e 120 minutos.

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Figura 6. Protocolo de gavagem.

3.4.5. Privação Hídrica por 24 horas Para estudar a ingestão de água e apetite ao sódio no protocolo de privação

hídrica por 24 horas com reidratação parcial por 2 horas, como descrito anteriormente

(53,54). Este protocolo caracteriza-se por desencadear uma desidratação mista nos

animais, perdendo muita água do organismo, causando tanto perda de volume (água

e eletrólitos) quanto aumento da osmolaridade plasmática [revisado em (49)].

Os animais foram mantidos em gaiolas metabólicas por 24 horas sem acesso

a água e NaCl 0,3 M, apenas com acesso a ração. No dia do experimento, antes do

oferecimento dos líquidos, foi realizada a primeira coleta de urina (controle), a seguir

a ração foi removida e buretas contendo água foram oferecidas aos animais e a

ingestão foi medida por 120 minutos, nos tempos 0, 15, 30, 60, 90 e 120 minutos

caracterizando o período de reidratação parcial. No final dos 120 min, foi oferecido

aos animais buretas contendo NaCl 0,3 M, e a ingestão de sódio e água foi realizada

por mais 60 min e mensurada nos tempos 0, 15, 30, 45 e 60 minutos. Para o controle

os animais foram mantidos nas gaiolas metabólicas por 24 horas, porém com acesso

a água, NaCl 0,3 M e ração.

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Figura 7. Protocolo de privação hídrica por 24 horas.

3.5. Dosagem de Sódio na Urina As amostras de urina foram analisadas em um analisador de Na+/K+

(Espectofotômetro de chama Analyser). A excreção total de Na+ e K+ foi calculada

como concentração de Na+ e K+ multiplicado pelo volume urinário.

3.6. Análise Estatística Os dados experimentais obtidos foram expressos como média ± EPM (erro

padrão da média). Para análise da ingestão diária de água e NaCl 0,3 M, da ração e

peso corporal, das respostas comportamentais induzidas pelos diversos protocolos de

ingestão foi utilizado Two Way ANOVA, seguido pelo pós-teste BONFERRONI. Para

análise do volume urinário e excreção de Na+ foi utilizado One Way ANOVA, seguido

pelo pós-teste BONFERRONI. A análise dos parâmetros cardiovasculares da

pletismografia de cauda foi realizada pelo teste t não pareado. A significância foi

considerada quando p < 0,05.

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4. RESULTADOS

4.1. Sobrecarga de Sódio na Fase Pós-natal Observamos que os animais submetidos a uma sobrecarga de sódio durante a

fase pós-natal ingerem uma maior quantidade de fluído durante o tratamento quando

comparado com o grupo controle (Experimental: 84,3 ± 3,9 vs. Controle: 33,0 ± 1,6 ml,

p<0,05); lembrando que durante esse período os animais experimentais estavam

mantidos com NaCl 0,3 M. E no período de recuperação passam a ingerir a mesma

quantidade; durante esse período ambos os animais estavam mantidos com água

(Experimental: 35,2 ± 1,9 vs. Controle: 38,7 ± 2,0 ml). Estes dados podem ser

observados na Figura 8, foram apresentados a média de 7 em 7 dias até o fim da

recuperação.

Na Figura 9, observamos a ingestão de ração dos animais. Os animais do grupo

experimental ingerem menos ração em relação ao grupo controle no período do

tratamento (Experimental: 13,6 ± 0,8 vs. Controle: 17,9 ± 0,8 g, p<0,05), já no período

de recuperação a ingestão é a mesma em ambos os grupos (Experimental: 20,3 ± 0,6

vs. Controle: 19,7 ± 0,3 g).

Também verificamos o ganho de peso corporal destes animais, que pode ser

observado na Figura 10. O grupo experimental ganhou menos peso em comparação

com o grupo controle durante o tratamento (Experimental: 133,0 ± 8, 6 vs. Controle:

175,9 ± 8,5 g, p<0,05). Durante o período de recuperação os animais experimentais

tendem a recuperar o peso, mas não conseguem obter os mesmos valores dos

animais controles (Experimental: 239,1 ± 11,8 vs. Controle: 291,8 ± 4,7 g, p<0,05).

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Figura 8. Ingestão diária de fluídos durante o tratamento e recuperação. Os dados

foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05

quando comparados aos animais controle.

Figura 9. Ingestão diária de ração durante o tratamento e recuperação. Os dados

foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05

quando comparados aos animais controle.

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Figura 10. Ganho de peso corporal durante o tratamento e recuperação. Os dados

foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparados aos animais controle.

Foi verificado o volume urinário destes animais durante o período do tratamento

e recuperação (Figura 11) e a dosagem da concentração urinária de Na+ (Figura 12).

Observamos que durante o tratamento o grupo experimental excreta mais urina do

que o grupo controle (Experimental: 88,0 ± 13,6 vs. Controle: 8,0 ± 2,3 ml, p<0,05) e

durante a recuperação não temos diferença na excreção (Experimental: 21,7 ± 4,7 vs.

Controle: 8,4 ± 1,4 ml/24 horas). A excreção de Na+ na urina foi maior no grupo

experimental durante o tratamento (Experimental: 38177,3 ± 6485,3 vs. Controle:

1613,4 ± 344,0 mEq/24 horas, p<0,05), no período de recuperação a excreção de Na+

não foi diferente entre os grupos (Experimental: 1758,8 ± 126,8 vs. Controle: 2083,2

± 218,3 mEq).

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Figura 11. Volume urinário durante o tratamento e recuperação. Os dados foram

expressos em média ± EPM e analisados por One Way ANOVA, seguido pelo pós-teste de Bonferroni. *p<0,05 quando comparados aos animais controle.

Figura 12. Concentração de Na+ na urina dos animais durante o tratamento e

recuperação. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados por One Way

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ANOVA seguido pelo pós-teste de Bonferroni. *p<0,05 quando comparados aos

animais controle.

Ao final do período de recuperação iniciou-se o período de ambientação, aonde

os animais tiveram acesso a água e NaCl 0,3 M por 5 dias. Não houve diferença entre

os grupos para a ingestão de água (Experimental: 32,2 ± 1,8 vs. Controle: 30,4 ± 3,4

ml – média dos 5 dias). Porém na ingestão de NaCl 0,3 M os animais experimentais

ingerem menos dessa solução do que o grupo controle (Experimental: 4,1 ± 1,0 vs.

Controle: 14,2 ± 3,0 ml – média dos 5 dias). Podendo ser observado na Figura 13.

Figura 13. Ingestão de água (A) e NaCl 0,3 M no período de ambientação por 5 dias.

Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparados aos animais controle.

4.2. Plestimografia de Cauda

Ao final do período da recuperação foi realizada a pletismografia de cauda para

verificar a PAS e a FC dos animais. Podemos observar pela Figura 14 que os animais

do grupo experimental apresentaram um aumento na PAS (Experimental: 159,9 ± 5,2

vs. Controle: 149,7 ± 3,2 mmHg, p<0,05) e na FC (Experimental: 412,9 ± 7,7 vs.

Controle: 375,7 ± 12,9 bpm, p<0,05).

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Figura 14. PAS e FC dos animais ao final do período da recuperação. Os dados foram

expressos em média ± EPM e analisados pelo teste t não pareado. *p<0,05 quando comparados aos animais controle.

4.3. Protocolos de Ingestão Induzida 4.3.1. Furosemida (FURO) associada ao Captopril (CAP) Neste protocolo, observamos que entre o grupo FURO + CAP, os animais

experimentais ingeriram uma quantidade maior de água nos tempos 60 e 90 minutos

do que os animais controle (Experimental: 10,4 ± 1,1 vs. Controle: 9,3 ± 1,3 ml/ 90

min), mas após este tempo a ingestão passa ser a mesma (Figura 15 A). Houve um

atraso na ingestão de sódio induzida por FURO + CAP nos animais experimentais nos

tempos 15 e 30 minutos (Experimentais: 2,3 ± 0,7 vs. Controle: 3,5 ± 1,0 ml/30 min),

não sendo diferente após esse período (Figura 15 B).

Em relação ao volume urinário (Figura 16 A) não houve diferença entre o grupo

salina e nem no grupo FURO + CAP. Na concentração de Na+ na urinária (Figura 16

B) não teve diferença entre os animais experimentais FURO + CAP em relação aos

animais controle FURO + CAP.

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Figura 15. Ingestão cumulativa de água (A) e de NaCl 0,3 M (B) em relação ao tempo,

após administração de FURO + CAP. Os dados foram expressos em média ± EPM e

analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparado aos animais controle + FURO-CAP. #p<0,05 quando comparado com os grupos salina.

Figura 16. Volume urinário (A) após uma hora da administração de FURO+CAP ou

salina e concentração de Na+ na urina (B). Os dados foram expressos em média ±

EPM e analisados por One Way ANOVA seguido pelo pós-teste de Bonferroni.

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4.3.2. Isoproterenol Analisando os animais que receberam isoproterenol (ISO, 30 µg/kg),

verificamos que na ingestão de água (Figura 17 A) não houve diferença entre o grupo

experimental e controle. Quando comparamos o grupo que recebeu ISO com o grupo

que recebeu salina, observamos que o grupo que recebeu o ISO ingere uma

quantidade de água maior (Experimental + ISO: 4,3 ± 0,5 vs. Experimental + salina:

1,5 ± 0,3 ml/120 min e Controle + ISO: 5,6 ± 1,3 vs. Controle + salina: 0,8 ± 0,2 ml/120

min).

Observando a ingestão de NaCl 0,3 M (Figura 17 B) por estes animais, notamos

que o grupo experimental que recebeu o ISO ingeriu menos NaCl 0,3 M quando

comparado com o grupo controle (Experimental: 0,1 ± 0,1 vs. Controle: 1,5 ± 0,6

ml/120 min), salientando que este volume ingerido é baixo. Não houve diferença no

volume urinário (Figura 18) entre os grupos.

Figura 17. Ingestão cumulativa de água (A) e de NaCl 0,3 M (B) em relação ao tempo,

após administração do ISO. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados

por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparado aos animais controle +

isoproterenol. #p<0,05 quando comparado com os grupos salina.

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Figura 18. Volume urinário após uma hora da administração do ISO ou salina. Os

dados foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA.

4.3.3. Depleção de sódio Durante a ingestão de água (Figura 19 A) observamos que os animais do grupo

experimental depletados ingeriram menos água quando comparados com o grupo

controle depletado nos tempos 90 e 120 minutos (Experimental: 0,8 ± 0,5 vs. Controle:

1,5 ± 0,6 ml/120 min).

Em relação a ingestão de NaCl 0,3 M (Figura 19 B) verificamos que houve um

atraso na ingestão, ou seja, ingeriram menos do que grupo experimental depletado

nos tempos 30 e 60 minutos quando comparados com o grupo controle depletado

(Experimental: 4,5 ± 1,3 vs. Controle: 7,3 ± 2,7 ml/60 min, p<0,05). Os animais do

grupo depletado ingeriram mais NaCl 0,3 M quando comparados com o grupo salina.

Quando analisamos a ingestão de água por 24 horas (Figura 20 A) durante a

depleção, notamos que não houve diferença entre os grupos depletados e nem entre

os grupos salina. E também não verificamos diferença no volume urinário (Figura 20

B) entre os grupos após a depleção.

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Figura 19. Ingestão cumulativa de água (A) e de NaCl 0,3 M (B) em relação ao tempo,

após a depleção de sódio. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados

por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparado aos animais controle + furosemida. #p<0,05 quando comparado com os grupos salina.

Figura 20. Ingestão de água por 24 horas (A) durante a depleção de sódio e volume

urinário (B) após as 24 horas. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA.

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4.3.4. Gavagem Quando os animais são submetidos a uma sobrecarga intragástrica de sódio

(NaCl 2 M) notamos que houve diferença na ingestão de água (Figura 21 A) entre os

grupos que receberam o NaCl 2 M hipertônico e os que receberam NaCl 0,15 M

isotônico (Controle + NaCl 2 M: 9,9 ± 1,5 vs. Controle + NaCl 0,15 M 0,5 ± 0,4 ml/120

min e Experimental + NaCl 2 M: 10,5 ± 1,6 vs. Experimental + NaCl 0,15 M 1,5 ± 0,7

ml/120 min, P<0,05), porém não houve diferença entre o grupo experimental e controle

que receberam NaCl 2 M.

Na ingestão de NaCl 0,3 M (Figura 21 B) observamos que os animais do grupo

experimental submetidos a sobrecarga de NaCl 2 M hipertônico ingere menos quando

comparados ao grupo controle que também recebeu essa sobrecarga (Experimental:

0,7 ± 0,4 vs. Controle: 1,9 ± 0,6 ml/120 min), apesar de ser um volume baixo de

ingestão.

No volume urinário (Figura 22) não observamos diferença entre os grupos que

receberam o NaCl 2 M hipertônico. Também não notamos diferença entre os que

receberam o NaCl 0,15 M isotônico quando comparado com os que receberam NaCl

2 M hipertônico.

Figura 21. Ingestão cumulativa de água (A) e de NaCl 0,3 M (B) em relação ao tempo,

após sobrecarga de NaCl 2 M intragástrico. Os dados foram expressos em média ±

EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparado aos animais

controle + NaCl 2 M. #p<0,05 quando comparado com os grupos NaCl 0,15 M.

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Figura 22. Volume urinário após uma hora da sobrecarga de NaCl 2 M e de NaCl 0,15

M intragástrico. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados por One Way ANOVA seguido pelo pós-teste de Bonferroni.

4.3.5. Privação Hídrica por 24 horas Os animais foram submetidos a uma privação hídrica de 24 horas. Durante o

período de reidratação que caracteriza por repor o volume, os animais tanto controle

quanto experimental que foram privados ingeriram mais água em relação aos animais

que não foram privados de água (Controle privado: 11,2 ± 1,0 vs. Controle hidratado:

1,4 ± 0,5 ml/120 min e Experimental privado: 15,4 ± 0,8 vs. Experimental hidratado:

1,8 ± 0,5 ml/120 min). No entanto, quando analisamos a ingestão de água entre os

animais privados observamos que o grupo experimental ingeriu mais água quando

comparado com o grupo controle (Experimental: 15,4 ± 0,8 vs. Controle: 11,2 ± 1,0

ml/120 min). Demonstrado na Figura 23.

Após o período de reidratação, tem-se a ingestão de água (Figura 24 A) e NaCl

0,3 M (Figura 14 B) por um período de uma hora para repor a osmolaridade, e

observamos que não houve diferença na ingestão de ambos os fluídos, nem entre os

grupos privados comparados com os grupos hidratados e nem entre o grupo

experimental privado com o grupo controle privado. Não houve diferença também no

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volume urinário (Figura 25 A) entre os grupos privados e nem na concentração de Na+

na urina (Figura 25 B).

Figura 23. Ingestão cumulativa de água pelo tempo, caracterizando o período de

reidratação após privação hídrica de 24 horas. Os dados foram expressos em média

± EPM e analisados por Two Way ANOVA. *p<0,05 quando comparado aos animais controle privado de água. #p<0,05 quando comparado com os grupos hidratados.

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Figura 24. Ingestão cumulativa de água (A) e de NaCl 0,3 M (B) em relação ao tempo,

após o período de reidratação. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados por Two Way ANOVA.

Figura 25. Volume urinário (A) e concentração de Na+ (B) após 24 horas da privação

hídrica. Os dados foram expressos em média ± EPM e analisados pelo teste t não

pareado.

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5. DISCUSSÃO Neste trabalho foi possível avaliar que animais submetidos a uma dieta

hipersódica na fase pós-natal apresentaram uma maior ingestão de líquido (NaCl 0,3

M) e uma maior excreção de Na+ na urina durante o tratamento, ingerem uma menor

quantidade de ração e consequentemente ganham menos peso quando comparado

com o controle. Também observamos que durante o período de ambientação os

animais experimentais ingerem uma menor quantidade de NaCl 0,3 M quando

comparado ao controle e não têm diferença na ingestão de água. Além dos animais

apresentarem um aumento na PAS e FC após a recuperação.

Demonstramos ainda, que de alguma maneira estes animais que receberam

sobrecarga de sódio na fase pós-natal sofreram alterações no comportamento de

sede e no apetite ao sódio na fase adulta quando submetidos a protocolos de

desidratações celular e extracelular. Durante o protocolo de FURO + CAP, os animais

experimentais ingerem água mais rápido do que o controle e possuem um retardo na

ingestão de NaCl 0,3 M. Na administração de isoproterenol, os animais ingerem a

mesma quantidade de água e ocorre uma inibição na ingestão de sódio. Quando os

animais foram depletados de sódio, os experimentais ingeriram menos sódio quando

comparado aos controles. Na gavagem com salina hipertônica 2 M, observamos uma

mesma ingestão de água em ambos os grupos e uma redução na ingestão de NaCl

0,3 M no grupo experimental. Já na privação hídrica por 24 horas os animais que

receberam a dieta hipersódica durante a fase pós-natal apresentaram uma

potencialização na ingestão de água no período de reidratação.

Os nossos resultados sugerem que animais submetidos a uma dieta

hipersódica na fase pós-natal desenvolvem um certo grau de aversão à solução de

salina hipertônica, sem alterações na ingestão de água. Durante o período de

ambientação, observamos que os animais experimentais tiveram uma redução na

ingestão de NaCl 0,3 M. Esta aversão pode ser resultado do bloqueio de mecanismos

de sensibilização ao apetite ao sódio, bem descritos na literatura (59,60), ou ainda

exacerbação de mecanismos de aversão, que devem ser melhor estudados para que

tenhamos um maior entendimento deste comportamento.

A sensibilização do apetite ao sódio é desenvolvida progressivamente ao longo

de três ou quatro sucessivas depleções de sódio até atingir uma quantidade de

ingestão máxima de soluções salinas não palatáveis (geralmente de 0,25 M a 0,5 M)

durante um determinado período, em resposta a uma deficiência do íon Na+ (58). É

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provável que a plasticidade do SNC controle a sensibilidade do apetite ao sódio. Esta

hipótese é comprovada por estudos que demonstram semelhanças funcionais e

sobreposição de neurônios do SNC e sistemas neuroquímicos relacionados tanto

psicomotor e sensibilização apetite ao sódio (58).

Em 2014, Moreira et al. (37) demonstraram que o aumento do consumo de

sódio durante o período pós-natal promove elevação da PAM e da FC de animais

adultos, diminuição da sensibilidade barorreflexa, sem alterar os valores basais de

FSR, CVR e ASR. Observou-se também um comprometimento do relaxamento

cardíaco e do relaxamento vascular independe do endotélio na fase adulta. Em nossos

estudos corroboramos com os achados de Moreira et al. (2014), que uma dieta

hipersódica durante a fase pós-natal desencadeia um menor ganho de peso corporal

dos animais, pois consomem menos ração do que os animais controle. E a ingestão

de fluído dos animais cuja dieta era com salina hipertônica 0,3 M é maior em relação

aos animais que receberam apenas água. Devido a esse aumento da ingestão de

NaCl 0,3 M os animais possuem um aumento na PAS e FC.

Diversos estudos já demonstraram que o consumo excessivo de sal tanto na

fase pré-natal quanto perinatal acomete diversas patologias na fase adulta, dentre

elas a hipertensão (40–42). Consistentes com estes dados, demonstramos que o

consumo excessivo de sódio também na fase pós-natal promove aumento da PAS em

ratos adultos não anestesiados. Assim, estes resultados aqui apresentados e os da

literatura demonstram que as fases uterinas e também as pós-uterina são essenciais

para a determinação da PA na fase adulta.

Diversos estudos demonstraram que a manutenção da osmolaridade e do

volume plasmático é fundamental para a homeostase (19). Durante o período de

tratamento, como os animais experimentais ingerem uma maior quantidade de sódio,

estes animais tiveram aumento do volume urinário e da concentração urinária de sódio

quando comparados ao grupo controle; tais diferenças não são observadas durante o

período de recuperação, onde ambos os grupos passam a ingerir o mesmo líquido

(água).

Ufnal et al. (43) observaram os efeitos da dieta hipersódica sólida durante as

fases pós-natais sobre a ingestão de sódio e PAM na idade adulta. Verificaram que a

dieta sólida não alterou o padrão de ingestão de sódio ou a PA nos animais adultos.

Possivelmente, os resultados observados foram devido ao aumento da oferta de sódio

ter sido feita pela ração. Assim, mesmo que os animais experimentais ingerissem mais

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sódio na ração, eles possuem livre acesso à água, diluindo assim o Na+ ingerido. De

maneira diferente deste trabalho, a nossa oferta excessiva de sódio foi através da

solução hipertônica, única fonte de líquido que os animais possuíam. Portanto, não foi

possível diluir a quantidade de sódio ingerido, desta forma, respostas vegetativas, e

não comportamentais são desencadeadas para manter a osmolaridade plasmática.

Os animais ingerem sódio apenas em duas condições: na deficiência do íon

Na+ (apetite ao sódio) ou quando a solução de salina hipertônica seja em uma

concentração palatável para estes animais. O protocolo de FURO + CAP, que é a

associação de um diurético de alça combinado com um inibidor da enzima conversora

de angiotensina, induz a sede e a ingestão de salina hipertônica não palatável

(desidratação extracelular). Isso ocorre devido a uma conversão de ANG I em ANG II

no cérebro (44). Nosso estudo verificou que os animais submetidos a uma sobrecarga

de NaCl 0,3 M na fase pós-natal tem um atraso na ingestão de salina hipertônica em

relação aos animais controle. E estes animais também ingerem um pouco mais de

água do que os controles. Não observamos diferença no volume urinário e nem na

concentração de Na+ excretada por estes animais, demonstrando que essa alteração

no apetite ao sódio e na ingestão de água independe de mecanismos renais.

A administração de isoproterenol subcutânea por ser um agonista beta

adrenérgico causa uma hipotensão nos animais, leva a uma vasodilatação, além de

uma ativação direta (beta adrenérgica) das células justaglomerulares renais, como

consequência liberação de renina levando a um aumento da ANG II plasmática, que

vão excitar receptores angiotensinérgicos centrais promovendo a ingestão de água e

sódio (45). Em nossos achados, verificamos esse aumento na ingestão de água em

ambos os grupos, porém a ingestão de NaCl 0,3 M nos animais experimentais é

inibida.

Quando os animais são submetidos a uma depleção de sódio (desidratação

extracelular), através da administração do diurético furosemida e mantidos com uma

dieta pobre em sódio por 24 horas, são ativados mecanismos de apetite ao sódio, para

que possa ser reestabelecido o volume plasmático perdido. Ocorre uma grande

liberação de ANG II tanto periférica para retenção de Na+ plasmático quanto central,

para estimular a ingestão sódio, uma medida para retornar a volemia para os níveis

normais. Em nosso estudo verificamos que os animais experimentais têm um retardo

na ingestão de NaCl 0,3 M e ingerem menos água quando comparados com os

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controles, demonstrando que sobrecargas de sódio na fase pós-natal leva a

alterações na ingestão de sódio na fase adulta.

Stricker et al. (46) demonstraram que os osmorreceptores hepáticos contribuem

para a ingestão de água induzida pela sobrecarga de salina hipertônica (NaCl 2 M)

intragástrica. Além de também ativar osmorreceptores centrais situados em regiões

prosencefálicas. Esta sobrecarga de sódio leva a um aumento na osmolaridade

plasmática (desidratação intracelular), consequentemente inicia-se a busca pela água

para corrigir essa hiperosmolaridade (34,56). Em nossos experimentos colaboram

com estes autores e nossos animais de ambos os grupos ingerem uma quantidade

significativa de água para corrigir a osmolaridade. Curiosamente nossos animais

controle ingeriram salina hipertônica, porém a quantidade foi muito baixa;

insignificante para os valores fisiológicos. Já foi demonstrado a ingestão de salina

hipertônica de maneira paradoxal, no protocolo de sobrecarga intragástrica, mas

somente quando importantes mecanismos inibitórios para a ingestão de sódio estão

bloqueados (57), sugerindo que a sobrecarga de sódio 0,3 M na fase pós-natal pode

alterar vias centrais para a ingestão.

Até o momento diversos trabalhos demonstraram o aumento da PAM em

animais cujas mães receberam uma dieta rica em sódio, e mais recentemente

demonstraram que animais submetidos a uma dieta hipersódica na fase pós-natal

também desenvolvem este aumento na pressão. Porém, não se tinha nada descrito

sobre a ingestão de água e sódio destes animais que receberam essa dieta rica em

sódio.

O protocolo de privação hídrica de 24 horas condiciona o animal a uma

desidratação mista (intracelular e extracelular). Levando a um quadro de hipovolemia

e aumento da osmolaridade plasmática, ativando regiões centrais como o OSF, AV3V

(5). Também aumenta a atividade da renina plasmática, ocasionando um aumento na

concentração de ANG II, resultando em um aumento na ingestão de água (47).

Observamos que os animais submetidos à sobrecarga de sódio na fase pós-natal

ingerem mais água no período de reidratação do que os animais controle. Verificamos

que não houve diferença no volume urinário nem na concentração de Na+ na urina.

Levando a acreditar que essa sobrecarga de sódio na fase pós-natal provocou alguma

alteração nas regiões do SNC relacionado com a sede.

Com os nossos resultados, podemos observar em relação a ingestão de água

que durante o protocolo de privação (desidratação mista) observamos uma

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potencialização da ingestão no período de reidratação destes animais, na gavagem

com salina hipertônica 2 M (desidratação intracelular) não observamos diferença na

ingestão de água e no FURO + CAP (desidratação extracelular) os animais

experimentais ingerem água mais rápido do que os controles. No apetite ao sódio,

verificamos que no protocolo de gavagem com salina hipertônica 2 M os animais

experimentais tiveram uma redução na ingestão de sódio, no FURO + CAP e na

depleção de sódio (desidratação extracelular) têm-se um retardo na ingestão de NaCl

0,3 M e quando receberam isoproterenol obtivemos uma inibição na ingestão de sódio

pelos animais experimentais. Estes resultados nos sugere que exista alguma

alteração em regiões do SNC, mais específico nos órgãos circunventriculares

prosencefálicos, desenvolvida pela sobrecarga de salina hipertônica 0,3 M durante a

fase pós-natal interferindo nos ajustes da ingestão de água e sódio.

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6. CONCLUSÃO

Podemos concluir que animais submetidos a uma sobrecarga de sódio na fase

pós-natal desenvolvem alterações no apetite ao sódio quando submetidos a

protocolos de desidratação extracelular e também apresentam um aumento na PA na

fase adulta. Também observamos que estes animais apresentaram uma possível

aversão a solução hipertônica (NaCl 0,3 M) durante o período de ambientação.

Estes resultados nos sugere possíveis alterações em vias e/ou mecanismos

centrais que são responsáveis pelo controle da sede e apetite ao sódio, como áreas

da lâmina terminal livre de barreira hemato-encefálica. Porém, mais estudos devem

ser realizados para verificar quais vias e/ou mecanismos no SNC estão sendo

alteradas por esta sobrecarga hipertônica na fase pós-uterina.

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