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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS JULIANA DE AQUINO FRANZÉ PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DO COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS COMPLEXOS DE MELOXICAM COM Co(II), Cu(II), Mn(II), Ni(II) E Zn(II) Poços de Caldas/MG 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

JULIANA DE AQUINO FRANZÉ

PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DO

COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS COMPLEXOS DE MELOXICAM COM Co(II), Cu(II), Mn(II), Ni(II) E Zn(II)

Poços de Caldas/MG 2014

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JULIANA DE AQUINO FRANZÉ

PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DO

COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS COMPLEXOS DE MELOXICAM COM Co(II), Cu(II), Mn(II), Ni(II) E Zn(II)

Poços de Caldas/MG 2014

Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte dos requisitos para obtenção do título de graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal de Alfenas, campus Poços de Caldas. Área de concentração: Química Analítica. Orientador: Roni Antônio Mendes.

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FICHA CATALOGRÁFICA

F837p Franzé, Juliana de Aquino.

Preparação, caracterização e estudo do comportamento térmico dos complexos de Meloxicam com Co(II), Cu(II), Mn(II), Ni(II) E Zn(II)./ Juliana de Aquino Franzé;

Orientação de Roni Antonio Mendes. Poços de Caldas: 2014. 29 fls.: il.; 30 cm.

Inclui bibliografias: fls. 27-29

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) – Universidade Federal de Alfenas – Campus de Poços de Caldas, MG.

1. Meloxicam. 2. Estequiometria. 3. Cristalinidade. 4. Comportamento Térmico. I. Mendes, Roni Antonio (orient.).

II. Universidade Federal de Alfenas - Unifal. III. Título. CDD 540

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Dedico a Deus, aos meus pais, amigos,

familiares e ao meu orientador pelo apoio na

realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde е força para superar as dificuldades.

Ao meu orientador, pela orientação, apoio, confiança e empenho dedicado à

elaboração deste trabalho.

Ao Flávio Júnior Caires, doutorando em química do IQ-UNESP, pela obtenção das

curvas e dos difratogramas de raios-X.

Ao Prof. Dr. Massao Ionashiro, por ter aberto as portas do LATIG (Laboratório de

Análise Térmica Prof. Dr. Ivo Giolito) permitindo a realização das análises.

À colega Carol Caglieri, pela colaboração na preparação dos compostos e discussão

das curvas TG.

À colega Tatyane Freitas Carvalho, pela realização dos ensaios de atividade

antibacteriana.

À FAPESP pelos equipamentos utilizados nas análises.

Agradeço а todos os professores por me proporcionar о conhecimento não apenas

racional, mas а manifestação do caráter е afetividade da educação no processo de

formação profissional, por tanto que se dedicaram а mim, não somente por terem

mе ensinado, mas por terem me feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça

aos professores dedicados aos quais sem nominar terão os meus eternos

agradecimentos.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo е apoio incondicional.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação e contribuíram

para a realização deste trabalho, o meu muito obrigado.

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“Que os vossos esforços desafiem as

impossibilidades, lembrai-vos de que as

grandes coisas do homem foram

conquistadas do que parecia impossível.”

(Charles Chaplin, 1977).

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RESUMO

A utilização de Anti-Inflamatórios Não-Esteroidais (AINEs) no tratamento de doenças como artrite, osteoartrite e doenças degenerativas do músculo esquelético, é de grande importância, pois a inibição da COX (Ciclooxigenase) acarreta diretamente a diminuição das prostaglandinas que são os principais mediadores químicos responsáveis pela dor e edema das inflamações. O uso destes AINES, a longo prazo, desencadeia diversos sintomas dentre eles distúrbios gástricos e problemas renais e hepáticos. O meloxicam é um AINE pertencente à classe dos oxicans. Estas substâncias apresentam propriedades complexantes e são capazes de se ligarem coordenadamente com íons metálicos. Diversos complexos de AINES sintetizados com íons metálicos apresentam propriedades farmacológicas mais interessantes, como uma maior potência anti-inflamatória e menos reações adversas. O objetivo deste trabalho foi sintetizar complexos de meloxicam com Co(II), Cu(II), Mn(II), Ni(II) e Zn(II) e caracterizá-los quanto à estequiometria, cristalinidade e comportamento térmico. A atividade antibacteriana dos mesmos contra S. aureus também foi testada a fim de avaliar uma possível nova atividade farmacológica. Os compostos sólidos foram preparados por precipitação em solução aquosa. Posteriormente os complexos foram investigados por meio de difratometria de raio-X, calorimetria de varrimento diferencial (DSC) e análise simultânea termogravimétrica-térmica diferencial (TG-DTA). O teste para a atividade antibacteriana foi realizado pelo método de difusão em ágar. Os resultados permitiram estabelecer a estequiometria dos compostos. A precipitação dos compostos permitiu obter complexos cristalinos sem a incorporação de solventes não-aquosos. E os complexos obtidos apresentaram pequena atividade antibacteriana. Palavras-chave: Anti-inflamatórios não-esteroidais, meloxicam e complexos.

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ABSTRACT

The use of Non-Steroidal Anti-Inflammatories drugs (NSAIDs) in treating diseases such as arthritis, osteoarthritis and degenerative diseases of skeletal muscle is of great importance, because the inhibition of COX (Cyclooxygenase) leads directly to the decrease of prostaglandins that are important mediators chemicals responsible for pain and swelling of inflammation. The use of NSAIDs, in long-term, initiate various symptoms among them gastric disorders and liver and kidney problems. Meloxicam is a type of NSAID belonging to the class of oxicans. These drugs have complexing properties and are able to bing coordinately with metallic ions. The complexes of NSAIDs synthesized with metallic ions showed pharmacological properties more interesting such as increased anti-inflammatory potency and fewer adverse reactions. The objective of this work was to synthesize complexes of Meloxicam with Co(II), Cu(II), Mn(II), Ni(II) and Zn(II) to characterize them as the stoichiometry, crystallinity and thermal behavior. The antibacterial activity of the same versus S. aureus was also tested in order to evaluate a possible new pharmacological activity. The solid compounds were prepared by precipitation in aqueous solution. Subsequently the complexes were investigated by X-ray diffractometry, differential scanning calorimetry (DSC) and simultaneous analysis thermogravimetric-differential thermal analysis (TG-DTA). The test for antibacterial activity was realized by agar diffusion method. The results permitted to establish the stoichiometry of the compounds. The precipitation of the compounds permitted to obtain crystalline complexes without incorporation of non-aqueous solvents. And the obtained complexes showed little antibacterial activity. Keywords: Non-steroidal anti-inflammatories, meloxicam and complexes.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 13

2.1. CLASSE DOS OXICANS .................................................................................. 13

2.1.1. PIROXICAM ................................................................................................... 13

2.1.2. TENOXICAM .................................................................................................. 13

2.1.3. MELOXICAM ................................................................................................. 14

2.2. COMPLEXOS METÁLICOS COM OXICANS .................................................. 14

2.2.1. PIROXICAM, ISOXICAM, MELOXICAM E CINOXICAM COMPLEXADOS

COM CU2+ ................................................................................................................. 14

2.2.2. PIROXICAM COMPLEXADO COM CU2+, ZN

2+ E NI

2+ .................................. 15

2.2.3. LORNOXICAM, PIROXICAM E TENOXICAM COM SN4+ ............................ 15

2.2.4. MELOXICAM E PIROXICAM COM CO2+ ...................................................... 15

3. METODOLOGIA .................................................................................................. 16

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................... 17

4.1. ESTEQUIOMETRIA ........................................................................................... 25

4.2. CARACTERIZAÇÃO.......................................................................................... 17

4.3. ENSAIO DE ATIVIDADE BIOLÓGICA .............................................................. 26

5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 27

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 27

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1. INTRODUÇÃO

Os Anti-inflamatórios Não-Esteroidais (AINES) compreendem um grupo de

substâncias estruturalmente diferentes entre si, muito utilizadas na terapêutica. Sua

ação farmacológica é decorrente da inibição da Ciclooxigenase (COX). A COX é

uma enzima envolvida na produção de prostaglandinas (PGs), compostos lipídicos

derivados do ácido araquidônico (um ácido graxo poli-insaturado de 20 carbonos), e

são importantes mediadores químicos do processo inflamatório. As PGs são

consideradas as principais responsáveis pela dor e pelo edema característicos de

qualquer tipo de inflamação. Assim, a inibição da COX pelos AINES acarreta a

diminuição da biossíntese de prostaglandinas, resultando em efeito anti-inflamatório

e analgésico que pode ser explorado no tratamento de uma série de patologias de

natureza flogística (HARDMAN, 2000).

Existem 2 subtipos caracterizados da enzima ciclooxigenase designados por

COX-1 (constitutiva) e COX-2 (induzida).

O uso de AINES, principalmente a longo prazo, pode desencadear várias

reações adversas, dentre as quais se destacam distúrbios gástricos, complicações

cardiovasculares, problemas renais e hepáticos. Os distúrbios gástricos são os mais

frequentes, pois as PGs, particularmente a prostaglandina PGE2, tem um papel

importante na secreção de muco gástrico, que protege a mucosa estomacal da ação

irritante do ácido clorídrico presente no suco gástrico. Sendo assim, a inibição da

biossíntese de PGs causada pelos AINES resulta em diminuição da secreção do

muco e, consequentemente, da proteção da mucosa. Além desse efeito indireto, os

AINES também têm um efeito irritante direto sobre a mucosa gástrica (HARDMAN,

2000).

Há evidências de que alguns AINES, que inibem seletivamente o tipo 2 da

enzima COX, produzem menor incidência de efeitos lesivos sobre a mucosa

gástrica.

O meloxicam é um AINE pertencente à classe dos ácidos enólicos, derivados

do grupo dos oxicans, exercendo ações como agente anti-inflamatório, analgésico e

antipirético. A estrutura do meloxicam é mostrada na Figura 1. Este fármaco é um

sólido de cor amarelo pálido, com ponto de fusão de aproximadamente 255 ºC,

pouco solúvel em água, ligeiramente solúvel em acetona, solúvel em

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dimetilformamida e muito ligeiramente solúvel em etanol (96%) e metanol (BRITISH

PHARMACOPEIA, 2009).

Figura 1: Estrutura química do meloxicam. Fonte: BRITISH PHARMACOPEIA (2009).

Diversos AINES, dentre eles o próprio meloxicam, demonstram propriedade

complexante, por apresentarem em suas estruturas grupamentos funcionais que

permitem efetuar ligação coordenada com íons metálicos. Muitos complexos de

AINES com íons metálicos (principalmente metais de transição) foram sintetizados e

suas propriedades farmacológicas foram testadas. Estudos feitos por Santos et al

(2004), mostraram os efeitos anti-inflamatórios e as atividades ulcerogênicas do

complexo metálico Zn-diclofenaco em ratos, apresentando uma menor incidência de

úlceras nos animais e preservando os efeitos anti-inflamatórios (SANTOS et al,

2004).

De maneira geral, os complexos apresentaram propriedades farmacológicas

mais interessantes que os fármacos originais, como uma maior potência anti-

inflamatória, menores reações adversas em estudos de toxicidade aguda

envolvendo animais de laboratório e, em alguns casos, apresentaram ações

farmacológicas diferentes das normalmente exibidas pelos AINES, como por

exemplo, a atividade antitumoral do complexo Cu-diclofenaco (KONSTANDINIDOU,

1988; ROY; BANERJEE; SARKAR, 2006).

A obtenção de complexos no estado sólido também pode ser explorada com a

finalidade de se desenvolver procedimentos gravimétricos para a determinação de

AINES em medicamentos. Souza (2004), em sua dissertação de mestrado,

desenvolveu um método gravimétrico para determinação de diclofenaco em

comprimidos e em soluções injetáveis, baseado na reação de precipitação do

fármaco com íons Cu2+. O método mostrou-se rápido, barato, de fácil execução e

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forneceu resultados estatisticamente iguais, no nível de confiança de 95%, aos

resultados obtidos pela metodologia oficial para a determinação de diclofenaco, que

é baseada em HPLC (SOUZA, 2004).

Um agente anti-inflamatório não-esteroidal também de grande importância

para estudos e comercialização, é o piroxicam (PIR) (substância da qual o

meloxicam é estruturalmente relacionado), em virtude de possuir quatro locais de

heteroátomos diferentes para posicionar os dois substituintes necessários para

completar a sua estrutura parcial, como mostra a Figura 2 (ZAYED; NOUR

MOHAMED; EL-GAMEL, 2004).

Figura 2: Estrutura química do Piroxicam com indicações das possíveis substituições.

Fonte: ZAYED; NOUR MOHAMED; EL-GAMEL (2004).

Até o presente momento, encontraram-se poucos dados na literatura a

respeito da preparação de complexo de meloxicam com metais bivalentes e não foi

encontrado nenhum trabalho que focasse no estudo do comportamento térmico dos

compostos no estado sólido. Além disso, a síntese dos compostos de meloxicam em

estudos previamente realizados foi feita em solvente não-aquosos, e em alguns

casos, o solvente utilizado foi incorporado à estrutura do complexo (CINI, 2007;

DEFASIO, 2003). Isto poderia ter um efeito limitante sobre uma possível aplicação

terapêutica dos compostos, pois alguns solventes não-aquosos presentes na

estrutura do fármaco poderiam ter efeitos tóxicos.

O objetivo do presente trabalho foi preparar complexos de meloxicam com

Co(II), Cu(II), Mn(II), Ni(II) e Zn(II), no estado sólido, por precipitação em meio

aquoso, caracterizando-os quanto à estequiometria, cristalinidade e comportamento

térmico, além de testar (in vitro) a atividade antibacteriana dos complexos contra a

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bactéria gram-positiva Staphylococcus aureus, visando avaliar uma possível nova

atividade farmacológica para os complexos de meloxicam com os íons metálicos

escolhidos.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. CLASSE DOS OXICANS

Oxicans compreendem uma classe de anti-inflamatórios não-esteroidais

(AINES), derivados do ácido enólico. São inibidores da enzima ciclooxigenase

(COX-1 e COX-2) e apresentam atividade anti-inflamatória, analgésica e antipirética.

Esse grupo é constituído, por exemplo, pelos fármacos: piroxicam, tenoxicam, e

meloxicam.

Possuem como principal característica interessante do ponto de vista

farmacocinético um grande tempo de meia-vida permitindo seu uso em dose única

diária (ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, 2012).

2.1.1. PIROXICAM

É um anti-inflamatório eficaz e que além de bloquear a enzima

ciclooxigenase, inibe a ativação dos neutrófilos. É recomendando no tratamento de

artrite reumatoide e osteoartrite nos seres humanos (ENCICLOPÉDIA BIOSFERA,

2012).

2.1.2. TENOXICAM

Apresenta propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e também são

inibidoras da agregação plaquetária. Este medicamento inibe as isoenzimas

ciclooxigenase (COX-1 e COX-2) aproximadamente com a mesma extensão.

É utilizado no tratamento de doenças anti-inflamatórias degenerativas do

sistema músculo-esquelético (ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, 2012).

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2.1.3. MELOXICAM

É semelhante ao tenoxicam, porém tem como vantagem a inibição seletiva da

ciclooxigenase2 (COX-2) e é utilizado no tratamento da osteoartrite.

Além disso, apresenta diminuição nas lesões gástricas quando comparado

ao piroxicam (ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, 2012).

2.2. COMPLEXOS METÁLICOS COM OXICANS

Atualmente têm-se investido muito nos estudos destes complexos com o

objetivo de encontrar fármacos com alta atividade, baixa toxicidade e minimização

dos efeitos adversos. O interesse em complexos metálicos tem aumentado devido

ao melhoramento de certas atividades quando comparadas com os ligantes livres.

Uma molécula de coordenação pode apresentar diferentes combinações que

apresenta como vantagem, a proteção da degradação enzimática do fármaco

(MIDON, 2012).

2.2.1. PIROXICAM, ISOXICAM, MELOXICAM E CINOXICAM COMPLEXADOS

COM CU2+

Cini et al (2007) fez um estudo sobre o comportamento de coordenação de

anti-inflamatórios não-esteroidais da família do oxicam com cobre. Os complexos de

isoxicam, piroxicam, meloxicam e cinoxicam foram sintetizados e caracterizados por

difração de raios-X.

O complexo de cobre com piroxicam mostrou uma atividade anti-proliferativa

com inibição do fator de crescimento contra vários tipos de câncer.

Como alguns metais possuem certa toxicidade, foi feito um estudo também

dos anti-inflamatórios juntamente com o seu ligante, neste caso, Cu2+. A

caracterização destes mostraram efeitos benéficos como agentes anticancerígenos

(por meio de atividade anti-proliferativa), agentes anti-inflamatórios e anti-reumáticos

(através da atividade específica dos ligantes AINES e atividade de eliminação de

radicais de oxigênio dos complexos de cobre) (CINI et al, 2007).

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2.2.2. PIROXICAM COMPLEXADO COM CU2+, ZN

2+ E NI

2+

Abu-Eittah et al (2010) fez um estudo do tratamento orbital do piroxicam com

os seus complexos M2+ (onde M: Cu, Zn e Ni), e relatou que os efeitos estéricos

existentes dentro da molécula criou-se uma estrutura não plana. Este impedimento

estérico torna a molécula instável e grandes alterações ocorrem na configuração da

molécula quando em presença de íons metálicos. A estrutura do piroxicam livre

difere muito do que no complexo metálico. Sua configuração se altera rapidamente

quando complexada com metais, formando estruturas planas e mais estáveis,

tornando-se uma droga mais eficiente (ABU-EITTAH; ZORDOK, 2010).

2.2.3. LORNOXICAM, PIROXICAM E TENOXICAM COM SN4+

Tamasi (2010) avaliou os últimos estudos a respeito dos principais compostos

metálicos do grupo de oxicans e verificou que os metais de maior interesse são o

cobre e o estanho. As atividades biológicas do lornoxicam, piroxicam e tenoxicam

complexados com Sn4+ apresentaram-se como fármacos de alto potencial contra o

Mycobacterium tuberculosis (MT), o agente patogênico da tuberculose. Já nas

atividades citotóxicas foram eficazes para uma série de células cancerígenas.

Os complexos exibiram 100% de atividade inibidora contra o MT em

concentração inibitória mínima (TAMASI, 2010).

2.2.4. MELOXICAM E PIROXICAM COM CO2+

Nita et al (2011) em seus estudos sintetizou e caracterizou tanto

analiticamente quanto toxicologicamente os compostos de coordenação de oxicans

com cobalto, sendo eles, piroxicam e meloxicam.

Os resultados mostraram que a complexação com cobalto induz uma

modificação nas propriedades toxicológicas dos compostos, apresentando uma

toxicidade menor do que os compostos livres.

Além disso, verificou-se também que alguns complexos contendo cobalto

como ligante pode proporcionar uma atividade anti-artrítico maior que os ligantes

livres (NITA et al, 2011).

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3. METODOLOGIA

Soluções aquosas de concentrações aproximadas de 0.1 mol/L de Na-

meloxicam foram preparadas da seguinte maneira: pesou-se 18 g de meloxicam e

adicionou em cerca de 50 mL de água destilada. Foi adicionado cerca de 50 mL de

NaOH a 0.1 mol/L com agitação contínua. A suspensão resultante foi dissolvida

completamente com adição de mais água destilada. O volume foi completado até

500 mL.

As soluções aquosas de concentrações aproximadas de 0.1 mol/L de cloreto

de cobalto, cobre, manganês, níquel e zinco foram obtidas por pesagem direta dos

respectivos sais e dissolvidas em água destilada.

Para preparar os complexos, a solução de Na-meloxicam foi utilizada em

excesso estequiométrico em cerca de 50% e o seu pH inicial foi ajustado para 8.5. A

solução de Na-meloxicam foi adicionada lentamente, com agitação contínua, para a

respectiva solução do íon metálico, até à precipitação total do íon. Os precipitados

obtidos foram filtrados á vácuo e posteriormente lavados com água destilada até à

eliminação do cloreto, e mantidos em um dessecador sobre cloreto de cálcio anidro,

até atingir massa constante.

Para os compostos obtidos em estado sólido, os teores de água de

hidratação, ligante e íon metálico foram determinados a partir das curvas

termogravimétricas.

Difratogramas de raios-X pelo método do pó foram obtidos usando um

Difratômetro de raio-X Siemens D-5000, empregando radiação CuK ( = 1.541Å) e

configuração de 40 kV e 20 mA.

As curvas TG-DTA (termogravimétrica-análise diferencial térmica) simultâneas

foram obtidas em um sistema termoanalisador, modelo SDT 2960, da TA

Instruments. Os gases de purga utilizados foram ar sintético e N2, com um de fluxo

de 100 mL/min. Amostras pesando cerca de 5 mg foram aquecidas em cadinho de

alumina de 30 a 1000 ºC, com razão de aquecimento de 20 ºC/min.

As curvas DSC (calorimetria exploratória diferencial) foram obtidas por meio

de um sistema de análise térmica, modelo DSC Q10 da TA Instruments. O gás de

purga utilizado foi o nitrogênio com uma taxa de fluxo de 50 mL/min. A razão de

aquecimento de 10 ºC/min foi adotada, com amostra pesando cerca de 2 mg.

Cadinho de alumínio com tampa perfurada foi usado para registrar a curva de DSC.

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O teste para a atividade antibacteriana dos complexos de meloxicam foi

realizado pelo método de difusão em ágar. Preparou-se soluções dos complexos e

do fármaco original com concentrações de 50 e 100 μg.mL-1 (usando CHCl3 como

solvente). Norfloxacino (20 μg.mL-1) foi usado como controle positivo. Discos de

papel de filtro (5 mm de diâmetro) foram imersos em 2 mL das soluções e mantidos

até a evaporação completa do solvente. Para o ensaio, utilizou-se uma suspensão

de Staphylococcus aureus (CCCD 03B87 ATCC 6538), com turbidez equivalente a

0.5 na escala de Mac Farland. 100 µL da suspensão bacteriana foram inoculados

nas Placas de Petri contendo meio LB, e após secagem durante 5 minutos em

estufa a 35 ºC colocou-se os discos de papel nas placas. Incubou-se por 18 horas a

35 ºC. Os halos de inibição foram medidos com paquímetro digital. O ensaio foi

repetido em triplicata.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. CARACTERIZAÇÃO

Os difratogramas de raios-X obtidos pelo método do pó estão representados

na Figura 3 e os valores calculados de espaçamento interplanares (dhkl) e

intensidades relativas dos picos de difração (I/I0) estão apresentados na Tabela 1.

Todos os compostos foram obtidos no estado cristalino e os compostos de Co, Mn e

Zn apresentaram algumas evidências de série isomórfica.

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Figura 3: Difração de raio-X pelo método de pó dos compostos: (a) MnL2.4H2O; (b) CoL2.4.25H2O; (c)

NiL2.4H2O; (d) CuL2.3H2O e (e) ZnL2.4H2O. Nota: L = meloxicam. Fonte: Autoria própria.

Tabela 1: Valores de espaçamentos interplanares (dhkl) e intensidade relativa dos picos de difração

(I/I0) dos compostos analisados.

MnL2.4H2O CoL2.4.25 H2O NiL2.4H2O CuL2.3H2O ZnL2.4H2O

I/I0 dhkl I/I0 dhkl I/I0 dhkl I/I0 dhkl I/I0 dhkl

100 6.42 100 6.38 100 3.53 100 5.30 100 6.42

64 3.51 69 13.81 99 6.47 87 3.49 86 14.25

60 3.86 67 3.78 83 14.48 74 11.81 85 3.52

60 5.03 60 3.48 67 3.76 61 9.07 71 3.81

46 8.47 58 5.03 67 8.47 55 6.08 69 5.03

46 3.36 52 3.59 65 5.03 45 3.65 59 5.21

45 3.29 52 3.37 60 5.17 44 4.98 55 3.35

43 3.63 51 5.21 38 7.37 52 8.56

39 6.92 49 8.47 35 5.56 44 7.03

38 14.03 44 6.92 35 3.40 42 3.60

32 5.29 32 5.70 30 2.82 31 3.95

25 5.56 25 3.96 26 4.36

23 2.08 25 2.82

Nota: L = meloxicam. Fonte: Autoria própria.

As curvas simultâneas TG-DTA dos compostos analisados em atmosfera de

ar sintético estão ilustrados na Figura 4. Estas curvas apresentam as perdas de

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massa em quatro (Ni, Cu, Zn) ou cinco (Mn, Co) etapas com variações térmicas

correspondentes a essas perdas. As faixas de temperatura em que ocorrem estas

perdas de massa estão representadas na Tabela 2.

Figura 4: Curvas TG-DTA em atmosfera de ar dos compostos: (a) MnL2.4H2O (m=5.3661 mg); (b) CoL2.4.25H2O (m=5.3569 mg); (c) NiL2.4H2O (m=5.4083 mg); (d) CuL2.3H2O (m=5.4030 mg); (e)

ZnL2.4H2O (m=5.3273 mg). Fonte: Autoria própria.

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Tabela 2: Faixas de temperatura (θ), massas perdidas (m) e temperaturas de pico (Tp) observadas para cada fase das curvas TG-DTA em atmosfera de ar dos compostos analisados.

Compostos Fase ∆mT Resíduo

Final Primeira Segunda Terceira Quarta Quinta Calc. TG

MnL2

4H2O

θ(°C)

m(%)

Tp(oC)

50-155

8.66

141

225-300

25.80

266

300-522

24.20

440

522-620

29.68

570

705-795

2.51

-

90.79 90.85 Mn3O4

CoL2

4.25H2O

θ(°C)

m(%)

Tp(oC)

45-165

9.03

142

215-305

29.34

271

305-485

31.08

415

485-575

20.73

540

910-940

1.98

920

90.09 90.18 Co2O3

NiL2

4H2O

θ(°C)

m(%)

Tp(oC)

40-155

8.68

145

240-310

29.68

287

310-475

27.63

415

475-560

24.86

547

- 91.02 90.85 NiO

CuL2

3H2O

θ(°C)

m(%)

Tp(oC)

30-110

6.75

104

210-340

52.69

269

340-495

9.25

440

495-635

21.44

550

- 90.28 90.13 CuO

ZnL2

4H2O

θ(°C)

m(%)

Tp(oC)

30-150

8.68

125

220-300

26.85

270

300-540

25.69

500

540-670

28.91

625

- 90.29 90.13 ZnO

Nota: ∆mT = massa total perdida calculada assumindo que os produtos sólidos final da decomposição dos complexos encontrados são óxidos: Mn3O4; Co2O3 e MO (M = Ni, Cu, Zn).

L = meloxicam. Fonte: Autoria própria.

A primeira perda de massa dos compostos de Mn, Co, Ni, Cu e Zn encontram-

se na faixa de temperatura 50-155 ºC, 45-165 ºC, 40-155 ºC, 30-110 ºC e 30-150 ºC,

respectivamente. Essas primeiras perdas de massas estão relacionadas com a

desidratação dos compostos. Após a desidratação, as perdas de massas

observadas para todos os compostos são devido à decomposição térmica dos

compostos anidros. Estas perdas ocorrem em etapas consecutivas e/ou sobrepostas

com perdas parciais que são características de cada composto e sem a formação de

qualquer intermediário termicamente estável.

Para o composto de manganês anidro, as perdas de massa de até 620 ºC

correspondentes aos picos exotérmicos, são atribuídas à oxidação da matéria

orgânica, com a formação de MnO2 (teórico = 10.51%; TG = 11.61%) em mistura

com o resíduo carbonáceo, como intermediário. A última etapa da perda de massa

observada para este composto, que está entre 705-795 ºC corresponde à conversão

em Mn3O4, como resíduo final.

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Já para o composto de cobalto anidro, as perdas de massa de até 575 ºC

correspondentes aos picos exotérmicos são atribuídas à oxidação da matéria

orgânica, com a formação de Co2O3 (teórico = 9.91%; TG = 9.80%). A última etapa

da perda de massa observada para este composto, correspondente ao pico

endotérmico entre 910-940 ºC, é a redução de Co2O3 para CoO, como resíduo final.

Nos outros compostos anidros, as decomposições térmicas atribuídas à

oxidação da matéria orgânica ocorrem até 560 ºC (Ni), 635 ºC (Cu) e 670 ºC (Zn), e

são correspondentes a picos exotérmicos, com formação dos seus respectivos

óxidos (NiO, CuO ou ZnO), como resíduo final.

A Figura 5 mostra as curvas simultâneas TG-DTA dos compostos em

atmosfera de nitrogênio. As faixas de temperatura em que estas perdas de massa

ocorrem estão representadas na Tabela 3. A primeira etapa de perda de massa para

os compostos de Mn, Co, Ni, Cu e Zn, ocorre nas faixas de temperatura de 50-155

ºC, 155-45 ºC, 40-165 ºC, 30-110 ºC e 30-165 ºC, respectivamente, e são

consistentes com as faixas de temperatura observadas para a primeira perda de

massa observada nas curvas TG-DTA em atmosfera de ar. No entanto, os teores

perdas de massas observadas durante o primeiro estágio da decomposição térmica

das curvas TG-DTA em atmosfera de N2 são ligeiramente menores do que as

observadas em atmosfera de ar, porque antes do início do registro das curvas, o

sistema foi purgado com gás nitrogênio durante cerca de 20 minutos e

provavelmente arrastou uma parte da água que foi fracamente ligada aos

compostos.

As perdas de massas observadas para todos os compostos após a

desidratação são devido à decomposição térmica dos compostos anidros, mas a

pirólise da matéria orgânica não é completa, gerando mistura de óxidos metálicos

com resíduos carbonáceos.

O número de etapas de perdas de massas observadas nas curvas de TG-

DTA em atmosfera de N2 é menor que o número observado nas curvas TG-DTA em

atmosfera de ar. Um detalhe interessante que pode ser observado nas curvas TG-

DTA em atmosfera de nitrogênio é que a temperatura em que se inicia a

decomposição dos compostos anidros está próxima da temperatura observada nas

curvas TG-DTA em atmosfera de ar. Este fato permite sugerir que o tipo de

atmosfera (inerte ou oxidante) não tem qualquer influência sobre a estabilidade

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térmica do composto anidro, mas pode influenciar os mecanismos de decomposição

térmica.

Figura 5: Curvas TG-DTA dos compostos em atmosfera de N2: (a) MnL2.4H2O (m=5.4001mg); (b) CoL2.4.25H2O (m=5.3661 mg); (c) NiL2.4H2O (m=5.3593 mg); (d) CuL2.3H2O (m=5.3622 mg); (e)

ZnL2.4H2O (m =5.4347 mg). Fonte: Autoria própria.

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Tabela 3: Faixas de temperaturas (θ), massas perdidas (m) e temperaturas de pico (Tp) observadas para cada etapa das curvas TG-DTA em atmosfera de N2 dos compostos analisados.

Compostos

Fase ∆mT Resíduo

Final Primeira Segunda Terceira Quarta Calc.

(%)

TG

(%)

MnL2

4H2O

θ(°C)

m(%)

Tp(oC)

50-155

8.55

138

225-290

28.22

276

290-460

20.57

453

440-980

21.53

-

90.79 78.47

Mn3O4 + C

CoL2

4.25H2O

θ(°C)

m(%)

Tp(oC)

45-155

8.52

139

240-300

26.89

267 /

280

300-425

19.64

-

425-980

18.95

530

90.09 74.00

Co2O3 + C

NiL2

4H2O

θ(°C)

m(%)

Tp(oC)

40-165

8.56

140

240-300

41.01

285

300-425

18.59

-

425-980

16.40

-

91.02 84.56

NiO + C

CuL2

3H2O

θ(°C)

m(%)

Tp(oC)

30-110

4.83

-

210-365

62.27

250

365-980

14.01

-

- 90.28 85.99

CuO + C

ZnL2

4H2O

θ(°C)

m(%)

Tp(oC)

30-165

8.51

100 /

125

210-525

54,12

270

525-980

18.66

-

- 90.29 81.34

ZnO + C

Nota: ∆mT = massa total perdida calculada assumindo que os produtos sólidos final da decomposição dos complexos encontrados são óxidos: Mn3O4; Co2O3 e MO (M = Ni, Cu, Zn).

L = meloxicam Fonte: Autoria própria.

As curvas DSC dos compostos estão representadas na Figura 6. Todas as

curvas DSC mostram picos endotérmicos que estão em conformidade com as

primeiras perdas de massas observadas nas curvas TG-DTA e são devido à

desidratação dos compostos. As entalpias de desidratação encontradas para os

compostos de Mn, Co, Ni, Cu e Zn, foram 272.3, 243.1, 241.2, 262.6 e 232.6 J/g,

respectivamente. A curva DSC do composto de cobre mostra um pico exotérmico a

185 ºC que não está associado com as alterações de massa da curva TG-DTA. Para

elucidar este evento, os padrões de difração de raios-X (Figura 7) foram obtidos para

o composto aquecido a 160 ºC e 205 ºC. As diferenças observadas nos picos de

difração permitem sugerir que este pico exotérmico é devido a uma transição

cristalina.

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Figura 6: Curvas de DSC dos compostos em atmosfera de N2: (a) MnL2.4H2O; (b) CoL2.4.25H2O; (c)

NiL2.4H2O; (d) CuL2.3H2O; (e) ZnL2.4H2O Fonte: Autoria própria.

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Figura 7: Difração de raios-X pelo método do pó de: (a) CuL2.3H2O; (b) CuL2

aquecida a 160 ºC; (c) CuL2 aquecida a 205 ºC. Nota: L = meloxicam. Fonte: Autoria própria.

4.2. ESTEQUIOMETRIA

Os compostos obtidos tinham as seguintes cores: Co (laranja), Cu (oliva), Mn

(amarelo), Ni (verde) e Zn (amarelo claro). Os resultados analíticos dos compostos

sintetizados estão representados na Tabela 4. Os resultados das curvas

termogravimétricas em atmosfera de ar (Figura 3), permitiram calcular a

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estequiometria dos compostos, que estão de acordo com a fórmula geral ML2nH2O,

em que M = Co(II), Cu(II), Mn(II), Ni(II) e Zn(II); L = meloxicam e n = 4.25 (Co), 4

(Mn, Ni, Zn) e 3 (Cu).

Tabela 4: Dados analíticos para o ML2nH2O

Fórmula

empírica

Peso

molecular

(g/mol)

Água (%) Perda de ligante (%) Resíduo

Teórico Experimental

(TG) Teórico

Experimental

(TG) Teórico

Experimental

(TG)

MnL24H2O 827.76 8.71 8.66 82.07 82.19 9.21 9.15

CoL24.25

H2O 836.26 9.15 9.03 80.92 81.15 9.91 9.82

NiL24H2O 831.51 8.67 8.68 82.35 82.33 8.98 9.14

CuL23H2O 818.35 6.61 6.75 83.67 83.38 9.72 9.87

ZnL24H2O 838.20 8.60 8.68 81.69 81.57 9.71 9.87

Nota: M = Mn, Co, Ni, Cu ou Zn; L = meloxicam e n = número de moléculas de água. Fonte: Autoria própria.

4.3. ENSAIO DE ATIVIDADE BIOLÓGICA

Os resultados dos ensaios de atividade antibacteriana dos complexos contra

S. aureus mostraram que tais compostos têm um efeito muito pequeno na inibição

do crescimento para esta espécie de micro-organismo. Apenas alguns discos

impregnados com os complexos avaliados mostraram evidência de halos e ainda,

muito pequenos, em comparação com a norfloxacina. Os resultados foram

submetidos à análise de variância (ANOVA), aplicando-se o teste de Scott-Knott,

com nível de significância de 0.05, e foi possível observar que não há diferença

significativa na atividade antibacteriana nos complexos e que esta é muita pequena,

nas concentrações avaliadas (50 e 100 µg.mL-1). Os resultados estão

representados na Tabela 5.

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Tabela 5: Resultados obtidos no teste de atividade antibacteriana contra S.aureus.

Composto Média dos halos de inibição (mm)

NiL2.4H2O

MnL2.4H2O

CoL2.4.25H2O

CuL2.3H2O

ZnL2.4H2O

Norfloxacina (controle positivo)

5.63a

6.11a

6.58a

7.09a

7.37a

12.98b

Nota: Letras sobrescritas iguais caracterizam compostos cujas atividades, estatisticamente, não são diferentes.

Fonte: Autoria própria

Por outro lado, os discos impregnados com meloxicam não mostraram halos

de inibição em nenhuma placa, evidenciando que a droga original, nas

concentrações avaliadas, não tem nenhuma atividade antibacteriana contra S.

aureus. Em outro estudo, encontrado na literatura (MAHMOUD et al, 2014), os

autores observaram boa atividade antibacteriana para complexos de lornoxicam

(análogo ao meloxicam), mas as concentrações utilizadas foram muito maiores (100

mg.mL-1) do que as que foram testadas neste estudo. É importante ressaltar,

entretanto, que mesmo concentrações de 50 e 100 µg.mL-1, são muito altas e

provavelmente não poderiam ter emprego clínico, uma vez que a máxima

concentração terapêutica do meloxicam é de 1 µg.mL-1, valor acima do qual os

efeitos tóxicos das droga são acentuados.

5. CONCLUSÃO

A estequiometria dos compostos foi estabelecida. A precipitação dos

complexos em meio aquoso foi possível, gerando compostos cristalinos, e

eliminando a incorporação dos solventes não-aquosos na composição dos mesmos.

Os complexos obtidos apresentaram pequena atividade antibacteriana contra

S. aureus.

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