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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO
SISTEMAS DE PROCESSOS QUÍMICOS E INFORMÁTICA
SECAGEM DA BIOMASSA DE BANANA VERDE EM SPRAY DRYER
Autor – Eng. Ricardo Kenji Oi
Orientador – Prof. Dr. Elias Basile Tambourgi
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de doutor em Engenharia Química.
Campinas
2011
II
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
Oi1s
Oi, Ricardo Kenji Secagem da biomassa de banana verde em spray dryer / Ricardo Kenji Oi. --Campinas, SP: [s.n.], 2011. Orientador: Elias Basile Tambourgi. Tese de Doutorado - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química. 1. Secagem. 2. Banana - Secagem. 3. Banana. I. Tambourgi, Elias Basile. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Química. III. Título.
Título em Inglês: Green banana drying in a spray dryer Palavras-chave em Inglês: Drying, Banana - Drying, Banana Área de concentração: Sistemas de Processos Químicos e Informática Titulação: Doutor em Engenharia Química Banca examinadora: Juliana Moura de Luna, Edgar Silveira Campos, Ana Paula Brescancini Rabelo, Elizabete Jordão Data da defesa: 28/03/2011 Programa de Pós Graduação: Engenharia Química
III
Tese de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química defendida
pelo Eng. Ricardo Kenji Oi em 28 de março de 2011 e aprovada pela banca
examinadora:
IV
Este exemplar corresponde à versão final da Tese de Doutorado em Engenharia
Química defendida pelo Eng. Ricardo Kenji Oi e aprovada pela banca examinadora em
28 de março de 2011.
V
Dedico,
A todos que estiveram comigo ao longo de minha vida e que me ajudaram a buscar
meus objetivos.
Com todo o meu amor e gratidão!
VI
AGRADECIMENTOS
Agradeço
Ao Prof. Dr. Elias Basile Tambourgi pela oportunidade que me deu para que eu
chegasse até aqui, sendo um grande orientador, incentivador e amigo durante o período
de orientação.
À UNICAMP pelo suporte do Departamento de Sistemas de Processos Químicos e
Informática da Faculdade de Engenharia Química, que possibilitou a realização deste
trabalho.
Ao Eng. Lucas Bernardo Monteiro e aos técnicos Volnei de Lemos, Gilmar Alcântara e
Irineu Penha Ressurreição pelo auxílio na parte experimental.
À empresa Vale Mais, na figura de Cleonildo Xavier de Morais Filho, que cedeu a
biomassa de banana verde utilizada neste trabalho.
Por fim, agradeço ao Prof. Dr. Deovaldo Moraes Jr. pela intensa dedicação e
competência que teve neste trabalho, além de orientador é um grande amigo que
acreditou em mim e incentivou a busca pelo conhecimento através de uma pesquisa
acadêmica de alto nível.
A todos que me ajudaram direta e indiretamente, expresso aqui meu agradecimento por
tornar realidade um de meus sonhos!
VII
“Se pude ver mais longe é por que estive apoiado em ombros de gigantes”
(Isaac Newton)
VIII
RESUMO
A biomassa de banana verde é um componente que pode ser aplicado industrialmente
em uma grande variedade de alimentos por não interferir nos atributos sensoriais de
outros ingredientes e apresentar propriedades funcionais, sobretudo pela presença do
amido resistente. O campo de aplicação pode ser ampliado, inclusive para a
exportação, se produzido na forma de pó. O presente trabalho apresenta um estudo de
viabilidade de secagem da biomassa de banana verde em uma unidade não comercial
(experimental) de spray dryer com atomizador rotativo. As variáveis selecionadas no
procedimento experimental foram: o tipo do atomizador (tipo A, de orifícios de forma
retangular com semicírculos nas extremidades e área total de 162,88 mm2 e tipo B de
orifícios de forma circular e área total de 254,47 mm2); a concentração da suspensão; a
rotação do atomizador; a temperatura da alimentação e a vazão da alimentação. A
temperatura da câmara foi fixada em 140ºC com o ar a 0,013 kg/s. Estabeleceu-se
como respostas a massa e a umidade relativa do produto. Essas variáveis tiveram dois
níveis de variação, o que correspondeu à realização de 32 ensaios. Dentre as variáveis
utilizadas nos ensaios, a concentração da suspensão foi a variável mais significativa
para as repostas massa e umidade relativa, as demais apresentaram efeitos reduzidos.
O ensaio número 13 apresentou as melhores condições das respostas (9,17% e 12,656
g), sendo obtido com o atomizador tipo B; concentração de 50%, rotação de 27.000
rpm, vazão da alimentação de 40 mL/min e temperatura da alimentação de 30 ºC. Para
esta amostra foi realizada uma análise microscópica, em que o tamanho dos grânulos
não ultrapassou 500 μm, portanto, pode ser empregado em diversas preparações
alimentícias. A partir do ensaio 13, calculou-se o diâmetro da câmara de secagem para
uma produção de 25 kg/h, o que resultou em 5,14 m. Neste estudo ficou comprovada a
viabilidade da secagem da biomassa de banana verde em spray dryer com atomizador
rotativo.
Palavras-chave: biomassa de banana verde; spray dryer; secagem de produtos
alimentícios; atomização; secadores industriais.
IX
ABSTRACT
The green banana biomass is a component that can be industrially applied to a wide
variety of foods because do not interfere in the sensory attributes of other ingredients
present and has functional properties, especially the presence of resistant starch. This
use can be expanded, including for export, if this product be produced in powder form.
This research presents a feasibility study of drying green banana biomass in a non-
commercial unit (experimental) of spray dryer with rotary atomizer. The variables
selected in the experimental procedure were: the type of atomizer (type A, hole in a
rectangular shape with semicircles at the ends and the total area of 162.88 mm2 and
type B, hole in a circular shape and a total area of 254.47 mm2); the suspension
concentration; the atomizer rotation; the biomass temperature and the biomass flow.
The chamber temperature was set at 140ºC with air at 0.013 kg/s. It was defined as
response the mass and the relative humidity of the product. These variables had two
levels of variation, which corresponded to the completion of 32 trials. Among the
variables used in the tests, the suspension concentration was the most significant to
responses of mass and humidity, the others showed low effects. The test number 13
presented the best conditions of responses (9.17% and 12.656 g), was obtained with the
atomizer type B, 50% concentration, atomizer rotation of 27,000 rpm, biomass flow rate
of 40 mL/min and biomass temperature of 30°C. For this sample was realized a
microscopic analysis, the granules size do not exceeded 500 μm, therefore can be used
in various food preparations. From the 13 test, the diameter calculation of the drying
chamber for a production of 25 kg / h resulted in 5.14 m. In this study it was proved the
feasibility of drying the green banana biomass in a spray dryer with rotary atomizer.
Keywords: green banana biomass; spray dryer; drying of food products, industrial
dryers; atomization.
X
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................... .............VIII
ABSTRACT............................................................................................. ....... .............IX
LISTA DE FIGURAS...................................................................................... ...........XIII
LISTA DE TABELAS....................................................................................... ..........XIV
NOMENCLATURAS ..................................................................................... ............XV
1. INTRODUÇÃO............................................................................................. .............1
1.1. Objetivos............................................................................................... ............2
1.2. Justificativa.............................................................................................. ..........2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................... .................................4
2.1. Secagem....................................................................................... ....................4
2.1.1. Conceituação de secagem.............................................. ........................4
2.1.2. Remoção da umidade.......................................... ............ .......................6
2.1.3. Secagem na condição diluída................................................ ..................9
2.2. Secador pulverizador spray dryer.......................................................... ..........11
2.2.1. Histórico..................................................................................... ............12
2.2.2. Descrição do processo spray drying................................. ......................13
2.2.3. Atomização no spray drying.............................................................. .....16
2.2.4. Atomizador...................................................................................... ......17
2.2.4.1. Bocais a dois fluidos.......................................................... ........17
2.2.4.2. Bocais a pressão................................................................ ......19
2.2.4.3. Atomizadores rotativos.................................................... .........20
2.2.5. Seleção do Atomizador...................................................................... ....23
2.2.5.1. Desenho do atomizador e a capacidade da alimentação...... . .23
2.2.5.2. Energia para atingir atomização completa da alimentação. .....23
2.2.5.3. Distribuição do tamanho das gotículas............................... .....23
2.2.5.4. Tamanho das gotículas................................................... ..... ....24
2.2.5.5. Desenho da câmara de secagem................................. ...........24
XI
2.2.5.6. Flexibilidade operacional...............................................................24
2.2.5.7. Propriedades da alimentação................................................... ....25
2.2.5.8. Experiência no atomizador disponível para o produto..................25
2.2.6. Influência das variáveis no processo spray drying......................................26
2.2.7. Aplicações industriais do spray dryer..........................................................26
2.2.7.1. Resinas e plásticos........................................................................27
2.2.7.2. Cerâmica.......................................................................................27
2.2.7.3. Produtos de limpeza......................................................................28
2.2.7.4. Pesticidas......................................................................................28
2.2.7.5. Fertilizantes...................................................................................28
2.2.7.6. Farmacêuticas...............................................................................29
2.2.7.7. Produtos químicos inorgânicos.....................................................29
2.2.7.8. Produtos químicos orgânicos........................................................29
2.2.7.9. Alimentícias...................................................................................30
2.3. Biomassa de banana verde..................................................................................31
2.3.1. Considerações preliminares.........................................................................31
2.3.2. Características nutricionais da banana verde.............................................32
2.3.3. Amido resistente e seus benefícios à saúde................................................33
2.3.4. Fabricação da biomassa de banana verde.................................................35
3. MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................................................37
3.1. Unidade experimental...........................................................................................37
3.1.1. Atomizadores..............................................................................................38
3.1.2. Motor elétrico..............................................................................................38
3.1.3. Voluta..........................................................................................................39
3.1.4. Bomba peristáltica.......................................................................................39
3.1.5. Tanque da alimentação...............................................................................40
3.1.6. Trocador de calor........................................................................................40
3.1.7. Aquecedor de ar..........................................................................................41
3.1.8. Termopares.................................................................................................41
3.1.9. Painel de controle........................................................................................42
XII
3.2. Variáveis utilizadas nos ensaios..........................................................................42
3.3. Equipamentos e materiais utilizados nos ensaios................................................43
3.4. Procedimentos utilizados nos ensaios.................................................................44
3.5. Equações para o cálculo do diâmetro da câmara................................................45
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................47
4.1. Análise das respostas..........................................................................................47
4.2. Influência das variáveis na resposta....................................................................49
4.2.1. Influência na massa....................................................................................50
4.2.2. Influência na umidade relativa....................................................................53
4.3. Análise microscópica do ensaio com as melhores respostas.............................. 55
4.4. Cálculo do diâmetro da câmara de secagem........................................................56
5. CONCLUSÃO..............................................................................................................60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................62
APÊNDICE......................................................................................................................67
XIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Secador spray dryer para aplicação industrial .................................. .... . 10
Figura 2.2 Instalação de secagem em spray dryer............................................... ....13
Figura 2.3 Vista em corte da secção longitudinal de bocal a dois fluidos.............. ...18
Figura 2.4 Vista em corte da secção longitudinal de bocal a pressão............ ..........20
Figura 2.5 Disco com chicanas retas............................................................... .........21
Figura 2.6 Disco com alta capacidade.............................................................. ........21
Figura 2.7 Disco com forma de prato............................................................. ...........22
Figura 2.8 Processo de fabricação da biomassa de banana verde................... .......36
Figura 3.1 Unidade experimental de spray dryer.............................................. ..... ....37
Figura 3.2 Atomizador tipo A............................................................................. ........38
Figura 3.3 Atomizador tipo B........................................................................... ..........38
Figura 3.4 Motor elétrico para o acionamento do atomizador............................. ......38
Figura 3.5 Voluta................................................................................................ .......39
Figura 3.6 Bomba peristáltica.............................................................................. ......39
Figura 3.7 Tanque da alimentação.................................................................... ........40
Figura 3.8 Trocador de calor................................................................................. ....40
Figura 3.9 Aquecedor de ar...................................................................... .................41
Figura 3.10 Termopar........................................................................................ .........41
Figura 3.11 Painel de controle............................................................................. .......42
Figura 4.1 Efeitos das variáveis para a massa................................................... .......50
Figura 4.2 Gráfico de Pareto para os feitos das variáveis na massa.................. ......51
Figura 4.3 Efeitos das variáveis para a umidade relativa.................................... ..... 53
Figura 4.4 Gráfico de Pareto para os feitos das variáveis na umidade relativa...... ..54
Figura 4.5 Partículas da biomassa de banana verde seca em spray dryer.... ..........56
Figura 4.6 Ilustração da câmara de secagem................................................... ........58
XIV
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Influência das variáveis no spray dryer........................................... .......26
Tabela 3.1 Variáveis selecionadas no experimento......................................... .........43
Tabela 4.1 Resultados dos ensaios na unidade experimental de spray dryer.... ......47
Tabela 4.2 Amostras com umidade relativa menor que 13%........................ ..........49
XV
NOMENCLATURAS
A Área da seção transversal do aquecedor m2
AR Amido resistente
C Concentração da suspensão %
m Massa da amostra g
mH2O Massa de água kg
M massa molar kg/mol
ms Massa seca kg
mt Massa total kg
n Rotação do atomizador rpm
p pressão absoluta Pa
Q Vazão da alimentação mL/min
Qc Vazão volumétrica na câmara de secagem m3/s
R Constante dos gases J/mol.K
T Temperatura do ar ou da alimentação K ou oC
U Umidade relativa da amostra %
v Velocidade do ar na saída do aquecedor m/s
V Volume da câmara de secagem m3
x relação entre as vazões mássicas do ar e do produto adimensional
xbs Umidade na base seca %
xbu Umidade na base úmida %
ρ ar na temp de entrada Massa específica do ar na temperatura de entrada kg/m3
ρ ar na temp de saída Massa específica do ar na temperatura de saída kg/m3
ω ar na temp de entrada Vazão mássica do ar na temperatura de entrada kg/s
ω ar na temp de saída Vazão mássica do ar na temperatura de saída kg/s
ω produto Vazão mássica do produto kg/s
Tempo espacial s
1
1. INTRODUÇÃO
Os alimentos funcionais são aqueles que além da função original de nutrição,
também se destinam à manutenção geral da saúde e/ou redução do risco de doenças.
O mercado mundial deste segmento movimentou cerca de US$ 80 bilhões, em 2007.
Anualmente, no Brasil, este tipo de alimento movimenta aproximadamente US$ 647
milhões. De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o
alimento ou ingrediente que contenha propriedades funcionais, além de atuar em
funções nutricionais básicas, deverá desencadear efeitos benéficos à saúde e ainda de
ser seguro para consumo sem supervisão médica.
Dentro dessa categoria de alimentos, a biomassa de banana verde (banana
verde processada, ausente de sabor e inodora) surge como uma opção para ser
utilizada em substituição aos espessantes tradicionais como trigo, soja, fécula de
mandioca e amido de milho, em doces ou salgados, melhorando o valor nutricional e
assumindo o sabor da preparação.
A biomassa de banana verde apresenta em seu conteúdo as vitaminas A, C,
complexo B (B1, B2 e niacina) e os sete sais minerais indispensáveis ao organismo
humano. O amido resistente (AR) presente na biomassa de banana verde ao ser
fermentado pela microbiota bacteriana no interior do intestino grosso produz ácidos
graxos de cadeia curta, contribuindo para a integridade do cólon intestinal. O AR é um
carboidrato complexo que apresenta um comportamento semelhante ao das fibras
alimentares, com efeitos fisiológicos benéficos tanto sistêmica quanto localmente,
principalmente no intestino grosso.
Diversos trabalhos foram publicados sobre essas propriedades da banana
verde, os quais abordaram os efeitos benéficos sobre alguns males como câncer
coloretal, diarréia, índice glicêmico, resposta insulínica, dislipidemias, doenças
cardiovasculares e doença celíaca.
Tendo em vista os diversos benefícios da biomassa de banana verde à
alimentação humana, surge a necessidade de industrializar o seu processo de
produção, para que esse alimento seja melhor difundido na sociedade.
2
Os estudos do processamento industrial da biomassa de banana verde ainda
são insípidos, gerando assim um grande espaço para o desenvolvimento de trabalhos
neste campo.
Uma das principais operações unitárias na obtenção da biomassa de banana
verde através do processo industrial é a remoção da massa de água. A secagem por
meio da fase diluída é normalmente realizada em secadores pulverizadores (spray
dryer), que apresentam como vantagens o melhor controle das dimensões dos grânulos
e a qualidade do produto seco.
OI, TAMBOURGI e MORAES JR. (2010) e OI et al (2009) estudaram a
secagem da biomassa de banana verde em spray dryer com atomizador rotativo movido
por ar comprimido. Nesses trabalhos os grânulos da biomassa não ultrapassaram o
tamanho de 500 μm e o produto obtido apresentou umidade relativa de até 8,0 %.
1.1. Objetivos
O presente trabalho teve por objetivo geral estudar a secagem da biomassa
de banana verde em uma unidade experimental de secador do tipo spray dryer com
atomizador rotativo, movido por um motor elétrico.
O objetivo específico do estudo foi determinar as melhores condições
operacionais na unidade experimental, tendo como variáveis o tipo de atomizador, a
concentração da suspensão, a rotação do atomizador, a temperatura da alimentação e
a vazão da alimentação.
1.2. Justificativa
Diversos estudos apresentam os benefícios da biomassa de banana verde
para a saúde humana. Ademais, a biomassa de banana verde pode substituir os
espessantes tradicionais empregados na indústria alimentícia. Entretanto, esse produto
ainda é produzido de modo artesanal ou semi-industrial, com baixo volume de
produção.
3
Um processo industrial para a produção da biomassa de banana verde pode
elevar a qualidade, a escala produzida e a produtividade da operação, permitindo que
esse produto seja utilizado de forma mais eficiente na cadeia produtiva da indústria
alimentícia.
Atualmente, no processo semi-industrial, a biomassa é obtida na forma
pastosa, e mesmo que o processamento seja asséptico, persiste a constante
preocupação quanto à questão microbiológica, assim como perecibilidade do material.
Nesse contexto, justifica-se a secagem em spray dryer. Esse processo permite a
remoção da água e a granulação do material, facilitando o transporte e aumentando o
shelf-life do produto, fatores essenciais para sua exportação.
No equipamento spray dryer existem diversas variáveis que podem
influenciar as características e a produção do produto que se pretende secar. Portanto,
é fundamental analisar as influências dessas variáveis no processo de secagem, tendo
em vista elevar a eficiência do equipamento e a qualidade da biomassa de banana
verde em pó.
4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Secagem
Neste subcapítulo é abordado o conceito de secagem, o secador do tipo
spray dryer e a biomassa de banana verde.
2.1.1. Conceituação de secagem
Para FOUST et al (1982), o conceito de secagem é definido pela
transferência de um líquido que se encontra em um sólido molhado para uma fase
gasosa não saturada. Por sua vez, McCABE, SMITH e HARRIOT (2001) afirmam que a
secagem é a remoção de pequena quantidade de água ou outro líquido de um material
sólido. RICHARDSON e HARKER (2002) explicam que a secagem é a remoção final de
água ou outro soluto, e essa operação frequentemente sucede a evaporação, filtração
ou cristalização. Keey apud BROD (2003) define a secagem como sendo a remoção de
uma substância volátil (comumente, mas não exclusivamente a água) de um produto
sólido, isto é, a operação na qual a atividade de água de um material é diminuída pela
remoção da água através de sua vaporização.
ALONSO (2001) afirma que durante a secagem é necessário fornecer calor
para evaporar a umidade do material, devendo existir um sorvedor de umidade para
remover o vapor de água, formado a partir da superfície do material a ser seco. Para o
autor, este processo de fornecimento de calor da fonte quente para o material úmido
promove a evaporação da água do material e em seguida a transferência de massa
arrasta o vapor formado.
Diante do exposto, conclui-se que a operação de secagem consiste na
remoção de um líquido agregado (umidade) a um sólido para um meio gasoso
insaturado. Nesse processo, a vaporização ocorre a uma temperatura inferior àquela de
ebulição do líquido na pressão do sistema.
5
O meio gasoso também conhecido como meio de secagem pode ser: ar;
vapor; gases de combustão; ou uma composição desses, devendo ser insaturado para
absorver a umidade contida no sólido na forma de vapor.
Para PERRY e GREEN (1997), o material submetido ao processo de
secagem pode ser um sólido com forma definida, uma pasta, ou ainda uma suspensão
de sólidos, sendo que o produto final sempre será um sólido com algum grau de
umidade. A remoção de água e outros líquidos podem ser feitos mecanicamente por
pressão ou centrifugação, ou termicamente através da evaporação, conforme McCABE,
SMITH e HARRIOT (2001) e GEANKOPLIS (1993).
Segundo BROD (2003), a secagem é uma das mais antigas e usuais
operações unitárias encontradas nos mais diversos processos usados em indústrias
agrícolas, cerâmicas, químicas, alimentícias, farmacêuticas, de papel e celulose,
mineral e de polímeros. O autor explica ainda que a secagem é uma das operações
mais complexas e menos entendida, dada à dificuldade e deficiência da descrição
matemática dos fenômenos envolvidos na transferência simultânea de calor, massa e
quantidade de movimento no sólido.
FOUST et al (1982) ressaltam que a secagem está entre as operações mais
usuais na indústria química, geralmente, é o último processamento do produto antes de
sua classificação e embalagem. RICHARDSON e HARKER (2002) concordam e
apontam algumas razões para a aplicação da secagem no processo industrial:
a) Redução do custo de transporte;
b) Produção de materiais mais apropriados para o manuseio;
c) Obtenção de propriedades mais precisas e
d) Remoção da umidade que de outra maneira provocaria corrosão.
De acordo com BROD (2003), o objetivo principal de qualquer
processamento é a manutenção das qualidades do produto. No dimensionamento de
equipamentos de secagem e no controle de processos é necessário quantificar a
qualidade do material que está sendo manuseado.
6
PARK et al (2006) frisam que os principais critérios utilizados para a
determinação da qualidade do produto a ser seco são a deterioração (origem biológica,
microbiológica, enzimática, mecânica, química e física) e a composição (química e
nutricional).
2.1.2. Remoção da umidade
BROD (2003) afirma que os diversos pontos de vista sobre a conceituação
de secagem ilustram a remoção de umidade, que está agregada a um material sólido, e
um dos importantes parâmetros do material que se pretende secar é o conteúdo de
umidade presente. O conteúdo de umidade de um produto é a proporção direta entre a
massa de água presente no material e a massa de matéria. O autor esclarece que o
conteúdo de umidade é a quantidade de água, que pode ser removida do material sem
alteração da estrutura molecular do sólido, sendo quantificada de duas maneiras,
conforme as equações 2.1 e 2.2:
a) Base seca (xbs) – em relação à massa seca do produto (mms):
ms
OHbs
m
mx 2
b) Base úmida (xbu) – em relação à massa total do produto (mt):
msOH
OH
mt
OHbu
mm
m
m
mx
2
22
Esses conteúdos de umidade podem ser obtidos na forma percentual. A
variável mH2O representa a massa de água.
ALONSO (2001) explica que a dificuldade de secagem nos materiais está
relacionada ao movimento de água do interior do material, analisado pelos mecanismos
de transferência de massa.
BROD (2003) descreve que no decorrer da secagem, a água deve ser
transportada do interior do sólido até a superfície para que haja a evaporação de água
da superfície do material ao ambiente, sendo os mecanismos mais importantes:
(2.1)
(2.2)
7
a) Difusão líquida: ocorre pela existência do gradiente de concentração;
b) Difusão de vapor: surge devido ao gradiente de pressão de vapor, causado
pelo gradiente de temperatura e
c) Escoamento de líquido e de vapor: produzido pela diferença de pressão
externa, concentração, capilaridade e alta temperatura.
Durante o período de secagem, a taxa decrescente (a única geralmente
observada pelos produtos biológicos) é a migração interna da água que fixa a cinética
de secagem, sendo os seguintes mecanismos que comandam o movimento da água,
conforme ALONSO (2001):
a) O movimento de água líquida sob efeito da força gravitacional (desprezível na
secagem de produtos biológicos);
b) A migração capilar da água líquida sob a ação da tensão superficial, sendo a
difusão de água líquida sob o efeito de um gradiente de umidade conforme a
Lei de Fick1;
c) A difusão de água líquida adsorvida sobre as superfícies internas dos poros
vazios (somente para teores de água muito fracos);
d) A difusão de vapor sob o efeito de um gradiente de pressão parcial de vapor
de água, sendo o escoamento de água sob o efeito da diferença de pressão
total entre o interior e o exterior do material e
e) A migração de água líquida ou vapor sob o efeito de um gradiente de
temperatura.
De acordo com ALONSO (2001), considerações como conteúdo inicial de
umidade do material, conteúdo final de umidade que o material pode chegar (umidade
de equilíbrio), a forma em que água está relacionada com a estrutura do sólido e os
modos do transporte da água no interior do sólido até a sua superfície servem para
fundamentar o fenômeno de secagem.
(1) A Lei de Fick expressa que o fluxo de massa por unidade de área é proporcional ao gradiente de concentração de água (PARK, YADO e BROD, 2001).
8
BROD (2003) explica que a preservação de um alimento, entre outros
fatores, depende da quantidade da água presente no mesmo. Para o autor, existem
diversos métodos para determinar a umidade em alimentos, sendo a sua seleção
conforme a forma pela qual a água está presente na amostra, a natureza da amostra, a
quantidade relativa de água, a rapidez desejada na determinação e o equipamento
disponível. O autor ainda afirma que a água pode estar presente na amostra sob duas
formas:
a) Água livre: é a água que está simplesmente adsorvida no material, sendo a
mais abundante; ela é perdida facilmente às temperaturas em torno da
ebulição e
b) Água ligada: é a água de constituição, que faz parte da estrutura do material,
ligada às proteínas e açúcares, e adsorvida na superfície de partículas
coloidais, necessitando de níveis elevados de temperatura para sua remoção.
Dependendo da natureza da amostra, requer temperaturas diferentes para a
sua remoção, e em alguns casos não é eliminada nem a temperaturas que
carbonizem parcialmente a amostra.
BROD (2003) ressalta que o aquecimento da amostra pode causar a
caramelização ou decomposição dos açúcares, a perda de voláteis ou ainda a oxidação
dos lipídeos. Dessa forma, é importante uma avaliação criteriosa e cuidadosa na
escolha do método mais apropriado e conveniente para a amostra.
Na determinação de umidade em matérias-primas, deve ser considerada a
natureza da amostra: produto perecível ou produto deteriorável, segundo BROD (2003).
Os métodos normalmente utilizados mensuram apenas a água livre pela faixa de
temperatura prevista nos mesmos.
Conforme BROD (2003), os métodos de determinação de umidade podem
ser classificados em diretos e indiretos. Nos métodos diretos, a umidade de uma
amostra é removida e a determinação é feita pela pesagem. Nos métodos indiretos, as
determinações são feitas mensurando as características físicas do material
relacionadas ao teor de umidade.
9
2.1.3. Secagem na condição diluída
Existem diversos tipos de secadores para a secagem de materiais. A escolha
de um determinado tipo é ditada pela natureza do produto a ser desidratado, a forma
que se deseja dar ao produto processado, a quantidade a ser seca e o fator econômico.
PERRY e GREEN (1997) descrevem quatro tipos de condições de secagem: estática;
dinâmica; fluidizada e diluída. O secador spray dryer opera na condição diluída.
Na condição diluída de secagem, os secadores funcionam através do
princípio da atomização1 ou pulverização do produto a ser desidratado em partículas
pequenas e uniformes, sendo essa a principal vantagem da utilização desse tipo de
equipamento de secagem.
Para MASTERS (1985), os secadores pulverizadores são equipamentos em
que a secagem é feita por atomização em processo contínuo no qual um líquido ou uma
pasta é transformado em produto seco, caracterizado pelo tempo de secagem
relativamente menor que em outros tipos de secadores. A capacidade de produção
desse tipo de secador varia desde uma produção piloto até volumes de 25x103 kg/h.
De acordo com FOUST et al (1982), em virtude da ampla faixa de utilização e
da forma conveniente do produto, os secadores pulverizadores são usados com uma
enorme variedade de produtos como, por exemplo, café, leite, detergente, corante,
pesticida, polímeros, suspensões cerâmicas, plasma sanguíneo, enzimas, penicilina,
amido, concentrados metálicos, caulim, alumina, entre outros.
Nos processos industriais de secagem são poucos os secadores que aceitam
fluidos bombeáveis (suspensão, pasta, suspensão fina, emulsão, etc.) na entrada da
alimentação até o final do processo produzindo grânulos secos. O secador por
pulverização do tipo spray dryer é o único que está habilitado a produzir grânulos
uniformes, de pequenas dimensões e com baixa umidade, sendo a melhor opção de
secagem devido à sua flexibilidade (FOUST et al, 1982).
(1) Para MASTERS (1985), a atomização é o processo de divisão do líquido em milhões de micro gotas formando um spray, sendo que 1 m³ de líquido, forma aproximadamente 2 x 10¹² gotas com diâmetro
aproximado de 100 m.
10
Os secadores pulverizadores do tipo spray dryer apresentam uma ampla
utilização na secagem industrial de diversos produtos que requerem o uso do sistema
de secagem por atomização. Segundo FOUST et al (1982) esse processo de secagem
mantém as propriedades físico-químicas dos produtos e em alguns casos chega a
melhorar essas propriedades.
PERRY e CHILTON (1979) explicam que o secador spray dryer é um
equipamento constituído por uma câmara cilíndrica grande, geralmente vertical, como
ilustra a Figura 2.1. Segundo os autores, o material a ser seco é pulverizado
continuamente na forma de pequenas gotículas, sendo introduzido concomitantemente,
na câmara de secagem, um grande volume de ar quente, suficiente para fornecer o
calor necessário para completar a evaporação do líquido. As transferências de calor e
de massa são realizadas pelo contato direto entre o ar quente e as gotículas dispersas,
e depois de completada a secagem, o gás é resfriado e os sólidos são separados,
finalizam os autores.
Figura 2.1 – Secador spray dryer para aplicação industrial (SPRAY DRYER & CIA, 2010).
11
Segundo PERRY e CHILTON (1979), a partir desse processo, conseguem-se
o efeito, parcialmente, no fundo da câmara de secagem, a classificação e a separação
dos grânulos secos. Para os referidos autores, os grânulos maiores são depositados no
fundo da câmara, enquanto que os grânulos menores são carregados juntamente com o
ar quente de exaustão e podem ser separados por ciclones recuperadores ou filtros
manga, obtendo dessa forma a classificação.
Wendel e Çelik; Filková e Mujumdar apud RODRIGUES (2004) afirmam que,
embora o processo spray drying seja uma tecnologia cara em razão do alto custo do
equipamento e da pouca eficiência na utilização de energia, diversas são as razões
pelas quais esse tipo de secador é muito utilizado nas indústrias. Dentre as vantagens
destacam-se:
1. Obtenção de partículas de alta qualidade, de tamanho uniforme e forma
esférica;
2. Possibilidade de secar produtos à pressão atmosférica;
3. Facilidade de produzir grandes volumes em operação contínua utilizando-
se equipamentos de fácil operação e
4. Ampla aplicabilidade e flexibilidade por permitir o processamento de
diversos tipos de materiais com rapidez e baixa umidade.
O processo spray drying trabalha com baixas temperaturas, secando o
produto à temperatura de bulbo úmido, até em presença de gases muito quentes,
tornando esse processo próprio para manter os componentes voláteis no produto,
preservando as características físico-químicas.
Dada a importância do secador spray dryer para o presente trabalho, o
próximo subcapítulo é dedicado à abordagem do assunto com profundidade.
12
2.2. Secador pulverizador spray dryer
Neste subcapítulo são apresentados todos os aspectos do secador do tipo
spray dryer como o funcionamento, os componentes, as aplicações industriais e as
influências das variáveis.
2.2.1. Histórico
MASTERS (1985) afirma que Percy é considerado o pioneiro em descrever
detalhadamente a secagem de produtos na forma de spray, sendo sua patente
requerida, em 1872. Ainda para o autor, o conceito da atomização de fluidos dentro de
uma corrente de ar quente foi levado adiante por Barsler, em 1888, por concentrar suco
de cana, glicose e leite em um processo conhecido como spray concentration.
MASTERS (1985) relata que em 1896, a empresa Trufood Ltd. reconheceu
as vantagens da pré-concentração e propôs fabricar leite em pó. Em janeiro de 1901,
Stauff patenteou um spray drying com um bico e um dispersor de ar, seguido por
Gardner, no mesmo ano, com um spray de dois bicos para o fluido.
Em 1905, a patente de Stauff foi vendida para uma companhia norte
americana denominada Merril Saul, que fabricava equipamento especializado para a
indústria de leite. Essa empresa desenvolveu um secador para leite, que foi na época o
primeiro e o melhor spray dryer comercializado nos EUA.
Segundo MASTERS (1985), o sucesso do secador Merril foi motivado pela
sua capacidade de produzir leite em pó numa quantidade superior à produzida
anteriormente. Na mesma época, a bem sucedida sociedade entre Messrs Ohester
Spray e Aage Jensen começou a comercializar com sucesso os famosos secadores do
tipo spray com bico atomizador.
Mais tarde, os métodos Kraus e Kestner envolveram secadores em spray
com atomizadores invertidos, em que o líquido cai dentro de um prato e depois flui
sobre a parte de baixo do recipiente até a borda onde ocorre a atomização.
13
Conforme MASTERS (1985), nos anos 20 do século XX teve o início da
aplicação comercial de secadores para a emulsão e misturas, tendo como princípio o ar
dispersor criado pela rotação do ar ao redor do atomizador. Ainda para o autor, por
volta dos anos trinta, o spray dryer foi restritamente usado para soluções de baixa
viscosidade e dispersor de ar, porém, a aplicação industrial do spray dryer de maior
significância ocorreu primeiramente nas indústrias de detergente e de leite, em 1920.
A partir da Segunda Guerra Mundial, surgiu a necessidade de produzir
alimentos desidratados e outros tipos de produtos em pó para reduzir o alto custo do
transporte, segundo MASTERS (1985). Isso contribuiu para uma maior utilização do
spray dryer, aumentando-se também o tamanho desse tipo de secador.
2.2.2. Descrição do processo spray drying
A Figura 2.2 fornece uma ilustração de secador do tipo spray dryer.
Figura 2.2 – Instalação de secagem em spray dryer (FOUST et al, 1982).
14
De acordo com a Figura 2.2, o ar penetra pelo topo da câmara de secagem,
sendo injetado através de um filtro e de um aquecedor, e flui em corrente paralela com
as gotículas a serem secas que se formam num bocal pulverizador ou num atomizador
de disco rotativo. À medida que as gotículas caem, a água evapora no gás quente, e
deixa o material sólido constitutivo da partícula. Os grânulos maiores caem no fundo da
câmara e os grânulos menores são arrastados pelo gás até os ciclones separadores.
Os grânulos muito finos passam pelo soprador e entram num sistema de lavagem a
úmido. A suspensão ou a solução que se obtém neste depurador de gás pode retornar
à carga inicial e ser recirculada.
Segundo FOUST et al (1982), são possíveis variações neste sistema,
usualmente definidas pelas propriedades da carga e pelas características desejadas do
produto. A câmara de secagem pode operar em contracorrente com o fluxo de ar e o
fluxo do produto, ou então ter uma configuração paralela de fluxos. O ar secundário
pode entrar na câmara de secagem pelo topo, ou pode ser injetado em diversos pontos.
O sistema de coleta usa, na maioria das vezes, um ciclone coletor, podendo também ter
um filtro de mangas, ou mesmo um precipitador eletrostático.
MASTERS (1985) apresenta três processos unitários fundamentais na
secagem à pulverização:
a) Atomização do líquido;
b) Mistura do gás e gotículas e
c) Secagem das gotículas líquidas.
O elemento central do processo de secagem por spray drying é a câmara de
secagem. Na câmara a suspensão inicial é atomizada e entra em contato com fluxo de
ar quente, resultando em uma evaporação de aproximadamente 95% de água
constituinte da gotícula do produto. A função da câmara de secagem é fornecer o tempo
de residência do contato entre o ar e as partículas para a obtenção do produto seco
desejado (MASTERS, 1985).
15
MASTERS (1985) afirma que o comportamento das partículas durante a
secagem é influenciado pelo tipo de fluxo utilizado entre a suspensão pulverizada e o ar
quente. O tipo de contato entre o spray e o ar é determinado pela posição do
atomizador em relação ao ar de entrada.
De acordo com NIRO (2009), a câmara de secagem pode operar com os
seguintes tipos de fluxo:
a) Fluxo concorrente: Neste fluxo o spray e o ar de secagem passam pela
câmara de secagem na mesma direção. A temperatura do produto na
descarga do secador é menor que a temperatura de exaustão do ar, sendo
assim a melhor opção para secagem de produtos sensíveis ao calor. Quando
operado com disco rotativo a dispersão do ar é elevada, ocasionando
uniformidade de temperatura na câmara de secagem;
b) Fluxo contracorrente: O ar de secagem e o spray passam pela câmara de
secagem em direções opostas, esta configuração é apropriada para produtos
que requerem um grau maior de calor durante a secagem. A temperatura do
pó produzido é, geralmente, maior que a temperatura de exaustão do ar e
c) Fluxo misto: O fluxo de ar de secagem é direcionado para baixo enquanto
a alimentação é pulverizada para cima, retornando esta em fluxo concorrente
com o ar. Este tipo de fluxo é apropriado para produção de partículas
grandes, pois o tempo de residência é aumentado.
Em modelos especiais de spray drying pode haver ar de resfriamento para
entrar na câmara, ou sistemas fechados para recuperação de solventes, ou então
arrastadores pneumáticos ou raspadores mecânicos para remover o produto seco das
paredes e do fundo da câmara. Alguns deles são seguidos por transportadores
pneumáticos, em que o ar de secagem é diluído com o ar frio para o arrefecimento do
produto antes da separação, podendo operar a escoamento paralelo, misto ou em
contracorrente de gás e sólidos (FOUST et al, 1982).
16
Para PERRY e CHILTON (1979), as propriedades dos materiais secos nos
pulverizadores estão sujeitas às variações, dependendo da direção do escoamento do
gás e da sua temperatura, da uniformidade da atomização, do teor de sólidos da
alimentação, da temperatura da alimentação e do grau de aeração da alimentação. As
propriedades do produto que têm os maiores interesses são:
a) Tamanho da partícula;
b) Densidade do material a granel (densidade aparente) e
c) Presença de poeira.
PERRY e CHILTON (1979) afirmam que o tamanho da partícula é em função
das condições de operação do atomizador e também do teor de sólidos, da viscosidade
do líquido, da densidade do líquido e da taxa de alimentação.
Conforme ROSEMBERG, KOPELMAN e TALMON (1985), a secagem em
spray dryer fundamenta-se na teoria da difusão seletiva, no qual ocorre uma redução no
coeficiente de difusividade da água e dos constituintes da amostra durante a secagem.
Porém, como resultado da diferença de massa molecular, a redução é maior para os
voláteis, e quando se inicia a formação de uma crosta, a difusividade dos voláteis é tão
baixa, que ocorre a encapsulação na matriz sólida, enquanto a água ainda difunde
através da crosta, que passa a funcionar como uma membrana seletiva.
Ainda para os autores, o aumento na concentração de sólidos reduz o tempo
para a formação desta crosta, diminuindo a perda de voláteis. A teoria pode explicar
porque os voláteis são perdidos nos primeiros estágios da secagem, enquanto ocorre a
perda de água numa taxa constante. A perda pode ocorrer também pelo arraste do
volátil, que ao migrar para a superfície da gota, perde-se com a passagem do ar quente.
2.2.3. Atomização no spray drying
A atomização é necessária para que se aumente a área de contato do
produto a ser seco, que em contato com o ar quente realiza a troca térmica e a
transferência de massa, resultando em uma evaporação rápida do solvente do produto,
conforme MASTERS (1985).
17
Esse fenômeno provoca a troca de energia do centro de cada micro gota
onde se encontra o sólido, que seca suavemente sem choque térmico, transformando-
se em pó, segundo o referido autor.
MASTERS (1985) afirma que a formação de spray em um atomizador é
resultante de forças exercidas interna e externamente em um líquido, sendo essas
forças provenientes de fonte de energia centrífuga, de pressão ou cinética, dependendo
do tipo de atomizador a ser utilizado. O autor afirma que as forças internas se originam
pela diminuição da pressão do líquido, da fração entre os fluidos atomizante e
atomizado, dos distúrbios do movimento do líquido na saída do orifício do atomizador e
de qualquer tipo de irregularidade na superfície do atomizador. Por sua vez, as forças
externas resultam da interação com o meio e dependem da velocidade relativa do
líquido e do gás presente na câmara de secagem, assim como da densidade do gás e
das características do líquido que sai do atomizador, finaliza o autor.
O rompimento inicial do líquido depende das propriedades do fluxo no
interior do atomizador, da turbulência da corrente do líquido antes da atomização e das
propriedades do meio de secagem. O mecanismo de pulverização é controlado pela
tensão superficial, viscosidade dinâmica do líquido e interação das forças
aerodinâmicas. A formação da lâmina de líquido é um fenômeno dependente do
desenho do atomizador. A propriedade mais importante para a formação do spray é a
viscosidade do líquido (MASTERS, 1985).
2.2.4. Atomizador
PERRY e CHILTON (1979) apresentam três classes de atomizadores: bocais
atomizadores a dois fluidos; bocais a pressão e disco rotativo.
2.2.4.1. Bocais a dois fluidos
Esses bocais, segundo FOUST et al (1982), são usados na secagem a baixa
taxa de produção, especialmente quando se deseja uma dimensão pequena de
partícula. A Figura 2.3 ilustra esse tipo de atomizador.
18
O mecanismo da atomização nestes bocais ocorre pela fragmentação da
corrente líquida provocada pelo ar injetado. Em baixas pressões de ar, o gás forma
bolhas no líquido que, ao serem destruídas, projetam gotículas. Em pressões mais
elevadas, o líquido flui do bocal na forma de filamentos que são subdivididos em
gotículas pela corrente do gás.
FOUST et al (1982) descrevem que a dimensão média da gotícula diminui à
medida que a pressão das duas correntes no bocal aumenta. Os bocais a dois fluidos
são usados em secadores pilotos e farmacêuticos para obtenção de pequenas
gotículas, no qual o volume da câmara é pequeno.
Para PERRY e CHILTON (1979), os bocais a dois fluidos são empregados
na dispersão de pastas espessas e tortas de filtros, que não se podem operar nos
atomizadores comuns.
Neste bocal o ar atomiza a corrente líquida externa ao corpo da válvula. A
pressão de ar, fornecida pela câmara da válvula central, força a haste da válvula para
longe da sua sede, o que possibilita o início da pulverização, conforme FOUST et al
(1982). A queda da pressão do ar de controle provoca a imediata suspensão da carga
de líquido, mas o escoamento de ar não é interrompido. O ar de atomização deve estar
entre 68,95 e 413,69 kPa, já o ar de controle opera na pressão de 206,84 kPa.
Figura 2.3 – Vista em corte da secção longitudinal de bocal a dois fluidos (FOUST et al, 1982).
19
PERRY e CHILTON (1979) argumentam que os bocais a dois fluidos não
funcionam eficientemente em capacidades altas, e por isso não são usados nos
secadores de porte industrial. A maior vantagem que apresenta está na operação em
pressão relativamente baixa, finalizam os autores.
As partículas produzidas a partir da atomização podem ser maciças ou ocas,
dependendo do tipo de suspensão e das condições de alimentação e secagem. Em
geral, as soluções aquosas de sabão, gelatina e outros polímeros solúveis em água que
formam películas finas e resistentes, produzirão partículas esféricas ocas no processo
de secagem por pulverização. Atribui-se o fenômeno à formação de uma superfície
externa dura que impede o líquido de chegar à periferia vindo do interior da partícula
(PERRY e CHILTON, 1979).
PERRY e CHILTON (1979) explicam que em virtude da elevada taxa de
transferência de calor para as gotas, o líquido no centro da partícula é vaporizado,
provocando a expansão da carapaça externa e a formação da esfera oca. Em alguns
casos, a taxa de geração de vapor dentro da partícula é suficiente para conseguir
perfurar a parede da casca esférica.
2.2.4.2. Bocais a pressão
Para FOUST et al (1982), esses bocais operam com maior taxa de produção
e produzem gotículas maiores e mais uniformes do que o bocal a dois fluidos. Por isso
são frequentemente adotados nos secadores pulverizadores de porte industrial. A
Figura 2.4 ilustra um injetor a pressão para operar num secador pulverizador. Esse
injetor provoca um movimento tangencial muito rápido no líquido a ser pulverizado.
A força centrífuga causa a rotação do fluido ao longo da circunferência do
orifício do bocal, formando um núcleo de ar na região do eixo do orifício. O fluido é
então impelido contra uma superfície cônica oca e fragmenta-se em gotículas. Esses
bocais pulverizam de 0,23 até 6,06 m3/h de água.
20
O corpo do bocal é normalmente fabricado em aço inoxidável, enquanto o
núcleo e o bico do bocal, substituíveis, são confeccionados em aço endurecido ou
carbeto de tungstênio (FOUST et al,1982).
Figura 2.4 – Vista em corte da secção longitudinal de bocal a pressão (FOUST et al, 1982).
2.2.4.3. Atomizadores rotativos
Segundo FOUST et al (1982), nesse dispositivo o líquido é disperso através
de um campo centrífugo. O fluido é introduzido na câmara de aceleração de uma
turbina em rotação, através de um distribuidor estacionário que tem a finalidade de
assegurar uma repartição homogênea sobre a circunferência, explicam os autores.
Nos casos usuais o fluido deixa o disco na forma de uma película líquida que
se fragmenta em gotículas, ou então em filamentos e depois em gotículas. Este tipo de
atomizador pode ser usado para pulverizar líquidos que não conseguem ser
suficientemente homogêneos para passar através de um bocal (FOUST et al, 1982).
Esses atomizadores produzem gotículas de dimensões muito uniformes e
não necessitam alta pressão de carga, não atribuem velocidade axial às gotículas
pulverizadas e são menos afetados pelas variações nas propriedades da carga, como a
porcentagem de sólidos ou a viscosidade, e até pelas variações na vazão da carga,
conforme FOUST et al (1982).
21
Para PERRY e CHILTON (1979), a importância da forma geométrica do
disco é o de assegurar que o fluido adquira a velocidade do disco, assim como obter
uma distribuição uniforme das dimensões da gota no líquido atomizado. Os diâmetros
do disco variam de 50,8 mm, nas unidades experimentais de laboratórios, até 355,6
mm, nos secadores de porte industrial.
As velocidades de rotação situam-se entre 3.000 e 50.000 rpm, sendo as
velocidades mais altas referentes aos discos de menor diâmetro. Por sua vez, nos
secadores industriais as velocidades variam entre 4.000 e 20.000 rpm, conforme o
diâmetro do disco e o grau de atomização.
A Figura 2.5 representa um disco com chicanas retas, usada em várias
aplicações de capacidades médias ou baixas. A Figura 2.6 ilustra um disco de alta
capacidade com bicos resistentes à abrasão, destinada a operar com materiais
semelhantes aos concentrados de minérios. Os discos deste modelo são capazes de
operar cargas à taxa de 200.000 kg/h.
Na Figura 2.7 pode-se observar um disco atomizador na forma de um prato
invertido, que atomiza o líquido pela intensa ação cisalhante que ocorre na borda
aguçada. O aparelho é relativamente barato e é empregado quando as substituições
serão frequentes.
Figura 2.6 – Disco com alta capacidade (NIRO, 2009).
Figura 2.5 – Disco com chicanas retas (NIRO, 2009).
22
Figura 2.7 – Disco com forma de prato (NIRO, 2009).
A utilização do disco centrífugo, segundo PERRY e GREEN (1997), é muito
vantajosa por operar com suspensões e pastas, que obstruem e danificam os bocais
pela abrasividade, mas que não afetam tanto o disco centrífugo, que opera com uma
ampla faixa de taxa de alimentação e velocidade. Ainda para esses autores, os discos
podem ser movidos por correias de transmissão, engrenagens diretas com motor
elétrico a alta velocidade controlada por um inversor de frequência, que controla sua
rotação, turbina a vapor, ou através de um compressor de ar.
MASTERS (1985) apresenta três tipos de atomizadores rotativos, cujas
características estão descritas a seguir:
a) Rotativos com disco liso: Caracterizam-se pela descarga à alta velocidade
na extremidade da roda. Este tipo depende da magnitude de aceleração da
alimentação em cima da superfície lisa, e o deslizamento do líquido ocorre ao
entrar em contato com o disco;
b) Rotativos com atomizador e pás: São caracterizados pela descarga em
alta velocidade pela extremidade da roda. O filme líquido deixa o extremo
das pás, em ângulo de liberação inferior à 45º, com velocidade radial e
tangencial, que originam uma componente resultante e
c) Rotativos com atomizador em forma de prato: Também têm como
característica a descarga em alta velocidade no extremo da roda. A fricção
entre o fluido e a superfície do disco é aumentada para prevenir
deslizamentos do líquido em cima da superfície. São pouco empregados em
spray dryer comercial.
23
2.2.5. Seleção do atomizador
Para uma determinada aplicação de secagem por pulverização, a seleção
entre atomizadores rotativos e de bocal envolve algumas considerações descritas por
MASTERS (1985), que são abordadas nos próximos tópicos.
2.2.5.1. Desenho do atomizador e a capacidade da alimentação
Estão disponíveis para cobrir todas as exigências de capacidade de taxa de
alimentação baixa, intermediária e alta. Para capacidade de alimentação muito elevada,
os atomizadores rotativos são os mais recomendados, apesar da possibilidade de se
alcançar tais capacidades por duplicação de bicos em sistemas de atomizador de bicos
múltiplos.
2.2.5.2. Energia para atingir atomização completa da alimentação
As exigências de energia de atomizadores são da mesma ordem para a
maioria das condições dos secadores pulverizadores e raramente tais exigências têm a
última palavra na seleção do atomizador. A contribuição da energia para a maioria dos
atomizadores excede a exigência de energia teórica para separação líquida em spray.
As eficiências são muito baixas e normalmente são ignoradas ou consideradas de
importância secundária, contanto que as características da atomização desejadas
sejam obtidas nas capacidades avaliadas.
2.2.5.3. Distribuição do tamanho das gotículas
A distribuição do tamanho das gotículas pode ter características semelhantes
à baixa ou intermediária taxa alimentação. Os atomizadores do tipo rotativo permitem
uma maior homogeneidade das partículas, mesmo com uma taxa de alimentação mais
elevada.
24
2.2.5.4. Tamanho das gotículas
O tamanho das gotículas é uma variável de extrema importância no processo
de atomização. Os atomizadores com pás, bicos para dois fluidos e atomizadores
pneumáticos são os mais utilizados na secagem por spray drying, pois produzem o
melhor tipo de pulverização. Por sua vez, os atomizadores com atomizador de pás e
bicos de pressão são utilizados para produção de partículas com diâmetro
intermediário, sendo os discos sem pás ou bicos de pressão utilizados para obter
partículas com diâmetros maiores.
2.2.5.5. Desenho da câmara de secagem
Os bicos pulverizadores são os mais adequados quando se requer
modificações do atomizador, sendo esses os mais adaptáveis aos diversos tipos de
fluxo (concorrente, contracorrente e misto).
As mudanças da posição do atomizador são realizadas para controlar a
vazão de entrada do líquido, a produção de pó e as características da atomização do
líquido. Os discos rotativos, em geral, requerem um padrão de ar giratório.
2.2.5.6. Flexibilidade operacional
A atomização através de discos rotativos é normalmente mais flexível que
atomização de bicos pulverizadores do ponto de vista operacional. Os discos rotativos
controlam variações largas de taxa de alimentação sem muita variação no tamanho da
partícula do produto, e sem a necessidade do secador variar as condições
operacionais, sendo requerida somente uma alteração na velocidade do atomizador.
Para aplicação de bicos pulverizadores, o aumento da capacidade do
secador requer um aumento na pressão de alimentação, mas há uma mudança no
comportamento da distribuição do spray. Quando as características da atomização
forem especificadas, a duplicação de bicos é requerida. As características da
atomização não serão críticas se a pressão disponível estiver limitada e resultará
apenas na modificação do diâmetro do orifício do bico pulverizador.
25
2.2.5.7. Propriedades da alimentação
Tanto os discos rotativos quanto os bicos pulverizadores têm o mesmo
desempenho na atomização de líquidos viscosos, não corrosivos e não abrasivos. Caso
a suspensão inicial seja corrosiva e abrasiva os atomizadores deverão ser revestidos.
Para produtos que apresentam problemas sob alta pressão, os atomizadores rotativos
são a primeira escolha, embora bocais também possam controlar tal alimentação.
Frequentemente, a exigência de pressão nos bicos de pressão centrífugos é
muito alta. Os bicos pneumáticos são a melhor opção para a atomização de líquidos
com estrutura de cadeia molecular longa, ou seja, fluidos de alta viscosidade e com
característica não newtoniana.
Nesse caso também se pode utilizar a atomização por discos rotativos ou
bicos pulverizadores, necessitando de um pré-aquecimento para redução ao máximo da
viscosidade do fluido. Se a alimentação contiver fibras, os bicos de pressão são
inadequados, pois há risco de entupimento. Caso a alimentação necessite de grande
quantidade de ar para sua atomização, os bicos para dois fluidos serão inadequados,
porém, se a alimentação for constituída de polímeros de cadeia longa que formam
linhas ao invés de gotículas, os discos rotativos de pás serão inadequados.
2.2.5.8. Experiência no atomizador disponível para o produto
A seleção de um atomizador para uma instalação de secagem por
pulverização nova é normalmente baseada em experiências passadas. Nos casos em
que há discos rotativos, podem ser usados atomizadores de bico com sucesso igual,
por exemplo, diversos produtos do leite são secos com qualquer um dos dois sistemas.
Os fabricantes declararam a preferência deles como o melhor método. O método
favorecido é apresentado, frequentemente, pela gama de desenhos da câmara de
secagem oferecida como padrão por um fabricante. Nos Estados Unidos, a técnica mais
utilizada é a atomização por bicos pulverizadores, já na Europa os discos rotativos
mostram maior influência. Porém, pode haver diferenças nas propriedades de secagem
(densidade, tamanho ou forma da partícula) do produto final por bicos ou discos.
26
2.2.6. Influência das variáveis no processo spray drying
Diversos são os parâmetros que influenciam as propriedades do granulado
seco produzido pelo processo spray drying. A Tabela 2.1 fornece, resumidamente, as
principais variáveis e suas influências.
Tabela 2.1 - Influência das variáveis no spray dryer (MASTERS, 1985).
Variável Influência
Concentração do fluido Maior concentração reduz o calor requerido pelo spray dryer e forma partículas grandes.
Vazão de alimentação Vazão alta produz partículas grandes.
Densidade Seu efeito varia inversamente ao tamanho da partícula.
Viscosidade O tamanho da gota varia diretamente com a viscosidade da alimentação.
Rotação do atomizador Aumentando-se a velocidade de rotação, as partículas formadas serão menores.
Temperatura do fluido Aumento da temperatura de entrada diminui o consumo de calor requerido pelo secador.
Vazão do ar de secagem Vazão alta, baixo tempo na câmara, consequentemente, alta umidade residual.
Temperatura do ar de secagem
Aumento da temperatura provoca a diminuição da densidade do produto.
Desenho do atomizador Atomizadores produzem sprays de alta homogeneidade em cima de uma gama extensa de tamanho de partículas.
2.2.7. Aplicações industriais do spray dryer
Conforme MASTERS (1985), a aplicação do processo spray drying envolve
indústrias que utilizam processo de partículas em suspensão. Existem muitos produtos
e artigos indiretos de nosso uso diário que utilizam a secagem por spray dryer,
destacando-se os gêneros alimentícios, farmacêuticos e produtos de limpeza. Para
MASTERS (1985), os principais segmentos de indústrias que empregam este tipo de
processo são apresentados a seguir.
27
2.2.7.1. Resinas e plásticos
O cloreto de vinila produzido através do etileno é polimerizado
cataliticamente em autoclaves para formação do PVC. Existem duas principais técnicas
de polimerização: emulsão e suspensão. A técnica de emulsão produz um tipo de
polímero denominado E-PVC, sendo o spray drying a melhor alternativa de secagem
para este processo, tendo como resultado um produto final com baixa umidade.
A atomização pode ser feita tanto com disco rotativo quanto por bicos
pulverizadores e a escolha será feita dependendo do diâmetro da partícula requerida.
Com a utilização de disco rotativo tem-se um produto mais fino. Já para a obtenção de
um produto mais grosso, a melhor opção é o emprego de bicos pulverizadores.
Para a produção do polímero denominado S-PVC é utilizada a técnica de
suspensão, em que são obtidas partículas maiores, quando comparado ao E-PVC. O
spray dryer não é a melhor opção para esta produção, pois a demanda é muito grande,
sendo a melhor opção o leito fluidizado. A produção de resinas utiliza o processo de
atomização por spray dryer com disco rotativo operando à alta rotação.
2.2.7.2. Cerâmica
O secador do tipo spray drying é muito utilizado na produção de materiais de
cerâmica desde a década de 50. O método tradicional de produção de materiais de
cerâmica utiliza cinco etapas: filtro prensa; secagem; moagem; reumidificação e
classificação. Com a utilização do secador spray dryer é possível eliminar todas essas
etapas, passando-se a ter apenas uma.
Para este processo pode-se utilizar a atomização por disco rotativo ou bicos
pulverizadores. A atomização por disco rotativo é aplicada para a secagem inicial da
matéria-prima ao produto calcificado, sendo posteriormente aplicada a atomização por
bicos pulverizadores no produto calcificado para o produto final. Os principais produtos
de cerâmica produzidos por spray dryer são: carbonetos; caulim; dióxido de silicone;
óxido de alumínio (alumina) e óxido de ferro.
28
2.2.7.3. Produtos de limpeza
A produção de produtos de limpeza em pó é a aplicação mais comum do
spray dryer. Pode ser utilizado o regime de contracorrente com bico atomizador para
soluções com alta densidade e regime concorrente para soluções de baixa densidade.
Os desodorizadores de ar são produzidos com bico atomizador ou disco
rotativo. Durante o processo de secagem, pequenas gotículas de óleo perfumado são
microencapsuladas, tendo como fundamento proteger a fragrância. Os principais
produtos de limpeza produzidos por spray dryer são: enzimas de detergentes; agentes
dispersóides; clareador ótico; sabão em pó e agentes emulsificantes.
2.2.7.4. Pesticidas
A produção de pesticidas utiliza secadores abertos, semi-abertos ou circuito
fechado. Os pesticidas tóxicos são secos em circuitos fechados para impedir a
exposição dos operadores com o produto, normalmente é utilizada a atomização por
disco. Os principais pesticidas produzidos por spray dryer são herbicidas, fungicidas e
inseticidas.
2.2.7.5. Fertilizantes
Na produção de superfosfato destaca-se a aplicação do processo de spray
drying. O superfosfato é produzido a partir da rocha fosfórica juntamente com o ácido
fosfórico. Quando a técnica de spray drying é aplicada, aumenta-se a conversão da
reação entre a rocha e o ácido. Esta etapa ocorre antes da entrada da mistura no
reator. Outra vantagem é a diminuição da proporção de reciclo do produto seco.
Na produção de nitrato de amônia é utilizado o spray colling, também
denominado prilling, que é uma técnica de baixo custo para a obtenção do produto
seco. A atomização é realizada com bico pulverizador ou disco atomizador, tendo esse
último a vantagem de controlar o tamanho das partículas. O concentrado de nitrato de
amônia é atomizado no topo da câmara de secagem em contracorrente com o ar frio.
29
2.2.7.6. Farmacêuticas
Conforme ABURTO, TAVARES e MARTUCCI et al (1998), a indústria de
aromas necessita novas tecnologias que protejam os óleos essenciais do meio
ambiente devido à volatilidade e facilidade de oxidação na presença da luz, ar, umidade
e temperatura elevada. Atualmente, para conferir esta proteção, utiliza-se a
microencapsulação. Para os autores, a microencapsulação de sólidos, líquidos ou
gases em corpos que liberam gradualmente os elementos imobilizados é empregada,
sobretudo, pelas indústrias farmacêuticas e químicas.
2.2.7.7. Produtos químicos inorgânicos
Em muitas indústrias químicas é utilizada a secagem por spray dryer,
principalmente para operações de calcificação, sendo utilizado tanto discos
atomizadores como bicos pulverizadores. A técnica do spray drying é a melhor opção
para acelerar reações catalíticas. A escolha do atomizador dependerá da especificação
do catalisador.
Discos e bicos pulverizadores são utilizados para a produção de silicato de
sódio. Porém, na produção de hidróxido de sódio é utilizado o processo spray colling,
sendo utilizado bico a pressão, operando a baixa pressão e resultando em um produto
grosso. Outros produtos também utilizam a técnica de spray drying como compostos de
alumínio, bário, boro, cromo, cloro, enxofre, flúor, iodo, magnésio, hidróxidos e óxidos
em geral.
2.2.7.8. Produtos químicos orgânicos
A produção de orgânicos está dividida em três categorias: ácidos orgânicos;
sais orgânicos e compostos de nitrogênio. Na grande maioria dessas produções utiliza
o processo de spray colling, obtendo-se maior diâmetro de partículas para ambos os
tipos de atomizadores – discos e bicos.
30
2.2.7.9. Alimentícias
Grande parte do gênero alimentício seco é produzida através do processo
spray drying. Esta técnica é a mais indicada para este tipo de produção pela alta
sensibilidade dos produtos e pela necessidade de manter as características naturais do
produto, entre elas sabor, cor, aroma, propriedades nutricionais (macro e micro
nutrientes).
A desidratação do leite para obtenção do produto em pó é um dos principais
exemplos da aplicação da secagem alimentos em spray dryer. Neste tipo de processo,
os nutrientes do leite são conservados quase que completamente e as características
organolépticas são semelhantes à forma in natura, de acordo com GUERRA, NEVES e
PENA (2005).
Segundo ABURTO, TAVARES e MARTUCCI (1998), na indústria de
alimentos a encapsulação por spray dryer tem vasta aplicação e está exigindo novas
pesquisas, pois o mercado de produtos amplia-se com velocidade. Esses autores
revelam que a microencapsulação de alimentos emprega formulações contendo o
ingrediente a ser preservado em mistura com agentes encapsulantes dos mais variados
como amido e seus derivados, proteínas, gomas, lipídios ou combinações entre estes
agentes.
Diversos produtos alimentícios podem ser obtidos através de secadores do
tipo spray dryer tais como cereais e extratos de plantas, lácteos em geral, café solúvel,
leveduras, hidrolisados de proteínas, derivados marinhos, subprodutos de frigoríficos,
ovo em pó e extratos de frutas.
Outra vantagem da secagem por atomização é a preservação de alimentos.
Através deste processo simples e rápido, consegue-se secar sólidos solúveis com a
mais alta qualidade, preservando suas características essenciais, além de oferecer
grande vantagem na redução de peso e volume dos produtos.
31
2.3. Biomassa de banana verde
Neste subcapítulo são apresentadas as características da biomassa de
banana verde, que foi o material seco pela unidade experimental de spray dryer. Nessa
abordagem também são discutidas as propriedades nutricionais do produto e seus
benefícios à saúde humana.
2.3.1. Considerações preliminares
A banana (Musa spp) é uma fruta cultivada em muitos países de regiões
tropicais e subtropicais do planeta. A Índia é o principal produtor da fruta, seguida do
Brasil, cuja exportação é menos de 1% da produção nacional, o que representa uma
participação muito pequena no mercado mundial, uma vez que quase toda produção é
destinada ao consumo interno. Um dos problemas que dificultam a exportação é a
dificuldade em atingir os padrões de qualidade exigidos pelo mercado consumidor,
conforme ALMEIDA (2001); BARROS e PIZZOL (2001); FAO (2005).
De acordo com SILVA et al (2003) a perda pós-colheita é elevada, apenas
60% da produção chega à mesa do consumidor. A falta de cuidados na fase de
comercialização é a principal causa pela perda da safra de banana produzida no Brasil,
conforme os referidos autores.
Essa situação é mais comum nas regiões norte e nordeste, onde a atividade
é menos organizada. Essas perdas estão distribuídas da seguinte forma: na lavoura
(mais de 5%); no processo de embalagem (mais de 2%); no atacado (6% a 10%); no
varejo (10% a 15%) e no consumidor (5% a 8%) (FANCELLI, 2003).
Nesse contexto, torna-se imprescindível a busca de alternativas econômicas
para o aproveitamento integral da produção. Uma dessas alternativas de
aproveitamento da fruta é a obtenção de biomassa pela utilização dos frutos
inadequados para comercialização, já que este subproduto é muito versátil para a
produção de derivados, devido ao seu potencial de funcionalidade fisiológica, além do
elevado valor nutricional.
32
Outra vantagem da utilização da biomassa de banana para o
desenvolvimento de novos produtos alimentícios consiste na característica desse
produto possuir sabor neutro, não interferindo nos atributos sensoriais de outros
insumos, conforme TAIPINA et al (2004).
MEDINA et al (1985) comentam que uma das primeiras regras de
preservação ou processamento de alimentos é converter alimentos perecíveis, tais
como frutas e vegetais, em produtos estáveis que possam ser armazenados por longos
períodos de tempo. Para os autores, o processamento de bananas para obtenção de
produtos elaborados tem sido direcionado para farinha de banana verde e madura,
flocos, purê, néctar, bananada, balas, vinagre, suco, banana desidratada, entre outros.
A biomassa de banana verde trata-se de um produto ainda artesanal, de
baixa escala de fabricação, cuja produção vem sendo estimulada por ONGs como uma
alternativa para minimizar desperdícios da produção e contribuir com programas de
segurança alimentar e nutricional.
2.3.2. Características nutricionais da banana verde
Para ENGLYST e CUMMINGS (1986), os carboidratos presentes na banana
verde são amido, amido resistente, polissacarídeos não amiláceos, como arabinose,
manose e xilose, e açúcares livres em pequena quantidade. Cada um desses
carboidratos apresenta efeitos fisiológicos e nutricionais distintos.
A banana contém de 60% a 65% de polpa comestível, cujos carboidratos,
aproximadamente 22%, são facilmente assimiláveis. Diversos estudos vêm
comprovando as características nutricionais da banana verde como MEDINA et al
(1985), e FREITAS e TAVARES (2005). Segundo essas pesquisas, a banana verde
contém um alto teor de amido, cerca de 20% e, desse total, dependendo da espécie,
até 84% pode se encontrar na forma de amido resistente (AR), embora as estruturas
químicas, físicas e morfológicas sejam específicas para cada variedade.
33
De acordo com MEDINA et al (1985), durante a maturação da banana o
amido se converte, pela ação das amilases, em açúcares, com predominância dos
redutores, glicose e frutose, encontrados na proporção de 8% a 10% na polpa, e da
sacarose, de 10% a 12%. Conforme os autores, a porcentagem de amido na banana
completamente madura é bem mais baixa, situando-se em torno de 0,5% a 2%. Já o
teor de umidade da polpa da banana nanica verde é, em média, 70% e se eleva para
75% quando madura.
Em relação aos micronutrientes da banana, NASCENTE, COSTA e COSTA,
(2005) explicam que os minerais aparecem em maior quantidade no fruto ainda verde,
sendo os principais o potássio, o fósforo, o cálcio, o sódio e o magnésio, apresentando
ainda ferro, manganês, iodo, cobre, alumínio e zinco, em menor quantidade. Para os
autores, as principais vitaminas encontradas são A, C e do complexo B (B1, B2 e
niacina). As proteínas encontram-se em pequenas quantidades, como albumina e
globulina, porém são consideradas de boa qualidade nutritiva, concluem os autores.
2.3.3. Amido resistente e seus benefícios à saúde
De acordo com ZANDONADI (2009), o AR é um dos principais componentes
da banana verde, que pode conter de 55 a 93% dos sólidos totais, e de
aproximadamente 14,5% das fibras. Para a autora, quando há amadurecimento da
banana, o AR é convertido em açúcares, em sua maioria glicose, frutose e sacarose,
dos quais 99,5% são fisiologicamente disponíveis.
Conforme BOBBIO e BOBBIO (2001), o amido constitui a mais importante
fonte de reserva de nutrição de todas as plantas superiores. O amido é formado por
uma mistura de dois polissacarídeos, a amilose e a amilopectina em proporções que
dependem da espécie, variedade e grau de maturação, comentam os referidos autores.
O amido pode ser classificado de acordo com a velocidade de digestão em três tipos:
rapidamente digerível; lentamente digerível e amido resistente.
Segundo SALGADO et al (2005), o AR é a forma do amido e dos produtos de
sua degradação que não são digeridos nem absorvidos no intestino delgado de
indivíduos saudáveis, podendo ser fermentado no intestino grosso.
34
A banana verde apresenta em sua constituição o AR tipo 1, chamado de
grânulo de amido fisicamente inacessível, que impede ou retarda a ação das enzimas
digestivas, e o AR tipo 2, aquele sob a forma de grânulos de amido nativo, que
apresenta lenta digestibilidade (LOBO e SILVA, 2003; TOPPING, FUKUSHIMA e BIRD,
2003; LANGKILDE, CHAMP e ANDERSON, 2002; ENGLYST, KINGMAN e
CUMMINGS, 1992; e COLONNA, LELOUP e BULEON, 1992).
TOPPING, FUKUSHIMA e BIRD (2003) ressaltam que a digestão do AR
torna-se fácil após o tratamento com calor úmido que promove o processo de
gelatinização. Devido às características do AR, seu comportamento é semelhante ao
das fibras alimentares, que aumenta o volume e textura do bolo fecal e diminui o tempo
do trânsito intestinal, concluem esses autores.
Quando o AR chega ao intestino grosso, sofre um processo de fermentação
bacteriana, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), responsáveis pela
manutenção da integridade do colón. Assim sendo, o AR pode ser classificado como
probiótico, termo utilizado para designar um grupo de fibras alimentares que atuam
estimulando seletivamente o crescimento e/ou atividade das bactérias probióticas no
intestino grosso, melhorando a saúde do ser humano.
Os AGCC provenientes da fermentação do AR pelas bactérias probióticas
são comprovadamente um dos principais fatores de proteção para a mucosa do colón
contra mutações celulares, de acordo com os estudos de MUNSTER, TARGERMAN e
NAGENGAST (1994) e YOUNG e LEU (2004).
Na opinião de TOPPING e CLIFTON (2001) o efeito do AR na saúde humana
tem sido demonstrado na redução do risco de câncer coloretal, devido ao melhor
funcionamento intestinal, com diminuição do tempo de trânsito intestinal reduzindo, por
sua vez, a exposição da mucosa de substâncias tóxicas, tais como ácidos biliares
secundários e proteínas fermentadas. A ligação dos ácidos biliares às fibras dietéticas
solúveis vem sendo considerada como um possível mecanismo na redução do
colesterol plasmático, sendo necessária a realização de estudos utilizando o AR da
banana verde para verificação deste efeito, já que seu comportamento se assemelha ao
das fibras solúveis, segundo KAHLON, CHAPMAN e SMITH (2007).
35
A banana verde também tem sido utilizada no tratamento de problemas
intestinais, tais como diarréia, dispepsias e úlceras pépticas. Um estudo conduzido por
RABANI et al (2001) em Bangladesh com crianças apresentando quadro de diarréia
infecciosa, mostrou que o AR da banana verde cozida, administrado em conjunto com a
terapia de reidratação oral, auxiliou na recuperação e diminuiu o tempo de internação.
Efeito semelhante também foi desempenhado em outros tipos de infecções, como no
caso da cólera abordado por TOPPING, FUKUSHIMA e BIRD (2003).
Para JENKINS et al (1998), alimentos como a banana verde rica em AR,
possuem digestão lenta e consequentemente baixo índice glicêmico, e estão
associados ao melhor controle e prevenção do diabetes tipo II, quando consumidos
rotineiramente. Segundo HIGGINS (2004) o consumo de alimentos ricos em AR poderia
reduzir as taxas de glicose e a resposta insulínica pós-prandial causadora dessa
doença.
PERUCHA (2005) afirma que o consumo continuado de AR também auxilia
na diminuição de níveis de colesterol e triglicérides, contribuindo no tratamento das
dislipidemias e na prevenção de doenças coronarianas. Um estudo experimental
realizado por HIGGINS (2004) mostrou que em animais alimentados com AR as
concentrações plasmáticas de colesterol e de triglicérides foram 32% e 29% menores,
respectivamente, do que nos animais tratados com drogas específicas. Em relação à
saciedade, o AR parece ter um efeito indutor, semelhante ao das fibras estudadas por
HIGGINS (2004) e LILJEBERG, AKERBERG e BJORCK (1999).
Outra vantagem do AR presente na banana verde é a capacidade de
geleificação, que possibilita a formulação de diversos tipos de alimentos, em
substituição aos cereais como trigo, aveia e centeio, beneficiando portadores da doença
celíaca pela ausência do glúten presentes nesses cereais (VALLE e CAMARGO, 2003).
2.3.4. Fabricação da biomassa de banana verde
Para produção da biomassa os frutos verdes são recepcionados em esteira
fixa, em seguida são submetidos a uma pré-lavagem por imersão em água potável
clorada (1 a 2 ppm) para eliminação de sujidade.
36
A etapa seguinte é a lavagem em água clorada (10 ppm) por cerca de dez
minutos, tendo como objetivo a redução da carga microbiana. Ao final desse período, as
frutas são lavadas em água corrente. As próximas etapas são o branqueamento, a
separação das cascas e a cocção. A partir de então, dois tipos de biomassas podem
ser obtidos por trituração: a biomassa integral (preparada a partir da polpa e casca) e a
biomassa contendo apenas a polpa. Após a extrusão, as biomassas são desaeradas,
envasadas e autoclavadas.
As condições do processo devem ser otimizadas para a obtenção de um
produto com características sensoriais, microbiológicas e nutricionais adequadas.
Parâmetros funcionais como o teor de AR e capacidade ligante de ácidos biliares
também são considerados.
A secagem da biomassa de banana verde em spray dryer permite
transformá-la em farinha, que apresenta grande viabilidade para utilização em produtos
de confeitaria, panificação, produtos dietéticos e alimentos infantis. De acordo com
MANICA (1997), essa farinha deve também apresentar cor branca ou ligeiramente
amarelada, teor de carboidratos variando de 77 a 80%, umidade de 6 a 8% e odor
característico.
A figura 2.8 descreve o processo produtivo de fabricação da biomassa de
banana verde.
Figura 2.8 – Processo de fabricação da biomassa de banana verde.
Pré-lavar Lavar Cocção Extrusão Embalar
37
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo estão descritos os materiais e os métodos empregados na
etapa experimental do presente trabalho.
3.1. Unidade experimental
Os ensaios para o estudo da secagem da biomassa de banana verde foram
realizados em uma unidade experimental de spray dryer, que foi construída para a
realização do presente trabalho, representada na Figura 3.1. O equipamento consiste
basicamente de uma câmara de secagem com capacidade para 0,2 m3, sendo o
diâmetro de 0,63 m e a altura de 0,91 m, fabricada em aço carbono e revestida
internamente com resina polimérica (epóxi).
Figura 3.1 – Unidade experimental de spray dryer.
1) Câmara de secagem; 2) Motor elétrico e estrutura com função de deslocamento vertical; 3) Bomba peristáltica; 4) Indicador de temperatura; 5) Mangueiras de silicone para o transporte da suspensão; 6) Tanque de alimentação da suspensão com agitação (impulsor axial); 7) Controlador de vazão volumétrica; 8) Aquecedor de ar; 9) Trocador de calor para pré-aquecimento da suspensão.
38
3.1.1. Atomizadores
No spray dryer experimental foram utilizados dois atomizadores rotativos de
30,25 mm de diâmetro, fabricados em alumínio. O atomizador denominado tipo A
apresenta orifícios retangulares com dois semicírculos nas extremidades, sendo a área
de 162,88 mm2. Já o atomizador do tipo B possui orifícios circulares, cuja área é de
254,47 mm2. As Figuras 3.2 e 3.3 ilustram esses atomizadores.
Figura 3.2 – Atomizador tipo A. Figura 3.3 – Atomizador tipo B.
3.1.2. Motor elétrico
Os atomizadores rotativos foram movimentados por um motor elétrico retirado
de uma retífica da marca LEE de potência 127 W, com controle de rotação, cuja faixa
varia entre 8.000 a 30.000 rpm. O motor foi arrefecido por um cooler, como se pode
observar na Figura 3.4.
Figura 3.4 – Motor elétrico para acionamento do atomizador.
39
3.1.3. Voluta
O motor elétrico foi montado sobre a voluta ilustrada na Figura 3.5. Esse
dispositivo foi construído com aço carbono, e tem a função de determinar a vazão de
entrada e de saída do ar.
Figura 3.5 – Voluta.
3.1.4. Bomba peristáltica
A suspensão foi injetada no atomizador por uma bomba peristáltica
constituída por um rotor de alumínio com quatro roletes, e acionado por um motor
elétrico com controle de rotação e carcaça de acrílico, sendo representada na Figura
3.6. A vazão do equipamento está na faixa entre 10 mL/min e 70 mL/min, sendo
controlado por um medidor analógico previamente aferido.
Figura 3.6 – Bomba peristáltica.
40
3.1.5. Tanque da alimentação
A suspensão foi armazenada em um tanque de formato cilíndrico fabricado
com acrílico. Na tampa superior foi instalado um agitador para homogeneização da
alimentação. A Figura 3.7 representa o dispositivo.
Figura 3.7 – Tanque de alimentação.
3.1.6. Trocador de calor
A suspensão foi aquecida, antes de ser atomizada, em um trocador de calor
constituído de tubo duplo envolto por resistência elétrica, isolante térmico e proteção de
alumínio, sendo ilustrado na Figura 3.8.
Figura 3.8 – Trocador de calor.
41
3.1.7. Aquecedor de ar
O ar foi aquecido por dois aquecedores (Figura 3.9) de resistência elétrica,
da marca Steinel modelo HL1800E, com potência de 2.000 W cada. Esse dispositivo
possibilita aquecer o ar até 600ºC, e no experimento fixou-se a temperatura na câmara
em 140ºC. Os aquecedores foram instalados na câmara em lados opostos.
Figura 3.9 – Aquecedor de ar.
3.1.8. Termopar
O controle de temperatura foi realizado através de termopares com isolação
mineral do tipo J, da marca Salviterm, sendo instalados dois na câmara e um no
trocador de calor, como ilustra a Figura 3.10.
Figura 3.10 – Termopar.
42
3.1.9. Painel de controle
O painel de controle utilizado foi da marca Salviterm modelo 704 com quatro
canais, representado pela Figura 3.11. Consiste de um botão liga/desliga do ventilador
(cooler), que arrefece o motor elétrico, o controlador de temperatura do trocador de
calor e quatro botões liga/desliga que medem as temperaturas da câmara e do trocador
de calor através dos termopares.
Figura 3.11– Painel de controle
3.2. Variáveis utilizadas nos ensaios
A Tabela 2.1 descreveu as influências das nove variáveis na secagem em
spray dryer. Dessas variáveis selecionaram-se cinco: tipo do atomizador; concentração
da alimentação; rotação do atomizador; temperatura da alimentação e vazão da
alimentação. Essas variáveis estão apresentadas na Tabela 3.1; em cada uma delas
empregou-se dois níveis.
As variáveis vazão e temperatura do ar de secagem foram fixadas pela
limitação dos aquecedores do spray dryer. Na Tabela 3.1 estão os valores fixados para
essas duas variáveis. As únicas variáveis não empregadas foram a densidade e a
viscosidade da alimentação, pois o produto a ser seco (biomassa de banana verde) foi
obtido pronto, de um único fornecedor.
43
Tabela 3.1 – Variáveis selecionadas no experimento.
Variáveis Valores
Variáveis
controladas
Tipo de atomizador (forma geométrica e área dos orifícios)
A
B
Concentração da biomassa (%) (massa de biomassa / massa de água)
50
60
Rotação do atomizador (rpm) 23.000
27.000
Temperatura da alimentação (oC) 30
40
Vazão da alimentação (mL/min) 40
60
Variáveis fixadas
Vazão de entrada de ar (kg/s) 0,013
Temperatura da câmara (ºC) 140
Os dois níveis de cada variável foram definidos a partir de ensaios
preliminares. para que pudessem provocar diferentes efeitos nas respostas de massa e
umidade relativa.
A partir das cinco variáveis controladas e com a variação em dois níveis,
foram realizados 32 ensaios na unidade experimental de spray dryer (25 = 32 ensaios).
3.3. Equipamentos e materiais utilizados nos ensaios
Os equipamentos e materiais empregados na fase experimental foram:
a) Biomassa de banana verde do tipo integral (Vale Mais - 3 kg);
b) Água filtrada;
c) Aquecedor magnético (Quimmis - Q061-22);
d) Liquidificador de uso doméstico (Black&Decker 700 W);
e) Balança digital com precisão centesimal (Gehaka - BG 8000);
f) Balança digital com precisão milesimal (Marte - AL 500);
44
g) Béquer graduado com capacidade de 800 mL;
h) Tacômetro digital (Lutron - DT 2236);
i) Anemômetro digital portátil (IntellSafe);
j) Cronômetro digital com precisão milesimal (Cássio);
k) Recipiente de vidro para armazenamento de amostras;
l) Estufa com regulador de temperatura (Olidef CZ);
m) Microscópio ótico (Olympus - BX60M).
3.4. Procedimentos utilizados nos ensaios
A seguir estão descritos os procedimentos experimentais:
a) Pesou-se 0,500 kg de biomassa de banana verde do tipo integral (polpa e
casca) na balança digital de precisão centesimal;
b) Adicionou-se água, em ebulição, à pasta de banana verde para se obter
as concentrações desejadas de 50% ou 60% (percentagem de massa de
pasta de banana) conforme o ensaio. A adição de água teve por objetivo
evitar a obstrução dos dutos e do atomizador;
c) Triturou-se a mistura biomassa e água no liquidificador de uso doméstico
para reduzir o tamanho das fibras, tendo em vista a não obstrução dos
dutos e do atomizador;
d) Colocou-se a mistura no estado monofásico no tanque de alimentação e
acionou-se o impulsor axial para homogeneização da suspensão;
e) Após acionamento dos dois aquecedores de ar, a temperatura da câmara
foi ajustada para 140ºC antes de iniciar cada ensaio;
f) Acionou-se a bomba peristáltica e regulou-se o trocador de calor na
temperatura de alimentação em 30ºC ou 40ºC, conforme os ensaios;
g) Com a bomba peristáltica acionada e a temperatura controlada, fixou-se a
vazão de alimentação em 40 mL/min ou 60 mL/min, segundo os ensaios;
45
h) Após acionar o motor e a vazão de alimentação controlada, regulou-se a
rotação em 23.000 rpm ou 27.000 rpm, de acordo com os ensaios.
Durante os ensaios foi verificada a rotação do atomizador através de um
tacômetro digital para garantir o controle das rotações;
i) A partir do controle da rotação e das demais variáveis, disparou-se o
cronômetro digital com precisão milesimal para coletar o produto durante
15 minutos;
j) O produto coletado foi depositado no recipiente de vidro e pesado na
balança digital de precisão milesimal, sendo registrados os valores na
planilha do experimento;
k) As amostras foram colocadas na estufa com temperatura regulada para
70oC, sendo averiguadas as massas periodicamente, até que atingissem
valor constante (bone dry);
l) Ao atingir a massa constante, os valores das amostras foram registrados
no quadro do experimento (vide Apêndice); o cálculo da umidade foi feito
pela equação: U = [(massa úmida - massa seca) / massa seca] x 100;
m) A amostra obtida no ensaio em que se obtiveram as melhores condições
de umidade e de massa foi analisada no microscópio para se conhecer o
tamanho dos grânulos.
3.5. Equações para o cálculo do diâmetro da câmara
A seguir estão apresentadas as equações para o dimensionamento da
câmara de secagem da unidade piloto de spray dryer, conforme OI et al (2009).
O cálculo do volume da câmara de secagem é dado pela equação 3.1:
cQV
Sendo: o tempo espacial e Qc a vazão volumétrica na câmara de secagem, definida
pela equação 3.2:
(3.1)
46
saídadetempnaar
saídadetempnaar
cQ
Em que ρ é a massa específica do ar na temperatura de saída e ω a vazão
mássica do ar na temperatura de saída, que pode ser determinada pela equação 3.3:
xprodutosaídadetempnaar
A variável ωproduto representa a vazão mássica do produto (quantidade
desejada industrialmente) e x (equação 3.4) a relação entre as vazões mássicas de ar
na temperatura de entrada e do produto, obtida na unidade experimental com as
variáveis otimizadas.
produto
entradadetempnaarx
A vazão mássica do ar na temperatura de entrada pode ser determinada pela
equação 3.5; em que v é a velocidade medida através de um anemômetro e A a área
da seção transversal na entrada do secador.
Aventradadetempnaarentradadetempnaar
A massa específica do ar ρ pode ser determinada através da equação 3.6;
sendo p a pressão absoluta; M a massa molar do ar; R a constante dos gases e T a
temperatura do ar.
TR
Mp
Segundo OI et al (2009), a partir do cálculo do volume da câmara pela
equação 3.1, determina-se o diâmetro interno por meio da equação 3.7:
332
47,147,1)
2
3(
4
VDDVDHDV
(3.2)
(3.3)
(3.4)
(3.5)
(3.6)
(3.7)
47
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados os resultados da fase experimental e a sua
discussão.
4.1. Análise das respostas
A Tabela 4.1 apresenta os resultados dos 32 ensaios realizados na unidade
experimental de spray dryer para a secagem da biomassa de banana verde.
Tabela 4.1 – Resultados dos ensaios na unidade piloto de spray dryer.
Ensaio Atomizador C (%) n (rpm) T (oC) Q (mL/min) m (g) U (%)
1
A 50 23000 30 40 2,840 4,41
2 A 50 23000 30 60 3,720 3,91
3 A 50 23000 40 40 3,580 8,81
4 A 50 23000 40 60 3,660 6,18
5 A 50 27000 30 40 2,170 0,93
6 A 50 27000 30 60 12,370 95,11
7 A 50 27000 40 40 9,840 87,32
8 A 50 27000 40 60 17,760 92,83
9 B 50 23000 30 40 11,452 96,57
10 B 50 23000 30 60 11,507 94,47
11 B 50 23000 40 40 2,016 8,97
12 B 50 23000 40 60 0,739 23,17
13 B 50 27000 30 40 12,656 9,17
14 B 50 27000 30 60 8,295 17,94
15 B 50 27000 40 40 37,400 26,62
16 B 50 27000 40 60 22,227 66,07
17 A 60 23000 30 40 0,101 55,38
18 A 60 23000 30 60 0,080 29,03
19 A 60 23000 40 40 0,200 63,93
20 A 60 23000 40 60 0,118 11,32
21 A 60 27000 30 40 0,270 12,97
22 A 60 27000 30 60 0,188 28,77
23 A 60 27000 40 40 0,267 45,90
24 A 60 27000 40 60 0,400 7,53
25 B 60 23000 30 40 42,476 75,09
26 B 60 23000 30 60 0,385 0,52
27 B 60 23000 40 40 0,695 0,14
28 B 60 23000 40 60 0,315 0,64
29 B 60 27000 30 40 0,368 9,52
30 B 60 27000 30 60 0,125 10,62
31 B 60 27000 40 40 0,355 10,25
32 B 60 27000 40 60 0,120 4,35
48
Na Tabela 4.1 estão os valores das cinco variáveis controladas, sendo
atomizador o tipo de atomizador rotativo, C a concentração da suspensão, n a rotação
do atomizador, T a temperatura de alimentação, Q a vazão de alimentação e as duas
respostas: m a massa do produto obtida e U a umidade relativa do produto.
De acordo com os resultados na Tabela 4.1, a amostra com menor umidade
relativa (0,14%) foi obtida no ensaio 27, sendo: atomizador tipo B; concentração 60%;
rotação 23.000 rpm; temperatura de alimentação 40oC e vazão de alimentação
40 mL/min. Já em relação à massa, o ensaio 25 registrou o maior valor (42,476 g),
sendo: atomizador tipo B; concentração 60%; rotação 23.000 rpm; temperatura de
alimentação 30oC e vazão de alimentação 40 mL/min.
O ensaio em que foi encontrado o menor índice de umidade relativa
apresentou baixa quantidade de massa, enquanto no ensaio em que se obteve o maior
valor de massa, a umidade encontrada ficou em patamar muito alto. Entretanto, as duas
respostas massa e umidade não apresentam boa correlação linear (r = 0,44), portanto,
não é possível associar a variação de uma à outra.
Tendo em vista uma possível aplicação industrial, o objetivo é obter um
produto com baixo teor de umidade. Ressalta-se que níveis de umidade superiores a
13% podem proporcionar crescimento microbiano e deterioração em curto tempo. Não
existe uma regulamentação que estabelece um nível máximo de umidade para a farinha
de banana verde.
A ANVISA, através da Resolução nº 344, de 13/12/2002, impõe um limite
máximo de umidade de 13% para a farinha de trigo. De acordo com MANICA (1997), a
farinha de banana verde deve conter umidade entre 6 a 8%. Baixos percentuais de
umidade são favoráveis a uma maior estabilidade e shelf-life do produto. Ressalta-se
que em 17 dos 32 ensaios, a umidade relativa das amostras situou-se abaixo dos 13%.
Ainda considerando a aplicação em escala industrial, o projeto do
equipamento de spray dryer para a secagem da biomassa de banana verde deve
considerar a questão da produção. Dessa forma, é importante relevar a outra resposta
(massa do produto).
49
Considerando o limite de 13%, foram selecionadas 17 amostras com esse
nível de umidade, sendo representada em ordem crescente na Tabela 4.2.
Tabela 4.2 – Amostras com umidade relativa menor que 13%.
De acordo com a Tabela 4.2, dentre as amostras com o nível de umidade
aceitável, aquela obtida no ensaio número 13 foi a que apresentou a maior quantidade
de massa (12,656 g), sendo a umidade no valor de 9,17%. Portanto, o ensaio número
13 foi aquele que reuniu as melhores condições das respostas (umidade e massa)
sendo: atomizador tipo B; concentração 50%; rotação 27.000 rpm; temperatura de
alimentação 30oC e vazão de alimentação 40 mL/min.
4.2. Influência das variáveis na resposta
Tendo em vista facilitar e dar maior precisão na análise dos resultados do
experimento, foi utilizado o software MINITAB versão 14.
Ensaio Atomizador C (%) n (rpm) T (oC) Q (mL/min) m (g) U (%)
27 B 60 23000 40 40 0,695 0,14
26 B 60 23000 30 60 0,385 0,52
28 B 60 23000 40 60 0,315 0,64
5 A 50 27000 30 40 2,170 0,93
2 A 50 23000 30 60 3,720 3,91
32 B 60 27000 40 60 0,120 4,35
1 A 50 23000 30 40 2,840 4,41
4 A 50 23000 40 60 3,660 6,18
24 A 60 27000 40 60 0,400 7,53
3 A 50 23000 40 40 3,580 8,81
11 B 50 23000 40 40 2,016 8,97
13 B 50 27000 30 40 12,656 9,17
29 B 60 27000 30 40 0,368 9,52
31 B 60 27000 40 40 0,355 10,25
30 B 60 27000 30 60 0,125 10,62
20 A 60 23000 40 60 0,118 11,32
21 A 60 27000 30 40 0,270 12,97
50
Trata-se de um programa voltado para fins estatísticos, e muito utilizado em
pesquisas acadêmicas para análise estatística de resultados, sendo também
empregado por empresas, num nível mais avançado de utilização, tendo funções mais
específicas voltadas para o gerenciamento. A interface do MINITAB é parecida com a
de uma planilha eletrônica como Microsoft Excel ou Calc do OpenOffice, mas com a
capacidade de executar análises estatísticas complexas.
4.2.1. Influência na massa
A Figura 4.1 apresenta os efeitos das cinco variáveis do experimento na
resposta massa em gráfico obtido através do MINITAB 14.
BA
10
8
6
4
2
6050 2700023000
4030
10
8
6
4
2
6040
Atomizador Concentração Rotação
Temperatura Vazão
Figura 4.1 – Efeitos das variáveis para a massa (MINITAB 14).
Na Figura 4.1 a linha cheia horizontal presente nos cinco gráficos representa
o valor médio da massa no experimento (6,522 g). As amostras com maior quantidade
de massa foram obtidas com os seguintes níveis das variáveis:
51
a) Atomizador tipo B;
b) Concentração da suspensão de 50%;
c) Rotação do atomizador de 27.000 rpm;
d) Vazão de alimentação de 40 mL/min;
e) Temperatura de alimentação de 30ºC.
A Figura 4.2 representa um gráfico de Pareto1 com as cinco variáveis
utilizadas no experimento. A linha vertical na cor vermelha refere-se ao nível de
significância estatística2 para α = 0,05. Assim, as barras que se estendem a partir dessa
linha apresentam um efeito significativo para a resposta.
Va
riá
ve
is
Temperatura
Rotação
Vazão
Atomizador
Concentração
2,01,51,00,50,0
2,056
Figura 4.2 – Gráfico de Pareto para os efeitos das variáveis na massa (MINITAB 14).
(1) São gráficos utilizados para classificar causas que atuam em um dado processo de acordo com seu grau de importância, possibilitando identificar quais causas são responsáveis pelos maiores efeitos e dessa forma, permite priorizar as ações. A técnica é baseada no princípio de Vilfredo Pareto, o qual estabelece que poucas causas são responsáveis pela maior parte dos efeitos (GITLOW, 1993).
(2) A significância estatística de um resultado é uma medida estimada do grau em que este resultado é "verdadeiro", ou seja, no sentido de "representatividade da população" (BUSSAB e MORETTIN, 2009).
52
A concentração de 50% foi aquela que produziu maior quantidade de massa
nas amostras dos ensaios. Isso pode ser explicado pelo fato de que neste nível há
maior quantidade de água presente na suspensão em comparação com a outra
concentração analisada, e dessa forma a massa das amostras obtidas apresentou em
maior valor quando comparada com o nível de concentração de 60%.
O tipo de atomizador teve uma moderada influência, e também não
apresentou significância estatística. O atomizador do tipo B (orifícios circulares e área
total de 254,47 mm2) gerou amostras com maior quantidade de massa, sendo esse
fenômeno justificado pela área dos orifícios 56% maior em relação ao atomizador do
tipo A e pela forma geométrica circular dos orifícios, que favoreceu uma melhor
pulverização da suspensão.
A vazão volumétrica menor (40 mL/min), isto é, menor volume de suspensão
(biomassa de banana verde) passando pelo atomizador em relação ao outro nível
ensaiado, possibilitou uma maior eficiência na secagem, e dessa forma a obtenção de
amostras com maior quantidade de massa.
A rotação de 27.000 rpm (maior nível analisado) permitiu uma melhor
pulverização da suspensão na câmara. Essa condição possibilitou uma maior eficiência
no processo de secagem, e dessa forma uma maior quantidade de material pôde ser
recolhida do coletor, em comparação à rotação de 23.000 rpm.
Ambos os níveis de temperatura de alimentação apresentaram amostras com
quantidade de massas semelhantes, de tal forma que podemos afirmar que essa
variável teve uma diminuta influência na resposta de massa. Isso pode ser justificado
pelo efeito temperatura da câmara ser mais significativo no processo de secagem do
que a temperatura de alimentação.
Das cinco variáveis utilizadas no experimento, a concentração foi aquela que
mais influenciou na resposta de massa. Essa variável esteve muito próxima de
apresentar efeito significativo na massa, conforme a Figura 4.2.
53
4.2.2. Influência na umidade relativa
A Figura 4.3 mostra a influência das cinco variáveis utilizadas no experimento
na resposta umidade relativa.
BA
40
35
30
25
6050 2700023000
4030
40
35
30
25
6040
Atomizador Concentração Rotação
Temperatura Vazão
Figura 4.3 – Efeitos das variáveis para a umidade relativa (MINITAB 14).
A linha cheia horizontal presente nos cinco gráficos da Figura 4.3 representa
o valor médio da umidade relativa no experimento (37,48%). As amostras com menor
índice de umidade foram obtidas com os seguintes níveis das variáveis:
a) Atomizador tipo B;
b) Concentração da suspensão de 60%;
c) Rotação do atomizador de 23.000 rpm;
d) Temperatura de alimentação de 40oC;
e) Vazão de alimentação de 60 mL/min.
54
A ordem de importância na influência das variáveis na resposta de umidade
relativa está representada em um gráfico de Pareto ilustrado na Figura 4.4, sendo
α = 0,05 para o cálculo da significância estatística. V
ari
áve
is
Vazão
Rotação
Temperatura
Atomizador
Concentração
2,01,51,00,50,0
2,056
Figura 4.4 – Gráfico de Pareto para os efeitos das variáveis na umidade relativa (obtido no MINITAB 14).
A concentração de 60% foi aquela que produziu amostras com menores
índices de umidade. Isso pode ser explicado pelo fato de que neste nível de
concentração há menos quantidade de água presente na suspensão, quando
comparado com a de 50%, favorecendo assim a obtenção de amostras com menor
umidade.
A variável tipo de atomizador não apresentou um efeito relevante na resposta
de umidade relativa. O atomizador B (orifícios circulares e área total de 254,47 mm2)
produziu amostras com menor índice de umidade relativa, pois a sua forma circular
permitiu uma melhor pulverização da suspensão, além de possuir a área dos orifícios
56% maior em relação ao outro atomizador ensaiado (orifício retangular e área total de
162,88 mm2).
55
O maior nível de temperatura (40ºC) possibilitou a obtenção de amostras
com menor umidade relativa. Uma maior temperatura de alimentação permite uma
maior eficiência na pulverização e dessa forma o processo de secagem é favorecido,
gerando assim amostras mais secas.
Nos ensaios com rotação de 23.000 rpm (menor nível) houve menor
impregnação de material seco nas paredes da câmara, portanto, maior eficiência na
secagem, e dessa forma a obtenção de amostras com menor umidade.
O efeito da variável vazão de alimentação foi muito reduzido na resposta de
umidade relativa, de tal modo que ambos os níveis produziram amostras com umidade
semelhantes. As diferentes quantidades de suspensão dentro da câmara não
influenciaram na variação de umidade.
Assim como na resposta massa, a concentração da suspensão também foi a
variável com maior influência na variação da umidade relativa. Entretanto, não
apresentou significância estatística no fenômeno.
4.3. Análise microscópica do ensaio com as melhores respostas
O ensaio número 13 apresentou as melhores condições das respostas
umidade e massa, respectivamente, 9,17% e 12,656 g. A partir da amostra obtida nesse
ensaio foi realizada uma análise microscópica, sendo que o tamanho dos grânulos não
ultrapassou 500 μm, como se pode observar na Figura 4.5. Nos trabalhos de OI,
TAMBOURGI e MORAES JR. (2010) e OI et al (2009) foram obtidos resultados
semelhantes.
Portanto, conclui-se que além de apresentar as melhores condições de
umidade e massa, o ensaio número 13 também apresentou resultado de tamanho de
grânulos dentro dos padrões já estudados. Como referência, o tamanho dos grânulos
da farinha de trigo situa-se em torno de 250 μm, enquanto o valor para o farelo de trigo
é aproximadamente 600 μm. Dentro desses valores, é possível empregar a biomassa
de banana verde na forma de pó para produção de massas e outras preparações.
56
Figura 4.5 - Partículas da biomassa de banana verde seca em spray dryer (ampliada em 100 vezes).
4.4. Cálculo do diâmetro da câmara de secagem
Tendo em vista a referência da dimensão da câmara de secagem a partir do
ensaio em que se obtiveram as melhores condições de umidade e massa, foi calculado
o diâmetro interno através das equações do item 3.5 para uma produção piloto de 25
kg/h de biomassa de banana verde em pó.
A massa específica do ar na temperatura de entrada (25ºC, 298,15 K) foi
calculada através da equação 3.6 e considerando os seguintes valores:
g/mol 28 = M N2
320,21 280,79 _
M g/mol28,84 _
M
g/mol 32 = MO2
KKmol
latm
molgatm
15,298082,0
/84,281
318,118,1
m
kg
l
gentradadetempnaar
57
A massa específica do ar na temperatura de saída (140ºC, 413,15 K) foi
calculada através da equação 3.6.
KKmol
latm
molgatm
15,413082,0
/84,281
385,085,0
m
kg
l
gsaídadetempnaar
Da equação 3.5 e considerando a área da seção transversal A = 5,28.10-3
m2 (dois aquecedores) e v = 2,2 m/s (medido em anemômetro digital) tem-se:
s
kgm
s
m
m
kgentradadetempnaar
223
31037,11028,52,218,1
O cálculo da relação entre as vazões mássicas de ar na temperatura de
entrada e do produto ensaiado (12,656 g) é obtido através da equação 3.4:
produto
ar
produto
ar
kg
kg
s
gkgg
skgx 24,974
min/60min15
1000/1656,12
/1037,1 2
Para a produção desejada de 25 kg/h do produto seco, da equação 3.3
determina-se vazão mássica do ar na temperatura de saída.
s
kg
kg
kg
s
h
h
kgar
produto
arproduto
saídadetempnaar 77,624,9743600
125
Por meio da equação 3.2 calcula-se a vazão volumétrica:
s
m
mkg
skgQ
ar
ar
c
3
396,7
/85,0
/77,6
Com a equação 3.1 determina-se o volume da câmara de secagem. Segundo
PERRY e GREEN (1997), deve-se considerar o tempo espacial de 25 s, valor estimado
através de experiência em projetos.
33 99,198/96,725 msmsV
A partir da equação 3.7 obtém-se o diâmetro da câmara de secagem.
mD 14,547,1
99,1983
58
A dimensão determinada (D = 5,14m) corresponde ao diâmetro interno da
câmara de secagem. O material da parede interna deve ser fabricado com aço
inoxidável, pois se trata de processamento de alimentos. Já a parede externa pode ser
feita com liga de alumínio, sendo que o espaço entre as paredes deve ser preenchido
com material isolante, tendo em vista reduzir a transmissão de calor por condução e
convecção. Dessa forma, aumenta-se a eficiência do equipamento.
O presente trabalho pretendeu apenas estimar as dimensões da câmera de
secagem, e não o projeto de um equipamento completo. A determinação do diâmetro
da câmara de secagem é o item mais relevante para o projeto de um secador spray
dryer, pois a partir dele define-se a especificação das demais partes, sendo que grande
parte dessas podem ser encontradas comercialmente nos catálogos de fabricantes
especializados.
A Figura 4.6 ilustra a câmara de secagem do spray dryer com atomizador
rotativo, sendo altura do cilindro igual ao diâmetro e o ângulo do cone reto de 60°,
conforme PERRY e GREEN (1997).
Figura 4.6 – Ilustração da câmara de secagem.
60º
5,14 m
5,14 m
9,59 m
59
A altura da câmara é determinada através do seguinte cálculo:
mHH o 59,92
14,560tan14,5
A altura da câmara de secagem é de 9,59 m, sendo que na altura total do
spray dryer deve-se considerar o tanque de alimentação na parte superior e a estrutura
de sustentação na parte inferior. Dessa forma, a altura total do equipamento é de
aproximadamente 10 metros. Deve-se prever um pé direito de no mínimo 12 metros,
tendo em vista a manutenção do equipamento.
Para a estimativa de produção de 25 kg/h de biomassa de banana verde em
pó em uma planta industrial, onde se trabalha em dois turnos por dia com cinco horas
úteis de trabalho cada (o tempo restante é destinado ao set-up do equipamento e outros
tempos ociosos), pode-se obter uma produção diária de 250 kg. Num mês com 22 dias
úteis representa uma produção mensal de 5.500 kg, em cada equipamento.
60
5. CONCLUSÃO
O estudo da viabilidade de secagem da biomassa de banana verde em uma
unidade experimental de spray dryer com atomizador rotativo concluiu que:
a) O ensaio número 13 foi aquele que apresentou as melhores condições das
respostas de massa e de umidade, respectivamente, 12,656 g e 9,17%, tendo
os seguintes valores das variáveis: atomizador tipo B; concentração 50%;
rotação 27.000 rpm; temperatura de alimentação 30oC e vazão de
alimentação 40 mL/min;
b) Dezessete amostras do total de 32 apresentaram umidade relativa abaixo de
13%, valor de referência para produtos alimentícios particulados, ou seja,
53,13% das amostras estão dentro do referido padrão;
c) Dentre as cinco variáveis utilizadas no experimento, a concentração da
suspensão foi aquela que mais influenciou nas duas respostas, mesmo assim
não apresentou significância estatística nas análises; as demais variáveis –
tipo de atomizador, rotação, temperatura e vazão de alimentação –
produziram efeitos reduzidos nas respostas;
d) A concentração no valor de 50% produziu amostras com maior quantidade de
massa, pois há maior presença de água na suspensão, em comparação com
o outro nível de concentração analisado;
e) A concentração no nível de 60% gerou amostras com menor teor de umidade,
pois há menor quantidade de água na suspensão, em relação ao outro
patamar, e isso produz amostras com maior quantidade de sólidos;
f) Na amostra obtida no ensaio 13, o tamanho dos grânulos não ultrapassou a
dimensão de 500 μm, portanto, pode ser aplicado em diversas preparações
alimentícias;
g) Utilizando como parâmetro a amostra gerada no ensaio 13, o diâmetro
calculado da câmara de secagem resultou em 5,14 m e uma altura total de
9,59 m, para um equipamento com capacidade para produzir 25 kg/h,
portanto, viável para se instalar em uma planta fabril;
61
h) Em nenhum dos ensaios houve problemas com a obstrução dos dutos de
alimentação e dos orifícios do atomizador rotativo, mesmo sendo uma
substância com aspecto muito fibroso;
i) Em todos os ensaios foi possível coletar amostras contendo a biomassa de
banana verde em pó e
j) Nos 32 ensaios realizados no experimento pôde-se comprovar a viabilidade
da secagem da biomassa de banana verde em spray dryer com atomizador
rotativo.
A viabilidade da secagem de biomassa de banana verde em spray dryer com
atomizador rotativo comprovada neste presente trabalho, poderia ser complementada
com um estudo das propriedades nutricionais dessa biomassa em pó e também com
um estudo de viabilidade econômica, item essencial para o planejamento de um
empreendimento industrial. Dessa forma, sugere-se que trabalhos nessas áreas sejam
desenvolvidos futuramente.
62
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67
APÊNDICE
QUADRO DO EXPERIMENTO
Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4
Concentração (% biomassa) 50 50 50 50
Atomizador (tipo) A A A A
Rotação (rpm) 23000 23000 23000 23000
Temperatura (oC) 30 30 40 40
Vazão (mL/min) 40 60 40 60
Massa úmida (g) 2,840 3,720 3,580 3,660
Massa seca (g) 2,720 3,580 3,290 3,470
Umidade (%) 4,41 3,91 8,81 6,18
Ensaio 5 Ensaio 6 Ensaio 7 Ensaio 8
Concentração (% biomassa) 50 50 50 50
Atomizador (tipo) A A A A
Rotação (rpm) 27000 27000 27000 27000
Temperatura (oC) 30 30 40 40
Vazão (mL/min) 40 60 40 60
Massa úmida (g) 2,170 12,370 9,840 17,760
Massa seca (g) 2,150 6,340 5,253 9,210
Umidade (%) 0,93 95,11 87,32 92,83
Ensaio 9 Ensaio 10 Ensaio 11 Ensaio 12
Concentração (% biomassa) 50 50 50 50
Atomizador (tipo) B B B B
Rotação (rpm) 23000 23000 23000 23000
Temperatura (oC) 30 30 40 40
Vazão (mL/min) 40 60 40 60
Massa úmida (g) 11,452 11,507 2,016 0,739
Massa seca (g) 5,826 5,917 1,850 0,600
Umidade (%) 96,57 94,47 8,97 23,17
Ensaio 13 Ensaio 14 Ensaio 15 Ensaio 16
Concentração (% biomassa) 50 50 50 50
Atomizador (tipo) B B B B
Rotação (rpm) 27000 27000 27000 27000
Temperatura (oC) 30 30 40 40
Vazão (mL/min) 40 60 40 60
Massa úmida (g) 12,656 8,295 37,400 22,227
Massa seca (g) 11,593 7,033 29,537 13,384
Umidade (%) 9,17 17,94 26,62 66,07
Temperatura (oC) 30 30 40 40
Vazão (mL/min) 40 60 40 60
Massa úmida (g) 0,368 0,125 0,355 0,120
Massa seca (g) 0,336 0,113 0,322 0,115
Umidade (%) 9,52 10,62 10,25 4,35
68
APÊNDICE
QUADRO DO EXPERIMENTO (continuação)
Ensaio 17 Ensaio 18 Ensaio 19 Ensaio 20
Concentração (% biomassa) 60 60 60 60
Atomizador (tipo) A A A A
Rotação (rpm) 23000 23000 23000 23000
Temperatura (oC) 30 30 40 40
Vazão (mL/min) 40 60 40 60
Massa úmida (g) 0,101 0,080 0,200 0,118
Massa seca (g) 0,065 0,062 0,122 0,106
Umidade (%) 55,38 29,03 63,93 11,32
Ensaio 21 Ensaio 22 Ensaio 23 Ensaio 24
Concentração (% biomassa) 60 60 60 60
Atomizador (tipo) A A A A
Rotação (rpm) 27000 27000 27000 27000
Temperatura (oC) 30 30 40 40
Vazão (mL/min) 40 60 40 60
Massa úmida (g) 0,270 0,188 0,267 0,400
Massa seca (g) 0,239 0,146 0,183 0,372
Umidade (%) 12,97 28,77 45,90 7,53
Ensaio 25 Ensaio 26 Ensaio 27 Ensaio 28
Concentração (% biomassa) 60 60 60 60
Atomizador (tipo) B B B B
Rotação (rpm) 23000 23000 23000 23000
Temperatura (oC) 30 30 40 40
Vazão (mL/min) 40 60 40 60
Massa úmida (g) 42,476 0,385 0,695 0,315
Massa seca (g) 24,260 0,383 0,694 0,313
Umidade (%) 75,09 0,52 0,14 0,64
Ensaio 29 Ensaio 30 Ensaio 31 Ensaio 32
Concentração (% biomassa) 60 60 60 60
Atomizador (tipo) B B B B
Rotação (rpm) 27000 27000 27000 27000
Temperatura (oC) 30 30 40 40
Vazão (mL/min) 40 60 40 60
Massa úmida (g) 0,368 0,125 0,355 0,120
Massa seca (g) 0,336 0,113 0,322 0,115
Umidade (%) 9,52 10,62 10,25 4,35