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Este livro é baseado no projeto A Dream for the World que tem como objetivo criar uma nova geração de líderes incorruptíveis, que se dediquem à política e aos negócios com integridade.
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Stefano D’Anna
UM SONHO PARA O MUNDO
Integridade em Ação
Tradução:BRUNO COBALCHINI MATTOS
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Título original: A Dream for The World.
Copyright © 2011 Dream for The World S.A., Suíça.
Copyright da edição brasileira © 2012 Editora Pensamento-Cultrix Ltda.
Texto de acordo com as novas regras ortográficas da língua portuguesa.
1a edição 2012.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópias, gravações ou sistema de armazenamento em banco de dados, sem permissão por escrito, exceto nos casos de trechos curtos citados em resenhas críticas ou artigos de revistas.
Coordenação editorial: Denise de C. Rocha Delela e Roseli de S. FerrazRevisão técnica: Patrícia Aguirre e Samuel Zofi Revisão: Ana Maria DilguerianDiagramação: Fama Editoração Eletrônica
Direitos de tradução para a língua portuguesaadquiridos com exclusividade pela
EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA.Rua Dr. Mário Vicente, 368 — 04270-000 — São Paulo, SP
Fone: (11) 2066-9000 — Fax: (11) 2066-9008E-mail: [email protected]
http://www.editoracultrix.com.brque se reserva a propriedade literária desta tradução.
Foi feito o depósito legal.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
D`Anna, StefanoUm sonho para o mundo : integridade em ação / Stefano D`Anna ; tra-
dução Bruno Cobalchini Mattos. — São Paulo : Cultrix, 2012.
Título original: A dream for the world.Bibliografia.ISBN 978-85-316-1212-1
1. Administração de empresas 2. Clientes — Satisfação 3. Comporta-mento organizacional 4. Liderança 5. Sucesso em negócios I. Título.
12-13449 CDD-658.001
Índices para catálogo sistemático:1. Comportamento organizacional : Administração de empresas 658.001
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DISTÂNCIA DE 3 PRÓTONS
Nome : CHUMBO Nome : OURO Símbolo : Pb Símbolo : Au Número Atômico : 82 Número Atômico : 79
A diferença entre um átomo de chumbo e um átomo de ouro em relação a seus respectivos números atômicos é de apenas 3 pró-tons, um é 82, o outro, 79. Existe uma humanidade de 82, de estado pesado e escuro como o chumbo; e há outra humanidade de 79: leve, brilhante e incorruptível como o átomo de ouro. Podem parecer distantes uma da outra, mas, na realidade, o átomo de chumbo já é ouro — a diferença é de apenas 3 prótons.
“Um Sonho para o Mundo” é essa transformação, a evolução de uma humanidade de chumbo para uma humanidade de ouro. De seres comuns a líderes impecáveis, homens e mulheres guiados pela integridade.Estamos a uma distância de apenas 3 prótons.
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Sumário
Apresentação de Cristina Carvalho Pinto ............................ 6Prefácio de George Koukis ................................................... 10Jantar no Castelo .................................................................. 17Me Do It! .............................................................................. 20Livre-se do Medo .................................................................. 23A Maior Lição de Minha Vida............................................... 28Sucesso ................................................................................. 32Economia é uma Atitude da Mente ...................................... 35Por uma Economia Atemporal ............................................. 39Faça Planos, mas não se Deixe Controlar por Eles .............. 41O Sonho Empreendedor ....................................................... 46Sonhos Devem ser Pagos Adiantados ................................... 48Solidão é Coragem................................................................ 51Escute a sua Intuição ............................................................ 54As Pessoas são a Chave ........................................................ 56O Toque Humano ................................................................. 57A Cultura da Integridade ...................................................... 61O Empreendedor .................................................................. 64Virando o Mundo de Ponta-Cabeça ..................................... 70O Paradigma do Sonhador ................................................... 74Não seja Dependente ............................................................ 78O Talão de Cheques Grandes ............................................... 81
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O Grande Concorrente ......................................................... 91Lembrando o Futuro ............................................................ 94A Lei do Antagonista ............................................................ 97O Conde de Monte Cristo .................................................... 101Jantando com o Antagonista ................................................ 104A Música da Vida .................................................................. 108Uma Lei Importantíssima para os Negócios ......................... 112De Pai para Filho .................................................................. 114O Indivíduo e a Massa .......................................................... 120Integridade ........................................................................... 125ROI: Return on Integrity (Retorno em Integridade) ............ 129Meu Mundo .......................................................................... 133A Maior Descoberta .............................................................. 137Empresas Morrem Cedo ....................................................... 139Protegendo a Integridade ..................................................... 142O Indivíduo .......................................................................... 143O Toque de Rei Midas .......................................................... 145Um Homem faz a Diferença ................................................. 153Um Sonho para o Mundo ..................................................... 157Mensagem para os Futuros Alunos do Programa Intento DFW, no Brasil ..................................................................... 164Posfácio de Stefano D’Anna .................................................. 166
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Apresentação de Christina Carvalho Pinto*
Era uma tarde qualquer de um dia qualquer, e na agenda havia
um almoço marcado com Simone Ramounoulou e alguns novos
amigos que ela queria me apresentar. Conheço Simone de muitos
anos, mulher de nível elevado, e fui para o almoço já sabendo
que ela e esse pequeno grupo de pessoas teriam como assunto o
projeto de um grande empresário internacional, George Koukis,
voltado à identificação e formação de jovens líderes. Até então isso
era o que eu sabia.
O tema da liderança me fascina desde as molecagens da infân-
cia, quando comecei a observar tudo e todos ao redor e optei pela
desobediência ao status quo. Havia algo que não fazia sentido, que
entrava pelos meus olhos, meus poros e narinas, e que estava todo
o tempo ali, me intoxicando, nos fuxicos da rua onde eu morava,
nos dogmas que a educação familiar e escolar me impunham, nas
aulas do catecismo onde se falava tanto de Deus e Ele não com-
* Christina Carvalho Pinto, fundadora e presidente do Grupo Full Jazz de Co-municação, é uma das grandes lideranças planetárias na criação de uma mídia mais ética, inovadora e construtiva.
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parecia... A vida não podia ser isso e, portanto, eu nunca iria me
submeter. Mas então a vida seria o quê?
As horas ao sol brincando com tatu-bola; o silêncio da sala
onde comecei a dedilhar as primeiras semibreves e colcheias no
piano; os primeiros escritos; a dança que tomava conta de mim e
me fazia bailarina esbarrando pelos móveis da casa; os desenhos
do coelho, da lua e do relógio naquele único livro de histórias
infantis — Horas Felizes — que alguém tinha me dado; esses mo-
mentos permitiram brotar em mim a consciência de que Eu Sou e
de que a preservação do Ser deveria estar acima de tudo.
Na adolescência, enquanto ganhava os prêmios de redação nas
escolas por onde passava e o Prêmio Ana Pavlova, no Teatro Mu-
nicipal de São Paulo (como integrante do Ballet Vitória Régia), me
perguntei qual era meu sonho. A resposta veio múltipla: eu queria
ser pianista, escritora e bailarina. Sem saber o que fazer diante de
tantas paixões, larguei tudo e optei por começar sendo livre.
Peguei a mala, o ônibus e a coragem, e vim parar em São Pau-
lo. Eu tinha 17 anos e a expectativa geral era de que eu entrasse
numa faculdade. Mas em qual? Letras? Não, eu não queria ser
professora. Música? Eu havia acabado de abandonar os estudos
porque não via como sobreviver da música. Ou será que no in-
consciente eu preparava um salto maior, sem saber para onde?
(Formei-me em Música muitos anos depois, mas aí meu caminho
já tinha ido bater em novas encruzilhadas).
Um dos meus irmãos, Luiz Antonio, me convenceu a cursar a
faculdade de comunicação e tentar um estágio numa agência de
propaganda. No mundo de uma certa lógica inventada às pressas
para a ocasião, aquela seria uma saída para que eu pudesse tra-
balhar num ambiente criativo, mais adequado à minha natureza
inquieta. Entrei na faculdade, que abandonei seis meses depois,
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sonolenta de tédio e ávida por viver a imensidão de São Paulo.
Meu irmão me apresentou para um estágio numa agência, e o que
aconteceu depois é maior do que os fatos: é a minha jornada in-
terior para — participando do baile corporativo — impedir que
meu Ser fosse mutilado.
Mas aqui estamos nós, naquela tarde de sol, rumo ao restau-
rante com mesa posta no jardim, e eis que, para minha surpresa,
George Koukis e Stefano D’Anna estavam bem ali, à minha espera!
A conexão foi intensa. Falamos de sonhos, sopro único a co-
locar em marcha as grandes realizações. Falamos do poder dos in-
divíduos, ou melhor, do Indivíduo, pois basta um só — com essa
energia vulcânica que nos habita — para criar novas realidades.
Falamos dos jovens e seus destinos no ocaso desta estranha
“civilização”. E George me contou seu sonho da maturidade:
identificar, abrir espaços de autoconhecimento e contribuir com a
preparação dos Líderes do Futuro, homens e mulheres de Integri-
dade, condutores destemidos de um tempo que, creio eu, talvez
deva ser chamado de Era do Resgate da Verdadeira Memória, pois
não há nada a criar; há apenas a beleza do que Somos acenando-
-nos para ser corajosamente resgatada.
Ao final do almoço, Stefano me presenteou com uma edição
especial deste livro grandioso, em que ele dialoga com George; e,
ao longo da conversa, vai-se descortinando o emocionante cami-
nho que George Koukis escolheu para viver e que o levou a ser
não apenas um dos empresários mais bem-sucedidos do Planeta,
chairman da Temenos, a corporação líder mundial em softwares
para o sistema bancário, com operações em todos os continentes;
mas, acima de tudo, um homem que se recusou a ser formatado
como mais um soldadinho de chumbo do mundo dos negócios.
Que, através da auto-observação e do autoconhecimento, atingiu
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um estágio de equilíbrio interior que é o pano de fundo de todas as suas decisões. E, aniquilando os fantasmas do medo, trouxe à tona o Ouro que o ser humano intrinsecamente É.
Compartilho com você, leitor, a dedicatória escrita pelo Stefa-no, que me comoveu e me confirmou, mais uma vez, que valeu a pena, neste turbilhão de possibilidades que é a existência, agarrar o leme da vida em minhas mãos e arriscar o destino de uma me-nina desobediente.
Christina, ouvi tanto a seu respeito que eu tinha um grande desejo de encontrá-la. A gente sempre encontra o que sonha. Eu confio que você vai amar UM SONHO PARA O MUNDO, pois ele ex-pressa a crença de que o mundo pode ser curado somente por uma nova geração de líderes movidos pela Ética e pela Integridade, capazes de abordar a política e os negócios como uma missão, um dever sagrado. Seja a voz desta missão. Até breve, 9 de agosto de 2012, Stefano D’Anna.
Serei sim, Stefano e George, a voz dessa e de outras sagradas missões que, entrelaçadas, comporão os capítulos daquele outro grande livro que a Humanidade, unida, precisa escrever agora: o livro da nossa Nova História.
Afinal, descobri que estava certo misturar literatura, música e dança num único caldeirão. Meu sonho e meu dom são uma coisa só: acessar o que o Universo quer nos dizer agora e ser Seu melhor microfone. Notas musicais, palavras, expressão corporal, transfor-mação da mídia, a soma da criatividade com a consciência, tudo serve para isso.
Que a leitura de UM SONHO PARA O MUNDO estimule você a colocar seus pés, pernas, todo o seu corpo e sua alma em marcha para o primeiro passo. O resto, como sempre, é consequência.
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“Em nossa vida, assim como nos negócios,
o tempo está sempre voando, e não poderemos preservar nada
se não plantarmos uma semente de eternidade em tudo
o que fazemos, pensamos e dizemos a nosso respeito.”
Prefácio de George Koukis
Este livro é um relato dos caminhos mais importantes que tri-
lhei na minha vida, os quais culminaram em levar a Temenos* da
falência a uma posição de importância internacional. Seu propósi-
to é inspirar os atuais e futuros filósofos de ação.
Quando jovem, lembro-me de tentar entender de onde eu
vinha, qual o significado de Deus, o propósito da minha vida e
outras questões inquietantes. Interrogava as pessoas ao meu redor,
lia livros e fazia muitas perguntas aos meus professores, familiares
e aos mais velhos, mas nenhuma resposta me satis fazia. Sempre
que propunha minhas perguntas difíceis, diziam-me que as sagra-
das escrituras afirmavam: “Eu devo acreditar, e não questionar”.
Essa afirmação sem lógica era inaceitável para mim.
Então, ainda muito novo, fiz algo que me ajudou a me tornar
um pensador independente e a desenvolver uma mente questiona-
dora. Eu me desvencilhei de tudo o que haviam me dito até então,
não importando se vinha da ciência, das tradições e de crenças
* Empresa suíça de softwares bancários da qual George Koukis é o proprietário. (N.T.)
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religiosas ou se era simplesmente fruto da fraqueza moral ou da
indolência evidenciadas na frase “as coisas sempre foram desse
jeito”.
Desde que nascemos, somos doutrinados com diferentes siste-
mas de crença, esquemas mentais, ideias de segunda mão, regras e
padrões com os quais julgamos o ser humano e as circunstâncias,
e justificamos nossa existência.
Logo me dei conta de que as pessoas ao me redor, por ignorân-
cia ou por temerem algo, queriam controlar minhas ações. Que-
riam que eu fosse igual aos outros, e tentaram me fazer aceitar
sua visão distorcida do mundo, em que tudo tem os contornos do
medo e do preconceito. Queriam que eu nadasse ao seu lado em
um mar de dúvidas criadas por eles mesmos. Recusando-me a ser
hipnotizado, me rebelei e comecei a pensar por conta própria.
Decidi o que eu queria fazer da minha vida — da minha, e não
da de outra pessoa —, e por meio do amor e da paixão, e não do
medo, desenvolvi meu “sistema de valores”.
Vi membros da minha família e vizinhos respeitáveis indo à
igreja todos os domingos não porque amassem seu Deus, mas
porque tinham medo de ir para o inferno depois de morrer. Pois
quando eu os observava durante a semana, não agiam como pes-
soas religiosas. Não adoravam a beleza divina ou o proclamado
amor infinito de seu Deus, mas viviam com medo absoluto da ira
desse Deus. Para um jovem contestador, isso indicava uma situa-
ção confusa e alarmante. Em seu mundo simplista e auto centrado,
essas pessoas acreditavam que seriam absolvidas no domingo se
fossem à igreja e doassem algum dinheiro. Depois de livrar meu
cérebro do medo e da superstição, percebi que: A verdade existe
apenas em nosso cérebro individual.
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Este livro é um resumo das principais premissas que segui ao
tomar decisões no mundo dos negócios. Você as encontrará de
forma detalhada nas próximas páginas. Por trás de cada uma de-
las, há um princípio crucial: uma condição que incorporei ao meu
ser. É um equilíbrio que não deixo ser abalado por nada. Esse es-
tado calmo da mente, essa estabilidade emocional, é algo que vem
antes de qualquer coisa; ou melhor, é algo de que todas as outras
coisas na minha vida dependem.
Manter esse equilíbrio é um dogma absoluto que se tornou um
“instinto adquirido” para mim. É um estilo de vida, algo indisso-
ciável de minha personalidade. Isso não significa que eu enfren-
te menos problemas do que os outros, muito pelo contrário. No
entanto, a maneira como eu os encaro e a forma como lido com
episódios indesejados ou mesmo desafiadores constituem um pro-
cesso com um único objetivo: manter o equilíbrio interior. É uma
disciplina sublime que exalta a Integridade.
Ao olhar em volta você concordará que temos um futuro di-
fícil pela frente. A crise financeira não é mais do que o sintoma
de uma doença que atinge todo o planeta, e que não difere em
nada de problemas como a fome, o analfabetismo, as guerras, as
epidemias, as violações dos direitos humanos, a poluição, o exces-
so populacional, as grandes injustiças etc. Por que é que, desde
a Idade da Pedra, passando pela Era Atômica até a Era Digital,
não só deixamos de resolver os problemas, como também criamos
muitos outros?
Não podemos explicar por que enfrentamos os maiores desa-
fios econômicos da história, sujeitamos outros países a políticas
econômicas destrutivas, entregamos prêmios Nobel a quem não
os merecem, travamos guerras com países inocentes, santificamos
canalhas, enviamos jovens para que pereçam em guerras sem sen-
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tido e a razão de vivermos em um mundo de medo, a não ser que
aceitemos o fato de que nosso mundo carece de Líderes Éticos.
Há muitos anos, atuo à frente de minhas empresas como em-
preendedor e líder corporativo. Em meu trabalho diário percebi
que o principal obstáculo que leva ao fracasso os projetos mais
relevantes e ambiciosos não é a carência de recursos materiais,
mas a escassez de líderes éticos.
A principal motivação dos líderes na política, na religião e no
mundo dos negócios é o Dinheiro. O poder é conquistado à custa
do homem. Da mesma forma, muitas decisões são tomadas não
porque acreditamos nelas, mas porque temos Medo. Como con-
sequência, entregaremos — já entregamos — a nossos filhos um
mundo em condições muito piores do que aquele que herdamos, e
isso é o cúmulo da traição. Precisamos revolucionar a nossa mente
e encontrar um novo modo de pensar; precisamos de uma nova
religião. Precisamos mudar.
A mudança só pode começar a partir de um único indivíduo.
Ao longo de nossa história, as mudanças sempre começaram com
o comprometimento de um único indivíduo apto a pensar de for-
ma atemporal. Ela vem de um indivíduo que pensa no infinito
(e não em metas diárias ou trimestrais, como acontece hoje no
mundo dos negócios) e não aceita ser corrompido por benefícios
de curto prazo. Pelo contrário: ele sabe que os sonhos têm um
preço, e deve estar pronto para pagar adiantado ao planejar um
novo rumo para a humanidade.
O mundo precisa de pessoas com a coragem de fazer algo a
respeito dos problemas atuais, e não daqueles que desperdiçam o
seu tempo no conforto da hipocrisia.
Líderes atemporais e corajosos são o sal da terra e as células
saudáveis da humanidade. Educação em massa e ensino tradicio-
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nal, não podem produzi-los. Eles precisam ser formados um a um.
Essa é a nossa responsabilidade. Qualquer alternativa a isso ou a
manutenção das práticas atuais terão resultados desastrosos.
Podemos erradicar a pobreza, criar empregos para todos,
transformar inimigos mortais em aliados, criar um mundo justo e
livre de poluição e ainda curar todas as doenças, substituindo até
mesmo as emoções negativas do ser humano? Provavelmente isso
não vai acontecer enquanto eu estiver vivo, e talvez não ocorra pe-
los próximos cem anos. Mas não seria um ótimo objetivo Sonhar
com esse mundo para daqui a mil anos? Você está pronto agora
para se comprometer com um futuro tão distante?
Tentei fazer alguma coisa pelo mundo e trazer algum alívio
onde eu pude, e tanto quanto pude. Fundei entidades filantrópi-
cas. Dei dinheiro para instituições dedicadas à saúde das crianças.
Precisei criar instituições de caridade para entender que elas não
apenas não transformam as coisas como também, de forma per-
versa, acabam por se tornar instituições dependentes, que existem
apenas para se perpetuarem.
Sempre acreditei que as pessoas são a chave. Esse é o centro
da minha filosofia empreendedora e o lema que dei à minha fun-
dação. Para concluir, eu gostaria de compartilhar com todos os
líderes corporativos e representantes da classe dominante a minha
crença de que a única forma de contribuirmos para a resolução
dos problemas milenares do planeta é por meio da Educação. Não
me refiro à educação tradicional (fundamental para os mais no-
vos), mas a algo que se destina ao Espírito da Humanidade e a
todos os homens que têm “ouvidos para ouvir”.
Para selecionar e educar essas pessoas, mais do que dinheiro,
conhecimento, poder ou status social, é preciso ter a capacidade
de transmitir ideias elevadas, valores e princípios; deve-se incluir
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o estímulo ao autoconhecimento e o restabelecimento da integri-
dade como as qualidades centrais da liderança.
No entanto, desenvolver um líder ético é mais difícil do que
concordar com ou falar sobre esse conceito. Onde encontrá-los?
Como você identifica e educa alguém destinado a ser um líder?
Realizar essas tarefas ou responder a essas perguntas é muito
difícil. Já patrocinei dois programas, e posso dizer que isso excede
os nossos limites. Ainda assim, os resultados são encorajadores.
É por isso que acho essa tarefa mais desafiadora do que qualquer
outra que já tentei realizar. Acredito que, se não mudarmos a ma-
neira como encaramos os problemas da humanidade, nossos filhos
não conseguirão evitar os desastres de uma nova grande guerra.
Para apoiar a formação de futuros líderes íntegros, deixei o
cargo de presidente da Temenos e criei uma Fundação. Assim, fi-
quei com mais tempo para escrever livros e encontrar velhos ami-
gos e pessoas influentes para convencê-los a participar do proje-
to e financiarem comigo a formação desses indivíduos, o recurso
mais estratégico para o futuro da humanidade.
Com esse objetivo me aliei ao professor Stefano D’Anna, que já
havia criado um avançado Programa de Liderança e um concurso
de bolsas de estudo para potenciais sonhadores de um país, apoia-
do na sua ideia de que a vida de uma nação, de uma corporação
e até mesmo de toda uma civilização depende da existência de
utópicos pragmáticos e filósofos de ação. Sem eles, nenhum pro-
gresso é possível.
Pedi a ele que expandisse a sua ideia para que englobasse todo
o mundo, e juntos criamos o “Futuros Líderes para o Mundo”, um
programa de bolsas instituído para selecionar jovens brilhantes
vindos de qualquer nação, independentemente de raça, credo ou
tradições, com o objetivo de ensiná-los o que as universidades não
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ensinam: como cultivar um senso de grandeza, o amor irrestrito à liberdade e uma integridade incorruptível, para que eles se tornem as novas células: Futuros Líderes, e a esperança do mundo.
Não sou supersticioso, mas a maneira como conheci Stefano é incrível. Tudo começou quando descobri seu livro A Escola dos Deuses em um quarto de hotel na Toscana, onde passei uma noite quando me dirigia ao Puccini Festival. Ao ler o livro, tive certeza de que precisava conhecer o seu autor. Tê-lo encontrado confirma a minha crença de que o nosso ser cria a nossa vida, e que nossos pensamentos, emoções e atos de cada dia criam oportunidades correspondentes.
Se você preferir, pode chamar isso de destino. Acho que um homem sempre se encontra com aquilo que sonha.
O programa “Futuros Líderes para o Mundo” (FLM) e o In-tento DFW*, criados sob a orientação de Stefano D’Anna, cor-respondem a uma jornada de autoconhecimento. Sua proposta é restaurar a ética e a integridade como as qualidades centrais de um líder do futuro, encarando-as também como o recurso estratégico mais importante para as empresas.
Ao apoiar e patrocinar o FLM e o Intento DFW, busco enco-rajar pessoas de valor a agirem com integridade e coragem em tudo que fazem. Estou confiante de que algumas dessas pessoas aceitarão o desafio de tornarem-se aquilo de que o mundo preci-sa: líderes atemporais, capazes de agir como catalisadores de algo grandioso, que contenha o poder de existir para sempre.
— George Koukis Casta Diva, Como
Março de 2011
* DFW — Dream for the World [Sonho para um Mundo].
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Jantar no Castelo
— Nasci em uma família muito pobre, um de quatro filhos. Pais
analfabetos.
O homem que estava falando comigo, meu rico anfitrião, pro-
nunciou essas palavras com sua voz de barítono. Seu tom, calmo
e solene, era irrepreensivelmente amigável. Era possível sentir um
sorriso subindo de suas palavras para os olhos escuros e penetran-
tes. A estrutura metálica de sua lareira brilhava com a claridade
das chamas, e eu me deixei envolver pela atmosfera confortavel-
mente quente. O que eu sabia sobre George Koukis não era muito,
mas o suficiente para entender que o convite para visitá-lo em seu
castelo, situado de frente para o Lago de Genebra, Suíça, era inve-
jado por muitos e certamente não podia ser recusado.
George Koukis era o fundador e presidente da Temenos, a
empresa líder mundial em softwares bancários, com atuação em
cinco continentes, e eu não tinha a menor ideia de por que ele pe-
dira a Angelina, sua respeitada assistente, para me fazer o convite.
— Me casei muito jovem e vim para Londres, mas naquela época
era muito difícil conseguir um visto de trabalho. Então, migrei para
a Austrália. Eu tinha duas filhas. Não falava uma palavra de inglês;
não tinha um centavo.
Eu o escutava educadamente. O mundo está cheio de histórias
de milionários que começaram do nada, e não consegui evitar a
impressão de que a sua história seria o mesmo clichê de sempre
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sobre os milagres de um homem comum que se fez sozinho na
vida.
— Eu trabalhava doze horas por dia, e à noite eu estudava por
conta própria. Foi nessa época que aprendi uma grande lição a res-
peito do meu corpo: dormir é uma perda de tempo.
Essas palavras despertaram imediatamente o meu interesse.
Elas ecoavam os ensinamentos do monge e filósofo Lupelius, um
homem muito pouco conhecido. Eu havia resgatado um de seus
inestimáveis manuscritos da antiga biblioteca de Yerevan, onde
ficara esquecido por séculos. O monge costumava dizer aos seus
discípulos que dormir era apenas um mau hábito de nossa mente.
Comecei a observá-lo com uma curiosidade renovada, dispos-
to a prestar mais atenção em sua história. Poucas semanas antes,
os jornais de todo o mundo haviam divulgado a notícia de que
ele decidira deixar o comando de diversas de suas empresas, bem
como o cargo de presidente e CEO da Temenos. Havia muita es-
peculação acerca do que ele tinha em mente e o que faria com o
seu tempo e com a sua fortuna, mas nada havia sido comprovado
ou confirmado por ele, nem por qualquer um de seus colegas mais
próximos.
— Não tive a sorte de ir a escolas como as suas; mas, por outro
lado, tive a sorte de não ter recebido ensinamentos equivocados que
pudessem me influenciar ou dos quais eu tivesse de me livrar.
— Sou um autodidata. A escola que inventei para mim mesmo
abria sempre que eu quisesse, não importava o horário. Ela me en-
sinava coisas práticas: álgebra, contabilidade, estatística, direito co-
mercial. Aprendi a teoria da “Competição Perfeita”, a “Teoria dos
Jogos”, o conceito de mediana e diversas outras coisas úteis. Mas,
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em minhas noites solitárias, eu também ouvia as vozes de tempos antigos, de uma era clássica em que as ideias mais audaciosas foram concebidas pelo pensamento de uma linhagem de grandes filósofos, pensadores gigantescos cuja sabedoria foi transmitida século após século. Ainda assim, depois de ter devorado livros às centenas, eu havia aprendido apenas a construir uma vara de pescar; nenhum deles me ensinara como pescar.
Nesse momento, o sommelier se aproximou discretamen-te para servir em nossas taças um pouco do precioso líquido da antiga garrafa que estava cuidadosamente posicionada sobre um suporte. Ela havia sido aberta no momento ideal, pouco antes de nosso jantar ter início. Pelo canto dos olhos, eu pude ler em seu rótulo o nome Chateau Petrus, e a estonteante data de seu engar-rafamento: 1947.
George Koukis parou de falar e dedicou a atenção necessária à degustação do vinho, com a precisão e a meticulosidade de quem cumpre um ritual solene.
Ele girou o copo em sua mão com um movimento do pulso e observou enquanto o vinho “respirava”, ondulando lentamente contra o vidro. Então inalou o seu aroma e, com os olhos fecha-dos, bebeu um gole. Ele lançou um olhar de aprovação para o sommelier.
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Me Do It!
— Eu estava trabalhando na Qantas, a Companhia Aérea Nacio-
nal da Austrália. Era um empregado em meio a centenas de outros.
Um dia, meu chefe anunciou que um projeto fundamental para a Qan-
tas esperava para ser posto em prática. Ninguém se voluntariou, pois
aquilo acarretaria uma dose extra de esforço; e, acima de tudo, os
computadores e as tecnologias relacionadas eram uma novidade tão
grande que todos tinham medo de aceitar uma tarefa que os envol-
vesse. O risco de fracassar era grande.
— Senti a ousadia necessária para um desafio impossível sur-
gindo dentro de mim, e uma empolgação pulsante subindo como uma
grande onda que não podia ser contida. Não era a primeira vez que
isso acontecia, mas foi a primeira vez em que senti que, se algo como
o Destino existia de fato, aquele era o seu chamado.
— Aquela voz interior que me lembrava sempre de minhas limi-
tações, de que eu não tinha a experiência e o conhecimento necessá-
rios, de que eu era completamente ignorante acerca dos obstáculos do
projeto e de que não sabia nem por onde ou como começar soou in-
crivelmente frágil e distante até silenciar-se. Eu ouvia o som de umas
poucas palavras se tornando nítido em minha cabeça: “eu quero fazer
isso!”.
— Pensando de forma objetiva, as dificuldades eram enormes e o
peso da tarefa parecia insuportável para um homem nas condições em
que eu me encontrava. Para completar, o meu domínio da língua ingle-
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