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i Tâmires Carregosa da Silva DIVERSIDADE DE LEGUMINOSAE JUSS. NA RESTINGA E NOS TABULEIROS DE PIRAMBU, SERGIPE, BRASIL CAMPINAS 2014

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Tâmires Carregosa da Silva

DIVERSIDADE DE LEGUMINOSAE JUSS. NA RESTINGA E NOS

TABULEIROS DE PIRAMBU, SERGIPE, BRASIL

CAMPINAS

2014

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RESUMO: A costa atlântica nordestina é formada por diversas formações vegetacionais, entre

elas estão as restingas, que se desenvolvem sobre planícies arenosas costeiras, e os tabuleiros

arenosos (Formação Barreiras), encontrados sobre baixos platôs nas adjacências das planícies

costeiras. Em Sergipe, a faixa costeira possui 163 km de extensão, onde ocorrem, continuamente,

as restingas e mais interiormente os tabuleiros, decorrentes de depósitos Terciários e constituídos

predominantemente por sedimentos areno-argilosos. Alguns autores acreditam que a flora das

restingas e da Formação Barreiras é formada por elementos presentes em seus ecossistemas

adjacentes, mas principalmente da Floresta Atlântica, contribuindo para sua inclusão no Domínio

Atlântico. Nem sempre os tabuleiros podem ser distinguidos das restingas, por apresentarem uma

ampla variação fitofisionômica, ocorrerem em solos arenosos e compartilharem um número

expressivo de espécies. A família Leguminosae figura em importância na constituição deste

número de espécies. O presente estudo teve por objetivo o levantamento e tratamento taxonômico

das espécies de Leguminosae das formações de restinga e tabuleiros de Pirambu, Sergipe.

Adicionalmente, são incluidos dados sobre as relações de similaridade florística entre essas

formações, novas ocorrências em Sergipe, períodos de floração, frutificação e síndrome de

dispersão das espécies inventariadas. Foram realizadas expedições para coleta de material

botânico entre julho de 2012 a setembro de 2013 e consultas às coleções do herbário ASE e UEC.

Foram amostrados 55 táxons, distribuídos em 30 gêneros e 13 tribos. A subfamília

Papilionoideae apresentou maior riqueza de gêneros e espécies (19 e 25, respectivamente). O

gênero com maior número de espécies foi Chamaecrista (9 spp.), seguido por Senna, Inga,

Mimosa e Stylosanthes (4 spp. cada). As áreas de tabuleiro apresentaram maior número de

espécies de Leguminosae (43 spp.), seguidas das dunas (22 spp.) e antedunas (6 spp.), que

representaram as restingas. Apenas quatro espécies ocorreram desde a região de antedunas até os

tabuleiros. Dezesseis espécies registradas nos tabuleiros de Pirambu têm distribuição restrita ao

território brasileiro, destas seis apresentam ocorrência restrita ao domínio Mata Atlântica.

Palavras-chaves: Fabaceae, florística, taxonomia vegetal, Mata Atlântica, flora de Sergipe.

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ABSTRACT: The Brazilian northeastern Atlantic coast is formed by plural vegetative

formations. Two of them are the “restinga”, that develops in coastal sandy soils, and the

“tabuleiro” (Barreiras Formation), found in low plateaus adjacent to coastal plains. In Sergipe,

along all the shoreline, which is 163km in length, occur the “restinga” areas and, more interiorly,

the “tabuleiro” areas, arising from Tertiary deposits and constituted predominantly of sandy clay

sediments. Some authors believe that the flora of “restinga” and ”tabuleiro” to be composed by

elements from its adjacent ecosystems, mainly the Atlantic Forest, contributing to their inclusion

in the Atlantic Domain. It is not always that the “tabuleiro” can be distinguished from “restinga”,

due to their shared species composition, wide physiognomic variation, and occurrence on sandy

soils. The family Leguminosae figures in importance of species diversity in both habitats. This

study aimed the inventory and taxonomic treatment of the species of Leguminosae in formations

of “restinga” and “tabuleiro” areas in Pirambu, Sergipe. Additionally, floristic similarity between

these formations, new records for the state, as well as flowering and fruiting phenology and

dispersal syndrome for all legume species are presented. Expeditions for plant collection were

conducted between July 2012 and September 2013 and consultation in herbaria ASE and UEC.

Leguminosae is represented by 55 taxa (species and infraspecific taxa), 30 genera and 13 tribes in

the coastal sandy formations of Pirambu. The Papilionoideae subfamily showed highest genus

and species richness (19 and 25 respectively). The genus with the highest number of species was

Chamaecrista (9 spp.), followed by Senna, Inga, Mimosa and Stylosanthes (4 spp. each). The

“tabuleiro” areas had highest number of species of Leguminosae (43 spp.), followed by dunes (22

spp.) and antedunes (6 spp.), representing the “restinga”. Only four species occurred from

antidunes until “tabuleiros”. Sixteen species recorded in the “tabuleiros” of Pirambu have

restricted distribution within the Brazilian territory, which six of them are only known for the

Atlantic Forest Domain.

Palavras-chaves: Fabaceae, floristics, plant taxonomy, Atlantic Forest, flora of Sergipe.

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................. vii

ABSTRACT .......................................................................................................................... viii

INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................................... 1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 4

Capítulo 1. Relações fitogeográficas das formações de restinga e tabuleiro costeiro do

Litoral Norte de Sergipe, Brasil: evidências a partir da distribuição e diversidade de

Leguminosae....... ...................................................................................................................... 7

Resumo ....................................................................................................................................... 8

Abstract ...................................................................................................................................... 9

1 Introdução .............................................................................................................................. 10

2. Material e Métodos ............................................................................................................... 12

2.1 Área de estudo. ................................................................................................................. 12

2.2 Tratamento dos dados florísticos ..................................................................................... 15

3. Resultados e discussão ........................................................................................................ 17

3.1 Levantamento florístico ................................................................................................... 17

3.2 Similaridade florística entre áreas de restinga da região Nordeste .................................. 22

3.3 Distribuição fitogeográfica ............................................................................................... 27

3.4 Novas ocorrências para Sergipe ...................................................................................... 30

4. Considerações finais ............................................................................................................. 30

5. Referências Bibliográficas ................................................................................................... 31

2. Capítulo 2. Tratamento florístico de Leguminosae Juss. na Restinga e nos Tabuleiros de

Pirambu, Sergipe, Brasil.. ...................................................................................................... 39

Resumo ..................................................................................................................................... 40

Abstract .................................................................................................................................... 41

1 Introdução .............................................................................................................................. 42

2. Material e Métodos ............................................................................................................... 44

2.1 Área de estudo. ................................................................................................................. 44

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2.2 Coleta e tratamento taxonômico ....................................................................................... 45

3. Resultados e discussão ........................................................................................................ 47

3.1 Leguminosae Juss. ........................................................................................................... 47

3.2 Caesalpinioideae ............................................................................................................. 48

3.2.1 Brodriguesia R.S. Cowan .......................................................................................... 49

I. Brodriguesia santosii R.S. Cowan ................................................................................ 49

3.2.2 Chamaecrista Moench ............................................................................................... 50

I. Chamaecrista cytisoides (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby ............................... 52

II. Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip ..................................................................... 54

III. Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S. Irwin & Barneby var. ensiformis .................. 55

IV. Chamaecrista flexuosa (L.) Greene var. flexuosa ...................................................... 56

V. Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S. Irwin & Barneby ............................................... 57

VI. Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S. Irwin & Barneby .............................................. 59

VII. Chamaecrista repens var. multijuga (Benth.) H.S. Irwin & Barneby ...................... 61

VIII. Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora (Benth.) H.S. Irwin & Barneby ......... 62

IX. Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S. Irwin & Barneby ......................................... 63

3.2.3 Hymanaea L. .............................................................................................................. 64

I. Hymenaea rubriflora var. glabra Y.T. Lee & Andrade-Lima ...................................... 64

3.2.4 Libidibia (DC.) Schltdl. ............................................................................................. 66

I. Libidibia ferrea (Mart.) L.P. Queiroz ........................................................................... 66

3.2.5 Senna Mill. ................................................................................................................. 67

I. Senna obtusifolia (L.) H.S. Irwin & Barneby ............................................................... 67

II. Senna occidentalis (L.) Link ........................................................................................ 68

III. Senna phlebadenia H.S. Irwin & Barneby ................................................................. 69

IV. Senna splendida (Vogel) H.S. Irwin & Barneby var. splendida ................................ 70

3.2.6 Tachigali Aubl. Hist .................................................................................................. 72

I. Tachigali densiflora (Benth.) L.F. Gomes da Silva & H.C. Lima ................................. 73

3.3 Mimosoideae .................................................................................................................... 74

3.3.1 Abarema Pittier ........................................................................................................... 75

I. Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W. Grimes ........................................... 75

II. Abarema filamentosa (Benth.) Pittier ........................................................................... 76

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3.3.2 Calliandra Benth. ....................................................................................................... 77

I. Calliandra parvifolia (Hook. & Arn.) Speg. ................................................................ 77

3.3.3 Inga Mill ..................................................................................................................... 78

I. Inga capitata Desv. ........................................................................................................ 79

II. Inga cayennensis Sagot ex Benth. ................................................................................ 80

III. Inga ciliata C. Presl ..................................................................................................... 81

IV. Inga laurina (Sw.) Willd. ........................................................................................... 82

3.3.4 Mimosa L. ................................................................................................................... 83

I. Mimosa caesalpiniifolia Benth. .................................................................................... 84

II. Mimosa pigra L. .......................................................................................................... 85

III. Mimosa pudica L. ....................................................................................................... 87

IV. Mimosa sensitiva L. ................................................................................................... 88

3.3.5 Stryphnodendron Mart. .............................................................................................. 89

I. Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr. ......................................................... 89

3.4 Papilionoideae ................................................................................................................. 91

3.4.1 Aeschynomene L. ....................................................................................................... 93

I. Aeschynomene viscidula Michx. .................................................................................... 94

3.4.2 Andira Lam. ............................................................................................................... 95

I. Andira fraxinifolia Benth. ............................................................................................. 95

3.4.3 Bowdichia Kunth .......................................................................................................... 96

I. Bowdichia virgilioides Kunth ....................................................................................... 97

3.4.4 Canavalia Adans. ......................................................................................................... 98

I. Canavalia rosea (Sw.) DC. ........................................................................................... 98

3.4.5 Centrosema (DC.) Benth. ............................................................................................. 99

I. Centrosema brasilianum (L.) Benth. var. brasilianum ................................................. 99

3.4.6 Crotalaria L. .............................................................................................................. 100

I. Crotalaria holosericea Nees & C. Mart. .................................................................... 101

II. Crotalaria retusa L. ................................................................................................... 102

III. Crotalaria stipularia Desv. ...................................................................................... 103

3.4.7 Desmodium Desv. J. ................................................................................................... 104

I. Desmodium barbatum (L.) Benth. .............................................................................. 105

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3.4.8 Dioclea Kunth ............................................................................................................ 106

I. Dioclea violacea Mart. ex Benth. ............................................................................... 107

II. Dioclea virgata (Rich.) Meded. ................................................................................. 107

3.4.9 Indigofera L. .............................................................................................................. 109

I. Indigofera microcarpa Desv. ...................................................................................... 109

3.4.10 Leptolobium Vogel ................................................................................................... 110

I. Leptolobium bijugum (Spreng.) Vogel. ....................................................................... 110

3.4.11 Lonchocarpus Kunth ................................................................................................ 112

I. Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC. ............................................................. 112

3.4.12 Periandra Mart. ex Benth. ....................................................................................... 113

I. Periandra mediterranea (Vell.) Taub. ........................................................................ 113

3.4.13 Rhynchosia Lour. ..................................................................................................... 115

I. Rhynchosia phaseoloides (Sw.) DC. ............................................................................ 115

3.4.14 Stylosanthes Sw. .................................................................................................. 116

I. Stylosanthes angustifolia Vogel ................................................................................... 116

II. Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw.. ........................................................................ 117

III. Stylosanthes scabra Vogel ....................................................................................... 118

IV. Stylosanthes viscosa (L.) Sw. ................................................................................... 119

3.4.15 Swartzia Schreb. ....................................................................................................... 121

I. Swartzia alagoensis R.B. Pinto, Torke & Mansano ................................................... 122

II. Swartzia apetala Raddi var. apetala .......................................................................... 123

3.4.16 Tephrosia Pers. ......................................................................................................... 124

I. Tephrosia purpurea (L.) Pers. ..................................................................................... 124

3.4.17 Vigna Savi ................................................................................................................ 125

I. Vigna peduncularis (Kunth) Fawc. & Rendle ............................................................ 125

3.4.18 Zollernia Wied-Neuw. & Nees ................................................................................ 126

I. Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel ............................................................................. 126

3.4.19 Zornia J.F. Gmel. ..................................................................................................... 127

I. Zornia latifolia Sm. ..................................................................................................... 127

3.5 Períodos de floração e frutificação. ............................................................................... 129

4. Referências Bibliográficas. ................................................................................................ 132

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Agradecimentos

Agradeço a Deus pelas oportunidades que me foram dadas na vida, principalmente por ter

conhecido pessoas e lugares interessantes, mas também por ter vivido fases difíceis (muitas por

sinal!), mas que foram matérias-primas de aprendizado.

À minha orientadora Profª Ana Tozzi pela oportunidade que me deu, por todo carinho

com que sempre me tratou, orientação, apoio e incentivo. Ao Edson Dias da Silva pela

importante co-orientação e contribuição no desenvolvimento deste trabalho. Ao Programa de Pós

Graduação em Biologia Vegetal. Aos professores e funcionários do Departamento de Biologia

Vegetal que participaram direta ou indiretamente da minha formação. Aos membros da pré-banca

(Prof. Dr. Domingos Cardoso, Profª Maria do Carmo E. do Amaral e a Drª Roseli Torres) e banca

pelas importantes sugestões. Ao Prof. Dr. Leonardo Meireles pela importante ajuda nas análises

de similaridade.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP – pela bolsa de

Mestrado concedida (processo 2012/03293-6) durante o desenvolvimento deste trabalho.

A CAPES pelos dois meses iniciais de bolsa.

Ao Projeto Flora de Sergipe, pelas passagens aéreas que possibilitaram minha vinda para

a realização das coletas.

À Profª Drª Ana Paula Prata, curadora do Herbário ASE, pela disponibilidade de consulta

ao acervo e pela disponibilidade de transporte para as coletas botânicas. Aos técnicos, Marta e

Eládio.

Não posso deixar de agradecer aos meus pais Marinalva e Pedro, sem os quais não estaria

aqui, e por terem me fornecido condições para me tornar a profissional e ser humano que sou.

Ao meu noivo Adriano Santos pela incondicional compreensão, paciência, pelo

companheirismo e pelo fato de ter aprendido a conviver com as minhas tamanhas diferenças. Sem

você eu não teria conseguido.

Aos meus amigos Audênis, Alisson, Fernando, Anny, Welligton, Inaê e João Elias que

apesar dos diferentes caminhos seguidos, participaram do meu desenvolvimento e continuam

nutrindo o nosso laço de amizade. Aos que me acompanharam durante a graduação na UFS e que

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compartilharam momentos especiais no Herbário ASE (Rafaela, Camilla, Amanda, Luiz Aquino,

Itallo, Daniel, Rainan, Andreia, Aninha, Zé Júnior, Gilda, Daniele, Christopher, Bárbara, Jéssica,

Larissa, Gilmara e Antunes). As minhas “xuxuzinhas” de Simão Dias, Amanda, Crys, Fernanda,

Itamara, Lana, Lázia, Janaina e Gabi, pelos bons momentos que me ajudaram a seguir em frente

com alegria e determinação. Aos amigos que conheci em Campinas e que tornaram minha

temporada, nesta cidade, mais alegre (Tiago “Padre”, Gabi, Shimizu, Luciana, Marcelinho,

Marcela, Pavarotti, João, Milena, Deise, Nazareth, Talita, Carol e Zildamara). Aos amigos com

quem morei na república fica o meu muito obrigada por me receberem de braços abertos e

continuarem me recebendo sempre que preciso (Décio, Nállarett, Fernanda, Anna, Gustavo). Em

especial a Suzana, que me recebeu com carinho, dividiu comigo a saudade de Sergipe, pelos seus

conselhos, estímulos e contribuições nos meus trabalhos, incluindo a impressão da versão final.

Finalmente a todos os outros, não citados, mas presentes em meu coração, que direta ou

indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho. Obrigada!!!!!

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.

FINANCIAMENTO

CAPES – dois meses de bolsa de estudos (nível de

mestrado) pelo Programa de Pós-Graduação em

Biologia Vegetal, IB/UNICAMP.

FAPESP: bolsa de estudos (nível de mestrado) e

reserva técnica (processo 2012/03293-6).

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Introdução Geral

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2

A Mata Atlântica figura entre os biomas com mais expressivos índices de biodiversidade

e endemismo do mundo (Giulietti & Forero 1990), contando com 2,7% das espécies de plantas

endêmicas do planeta (Myers et al. 2000). Entretanto, essa biodiversidade encontra-se bastante

ameaçada em virtude do acelerado processo de degradação da cobertura natural (92,5%) desse

ecossistema, o que a tornou uma área prioritária para conservação e contribuiu no seu

reconhecimento entre os hotspots mundiais de biodiversidade (Myers et al. 2000). Esse domínio

compreende a costa leste do Brasil, mas avança para o interior do país em extensões variadas

(Falkenberg 1999), do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.

A região litorânea brasileira foi originada durante o processo de separação das placas

continentais da América e África, iniciado no Pré-Cambriano (Salgado-Labouriau 1994) e, assim

como outras zonas costeiras, está submetida à dinâmica que inclui processos deposicionais e

erosivos, decorrentes da ação das ondas, ventos, correntes litorâneas, marés e ressacas (Villwock

et al. 2005). Outro fator decisivo para formação dessas áreas é a variação do nível do mar, que

resulta no deslocamento da linha da costa e como resultante tem-se a expansão ou retração da

flora e da fauna nesse ambiente (Salgado-Labouriau 1994).

A costa atlântica nordestina é constituida por diversas formações vegetacionais, entre

elas estão as restingas que se desenvolvem sobre planícies arenosas costeiras, e os tabuleiros

arenosos (Formação Barreiras), encontrados em manchas de solos arenosos, sobre baixos platôs

nas adjacências das planícies costeiras (Freire 1990, Rizzini 1997, Scarano 2002). Alguns autores

(Rizzini 1997, Fernandes 1998) acreditam que a flora das restingas e da Formação Barreiras

compreende um complexo florístico marcado por elementos de outros tipos vegetacionais, como

da caatinga e do cerrado, mas principalmente da Floresta Atlântica, o que contribuiu para que eles

a considerem subconjuntos do Domínio Atlântico.

Por serem caracterizadas pelas diversas fisionomias vegetacionais e distintos depósitos

arenosos, as formações de restinga têm recebido um tratamento bastante heterogêneo nas últimas

décadas, dificultando a elaboração de um conceito de restinga válido para todo o Brasil

(Falkenberg 1999). Aqui, o termo restinga é utilizado no sentido botânico, para designar um

complexo vegetacional com forte influência marinha, que se desenvolve em sedimentos arenosos

quaternários, resultantes de variações no nível do mar ocorridas no Holoceno, além de indicar a

vegetação lenhosa das áreas mais internas e planas do litoral (Rizzini 1997). Tal conceito pode

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compreender as comunidades vegetais encontradas nos sedimentos da beira da praia, pontões

arenosos e dunas, englobando desde as vegetações pioneiras até as florestais (Rizzini 1979,

Araujo 1992). Classificada como um ambiente de sedimentos recentes, a restinga é considerada

uma extensão da floresta Atlântica e de ecossistemas adjacentes (Cerrado e Caatinga) (Suguio e

Tessler 1984, Rizzini 1997, Scarano 2002). O baixo número de espécies endêmicas da restinga

estaria relacionado ao fato desse ambiente ser geologicamente recente, e sendo assim o tempo

para essas espécies desenvolverem mecanismos de especiação foi insuficiente (Scarano 2002).

Alguns dos fatores que podem atuar na fitofisionomia da restinga são o clima, proximidade do

mar, topografia, profundidade do lençol freático, condições do solo e variações do nível mar

(Assumpção & Nascimento 2000).

O tabuleiro costeiro é uma faixa litorânea constituída por depósitos terciários

(pliocênico) que se elevam entre 20-200 m do nível do mar, de forma plana ou parcialmente

ondulada, englobando espécies do cerrado e espécies litorâneas (Rizzini 1997). O processo de

desmatamento durante o período de colonização e em períodos mais recentes (1960-1980), com a

expansão da agricultura e industrialização, acarretou em uma intensa fragmentação das matas de

tabuleiros, restando, com isso, somente alguns remanescentes (Giulietti & Forero 1990) que se

distribuem da região costeira do Nordeste até o Rio de Janeiro (Silva & Nascimento 2011). Nem

sempre os tabuleiros são distinguidos das restingas, uma vez que ambos apresentam ampla

variação fitofisionômica e ocorrem em solos arenosos, com compartilhamento de um número

expressivo de espécies, formando geralmente um "contínuo vegetacional" (Oliveira-Filho 1993),

e podendo, ocasionalmente, a restinga revestir sedimentos do Grupo Barreiras (Trindade 1998).

No Brasil ocorrem 212 gêneros e 2735 espécies de Leguminosae (Lima et al. 2014),

aparecendo entre as famílias mais ricas em número de representantes na maioria dos ecossistemas

brasileiros. Em Sergipe são registradas, até o momento, apenas 125 espécies de Leguminosae

(Lima et al. 2014), ao qual ainda devem ser acrescidos os resultados de levantamentos (Mendes

et al. 2010, Machado et al. 2012, Nascimento-Júnior 2012 (dados não publicados), Silva et al.

2013) realizados no estado, nos últimos anos, e que contribuíram para o projeto “Flora de

Sergipe”.

Levando em consideração a premissa de que as restingas e as Formações Barreiras

apresentam composição florística originada de seus ecossistemas adjacentes (Mata Atlântica,

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4

Caatinga, Cerrado) e da notável escassez de estudos botânicos que tratem de Leguminosae em

Sergipe, este trabalho buscou responder as seguintes questões: 1) Qual a composição de

Leguminosae da restinga e dos tabuleiros costeiros de Pirambu? 2) Há diferença na composição

de Leguminosae entre a restinga e os tabuleiros costeiros de Pirambu? 3) Qual a fitogeografia das

espécies registradas na área? 3) Há ocorrência de espécies endêmicas ou novas ocorrências no

estado? Para responder essas questões o estudo está organizado em dois capítulos: Capítulo 1.

Relações fitogeográficas das formações de restinga e tabuleiro costeiro do Litoral Norte de

Sergipe, Brasil: evidências a partir da distribuição e diversidade de Leguminosae. Capítulo 2.

Tratamento florístico de Leguminosae Juss. na Restinga e nos Tabuleiros de Pirambu, Sergipe,

Brasil.

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Relações fitogeográficas das formações de

restinga e tabuleiro costeiro do Litoral

Norte de Sergipe, Brasil: evidências a partir

da distribuição e diversidade de

Leguminosae

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RESUMO: Em Sergipe, a faixa costeira possui 163 km de extensão, onde ocorrem

continuamente as restingas em uma faixa de largura variável. Apesar do histórico processo de

degradação desse ecossistema, em Sergipe existem alguns remanescentes de Restinga bem

preservados, entre eles, no município de Pirambu, litoral norte do estado. A região costeira do

estado é ainda caracterizada pela presença de tabuleiros costeiros (Grupo Barreiras), decorrentes

de depósitos Terciários e constituídos predominantemente por sedimentos areno-argilosos. Este

capítulo tem como objetivo contribuir para o conhecimento da Flora de Sergipe, dando ênfase na

zona costeira de Pirambu, através do inventário das espécies de Leguminosae, uma das famílias

mais diversas de angiospermas com ca. 19.500 espécies e 751 gêneros, e que constitue um

elemento fundamental em distintas formações vegetais. São fornecidas informações referentes à

distribuição fitogeográfica das espécies, dados sobre as relações de similaridade entre as

formações em estudo e entre demais áreas de restingas do Nordeste, além de novas ocorrências

no estado. Foram amostradas 55 espécies, distribuídas em 30 gêneros e 13 tribos. Constatou-se o

predomínio do hábito subarbustivo (51% das espécies), seguido do hábito arbóreo (27%

das espécies). A região de tabuleiros foi a que apresentou o maior número de espécies de

Leguminosae (43 spp.) das quais 31 (72%) são exclusivas. A análise de agrupamento (UPGMA)

com base nas espécies de Leguminosae encontradas em 12 áreas de restinga do Nordeste mostrou

a formação de pelo menos três grupos distintos. Em geral as espécies apresentam-se bem

distribuídas nas diversas formações vegetacionais do Brasil, podendo ocorrer em quatro ou mais

domínios fitogeográficos. Nos tabuleiros 16 espécies (37,2 %) têm distribuição restrita ao

território brasileiro e seis apresentam ocorrência restrita ao domínio Mata Atlântica. Oito novas

ocorrências foram confirmadas em Sergipe, evidenciando a importância da área estudada.

Palavras-chaves: Fabaceae, florística, análise de similaridade, novas ocorrências, flora de

Sergipe.

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ABSTRACT: Sergipe coastal zone has 163 km of extension, at this place “restinga” occurring

continually ” in a strip of variable width. Despite the historical process of degradation of this

ecosystem, in Sergipe there are some preserved fragments of “Restinga”, especially in the

municipality of Pirambu, north coast of the state. The coast region of the state is also

characterized by the presence of “tabuleiros” (Barreiras Formation), resultant from Tertiary

deposits and constituted predominantly of sandy-clay sediments. With approximately 19,500

species distributed in 751 genera, the species of Leguminosae (Fabaceae) are a fundamental

element in different vegetation types. This chapter aimed to contribute to the knowledge of the

Flora of Sergipe, with emphasis on the coastal zone of Pirambu through the inventory of species

of Leguminosae. We provide information of the phytogeographic distribution of species, data on

the similarity between the formations under study, among other areas of “restinga” of the

Northeast region, new records of occurrence for Sergipe and periods of flowering, fruiting and

dispersal syndrome of species. We sampled 55 species belonging to 30 genera and 13 tribes. It

was observed the prevalence of sub-shrubby habit (51% of species), followed by arboreal (27%

of species). The region of "tabuleiros" of the study area showed the largest number of species of

Leguminosae (43 spp.) of which 31 (72%) are exclusive of this formation. Cluster analysis

(UPGMA) including species of Leguminosae found in 12 areas of “restinga” from Northeast

region showed the formation of three distinct groups. In general, the species are well distributed

in different vegetation formations of Brazil, occurring in four or more phytogeographical areas.

In the “tabuleiros” 16 species (37,2 %) have restricted distribution to Brazilian territory and six

showed restricted occurrence to the Atlantic Domain. Eight new occurrences were confirmed to

Sergipe, showing the importance the studied area

Keywords: Fabaceae, floristics, similarity analysis, new occurrences, flora of Sergipe

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1. Introdução

Em Sergipe, a faixa costeira possui 163 km de extensão, onde ocorrem, continuamente, as

restingas, em uma faixa de largura variável (Oliveira 2008). As restingas do estado são formadas

por associações vegetais distintas, que tornam a região altamente heterogênea, com crescente

riqueza de espécies à medida que aumenta a distância em relação ao mar. As praias são

constituídas de areia fina a muito fina, não havendo falésias adjacentes ao mar ou costões

rochosos. As formações vegetacionais encontradas vão de restinga sobre dunas, de até caerca de

30 m de altura, a campos herbáceos, abertos ou fechados, fruticetos inundáveis a não inundáveis

e florestas com árvores de pequeno a médio porte.

Essa área, assim como as demais restingas brasileiras, vem passando por um acelerado

processo de transformação, causado por práticas de turismo desordenadas, especulação

imobiliária e exploração ilegal dos recursos naturais, comprometendo a integridade do seu

ecossistema. Entretanto, em Sergipe existem alguns remanescentes de Restinga bem preservados,

entre eles, no município de Pirambu, litoral norte do estado, onde se localiza a Reserva Biológica

(Rebio) Santa Isabel, um dos maiores sítios reprodutivos da tartaruga oliva (Lepidochelys

olivacea) e uma importante área de desova de outras espécies de tartaruga Mendonça & Bomfim

(2013).

A região costeira de Sergipe é ainda caracterizada pela presença de tabuleiros costeiros

(Grupo Barreiras), decorrentes de depósitos Terciários e constituídos predominantemente por

sedimentos areno-argilosos, mas com ausência de uniformidade desses sedimentos, que ora se

apresentam mais argilosos, ora mais arenosos (Leite 1973). Na região do litoral norte do estado,

esses tabuleiros são ocupados por formações florestais e por cerrados (Leite 1973), entretanto

quando as formações de cerrados estão localizadas em solos silicosos e próximos ao litoral, são

mais semelhantes fisionomicamente às restingas (Leite 1976).

As espécies de Leguminosae Juss. constituem um elemento fundamental em distintas

formações vegetais, ocorrendo desde os ápices de serras até o litoral arenoso, de florestas úmidas

até desertos (Lewis 1987). Com aproximadamente 19.500 espécies distribuídas em 751 gêneros,

representa a terceira maior família dentre as angiospermas (LPWG 2013). Considerada um grupo

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monofilético, tem sido tradicionalmente subdividida em três subfamílias, Mimosoideae,

Papilionoideae (Faboideae) e Caesalpinioideae, das quais apenas esta última é considerada

parafilética (Wojciechowski 2003, Lewis et al. 2005). No Brasil ocorrem 212 gêneros e 2735

espécies (Lima et al. 2014), aparecendo entre as famílias mais ricas em número de representantes

na maioria dos ecossistemas brasileiros. Em Sergipe são registradas, até o momento, apenas 125

espécies de Leguminosae (Lima et al. 2014), com o crescente número de trabalhos florísticos e

taxonômicos que vem sendo realizados no estado, através do projeto “Flora de Sergipe”,

acredita-se que este número esteja subestimado, uma vez que ainda inexistem trabalhos que

tratem exclusivamente desta família.

Em um levantamento florístico realizado por Pergentino (2007) nas restingas do estado de

Sergipe foi registrada a ocorrência de 593 espécies, distribuídas em 95 famílias, onde as

Leguminosae aparecem entre as mais representativas, com 31 espécies. Além deste trabalho,

Nascimento-Júnior (2012) realizou o levantamento da flora de um trecho do litoral norte de

Sergipe, registrando a presença de 271 espécies de plantas, distribuídas em 198 gêneros e 82

famílias, sendo Leguminosae a mais representativa, com 30 espécies. Em um inventário da

vegetação dos tabuleiros arenosos de Pirambu, realizado por Fonseca (1979), foram registradas

125 espécies distribuídas em 59 famílias, das quais a mais representativa foi Leguminosae, com

19 espécies. Adicionalmente, os poucos estudos que se referem à diversidade florística dos

ecossistemas costeiros de Sergipe foram resultantes de coletas esporádicas, com divulgação ainda

restrita (pois ainda não foram publicados em revistas científicas), ou de relatórios de consultorias

ambientais.

Este capítulo teve por objetivo contribuir para o conhecimento da Flora de Sergipe,

dando ênfase na zona costeira de Pirambu, através do inventário das espécies de Leguminosae,

considerando que a representatividade desta família sinalize a possibilidade de ser indicativa das

formações de restinga e tabuleiros costeiros, que caracterizam o município. Além disso,

objetivou-se também disponibilizar informações referentes à distribuição fitogeográfica das

espécies, levando em consideração que as restingas e as Formações Barreiras apresentam uma

flora originada de outros ecossistemas, como da Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, mas,

sobretudo, deste último. São fornecidos também dados sobre as relações de similaridade entre as

formações em estudo e entre diferentes áreas de restingas, situadas ao longo da costa do

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Nordeste. Alguns dos estudos que abordam a riqueza de Leguminosae têm se mostrado eficazes

ao se combinar análise de similaridade com padrões de distribuição geográfica da família, tanto

no Domínio Atlântico (Nunes et al. 2007; Martins 2009; Silva 2010) como na Caatinga (Cardoso

& Queiroz 2007; Córdula et al. 2008). Além disso, foram reconhecidas novas ocorrências no

estado.

2. Material e Métodos

2.1 Área de estudo

O município de Pirambu está localizado num trecho do litoral norte do estado de Sergipe,

limitando-se ao sul com Barra dos Coqueiros, ao oeste com Santo Amaro das Brotas, Carmópolis

e Japaratuba, ao norte com Pacatuba e Japaratuba e ao leste com o Oceano Atlântico. Em

Pirambu encontram-se desde formações de Restinga (planície costeira – 10º38’4” e 36º43’35”)

até Tabuleiros Costeiros (Grupo Barreiras- 10º38’22” e 36º49’32”), ambas sendo consideradas

subconjuntos do Domínio Floresta Atlântica (Rizzini 1997, Fernandes 1998) (Figura 1). O

município possui clima do tipo megatérmico úmido e sub-úmido, com temperatura média anual

de 26ºC, e período chuvoso entre os meses de março a agosto (Bomfim et al. 2002).

Geologicamente, Pirambu ocupa unidades relacionadas às Formações Superficiais Continentais

cenozóicas, representadas por depósitos flúvio-lagunares, depósitos eólicos litorâneos e

continentais e terraços marinhos recentes, além de areias finas e grossas com níveis argilosos e

conglomeráticos do Grupo Barreiras (Bomfim et al. 2002).

Para facilitar o entendimento, utilizamos a divisão do litoral em zonas e a classificação

fitofisionômica, propostas por Rizzini (1997) e Silva & Britez (2005), respectivamente. No trecho

compreendido pela formação de Restinga está incluída a Reserva Biológica (Rebio) Santa Isabel,

criada através do Decreto nº 96.999, de outubro de 1988 onde podemos encontrar formações

pioneiras com influência marinha, denominadas antedunas e dunas. Neste caso, a praia é sucedida

pela disposição de feições dunares, denominadas de antedunas. Estas ficam próximas ao mar,

possuem primeiramente natureza móvel, onde há o acúmulo de sedimentos recentes, recobertos

parcialmente por vegetação de campo aberto, não inundável, constituída de poucas espécies,

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geralmente rizomatosas ou estoloníferas e com folhas carnosas. Em seguida, encontram-se as

linhas de acúmulo pré-dunares, formadas pela colonização de uma vegetação de maior porte,

conhecida como campo fechado não inundável, que permite a fixação das areias (Oliveira 2008).

Em alguns casos, quando há acúmulo de água decorrente da estação chuvosa, as antedunas são

formadas por campos fechados inundáveis. Posteriormente, aparecem as dunas fixas, com

aproximadamente 25 m de altura (Santana 2008), caracterizadas por uma vegetação herbácea,

quando presente, sobretudo nas bordas, e outra arbórea-arbustiva, que consegue se estabelecer e

formar fruticetos fechados. Em algumas áreas, nas adjacências das dunas, aparece o fruticeto

aberto não inundável, com frequente presença de plantas mais ruderais, além de coqueiros (Cocos

nucifera L - Arecaceae), o que indica intervenção antrópica no local.

Em direção ao interior, são verificadas áreas de Tabuleiros Costeiros, representadas pelo

Grupo Barreiras, que podem ocupar patamares altimétricos de 50-75 m, caracterizadas por uma

vegetação arbustiva-arbórea de fruticeto fechado não inundável, que as protege da ação erosiva

das chuvas (Santana 2008). A maior parte das áreas de tabuleiros com superfícies planas foi

ocupada por coqueirais (Oliveira 2008).

Figura 1: Localização da área de estudo. A. O estado de Sergipe no NE do Brasil; B. Divisão política do litoral

de Sergipe. C. Município de Pirambu, com sua divisão geomorfológica. Pc: Planície Costeira (Restinga); Tb:

Tabuleiro Costeiro. (Fonte: Santana 2008 - Adaptado).

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Figura 2: Formações vegetacionais encontradas em Pirambu, Sergipe: a.b. Restinga (antedunas e dunas). c. d.

Tabuleiros Costeiros.

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2.2 Tratamento dos dados florísticos

A amostragem da flora de Leguminosae foi realizada no período de julho de 2012 a

setembro de 2013, através de caminhadas assistemáticas, em sete fragmentos no município de

Pirambu, sendo três localizados em planície costeira (Restinga) e caracterizados pela presença de

antedunas e dunas, e quatro em ambiente de tabuleiro costeiro (Figura 1).

Em campo foram coletados indivíduos herbáceos, arbustivos, arbóreos e lianas e anotados

os dados referentes à localização do espécime, hábito, altura aproximada e demais características

vegetativas e reprodutivas. Cada local de coleta foi referenciado utilizando um GPS (Global

Positioning System). Os espécimes coletados foram herborizados conforme os métodos usuais

descritos em et al. (1989) e depositados nos herbários ASE (Universidade Federal de Sergipe) e

UEC (Universidade Estadual de Campinas). As identificações foram feitas através de bibliografia

especializada e/ou por comparação com material do acervo de Legumimosae dos herbários

citados e confirmadas, quando necessário, através de especialistas ou do banco de imagens de

exsicatas, disponíveis em “sites” dos herbários virtuais Reflora1, Royal Botanic Gardens, Kew

2 e

Tropicos3.

A circunscrição da família e gêneros seguiu o trabalho de Lewis et al. (2005) e Rodrigues

& Tozzi (2012), para o gênero Leptolobium Vogel. Os nomes dos autores das espécies foram

consultados através do endereço eletrônico da Flora do Brasil¹, além da base de dados Tropicos³.

Para verificar se a composição das espécies de Leguminosae em diferentes áreas de

restingas situadas ao longo da costa do Nordeste estão relacionadas entre si, foram utilizados 167

táxons em nível específico, de 12 levantamentos florísticos (Tabela 1) ocorrentes em substrato

arenoso de origem sedimentar Quaternária, em sete estados (Figura 4). Os dados foram

combinados utilizando métricas multivariadas de agrupamento e ordenação. Para o cálculo do

compartilhamento de espécies, entre os levantamentos, foi empregado o índice de Jaccard, com o

qual utilizamos os métodos de Ligação Completa e UPGMA para gerar um dendrograma no

1 http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/PrincipalUC/PrincipalUC.do

2 http://apps.kew.org/herbcat/gotoHomePage.do

3 http://www.tropicos.org/

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programa Fitopac 2.1 (Shepherd 2006). O coeficiente do índice baseia-se apenas no conceito de

presença e ausência de espécies, não envolvendo a quantidade de indivíduos em cada uma das

áreas. Para a ordenação dos levantamentos a partir da distribuição das espécies, utilizamos o

escalonamento multidimensional não-métrico (NMDS) com o índice de Jaccard como índice de

similaridade através do software PAST (Hammer 2012).

Tabela 1: Estudos selecionados para análise de similaridade, das espécies de Leguminosae, nas restingas da região

Nordeste do Brasil.

Município Sigla Latitude Longitude

Espécies Autores

Pirambu – Se Pir_Res_SE 10º38' 36º43' 24 Trabalho em questão

Pecém – CE Pec_Res_CE 03º 31' 38º 48' 42 Castro et al. 2012

Santo Amaro das Brotas – SE SAB_Res_SE 10° 47' 36° 55' 30 Nascimento-Júnior 2012

Mataraca – PB Mat-Res_PB 06º 28' 34º 55' 27

Oliveira Filho & Carvalho

1993

Camaçari – BA Cam_Res_BA 12º 44' 38º 09' 46 Queiroz et al. 2012

Cabo de Santo Agostinho – PE CSA_Res_PE 08º 07' 35º 00' 14 Sacramento et al. 2007

Sirinhaém – PE Sir_Res_PE 08º 35' 35º 06' 10 Cantarelli et al. 2012

Ipojuca – PE Ipo_Res_PE 08°31' 35°01' 19 Almeida-Júnior et al. 2008

Tamandaré – PE Tam_Res_PE 08º 47' 35º06' 11 Silva et al. 2008

APA do Delta do Parnaíba – PI DeP_Res_PI 02°50'/02°55’ 41°47'/41°30' 43 Santos-Filho 2009

Natal – RN Nat_Res_RN 05º 48' 35º 09' 43 Freire 1990

Salvador – BA Sal_Res_BA 12º56' 38º21' 49 Britto et al. 1993

Figura 3: Mapa de localização

das áreas onde foram

desenvolvidos os trabalhos

utilizados para análise de

similaridade, das espécies de

Leguminosae, nas restingas da

região Nordeste do Brasil.

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Os dados de distribuição fitogeográfica foram baseados em Lima et al. (2014),

disponíveis no endereço eletrônico da Flora do Brasil, e complementados com informações

obtidas em revisões taxonômicas (Mohlenbrock 1961, Silva & Tozzi 2012, Rodrigues &

A.M.G.A 2012, Scalon 2007, Perez 2009, Pennington 2003, Mansano et al. 2004, Costa 2006,

Barbosa-Fevereiro 1977) e demais trabalhos taxonômicos (Cardoso 2008, Mansano & Lima

2007, Flores & Miotto 2005, Iganci & Morim 2009, Lewis 1987). Para classificação de novos

registros para Sergipe, foram consultados trabalhos realizados no estado, além da Lista de

Leguminosae da Flora do Brasil. Essa mesma lista foi utilizada para consulta de espécies

endêmicas.

3. Resultados e Discussão

3.1 Levantamento Florístico

Foram registradas na área de estudo 55 espécies de Leguminosae pertencentes a 30 gêneros

e 13 tribos (Tabela 2). O gênero com maior riqueza de espécies foi Chamaecrista Moench com

nove espécies, seguido por Senna Mill., Inga Mill, Mimosa L. e Stylosanthes Sw., com quatro

espécies cada, Crotalaria (DC.) Benth. com três, Abarema Pittier, Swartzia Schreb. e Dioclea

Kunth com duas espécies cada (Tabela 2). Vinte e um gêneros foram representados por uma

única espécie, correspondendo a 70% do total de gêneros e 38% das espécies registradas na área

de estudo. Verificou-se o predomínio do hábito subarbustivo, estando presente em 28 espécies

(51%) distribuídas em 15 gêneros, seguido do hábito arbóreo, registrado em 15 espécies (27%) e

12 gêneros.

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Tabela 2: Número de táxons de Leguminosae ocorrentes nas restingas e nos tabuleiros costeiros de Pirambu, com

suas respectivas zonas de ocorrência e seus hábitos.

Táxons (táxons exclusivos) Hábitos (exclusivos)

Zonas vegetacionais Espécies Gêneros Tribos Subarbustos Arbustos Árvores Lianas

Ca

esa

lpin

ioid

eae

Antedunas 3 (0) 1 (0) 1 (0) 3 (0) 0 0 0

Dunas 5 (1) 2 (0) 1(0) 5 (1) 0 0 0

Tabuleiros 16 (12) 6 (4) 3 (0) 8 (4) 5 (5) 3(3) 0

Total 17 6 3 9 5 3 0

Mim

oso

idea

e Antedunas 0 0 0 0 0 0 0

Dunas 7 (3) 4 (0) 2 (0) 1 (0) 2 (2) 4 (1) 0

Tabuleiros 9 (5) 5 (1) 2 (0) 2 (1) 3 (3) 4 (1) 0

Total 12 5 2 2 5 5 0

Pap

ilio

noid

eae Antedunas 3 (2) 3 (2) 3 (1) 3 (2) 0 0

Dunas 10 (6) 10 (4) 4 (0) 8 (3) 0 1 (1) 2 (1)

Tabuleiros 18 (7) 13 (6) 7 (3) 11 (7) 4 (4) 6 (6) 1 (0)

Total 26 19 8 17 4 7 2

Leg

um

inosa

e Antedunas 6 (2) 4 (2) 4 (1) 6 (2)

0 0 0

Dunas 22 (10) 16 (4) 7 (0) 14 (4)

2 (2) 5 (2) 2 (1)

Tabuleiros 43 (31) 24 (11) 12 (3) 21 (12) 12 (12) 10 (7) 1 (0)

Total 55 30 13 28 14 15 2

A cobertura vegetal da anteduna é basicamente constituída por plantas herbáceas e

subarbustivas, com espécies mais resistentes às altas temperaturas, ao estresse salino e à

constante exposição ao vento. Nas primeiras feições dunares da área de estudo, a poucos metros

após a linha da maré, percebe-se que a vegetação é ausente ou constituída de algumas poucas

espécies geralmente dotadas de estolões, rizomas e de rápido desenvolvimento, que forma o

campo aberto não inundável. Até o momento, foi possível encontrar apenas Canavalia rosea

nesse tipo de vegetação; o mesmo já foi relatado em outros trabalhos realizados em áreas de

antedunas (Queiroz et al. 2012, Castro et al. 2012, Nascimento-Júnior 2012, Oliveira Filho &

Carvalho 1993, Silva & Oliveira 1989). À medida que aumenta a distância em relação à costa

oceânica, no campo fechado não inundável, a cobertura vegetal torna-se contínua, com crescente

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riqueza de espécies, sendo bastante comum a presença de Chamaecrista ramosa, Chamaecrista

hispidula, Chamaecrista flexuosa, Stylosanthes viscosa e Indigofera microcarpa. Considerando o

conjunto de espécies amostradas, seis espécies ocorreram em antedunas, sendo duas exclusivas.

A distribuição de quatro espécies estendeu-se até as dunas e tabuleiros costeiros (Tabela 3).

Tabela 3: Lista das espécies de Leguminosae nas restingas e tabuleiros costeiros de Pirambu, Sergipe. Hábitos: Er:

Erva, Sb: Subarbusto, Ab: Arbusto, Ar: Árvore, Li: Liana. Zonas vegetacionais: AD: Antedunas, DN: Dunas, TB:

Tabuleiros Costeiros.

Tribo Espécie Hábito AD DN TB

Subfamília Caesalpinoideae

Caesalpinieae

Libidibia ferrea (Mart.) L.P. Queiroz Ar ×

Tachigali densiflora (Benth.) L.F. Gomes da Silva &

H.C. Lima Ar ×

Cassieae

Chamaecrista cytisoides (DC. ex Collad.) H.S.Irwin

& Barneby Ab

×

Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip Sb

×

Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S. Irwin &

Barneby Ar

×

Chamaecrista flexuosa (L.) Greene Sb × × ×

Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S.Irwin & Barneby Sb × × ×

Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby Sb × × ×

Chamaecrista repens var. multijuga (Benth.) H.S.

Irwin & Barneby Sb

×

Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora (Benth.)

H.S. Irwin & Barneby Sb

×

Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S. Irwin &

Barneb Sb

×

Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin & Barneby Sb × ×

Senna occidentalis (L.) Link Sb ×

Senna phlebadenia H.S. Irwin & Barneby Ab ×

Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby Ab ×

Detarieae Brodriguesia santosii R.S.Cowan Ab ×

Hymenaea rubriflora var. glabra Y.T. Lee &

Andrade-Lima Ab ×

Subfamília Mimosoideae

Ingeae

Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W.

Grimes Ar × ×

Abarema filamentosa (Benth.) Pittier Ar ×

Calliandra parvifolia (Hook. & Arn.) Speg. Ab ×

Inga capitata Desv. Ar × ×

Inga cayennensis Sagot ex Benth. Ab ×

Inga ciliata C.Presl Ab ×

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20

Tribo Espécie Hábito AD DN TB

Inga laurina (Sw.) Willd. Ar ×

Mimoseae

Mimosa caesalpiniifolia Benth. Ab ×

Mimosa pigra L. Ab ×

Mimosa pudica L. Sb × ×

Mimosa sensitiva L. Sb ×

Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr. Ar × ×

Crotalarieae

Crotalaria holosericea Nees & C. Mart., Sb ×

Crotalaria retusa L. Sb ×

Crotalaria stipularia Desv. Sb ×

Dalbergieae

Andira fraxinifolia Benth. Ar ×

Aeschynomene viscidula Michx. Sb × × ×

Stylosanthes angustifolia Vogel Sb ×

Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. Sb ×

Stylosanthes scabra Vogel Sb ×

Stylosanthes viscosa (L.) Sw. Sb × ×

Zornia latifolia Sm. Sb ×

Indigofereae Indigofera microcarpa Desv. Sb ×

Phaseoleae

Canavalia rosea (Sw.) DC. Sb ×

Centrosema brasilianum (L.) Benth. Sb × ×

Dioclea violacea Mart. ex Benth. Li ×

Dioclea virgata (Rich.) Amshoff Li ×

Periandra mediterranea (Vell.) Taub. Sb/Ab ×

Rhynchosia phaseoloides (Sw.) DC. Sb ×

Vigna peduncularis (Kunth) Fawc. & Rendle Sb ×

Swartzieae

Swartzia alagoensis R.B. Pinto, Torke & Mansano Ab/Ar ×

Swartzia apetala Raddi Ab/Ar ×

Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel Ar ×

Sophoreae

Bowdichia virgilioides Kunth Ar ×

Leptolobium bijugum (Spreng.) Vogel Ab/Ar ×

Millettieae Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC. Ar ×

Desmodieae

Desmodium barbatum (L.) Benth. & Oerst. Sb × ×

Tephrosia purpurea B.L. Rob. Sb ×

Na região compreendida por dunas ou em suas adjacências, além das quatro espécies

citadas, ocorrentes nas antedunas, foi possível encontrar uma formação vegetacional mais

arbóreo-arbustiva, onde foram encontradas as espécies Abarema cochliacarpos ,

Stryphnodendron pulcherrimum, Inga capitata, Inga ciliata, Inga laurina, Andira fraxinifolia e

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Dioclea virgata (liana), sendo as quatro últimas, exclusivas. Alguns trechos próximos às dunas

exibem a presença da intervenção antrópica, favorecendo o aparecimento de plantas pioneiras

ou ruderais, como Senna obtusifolia, Mimosa pudica, Crotalaria retusa e Desmodium barbatum.

A região de tabuleiros costeiros que ocorrem na área de estudo foi a que apresentou o

maior número de espécies de Leguminosae (43 spp.), das quais 31 (72%) são exclusivas. A maior

representatividade de Leguminosae em áreas de tabuleiro costeiro em relação às de restinga foi

também apontada em um trabalho de levantamento florístico realizado no distrito de Pecém, no

Ceará (Castro et al. 2012). A área estudada é ocupada por uma vegetação composta

predominantemente por espécies arbustivas, associadas a subarbustos, com a presença eventual

de espécies arbóreas mais isoladas, não formando um estrato contínuo. Sendo assim, a maioria

das espécies forma moitas espaçadas, de diferentes tamanhos, que se intercalam com áreas mais

abertas de vegetação mais herbáceo-subarbustiva. Dentre as espécies arbustivas e arbóreas,

podemos encontrar predominantemente Leptolobium bijugum, Hymenaea rubriflora var. glabra,

Chamaecrista cytisoides, Brodriguesia santosii, Swartzia apetala, Swartzia alagoensis, Senna

splendida, Abarema cochliacarpos e outras menos abundantes, como Inga cayennensis, Inga

capitata, Abarema filamentosa, Chamaecrista ensiformis, Bowdichia virgilioides e Calliandra

parvifolia. Entre as herbáceas e subarbustos, destacam-se Aeschynomene viscidula, Centrosema

brasilianum, Chamaecrista hispidula, Chamaecrista repens, Periandra mediterranea,

Stylosanthes viscosa, Chamaecrista ramosa, Crotalaria holosericea, Chamaecrista swainsonii,

Stylosanthes guianensis, Stylosanthes scabra.

Em escala local, a similaridade florística entre as fisionomias de restinga e tabuleiros foi

de quase 22%. Das 55 espécies amostradas, 12 foram comuns às duas áreas, 12 foram exclusivas

da restinga e 31 exclusivas dos tabuleiros. Apenas quatro espécies ocorrem desde a região de

antedunas até os tabuleiros costeiros (Figura 5) sendo estas, Chamaecrista ramosa, Chamaecrista

hispidula, Chamaecrista flexuosa e Aeschynomene viscidula. Embora as duas formações

estudadas estejam próximas geograficamente, fatores abióticos como solo, formação

geomorfológica, temperatura e pluviosidade, além dos fatores antrópicos perceptíveis na região,

podem estar exercendo influência na distribuição das espécies e sinalizando para a importância da

família na conservação da diversidade dessas áreas remanescentes de Floresta Atlântica.

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Figura 4: Número de táxons compartilhados entre as zonas vegetacionais (dunas, antedunas e

tabuleiros) presentes em Pirambu, Sergipe.

3.2 Similaridade floristica entre áreas de restinga da região Nordeste

A riqueza de Leguminosae entre os levantamentos variou entre 10 a 49 espécies,

refletindo, sobretudo a diferença entre as áreas amostradas. As relações florísticas constatadas

estão visualizadas na Figura 6. O dendrograma mostra a formação de pelo menos três grupos

distintos: no primeiro, é possível observar maior similaridade entre as áreas das restingas da

Bahia (2 áreas) e Sergipe (2 áreas), formando o subgrupo 1A, como também, maior semelhança

entre as áreas de restinga situadas no litoral de Pernambuco (4 áreas), que formam o subgrupo

2A; o segundo é formado pelas restingas do Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará; e o terceiro é

representado por um levantamento situado no norte da Paraíba, que se mostrou isolado do

restante das áreas.

Os resultados obtidos com a comparação das áreas, utilizando as espécies de

Leguminosae, fortalecem a idéia de que a flora de restinga ao longo do litoral nordestino não é

homogênea, como já revelado em alguns trabalhos (Cantarelli et al. 2012, Franco et al., 1984;

Rizzini, 1997; Sugiyama 1998). Se a flora da restinga do Nordeste é bastante diversa, que fatores

contribuem para essa diversificação? É consenso em trabalhos fitossociológicos que fatores

climáticos, geomorfológicos, latitudinais e longitudinais influenciam na diversidade de plantas.

Para Gentry (1988) e Clinebell et al. (1995) a riqueza de plantas lenhosas em florestas tropicais

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está relacionada a cinco gradientes principais: o latitudinal, o de precipitação, o edáfico, o

altitudinal e o intercontinental. Um desses gradientes agindo isoladamente ou em combinação

com outros pode, portanto, tornar algumas áreas floristicamente diferentes de outras.

Comparando as semelhanças e diferenças edáficas, de precipitação e temperatura das áreas

estudadas, expostas nesses trabalhos é possível constatar que alguns desses gradientes podem ser

responsáveis pelas diferenças na riqueza de espécies de Leguminosae ao longo do litoral do

Nordeste.

As diferenças geomorfológicas presentes nas restingas do estado da Bahia, que formam

um subgrupo junto com Sergipe, podem ser responsáveis pela dissimilaridade dessas áreas em

relação às demais. Os levantamentos realizados na Bahia coindicem com o início de uma

formação que, segundo Villwock et al. (2005), tem início na Bahia e prolonga-se até o estado do

Rio de Janeiro. Tomando como referência estudos geológicos e geomorfológicos da costa

brasileira, esses autores propuseram uma classificação que divide o litoral em: Costa Norte – da

foz do rio Oiapoque (AP) à baía de São Marcos (MA), Costa Nordeste – da baía de São Marcos

(MA) até a baía de Todos os Santos (BA), Costa Leste ou Oriental – da baía de Todos os Santos

(BA) a Cabo Frio (RJ), Costa Sudeste – de Cabo Frio (RJ) até o Cabo de Santa Marta (SC) e

Costa Sul – do Cabo de Santa Marta (SC) até o Arroio Chuí (RS). Algumas espécies de

Leguminosae encontradas no início dessa formação (Costa Leste ou Oriental) podem ter chegado

até o litoral de Sergipe tornando essas áreas mais similares.

O subgrupo 1 concentrou quatro áreas de restinga de Pernambuco. Resultado similar foi

encontrado por Zickel et al. (2004) e Silva et al. (2008), que, ao comparar as restingas de

Pernambuco com outras restingas do Nordeste, encontraram grupos de similaridade formados

apenas pelas restingas de Pernambuco. Essas áreas situadas no litoral de Pernambucano foram

consideradas mais similares talvez por estarem muito próximas. Alguns fatores como a

profundidade do lençol freático e os níveis de matéria orgânica encontrados na restinga de

Maracaípe - PE (Almeida-Júnior et al. 2008) não foram suficientes para separar em termos

florísticos essas áreas nesse trabalho, apesar de serem superiores aos de outras áreas de restinga

de Pernambuco, segundo os autores do trabalho. Além disso, as quatro áreas analisadas estão

inseridas em uma distância inferior a 190 km o que leva a pressupor que a pequena distância

mantém essas áreas pouco diferenciadas.

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O grupo formado pelas restingas do litoral do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, como

já evidenciado em alguns trabalhos (Castro et al. 2012; Freire 1990; Santos-Filho 2009),

apresenta realmente uma flora bem diferenciada das demais. O motivo dessa diferenciação pode

estar ligado ao fato de que as áreas desses levantamentos estão “voltadas” para a porção do

oceano Atlântico, que Ab’Saber (2001; 2006) denominou Setentrional (Ver o trabalho do

Castro et al. 2012– Pécem-CE). O Litoral Setentrional do Nordeste (LSN) por sua localização

geográfica apresenta clima mais quente e seco do que o da costa leste do Brasil. Enquanto a costa

leste do Brasil é dominada por climas tropicais úmidos, típicos do domínio da Mata Atlântica, a

porção setentrional do litoral nordestino (entre o Maranhão e a chamada “curva do continente sul-

americano”, no Rio Grande do Norte) possui regimes climáticos bem mais secos, variando de

subúmidos a semiáridos (Brasil 2002; Nimer, 1972; Ab’Sáber 2001; 2006). Essa diferença levou

Ab’Saber (2001; 2006) a individualizar esse trecho da costa como uma unidade chamada “Litoral

Setentrional do Nordeste”. Portanto, fatores climáticos podem estar relacionados com a principal

causa da diferenciação na composição florística desse grupo, principalmente a menor

pluviosidade presente na faixa litorânea do Nordeste setentrional (Santos-Filho 2009).

A formação geomorfológica e a localização da área do levantamento realizado na Paraíba

talvez expliquem a dissimilaridade desta com relação às demais áreas pesquisadas. A área,

localizada no extremo norte do estado, pode ser classificada como um ecótono, visto que está

limitada ao norte pela restinga do Rio Grande do Norte (que é a porção setentrional) e ao sul pela

restinga de Pernambuco (porção oriental). Além disso, o rio Guaju, que limita a área com o

estado do Rio Grande do Norte, evidencia também o que é considerado como a transição entre os

dois tipos de formações geomorfológicas do Litoral Terciário Brasileiro na região Nordeste

(Araújo & Lacerda 1987). Segundo Oliveira-Filho & Carvalho (1993), o litoral super-úmido, que

se estende para o sul, é caracterizado pelas escarpas baixas da Formação Barreiras, por dunas

fixas e pelos recifes de corais e o litoral semi-árido, que se estende para o Rio Grande do Norte, é

caracterizado por dunas altas e móveis, que chegam a penetrar vários quilômetros no continente.

As condições climáticas e geomorfológicas podem, nesse caso, contribuir para uma formação

florística diferenciada no litoral da Paraíba.

Além dos fatores já comentados anteriormente que podem afetar a distribuição das plantas

ao longo da costa, o nível de antropização das áreas também deve ser considerado. Por se tratar

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de áreas com elevada densidade populacional algumas espécies já podem ter desaparecido ou

mesmo tiveram seu estabelecimento dificultado pela perda de ambientes.

Figura 5: Dendrograma de similaridade entre áreas de restinga do nordeste do Brasil, com base nas

espécies de Leguminosae.

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A análise do gráfico do número de espécies por classes de distribuição (Figura 7) também

revelou heterogeneidade na composição de espécies de Leguminosae ao longo do litoral do

nordeste. A análise considerou dois grupos. O primeiro (N) formado pelos levantamentos da

Bahia, Sergipe e Pernambuco (porção oriental) e o segundo (S) formado pelos levantamentos da

Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí (porção setentrional).

O gráfico deixa claro que o maior compartilhamento de espécies ocorre nos

levantamentos situados próximos aos extremos do litoral nordestino em detrimento aos

localizados na parte central. A composição de Leguminosae nas áreas de Pernambuco e Paraíba

parece ser bastante diferenciada, como evidenciada na UPGMA. O alto número de espécies

restritas ou exclusivas de cada um dos grupos nos extremos talvez esteja ligado ao fato de que as

espécies oriundas das áreas mais úmidas da Floresta Atlântica (ao sul) e da Floresta Amazônica

(ao norte) estariam contribuindo para a diversidade e compartilhamento de espécies nessas áreas.

Figura 6: Número de espécies por classes de distribuição. Restr: Restritas a mais de dois levantamentos de um

grupo; Exclus: espécies exclusivas de um levantamento; Compart: espécies observadas em levantamentos dos dois

grupos.

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3.3 Distribuição fitogeográfica

Das 24 espécies registradas na área de restinga (planície costeira), 23 espécies (96%)

foram citadas na “Lista de Espécies da Flora do Brasil” (Lima et al. 2014) como associadas ao

domínio Mata Atlântica. Ainda de acordo com os dados obtidos em Lima et al. (2014), 19 (83 %)

podem distribuir-se na Amazônia, 17 (70%) na Caatinga, 16 (67%) no Cerrado, oito (33%) no

Pantanal e apenas duas (8%) no Pampa (Tabela 4). De maneira geral as espécies de Leguminosae

encontradas na restinga apresentam-se bem distribuídas nas diversas formações vegetacionais do

Brasil, com 14 espécies (60%) podendo ocorrer em quatro ou mais domínios fitogeográficos. As

espécies Inga ciliata, Inga capitata e Stryphnodendron pulcherrimum apresentaram um padrão de

distribuição disjunto, ocorrendo na Floresta Atlântica e Amazônica.

Tabela 4: Lista das espécies de Leguminosae nas restingas e tabuleiros costeiros de Pirambu e sua respectiva

distribuição fitogeográfica. Domínios fitogeográficos (baseados em Lima et al. 2014): AM = Amazônia; CAA=

Caatinga; CE= Cerrado; MA= Mata Atlântica; PAM= Pampa; PAN= Pantanal, * = Nova ocorrência para Sergipe.

Espécie Domínio Fitogeográfico

Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W. Grimes CE, MA

Abarema filamentosa (Benth.) Pittier MA

Aeschynomene viscidula Michx. CAA

Andira fraxinifolia Benth. CAA, CE, MA

Bowdichia virgilioides Kunth AM, CAA, CE, MA, PAN

Brodriguesia santosii R.S.Cowan MA

Calliandra parvifolia (Hook. & Arn.) Speg.* AM, CAA, CE, MA, PAM

Canavalia rosea (Sw.) DC. AM, MA

Centrosema brasilianum (L.) Benth. AM, CAA, CE, MA, PAN

Chamaecrista cytisoides (DC. ex Collad.) H.S.Irwin & Barneby CE

Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip AM, CAA, CE, MA, PAN

Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S. Irwin & Barneby AM, CAA, CE, MA

Chamaecrista flexuosa (L.) Greene AM, CAA, CE, MA, PAN

Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S.Irwin & Barneby AM, CAA, CE, MA

Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby AM, CAA, CE, MA, PAN

Chamaecrista repens (Vogel) H.S. Irwin & Barneby CAA, CE, MA

Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene CAA, CE, MA

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Espécie Domínio Fitogeográfico

Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S. Irwin & Barneb CAA, MA

Crotalaria holosericea Nees & C. Mart., CAA

Crotalaria retusa L. AM, CAA, CE, MA, PAM

Crotalaria stipularia Desv AM, CAA, CE, MA, PAN

Desmodium barbatum (L.) Benth. & Oerst. AM, CAA, CE, MA, PAM, PAN

Dioclea violacea Mart. ex Benth. CAA, MA, PAM, PAN

Dioclea virgata (Rich.) Amshoff AM, CAA, CE, MA

Hymenaea rubriflora Ducke MA

Indigofera microcarpa Desv. CAA, MA

Inga capitata Desv. AM, MA

Inga cayennensis Sagot ex Benth.* AM, CE, MA

Inga ciliata C.Presl AM, MA

Inga laurina (Sw.) Willd.* AM, CAA, CE, MA

Leptolobium bijugum (Spreng.) Vogel MA

Libidibia ferrea (Mart.) L.P. Queiroz CAA, CE, MA

Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC.* AM, CAA, CE, MA

Mimosa caesalpiniifolia Benth.* CAA

Mimosa pigra L. AM, CE, MA, PAN

Mimosa pudica L.* AM, CAA, CE, MA

Mimosa sensitiva L. CAA, CE, MA

Periandra mediterranea (Vell.) Taub. AM, CAA, CE, MA, PAM, PAN

Rhynchosia phaseoloides (Sw.) DC. AM, CE, MA

Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin & Barneby AM, CAA, MA, PAN

Senna occidentalis (L.) Link AM, CAA, CE, MA, PAN

Senna phlebadenia H.S. Irwin & Barneby CAA, MA

Senna splendida (Vogel) H.S. Irwin & Barneby CAA, CE, MA

Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr. AM, MA

Stylosanthes angustifolia Vogel AM, CAA, CE, PAM

Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. CE

Stylosanthes scabra Vogel* AM, CAA, CE, MA

Stylosanthes viscosa (L.) Sw. AM, CAA, CE, MA

Swartzia alagoensis R.B. Pinto, Torke & Mansano MA

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Espécie Domínio Fitogeográfico

Swartzia apetala Raddi CAA, CE, MA

Tachigali densiflora (Benth.) L.F. Gomes da Silva & H.C. Lima MA

Tephrosia purpurea B.L. Rob. AM, CAA, MA

Vigna peduncularis (Kunth) Fawc. & Rendle* AM, CAA, CE, MA, PAN

Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel CAA, CE, MA

Zornia latifolia Sm. AM, CAA, CE, MA, PAM, PAN

Nos tabuleiros costeiros de Pirambu, a flora de Leguminosae é composta por 43 espécies,

das quais 38 (88%) apresentaram distribuição fitogeográfica no domínio Atlântico, 31 (72%) na

Caatinga, 28 (65%) no Cerrado, 21 (48 %) na Amazônia, 11 (26%) no Pantanal e 5 (11% ) nos

Pampas, de acordo com dados disponíveis em Lima et al.(2014). Com 19 espécies (44%)

distribuindo-se em quatro ou mais domínios fitogeográficos, essa área, em relação àquela de

restinga, apresentou uma taxa menor de espécies com distribuição mais ampla.

A presença, na área de estudo, da espécie Inga cayennensis, com distribuição

fitogeográfica na Mata Atlântica, Cerrado e Floresta Amazônica, corrobora vários estudos que

apóiam a possibilidade de conexões, ocorridas no passado, entre as floras da Floresta Amazônica

e Atlântica, através do bioma Cerrado (Rizzini 1963, Prance 1982, Santos et al. 2006, Oliveira-

filho & Ratter 1995, Costa 2003), que por sua vez ressalta a importância das matas de galerias ou

florestas estacionais nessa conexão (Ratter et al. 1973, Rizzini 1979).

Foi possível observar que 16 (37,2 %) espécies registradas nos tabuleiros de Pirambu têm

distribuição restrita ao território brasileiro (Lima et al. 2014). Destas, seis apresentam ocorrência

restrita ao domínio Mata Atlântica, Brodriguesia santosii (Bahia e Sergipe), Hymenaea rubriflora

(Rio Grande do Norte a Sergipe), Abarema filamentosa (Rio Grande do Norte ao Espírito Santo),

Leptolobium bijugum (Alagoas ao Espírito Santo), Swartzia alagoensis (Alagoas e Sergipe) e

Tachigali densiflora (Paraíba a Minas Gerais). O alto número de espécies endêmicas da Mata

Atlântica está possivelmente relacionado ao fato de que a flora da Formação Barreiras, assim

como a da restinga, é representada por elementos vegetacionais da Caatinga e do Cerrado, mas,

sobretudo, da Floresta Atlântica, como apontam os estudos de Rizzini (1997) e Fernandes (1998).

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De acordo com Souza & Bortoluzzi (2014) Chamaecrista cytisoides apresenta

distribuição restrita ao Cerrado, entretanto alguns trabalhos relatam também a ocorrência desta

espécie na Caatinga na restinga (Mata Atlântica) (Melo 2013). A espécie Crotalaria holosericea

é citada como restrita ao Domínio Caatinga, compreendendo a vegetação de Cerrado (lato sensu),

Floresta Ciliar ou Galeria (Flores 2014), mas ocupa também alguns pontos da costa da região

Nordestina do Brasil (Flores & Tozzi 2008). Mimosa caesalpiniifolia é citada apenas para o

Domínio Caatinga (Dutra & Morim 2014), mas apesar de ser uma espécie nativa da caatinga,

pode ser considerada exótica nessa área, sendo bastante utilizada para produção de cercas vivas e

podendo causar preocupações futuras, pois poderá vir a competir com plantas nativas do litoral.

3.4 Novas ocorrências em Sergipe

De acordo com os dados obtidos em Lima et al. 2014 e considerando os trabalhos de

Nascimento-Júnior (2012, dados não publicados), Machado et al. (2012), Silva et al. (2013) e

Pinto et al. (2012), que fazem referência à biodiversidade da flora de Sergipe, das 55 espécies

registradas nas formações em estudo, oito são consideradas novas ocorrências para estado:

Calliandra parvifolia, Inga cayennensis, Inga laurina, Mimosa caesalpiniifolia, Mimosa pudica,

Stylosanthes scabra, Vigna peduncularis e Lonchocarpus sericeus.

Esses dados revelam a importância da área estudada, uma vez que o número de novas

ocorrências para o estado representa 14,5% das espécies de Leguminosae encontradas nas

formações restinga e tabuleiros que fazem parte da paisagem de Pirambu.

4. Considerações Finais

Considerando o pouco tempo de estudo, a flora de Leguminosae mostrou-se bem

representada na área de restinga e de tabuleiros de Pirambu, Sergipe. Foram coletadas 55 espécies

distribuídas em 30 gêneros e 13 tribos, representando quase 90% das espécies já citadas para o

domínio Mata Atlântica. Além disso, dentre os táxons encontrados para área de estudo, cerca de

10% são considerados endêmicos da Mata Atlântica, tratando-se de uma unidade adjacente e

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31

intrisecamente relacionada ao domínio Mata Atlântica, apesar de ter elementos floríticos também

encontrados na Caatinga e no Cerrado.

A maior parte das espécies habita as formações de tabuleiros arbustivas abertas,

ocorrendo nestas áreas algumas espécies arbustivo-arbóreas de forma isolada. Nestas áreas, são

encontradas ainda espécies subarbustivas com hábito de crescimento decumbente, adaptadas,

sobretudo, as condições de luminosidade.

Entre as novas ocorrências para o estado de Sergipe todas possuem registro para outras

regiões do Brasil. Considerando que a família Leguminosae está bem representada na maioria dos

estudos florísticos, os estudos sobre a diversidade da família em Sergipe são ainda insuficientes.

Esses dados devem auxiliar na ampliação do conhecimento da Flora de Sergipe e contribuir na

elaboração de estratégias para a conservação das formações que caracterizam o estado e que se

encontram num alto nível de fragmentação.

5. Referências Bibliográficas

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39

Tratamento florístico de Leguminosae na

Restinga e nos Tabuleiros de Pirambu,

Sergipe, Brasil

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40

RESUMO: Representando a terceira maior família dentre as angiospermas, Leguminosae inclui

19.500 espécies, subordinadas a 751 gêneros, ocorrendo nos principais biomas e exercendo um

importante papel nos ecossistemas de clima temperado, mediterrâneo, tropical, árido,

sazonalmente seco, florestas tropicais e savanas. Levando-se em consideração essa importância

da família e as consideráveis intervenções que o litoral Norte do estado de Sergipe tem sofrido,

foi realizado neste capítulo o tratamento florístico da família Leguminosae em Pirambu, litoral

norte do estado. Pirambu exibe áreas ocupadas por formações de Restinga, que abrangem a

região pós-praia, sobre solos arenosos quaternários e, além disso, áreas de tabuleiro arenoso, que

emerge próximo à praia e estende-se para o interior da costa. Para coleta do material botânico,

foram realizadas viagens a campo no período de julho de 2012 a setembro de 2013. Foram

amostradas, na restinga e nos tabuleiros costeiros de Pirambu, 55 táxons de Leguminosae,

reunidos em 30 gêneros e 13 tribos. A subfamília mais representativa foi Papilionoideae (26

spp.), seguida de Caesalpinioideae (17 spp.) e Mimosoideae (12 spp.). As tribos que

apresentaram maior número de representantes foram Phaseoleae e Dalbergieae, com seis e quatro

espécies, respectivamente. Os gêneros mais representativos foram Chamaecrista, com nove

espécies, Senna, Inga, Mimosa, e Stylosanthes com quatro espécies cada. A floração registrada

para Leguminosae mostrou-se mais abundante de maio a outubro, enquanto os dados de

frutificação mostraram uma maior quantidade de espécies com frutos entre julho e outubro.

Quando a síndrome de dispersão as espécies autocóricas foram mais representativas com 72,5%,

as zoocoricas foram representadas por 20 % e as anemocóricas somaram 7,5%.

Palavras-chaves: Fabaceae, taxonomia, Flora de Sergipe.

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41

ABSTRACT: Leguminosae is the third largest family among the angiosperms, with 19,500

species and 751 genera, encompassing the major biomes and playing an important role in

ecosystems of temperate climate, Mediterranean, tropical, arid, seasonally dry tropical forests and

savannas. Considering this importance of the family and the considerable interventions that the

North coast of the state of Sergipe has been suffered, this chapter aimed a taxonomic treatment of

the Leguminosae in the municipality of Pirambu, that includes areas occupied by formations of

“restinga”, covering the post-beach area on quaternary sandy soils and also exhibiting areas of

“tabuleiros”, that emerges near the beach and extends into the coast. To collect botanical

material, field trips were performed in the period from July 2012 to September 2013. Were

sampled, in the “restinga” and in the “tabuleiros” of Pirambu, 55 taxa of Leguminosae, gathered

in 30 genera and 13 tribes. The most representative subfamily was Papilionoideae (26 spp.),

followed by Caesalpiniodeae (17 spp.) and Mimosoideae (12 spp.). The tribes that had a greater

number of representatives were Phaseoleae and Dalbergieae with six and four species,

respectively. The most representative genera were Chamaecrista, with nine species, Senna, Inga,

Mimosa, and Stylosanthes with four species each. Flowering recorded for Leguminosae was more

abundant from May to October, while the data of fruiting showed a greater amount of fruit

species between July and October. The species autochorous with 72,5%, were the most

representative, the zoochorous presented 20% and the anemochoric amounted 7,5%.

Palavras-chaves: Fabaceae, taxonomy, flora of Sergipe

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42

1. Introdução

As espécies de Leguminosae Juss. (Fabaceae) constituem um elemento fundamental em

distintas formações vegetais, ocorrendo desde os ápices de serras até o litoral arenoso, de

florestas úmidas até desertos (Lewis 1987, LPWG 2013). Trata-se de uma família cosmopolita,

com maior riqueza nas regiões tropicais e subtropicais (Lewis 1987). Abrange todos os principais

biomas, exercendo um importante papel nos ecossistemas de clima temperado, mediterrâneo,

tropical, árido, sazonalmente seco, florestas tropicais e savanas (Schrire et al. 2005).

De acordo com recentes estudos filogenéticos, Leguminosae é considerada monofilética, e

das três subfamílias tradicionalmente reconhecidas, Papilionoideae e Mimosoideae têm se

mostrado monofiléticas e Caesalpinioideae parafilética (Pennington et al. 2001,

Wojciechowski 2003, Wojciechowski et al. 2004, LPWG 2013). Cronquist (1981) considerou

essas subfamílias como famílias distintas (Mimosaceae, Caesalpinaceae, Fabaceae), vinculadas à

ordem Fabales, e este fato tem gerado certa confusão quanto à circunscrição do nome Fabaceae.

De acordo LPWG (2013), para evitar esta confusão é mais sensato se referir a toda a família

como Leguminosae.

Ecologicamente, as espécies de Leguminosae são amplamente distribuídas e a maioria é

capaz de exercer um papel importante na reestruturação de solos. São espécies geralmente bem

adaptadas à primeira colonização, contribuindo na manutenção da sustentabilidade de áreas

degradadas, devido, em parte, às suas associações com bactérias fixadoras de nitrogênio do

gênero Rhizobium, capazes de converter nitrogênio atmosférico em amônia (Herrera et al. 1993).

Em termos econômicos, a família não somente apresenta importância na produção agrícola,

ficando atrás apenas de Poaceae, mas também em demais setores econômicos, incluindo a

produção de óleos, fibras, combustível, compostos químicos e medicinais, madeira e

enriquecimento do solo (Wojciechowski 2003).

No Brasil os trabalhos mais completos para a família são ainda os tratamentos da Flora

brasiliensis (Bentham 1862, 1870, 1876), mas desde então muitas espécies foram sinonimizadas

e novas ocorrências e novas espécies foram descritas. Os dados de levantamento mais atuais são

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encontrados em Lima et al. (2014a), disponíveis no endereço eletrônico da Flora do Brasil4,

sendo registradas, no Brasil, cerca de 2.700 espécies subordinadas a 212 gêneros.

No Nordeste, a representatividade da família é relativamente bem conhecida. Listas

florísticas de Leguminosae já foram realizadas para os estados de Pernambuco e Paraíba (Ducke

1953), Ceará (Lima & Mansano 2011), Paraíba e Rio Grande do Norte (Dionísio 2005) e Bahia

(Lewis 1987, Cardoso 2008). Outros trabalhos sobre a família na região Nordeste referem-se

principalmente à biodiversidade do bioma Caatinga (Cardoso & Queiroz 2007, Córdula et al.

2008, Silva & Sales 2008, Queiroz 2009, Buril et al. 2010, Córdula et al. 2010, Melo et al. 2011).

Em regiões litorâneas, merece destaque o tratamento taxonômico do gênero Chamaecrista, em

áreas do entorno do Parque Estadual das Dunas de Natal, Rio Grande do Norte, realizado por

Queiroz & Loiola (2009). Os demais trabalhos geralmente se limitam a levantamentos florísticos

gerais, onde a família geralmente aparece entre as mais expressivas em número de representantes

(Britto et al. 1993, para Bahia; Matias & Nunes 2001, Moro et al. 2011, para o Ceará; Cabral-

Freire & Monteiro 1993, para o Maranhão; Carvalho & Oliveira-Filho 1993, Oliveira-Filho &

Carvalho 1993, Oliveira-Filho 1993, para a Paraíba; Leite & Andrade 2004, Sacramento et al.

2007, para Pernambuco; Santos-Filho 2009, para o Piauí; Freire 1990, para o Rio Grande do

Norte; Fonseca 1979, Pergentino, 2007, Nascimento-Júnior 2012, para Sergipe).

Os poucos inventários florísticos e estudos fitossociológicos realizados em Sergipe

(Mendes et al. 2010, Machado et al. 2012, Nascimento-Júnior 2012 (dados não publicados), Silva

et al. 2013) evidenciam a importância de Leguminosae na composição e estrutura dos fragmentos

que compõem o cenário vegetacional do estado, consequentemente é notável a necessidade e a

importância dos estudos ecológicos e taxonômicos de Leguminosae em Sergipe. Estima-se que a

representatividade da família em Sergipe esteja subestimada, uma vez que, até o momento, são

referidas apenas 128 espécies, distribuídas em 50 gêneros (Lima et al. 2014a).

O litoral norte do estado de Sergipe tem sofrido grandes intervenções no seu espaço

costeiro. Pressões antrópicas, como a expansão urbana, a especulação imobiliária, a extração de

madeira e as atividades agro-pastoris, vêm causando degradação histórica desse ecossistema.

Tendo em vista a urgente necessidade de se conhecer a biodiversidade da Flora de Sergipe, esse

4 http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB000115

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capítulo objetivou o tratamento taxonômico da família Leguminosae no município de Pirambu,

que inclui em seu território formações de Restinga e Tabuleiro Costeiro. Além disso, são

apresentados os períodos de floração, frutificação e síndrome de dispersão das espécies

levantadas.

2. Material e Métodos

2.1 Area de Estudo

Ocupando uma área de ca. 200 km², Pirambu está localizado na porção norte do litoral

sergipano, a 30 km da capital Aracaju. O município inclui áreas ocupadas por formações de

Restinga, que abrangem a região pós-praia, sobre solos arenosos quaternários e exibindo também

áreas de tabuleiro arenoso, que emergem próximoas a praia e estendem-se para o interior da costa

(Bittencourt et al. 1983). Essa região enquadra-se no clima Megatérmico Subúmido C1A``a’’,

caracterizado por moderados excedentes hídricos durante o inverno e estação seca bem definida,

com deficiência hídrica no verão. Sua posição litorânea favorece os índices médios anuais de

temperatura mínima que variam entre 20 e 22ºC e de temperatura máxima entre 29 e 30ºC

(Santana 2008).

Figura 1: Localização da área de estudo. A. O estado de Sergipe no NE do Brasil; B. Divisão política do litoral de

Sergipe. C. Município de Pirambu, com sua divisão geomorfológica. Pc: Planície Costeira (Restinga); Tb: Tabuleiro

Costeiro. (Fonte: Santana 2008 - Adaptado).

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As áreas de restinga de Pirambu são representadas por antedunas e dunas. Seguindo a

proposta de classificação de Silva & Britez (2005), são reconhecidas basicamente cinco

formações fitofisionômicas: 1) campo aberto não inundável; 2) campo fechado não inundável; 3)

Campo fechado inundável (quando há o acúmulo de água decorrente da estação chuvosa); 4)

fruticeto fechado; 5) frutíceto aberto não inundável. No caso dos fruticetos fechados, as espécies

arbóreas, limitam-se a agrupamentos, não ultrapassando oito metros de altura.

As formações de tabuleiros são ocupadas predominantemente por fruticetos, compostos

por arbustos e em menor escala por árvores, que formam "moitas" de altura e extensão variada e

separadas por áreas com vegetação, quando presente, herbácea a subarbustiva. Além disso, é

verificada a presença, embora pequena, de formações florestais com espécies vegetais de

pequeno e médio porte.

Em direção ao interior, são verificadas áreas de Tabuleiros Costeiros, representadas pelo

Grupo Barreiras, que podem ocupar patamares de 50-75 m de altitude, caracterizadas por uma

vegetação arbustiva-arbórea de fruticeto fechado não inundável, que as protege da ação erosiva

das chuvas (Santana 2008). A maior parte das áreas de tabuleiros com superfícies planas foi

ocupada por coqueirais (Oliveira 2008).

O Grupo Barreiras representa a principal formação geológica da área estudada, sendo

composto principalmente por sedimentos areno-argilosos, resultantes de depósitos terciários

(Fonseca 1979, Santana 2008). Essa formação encontra-se revestida, principalmente, por

sedimentos arenosos trazidos da costa ou decorrentes da redeposição e intemperização,

emergindo, dessa forma, próximo à praia e estendendo-se para o interior da costa (Bittencourt et

al. 1983).

2.2 Coleta e tratamento taxonômico

Para coleta do material botânico, foram realizadas viagens a campo no período de julho de

2012 a setembro de 2013. Foram coletados indivíduos herbáceos, arbustivos, arbóreos e lianas. O

trabalho de campo também levou em consideração observações sobre o ambiente no qual a

espécie foi encontrada, os períodos de floração e frutificação e demais dados que não podem ser

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obtidos do material seco. Para herborização dos espécimes coletados seguimos os métodos usuais

descritos em Mori et al. (1989). As amostras foram depositadas no acervo do Herbário UEC

(Universidade Estadual de Campinas) e Herbário ASE (Universidade Federal de Sergipe).

Também foi analisado o material de Leguminosae de Pirambu já depositado do Herbário ASE.

O material coletado foi identificado através de bibliografia especializada, por comparação

com espécimes do acervo de Legumimosae do Herbário ASE e UEC e confirmados através de

consulta a especialistas ou do banco de imagens de exsicatas, disponíveis em sites dos herbários

virtuais Reflora5 e Royal Botanic Gardens

6. No presente estudo considerou-se o nome

Leguminosae ao invés de Fabaceae, estando de acordo com as recomendações de Lewis et al.

(2005), uma vez que esses autores consideram o nome Fabaceae ambíguo por já ter sido utilizado

para outra circunscrição taxonômica, atualmente correspondente àquela da subfamília

Papilionoideae (Faboideae), por Cronquist (1981) e Takhtajam (1997). A classificação em tribos

e gêneros também seguiu a proposta de Lewis et al. (2005), com atualizações pertinentes. Para

confirmar a grafia do nome das espécies, foi consultado o endereço eletrônico da Flora do Brasil¹,

além da base de dados Trópicos7 e The International Plant Names Index

8. Os nomes populares

foram retirados do banco de dados do herbário ASE através do programa Brahms (Botanical

Research And Herbarium Management System).

As descrições foram organizadas por subfamília, Caesalpinioideae, Mimosoideae e

Papilionoideae, com seus respectivos gêneros e espécies organizadas em sequência alfabética. As

descrições das espécies incluíram a amplitude das variações morfológicas dos espécimes

encontrados no município de Pirambu, mas quando necessário foram utilizados os materiais de

outras áreas litorâneas de Sergipe. Nos casos em que as estruturas reprodutivas estavam

indisponíveis, foram acrescentadas informações de referências bibliográficas (Souza 2001,

Mansano 2002) nos comentários taxonômicos.

A terminologia empregada foi baseada na literatura especializada usual para a família e a

utilizada para cada grupo em revisões taxonômicas. Foram utilizadas as seguintes abreviações:

5 http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/PrincipalUC/PrincipalUC.do

6 http://apps.kew.org/herbcat/gotoHomePage.do

7 http://www.tropicos.org

8 http://www.ipni.org/

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compr. = comprimento; larg. = largura; diâm. = diâmetro; m = metro; cm = centímetro; mm =

milímetro; ca.= cerca de; s/n = sem número de coletor; fl. florido; fr. frutífero. As chaves para

identificação de gêneros e espécies com ocorrência confirmada na área de estudo foram do tipo

indentada e elaboradas com base nos caracteres morfológicos vegetativos e reprodutivos,

preferencialmente os de fácil observação. Os dados de distribuição geral do táxon foram obtidos

através de revisões e teses, e sites de distribuição geográfica: Flora do Brasil¹ e Specieslink9.

A terminologia utilizada para descrição dos frutos foi baseada em Barroso et al. (1999)

enquanto as síndromes de dispersão seguiram os critérios propostos por Pijl (1982), os quais

foram classificados em autocóricas (incluindo dispersão barocórica e explosiva), anemocóricas e

zoocóricas.

3. Resultados e discussão

Foram amostradas, na restinga e nos tabuleiros costeiros de Pirambu, 55 táxons de

Leguminosae, reunidos em 30 gêneros, e 13 tribos (Tabela 1, capítulo 1). A subfamília mais

representativa foi Papilionoideae (26 spp.), seguida de Caesalpinioideae (17 spp.) e Mimosoideae

(12 spp.). As tribos que apresentaram maior número de representantes foram Phaseoleae e

Dalbergieae, com seis e quatro espécies, respectivamente. Os gêneros mais representativos foram

Chamaecrista, com nove espécies, Senna, Inga, Mimosa, e Stylosanthes com quatro espécies

cada.

3.1. Leguminosae Juss.

Ervas, arbustos, subarbustos, árvores ou lianas. Folhas alternas (opostas em Platymiscium), a

maioria compostas, unifolioladas a multifolioladas, digitadas, pinadas, bipinadas, geralmente com

pulvino desenvolvido e estípulas, às vezes transformadas em espinhos; folíolos alternos, ou

opostos, venação broquidódroma, eucamptódroma ou acródroma; nectários extraflorais

9 http://www.splink.org.br/

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frequentemente presentes. Inflorescências geralmente em racemo, panícula, capítulo ou espiga,

às vezes reduzidas a uma única flor, terminais ou axilares. Flores geralmente hermafroditas,

actinomorfas a zigomorfas, hipanto geralmente presente; cálice gamossépalo ou dialissépalo, 4-5,

sépalas livres ou conatas; corola gamopétala ou dialipétala, valvar ou imbricada, pétalas

semelhantes entre si, ou diferenciadas em quilha (inferiores), estandarte (superior) e alas

(medianas); androceu com 1 a numerosos estames, usualmente 10, livres ou conatos,

monadelfos, diadelfos ou poliadelfos; ovário súpero, unicarpelar, unilocular, uniovulado a

multiovulado; estilete único terminal, reto ou curvo, algumas vezes piloso. Frutos

geralmente legumes, às vezes folículos, drupas, legumes nucoides, legumes bacoides, legumes

samaróides, criptossâmaras, craspédios ou lomentos. Sementes em geral com testa dura, às vezes

arilada, às vezes com pleurograma.

Chave para as subfamílias de Leguminosae.

1. Folhas silmples, trifolioladas ou geralmente imparipinadas, raro paripinadas e bifolioladas,

mas quando presente, cálice gamossépalo e corola dialipétala ................................. Papilionoideae

1. Folhas bifolioladas, paripinadas ou bipinadas

2. Inflorescências espiciformes, capituliformes ou umbeliforme; corola gamopétala, com

prefloração valvar; sementes com pleurograma....................................................Mimosoideae

2. Inflorescências em fascículos, racemos ou panículas; corola dialipétala com perfloração

imbricada; sementes sem pleurograma .......................................................... Caesalpinioideae

3.2. Caesalpinioideae

Caesalpinioideae é representada por cerca de 2.250 espécies subordinadas a 171 gêneros e

quatro tribos (Lewis et al. 2005), abundantes na América do Sul, África tropical e sudeste da Ásia

e de menor representatividade em áreas temperadas (Cowan 1981).

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Em Pirambu, foi a segunda subfamília mais representativa, com 17 espécies subordinadas

a seis gêneros e três tribos. Os gêneros mais representativos foram Chamaecrista com nove

espécies e Senna com três espécies, enquanto os demais gêneros apresentaram apenas uma

espécie. Na região de estudo os representantes de Caesalpinioideae são caraterizados por

apresentarem folhas bifolioladas, pinadas (paripinadas) ou bipinadas, com algumas espécies

exibindo pontuações translúcidas nos folíolos (Hymenaea), flores diclamídias, simetria

geralmente zigomorfa (exceto em Brodriguesia, Hymenaea e Tachigali), cálice dialissépalo

(exceto em Brodriguesia), corola dialipétala, com prefloração imbricada ascendente, estames 10,

geralmente livres e frutos do tipo legume e legume nucóide.

Chave para os gêneros de Caesalpinioideae

1. Folhas bipinadas ......................................................................................... .Libidibia (L. ferrea)

1. Folhas pinadas ou bifolioladas.

2. Folíolos com pontuações translucidas na face adaxial e bordo revoluto; fruto do tipo legume

nucóide com epicarpo verrucoso .................................................. Hymenaea (H. rubriflora)

2. Folíolos sem pontuações translúcidas, bordo reto; fruto do tipo legume com epicarpo liso ou

criptosâmara.

3. Inflorescência paniculada; flores providas de hipanto.

4. Folíolos com face abaxial pubescente; pétalas amarelas, ca. 5 mm compr.; fruto do

tipo criptossâmara (indeiscente) com uma única semente localizada centralmente .......

............................................................................................... Tachigali (T. densiflora)

4. Folíolos com face abaxial glabra; pétalas brancas > 10 mm compr.; fruto do tipo

legume com mais de uma semente ....................................... Brodriguesia (B. santosii)

3. Inflorescência racemosa; flores desprovidas de hipanto.

5. Pedicelo com bractéolas; legume deiscente, com valvas espiraladas após a deiscência

................................................................................................................. Chamaecrista

5. Pedicelo desprovido de bractéolas; legume geralmente indeiscente, quando deiscentes,

com valvas não espiraladas após a deiscência ..................................................... Senna

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3.2.1. Brodriguesia R.S. Cowan, Brittonia 33(1): 9–11. 1981.

Gênero subordinado à tribo Detarieae DC., é composto por apenas uma espécie

(Brodriguesia santosii R.S. Cowan), endêmica do Nordeste do Brasil, com ocorrência restrita a

restinga da Bahia e Sergipe (Cowan 1981; Mansano & Barros 2013).

I. Brodriguesia santosii R.S. Cowan, Brittonia 33(1): 9–11, f. 1, 2A–D. 1981.

Figura 2: a, b, c, d

Arbustos ou árvores, 2–4 m alt.; ramos lenticelados, glabros a glabrescentes. Estípulas

persistentes, intrapeciolares, 1,3–1,7 mm compr., deltóides, ápice arredondado. Folhas

paripinadas; pecíolo 1,0–2,4 cm compr.; raque 2,0–5,5 cm compr.; estipelas ausentes; nectário

ausente; folíolos 2–3 pares, 2,5–9,3 × 2,0–6,0 cm, coriáceos, opostos, elípticos, base obtusa a

arredondada, ápice cuneado a arredondado, face adaxial e abaxial glabras; venação

broquidódroma. Inflorescência paniculada, axilar ou terminal; pedicelo 5,0–9,0 cm compr.;

bráctea na base do pedicelo, ca. 1 mm compr., elíptica, ápice arredondado; bractéolas na base do

cálice dos botões florais, 5–10,6 mm compr., elípticas, ápice arredondado. Flores actinomorfas,

1,7–2,2 cm compr., hipanto presente; cálice gamossépalo, verde, tubo 1,2–1,6 cm compr.,

tomentoso, 4-laciniado, lacínias elípticas a obovais, ápice arredondado; corola dialipétala, pétalas

5, brancas, 1,4–1,6 × 0,6–0,7 cm, estreitamente obovais, ápice abtuso-ondulado, face abaxial

tomentosa; estames 10, livres, adnatos ao ápice do tubo do cálice; filetes 40–55 mm compr.,

tomentosos na base; anteras ca. 1,5 mm compr.; ovário 5,5–9 mm compr., tomentoso na base e na

margem; estilete 16–45 mm compr., glabro. Legume, 8,0–14,0 × 3,5–6,0 cm, plano-compresso,

elíptico-oblongo, glabro.

Comentários: Espécie endêmica da Mata Atlântica da região nordeste do Brasil, ocorrendo na

Bahia e Sergipe (Mansano & Barros 2013). Em Pirambu, foi encontrada no ambiente de tabuleiro

costeiro caracterizado, sobretudo, pela presença de sedimento arenoso de “areias brancas”. De

acordo com Cowan (1981), Brodriguesia santosii apresenta porte robusto com até 13 m de altura

e troncos com até 80 cm diâmetro, entretanto, em Pirambu, a espécie apresenta um porte menor,

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de até 4 metros de altura. Dentre as espécies de Caesalpinoideae, B. santosii pode ser reconhecida

pelas flores de corola branca e estames com filetes longos (40-55 mm compr.).

Material examinado: Brasil, Sergipe, Pirambu: 27.IX.2012, fl. e fr., T. Carregosa et al. 266

(ASE); 27.IX.2012, fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 258 (ASE); 21.VII.2012, fr., T. Carregosa

et al. 245 (ASE); 18.IV.2011, fr., M.C. Santana 910 (ASE); 26.V.2012, fl., A.P. Prata et al. 3018

(ASE); 10.XII.1981, fl., G. Viana 301 (ASE); 26.V.2012, fr., A.P. Prata et al. 3046 (ASE);

30.VII.1980, fl., M. Fonseca s/n (ASE264); 12.VI.1977, fl., M.R. Fonseca 471 (ASE);

13.XII.1978, fl., M. Fonseca s/n (ASE669).

3.2.2. Chamaecrista Moench, Methodus 272. 1794.

Gênero pertencente à tribo Cassieae Bronn, inclui cerca de 330 espécies, tropicais em sua

maioria e com grande diversidade na América do Sul (Irwin & Barneby 1982, Lewis et al. 2005).

No Brasil ocorrem cerca de 250 espécies, das quais quase 80% (203 espécies) são consideradas

endêmicas do Brasil (Souza & Bortoluzzi 2013).

Chave para as espécies de Chamaecrista

1. Folhas com 1 par de folíolos.

2. Arbusto; estípulas caducas; nectários presentes no pecíolo; folíolos circulares a

orbiculares.............................................................................................................C. cytisoides

2. Subarbusto decumbente; estípulas persistentes; nectários ausentes no pecíolo; folíolos

oblongos a obovais................................................................C. rotundifolia var. grandiflora

1. Folhas com mais de um par de folíolos.

3. Árvore; estípulas caducas; pecíolo > 10 mm compr.; flores em racemos caulifloros

............................................................................................................................ C. ensiformis

3. Subarbusto decumbente ou ereto; estípulas persistentes; pecíolo < 8 mm compr.; flores em

racemos axilares ou terminais, mas nunca caulifloros.

4. Folhas com dois pares de folíolos.

5. Ausência de nectário extrafloral no pecíolo; indumento híspido-glanduloso

.................................................................................................................. C. hispidula

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5. Presença de nectário extrafloral no pecíolo; indumento quando presente, pubérulo,

pubescente ou setoso.

6. Raque foliar > 1,3 mm compr.; folíolos mais desenvolvidos > 10 mm compr.;

venação actinódroma .........................................................................C. desvauxii

6. Raque foliar < 1,1 mm compr.; folíolos menos desenvolvidos < 10 mm compr.;

venação acródroma............................................................................... C. ramosa

4. Folhas com mais de dois pares de folíolos.

7. Ramos eretos; estípulas lanceoladas; inflorescência supra- axilar............C. repens

7. Ramos fractiflexos; estípulas ovais; inflorescência axilar.

8. Folhas com mais de 10 pares de folíolos; pecíolo < 7 mm compr.; folíolos < 10

mm compr............................................................................................C. flexuosa

8. Folhas com até 9 pares de folíolos; pecíolo > 7 mm compr.; folíolos > 10 mm

compr. ............................................................................................ C. swainsonii

I. Chamaecrista cytisoides (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.

Gard. 35: 647. 1982.

Figura 2: e, f, g, h, i

Arbusto 1,5–3 m alt. Ramos glabros. Estípulas caducas, ca. 1 mm compr., setosas. Folhas

bifolioladas; pecíolo 0,9–2,0 cm compr.; estipela ca. 1 mm compr., setosa; nectário estipitado, ca.

2 mm compr., elevado-plano, localizado no ápice ou no centro do pecíolo e do pedicelo; folíolos

1,7–5,0 × 1,5–6,0 cm, coriáceos, opostos, circulares a orbiculares, base ligeiramente assimétrica,

ápice arredondado, face adaxial e abaxial glabrescentes; venação broquidódroma. Inflorescência

racemosa ou paniculada, terminal; pedicelo 0,5-3,0 cm compr.; bráctea na base do pedicelo, 1–

1,5 mm de compr., setosa, ápice agudo; bractéolas 2, centralmente ao pedicelo, ca. 0,8 mm

compr., setosas, ápice agudo. Flores zigomorfas, 2,5–4,0 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas

5, verdes, mais ou menos simétricas, 0,8–1,0 × 0,3–0,5 cm, oblongas, ápice arredondado a

levemente obtuso, pubérulas; corola dialipétala; pétalas 5, amarelas, 1,5–2,5 × 0,9–1,5 cm,

obovais, ápice obtuso ou arredondado; estames 10, livres; filetes 1–2 mm compr., glabros; anteras

5–6,3 mm compr. Ovário 7,5–8,7 mm compr., glabro; estilete 6,5–8,5 mm compr., glabro.

Legume, 6–8 × 1–1,2 cm, plano-compresso, glabro, com torção das valvas após a deiscência.

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Comentários: Espécie endêmica do Brasil, registrada para os estados da Bahia, Alagoas,

Pernambuco e Minas Gerais (Irwin & Barneby 1982). Em Pirambu é encontrada em tabuleiros

costeiros, de sedimento arenoso. Chamaecrista cytisoides pode ser facilmente reconhecida por

apresentar hábito arbustivo, com folhas bifolioladas e folíolos circulares a orbiculares.

Nomes populares: Carrasquinho, cascudinho, canela de veio.

Material examinado: 20.X.1981, fl. e fr. E. Carneiro 130 (ASE); 02.XI.1977, fl., M. Fonseca s.n

(ASE497); 13.VIII.1974, fr., M. Fonseca s.n (ASE17); 10.XII.1981, fl., E. Carneiro 262 (ASE);

20.IX.2011, fl., E.D. Melo et al. s.n (ASE23411).

Figura 2: Brodriguesia santosii: a. hábito. b. flor, visão frontal. c. ramo com inflorescência. d. frutos

maduros e imaturos. Chamaecrista cytisoides: e. folha. f. flores, visão frontal. g. Hábito. h. ramo com

inflorescência. i. frutos imaturos.

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II. Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip, Brittonia 3(2): 165. 1939.

Subarbusto, ca. 30–45 cm alt. Ramos pubescentes a pubérulos. Estípulas persistentes, 4,3– 14,6

mm compr., ovais, lanceoladas a oblongas, ápice obtuso, agudo ou acuminado. Folhas pinadas, 2

pares de folíolos; pecíolo 0,15–0,6 cm compr.; raque 0,15–0,3 cm compr.; estipela ca. 0,8 mm

compr.; nectário elevado côncavo, localizado abaixo do par proximal de folíolos; folíolos 0,7–2,2

× 0,2–1,0 cm compr., cartáceos, opostos, obovais ou oblanceoladas, base levemente assimétrica,

ápice arredondo a obtuso, face adaxial e abaxial glabras; venação actinódroma. Inflorescência

racemosa, axilar, 1-2 flores; pedicelo 0,9–3,3 cm compr.; brácteas persistentes, na base do

pedicelo, 1,7–3,2 mm compr., deltóides a ovais, ápice agudo; bractéolas na base do cálice, 2,5–

3,8 mm compr., deltóides a ovais, ápice agudo. Flores zigomorfas, 1,5–2,2 cm compr.; cálice

dialissépalo, sépalas 5, verdes, assimétricas, 0,7–1,3 cm compr., ovais, ápice agudo, glabro em

ambas faces; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,2–2,1 × 0,6–0,8 cm, obovais, ápice

arredondado; estames 10, livres; filetes 0,6–0,7 mm compr., glabros; anteras 5–6,5 mm compr.;

ovário 6,5–7,2 mm compr., pubescente; estilete ca. 4,5 mm compr. Legume, 2,4–3,0× 0,4–0,7

cm, plano-compresso, oblongo, pubescente.

Nomes populares: Carquejinha

Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões do Brasil (Souza &

Bortoluzzi 2013). Chamaecrista desvauxii apresenta uma circunscrição taxonômica ainda

controversa. Consideramos então, neste trabalho, a circunscrição de Irwin & Barneby (1982) que

compreende 17 variedades. Em Pirambu ocorrem às variedades Chamaecrista desvauxii var.

latifolia (Benth.) H.S.Irwin & Barneby e Chamaecrista desvauxii var. desvauxii (Collad.) Killip.,

ambas em tabuleiros costeiros.

Chave para as variedades de Chamaecrista desvauxii

1. Estípulas com mais de 10 mm de compr., ovais a oblongas e ápice agudo.. ................................

................................................................................................................ C. desvauxii var. desvauxii

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1. Estípulas com até 10 mm de compr., lanceoladas a levemente oblongas e ápice obtuso a

arredondado ............................................................................................. C. desvauxii var. latifolia

Material examinado: 13.VIII.1974, fl. e fr., M Fonseca s/n (ASE14); 13.VIII.1974, fl., M Fonseca

s/n (ASE16).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Itabaiana, 19.IX.1996, fl.e fr., M. Landim et al. 1066 (ASE);

22.VII.2006, fl., E. Córdula et al. 163 (ASE).

III. Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S. Irwin & Barneby var. ensiformis, Mem. New York

Bot. Gard.35: 642. 1982.

Figura 3: a, b, c, d

Árvore, 3–4m alt. Ramos glabros. Estípulas caducas, intrapeciolares, ca. 1 mm compr., setosas,

ápice obtuso. Folhas paripinadas; pecíolo 1,0–2,6 cm compr.; raque 3,4–6,5 cm compr.; estipela

ca. 1 mm compr., setosa, ápice agudo; nectário estipitado, ca. 1 mm de compr., localizado entre

os pares de folíolos; folíolos 2-4 pares, 2,0–8,0 × 1,7–4,1 cm, coriáceos, opostos, elípticos a

obovais, base obtusa, ápice cuneado, faces adaxial e abaxial glabras; venação broquidódroma.

Inflorescência racemosa, cauliflora; pedicelo 13,5-29,5 mm compr.; bráctea na base do

pedúnculo, 0,5–1 mm compr., deltóide, ápice agudo; bractéolas 2, centralmente ao pedúnculo,

0,8–1 mm compr., deltóides, ápice agudo. Flores zigomorfas, 1,4–2,2 cm compr.; cálice

dialissépalo, sépalas 5, verdes, simétricas, 0,3–0,7 × 0,1–0,4 cm, elípticas, ápice agudo a

cuneado, pubescente; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,0–1,5 × 0,5–0,9 cm, obovais,

ápice arredondado; estames 10, livres; filetes ausentes; anteras 3,5–5,6 mm compr., sésseis,

densamente pubescentes; óvário 2,5–4 mm compr., pubescente; estilete 3–4 mm compr.,

pubescente. Legume, 10,0–16,0 × 1,1–1,5 cm, plano-compresso, linear, glabro.

Comentários: Chamaecrista ensiformis apresenta ampla distribuição pelo Brasil, com ocorrência

no Norte (PA, AM), Nordeste (CE, BA, PI, AL, SE, PE, PB, RN, MA), Centro-Oeste (MT, GO)

e Sudeste (ES, MG, SP, RJ). Em Pirambu, foi encontrada em ambiente de tabuleiro costeiro,

caracterizado por sedimento arenoso. Pode ser facilmente diferenciada das demais espécies por

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apresentar hábito arbóreo, pecíolo ultrapassando 10 mm compr., além de inflorescência

cauliflora.

Nomes populares: Miolo-preto

Material examinado: 15.I.2013, fl., T. Carregosa & A.S. Silva 312 (ASE); 10.VII.1982, fl., E.

Carneiro 266 (ASE); 12.VI.1977, fl., M. Fonseca s/n (ASE 474).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Japaratuba, fr. e fl., A.V. Santos 75 (ASE).

Figura 3: Chamaecrista ensiformis: a. d. ramo com inflorescência. b. folha. c. flor, visão frontal.

IV. Chamaecrista flexuosa (L.) Greene var. flexuosa, Pittonia 4: 27. 1899.

Figura 4: a, b, c

Subarbusto ereto ou decumbente, até 50 cm alt. Ramos pubescentes a glabros, fractiflexos,

quadrangulares. Estípulas persistentes, 2,7–7,8 mm compr., ovais, ápice acuminado. Folhas

pinadas, 10–62 pares de folíolos; pecíolo 0,2–07 cm compr.; raque 0,7–5,6 mm; estipela ca. 1

mm compr., nectário curtamente estipitado, ca. 0,5 mm compr., localizado logo abaixo do par

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proximal de folíolos ou na região mediana do pecíolo; folíolos 0,3–1,0 × 0,08–0,2 cm, cartáceos,

opostos, oblongos-lineares, base assimétrica, ápice acuminado, pubescentes a glabros em ambas

as faces; venação acródroma. Inflorescência racemosa, axilar, 1-2 flores; pedicelo 1,0–1,6 cm

compr.; brácteas persistentes, na base do pedicelo, 2–4,3 mm compr., estreitamente deltóides,

ápice agudo; bractéolas abaixo da base do cálice 1,9–3,1 mm compr., 1,2–2,5 mm compr.,

estreitamente deltóides, ápice agudo. Flores zigomorfas, 1,4–2,1 cm compr.; cálice dialissépalo,

verde, sépalas 5, simétricas, 0,6–1,0 × 0,2–0,4 cm, ovais, agudas a acuminadas, pubescentes na

face externa; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 0,8–1,3 × 0,4–0,8 cm, obovais, ápice

arredondado; estames 10, livres; filetes ca. 1,5 mm compr., glabros; anteras 6–7 mm compr.;

ovário ca. 6 mm compr., pubescente; estilete 4-6 mm compr., encurvado. Legume, 3,2–6,0 ×

0,3–0,4 cm, plano-compresso, linear, levemente pubérulo.

Comentários: Espécie amplamente distribuída por todos os estados do Brasil. Em Pirambu

ocorre desde a área de antedunas até os tabuleiros costeiros. Essa espécie é facilmente

diferenciada das demais espécies do gênero que ocorrem na área de estudo por apresentar ramos

fractiflexos e folhas com significativo número de folíolos (10-62 pares).

Material examinado: 10.VII.2013, fl., T. Carregosa & E. Santos 384 (ASE); 22.II.2013, fl. e fr.,

T. Carregosa et al. 359 (ASE); 09.10.2012, fl. e fr., T. Carregosa et al. 279 (ASE); 13.VIII.2013,

fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos 453 (ASE); 13.VIII.2013, fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos

441 (ASE); 12.VI.1977, fr., M. Fonseca s/n (ASE472); 07.I.2013, fl., E.V.S. Oliveira et al. 152

(ASE).

V. Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard 35: 661.

1982

Figura 4: d, e, f, g, h, i

Subarbusto decumbente, 20–50 cm alt. Ramos híspido-glandulosos. Estípulas persistentes, 1,2–

1,8 mm compr., aciculares, ápice agudo. Folhas paripinadas; pecíolo, 1,4–3,5 cm compr., raque

0,3–0,8 cm compr.; nectário ausente; folíolos 2 pares, 1,0–2,5 × 0,6–2,0 cm, membranáceos,

opostos, orbiculares, base arredondada, ápice arredondado a levemente obtuso, face adaxial e

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abaxial glabrescentes; venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, terminal; pedicelo 0,9–

1,5 cm comp.; brácteas na base do pedicelo, 1–1,7 mm compr., lanceoladas, ápice agudo;

bractéolas 2, próximo ao ápice do pedicelo, ca. 1 mm compr., estreitamente deltóides, ápice

agudo. Flores 1,4–2,0 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verde-vináceas, mais ou menos

equilongas, 0,5–1,1 × 0,3–0,4 cm, elípticas, ápice agudo, híspidas na face externa; corola

dialipétala, pétalas 5, amarelas, 0,9–1,6 × 0,7–0,1 cm, obovais, ápice arredondado a levemente

ondulado; estames 10, livres; filetes 0,5–0,7 mm compr., glabros; anteras 4,5–6 mm compr.

Ovário ca. 4 mm compr., híspido; estilete 9–12 mm compr., glabro. Legume, 3,0–4,0 × 0,4–6,5

cm, plano-compresso, linear, pubescente, com tricomas híspido-glandulosos.

Comentários: No Brasil é amplamente distribuída, ocorrendo no Norte (PA, AM, RR), Nordeste

(CE, BA, AL, PI, SE, PE, PB, RN, MA), Centro-Oeste (MT, MS) e Sudeste (MG). Em Pirambu

ocorre principalmente em solos arenosos, apresentando ocorrência desde o ambiente de

antedunas até os tabuleiros costeiros. Chamaecrista hispidula pode ser facilmente reconhecida

por apresentar tricomas híspidos-glandulosos especialmente nas porções vegetativas (caule e

ramos) e reprodutivas (sépalas e frutos), além da ausência de nectário extrafloral.

Material examinado: Brasil, Sergipe, Pirambu: 27.IX.2012, fl., T. Carregosa 255 (ASE); 09.

X.2012, fl., T. Carregosa 283(ASE); 12.XII.2012, fl., T. Carregosa 332 (ASE); 22.II.2013, fl. e

fr., T. Carregosa et al. 357 (ASE); 10.VII.2013, fl., T. Carregosa & E. Santos 380 (ASE);

25.V.2012, fl., A.P. Prata et al. 3141 (ASE); 15.VI.2012, fl., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 18

(ASE); 02.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata et al. 1558 (ASE); 14.VII.2011, fl. e fr., D.M. Oliveira 130

(ASE); 22.II.2013, fl. fr., T. Carregosa et al. 359 (ASE).

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Figura 4: Chamaecrista flexuosa: a. estípula. b. hábito e flor, visão posterior. c. fruto. Chamaecrista hispidula: d.

folha. e. inflorescência. f. frutos. g. i. flor, visão frontal. h. caule e pecíolo com tricomas híspido-glandulosos.

VI. Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard 35: 884.

1982.

Figura 5: a, b, c, d, e

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Subarbusto, decumbente a ascendente, 10–25 cm alt. Ramos glabros a pubescentes. Estípulas

persistentes, recobrindo mais de 1/3 do entrenó, 2,5–5 mm compr., ovais, ápice agudo. Folhas

pinadas; pecíolo 0,7–2,4 mm compr., raque 0,4–1 mm compr.; nectário estipitado, ca. 0,6 mm

compr., localizado abaixo do par basal de folíolos; folíolos 2 pares, 0,3–0,8 × 0,16–0,4 cm,

cartáceos a coriáceos, opostos, obovais, base levemente aguda, ápice arredondado a levemente

obtuso, face adaxial e abaxial glabrescentes; venação acródroma. Inflorescência racemosa, axilar;

pedicelo 0,7–1,8 cm compr.; bractéolas 2, próximo ao ápice do pedicelo, 1,8–2,5 mm compr.,

lanceoladas, ápice agudo. Flores 1,8–2,4 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verdes-

vináceas, assimétricas, 0,6–1,3 × 0,25–0,35 cm, lanceoladas, ápice agudo, glabras; corola

dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,0–1,5 × 0,5–0,7 cm, obovais, ápice arredondado; estames 10,

livres, os 3 abaxiais ca. 1/3 maiores que os 7 centrais; filetes 0,5–0,8 mm compr., glabros; anteras

6–10 mm de compr. Ovário ca. 5 mm compr., híspido; estilete 5–8 mm, glabro. Legume, 2–3,8 ×

0,4–0,6 cm, plano-compresso, linear, pubérulo na margem e base.

Comentários: Possui uma ampla distribuição na América do Sul, tendo sido registrada na

Bolívia, Venezuela, Guiana e no Brasil (Irwin & Barneby 1982). No Brasil ocorre em todas as

regiões do País (Souza & Bortoluzzi 2013). Na área de estudo, até momento, é uma espécie

encontrada com frequência desde as antedunas até os tabuleiros costeiros, desenvolvendo-se

principalmente em locais arenosos. Chamaecrista ramosa pode ser distinguida por apresentar

hábito subarbustivo decumbente, folhas com dois pares de folíolos, estes menores que 10 mm de

comprimento.

Nome popular: carqueja-preta-de-tabuleiro

Material examinado: 21.VII.2012, fl., T. Carregosa et al. 243 (ASE); 09.V.2013, fl., T. Carregosa

et al. 370 (ASE); 09.V.2013, fl., T. Carregosa et al. 375 (ASE); 27.IX.2012, fl.e fr., T. Carregosa

& L.A.S. Santos 261 (ASE); 12.XII.2012, fl.e fr., T. Carregosa (ASE); 02.X.2008, fl. e fr., A.P.

Prata et al. 1554 (ASE); 13.XII.2005, fr., T.C. Pergentino 5 (ASE); 25.V.2012, fr., A.P. Prata et

al. 2981 (ASE); 13.VII.2011, fl. e fr., D.M. Oliveira 106 (ASE);25.V.2012, A.P. Prata et al. 3139

(ASE); 28.I.1992, fl. e fr., C. Farney et al. 2961 (ASE, RB).

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Figura 5 - Chamaecrista ramosa: a. hábito, flor e fruto. b. hábito e flor (visão frontal). c. estípulas. d. nectário

extrafloral. e. gineceu.

VII. Chamaecrista repens var. multijuga (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York

Bot. 35: 745.1982.

Figura 6: a, b, c

Subarbusto decumbente, 20–40 cm alt. Ramos pubescentes a pubérulos. Estípulas persistentes,

4,3–7,5 mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Folhas pinadas, 3–12 pares de folíolos; pecíolo

3,5–5 mm compr.; raque 4,0–0,3 cm compr.; estipela 1,5–1,7 mm compr.; nectário curtamente

estipitado, ca. 0,5 mm compr., localizado logo abaixo do último par de folíolos; folíolos 0,7–1,7

× 0,18–0,6 cm, oblongo-lineares, base assimétrica, levemente cordada, ápice arredondado e

mucronado; venação actinódroma. Inflorescência racemosa, supra-axilar, 1-2 flores; pedicelo

0,8–3,1 cm compr.; brácteas na base do pedicelo, 2,8–4,2 estreitamente deltóides, ápice agudo;

bractéolas abaixo da base do cálice, 3,2–3,7 mm compr., estreitamente deltóides, ápice agudo.

Flores zigomorfas, 1,7–2,4 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, esverdeadas, simétricas,

1,1–1,5 cm compr., estreitamente elípticas, ápice agudo, pubérulo na face externa; corola

dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,4–2,1 × 0,75–1,7 cm compr., obovais, ápice arredondado;

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estames 10, livres; filetes 0,6–1,1 mm compr., glabros; anteras 4,6–9,2 mm compr.; ovário 5,6–

6,1 mm compr., pubescente; estilete 6,5–7,5 mm compr., glabro. Legume, 2,0–4,0 × 0,35–0,5

cm, plano-compresso, linear, pubérulo.

Comentários: Espécie de ampla distribuição em todas as regiões do Brasil (Souza & Bortoluzzi

2013). Em Pirambu ocorre na área de Tabuleiro Costeiro, caracterizado pela presença de

sedimento arenoso de “areias brancas”. Chamaecrista repens pode ser facilmente reconhecida

por apresentar estípulas lanceoladas, além de inflorescência supra-axilar.

Material examinado: 09.V.2013, fl., T. Carregosa et al. 376 (ASE); 04.IV.2013, fl.e fr., T.

Carregosa et al. 362 (ASE); 09.V.2013, fl., T. Carregosa et al. 369 (ASE).

Figura 6: Chamaecrista repens var. multijuga: a. folhas. b. flor visão frontal. c. flor, visão lateral.

VIII. Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New

York Bot. Gard. 35: 732. 1982.

Subarbusto decumbente 30–40 cm alt. Ramos glabros a glabrescentes. Estípulas persistentes, 0,9–

1,7 mm compr., ovais, ápice acuminado. Folhas bifolioladas; pecíolo 2,1–3,5 mm compr.;

estipela 1–1,5 mm compr.; nectário ausente; folíolos 1,3–2,8 × 0,6–1,35 cm, cartáceos, opostos,

oblongos a obovais, base assimétrica, ápice arredondado, mucronado, glabros em ambas as faces;

venação actinódroma. Inflorescência racemosa, supra-axilar, pauciflora; pedicelo 1,5–2,1 cm

compr.; brácteas na base do pedicelo, ca. 1,5 mm compr., lanceoladas, ápice agudo; bractéolas

próximo ao ápice do pedicelo, ca. 1 mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Flores zigomorfas,

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1,6–2,45 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verdes, simétricas, 5,5–7,8 × 3,7–4,3 mm,

oval-lanceoladas, ápice agudo, esparsamente pubérulas na face externa; corola dialipétala, pétalas

5, amarelas, 0,8–1,1 × 0,5–0,75 cm, obovais, ápice arredondado; estames 5, estaminódios 2,

livres; filetes ca. 1 mm, glabros; anteras 4,2–6,3 mm compr.; ovário 3,5–3,8 mm, pubescente;

estilete 3–3,4 mm, levemente encurvado, glabro. Legume, 2,5–3,2 × 0,4–0,7 cm, plano-

compresso, linear, escassamente pubérulo.

Comentários: Apresenta ampla distribuição no Brasil, com registro para as regiões Nordeste

(AL, BA, CE, PB, PE, PI, SE), Centro Oeste (GO, MS, MT), Sudeste (ES, RJ, SP) e Sul

(Paraná), compreendendo diversos tipos vegetacionais e, sobretudo áreas perturbadas como beira

de estradas e áreas antropizadas (Souza & Bortoluzzi 2013). Em Pirambu tem registro para áreas

área de tabuleiros costeiros. Chamaecrista rotundifolia pode ser reconhecida por apresentar um

par de folíolos, além de nectário extrafloral ausente. De acordo com Irwin & Barneby (1982) são

reconhecidas duas variedades, sendo que a variedade encontrada na área de estudo (Chamaecrista

rotundifolia var. grandiflora), pode ser diferenciada de Chamaecrista rotundifolia var.

rotundifolia por apresentar flores maiores, que variam de 16 a 25 mm comprimento.

Material examinado: 12.VI.1977, fl. e fr, M.R. Fonseca s/n (ASE473).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Santo Amaro das Brotas, 14.V.2011, fl. e fr., Nascimento-Jr

et al. 959 (ASE).

IX. Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.

35: 701. 1982.

Subarbusto ereto, 40–60 cm alt. Ramos pubescentes, fractiflexos, quadrangulares. Estípulas

persistentes, 10,8–2,1 mm compr., largamente ovais, ápice acuminado. Folhas pinadas, 4-9 pares

de folíolos; pecíolo 0,7–1,6 cm compr.; raque 1,2–5,3 cm compr.; estipela 1,8–3,5 mm compr.;

nectário curtamente estipitado, ca. 0,5 mm compr., localizado próximo a base do pecíolo; folíolos

1,0–3,25 × 0,25–0,7 cm, cartáceos, opostos, oblongo-lineares, base arredondada a levemente

assimétrica, ápice cuspidado e espinescente, nervuras pubescentes em ambas as faces; venação

acródroma. Inflorescência racemosa, axilar, 1-2 flores; pedicelo 2,0–2,8 cm compr.; brácteas

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persistentes, na base do pedicelo, 4–4,5 mm compr., lanceoladas, ápice agudo; bractéolas abaixo

da base do cálice 1,9–3,1 mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Flores zigomorfas, 1,7–1,9 cm

compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verdes, simétricas, 1,0–1,1 cm compr., oval-lanceoladas,

ápice agudo, pubescente a pubérulas na face externa; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,1–

1,2 × 0,6–0,85 cm, obovais, ápice arredondado; estames 10, livres; filetes 0,6–0,7 mm compr.,

glabros.; anteras 2,1–5,5 mm compr.; ovário 4,5–4,8 mm compr., pubescente; estilete ca. 1 mm

compr., pubérulo. Legume, 3,5–6,3 × 0,45–0,5 cm, plano-compresso, linear, pubescente na

margem e base.

Comentários: Espécie endêmica da região Nordeste, ocorre nos estados da Bahia, Ceará,

Paraíba, Pernambuco e Sergipe (Souza & Bortoluzzi 2013). Em Pirambu ocorre na região de

Tabuleiros Costeiros. Chamaecrista swainsonii pode ser reconhecida por apresentar ramos

fractiflexos e folhas com 4-9 pares de folíolos.

Nomes populares: Chinani

Material examinado: 09.IX.2013, fl. e fr., T. Carregosa et al. 466 (ASE).

3.2.3 Hymanaea L. Sp. Pl. 2: 1192

Gênero subordinado à tribo Detarieae DC. é composta por 14 espécies, sendo 13

distribuídas do México à América do Sul e uma na costa leste da África (Lee & Langenheim

1975).

I. Hymenaea rubriflora var. glabra Y.T. Lee & Andrade-Lima, J. Arnold Arbor. 55(3):

444.1974.

Figura 7: a, b, c

Subarbusto ou arbusto, 1,5–3 m alt.. Ramos lenticelados, pubescentes a pubérulos. Estípulas

caducas, 1,6–1,8 mm compr., deltóides, ápice obtuso. Folhas bifoliadas; pecíolo 2,5–6,4 mm

compr.; raque ausente; estipela ausente; nectário ausente; folíolos 3,1–8,5 × 1,5–4,1 cm,

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coriáceos, opostos, elípticos ou estreitamente elípticos, base assimétrica, ápice arredondado,

cuspidado ou obtuso, assimétrico, pubescente na margem do limbo e na nervura principal da face

abaxial, superfície abaxial com pontuações translúcidas, resinosas; venação broquidródroma.

Inflorescência paniculada, terminal; pedicelo 3,9–5,9 mm compr.; brácteas caducas, na base do

pedicelo, 1,5–2 mm compr., oblongas, ápice truncado; bractéolas não vistas. Flores actinomorfas,

2,2–2,8 cm compr.; cálice dialissépalo, avermelhado, hipanto campanulado, tubo 2,1-2,5 cm

compr., pubescente a pubérulo em ambas as faces, 4-laciniado, lacínias elípticas a obovais, ápice

arredondado; corola dialipétala, pétalas 5, vermelhas ou brancas, 1,3–1,8 × 0,35–0,7 cm,

oblanceoladas, elípticas a estreitamente elípticas, ápice obtuso, glabras; estames 10, livres; filetes

2,2–3,1 cm compr., glabros; anteras 7,6–8,5 mm compr.; ovário 9,5–10,7 mm compr., glabro;

estilete 20,1–22 mm compr., glabro. Legume nucóide, 4,6–9,7 × 1,4–3,8 cm, oblongo, epicarpo

verrucoso, pontuações resinosas.

Comentários: Espécie de distribuição restrita à Mata Atlântica da região nordeste do Brasil,

ocorre de Sergipe ao Rio Grande do Norte, tendo a variedade típica deste trabalho (Hymenaea

rubriflora var. glabra) uma ocorrência ainda mais restrita, compreendendo apenas os estados de

Sergipe e Paraíba (Lima & Pinto 2013). Em Pirambu é uma das espécies mais comuns na área de

tabuleiros costeiros. Pode ser facilmente reconhecida por apresentar folhas bifolioladas, com

superfície abaxial apresentando pontuações translúcidas, resinosas, além disso, o fruto é um

legume nucóide com epicarpo verrucoso. De acordo com Lee & Lagenheim (1975) é mais

comum encontrar populações com pétalas e filetes vermelhos, entretanto algumas populações

apresentam essas estruturas na cor branca, podendo ser devido ao grau de envelhecimento da flor.

Nomes populares: Jatobá, jatobá vermelho.

Material examinado: 20.XII.1978, fl., M Fonseca s/n (ASE670); 03.IV.1984, fl. e fr., M.C.

Santana 209 (ASE); 16.I.1975, fl., M. Fonseca s/n (ASE265); 26.V.2012, fr., A.P. Prata et al.

3091 (ASE); 26.VIII.2011, fr., L.A.S Santos & R.F. Pereira 649 (ASE); 26.V.2012, fl., A.P. Prata

et al. 3042 (ASE); 03.IVI.1983, fl.., M.C. Santana 161 (ASE); 18.IV.2011, fl. e fr., M.C. Santana

905 (ASE); 04.XI.1976, fl., M Fonseca s/n (ASE394); 29.III.2011, fl., M.A. Farinaccio et al.

2011 (ASE); 09.V.2013, fl., T. Carregosa et. al. 368 (ASE); 09.X.2012, fr., T. Carregosa et. al.

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280 (ASE); 21.VII.2012, fr., T. Carregosa et. al. 239 (ASE); 09.IX.2013, fr., T. Carregosa et al.

469 (ASE).

3.2.4 Libidibia (DC.) Schltdl., Linnaea 5: 192. 1830.

Gênero pertencente à tribo Caesalpinieae Rchb., foi segregado do gênero Caesalpinia por

Lewis et al. (2005), incluindo aproximadamente oito espécies neotropicais.

I. Libidibia ferrea (Mart.) L.P. Queiroz, Legum. Caatinga 130. 2009.

Árvore 5–6 m alt. Ramos pubérulos, lenticelados. Estípulas precocemente caducas, não vistas.

Folhas bipinadas; pecíolo 1,1-2,0 cm compr.; raque 2,7–6,4 cm compr.; estipelas ausentes;

nectário ausente; pinas 7-11, opostas, 2,6–6,25 cm compr.; folíolos 9-15 pares, 5,5–13,7 × 2,6–

6,1 mm, cartáceos a coriáceos, opostos, oblongo-elípticos, base obtusa ou ligeiramente

assimétrica, ápice arredondado a obtuso, faces adaxial e abaxial glabras; venação broquidódroma.

Inflorescência paniculada, terminal; pedicelo 3,8–7,3 mm compr.; brácteas 1,8–2,3 mm, ovais,

ápice agudo; bractéolas não vistas. Flores zigomorfas 1,1–1,35 cm compr.; cálice dialissépalo,

verde, sépalas 5, simétricas, 5,8–6,2 mm compr., oblongas, ápice arredondado, pubérulo na face

externa; corola dialipétala; pétalas 5, amarelo-ouro, estandarte pintalgado de vermelho-

alaranjado, 6,5–8 × 3–5,5 mm, obovais, ápice arredondado; estames 10, livres; filetes 5,5–7,8

mm compr., dilatados, pubescentes da base até 2/3 do compr.; anteras ca. 1,5 mm compr.; ovário

4,5–5,5 mm compr., glabro; estilete ca. 6,8–7,5 mm, glabro. Legume bacóide, 2,5–5,7 × 1,1–2,0

cm compr., oblongo-compresso, glabro a glabrescente.

Comentários: Espécie endêmica da região nordeste do Brasil, apresenta distribuição da Bahia ao

Piauí (Lewis 2013). Em Pirambu Libidibia ferrea foi registrada na área de tabuleiro costeiro

caracterizado por sedimento mais argiloso. Pode ser facilmente reconhecida dentre as

Caesalpinioideae por apresentar folhas bipinadas.

Nomes populares: Pau ferro

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Material examinado: 24.III.1998, fl. e fr., A. Cruz & E. Santos 30 (ASE); 01.IV.2011, fl., D.M.

Oliveira 56 (ASE).

3.2.5 Senna Mill., Gard. Dict. Abr. (ed. 4) vol. 3. 1754.

Gênero pertencente à tribo Cassieae Bronn, compreende cerca de 300 espécies, com

distribuição circuntropical, em maior número nas Américas e expressiva representatividade na

África e Austrália e muito pouco frequente na Ásia e Oceania (Lewis et al. 2005).

Chave para as espécies de Senna

1. Folhas com 4 a 5 pares de folíolos; nectário extrafloral localizado na base do pecíolo; ...............

............................................................................................................................. S. occidentalis

1. Folhas com 2 a 3 pares de folíolos; nectário extrafloral localizado entre os pares de folíolos;

2. Subarbusto; flores com até 20 mm compr. ....................................................... S. obtusifolia

2. Arbusto; flores > 35 mm compr.

3. Nectário extrafloral localizado apenas entre os folíolos proximais; folíolos elípticos de

margem regular; legume cilíndrico ............................................................. S. splendida

3. Nectário extrafloral localizado em cada par de folíolos e na margem dos foliolos;

folíolos obovais de margem irregular; legume tetragonal ...................... S. phlebadenia

I. Senna obtusifolia (L.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 252. 1982.

Subarbusto, 0,6–1 m alt. Ramos glabrescentes a glabros. Estípulas persistentes 6,5–13,8 mm

compr., lineares a linear-lanceoladas, ápice agudo. Folhas paripinadas; pécíolo 1,0–2,6 cm

compr.; raque 0,8–3,0 cm compr.; estipela 1-1,5 mm compr.; nectário curtamente estipitado ou

séssil, fusiforme, localizado geralmente no par distal de folíolos, raro no segundo par; folíolos 2-3

pares, 1,0–6,0 × 0,5–2,75 cm compr., cartáceos, opostos, obovais, base obtusa, ápice

arredondado a cuspidado, mucronado, face abaxial curtamente serícea, venação broquidódroma.

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Inflorescência racemosa, axilar, pauciflora; pedicelo 0,6–1,9 mm compr.; bráctea na base do

pedicelo 2,7–5 mm compr.; bractéolas ausentes. Flores zigomorfas, 1,3–2,0 cm compr.; cálice

dialissépalo; sépalas 5, verdes , assimétricas, 4,7– 8,5 × 2,4–4,3 mm compr., elípticas ou

obovais, ápice arredondado a obtuso; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 8–12,5 × 4–6 mm,

obovais, ápice arredondado; estames 7, estaminódios 3, livres; filetes 0,8–3,7 mm compr.,

glabros; anteras 1,1–3,9 mm compr.; ovário 9–12,6 mm compr., pubescente; estilete 3,2–3,8 mm

compr., glabro. Legume 6,3–13,5 × 0,2–0,4 cm compr., cilíndrico, linear, reto ou curvado,

glabro.

Comentários: Espécie distribuída do Máxico à Argentina, sendo encontrada também em regiões

tropicais da Ásia e África (Irwin & Barneby 1982), no Brasil apresenta ocorrência em todas as

regiões do país (Souza & Bortoluzzi 2013). Em Pirambu foi encontrada em vegetacão secundária,

próxima ao ambiente de dunas, podendo ser reconhecida por seu hábito subarbustivo, além de

nectário extrafloral localizado geralmente no par distal de folíolos, raro no segundo par, e flores

com até 20 mm comprimento.

Nomes populares: Matapasto, fedegoso.

Material examinado: 13.VII.2011, fl. e fr., D.M. Oliveira 110 (ASE); 21.IX.2011, fl. e fr., D.M.

Oliveira 172 (ASE); 12.XII.2012, fl., T. Carregosa 329 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Japaratuba, 29.VIII.2012, fl. e fr., A.P. Prata et al. 3357

(ASE).

II. Senna occidentalis (L.) Link, Handbuch 2: 140. 1829.

Subarbusto 0,5–1 m alt. Ramos glabros, estriados verticalmente. Estípulas caducas 5-8 mm

compr., lanceoladas, ápice obtuso. Folhas paripinadas; pecíolo 2,8–4,4 cm compr.; raque 5,3–

10,0 cm compr.; estipela ausente; nectário séssil, piramidal, ca. 1,4 mm compr., localizado na

base do pecíolo; folíolos 4–5 pares, 1,8–8,0 × 0,9–3,0 cm, membranáceos, opostos, elípticos a

ovais, base arredondada a obtusa, ápice acuminado, faces adaxial e abaxial glabras; venação

broquidódroma. Inflorescência racemosa, terminal ou axilar; pedicelo 6,2–10,8 mm compr.;

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brácteas caducas, na base do pedúnculo, ca. 10 mm compr., lanceoladas, ápice agudo; bractéolas

não vistas. Flores zigomorfas, 1,5– 19 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verdes,

assimétricas, 8,4–9,5 × 3–5mm, oblongas ou obovais, ápice arredondado ou obtuso, glabras;

corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,0–1,4 × 0,4–0,6 mm, obovais, ápice obtuso a

arredondado; estames 7, estaminódios 3, livres; filetes 2,5–4,6 mm compr., glabros; anteras 3,2–

5,4 mm compr.; ovário 7,5–8,5 mm compr., pubescente; estilete 2,8–4,5 mm compr. Legume,

8,2–11,3 × 0,6–0,9 cm, plano-compresso, linear, ligeiramente encurvado, pubérulo.

Comentários: Espécie paleotropical amplamente distribuída nos neotrópicos (Irwin & Barneby

1982). No Brasil ocorre em todos estados, sobretudo como ruderal, invasora de culturas ou

associada a locais perturbados (Souza & Bortoluzzi 2013). Em Pirambu foi encontrada em

ambientes mais perturbados próximos às dunas. Diferencia-se das demais espécies por apresentar

um único nectário extrafloral localizado na base do pecíolo e folhas com 4 a 5 pares de folíolos.

Os folíolos nesta espécie apresentam um odor característico que levou a a ser popularmente

conhecida como fedegoso.

Nomes populeres: fedegoso

Material examinado: 12.XII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 321 (ASE)

Material adicional: Brasil, Sergipe: Pacatuba, 01.VI.2012, fl. e fr., D.G. Oliveira et al. 416

(ASE); Japaratuba, 29.VIII. 2012, fl. e fr., A.P. Prata et al. (ASE); Barra dos Coqueiros,

25.II.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior 765 (ASE).

III. Senna phlebadenia H.S. Irwin & Barneby, Brittonia 37(2): 192, f. 1. 1985.

Arbusto 2–4 m alt. Ramos pubescentes a pubérulos. Estípulas persistentes 7,7–16,5 mm compr.,

largamente elípticas, ápice arredondado. Folhas paripinadas; pecíolo 1,8– 9 cm compr.; raque

1,7–6,0 cm compr.; estipela 1,4-1,8 mm compr.; nectário séssil, piramidal, 1,2–1,8 mm compr.;

localizado em cada par de folíolos e na margem dos folíolos; folíolos 2-3 pares, 2,4–10,5 × 1,7–

7,3 cm compr.; cartáceos, opostos, obovais, raro elípticos, base obtusa a arredondada, ápice

obtuso a arredondado, margem irregular, face abaxial pubérula, venação broquidódroma.

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Inflorescência racemosa, terminal; pedicelo 0,8–2,7 cm compr.; brácteas caducas, na base do

pedicelo, 4–5,8 mm compr.; bractéolas ausentes. Flores zigomorfas 4,1–4,4 cm compr.; cálice

dialissépalo, sépalas 5, verdes, assimétricas, 2 externas, 6,5–7,8 × 3,8–4,3 mm, elípticas, ápice

arredondado, 3 internas 1,0–1,5 × 0,8–1,0 cm, obovais, ápice arredondado; corola dialipétala,

pétalas 5, amarelas, 1,5–2,4 × 1,1–1,4 cm, obovais, ápice arredondado; estames 7, estaminódios

3, livres; filetes 2,2–9,3 mm compr., glabros; anteras 4,8–12,2 mm compr.; ovário 1,5–2,2 cm

compr., pubescente; estilete 4,5–8,3 mm compr., pubescente. Legume, 9,1–17 × 0,6–0,7 cm,

linear, tetragonal, com constrições entre as sementes.

Comentários: Espécie endêmica do nordeste do Brasil ocorre nos estados de Alagoas, Bahia,

Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe (Souza & Bortoluzzi 2013). Em Pirambu é

registrada para a região de tabuleiro costeiro, podendo ser reconhecida pela presença de nectário

extrafloral na margem dos folíolos, além destes serem obovais de margem irregular, e legume

tetragonal.

Material examinado: 11.XI.1974, fl., M. Fonseca s/n (ASE204).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Barra dos Coqueiros, 05.XII.1997, fl., C. Amaral & E. Santos

40 (ASE); Japaratuba, 17.XII.2010, fl., C.M. Donadio 117 (ASE); Santa Luzia do Itanhy,

17.III.1982, fr., E. Carneiro 324 (ASE); Santo Amaro das Brotas, 19.II.2008, fl., J.E.

Nascimento-Júnior & T.V.P. Dantas 534 (ASE); 11.I.1978, fl. e fr., M. Fonseca s/n (ASE519).

IV. Senna splendida (Vogel) H.S. Irwin & Barneby var. splendida, Mem. New York Bot.

Gard. 35: 190. 1982.

Figura 7: d, e, f, g, h

Arbusto 2–4 m alt. Ramos glabros, levemente estriados, lenticelados. Estípulas caducas, 6–10

mm compr., lineares a oblanceoladas, ápice levemente acuminado. Folhas paripinadas; pecíolo

1,8–5,2 cm compr., raque 1,1–2,2 cm compr.; nectário curtamente estipitado, clavado, ca. 1,1 mm

compr., localizado entre o par proximal de folíolos; folíolos 2 pares, 1,5–7,0 × 1,1–3,0 cm,

cartáceos, opostos, elípticos, base levemente obtusa a arredondada, ápice arredondado a

levemente emarginado, face adaxial e abaxial glabrescentes; nervação broquidódroma.

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Inflorescência racemosa, axilar ou terminal; pedicelo 2,0–4,5 cm compr.; bráctea na base do

pedúnculo, 1,8–2,5 mm compr., lanceoladas, ápice agudo; bractéolas ausentes. Flores

zigomorfas, 5,0–7,0 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verdes, assimétricas, 0,8–1,4 ×

0,4–1,0 cm, oblongas, ápice obtuso a arredondado, glabras; corola dialipétala, pétalas 5,

amarelas, assimétricas, 2,6–3,8 × 1,4-2,7 cm, ovais, ápice arredondado a levemente retuso;

estames 7, livres, os 3 abaxiais ca. 2× maiores que os 4 centrais, 3 estaminóides; filetes 2,5–6,8

mm compr., glabros; anteras 6,6–12 mm de compr.; ovário ca. 30 mm compr., híspido; estilete 2–

3 mm compr., ligeiramente pubescente. Legume, 7,5–25,0 × 0,5–1,0 cm, cilíndrico, linear,

pubérulo na margem e base.

Comentários: As duas variedades (S. splendida var. splendida e S. splendida var. gloriosa

H.S. Irwin & Barneby) apresentam ocorrência semelhante no leste do Brasil. A variedade típica

ocorre até o Mato Grosso do Sul e Paraná (CE, BA, PI, SE, MS, ES, MG, SP, PR), enquanto S.

splendida var. gloriosa ocorre apenas até o estado de Minas Gerais. Sem registro, até o

momento, para Sergipe de acordo com Lima et al. (2013). Em Pirambu, ocorre no ambiente de

tabuleiros costeiros. Senna splendida é reconhecida por apresentar folhas pinadas com 2 pares de

folíolos de 1,5–7,0 × 1,1–3,0 cm, nectário curtamente estipitado, localizado entre o par proximal

de folíolos, além de flores grandes amarelas (5–7 cm compr.). A variedade típica pode ser

reconhecida por apresentar todas as sépalas com ápice obtuso a arredondado, assimétricas, em

que as duas mais externas são ca. 1/2 a 2/3 do comprimento das mais internas e botão floral

obtuso (Irwin & Barneby 1982, Queiroz 2009).

Material examinado: 01.X.2008, fl., A.P. Prata et al. 1514 (ASE); 13.VIII.1974, Prata, A.P. et al.

1514 (ASE); 21.VII.2012, fl., T. Carregosa et al. 246 (ASE); 09.X.2012, fl e fr., T. Carregosa et

al. 241 (ASE); 09.IX.2013, fl., T. Carregosa et al.456 (ASE).

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Figura 7 - Hymenaea rubriflora: a. inflorescência com flor. b. folha. c. fruto. Senna splendida: d. ramo com

inflorescência. e. flor, visão frontal. f. frutos; g. folha. h. flor, visão frontal e lateral.

3.2.6 Tachigali Aubl. Hist. Pl. Guiane 1: 372, pl. 143, f. 1. 1775.

Gênero de distribuição Neotropical, subordinado à tribo Caesalpinieae Rchb. na mais

recente proposta de classificação (Lewis et al. 2005).

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I. Tachigali densiflora (Benth.) L.F. Gomes da Silva & H.C. Lima, Rodriguésia 58(2): 399.

2007.

Árvore com ca. 10 m alt. Ramos providos de tricomas setosos, os mais jovens ferrugíneo-

pubérulos. Estípulas caducas, não vistas. Folhas paripinadas; pecíolo 2,17–4,8 cm compr.; raque

5,7–14,8 cm compr.; estipelas ausentes; nectários ausentes; folíolos 3–4 pares, 4,7–15,5 × 2,6–

8,4 cm compr., coriáceos, opostos, elípticos, base obtusa a arredondada, ápice cuspidado, face

abaxial pubescente; venação broquidódroma. Inflorescência paniculada, axilar ou terminal;

pedúnculo 4,5–10,4 mm compr.; brácteas não vistas; bractéolas não vistas. Flores zigomorfas, 5–

6 mm compr., hipanto presente; cálice dialissépalo, verde, 3,5–4,5 mm compr., pubescente, 5-

laciniado, lacínias ovais, ápice obtuso; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, ca. 4,5 × 0,5 mm,

estreitamente lanceoladas, ápice obtuso, margem tomentosa; estames 10, livres; filetes 4–6,5 mm

compr., tomentosos; anteras ca. 1 mm compr.; ovário 2,5–3 mm compr., tomentoso; estilete 2–2,5

mm compr., pubérulo. Criptosâmara, plano compresso, estreitamente elípticos, 6,2–10,7 × 2,3–

2,8 cm, semente única, localizada centralmente.

Comentários: Espécie endêmica do domínio Mata Atlântica, ocorrendo nas regiões nordeste

(Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Sergipe) e sudeste (Espírito Santo e Minas Gerais)

(Lima 2013). Em Pirambu Tachigali densiflora foi encontrada em ambiente de tabuleiro costeiro,

podendo ser reconhecida pela inflorescência paniculada com flores de até 6 mm de comprimento

e fruto do tipo criptosâmara com uma única semente localizada centralmente.

Material examinado: 29.VIII.1974, fl., M. Fonseca s/n (ASE42).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Itaporanga d’ajuda. 16.IX.1996, fl. e fr., M. Landim & D.

Moura 1019 (ASE); Japaratuba, 18.X.2011, fr., L.A.S. Santos et al. 627 (ASE).

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3.3 Mimosoideae

Mimosoideae apresenta cerca de 3.270 espécies agrupadas em 82 gêneros e quatro tribos,

distribuídas, sobretudo, nas regiões tropicais e subtropicais, mas com alguns gêneros ocorrendo

também em regiões temperadas (Lewis et al. 2005).

Em Pirambu essa subfamília é representada por 12 espécies, subordinadas a cinco gêneros

e duas tribos. Os gêneros com maior número de espécies foram Inga e Mimosa, com quatro

espécies cada. Em Pirambu, Mimosoideae se caracteriza pelas folhas geralmente bipinadas,

exceto em Inga que é pinada, flores com simetria actinomorfa, cálice gamossépalo e corola

gamopétala, com prefloração valvar, estames até 10 (Mimosa e Stryphnodendron) ou mais

(Abarema, Calliandra e Inga), livres ou soldados formamndo um tubo (Abarema, Calliandra e

Inga) e frutos do tipo legume, legume nucóide ou craspédio.

Chave para os gêneros de Mimosoideae

1. Folhas pinadas ....................................................................................................................... Inga

1. Folhas bipinadas

2. Subarbusto ou arbusto; nectário foliar ausente.

3. Ramos inermes; androceu com mais de 10 estames; estames parcialmente soldados; fruto

do tipo legume com deiscência elástica a partir do ápice

.................................................................................................. Calliandra (C. parvifolia)

3. Ramos geralmente armados; androceu com até 10 estames; estames completamente

livres; fruto do tipo craspédio. ................................................................................ Mimosa

2. Árvore; nectário foliar presente, abaixo do par distal de folíolos ou entre os pares de pinas e

ou de folíolos.

4. Folhas com até três pares de pinas; nectários foliares localizados entre os pares de pinas e

ou de folíolos; 1-4 pares de folíolos, com mais de 2,3 cm de compr. ................................

.............................................................................................................................. Abarema

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4. Folhas com mais de 8 pares de pinas; nectário foliar localizado abaixo do par distal de

folíolos; 10–28 pares de folíolos com até 1,5 cm de compr. ..............................................

................................................................................... Stryphnodendron (S. pulcherrimum)

3.3.1. Abarema Pittier, Arb. Legum. 56. 1927

Gênero pertencente à tribo Ingeae Benth. & Hook.f., é composto por aproximadamente 50

espécies, distribuídas nas formações florestais neotropicais (Iganci & Morim 2009, 2011). No

Brasil são registradas 23 espécies, com centro de diversidade na Amazônia e no domínio

Atlântico brasileiro (Iganci & Morim 2009, 2014).

Chave para as espécies de Abarema

1. Ramos pubescentes a pubérulos, com tricomas ferrugíneos; 2–4 pares de folíolos . ..............

.......................................................................................................................... A. cochliacarpos

1. Ramos glabrescentes a glabros; 1–2 pares de folíolos ..................................... A. filamentosa

I. Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W. Grimes, Mem. New York Bot. Gard.

74(1): 94. 1996.

Figura 8: a, b, c

Árvore ca. 4-6 m alt. Ramos lenticelados, pubescentes a pubérulos, ferrugíneos. Estípulas

caducas, não vistas. Folhas bipinadas, 2–3 pares de pinas; pecíolo 0,8–2,5 cm compr.; raque 2,0–

4,5 cm compr.; estipela ca. 2 mm compr.; nectário, suborbicular, entre os pares de pinas e/ou de

folíolos; pinas 3,0–9,5 mm compr.; folíolos 2–4 pares, 2,3–5,8 × 0,9–3,1 cm, cartáceos,

elípticos, base obtusa, ápice abtuso a arredondado, face daxial e abaxial glabras; venação

camptódroma. Inflorescência capituliforme, globosa, axilar, ca. 2,0 cm compr.; pedúnculo 3,4–

6,9 cm compr.; brácteas caducas, na base do pedicelo, ca. 1 mm compr., deltóides a ovais, ápice

obtuso; bractéolas próximas ao ápice do pedúnculo. Flores actinomorfas, subsésseis a

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pediceladas; pedicelo ca. 1 mm compr.; cálice verde, paleáceo, tubo 2,5–2,8 mm compr., 5-

laciniado, lacínias curtamente deltóides, ápice obtuso, pubérulas na margem; corola 4,4–5,8 mm

compr., verde, 5–lobada, lobos lanceolados, ápice obtuso; estames ca. 20, exsertos; filetes unidos

em tubo, 1,1–1,3 cm compr.; anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário ca. 1,5 mm, glabro; estilete 1,1–

1,2 cm compr. Legume, valvas espiraladas quando deiscente 4,0–5,5 × 0,8–1,2 cm compr.,

sementes bicolores.

Comentários: Espécie endêmica do Brasil ocorrendo nas regiões nordeste (AL, BA, CE, PE, RN

e SE) e sudeste (ES, MG, RJ, SP) compreendendo os domínios fitogeográficos da Mata Atlântica

e Cerrado (Iganci & Morim 2009; 2014). Em Pirambu ocorre na área de dunas e tabuleiro

costeiro. Abarema cochliacarpos pode ser reconhecida pelo conjunto de caracteres que consistem

nos ramos com tricomas ferrugíneos, folhas bipinadas, com até três pares de pinas e 2–4 pares de

folíolos por pina.

Nomes populares: barbatimão, olho de pombo, contas-de-Nossa-Senhora.

Material examinado: 22.II.2013, fr., T. Carregosa et al. 356 (ASE); 27.IX.2012, fr., T. Carregosa

& L.A.S. Santos 271 (ASE); 10.VII.2013, fr., T Carregosa & E. Santos 386 (ASE); 09.IX.2013,

fl., T. Carregosa et al. 468 (ASE).

II. Abarema filamentosa (Benth.) Pittier, Trab. Mus. Comercial Venezuela 2: 86. 1927.

Árvore 5–6 m alt. Ramos glabrescentes a glabros. Estípulas caducas, não vistas. Folhas

bipinadas, 2 pares de pinas; pecíolo 0,7–2,7 cm compr., raque ausente; estipela ca. 1,5 mm

compr.; nectário suborbicular, localizados entre o par de pinas e/ou de folíolos; pinas 28–48,1

mm compr.; folíolos 1–2 pares, 2,4–8,4 × 1,4–4,5 cm, obovais ou elípticos, base cuneada, ápice

obtuso ou arredondado, raro retuso, faces adaxial e abaxial glabras; venação camptódroma.

Inflorescência capituliforme, globosa, axilar ou terminal, 2,0–2,2 cm compr.; pedicelo 3,0–8,1 cm

compr.; brácteas caducas, na base do pedicelo, ca. 1,5 mm compr., deltóides a ovais, ápice

obtuso; bractéolas próximas ao ápice do pedúnculo. Flores actinomorfas, subsésseis a

pediceladas; pedicelo quando presente 0,8–1,5 mm compr.; cálice verde, paleáceo, tubo 3,1–4,9

mm compr., 5-laciniado, lacínias deltóides, ápice obtuso, pubérulas na margem; corola 5,5 – 6,9

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mm compr.; verde, 5-lobada, lobos lanceolados, ápice obtuso, pubescente no ápice; estames ca.

20, exsertos; filetes unidos em tubo, 1,9–2,2 cm compr.; anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário ca.

1,5 mm, glabro; estilete 1,8–2,0 cm compr. Legume, valvas espiraladas quando deiscente 4,8–9,0

× 1,2–2,0 cm compr., sementes bicolores.

Comentários: Espécie endêmica da Mata Atlântica nos os estados de Alagoas, Bahia, Paraíba,

Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Espírito Santo (Iganci & Morim 2014). Em

Pirambu ocorre na região de tabuleiro costeiro, de sedimento mais argiloso. Abarema filamentosa

pode ser identificada pelo seu hábito arbóreo, ramos glabros a glabrescentes, folhas bipinadas,

com 1–2 pares de folíolos por pina.

Material examinado: 27.IX.2012, fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 269 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: São Cristóvão, 26.V.1999, fl., A. Cruz & E. Santos 109

(ASE). Santa Luzia do Itanhy, 20.XII.2011, L.A. Gomes et al. 286 (ASE).

3.3.2 Calliandra Benth., J. Bot. (Hooker) 2(11): 138–141. 1840.

Gênero subordinado à tribo Ingeae Benth. & Hook., é composto por cerca de 130 espécies

com distribuição exclusivamente neotropical (Barneby 1998). No Brasil ocorrem 74 espécies, das

quais 59 são endêmicas (Souza 2014).

I. Calliandra parvifolia (Hook. & Arn.) Speg., Revista Argent. Bot. 1: 193. 1926.

Figura 8: d, e

Arbusto, 1,2–2 m alt. Ramos grabrescentes a glabros, inermes. Estípulas caducas, 1,5–2,1 mm,

setosas, ápice agudo. Folhas bipinadas, 7–13 pares de pinas; pecíolo 2,7–7,4 mm compr.; raque

8,3–50,1 mm compr.; estipela ca. 1 mm compr.; nectário ausente; pinas 0,9–2,2 cm compr.;

folíolos 13–31 pares, 1–3,5 × 0,6–0,7 mm, estreitamente oblongos, base assimétrica, ápice

obtuso, margem serreada, face adaxial e abaxial glabras; venação eucamptódroma. Legume 2,6–

5,0 × 0,6–0,7 cm, plano-compresso, linear, encurvado quando deiscente.

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Comentários: Espécie com distribuição disjunta pelos estados do Pará, Bahia, Goiás, Minas

Gerais e Rio Grande do Sul (Souza 2014). No material examinado estavam indisponíveis as

flores, no entanto, de acordo com Souza (2001) a inflorescência é umbeliforme, axilar; pedúnculo

2–10 cm compr.; brácteas duas, na porção mediana a superior do pedúnculo, ca. 1,5 mm compr.

Flores actinomorfas, pediceladas; pedicelo ca. 2 mm compr.; cálice vináceo, viloso, tricomas

granulares avermelhados, tubo, ca. 2 mm compr., 5-laciniado, lacínias ca. 1 mm compr.,

arredondadas; corola alva, tubo ca. 3 mm compr., 5-laciniada, lacínias ca. 2 mm compr., obtusas,

vilosas, com tricomas granulares; estames ca. 50, bicolores, com metade basal alva e metade

distal rósea, tubo estaminal ca. 4mm compr.; filetes livres, ca. 18 mm compr.; ovário glabro. Em

Sergipe Calliandra parvifolia ocorre nas áreas de tabuleiros costeiros podendo ser reconhecida

pelo seu hábito subarbustivo, folhas bipinadas, folíolos com até 3,5 mm de comprimento e fruto

do tipo legume.

Material examinado: 13.VIII.2013, fr., T. Carregosa & E. Santos 444 (ASE); 10.VII.2013, fr., T.

Carregosa & E. Santos 385 (ASE).

3.3.3 Inga Mill, Gard. Dict. Abr. (ed. 4) no.. 1754.

Gênero pertencente à tribo Ingeae Benth. & Hook. f., composto por 300 espécies,

encontradas nas regiões neotropicais (Lewis et al. 2005).

Chave para as espécies de Inga

1. Raque alada.

2. Flores pediceladas; corola com mais de 1,4 cm de compr.; fruto com tricomas

ferrugíneos....... ................................................................................................ I. cayennensis

2. Flores sésseis; corola com até 1,0 cm de compr.; fruto com tricomas não ferrugíneos. ..........

................................................................................................................................... I. ciliata

1. Raque não alada.

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3. Estípulas elípticas; nectário foliar ca. 1,5 mm de larg.; inflorescência < 2,5 cm de

comprimento; corola > 6 mm comprimento .......................................................... I. capitata

3. Estípulas oblongo-obovais; nectário foliar ca. 0,5 mm; inflorescência > 2,9 cm de

comprimento; corola < 6 mm comprimento. ............................................................ I. laurina

I. Inga capitata Desv., J. Bot. Agric. 3: 71. 1814.

Árvore 3–5 m alt. Ramos esparsamente lenticelados, glabros. Estípulas persistentes ou caducas,

4,7–6,5 mm compr., elípticas, glabras. Folhas paripinadas, 2 pares de folíolos; pecíolo 3–10,6

mm compr.; raque 1,2–3,1 cm compr.; estipela 1,3–3,4 mm compr.; nectário sésseis,

pateliformes, ca. 1,5 mm compr., entre cada par de folíolos; folíolos 4,3–12,2 × 3,2–6,3 cm,

coriáceos, opostos, elípticos, raramente obovais, base atenuada, ápice cuspidado, faces adaxial e

abaxial glabras; venação eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, axilar, 1,6–2,3 cm compr.;

brácteas persistentes, 1,3–1,8 mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Flores sésseis; cálice

campanulado, 3,5–5 mm compr., esverdeado, glabro, 4-laciniado, lacínias deltóides; corola

esverdeada, 6,1–8,3 mm compr., glabra, 4-laciniada, lacínias 1,5–2,3 mm compr., deltóides, ápice

agudo; estames 45–70, monadelfos; tubo estaminal 7–8 mm compr.; filetes 2,5–3,3 cm compr.;

anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário 1,5–2 mm compr., glabra; estilete 2,1–2,8 cm compr.; glabro.

Legume 5,1–9,5 × 1,9–2,5 cm, plano-compresso, estreitamente oblongo, glabro.

Comentário: Espécie de ampla distribuição no Brasil, compreendendo as regiões norte (AC,

AM, AP, PA, RO, RR), nordeste (BA, MA, PB, PE, SE) e sudeste (ES, MG, RJ e SP) (Garcia &

Fernandes 2014). Em Pirambu ocorre nas dunas e nos tabuleiros costeiros. Inga capitada pode

ser reconhecida por um conjunto de caracteres que consistem em apresentar ramos pubérulos a

glabros, raque não alada, nectário foliar ca. 1,5 mm de comprimento, inflorescência menor que

2,5 cm de comprimento e fruto glabro.

Nomes populares: ingá, ingá verdadeira, ingá de porca.

Material examinado: 25.V.2012, fr., A.P. Prata et al. 3034 (ASE); 25.V.2012, fr., A.P. Prata et al.

2986 (ASE); 31.X.2012, fl., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 141 (ASE); 19.VI.2012, fl., E.S.

Ferreira & E.V.S. Oliveira 49 (ASE).

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Material adicional: Brasil, Sergipe; Japaratuba 06.I.1997, fl., M. Landim et al. 1119 (ASE).

II. Inga cayennensis Sagot ex Benth., Trans. Linn. Soc. London 30(3): 626 1875

Figura 8: f

Arbusto ou árvore, 2–4 m alt. Ramos ferrugíneo-tomentosos. Estípulas caducas, 2,8–4 mm

compr., ovais, ápice agudo, pubescentes. Folhas pinadas, 2–4 pares de folíolos; pecíolo 0,4–1,3

cm compr.; raque 1,9–5,0 cm compr., alada; nectário curtamente estipitado, ca. 1 mm compr.,

entre cada par de folíolos; alas 5,5–28,5 × 3,4–9,7 mm, elípticas a estreitamente elípticas;

folíolos, 1,6–9,4 × 0,9–4,6 cm, coriáceos, opostos, elípticos, raramente ovais, base arredondada

ou obtusa; ápice cuspidado ou arredondado a obtuso, faces abaxial híspida; venação

broquidódroma. Inflorescência espiciforme, axilar, 2,3–4,5 cm compr.; brácteas caducas, 2,3–3,1

mm compr., ovais, ápice agudo. Flores pediceladas; pedicelo 2–2,9 mm compr.; cálice

campanulado, 6,5–8,2 mm compr., esverdeado, rufo-tomentoso 5-laciniado, lacínias

estreitamente deltóides; corola esverdeada, 1,5–2,5 cm compr., rufo-tomentosa, 5-laciniada,

lacínias ca. 2–3,5 mm compr.; deltóides, ápice agudo; estames 60–80, monadelfos; tubo

estaminal 1,7–3,1 cm compr.; filetes 3,2–5,1 cm compr.; anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário 3,1–

3,8 mm compr.; glabro; estilete 5,1–6,3 cm compr., glabro. Legume 3,8–9,5 × 0,7–1,7 cm,

plano-compresso, estreitamente oblongo, ferrugíneo, viloso.

Comentários: Espécie distribuída pelas regiões norte (AC, AM, AP, PA, RO) e nordeste (AL,

BA, MA, PE) (Garcia & Fernandes 2014). Em Pirambu Inga cayennensis ocorre na área de

tabuleiros costeiros, podendo ser identificada pela raque alada, flores pediceladas, corola rufo-

tomentosa, com mais de 1,4 cm de comprimento, e fruto apresentando tricomas ferrugíneos.

Nomes populares: ingá peluda, ingá.

Material examinado: 27.IX.2012, fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 270 (ASE); 10.VII.2013, fl. e

fr., T. Carregosa & E. Santos 383 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Itaporanga d’Ajuda, 28.III.2009, fr., J.P. Souza-Alves 9

(ASE); 09.IX.1986, fl., G. Viana 1605 (ASE). Estância, 29.IX.1981, fl., G. Viana 166 (ASE).

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Figura 8– Abarema cochliacarpos: a. Hábito. b. Inflorescência. c. fruto. Calliandra parvifolia: d. hábito. e. frutos.

Inga cayennensis: f. fruto.

III. Inga ciliata C. Presl, Symb. Bot. 2(6): 11, pl. 58. 1834.

Figura 9: a, b, c

Arbusto, 3–3,5 m alt. Ramos lenticelados, esparsamente pubescentes. Estípulas persistentes, 3,5–

9 mm compr., linear-lanceoladas, ápice obtuso, pubérulas. Folhas paripinadas, 3–4 pares de

folíolos; pecíolo 0,4–1,1 cm compr.; raque 1,5–7,5 cm compr., alada; nectário curtamente

estipitado, 0,8–1,4 mm compr., entre cada par de folíolos; alas 4,5–20 × 2,7–12,5 mm, elípticas a

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estreitamente elípticas; folíolos, 1,3–7,0 × 0,9–4,6 cm, coriáceos, opostos, elípticos, base

arredondada, raro subcordada, ápice atenuado ou retuso-mucronado, faces adaxial e abaxial

glabras; venação broquidódroma. Inflorescência espiciforme, terminal ou axilar, 1,2–2,0 cm

compr.; brácteas 2–4,3 mm compr., lineares, ápice setoso. Flores sésseis; cálice 3,2–4,5 compr.,

esverdeado, tubular, 4-laciniado, lácinias pubescentes na face externa; corola branca a

esverdeada, 6,5–9,2 mm compr., 4-laciniado, lacínias ca, 2 mm compr., deltóides, ápice setoso,

pubescente na face externa; estames 35–45, monadelfos, tubo estaminal ca. 1,2 cm de compr.;

filetes 2,2–2,7 cm compr.; anteras ca. 0,3 mm compr.; ovário ca. 2,5 mm compr, glabro; estilete

ca. 2,5 mm, glabro. Legume 4,0–9,0 × 1,0–1,8 cm, plano-compresso, pubescente.

Comentários: Espécie com distribuição disjunta no Brasil, ocorrendo no norte (PA, AM, AC),

nordeste (BA, SE, PE) e Sudeste (MG), nos domínios fitogeográficos da Floresta Amazônica e

Floresta Atlântica (Garcia & Fernandes 2014). Em Pirambu foi encontrada no ambiente de dunas,

sendo reconhecida pela presença de raque alada, flores sésseis, com corola não ultrapassando 1,0

cm de comprimento.

Nomes populares: ingá peludo, ingazinho.

Material examinado: 12.XII.2012, fl. e fr., T. Carregosa & A.S. Silva 299 (ASE); 28.I.1992, fl. e

fr., C. Farney at al. 2936 (ASE, RB); 19.VI.2012, E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 31 (ASE);

31.VII.2012, fr., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 64 (ASE).

Material adicional: Brasil. Sergipe: Barra dos Coqueiros, 25.IV.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-

Júnior 869 (ASE).

IV. Inga laurina (Sw.) Willd., Sp. Pl. 4(2): 1018. 1806.

Árvore 5–8 m alt. Ramos lenticelados, pubérulos a glabros. Estípulas persistentes 4,3–6,5 mm

compr., oblongo-obovais, ápice agudo. Folhas paripinadas; pecíolo 6–1,1 cm compr., raque 1,1–

2,3 cm compr.; estipela não vista; nectários sésseis, pateliformes, ca. 0,5 mm compr., entre cada

par de folíolos; folíolos 2 pares, 4,3–10,0 × 1,4–5,7 cm, coriáceos, opostos, elípticos a obovais,

base atenuada, ápice obtuso a cuspidado, faces adaxial e abaxial glabras, venação

eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, axilar, 2,9–6,4 cm compr.; brácteas persistentes, 2–

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2,8 mm compr., elípticas, ápice agudo. Flores sésseis; cálice campanulado, 1,7–2,1 mm compr.,

esverdeado, pubérulo, 5-laciniado, lacínias denticuladas; corola esverdeada, 3,5–5,7 mm compr.,

pubérula a glabrescente, 5-laciniada, lacínias ca. 1 mm compr., ovais, ápice agudo; estames 35–

45, monadelfos; tubo estaminal 7,3–9,1 mm compr.; filetes 1,3–1,6 cm compr.; anteras ca. 0,4

mm compr.; ovário 1,6–2,5 mm compr., glabro. Fruto legume, 3,0–6,5 × 1,3–1,9 cm, plano,

estreitamente oblongo, reto a levemente curvado, glabro.

Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões do País (Garcia & Fernandes

2014). Em Pirambu ocorre no ambiente de dunas. Inga laurina pode ser reconhecida pela raque

não alada, nectário foliar com ca. 0,5 mm de comprimento, flores sésseis, inflorescência maior

que 2,9 cm de comprimento e corola não ultrapassando 6 mm comprimento.

Nomes populares: ingazinho, ingá branco, ingá.

Material examinado: 22.II.2013, fl. e fr., T. Carregosa et al. 358 (ASE); 28.XI.1992, fl., C.

Farney et al. 2967 (ASE, RB); 24.IV.2012, fl., M.C.V. Farias et al. 110 (ASE); 05.XII.2011, fl.,

D.M. Oliveira 225 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Nossa Senhora do Socorro, 11.XI.1981, fl., G. Viana 197

(ASE). Pacatuba, 21.II.2013, fr., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 188 (ASE)

3.3.4 Mimosa L. Sp. Pl. 1: 516. 1753.

Mimosa L. é o segundo maior gênero de Mimosoideae, abrangendo cerca de 540 espécies

distribuídas predominantemente na região neotropical (Simon et al. 2011), com seus principais

centros de diversidade localizando-se na América do Sul e no Centro-sul do México (Barneby

1991, Lewis et al. 2005). No Brasil ocorrem 346 espécies das quais 259 são endêmicas (Dutra &

Morim 2014).

Chave para as espécies de Mimosa

1. Inflorescência espiciforme; flores 3-laciniadas ............................................... M. caesalpiniifolia

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1. Inflorescência capituliforme; flores 4-laciniadas.

2. Folhas com 1 par de pinas; inflorescência alva .................................................... M. sensitiva

2. Folhas com 2–muitos pares de pinas; inflorescência rósea a lilás

3. Subarbusto prostrado ou escandente com 2 pares de pinas por folha; corola até 1,5 mm

de compr.; fruto até 1,6 cm de compr.................................................................. M. pudica

3’. Arbusto com mais de 2 pares de pinas por folha; corola mais de 2 mm de compr.; fruto

com mais de 3,0 cm de compr. .............................................................................. M. pigra

I. Mimosa caesalpiniifolia Benth., J. Bot. (Hooker) 4(31): 392. 1841.

Figura 9: d, e

Arbusto, 2–3,5 m alt. Ramos lenticelados, estriados, glabros, inermes ou aculeados; acúleos

recurvados. Estípulas persistentes, 2,3–6,4 mm compr., lanceoladas, ápice agudo ou obtuso.

Folhas bipinadas; pecíolo 0,9–3,0 cm compr.; raque 0,8–4,5 cm compr.; nectário ausente; 2–3

pares de pinas; pinas 1,4–5,2 mm compr.; folíolos 2–4 pares, 1,5–5,5 × 0,8–3,9 cm, cartáceos,

elípticos a obovais, base assimétrica a arredondada, ápice obtuso, raramente arredondado, faces

adaxial e abaxial glabras; venação eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, agrupadas em

pseudorracemos, terminais ou axilares, branca, 3,6-5,8 cm compr.; brácteas 4–7,2 mm compr.,

lanceoladas, ápice agudo. Flores sésseis; cálice ca. 0,5 mm compr., branco, tubo curtamente, 3-

laciniado, lacínias glabras; corola ca. 1,8 mm compr., 3-laciniada, lacínias elípticas, ápice obtuso,

glabras; estames 6, livres; filetes 5,5–7,3 mm compr., anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário ca. 0,4

mm compr., glabro; estilete ca. 0,2 mm, glabro. Craspédio, 3,1–10,2 × 0,7–1,4 cm, reto ou

ligeiramente curvo, plano-compresso, linear, glabro; artículos retangulares, 0,8–1,2 × 0,5–1,2 cm.

Comentários: Espécie endêmica do Brasil, ocorrendo principalmente na caatinga setentrional,

distribuindo-se do Piauí ao estado de Pernambuco e estendendo-se para o Maranhão (Queiroz

2009). Em Pirambu ela foi encontrada no ambiente de tabuleiros costeiros, entretanto, em

algumas áreas, em beira da estrada, é usada como cerca-viva, o que pode ter acarretado sua

invasão em áreas de tabuleiro e adjacências. Mimosa caesalpiniifolia é caracterizada pela

presença de inflorescência espiciforme e flores 3-laciniadas.

Nomes populares: Sabiá.

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Material examinado: 27.IX.2012, fl. e fr., T. Carregosa 267 (ASE); 13.V.2011, fl., D.M. Oliveira

at al. 71 (ASE); 21.VII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 253 (ASE).

II. Mimosa pigra L., Cent. Pl. 13. 1755.

Figura 9: f, g, h, i, j, l

Arbusto, 1–2 m alt. Ramos hirsutos, aculeados; acúleos retos ou recurvados. Estípulas

persistentes, 2,8–7 mm compr., ovais, ápice agudo, hirsutas. Folhas bipinadas; pecíolo 0,4–1,6

mm compr.; raque 5,0–13,0 cm compr; nectário ausente; 4–14 pares de pinas, espículas

interpinais longas e eretas; pinas 15–58 mm compr.; folíolos 18–45 pares, 4–8 × 0,8–1,4 mm,

cartáceos, lineares, base assimétrica, ápice obtuso, face abaxial pubescente, adaxial pubérula;

venação eucamptódroma, nervuras 4, paralelas, proeminentes na face abaxial. Inflorescência

capituliforme, globosa, terminal ou axilar, rósea, ca 1,2 cm compr.; brácteas 3–4,6 mm compr.,

lanceoladas, ápice agudo; bractéolas ca. 3 mm compr., oblanceoladas, ápice setoso. Flores

curtamente pediceladas; cálice ca. 1 mm compr., esverdeado, paleáceo, tubo curtamente, 4-

laciniado, lácinias hirsutas na face externa; corola ca. 3 mm compr., 4-laciniada, lacínias

oblanceoladas, ápice obtuso, hirsutas na face externa; estames 8, livres; filetes 3,2–4 mm compr.;

anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário ca. 1,2 mm compr, hirsuto; estilete ca. 2 mm, glabro.

Craspédio 3,0–7,2 × 0,8–1,4 mm, reto ou ligeiramente curvo, plano-compresso, linear, híspido-

setoso; artículos retangulares, 0,3–0,5 × 0,8–1,3 cm.

Comentários: Dentre as espécies de Mimosa, M. pigra é uma das que apresentam mais ampla

distribuição, ocorrendo no Neotrópico e África tropical, além de ter sido naturalizada na Malásia

e na Austrália (Queiroz 2009). No Brasil, é registrada para as regiões norte (AM, AC), nordeste

(BA), centro oeste (MT, GO, MS, DF) e sudeste (MG, SP, PR, SC) (Dutra & Morim 2013). Em

Pirambu foram encontradas populações dessa espécie, em locais mais protegidos pelos fortes

ventos, adjacentes às dunas. Mimosa pigra é uma espécie rapidamente reconhecível pelo

indumento hirsuto, constituído por tricomas rígidos que revestem principalmente as partes

vegetativas (ramos, folhas) e reprodutivas (frutos), além de apresentar mais de dois pares de pinas

por folha e fruto com mais de 3,0 cm de comprimento.

Material examinado: 12.XII.2013, fl. e fr., T. Carregosa & A.S. Silva 305 (ASE).

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Material Adicional: Brasil. Sergipe: Barra dos Coqueiros, 18.XII.2008, fl., J.E. Nascimento-

Júnior, & T.V.P. Dantas 478 (ASE); 18.XII.2008, fr., J.E. Nascimento-Júnior, & T.V.P. Dantas

479 (ASE); 25.II.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior 755 (ASE).

Figura 9– Inga ciliata: a. ramo. b. folhas; c. Inflorescência. Mimosa caesalpiniifolia: d. e. ramo, com

inflorescência. Mimosa pigra: f. inflorescência. g. frutos imaturos. h. acúleo. i. folha. j. fruto maduro. l.

estípulas.

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III. Mimosa pudica L., Sp. Pl. 1: 518. 1753.

Figura 10: a, b

Subarbusto prostrado ou escandente, 0,3–0,5 m alt. Ramos pubescentes a glabrescentes, estriados,

aculeados, acúleos retos ou recurvados. Estípulas persistentes, 2,7–5,4 mm compr., lanceoladas,

ápice agudo. Folhas bipinadas, 2 pares de pinas; pecíolo 1,8–3,3 cm compr.; raque ca. 1,5 mm

compr.; nectário ausente; espículas interpinais presentes; pinas 2,3–4,7 cm compr., folíolos 12–23

pares, 4,8–8,9 × 1,4–1,8 mm compr., membranáceos, linear-oblanceolados, base assimétrica,

ápice obtuso, mucronado, faces abaxial e adaxial glabras; venação camptódroma. Inflorescência

capituliforme, globosa, terminal ou axilar, rósea, 0,8–1,1 cm compr.; brácteas 1,4–2,8 mm

compr., bractéolas não vistas. Flores róseas a lilás, sésseis; cálice 0,4–0,5 mm compr.,

esverdeado, tubo curtamente, 4-laciniado; corola 1,3–1,5 mm compr., 4-laciniada, lacínias

oblanceoladas, ápice obtuso; estames 8, livres; filetes 4,5–6 mm compr.; anteras ca. 03 mm

compr.; ovário ca. 0,5 mm compr., glabro; estilete 4–5 mm compr. Craspédio 0,8–1,6 × 0,3–0,6

cm, retos, plano-compresso, oblongo, híspido-setoso; artículos quadrangulares, 2,7–4,5 × 2,5–4,8

mm.

Comentários: Uma das espécies mais bem distribuídas do gênero, ocorrendo em todas as regiões

do Brasil, sendo considerada uma espécie invasora, frequentemente encontrada em áreas

degradadas e em beira de estrada (Dutra e Morim 2014; Queiroz 2009). Em Pirambu ela foi

encontrada em áreas mais antropizadas da restinga e dos tabuleiros costeiros. Pode ser

reconhecida por consistir em um subarbusto prostrado ou escandente, com dois pares de pinas,

que apresentam 12 – 23 pares de folíolos por pina.

Nomes populares: dormideira, meliça, melicia, dorme-dorme, arranhento.

Material examinado: 12.XII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 328 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe, Pirambu: Lagarto, 26.VIII.2010, fl. e fr., L.A.S. Santos 328

(ASE). Japaratuba, 29.VIII.2012, fl. e fr., A.P.Prata et al. 3317 (ASE).

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IV. Mimosa sensitiva L., Sp. Pl. 1: 518. 1753.

Subarbusto prostrado ou escandente, 1–1,5 m alt. Ramos pubescentes, estriados, aculeados,

acúleos recurvados. Estípulas persistentes, 3,3–5,4 mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Folhas

bipinadas, 1 par de pinas; pecíolo 1,2–4,5 cm compr.; raque ausente; nectário ausente; espículas

interpinais presentes; pinas 2,8–11,1 mm compr.; folíolos 2 pares, 1,5–5,5 × 0,5–1,7 cm,

elípticos, ligeiramente falcados, base assimétrica, subcordada, ápice acuminado, face adaxial

glabra a pubérula, face abaxial pubescente; venação eucamptódroma. Inflorescência

capituliforme, globoso, terminal ou axilar, branca, ca 7–9,5 mm compr.; brácteas 1,8–2,4 mm

compr., lanceoladas, ápice agudo; bractéolas não vistas. Flores sésseis, brancas; cálice ca. 0,8 mm

compr., esverdeado, tubo curtamente, 4-laciniado; corola 2–2,8 mm compr., 4-laciniada, lacínias

oblanceoladas, ápice obtuso; estames 4, livres; filetes 7–8 mm compr.; anteras ca. 0,5 mm

compr.; ovário ca. 1 mm compr., glabro; estilete 6–7 mm compr. Craspédio, 1,0–2,3 × 0,5–0,6

cm, reto, plano-compresso, elíptico-oblongo, híspido-setoso; artículos retangulares, 3,5–5,2 × 4–6

mm.

Comentários: Espécie distribuída por todas as regiões do Brasil, exceto a região norte (Dutra &

Morim 2013). Em Pirambu ocorre na área de tabuleiros costeiros, podendo ser identificada pela

presença de folhas com apenas 1 par de pinas e 2 pares de folíolos por pina além de

inflorescência capituliforme, alva.

Nomes populares: unha de gato, maliça, calumbi.

Material examinado: 26.VIII.2011, fl. e fr., T. Carregosa-Silva et al. 233 (ASE)

Material adicional: Brasil, Sergipe: Santa Luzia do Itanhy, 0.7.II.1996, fr., M. Landim 862

(ASE). São Cristóvão, 02.V.1997, fl. e fr., M. Landim 1215 (ASE); 21.IX.1881, fl., E. Carneiro

63 (ASE).

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3.3.5 Stryphnodendron Mart., Flora 20(2): Beibl. 117. 1837.

Stryphnodendron engloba 36 táxons, dos quais cerca de 90% ocorrem no Brasil, e

aproximadamente 50% são de distribuição restrita ao território brasileiro, ocorrendo sobretudo

em áreas de Cerrado e Floresta Atlântica (Scalon 2007).

I. Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr., Bull. New York Bot. Gard. 6(21): 274.

1910.

Figura 10: c, d

Árvore, 4–6 m alt. Ramos lenticelados, esparsamente pubescentes a glabrescentes, indumento

ferrugíneo no ápice dos ramos. Estípulas caducas, não vistas. Folhas bipinadas, 9–15 pares de

pinas, subopostas; pecíolo 26,5–49,6 mm compr.; raque 7,1–16,4 cm compr.; estipelas não vistas;

nectário cônico, localizado abaixo do par distal de folíolos; pinas 2,3 – 8,5 mm compr.; folíolos

10–28 pares, 0,4–1,2 × 0,1–0,6 cmm, estreitamente oblongos ou elípticos, base levemente

assimétrica, ápice arredondado a levemente obtuso, faces adaxial e abaxial pubérulas a glabras;

venação broquidódroma. Inflorescência espiciforme, axilar, 8,0–9,0 cm compr; pedúnculo 0,8–

2,0 cm compr.; brácteas caducas, ca. 1,7 mm compr., ovais, ápice obtuso; bractéolas não vistas.

Flores sésseis; cálice campanulado, verde-amarelado, pubescente, tubo 0,5–0,7 mm compr., 5-

laciniado, lacínias curtamente deltóides, ápice obtuso; corola 1,5–1,8 mm compr., amarela-

esverdeada, 5-lobada, lobos lanceolados, ápice obtuso, pubescentes; estames 10, livres; filetes 4-5

mm compr., glabros; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário ca. 1–1,5 mm compr., glabro; estilete ca.

2,5 mm compr. Legume nucóide, 6,7–10,5 × 0,9–1,1 cm compr., estreitamente oblongo, algumas

vezes encurvado, glabro.

Comentários: Stryphnodendron pulcherrimum é a espécie de maior distribuição do gênero

ocorrendo na região amazônica brasileira (AC, AM, AP, PA, RO, RR), em áreas de terra firme do

Mato Grosso, região centro-oeste e disjuntamente também é encontrada em área de Mata

Atlântica na região nordeste brasileira (Scalon 2007). Em Pirambu ocorre nas áreas de restinga e

tabuleiro, podendo ser identificada pelo hábito arbóreo, com folhas bipinadas, com mais de 8

pares de pinas por folha e 10 – 28 pares de folíolos.

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Nomes populares: favinha, Maria favinha, barbatimão, visgueira, farinheira, miciera.

Material examinado: 21.XII.1977, fl., M. Fonseca s/n (ASE501); 05. XII.2011, fl., D.M. Oliveira

226 (ASE); 30.V.2008, fl., C.S. Santos 378 (ASE); 04.IV.2013, fr., T. Carregosa et al. 366

(ASE); 09.IX.2013,fl., T. Carregosa et al. 467 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Japaratuba, 21.XII.1977, fl., M. Landim & V. Schettino 1121

(ASE); 10.I.2013, fl., M.C.V. Farias et al.187 (ASE).

Figura 10– Mimosa pudica: a. folhas; b. Inflorescência. Stryphnodendron pulcherrimum: c. frutos; d. hábito.

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3.4 Papilionoideae

É a maior subfamília de Leguminosae compreendendo aproximadamente 13.800 espécies,

482 gêneros e 28 tribos (Lewis et al. 2005), de ampla distribuição, ocorrendo desde florestas

úmidas até desertos secos e frios (Polhill & Raven 1981). Entretanto as tribos herbáceas são mais

frequentes em regiões temperadas, enquanto as espécies lenhosas são comuns nas regiões

tropicais (Barroso et al. 1991; Lewis et al. 2005).

Na região de estudo, Papilionoideae foi a subfamília de maior representatividade,

englobando 26 espécies reunidas em 19 gêneros e oito tribos. Os gêneros mais representativos

foram Stylosanthes (4 spp.), Crotalaria (3 spp.), Dioclea (2 spp.) e Swartzia (2 spp.), enquanto

os demais obtiveram um representante cada. Em Pirambu as espécies dessa subfamília são

caracterizadas pelas folhas simples, bifolioladas, na maioria trifolioladas, pinadas, mas nunca

bipinadas, nectários extraflorais ausentes, flores com simetria geralmente zigomorfa (exceto em

Leptolobium), cálice gamossépalo, corola com perfloração imbricada descendente, estames

geralmente 10 (exceto em Swartzia) e frutos do tipo legume, drupa, lomento ou legume

samaróide.

Chave para os gêneros de Papilionoideae

1. Folhas simples ou unifolioladas

2. Subarbusto; folhas até 6,5 cm de compr.; fruto deiscente ..................................... Crotalaria

2. Árvore; folhas mais de 8 cm de compr.; fruto indeiscente ................ Zollernia (Z. ilicifolia)

1. Folhas compostas

3. Folhas bifolioladas ou trifolioladas.

4. Folhas bifolioladas .............................................................................. Zornia (Z. latifolia)

4. Folhas trifolioladas

5. Flores amarelas

6. Estípulas bidentadas; flores agrupadas em espigas; brácteas conspícuas,

bidentadas................................................................................................Stylosanthes

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6. Estípulas inteiras; flores agrupadas em racemos; brácteas, quando conspícuas,

inteiras

7. Subarbusto escandente; flores até 8 mm de compr.; margem do fruto fortemente

constrita entre as sementes ................................... Rhynchosia (R. phaseoloides)

7. Subarbusto ereto; flores mais de 8 mm de compr.; margem do fruto inteira entre

as sementes. .......................................................................................... Crotalaria

5. Flores lilás a róseas

8. Fruto lomento .................................................................. Desmodium (D. barbatum)

8. Fruto legume

9. Flores ressupinadas, o estandarte ficando em posição inferior em relação às

demais pétalas

10. Folíolos lanceolados a linear-elípticos; inflorescência 1-2 flores; estandarte

com esporão no dorso ....................................... Centrosema (C. brasilianum)

10. Folíolos geralmente largamente elípticos ou elípticos a obovais;

inflorescência multiflora; estandarte desprovido de esporão no dorso

11. Subarbusto prostrado; flores em racemos com nodosidade conspícua;

cálice bilabiado ..................................................... Canavalia (C. rosea)

11. Subarbusto ereto; flores em racemos, com ramos laterais cimóides e

nodosidade inconspícua; cálice 5-lobado ................................................

................................................................... Periandra (P. mediterranea)

9. Flores não ressupinadas, o estandarte ficando em posição superior em relação às

demais pétalas

12. Quilha com ápice tubuloso e lateralmente torcido; fruto linear ......................

................................................................................. Vigna (V. peduncularis)

12. Quilha com ápice não torcido, levemente encurvado; fruto oblongo com

valvas lenhosas . ................................................................................ Dioclea

3. Folhas pinadas

13. Flores não papilionóides;

14. Folhas imparipinadas, raro paripinadas no mesmo indivíduo; corola ausente, ou

quando presente composta por apenas uma pétala; estames dimorfos, numerosos

(ca. 100); fruto legume .................................................................................. Swartzia

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14. Folhas paripinadas; corola composta por 5 pétalas; estames unimorfos, em número

de 10; fruto legume samaróide ........................................... Leptolobium (L. bijugum)

13. Flores papilionóides

15. Subarbusto ereto ou prostrado

16. Folhas imparipinadas; corola rósea a lilás; fruto legume ou drupa

17. Subarbusto prostrado; folíolos com pontuações glandulares amareladas na

face abaxial; legume oblongo, subcilíndrico ..................................................

............................................................................. Indigofera (I. microcarpa)

17. Subarbusto ereto; folíolos sem pontuações glandulares; legume linear,

compresso . ............................................................. Tephrosia (T. purpurea)

16. Folhas paripinadas; corola amarela; fruto lomento ................................................

......................................................................... Aeschynomene (A. viscidula)

15. Árvore

18. Folhas até 9 folíolos, glabros na face abaxial; estipelas fortemente marcadas;

fruto drupa ..................................................................... .Andira (A. fraxinifolia)

18. Folhas geralmente mais de 9 folíolos, pubescentes na face abaxial; Estipelas não

marcadas; fruto legume samaróide

19. Flores com alas ca. 2x maiores em comprimento, que as peças da quilha;

estames livres ou levemente concrescidos na base .............................................

............................................................................... Bowdichia (B. virgilioides)

19. Flores com alas de comprimento semelhante às peças da quilha; estames

monadelfos ............................................................. Lonchocarpus (L. sericeus)

3.4.1 Aeschynomene L. Gen. Fl. Pl. 1: 470. 1964.

Gênero subordinado a tribo Dalbergieae Bronn ex DC., é composto por ca. 180 espécies

que se distribuem nas regiões tropicais e subtropicais das Américas, África e Ásia (Lewis et al.

2005). No Brasil ocorrem quase 50 espécies, dispersas em todos os domínios fitogeográficos do

país (Lima et al. 2014b).

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I. Aeschynomene viscidula Michx. Fl. Bor.-Amer. 2: 74–75. 1803.

Figura 11: a, b, c

Subarbusto prostrado. Ramos híspido-glandulares. Estípulas persistentes, 3–4,5 mm compr.,

ovais a lanceoladas, ápice agudo. Folhas paripinadas, 6-10 pares de folíolos; pecíolo 4,2–9,4 mm

compr.; raque 4–12,3 mm compr.; estipelas ausentes; nectário ausente; folíolos 5,4–12,4 × 3,6–

6,9 mm compr., papiráceos, subopostos a alternos, sensitivos, obovais, base obtusa a

arredondada, ápice arredondado, face abaxial glabrescente, margem ciliada; venação

broquidódroma. Inflorescência racemosa, axilar; pedicelo 4–10 mm compr.; brácteas na base do

pedicelo, 1,4–1,8 mm compr.; bractéolas na base do cálice, ca. 1,5–1,7 mm compr. Flores 5–6,5

mm compr.; cálice verde, tubo-campanulado, pubérulo na face externa, 5-laciniado, tubo ca. 1,5

mm compr., lacínias 1,2–1,5 mm compr., deltóides, ápice obtuso; corola amarela; estandarte com

mancha vinácea centralmente 6,5–7 × 5,8–6,3 mm, suborbicular, ápice retuso, pubérulo na face

externa; alas ca. 3,5 × 2,2 mm; obovais, ápice levemente arredondado; peças da quilha 2,8–3,1 ×

2 mm, encurvadas, lanceoladas, ápice agudo; estames 10, poliadelfos (1 + 4 +1 + 4); filetes 3,5–

3,8 mm, glabros; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário ca. 2,5 mm, pubescente; estilete ca. 2 mm,

glabro. Lomento, 2–4 articulado, 7,5–17 × 2,5–4,5 mm, istmo marginal estreito, artículos

híspido-glandulares.

Comentários: Espécie com distribuição disjunta no Brasil, compreendendo os estados de

Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe (Lima & Oliveira 2014). Em Pirambu ocorre nas

áreas de dunas e tabuleiros costeiros. Aeschynomene viscidula pode ser reconhecida por

apresentar ramos híspido-glandulares, folhas paripinadas, com 6-10 pares de folíolos, além de

fruto do tipo lomento com mais de 2 artículos.

Material examinado: 12.XII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 323 (ASE); 27.IX.2012, fl. e fr., T.

Carregosa & L.A.S. Santos 254 (zASE); 18.II.2013, fl. e fr., T. Carregosa et al. 354 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Aracaju, 26.III.2012, fl. e fr., T.C. Silva & E.S. Ferreira 22

(ASE). Barra dos Coqueiros, 25.IV.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior 877 (ASE).

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3.4.2 Andira Lam. Encycl. 1: 171. 1783.

Gênero subordinado à tribo Dalbergieae Bronn ex DC, composto por 29 espécies

distribuídas nos neotrópicos e uma espécie ocorrendo também na África (Pennington 2003). O

Brasil conta com 20 espécies, com a maior diversidade nos domínios da Amazônia e Mata

Atlântica (Pennington 2003).

I. Andira fraxinifolia Benth., Comm. Legum. Gen. 44. 1837.

Figura 11: d, e. f

Árvore 4–5 m alt. Ramos ferrugíneo-pubérulos. Estípulas caducas, 0,8–1,2 mm compr.,

lanceoladas, ápice acuminado. Folhas imparipinadas, folíolos 7–9; pecíolo 1,2–5,4 cm compr.;

raque 1,6–9,7 cm compr.; estipelas 1,2–1,7 mm compr., setosas; nectário ausente; folíolos 2,5–

9,5 × 1,1–4,0 cm, coriáceos, opostos, oblongo-elípticos, base obtusa a arredondada, ápice

cuspidado, faces adaxial e abaxial glabras; venação broquidódroma. Inflorescência paniculada,

terminal ou axilar; pedicelo 2,3–6,5 mm compr.; brácteas caducas, na base do pedicelo, 1,8–2,1

mm compr., ovais, ápice obtuso; bractéolas caducas, na base do cálice, 0,6–0,9 mm compr.,

lanceoladas, ápice obtuso. Flores 1,3–1,5 cm compr., cálice vináceo, 5-dentado, tubo 5,6–6,7 mm

compr., dentes curtamentes, 0,7–1 mm compr., deltóides, ápice obtuso a arredondado; corola

lilás; estandarte centralmente esbranquiçado, 12,3–14,6 × 8,3–9,2 mm, suborbicular, ápice

emarginado; alas 10,8–11,9 × 3,14–3,5 mm, encurvadas, oblongas ou estreitamente oblongas,

ápice obtuso a arredondado; peças da quilha 10,9–11,5 × 3,4–4 mm, encurvadas, oblongas, ápice

obtuso a arredondado; estames diadelfos (9 + 1); filetes 7,2–9,5 mm compr., glabros; anteras ca.

0,6 mm compr.; ovário 4,2–5,6 mm compr., pubérulo na margem; estipe ca, 3 mm compr.;

estilete ca. 3,4–3,9 mm compr., glabro. Drupa, 2,8–3,5 × 1,7–2,5 cm, globoso a ovoide, glabro.

Comentários: Espécie endêmica do Brasil apresentando ampla ocorrência no leste do país, do

estado do Rio Grande do Sul ao Ceará (Pennington 2014). Em Pirambu foi encontrada em

ambiente de dunas fixas podendo ser reconhecida pelas folhas imparipinadas, com 7–9 foliólolos,

glabros na face abaxial e fruto do tipo drupa.

Nomes populares: angelim.

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Material examinado: 22.II.2013, fr., T. Carregosa et al. 355 (ASE); 30.X.2008, fl., C.S. Santos

366 (ASE); 19.11.2012, fl., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 160 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Itaporanga d’Ajuda, 31.X.2006, fl., M. Landim & E. Santos

1587 (ASE); Santa Luzia do Itanhy, 23.XI. 2010, fl., L.A. Gomes & E. Santos 25 (ASE).

Figura 11– Aeschynomene viscidula: a. flor, visão frontal; b. folha; c. fruto. Andira fraxinifolia: d. f. inflorescência;

e. fruto.

3.4.3 Bowdichia Kunth, Nov. Gen. Sp. (folio ed.) 6: 295. 1824.

Gênero da tribo Sophoreae, representado por apenas duas espécies, todas ocorrentes no

Brasil (Lima & Cardoso 2013).

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I. Bowdichia virgilioides Kunth, Nov. Gen. Sp. (quarto ed.) 6: 376–377. 1823.

Árvore, ca. 4–6 m alt. Ramos pubescentes a glabrescentes. Estípulas geralmente caducas, 2–2,7

mm compr., deltóide, ápice obtuso. Folhas imparipinadas, 9–15 folíolos; pecíolo 1,1–2,1 cm;

raque 2,7–9,0 cm compr.; estipelas 0,5–1,1 mm compr.; nectários ausentes; folíolos 0,8–6,7 ×

0,6–2,5 cm, coriáceos, subopostos a alternos, estreitamente elípticos, raramente ovais, base

arredondada a obtusa, ápice arredondado ou obtuso, face adaxial grabra e abaxial pubescente;

venação broquidódroma. Inflorescência paniculada, terminal; pedicelo 2–3 mm compr.; brácteas

persistentes, na base do pedicelo, 1,3–1,6 mm compr., deltóides, ápice agudo; bractéolas na base

do cálice, ca. 1 mm, deltóides, ápice agudo. Flores 1,3–1,7 cm compr.; cálice turbinado-

campanulado, vináceo, pubescente a glabrescente, principalmente nos lobos, tubo 5–7,5 mm

compr., 5-lobado, lobos ca. 3× menores que o tubo, deltóide, ápice agudo; corola lilás; estandarte

11–14 × 8,5–11 mm, suborbicular, ápice emarginado; alas 9,8–11,9 × 3,8–4,5 mm, obovais, ápice

arredondado; peças da quilha 4,4–5,6 × 2–3 mm, espatuladas a estreitamente obovais, ápice

arredondado; estames 10, livres a levemente concrescidos na base; filetes 3,5–5,7 mm, glabros;

anteras ca. 0,7 mm; ovário 3,7 -5 mm, glabrescente, ocasionalmente pubescente nas margens;

estilete 3,1–4,3 mm compr., encurvado, glabro. Legume samaróide, 2,3–10,2 × 0,6–2,0 cm,

núcleo seminífero central, ala circular, oblongo, fortemente plano-compresso, glabro.

Comentários: Espécie presente em quase todos os domínios fitogeográficos, sendo amplamente

distribuída em todas as regiões do Brasil (Lima & Cardoso 2013). Em Pirambu ocorre na região

de tabuleiros costeiros. Bowdichia virgilioides pode ser reconhecida por apresentar hábito

arbóreo, flores papilionóides, com pétalas enrugadas e alas ca. 2x maiores que as peças da quilha

e estames livres entre si ou levemente concrescidos na base.

Nomes populares: sucupira, sucupira verdadeira.

Material examinado: 04.IV.2013. fr., T. Carregosa et al. 365 (ASE); 10.X.2011, D.M. Oliveira

193 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Japaratuba, 06.I.1997, fl. e fr., M. Landim et al. 1110 (ASE);

18.I.2013, fl. e fr., M.C.V. Farias et al. 303 (ASE); 07.XI.2008.

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3.4.4 Canavalia Adans. Fam. Pl. 2: 325, 531. 1763.

Gênero subordinado à tribo Phaseoleae Bronn ex DC., é composto por aproximadamente 50

espécies de distribuição pantropical, entretanto a maior diversidade se encontra nos neotrópicos

(Queiroz 2009). Para o Brasil são registradas 17 espécies (Queiroz 2014).

I. Canavalia rosea (Sw.) DC. Prodr. 2: 404. 1825.

Subarbusto prostrado. Ramos longos, glabros. Estípulas persistentes, 2,4–3,6 mm compr., ovais,

ápice obtuso. Folhas 3-folioladas; pecíolo 3,2–6,7 cm compr.; raque 0,6–3,5 cm compr.; estipelas

ausentes; nectário ausente; folíolos 4,4–10,3 × 3,5–8,0 cm, coriáceos, largamente elípticos,

ocasionalmente obovais, base obtusa, ápice arredondado a retuso, face abaxial glabra a

glabrescente, venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, axilar, nodosidade conspícua;

pedicelo 2–3,5 mm compr.; brácteas ausentes; bractéolas ausentes. Flores ressupinadas, 2,0–2,5

cm compr.; cálice cilíndrico-campanulado, verde, pubérulo na face externa, tubo 6,7–7,5 mm

compr., bilabiado, lábio superior bilobado maior que o inferior tridentado; corola lilás; estandarte

centralmente esbranquiçado, 17,2–18,5 × 18–19,2 mm suborbicular, ápice emarginado; alas ca.

17,2–19,5 × 4,7–5,2 mm, encurvadas, lanceoladas, ápice arredondado; peças da quilha 18,2–19 ×

7–7,3 mm, ápice arredondado; estames diadelfos (9 + 1); filetes ca. 20 mm compr., glabros;

anteras ca. 1,5 mm compr.; ovário ca. 10 mm compr., pubescente; estilete ca. 10 mm compr.,

glabro. Legume, 6,1–11,5 × 1,2–2,3 cm, plano-compresso, valvas lenhosas, retorcidas na

deiscência.

Comentários: Espécie com ampla distribuição, desde a região norte a região sul do País (PA,

AL, BA, CE, MA, PB, PE, RN, SE, ES, RJ, SP) (Queiroz 2013). Em Pirambu pode ser

encontrada na área de antedunas, sendo frequente na vegetação próxima ao mar da Reserva

Biológica (REBIO) Santa Isabel. Canavalia rosea pode ser reconhecida por ser um subarbusto

prostrado, com folíolos geralmente largamente elípticos e flores em racemos com nodosidade

conspícua.

Nomes populares: Cipó da praia, salsa da praia.

Material examinado: 14.VIII.2012, fl. e fr., E.V.S. Oliveira & E.S. Ferreira 93 (ASE).

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Material adicional: Brasil, Sergipe: Aracaju, 17.II.2012, fl., E.V.S. Oliveira & et al. 78 (ASE);

17.XI.2008, fl. e fr., M.C. Santana 13639 (ASE). Barra dos Coqueiros, 18.XII.2008, fr., J.E.

Nascimento-Júnior & T.V.P. Dantas 447 (ASE)

3.4.5 Centrosema (DC.) Benth. Comm. Legum. Gen. 53. 1837.

Gênero pertencente à tribo Phaseoleae Bronn ex DC., composto por 36 espécies que se

distribuem pela América do Sul, Central e Estados Unidos, com a maioria das espécies ocorrendo

no Brasil (Lewis et al. 2005). Centrosema é semelhante e mais próxima de Canavalia e

Periandra, ambos compartilhando as flores ressupinadas e integrando a tribo Phaseoleae, mas

diferentemente destas, Centrosema apresenta estandarte com dorso calcarado.

I. Centrosema brasilianum (L.) Benth. var. brasilianum., Comm. Legum. Gen. 54. 1837.

Figura 12: a

Erva prostrada a volúvel. Ramos avermelhados, glabros. Estípulas persistentes, 2,5–3,5 mm

compr., deltóides, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo 4,5–18,7 mm compr., raque 4–13

mm compr.; estipelas 1–2,3 mm compr., setosas; nectários ausentes; folíolos 1,6–6,0 × 0,5–3,8

cm, papiráceos a cartáceos, lanceolados a linear-elípticos, base obtusa, arredondada ou levemente

subcordada, ápice retuso a arredondado, mucronado, faces adaxial e abaxial glabrescentes;

venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, com ramos laterais cimóides, terminal ou

axilar, 1–2 flores; pedicelo 1,2-2,1 cm compr.; brácteas 2, centralmente no pedicelo, 1,6–2,6 mm

compr., ovais, ápice agudo, bractéolas 2, na base do cálice, 11–15 mm compr., ovais, ápice

agudo. Flores ressupinadas, 2,0–3,0 cm compr.; cálice verde, campanulado, pubérulo, tubo 3,5–

4,9 mm compr., 5-laciniado, lácinia deltóide, ápice agudo; corola lilás; estandarte com mancha

amarela centralmente, 19–31 × 22–34 mm, suborbicular, ápice emarginado, pubescente na face

abaxial, calcarado no dorso; alas 12–17 × 0,45–0,6 mm, estreitamente obovadas, ápice

arredondado; peças da quilha 1,3–1,9 × 10–13 cm, obovais, ápice arredondado; estames diadelfos

(9+1); filetes 22–26,5 mm compr., glabros; anteras ca. 1 mm compr.; ovário 11–13,5 mm compr.,

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pubescente; estilete 10,4–13 mm compr., pubescente. Fruto legume, 8–13 × 0,3–0,5 cm, plano

compresso, reto, margem pubérula, com torção das valvas após a deiscência.

Comentários: No Brasil é amplamente distribuída em todas as regiões, ocorrendo em diversos

tipos de vegetação e em áreas antropizadas (Souza 2013). Em Pirambu, até o momento, ocorre

desde o ambiente de dunas até os tabuleiros costeiros. É possível diferenciar Centrosema.

brasilianum das demais espécies, por consistir em uma erva prostrada a volúvel, com flores

ressupinadas e estandarte calcarado no dorso.

Material Examinado: 21.VII.2012, fl. e fr., T. Carregosa et al. 242 (ASE); 27.IX.2012, fl. e fr., T.

Carregosa & L.A.S Santos 263(ASE); 15.I.2013, fl. e fr., T. Carregosa & A.S. Santos 341 (ASE);

4.XI.1976, fl., M.R. Fonseca s/n (ASE393); 07.I.2013, 13.XII.2005, fr., T.C. Pergentino 6 (ASE);

01.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata et al. 1510 (ASE); 25.V.2012, fl. e fr., A.P. Prata et al. 2984

(ASE); 02.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata et al. 1563 (ASE).

3.4.6 Crotalaria L. Sp. Pl. 2: 714. 1753.

O gênero Crotalaria é o terceiro maior gênero de Papilionoideae e o único com

representantes nativos da tribo Crotalarieae (Benth.) Hutch. no Brasil (Flores & Miotto 2005). É

formado por cerca de 690 espécies, distribuídas, sobretudo nas regiões tropicais e subtropicais,

com centro de diversidade na África (Lewis et al. 2005).

No Brasil são reconhecidas 42 espécies, das quais 31 são nativas, 19 são endêmicas e 11

são exóticas (Flores 2014). As espécies de Crotalaria podem ser encontradas em diferentes tipos

de hábitats, devido em parte a sua considerável plasticidade, que permite que se adaptem a

diversas condições ambientais, sendo algumas das espécies consideradas oportunistas e muito

comuns em locais antropizados e como invasoras de culturas (Flores & Miotto 2005).

Chave para as espécies de Crotalaria

1. Folhas 3-folioladas, folíolos até 2 cm de comprimento ........................................ C. holosericea

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1. Folhas simples, mais de 2 cm de comprimento

2. Alas internodais ausentes; folíolos com indumento apenas na face abaxial; flores > 1,8 cm

................................................................................................................................... C. retusa

2. Alas internodais presentes, decorrente no entrenó; folíolos com indumento nas duas faces;

flores < 1,1 cm .................................................................................................. C. stipularia.

I. Crotalaria holosericea Nees & C. Mart., Nova Acta Phys.-Med. Acad. Caes. Leop.-Carol.

Nat. Cur. 12: 26. 1824.

Figura 12: b, c, d, e

Subarbusto, ca. 30–60 cm alt. Ramos densamente pubescentes, canescentes. Estípulas

persistentes, 1,5–2 mm compr., lineares, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo 5,3–13,1 mm

compr.; raque 0,7–1,8 mm compr., estipelas ausentes; nectário ausente; folíolos 9–18,8 × 6–10,5

mm, cartáceos, opostos, elípticos, base obtusa a arredondada, ápice obtuso, ligeiramente

mucronado, faces adaxial e abaxial pubescentes, canescentes; venacão broquidódrona.

Inflorescência racemosa, terminal; pedicelo 3–4 mm compr.; brácteas 2–2,5 mm compr., linear-

lanceoladas, ápice agudo; bractéolas 0,7–1 mm compr., na base do cálice, lineares, ápice agudo.

Flores 1,1–1,4 cm compr.; cálice campanulado, tubo 2,8–3,5 mm compr., 5-laciniado, lacínias ca.

2× mais longas que o tubo, lanceoladas, ápice agudo; corola amarela; estandarte com mancha

acastanhada na base, 8,8–10 × 9–10,1 mm, suborbicular, ápice emarginado; alas 9–10,2 × 3,2–3,6

mm, oblongas, ápice arredondado; peças da quilha 10–12 × 3,8–4,2 mm, falcadas, ápice agudo;

estames 10, monadelfos; filetes 6–7 mm compr., glabros; anteras 0,8–1,3 mm compr.; ovário 4–

4,5 mm compr., pubescente; estilete 8,9–10,8 mm compr., encurvado, glabro. Fruto legume 1,5–

1,8 × 0,5–0,65 cm, cilíndrico-oblongo, pubescente.

Comentários: Espécie endêmica da região nordeste, no domínio da Caatinga, ocorrendo nos

estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe (Flores 2014). Em Pirambu ocorre na

região de tabuleiro costeiro caracterizado por sedimento de “areias brancas”. Crotalaria

holosericea pode ser reconhecida por apresentar folhas 3-folioladas, com folíolos medindo até 2

cm de comprimento.

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Material examinado: 09.I.1977, fl. e fr., M. Fonseca s/n (ASE439); 09.V.2013, fl., T. Carregosa

et al. 374 (ASE); 27.09.2012, fl. e fr., T. Carregosa & L.A.S Santos 260 (ASE).

II. Crotalaria retusa L., Sp. Pl. 2: 715. 1753.

Subarbusto ca. 0,6–1 m alt. Ramos pubescentes, canescentes. Estípulas geralmente caducas, 1,7–

2,5 mm compr., lineares, ápice agudo. Folhas simples, 2,2–6,4 × 0,6–2,2 cm, subsésseis,

oblanceoladas ou oblongo-obovais, base cuneada, ápice arredondado a retuso, face abaxial

pubescente; venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, terminal; pedicelo 5,3–8 mm

compr.; brácteas 2–2,5 mm compr., lineares, ápice agudo; bractéolas 1–1,5 mm compr., no meio

do pedicelo, lineares, ápice agudo. Flores 1,9–2,8 cm compr.; cálice campanulado, tubo 4,4–6,4

mm compr., 5-laciniado, lacínias ca. 1,5× mais longas que o tubo, deltóides a estreitamente

deltóides, ápice agudo, pubérulas; corola amarela; estandarte 1,5–1,8 × 1,6–1,8 cm, suborbicular,

ápice retuso; alas 1,3–1,5 cm compr., oblongas, ápice arredondado; peças da quilha 1,3–1,6 cm

compr., falcadas, ápice agudo, levemente torcido; estames 10, monadelfos; filetes 7,8–9 mm

compr., glabros; antera 1–3 mm compr.; ovário 6,7–8 mm compr., glabro; estilete 10–13 mm

compr., encurvado na base, glabro. Fruto legume, 1,9–4,3 × 0,7–1,6 cm, cilíndrico-oblongo,

glabro.

Comentários: No Brasil é uma espécie naturalizada, sendo registrada para as regiões norte (PA),

nordeste (BA, MA, PI), sudeste (MG, RJ, SP) e sul (PR, RS, SC) (Flores 2013). Em Pirambu foi

encontrada em área de restinga mais antropizada. Crotalaria retusa pode ser reconhecida pela

ausência de alas internodais, além de folhas simples e flores que ultrapassam 18,5 mm

comprimento.

Nomes populares: gergelim bravo, guiso de cascavel.

Material examinado: 14.XIII.2012, fl. e fr., E.V.S. Oliveira & E.S. Ferreira 95 (ASE);

19.XIII.2000, fl. e fr., G. Viana s/n (ASE7388).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Aracaju, 02.IX.2004, fl., C. Almeida 16 (ASE); Barra dos

Coqueiros, 10.VIII.2011, fl. e fr., A.P.Prata et al. 2752 (ASE).

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III. Crotalaria stipularia Desv. J. Bot. Agric. 3: 76. 1814.

Figura 12: f, g, h

Subarbusto, ca. 11–23 cm alt. Ramo pubescentes, canescentes a amarelos. Estípulas ausentes;

alas internodais, 0,35–4,5 × 0,45–2,0 cm compr., parte livre falcada. Folhas simples, 0,8–6,0 ×

0,3–2,9 cm, elípticas a estreitamente elípticas, base cuneada, ápice arredondado a obtuso,

mucronado, faces adaxial e abaxial pubescentes; venação broquidródroma. Inflorescência

racemosa, pauciflora; pedicelo 3–5 mm compr., brácteas 3,5–5,1 mm compr., linear-lanceoladas,

ápice agudo; bractéolas 3,3–4 mm compr., linear-lanceoladas, ápice agudo, localizadas na base

do cálice. Flores 8–10,5 mm compr.; cálice campanulado, tubo 2–2,7 mm compr., 5- laciniado,

lacínias ca. 2x mais longas que o tubo, as 2 superiores unidas até a metade, lanceoladas, ápice

agudo. Corola amarela; estandarte 5,2–6,5 × 5–5,8 mm, obovado, ápice arredondado; alas 4–5 ×

1,9–2,2 mm, oblongas, ápice arredondado; peças da quilha 4,5–5,6 × 2,3–3,1 mm, falcadas, ápice

agudo, levemente torcido; estames 10, monadelfos; filetes ca. 3 mm compr., glabros; anteras 0,7–

1,5 mm; ovário 3–4mm compr., glabro, curtamente estipitado; estilete ca. 5 mm compr., reto,

glabro. Legume, 1,5–3,4 × 0,6–1,5 cm, cilíndrico-oblongo, glabro.

Comentário: No Brasil Crotalaria stipularia apresenta distribuição ampla, não ocorrendo apenas

na região sul do país (Flores 2014). Em Pirambu foi encontrada em ambiente de Tabuleiro

Costeiro, podendo ser facilmente reconhecida pela presença de alas internodais, com parte livre

falcada, além de folhas simples com indumento em ambas as faces.

Nomes populares: guiso de cascavel.

Material examinado: Brasil, Sergipe, Pirambu: 13.VIII.2013, fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos

450 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Lagarto, 26.VIII.2010, fl. e fr., L.A.S. Santos 327 (ASE);

Santa Luzia do Itanhy, 28.VI.2011, fl. e fr., L.A. Gomes et al. 165 (ASE).

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Figura 12: Centrosema brasilianum: a. ramo com inflorescência e flor. Crotalaria holosericea:

b.hábito e flor, vista frontal; c. flor, vista lateral. d. cálice; e. fruto. Crotalaria stipularia: f. hábito e flor;

g. flor, vista lateral; h. fruto em vista lateral.

3.4.7 Desmodium Desv. J., Bot. Agric. 1(3): 122, pl. 5, f. 15. 1813.

Gênero subordinado à tribo Desmodieae (Benth.) Hutch., composto por aproximadamente

275 espécies de distribuição predominantemente pantropical (Lewis et al. 2005). No Brasil

ocorrem 33 espécies (Lima et al. 2014c).

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I. Desmodium barbatum (L.) Benth., Pl. Jungh. 2: 224. 1852.

Figura 12: a, b, c

Subarbusto prostrado, 20–40 cm de alt. Ramos seríceos. Estípulas persistentes, 4,5–10,5 mm

compr., estreitamente deltóides, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo 4,2–12,4 mm compr.,

raque 3,1–6,7 mm compr.; estipelas 1–2,8 mm, setosas, ápice agudo; nectários ausentes; folíolos

0,7–3,8 × 0,4–1,2 cm, cartáceos, elípticos a estreitamente elipticos, base arredondada, obtusa ou

subcordada, ápice obtuso ou arredondado, geralmente mucronado; venação camptódroma.

Inflorescência racemosa, terminal e axilar; pedicelo 5,2–7 mm compr.; brácteas persistentes, 5,5–

6,8 mm compr., estreitamente deltóides a lanceoladas, ápice agudo; bractéolas ausentes. Flores

3,8–5 mm compr.; cálice campanulado, verde, pubescente na face externa, tubo 2,7–3,8 mm

compr., 5-laciniado, lacínias estreitamente deltóides, ápice agudo; corola lilás; estandarte 2,6–4,5

× 1,8–3 mm, obovado, ápice emarginado; alas ca. 4,3 × 2,5 mm, oblongas, ápice arredondado;

peças da quilha 4,5 × 3 mm, oblongas, ápice arredondado; estames diadelfos (9+1); filetes 4,5–

6,3 mm encurvados, glabros; antera ca. 0,3 mm compr.; ovário ca. 4 mm compr., pubescente;

estilete ca. 2,5 mm compr. Lomento com sutura superior reta, inferior sinuosa, 2–5 artículos,

quadrangulares, plano compressos, pubescente.

Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões e por todos os estados do

Brasil (Lima et al. 2014c). Em Pirambu pode ser encontrada tanto nas imediações das dunas na

planície costeira como no ambiente de tabuleiros costeiros, em áreas mais antropizadas. O

conjunto de caracteres que permitem a identificação de Desmodium barbatum são as folhas

trifolioladas, flores lilás a róseas e fruto do tipo lomento, com 2-5 artículos.

Material examinado: 13.VIII.2013, fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos 449 (ASE); 13.VIII.2013,

fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos 447 (ASE); 05.XI.2012, fr. e fl., E.V.S. Oliveira & E.S.

Ferreira 136 (ASE); 06.XII.1976, fl. e fr., M. Fonseca s/n (ASE410); 14.VII.2011, fl. e fr., D.M.

Oliveira 127 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Barra dos Coqueiros, 25.IV.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-

Júnior 870 (ASE); 18.XII.2008, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior & T.VP. Dantas 422 (ASE).

Santo Amaro das Brotas, 19.XII.2008, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior & T.V.P. Dantas 500

(ASE).

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3.4.8 Dioclea Kunth, Nov. Gen. Sp. (quarto ed.) 6: 437. 1823[1824].

Gênero pertencente à tribo Phaseoleae Bronn ex DC., composta por 40 espécies

distribuídas pela América do Sul, principalmente no Brasil, América Central e Ásia (Lewis et al.

2005).

Chave para as espécies de Dioclea

1. Raque foliar > 6 mm compr.; legume com indumento hirsuto ferrugíneo .......... . D. violacea

1. Raque foliar < 5 mm compr.; legume com indumento tomentoso e canescente ..............

...................................................................................................................................... D. virgata

I. Dioclea violacea Mart. ex Benth. Comm. Legum. Gen. 69. 1837.

Figura 13: d, e

Liana. Ramos pubescentes a glabrescentes. Estípulas geralmente caducas, 9,6–15,9 mm compr.,

lanceoladas, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo 4,6–9,3 cm compr.; raque 0,6–2,6 cm

compr.; estipelas 1,3–5,2 mm compr., setosas, ápice agudo; nectários ausentes; folíolos 6,0–11,0

× 5,0–8,7 cm, cartáceos a coriáceos, elípticos a largamente elípticos ou obovais, base

arredondada a cordada, ápice acuminado a arredondado, face adaxial glabra e abaxial pubérula;

venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, axilar ou terminal, nodosa; pedicelo 2,5–4,2

mm compr.; brácteas na base do pedicelo, 1–2 mm compr., ovais, ápice arredondado; bractéolas

na base do cálice, 2,5–4 mm compr., suborbicular, ápice arredondado. Flores 1,8–2,0 cm compr.;

cálice campanulado, vináceo, pubescente, tubo 6,5–7,4 mm compr.; 5-laciniado, deltóides, 2

lacínias superios conatas até a metade; corola lilás a roxa; estandarte com mancha amarelo-

esbranquiçada centralmente, 1,3–1,5 × 1,7–1,8 cm, suborbicular, ápice emarginado; alas 1,3–1,5

× 0,7–0,9 cm, obovais, ápice retuso; peças da quilha 7,5–9,7 × 4,5–4,8 mm, falcadas; estames

diadelfos (9+1); filetes 6,7–10,3 mm compr., encurvados, glabros; antera ca. 1 mm compr.;

ovário ca. 4,8–5,7 mm compr., pubescente; estilete 5,7–6,8 mm compr., encurvado na base,

dilatado. Legume 6,5–13,0 × 2,0–4,6 cm, oblongo, compresso, hirsuto, tricomas ásperos e

ferrugíneos, valvas lenhosas.

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107

Comentários: No Brasil é amplamente distribuída por todas as regiões exceto a região norte

(BA, PE, PI, SE, MS, ES, MG, RJ, SP, PR, RS, SC) (Queiroz 2014). Em Pirambu ocorre na área

de tabuleiro costeiro, podendo ser reconhecida por apresentar folhas com raque > 6 mm compr. e

fruto com indumento áspero e ferrugíneo.

Nomes populares: olho de boi, mucunã.

Material examinado: 25.V.2012, fl., A.P. Prata et al. 3148 (ASE); 03.VII.2008, fl., C.S. Santos

150 (ASE); 26.VIII.2012, fr., T. Carregosa-Silva et al. 236 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Siriri, 05.X.2012, fl., L.A. Gomes et al. 833 (ASE);

Itaporanga d’ Ajuda, 20.X.2008, fr., I.S. Matos et al. 87 (ASE)

II. Dioclea virgata (Rich.) Meded. Bot. Mus. Herb. Rijks Univ. Utrecht 52: 69. 1939.

Figura 13: f

Liana. Ramos pubescentes. Estípulas persistentes, 1,5–2 mm compr., deltóides, ápice agudo.

Folhas 3-folioladas; pecíolo 1,5–7,5 cm compr., raque 2-5 mm compr.; estipelas 1–1,3 mm

compr., setosas, ápice agudo; nectário ausente; folíolos 4,0–9,5 × 2,7–6,3 cm, papiráceos a

cartáceos, elípticos, base obtusa a arredondada, ápice cuneado, faces adaxial e abaxial pubérulas;

venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, axilar, nodosa; pedicelo 1,5–4,0 cm compr.;

brácteas na base do pedicelo, 1–1,4 mm compr., deltóides, ápice agudo; bractéolas na base do

cálice, 0,4–0,6 mm compr., deltóides, ápice arredondado. Flores 1,5–2,4 cm compr.; cálice

campanulado, roxo, tubo 1,0–1,23 cm compr., 5-laciniado, lacínias deltóides, ápice agudo, as 2

lacínias superiores conatas; corola lilás a roxa; estandarte com mancha amarelo-esbranquiçada

centralmente, 1,5–2,3 × 1,4–2,2 cm, largamente oval a suborbicular, ápice retuso a emarginado;

alas 11,8–14,2 × 4,5–5,6 mm, elípticas, ápice arredondado a levemente ondulado; peças da

quilha, 11,7–13,8 × 6,6–7,8 mm, obovais, ápice arredondado; estames diadelfos (9+1); filetes

8,5–10,2 mm compr., glabros; anteras ca. 0,9 mm compr.; ovário 7,6–8,4 mm compr.,

pubescente; estilete 3,6–4 mm, glabro. Legume, 4,0–11,5 × 1,2–2,0 cm, plano compresso,

tomentoso, canescente, leve torção das valvas após a deiscência.

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108

Comentários: Dioclea virgata apresenta ampla distribuição, ocorrendo desde o norte ao sudeste

(PA, AM, AP, TO, BA, PI, SE, PE, PB, SE, MA, MT, GO, ES, MG, SP, RJ) (Queiroz 2014). Em

Pirambu pode ser encontrada no ambiente de dunas fixas, podendo ser reconhecida por apresentar

raque foliar menor que 5 mm de compr. e fruto tomentoso-canescente.

Material examinado: 12.XII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 298 (ASE); 27.IX.2012, fl. e fr., T.

Carregosa & L.A.S. Santos 263(ASE); 09.X.2012, fl., T. Carregosa et al. 287 (ASE); 15.I.2013,

fl. e fr., T. Carregosa & et al. 308 (ASE); 28.I.1992, fl. e fr., C. Farney at al. 2968 (ASE, RB).

Figura 13: Desmodium barbatum a. b. folha; c. flor, vista frontal. Dioclea violacea: d. e. inflorescência;

Dioclea virgata: f. visão frontal.

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109

3.4.9 Indigofera L. Sp. Pl. 2: 751. 1753

Gênero subordinado a tribo Indigofereae, compreende aproximadamente 700 espécies

distribuidas nas regiões tropicais e subtropicais (Lewis et al. 2005). Para o Brasil são

reconhecidas 13 espécies (Miotto & Iganci 2013).

I. Indigofera microcarpa Desv. Ann. Sci. Nat. (Paris) 9: 409. 1826.

Figura 14: a, b, c, d

Subarbusto prostrado. Ramos irradiando frequentemente de um xilopódio, pubescentes a

glabrescentes. Estípulas caducas, 2,3–3,2 mm compr., linear-lanceoladas, ápice agudo. Folhas

imparipinadas, 5–9 folíolos; pecíolo 1,4–4,5 mm compr.; raque 3,1–16,5 mm compr.; estipelas

ca. 0,5 mm compr.; nectários ausentes; folíolos 2,4–9,5 × 1,7–5,8 mm, cartáceos, obovais, base

cuneada, ápice arredondado a retuso, mucronado, faces adaxial e abaxial pubescentes, abaxial

com pontuações glandulares amareladas; venação broquidódroma. Inflorescência racemosa,

axilar; pedicelo ca. 1mm compr.; brácteas 1,7–2 mm compr.; bractéolas ausentes. Flores 4,5–5,6

mm compr.; cálice gamossépalo, campanulado, esverdeado, densamente pubescente; tubo 1,1–1,6

mm compr., 5- laciniado, lacínias do mesmo tamanho do tubo; corola rósea a lilás; estandarte

4,5–5,2 x 2,5–2,8 mm compr., obovado, ápice arredondado; alas 4,5–5,6 × 1–1,3 mm, oblongo-

lanceoladas, ápice agudo; peças da quilha ca. 4,5–5 × 1–1,2 mm compr., lanceoladas, ápice

agudo; estames diadelfos (9+1); filetes 1,5–2,3 mm, glabros; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário

1,5–1,7 mm compr., pubescente a pubérulo; estilete 1,4–1,7 mm compr., encurvado, glabro.

Legume, 4,8–9,1 × 2–2,5 mm, oblongo, subcilíndrico, pubescente.

Comentários: Espécie endêmica do Brasil, compreendendo os domínios da Caatinga e Mata

Atlântica, nas regiões nordeste (AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN e SE) e sudeste (ES, MG e RJ)

do Brasil (Miotto & Iganci 2013). Em Pirambu foi encontrada na área antedunas. Indigofera

microcarpa pode ser reconhecida por ser um subarbusto prostrado com folhas imparipinadas e

folíolos com pontuações glandulares amareladas na face abaxial.

Material examinado: 01.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata et al. 1536 (ASE); 12.XII.2012, fl. e fr., T.

Carregosa 326 (ASE).

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110

Material adicional: Brasil, Sergipe: Barra dos Coqueiros, 23.III.2013, fl., A.P. Prata et al. 3581

(ASE); 25.II.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior 754 (ASE).

3.4.10 Leptolobium Vogel, Linnaea 11: 388. 1837.

Gênero subordinado à tribo Sophoreae Spreng. ex DC., composto por 12 espécies de

distribuição exclusivamente neotropical, das quais 11 ocorrem no Brasil e sete são endêmicas do

país (Rodrigues & Tozzi 2012).

I. Leptolobium bijugum (Spreng.) Vogel, Linnaea 11: 391. 1837.

Figura 14: e, f, g, h

Árvore ou arbusto 2,5–5 m alt. Ramos glabros, levemente estriados. Estípulas caducas ca. 3 mm

compr., linear-lanceoladas, ápice agudo. Folhas paripinadas, raramente imparipinadas no mesmo

indivíduo; pecíolo 1,2–3,5 mm compr.; raque 1,5–3,7 mm compr.; estipelas ca. 0,8 mm compr.,

caducas, lineares; nectários ausentes; folíolos 2-3 pares, 1,3–4,5 × 0,7–2,8 cm, coriáceos, opostos

a subopostos, elípticos, base obtusa ou arredondada, ápice arredondado a emarginado, faces

adaxial e abaxial glabras; venação broquidódroma. Inflorescência racemosa ou paniculada,

terminal ou axilar; pedicelo 2,6–4,5 mm compr.; brácteas caducas, na base do pedicelo, 0,8–1,2

mm compr.; bractéolas caducas, na base do cálice, 0,6–1,0 mm compr.; glândula na inserção do

pedicelo e bractéolas. Flores actinomorfas a levemente zigomorfas, 7–10 mm compr.; cálice

turbinado-campanulado, alvo, pubescente, tubo 1,8–2,4 mm compr., 5-laciniado, lacinias 2,3–3,6

mm compr., duas lacinias superiores fusionados acima das demais e geralmente maiores; corola

dialipétalaa; corola 5 pétalas, branca; pétalas 5–6,7 mm compr., oblanceoladas, ápice obtuso a

arredondado ou emarginado; estames 10, livres, iguais; filetes 7,5–9,4 mm compr.; anteras ca. 1

mm compr.; ovário 3–3,8 mm compr., tomentoso; estilete 2,8–3,5 mm compr, glabro. Legume

samaróide, 2,4–5,5 × 1,2–1,7 cm, glabrescente a glabro.

Comentários: Espécie endêmica do domínio Mata Atlântica no Brasil, apresenta distribuição

desde o Espírito Santo a Sergipe. Em Pirambu é encontrada no ambiente de tabuleiro costeiro,

podendo ser reconhecida por apresentar folhas paripinadas, raramente imparipinadas no mesmo

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111

indivíduo, flores actinomorfas a levemente zigomorfas, 10 estames e fruto do tipo legume

samaroide.

Material examinado: Brasil, Sergipe, Pirambu: 27.IX.2012, fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 262

(ASE); 02.X.2008, fl., A.P. Prata et al. 1567 (ASE); 13.III.1978, fl., M. Fonseca s/n (ASE559);

10.XII.1977, fl., M. Fonseca s/n (ASE559); 21.VII.2012, fr., T. Carregosa et al. 248 (ASE); 04.

IV.2013, fl. e fr., T. Carregosa et al. 364 (ASE); 09. V.2013, fl., T. Carregosa et al. 372 (ASE);

15.I.2013, fl., Carregosa et al. 334 (ASE); 26.V.2012, fr., A.P. Prata et al. 3035 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Barra dos Coqueiros, 05.XII.1997, fl., C. Amaral & E. Santos

30 (ASE).

Figura 14: Indigofera microcarpa: a. d. ramo com inflorescência e flor; b. folha; c. frutos.Leptolobium bijugum:

e. f. ramo com inflorescência e flor; g. folha; h. frutos.

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112

3.4.11 Lonchocarpus Kunth, Nov. Gen. Sp. (folio ed.) 6: 300. 1824.

Com aproximadamente 120 espécies distribuídas do México até a América do Sul e apenas

uma espécie que também ocorre na costa oeste da África, Lonchocarpus é um dos gêneros mais

diversos da tribo Millettieae (Silva & Tozzi 2012). Para o Brasil são registradas 23 espécies,

amplamente distribuídas (Silva & Tozzi 2013).

I. Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC., Prodr. 2: 260. 1825.

Árvore ca. 8–12 m alt.. Ramos lenticelados, jovens ferrugíneo-pubescentes a glabrescentes.

Estípulas caducas, 2,5–2,9 mm compr., ovais, ápice agudo. Folhas imparipinadas; pecíolo 3,6–5,3

cm compr.; raque 5,2–8,3 cm compr; estipelas ausentes; nectários ausentes; folíolos 3,5–11,5 cm

compr., coriáceos, opostos, obovais a elíptico-obovais, base arredondada ou obtusa, ápice

cuspidado ou obtuso; face adaxial glabrescente e abaxial ferrugínea-pubescente; venação

broquidódroma. Inflorescência racemosa, axilar; pedicelo 2,6–4,2 mm compr.; brácteas na base

do pedicelo, 0,8–1,1 mm compr., largamente ovais, ápice obtuso; bractéolas na base do cálice,

1,3–1,5 mm compr., oval-orbiculares, ápice arredondado. Flores 1,6–1,8 cm compr.; cálice

cupuliforme, vináceo, ferrugíneo-pubescente, tubo 3,8–4,5mm compr., 5-laciniado, lacínias

curtamente deltóides, ápice agudo; corola rósea a lilás; estandarte 1,0–1,3 × 1,3–1,5 cm,

suborbicular, ápice arredondado ou retuso, densamente seríceo-canescente externamente; alas

10,5–11,8 × 4–4,5 mm, oblongo-obovais, ápice arredondado, seríceas externamente; peças da

quilha 10,1–10,9 × 3,2–3,9 mm, oblongo-obovais, subfalcada, ápice arredondado, serícea

externamente; estames 10, monadelfos; tubo estaminal 8,6–11 mm compr., glabro; anteras 1,2–

1,4 mm compr.; ovário 6,4–8,5 mm compr., pubescente; estilete ca. 3,3–3,8 mm compr.,

ligeiramente encurvado, seríceo. Legume samaróide, 5,8–10,5 × 1,0–2,3 cm, oblongos,

usualmente constritos entre as sementes e se separando em artículos quando maduros, veluntino-

seríceo.

Comentários: No Brasil é registrado pra todas as regiões, estando geralmente presente próximo

às margens de rios, em diferentes tipos vegetacionais, desde florestas úmidas a tropicais

sazonalmente secas (Silva & Tozzi 2012). Em Pirambu essa espécie ocorre na área de tabuleiro

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costeiro. Lonchocarpus sericeus pode ser reconhecida por seu hábito arbóreo, com mais de 9

folíolos por folha, pubescentes na face abaxial, além de flores papilionóides e fruto do tipo

legume samaroide, veluntino-seríceo.

Nomes populares: falso-ingá.

Material examinado: 03.II.1983, fl., M.C. Santana 154 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Japoatã, 30.IX.2011, fr., L.A.S. Santos et al. 650 (ASE);

L.A.S Santos & F.M.S. Santos 723 (ASE). Japaratuba, 04.I.2012, fl., F. Santos & F.M.S. Santos

09 (ASE).

3.4.12 Periandra Mart. ex Benth., Comm. Legum. Gen. 56. 1837.

Gênero pertencente à tribo Phaseoleae Bronn ex DC., é composto por 6 espécies, com

distribuição Neotropical, encontradas principalmente em campos e cerrados brasileiros (Funch &

Barroso 1999).

I. Periandra mediterranea (Vell.) Taub., Nat. Pflanzenfam. 3(3): 359. 1894.

Figura 15: a, b, c, d

Subarbusto a arbusto ereto, 1–1,5 m alt. Ramos lenticelados, esparsamente pubérulos. Estípulas

persistentes, 1,5–2,6 mm compr., ovais, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo, 1,5–4,5 mm

compr., raque 2,5–7 mm compr.; estipelas 1–2,5 mm compr., aciculares; nectário ausente;

folíolos 1,4–8,0 × 0,7–3,5 cm, cartáceos, elípticos a obovais, base aguda a arredondada, ápice

retuso a arredondado, mucronado, face adaxial e abaxial glabrescentes; venação broquidódroma.

Inflorescência racemosa, ramos laterais cimóides, terminal ou axilar; pedicelo 2,5–12 mm

compr.; bráctea próxima a base do pedúnculo, 1,6–2,6 mm compr., oval, ápice agudo; bractéolas

2, na base do cálice, 2,4-4,5 mm compr., ovais, ápice agudo. Flores ressupinadas, 1,9–3,0 cm

compr.; cálice verde, campanulado, pubescente, tubo 3,5–6 mm de compr., 5-lobado, lobos

deltóides, ápice agudo, 2 lacínias superiores conatas; corola lilás; estandarte com mancha branco-

amarelada centralmente, 1,9–2,7 × 1,8–3,2 cm, orbicular, ápice emarginado, pubescente na face

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abaxial; alas 1,2–2,4 × 0,5–0,7 cm, estreitamente obovais, ápice levemente ondulado; peças da

quilha, 1,2–2,4 × 0,7–1,3 cm, obovais, ápice arredondado, pubérula; estames diadelfos, (9+1);

filetes 9–19 mm compr., glabros; anteras ca. 1 mm compr.; ovário 8–13 mm compr., pubescente;

estilete 5–6,5 mm compr., pubescente. Legume, 4,7–11,0 × 0,5–1,0 cm, plano-compresso, reto ou

levemente curvo, pubescente, deiscente com leve torção das valvas.

Comentário: É a espécie do gênero que possui mais ampla distribuição, ocorrendo em todas as

regiões do Brasil, habitando principalmente campos-rupestres, cerrados, regiões de ecótonos de

caatinga, bordas de matas e campos de restinga (Funch & Barroso 1999). Na área de estudo, a

espécie pode ser encontrada principalmente em tabuleiros costeiros de vegetação arbustiva-

arbórea. Periandra mediterranea é reconhecida por um conjunto de caracteres que consistem no

hábito subarbustivo ereto, com flores ressupinadas e ausência de calcar no dorso do estandarte.

Nomes populares: Acansu.

Material examinado: 21.VII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 240 (ASE); 27.IX.2012, fl. e fr., T.

Carregosa 259(ASE); 09.I.1977, M. Fonseca s.n. (ASE438); 21.IX.2011, fl. e fr., D.M. Oliveira

169 (ASE); 13.VIII.1975, fl., C. Barreto s.n. (ASE352).

Figura 15: Periandra mediterranea: a. flor, com vista frontal. b. frutos; c. inflorescência, com flor. d. hábito.

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115

3.4.13 Rhynchosia Lour. Fl. Cochinch. 2: 425, 460 1790

Gênero pertencente à tribo Phaseolae Bronn ex DC., compreende cerca de 230 espécies

(Lewis 1987), das quais 19 ocorrem no Brasil (Fortunato 2014).

I. Rhynchosia phaseoloides (Sw.) DC., Prodr. 2: 385. 1825.

Subarbusto escandente. Ramos pubescentes. Estípulas persistentes, 1,8–2,7 mm compr.,

lanceoladas, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo 1,4–3,7 cm compr.; raque 0,5–1,8 cm

compr.; nectário ausente; folíolos 1,5–7,9 × 1,1–6,4 cm, cartáceos, largamente ovais, base

subcordada a arredondada, ápice cuspidado a obtuso, raro arredondado, faces adaxial e abaxial

pubescentes, canescentes; venação eucamptódroma. Inflorescência axilar; pedicelo 0,8–1,2 mm

compr.; brácteas caducas, 1,5–2,5 mm compr., setosas, ápice agudo; bractéolas ausentes. Flores

6–8 mm compr.; cálice verde, campanulado, pubescente, tubo 2,2–2,8 mm compr., 5-laciniado,

lacínias deltóides, ápice agudo a obtuso; corola amarela; estandarte com estrias vináceas

centralmente, 7–8 × 5,2–6 mm, suborbicular, ápice retuso; alas 4,5–6 × 1,2–1,8 mm,

esparsamente pubérula externamente, oblanceoladas, ápice arredondado; peças da quilha 5,4–6,8

× 1,8–2 mm, obovais, ápice arredondado, pubescente externamente; estames 10, diadelfos (9+1);

filetes 5–6 mm compr., glabros; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário 3,6–4,5 mm compr.,

pubescente, canescente. Legume, 1,4–2,2 × 0,6–1,1 cm, suboblongo, constrito entre as sementes,

pubescente.

Comentários: Espécie de ampla distribuição no Brasil, sendo registrada para todas as regiões do

país (Fortunato 2014). Em Pirambu é registrada para área de restinga. Rhynchosia phaseoloides

pode ser reconhecida por ser um subarbusto escandente, com folhas trifolioladas, flores amarelas

e fruto com margem fortemente constrita entre as sementes.

Material examinado: 05.XI.2012, fr., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 149 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Itabaiana, 05.VIII.2007, fl., E. Matos et al. 37 (ASE).

Indiaroba, 21.IX.2012, fr, M.C.V. Farias et al. 160 (ASE). Aracaju, 11.VIII.2000, fl.fr., M.

Landim et al. 1499 (ASE). Estância, 16.VII.2011, fr., A.P. Prata et al. 2676 (ASE).

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116

3.4.14 Stylosanthes Sw., Prodr. 7: 108. 1788.

Gênero subordinado à tribo Dalbergieae Bronn ex DC., é composto por cerca de 50 espécies

(Costa 2006), das quais 31 ocorrem no Brasil, onde o principal centro de diversidade é a região

central (Costa &Valls 2013).

Chave para as espécies de Stylosanthes

1. Folíolos lanceolados até 1,5 mm de largura; rostro do lomento com mais de 3,5 mm de compr.

................................................................................................................................... S. angustifolia

1. Folíolos elípticos, estreitamente elípticos ou oblongo-elípticos mais de 1,5 mm compr.; rostro

do lomento até 2 mm de comprimento.

2. Folíolos estreitamente elípticos, mais de 13,5 mm de compr.; rostro do lomento até 0,2

mm de compr., encurvado .............................................................................. S. guianensis

2. Folíolos elípticos ou oblongo-elípticos, até 13,5 mm compr.; rostro do lomento > 0,3 mm

compr., espiralado ou em forma de gancho.

3. Caule e ramos escabrosos; rostro do lomento > 0,5 mm de compr. e em forma de

gancho .............................................................................................................. S. scabra

3. Caule e ramos pubescentes a setoso-viscosos; rostro do lomento com até 0,5 mm de

compr. e espiralado ......................................................................................... S. viscosa

I. Stylosanthes angustifolia Vogel, Linnaea 12: 63. 1838.

Figura 16: a, b

Subarbusto ereto, 30–50 cm alt. Ramos hirsutos a glabrescentes. Estípulas persistentes, 4,5–12

mm compr., adpressas, bidentadas, dentes estreitamente deltóides, tricomas setosos. Folhas 3-

folioladas; pecíolo 2,7–12,3 mm compr.; raque 1–3 mm compr.; nectário ausente; folíolos 7,5–32

× 0,75–1,5 mm, cartáceos, lanceolados, base obtusa, ápice agudo, faces adaxial e abaxial glabras;

venação eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, terminal ou axilar; pedicelo ca. 0,8 mm

compr.; brácteas 5,5–7,6 mm compr.; bidentadas, dentes separados por 1 folíolo setoso, dentes

deltóides, ápice agudo, tricomas setosos; bractéolas 4–5 mm compr., lineares, ápice agudo. Flores

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117

3,5–5,8 mm compr.; cálice verde, campanulado, tubo ca. 2 mm compr., 5-lobado, lobos

estreitamente deltóides, ápice agudo; corola amarela; estandarte com mancha vinácea

centralmente 3,5–4 × 3,8–4,2 mm, suborbicular, ápice retuso; alas 2–2,8 × 1,2 mm compr.,

obovais, ápice arredondado; peças da quilha 2–3 × 1,3 mm compr., obovais, ápice obtuso;

estames 10, monadelfos; filetes ca. 1,5 mm compr., glabros; anteras ca. 0,3 mm compr.; ovário

ca. 8 mm compr., glabro. Lomento 1-articulado, elipsóide, 4,8–5,5 × 0,8–1,1 mm, rostro ca. 3,8–

4,2 mm compr., encurvado, glabro.

Comentários: Espécie distribuída pelas regiões norte (AC, AM, PA, RO, RR), nordeste (BA,

CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE) e centro-oeste (DF). Em Pirambu ocorre na área de Tabuleiro

Costeiro em solos mais argilosos. Stylosanthes angustifolia pode ser reconhecida pelos folíolos

lanceolados com até 1,5 mm de largura e lomento apresentando rostro com mais de 3,5 mm de

comprimento.

Material examinado: 13.VIII.2013, fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos 452 (ASE).

II. Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. Kongl. Vetensk. Acad. Nya Handl. 10: 301–302.

1789.

Figura 16: c, d

Subarbusto ereto, 50–70 cm alt. Ramos pubescentes a glabrescentes. Estípulas persistentes, 12,5–

18,5 mm compr., adpressas, bidentadas, dentes estreitamente deltóides, tricomas setosos. Folhas

3-folioladas; pecíolo 5,6–9,2 mm compr.; raque 1,5–2,1 mm compr.; nectário ausente; folíolos

1,3–3,3 × 0,1–0,4 cm, cartáceos, estreitamente elípticos, base aguda, ápice agudo, face adaxial e

abaxial pubérulas; venação eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, terminal; pedicelo ca.

1,5 mm compr.; brácteas 6,5–7,2 mm compr., bidentadas, dentes separados por 1 folíolo

semelhante ao dos ramos, dentes deltóides, ápice agudo, tricomas setosos; bractéolas ca. 5 mm

compr., lineares, ápice agudo. Flores 4,6–5,8 mm compr.; cálice verde, com manchas vináceas

nas lacínias, estreitamente campanulado, tubo 2 – 2,8 mm compr., 5-lobado, lobos deltóides,

ápice agudo, ciliado; corola amarela; estandarte com mancha vinácea centralmente 3,2-4,1 × 2,5–

3,7 mm, suborbicular, ápice retuso; alas 2,2–3 × 1,2–1,5 mm, obovais, ápice levemente ondulado;

peças da quilha 2,3–3 × 1,3–1,6 mm compr., encurvadas, lanceoladas, ápice agudo; estames 10,

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monadelfos; filetes ca. 2 mm compr., glabros; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário ca. 1 mm

compr., glabro. Lomento 1-articulado, elipsóide, 2,5–2,8 × 1,8–2 mm, rostro ca. 0,2 mm compr.,

encurvado, glabro.

Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões do Brasil, associada aos

diversos tipos de vegetação (Costa & Valls 2014). Em Pirambu é registrada para o yabuleiro

costeiro, caracterizado por solos mais argilosos. Stylosanthes guianensis pode ser facilmente

reconhecido por apresentar folíolos estreitamente elípticos, com mais de 1,3 cm de compr., além

de lomento com rostro medindo até 0,2 mm de compr. e encurvado.

Nomes populares: meladinha.

Material examinado: 27.09.2012, fl. e fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 275 (ASE); 09.IX.2013,

fl. e fr., T. Carregosa et al. 446 (ASE).

III. Stylosanthes scabra Vogel, Linnaea 12: 69–70. 1838.

Subarbusto ereto, raro prostrado, 25–50 cm alt., Ramos pubescentes, escabrosos, tricomas

setosos. Estípulas persistentes, 7–9,5 mm compr., adpressas, bidentadas, dentes estreitamente

deltóides, ápice agudo, híspido-setosas. Folhas 3-folioladas; pecíolo 3,5–5,7 mm compr.; raque

0,7–1,5 mm compr.; nectário ausente; folíolos 0,4–1,3 × 0,2–0,5 cm compr., cartáceos, elípticos

ou oblongo-elípticos, base aguda, ápice agudo a acuminado, face adaxial pubérula, abaxial

pubescente; venação eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, terminal; pedicelo 1–1,5 mm

compr.; brácteas 5- 9 mm compr., bidentadas, dentes separados por 1 ou 3 folíolos semelhantes

aos dos ramos, dentes estreitamente deltóides, ápice agudo; bractéolas ca. 5 mm compr., oboval a

elíptica, ápice agudo. Flores 4-5 mm compr.; cálice verde, campanulado, tubo 3-6 mm compr., 4-

lobado, lobos deltóides, ápice agudo, glabro; corola amarela; estardarte com mancha vinácea

centralmente 3,6–5,5 × 3,5–4,5 mm, suborbicular, ápice retuso; alas 2,1–3,8 × 1,5–2,3 mm,

obovais, ápice levemente ondulado; peças da quilha 2,2–3,7 × 0,7–0,9, encurvadas, lanceoladas,

ápice agudo; estames 10, monadelfos; filetes ca. 3,5 mm compr., glabros; anteras ca. 0,4 mm

compr. Ovário ca. 1,5 mm compr., glabro. Lomento, geralmente biarticulado, raro uniarticulado,

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3,1–4,6 × 1,8–2,0 mm, artículos elipsóides, rostro 0,9–2 mm compr., recurvado em gancho,

pubescente.

Comentários: Espécie amplamente distribuída no Brasil, compreendendo todas as regiões do

país (Costa & Valls 2014). Em Pirambu ocorre no ambiente de tabuleiros costeiros. Stylosanthes

scabra pode ser confundida com S. viscosa pelos folíolos elípticos ou oblongo-elípticos e pelos

tricomas que recobrem os ramos e caules. Entretanto em S. scabra os tricomas são escabrosos e o

lomento apresenta rostro entre 0,9–2 mm de compr., em forma de gancho.

Material examinado: 10.07.2013, fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos 381 (ASE); 13.VIII.2013,

fl.fr., T. Carregosa & E. Santos 445 (ASE)

Nomes populares: meladinho

Material adicional: Brasil, Sergipe: Japaratuba, 09.VIII.2010, C.M. Donadio 48 (ASE).

IV. Stylosanthes viscosa (L.) Sw. Prodr. 108. 1788.

Figura 16: e, f, g, h, i

Subarbusto prostrado, 20–70 cm. Ramos setosos-viscosos. Estípulas persistentes, 3,1–6,4 mm

compr., adpressas, bidentadas, dentes estreitamente deltóides, ápice agudo, híspido-viscosas;

estipelas ausentes. Folhas 3-folioladas; pecíolo 2–5,1 mm compr.; raque 0,7–2,2 mm compr.;

nectário ausente; folíolos 0,2–1,1 × 1,1–0,5 cm, cartáceos, elípticos ou oblongo-elípticos, base

aguda, ápice agudo a obtuso, mucronado, face adaxial pubescente, abaxial híspida; venação

eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, terminal; pedicelo ca. 1,5 mm de compr.; brácteas

5,3-9,5 mm compr., bidentadas, dentes separados por 1 folíolo semelhante aos dos ramos, dentes

deltóides, ápice agudo; bractéolas ca. 5 mm compr., oblongas, ápice agudo. Flores 4–6 mm

compr.; cálice verde, campanulado, tubo 3,2–3,9 mm compr., 4-lobado, lobos deltóides, ápice

agudo, levemente híspido no ápice das lacínias; corola amarela; estardarte com mancha vinácea

centralmente 4,6–5,3 × 4,9–6,2 mm, suborbicular, ápice retuso; alas 3,5–4,6 × 2–2,6 mm,

obovais, ápice levemente ondulado; peças da quilha 2,2–2,7 × 1–1,3, encurvadas, lanceoladas,

ápice agudo; estames 10, monadelfos; filetes ca. 3 mm compr., glabros; anteras ca. 0,5 mm

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compr. Ovário ca. 1,5 mm compr., glabro. Lomento, 1 ou 2-articulado, elipsoide, 1,7–2,5 × 1,5–

1,8 mm, rostro ca. 0,3 mm, espiralado, glabrescente pelo menos na margem.

Comentários: É uma espécie amplamente distribuída, com ocorrência em todas as regiões do

Brasil, apenas ainda não registrada para os estados do Piauí e Acre (Costa & Valls 2014). Em

Pirambu, até o momento, é bastante frequente nos ambientes de antedunas a pós-dunas.

Stylosanthes viscosa pode ser reconhecida, pelo hábito predominantemente subarbustivo

prostrado, com caule e ramos setosos-viscosos devido à presença de tricomas glandulosos e

lomento com rostro curtamente (ca. 0,3 mm ) e espiralado.

Nomes populares: meladinha, melosa.

Material examinado: 12.XII.2013, fl. e fr., T. Carregosa 293 (ASE); 27. XI.2012, fl. e fr., T.

Carregosa 264 (ASE); 09.X.2012, fl. e fr., T. Carregosa 284 (ASE); 21.VII.2012, fl. e fr., T.

Carregosa 241 (ASE); 13.XII.2005, fl. e fr., T.C. Pergentino 7 (ASE); 01.VI.2012, fl. e fr., D.G.

Oliveira at al.455 (ASE); 01.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata at al.1511 (ASE); 26.V.2008, fl. e fr.,

A.P. Prata at al. 3036 (ASE); ); 02.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata at al. 3036 (ASE).

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Figura 16: Stylosanthes angustifolia: a. inflorescência. b. folha. Stylosanthes guianensis: c. folha. d. Inflorescência.

Stylosanthes viscosa: e. h. hábito. f. flor, com vista frontal. g. lomento, com rostroespiralado. i. folhas.

3.4.15 Swartzia Schreb., Gen. Pl. 2: 518. 1791.

Gênero pertencente à tribo Swartzieae DC., apresenta aproximadamente 140 espécies de

distribuição neotropical (Mansano & Lima 2007). O Brasil representa um dos centros de

diversidade, compreendendo cerca de 100 espécies, das quais 52 são consideradas endêmicas

(Mansano et al. 2013).

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Chave para as espécies de Swartzia

1. Flores diclamídeas; corola apresentando uma pétala e geralmente com quatro estames maiores;

frutos > 5 cm comprimento ........................................................................................ S. alagoensis

1. Flores monoclamídeas, corola ausente e geralmente dois estames maiores; frutos < 3 cm de

comprimento ..................................................................................................................... S. apetala

I. Swartzia alagoensis R.B. Pinto, Torke & Mansano, Brittonia 64(2): 121–123. 2012.

Figura 17: a, b, c

Arbusto ou árvore, 2,5–4 m alt. Ramos glabros a glabrescentes, lenticelados. Estípulas

persistentes, ca. 1 mm compr, deltóides, ápice obtuso. Folhas imparipinadas, 5–9 folíolos; pecíolo

1,3–3,3 cm compr.; raque 2,4–6,2 cm compr.; estipelas 0,9–1,2 mm compr., setosas; nectários

ausentes; folíolos 1,5–6,5 × 0,9–2,9 cm, coriáceos, opostos, elípticos a estreitamente elípticos,

base arredondada a subcordada, ápice obtuso a arredondado ou emarginado, faces adaxial e

abaxial glabras; venação broquidódroma. Inflorescência racemosa ou paniculada, axilar ou

cauliflora; pedicelo 4,5–12,5 mm compr.; brácteas persistentes, localizadas na base do pedicelo,

0,9–1,7 mm compr., ovais, ápice agudo; bractéolas persistentes, localicadas na base do cálice, ca.

0,5 mm compr., setosas. Flores 1,4–1,7 cm diâm; cálice verde, glabro, 3–4-lobado, lobos

irregulares; corola presente, pétala 1, branca, caduca, ca. 2,3 × 1,6 cm compr.; estames ca. 100,

geralmente 4 maiores; filetes 6–10,1 mm compr., glabros; anteras 1,1–3,5 mm compr.; ovário 5–

7,5 mm compr., pubescente; estipe 3–4 mm compr.; estilete ca. 1,2 mm compr., glabro. Legume,

5,4–6,6 × 4,0–5,2 cm, elíptico a globoso, glabro, sementes ariladas.

Comentários: Espécie endêmica da região nordeste, apresentando registro para os estados de

Alagoas e Sergipe. Em Pirambu é uma espécie bastante frequente nas áreas de tebuleiros

costeiros. Swartzia alagoensis pode ser reconhecida por apresentar flores diclamídeas com corola

apresentando uma única pétala e frutos maiores que 5 cm comprimento.

Material examinado: 04.IV.2013, fl., T. Carregosa et al. 361 (ASE); 21.VII.2012, fr., T.

Carregosa et al. 247 (ASE); 27.IX.2012, fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 265 (ASE);

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09.V.2013, fl., T. Carregosa et al. 377 (ASE); 09.IV.2013, fl., T. fl., Carregosa et al. 371 (ASE);

09.10.2012, fl., T. Carregosa et al. 278 (ASE); 23.VII.2013, fl., E. Santos et al. 28 (ASE);

28.I.1992, fl., C. Farney et al. 2970 (ASE); 09.I.1977, fl., M. Fonseca s/n (ASE435).

II. Swartzia apetala Raddi var. apetala, Mem. Mat. Fis. Soc. ital. Sci. Moderna 18(2): 398.

1820.

Figura 17: d, e

Arbusto ou árvore 1,5–2,5 m alt. Ramos pubescentes a glabros. Estípulas persistentes, 3,2–5,5

mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Folhas imparipinadas, 3–7 folíolos; pecíolo 1,5–4,0 cm

compr.; raque 3,7–9,8 cm compr.; estipelas 1,5–2,3 mm compr., setosas, 3–7 pares de folíolos;

nectários ausentes; folíolos 3,6–11,3 × 1,6–7,3 cm, coriáceos, opostos, elípticos, base cordada a

arredondada, ápice acuminado a obtuso, face adaxial e abaxial glabra; venação broquidódroma.

Inflorescência racemosa ou paniculada, axilar ou cauliflora; pedicelo 3,1–7 mm compr.; brácteas

persistentes, na base do pedicelo, 0,8–1,5 compr., setosas a lanceoladas, ápice agudo; bractéolas

ausentes. Flores monoclamídeas, 7,5–8,6 mm compr.; cálice, verde, glabro, 3−4-lobado, lobos

irregulares; corola ausente; estames ca. 100, geralmente 2 maiores; filetes 2,2−4,5 mm compr,

glabros; anteras 0,8–1,8 mm compr.; ovário 3,5–5,5 mm compr., glabro; estipe 2,5–3,4 mm

compr.; estilete 0,5–1 mm compr., glabro. Legume, 1,4–2,5 cm compr., ovóide a globoso, glabro,

sementes ariladas.

Comentários: Swartzia apetala é endêmica do Brasil e apresenta registro para Bahia, Sergipe,

Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, compreendendo os domínios da

Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga (Mansano et al. 2013b). Em Pirambu foi encontrada em

ambiente de tabuleiro costeiro, podendo ser reconhecida por apresentar flores monoclamídeas,

corola ausente e frutos menores que 3 cm de compr.

Nomes populares: grão de galo, banha de galinha, olho de pombo.

Material examinado: 09.V.2013, fl., T. Carregosa & E. Santos 340 (ASE); 15.I.2013, fr., T.

Carregosa et al. 237 (ASE); 09.I.1977, fr., M. Fonseca s.n. (ASE438); 29.III.2011, fr., M. A.

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Farinaccio et al. 853 (ASE); 26.V.2012, fr., A.P. Prata et al. 3088 (ASE); 25.V.2012, fr., A.P.

Prata et al. 2962 (ASE); 13.VIII.2013, fr., T. Carregosa & E. Santos 455 (ASE).

Material adicional: Brasil, Sergipe: Barra dos Coqueiros, 05.XII.1997, fl., C. Amaral & E. Santos

41 (ASE). Lagarto, 10.XII.2008, fl., J.E. Nascimento-Júnior 394 (ASE).

3.4.16 Tephrosia Pers. Syn. Pl. 2(2): 328–330. 1807.

Gênero pertencente à tribo Millettieae, é composto por cerca de 350 espécies (Schrire

2005), das quais 12 espécies ocorrem no Brasil (Queiroz & Tozzi 2013).

I. Tephrosia purpurea (L.) Pers., Syn. Pl. 2(2): 329. 1807.

Subarbusto ereto, 1–1,5 m alt.. Ramos pubescentes, canescentes. Estípulas persistentes, 2,4–4,7

mm compr., lanceoladas a estreitamente lanceoladas, ápice agudo. Folhas imparipinadas, 5–15

folíolos; pecíolo 0,2–1,2 cm compr.; raque 0,7–9,4 cm compr.; estipelas ausentes; nectário

ausente; folíolos 1,1–4,1 × 0,4–1,1 cm, oblanceolados a obovais, base aguda a obtusa, ápice

retuso a arredondado, mucronado, face adaxial glabra a glabrescente, face abaxial pubescente,

canescente. Inflorescência racemosa, axilar; pedicelo 1–5,5 mm compr.; brácteas na base do

pedicelo, 2,1–3 mm compr.; bractéolas ausentes. Flores 0,7–1,0 cm compr.; cálice verde-vináceo,

campanulado, pubescente na face externa, 5- laciniado, tubo 1,7–2,8 mm compr., lacínias 1,9–2,7

mm compr., estreitamente deltóides, ápice agudo; corola purpúrea; estandarte 5–6,5 × 5,3–7 mm

compr., suborbicular, ápice retuso, pubérulo na face externa; alas 4,5–5,7 × 1,8–2,9 mm, elíptica,

falcadas, ápice arredondado; peças da quilha 4–4,8 × 1,5–2,1 mm, lanceoladas, ápice agudo;

estames monadelfos, 10; tubo-estaminal 2,5–3,3 mm compr.; parte livre 1,6 mm compr.; anteras

ca. 0,5 mm compr.; ovário ca. 4,5 mm compr; estigma 1,5 mm compr., encurvado na base.

Legume, 2,5–4,2 × 0,2–0,4 cm, linear, plano-compresso, pubescente.

Comentários: No Brasil apresenta distribuição nas regiões nordeste (AL, BA, CE, MA, PB, PE,

PI, RN, SE) e sudeste (MG, RJ, SP) (Queiroz & Tozzi 2013). Em Pirambu é registrada para área

de Tabuleiro Costeiro, podendo ser reconhecida por ser um subarbusto ereto com folhas

imparipinadas, estames monadelfos e fruto plano-compresso.

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Nomes populares: azulzinha.

Material examinado: 01.VI.2012, fl. e fr., D.G. Oliveira 457 (ASE).

3.4.17 Vigna Savi, Nuovo Giorn. Lett. 8: 113. 1824.

Gênero subordinado à tribo Phaseoleae DC., é composto por cerca de 104 espécies que

se distribuem nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, e principalmente na África

(Lewis et al. 2005).

I. Vigna peduncularis (Kunth) Fawc. & Rendle, Fl. Jamaica 4(2): 68. 1920.

Subarbusto escandente. Ramos pubérulos. Estípulas persistentes, 2,5–4,7 mm compr., ovais,

ápice agudo a obtuso. Folhas 3-folioladas; pecíolo 0,8–2,8 cm compr.; raque 6,9–11,4 mm

compr.; estipela 1–1,3 mm compr.; nectário ausente; folíolos 2,2–5,0 cm compr., papiráceos,

subdeltóides, base levemente obtusa, ápice agudo, face adaxial glabra e abaxial glabrescente.

Inflorescência pseudoracemosa, axilar, nodosa; pedicelo ausente ou ca. 1 mm compr.; brácteas

3,4–5,8 mm compr., largamente lanceoladas, ápice agudo; bractéolas 2,9–3,4 mm compr.,

oblongas, ápice agudo, face adaxial glabra e abaxial glabrescente; venação broquidródroma.

Flores 0,9–1,2 cm compr.; cálice verde, campanulado, pubérulo na face externa, 5-laciniado, 2

lacínias superiores unidas até aproximadamente o ápice, tubo 3,4–5 mm compr., lacínias ca. 2

mm compr., deltóides, ápice agudo; corola lilás a rósea; estandarte 9,5–11 × 7–10,5 mm,

suborbicular, ápice obtuso; alas 9–10,5 × 2,8–3,5 mm, oval, ápice obtuso a arredondado; peças da

quilha 12,5–15 mm compr., lateralmente torcidas, ápice tubuloso; estames 10 (9+1), diadelfos;

filetes ca. 14 mm compr.; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário ca. 7 mm compr., pubescente;

estigma ca. 8 mm compr., curvado. Legume, 6,2–9,3 × 0,3–0,4 cm, plano-compresso, linear,

seríceo.

Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões do Brasil (Perez 2014). Em

Pirambu apresenta registro para a área de restinga, próxima as dunas. Vigna peduncularis pode

ser reconhecida por ser um subarbusto escandente, com flores lilás a róseas, com quilha

apresentando ápice tubuloso e lateralmente torcido.

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Nomes populares: feijão-do-mato.

Material examinado: 04.VIII.1982, fl. e fr., E. Gomes 102 (ASE); 19.VIII.2000., fl., G. Viana &

P.C. Umbelino 7396 (ASE).

3.4.18 Zollernia Wied-Neuw. & Nees, Nova Acta Phys.-Med. Acad. Caes. Leop.-Carol. Nat.

Cur. 13(2): Praef 13–14.1826.

Gênero pertencente à tribo Swartzieae DC., com 10 espécies é tipicamente

sulamenricanos, ocorrendo na Venezuela, na Guiana, no Suriname e no Brasil, este último

apresentando 9 espécies (Mansano et al. 2004).

I. Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel, Linnaea 11: 166. 1837.

Árvore. Ramos glabros. Estípulas persistentes, 3,3–6,5 mm compr., ovais, ápice agudo. Folhas

simples; pecíolo 2,6–4 mm compr., lâmina 5,4–8,5 × 2,7–5,9 cm, coriáceas, elíptica a oboval,

base arredondada, ápice acuminado a obtuso, margem serreada, algumas vezes se tornando

espinescente, faces adaxial e abaxial glabras, nervação broquidródroma.

Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões do Brasil (Mansano & Barros

2014). Em Pirambu apresenta registro para a área tabuleiros. No material examinado estavam

indisponíveis as flores e frutos, no entanto, de acordo com Mansano (2002) a inflorescência

paniculada, terminal ou axilar; pedicelo 5–9 mm compr.; brácteas na base do pedicelo, 1–2 mm

compr., deltóides; bractéolas inseridas acima da metade do pedicelo, 0,7–2,0 mm compr.,

deltóides; flores zigomorfas; cálice 1-lobado, face interna glabra na base e pilosa no ápice; corola

dialipétala; 5 pétalas, róseo-violetas a alvas, 6–10,5 mm compr., elípticas, estandarte pouco maior

e com nervuras mais evidentes; estames 9–13; filetes 1–2 mm compr., glabros; anteras 4,3–8 mm

compr.; ovário 3-6,8 mm compr., seríceo a tomentoso; estilete 2,5–5, encurvado a uncinado,

glabro; legume nucóide, 2,8 × 2,3 cm compr., globoso. Zollernia ilicifolia pode ser reconhecida

por apresentar folhas simples com margem serreada, às vezes espinescentes.

Nomes populares: corazeiro, coração de negro.

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127

Material examinado: 25.V.2012, A.P. Prata et al. 3066 (ASE)

3.4.19 Zornia J.F. Gmel., Syst. Nat. 2(2): 1076, 1096. 1791 [1792].

Zornia está incluida na tribo Dalbergieae s.l., possuindo 75 espécies, das quais 41

ocorrem na América, 16 na África, 13 na Oceania e 7 na Ásia (Mohlenbrock 1961). O Brasil é

o principal centro de diversidade do gênero, apresentando 36 espécies, das quais 15 são

endêmicas (Perez 2009).

I. Zornia latifolia Sm., Cycl. 39: no. 4.1819.

Figura 17: f, g

Subarbusto ereto, 20–60 cm alt. Ramos esparsamente pubescentes. Estípulas persistentes, 3,1 –

9,3 mm compr. Folhas bifolioladas; pecíolo 0,7–1,2 cm compr.; estipela ausente; nectário

ausente; folíolos 1,2–2,6 × 0,3–1,4 cm, oval-elípticos ou elíptico-lanceolados, base levemente

assimétrica, ápice cuspidado a agudo, faces adaxial e abaxial pubescentes a glabrescentes.

Inflorescência espiciforme, terminal e axilar, medindo até 20 cm compr.; brácteas 3,8–6,5 mm

compr.; bractéolas 5,6–7,2 mm compr. Flores 5,3–6,2 mm compr.; cálice verde, campanulado,

seríceo na face externa, 5-lobado, tubo 2,8–3,3 mm compr., lobos ca. 1,5 mm, deltóides, ápice

agudo a obtuso; corola amarela; estandarte com estrias vináceas centralmente, 5,8–6,5 × 5–7 mm,

orbicular, ápice obtuso; alas 4–5,5 × 2–3 mm, ovais, ápice arredondado; peças da quilha 5–6 x 4–

6 mm, falcadas, ápice obtuso; estames 10, monadelfos; tubo-estaminal 3,2–4,5 mm compr.;

anteras ca. 0,3 mm compr.; ovário ca. 3 mm compr., seríceo; estigma ca. 2 mm compr. Lomento,

6,45–14,4 × 1,7–1,9 mm, 3–8 artículos, levemente circulares, plano compressos, tricomas

setosos.

Comentários: Ocorre em praticamente todo território brasileiro (Perez 2009; 2014). Em Pirambu

ocorre na restinga e nos tabuleiros costeiros. Zornia latifolia pode ser reconhecida pela presença

de folhas bifolioladas, inflorescência espiciforme, com eixo medindo até 20 cm comprimento e

fruto do tipo lomento.

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128

Material examinado: 15.I.2013, fl., T Carregosa & A.S. Silva, T. 338. (ASE); 13.VIII.2013, fl. e

fr., T. Carregosa & E. Santos 458 (ASE)

Material adicional: Brasil, Sergipe. São Cristóvão, 23.XI.1982, fl. e fr., G.N. Silva 50 (ASE);

12.VIII.1983, fl. e fr., E. Gomes 293 (ASE). Barra dos Coqueiros, 25.IV.2011, fl. e fr., J.E.

Nascimento-Júnior 879 (ASE).

Figura 17: Swartzia alagoensis: a. flor, visão frontal; b. fruto; c. flor, visão lateral. Swartzia apetala:d. flor, visão

frontal; e. fruto. Zornia latifolia: f. flor; g. folha.

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129

3.5 Períodos de floração e frutificação

A floração registrada para espécies de Leguminosae nas formações de restinga e tabuleiro

mostrou-se mais abundante de maio a outubro (Figura 18), diminuindo consideravelmente nos

meses de fevereiro a abril, coincidindo com o período mais seco do verão. Dentre as espécies

encontradas, algumas destacam-se pelo maior número de indivíduos floridos em quase todos os

meses do ano: Chamaecrista flexuosa, Chamaecrista hispidula, Chamaecrista ramosa, Mimosa

pudica, Centrosema brasilianum e Stylosanthes viscosa.

Figura 18: Número de espécies de Leguminosae em flor e em fruto ao longo do ano nas restingas

e nos tabuleiros de Pirambu, Sergipe.

Os dados de frutificação mostram que a maior quantidade de espécies com frutos ocorreu

entre julho e outubro coincidindo com o período em que a região teve os maiores índices de

precipitação. Quanto à síndrome de dispersão, as espécies autocóricas apresentaram frutos do tipo

legume, craspédio, legume nucóide e legume bacóide, representando 72,5% (40 spp.) do total de

táxons estudados. As zoocóricas, caracterizadas pela ocorrência de legume, lomento, drupa e

legume nucóide representaram 20% (11 spp.), destas 73% são endozóicas e 27% são epizoicas. As

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130

anemocóricas, com criptossâmaras e legumes samaróides somaram 7,5% (4 spp.) dos táxons.

Esses dados seguem o padrão de alguns trabalhos (Vasconcelos 2006, Noguchi et al. 2009, Dutra

et al. 2009, Silva et al. 2013), em que a família se destaca pelo maior número de espécies

autocóricas. Hymenaea rubriflora foi considerada autocórica, pois inicialmente o fruto se

desprende da planta-mãe, mas secundariamente pode ocorrer zoocoria por consistir em um

legume nucoide com polpa farinácea. A presença de todas as síndromes é justificada pela notável

variedade carpológica presente na família (Noguchi et al. 2009).

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131

Tabela 5: Floração e frutificação das espécies de Leguminosae nas restingas e nos tabuleiros de Pirambu, além do

tipo de fruto e sua respectiva síndrome de dispersão (baseada em Barroso et al. 1999).

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