Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
i
Tâmires Carregosa da Silva
DIVERSIDADE DE LEGUMINOSAE JUSS. NA RESTINGA E NOS
TABULEIROS DE PIRAMBU, SERGIPE, BRASIL
CAMPINAS
2014
ii
iii
iv
v
vi
vii
RESUMO: A costa atlântica nordestina é formada por diversas formações vegetacionais, entre
elas estão as restingas, que se desenvolvem sobre planícies arenosas costeiras, e os tabuleiros
arenosos (Formação Barreiras), encontrados sobre baixos platôs nas adjacências das planícies
costeiras. Em Sergipe, a faixa costeira possui 163 km de extensão, onde ocorrem, continuamente,
as restingas e mais interiormente os tabuleiros, decorrentes de depósitos Terciários e constituídos
predominantemente por sedimentos areno-argilosos. Alguns autores acreditam que a flora das
restingas e da Formação Barreiras é formada por elementos presentes em seus ecossistemas
adjacentes, mas principalmente da Floresta Atlântica, contribuindo para sua inclusão no Domínio
Atlântico. Nem sempre os tabuleiros podem ser distinguidos das restingas, por apresentarem uma
ampla variação fitofisionômica, ocorrerem em solos arenosos e compartilharem um número
expressivo de espécies. A família Leguminosae figura em importância na constituição deste
número de espécies. O presente estudo teve por objetivo o levantamento e tratamento taxonômico
das espécies de Leguminosae das formações de restinga e tabuleiros de Pirambu, Sergipe.
Adicionalmente, são incluidos dados sobre as relações de similaridade florística entre essas
formações, novas ocorrências em Sergipe, períodos de floração, frutificação e síndrome de
dispersão das espécies inventariadas. Foram realizadas expedições para coleta de material
botânico entre julho de 2012 a setembro de 2013 e consultas às coleções do herbário ASE e UEC.
Foram amostrados 55 táxons, distribuídos em 30 gêneros e 13 tribos. A subfamília
Papilionoideae apresentou maior riqueza de gêneros e espécies (19 e 25, respectivamente). O
gênero com maior número de espécies foi Chamaecrista (9 spp.), seguido por Senna, Inga,
Mimosa e Stylosanthes (4 spp. cada). As áreas de tabuleiro apresentaram maior número de
espécies de Leguminosae (43 spp.), seguidas das dunas (22 spp.) e antedunas (6 spp.), que
representaram as restingas. Apenas quatro espécies ocorreram desde a região de antedunas até os
tabuleiros. Dezesseis espécies registradas nos tabuleiros de Pirambu têm distribuição restrita ao
território brasileiro, destas seis apresentam ocorrência restrita ao domínio Mata Atlântica.
Palavras-chaves: Fabaceae, florística, taxonomia vegetal, Mata Atlântica, flora de Sergipe.
viii
ix
ABSTRACT: The Brazilian northeastern Atlantic coast is formed by plural vegetative
formations. Two of them are the “restinga”, that develops in coastal sandy soils, and the
“tabuleiro” (Barreiras Formation), found in low plateaus adjacent to coastal plains. In Sergipe,
along all the shoreline, which is 163km in length, occur the “restinga” areas and, more interiorly,
the “tabuleiro” areas, arising from Tertiary deposits and constituted predominantly of sandy clay
sediments. Some authors believe that the flora of “restinga” and ”tabuleiro” to be composed by
elements from its adjacent ecosystems, mainly the Atlantic Forest, contributing to their inclusion
in the Atlantic Domain. It is not always that the “tabuleiro” can be distinguished from “restinga”,
due to their shared species composition, wide physiognomic variation, and occurrence on sandy
soils. The family Leguminosae figures in importance of species diversity in both habitats. This
study aimed the inventory and taxonomic treatment of the species of Leguminosae in formations
of “restinga” and “tabuleiro” areas in Pirambu, Sergipe. Additionally, floristic similarity between
these formations, new records for the state, as well as flowering and fruiting phenology and
dispersal syndrome for all legume species are presented. Expeditions for plant collection were
conducted between July 2012 and September 2013 and consultation in herbaria ASE and UEC.
Leguminosae is represented by 55 taxa (species and infraspecific taxa), 30 genera and 13 tribes in
the coastal sandy formations of Pirambu. The Papilionoideae subfamily showed highest genus
and species richness (19 and 25 respectively). The genus with the highest number of species was
Chamaecrista (9 spp.), followed by Senna, Inga, Mimosa and Stylosanthes (4 spp. each). The
“tabuleiro” areas had highest number of species of Leguminosae (43 spp.), followed by dunes (22
spp.) and antedunes (6 spp.), representing the “restinga”. Only four species occurred from
antidunes until “tabuleiros”. Sixteen species recorded in the “tabuleiros” of Pirambu have
restricted distribution within the Brazilian territory, which six of them are only known for the
Atlantic Forest Domain.
Palavras-chaves: Fabaceae, floristics, plant taxonomy, Atlantic Forest, flora of Sergipe.
x
xi
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................. vii
ABSTRACT .......................................................................................................................... viii
INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................................... 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 4
Capítulo 1. Relações fitogeográficas das formações de restinga e tabuleiro costeiro do
Litoral Norte de Sergipe, Brasil: evidências a partir da distribuição e diversidade de
Leguminosae....... ...................................................................................................................... 7
Resumo ....................................................................................................................................... 8
Abstract ...................................................................................................................................... 9
1 Introdução .............................................................................................................................. 10
2. Material e Métodos ............................................................................................................... 12
2.1 Área de estudo. ................................................................................................................. 12
2.2 Tratamento dos dados florísticos ..................................................................................... 15
3. Resultados e discussão ........................................................................................................ 17
3.1 Levantamento florístico ................................................................................................... 17
3.2 Similaridade florística entre áreas de restinga da região Nordeste .................................. 22
3.3 Distribuição fitogeográfica ............................................................................................... 27
3.4 Novas ocorrências para Sergipe ...................................................................................... 30
4. Considerações finais ............................................................................................................. 30
5. Referências Bibliográficas ................................................................................................... 31
2. Capítulo 2. Tratamento florístico de Leguminosae Juss. na Restinga e nos Tabuleiros de
Pirambu, Sergipe, Brasil.. ...................................................................................................... 39
Resumo ..................................................................................................................................... 40
Abstract .................................................................................................................................... 41
1 Introdução .............................................................................................................................. 42
2. Material e Métodos ............................................................................................................... 44
2.1 Área de estudo. ................................................................................................................. 44
xii
2.2 Coleta e tratamento taxonômico ....................................................................................... 45
3. Resultados e discussão ........................................................................................................ 47
3.1 Leguminosae Juss. ........................................................................................................... 47
3.2 Caesalpinioideae ............................................................................................................. 48
3.2.1 Brodriguesia R.S. Cowan .......................................................................................... 49
I. Brodriguesia santosii R.S. Cowan ................................................................................ 49
3.2.2 Chamaecrista Moench ............................................................................................... 50
I. Chamaecrista cytisoides (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby ............................... 52
II. Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip ..................................................................... 54
III. Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S. Irwin & Barneby var. ensiformis .................. 55
IV. Chamaecrista flexuosa (L.) Greene var. flexuosa ...................................................... 56
V. Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S. Irwin & Barneby ............................................... 57
VI. Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S. Irwin & Barneby .............................................. 59
VII. Chamaecrista repens var. multijuga (Benth.) H.S. Irwin & Barneby ...................... 61
VIII. Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora (Benth.) H.S. Irwin & Barneby ......... 62
IX. Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S. Irwin & Barneby ......................................... 63
3.2.3 Hymanaea L. .............................................................................................................. 64
I. Hymenaea rubriflora var. glabra Y.T. Lee & Andrade-Lima ...................................... 64
3.2.4 Libidibia (DC.) Schltdl. ............................................................................................. 66
I. Libidibia ferrea (Mart.) L.P. Queiroz ........................................................................... 66
3.2.5 Senna Mill. ................................................................................................................. 67
I. Senna obtusifolia (L.) H.S. Irwin & Barneby ............................................................... 67
II. Senna occidentalis (L.) Link ........................................................................................ 68
III. Senna phlebadenia H.S. Irwin & Barneby ................................................................. 69
IV. Senna splendida (Vogel) H.S. Irwin & Barneby var. splendida ................................ 70
3.2.6 Tachigali Aubl. Hist .................................................................................................. 72
I. Tachigali densiflora (Benth.) L.F. Gomes da Silva & H.C. Lima ................................. 73
3.3 Mimosoideae .................................................................................................................... 74
3.3.1 Abarema Pittier ........................................................................................................... 75
I. Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W. Grimes ........................................... 75
II. Abarema filamentosa (Benth.) Pittier ........................................................................... 76
xiii
3.3.2 Calliandra Benth. ....................................................................................................... 77
I. Calliandra parvifolia (Hook. & Arn.) Speg. ................................................................ 77
3.3.3 Inga Mill ..................................................................................................................... 78
I. Inga capitata Desv. ........................................................................................................ 79
II. Inga cayennensis Sagot ex Benth. ................................................................................ 80
III. Inga ciliata C. Presl ..................................................................................................... 81
IV. Inga laurina (Sw.) Willd. ........................................................................................... 82
3.3.4 Mimosa L. ................................................................................................................... 83
I. Mimosa caesalpiniifolia Benth. .................................................................................... 84
II. Mimosa pigra L. .......................................................................................................... 85
III. Mimosa pudica L. ....................................................................................................... 87
IV. Mimosa sensitiva L. ................................................................................................... 88
3.3.5 Stryphnodendron Mart. .............................................................................................. 89
I. Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr. ......................................................... 89
3.4 Papilionoideae ................................................................................................................. 91
3.4.1 Aeschynomene L. ....................................................................................................... 93
I. Aeschynomene viscidula Michx. .................................................................................... 94
3.4.2 Andira Lam. ............................................................................................................... 95
I. Andira fraxinifolia Benth. ............................................................................................. 95
3.4.3 Bowdichia Kunth .......................................................................................................... 96
I. Bowdichia virgilioides Kunth ....................................................................................... 97
3.4.4 Canavalia Adans. ......................................................................................................... 98
I. Canavalia rosea (Sw.) DC. ........................................................................................... 98
3.4.5 Centrosema (DC.) Benth. ............................................................................................. 99
I. Centrosema brasilianum (L.) Benth. var. brasilianum ................................................. 99
3.4.6 Crotalaria L. .............................................................................................................. 100
I. Crotalaria holosericea Nees & C. Mart. .................................................................... 101
II. Crotalaria retusa L. ................................................................................................... 102
III. Crotalaria stipularia Desv. ...................................................................................... 103
3.4.7 Desmodium Desv. J. ................................................................................................... 104
I. Desmodium barbatum (L.) Benth. .............................................................................. 105
xiv
3.4.8 Dioclea Kunth ............................................................................................................ 106
I. Dioclea violacea Mart. ex Benth. ............................................................................... 107
II. Dioclea virgata (Rich.) Meded. ................................................................................. 107
3.4.9 Indigofera L. .............................................................................................................. 109
I. Indigofera microcarpa Desv. ...................................................................................... 109
3.4.10 Leptolobium Vogel ................................................................................................... 110
I. Leptolobium bijugum (Spreng.) Vogel. ....................................................................... 110
3.4.11 Lonchocarpus Kunth ................................................................................................ 112
I. Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC. ............................................................. 112
3.4.12 Periandra Mart. ex Benth. ....................................................................................... 113
I. Periandra mediterranea (Vell.) Taub. ........................................................................ 113
3.4.13 Rhynchosia Lour. ..................................................................................................... 115
I. Rhynchosia phaseoloides (Sw.) DC. ............................................................................ 115
3.4.14 Stylosanthes Sw. .................................................................................................. 116
I. Stylosanthes angustifolia Vogel ................................................................................... 116
II. Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw.. ........................................................................ 117
III. Stylosanthes scabra Vogel ....................................................................................... 118
IV. Stylosanthes viscosa (L.) Sw. ................................................................................... 119
3.4.15 Swartzia Schreb. ....................................................................................................... 121
I. Swartzia alagoensis R.B. Pinto, Torke & Mansano ................................................... 122
II. Swartzia apetala Raddi var. apetala .......................................................................... 123
3.4.16 Tephrosia Pers. ......................................................................................................... 124
I. Tephrosia purpurea (L.) Pers. ..................................................................................... 124
3.4.17 Vigna Savi ................................................................................................................ 125
I. Vigna peduncularis (Kunth) Fawc. & Rendle ............................................................ 125
3.4.18 Zollernia Wied-Neuw. & Nees ................................................................................ 126
I. Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel ............................................................................. 126
3.4.19 Zornia J.F. Gmel. ..................................................................................................... 127
I. Zornia latifolia Sm. ..................................................................................................... 127
3.5 Períodos de floração e frutificação. ............................................................................... 129
4. Referências Bibliográficas. ................................................................................................ 132
xv
Agradecimentos
Agradeço a Deus pelas oportunidades que me foram dadas na vida, principalmente por ter
conhecido pessoas e lugares interessantes, mas também por ter vivido fases difíceis (muitas por
sinal!), mas que foram matérias-primas de aprendizado.
À minha orientadora Profª Ana Tozzi pela oportunidade que me deu, por todo carinho
com que sempre me tratou, orientação, apoio e incentivo. Ao Edson Dias da Silva pela
importante co-orientação e contribuição no desenvolvimento deste trabalho. Ao Programa de Pós
Graduação em Biologia Vegetal. Aos professores e funcionários do Departamento de Biologia
Vegetal que participaram direta ou indiretamente da minha formação. Aos membros da pré-banca
(Prof. Dr. Domingos Cardoso, Profª Maria do Carmo E. do Amaral e a Drª Roseli Torres) e banca
pelas importantes sugestões. Ao Prof. Dr. Leonardo Meireles pela importante ajuda nas análises
de similaridade.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP – pela bolsa de
Mestrado concedida (processo 2012/03293-6) durante o desenvolvimento deste trabalho.
A CAPES pelos dois meses iniciais de bolsa.
Ao Projeto Flora de Sergipe, pelas passagens aéreas que possibilitaram minha vinda para
a realização das coletas.
À Profª Drª Ana Paula Prata, curadora do Herbário ASE, pela disponibilidade de consulta
ao acervo e pela disponibilidade de transporte para as coletas botânicas. Aos técnicos, Marta e
Eládio.
Não posso deixar de agradecer aos meus pais Marinalva e Pedro, sem os quais não estaria
aqui, e por terem me fornecido condições para me tornar a profissional e ser humano que sou.
Ao meu noivo Adriano Santos pela incondicional compreensão, paciência, pelo
companheirismo e pelo fato de ter aprendido a conviver com as minhas tamanhas diferenças. Sem
você eu não teria conseguido.
Aos meus amigos Audênis, Alisson, Fernando, Anny, Welligton, Inaê e João Elias que
apesar dos diferentes caminhos seguidos, participaram do meu desenvolvimento e continuam
nutrindo o nosso laço de amizade. Aos que me acompanharam durante a graduação na UFS e que
xvi
compartilharam momentos especiais no Herbário ASE (Rafaela, Camilla, Amanda, Luiz Aquino,
Itallo, Daniel, Rainan, Andreia, Aninha, Zé Júnior, Gilda, Daniele, Christopher, Bárbara, Jéssica,
Larissa, Gilmara e Antunes). As minhas “xuxuzinhas” de Simão Dias, Amanda, Crys, Fernanda,
Itamara, Lana, Lázia, Janaina e Gabi, pelos bons momentos que me ajudaram a seguir em frente
com alegria e determinação. Aos amigos que conheci em Campinas e que tornaram minha
temporada, nesta cidade, mais alegre (Tiago “Padre”, Gabi, Shimizu, Luciana, Marcelinho,
Marcela, Pavarotti, João, Milena, Deise, Nazareth, Talita, Carol e Zildamara). Aos amigos com
quem morei na república fica o meu muito obrigada por me receberem de braços abertos e
continuarem me recebendo sempre que preciso (Décio, Nállarett, Fernanda, Anna, Gustavo). Em
especial a Suzana, que me recebeu com carinho, dividiu comigo a saudade de Sergipe, pelos seus
conselhos, estímulos e contribuições nos meus trabalhos, incluindo a impressão da versão final.
Finalmente a todos os outros, não citados, mas presentes em meu coração, que direta ou
indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho. Obrigada!!!!!
xvii
.
FINANCIAMENTO
CAPES – dois meses de bolsa de estudos (nível de
mestrado) pelo Programa de Pós-Graduação em
Biologia Vegetal, IB/UNICAMP.
FAPESP: bolsa de estudos (nível de mestrado) e
reserva técnica (processo 2012/03293-6).
xviii
1
Introdução Geral
2
A Mata Atlântica figura entre os biomas com mais expressivos índices de biodiversidade
e endemismo do mundo (Giulietti & Forero 1990), contando com 2,7% das espécies de plantas
endêmicas do planeta (Myers et al. 2000). Entretanto, essa biodiversidade encontra-se bastante
ameaçada em virtude do acelerado processo de degradação da cobertura natural (92,5%) desse
ecossistema, o que a tornou uma área prioritária para conservação e contribuiu no seu
reconhecimento entre os hotspots mundiais de biodiversidade (Myers et al. 2000). Esse domínio
compreende a costa leste do Brasil, mas avança para o interior do país em extensões variadas
(Falkenberg 1999), do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.
A região litorânea brasileira foi originada durante o processo de separação das placas
continentais da América e África, iniciado no Pré-Cambriano (Salgado-Labouriau 1994) e, assim
como outras zonas costeiras, está submetida à dinâmica que inclui processos deposicionais e
erosivos, decorrentes da ação das ondas, ventos, correntes litorâneas, marés e ressacas (Villwock
et al. 2005). Outro fator decisivo para formação dessas áreas é a variação do nível do mar, que
resulta no deslocamento da linha da costa e como resultante tem-se a expansão ou retração da
flora e da fauna nesse ambiente (Salgado-Labouriau 1994).
A costa atlântica nordestina é constituida por diversas formações vegetacionais, entre
elas estão as restingas que se desenvolvem sobre planícies arenosas costeiras, e os tabuleiros
arenosos (Formação Barreiras), encontrados em manchas de solos arenosos, sobre baixos platôs
nas adjacências das planícies costeiras (Freire 1990, Rizzini 1997, Scarano 2002). Alguns autores
(Rizzini 1997, Fernandes 1998) acreditam que a flora das restingas e da Formação Barreiras
compreende um complexo florístico marcado por elementos de outros tipos vegetacionais, como
da caatinga e do cerrado, mas principalmente da Floresta Atlântica, o que contribuiu para que eles
a considerem subconjuntos do Domínio Atlântico.
Por serem caracterizadas pelas diversas fisionomias vegetacionais e distintos depósitos
arenosos, as formações de restinga têm recebido um tratamento bastante heterogêneo nas últimas
décadas, dificultando a elaboração de um conceito de restinga válido para todo o Brasil
(Falkenberg 1999). Aqui, o termo restinga é utilizado no sentido botânico, para designar um
complexo vegetacional com forte influência marinha, que se desenvolve em sedimentos arenosos
quaternários, resultantes de variações no nível do mar ocorridas no Holoceno, além de indicar a
vegetação lenhosa das áreas mais internas e planas do litoral (Rizzini 1997). Tal conceito pode
3
compreender as comunidades vegetais encontradas nos sedimentos da beira da praia, pontões
arenosos e dunas, englobando desde as vegetações pioneiras até as florestais (Rizzini 1979,
Araujo 1992). Classificada como um ambiente de sedimentos recentes, a restinga é considerada
uma extensão da floresta Atlântica e de ecossistemas adjacentes (Cerrado e Caatinga) (Suguio e
Tessler 1984, Rizzini 1997, Scarano 2002). O baixo número de espécies endêmicas da restinga
estaria relacionado ao fato desse ambiente ser geologicamente recente, e sendo assim o tempo
para essas espécies desenvolverem mecanismos de especiação foi insuficiente (Scarano 2002).
Alguns dos fatores que podem atuar na fitofisionomia da restinga são o clima, proximidade do
mar, topografia, profundidade do lençol freático, condições do solo e variações do nível mar
(Assumpção & Nascimento 2000).
O tabuleiro costeiro é uma faixa litorânea constituída por depósitos terciários
(pliocênico) que se elevam entre 20-200 m do nível do mar, de forma plana ou parcialmente
ondulada, englobando espécies do cerrado e espécies litorâneas (Rizzini 1997). O processo de
desmatamento durante o período de colonização e em períodos mais recentes (1960-1980), com a
expansão da agricultura e industrialização, acarretou em uma intensa fragmentação das matas de
tabuleiros, restando, com isso, somente alguns remanescentes (Giulietti & Forero 1990) que se
distribuem da região costeira do Nordeste até o Rio de Janeiro (Silva & Nascimento 2011). Nem
sempre os tabuleiros são distinguidos das restingas, uma vez que ambos apresentam ampla
variação fitofisionômica e ocorrem em solos arenosos, com compartilhamento de um número
expressivo de espécies, formando geralmente um "contínuo vegetacional" (Oliveira-Filho 1993),
e podendo, ocasionalmente, a restinga revestir sedimentos do Grupo Barreiras (Trindade 1998).
No Brasil ocorrem 212 gêneros e 2735 espécies de Leguminosae (Lima et al. 2014),
aparecendo entre as famílias mais ricas em número de representantes na maioria dos ecossistemas
brasileiros. Em Sergipe são registradas, até o momento, apenas 125 espécies de Leguminosae
(Lima et al. 2014), ao qual ainda devem ser acrescidos os resultados de levantamentos (Mendes
et al. 2010, Machado et al. 2012, Nascimento-Júnior 2012 (dados não publicados), Silva et al.
2013) realizados no estado, nos últimos anos, e que contribuíram para o projeto “Flora de
Sergipe”.
Levando em consideração a premissa de que as restingas e as Formações Barreiras
apresentam composição florística originada de seus ecossistemas adjacentes (Mata Atlântica,
4
Caatinga, Cerrado) e da notável escassez de estudos botânicos que tratem de Leguminosae em
Sergipe, este trabalho buscou responder as seguintes questões: 1) Qual a composição de
Leguminosae da restinga e dos tabuleiros costeiros de Pirambu? 2) Há diferença na composição
de Leguminosae entre a restinga e os tabuleiros costeiros de Pirambu? 3) Qual a fitogeografia das
espécies registradas na área? 3) Há ocorrência de espécies endêmicas ou novas ocorrências no
estado? Para responder essas questões o estudo está organizado em dois capítulos: Capítulo 1.
Relações fitogeográficas das formações de restinga e tabuleiro costeiro do Litoral Norte de
Sergipe, Brasil: evidências a partir da distribuição e diversidade de Leguminosae. Capítulo 2.
Tratamento florístico de Leguminosae Juss. na Restinga e nos Tabuleiros de Pirambu, Sergipe,
Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, D.S.D. 1992. Vegetation types of sandy coastal plains of tropical Brazil: a first
approximation In: Seeliger, U. (ed.). Coastal plant communities of Latin America. Academic
Press, New York, p.337-347.
ASSUMPÇÃO, J. & NASCIMENTO, M.T. 2000. Estrutura e composição florística de quatro
formações vegetais de restinga no complexo lagunar Grussaí/Iquipari, São João da Barra, RJ,
Brasil. Acta Botânica Brasilica 14(3): 301-315.
FALKENBERG, D.B. 1999. Aspectos da flora e da vegetação secundária da restinga de Santa
Catarina, Sul do Brasil. Insula 28: 1-30.
FERNANDES, A. 1998. Fitogeografia Brasileira. Fortaleza, Multigraf.
FREIRE, M. S. B. 1990. Levantamento florístico do Parque Estadual das Dunas de Natal. Acta
Botanica Brasilica 4(2): 41-59.
GIULIETTI, A.M. & FORERO, E. 1990. "Workshop" Diversidade taxonômica e padrões de
distribuição das angiospermas brasileiras. Introdução. Acta Botanica Brasilica 4: 39.
LIMA, H. C. 2000. Leguminosas arbóreas da Mata Atlântica: uma análise da riqueza, padrões de
distribuição geográfica e similaridades florísticas em remanescentes florestais do estado do
Rio de Janeiro. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
5
LIMA, H.C. DE; QUEIROZ, L.P.; MORIM, M.P.; SOUZA, V.C.; DUTRA, V.F.;
BORTOLUZZI, R.L.C.; IGANCI, J.R.V.; FORTUNATO, R.H.; VAZ, A.M.S.F.; SOUZA,
E.R. DE; FILARDI, F.L.R.; VALLS, J.F.M.; GARCIA, F.C.P.; FERNANDES, J.M.;
MARTINS-DA-SILVA, R.C.V.; PEREZ, A.P.F.; MANSANO, V.F.; MIOTTO, S.T.S.;
TOZZI, A.M.G.A.; MEIRELES, J.E.; LIMA, L.C.P. ; OLIVEIRA, M.L.A.A.; FLORES, A.S.;
TORKE, B.M.; PINTO, R.B.; LEWIS, G.P.; BARROS, M.J.F.; SCHÜTZ, R.;
PENNINGTON, T.; KLITGAARD, B.B.; RANDO, J.G.; SCALON, V.R.; CARDOSO,
D.B.O.S.; COSTA, L.C. DA; SILVA, M.J. DA; MOURA, T.M.; BARROS, L.A.V. DE;
SILVA, M.C.R.; QUEIROZ, R.T.; SARTORI, A.L.B.; CAMARGO, R. A.; LIMA, I.B. 2014.
Fabaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB115>. Acesso em: 01
Fev. 2014
MACHADO, W.J., PRATA, A. P. N., & MELLO, A. A. 2012. Floristic composition in areas of
Caatinga and Brejo de Altitude in Sergipe state, Brazil. Check List 8(6), 1089-1101.
MENDES, K., GOMES, P., & ALVES, M. 2010. Floristic inventory of a zone of ecological
tension in the Atlantic Forest of Northeastern Brazil. Rodriguésia 61(4):669-676.
MYERS, N.; MITTERMEIER, R.A.;, MITTERMEIER, C.G.; DA FONSECA, G.A.B.; KENT, J.
2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853-858.
NASCIMENTO-JÚNIOR, J.E. 2012. Flora de um trecho do Litoral Norte de Sergipe, Brasil.
Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
OLIVEIRA-FILHO, A. T. 1993. Gradient analysis of an area of coastal vegetation in the state of
Paraíba, northeastern Brazil. Edinburgh Journal of Botany 50 (2): 217-236.
RIZZINI, C.T. 1997. Tratado de Fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e
florísticos. Âmbito Cultural edições Ltda., Rio de Janeiro.
SALGADO-LABOURIAU, M.L. 1994. História ecológica da Terra. 2ª ed. São Paulo, Edgard
Blücher.
SCARANO, F.R. 2002. Structure, Function and Floristic Relationships of Plant Communities in
Stressful Habitats Marginal to the Brazilian Atlantic Rainforest. Annals of Botany 90: 517-
524.
SILVA, G.C. & NASCIMENTO, M.T. 2001. Fitossociologia de um remanescente de mata sobre
tabuleiros no norte do estado do Rio de Janeiro (Mata do Carvão). Revista brasileira de
Botânica 24 (1): 51-62.
SILVA, A.C.C., PRATA, A.P.N.; MELLO, A.P. & SANTOS, A.C.A.S. 2013. Síndromes de
dispersão de Angiospermas em uma Unidade de Conservação na Caatinga, SE, Brasil.
6
Hoehnea 40(4): 601-609.
SUGUIO, K. & TESSLER, M.G. 1984. Planícies de cordões arenosos Quaternários do Brasil:
origem e nomenclatura. In Lacerda, L.D., Araújo D.S.D., Cerqueira, R. & Turcq, B. (orgs).
Restingas: Origem, Estrutura, Processos. CEUFF, Universidade Federal Fluminense, Niterói,
p.15-26.
TRINDADE, A. 1998. Uso, conservação e estrutura de dunas e restingas do Rio Grande do
Norte, Brasil. Resumos do XLIX Congresso Nacional de Botânica. UFBA, p.441.
VILLWOCK, J.A.; LESSA, G.C.; SUGUIO, K.; ANGULO, R. J. & DILLENBURG, S.R. 2005.
Geologia e geomorfologia de regiões costeiras In: Souza, C.R.G.; Suguio, K.; Oliveira,
A.M..S. (ed.) Quaternário do Brasil. Holos Editora, Ribeirão Preto, p. 94-113.
7
Relações fitogeográficas das formações de
restinga e tabuleiro costeiro do Litoral
Norte de Sergipe, Brasil: evidências a partir
da distribuição e diversidade de
Leguminosae
8
RESUMO: Em Sergipe, a faixa costeira possui 163 km de extensão, onde ocorrem
continuamente as restingas em uma faixa de largura variável. Apesar do histórico processo de
degradação desse ecossistema, em Sergipe existem alguns remanescentes de Restinga bem
preservados, entre eles, no município de Pirambu, litoral norte do estado. A região costeira do
estado é ainda caracterizada pela presença de tabuleiros costeiros (Grupo Barreiras), decorrentes
de depósitos Terciários e constituídos predominantemente por sedimentos areno-argilosos. Este
capítulo tem como objetivo contribuir para o conhecimento da Flora de Sergipe, dando ênfase na
zona costeira de Pirambu, através do inventário das espécies de Leguminosae, uma das famílias
mais diversas de angiospermas com ca. 19.500 espécies e 751 gêneros, e que constitue um
elemento fundamental em distintas formações vegetais. São fornecidas informações referentes à
distribuição fitogeográfica das espécies, dados sobre as relações de similaridade entre as
formações em estudo e entre demais áreas de restingas do Nordeste, além de novas ocorrências
no estado. Foram amostradas 55 espécies, distribuídas em 30 gêneros e 13 tribos. Constatou-se o
predomínio do hábito subarbustivo (51% das espécies), seguido do hábito arbóreo (27%
das espécies). A região de tabuleiros foi a que apresentou o maior número de espécies de
Leguminosae (43 spp.) das quais 31 (72%) são exclusivas. A análise de agrupamento (UPGMA)
com base nas espécies de Leguminosae encontradas em 12 áreas de restinga do Nordeste mostrou
a formação de pelo menos três grupos distintos. Em geral as espécies apresentam-se bem
distribuídas nas diversas formações vegetacionais do Brasil, podendo ocorrer em quatro ou mais
domínios fitogeográficos. Nos tabuleiros 16 espécies (37,2 %) têm distribuição restrita ao
território brasileiro e seis apresentam ocorrência restrita ao domínio Mata Atlântica. Oito novas
ocorrências foram confirmadas em Sergipe, evidenciando a importância da área estudada.
Palavras-chaves: Fabaceae, florística, análise de similaridade, novas ocorrências, flora de
Sergipe.
9
ABSTRACT: Sergipe coastal zone has 163 km of extension, at this place “restinga” occurring
continually ” in a strip of variable width. Despite the historical process of degradation of this
ecosystem, in Sergipe there are some preserved fragments of “Restinga”, especially in the
municipality of Pirambu, north coast of the state. The coast region of the state is also
characterized by the presence of “tabuleiros” (Barreiras Formation), resultant from Tertiary
deposits and constituted predominantly of sandy-clay sediments. With approximately 19,500
species distributed in 751 genera, the species of Leguminosae (Fabaceae) are a fundamental
element in different vegetation types. This chapter aimed to contribute to the knowledge of the
Flora of Sergipe, with emphasis on the coastal zone of Pirambu through the inventory of species
of Leguminosae. We provide information of the phytogeographic distribution of species, data on
the similarity between the formations under study, among other areas of “restinga” of the
Northeast region, new records of occurrence for Sergipe and periods of flowering, fruiting and
dispersal syndrome of species. We sampled 55 species belonging to 30 genera and 13 tribes. It
was observed the prevalence of sub-shrubby habit (51% of species), followed by arboreal (27%
of species). The region of "tabuleiros" of the study area showed the largest number of species of
Leguminosae (43 spp.) of which 31 (72%) are exclusive of this formation. Cluster analysis
(UPGMA) including species of Leguminosae found in 12 areas of “restinga” from Northeast
region showed the formation of three distinct groups. In general, the species are well distributed
in different vegetation formations of Brazil, occurring in four or more phytogeographical areas.
In the “tabuleiros” 16 species (37,2 %) have restricted distribution to Brazilian territory and six
showed restricted occurrence to the Atlantic Domain. Eight new occurrences were confirmed to
Sergipe, showing the importance the studied area
Keywords: Fabaceae, floristics, similarity analysis, new occurrences, flora of Sergipe
10
1. Introdução
Em Sergipe, a faixa costeira possui 163 km de extensão, onde ocorrem, continuamente, as
restingas, em uma faixa de largura variável (Oliveira 2008). As restingas do estado são formadas
por associações vegetais distintas, que tornam a região altamente heterogênea, com crescente
riqueza de espécies à medida que aumenta a distância em relação ao mar. As praias são
constituídas de areia fina a muito fina, não havendo falésias adjacentes ao mar ou costões
rochosos. As formações vegetacionais encontradas vão de restinga sobre dunas, de até caerca de
30 m de altura, a campos herbáceos, abertos ou fechados, fruticetos inundáveis a não inundáveis
e florestas com árvores de pequeno a médio porte.
Essa área, assim como as demais restingas brasileiras, vem passando por um acelerado
processo de transformação, causado por práticas de turismo desordenadas, especulação
imobiliária e exploração ilegal dos recursos naturais, comprometendo a integridade do seu
ecossistema. Entretanto, em Sergipe existem alguns remanescentes de Restinga bem preservados,
entre eles, no município de Pirambu, litoral norte do estado, onde se localiza a Reserva Biológica
(Rebio) Santa Isabel, um dos maiores sítios reprodutivos da tartaruga oliva (Lepidochelys
olivacea) e uma importante área de desova de outras espécies de tartaruga Mendonça & Bomfim
(2013).
A região costeira de Sergipe é ainda caracterizada pela presença de tabuleiros costeiros
(Grupo Barreiras), decorrentes de depósitos Terciários e constituídos predominantemente por
sedimentos areno-argilosos, mas com ausência de uniformidade desses sedimentos, que ora se
apresentam mais argilosos, ora mais arenosos (Leite 1973). Na região do litoral norte do estado,
esses tabuleiros são ocupados por formações florestais e por cerrados (Leite 1973), entretanto
quando as formações de cerrados estão localizadas em solos silicosos e próximos ao litoral, são
mais semelhantes fisionomicamente às restingas (Leite 1976).
As espécies de Leguminosae Juss. constituem um elemento fundamental em distintas
formações vegetais, ocorrendo desde os ápices de serras até o litoral arenoso, de florestas úmidas
até desertos (Lewis 1987). Com aproximadamente 19.500 espécies distribuídas em 751 gêneros,
representa a terceira maior família dentre as angiospermas (LPWG 2013). Considerada um grupo
11
monofilético, tem sido tradicionalmente subdividida em três subfamílias, Mimosoideae,
Papilionoideae (Faboideae) e Caesalpinioideae, das quais apenas esta última é considerada
parafilética (Wojciechowski 2003, Lewis et al. 2005). No Brasil ocorrem 212 gêneros e 2735
espécies (Lima et al. 2014), aparecendo entre as famílias mais ricas em número de representantes
na maioria dos ecossistemas brasileiros. Em Sergipe são registradas, até o momento, apenas 125
espécies de Leguminosae (Lima et al. 2014), com o crescente número de trabalhos florísticos e
taxonômicos que vem sendo realizados no estado, através do projeto “Flora de Sergipe”,
acredita-se que este número esteja subestimado, uma vez que ainda inexistem trabalhos que
tratem exclusivamente desta família.
Em um levantamento florístico realizado por Pergentino (2007) nas restingas do estado de
Sergipe foi registrada a ocorrência de 593 espécies, distribuídas em 95 famílias, onde as
Leguminosae aparecem entre as mais representativas, com 31 espécies. Além deste trabalho,
Nascimento-Júnior (2012) realizou o levantamento da flora de um trecho do litoral norte de
Sergipe, registrando a presença de 271 espécies de plantas, distribuídas em 198 gêneros e 82
famílias, sendo Leguminosae a mais representativa, com 30 espécies. Em um inventário da
vegetação dos tabuleiros arenosos de Pirambu, realizado por Fonseca (1979), foram registradas
125 espécies distribuídas em 59 famílias, das quais a mais representativa foi Leguminosae, com
19 espécies. Adicionalmente, os poucos estudos que se referem à diversidade florística dos
ecossistemas costeiros de Sergipe foram resultantes de coletas esporádicas, com divulgação ainda
restrita (pois ainda não foram publicados em revistas científicas), ou de relatórios de consultorias
ambientais.
Este capítulo teve por objetivo contribuir para o conhecimento da Flora de Sergipe,
dando ênfase na zona costeira de Pirambu, através do inventário das espécies de Leguminosae,
considerando que a representatividade desta família sinalize a possibilidade de ser indicativa das
formações de restinga e tabuleiros costeiros, que caracterizam o município. Além disso,
objetivou-se também disponibilizar informações referentes à distribuição fitogeográfica das
espécies, levando em consideração que as restingas e as Formações Barreiras apresentam uma
flora originada de outros ecossistemas, como da Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, mas,
sobretudo, deste último. São fornecidos também dados sobre as relações de similaridade entre as
formações em estudo e entre diferentes áreas de restingas, situadas ao longo da costa do
12
Nordeste. Alguns dos estudos que abordam a riqueza de Leguminosae têm se mostrado eficazes
ao se combinar análise de similaridade com padrões de distribuição geográfica da família, tanto
no Domínio Atlântico (Nunes et al. 2007; Martins 2009; Silva 2010) como na Caatinga (Cardoso
& Queiroz 2007; Córdula et al. 2008). Além disso, foram reconhecidas novas ocorrências no
estado.
2. Material e Métodos
2.1 Área de estudo
O município de Pirambu está localizado num trecho do litoral norte do estado de Sergipe,
limitando-se ao sul com Barra dos Coqueiros, ao oeste com Santo Amaro das Brotas, Carmópolis
e Japaratuba, ao norte com Pacatuba e Japaratuba e ao leste com o Oceano Atlântico. Em
Pirambu encontram-se desde formações de Restinga (planície costeira – 10º38’4” e 36º43’35”)
até Tabuleiros Costeiros (Grupo Barreiras- 10º38’22” e 36º49’32”), ambas sendo consideradas
subconjuntos do Domínio Floresta Atlântica (Rizzini 1997, Fernandes 1998) (Figura 1). O
município possui clima do tipo megatérmico úmido e sub-úmido, com temperatura média anual
de 26ºC, e período chuvoso entre os meses de março a agosto (Bomfim et al. 2002).
Geologicamente, Pirambu ocupa unidades relacionadas às Formações Superficiais Continentais
cenozóicas, representadas por depósitos flúvio-lagunares, depósitos eólicos litorâneos e
continentais e terraços marinhos recentes, além de areias finas e grossas com níveis argilosos e
conglomeráticos do Grupo Barreiras (Bomfim et al. 2002).
Para facilitar o entendimento, utilizamos a divisão do litoral em zonas e a classificação
fitofisionômica, propostas por Rizzini (1997) e Silva & Britez (2005), respectivamente. No trecho
compreendido pela formação de Restinga está incluída a Reserva Biológica (Rebio) Santa Isabel,
criada através do Decreto nº 96.999, de outubro de 1988 onde podemos encontrar formações
pioneiras com influência marinha, denominadas antedunas e dunas. Neste caso, a praia é sucedida
pela disposição de feições dunares, denominadas de antedunas. Estas ficam próximas ao mar,
possuem primeiramente natureza móvel, onde há o acúmulo de sedimentos recentes, recobertos
parcialmente por vegetação de campo aberto, não inundável, constituída de poucas espécies,
13
geralmente rizomatosas ou estoloníferas e com folhas carnosas. Em seguida, encontram-se as
linhas de acúmulo pré-dunares, formadas pela colonização de uma vegetação de maior porte,
conhecida como campo fechado não inundável, que permite a fixação das areias (Oliveira 2008).
Em alguns casos, quando há acúmulo de água decorrente da estação chuvosa, as antedunas são
formadas por campos fechados inundáveis. Posteriormente, aparecem as dunas fixas, com
aproximadamente 25 m de altura (Santana 2008), caracterizadas por uma vegetação herbácea,
quando presente, sobretudo nas bordas, e outra arbórea-arbustiva, que consegue se estabelecer e
formar fruticetos fechados. Em algumas áreas, nas adjacências das dunas, aparece o fruticeto
aberto não inundável, com frequente presença de plantas mais ruderais, além de coqueiros (Cocos
nucifera L - Arecaceae), o que indica intervenção antrópica no local.
Em direção ao interior, são verificadas áreas de Tabuleiros Costeiros, representadas pelo
Grupo Barreiras, que podem ocupar patamares altimétricos de 50-75 m, caracterizadas por uma
vegetação arbustiva-arbórea de fruticeto fechado não inundável, que as protege da ação erosiva
das chuvas (Santana 2008). A maior parte das áreas de tabuleiros com superfícies planas foi
ocupada por coqueirais (Oliveira 2008).
Figura 1: Localização da área de estudo. A. O estado de Sergipe no NE do Brasil; B. Divisão política do litoral
de Sergipe. C. Município de Pirambu, com sua divisão geomorfológica. Pc: Planície Costeira (Restinga); Tb:
Tabuleiro Costeiro. (Fonte: Santana 2008 - Adaptado).
14
Figura 2: Formações vegetacionais encontradas em Pirambu, Sergipe: a.b. Restinga (antedunas e dunas). c. d.
Tabuleiros Costeiros.
15
2.2 Tratamento dos dados florísticos
A amostragem da flora de Leguminosae foi realizada no período de julho de 2012 a
setembro de 2013, através de caminhadas assistemáticas, em sete fragmentos no município de
Pirambu, sendo três localizados em planície costeira (Restinga) e caracterizados pela presença de
antedunas e dunas, e quatro em ambiente de tabuleiro costeiro (Figura 1).
Em campo foram coletados indivíduos herbáceos, arbustivos, arbóreos e lianas e anotados
os dados referentes à localização do espécime, hábito, altura aproximada e demais características
vegetativas e reprodutivas. Cada local de coleta foi referenciado utilizando um GPS (Global
Positioning System). Os espécimes coletados foram herborizados conforme os métodos usuais
descritos em et al. (1989) e depositados nos herbários ASE (Universidade Federal de Sergipe) e
UEC (Universidade Estadual de Campinas). As identificações foram feitas através de bibliografia
especializada e/ou por comparação com material do acervo de Legumimosae dos herbários
citados e confirmadas, quando necessário, através de especialistas ou do banco de imagens de
exsicatas, disponíveis em “sites” dos herbários virtuais Reflora1, Royal Botanic Gardens, Kew
2 e
Tropicos3.
A circunscrição da família e gêneros seguiu o trabalho de Lewis et al. (2005) e Rodrigues
& Tozzi (2012), para o gênero Leptolobium Vogel. Os nomes dos autores das espécies foram
consultados através do endereço eletrônico da Flora do Brasil¹, além da base de dados Tropicos³.
Para verificar se a composição das espécies de Leguminosae em diferentes áreas de
restingas situadas ao longo da costa do Nordeste estão relacionadas entre si, foram utilizados 167
táxons em nível específico, de 12 levantamentos florísticos (Tabela 1) ocorrentes em substrato
arenoso de origem sedimentar Quaternária, em sete estados (Figura 4). Os dados foram
combinados utilizando métricas multivariadas de agrupamento e ordenação. Para o cálculo do
compartilhamento de espécies, entre os levantamentos, foi empregado o índice de Jaccard, com o
qual utilizamos os métodos de Ligação Completa e UPGMA para gerar um dendrograma no
1 http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/PrincipalUC/PrincipalUC.do
2 http://apps.kew.org/herbcat/gotoHomePage.do
3 http://www.tropicos.org/
16
programa Fitopac 2.1 (Shepherd 2006). O coeficiente do índice baseia-se apenas no conceito de
presença e ausência de espécies, não envolvendo a quantidade de indivíduos em cada uma das
áreas. Para a ordenação dos levantamentos a partir da distribuição das espécies, utilizamos o
escalonamento multidimensional não-métrico (NMDS) com o índice de Jaccard como índice de
similaridade através do software PAST (Hammer 2012).
Tabela 1: Estudos selecionados para análise de similaridade, das espécies de Leguminosae, nas restingas da região
Nordeste do Brasil.
Município Sigla Latitude Longitude
Nº
Espécies Autores
Pirambu – Se Pir_Res_SE 10º38' 36º43' 24 Trabalho em questão
Pecém – CE Pec_Res_CE 03º 31' 38º 48' 42 Castro et al. 2012
Santo Amaro das Brotas – SE SAB_Res_SE 10° 47' 36° 55' 30 Nascimento-Júnior 2012
Mataraca – PB Mat-Res_PB 06º 28' 34º 55' 27
Oliveira Filho & Carvalho
1993
Camaçari – BA Cam_Res_BA 12º 44' 38º 09' 46 Queiroz et al. 2012
Cabo de Santo Agostinho – PE CSA_Res_PE 08º 07' 35º 00' 14 Sacramento et al. 2007
Sirinhaém – PE Sir_Res_PE 08º 35' 35º 06' 10 Cantarelli et al. 2012
Ipojuca – PE Ipo_Res_PE 08°31' 35°01' 19 Almeida-Júnior et al. 2008
Tamandaré – PE Tam_Res_PE 08º 47' 35º06' 11 Silva et al. 2008
APA do Delta do Parnaíba – PI DeP_Res_PI 02°50'/02°55’ 41°47'/41°30' 43 Santos-Filho 2009
Natal – RN Nat_Res_RN 05º 48' 35º 09' 43 Freire 1990
Salvador – BA Sal_Res_BA 12º56' 38º21' 49 Britto et al. 1993
Figura 3: Mapa de localização
das áreas onde foram
desenvolvidos os trabalhos
utilizados para análise de
similaridade, das espécies de
Leguminosae, nas restingas da
região Nordeste do Brasil.
17
Os dados de distribuição fitogeográfica foram baseados em Lima et al. (2014),
disponíveis no endereço eletrônico da Flora do Brasil, e complementados com informações
obtidas em revisões taxonômicas (Mohlenbrock 1961, Silva & Tozzi 2012, Rodrigues &
A.M.G.A 2012, Scalon 2007, Perez 2009, Pennington 2003, Mansano et al. 2004, Costa 2006,
Barbosa-Fevereiro 1977) e demais trabalhos taxonômicos (Cardoso 2008, Mansano & Lima
2007, Flores & Miotto 2005, Iganci & Morim 2009, Lewis 1987). Para classificação de novos
registros para Sergipe, foram consultados trabalhos realizados no estado, além da Lista de
Leguminosae da Flora do Brasil. Essa mesma lista foi utilizada para consulta de espécies
endêmicas.
3. Resultados e Discussão
3.1 Levantamento Florístico
Foram registradas na área de estudo 55 espécies de Leguminosae pertencentes a 30 gêneros
e 13 tribos (Tabela 2). O gênero com maior riqueza de espécies foi Chamaecrista Moench com
nove espécies, seguido por Senna Mill., Inga Mill, Mimosa L. e Stylosanthes Sw., com quatro
espécies cada, Crotalaria (DC.) Benth. com três, Abarema Pittier, Swartzia Schreb. e Dioclea
Kunth com duas espécies cada (Tabela 2). Vinte e um gêneros foram representados por uma
única espécie, correspondendo a 70% do total de gêneros e 38% das espécies registradas na área
de estudo. Verificou-se o predomínio do hábito subarbustivo, estando presente em 28 espécies
(51%) distribuídas em 15 gêneros, seguido do hábito arbóreo, registrado em 15 espécies (27%) e
12 gêneros.
18
Tabela 2: Número de táxons de Leguminosae ocorrentes nas restingas e nos tabuleiros costeiros de Pirambu, com
suas respectivas zonas de ocorrência e seus hábitos.
Táxons (táxons exclusivos) Hábitos (exclusivos)
Zonas vegetacionais Espécies Gêneros Tribos Subarbustos Arbustos Árvores Lianas
Ca
esa
lpin
ioid
eae
Antedunas 3 (0) 1 (0) 1 (0) 3 (0) 0 0 0
Dunas 5 (1) 2 (0) 1(0) 5 (1) 0 0 0
Tabuleiros 16 (12) 6 (4) 3 (0) 8 (4) 5 (5) 3(3) 0
Total 17 6 3 9 5 3 0
Mim
oso
idea
e Antedunas 0 0 0 0 0 0 0
Dunas 7 (3) 4 (0) 2 (0) 1 (0) 2 (2) 4 (1) 0
Tabuleiros 9 (5) 5 (1) 2 (0) 2 (1) 3 (3) 4 (1) 0
Total 12 5 2 2 5 5 0
Pap
ilio
noid
eae Antedunas 3 (2) 3 (2) 3 (1) 3 (2) 0 0
Dunas 10 (6) 10 (4) 4 (0) 8 (3) 0 1 (1) 2 (1)
Tabuleiros 18 (7) 13 (6) 7 (3) 11 (7) 4 (4) 6 (6) 1 (0)
Total 26 19 8 17 4 7 2
Leg
um
inosa
e Antedunas 6 (2) 4 (2) 4 (1) 6 (2)
0 0 0
Dunas 22 (10) 16 (4) 7 (0) 14 (4)
2 (2) 5 (2) 2 (1)
Tabuleiros 43 (31) 24 (11) 12 (3) 21 (12) 12 (12) 10 (7) 1 (0)
Total 55 30 13 28 14 15 2
A cobertura vegetal da anteduna é basicamente constituída por plantas herbáceas e
subarbustivas, com espécies mais resistentes às altas temperaturas, ao estresse salino e à
constante exposição ao vento. Nas primeiras feições dunares da área de estudo, a poucos metros
após a linha da maré, percebe-se que a vegetação é ausente ou constituída de algumas poucas
espécies geralmente dotadas de estolões, rizomas e de rápido desenvolvimento, que forma o
campo aberto não inundável. Até o momento, foi possível encontrar apenas Canavalia rosea
nesse tipo de vegetação; o mesmo já foi relatado em outros trabalhos realizados em áreas de
antedunas (Queiroz et al. 2012, Castro et al. 2012, Nascimento-Júnior 2012, Oliveira Filho &
Carvalho 1993, Silva & Oliveira 1989). À medida que aumenta a distância em relação à costa
oceânica, no campo fechado não inundável, a cobertura vegetal torna-se contínua, com crescente
19
riqueza de espécies, sendo bastante comum a presença de Chamaecrista ramosa, Chamaecrista
hispidula, Chamaecrista flexuosa, Stylosanthes viscosa e Indigofera microcarpa. Considerando o
conjunto de espécies amostradas, seis espécies ocorreram em antedunas, sendo duas exclusivas.
A distribuição de quatro espécies estendeu-se até as dunas e tabuleiros costeiros (Tabela 3).
Tabela 3: Lista das espécies de Leguminosae nas restingas e tabuleiros costeiros de Pirambu, Sergipe. Hábitos: Er:
Erva, Sb: Subarbusto, Ab: Arbusto, Ar: Árvore, Li: Liana. Zonas vegetacionais: AD: Antedunas, DN: Dunas, TB:
Tabuleiros Costeiros.
Tribo Espécie Hábito AD DN TB
Subfamília Caesalpinoideae
Caesalpinieae
Libidibia ferrea (Mart.) L.P. Queiroz Ar ×
Tachigali densiflora (Benth.) L.F. Gomes da Silva &
H.C. Lima Ar ×
Cassieae
Chamaecrista cytisoides (DC. ex Collad.) H.S.Irwin
& Barneby Ab
×
Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip Sb
×
Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S. Irwin &
Barneby Ar
×
Chamaecrista flexuosa (L.) Greene Sb × × ×
Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S.Irwin & Barneby Sb × × ×
Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby Sb × × ×
Chamaecrista repens var. multijuga (Benth.) H.S.
Irwin & Barneby Sb
×
Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora (Benth.)
H.S. Irwin & Barneby Sb
×
Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S. Irwin &
Barneb Sb
×
Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin & Barneby Sb × ×
Senna occidentalis (L.) Link Sb ×
Senna phlebadenia H.S. Irwin & Barneby Ab ×
Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby Ab ×
Detarieae Brodriguesia santosii R.S.Cowan Ab ×
Hymenaea rubriflora var. glabra Y.T. Lee &
Andrade-Lima Ab ×
Subfamília Mimosoideae
Ingeae
Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W.
Grimes Ar × ×
Abarema filamentosa (Benth.) Pittier Ar ×
Calliandra parvifolia (Hook. & Arn.) Speg. Ab ×
Inga capitata Desv. Ar × ×
Inga cayennensis Sagot ex Benth. Ab ×
Inga ciliata C.Presl Ab ×
20
Tribo Espécie Hábito AD DN TB
Inga laurina (Sw.) Willd. Ar ×
Mimoseae
Mimosa caesalpiniifolia Benth. Ab ×
Mimosa pigra L. Ab ×
Mimosa pudica L. Sb × ×
Mimosa sensitiva L. Sb ×
Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr. Ar × ×
Crotalarieae
Crotalaria holosericea Nees & C. Mart., Sb ×
Crotalaria retusa L. Sb ×
Crotalaria stipularia Desv. Sb ×
Dalbergieae
Andira fraxinifolia Benth. Ar ×
Aeschynomene viscidula Michx. Sb × × ×
Stylosanthes angustifolia Vogel Sb ×
Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. Sb ×
Stylosanthes scabra Vogel Sb ×
Stylosanthes viscosa (L.) Sw. Sb × ×
Zornia latifolia Sm. Sb ×
Indigofereae Indigofera microcarpa Desv. Sb ×
Phaseoleae
Canavalia rosea (Sw.) DC. Sb ×
Centrosema brasilianum (L.) Benth. Sb × ×
Dioclea violacea Mart. ex Benth. Li ×
Dioclea virgata (Rich.) Amshoff Li ×
Periandra mediterranea (Vell.) Taub. Sb/Ab ×
Rhynchosia phaseoloides (Sw.) DC. Sb ×
Vigna peduncularis (Kunth) Fawc. & Rendle Sb ×
Swartzieae
Swartzia alagoensis R.B. Pinto, Torke & Mansano Ab/Ar ×
Swartzia apetala Raddi Ab/Ar ×
Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel Ar ×
Sophoreae
Bowdichia virgilioides Kunth Ar ×
Leptolobium bijugum (Spreng.) Vogel Ab/Ar ×
Millettieae Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC. Ar ×
Desmodieae
Desmodium barbatum (L.) Benth. & Oerst. Sb × ×
Tephrosia purpurea B.L. Rob. Sb ×
Na região compreendida por dunas ou em suas adjacências, além das quatro espécies
citadas, ocorrentes nas antedunas, foi possível encontrar uma formação vegetacional mais
arbóreo-arbustiva, onde foram encontradas as espécies Abarema cochliacarpos ,
Stryphnodendron pulcherrimum, Inga capitata, Inga ciliata, Inga laurina, Andira fraxinifolia e
21
Dioclea virgata (liana), sendo as quatro últimas, exclusivas. Alguns trechos próximos às dunas
exibem a presença da intervenção antrópica, favorecendo o aparecimento de plantas pioneiras
ou ruderais, como Senna obtusifolia, Mimosa pudica, Crotalaria retusa e Desmodium barbatum.
A região de tabuleiros costeiros que ocorrem na área de estudo foi a que apresentou o
maior número de espécies de Leguminosae (43 spp.), das quais 31 (72%) são exclusivas. A maior
representatividade de Leguminosae em áreas de tabuleiro costeiro em relação às de restinga foi
também apontada em um trabalho de levantamento florístico realizado no distrito de Pecém, no
Ceará (Castro et al. 2012). A área estudada é ocupada por uma vegetação composta
predominantemente por espécies arbustivas, associadas a subarbustos, com a presença eventual
de espécies arbóreas mais isoladas, não formando um estrato contínuo. Sendo assim, a maioria
das espécies forma moitas espaçadas, de diferentes tamanhos, que se intercalam com áreas mais
abertas de vegetação mais herbáceo-subarbustiva. Dentre as espécies arbustivas e arbóreas,
podemos encontrar predominantemente Leptolobium bijugum, Hymenaea rubriflora var. glabra,
Chamaecrista cytisoides, Brodriguesia santosii, Swartzia apetala, Swartzia alagoensis, Senna
splendida, Abarema cochliacarpos e outras menos abundantes, como Inga cayennensis, Inga
capitata, Abarema filamentosa, Chamaecrista ensiformis, Bowdichia virgilioides e Calliandra
parvifolia. Entre as herbáceas e subarbustos, destacam-se Aeschynomene viscidula, Centrosema
brasilianum, Chamaecrista hispidula, Chamaecrista repens, Periandra mediterranea,
Stylosanthes viscosa, Chamaecrista ramosa, Crotalaria holosericea, Chamaecrista swainsonii,
Stylosanthes guianensis, Stylosanthes scabra.
Em escala local, a similaridade florística entre as fisionomias de restinga e tabuleiros foi
de quase 22%. Das 55 espécies amostradas, 12 foram comuns às duas áreas, 12 foram exclusivas
da restinga e 31 exclusivas dos tabuleiros. Apenas quatro espécies ocorrem desde a região de
antedunas até os tabuleiros costeiros (Figura 5) sendo estas, Chamaecrista ramosa, Chamaecrista
hispidula, Chamaecrista flexuosa e Aeschynomene viscidula. Embora as duas formações
estudadas estejam próximas geograficamente, fatores abióticos como solo, formação
geomorfológica, temperatura e pluviosidade, além dos fatores antrópicos perceptíveis na região,
podem estar exercendo influência na distribuição das espécies e sinalizando para a importância da
família na conservação da diversidade dessas áreas remanescentes de Floresta Atlântica.
22
Figura 4: Número de táxons compartilhados entre as zonas vegetacionais (dunas, antedunas e
tabuleiros) presentes em Pirambu, Sergipe.
3.2 Similaridade floristica entre áreas de restinga da região Nordeste
A riqueza de Leguminosae entre os levantamentos variou entre 10 a 49 espécies,
refletindo, sobretudo a diferença entre as áreas amostradas. As relações florísticas constatadas
estão visualizadas na Figura 6. O dendrograma mostra a formação de pelo menos três grupos
distintos: no primeiro, é possível observar maior similaridade entre as áreas das restingas da
Bahia (2 áreas) e Sergipe (2 áreas), formando o subgrupo 1A, como também, maior semelhança
entre as áreas de restinga situadas no litoral de Pernambuco (4 áreas), que formam o subgrupo
2A; o segundo é formado pelas restingas do Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará; e o terceiro é
representado por um levantamento situado no norte da Paraíba, que se mostrou isolado do
restante das áreas.
Os resultados obtidos com a comparação das áreas, utilizando as espécies de
Leguminosae, fortalecem a idéia de que a flora de restinga ao longo do litoral nordestino não é
homogênea, como já revelado em alguns trabalhos (Cantarelli et al. 2012, Franco et al., 1984;
Rizzini, 1997; Sugiyama 1998). Se a flora da restinga do Nordeste é bastante diversa, que fatores
contribuem para essa diversificação? É consenso em trabalhos fitossociológicos que fatores
climáticos, geomorfológicos, latitudinais e longitudinais influenciam na diversidade de plantas.
Para Gentry (1988) e Clinebell et al. (1995) a riqueza de plantas lenhosas em florestas tropicais
23
está relacionada a cinco gradientes principais: o latitudinal, o de precipitação, o edáfico, o
altitudinal e o intercontinental. Um desses gradientes agindo isoladamente ou em combinação
com outros pode, portanto, tornar algumas áreas floristicamente diferentes de outras.
Comparando as semelhanças e diferenças edáficas, de precipitação e temperatura das áreas
estudadas, expostas nesses trabalhos é possível constatar que alguns desses gradientes podem ser
responsáveis pelas diferenças na riqueza de espécies de Leguminosae ao longo do litoral do
Nordeste.
As diferenças geomorfológicas presentes nas restingas do estado da Bahia, que formam
um subgrupo junto com Sergipe, podem ser responsáveis pela dissimilaridade dessas áreas em
relação às demais. Os levantamentos realizados na Bahia coindicem com o início de uma
formação que, segundo Villwock et al. (2005), tem início na Bahia e prolonga-se até o estado do
Rio de Janeiro. Tomando como referência estudos geológicos e geomorfológicos da costa
brasileira, esses autores propuseram uma classificação que divide o litoral em: Costa Norte – da
foz do rio Oiapoque (AP) à baía de São Marcos (MA), Costa Nordeste – da baía de São Marcos
(MA) até a baía de Todos os Santos (BA), Costa Leste ou Oriental – da baía de Todos os Santos
(BA) a Cabo Frio (RJ), Costa Sudeste – de Cabo Frio (RJ) até o Cabo de Santa Marta (SC) e
Costa Sul – do Cabo de Santa Marta (SC) até o Arroio Chuí (RS). Algumas espécies de
Leguminosae encontradas no início dessa formação (Costa Leste ou Oriental) podem ter chegado
até o litoral de Sergipe tornando essas áreas mais similares.
O subgrupo 1 concentrou quatro áreas de restinga de Pernambuco. Resultado similar foi
encontrado por Zickel et al. (2004) e Silva et al. (2008), que, ao comparar as restingas de
Pernambuco com outras restingas do Nordeste, encontraram grupos de similaridade formados
apenas pelas restingas de Pernambuco. Essas áreas situadas no litoral de Pernambucano foram
consideradas mais similares talvez por estarem muito próximas. Alguns fatores como a
profundidade do lençol freático e os níveis de matéria orgânica encontrados na restinga de
Maracaípe - PE (Almeida-Júnior et al. 2008) não foram suficientes para separar em termos
florísticos essas áreas nesse trabalho, apesar de serem superiores aos de outras áreas de restinga
de Pernambuco, segundo os autores do trabalho. Além disso, as quatro áreas analisadas estão
inseridas em uma distância inferior a 190 km o que leva a pressupor que a pequena distância
mantém essas áreas pouco diferenciadas.
24
O grupo formado pelas restingas do litoral do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, como
já evidenciado em alguns trabalhos (Castro et al. 2012; Freire 1990; Santos-Filho 2009),
apresenta realmente uma flora bem diferenciada das demais. O motivo dessa diferenciação pode
estar ligado ao fato de que as áreas desses levantamentos estão “voltadas” para a porção do
oceano Atlântico, que Ab’Saber (2001; 2006) denominou Setentrional (Ver o trabalho do
Castro et al. 2012– Pécem-CE). O Litoral Setentrional do Nordeste (LSN) por sua localização
geográfica apresenta clima mais quente e seco do que o da costa leste do Brasil. Enquanto a costa
leste do Brasil é dominada por climas tropicais úmidos, típicos do domínio da Mata Atlântica, a
porção setentrional do litoral nordestino (entre o Maranhão e a chamada “curva do continente sul-
americano”, no Rio Grande do Norte) possui regimes climáticos bem mais secos, variando de
subúmidos a semiáridos (Brasil 2002; Nimer, 1972; Ab’Sáber 2001; 2006). Essa diferença levou
Ab’Saber (2001; 2006) a individualizar esse trecho da costa como uma unidade chamada “Litoral
Setentrional do Nordeste”. Portanto, fatores climáticos podem estar relacionados com a principal
causa da diferenciação na composição florística desse grupo, principalmente a menor
pluviosidade presente na faixa litorânea do Nordeste setentrional (Santos-Filho 2009).
A formação geomorfológica e a localização da área do levantamento realizado na Paraíba
talvez expliquem a dissimilaridade desta com relação às demais áreas pesquisadas. A área,
localizada no extremo norte do estado, pode ser classificada como um ecótono, visto que está
limitada ao norte pela restinga do Rio Grande do Norte (que é a porção setentrional) e ao sul pela
restinga de Pernambuco (porção oriental). Além disso, o rio Guaju, que limita a área com o
estado do Rio Grande do Norte, evidencia também o que é considerado como a transição entre os
dois tipos de formações geomorfológicas do Litoral Terciário Brasileiro na região Nordeste
(Araújo & Lacerda 1987). Segundo Oliveira-Filho & Carvalho (1993), o litoral super-úmido, que
se estende para o sul, é caracterizado pelas escarpas baixas da Formação Barreiras, por dunas
fixas e pelos recifes de corais e o litoral semi-árido, que se estende para o Rio Grande do Norte, é
caracterizado por dunas altas e móveis, que chegam a penetrar vários quilômetros no continente.
As condições climáticas e geomorfológicas podem, nesse caso, contribuir para uma formação
florística diferenciada no litoral da Paraíba.
Além dos fatores já comentados anteriormente que podem afetar a distribuição das plantas
ao longo da costa, o nível de antropização das áreas também deve ser considerado. Por se tratar
25
de áreas com elevada densidade populacional algumas espécies já podem ter desaparecido ou
mesmo tiveram seu estabelecimento dificultado pela perda de ambientes.
Figura 5: Dendrograma de similaridade entre áreas de restinga do nordeste do Brasil, com base nas
espécies de Leguminosae.
26
A análise do gráfico do número de espécies por classes de distribuição (Figura 7) também
revelou heterogeneidade na composição de espécies de Leguminosae ao longo do litoral do
nordeste. A análise considerou dois grupos. O primeiro (N) formado pelos levantamentos da
Bahia, Sergipe e Pernambuco (porção oriental) e o segundo (S) formado pelos levantamentos da
Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí (porção setentrional).
O gráfico deixa claro que o maior compartilhamento de espécies ocorre nos
levantamentos situados próximos aos extremos do litoral nordestino em detrimento aos
localizados na parte central. A composição de Leguminosae nas áreas de Pernambuco e Paraíba
parece ser bastante diferenciada, como evidenciada na UPGMA. O alto número de espécies
restritas ou exclusivas de cada um dos grupos nos extremos talvez esteja ligado ao fato de que as
espécies oriundas das áreas mais úmidas da Floresta Atlântica (ao sul) e da Floresta Amazônica
(ao norte) estariam contribuindo para a diversidade e compartilhamento de espécies nessas áreas.
Figura 6: Número de espécies por classes de distribuição. Restr: Restritas a mais de dois levantamentos de um
grupo; Exclus: espécies exclusivas de um levantamento; Compart: espécies observadas em levantamentos dos dois
grupos.
27
3.3 Distribuição fitogeográfica
Das 24 espécies registradas na área de restinga (planície costeira), 23 espécies (96%)
foram citadas na “Lista de Espécies da Flora do Brasil” (Lima et al. 2014) como associadas ao
domínio Mata Atlântica. Ainda de acordo com os dados obtidos em Lima et al. (2014), 19 (83 %)
podem distribuir-se na Amazônia, 17 (70%) na Caatinga, 16 (67%) no Cerrado, oito (33%) no
Pantanal e apenas duas (8%) no Pampa (Tabela 4). De maneira geral as espécies de Leguminosae
encontradas na restinga apresentam-se bem distribuídas nas diversas formações vegetacionais do
Brasil, com 14 espécies (60%) podendo ocorrer em quatro ou mais domínios fitogeográficos. As
espécies Inga ciliata, Inga capitata e Stryphnodendron pulcherrimum apresentaram um padrão de
distribuição disjunto, ocorrendo na Floresta Atlântica e Amazônica.
Tabela 4: Lista das espécies de Leguminosae nas restingas e tabuleiros costeiros de Pirambu e sua respectiva
distribuição fitogeográfica. Domínios fitogeográficos (baseados em Lima et al. 2014): AM = Amazônia; CAA=
Caatinga; CE= Cerrado; MA= Mata Atlântica; PAM= Pampa; PAN= Pantanal, * = Nova ocorrência para Sergipe.
Espécie Domínio Fitogeográfico
Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W. Grimes CE, MA
Abarema filamentosa (Benth.) Pittier MA
Aeschynomene viscidula Michx. CAA
Andira fraxinifolia Benth. CAA, CE, MA
Bowdichia virgilioides Kunth AM, CAA, CE, MA, PAN
Brodriguesia santosii R.S.Cowan MA
Calliandra parvifolia (Hook. & Arn.) Speg.* AM, CAA, CE, MA, PAM
Canavalia rosea (Sw.) DC. AM, MA
Centrosema brasilianum (L.) Benth. AM, CAA, CE, MA, PAN
Chamaecrista cytisoides (DC. ex Collad.) H.S.Irwin & Barneby CE
Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip AM, CAA, CE, MA, PAN
Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S. Irwin & Barneby AM, CAA, CE, MA
Chamaecrista flexuosa (L.) Greene AM, CAA, CE, MA, PAN
Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S.Irwin & Barneby AM, CAA, CE, MA
Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby AM, CAA, CE, MA, PAN
Chamaecrista repens (Vogel) H.S. Irwin & Barneby CAA, CE, MA
Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene CAA, CE, MA
28
Espécie Domínio Fitogeográfico
Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S. Irwin & Barneb CAA, MA
Crotalaria holosericea Nees & C. Mart., CAA
Crotalaria retusa L. AM, CAA, CE, MA, PAM
Crotalaria stipularia Desv AM, CAA, CE, MA, PAN
Desmodium barbatum (L.) Benth. & Oerst. AM, CAA, CE, MA, PAM, PAN
Dioclea violacea Mart. ex Benth. CAA, MA, PAM, PAN
Dioclea virgata (Rich.) Amshoff AM, CAA, CE, MA
Hymenaea rubriflora Ducke MA
Indigofera microcarpa Desv. CAA, MA
Inga capitata Desv. AM, MA
Inga cayennensis Sagot ex Benth.* AM, CE, MA
Inga ciliata C.Presl AM, MA
Inga laurina (Sw.) Willd.* AM, CAA, CE, MA
Leptolobium bijugum (Spreng.) Vogel MA
Libidibia ferrea (Mart.) L.P. Queiroz CAA, CE, MA
Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC.* AM, CAA, CE, MA
Mimosa caesalpiniifolia Benth.* CAA
Mimosa pigra L. AM, CE, MA, PAN
Mimosa pudica L.* AM, CAA, CE, MA
Mimosa sensitiva L. CAA, CE, MA
Periandra mediterranea (Vell.) Taub. AM, CAA, CE, MA, PAM, PAN
Rhynchosia phaseoloides (Sw.) DC. AM, CE, MA
Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin & Barneby AM, CAA, MA, PAN
Senna occidentalis (L.) Link AM, CAA, CE, MA, PAN
Senna phlebadenia H.S. Irwin & Barneby CAA, MA
Senna splendida (Vogel) H.S. Irwin & Barneby CAA, CE, MA
Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr. AM, MA
Stylosanthes angustifolia Vogel AM, CAA, CE, PAM
Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. CE
Stylosanthes scabra Vogel* AM, CAA, CE, MA
Stylosanthes viscosa (L.) Sw. AM, CAA, CE, MA
Swartzia alagoensis R.B. Pinto, Torke & Mansano MA
29
Espécie Domínio Fitogeográfico
Swartzia apetala Raddi CAA, CE, MA
Tachigali densiflora (Benth.) L.F. Gomes da Silva & H.C. Lima MA
Tephrosia purpurea B.L. Rob. AM, CAA, MA
Vigna peduncularis (Kunth) Fawc. & Rendle* AM, CAA, CE, MA, PAN
Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel CAA, CE, MA
Zornia latifolia Sm. AM, CAA, CE, MA, PAM, PAN
Nos tabuleiros costeiros de Pirambu, a flora de Leguminosae é composta por 43 espécies,
das quais 38 (88%) apresentaram distribuição fitogeográfica no domínio Atlântico, 31 (72%) na
Caatinga, 28 (65%) no Cerrado, 21 (48 %) na Amazônia, 11 (26%) no Pantanal e 5 (11% ) nos
Pampas, de acordo com dados disponíveis em Lima et al.(2014). Com 19 espécies (44%)
distribuindo-se em quatro ou mais domínios fitogeográficos, essa área, em relação àquela de
restinga, apresentou uma taxa menor de espécies com distribuição mais ampla.
A presença, na área de estudo, da espécie Inga cayennensis, com distribuição
fitogeográfica na Mata Atlântica, Cerrado e Floresta Amazônica, corrobora vários estudos que
apóiam a possibilidade de conexões, ocorridas no passado, entre as floras da Floresta Amazônica
e Atlântica, através do bioma Cerrado (Rizzini 1963, Prance 1982, Santos et al. 2006, Oliveira-
filho & Ratter 1995, Costa 2003), que por sua vez ressalta a importância das matas de galerias ou
florestas estacionais nessa conexão (Ratter et al. 1973, Rizzini 1979).
Foi possível observar que 16 (37,2 %) espécies registradas nos tabuleiros de Pirambu têm
distribuição restrita ao território brasileiro (Lima et al. 2014). Destas, seis apresentam ocorrência
restrita ao domínio Mata Atlântica, Brodriguesia santosii (Bahia e Sergipe), Hymenaea rubriflora
(Rio Grande do Norte a Sergipe), Abarema filamentosa (Rio Grande do Norte ao Espírito Santo),
Leptolobium bijugum (Alagoas ao Espírito Santo), Swartzia alagoensis (Alagoas e Sergipe) e
Tachigali densiflora (Paraíba a Minas Gerais). O alto número de espécies endêmicas da Mata
Atlântica está possivelmente relacionado ao fato de que a flora da Formação Barreiras, assim
como a da restinga, é representada por elementos vegetacionais da Caatinga e do Cerrado, mas,
sobretudo, da Floresta Atlântica, como apontam os estudos de Rizzini (1997) e Fernandes (1998).
30
De acordo com Souza & Bortoluzzi (2014) Chamaecrista cytisoides apresenta
distribuição restrita ao Cerrado, entretanto alguns trabalhos relatam também a ocorrência desta
espécie na Caatinga na restinga (Mata Atlântica) (Melo 2013). A espécie Crotalaria holosericea
é citada como restrita ao Domínio Caatinga, compreendendo a vegetação de Cerrado (lato sensu),
Floresta Ciliar ou Galeria (Flores 2014), mas ocupa também alguns pontos da costa da região
Nordestina do Brasil (Flores & Tozzi 2008). Mimosa caesalpiniifolia é citada apenas para o
Domínio Caatinga (Dutra & Morim 2014), mas apesar de ser uma espécie nativa da caatinga,
pode ser considerada exótica nessa área, sendo bastante utilizada para produção de cercas vivas e
podendo causar preocupações futuras, pois poderá vir a competir com plantas nativas do litoral.
3.4 Novas ocorrências em Sergipe
De acordo com os dados obtidos em Lima et al. 2014 e considerando os trabalhos de
Nascimento-Júnior (2012, dados não publicados), Machado et al. (2012), Silva et al. (2013) e
Pinto et al. (2012), que fazem referência à biodiversidade da flora de Sergipe, das 55 espécies
registradas nas formações em estudo, oito são consideradas novas ocorrências para estado:
Calliandra parvifolia, Inga cayennensis, Inga laurina, Mimosa caesalpiniifolia, Mimosa pudica,
Stylosanthes scabra, Vigna peduncularis e Lonchocarpus sericeus.
Esses dados revelam a importância da área estudada, uma vez que o número de novas
ocorrências para o estado representa 14,5% das espécies de Leguminosae encontradas nas
formações restinga e tabuleiros que fazem parte da paisagem de Pirambu.
4. Considerações Finais
Considerando o pouco tempo de estudo, a flora de Leguminosae mostrou-se bem
representada na área de restinga e de tabuleiros de Pirambu, Sergipe. Foram coletadas 55 espécies
distribuídas em 30 gêneros e 13 tribos, representando quase 90% das espécies já citadas para o
domínio Mata Atlântica. Além disso, dentre os táxons encontrados para área de estudo, cerca de
10% são considerados endêmicos da Mata Atlântica, tratando-se de uma unidade adjacente e
31
intrisecamente relacionada ao domínio Mata Atlântica, apesar de ter elementos floríticos também
encontrados na Caatinga e no Cerrado.
A maior parte das espécies habita as formações de tabuleiros arbustivas abertas,
ocorrendo nestas áreas algumas espécies arbustivo-arbóreas de forma isolada. Nestas áreas, são
encontradas ainda espécies subarbustivas com hábito de crescimento decumbente, adaptadas,
sobretudo, as condições de luminosidade.
Entre as novas ocorrências para o estado de Sergipe todas possuem registro para outras
regiões do Brasil. Considerando que a família Leguminosae está bem representada na maioria dos
estudos florísticos, os estudos sobre a diversidade da família em Sergipe são ainda insuficientes.
Esses dados devem auxiliar na ampliação do conhecimento da Flora de Sergipe e contribuir na
elaboração de estratégias para a conservação das formações que caracterizam o estado e que se
encontram num alto nível de fragmentação.
5. Referências Bibliográficas
AB'SÁBER, A.N. 2001. Litoral do Brasil. São Paulo, Metalivros.
AB'SÁBER, A.N. 2006. Brasil: paisagens de exceção: o litoral e o pantanal mato-grossense:
patrimônios básicos. Cotia, Ateliê Editorial.
ALMEIDA, JR., E.B.; OLIVO, M.A.; ARAÚJO, E.L. & ZICKEL, C.S. 2009. Caracterização da
Vegetação de Restinga da RPPN de Maracaípe, Pernambuco, com base na fisionomia, flora,
nutrientes do solo e lençol freático. Acta Botanica Brasilica 23(1): 36-48.
ARAÚJO, D.S.D. & LACERDA, L.D. 1987. A natureza das restingas. Ciência hoje, 6(33), 42-
48.
ARAÚJO, D.S.D. 1992. Vegetation types of sandy coastal plains of tropical Brazil: a first
approximation In: Seeliger, U. (ed.). Coastal plant communities of Latin America. Academic
Press, New York, p.337-347.
BARBOSA-FEVEREIRO, V.P. 1977. Centrosema (A.P. de Candolle) Bentham do Brasil -
Leguminosae -Faboideae. Rodriguesia9 (42):159-219.
32
BONFIM, L.F.C.; COSTA, I.V.G. & BENVENUTI, S.M.P. 2002. Projeto Cadastro da Infra-
Estrutura Hídrica do Nordeste: Estado de Sergipe. Diagnóstico do Município de Pirambu.
Aracaju:CPRM
BRASIL, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 2002. Mapa de
clima do Brasil. Escala 1:5.000.000. Rio de Janeiro, IBGE.
BRITTO, I.C., QUEIROZ, L.D., GUEDES, M.L.S., OLIVEIRA, N.D., & SILVA, L.D. 1993.
Flora fanerogâmica das dunas e lagoas do Abaeté, Salvador, Bahia. Sitientibus 11, 31-46.
CANTARELLI, J.R.R.; DE ALMEIDA JR., E.B.; SANTOS-FILHO, F.S. & ZICKEL, C.S. 2012.
Tipos fitofisionômicos e floristica da restinga da APA de Guadalupe, Pernambuco,
Brasil. INSULA Revista de Botânica, (41): 95-117.
CARDOSO, D.B.O.S. & QUEIROZ, L.P. 2007. Diversidade de Leguminosae nas caatingas de
Tucano, Bahia: implicações para a fitogeografia do semi-árido do Nordeste do Brasil.
Rodriguésia, 58 (2): 379-371.
CARDOSO, D.B.O.S. 2008. Taxonomia da tribo Sophoreae s.l. (Leguminosae, Papilionoideae)
na Bahia, Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual de Feira de Santana. Feira
de Santana.
CASTRO, A.S.F.; MORO, M.F. & MENEZES, M.O. 2012. O complexo vegetacional da zona
litorânea no Ceará: Pecém, São Gonçalo do Amarante. Acta Botanica Brasilica, 26(1), 108-
124.
CLINEBELL, R.R.; PHILLIPS, O.L.; GENTRY, A.H.; STARK, N. & ZUURING, H. 1995.
Prediction of neotropical tree and liana species richness from soil and climatic
data. Biodiversity and Conservation, 4(1), 56-90.
CÓRDULA, E.; QUEIROZ, L.P. & ALVES, M. 2008. Checklist da Flora de Mirandiba,
Pernambuco: Leguminosae. Rodriguésia 59 (3): 597-602.
COSTA, L.P. 2003. The historical bridge between the Amazon and the Atlantic Forest of Brazil:
a study of molecular phylogeography with small mammals. Journal of Biogeography, 30(1),
71-86.
COSTA, N.M.S. 2006. Revisão do gênero Stylosanthes Sw. Tese de Doutorado. Universidade
Técnica de Lisboa, Lisboa.
DUTRA, V.F. & MORIM, M.P. 2014. Mimosa In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim
Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB23084>. Acesso em: 05 Mar. 2014.
33
FERNANDES, A. 1998. Fitogeografia Brasileira. Fortaleza, Multigraf.
FLORES, A.S. & MIOTTO, S.T.S. 2005. Aspectos fitogeográficos das espécies de Crotalaria L.
(Leguminosae – Faboideae) na região Sul do Brasil. Acta Botanica Brasilica, 19(2): 245-249.
FLORES, A.S. 2014. Crotalaria In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio
de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22902>.
Acesso em: 07 Jan. 2014.
FLORES, A.S. & TOZZI, A.M.G. de A. 2008. Phytogeographical patterns of Crotalaria species
(Leguminosae-Papilionoideae) in Brazil. Rodriguésia, 59(3): 477-486
FONSECA, M.R. 1979. Vegetação e flora dos tabuleiros arenosos de Pirambu-Sergipe.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
FRANCO, A.C.; VALERIANO, D.M.; SANTOS, F.M.; HAY, J.D.; HENRIQUES, R.P.B. &
MEDEIROS, R.A. 1984. Os microclimas das zonas de vegetação da praia da restinga de
Barra do Maricá, Rio de Janeiro. In: LACERDA, L.D.; ARAUJO, D.S.D.; CERQUEIRA,
R.; TURCQ, B. (Orgs.). Restingas: origem, estrutura, processos. Anais do Simpósio sobre
Restingas Brasileiras. Niterói: CEUFF.
FREIRE, M.S.B. 1990. Levantamento florístico do Parque Estadual das Dunas do Natal. Acta
Botanica Brasilica, 4(2), 41-59.
GENTRY, A. 1988. Changes in plant community diversity and floristic composition on
environmental and geographical gradients. Annals of the Missouri Botanical Garden, p. 1-34.
HAMMER Ø. 2012. PAST PAleontological Statistics version 2.16. Reference Manual. Natural
History Museum, University of Oslo Norway.
IGANCI, J. R. V., & MORIM, M. P. 2009. Abarema (Leguminosae, Mimosideae) no estado do
Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia, 60(3): 581-594.
LEITE, L.W. 1973. Tabuleiros costeiros de Sergipe. Notícia Geomorfológica 13 (26): 33-54.
LEITE, L.W. 1976. Zoneamento ecológico florestal do estado de Sergipe. SUDENE/CONDESE,
Aracaju, Brasil.
LEWIS, G. P. 1987. Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens Kew, London, p. 369.
LEWIS, G.P.; SCHRIRE, B.; MACKINDER, B. & LOCK, M. 2005. Legumes of the world.
Royal Botanic Gardens, Kew.
LIMA, H.C. DE; QUEIROZ, L.P.; MORIM, M.P.; SOUZA, V.C.; DUTRA, V.F.;
BORTOLUZZI, R.L.C.; IGANCI, J.R.V.; FORTUNATO, R.H.; VAZ, A.M.S.F.; SOUZA,
34
E.R. DE; FILARDI, F.L.R.; VALLS, J.F.M.; GARCIA, F.C.P.; FERNANDES, J.M.;
MARTINS-DA-SILVA, R.C.V.; PEREZ, A.P.F.; MANSANO, V.F.; MIOTTO, S.T.S.;
TOZZI, A.M.G.A.; MEIRELES, J.E.; LIMA, L.C.P. ; OLIVEIRA, M.L.A.A.; FLORES, A.S.;
TORKE, B.M.; PINTO, R.B.; LEWIS, G.P.; BARROS, M.J.F.; SCHÜTZ, R.;
PENNINGTON, T.; KLITGAARD, B.B.; RANDO, J.G.; SCALON, V.R.; CARDOSO,
D.B.O.S.; COSTA, L.C. DA; SILVA, M.J. DA; MOURA, T.M.; BARROS, L.A.V. DE;
SILVA, M.C.R.; QUEIROZ, R.T.; SARTORI, A.L.B.; CAMARGO, R. A. & LIMA,
I.B. 2014. Fabaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB115>. Acesso
em: 01 Fev. 2014
LPWG 2013. Legume phylogeny and classification in the 21st century: progress, prospects and
lessons for other species-rich clades. Taxon 62(2): 217–248.
MACHADO, W.J.; PRATA, A. P.N. & MELLO, A.A. 2012. Floristic composition in areas of
Caatinga and Brejo de Altitude in Sergipe state, Brazil. Check List 8(6), 1089-1101.
MANSANO, V.D.F.; TOZZI, A.M.G.D.A. & LEWIS, G.P. 2004. A revision of the South
American genus Zollernia Wied-Neuw & Nees (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae).
Kew Bulletin 59 (4): 497-520.
MANSANO, V.F. & LIMA, J.R. 2007. O gênero Swartzia Schreb. (Leguminoseae,
Papilionoidea) no estado do Rio de Janeiro. Rodriguésia 58(2):469-483.
MARTINS, M.V. 2009. Leguminosas arbustivas e arbóreas de fragmentos florestais
remanescentes no noroeste paulista, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual
Paulista, Butucatu.
MELO, T.M.S. 2013. Os gêneros Chamaecrista Moench e Senna Mill. (Leguminosae
Caesalpinioidea) no Parque Nacional Vale do Catimbau, Pernambuco, Brasil. Dissertação de
Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
MENDONÇA, A. P., & BOMFIM, N. R. 2013. Estudo sobre o campo representacional do
turismo em Pirambu (SE). Interfaces Científicas-Humanas e Sociais, 2(1), 29-38.
MOHLENBROCK, R. 1961. A monograph of the Leguminous genus Zornia. Webbia 16(1): 1-
141.
MORI, S.A. SILVA, L.A.M. LISBOA, G. & CORADIN, L. 1989. Manual de manejo do herbário
fanerogâmico. Centro de Pesquisa do Cacau, Ilhéus.
NASCIMENTO-JÚNIOR, J.E. 2012. Flora de um trecho do Litoral Norte de Sergipe, Brasil.
Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
35
NIMER, E. 1972. Climatologia da Região Nordeste do Brasil: subsídios à geografia regional do
Brasil. Revista Brasileira de Geografia 34(2): 5-51.
NOGUCHI, D.K.; NUNES, G.P. & SARTORI, A.L.B. 2009. Florística e síndromes de dispersão
de espécies arbóreas em remanescentes de Chaco de Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul,
Brasil. Rodriguésia 60: 353-365.
NUNES, S.R.D.F.S.; GARCIA, F.C.P.; LIMA, H.C. & CARVALHO-OKANO, R.M. 2007.
Mimosoideae (Leguminosae) arbóreas do Parque Estadual do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil:
distribuição geográfica e similaridade florística na floresta atlântica no sudeste do Brasil.
Rodriguésia 58 (2): 403-421.
OLIVEIRA, A.C.A 2008. Ecodinâmica das dunas costeiras de Sergipe. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
OLIVEIRA, A.C.A., & MELO, R. 2012. Ecodinâmica dos sistemas dunares do município de
Pirambu, Litoral Norte de Sergipe. Sociedade e Território, 23(2): 2-20.
OLIVEIRA-FILHO, A.D., & RATTER, J.A. 1995. A study of the origin of central Brazilian
forests by the analysis of plant species distribution patterns. Edinburgh Journal of
Botany, 52(02), 141-194.
OLIVEIRA-FILHO, A.T. & CARVALHO, D.A. 1993. Florística e fisionomia da vegetação no
extremo norte do litoral da Paraíba. Revista Brasileira de Botânica 16(1): 115-130.
PENNINGTON, T. D. 2003. Monograph of Andira (Leguminosae-Papilionoideae), Syst. Bot.
Monograf. 67: 1-113.
PEREZ, A. P. F. 2009. O gênero Zornia JF Gmel. (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae):
Revisão taxonômica das espécies ocorrentes no Brasil e filogenia. Dissertação de Doutorado.
Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
PERGENTINO, T.C. 2007. Restingas de Sergipe: Contribuição ao conhecimento da sua
composição florística e análise sobre o status de conservação atual. Monografia, Pós-
graduação (Lato sensu) em Ecologia e Conservação de Ecossistemas Costeiros, Núcleo de
Ecossistemas Costeiros da Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
PINTO, R.B.; TORKE, B.M., & DE FREITAS MANSANO, V. 2012. Updates to the taxonomy
of Swartzia (Leguminosae) in extra-Amazonian Brazil, with descriptions of five new species
and a regional key to the genus. Brittonia 64(2): 119-138.
PRANCE, G.T. 1982. Forest refuges: Evidence from woody Angiosperms. In Biological
diversification in the tropics (G.T. Prance, ed.). Columbia University Press, New York, p 137-
158.
36
QUEIROZ, E.P., CARDOSO, D.B.O.S., & FERREIRA, M.H.S. 2012. Composição florística da
vegetação de restinga da APA Rio Capivara, Litoral Norte da Bahia, Brasil, Brazil. Sitientibus
série Ciências Biológicas, 12(1): 119-141.
RATTER, J.A, RICHARDS, P.W., ARGENT, G. & GIFFORD, D.R. 1973. Observations on the
vegetation of northeastern Mato Grosso. I. The woody vegetation types of the Xavantina-
Cachimbo expedition area. Phil. Trans. 226: 449-492.
RIZZINI, C.T. 1963. A flora do cerrado. Análise florística das savannas centrais. In Simpósio
sobre o cerrado (M.G. Ferri, org.). São Paulo, Edusp, p.126-177.
RIZZINI, C.T. 1997. Tratado de Fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e
florísticos. Âmbito Cultural edições Ltda., Rio de Janeiro.
RODRIGUES‚ R.S.; TOZZI‚ A.M.G.A 2012. Revisão taxonômica
de Leptolobium (Papilionoideae‚ Leguminosae). Acta Botanica Brasilica 26(1): 146-164.
SACRAMENTO, A.C.; ZICKEL, C.S. & ALMEIDA-JR, E.B. 2007. Aspectos florísticos
vegetação de restinga no litoral de Pernambuco. Revista Árvore 31(6), 1121-1130.
SANTANA, L.B. 2008. Análise geoambiental dos municípios costeiros de Barra dos Coqueiros e
Pirambu. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
SANTOS FILHO, F.S. 2009. Composição florística e estrutural da vegetação de restinga do
Estado do Piauí. Dissertação de Doutorado. Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Recife.
SANTOS, A.M.M.; CAVALCANTI, D.R..; SILVA, J.M.C.D. & TABARELLI, M. (2007).
Biogeographical relationships among tropical forests in north‐eastern Brazil. Journal of
Biogeography 34(3), 437-446.
SCALON, V. R. 2007. Revisão taxonômica do gênero Stryphnodendron Mart. (Leguminosae–
Mimosoideae). Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo.
SHEPHERD, G. J. 2006. FITOPAC 1.6. Manual do usuário. Departamento de Botânica da
Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
SILVA, A.C.C.; PRATA, A.P.N.; MELLO, A.P. & SANTOS, A.C.A.S. 2013. Síndromes de
dispersão de Angiospermas em uma Unidade de Conservação na Caatinga, SE, Brasil.
Hoehnea 40(4): 601-609.
SILVA, E.D. 2010. Leguminosae na floresta ombrófila densa do Parque Estadual da Serra do
Mar, Nucleos Picinguaba e Santa Virgínia, São Paulo, Brasil: taxonomia e similaridade entre
37
diferentes cotas altitudinais. Dissertação de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas,
Campinas.
SILVA, J.G.D., & OLIVEIRA, A.S.D. 1989. A vegetação de restinga no município de Maricá-
RJ. Acta Botanica Brasilica, 3(2): 253-272.
SILVA, M. J. D., & TOZZI, A. M. G. D. A. 2012. Taxonomic revision of Lonchocarpuss. str.
(Leguminosae, Papilionoideae) from Brazil. Acta Botanica Brasilica 26(2): 357-377.
SILVA, S.M.; BRITEZ, R.M. 2005. A vegetação da Planície Costeira. In: MARQUES, M. C.M
& BRITEZ, R.M. (org.). História natural e conservação da Ilha do Mel. Curitiba: Universidade
Federal do Paraná, p.49-84.
SILVA, S.S.L.; ZICKEL, C.S. & CESTARO, L. A. 2008. Flora vascular e perfil fisionômico de
uma restinga no litoral sul de Pernambuco, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 22, 1123-1135.
SOUZA, V.C. & BORTOLUZZI, R.L.C. 2013. Chamaecrista In: Lista de Espécies da Flora do
Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22876>. Acesso em: 05 Mar. 2014
SUGIYAMA, M. 1998. Estudo de floresta da restinga da Ilha do Cardoso, Cananéia, São Paulo,
Brasil. Boletim do Instituto de Botânica 11: 119-159.
VASCONCELOS, S.F. 2006. Fenologia e síndromes de dispersão de espécies arbustivas e
arbóreas ocorrentes em uma área de carrasco no Planalto da Ibiapaba, Ceará. Dissertação de
Mestrado. Universidade Federal de Penambuco. Recife.
VILLWOCK, J.A.; LESSA, G.C.; SUGUIO, K.; ANGULO, R. J. & DILLENBURG, S.R. 2005.
Geologia e geomorfologia de regiões costeiras In: Souza, C.R.G.; Suguio, K.; Oliveira,
A.M..S. (ed.) Quaternário do Brasil. Holos Editora, Ribeirão Preto, p. 94-113.
WOJCIECHOWSKI, M.F. 2003. Reconstructing the phylogeny of legumes (Leguminosae):
an early 21 century perspective. In: Klingaard, B.B. & Bruneau, A. (ed.). Advances in
Legume Systematics, part 10, Higher Level Systematics: Royal Botanical Gardens, Kew, p. 5-
35.
ZICKEL, C.S.; VICENTE, A.; ALMEIDA JR, E.B.; CANTARELLI, J.R.R. & SACRAMENTO,
A.C. 2004. Flora e Vegetação das restingas no Nordeste Brasileiro. In: ESKINAZI-LEÇA, E.;
NEUMANN-LEITÃO, S.; COSTA, M.F. (eds.). Oceanografia: um cenário tropical. Recife:
Bargaço. p. 689-701.
38
39
Tratamento florístico de Leguminosae na
Restinga e nos Tabuleiros de Pirambu,
Sergipe, Brasil
40
RESUMO: Representando a terceira maior família dentre as angiospermas, Leguminosae inclui
19.500 espécies, subordinadas a 751 gêneros, ocorrendo nos principais biomas e exercendo um
importante papel nos ecossistemas de clima temperado, mediterrâneo, tropical, árido,
sazonalmente seco, florestas tropicais e savanas. Levando-se em consideração essa importância
da família e as consideráveis intervenções que o litoral Norte do estado de Sergipe tem sofrido,
foi realizado neste capítulo o tratamento florístico da família Leguminosae em Pirambu, litoral
norte do estado. Pirambu exibe áreas ocupadas por formações de Restinga, que abrangem a
região pós-praia, sobre solos arenosos quaternários e, além disso, áreas de tabuleiro arenoso, que
emerge próximo à praia e estende-se para o interior da costa. Para coleta do material botânico,
foram realizadas viagens a campo no período de julho de 2012 a setembro de 2013. Foram
amostradas, na restinga e nos tabuleiros costeiros de Pirambu, 55 táxons de Leguminosae,
reunidos em 30 gêneros e 13 tribos. A subfamília mais representativa foi Papilionoideae (26
spp.), seguida de Caesalpinioideae (17 spp.) e Mimosoideae (12 spp.). As tribos que
apresentaram maior número de representantes foram Phaseoleae e Dalbergieae, com seis e quatro
espécies, respectivamente. Os gêneros mais representativos foram Chamaecrista, com nove
espécies, Senna, Inga, Mimosa, e Stylosanthes com quatro espécies cada. A floração registrada
para Leguminosae mostrou-se mais abundante de maio a outubro, enquanto os dados de
frutificação mostraram uma maior quantidade de espécies com frutos entre julho e outubro.
Quando a síndrome de dispersão as espécies autocóricas foram mais representativas com 72,5%,
as zoocoricas foram representadas por 20 % e as anemocóricas somaram 7,5%.
Palavras-chaves: Fabaceae, taxonomia, Flora de Sergipe.
41
ABSTRACT: Leguminosae is the third largest family among the angiosperms, with 19,500
species and 751 genera, encompassing the major biomes and playing an important role in
ecosystems of temperate climate, Mediterranean, tropical, arid, seasonally dry tropical forests and
savannas. Considering this importance of the family and the considerable interventions that the
North coast of the state of Sergipe has been suffered, this chapter aimed a taxonomic treatment of
the Leguminosae in the municipality of Pirambu, that includes areas occupied by formations of
“restinga”, covering the post-beach area on quaternary sandy soils and also exhibiting areas of
“tabuleiros”, that emerges near the beach and extends into the coast. To collect botanical
material, field trips were performed in the period from July 2012 to September 2013. Were
sampled, in the “restinga” and in the “tabuleiros” of Pirambu, 55 taxa of Leguminosae, gathered
in 30 genera and 13 tribes. The most representative subfamily was Papilionoideae (26 spp.),
followed by Caesalpiniodeae (17 spp.) and Mimosoideae (12 spp.). The tribes that had a greater
number of representatives were Phaseoleae and Dalbergieae with six and four species,
respectively. The most representative genera were Chamaecrista, with nine species, Senna, Inga,
Mimosa, and Stylosanthes with four species each. Flowering recorded for Leguminosae was more
abundant from May to October, while the data of fruiting showed a greater amount of fruit
species between July and October. The species autochorous with 72,5%, were the most
representative, the zoochorous presented 20% and the anemochoric amounted 7,5%.
Palavras-chaves: Fabaceae, taxonomy, flora of Sergipe
42
1. Introdução
As espécies de Leguminosae Juss. (Fabaceae) constituem um elemento fundamental em
distintas formações vegetais, ocorrendo desde os ápices de serras até o litoral arenoso, de
florestas úmidas até desertos (Lewis 1987, LPWG 2013). Trata-se de uma família cosmopolita,
com maior riqueza nas regiões tropicais e subtropicais (Lewis 1987). Abrange todos os principais
biomas, exercendo um importante papel nos ecossistemas de clima temperado, mediterrâneo,
tropical, árido, sazonalmente seco, florestas tropicais e savanas (Schrire et al. 2005).
De acordo com recentes estudos filogenéticos, Leguminosae é considerada monofilética, e
das três subfamílias tradicionalmente reconhecidas, Papilionoideae e Mimosoideae têm se
mostrado monofiléticas e Caesalpinioideae parafilética (Pennington et al. 2001,
Wojciechowski 2003, Wojciechowski et al. 2004, LPWG 2013). Cronquist (1981) considerou
essas subfamílias como famílias distintas (Mimosaceae, Caesalpinaceae, Fabaceae), vinculadas à
ordem Fabales, e este fato tem gerado certa confusão quanto à circunscrição do nome Fabaceae.
De acordo LPWG (2013), para evitar esta confusão é mais sensato se referir a toda a família
como Leguminosae.
Ecologicamente, as espécies de Leguminosae são amplamente distribuídas e a maioria é
capaz de exercer um papel importante na reestruturação de solos. São espécies geralmente bem
adaptadas à primeira colonização, contribuindo na manutenção da sustentabilidade de áreas
degradadas, devido, em parte, às suas associações com bactérias fixadoras de nitrogênio do
gênero Rhizobium, capazes de converter nitrogênio atmosférico em amônia (Herrera et al. 1993).
Em termos econômicos, a família não somente apresenta importância na produção agrícola,
ficando atrás apenas de Poaceae, mas também em demais setores econômicos, incluindo a
produção de óleos, fibras, combustível, compostos químicos e medicinais, madeira e
enriquecimento do solo (Wojciechowski 2003).
No Brasil os trabalhos mais completos para a família são ainda os tratamentos da Flora
brasiliensis (Bentham 1862, 1870, 1876), mas desde então muitas espécies foram sinonimizadas
e novas ocorrências e novas espécies foram descritas. Os dados de levantamento mais atuais são
43
encontrados em Lima et al. (2014a), disponíveis no endereço eletrônico da Flora do Brasil4,
sendo registradas, no Brasil, cerca de 2.700 espécies subordinadas a 212 gêneros.
No Nordeste, a representatividade da família é relativamente bem conhecida. Listas
florísticas de Leguminosae já foram realizadas para os estados de Pernambuco e Paraíba (Ducke
1953), Ceará (Lima & Mansano 2011), Paraíba e Rio Grande do Norte (Dionísio 2005) e Bahia
(Lewis 1987, Cardoso 2008). Outros trabalhos sobre a família na região Nordeste referem-se
principalmente à biodiversidade do bioma Caatinga (Cardoso & Queiroz 2007, Córdula et al.
2008, Silva & Sales 2008, Queiroz 2009, Buril et al. 2010, Córdula et al. 2010, Melo et al. 2011).
Em regiões litorâneas, merece destaque o tratamento taxonômico do gênero Chamaecrista, em
áreas do entorno do Parque Estadual das Dunas de Natal, Rio Grande do Norte, realizado por
Queiroz & Loiola (2009). Os demais trabalhos geralmente se limitam a levantamentos florísticos
gerais, onde a família geralmente aparece entre as mais expressivas em número de representantes
(Britto et al. 1993, para Bahia; Matias & Nunes 2001, Moro et al. 2011, para o Ceará; Cabral-
Freire & Monteiro 1993, para o Maranhão; Carvalho & Oliveira-Filho 1993, Oliveira-Filho &
Carvalho 1993, Oliveira-Filho 1993, para a Paraíba; Leite & Andrade 2004, Sacramento et al.
2007, para Pernambuco; Santos-Filho 2009, para o Piauí; Freire 1990, para o Rio Grande do
Norte; Fonseca 1979, Pergentino, 2007, Nascimento-Júnior 2012, para Sergipe).
Os poucos inventários florísticos e estudos fitossociológicos realizados em Sergipe
(Mendes et al. 2010, Machado et al. 2012, Nascimento-Júnior 2012 (dados não publicados), Silva
et al. 2013) evidenciam a importância de Leguminosae na composição e estrutura dos fragmentos
que compõem o cenário vegetacional do estado, consequentemente é notável a necessidade e a
importância dos estudos ecológicos e taxonômicos de Leguminosae em Sergipe. Estima-se que a
representatividade da família em Sergipe esteja subestimada, uma vez que, até o momento, são
referidas apenas 128 espécies, distribuídas em 50 gêneros (Lima et al. 2014a).
O litoral norte do estado de Sergipe tem sofrido grandes intervenções no seu espaço
costeiro. Pressões antrópicas, como a expansão urbana, a especulação imobiliária, a extração de
madeira e as atividades agro-pastoris, vêm causando degradação histórica desse ecossistema.
Tendo em vista a urgente necessidade de se conhecer a biodiversidade da Flora de Sergipe, esse
4 http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB000115
44
capítulo objetivou o tratamento taxonômico da família Leguminosae no município de Pirambu,
que inclui em seu território formações de Restinga e Tabuleiro Costeiro. Além disso, são
apresentados os períodos de floração, frutificação e síndrome de dispersão das espécies
levantadas.
2. Material e Métodos
2.1 Area de Estudo
Ocupando uma área de ca. 200 km², Pirambu está localizado na porção norte do litoral
sergipano, a 30 km da capital Aracaju. O município inclui áreas ocupadas por formações de
Restinga, que abrangem a região pós-praia, sobre solos arenosos quaternários e exibindo também
áreas de tabuleiro arenoso, que emergem próximoas a praia e estendem-se para o interior da costa
(Bittencourt et al. 1983). Essa região enquadra-se no clima Megatérmico Subúmido C1A``a’’,
caracterizado por moderados excedentes hídricos durante o inverno e estação seca bem definida,
com deficiência hídrica no verão. Sua posição litorânea favorece os índices médios anuais de
temperatura mínima que variam entre 20 e 22ºC e de temperatura máxima entre 29 e 30ºC
(Santana 2008).
Figura 1: Localização da área de estudo. A. O estado de Sergipe no NE do Brasil; B. Divisão política do litoral de
Sergipe. C. Município de Pirambu, com sua divisão geomorfológica. Pc: Planície Costeira (Restinga); Tb: Tabuleiro
Costeiro. (Fonte: Santana 2008 - Adaptado).
45
As áreas de restinga de Pirambu são representadas por antedunas e dunas. Seguindo a
proposta de classificação de Silva & Britez (2005), são reconhecidas basicamente cinco
formações fitofisionômicas: 1) campo aberto não inundável; 2) campo fechado não inundável; 3)
Campo fechado inundável (quando há o acúmulo de água decorrente da estação chuvosa); 4)
fruticeto fechado; 5) frutíceto aberto não inundável. No caso dos fruticetos fechados, as espécies
arbóreas, limitam-se a agrupamentos, não ultrapassando oito metros de altura.
As formações de tabuleiros são ocupadas predominantemente por fruticetos, compostos
por arbustos e em menor escala por árvores, que formam "moitas" de altura e extensão variada e
separadas por áreas com vegetação, quando presente, herbácea a subarbustiva. Além disso, é
verificada a presença, embora pequena, de formações florestais com espécies vegetais de
pequeno e médio porte.
Em direção ao interior, são verificadas áreas de Tabuleiros Costeiros, representadas pelo
Grupo Barreiras, que podem ocupar patamares de 50-75 m de altitude, caracterizadas por uma
vegetação arbustiva-arbórea de fruticeto fechado não inundável, que as protege da ação erosiva
das chuvas (Santana 2008). A maior parte das áreas de tabuleiros com superfícies planas foi
ocupada por coqueirais (Oliveira 2008).
O Grupo Barreiras representa a principal formação geológica da área estudada, sendo
composto principalmente por sedimentos areno-argilosos, resultantes de depósitos terciários
(Fonseca 1979, Santana 2008). Essa formação encontra-se revestida, principalmente, por
sedimentos arenosos trazidos da costa ou decorrentes da redeposição e intemperização,
emergindo, dessa forma, próximo à praia e estendendo-se para o interior da costa (Bittencourt et
al. 1983).
2.2 Coleta e tratamento taxonômico
Para coleta do material botânico, foram realizadas viagens a campo no período de julho de
2012 a setembro de 2013. Foram coletados indivíduos herbáceos, arbustivos, arbóreos e lianas. O
trabalho de campo também levou em consideração observações sobre o ambiente no qual a
espécie foi encontrada, os períodos de floração e frutificação e demais dados que não podem ser
46
obtidos do material seco. Para herborização dos espécimes coletados seguimos os métodos usuais
descritos em Mori et al. (1989). As amostras foram depositadas no acervo do Herbário UEC
(Universidade Estadual de Campinas) e Herbário ASE (Universidade Federal de Sergipe).
Também foi analisado o material de Leguminosae de Pirambu já depositado do Herbário ASE.
O material coletado foi identificado através de bibliografia especializada, por comparação
com espécimes do acervo de Legumimosae do Herbário ASE e UEC e confirmados através de
consulta a especialistas ou do banco de imagens de exsicatas, disponíveis em sites dos herbários
virtuais Reflora5 e Royal Botanic Gardens
6. No presente estudo considerou-se o nome
Leguminosae ao invés de Fabaceae, estando de acordo com as recomendações de Lewis et al.
(2005), uma vez que esses autores consideram o nome Fabaceae ambíguo por já ter sido utilizado
para outra circunscrição taxonômica, atualmente correspondente àquela da subfamília
Papilionoideae (Faboideae), por Cronquist (1981) e Takhtajam (1997). A classificação em tribos
e gêneros também seguiu a proposta de Lewis et al. (2005), com atualizações pertinentes. Para
confirmar a grafia do nome das espécies, foi consultado o endereço eletrônico da Flora do Brasil¹,
além da base de dados Trópicos7 e The International Plant Names Index
8. Os nomes populares
foram retirados do banco de dados do herbário ASE através do programa Brahms (Botanical
Research And Herbarium Management System).
As descrições foram organizadas por subfamília, Caesalpinioideae, Mimosoideae e
Papilionoideae, com seus respectivos gêneros e espécies organizadas em sequência alfabética. As
descrições das espécies incluíram a amplitude das variações morfológicas dos espécimes
encontrados no município de Pirambu, mas quando necessário foram utilizados os materiais de
outras áreas litorâneas de Sergipe. Nos casos em que as estruturas reprodutivas estavam
indisponíveis, foram acrescentadas informações de referências bibliográficas (Souza 2001,
Mansano 2002) nos comentários taxonômicos.
A terminologia empregada foi baseada na literatura especializada usual para a família e a
utilizada para cada grupo em revisões taxonômicas. Foram utilizadas as seguintes abreviações:
5 http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/PrincipalUC/PrincipalUC.do
6 http://apps.kew.org/herbcat/gotoHomePage.do
7 http://www.tropicos.org
8 http://www.ipni.org/
47
compr. = comprimento; larg. = largura; diâm. = diâmetro; m = metro; cm = centímetro; mm =
milímetro; ca.= cerca de; s/n = sem número de coletor; fl. florido; fr. frutífero. As chaves para
identificação de gêneros e espécies com ocorrência confirmada na área de estudo foram do tipo
indentada e elaboradas com base nos caracteres morfológicos vegetativos e reprodutivos,
preferencialmente os de fácil observação. Os dados de distribuição geral do táxon foram obtidos
através de revisões e teses, e sites de distribuição geográfica: Flora do Brasil¹ e Specieslink9.
A terminologia utilizada para descrição dos frutos foi baseada em Barroso et al. (1999)
enquanto as síndromes de dispersão seguiram os critérios propostos por Pijl (1982), os quais
foram classificados em autocóricas (incluindo dispersão barocórica e explosiva), anemocóricas e
zoocóricas.
3. Resultados e discussão
Foram amostradas, na restinga e nos tabuleiros costeiros de Pirambu, 55 táxons de
Leguminosae, reunidos em 30 gêneros, e 13 tribos (Tabela 1, capítulo 1). A subfamília mais
representativa foi Papilionoideae (26 spp.), seguida de Caesalpinioideae (17 spp.) e Mimosoideae
(12 spp.). As tribos que apresentaram maior número de representantes foram Phaseoleae e
Dalbergieae, com seis e quatro espécies, respectivamente. Os gêneros mais representativos foram
Chamaecrista, com nove espécies, Senna, Inga, Mimosa, e Stylosanthes com quatro espécies
cada.
3.1. Leguminosae Juss.
Ervas, arbustos, subarbustos, árvores ou lianas. Folhas alternas (opostas em Platymiscium), a
maioria compostas, unifolioladas a multifolioladas, digitadas, pinadas, bipinadas, geralmente com
pulvino desenvolvido e estípulas, às vezes transformadas em espinhos; folíolos alternos, ou
opostos, venação broquidódroma, eucamptódroma ou acródroma; nectários extraflorais
9 http://www.splink.org.br/
48
frequentemente presentes. Inflorescências geralmente em racemo, panícula, capítulo ou espiga,
às vezes reduzidas a uma única flor, terminais ou axilares. Flores geralmente hermafroditas,
actinomorfas a zigomorfas, hipanto geralmente presente; cálice gamossépalo ou dialissépalo, 4-5,
sépalas livres ou conatas; corola gamopétala ou dialipétala, valvar ou imbricada, pétalas
semelhantes entre si, ou diferenciadas em quilha (inferiores), estandarte (superior) e alas
(medianas); androceu com 1 a numerosos estames, usualmente 10, livres ou conatos,
monadelfos, diadelfos ou poliadelfos; ovário súpero, unicarpelar, unilocular, uniovulado a
multiovulado; estilete único terminal, reto ou curvo, algumas vezes piloso. Frutos
geralmente legumes, às vezes folículos, drupas, legumes nucoides, legumes bacoides, legumes
samaróides, criptossâmaras, craspédios ou lomentos. Sementes em geral com testa dura, às vezes
arilada, às vezes com pleurograma.
Chave para as subfamílias de Leguminosae.
1. Folhas silmples, trifolioladas ou geralmente imparipinadas, raro paripinadas e bifolioladas,
mas quando presente, cálice gamossépalo e corola dialipétala ................................. Papilionoideae
1. Folhas bifolioladas, paripinadas ou bipinadas
2. Inflorescências espiciformes, capituliformes ou umbeliforme; corola gamopétala, com
prefloração valvar; sementes com pleurograma....................................................Mimosoideae
2. Inflorescências em fascículos, racemos ou panículas; corola dialipétala com perfloração
imbricada; sementes sem pleurograma .......................................................... Caesalpinioideae
3.2. Caesalpinioideae
Caesalpinioideae é representada por cerca de 2.250 espécies subordinadas a 171 gêneros e
quatro tribos (Lewis et al. 2005), abundantes na América do Sul, África tropical e sudeste da Ásia
e de menor representatividade em áreas temperadas (Cowan 1981).
49
Em Pirambu, foi a segunda subfamília mais representativa, com 17 espécies subordinadas
a seis gêneros e três tribos. Os gêneros mais representativos foram Chamaecrista com nove
espécies e Senna com três espécies, enquanto os demais gêneros apresentaram apenas uma
espécie. Na região de estudo os representantes de Caesalpinioideae são caraterizados por
apresentarem folhas bifolioladas, pinadas (paripinadas) ou bipinadas, com algumas espécies
exibindo pontuações translúcidas nos folíolos (Hymenaea), flores diclamídias, simetria
geralmente zigomorfa (exceto em Brodriguesia, Hymenaea e Tachigali), cálice dialissépalo
(exceto em Brodriguesia), corola dialipétala, com prefloração imbricada ascendente, estames 10,
geralmente livres e frutos do tipo legume e legume nucóide.
Chave para os gêneros de Caesalpinioideae
1. Folhas bipinadas ......................................................................................... .Libidibia (L. ferrea)
1. Folhas pinadas ou bifolioladas.
2. Folíolos com pontuações translucidas na face adaxial e bordo revoluto; fruto do tipo legume
nucóide com epicarpo verrucoso .................................................. Hymenaea (H. rubriflora)
2. Folíolos sem pontuações translúcidas, bordo reto; fruto do tipo legume com epicarpo liso ou
criptosâmara.
3. Inflorescência paniculada; flores providas de hipanto.
4. Folíolos com face abaxial pubescente; pétalas amarelas, ca. 5 mm compr.; fruto do
tipo criptossâmara (indeiscente) com uma única semente localizada centralmente .......
............................................................................................... Tachigali (T. densiflora)
4. Folíolos com face abaxial glabra; pétalas brancas > 10 mm compr.; fruto do tipo
legume com mais de uma semente ....................................... Brodriguesia (B. santosii)
3. Inflorescência racemosa; flores desprovidas de hipanto.
5. Pedicelo com bractéolas; legume deiscente, com valvas espiraladas após a deiscência
................................................................................................................. Chamaecrista
5. Pedicelo desprovido de bractéolas; legume geralmente indeiscente, quando deiscentes,
com valvas não espiraladas após a deiscência ..................................................... Senna
50
3.2.1. Brodriguesia R.S. Cowan, Brittonia 33(1): 9–11. 1981.
Gênero subordinado à tribo Detarieae DC., é composto por apenas uma espécie
(Brodriguesia santosii R.S. Cowan), endêmica do Nordeste do Brasil, com ocorrência restrita a
restinga da Bahia e Sergipe (Cowan 1981; Mansano & Barros 2013).
I. Brodriguesia santosii R.S. Cowan, Brittonia 33(1): 9–11, f. 1, 2A–D. 1981.
Figura 2: a, b, c, d
Arbustos ou árvores, 2–4 m alt.; ramos lenticelados, glabros a glabrescentes. Estípulas
persistentes, intrapeciolares, 1,3–1,7 mm compr., deltóides, ápice arredondado. Folhas
paripinadas; pecíolo 1,0–2,4 cm compr.; raque 2,0–5,5 cm compr.; estipelas ausentes; nectário
ausente; folíolos 2–3 pares, 2,5–9,3 × 2,0–6,0 cm, coriáceos, opostos, elípticos, base obtusa a
arredondada, ápice cuneado a arredondado, face adaxial e abaxial glabras; venação
broquidódroma. Inflorescência paniculada, axilar ou terminal; pedicelo 5,0–9,0 cm compr.;
bráctea na base do pedicelo, ca. 1 mm compr., elíptica, ápice arredondado; bractéolas na base do
cálice dos botões florais, 5–10,6 mm compr., elípticas, ápice arredondado. Flores actinomorfas,
1,7–2,2 cm compr., hipanto presente; cálice gamossépalo, verde, tubo 1,2–1,6 cm compr.,
tomentoso, 4-laciniado, lacínias elípticas a obovais, ápice arredondado; corola dialipétala, pétalas
5, brancas, 1,4–1,6 × 0,6–0,7 cm, estreitamente obovais, ápice abtuso-ondulado, face abaxial
tomentosa; estames 10, livres, adnatos ao ápice do tubo do cálice; filetes 40–55 mm compr.,
tomentosos na base; anteras ca. 1,5 mm compr.; ovário 5,5–9 mm compr., tomentoso na base e na
margem; estilete 16–45 mm compr., glabro. Legume, 8,0–14,0 × 3,5–6,0 cm, plano-compresso,
elíptico-oblongo, glabro.
Comentários: Espécie endêmica da Mata Atlântica da região nordeste do Brasil, ocorrendo na
Bahia e Sergipe (Mansano & Barros 2013). Em Pirambu, foi encontrada no ambiente de tabuleiro
costeiro caracterizado, sobretudo, pela presença de sedimento arenoso de “areias brancas”. De
acordo com Cowan (1981), Brodriguesia santosii apresenta porte robusto com até 13 m de altura
e troncos com até 80 cm diâmetro, entretanto, em Pirambu, a espécie apresenta um porte menor,
51
de até 4 metros de altura. Dentre as espécies de Caesalpinoideae, B. santosii pode ser reconhecida
pelas flores de corola branca e estames com filetes longos (40-55 mm compr.).
Material examinado: Brasil, Sergipe, Pirambu: 27.IX.2012, fl. e fr., T. Carregosa et al. 266
(ASE); 27.IX.2012, fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 258 (ASE); 21.VII.2012, fr., T. Carregosa
et al. 245 (ASE); 18.IV.2011, fr., M.C. Santana 910 (ASE); 26.V.2012, fl., A.P. Prata et al. 3018
(ASE); 10.XII.1981, fl., G. Viana 301 (ASE); 26.V.2012, fr., A.P. Prata et al. 3046 (ASE);
30.VII.1980, fl., M. Fonseca s/n (ASE264); 12.VI.1977, fl., M.R. Fonseca 471 (ASE);
13.XII.1978, fl., M. Fonseca s/n (ASE669).
3.2.2. Chamaecrista Moench, Methodus 272. 1794.
Gênero pertencente à tribo Cassieae Bronn, inclui cerca de 330 espécies, tropicais em sua
maioria e com grande diversidade na América do Sul (Irwin & Barneby 1982, Lewis et al. 2005).
No Brasil ocorrem cerca de 250 espécies, das quais quase 80% (203 espécies) são consideradas
endêmicas do Brasil (Souza & Bortoluzzi 2013).
Chave para as espécies de Chamaecrista
1. Folhas com 1 par de folíolos.
2. Arbusto; estípulas caducas; nectários presentes no pecíolo; folíolos circulares a
orbiculares.............................................................................................................C. cytisoides
2. Subarbusto decumbente; estípulas persistentes; nectários ausentes no pecíolo; folíolos
oblongos a obovais................................................................C. rotundifolia var. grandiflora
1. Folhas com mais de um par de folíolos.
3. Árvore; estípulas caducas; pecíolo > 10 mm compr.; flores em racemos caulifloros
............................................................................................................................ C. ensiformis
3. Subarbusto decumbente ou ereto; estípulas persistentes; pecíolo < 8 mm compr.; flores em
racemos axilares ou terminais, mas nunca caulifloros.
4. Folhas com dois pares de folíolos.
5. Ausência de nectário extrafloral no pecíolo; indumento híspido-glanduloso
.................................................................................................................. C. hispidula
52
5. Presença de nectário extrafloral no pecíolo; indumento quando presente, pubérulo,
pubescente ou setoso.
6. Raque foliar > 1,3 mm compr.; folíolos mais desenvolvidos > 10 mm compr.;
venação actinódroma .........................................................................C. desvauxii
6. Raque foliar < 1,1 mm compr.; folíolos menos desenvolvidos < 10 mm compr.;
venação acródroma............................................................................... C. ramosa
4. Folhas com mais de dois pares de folíolos.
7. Ramos eretos; estípulas lanceoladas; inflorescência supra- axilar............C. repens
7. Ramos fractiflexos; estípulas ovais; inflorescência axilar.
8. Folhas com mais de 10 pares de folíolos; pecíolo < 7 mm compr.; folíolos < 10
mm compr............................................................................................C. flexuosa
8. Folhas com até 9 pares de folíolos; pecíolo > 7 mm compr.; folíolos > 10 mm
compr. ............................................................................................ C. swainsonii
I. Chamaecrista cytisoides (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 647. 1982.
Figura 2: e, f, g, h, i
Arbusto 1,5–3 m alt. Ramos glabros. Estípulas caducas, ca. 1 mm compr., setosas. Folhas
bifolioladas; pecíolo 0,9–2,0 cm compr.; estipela ca. 1 mm compr., setosa; nectário estipitado, ca.
2 mm compr., elevado-plano, localizado no ápice ou no centro do pecíolo e do pedicelo; folíolos
1,7–5,0 × 1,5–6,0 cm, coriáceos, opostos, circulares a orbiculares, base ligeiramente assimétrica,
ápice arredondado, face adaxial e abaxial glabrescentes; venação broquidódroma. Inflorescência
racemosa ou paniculada, terminal; pedicelo 0,5-3,0 cm compr.; bráctea na base do pedicelo, 1–
1,5 mm de compr., setosa, ápice agudo; bractéolas 2, centralmente ao pedicelo, ca. 0,8 mm
compr., setosas, ápice agudo. Flores zigomorfas, 2,5–4,0 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas
5, verdes, mais ou menos simétricas, 0,8–1,0 × 0,3–0,5 cm, oblongas, ápice arredondado a
levemente obtuso, pubérulas; corola dialipétala; pétalas 5, amarelas, 1,5–2,5 × 0,9–1,5 cm,
obovais, ápice obtuso ou arredondado; estames 10, livres; filetes 1–2 mm compr., glabros; anteras
5–6,3 mm compr. Ovário 7,5–8,7 mm compr., glabro; estilete 6,5–8,5 mm compr., glabro.
Legume, 6–8 × 1–1,2 cm, plano-compresso, glabro, com torção das valvas após a deiscência.
53
Comentários: Espécie endêmica do Brasil, registrada para os estados da Bahia, Alagoas,
Pernambuco e Minas Gerais (Irwin & Barneby 1982). Em Pirambu é encontrada em tabuleiros
costeiros, de sedimento arenoso. Chamaecrista cytisoides pode ser facilmente reconhecida por
apresentar hábito arbustivo, com folhas bifolioladas e folíolos circulares a orbiculares.
Nomes populares: Carrasquinho, cascudinho, canela de veio.
Material examinado: 20.X.1981, fl. e fr. E. Carneiro 130 (ASE); 02.XI.1977, fl., M. Fonseca s.n
(ASE497); 13.VIII.1974, fr., M. Fonseca s.n (ASE17); 10.XII.1981, fl., E. Carneiro 262 (ASE);
20.IX.2011, fl., E.D. Melo et al. s.n (ASE23411).
Figura 2: Brodriguesia santosii: a. hábito. b. flor, visão frontal. c. ramo com inflorescência. d. frutos
maduros e imaturos. Chamaecrista cytisoides: e. folha. f. flores, visão frontal. g. Hábito. h. ramo com
inflorescência. i. frutos imaturos.
54
II. Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip, Brittonia 3(2): 165. 1939.
Subarbusto, ca. 30–45 cm alt. Ramos pubescentes a pubérulos. Estípulas persistentes, 4,3– 14,6
mm compr., ovais, lanceoladas a oblongas, ápice obtuso, agudo ou acuminado. Folhas pinadas, 2
pares de folíolos; pecíolo 0,15–0,6 cm compr.; raque 0,15–0,3 cm compr.; estipela ca. 0,8 mm
compr.; nectário elevado côncavo, localizado abaixo do par proximal de folíolos; folíolos 0,7–2,2
× 0,2–1,0 cm compr., cartáceos, opostos, obovais ou oblanceoladas, base levemente assimétrica,
ápice arredondo a obtuso, face adaxial e abaxial glabras; venação actinódroma. Inflorescência
racemosa, axilar, 1-2 flores; pedicelo 0,9–3,3 cm compr.; brácteas persistentes, na base do
pedicelo, 1,7–3,2 mm compr., deltóides a ovais, ápice agudo; bractéolas na base do cálice, 2,5–
3,8 mm compr., deltóides a ovais, ápice agudo. Flores zigomorfas, 1,5–2,2 cm compr.; cálice
dialissépalo, sépalas 5, verdes, assimétricas, 0,7–1,3 cm compr., ovais, ápice agudo, glabro em
ambas faces; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,2–2,1 × 0,6–0,8 cm, obovais, ápice
arredondado; estames 10, livres; filetes 0,6–0,7 mm compr., glabros; anteras 5–6,5 mm compr.;
ovário 6,5–7,2 mm compr., pubescente; estilete ca. 4,5 mm compr. Legume, 2,4–3,0× 0,4–0,7
cm, plano-compresso, oblongo, pubescente.
Nomes populares: Carquejinha
Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões do Brasil (Souza &
Bortoluzzi 2013). Chamaecrista desvauxii apresenta uma circunscrição taxonômica ainda
controversa. Consideramos então, neste trabalho, a circunscrição de Irwin & Barneby (1982) que
compreende 17 variedades. Em Pirambu ocorrem às variedades Chamaecrista desvauxii var.
latifolia (Benth.) H.S.Irwin & Barneby e Chamaecrista desvauxii var. desvauxii (Collad.) Killip.,
ambas em tabuleiros costeiros.
Chave para as variedades de Chamaecrista desvauxii
1. Estípulas com mais de 10 mm de compr., ovais a oblongas e ápice agudo.. ................................
................................................................................................................ C. desvauxii var. desvauxii
55
1. Estípulas com até 10 mm de compr., lanceoladas a levemente oblongas e ápice obtuso a
arredondado ............................................................................................. C. desvauxii var. latifolia
Material examinado: 13.VIII.1974, fl. e fr., M Fonseca s/n (ASE14); 13.VIII.1974, fl., M Fonseca
s/n (ASE16).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Itabaiana, 19.IX.1996, fl.e fr., M. Landim et al. 1066 (ASE);
22.VII.2006, fl., E. Córdula et al. 163 (ASE).
III. Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S. Irwin & Barneby var. ensiformis, Mem. New York
Bot. Gard.35: 642. 1982.
Figura 3: a, b, c, d
Árvore, 3–4m alt. Ramos glabros. Estípulas caducas, intrapeciolares, ca. 1 mm compr., setosas,
ápice obtuso. Folhas paripinadas; pecíolo 1,0–2,6 cm compr.; raque 3,4–6,5 cm compr.; estipela
ca. 1 mm compr., setosa, ápice agudo; nectário estipitado, ca. 1 mm de compr., localizado entre
os pares de folíolos; folíolos 2-4 pares, 2,0–8,0 × 1,7–4,1 cm, coriáceos, opostos, elípticos a
obovais, base obtusa, ápice cuneado, faces adaxial e abaxial glabras; venação broquidódroma.
Inflorescência racemosa, cauliflora; pedicelo 13,5-29,5 mm compr.; bráctea na base do
pedúnculo, 0,5–1 mm compr., deltóide, ápice agudo; bractéolas 2, centralmente ao pedúnculo,
0,8–1 mm compr., deltóides, ápice agudo. Flores zigomorfas, 1,4–2,2 cm compr.; cálice
dialissépalo, sépalas 5, verdes, simétricas, 0,3–0,7 × 0,1–0,4 cm, elípticas, ápice agudo a
cuneado, pubescente; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,0–1,5 × 0,5–0,9 cm, obovais,
ápice arredondado; estames 10, livres; filetes ausentes; anteras 3,5–5,6 mm compr., sésseis,
densamente pubescentes; óvário 2,5–4 mm compr., pubescente; estilete 3–4 mm compr.,
pubescente. Legume, 10,0–16,0 × 1,1–1,5 cm, plano-compresso, linear, glabro.
Comentários: Chamaecrista ensiformis apresenta ampla distribuição pelo Brasil, com ocorrência
no Norte (PA, AM), Nordeste (CE, BA, PI, AL, SE, PE, PB, RN, MA), Centro-Oeste (MT, GO)
e Sudeste (ES, MG, SP, RJ). Em Pirambu, foi encontrada em ambiente de tabuleiro costeiro,
caracterizado por sedimento arenoso. Pode ser facilmente diferenciada das demais espécies por
56
apresentar hábito arbóreo, pecíolo ultrapassando 10 mm compr., além de inflorescência
cauliflora.
Nomes populares: Miolo-preto
Material examinado: 15.I.2013, fl., T. Carregosa & A.S. Silva 312 (ASE); 10.VII.1982, fl., E.
Carneiro 266 (ASE); 12.VI.1977, fl., M. Fonseca s/n (ASE 474).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Japaratuba, fr. e fl., A.V. Santos 75 (ASE).
Figura 3: Chamaecrista ensiformis: a. d. ramo com inflorescência. b. folha. c. flor, visão frontal.
IV. Chamaecrista flexuosa (L.) Greene var. flexuosa, Pittonia 4: 27. 1899.
Figura 4: a, b, c
Subarbusto ereto ou decumbente, até 50 cm alt. Ramos pubescentes a glabros, fractiflexos,
quadrangulares. Estípulas persistentes, 2,7–7,8 mm compr., ovais, ápice acuminado. Folhas
pinadas, 10–62 pares de folíolos; pecíolo 0,2–07 cm compr.; raque 0,7–5,6 mm; estipela ca. 1
mm compr., nectário curtamente estipitado, ca. 0,5 mm compr., localizado logo abaixo do par
57
proximal de folíolos ou na região mediana do pecíolo; folíolos 0,3–1,0 × 0,08–0,2 cm, cartáceos,
opostos, oblongos-lineares, base assimétrica, ápice acuminado, pubescentes a glabros em ambas
as faces; venação acródroma. Inflorescência racemosa, axilar, 1-2 flores; pedicelo 1,0–1,6 cm
compr.; brácteas persistentes, na base do pedicelo, 2–4,3 mm compr., estreitamente deltóides,
ápice agudo; bractéolas abaixo da base do cálice 1,9–3,1 mm compr., 1,2–2,5 mm compr.,
estreitamente deltóides, ápice agudo. Flores zigomorfas, 1,4–2,1 cm compr.; cálice dialissépalo,
verde, sépalas 5, simétricas, 0,6–1,0 × 0,2–0,4 cm, ovais, agudas a acuminadas, pubescentes na
face externa; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 0,8–1,3 × 0,4–0,8 cm, obovais, ápice
arredondado; estames 10, livres; filetes ca. 1,5 mm compr., glabros; anteras 6–7 mm compr.;
ovário ca. 6 mm compr., pubescente; estilete 4-6 mm compr., encurvado. Legume, 3,2–6,0 ×
0,3–0,4 cm, plano-compresso, linear, levemente pubérulo.
Comentários: Espécie amplamente distribuída por todos os estados do Brasil. Em Pirambu
ocorre desde a área de antedunas até os tabuleiros costeiros. Essa espécie é facilmente
diferenciada das demais espécies do gênero que ocorrem na área de estudo por apresentar ramos
fractiflexos e folhas com significativo número de folíolos (10-62 pares).
Material examinado: 10.VII.2013, fl., T. Carregosa & E. Santos 384 (ASE); 22.II.2013, fl. e fr.,
T. Carregosa et al. 359 (ASE); 09.10.2012, fl. e fr., T. Carregosa et al. 279 (ASE); 13.VIII.2013,
fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos 453 (ASE); 13.VIII.2013, fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos
441 (ASE); 12.VI.1977, fr., M. Fonseca s/n (ASE472); 07.I.2013, fl., E.V.S. Oliveira et al. 152
(ASE).
V. Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard 35: 661.
1982
Figura 4: d, e, f, g, h, i
Subarbusto decumbente, 20–50 cm alt. Ramos híspido-glandulosos. Estípulas persistentes, 1,2–
1,8 mm compr., aciculares, ápice agudo. Folhas paripinadas; pecíolo, 1,4–3,5 cm compr., raque
0,3–0,8 cm compr.; nectário ausente; folíolos 2 pares, 1,0–2,5 × 0,6–2,0 cm, membranáceos,
opostos, orbiculares, base arredondada, ápice arredondado a levemente obtuso, face adaxial e
58
abaxial glabrescentes; venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, terminal; pedicelo 0,9–
1,5 cm comp.; brácteas na base do pedicelo, 1–1,7 mm compr., lanceoladas, ápice agudo;
bractéolas 2, próximo ao ápice do pedicelo, ca. 1 mm compr., estreitamente deltóides, ápice
agudo. Flores 1,4–2,0 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verde-vináceas, mais ou menos
equilongas, 0,5–1,1 × 0,3–0,4 cm, elípticas, ápice agudo, híspidas na face externa; corola
dialipétala, pétalas 5, amarelas, 0,9–1,6 × 0,7–0,1 cm, obovais, ápice arredondado a levemente
ondulado; estames 10, livres; filetes 0,5–0,7 mm compr., glabros; anteras 4,5–6 mm compr.
Ovário ca. 4 mm compr., híspido; estilete 9–12 mm compr., glabro. Legume, 3,0–4,0 × 0,4–6,5
cm, plano-compresso, linear, pubescente, com tricomas híspido-glandulosos.
Comentários: No Brasil é amplamente distribuída, ocorrendo no Norte (PA, AM, RR), Nordeste
(CE, BA, AL, PI, SE, PE, PB, RN, MA), Centro-Oeste (MT, MS) e Sudeste (MG). Em Pirambu
ocorre principalmente em solos arenosos, apresentando ocorrência desde o ambiente de
antedunas até os tabuleiros costeiros. Chamaecrista hispidula pode ser facilmente reconhecida
por apresentar tricomas híspidos-glandulosos especialmente nas porções vegetativas (caule e
ramos) e reprodutivas (sépalas e frutos), além da ausência de nectário extrafloral.
Material examinado: Brasil, Sergipe, Pirambu: 27.IX.2012, fl., T. Carregosa 255 (ASE); 09.
X.2012, fl., T. Carregosa 283(ASE); 12.XII.2012, fl., T. Carregosa 332 (ASE); 22.II.2013, fl. e
fr., T. Carregosa et al. 357 (ASE); 10.VII.2013, fl., T. Carregosa & E. Santos 380 (ASE);
25.V.2012, fl., A.P. Prata et al. 3141 (ASE); 15.VI.2012, fl., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 18
(ASE); 02.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata et al. 1558 (ASE); 14.VII.2011, fl. e fr., D.M. Oliveira 130
(ASE); 22.II.2013, fl. fr., T. Carregosa et al. 359 (ASE).
59
Figura 4: Chamaecrista flexuosa: a. estípula. b. hábito e flor, visão posterior. c. fruto. Chamaecrista hispidula: d.
folha. e. inflorescência. f. frutos. g. i. flor, visão frontal. h. caule e pecíolo com tricomas híspido-glandulosos.
VI. Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard 35: 884.
1982.
Figura 5: a, b, c, d, e
60
Subarbusto, decumbente a ascendente, 10–25 cm alt. Ramos glabros a pubescentes. Estípulas
persistentes, recobrindo mais de 1/3 do entrenó, 2,5–5 mm compr., ovais, ápice agudo. Folhas
pinadas; pecíolo 0,7–2,4 mm compr., raque 0,4–1 mm compr.; nectário estipitado, ca. 0,6 mm
compr., localizado abaixo do par basal de folíolos; folíolos 2 pares, 0,3–0,8 × 0,16–0,4 cm,
cartáceos a coriáceos, opostos, obovais, base levemente aguda, ápice arredondado a levemente
obtuso, face adaxial e abaxial glabrescentes; venação acródroma. Inflorescência racemosa, axilar;
pedicelo 0,7–1,8 cm compr.; bractéolas 2, próximo ao ápice do pedicelo, 1,8–2,5 mm compr.,
lanceoladas, ápice agudo. Flores 1,8–2,4 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verdes-
vináceas, assimétricas, 0,6–1,3 × 0,25–0,35 cm, lanceoladas, ápice agudo, glabras; corola
dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,0–1,5 × 0,5–0,7 cm, obovais, ápice arredondado; estames 10,
livres, os 3 abaxiais ca. 1/3 maiores que os 7 centrais; filetes 0,5–0,8 mm compr., glabros; anteras
6–10 mm de compr. Ovário ca. 5 mm compr., híspido; estilete 5–8 mm, glabro. Legume, 2–3,8 ×
0,4–0,6 cm, plano-compresso, linear, pubérulo na margem e base.
Comentários: Possui uma ampla distribuição na América do Sul, tendo sido registrada na
Bolívia, Venezuela, Guiana e no Brasil (Irwin & Barneby 1982). No Brasil ocorre em todas as
regiões do País (Souza & Bortoluzzi 2013). Na área de estudo, até momento, é uma espécie
encontrada com frequência desde as antedunas até os tabuleiros costeiros, desenvolvendo-se
principalmente em locais arenosos. Chamaecrista ramosa pode ser distinguida por apresentar
hábito subarbustivo decumbente, folhas com dois pares de folíolos, estes menores que 10 mm de
comprimento.
Nome popular: carqueja-preta-de-tabuleiro
Material examinado: 21.VII.2012, fl., T. Carregosa et al. 243 (ASE); 09.V.2013, fl., T. Carregosa
et al. 370 (ASE); 09.V.2013, fl., T. Carregosa et al. 375 (ASE); 27.IX.2012, fl.e fr., T. Carregosa
& L.A.S. Santos 261 (ASE); 12.XII.2012, fl.e fr., T. Carregosa (ASE); 02.X.2008, fl. e fr., A.P.
Prata et al. 1554 (ASE); 13.XII.2005, fr., T.C. Pergentino 5 (ASE); 25.V.2012, fr., A.P. Prata et
al. 2981 (ASE); 13.VII.2011, fl. e fr., D.M. Oliveira 106 (ASE);25.V.2012, A.P. Prata et al. 3139
(ASE); 28.I.1992, fl. e fr., C. Farney et al. 2961 (ASE, RB).
61
Figura 5 - Chamaecrista ramosa: a. hábito, flor e fruto. b. hábito e flor (visão frontal). c. estípulas. d. nectário
extrafloral. e. gineceu.
VII. Chamaecrista repens var. multijuga (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York
Bot. 35: 745.1982.
Figura 6: a, b, c
Subarbusto decumbente, 20–40 cm alt. Ramos pubescentes a pubérulos. Estípulas persistentes,
4,3–7,5 mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Folhas pinadas, 3–12 pares de folíolos; pecíolo
3,5–5 mm compr.; raque 4,0–0,3 cm compr.; estipela 1,5–1,7 mm compr.; nectário curtamente
estipitado, ca. 0,5 mm compr., localizado logo abaixo do último par de folíolos; folíolos 0,7–1,7
× 0,18–0,6 cm, oblongo-lineares, base assimétrica, levemente cordada, ápice arredondado e
mucronado; venação actinódroma. Inflorescência racemosa, supra-axilar, 1-2 flores; pedicelo
0,8–3,1 cm compr.; brácteas na base do pedicelo, 2,8–4,2 estreitamente deltóides, ápice agudo;
bractéolas abaixo da base do cálice, 3,2–3,7 mm compr., estreitamente deltóides, ápice agudo.
Flores zigomorfas, 1,7–2,4 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, esverdeadas, simétricas,
1,1–1,5 cm compr., estreitamente elípticas, ápice agudo, pubérulo na face externa; corola
dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,4–2,1 × 0,75–1,7 cm compr., obovais, ápice arredondado;
62
estames 10, livres; filetes 0,6–1,1 mm compr., glabros; anteras 4,6–9,2 mm compr.; ovário 5,6–
6,1 mm compr., pubescente; estilete 6,5–7,5 mm compr., glabro. Legume, 2,0–4,0 × 0,35–0,5
cm, plano-compresso, linear, pubérulo.
Comentários: Espécie de ampla distribuição em todas as regiões do Brasil (Souza & Bortoluzzi
2013). Em Pirambu ocorre na área de Tabuleiro Costeiro, caracterizado pela presença de
sedimento arenoso de “areias brancas”. Chamaecrista repens pode ser facilmente reconhecida
por apresentar estípulas lanceoladas, além de inflorescência supra-axilar.
Material examinado: 09.V.2013, fl., T. Carregosa et al. 376 (ASE); 04.IV.2013, fl.e fr., T.
Carregosa et al. 362 (ASE); 09.V.2013, fl., T. Carregosa et al. 369 (ASE).
Figura 6: Chamaecrista repens var. multijuga: a. folhas. b. flor visão frontal. c. flor, visão lateral.
VIII. Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New
York Bot. Gard. 35: 732. 1982.
Subarbusto decumbente 30–40 cm alt. Ramos glabros a glabrescentes. Estípulas persistentes, 0,9–
1,7 mm compr., ovais, ápice acuminado. Folhas bifolioladas; pecíolo 2,1–3,5 mm compr.;
estipela 1–1,5 mm compr.; nectário ausente; folíolos 1,3–2,8 × 0,6–1,35 cm, cartáceos, opostos,
oblongos a obovais, base assimétrica, ápice arredondado, mucronado, glabros em ambas as faces;
venação actinódroma. Inflorescência racemosa, supra-axilar, pauciflora; pedicelo 1,5–2,1 cm
compr.; brácteas na base do pedicelo, ca. 1,5 mm compr., lanceoladas, ápice agudo; bractéolas
próximo ao ápice do pedicelo, ca. 1 mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Flores zigomorfas,
63
1,6–2,45 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verdes, simétricas, 5,5–7,8 × 3,7–4,3 mm,
oval-lanceoladas, ápice agudo, esparsamente pubérulas na face externa; corola dialipétala, pétalas
5, amarelas, 0,8–1,1 × 0,5–0,75 cm, obovais, ápice arredondado; estames 5, estaminódios 2,
livres; filetes ca. 1 mm, glabros; anteras 4,2–6,3 mm compr.; ovário 3,5–3,8 mm, pubescente;
estilete 3–3,4 mm, levemente encurvado, glabro. Legume, 2,5–3,2 × 0,4–0,7 cm, plano-
compresso, linear, escassamente pubérulo.
Comentários: Apresenta ampla distribuição no Brasil, com registro para as regiões Nordeste
(AL, BA, CE, PB, PE, PI, SE), Centro Oeste (GO, MS, MT), Sudeste (ES, RJ, SP) e Sul
(Paraná), compreendendo diversos tipos vegetacionais e, sobretudo áreas perturbadas como beira
de estradas e áreas antropizadas (Souza & Bortoluzzi 2013). Em Pirambu tem registro para áreas
área de tabuleiros costeiros. Chamaecrista rotundifolia pode ser reconhecida por apresentar um
par de folíolos, além de nectário extrafloral ausente. De acordo com Irwin & Barneby (1982) são
reconhecidas duas variedades, sendo que a variedade encontrada na área de estudo (Chamaecrista
rotundifolia var. grandiflora), pode ser diferenciada de Chamaecrista rotundifolia var.
rotundifolia por apresentar flores maiores, que variam de 16 a 25 mm comprimento.
Material examinado: 12.VI.1977, fl. e fr, M.R. Fonseca s/n (ASE473).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Santo Amaro das Brotas, 14.V.2011, fl. e fr., Nascimento-Jr
et al. 959 (ASE).
IX. Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.
35: 701. 1982.
Subarbusto ereto, 40–60 cm alt. Ramos pubescentes, fractiflexos, quadrangulares. Estípulas
persistentes, 10,8–2,1 mm compr., largamente ovais, ápice acuminado. Folhas pinadas, 4-9 pares
de folíolos; pecíolo 0,7–1,6 cm compr.; raque 1,2–5,3 cm compr.; estipela 1,8–3,5 mm compr.;
nectário curtamente estipitado, ca. 0,5 mm compr., localizado próximo a base do pecíolo; folíolos
1,0–3,25 × 0,25–0,7 cm, cartáceos, opostos, oblongo-lineares, base arredondada a levemente
assimétrica, ápice cuspidado e espinescente, nervuras pubescentes em ambas as faces; venação
acródroma. Inflorescência racemosa, axilar, 1-2 flores; pedicelo 2,0–2,8 cm compr.; brácteas
64
persistentes, na base do pedicelo, 4–4,5 mm compr., lanceoladas, ápice agudo; bractéolas abaixo
da base do cálice 1,9–3,1 mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Flores zigomorfas, 1,7–1,9 cm
compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verdes, simétricas, 1,0–1,1 cm compr., oval-lanceoladas,
ápice agudo, pubescente a pubérulas na face externa; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,1–
1,2 × 0,6–0,85 cm, obovais, ápice arredondado; estames 10, livres; filetes 0,6–0,7 mm compr.,
glabros.; anteras 2,1–5,5 mm compr.; ovário 4,5–4,8 mm compr., pubescente; estilete ca. 1 mm
compr., pubérulo. Legume, 3,5–6,3 × 0,45–0,5 cm, plano-compresso, linear, pubescente na
margem e base.
Comentários: Espécie endêmica da região Nordeste, ocorre nos estados da Bahia, Ceará,
Paraíba, Pernambuco e Sergipe (Souza & Bortoluzzi 2013). Em Pirambu ocorre na região de
Tabuleiros Costeiros. Chamaecrista swainsonii pode ser reconhecida por apresentar ramos
fractiflexos e folhas com 4-9 pares de folíolos.
Nomes populares: Chinani
Material examinado: 09.IX.2013, fl. e fr., T. Carregosa et al. 466 (ASE).
3.2.3 Hymanaea L. Sp. Pl. 2: 1192
Gênero subordinado à tribo Detarieae DC. é composta por 14 espécies, sendo 13
distribuídas do México à América do Sul e uma na costa leste da África (Lee & Langenheim
1975).
I. Hymenaea rubriflora var. glabra Y.T. Lee & Andrade-Lima, J. Arnold Arbor. 55(3):
444.1974.
Figura 7: a, b, c
Subarbusto ou arbusto, 1,5–3 m alt.. Ramos lenticelados, pubescentes a pubérulos. Estípulas
caducas, 1,6–1,8 mm compr., deltóides, ápice obtuso. Folhas bifoliadas; pecíolo 2,5–6,4 mm
compr.; raque ausente; estipela ausente; nectário ausente; folíolos 3,1–8,5 × 1,5–4,1 cm,
65
coriáceos, opostos, elípticos ou estreitamente elípticos, base assimétrica, ápice arredondado,
cuspidado ou obtuso, assimétrico, pubescente na margem do limbo e na nervura principal da face
abaxial, superfície abaxial com pontuações translúcidas, resinosas; venação broquidródroma.
Inflorescência paniculada, terminal; pedicelo 3,9–5,9 mm compr.; brácteas caducas, na base do
pedicelo, 1,5–2 mm compr., oblongas, ápice truncado; bractéolas não vistas. Flores actinomorfas,
2,2–2,8 cm compr.; cálice dialissépalo, avermelhado, hipanto campanulado, tubo 2,1-2,5 cm
compr., pubescente a pubérulo em ambas as faces, 4-laciniado, lacínias elípticas a obovais, ápice
arredondado; corola dialipétala, pétalas 5, vermelhas ou brancas, 1,3–1,8 × 0,35–0,7 cm,
oblanceoladas, elípticas a estreitamente elípticas, ápice obtuso, glabras; estames 10, livres; filetes
2,2–3,1 cm compr., glabros; anteras 7,6–8,5 mm compr.; ovário 9,5–10,7 mm compr., glabro;
estilete 20,1–22 mm compr., glabro. Legume nucóide, 4,6–9,7 × 1,4–3,8 cm, oblongo, epicarpo
verrucoso, pontuações resinosas.
Comentários: Espécie de distribuição restrita à Mata Atlântica da região nordeste do Brasil,
ocorre de Sergipe ao Rio Grande do Norte, tendo a variedade típica deste trabalho (Hymenaea
rubriflora var. glabra) uma ocorrência ainda mais restrita, compreendendo apenas os estados de
Sergipe e Paraíba (Lima & Pinto 2013). Em Pirambu é uma das espécies mais comuns na área de
tabuleiros costeiros. Pode ser facilmente reconhecida por apresentar folhas bifolioladas, com
superfície abaxial apresentando pontuações translúcidas, resinosas, além disso, o fruto é um
legume nucóide com epicarpo verrucoso. De acordo com Lee & Lagenheim (1975) é mais
comum encontrar populações com pétalas e filetes vermelhos, entretanto algumas populações
apresentam essas estruturas na cor branca, podendo ser devido ao grau de envelhecimento da flor.
Nomes populares: Jatobá, jatobá vermelho.
Material examinado: 20.XII.1978, fl., M Fonseca s/n (ASE670); 03.IV.1984, fl. e fr., M.C.
Santana 209 (ASE); 16.I.1975, fl., M. Fonseca s/n (ASE265); 26.V.2012, fr., A.P. Prata et al.
3091 (ASE); 26.VIII.2011, fr., L.A.S Santos & R.F. Pereira 649 (ASE); 26.V.2012, fl., A.P. Prata
et al. 3042 (ASE); 03.IVI.1983, fl.., M.C. Santana 161 (ASE); 18.IV.2011, fl. e fr., M.C. Santana
905 (ASE); 04.XI.1976, fl., M Fonseca s/n (ASE394); 29.III.2011, fl., M.A. Farinaccio et al.
2011 (ASE); 09.V.2013, fl., T. Carregosa et. al. 368 (ASE); 09.X.2012, fr., T. Carregosa et. al.
66
280 (ASE); 21.VII.2012, fr., T. Carregosa et. al. 239 (ASE); 09.IX.2013, fr., T. Carregosa et al.
469 (ASE).
3.2.4 Libidibia (DC.) Schltdl., Linnaea 5: 192. 1830.
Gênero pertencente à tribo Caesalpinieae Rchb., foi segregado do gênero Caesalpinia por
Lewis et al. (2005), incluindo aproximadamente oito espécies neotropicais.
I. Libidibia ferrea (Mart.) L.P. Queiroz, Legum. Caatinga 130. 2009.
Árvore 5–6 m alt. Ramos pubérulos, lenticelados. Estípulas precocemente caducas, não vistas.
Folhas bipinadas; pecíolo 1,1-2,0 cm compr.; raque 2,7–6,4 cm compr.; estipelas ausentes;
nectário ausente; pinas 7-11, opostas, 2,6–6,25 cm compr.; folíolos 9-15 pares, 5,5–13,7 × 2,6–
6,1 mm, cartáceos a coriáceos, opostos, oblongo-elípticos, base obtusa ou ligeiramente
assimétrica, ápice arredondado a obtuso, faces adaxial e abaxial glabras; venação broquidódroma.
Inflorescência paniculada, terminal; pedicelo 3,8–7,3 mm compr.; brácteas 1,8–2,3 mm, ovais,
ápice agudo; bractéolas não vistas. Flores zigomorfas 1,1–1,35 cm compr.; cálice dialissépalo,
verde, sépalas 5, simétricas, 5,8–6,2 mm compr., oblongas, ápice arredondado, pubérulo na face
externa; corola dialipétala; pétalas 5, amarelo-ouro, estandarte pintalgado de vermelho-
alaranjado, 6,5–8 × 3–5,5 mm, obovais, ápice arredondado; estames 10, livres; filetes 5,5–7,8
mm compr., dilatados, pubescentes da base até 2/3 do compr.; anteras ca. 1,5 mm compr.; ovário
4,5–5,5 mm compr., glabro; estilete ca. 6,8–7,5 mm, glabro. Legume bacóide, 2,5–5,7 × 1,1–2,0
cm compr., oblongo-compresso, glabro a glabrescente.
Comentários: Espécie endêmica da região nordeste do Brasil, apresenta distribuição da Bahia ao
Piauí (Lewis 2013). Em Pirambu Libidibia ferrea foi registrada na área de tabuleiro costeiro
caracterizado por sedimento mais argiloso. Pode ser facilmente reconhecida dentre as
Caesalpinioideae por apresentar folhas bipinadas.
Nomes populares: Pau ferro
67
Material examinado: 24.III.1998, fl. e fr., A. Cruz & E. Santos 30 (ASE); 01.IV.2011, fl., D.M.
Oliveira 56 (ASE).
3.2.5 Senna Mill., Gard. Dict. Abr. (ed. 4) vol. 3. 1754.
Gênero pertencente à tribo Cassieae Bronn, compreende cerca de 300 espécies, com
distribuição circuntropical, em maior número nas Américas e expressiva representatividade na
África e Austrália e muito pouco frequente na Ásia e Oceania (Lewis et al. 2005).
Chave para as espécies de Senna
1. Folhas com 4 a 5 pares de folíolos; nectário extrafloral localizado na base do pecíolo; ...............
............................................................................................................................. S. occidentalis
1. Folhas com 2 a 3 pares de folíolos; nectário extrafloral localizado entre os pares de folíolos;
2. Subarbusto; flores com até 20 mm compr. ....................................................... S. obtusifolia
2. Arbusto; flores > 35 mm compr.
3. Nectário extrafloral localizado apenas entre os folíolos proximais; folíolos elípticos de
margem regular; legume cilíndrico ............................................................. S. splendida
3. Nectário extrafloral localizado em cada par de folíolos e na margem dos foliolos;
folíolos obovais de margem irregular; legume tetragonal ...................... S. phlebadenia
I. Senna obtusifolia (L.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 252. 1982.
Subarbusto, 0,6–1 m alt. Ramos glabrescentes a glabros. Estípulas persistentes 6,5–13,8 mm
compr., lineares a linear-lanceoladas, ápice agudo. Folhas paripinadas; pécíolo 1,0–2,6 cm
compr.; raque 0,8–3,0 cm compr.; estipela 1-1,5 mm compr.; nectário curtamente estipitado ou
séssil, fusiforme, localizado geralmente no par distal de folíolos, raro no segundo par; folíolos 2-3
pares, 1,0–6,0 × 0,5–2,75 cm compr., cartáceos, opostos, obovais, base obtusa, ápice
arredondado a cuspidado, mucronado, face abaxial curtamente serícea, venação broquidódroma.
68
Inflorescência racemosa, axilar, pauciflora; pedicelo 0,6–1,9 mm compr.; bráctea na base do
pedicelo 2,7–5 mm compr.; bractéolas ausentes. Flores zigomorfas, 1,3–2,0 cm compr.; cálice
dialissépalo; sépalas 5, verdes , assimétricas, 4,7– 8,5 × 2,4–4,3 mm compr., elípticas ou
obovais, ápice arredondado a obtuso; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 8–12,5 × 4–6 mm,
obovais, ápice arredondado; estames 7, estaminódios 3, livres; filetes 0,8–3,7 mm compr.,
glabros; anteras 1,1–3,9 mm compr.; ovário 9–12,6 mm compr., pubescente; estilete 3,2–3,8 mm
compr., glabro. Legume 6,3–13,5 × 0,2–0,4 cm compr., cilíndrico, linear, reto ou curvado,
glabro.
Comentários: Espécie distribuída do Máxico à Argentina, sendo encontrada também em regiões
tropicais da Ásia e África (Irwin & Barneby 1982), no Brasil apresenta ocorrência em todas as
regiões do país (Souza & Bortoluzzi 2013). Em Pirambu foi encontrada em vegetacão secundária,
próxima ao ambiente de dunas, podendo ser reconhecida por seu hábito subarbustivo, além de
nectário extrafloral localizado geralmente no par distal de folíolos, raro no segundo par, e flores
com até 20 mm comprimento.
Nomes populares: Matapasto, fedegoso.
Material examinado: 13.VII.2011, fl. e fr., D.M. Oliveira 110 (ASE); 21.IX.2011, fl. e fr., D.M.
Oliveira 172 (ASE); 12.XII.2012, fl., T. Carregosa 329 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Japaratuba, 29.VIII.2012, fl. e fr., A.P. Prata et al. 3357
(ASE).
II. Senna occidentalis (L.) Link, Handbuch 2: 140. 1829.
Subarbusto 0,5–1 m alt. Ramos glabros, estriados verticalmente. Estípulas caducas 5-8 mm
compr., lanceoladas, ápice obtuso. Folhas paripinadas; pecíolo 2,8–4,4 cm compr.; raque 5,3–
10,0 cm compr.; estipela ausente; nectário séssil, piramidal, ca. 1,4 mm compr., localizado na
base do pecíolo; folíolos 4–5 pares, 1,8–8,0 × 0,9–3,0 cm, membranáceos, opostos, elípticos a
ovais, base arredondada a obtusa, ápice acuminado, faces adaxial e abaxial glabras; venação
broquidódroma. Inflorescência racemosa, terminal ou axilar; pedicelo 6,2–10,8 mm compr.;
69
brácteas caducas, na base do pedúnculo, ca. 10 mm compr., lanceoladas, ápice agudo; bractéolas
não vistas. Flores zigomorfas, 1,5– 19 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verdes,
assimétricas, 8,4–9,5 × 3–5mm, oblongas ou obovais, ápice arredondado ou obtuso, glabras;
corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, 1,0–1,4 × 0,4–0,6 mm, obovais, ápice obtuso a
arredondado; estames 7, estaminódios 3, livres; filetes 2,5–4,6 mm compr., glabros; anteras 3,2–
5,4 mm compr.; ovário 7,5–8,5 mm compr., pubescente; estilete 2,8–4,5 mm compr. Legume,
8,2–11,3 × 0,6–0,9 cm, plano-compresso, linear, ligeiramente encurvado, pubérulo.
Comentários: Espécie paleotropical amplamente distribuída nos neotrópicos (Irwin & Barneby
1982). No Brasil ocorre em todos estados, sobretudo como ruderal, invasora de culturas ou
associada a locais perturbados (Souza & Bortoluzzi 2013). Em Pirambu foi encontrada em
ambientes mais perturbados próximos às dunas. Diferencia-se das demais espécies por apresentar
um único nectário extrafloral localizado na base do pecíolo e folhas com 4 a 5 pares de folíolos.
Os folíolos nesta espécie apresentam um odor característico que levou a a ser popularmente
conhecida como fedegoso.
Nomes populeres: fedegoso
Material examinado: 12.XII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 321 (ASE)
Material adicional: Brasil, Sergipe: Pacatuba, 01.VI.2012, fl. e fr., D.G. Oliveira et al. 416
(ASE); Japaratuba, 29.VIII. 2012, fl. e fr., A.P. Prata et al. (ASE); Barra dos Coqueiros,
25.II.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior 765 (ASE).
III. Senna phlebadenia H.S. Irwin & Barneby, Brittonia 37(2): 192, f. 1. 1985.
Arbusto 2–4 m alt. Ramos pubescentes a pubérulos. Estípulas persistentes 7,7–16,5 mm compr.,
largamente elípticas, ápice arredondado. Folhas paripinadas; pecíolo 1,8– 9 cm compr.; raque
1,7–6,0 cm compr.; estipela 1,4-1,8 mm compr.; nectário séssil, piramidal, 1,2–1,8 mm compr.;
localizado em cada par de folíolos e na margem dos folíolos; folíolos 2-3 pares, 2,4–10,5 × 1,7–
7,3 cm compr.; cartáceos, opostos, obovais, raro elípticos, base obtusa a arredondada, ápice
obtuso a arredondado, margem irregular, face abaxial pubérula, venação broquidódroma.
70
Inflorescência racemosa, terminal; pedicelo 0,8–2,7 cm compr.; brácteas caducas, na base do
pedicelo, 4–5,8 mm compr.; bractéolas ausentes. Flores zigomorfas 4,1–4,4 cm compr.; cálice
dialissépalo, sépalas 5, verdes, assimétricas, 2 externas, 6,5–7,8 × 3,8–4,3 mm, elípticas, ápice
arredondado, 3 internas 1,0–1,5 × 0,8–1,0 cm, obovais, ápice arredondado; corola dialipétala,
pétalas 5, amarelas, 1,5–2,4 × 1,1–1,4 cm, obovais, ápice arredondado; estames 7, estaminódios
3, livres; filetes 2,2–9,3 mm compr., glabros; anteras 4,8–12,2 mm compr.; ovário 1,5–2,2 cm
compr., pubescente; estilete 4,5–8,3 mm compr., pubescente. Legume, 9,1–17 × 0,6–0,7 cm,
linear, tetragonal, com constrições entre as sementes.
Comentários: Espécie endêmica do nordeste do Brasil ocorre nos estados de Alagoas, Bahia,
Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe (Souza & Bortoluzzi 2013). Em Pirambu é
registrada para a região de tabuleiro costeiro, podendo ser reconhecida pela presença de nectário
extrafloral na margem dos folíolos, além destes serem obovais de margem irregular, e legume
tetragonal.
Material examinado: 11.XI.1974, fl., M. Fonseca s/n (ASE204).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Barra dos Coqueiros, 05.XII.1997, fl., C. Amaral & E. Santos
40 (ASE); Japaratuba, 17.XII.2010, fl., C.M. Donadio 117 (ASE); Santa Luzia do Itanhy,
17.III.1982, fr., E. Carneiro 324 (ASE); Santo Amaro das Brotas, 19.II.2008, fl., J.E.
Nascimento-Júnior & T.V.P. Dantas 534 (ASE); 11.I.1978, fl. e fr., M. Fonseca s/n (ASE519).
IV. Senna splendida (Vogel) H.S. Irwin & Barneby var. splendida, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 190. 1982.
Figura 7: d, e, f, g, h
Arbusto 2–4 m alt. Ramos glabros, levemente estriados, lenticelados. Estípulas caducas, 6–10
mm compr., lineares a oblanceoladas, ápice levemente acuminado. Folhas paripinadas; pecíolo
1,8–5,2 cm compr., raque 1,1–2,2 cm compr.; nectário curtamente estipitado, clavado, ca. 1,1 mm
compr., localizado entre o par proximal de folíolos; folíolos 2 pares, 1,5–7,0 × 1,1–3,0 cm,
cartáceos, opostos, elípticos, base levemente obtusa a arredondada, ápice arredondado a
levemente emarginado, face adaxial e abaxial glabrescentes; nervação broquidódroma.
71
Inflorescência racemosa, axilar ou terminal; pedicelo 2,0–4,5 cm compr.; bráctea na base do
pedúnculo, 1,8–2,5 mm compr., lanceoladas, ápice agudo; bractéolas ausentes. Flores
zigomorfas, 5,0–7,0 cm compr.; cálice dialissépalo, sépalas 5, verdes, assimétricas, 0,8–1,4 ×
0,4–1,0 cm, oblongas, ápice obtuso a arredondado, glabras; corola dialipétala, pétalas 5,
amarelas, assimétricas, 2,6–3,8 × 1,4-2,7 cm, ovais, ápice arredondado a levemente retuso;
estames 7, livres, os 3 abaxiais ca. 2× maiores que os 4 centrais, 3 estaminóides; filetes 2,5–6,8
mm compr., glabros; anteras 6,6–12 mm de compr.; ovário ca. 30 mm compr., híspido; estilete 2–
3 mm compr., ligeiramente pubescente. Legume, 7,5–25,0 × 0,5–1,0 cm, cilíndrico, linear,
pubérulo na margem e base.
Comentários: As duas variedades (S. splendida var. splendida e S. splendida var. gloriosa
H.S. Irwin & Barneby) apresentam ocorrência semelhante no leste do Brasil. A variedade típica
ocorre até o Mato Grosso do Sul e Paraná (CE, BA, PI, SE, MS, ES, MG, SP, PR), enquanto S.
splendida var. gloriosa ocorre apenas até o estado de Minas Gerais. Sem registro, até o
momento, para Sergipe de acordo com Lima et al. (2013). Em Pirambu, ocorre no ambiente de
tabuleiros costeiros. Senna splendida é reconhecida por apresentar folhas pinadas com 2 pares de
folíolos de 1,5–7,0 × 1,1–3,0 cm, nectário curtamente estipitado, localizado entre o par proximal
de folíolos, além de flores grandes amarelas (5–7 cm compr.). A variedade típica pode ser
reconhecida por apresentar todas as sépalas com ápice obtuso a arredondado, assimétricas, em
que as duas mais externas são ca. 1/2 a 2/3 do comprimento das mais internas e botão floral
obtuso (Irwin & Barneby 1982, Queiroz 2009).
Material examinado: 01.X.2008, fl., A.P. Prata et al. 1514 (ASE); 13.VIII.1974, Prata, A.P. et al.
1514 (ASE); 21.VII.2012, fl., T. Carregosa et al. 246 (ASE); 09.X.2012, fl e fr., T. Carregosa et
al. 241 (ASE); 09.IX.2013, fl., T. Carregosa et al.456 (ASE).
72
Figura 7 - Hymenaea rubriflora: a. inflorescência com flor. b. folha. c. fruto. Senna splendida: d. ramo com
inflorescência. e. flor, visão frontal. f. frutos; g. folha. h. flor, visão frontal e lateral.
3.2.6 Tachigali Aubl. Hist. Pl. Guiane 1: 372, pl. 143, f. 1. 1775.
Gênero de distribuição Neotropical, subordinado à tribo Caesalpinieae Rchb. na mais
recente proposta de classificação (Lewis et al. 2005).
73
I. Tachigali densiflora (Benth.) L.F. Gomes da Silva & H.C. Lima, Rodriguésia 58(2): 399.
2007.
Árvore com ca. 10 m alt. Ramos providos de tricomas setosos, os mais jovens ferrugíneo-
pubérulos. Estípulas caducas, não vistas. Folhas paripinadas; pecíolo 2,17–4,8 cm compr.; raque
5,7–14,8 cm compr.; estipelas ausentes; nectários ausentes; folíolos 3–4 pares, 4,7–15,5 × 2,6–
8,4 cm compr., coriáceos, opostos, elípticos, base obtusa a arredondada, ápice cuspidado, face
abaxial pubescente; venação broquidódroma. Inflorescência paniculada, axilar ou terminal;
pedúnculo 4,5–10,4 mm compr.; brácteas não vistas; bractéolas não vistas. Flores zigomorfas, 5–
6 mm compr., hipanto presente; cálice dialissépalo, verde, 3,5–4,5 mm compr., pubescente, 5-
laciniado, lacínias ovais, ápice obtuso; corola dialipétala, pétalas 5, amarelas, ca. 4,5 × 0,5 mm,
estreitamente lanceoladas, ápice obtuso, margem tomentosa; estames 10, livres; filetes 4–6,5 mm
compr., tomentosos; anteras ca. 1 mm compr.; ovário 2,5–3 mm compr., tomentoso; estilete 2–2,5
mm compr., pubérulo. Criptosâmara, plano compresso, estreitamente elípticos, 6,2–10,7 × 2,3–
2,8 cm, semente única, localizada centralmente.
Comentários: Espécie endêmica do domínio Mata Atlântica, ocorrendo nas regiões nordeste
(Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Sergipe) e sudeste (Espírito Santo e Minas Gerais)
(Lima 2013). Em Pirambu Tachigali densiflora foi encontrada em ambiente de tabuleiro costeiro,
podendo ser reconhecida pela inflorescência paniculada com flores de até 6 mm de comprimento
e fruto do tipo criptosâmara com uma única semente localizada centralmente.
Material examinado: 29.VIII.1974, fl., M. Fonseca s/n (ASE42).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Itaporanga d’ajuda. 16.IX.1996, fl. e fr., M. Landim & D.
Moura 1019 (ASE); Japaratuba, 18.X.2011, fr., L.A.S. Santos et al. 627 (ASE).
74
3.3 Mimosoideae
Mimosoideae apresenta cerca de 3.270 espécies agrupadas em 82 gêneros e quatro tribos,
distribuídas, sobretudo, nas regiões tropicais e subtropicais, mas com alguns gêneros ocorrendo
também em regiões temperadas (Lewis et al. 2005).
Em Pirambu essa subfamília é representada por 12 espécies, subordinadas a cinco gêneros
e duas tribos. Os gêneros com maior número de espécies foram Inga e Mimosa, com quatro
espécies cada. Em Pirambu, Mimosoideae se caracteriza pelas folhas geralmente bipinadas,
exceto em Inga que é pinada, flores com simetria actinomorfa, cálice gamossépalo e corola
gamopétala, com prefloração valvar, estames até 10 (Mimosa e Stryphnodendron) ou mais
(Abarema, Calliandra e Inga), livres ou soldados formamndo um tubo (Abarema, Calliandra e
Inga) e frutos do tipo legume, legume nucóide ou craspédio.
Chave para os gêneros de Mimosoideae
1. Folhas pinadas ....................................................................................................................... Inga
1. Folhas bipinadas
2. Subarbusto ou arbusto; nectário foliar ausente.
3. Ramos inermes; androceu com mais de 10 estames; estames parcialmente soldados; fruto
do tipo legume com deiscência elástica a partir do ápice
.................................................................................................. Calliandra (C. parvifolia)
3. Ramos geralmente armados; androceu com até 10 estames; estames completamente
livres; fruto do tipo craspédio. ................................................................................ Mimosa
2. Árvore; nectário foliar presente, abaixo do par distal de folíolos ou entre os pares de pinas e
ou de folíolos.
4. Folhas com até três pares de pinas; nectários foliares localizados entre os pares de pinas e
ou de folíolos; 1-4 pares de folíolos, com mais de 2,3 cm de compr. ................................
.............................................................................................................................. Abarema
75
4. Folhas com mais de 8 pares de pinas; nectário foliar localizado abaixo do par distal de
folíolos; 10–28 pares de folíolos com até 1,5 cm de compr. ..............................................
................................................................................... Stryphnodendron (S. pulcherrimum)
3.3.1. Abarema Pittier, Arb. Legum. 56. 1927
Gênero pertencente à tribo Ingeae Benth. & Hook.f., é composto por aproximadamente 50
espécies, distribuídas nas formações florestais neotropicais (Iganci & Morim 2009, 2011). No
Brasil são registradas 23 espécies, com centro de diversidade na Amazônia e no domínio
Atlântico brasileiro (Iganci & Morim 2009, 2014).
Chave para as espécies de Abarema
1. Ramos pubescentes a pubérulos, com tricomas ferrugíneos; 2–4 pares de folíolos . ..............
.......................................................................................................................... A. cochliacarpos
1. Ramos glabrescentes a glabros; 1–2 pares de folíolos ..................................... A. filamentosa
I. Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W. Grimes, Mem. New York Bot. Gard.
74(1): 94. 1996.
Figura 8: a, b, c
Árvore ca. 4-6 m alt. Ramos lenticelados, pubescentes a pubérulos, ferrugíneos. Estípulas
caducas, não vistas. Folhas bipinadas, 2–3 pares de pinas; pecíolo 0,8–2,5 cm compr.; raque 2,0–
4,5 cm compr.; estipela ca. 2 mm compr.; nectário, suborbicular, entre os pares de pinas e/ou de
folíolos; pinas 3,0–9,5 mm compr.; folíolos 2–4 pares, 2,3–5,8 × 0,9–3,1 cm, cartáceos,
elípticos, base obtusa, ápice abtuso a arredondado, face daxial e abaxial glabras; venação
camptódroma. Inflorescência capituliforme, globosa, axilar, ca. 2,0 cm compr.; pedúnculo 3,4–
6,9 cm compr.; brácteas caducas, na base do pedicelo, ca. 1 mm compr., deltóides a ovais, ápice
obtuso; bractéolas próximas ao ápice do pedúnculo. Flores actinomorfas, subsésseis a
76
pediceladas; pedicelo ca. 1 mm compr.; cálice verde, paleáceo, tubo 2,5–2,8 mm compr., 5-
laciniado, lacínias curtamente deltóides, ápice obtuso, pubérulas na margem; corola 4,4–5,8 mm
compr., verde, 5–lobada, lobos lanceolados, ápice obtuso; estames ca. 20, exsertos; filetes unidos
em tubo, 1,1–1,3 cm compr.; anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário ca. 1,5 mm, glabro; estilete 1,1–
1,2 cm compr. Legume, valvas espiraladas quando deiscente 4,0–5,5 × 0,8–1,2 cm compr.,
sementes bicolores.
Comentários: Espécie endêmica do Brasil ocorrendo nas regiões nordeste (AL, BA, CE, PE, RN
e SE) e sudeste (ES, MG, RJ, SP) compreendendo os domínios fitogeográficos da Mata Atlântica
e Cerrado (Iganci & Morim 2009; 2014). Em Pirambu ocorre na área de dunas e tabuleiro
costeiro. Abarema cochliacarpos pode ser reconhecida pelo conjunto de caracteres que consistem
nos ramos com tricomas ferrugíneos, folhas bipinadas, com até três pares de pinas e 2–4 pares de
folíolos por pina.
Nomes populares: barbatimão, olho de pombo, contas-de-Nossa-Senhora.
Material examinado: 22.II.2013, fr., T. Carregosa et al. 356 (ASE); 27.IX.2012, fr., T. Carregosa
& L.A.S. Santos 271 (ASE); 10.VII.2013, fr., T Carregosa & E. Santos 386 (ASE); 09.IX.2013,
fl., T. Carregosa et al. 468 (ASE).
II. Abarema filamentosa (Benth.) Pittier, Trab. Mus. Comercial Venezuela 2: 86. 1927.
Árvore 5–6 m alt. Ramos glabrescentes a glabros. Estípulas caducas, não vistas. Folhas
bipinadas, 2 pares de pinas; pecíolo 0,7–2,7 cm compr., raque ausente; estipela ca. 1,5 mm
compr.; nectário suborbicular, localizados entre o par de pinas e/ou de folíolos; pinas 28–48,1
mm compr.; folíolos 1–2 pares, 2,4–8,4 × 1,4–4,5 cm, obovais ou elípticos, base cuneada, ápice
obtuso ou arredondado, raro retuso, faces adaxial e abaxial glabras; venação camptódroma.
Inflorescência capituliforme, globosa, axilar ou terminal, 2,0–2,2 cm compr.; pedicelo 3,0–8,1 cm
compr.; brácteas caducas, na base do pedicelo, ca. 1,5 mm compr., deltóides a ovais, ápice
obtuso; bractéolas próximas ao ápice do pedúnculo. Flores actinomorfas, subsésseis a
pediceladas; pedicelo quando presente 0,8–1,5 mm compr.; cálice verde, paleáceo, tubo 3,1–4,9
mm compr., 5-laciniado, lacínias deltóides, ápice obtuso, pubérulas na margem; corola 5,5 – 6,9
77
mm compr.; verde, 5-lobada, lobos lanceolados, ápice obtuso, pubescente no ápice; estames ca.
20, exsertos; filetes unidos em tubo, 1,9–2,2 cm compr.; anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário ca.
1,5 mm, glabro; estilete 1,8–2,0 cm compr. Legume, valvas espiraladas quando deiscente 4,8–9,0
× 1,2–2,0 cm compr., sementes bicolores.
Comentários: Espécie endêmica da Mata Atlântica nos os estados de Alagoas, Bahia, Paraíba,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Espírito Santo (Iganci & Morim 2014). Em
Pirambu ocorre na região de tabuleiro costeiro, de sedimento mais argiloso. Abarema filamentosa
pode ser identificada pelo seu hábito arbóreo, ramos glabros a glabrescentes, folhas bipinadas,
com 1–2 pares de folíolos por pina.
Material examinado: 27.IX.2012, fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 269 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: São Cristóvão, 26.V.1999, fl., A. Cruz & E. Santos 109
(ASE). Santa Luzia do Itanhy, 20.XII.2011, L.A. Gomes et al. 286 (ASE).
3.3.2 Calliandra Benth., J. Bot. (Hooker) 2(11): 138–141. 1840.
Gênero subordinado à tribo Ingeae Benth. & Hook., é composto por cerca de 130 espécies
com distribuição exclusivamente neotropical (Barneby 1998). No Brasil ocorrem 74 espécies, das
quais 59 são endêmicas (Souza 2014).
I. Calliandra parvifolia (Hook. & Arn.) Speg., Revista Argent. Bot. 1: 193. 1926.
Figura 8: d, e
Arbusto, 1,2–2 m alt. Ramos grabrescentes a glabros, inermes. Estípulas caducas, 1,5–2,1 mm,
setosas, ápice agudo. Folhas bipinadas, 7–13 pares de pinas; pecíolo 2,7–7,4 mm compr.; raque
8,3–50,1 mm compr.; estipela ca. 1 mm compr.; nectário ausente; pinas 0,9–2,2 cm compr.;
folíolos 13–31 pares, 1–3,5 × 0,6–0,7 mm, estreitamente oblongos, base assimétrica, ápice
obtuso, margem serreada, face adaxial e abaxial glabras; venação eucamptódroma. Legume 2,6–
5,0 × 0,6–0,7 cm, plano-compresso, linear, encurvado quando deiscente.
78
Comentários: Espécie com distribuição disjunta pelos estados do Pará, Bahia, Goiás, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul (Souza 2014). No material examinado estavam indisponíveis as
flores, no entanto, de acordo com Souza (2001) a inflorescência é umbeliforme, axilar; pedúnculo
2–10 cm compr.; brácteas duas, na porção mediana a superior do pedúnculo, ca. 1,5 mm compr.
Flores actinomorfas, pediceladas; pedicelo ca. 2 mm compr.; cálice vináceo, viloso, tricomas
granulares avermelhados, tubo, ca. 2 mm compr., 5-laciniado, lacínias ca. 1 mm compr.,
arredondadas; corola alva, tubo ca. 3 mm compr., 5-laciniada, lacínias ca. 2 mm compr., obtusas,
vilosas, com tricomas granulares; estames ca. 50, bicolores, com metade basal alva e metade
distal rósea, tubo estaminal ca. 4mm compr.; filetes livres, ca. 18 mm compr.; ovário glabro. Em
Sergipe Calliandra parvifolia ocorre nas áreas de tabuleiros costeiros podendo ser reconhecida
pelo seu hábito subarbustivo, folhas bipinadas, folíolos com até 3,5 mm de comprimento e fruto
do tipo legume.
Material examinado: 13.VIII.2013, fr., T. Carregosa & E. Santos 444 (ASE); 10.VII.2013, fr., T.
Carregosa & E. Santos 385 (ASE).
3.3.3 Inga Mill, Gard. Dict. Abr. (ed. 4) no.. 1754.
Gênero pertencente à tribo Ingeae Benth. & Hook. f., composto por 300 espécies,
encontradas nas regiões neotropicais (Lewis et al. 2005).
Chave para as espécies de Inga
1. Raque alada.
2. Flores pediceladas; corola com mais de 1,4 cm de compr.; fruto com tricomas
ferrugíneos....... ................................................................................................ I. cayennensis
2. Flores sésseis; corola com até 1,0 cm de compr.; fruto com tricomas não ferrugíneos. ..........
................................................................................................................................... I. ciliata
1. Raque não alada.
79
3. Estípulas elípticas; nectário foliar ca. 1,5 mm de larg.; inflorescência < 2,5 cm de
comprimento; corola > 6 mm comprimento .......................................................... I. capitata
3. Estípulas oblongo-obovais; nectário foliar ca. 0,5 mm; inflorescência > 2,9 cm de
comprimento; corola < 6 mm comprimento. ............................................................ I. laurina
I. Inga capitata Desv., J. Bot. Agric. 3: 71. 1814.
Árvore 3–5 m alt. Ramos esparsamente lenticelados, glabros. Estípulas persistentes ou caducas,
4,7–6,5 mm compr., elípticas, glabras. Folhas paripinadas, 2 pares de folíolos; pecíolo 3–10,6
mm compr.; raque 1,2–3,1 cm compr.; estipela 1,3–3,4 mm compr.; nectário sésseis,
pateliformes, ca. 1,5 mm compr., entre cada par de folíolos; folíolos 4,3–12,2 × 3,2–6,3 cm,
coriáceos, opostos, elípticos, raramente obovais, base atenuada, ápice cuspidado, faces adaxial e
abaxial glabras; venação eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, axilar, 1,6–2,3 cm compr.;
brácteas persistentes, 1,3–1,8 mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Flores sésseis; cálice
campanulado, 3,5–5 mm compr., esverdeado, glabro, 4-laciniado, lacínias deltóides; corola
esverdeada, 6,1–8,3 mm compr., glabra, 4-laciniada, lacínias 1,5–2,3 mm compr., deltóides, ápice
agudo; estames 45–70, monadelfos; tubo estaminal 7–8 mm compr.; filetes 2,5–3,3 cm compr.;
anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário 1,5–2 mm compr., glabra; estilete 2,1–2,8 cm compr.; glabro.
Legume 5,1–9,5 × 1,9–2,5 cm, plano-compresso, estreitamente oblongo, glabro.
Comentário: Espécie de ampla distribuição no Brasil, compreendendo as regiões norte (AC,
AM, AP, PA, RO, RR), nordeste (BA, MA, PB, PE, SE) e sudeste (ES, MG, RJ e SP) (Garcia &
Fernandes 2014). Em Pirambu ocorre nas dunas e nos tabuleiros costeiros. Inga capitada pode
ser reconhecida por um conjunto de caracteres que consistem em apresentar ramos pubérulos a
glabros, raque não alada, nectário foliar ca. 1,5 mm de comprimento, inflorescência menor que
2,5 cm de comprimento e fruto glabro.
Nomes populares: ingá, ingá verdadeira, ingá de porca.
Material examinado: 25.V.2012, fr., A.P. Prata et al. 3034 (ASE); 25.V.2012, fr., A.P. Prata et al.
2986 (ASE); 31.X.2012, fl., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 141 (ASE); 19.VI.2012, fl., E.S.
Ferreira & E.V.S. Oliveira 49 (ASE).
80
Material adicional: Brasil, Sergipe; Japaratuba 06.I.1997, fl., M. Landim et al. 1119 (ASE).
II. Inga cayennensis Sagot ex Benth., Trans. Linn. Soc. London 30(3): 626 1875
Figura 8: f
Arbusto ou árvore, 2–4 m alt. Ramos ferrugíneo-tomentosos. Estípulas caducas, 2,8–4 mm
compr., ovais, ápice agudo, pubescentes. Folhas pinadas, 2–4 pares de folíolos; pecíolo 0,4–1,3
cm compr.; raque 1,9–5,0 cm compr., alada; nectário curtamente estipitado, ca. 1 mm compr.,
entre cada par de folíolos; alas 5,5–28,5 × 3,4–9,7 mm, elípticas a estreitamente elípticas;
folíolos, 1,6–9,4 × 0,9–4,6 cm, coriáceos, opostos, elípticos, raramente ovais, base arredondada
ou obtusa; ápice cuspidado ou arredondado a obtuso, faces abaxial híspida; venação
broquidódroma. Inflorescência espiciforme, axilar, 2,3–4,5 cm compr.; brácteas caducas, 2,3–3,1
mm compr., ovais, ápice agudo. Flores pediceladas; pedicelo 2–2,9 mm compr.; cálice
campanulado, 6,5–8,2 mm compr., esverdeado, rufo-tomentoso 5-laciniado, lacínias
estreitamente deltóides; corola esverdeada, 1,5–2,5 cm compr., rufo-tomentosa, 5-laciniada,
lacínias ca. 2–3,5 mm compr.; deltóides, ápice agudo; estames 60–80, monadelfos; tubo
estaminal 1,7–3,1 cm compr.; filetes 3,2–5,1 cm compr.; anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário 3,1–
3,8 mm compr.; glabro; estilete 5,1–6,3 cm compr., glabro. Legume 3,8–9,5 × 0,7–1,7 cm,
plano-compresso, estreitamente oblongo, ferrugíneo, viloso.
Comentários: Espécie distribuída pelas regiões norte (AC, AM, AP, PA, RO) e nordeste (AL,
BA, MA, PE) (Garcia & Fernandes 2014). Em Pirambu Inga cayennensis ocorre na área de
tabuleiros costeiros, podendo ser identificada pela raque alada, flores pediceladas, corola rufo-
tomentosa, com mais de 1,4 cm de comprimento, e fruto apresentando tricomas ferrugíneos.
Nomes populares: ingá peluda, ingá.
Material examinado: 27.IX.2012, fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 270 (ASE); 10.VII.2013, fl. e
fr., T. Carregosa & E. Santos 383 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Itaporanga d’Ajuda, 28.III.2009, fr., J.P. Souza-Alves 9
(ASE); 09.IX.1986, fl., G. Viana 1605 (ASE). Estância, 29.IX.1981, fl., G. Viana 166 (ASE).
81
Figura 8– Abarema cochliacarpos: a. Hábito. b. Inflorescência. c. fruto. Calliandra parvifolia: d. hábito. e. frutos.
Inga cayennensis: f. fruto.
III. Inga ciliata C. Presl, Symb. Bot. 2(6): 11, pl. 58. 1834.
Figura 9: a, b, c
Arbusto, 3–3,5 m alt. Ramos lenticelados, esparsamente pubescentes. Estípulas persistentes, 3,5–
9 mm compr., linear-lanceoladas, ápice obtuso, pubérulas. Folhas paripinadas, 3–4 pares de
folíolos; pecíolo 0,4–1,1 cm compr.; raque 1,5–7,5 cm compr., alada; nectário curtamente
estipitado, 0,8–1,4 mm compr., entre cada par de folíolos; alas 4,5–20 × 2,7–12,5 mm, elípticas a
82
estreitamente elípticas; folíolos, 1,3–7,0 × 0,9–4,6 cm, coriáceos, opostos, elípticos, base
arredondada, raro subcordada, ápice atenuado ou retuso-mucronado, faces adaxial e abaxial
glabras; venação broquidódroma. Inflorescência espiciforme, terminal ou axilar, 1,2–2,0 cm
compr.; brácteas 2–4,3 mm compr., lineares, ápice setoso. Flores sésseis; cálice 3,2–4,5 compr.,
esverdeado, tubular, 4-laciniado, lácinias pubescentes na face externa; corola branca a
esverdeada, 6,5–9,2 mm compr., 4-laciniado, lacínias ca, 2 mm compr., deltóides, ápice setoso,
pubescente na face externa; estames 35–45, monadelfos, tubo estaminal ca. 1,2 cm de compr.;
filetes 2,2–2,7 cm compr.; anteras ca. 0,3 mm compr.; ovário ca. 2,5 mm compr, glabro; estilete
ca. 2,5 mm, glabro. Legume 4,0–9,0 × 1,0–1,8 cm, plano-compresso, pubescente.
Comentários: Espécie com distribuição disjunta no Brasil, ocorrendo no norte (PA, AM, AC),
nordeste (BA, SE, PE) e Sudeste (MG), nos domínios fitogeográficos da Floresta Amazônica e
Floresta Atlântica (Garcia & Fernandes 2014). Em Pirambu foi encontrada no ambiente de dunas,
sendo reconhecida pela presença de raque alada, flores sésseis, com corola não ultrapassando 1,0
cm de comprimento.
Nomes populares: ingá peludo, ingazinho.
Material examinado: 12.XII.2012, fl. e fr., T. Carregosa & A.S. Silva 299 (ASE); 28.I.1992, fl. e
fr., C. Farney at al. 2936 (ASE, RB); 19.VI.2012, E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 31 (ASE);
31.VII.2012, fr., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 64 (ASE).
Material adicional: Brasil. Sergipe: Barra dos Coqueiros, 25.IV.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-
Júnior 869 (ASE).
IV. Inga laurina (Sw.) Willd., Sp. Pl. 4(2): 1018. 1806.
Árvore 5–8 m alt. Ramos lenticelados, pubérulos a glabros. Estípulas persistentes 4,3–6,5 mm
compr., oblongo-obovais, ápice agudo. Folhas paripinadas; pecíolo 6–1,1 cm compr., raque 1,1–
2,3 cm compr.; estipela não vista; nectários sésseis, pateliformes, ca. 0,5 mm compr., entre cada
par de folíolos; folíolos 2 pares, 4,3–10,0 × 1,4–5,7 cm, coriáceos, opostos, elípticos a obovais,
base atenuada, ápice obtuso a cuspidado, faces adaxial e abaxial glabras, venação
eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, axilar, 2,9–6,4 cm compr.; brácteas persistentes, 2–
83
2,8 mm compr., elípticas, ápice agudo. Flores sésseis; cálice campanulado, 1,7–2,1 mm compr.,
esverdeado, pubérulo, 5-laciniado, lacínias denticuladas; corola esverdeada, 3,5–5,7 mm compr.,
pubérula a glabrescente, 5-laciniada, lacínias ca. 1 mm compr., ovais, ápice agudo; estames 35–
45, monadelfos; tubo estaminal 7,3–9,1 mm compr.; filetes 1,3–1,6 cm compr.; anteras ca. 0,4
mm compr.; ovário 1,6–2,5 mm compr., glabro. Fruto legume, 3,0–6,5 × 1,3–1,9 cm, plano,
estreitamente oblongo, reto a levemente curvado, glabro.
Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões do País (Garcia & Fernandes
2014). Em Pirambu ocorre no ambiente de dunas. Inga laurina pode ser reconhecida pela raque
não alada, nectário foliar com ca. 0,5 mm de comprimento, flores sésseis, inflorescência maior
que 2,9 cm de comprimento e corola não ultrapassando 6 mm comprimento.
Nomes populares: ingazinho, ingá branco, ingá.
Material examinado: 22.II.2013, fl. e fr., T. Carregosa et al. 358 (ASE); 28.XI.1992, fl., C.
Farney et al. 2967 (ASE, RB); 24.IV.2012, fl., M.C.V. Farias et al. 110 (ASE); 05.XII.2011, fl.,
D.M. Oliveira 225 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Nossa Senhora do Socorro, 11.XI.1981, fl., G. Viana 197
(ASE). Pacatuba, 21.II.2013, fr., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 188 (ASE)
3.3.4 Mimosa L. Sp. Pl. 1: 516. 1753.
Mimosa L. é o segundo maior gênero de Mimosoideae, abrangendo cerca de 540 espécies
distribuídas predominantemente na região neotropical (Simon et al. 2011), com seus principais
centros de diversidade localizando-se na América do Sul e no Centro-sul do México (Barneby
1991, Lewis et al. 2005). No Brasil ocorrem 346 espécies das quais 259 são endêmicas (Dutra &
Morim 2014).
Chave para as espécies de Mimosa
1. Inflorescência espiciforme; flores 3-laciniadas ............................................... M. caesalpiniifolia
84
1. Inflorescência capituliforme; flores 4-laciniadas.
2. Folhas com 1 par de pinas; inflorescência alva .................................................... M. sensitiva
2. Folhas com 2–muitos pares de pinas; inflorescência rósea a lilás
3. Subarbusto prostrado ou escandente com 2 pares de pinas por folha; corola até 1,5 mm
de compr.; fruto até 1,6 cm de compr.................................................................. M. pudica
3’. Arbusto com mais de 2 pares de pinas por folha; corola mais de 2 mm de compr.; fruto
com mais de 3,0 cm de compr. .............................................................................. M. pigra
I. Mimosa caesalpiniifolia Benth., J. Bot. (Hooker) 4(31): 392. 1841.
Figura 9: d, e
Arbusto, 2–3,5 m alt. Ramos lenticelados, estriados, glabros, inermes ou aculeados; acúleos
recurvados. Estípulas persistentes, 2,3–6,4 mm compr., lanceoladas, ápice agudo ou obtuso.
Folhas bipinadas; pecíolo 0,9–3,0 cm compr.; raque 0,8–4,5 cm compr.; nectário ausente; 2–3
pares de pinas; pinas 1,4–5,2 mm compr.; folíolos 2–4 pares, 1,5–5,5 × 0,8–3,9 cm, cartáceos,
elípticos a obovais, base assimétrica a arredondada, ápice obtuso, raramente arredondado, faces
adaxial e abaxial glabras; venação eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, agrupadas em
pseudorracemos, terminais ou axilares, branca, 3,6-5,8 cm compr.; brácteas 4–7,2 mm compr.,
lanceoladas, ápice agudo. Flores sésseis; cálice ca. 0,5 mm compr., branco, tubo curtamente, 3-
laciniado, lacínias glabras; corola ca. 1,8 mm compr., 3-laciniada, lacínias elípticas, ápice obtuso,
glabras; estames 6, livres; filetes 5,5–7,3 mm compr., anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário ca. 0,4
mm compr., glabro; estilete ca. 0,2 mm, glabro. Craspédio, 3,1–10,2 × 0,7–1,4 cm, reto ou
ligeiramente curvo, plano-compresso, linear, glabro; artículos retangulares, 0,8–1,2 × 0,5–1,2 cm.
Comentários: Espécie endêmica do Brasil, ocorrendo principalmente na caatinga setentrional,
distribuindo-se do Piauí ao estado de Pernambuco e estendendo-se para o Maranhão (Queiroz
2009). Em Pirambu ela foi encontrada no ambiente de tabuleiros costeiros, entretanto, em
algumas áreas, em beira da estrada, é usada como cerca-viva, o que pode ter acarretado sua
invasão em áreas de tabuleiro e adjacências. Mimosa caesalpiniifolia é caracterizada pela
presença de inflorescência espiciforme e flores 3-laciniadas.
Nomes populares: Sabiá.
85
Material examinado: 27.IX.2012, fl. e fr., T. Carregosa 267 (ASE); 13.V.2011, fl., D.M. Oliveira
at al. 71 (ASE); 21.VII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 253 (ASE).
II. Mimosa pigra L., Cent. Pl. 13. 1755.
Figura 9: f, g, h, i, j, l
Arbusto, 1–2 m alt. Ramos hirsutos, aculeados; acúleos retos ou recurvados. Estípulas
persistentes, 2,8–7 mm compr., ovais, ápice agudo, hirsutas. Folhas bipinadas; pecíolo 0,4–1,6
mm compr.; raque 5,0–13,0 cm compr; nectário ausente; 4–14 pares de pinas, espículas
interpinais longas e eretas; pinas 15–58 mm compr.; folíolos 18–45 pares, 4–8 × 0,8–1,4 mm,
cartáceos, lineares, base assimétrica, ápice obtuso, face abaxial pubescente, adaxial pubérula;
venação eucamptódroma, nervuras 4, paralelas, proeminentes na face abaxial. Inflorescência
capituliforme, globosa, terminal ou axilar, rósea, ca 1,2 cm compr.; brácteas 3–4,6 mm compr.,
lanceoladas, ápice agudo; bractéolas ca. 3 mm compr., oblanceoladas, ápice setoso. Flores
curtamente pediceladas; cálice ca. 1 mm compr., esverdeado, paleáceo, tubo curtamente, 4-
laciniado, lácinias hirsutas na face externa; corola ca. 3 mm compr., 4-laciniada, lacínias
oblanceoladas, ápice obtuso, hirsutas na face externa; estames 8, livres; filetes 3,2–4 mm compr.;
anteras ca. 0,5 mm compr.; ovário ca. 1,2 mm compr, hirsuto; estilete ca. 2 mm, glabro.
Craspédio 3,0–7,2 × 0,8–1,4 mm, reto ou ligeiramente curvo, plano-compresso, linear, híspido-
setoso; artículos retangulares, 0,3–0,5 × 0,8–1,3 cm.
Comentários: Dentre as espécies de Mimosa, M. pigra é uma das que apresentam mais ampla
distribuição, ocorrendo no Neotrópico e África tropical, além de ter sido naturalizada na Malásia
e na Austrália (Queiroz 2009). No Brasil, é registrada para as regiões norte (AM, AC), nordeste
(BA), centro oeste (MT, GO, MS, DF) e sudeste (MG, SP, PR, SC) (Dutra & Morim 2013). Em
Pirambu foram encontradas populações dessa espécie, em locais mais protegidos pelos fortes
ventos, adjacentes às dunas. Mimosa pigra é uma espécie rapidamente reconhecível pelo
indumento hirsuto, constituído por tricomas rígidos que revestem principalmente as partes
vegetativas (ramos, folhas) e reprodutivas (frutos), além de apresentar mais de dois pares de pinas
por folha e fruto com mais de 3,0 cm de comprimento.
Material examinado: 12.XII.2013, fl. e fr., T. Carregosa & A.S. Silva 305 (ASE).
86
Material Adicional: Brasil. Sergipe: Barra dos Coqueiros, 18.XII.2008, fl., J.E. Nascimento-
Júnior, & T.V.P. Dantas 478 (ASE); 18.XII.2008, fr., J.E. Nascimento-Júnior, & T.V.P. Dantas
479 (ASE); 25.II.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior 755 (ASE).
Figura 9– Inga ciliata: a. ramo. b. folhas; c. Inflorescência. Mimosa caesalpiniifolia: d. e. ramo, com
inflorescência. Mimosa pigra: f. inflorescência. g. frutos imaturos. h. acúleo. i. folha. j. fruto maduro. l.
estípulas.
87
III. Mimosa pudica L., Sp. Pl. 1: 518. 1753.
Figura 10: a, b
Subarbusto prostrado ou escandente, 0,3–0,5 m alt. Ramos pubescentes a glabrescentes, estriados,
aculeados, acúleos retos ou recurvados. Estípulas persistentes, 2,7–5,4 mm compr., lanceoladas,
ápice agudo. Folhas bipinadas, 2 pares de pinas; pecíolo 1,8–3,3 cm compr.; raque ca. 1,5 mm
compr.; nectário ausente; espículas interpinais presentes; pinas 2,3–4,7 cm compr., folíolos 12–23
pares, 4,8–8,9 × 1,4–1,8 mm compr., membranáceos, linear-oblanceolados, base assimétrica,
ápice obtuso, mucronado, faces abaxial e adaxial glabras; venação camptódroma. Inflorescência
capituliforme, globosa, terminal ou axilar, rósea, 0,8–1,1 cm compr.; brácteas 1,4–2,8 mm
compr., bractéolas não vistas. Flores róseas a lilás, sésseis; cálice 0,4–0,5 mm compr.,
esverdeado, tubo curtamente, 4-laciniado; corola 1,3–1,5 mm compr., 4-laciniada, lacínias
oblanceoladas, ápice obtuso; estames 8, livres; filetes 4,5–6 mm compr.; anteras ca. 03 mm
compr.; ovário ca. 0,5 mm compr., glabro; estilete 4–5 mm compr. Craspédio 0,8–1,6 × 0,3–0,6
cm, retos, plano-compresso, oblongo, híspido-setoso; artículos quadrangulares, 2,7–4,5 × 2,5–4,8
mm.
Comentários: Uma das espécies mais bem distribuídas do gênero, ocorrendo em todas as regiões
do Brasil, sendo considerada uma espécie invasora, frequentemente encontrada em áreas
degradadas e em beira de estrada (Dutra e Morim 2014; Queiroz 2009). Em Pirambu ela foi
encontrada em áreas mais antropizadas da restinga e dos tabuleiros costeiros. Pode ser
reconhecida por consistir em um subarbusto prostrado ou escandente, com dois pares de pinas,
que apresentam 12 – 23 pares de folíolos por pina.
Nomes populares: dormideira, meliça, melicia, dorme-dorme, arranhento.
Material examinado: 12.XII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 328 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe, Pirambu: Lagarto, 26.VIII.2010, fl. e fr., L.A.S. Santos 328
(ASE). Japaratuba, 29.VIII.2012, fl. e fr., A.P.Prata et al. 3317 (ASE).
88
IV. Mimosa sensitiva L., Sp. Pl. 1: 518. 1753.
Subarbusto prostrado ou escandente, 1–1,5 m alt. Ramos pubescentes, estriados, aculeados,
acúleos recurvados. Estípulas persistentes, 3,3–5,4 mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Folhas
bipinadas, 1 par de pinas; pecíolo 1,2–4,5 cm compr.; raque ausente; nectário ausente; espículas
interpinais presentes; pinas 2,8–11,1 mm compr.; folíolos 2 pares, 1,5–5,5 × 0,5–1,7 cm,
elípticos, ligeiramente falcados, base assimétrica, subcordada, ápice acuminado, face adaxial
glabra a pubérula, face abaxial pubescente; venação eucamptódroma. Inflorescência
capituliforme, globoso, terminal ou axilar, branca, ca 7–9,5 mm compr.; brácteas 1,8–2,4 mm
compr., lanceoladas, ápice agudo; bractéolas não vistas. Flores sésseis, brancas; cálice ca. 0,8 mm
compr., esverdeado, tubo curtamente, 4-laciniado; corola 2–2,8 mm compr., 4-laciniada, lacínias
oblanceoladas, ápice obtuso; estames 4, livres; filetes 7–8 mm compr.; anteras ca. 0,5 mm
compr.; ovário ca. 1 mm compr., glabro; estilete 6–7 mm compr. Craspédio, 1,0–2,3 × 0,5–0,6
cm, reto, plano-compresso, elíptico-oblongo, híspido-setoso; artículos retangulares, 3,5–5,2 × 4–6
mm.
Comentários: Espécie distribuída por todas as regiões do Brasil, exceto a região norte (Dutra &
Morim 2013). Em Pirambu ocorre na área de tabuleiros costeiros, podendo ser identificada pela
presença de folhas com apenas 1 par de pinas e 2 pares de folíolos por pina além de
inflorescência capituliforme, alva.
Nomes populares: unha de gato, maliça, calumbi.
Material examinado: 26.VIII.2011, fl. e fr., T. Carregosa-Silva et al. 233 (ASE)
Material adicional: Brasil, Sergipe: Santa Luzia do Itanhy, 0.7.II.1996, fr., M. Landim 862
(ASE). São Cristóvão, 02.V.1997, fl. e fr., M. Landim 1215 (ASE); 21.IX.1881, fl., E. Carneiro
63 (ASE).
89
3.3.5 Stryphnodendron Mart., Flora 20(2): Beibl. 117. 1837.
Stryphnodendron engloba 36 táxons, dos quais cerca de 90% ocorrem no Brasil, e
aproximadamente 50% são de distribuição restrita ao território brasileiro, ocorrendo sobretudo
em áreas de Cerrado e Floresta Atlântica (Scalon 2007).
I. Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr., Bull. New York Bot. Gard. 6(21): 274.
1910.
Figura 10: c, d
Árvore, 4–6 m alt. Ramos lenticelados, esparsamente pubescentes a glabrescentes, indumento
ferrugíneo no ápice dos ramos. Estípulas caducas, não vistas. Folhas bipinadas, 9–15 pares de
pinas, subopostas; pecíolo 26,5–49,6 mm compr.; raque 7,1–16,4 cm compr.; estipelas não vistas;
nectário cônico, localizado abaixo do par distal de folíolos; pinas 2,3 – 8,5 mm compr.; folíolos
10–28 pares, 0,4–1,2 × 0,1–0,6 cmm, estreitamente oblongos ou elípticos, base levemente
assimétrica, ápice arredondado a levemente obtuso, faces adaxial e abaxial pubérulas a glabras;
venação broquidódroma. Inflorescência espiciforme, axilar, 8,0–9,0 cm compr; pedúnculo 0,8–
2,0 cm compr.; brácteas caducas, ca. 1,7 mm compr., ovais, ápice obtuso; bractéolas não vistas.
Flores sésseis; cálice campanulado, verde-amarelado, pubescente, tubo 0,5–0,7 mm compr., 5-
laciniado, lacínias curtamente deltóides, ápice obtuso; corola 1,5–1,8 mm compr., amarela-
esverdeada, 5-lobada, lobos lanceolados, ápice obtuso, pubescentes; estames 10, livres; filetes 4-5
mm compr., glabros; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário ca. 1–1,5 mm compr., glabro; estilete ca.
2,5 mm compr. Legume nucóide, 6,7–10,5 × 0,9–1,1 cm compr., estreitamente oblongo, algumas
vezes encurvado, glabro.
Comentários: Stryphnodendron pulcherrimum é a espécie de maior distribuição do gênero
ocorrendo na região amazônica brasileira (AC, AM, AP, PA, RO, RR), em áreas de terra firme do
Mato Grosso, região centro-oeste e disjuntamente também é encontrada em área de Mata
Atlântica na região nordeste brasileira (Scalon 2007). Em Pirambu ocorre nas áreas de restinga e
tabuleiro, podendo ser identificada pelo hábito arbóreo, com folhas bipinadas, com mais de 8
pares de pinas por folha e 10 – 28 pares de folíolos.
90
Nomes populares: favinha, Maria favinha, barbatimão, visgueira, farinheira, miciera.
Material examinado: 21.XII.1977, fl., M. Fonseca s/n (ASE501); 05. XII.2011, fl., D.M. Oliveira
226 (ASE); 30.V.2008, fl., C.S. Santos 378 (ASE); 04.IV.2013, fr., T. Carregosa et al. 366
(ASE); 09.IX.2013,fl., T. Carregosa et al. 467 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Japaratuba, 21.XII.1977, fl., M. Landim & V. Schettino 1121
(ASE); 10.I.2013, fl., M.C.V. Farias et al.187 (ASE).
Figura 10– Mimosa pudica: a. folhas; b. Inflorescência. Stryphnodendron pulcherrimum: c. frutos; d. hábito.
91
3.4 Papilionoideae
É a maior subfamília de Leguminosae compreendendo aproximadamente 13.800 espécies,
482 gêneros e 28 tribos (Lewis et al. 2005), de ampla distribuição, ocorrendo desde florestas
úmidas até desertos secos e frios (Polhill & Raven 1981). Entretanto as tribos herbáceas são mais
frequentes em regiões temperadas, enquanto as espécies lenhosas são comuns nas regiões
tropicais (Barroso et al. 1991; Lewis et al. 2005).
Na região de estudo, Papilionoideae foi a subfamília de maior representatividade,
englobando 26 espécies reunidas em 19 gêneros e oito tribos. Os gêneros mais representativos
foram Stylosanthes (4 spp.), Crotalaria (3 spp.), Dioclea (2 spp.) e Swartzia (2 spp.), enquanto
os demais obtiveram um representante cada. Em Pirambu as espécies dessa subfamília são
caracterizadas pelas folhas simples, bifolioladas, na maioria trifolioladas, pinadas, mas nunca
bipinadas, nectários extraflorais ausentes, flores com simetria geralmente zigomorfa (exceto em
Leptolobium), cálice gamossépalo, corola com perfloração imbricada descendente, estames
geralmente 10 (exceto em Swartzia) e frutos do tipo legume, drupa, lomento ou legume
samaróide.
Chave para os gêneros de Papilionoideae
1. Folhas simples ou unifolioladas
2. Subarbusto; folhas até 6,5 cm de compr.; fruto deiscente ..................................... Crotalaria
2. Árvore; folhas mais de 8 cm de compr.; fruto indeiscente ................ Zollernia (Z. ilicifolia)
1. Folhas compostas
3. Folhas bifolioladas ou trifolioladas.
4. Folhas bifolioladas .............................................................................. Zornia (Z. latifolia)
4. Folhas trifolioladas
5. Flores amarelas
6. Estípulas bidentadas; flores agrupadas em espigas; brácteas conspícuas,
bidentadas................................................................................................Stylosanthes
92
6. Estípulas inteiras; flores agrupadas em racemos; brácteas, quando conspícuas,
inteiras
7. Subarbusto escandente; flores até 8 mm de compr.; margem do fruto fortemente
constrita entre as sementes ................................... Rhynchosia (R. phaseoloides)
7. Subarbusto ereto; flores mais de 8 mm de compr.; margem do fruto inteira entre
as sementes. .......................................................................................... Crotalaria
5. Flores lilás a róseas
8. Fruto lomento .................................................................. Desmodium (D. barbatum)
8. Fruto legume
9. Flores ressupinadas, o estandarte ficando em posição inferior em relação às
demais pétalas
10. Folíolos lanceolados a linear-elípticos; inflorescência 1-2 flores; estandarte
com esporão no dorso ....................................... Centrosema (C. brasilianum)
10. Folíolos geralmente largamente elípticos ou elípticos a obovais;
inflorescência multiflora; estandarte desprovido de esporão no dorso
11. Subarbusto prostrado; flores em racemos com nodosidade conspícua;
cálice bilabiado ..................................................... Canavalia (C. rosea)
11. Subarbusto ereto; flores em racemos, com ramos laterais cimóides e
nodosidade inconspícua; cálice 5-lobado ................................................
................................................................... Periandra (P. mediterranea)
9. Flores não ressupinadas, o estandarte ficando em posição superior em relação às
demais pétalas
12. Quilha com ápice tubuloso e lateralmente torcido; fruto linear ......................
................................................................................. Vigna (V. peduncularis)
12. Quilha com ápice não torcido, levemente encurvado; fruto oblongo com
valvas lenhosas . ................................................................................ Dioclea
3. Folhas pinadas
13. Flores não papilionóides;
14. Folhas imparipinadas, raro paripinadas no mesmo indivíduo; corola ausente, ou
quando presente composta por apenas uma pétala; estames dimorfos, numerosos
(ca. 100); fruto legume .................................................................................. Swartzia
93
14. Folhas paripinadas; corola composta por 5 pétalas; estames unimorfos, em número
de 10; fruto legume samaróide ........................................... Leptolobium (L. bijugum)
13. Flores papilionóides
15. Subarbusto ereto ou prostrado
16. Folhas imparipinadas; corola rósea a lilás; fruto legume ou drupa
17. Subarbusto prostrado; folíolos com pontuações glandulares amareladas na
face abaxial; legume oblongo, subcilíndrico ..................................................
............................................................................. Indigofera (I. microcarpa)
17. Subarbusto ereto; folíolos sem pontuações glandulares; legume linear,
compresso . ............................................................. Tephrosia (T. purpurea)
16. Folhas paripinadas; corola amarela; fruto lomento ................................................
......................................................................... Aeschynomene (A. viscidula)
15. Árvore
18. Folhas até 9 folíolos, glabros na face abaxial; estipelas fortemente marcadas;
fruto drupa ..................................................................... .Andira (A. fraxinifolia)
18. Folhas geralmente mais de 9 folíolos, pubescentes na face abaxial; Estipelas não
marcadas; fruto legume samaróide
19. Flores com alas ca. 2x maiores em comprimento, que as peças da quilha;
estames livres ou levemente concrescidos na base .............................................
............................................................................... Bowdichia (B. virgilioides)
19. Flores com alas de comprimento semelhante às peças da quilha; estames
monadelfos ............................................................. Lonchocarpus (L. sericeus)
3.4.1 Aeschynomene L. Gen. Fl. Pl. 1: 470. 1964.
Gênero subordinado a tribo Dalbergieae Bronn ex DC., é composto por ca. 180 espécies
que se distribuem nas regiões tropicais e subtropicais das Américas, África e Ásia (Lewis et al.
2005). No Brasil ocorrem quase 50 espécies, dispersas em todos os domínios fitogeográficos do
país (Lima et al. 2014b).
94
I. Aeschynomene viscidula Michx. Fl. Bor.-Amer. 2: 74–75. 1803.
Figura 11: a, b, c
Subarbusto prostrado. Ramos híspido-glandulares. Estípulas persistentes, 3–4,5 mm compr.,
ovais a lanceoladas, ápice agudo. Folhas paripinadas, 6-10 pares de folíolos; pecíolo 4,2–9,4 mm
compr.; raque 4–12,3 mm compr.; estipelas ausentes; nectário ausente; folíolos 5,4–12,4 × 3,6–
6,9 mm compr., papiráceos, subopostos a alternos, sensitivos, obovais, base obtusa a
arredondada, ápice arredondado, face abaxial glabrescente, margem ciliada; venação
broquidódroma. Inflorescência racemosa, axilar; pedicelo 4–10 mm compr.; brácteas na base do
pedicelo, 1,4–1,8 mm compr.; bractéolas na base do cálice, ca. 1,5–1,7 mm compr. Flores 5–6,5
mm compr.; cálice verde, tubo-campanulado, pubérulo na face externa, 5-laciniado, tubo ca. 1,5
mm compr., lacínias 1,2–1,5 mm compr., deltóides, ápice obtuso; corola amarela; estandarte com
mancha vinácea centralmente 6,5–7 × 5,8–6,3 mm, suborbicular, ápice retuso, pubérulo na face
externa; alas ca. 3,5 × 2,2 mm; obovais, ápice levemente arredondado; peças da quilha 2,8–3,1 ×
2 mm, encurvadas, lanceoladas, ápice agudo; estames 10, poliadelfos (1 + 4 +1 + 4); filetes 3,5–
3,8 mm, glabros; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário ca. 2,5 mm, pubescente; estilete ca. 2 mm,
glabro. Lomento, 2–4 articulado, 7,5–17 × 2,5–4,5 mm, istmo marginal estreito, artículos
híspido-glandulares.
Comentários: Espécie com distribuição disjunta no Brasil, compreendendo os estados de
Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe (Lima & Oliveira 2014). Em Pirambu ocorre nas
áreas de dunas e tabuleiros costeiros. Aeschynomene viscidula pode ser reconhecida por
apresentar ramos híspido-glandulares, folhas paripinadas, com 6-10 pares de folíolos, além de
fruto do tipo lomento com mais de 2 artículos.
Material examinado: 12.XII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 323 (ASE); 27.IX.2012, fl. e fr., T.
Carregosa & L.A.S. Santos 254 (zASE); 18.II.2013, fl. e fr., T. Carregosa et al. 354 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Aracaju, 26.III.2012, fl. e fr., T.C. Silva & E.S. Ferreira 22
(ASE). Barra dos Coqueiros, 25.IV.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior 877 (ASE).
95
3.4.2 Andira Lam. Encycl. 1: 171. 1783.
Gênero subordinado à tribo Dalbergieae Bronn ex DC, composto por 29 espécies
distribuídas nos neotrópicos e uma espécie ocorrendo também na África (Pennington 2003). O
Brasil conta com 20 espécies, com a maior diversidade nos domínios da Amazônia e Mata
Atlântica (Pennington 2003).
I. Andira fraxinifolia Benth., Comm. Legum. Gen. 44. 1837.
Figura 11: d, e. f
Árvore 4–5 m alt. Ramos ferrugíneo-pubérulos. Estípulas caducas, 0,8–1,2 mm compr.,
lanceoladas, ápice acuminado. Folhas imparipinadas, folíolos 7–9; pecíolo 1,2–5,4 cm compr.;
raque 1,6–9,7 cm compr.; estipelas 1,2–1,7 mm compr., setosas; nectário ausente; folíolos 2,5–
9,5 × 1,1–4,0 cm, coriáceos, opostos, oblongo-elípticos, base obtusa a arredondada, ápice
cuspidado, faces adaxial e abaxial glabras; venação broquidódroma. Inflorescência paniculada,
terminal ou axilar; pedicelo 2,3–6,5 mm compr.; brácteas caducas, na base do pedicelo, 1,8–2,1
mm compr., ovais, ápice obtuso; bractéolas caducas, na base do cálice, 0,6–0,9 mm compr.,
lanceoladas, ápice obtuso. Flores 1,3–1,5 cm compr., cálice vináceo, 5-dentado, tubo 5,6–6,7 mm
compr., dentes curtamentes, 0,7–1 mm compr., deltóides, ápice obtuso a arredondado; corola
lilás; estandarte centralmente esbranquiçado, 12,3–14,6 × 8,3–9,2 mm, suborbicular, ápice
emarginado; alas 10,8–11,9 × 3,14–3,5 mm, encurvadas, oblongas ou estreitamente oblongas,
ápice obtuso a arredondado; peças da quilha 10,9–11,5 × 3,4–4 mm, encurvadas, oblongas, ápice
obtuso a arredondado; estames diadelfos (9 + 1); filetes 7,2–9,5 mm compr., glabros; anteras ca.
0,6 mm compr.; ovário 4,2–5,6 mm compr., pubérulo na margem; estipe ca, 3 mm compr.;
estilete ca. 3,4–3,9 mm compr., glabro. Drupa, 2,8–3,5 × 1,7–2,5 cm, globoso a ovoide, glabro.
Comentários: Espécie endêmica do Brasil apresentando ampla ocorrência no leste do país, do
estado do Rio Grande do Sul ao Ceará (Pennington 2014). Em Pirambu foi encontrada em
ambiente de dunas fixas podendo ser reconhecida pelas folhas imparipinadas, com 7–9 foliólolos,
glabros na face abaxial e fruto do tipo drupa.
Nomes populares: angelim.
96
Material examinado: 22.II.2013, fr., T. Carregosa et al. 355 (ASE); 30.X.2008, fl., C.S. Santos
366 (ASE); 19.11.2012, fl., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 160 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Itaporanga d’Ajuda, 31.X.2006, fl., M. Landim & E. Santos
1587 (ASE); Santa Luzia do Itanhy, 23.XI. 2010, fl., L.A. Gomes & E. Santos 25 (ASE).
Figura 11– Aeschynomene viscidula: a. flor, visão frontal; b. folha; c. fruto. Andira fraxinifolia: d. f. inflorescência;
e. fruto.
3.4.3 Bowdichia Kunth, Nov. Gen. Sp. (folio ed.) 6: 295. 1824.
Gênero da tribo Sophoreae, representado por apenas duas espécies, todas ocorrentes no
Brasil (Lima & Cardoso 2013).
97
I. Bowdichia virgilioides Kunth, Nov. Gen. Sp. (quarto ed.) 6: 376–377. 1823.
Árvore, ca. 4–6 m alt. Ramos pubescentes a glabrescentes. Estípulas geralmente caducas, 2–2,7
mm compr., deltóide, ápice obtuso. Folhas imparipinadas, 9–15 folíolos; pecíolo 1,1–2,1 cm;
raque 2,7–9,0 cm compr.; estipelas 0,5–1,1 mm compr.; nectários ausentes; folíolos 0,8–6,7 ×
0,6–2,5 cm, coriáceos, subopostos a alternos, estreitamente elípticos, raramente ovais, base
arredondada a obtusa, ápice arredondado ou obtuso, face adaxial grabra e abaxial pubescente;
venação broquidódroma. Inflorescência paniculada, terminal; pedicelo 2–3 mm compr.; brácteas
persistentes, na base do pedicelo, 1,3–1,6 mm compr., deltóides, ápice agudo; bractéolas na base
do cálice, ca. 1 mm, deltóides, ápice agudo. Flores 1,3–1,7 cm compr.; cálice turbinado-
campanulado, vináceo, pubescente a glabrescente, principalmente nos lobos, tubo 5–7,5 mm
compr., 5-lobado, lobos ca. 3× menores que o tubo, deltóide, ápice agudo; corola lilás; estandarte
11–14 × 8,5–11 mm, suborbicular, ápice emarginado; alas 9,8–11,9 × 3,8–4,5 mm, obovais, ápice
arredondado; peças da quilha 4,4–5,6 × 2–3 mm, espatuladas a estreitamente obovais, ápice
arredondado; estames 10, livres a levemente concrescidos na base; filetes 3,5–5,7 mm, glabros;
anteras ca. 0,7 mm; ovário 3,7 -5 mm, glabrescente, ocasionalmente pubescente nas margens;
estilete 3,1–4,3 mm compr., encurvado, glabro. Legume samaróide, 2,3–10,2 × 0,6–2,0 cm,
núcleo seminífero central, ala circular, oblongo, fortemente plano-compresso, glabro.
Comentários: Espécie presente em quase todos os domínios fitogeográficos, sendo amplamente
distribuída em todas as regiões do Brasil (Lima & Cardoso 2013). Em Pirambu ocorre na região
de tabuleiros costeiros. Bowdichia virgilioides pode ser reconhecida por apresentar hábito
arbóreo, flores papilionóides, com pétalas enrugadas e alas ca. 2x maiores que as peças da quilha
e estames livres entre si ou levemente concrescidos na base.
Nomes populares: sucupira, sucupira verdadeira.
Material examinado: 04.IV.2013. fr., T. Carregosa et al. 365 (ASE); 10.X.2011, D.M. Oliveira
193 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Japaratuba, 06.I.1997, fl. e fr., M. Landim et al. 1110 (ASE);
18.I.2013, fl. e fr., M.C.V. Farias et al. 303 (ASE); 07.XI.2008.
98
3.4.4 Canavalia Adans. Fam. Pl. 2: 325, 531. 1763.
Gênero subordinado à tribo Phaseoleae Bronn ex DC., é composto por aproximadamente 50
espécies de distribuição pantropical, entretanto a maior diversidade se encontra nos neotrópicos
(Queiroz 2009). Para o Brasil são registradas 17 espécies (Queiroz 2014).
I. Canavalia rosea (Sw.) DC. Prodr. 2: 404. 1825.
Subarbusto prostrado. Ramos longos, glabros. Estípulas persistentes, 2,4–3,6 mm compr., ovais,
ápice obtuso. Folhas 3-folioladas; pecíolo 3,2–6,7 cm compr.; raque 0,6–3,5 cm compr.; estipelas
ausentes; nectário ausente; folíolos 4,4–10,3 × 3,5–8,0 cm, coriáceos, largamente elípticos,
ocasionalmente obovais, base obtusa, ápice arredondado a retuso, face abaxial glabra a
glabrescente, venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, axilar, nodosidade conspícua;
pedicelo 2–3,5 mm compr.; brácteas ausentes; bractéolas ausentes. Flores ressupinadas, 2,0–2,5
cm compr.; cálice cilíndrico-campanulado, verde, pubérulo na face externa, tubo 6,7–7,5 mm
compr., bilabiado, lábio superior bilobado maior que o inferior tridentado; corola lilás; estandarte
centralmente esbranquiçado, 17,2–18,5 × 18–19,2 mm suborbicular, ápice emarginado; alas ca.
17,2–19,5 × 4,7–5,2 mm, encurvadas, lanceoladas, ápice arredondado; peças da quilha 18,2–19 ×
7–7,3 mm, ápice arredondado; estames diadelfos (9 + 1); filetes ca. 20 mm compr., glabros;
anteras ca. 1,5 mm compr.; ovário ca. 10 mm compr., pubescente; estilete ca. 10 mm compr.,
glabro. Legume, 6,1–11,5 × 1,2–2,3 cm, plano-compresso, valvas lenhosas, retorcidas na
deiscência.
Comentários: Espécie com ampla distribuição, desde a região norte a região sul do País (PA,
AL, BA, CE, MA, PB, PE, RN, SE, ES, RJ, SP) (Queiroz 2013). Em Pirambu pode ser
encontrada na área de antedunas, sendo frequente na vegetação próxima ao mar da Reserva
Biológica (REBIO) Santa Isabel. Canavalia rosea pode ser reconhecida por ser um subarbusto
prostrado, com folíolos geralmente largamente elípticos e flores em racemos com nodosidade
conspícua.
Nomes populares: Cipó da praia, salsa da praia.
Material examinado: 14.VIII.2012, fl. e fr., E.V.S. Oliveira & E.S. Ferreira 93 (ASE).
99
Material adicional: Brasil, Sergipe: Aracaju, 17.II.2012, fl., E.V.S. Oliveira & et al. 78 (ASE);
17.XI.2008, fl. e fr., M.C. Santana 13639 (ASE). Barra dos Coqueiros, 18.XII.2008, fr., J.E.
Nascimento-Júnior & T.V.P. Dantas 447 (ASE)
3.4.5 Centrosema (DC.) Benth. Comm. Legum. Gen. 53. 1837.
Gênero pertencente à tribo Phaseoleae Bronn ex DC., composto por 36 espécies que se
distribuem pela América do Sul, Central e Estados Unidos, com a maioria das espécies ocorrendo
no Brasil (Lewis et al. 2005). Centrosema é semelhante e mais próxima de Canavalia e
Periandra, ambos compartilhando as flores ressupinadas e integrando a tribo Phaseoleae, mas
diferentemente destas, Centrosema apresenta estandarte com dorso calcarado.
I. Centrosema brasilianum (L.) Benth. var. brasilianum., Comm. Legum. Gen. 54. 1837.
Figura 12: a
Erva prostrada a volúvel. Ramos avermelhados, glabros. Estípulas persistentes, 2,5–3,5 mm
compr., deltóides, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo 4,5–18,7 mm compr., raque 4–13
mm compr.; estipelas 1–2,3 mm compr., setosas; nectários ausentes; folíolos 1,6–6,0 × 0,5–3,8
cm, papiráceos a cartáceos, lanceolados a linear-elípticos, base obtusa, arredondada ou levemente
subcordada, ápice retuso a arredondado, mucronado, faces adaxial e abaxial glabrescentes;
venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, com ramos laterais cimóides, terminal ou
axilar, 1–2 flores; pedicelo 1,2-2,1 cm compr.; brácteas 2, centralmente no pedicelo, 1,6–2,6 mm
compr., ovais, ápice agudo, bractéolas 2, na base do cálice, 11–15 mm compr., ovais, ápice
agudo. Flores ressupinadas, 2,0–3,0 cm compr.; cálice verde, campanulado, pubérulo, tubo 3,5–
4,9 mm compr., 5-laciniado, lácinia deltóide, ápice agudo; corola lilás; estandarte com mancha
amarela centralmente, 19–31 × 22–34 mm, suborbicular, ápice emarginado, pubescente na face
abaxial, calcarado no dorso; alas 12–17 × 0,45–0,6 mm, estreitamente obovadas, ápice
arredondado; peças da quilha 1,3–1,9 × 10–13 cm, obovais, ápice arredondado; estames diadelfos
(9+1); filetes 22–26,5 mm compr., glabros; anteras ca. 1 mm compr.; ovário 11–13,5 mm compr.,
100
pubescente; estilete 10,4–13 mm compr., pubescente. Fruto legume, 8–13 × 0,3–0,5 cm, plano
compresso, reto, margem pubérula, com torção das valvas após a deiscência.
Comentários: No Brasil é amplamente distribuída em todas as regiões, ocorrendo em diversos
tipos de vegetação e em áreas antropizadas (Souza 2013). Em Pirambu, até o momento, ocorre
desde o ambiente de dunas até os tabuleiros costeiros. É possível diferenciar Centrosema.
brasilianum das demais espécies, por consistir em uma erva prostrada a volúvel, com flores
ressupinadas e estandarte calcarado no dorso.
Material Examinado: 21.VII.2012, fl. e fr., T. Carregosa et al. 242 (ASE); 27.IX.2012, fl. e fr., T.
Carregosa & L.A.S Santos 263(ASE); 15.I.2013, fl. e fr., T. Carregosa & A.S. Santos 341 (ASE);
4.XI.1976, fl., M.R. Fonseca s/n (ASE393); 07.I.2013, 13.XII.2005, fr., T.C. Pergentino 6 (ASE);
01.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata et al. 1510 (ASE); 25.V.2012, fl. e fr., A.P. Prata et al. 2984
(ASE); 02.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata et al. 1563 (ASE).
3.4.6 Crotalaria L. Sp. Pl. 2: 714. 1753.
O gênero Crotalaria é o terceiro maior gênero de Papilionoideae e o único com
representantes nativos da tribo Crotalarieae (Benth.) Hutch. no Brasil (Flores & Miotto 2005). É
formado por cerca de 690 espécies, distribuídas, sobretudo nas regiões tropicais e subtropicais,
com centro de diversidade na África (Lewis et al. 2005).
No Brasil são reconhecidas 42 espécies, das quais 31 são nativas, 19 são endêmicas e 11
são exóticas (Flores 2014). As espécies de Crotalaria podem ser encontradas em diferentes tipos
de hábitats, devido em parte a sua considerável plasticidade, que permite que se adaptem a
diversas condições ambientais, sendo algumas das espécies consideradas oportunistas e muito
comuns em locais antropizados e como invasoras de culturas (Flores & Miotto 2005).
Chave para as espécies de Crotalaria
1. Folhas 3-folioladas, folíolos até 2 cm de comprimento ........................................ C. holosericea
101
1. Folhas simples, mais de 2 cm de comprimento
2. Alas internodais ausentes; folíolos com indumento apenas na face abaxial; flores > 1,8 cm
................................................................................................................................... C. retusa
2. Alas internodais presentes, decorrente no entrenó; folíolos com indumento nas duas faces;
flores < 1,1 cm .................................................................................................. C. stipularia.
I. Crotalaria holosericea Nees & C. Mart., Nova Acta Phys.-Med. Acad. Caes. Leop.-Carol.
Nat. Cur. 12: 26. 1824.
Figura 12: b, c, d, e
Subarbusto, ca. 30–60 cm alt. Ramos densamente pubescentes, canescentes. Estípulas
persistentes, 1,5–2 mm compr., lineares, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo 5,3–13,1 mm
compr.; raque 0,7–1,8 mm compr., estipelas ausentes; nectário ausente; folíolos 9–18,8 × 6–10,5
mm, cartáceos, opostos, elípticos, base obtusa a arredondada, ápice obtuso, ligeiramente
mucronado, faces adaxial e abaxial pubescentes, canescentes; venacão broquidódrona.
Inflorescência racemosa, terminal; pedicelo 3–4 mm compr.; brácteas 2–2,5 mm compr., linear-
lanceoladas, ápice agudo; bractéolas 0,7–1 mm compr., na base do cálice, lineares, ápice agudo.
Flores 1,1–1,4 cm compr.; cálice campanulado, tubo 2,8–3,5 mm compr., 5-laciniado, lacínias ca.
2× mais longas que o tubo, lanceoladas, ápice agudo; corola amarela; estandarte com mancha
acastanhada na base, 8,8–10 × 9–10,1 mm, suborbicular, ápice emarginado; alas 9–10,2 × 3,2–3,6
mm, oblongas, ápice arredondado; peças da quilha 10–12 × 3,8–4,2 mm, falcadas, ápice agudo;
estames 10, monadelfos; filetes 6–7 mm compr., glabros; anteras 0,8–1,3 mm compr.; ovário 4–
4,5 mm compr., pubescente; estilete 8,9–10,8 mm compr., encurvado, glabro. Fruto legume 1,5–
1,8 × 0,5–0,65 cm, cilíndrico-oblongo, pubescente.
Comentários: Espécie endêmica da região nordeste, no domínio da Caatinga, ocorrendo nos
estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe (Flores 2014). Em Pirambu ocorre na
região de tabuleiro costeiro caracterizado por sedimento de “areias brancas”. Crotalaria
holosericea pode ser reconhecida por apresentar folhas 3-folioladas, com folíolos medindo até 2
cm de comprimento.
102
Material examinado: 09.I.1977, fl. e fr., M. Fonseca s/n (ASE439); 09.V.2013, fl., T. Carregosa
et al. 374 (ASE); 27.09.2012, fl. e fr., T. Carregosa & L.A.S Santos 260 (ASE).
II. Crotalaria retusa L., Sp. Pl. 2: 715. 1753.
Subarbusto ca. 0,6–1 m alt. Ramos pubescentes, canescentes. Estípulas geralmente caducas, 1,7–
2,5 mm compr., lineares, ápice agudo. Folhas simples, 2,2–6,4 × 0,6–2,2 cm, subsésseis,
oblanceoladas ou oblongo-obovais, base cuneada, ápice arredondado a retuso, face abaxial
pubescente; venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, terminal; pedicelo 5,3–8 mm
compr.; brácteas 2–2,5 mm compr., lineares, ápice agudo; bractéolas 1–1,5 mm compr., no meio
do pedicelo, lineares, ápice agudo. Flores 1,9–2,8 cm compr.; cálice campanulado, tubo 4,4–6,4
mm compr., 5-laciniado, lacínias ca. 1,5× mais longas que o tubo, deltóides a estreitamente
deltóides, ápice agudo, pubérulas; corola amarela; estandarte 1,5–1,8 × 1,6–1,8 cm, suborbicular,
ápice retuso; alas 1,3–1,5 cm compr., oblongas, ápice arredondado; peças da quilha 1,3–1,6 cm
compr., falcadas, ápice agudo, levemente torcido; estames 10, monadelfos; filetes 7,8–9 mm
compr., glabros; antera 1–3 mm compr.; ovário 6,7–8 mm compr., glabro; estilete 10–13 mm
compr., encurvado na base, glabro. Fruto legume, 1,9–4,3 × 0,7–1,6 cm, cilíndrico-oblongo,
glabro.
Comentários: No Brasil é uma espécie naturalizada, sendo registrada para as regiões norte (PA),
nordeste (BA, MA, PI), sudeste (MG, RJ, SP) e sul (PR, RS, SC) (Flores 2013). Em Pirambu foi
encontrada em área de restinga mais antropizada. Crotalaria retusa pode ser reconhecida pela
ausência de alas internodais, além de folhas simples e flores que ultrapassam 18,5 mm
comprimento.
Nomes populares: gergelim bravo, guiso de cascavel.
Material examinado: 14.XIII.2012, fl. e fr., E.V.S. Oliveira & E.S. Ferreira 95 (ASE);
19.XIII.2000, fl. e fr., G. Viana s/n (ASE7388).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Aracaju, 02.IX.2004, fl., C. Almeida 16 (ASE); Barra dos
Coqueiros, 10.VIII.2011, fl. e fr., A.P.Prata et al. 2752 (ASE).
103
III. Crotalaria stipularia Desv. J. Bot. Agric. 3: 76. 1814.
Figura 12: f, g, h
Subarbusto, ca. 11–23 cm alt. Ramo pubescentes, canescentes a amarelos. Estípulas ausentes;
alas internodais, 0,35–4,5 × 0,45–2,0 cm compr., parte livre falcada. Folhas simples, 0,8–6,0 ×
0,3–2,9 cm, elípticas a estreitamente elípticas, base cuneada, ápice arredondado a obtuso,
mucronado, faces adaxial e abaxial pubescentes; venação broquidródroma. Inflorescência
racemosa, pauciflora; pedicelo 3–5 mm compr., brácteas 3,5–5,1 mm compr., linear-lanceoladas,
ápice agudo; bractéolas 3,3–4 mm compr., linear-lanceoladas, ápice agudo, localizadas na base
do cálice. Flores 8–10,5 mm compr.; cálice campanulado, tubo 2–2,7 mm compr., 5- laciniado,
lacínias ca. 2x mais longas que o tubo, as 2 superiores unidas até a metade, lanceoladas, ápice
agudo. Corola amarela; estandarte 5,2–6,5 × 5–5,8 mm, obovado, ápice arredondado; alas 4–5 ×
1,9–2,2 mm, oblongas, ápice arredondado; peças da quilha 4,5–5,6 × 2,3–3,1 mm, falcadas, ápice
agudo, levemente torcido; estames 10, monadelfos; filetes ca. 3 mm compr., glabros; anteras 0,7–
1,5 mm; ovário 3–4mm compr., glabro, curtamente estipitado; estilete ca. 5 mm compr., reto,
glabro. Legume, 1,5–3,4 × 0,6–1,5 cm, cilíndrico-oblongo, glabro.
Comentário: No Brasil Crotalaria stipularia apresenta distribuição ampla, não ocorrendo apenas
na região sul do país (Flores 2014). Em Pirambu foi encontrada em ambiente de Tabuleiro
Costeiro, podendo ser facilmente reconhecida pela presença de alas internodais, com parte livre
falcada, além de folhas simples com indumento em ambas as faces.
Nomes populares: guiso de cascavel.
Material examinado: Brasil, Sergipe, Pirambu: 13.VIII.2013, fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos
450 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Lagarto, 26.VIII.2010, fl. e fr., L.A.S. Santos 327 (ASE);
Santa Luzia do Itanhy, 28.VI.2011, fl. e fr., L.A. Gomes et al. 165 (ASE).
104
Figura 12: Centrosema brasilianum: a. ramo com inflorescência e flor. Crotalaria holosericea:
b.hábito e flor, vista frontal; c. flor, vista lateral. d. cálice; e. fruto. Crotalaria stipularia: f. hábito e flor;
g. flor, vista lateral; h. fruto em vista lateral.
3.4.7 Desmodium Desv. J., Bot. Agric. 1(3): 122, pl. 5, f. 15. 1813.
Gênero subordinado à tribo Desmodieae (Benth.) Hutch., composto por aproximadamente
275 espécies de distribuição predominantemente pantropical (Lewis et al. 2005). No Brasil
ocorrem 33 espécies (Lima et al. 2014c).
105
I. Desmodium barbatum (L.) Benth., Pl. Jungh. 2: 224. 1852.
Figura 12: a, b, c
Subarbusto prostrado, 20–40 cm de alt. Ramos seríceos. Estípulas persistentes, 4,5–10,5 mm
compr., estreitamente deltóides, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo 4,2–12,4 mm compr.,
raque 3,1–6,7 mm compr.; estipelas 1–2,8 mm, setosas, ápice agudo; nectários ausentes; folíolos
0,7–3,8 × 0,4–1,2 cm, cartáceos, elípticos a estreitamente elipticos, base arredondada, obtusa ou
subcordada, ápice obtuso ou arredondado, geralmente mucronado; venação camptódroma.
Inflorescência racemosa, terminal e axilar; pedicelo 5,2–7 mm compr.; brácteas persistentes, 5,5–
6,8 mm compr., estreitamente deltóides a lanceoladas, ápice agudo; bractéolas ausentes. Flores
3,8–5 mm compr.; cálice campanulado, verde, pubescente na face externa, tubo 2,7–3,8 mm
compr., 5-laciniado, lacínias estreitamente deltóides, ápice agudo; corola lilás; estandarte 2,6–4,5
× 1,8–3 mm, obovado, ápice emarginado; alas ca. 4,3 × 2,5 mm, oblongas, ápice arredondado;
peças da quilha 4,5 × 3 mm, oblongas, ápice arredondado; estames diadelfos (9+1); filetes 4,5–
6,3 mm encurvados, glabros; antera ca. 0,3 mm compr.; ovário ca. 4 mm compr., pubescente;
estilete ca. 2,5 mm compr. Lomento com sutura superior reta, inferior sinuosa, 2–5 artículos,
quadrangulares, plano compressos, pubescente.
Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões e por todos os estados do
Brasil (Lima et al. 2014c). Em Pirambu pode ser encontrada tanto nas imediações das dunas na
planície costeira como no ambiente de tabuleiros costeiros, em áreas mais antropizadas. O
conjunto de caracteres que permitem a identificação de Desmodium barbatum são as folhas
trifolioladas, flores lilás a róseas e fruto do tipo lomento, com 2-5 artículos.
Material examinado: 13.VIII.2013, fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos 449 (ASE); 13.VIII.2013,
fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos 447 (ASE); 05.XI.2012, fr. e fl., E.V.S. Oliveira & E.S.
Ferreira 136 (ASE); 06.XII.1976, fl. e fr., M. Fonseca s/n (ASE410); 14.VII.2011, fl. e fr., D.M.
Oliveira 127 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Barra dos Coqueiros, 25.IV.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-
Júnior 870 (ASE); 18.XII.2008, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior & T.VP. Dantas 422 (ASE).
Santo Amaro das Brotas, 19.XII.2008, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior & T.V.P. Dantas 500
(ASE).
106
3.4.8 Dioclea Kunth, Nov. Gen. Sp. (quarto ed.) 6: 437. 1823[1824].
Gênero pertencente à tribo Phaseoleae Bronn ex DC., composta por 40 espécies
distribuídas pela América do Sul, principalmente no Brasil, América Central e Ásia (Lewis et al.
2005).
Chave para as espécies de Dioclea
1. Raque foliar > 6 mm compr.; legume com indumento hirsuto ferrugíneo .......... . D. violacea
1. Raque foliar < 5 mm compr.; legume com indumento tomentoso e canescente ..............
...................................................................................................................................... D. virgata
I. Dioclea violacea Mart. ex Benth. Comm. Legum. Gen. 69. 1837.
Figura 13: d, e
Liana. Ramos pubescentes a glabrescentes. Estípulas geralmente caducas, 9,6–15,9 mm compr.,
lanceoladas, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo 4,6–9,3 cm compr.; raque 0,6–2,6 cm
compr.; estipelas 1,3–5,2 mm compr., setosas, ápice agudo; nectários ausentes; folíolos 6,0–11,0
× 5,0–8,7 cm, cartáceos a coriáceos, elípticos a largamente elípticos ou obovais, base
arredondada a cordada, ápice acuminado a arredondado, face adaxial glabra e abaxial pubérula;
venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, axilar ou terminal, nodosa; pedicelo 2,5–4,2
mm compr.; brácteas na base do pedicelo, 1–2 mm compr., ovais, ápice arredondado; bractéolas
na base do cálice, 2,5–4 mm compr., suborbicular, ápice arredondado. Flores 1,8–2,0 cm compr.;
cálice campanulado, vináceo, pubescente, tubo 6,5–7,4 mm compr.; 5-laciniado, deltóides, 2
lacínias superios conatas até a metade; corola lilás a roxa; estandarte com mancha amarelo-
esbranquiçada centralmente, 1,3–1,5 × 1,7–1,8 cm, suborbicular, ápice emarginado; alas 1,3–1,5
× 0,7–0,9 cm, obovais, ápice retuso; peças da quilha 7,5–9,7 × 4,5–4,8 mm, falcadas; estames
diadelfos (9+1); filetes 6,7–10,3 mm compr., encurvados, glabros; antera ca. 1 mm compr.;
ovário ca. 4,8–5,7 mm compr., pubescente; estilete 5,7–6,8 mm compr., encurvado na base,
dilatado. Legume 6,5–13,0 × 2,0–4,6 cm, oblongo, compresso, hirsuto, tricomas ásperos e
ferrugíneos, valvas lenhosas.
107
Comentários: No Brasil é amplamente distribuída por todas as regiões exceto a região norte
(BA, PE, PI, SE, MS, ES, MG, RJ, SP, PR, RS, SC) (Queiroz 2014). Em Pirambu ocorre na área
de tabuleiro costeiro, podendo ser reconhecida por apresentar folhas com raque > 6 mm compr. e
fruto com indumento áspero e ferrugíneo.
Nomes populares: olho de boi, mucunã.
Material examinado: 25.V.2012, fl., A.P. Prata et al. 3148 (ASE); 03.VII.2008, fl., C.S. Santos
150 (ASE); 26.VIII.2012, fr., T. Carregosa-Silva et al. 236 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Siriri, 05.X.2012, fl., L.A. Gomes et al. 833 (ASE);
Itaporanga d’ Ajuda, 20.X.2008, fr., I.S. Matos et al. 87 (ASE)
II. Dioclea virgata (Rich.) Meded. Bot. Mus. Herb. Rijks Univ. Utrecht 52: 69. 1939.
Figura 13: f
Liana. Ramos pubescentes. Estípulas persistentes, 1,5–2 mm compr., deltóides, ápice agudo.
Folhas 3-folioladas; pecíolo 1,5–7,5 cm compr., raque 2-5 mm compr.; estipelas 1–1,3 mm
compr., setosas, ápice agudo; nectário ausente; folíolos 4,0–9,5 × 2,7–6,3 cm, papiráceos a
cartáceos, elípticos, base obtusa a arredondada, ápice cuneado, faces adaxial e abaxial pubérulas;
venação broquidódroma. Inflorescência racemosa, axilar, nodosa; pedicelo 1,5–4,0 cm compr.;
brácteas na base do pedicelo, 1–1,4 mm compr., deltóides, ápice agudo; bractéolas na base do
cálice, 0,4–0,6 mm compr., deltóides, ápice arredondado. Flores 1,5–2,4 cm compr.; cálice
campanulado, roxo, tubo 1,0–1,23 cm compr., 5-laciniado, lacínias deltóides, ápice agudo, as 2
lacínias superiores conatas; corola lilás a roxa; estandarte com mancha amarelo-esbranquiçada
centralmente, 1,5–2,3 × 1,4–2,2 cm, largamente oval a suborbicular, ápice retuso a emarginado;
alas 11,8–14,2 × 4,5–5,6 mm, elípticas, ápice arredondado a levemente ondulado; peças da
quilha, 11,7–13,8 × 6,6–7,8 mm, obovais, ápice arredondado; estames diadelfos (9+1); filetes
8,5–10,2 mm compr., glabros; anteras ca. 0,9 mm compr.; ovário 7,6–8,4 mm compr.,
pubescente; estilete 3,6–4 mm, glabro. Legume, 4,0–11,5 × 1,2–2,0 cm, plano compresso,
tomentoso, canescente, leve torção das valvas após a deiscência.
108
Comentários: Dioclea virgata apresenta ampla distribuição, ocorrendo desde o norte ao sudeste
(PA, AM, AP, TO, BA, PI, SE, PE, PB, SE, MA, MT, GO, ES, MG, SP, RJ) (Queiroz 2014). Em
Pirambu pode ser encontrada no ambiente de dunas fixas, podendo ser reconhecida por apresentar
raque foliar menor que 5 mm de compr. e fruto tomentoso-canescente.
Material examinado: 12.XII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 298 (ASE); 27.IX.2012, fl. e fr., T.
Carregosa & L.A.S. Santos 263(ASE); 09.X.2012, fl., T. Carregosa et al. 287 (ASE); 15.I.2013,
fl. e fr., T. Carregosa & et al. 308 (ASE); 28.I.1992, fl. e fr., C. Farney at al. 2968 (ASE, RB).
Figura 13: Desmodium barbatum a. b. folha; c. flor, vista frontal. Dioclea violacea: d. e. inflorescência;
Dioclea virgata: f. visão frontal.
109
3.4.9 Indigofera L. Sp. Pl. 2: 751. 1753
Gênero subordinado a tribo Indigofereae, compreende aproximadamente 700 espécies
distribuidas nas regiões tropicais e subtropicais (Lewis et al. 2005). Para o Brasil são
reconhecidas 13 espécies (Miotto & Iganci 2013).
I. Indigofera microcarpa Desv. Ann. Sci. Nat. (Paris) 9: 409. 1826.
Figura 14: a, b, c, d
Subarbusto prostrado. Ramos irradiando frequentemente de um xilopódio, pubescentes a
glabrescentes. Estípulas caducas, 2,3–3,2 mm compr., linear-lanceoladas, ápice agudo. Folhas
imparipinadas, 5–9 folíolos; pecíolo 1,4–4,5 mm compr.; raque 3,1–16,5 mm compr.; estipelas
ca. 0,5 mm compr.; nectários ausentes; folíolos 2,4–9,5 × 1,7–5,8 mm, cartáceos, obovais, base
cuneada, ápice arredondado a retuso, mucronado, faces adaxial e abaxial pubescentes, abaxial
com pontuações glandulares amareladas; venação broquidódroma. Inflorescência racemosa,
axilar; pedicelo ca. 1mm compr.; brácteas 1,7–2 mm compr.; bractéolas ausentes. Flores 4,5–5,6
mm compr.; cálice gamossépalo, campanulado, esverdeado, densamente pubescente; tubo 1,1–1,6
mm compr., 5- laciniado, lacínias do mesmo tamanho do tubo; corola rósea a lilás; estandarte
4,5–5,2 x 2,5–2,8 mm compr., obovado, ápice arredondado; alas 4,5–5,6 × 1–1,3 mm, oblongo-
lanceoladas, ápice agudo; peças da quilha ca. 4,5–5 × 1–1,2 mm compr., lanceoladas, ápice
agudo; estames diadelfos (9+1); filetes 1,5–2,3 mm, glabros; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário
1,5–1,7 mm compr., pubescente a pubérulo; estilete 1,4–1,7 mm compr., encurvado, glabro.
Legume, 4,8–9,1 × 2–2,5 mm, oblongo, subcilíndrico, pubescente.
Comentários: Espécie endêmica do Brasil, compreendendo os domínios da Caatinga e Mata
Atlântica, nas regiões nordeste (AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN e SE) e sudeste (ES, MG e RJ)
do Brasil (Miotto & Iganci 2013). Em Pirambu foi encontrada na área antedunas. Indigofera
microcarpa pode ser reconhecida por ser um subarbusto prostrado com folhas imparipinadas e
folíolos com pontuações glandulares amareladas na face abaxial.
Material examinado: 01.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata et al. 1536 (ASE); 12.XII.2012, fl. e fr., T.
Carregosa 326 (ASE).
110
Material adicional: Brasil, Sergipe: Barra dos Coqueiros, 23.III.2013, fl., A.P. Prata et al. 3581
(ASE); 25.II.2011, fl. e fr., J.E. Nascimento-Júnior 754 (ASE).
3.4.10 Leptolobium Vogel, Linnaea 11: 388. 1837.
Gênero subordinado à tribo Sophoreae Spreng. ex DC., composto por 12 espécies de
distribuição exclusivamente neotropical, das quais 11 ocorrem no Brasil e sete são endêmicas do
país (Rodrigues & Tozzi 2012).
I. Leptolobium bijugum (Spreng.) Vogel, Linnaea 11: 391. 1837.
Figura 14: e, f, g, h
Árvore ou arbusto 2,5–5 m alt. Ramos glabros, levemente estriados. Estípulas caducas ca. 3 mm
compr., linear-lanceoladas, ápice agudo. Folhas paripinadas, raramente imparipinadas no mesmo
indivíduo; pecíolo 1,2–3,5 mm compr.; raque 1,5–3,7 mm compr.; estipelas ca. 0,8 mm compr.,
caducas, lineares; nectários ausentes; folíolos 2-3 pares, 1,3–4,5 × 0,7–2,8 cm, coriáceos, opostos
a subopostos, elípticos, base obtusa ou arredondada, ápice arredondado a emarginado, faces
adaxial e abaxial glabras; venação broquidódroma. Inflorescência racemosa ou paniculada,
terminal ou axilar; pedicelo 2,6–4,5 mm compr.; brácteas caducas, na base do pedicelo, 0,8–1,2
mm compr.; bractéolas caducas, na base do cálice, 0,6–1,0 mm compr.; glândula na inserção do
pedicelo e bractéolas. Flores actinomorfas a levemente zigomorfas, 7–10 mm compr.; cálice
turbinado-campanulado, alvo, pubescente, tubo 1,8–2,4 mm compr., 5-laciniado, lacinias 2,3–3,6
mm compr., duas lacinias superiores fusionados acima das demais e geralmente maiores; corola
dialipétalaa; corola 5 pétalas, branca; pétalas 5–6,7 mm compr., oblanceoladas, ápice obtuso a
arredondado ou emarginado; estames 10, livres, iguais; filetes 7,5–9,4 mm compr.; anteras ca. 1
mm compr.; ovário 3–3,8 mm compr., tomentoso; estilete 2,8–3,5 mm compr, glabro. Legume
samaróide, 2,4–5,5 × 1,2–1,7 cm, glabrescente a glabro.
Comentários: Espécie endêmica do domínio Mata Atlântica no Brasil, apresenta distribuição
desde o Espírito Santo a Sergipe. Em Pirambu é encontrada no ambiente de tabuleiro costeiro,
podendo ser reconhecida por apresentar folhas paripinadas, raramente imparipinadas no mesmo
111
indivíduo, flores actinomorfas a levemente zigomorfas, 10 estames e fruto do tipo legume
samaroide.
Material examinado: Brasil, Sergipe, Pirambu: 27.IX.2012, fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 262
(ASE); 02.X.2008, fl., A.P. Prata et al. 1567 (ASE); 13.III.1978, fl., M. Fonseca s/n (ASE559);
10.XII.1977, fl., M. Fonseca s/n (ASE559); 21.VII.2012, fr., T. Carregosa et al. 248 (ASE); 04.
IV.2013, fl. e fr., T. Carregosa et al. 364 (ASE); 09. V.2013, fl., T. Carregosa et al. 372 (ASE);
15.I.2013, fl., Carregosa et al. 334 (ASE); 26.V.2012, fr., A.P. Prata et al. 3035 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Barra dos Coqueiros, 05.XII.1997, fl., C. Amaral & E. Santos
30 (ASE).
Figura 14: Indigofera microcarpa: a. d. ramo com inflorescência e flor; b. folha; c. frutos.Leptolobium bijugum:
e. f. ramo com inflorescência e flor; g. folha; h. frutos.
112
3.4.11 Lonchocarpus Kunth, Nov. Gen. Sp. (folio ed.) 6: 300. 1824.
Com aproximadamente 120 espécies distribuídas do México até a América do Sul e apenas
uma espécie que também ocorre na costa oeste da África, Lonchocarpus é um dos gêneros mais
diversos da tribo Millettieae (Silva & Tozzi 2012). Para o Brasil são registradas 23 espécies,
amplamente distribuídas (Silva & Tozzi 2013).
I. Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC., Prodr. 2: 260. 1825.
Árvore ca. 8–12 m alt.. Ramos lenticelados, jovens ferrugíneo-pubescentes a glabrescentes.
Estípulas caducas, 2,5–2,9 mm compr., ovais, ápice agudo. Folhas imparipinadas; pecíolo 3,6–5,3
cm compr.; raque 5,2–8,3 cm compr; estipelas ausentes; nectários ausentes; folíolos 3,5–11,5 cm
compr., coriáceos, opostos, obovais a elíptico-obovais, base arredondada ou obtusa, ápice
cuspidado ou obtuso; face adaxial glabrescente e abaxial ferrugínea-pubescente; venação
broquidódroma. Inflorescência racemosa, axilar; pedicelo 2,6–4,2 mm compr.; brácteas na base
do pedicelo, 0,8–1,1 mm compr., largamente ovais, ápice obtuso; bractéolas na base do cálice,
1,3–1,5 mm compr., oval-orbiculares, ápice arredondado. Flores 1,6–1,8 cm compr.; cálice
cupuliforme, vináceo, ferrugíneo-pubescente, tubo 3,8–4,5mm compr., 5-laciniado, lacínias
curtamente deltóides, ápice agudo; corola rósea a lilás; estandarte 1,0–1,3 × 1,3–1,5 cm,
suborbicular, ápice arredondado ou retuso, densamente seríceo-canescente externamente; alas
10,5–11,8 × 4–4,5 mm, oblongo-obovais, ápice arredondado, seríceas externamente; peças da
quilha 10,1–10,9 × 3,2–3,9 mm, oblongo-obovais, subfalcada, ápice arredondado, serícea
externamente; estames 10, monadelfos; tubo estaminal 8,6–11 mm compr., glabro; anteras 1,2–
1,4 mm compr.; ovário 6,4–8,5 mm compr., pubescente; estilete ca. 3,3–3,8 mm compr.,
ligeiramente encurvado, seríceo. Legume samaróide, 5,8–10,5 × 1,0–2,3 cm, oblongos,
usualmente constritos entre as sementes e se separando em artículos quando maduros, veluntino-
seríceo.
Comentários: No Brasil é registrado pra todas as regiões, estando geralmente presente próximo
às margens de rios, em diferentes tipos vegetacionais, desde florestas úmidas a tropicais
sazonalmente secas (Silva & Tozzi 2012). Em Pirambu essa espécie ocorre na área de tabuleiro
113
costeiro. Lonchocarpus sericeus pode ser reconhecida por seu hábito arbóreo, com mais de 9
folíolos por folha, pubescentes na face abaxial, além de flores papilionóides e fruto do tipo
legume samaroide, veluntino-seríceo.
Nomes populares: falso-ingá.
Material examinado: 03.II.1983, fl., M.C. Santana 154 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Japoatã, 30.IX.2011, fr., L.A.S. Santos et al. 650 (ASE);
L.A.S Santos & F.M.S. Santos 723 (ASE). Japaratuba, 04.I.2012, fl., F. Santos & F.M.S. Santos
09 (ASE).
3.4.12 Periandra Mart. ex Benth., Comm. Legum. Gen. 56. 1837.
Gênero pertencente à tribo Phaseoleae Bronn ex DC., é composto por 6 espécies, com
distribuição Neotropical, encontradas principalmente em campos e cerrados brasileiros (Funch &
Barroso 1999).
I. Periandra mediterranea (Vell.) Taub., Nat. Pflanzenfam. 3(3): 359. 1894.
Figura 15: a, b, c, d
Subarbusto a arbusto ereto, 1–1,5 m alt. Ramos lenticelados, esparsamente pubérulos. Estípulas
persistentes, 1,5–2,6 mm compr., ovais, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo, 1,5–4,5 mm
compr., raque 2,5–7 mm compr.; estipelas 1–2,5 mm compr., aciculares; nectário ausente;
folíolos 1,4–8,0 × 0,7–3,5 cm, cartáceos, elípticos a obovais, base aguda a arredondada, ápice
retuso a arredondado, mucronado, face adaxial e abaxial glabrescentes; venação broquidódroma.
Inflorescência racemosa, ramos laterais cimóides, terminal ou axilar; pedicelo 2,5–12 mm
compr.; bráctea próxima a base do pedúnculo, 1,6–2,6 mm compr., oval, ápice agudo; bractéolas
2, na base do cálice, 2,4-4,5 mm compr., ovais, ápice agudo. Flores ressupinadas, 1,9–3,0 cm
compr.; cálice verde, campanulado, pubescente, tubo 3,5–6 mm de compr., 5-lobado, lobos
deltóides, ápice agudo, 2 lacínias superiores conatas; corola lilás; estandarte com mancha branco-
amarelada centralmente, 1,9–2,7 × 1,8–3,2 cm, orbicular, ápice emarginado, pubescente na face
114
abaxial; alas 1,2–2,4 × 0,5–0,7 cm, estreitamente obovais, ápice levemente ondulado; peças da
quilha, 1,2–2,4 × 0,7–1,3 cm, obovais, ápice arredondado, pubérula; estames diadelfos, (9+1);
filetes 9–19 mm compr., glabros; anteras ca. 1 mm compr.; ovário 8–13 mm compr., pubescente;
estilete 5–6,5 mm compr., pubescente. Legume, 4,7–11,0 × 0,5–1,0 cm, plano-compresso, reto ou
levemente curvo, pubescente, deiscente com leve torção das valvas.
Comentário: É a espécie do gênero que possui mais ampla distribuição, ocorrendo em todas as
regiões do Brasil, habitando principalmente campos-rupestres, cerrados, regiões de ecótonos de
caatinga, bordas de matas e campos de restinga (Funch & Barroso 1999). Na área de estudo, a
espécie pode ser encontrada principalmente em tabuleiros costeiros de vegetação arbustiva-
arbórea. Periandra mediterranea é reconhecida por um conjunto de caracteres que consistem no
hábito subarbustivo ereto, com flores ressupinadas e ausência de calcar no dorso do estandarte.
Nomes populares: Acansu.
Material examinado: 21.VII.2012, fl. e fr., T. Carregosa 240 (ASE); 27.IX.2012, fl. e fr., T.
Carregosa 259(ASE); 09.I.1977, M. Fonseca s.n. (ASE438); 21.IX.2011, fl. e fr., D.M. Oliveira
169 (ASE); 13.VIII.1975, fl., C. Barreto s.n. (ASE352).
Figura 15: Periandra mediterranea: a. flor, com vista frontal. b. frutos; c. inflorescência, com flor. d. hábito.
115
3.4.13 Rhynchosia Lour. Fl. Cochinch. 2: 425, 460 1790
Gênero pertencente à tribo Phaseolae Bronn ex DC., compreende cerca de 230 espécies
(Lewis 1987), das quais 19 ocorrem no Brasil (Fortunato 2014).
I. Rhynchosia phaseoloides (Sw.) DC., Prodr. 2: 385. 1825.
Subarbusto escandente. Ramos pubescentes. Estípulas persistentes, 1,8–2,7 mm compr.,
lanceoladas, ápice agudo. Folhas 3-folioladas; pecíolo 1,4–3,7 cm compr.; raque 0,5–1,8 cm
compr.; nectário ausente; folíolos 1,5–7,9 × 1,1–6,4 cm, cartáceos, largamente ovais, base
subcordada a arredondada, ápice cuspidado a obtuso, raro arredondado, faces adaxial e abaxial
pubescentes, canescentes; venação eucamptódroma. Inflorescência axilar; pedicelo 0,8–1,2 mm
compr.; brácteas caducas, 1,5–2,5 mm compr., setosas, ápice agudo; bractéolas ausentes. Flores
6–8 mm compr.; cálice verde, campanulado, pubescente, tubo 2,2–2,8 mm compr., 5-laciniado,
lacínias deltóides, ápice agudo a obtuso; corola amarela; estandarte com estrias vináceas
centralmente, 7–8 × 5,2–6 mm, suborbicular, ápice retuso; alas 4,5–6 × 1,2–1,8 mm,
esparsamente pubérula externamente, oblanceoladas, ápice arredondado; peças da quilha 5,4–6,8
× 1,8–2 mm, obovais, ápice arredondado, pubescente externamente; estames 10, diadelfos (9+1);
filetes 5–6 mm compr., glabros; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário 3,6–4,5 mm compr.,
pubescente, canescente. Legume, 1,4–2,2 × 0,6–1,1 cm, suboblongo, constrito entre as sementes,
pubescente.
Comentários: Espécie de ampla distribuição no Brasil, sendo registrada para todas as regiões do
país (Fortunato 2014). Em Pirambu é registrada para área de restinga. Rhynchosia phaseoloides
pode ser reconhecida por ser um subarbusto escandente, com folhas trifolioladas, flores amarelas
e fruto com margem fortemente constrita entre as sementes.
Material examinado: 05.XI.2012, fr., E.S. Ferreira & E.V.S. Oliveira 149 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Itabaiana, 05.VIII.2007, fl., E. Matos et al. 37 (ASE).
Indiaroba, 21.IX.2012, fr, M.C.V. Farias et al. 160 (ASE). Aracaju, 11.VIII.2000, fl.fr., M.
Landim et al. 1499 (ASE). Estância, 16.VII.2011, fr., A.P. Prata et al. 2676 (ASE).
116
3.4.14 Stylosanthes Sw., Prodr. 7: 108. 1788.
Gênero subordinado à tribo Dalbergieae Bronn ex DC., é composto por cerca de 50 espécies
(Costa 2006), das quais 31 ocorrem no Brasil, onde o principal centro de diversidade é a região
central (Costa &Valls 2013).
Chave para as espécies de Stylosanthes
1. Folíolos lanceolados até 1,5 mm de largura; rostro do lomento com mais de 3,5 mm de compr.
................................................................................................................................... S. angustifolia
1. Folíolos elípticos, estreitamente elípticos ou oblongo-elípticos mais de 1,5 mm compr.; rostro
do lomento até 2 mm de comprimento.
2. Folíolos estreitamente elípticos, mais de 13,5 mm de compr.; rostro do lomento até 0,2
mm de compr., encurvado .............................................................................. S. guianensis
2. Folíolos elípticos ou oblongo-elípticos, até 13,5 mm compr.; rostro do lomento > 0,3 mm
compr., espiralado ou em forma de gancho.
3. Caule e ramos escabrosos; rostro do lomento > 0,5 mm de compr. e em forma de
gancho .............................................................................................................. S. scabra
3. Caule e ramos pubescentes a setoso-viscosos; rostro do lomento com até 0,5 mm de
compr. e espiralado ......................................................................................... S. viscosa
I. Stylosanthes angustifolia Vogel, Linnaea 12: 63. 1838.
Figura 16: a, b
Subarbusto ereto, 30–50 cm alt. Ramos hirsutos a glabrescentes. Estípulas persistentes, 4,5–12
mm compr., adpressas, bidentadas, dentes estreitamente deltóides, tricomas setosos. Folhas 3-
folioladas; pecíolo 2,7–12,3 mm compr.; raque 1–3 mm compr.; nectário ausente; folíolos 7,5–32
× 0,75–1,5 mm, cartáceos, lanceolados, base obtusa, ápice agudo, faces adaxial e abaxial glabras;
venação eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, terminal ou axilar; pedicelo ca. 0,8 mm
compr.; brácteas 5,5–7,6 mm compr.; bidentadas, dentes separados por 1 folíolo setoso, dentes
deltóides, ápice agudo, tricomas setosos; bractéolas 4–5 mm compr., lineares, ápice agudo. Flores
117
3,5–5,8 mm compr.; cálice verde, campanulado, tubo ca. 2 mm compr., 5-lobado, lobos
estreitamente deltóides, ápice agudo; corola amarela; estandarte com mancha vinácea
centralmente 3,5–4 × 3,8–4,2 mm, suborbicular, ápice retuso; alas 2–2,8 × 1,2 mm compr.,
obovais, ápice arredondado; peças da quilha 2–3 × 1,3 mm compr., obovais, ápice obtuso;
estames 10, monadelfos; filetes ca. 1,5 mm compr., glabros; anteras ca. 0,3 mm compr.; ovário
ca. 8 mm compr., glabro. Lomento 1-articulado, elipsóide, 4,8–5,5 × 0,8–1,1 mm, rostro ca. 3,8–
4,2 mm compr., encurvado, glabro.
Comentários: Espécie distribuída pelas regiões norte (AC, AM, PA, RO, RR), nordeste (BA,
CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE) e centro-oeste (DF). Em Pirambu ocorre na área de Tabuleiro
Costeiro em solos mais argilosos. Stylosanthes angustifolia pode ser reconhecida pelos folíolos
lanceolados com até 1,5 mm de largura e lomento apresentando rostro com mais de 3,5 mm de
comprimento.
Material examinado: 13.VIII.2013, fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos 452 (ASE).
II. Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. Kongl. Vetensk. Acad. Nya Handl. 10: 301–302.
1789.
Figura 16: c, d
Subarbusto ereto, 50–70 cm alt. Ramos pubescentes a glabrescentes. Estípulas persistentes, 12,5–
18,5 mm compr., adpressas, bidentadas, dentes estreitamente deltóides, tricomas setosos. Folhas
3-folioladas; pecíolo 5,6–9,2 mm compr.; raque 1,5–2,1 mm compr.; nectário ausente; folíolos
1,3–3,3 × 0,1–0,4 cm, cartáceos, estreitamente elípticos, base aguda, ápice agudo, face adaxial e
abaxial pubérulas; venação eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, terminal; pedicelo ca.
1,5 mm compr.; brácteas 6,5–7,2 mm compr., bidentadas, dentes separados por 1 folíolo
semelhante ao dos ramos, dentes deltóides, ápice agudo, tricomas setosos; bractéolas ca. 5 mm
compr., lineares, ápice agudo. Flores 4,6–5,8 mm compr.; cálice verde, com manchas vináceas
nas lacínias, estreitamente campanulado, tubo 2 – 2,8 mm compr., 5-lobado, lobos deltóides,
ápice agudo, ciliado; corola amarela; estandarte com mancha vinácea centralmente 3,2-4,1 × 2,5–
3,7 mm, suborbicular, ápice retuso; alas 2,2–3 × 1,2–1,5 mm, obovais, ápice levemente ondulado;
peças da quilha 2,3–3 × 1,3–1,6 mm compr., encurvadas, lanceoladas, ápice agudo; estames 10,
118
monadelfos; filetes ca. 2 mm compr., glabros; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário ca. 1 mm
compr., glabro. Lomento 1-articulado, elipsóide, 2,5–2,8 × 1,8–2 mm, rostro ca. 0,2 mm compr.,
encurvado, glabro.
Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões do Brasil, associada aos
diversos tipos de vegetação (Costa & Valls 2014). Em Pirambu é registrada para o yabuleiro
costeiro, caracterizado por solos mais argilosos. Stylosanthes guianensis pode ser facilmente
reconhecido por apresentar folíolos estreitamente elípticos, com mais de 1,3 cm de compr., além
de lomento com rostro medindo até 0,2 mm de compr. e encurvado.
Nomes populares: meladinha.
Material examinado: 27.09.2012, fl. e fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 275 (ASE); 09.IX.2013,
fl. e fr., T. Carregosa et al. 446 (ASE).
III. Stylosanthes scabra Vogel, Linnaea 12: 69–70. 1838.
Subarbusto ereto, raro prostrado, 25–50 cm alt., Ramos pubescentes, escabrosos, tricomas
setosos. Estípulas persistentes, 7–9,5 mm compr., adpressas, bidentadas, dentes estreitamente
deltóides, ápice agudo, híspido-setosas. Folhas 3-folioladas; pecíolo 3,5–5,7 mm compr.; raque
0,7–1,5 mm compr.; nectário ausente; folíolos 0,4–1,3 × 0,2–0,5 cm compr., cartáceos, elípticos
ou oblongo-elípticos, base aguda, ápice agudo a acuminado, face adaxial pubérula, abaxial
pubescente; venação eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, terminal; pedicelo 1–1,5 mm
compr.; brácteas 5- 9 mm compr., bidentadas, dentes separados por 1 ou 3 folíolos semelhantes
aos dos ramos, dentes estreitamente deltóides, ápice agudo; bractéolas ca. 5 mm compr., oboval a
elíptica, ápice agudo. Flores 4-5 mm compr.; cálice verde, campanulado, tubo 3-6 mm compr., 4-
lobado, lobos deltóides, ápice agudo, glabro; corola amarela; estardarte com mancha vinácea
centralmente 3,6–5,5 × 3,5–4,5 mm, suborbicular, ápice retuso; alas 2,1–3,8 × 1,5–2,3 mm,
obovais, ápice levemente ondulado; peças da quilha 2,2–3,7 × 0,7–0,9, encurvadas, lanceoladas,
ápice agudo; estames 10, monadelfos; filetes ca. 3,5 mm compr., glabros; anteras ca. 0,4 mm
compr. Ovário ca. 1,5 mm compr., glabro. Lomento, geralmente biarticulado, raro uniarticulado,
119
3,1–4,6 × 1,8–2,0 mm, artículos elipsóides, rostro 0,9–2 mm compr., recurvado em gancho,
pubescente.
Comentários: Espécie amplamente distribuída no Brasil, compreendendo todas as regiões do
país (Costa & Valls 2014). Em Pirambu ocorre no ambiente de tabuleiros costeiros. Stylosanthes
scabra pode ser confundida com S. viscosa pelos folíolos elípticos ou oblongo-elípticos e pelos
tricomas que recobrem os ramos e caules. Entretanto em S. scabra os tricomas são escabrosos e o
lomento apresenta rostro entre 0,9–2 mm de compr., em forma de gancho.
Material examinado: 10.07.2013, fl. e fr., T. Carregosa & E. Santos 381 (ASE); 13.VIII.2013,
fl.fr., T. Carregosa & E. Santos 445 (ASE)
Nomes populares: meladinho
Material adicional: Brasil, Sergipe: Japaratuba, 09.VIII.2010, C.M. Donadio 48 (ASE).
IV. Stylosanthes viscosa (L.) Sw. Prodr. 108. 1788.
Figura 16: e, f, g, h, i
Subarbusto prostrado, 20–70 cm. Ramos setosos-viscosos. Estípulas persistentes, 3,1–6,4 mm
compr., adpressas, bidentadas, dentes estreitamente deltóides, ápice agudo, híspido-viscosas;
estipelas ausentes. Folhas 3-folioladas; pecíolo 2–5,1 mm compr.; raque 0,7–2,2 mm compr.;
nectário ausente; folíolos 0,2–1,1 × 1,1–0,5 cm, cartáceos, elípticos ou oblongo-elípticos, base
aguda, ápice agudo a obtuso, mucronado, face adaxial pubescente, abaxial híspida; venação
eucamptódroma. Inflorescência espiciforme, terminal; pedicelo ca. 1,5 mm de compr.; brácteas
5,3-9,5 mm compr., bidentadas, dentes separados por 1 folíolo semelhante aos dos ramos, dentes
deltóides, ápice agudo; bractéolas ca. 5 mm compr., oblongas, ápice agudo. Flores 4–6 mm
compr.; cálice verde, campanulado, tubo 3,2–3,9 mm compr., 4-lobado, lobos deltóides, ápice
agudo, levemente híspido no ápice das lacínias; corola amarela; estardarte com mancha vinácea
centralmente 4,6–5,3 × 4,9–6,2 mm, suborbicular, ápice retuso; alas 3,5–4,6 × 2–2,6 mm,
obovais, ápice levemente ondulado; peças da quilha 2,2–2,7 × 1–1,3, encurvadas, lanceoladas,
ápice agudo; estames 10, monadelfos; filetes ca. 3 mm compr., glabros; anteras ca. 0,5 mm
120
compr. Ovário ca. 1,5 mm compr., glabro. Lomento, 1 ou 2-articulado, elipsoide, 1,7–2,5 × 1,5–
1,8 mm, rostro ca. 0,3 mm, espiralado, glabrescente pelo menos na margem.
Comentários: É uma espécie amplamente distribuída, com ocorrência em todas as regiões do
Brasil, apenas ainda não registrada para os estados do Piauí e Acre (Costa & Valls 2014). Em
Pirambu, até o momento, é bastante frequente nos ambientes de antedunas a pós-dunas.
Stylosanthes viscosa pode ser reconhecida, pelo hábito predominantemente subarbustivo
prostrado, com caule e ramos setosos-viscosos devido à presença de tricomas glandulosos e
lomento com rostro curtamente (ca. 0,3 mm ) e espiralado.
Nomes populares: meladinha, melosa.
Material examinado: 12.XII.2013, fl. e fr., T. Carregosa 293 (ASE); 27. XI.2012, fl. e fr., T.
Carregosa 264 (ASE); 09.X.2012, fl. e fr., T. Carregosa 284 (ASE); 21.VII.2012, fl. e fr., T.
Carregosa 241 (ASE); 13.XII.2005, fl. e fr., T.C. Pergentino 7 (ASE); 01.VI.2012, fl. e fr., D.G.
Oliveira at al.455 (ASE); 01.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata at al.1511 (ASE); 26.V.2008, fl. e fr.,
A.P. Prata at al. 3036 (ASE); ); 02.X.2008, fl. e fr., A.P. Prata at al. 3036 (ASE).
121
Figura 16: Stylosanthes angustifolia: a. inflorescência. b. folha. Stylosanthes guianensis: c. folha. d. Inflorescência.
Stylosanthes viscosa: e. h. hábito. f. flor, com vista frontal. g. lomento, com rostroespiralado. i. folhas.
3.4.15 Swartzia Schreb., Gen. Pl. 2: 518. 1791.
Gênero pertencente à tribo Swartzieae DC., apresenta aproximadamente 140 espécies de
distribuição neotropical (Mansano & Lima 2007). O Brasil representa um dos centros de
diversidade, compreendendo cerca de 100 espécies, das quais 52 são consideradas endêmicas
(Mansano et al. 2013).
122
Chave para as espécies de Swartzia
1. Flores diclamídeas; corola apresentando uma pétala e geralmente com quatro estames maiores;
frutos > 5 cm comprimento ........................................................................................ S. alagoensis
1. Flores monoclamídeas, corola ausente e geralmente dois estames maiores; frutos < 3 cm de
comprimento ..................................................................................................................... S. apetala
I. Swartzia alagoensis R.B. Pinto, Torke & Mansano, Brittonia 64(2): 121–123. 2012.
Figura 17: a, b, c
Arbusto ou árvore, 2,5–4 m alt. Ramos glabros a glabrescentes, lenticelados. Estípulas
persistentes, ca. 1 mm compr, deltóides, ápice obtuso. Folhas imparipinadas, 5–9 folíolos; pecíolo
1,3–3,3 cm compr.; raque 2,4–6,2 cm compr.; estipelas 0,9–1,2 mm compr., setosas; nectários
ausentes; folíolos 1,5–6,5 × 0,9–2,9 cm, coriáceos, opostos, elípticos a estreitamente elípticos,
base arredondada a subcordada, ápice obtuso a arredondado ou emarginado, faces adaxial e
abaxial glabras; venação broquidódroma. Inflorescência racemosa ou paniculada, axilar ou
cauliflora; pedicelo 4,5–12,5 mm compr.; brácteas persistentes, localizadas na base do pedicelo,
0,9–1,7 mm compr., ovais, ápice agudo; bractéolas persistentes, localicadas na base do cálice, ca.
0,5 mm compr., setosas. Flores 1,4–1,7 cm diâm; cálice verde, glabro, 3–4-lobado, lobos
irregulares; corola presente, pétala 1, branca, caduca, ca. 2,3 × 1,6 cm compr.; estames ca. 100,
geralmente 4 maiores; filetes 6–10,1 mm compr., glabros; anteras 1,1–3,5 mm compr.; ovário 5–
7,5 mm compr., pubescente; estipe 3–4 mm compr.; estilete ca. 1,2 mm compr., glabro. Legume,
5,4–6,6 × 4,0–5,2 cm, elíptico a globoso, glabro, sementes ariladas.
Comentários: Espécie endêmica da região nordeste, apresentando registro para os estados de
Alagoas e Sergipe. Em Pirambu é uma espécie bastante frequente nas áreas de tebuleiros
costeiros. Swartzia alagoensis pode ser reconhecida por apresentar flores diclamídeas com corola
apresentando uma única pétala e frutos maiores que 5 cm comprimento.
Material examinado: 04.IV.2013, fl., T. Carregosa et al. 361 (ASE); 21.VII.2012, fr., T.
Carregosa et al. 247 (ASE); 27.IX.2012, fr., T. Carregosa & L.A.S. Santos 265 (ASE);
123
09.V.2013, fl., T. Carregosa et al. 377 (ASE); 09.IV.2013, fl., T. fl., Carregosa et al. 371 (ASE);
09.10.2012, fl., T. Carregosa et al. 278 (ASE); 23.VII.2013, fl., E. Santos et al. 28 (ASE);
28.I.1992, fl., C. Farney et al. 2970 (ASE); 09.I.1977, fl., M. Fonseca s/n (ASE435).
II. Swartzia apetala Raddi var. apetala, Mem. Mat. Fis. Soc. ital. Sci. Moderna 18(2): 398.
1820.
Figura 17: d, e
Arbusto ou árvore 1,5–2,5 m alt. Ramos pubescentes a glabros. Estípulas persistentes, 3,2–5,5
mm compr., lanceoladas, ápice agudo. Folhas imparipinadas, 3–7 folíolos; pecíolo 1,5–4,0 cm
compr.; raque 3,7–9,8 cm compr.; estipelas 1,5–2,3 mm compr., setosas, 3–7 pares de folíolos;
nectários ausentes; folíolos 3,6–11,3 × 1,6–7,3 cm, coriáceos, opostos, elípticos, base cordada a
arredondada, ápice acuminado a obtuso, face adaxial e abaxial glabra; venação broquidódroma.
Inflorescência racemosa ou paniculada, axilar ou cauliflora; pedicelo 3,1–7 mm compr.; brácteas
persistentes, na base do pedicelo, 0,8–1,5 compr., setosas a lanceoladas, ápice agudo; bractéolas
ausentes. Flores monoclamídeas, 7,5–8,6 mm compr.; cálice, verde, glabro, 3−4-lobado, lobos
irregulares; corola ausente; estames ca. 100, geralmente 2 maiores; filetes 2,2−4,5 mm compr,
glabros; anteras 0,8–1,8 mm compr.; ovário 3,5–5,5 mm compr., glabro; estipe 2,5–3,4 mm
compr.; estilete 0,5–1 mm compr., glabro. Legume, 1,4–2,5 cm compr., ovóide a globoso, glabro,
sementes ariladas.
Comentários: Swartzia apetala é endêmica do Brasil e apresenta registro para Bahia, Sergipe,
Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, compreendendo os domínios da
Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga (Mansano et al. 2013b). Em Pirambu foi encontrada em
ambiente de tabuleiro costeiro, podendo ser reconhecida por apresentar flores monoclamídeas,
corola ausente e frutos menores que 3 cm de compr.
Nomes populares: grão de galo, banha de galinha, olho de pombo.
Material examinado: 09.V.2013, fl., T. Carregosa & E. Santos 340 (ASE); 15.I.2013, fr., T.
Carregosa et al. 237 (ASE); 09.I.1977, fr., M. Fonseca s.n. (ASE438); 29.III.2011, fr., M. A.
124
Farinaccio et al. 853 (ASE); 26.V.2012, fr., A.P. Prata et al. 3088 (ASE); 25.V.2012, fr., A.P.
Prata et al. 2962 (ASE); 13.VIII.2013, fr., T. Carregosa & E. Santos 455 (ASE).
Material adicional: Brasil, Sergipe: Barra dos Coqueiros, 05.XII.1997, fl., C. Amaral & E. Santos
41 (ASE). Lagarto, 10.XII.2008, fl., J.E. Nascimento-Júnior 394 (ASE).
3.4.16 Tephrosia Pers. Syn. Pl. 2(2): 328–330. 1807.
Gênero pertencente à tribo Millettieae, é composto por cerca de 350 espécies (Schrire
2005), das quais 12 espécies ocorrem no Brasil (Queiroz & Tozzi 2013).
I. Tephrosia purpurea (L.) Pers., Syn. Pl. 2(2): 329. 1807.
Subarbusto ereto, 1–1,5 m alt.. Ramos pubescentes, canescentes. Estípulas persistentes, 2,4–4,7
mm compr., lanceoladas a estreitamente lanceoladas, ápice agudo. Folhas imparipinadas, 5–15
folíolos; pecíolo 0,2–1,2 cm compr.; raque 0,7–9,4 cm compr.; estipelas ausentes; nectário
ausente; folíolos 1,1–4,1 × 0,4–1,1 cm, oblanceolados a obovais, base aguda a obtusa, ápice
retuso a arredondado, mucronado, face adaxial glabra a glabrescente, face abaxial pubescente,
canescente. Inflorescência racemosa, axilar; pedicelo 1–5,5 mm compr.; brácteas na base do
pedicelo, 2,1–3 mm compr.; bractéolas ausentes. Flores 0,7–1,0 cm compr.; cálice verde-vináceo,
campanulado, pubescente na face externa, 5- laciniado, tubo 1,7–2,8 mm compr., lacínias 1,9–2,7
mm compr., estreitamente deltóides, ápice agudo; corola purpúrea; estandarte 5–6,5 × 5,3–7 mm
compr., suborbicular, ápice retuso, pubérulo na face externa; alas 4,5–5,7 × 1,8–2,9 mm, elíptica,
falcadas, ápice arredondado; peças da quilha 4–4,8 × 1,5–2,1 mm, lanceoladas, ápice agudo;
estames monadelfos, 10; tubo-estaminal 2,5–3,3 mm compr.; parte livre 1,6 mm compr.; anteras
ca. 0,5 mm compr.; ovário ca. 4,5 mm compr; estigma 1,5 mm compr., encurvado na base.
Legume, 2,5–4,2 × 0,2–0,4 cm, linear, plano-compresso, pubescente.
Comentários: No Brasil apresenta distribuição nas regiões nordeste (AL, BA, CE, MA, PB, PE,
PI, RN, SE) e sudeste (MG, RJ, SP) (Queiroz & Tozzi 2013). Em Pirambu é registrada para área
de Tabuleiro Costeiro, podendo ser reconhecida por ser um subarbusto ereto com folhas
imparipinadas, estames monadelfos e fruto plano-compresso.
125
Nomes populares: azulzinha.
Material examinado: 01.VI.2012, fl. e fr., D.G. Oliveira 457 (ASE).
3.4.17 Vigna Savi, Nuovo Giorn. Lett. 8: 113. 1824.
Gênero subordinado à tribo Phaseoleae DC., é composto por cerca de 104 espécies que
se distribuem nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, e principalmente na África
(Lewis et al. 2005).
I. Vigna peduncularis (Kunth) Fawc. & Rendle, Fl. Jamaica 4(2): 68. 1920.
Subarbusto escandente. Ramos pubérulos. Estípulas persistentes, 2,5–4,7 mm compr., ovais,
ápice agudo a obtuso. Folhas 3-folioladas; pecíolo 0,8–2,8 cm compr.; raque 6,9–11,4 mm
compr.; estipela 1–1,3 mm compr.; nectário ausente; folíolos 2,2–5,0 cm compr., papiráceos,
subdeltóides, base levemente obtusa, ápice agudo, face adaxial glabra e abaxial glabrescente.
Inflorescência pseudoracemosa, axilar, nodosa; pedicelo ausente ou ca. 1 mm compr.; brácteas
3,4–5,8 mm compr., largamente lanceoladas, ápice agudo; bractéolas 2,9–3,4 mm compr.,
oblongas, ápice agudo, face adaxial glabra e abaxial glabrescente; venação broquidródroma.
Flores 0,9–1,2 cm compr.; cálice verde, campanulado, pubérulo na face externa, 5-laciniado, 2
lacínias superiores unidas até aproximadamente o ápice, tubo 3,4–5 mm compr., lacínias ca. 2
mm compr., deltóides, ápice agudo; corola lilás a rósea; estandarte 9,5–11 × 7–10,5 mm,
suborbicular, ápice obtuso; alas 9–10,5 × 2,8–3,5 mm, oval, ápice obtuso a arredondado; peças da
quilha 12,5–15 mm compr., lateralmente torcidas, ápice tubuloso; estames 10 (9+1), diadelfos;
filetes ca. 14 mm compr.; anteras ca. 0,4 mm compr.; ovário ca. 7 mm compr., pubescente;
estigma ca. 8 mm compr., curvado. Legume, 6,2–9,3 × 0,3–0,4 cm, plano-compresso, linear,
seríceo.
Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões do Brasil (Perez 2014). Em
Pirambu apresenta registro para a área de restinga, próxima as dunas. Vigna peduncularis pode
ser reconhecida por ser um subarbusto escandente, com flores lilás a róseas, com quilha
apresentando ápice tubuloso e lateralmente torcido.
126
Nomes populares: feijão-do-mato.
Material examinado: 04.VIII.1982, fl. e fr., E. Gomes 102 (ASE); 19.VIII.2000., fl., G. Viana &
P.C. Umbelino 7396 (ASE).
3.4.18 Zollernia Wied-Neuw. & Nees, Nova Acta Phys.-Med. Acad. Caes. Leop.-Carol. Nat.
Cur. 13(2): Praef 13–14.1826.
Gênero pertencente à tribo Swartzieae DC., com 10 espécies é tipicamente
sulamenricanos, ocorrendo na Venezuela, na Guiana, no Suriname e no Brasil, este último
apresentando 9 espécies (Mansano et al. 2004).
I. Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel, Linnaea 11: 166. 1837.
Árvore. Ramos glabros. Estípulas persistentes, 3,3–6,5 mm compr., ovais, ápice agudo. Folhas
simples; pecíolo 2,6–4 mm compr., lâmina 5,4–8,5 × 2,7–5,9 cm, coriáceas, elíptica a oboval,
base arredondada, ápice acuminado a obtuso, margem serreada, algumas vezes se tornando
espinescente, faces adaxial e abaxial glabras, nervação broquidródroma.
Comentários: Espécie amplamente distribuída por todas as regiões do Brasil (Mansano & Barros
2014). Em Pirambu apresenta registro para a área tabuleiros. No material examinado estavam
indisponíveis as flores e frutos, no entanto, de acordo com Mansano (2002) a inflorescência
paniculada, terminal ou axilar; pedicelo 5–9 mm compr.; brácteas na base do pedicelo, 1–2 mm
compr., deltóides; bractéolas inseridas acima da metade do pedicelo, 0,7–2,0 mm compr.,
deltóides; flores zigomorfas; cálice 1-lobado, face interna glabra na base e pilosa no ápice; corola
dialipétala; 5 pétalas, róseo-violetas a alvas, 6–10,5 mm compr., elípticas, estandarte pouco maior
e com nervuras mais evidentes; estames 9–13; filetes 1–2 mm compr., glabros; anteras 4,3–8 mm
compr.; ovário 3-6,8 mm compr., seríceo a tomentoso; estilete 2,5–5, encurvado a uncinado,
glabro; legume nucóide, 2,8 × 2,3 cm compr., globoso. Zollernia ilicifolia pode ser reconhecida
por apresentar folhas simples com margem serreada, às vezes espinescentes.
Nomes populares: corazeiro, coração de negro.
127
Material examinado: 25.V.2012, A.P. Prata et al. 3066 (ASE)
3.4.19 Zornia J.F. Gmel., Syst. Nat. 2(2): 1076, 1096. 1791 [1792].
Zornia está incluida na tribo Dalbergieae s.l., possuindo 75 espécies, das quais 41
ocorrem na América, 16 na África, 13 na Oceania e 7 na Ásia (Mohlenbrock 1961). O Brasil é
o principal centro de diversidade do gênero, apresentando 36 espécies, das quais 15 são
endêmicas (Perez 2009).
I. Zornia latifolia Sm., Cycl. 39: no. 4.1819.
Figura 17: f, g
Subarbusto ereto, 20–60 cm alt. Ramos esparsamente pubescentes. Estípulas persistentes, 3,1 –
9,3 mm compr. Folhas bifolioladas; pecíolo 0,7–1,2 cm compr.; estipela ausente; nectário
ausente; folíolos 1,2–2,6 × 0,3–1,4 cm, oval-elípticos ou elíptico-lanceolados, base levemente
assimétrica, ápice cuspidado a agudo, faces adaxial e abaxial pubescentes a glabrescentes.
Inflorescência espiciforme, terminal e axilar, medindo até 20 cm compr.; brácteas 3,8–6,5 mm
compr.; bractéolas 5,6–7,2 mm compr. Flores 5,3–6,2 mm compr.; cálice verde, campanulado,
seríceo na face externa, 5-lobado, tubo 2,8–3,3 mm compr., lobos ca. 1,5 mm, deltóides, ápice
agudo a obtuso; corola amarela; estandarte com estrias vináceas centralmente, 5,8–6,5 × 5–7 mm,
orbicular, ápice obtuso; alas 4–5,5 × 2–3 mm, ovais, ápice arredondado; peças da quilha 5–6 x 4–
6 mm, falcadas, ápice obtuso; estames 10, monadelfos; tubo-estaminal 3,2–4,5 mm compr.;
anteras ca. 0,3 mm compr.; ovário ca. 3 mm compr., seríceo; estigma ca. 2 mm compr. Lomento,
6,45–14,4 × 1,7–1,9 mm, 3–8 artículos, levemente circulares, plano compressos, tricomas
setosos.
Comentários: Ocorre em praticamente todo território brasileiro (Perez 2009; 2014). Em Pirambu
ocorre na restinga e nos tabuleiros costeiros. Zornia latifolia pode ser reconhecida pela presença
de folhas bifolioladas, inflorescência espiciforme, com eixo medindo até 20 cm comprimento e
fruto do tipo lomento.
128
Material examinado: 15.I.2013, fl., T Carregosa & A.S. Silva, T. 338. (ASE); 13.VIII.2013, fl. e
fr., T. Carregosa & E. Santos 458 (ASE)
Material adicional: Brasil, Sergipe. São Cristóvão, 23.XI.1982, fl. e fr., G.N. Silva 50 (ASE);
12.VIII.1983, fl. e fr., E. Gomes 293 (ASE). Barra dos Coqueiros, 25.IV.2011, fl. e fr., J.E.
Nascimento-Júnior 879 (ASE).
Figura 17: Swartzia alagoensis: a. flor, visão frontal; b. fruto; c. flor, visão lateral. Swartzia apetala:d. flor, visão
frontal; e. fruto. Zornia latifolia: f. flor; g. folha.
129
3.5 Períodos de floração e frutificação
A floração registrada para espécies de Leguminosae nas formações de restinga e tabuleiro
mostrou-se mais abundante de maio a outubro (Figura 18), diminuindo consideravelmente nos
meses de fevereiro a abril, coincidindo com o período mais seco do verão. Dentre as espécies
encontradas, algumas destacam-se pelo maior número de indivíduos floridos em quase todos os
meses do ano: Chamaecrista flexuosa, Chamaecrista hispidula, Chamaecrista ramosa, Mimosa
pudica, Centrosema brasilianum e Stylosanthes viscosa.
Figura 18: Número de espécies de Leguminosae em flor e em fruto ao longo do ano nas restingas
e nos tabuleiros de Pirambu, Sergipe.
Os dados de frutificação mostram que a maior quantidade de espécies com frutos ocorreu
entre julho e outubro coincidindo com o período em que a região teve os maiores índices de
precipitação. Quanto à síndrome de dispersão, as espécies autocóricas apresentaram frutos do tipo
legume, craspédio, legume nucóide e legume bacóide, representando 72,5% (40 spp.) do total de
táxons estudados. As zoocóricas, caracterizadas pela ocorrência de legume, lomento, drupa e
legume nucóide representaram 20% (11 spp.), destas 73% são endozóicas e 27% são epizoicas. As
130
anemocóricas, com criptossâmaras e legumes samaróides somaram 7,5% (4 spp.) dos táxons.
Esses dados seguem o padrão de alguns trabalhos (Vasconcelos 2006, Noguchi et al. 2009, Dutra
et al. 2009, Silva et al. 2013), em que a família se destaca pelo maior número de espécies
autocóricas. Hymenaea rubriflora foi considerada autocórica, pois inicialmente o fruto se
desprende da planta-mãe, mas secundariamente pode ocorrer zoocoria por consistir em um
legume nucoide com polpa farinácea. A presença de todas as síndromes é justificada pela notável
variedade carpológica presente na família (Noguchi et al. 2009).
131
Tabela 5: Floração e frutificação das espécies de Leguminosae nas restingas e nos tabuleiros de Pirambu, além do
tipo de fruto e sua respectiva síndrome de dispersão (baseada em Barroso et al. 1999).
132
4. Referência Bibliográfica
BARBOSA-FEVEREIRO, V.P. 1977. Centrosema (A.P. de Candolle) Bentham do Brasil -
Leguminosae -Faboideae. Rodriguesia 9 (42):159-219.
BARNEBY, C.R. 1991. Sensitivae Censitae. A description of the genus Mimosa L.
(Mimosaceae) in the New World. Memoirs of the New York Botanical Garden 7(65): 1-835.
BARNEBY, R.C. 1998. Silky tree, guanacaste, monkey's earring: a generic system for the
synandrous Mimosaceae of the Americas. Memoirs of the New York Botanical Garden 74:1-
223.
BARROSO, G.M.; MORIM, M.P.; PEIXOTO, A.L. & ICHASO, C.L.F. 1999. Frutos e
Sementes: Morfologia Aplicada à Sistemática de Dicotiledôneas. Editora da UFV, Viçosa.
443p.
BARROSO, G.M.; MORIM, M.P.; PEIXOTO, A.L. & ICHASO, C.L.F. 1999. Frutos e
Sementes: Morfologia aplicada à Sistemática de Dicotiledôneas. Editora da UFV, Viçosa.
443p.
BENTHAM, G. 1862. Papilionaceae In: MARTIUS, C.F.P. (ed.). Flora Brasiliensis 15(1): 1-350.
BENTHAM, G. 1870. Leguminosae II. Swattzieae et Caesalpinieae In: MARTIUS, C.F.P. (ed.).
Flora Brasiliensis 15(2): 1-254.
BENTHAM, G. 1876. Leguminoase III. Mimoseae In: MARTIUS, C.F.P. (ed.). Flora
Brasiliensis 15(2): 257-528.
BITTENCOURT, A.C.S.P.; MARTIN, L.; DOMINGUEZ, J.M.L. & FERREIRA, Y.M.A. 1983.
Evolução Paleográfica Quaternária da Costa do Estado de Sergipe e da Costa Sul do Estado de
Alagoas. Revista Brasileira de Geociências 13 (2): 93-97.
BRITTO, I.C.; QUEIROZ, L.P.; GUEDES, M.L.S.; OLIVEIRA, N.C. & SILVA, L.B. 1993.
Flora fanerogâmica das dunas e lagoas do Abaeté, Salvador, Bahia. Sitientibus 11: 31-46.
BURIL, M.T.; SANTOS, F.A.R. & ALVES, M. 2010. Diversidade polínica das Mimosoideae
(Leguminosae) ocorrentes em uma área de caatinga, Pernambuco, Brasil. Acta Botanica
Brasilica 24(1): 53-64.
CABRAL-FREIRE, M.C.C. & MONTEIRO, R. 1993. Florística das praias da Ilha de São Luís,
estado do Maranhão (Brasil): diversidade de espécies e suas ocorrências no litoral brasileiro.
Acta Amazonica 23: 125-140.
133
CARDOSO, D. B.O.S. & QUEIROZ, L.P. 2007. Diversidade de Leguminosae nas caatingas de
Tucano, Bahia: implicações para a fitogeografia do semi-árido do Nordeste do Brasil.
Rodriguésia 58 (2): 379-371.
CARDOSO, D.B.O.S. 2008. Taxonomia da tribo Sophoreae s.l. (Leguminosae, Papilionoideae)
na Bahia, Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual de Feira de Santana. Feira
de Santana.
CARVALHO, D.A. & OLIVEIRA-FILHO, A.T. 1993. Avaliação da recomposição da cobertura
vegetal de dunas de rejeito de mineração, em Mataraca/PB. Acta Botanica Brasilica 7(2): 107-
117.
CÓRDULA, E.; QUEIROZ, L.P. & ALVES, M. 2008. Checklist da Flora de Mirandiba,
Pernambuco: Leguminosae. Rodriguésia 59 (3): 597-602.
CÓRDULA, E; QUEIROZ, L.P. & ALVES, M. 2010. Diversidade e Distribuição de
Leguminosae em uma Área Prioritária para a Conservação da Caatinga em Pernambuco -
Brasil. Revista Caatinga 23(3): 33-40.
COSTA, L.C. DA & VALLS, J.F.M. 2014. Stylosanthes In: Lista de Espécies da Flora do Brasil.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB29854>. Acesso em: 21 Jan.2014.
COSTA, N.M.S. 2006. Revisão do gênero Stylosanthes Sw. Tese de Doutorado. Universidade
Técnica de Lisboa, Lisboa. 470p.
COWAN, R.S. 1981. New taxa of Leguminosae-Caesalpinioideae from Bahia, Brazil. Brittonia
33(1): 9-14.
CRONQUIST, A. 1981. An Integrated System of Classification of Flowering Plants. New York,
Columbia Univ. Press, p. 1262.
DIONÍSIO, G.B. 2005. Leguminosas (Leguminosae juss.) Arbóreas na Mata Atlântica da Paraíba
e do Rio Grande do Norte. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Recife.
DUCKE, A. 1953. As leguminosas de Pernambuco e Paraíba. Memória do Instituto Oswaldo
Cruz 51: 417-461.
DUTRA, V.F. & MORIM, M.P. 2014. Mimosa In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim
Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB23084>. Acesso em: 28 Jan. 2014
134
DUTRA, V.F.; VIEIRA, M.F.; GARCIA, F.C.P. & LIMA, H.C. 2009. Fenologia reprodutiva,
síndromes de polinização e dispersão em espécies de Leguminosae dos Campos Rupestres do
Parque Estadual do Itacolomi, Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia 60: 371-387.
FLORES, A.S. 2014. Crotalaria In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio
de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22902>.
Acesso em: 07 Jan. 2014
FLORES, A.S. & MIOTTO, S.T.S. 2005. Aspectos fitogeográficos das espécies de Crotalaria L.
(Leguminosae – Faboideae) na região Sul do Brasil. Acta Botanica Brasilica 19(2): 245-249.
FONSECA, M.R. 1979. Vegetação e flora dos tabuleiros arenosos de Pirambu-Sergipe.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
FORTUNATO, R.H. 2014. Rhynchosia In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim
Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB23138>. Acesso em: 21 Jan. 2014
FREIRE, M.S.B. 1990. Levantamento florístico do Parque Estadual das Dunas de Natal. Acta
Botanica Brasilica 4(2): 41-59.
FUNCH, L.S., & BARROSO, G.M. 1999. Revisão taxonômica do gênero Periandra Mart. ex
Benth.(Leguminosae, Papilionoideae, Phaseoleae).Revista Brasileira de Botânica 22, 339-356.
GARCIA, F.C.P. & FERNANDES, J.M. 2014. Inga In: Lista de Espécies da Flora do Brasil.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22990>. Acesso em: 27 Jan. 2014
HERRERA, M.A.; SALAMANCA, C.P.& BAREA, J.M. 1993. Inoculation of woody legumes
with selected arbuscular mycorrhizal fungi and rhizobia to recover desertified mediterranean
ecosystems. Applied Environmental Microbiology 59 (1): 129-133.
IGANCI, J. R. V., & MORIM, M. P. 2009. Abarema (Leguminosae, Mimosideae) no estado do
Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia, 60(3): 581-594.
IGANCI, J.R.V. & MORIM, M.P. 2011. Abarema (Leguminosae, Mimosoideae) In: the Atlantic
Domain, Brazil. Botanical Journal of the Linnean Society 168: 473–486.
IGANCI, J.R.V.; MORIM, M.P. 2014. Abarema In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim
Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB17974>. Acesso em: 22 Jan. 2014
IRWIN, H.S. & BARNEBY, R.C. 1982. The American Cassinae. A sinoptical revision of
Leguminosae Tribe Cassieae in the New World. Memoirs of the New York Botanical Garden
35: 637-918.
135
LEE, Y. & LANGENHEIM, J.H. 1975. Systematics of the genus Hymanaea L. (Leguminosae,
Caesalpinioideae, Detarieae). Berkeley: University of California publications in Botany.
LEITE, A.V.L. & ANDRADE, L.H.C. 2004. Riqueza de espécies e composição florística em um
ambiente de duna após 50 anos de pressão antrópica: um estudo na Praia de Boa Viagem,
Recife, PE – Brasil. Biotemas 17(1): 29-46.
LEWIS, G.P. 1987. Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens Kew, London.
LEWIS, G.P. 2013. Libidibia In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB109830>.
Acesso em: 25 Dez. 2013
LEWIS, G.P.; SCHRIRE, B.; MACKINDER, B. & LOCK, M. 2005. Legumes of the world.
Royal Botanic Gardens, Kew.
LIMA, H.C. 2013. de Tachigali In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio
de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB100906>.
Acesso em: 25 Dez. 2013
LIMA, H.C. & CARDOSO, D.B.O.S. 2013. Bowdichia In: Lista de Espécies da Flora do Brasil.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB79013>. Acesso em: 19 Nov. 2013
LIMA, H.C. & PINTO, R.B. 2013. Hymenaea In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim
Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB18619>. Acesso em: 06 Dez. 2013
LIMA, H.C.; QUEIROZ, L.P.; MORIM, M.P.; SOUZA, V.C.; DUTRA, V.F.; BORTOLUZZI,
R.L.C.; IGANCI, J.R.V.; FORTUNATO, R.H.; VAZ, A.M.S.F.; SOUZA, E.R. DE; FILARDI,
F.L.R.; VALLS, J.F.M.; GARCIA, F.C.P.; FERNANDES, J.M.; MARTINS-DA-SILVA,
R.C.V.; PEREZ, A.P.F.; MANSANO, V.F.; MIOTTO, S.T.S.; TOZZI, A.M.G.A.;
MEIRELES, J.E.; LIMA, L.C.P. ; OLIVEIRA, M.L.A.A.; FLORES, A.S.; TORKE, B.M.;
PINTO, R.B.; LEWIS, G.P.; BARROS, M.J.F.; SCHÜTZ, R.; PENNINGTON, T.;
KLITGAARD, B.B.; RANDO, J.G.; SCALON, V.R.; CARDOSO, D.B.O.S.; COSTA, L.C.
DA; SILVA, M.J. DA; MOURA, T.M.; BARROS, L.A.V. DE; SILVA, M.C.R.; QUEIROZ,
R.T.; SARTORI, A.L.B.; CAMARGO, R. A. & LIMA, I.B. 2014. Fabaceae In: Lista de
Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB115>. Acesso em: 01 Fev. 2014
LIMA, J.R., & MANSANO, V.F. 2011. A família Leguminosae na Serra de Baturité, Ceará, uma
área de Floresta Atlântica no semiárido brasileiro. Rodriguésia 62(3): 563-613.
136
LIMA, L.C.P. & OLIVEIRA, M.L.A.A. 2014. Aeschynomene In: Lista de Espécies da Flora do
Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
(http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22777). Acesso em: 21 Nov. 2014
LIMA, L.C.P. ; OLIVEIRA, M.L.A.A. & TOZZI, A.M.G.A. 2014. Desmodium In: Lista de
Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22934>. Acesso em: 21 Jan. 2014
LPWG 2013. Legume phylogeny and classification in the 21st century: progress, prospects and
lessons for other species-rich clades. Taxon 62(2): 217–248.
LUCKOW, M., MILLER, J.T., MURPHY, D.J. & LIVSHULTZ, T. 2003. A
phylogenetic analysis of the Mimosoideae (Leguminosae) based on chloroplast DNA 266
sequence data. In: B.B. Klitgaard & A. Bruneau (eds.). Advances in Legume
Systematics: Higher Level Systematics. Part 10. The Royal Botanic Gardens, Kew, p. 197-
220.
MACHADO, W.J., PRATA, A.P.N., & MELLO, A.A. 2012. Floristic composition in areas of
Caatinga and Brejo de Altitude in Sergipe state, Brazil. Check List 8(6), 1089-1101.
MANSANO, V.F. 2002. Revisão taxonômica do gênero Zollernia (Leguminosae, Papilionoideae,
Swartzieae) e estudos de ontogenia floral e filogenia no ramo Lecointea. Dissertação de
Doutorado. Universidade Estadual de Campinas. Campinas.
MANSANO, V.F. & BARROS, L.A.V. 2013. Brodriguesia In: Lista de Espécies da Flora do
Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB18146>. Acesso em: 06 Dez. 2013
MANSANO, V.F. & BARROS, L.A.V. 2014. Zollernia in Lista de Espécies da Flora do Brasil.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB29915>. Acesso em: 14 Abr. 2014
MANSANO, V.F. & LIMA, J.R. 2007. O gênero Swartzia Schreb. (Leguminoseae,
Papilionoidea) no estado do Rio de Janeiro. Rodriguésia 58(2):469-483
MANSANO, V.D.F.; TOZZI, A.M.G.A. & LEWIS, G.P. 2004. A revision of the South American
genus Zollernia Wied-Neuw & Nees (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae). Kew
Bulletin 59 (4): 497-520.
MANSANO, V.F.; PINTO, R.B. & TORKE, B.M. 2013. Swartzia In: Lista de Espécies da Flora
do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB23178> Acesso em: 21 Ago. 2013
137
MATIAS, L.Q. & NUNES, E.P. 2001. Levantamento florístico da Área de Proteção Ambiental
de Jericoacoara, Ceará. Acta Botanica Brasilica 15(1): 35-43.
MELO, Y.; CÓRDULA, E., MACHADO, S.R., & ALVES, M. 2011. Morfologia de nectários
extraflorais em Leguminosae senso lato em áreas de caatinga no Brasil. Acta Botanica
Brasilica 24(4): 1034-1045.
MENDES, K.; GOMES, P., & ALVES, M. 2010. Floristic inventory of a zone of ecological
tension in the Atlantic Forest of Northeastern Brazil. Rodriguésia 61(4): 669-676.
MIOTTO, S.T.S. & IGANCI, J.R.V. 2013. Indigofera In: Lista de Espécies da Flora do Brasil.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22979>. Acesso em: 19 Nov. 2013
MOHLENBROCK, R. 1961. A monograph of the Leguminous genus Zornia. Webbia 16(1): 1-
141.
MORI, S.A.; SILVA, L.A.M.; LISBOA, G. & CORADIN, L. 1989. Manual de manejo do
herbário fanerogâmico. Centro de Pesquisa do Cacau, Ilhéus.
MORO, M.F.; CASTRO, A.S.F. & ARAUJO, F.S. 2011. Composição florística e estrutura de um
fragmento de vegetação savânica sobre os tabuleiros pré-litorâneos na zona urbana de
Fortaleza, Ceará. Rodriguésia 62: 407-423.
NASCIMENTO-JÚNIOR, J.E. 2012. Flora de um trecho do Litoral Norte de Sergipe, Brasil.
Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
OLIVEIRA, A.C.A., & MELO, R. 2012. Ecodinâmica dos sistemas dunares do município de
Pirambu, Litoral Norte de Sergipe. Sociedade e Território 23(2): 2-20.
OLIVEIRA, A.C.A. 2008. Ecodinâmica das dunas Costeiras de Sergipe. Dissertação de
Mestrado. Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
OLIVEIRA-FILHO, A.T. 1993. Gradient analysis of as area of coastal vegetaition in the state of
Paraíba, northeastern Brazil. Edinburgh Journal of Botany 50 (2): 217-236.
OLIVEIRA-FILHO, A.T. & CARVALHO, D.A. 1993. Florística e fisionomia da vegetação no
extremo norte do litoral da Paraíba. Revista Brasileira de Botânica 16(1): 115-130.
PENNINGTON, R.T., LAVIN, M., IRELAND, H., KLITGAARD, B.B., PRESTON, J. & HU,
J.M. 2001. Phylogenetic relationships of basal papilionoid legumes based upon
sequences of the chloroplast trnL intron. Systematic Botany 26: 537-556.
138
PENNINGTON, T.D. 2003. Monograph of Andira (Leguminosae-Papilionoideae), Syst. Bot.
Monograf. 67: 1-113.
PENNINGTON, T. 2014. Andira In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do
Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22786>.
Acesso em: 04 jan. 2014
PEREZ, A.P.F. 2009. O gênero Zornia JF Gmel. (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae):
Revisão taxonômica das espécies ocorrentes no Brasil e filogenia. Dissertação de Doutorado.
Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
PEREZ, A.P.F. 2014. Vigna In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB29910>.Acesso
em: 22 Jan. 2014
PERGENTINO, T.C. 2007. Restingas de Sergipe: Contribuição ao conhecimento da sua
composição florística e análise sobre o status de conservação atual. Monografia, Pós-
graduação (Lato sensu) em Ecologia e Conservação de Ecossistemas Costeiros, Núcleo de
Ecossistemas Costeiros da Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
POLHILL, R.M & RAVEN, P.H (eds). 1981. Advances in Legume Systematics. Royal Botanic
Garden, Kew.
PIJL, L.V.D. 1982. Principles of dispersal in higher plants. Springer Verlag, New York.
QUEIROZ, L.P. 2009. Leguminosas da Caatinga. Editora Universitária da UEFS, Feira de
Santana, p. 443.
QUEIROZ, L.P. 2014. Canavalia In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do
Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22854>.
Acesso em: 07 Jan. 2014
QUEIROZ, L.P. 2014. Dioclea In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio
de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22948>.
Acesso em: 07 Jan. 2014
QUEIROZ, R.T. & LOIOLA, M.I.B. 2009. O gênero Chamaecrista Moench (Caesalpinioideae)
em áreas do entorno do Parque Estadual das Dunas de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil.
Hoehnea 36(4): 725-736.
QUEIROZ, R.T. & TOZZI, A.M.G.A. 2014. Tephrosia In: Lista de Espécies da Flora do Brasil.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB83842>. Acesso em: 09 Jan. 2014
139
RIZZINI, C.T. 1997. Tratado de Fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e
florísticos. Âmbito Cultural edições Ltda., Rio de Janeiro.
RODRIGUES‚ R.S. & TOZZI‚ A.M.G.A 2012. Revisão taxonômica
de Leptolobium (Papilionoideae‚ Leguminosae). Acta Botanica Brasilica 26(1): 146-164.
SACRAMENTO, A.C.; ZICKEL, C.S. & ALMEIDA-JR, E.B. 2007. Aspectos florísticos da
vegetação de restinga no litoral de Pernambuco. Revista Árvore 31(6): 1121-1130.
SANTANA, L.B. 2008. Análise geoambiental dos municípios costeiros de Barra dos Coqueiros e
Pirambu (SE). Dissertação de Doutorado. Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
SANTOS-FILHO, F.S. 2009. Composição florística e estrutural da vegetação de restinga do
estado do Piauí. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Botânica, Universidade
Federal Rural de Pernambuco, Recife.
SCALON, V.R. 2007. Revisão taxonômica do gênero Stryphnodendron Mart. (Leguminosae–
Mimosoideae). Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo.
SCHRIRE, B.D. 2005. Tribe Millettieae. In: Lewis, G.P.; Schrire, B.; Mackinder, B. & Lock, M.
(eds) Legumes of the world. Royal Botanics Gardens, Kew, p. 367 – 387.
SCHRIRE, B.D.; LEWIS, G.P. & LAVIN, M. 2005. Biogeography of the Leguminosae. In
Leguminosae of the world. In: Lewis, G.P.; Schrire, B.; Mackinder, B. & Lock, M. (eds.).
Royal Botanic Gardens, Kew, p. 21-54.
SILVA, A.C.C.; PRATA, A. P. N., & MELLO, A.A. 2013. Flowering plants of the Grota do
Angico Natural Monument, Caatinga of Sergipe, Brazil. CheckList 9(4): 733–739.
SILVA, J.S. & SALES, M.F. 2008. O gênero Mimosa (Leguminosae-Mimosoideae) na
microrregião do Vale do Ipanema, Pernambuco. Rodriguésia 59(3): 435-448.
SILVA, M.J.D. & TOZZI, A.M.G.A. 2012. Taxonomic revision of Lonchocarpuss. str.
(Leguminosae, Papilionoideae) from Brazil. Acta Botanica Brasilica 26(2): 357-377.
SILVA, M.J. & TOZZI, A.M.G.A. 2013. Lonchocarpus In: Lista de Espécies da Flora do Brasil.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22921>. Acesso em: 19 Nov. 2013
SILVA, S.M. & BRITEZ, R.M. 2005. A vegetação da Planície Costeira. In: MARQUES,
M.C.M.; BRITEZ, R.M. (org.). História Natural e conservação da Ilha do Mel. Curitiba:
Universidade Federal do Paraná, p.49-84.
140
SIMON, M.F. & PROENÇA, C. 2000. Phytogeographic patterns of Mimosa (Mimosoideae,
Leguminosae) in the Cerrado biome of Brazil: an indicator genus of high-altitude centers of
endemism?. Biological Conservation 96: 279-296.
SIMON, M.F., GRETHER, R., QUEIROZ, L.P., SÄRKINEN, T.E., DUTRA, V.F., & HUGHES,
C.E. 2011. The evolutionary history of Mimosa (Leguminosae): toward a phylogeny of the
sensitive plants. American Journal of Botany 98 (7), 1201-1221.
SOUZA, E.R. 2001. Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do gênero Calliandra Benth.
(Leguminosae – Mimosoideae) na Chapada Diamanti na, Bahia, Brasil. Dissertação de
Mestrado. Universidade Estadual de Feira de Santana. Feira de Santana.
SOUZA, E.R. 2014. Calliandra In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio
de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB18216>.
Acesso em: 22 Jan. 2014
SOUZA, V.C. 2014. Centrosema In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do
Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22870>.
Acesso em: 07 Jan. 2014
SOUZA, V.C. & BORTOLUZZI, R.L.C. 2013. Chamaecrista In: Lista de Espécies da Flora do
Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22876>. Acesso em: 06 Dez. 2013
TAKHTAJAN, A. 1997.Diversity and classication of owering plants. Columbia Univ. Press,
New York.
WOJCIECHOWSKI, M.F. 2003. Recontructing the phylogeny of legumes (Leguminosae): an
early 21 century perspective. In: Klingaard, B.B. & Bruneau, A. (ed.). Advances in
Legume systemátics, part 10, Higher Level Systematics, Royal Botanical Gardens, Kew, p. 5-
35.
WOJCIECHOWSKI, M.F.; LAVIN, M. & SANDERSON, M.J. 2004. A phylogeny of
Legumes (Leguminosae) basead on analysis of the plastid mat-K gene resolves many
well-supported subclades within the family. American Journal of Botany 91(11): 1846-1862.