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Review article/Artigo de revisão 158 Acta Obstet Ginecol Port 2015;9(2):158-169 *Aluna Faculdade Medicina da Universidade do Porto **Docente da Faculdade Medicina da Universidade do Porto e Assistente Hospitalar Graduada de Ginecologia e Obstetrícia INTRODUÇÃO A endometriose representa um importante problema clínico nas mulheres em idade reprodutiva que afe- ta igualmente todos os grupos étnicos e sociais com ele- vado impacto na qualidade de vida, na produtividade laboral e na gestão dos cuidados de saúde 1-4 . É uma doença ginecológica comum, benigna, crónica e es- trogénio-dependente que afeta 10-15% das mulheres em idade reprodutiva 5-10 . É definida pela presença de tecido endometrial ectópico funcionante e estroma para além dos limites do útero, ou seja, fora do endométrio e do miométrio 11-13 . A idade média do diagnóstico é dos 25 aos 29 anos 14,15 . Existem três formas major de endometriose: en- dometriose peritoneal superficial, endometriose ovári- ca (lesões císticas conhecidas como endometriomas) e a endometriose infiltrativa profunda (EIP), também referida por alguns autores como endometriose pélvica profunda 4,16,17 . A EIP representa aproximadamente 20 a 35% das doentes com o diagnóstico de endometriose. É uma en- tidade específica e define-se pela presença de implantes endometriais que infiltram o peritoneu por mais de 5 mm de profundidade ou pela infiltração dos liga- mentos uterossagrados e/ou músculos adjacentes e/ou invasão dos órgãos pélvicos 4,16,18 . É responsável por dor pélvica crónica, frequente- mente associada a dismenorreia e dispareunia profun- da, mas também por disquézia, retorragia, hemato- quézia e disúria 19-23 . É uma causa importante de infer- tilidade com uma prevalência de 0,5 a 5% nas mulheres férteis e de 20 a 40% nas mulheres inférteis 6,18,24-26 . A sua patogénese é controversa sendo propostas várias hipóteses entre as quais, a de Sampson (mens- truação retrógrada) a teoria da metaplasia celómica e a teoria da indução 1 . A localização mais típica das lesões é o comparti- mento posterior da pelve, afetando torus uterino e liga- mentos uterossagrados (53%), fundo de saco de Dou- glas e tubo digestivo (23%), vagina e septo retovaginal (16%) e ureter (2%). O compartimento anterior da pelve, também é sede de lesões incluindo o envolvi- mento parietal e inguinal, a bexiga, fundo de saco vesi- co-uterino, ligamentos anteriores suspensores do útero e ureteres 1,18,27 . A endometriose intestinal (EI) é uma das formas mais severas, afeta 5% a 37% das pacientes com en- dometriose infiltrativa profunda. O tecido endometri- al envolve a parede do intestino atingindo, pelo menos, The role of imaging in the diagnosis of deep endometriosis Papel da imagiologia na avaliação diagnóstica da endometriose profunda Marta Antunes*, Margarida Martinho** Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Abstract Deep infiltrative endometriosis (DIE) is defined by the presence of endometriotic implants penetrating the retroperitoneal space or the wall of pelvic organs for a distance of 5 mm or more. DIE affects approximately 20 to 35% patients with the diagnosis of endometriosis. Several imaging techniques have been used to evaluate DIE. Magnetic resonance imaging (MRI) seems to have the best diagnostic accuracy. A review was performed to evaluate the imaging methods currently used in the diagnosis of deep infiltrating endome- triosis and to determine the role of imaging in the diagnosis of DIE. Keywords: Deep endometriosis; Diagnosis; MRI; Ultrasonography; Computed tomography.

The role of imaging in the diagnosis of deep endometriosis Papel … · regulares, que são fixos quando comprimidos com a sonda 48,49 .Na endometriose intestinal devem ser avalia-

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Review article/Artigo de revisão

158 Acta Obstet Ginecol Port 2015;9(2):158-169

*Aluna Faculdade Medicina da Universidade do Porto**Docente da Faculdade Medicina da Universidade do Porto e AssistenteHospitalar Graduada de Ginecologia e Obstetrícia

INTRODUÇÃO

Aendometriose representa um importante problemaclínico nas mulheres em idade reprodutiva que afe-

ta igualmente todos os grupos étnicos e sociais com ele -vado impacto na qualidade de vida, na produtividadelaboral e na gestão dos cuidados de saúde1-4. É umadoença ginecológica comum, benigna, crónica e es-trogénio-dependente que afeta 10-15% das mulheresem idade reprodutiva5-10. É definida pela presença detecido endometrial ectópico funcionante e estroma paraalém dos limites do útero, ou seja, fora do endométrioe do miométrio11-13. A idade média do diagnóstico é dos25 aos 29 anos14,15.

Existem três formas major de endometriose: en-dometriose peritoneal superficial, endometriose ovári-ca (lesões císticas conhecidas como endometriomas) ea endometriose infiltrativa profunda (EIP), tambémreferida por alguns autores como endometriose pélvicaprofunda4,16,17.

A EIP representa aproximadamente 20 a 35% dasdoentes com o diagnóstico de endometriose.É uma en-tidade específica e define-se pela presença de implantes

endometriais que infiltram o peritoneu por mais de5 mm de profundidade ou pela infiltração dos liga-mentos uterossagrados e/ou músculos adjacentes e/ouinvasão dos órgãos pélvicos4,16,18.

É responsável por dor pélvica crónica, frequente-mente associada a dismenorreia e dispareunia profun-da, mas também por disquézia, retorragia, hemato-quézia e disúria19-23. É uma causa importante de infer-tilidade com uma prevalência de 0,5 a 5% nas mulheresférteis e de 20 a 40% nas mulheres inférteis6,18,24-26.

A sua patogénese é controversa sendo propostasvárias hipóteses entre as quais, a de Sampson (mens-truação retrógrada) a teoria da metaplasia celómica e ateoria da indução1.

A localização mais típica das lesões é o comparti-mento posterior da pelve, afetando torus uterino e liga -mentos uterossagrados (53%), fundo de saco de Dou-glas e tubo digestivo (23%), vagina e septo retovaginal(16%) e ureter (2%). O compartimento anterior dapelve, também é sede de lesões incluindo o envolvi-mento parietal e inguinal, a bexiga, fundo de saco vesi-co-uterino, ligamentos anteriores suspensores do úteroe ureteres1,18,27.

A endometriose intestinal (EI) é uma das formasmais severas, afeta 5% a 37% das pacientes com en-dometriose infiltrativa profunda. O tecido endometri-al envolve a parede do intestino atingindo, pelo menos,

The role of imaging in the diagnosis of deep endometriosisPapel da imagiologia na avaliação diagnóstica

da endometriose profunda

Marta Antunes*, Margarida Martinho**Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Abstract

Deep infiltrative endometriosis (DIE) is defined by the presence of endometriotic implants penetrating the retroperitonealspace or the wall of pelvic organs for a distance of 5 mm or more. DIE affects approximately 20 to 35% patients with thediagnosis of endometriosis. Several imaging techniques have been used to evaluate DIE. Magnetic resonance imaging(MRI) seems to have the best diagnostic accuracy.

A review was performed to evaluate the imaging methods currently used in the diagnosis of deep infiltrating endome-triosis and to determine the role of imaging in the diagnosis of DIE.

Keywords:Deep endometriosis; Diagnosis; MRI; Ultrasonography; Computed tomography.

Marta Antunes, Margarida Martinho

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o tecido adiposo da subserosa. O cólon retossigmóideé o local mais atingido (cerca de 85%), seguindo-se doíleo, apêndice e ceco28-31.

Endometriose ureteral (EU) é uma entidade rara(0,08%-6%), habitualmente unilateral e maioritaria-mente associada a endometriose do septo retovaginal.A EU pode ser classificada como intrínseca, quando otecido endometrial infiltra a muscular própria ou mu-cosa ureteral e representa 20-25% dos casos; ou ex-trínseca, quando o tecido endometrial invade a adven-tícia ureteral e tecido conjuntivo envolvente represen-tando 75-80% dos casos28, 32-34.

O diagnóstico de EIP permanece um dilema.É comfrequência efetuado por exclusão e tardiamente, ocor-rendo por vezes até sete anos após o início da dor ouapós vários anos de tratamentos de procriação medica-mente assistida sem sucesso18,35.

Durante as últimas duas décadas, a prevalência temaumentado provavelmente por maior sensibilizaçãopara o diagnóstico e referenciação das doentes36.

Apesar da correlação entre os sintomas e as diferen -tes localizações da EIP, o exame físico é fundamental,mas tem uma capacidade limitada para o diagnósticoe avaliação da mesma20,37-39.

A laparoscopia permanece o gold standard para o di-agnóstico e avaliação da extensão da doença; no en-tanto, é um método invasivo e possui algumas limi-tações, nomeadamente nas lesões endometrióticas pro-fundas, muitas vezes ocultadas por aderências ou lo-calizadas no espaço retroperitoneal40,41.

Vários métodos de imagem, tais como a ecografiatransvaginal, ecografia transretal, ressonância magné -tica, entre outros, têm sido usados para melhorar o di-agnóstico não invasivo de EIP. Esta revisão tem comoobjetivo avaliar estes métodos imagiológicos no dia -gnóstico da EIP. Procura-se, deste modo, determinaro método com melhor acuidade e que permita um dia -gnóstico mais precoce e preciso, permitindo, também,uma avaliação pré-operatória mais adequada nasdoentes propostas para tratamento cirúrgico.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa bibliográfica foi realizada em outubro enovembro de 2013, na MEDLINE, através daPubmed. Utilizaram-se as palavra-chaves “Deep En-dometriosis” AND “Magnetic Ressonance Imaging”AND “Ultrasonography” AND “Sonography”, e res -tringiu-se a pesquisa a ensaios clínicos, estudos com-

parativos, estudos aleatorizados, artigos de revisão,meta-análises, publicados entre 1999 e 2013, dispo -níveis como artigos completos e escritos em Portuguêse Inglês. Esta pesquisa produziu 147 artigos, (dois de-les repetidos), cujos títulos e resumos foram analisados.Destes foram selecionados os que abordassem exclusi-vamente o diagnóstico imagiológico de endometrioseprofunda excluindo-se os artigos referentes a patolo-gias relacionadas a sintomas, a fatores de risco, ao esta-diamento, ao tratamento farmacológico ou cirúrgico,complicações, seguimento e a outros métodos dediagnós tico. Finalmente foram selecionados 62 artigospara leitura integral,mas 15 foram excluídos por não serpossível o acesso livre. Depois da leitura integral, 2foram excluídos por não abordarem o tema e 45 foramselecionados. Da avaliação manual das referências dosartigos incluídos, resultou a inclusão de 4 publicaçõesnum total de 49 artigos.

RESULTADOS

Os autores apresentam os dados da literatura quantoao papel dos diferentes métodos imagiológicos nodiagnós tico das diferentes formas de endometriose pro-funda, analisando-os individualmente ou comparan-do-os entre si na sua capacidade de diagnóstico.

EcografiaA ecografia, nas suas diferentes modalidades, tem vin-do a ser utilizada para o estudo de mulheres com sus-peita clínica de EIP.

ECOGRAFIA TRANSVAGINAL BIDIMENSIONAL (2D)Ao longo da última década, a ecografia transvaginalmelhorou a qualidade da avaliação não invasiva das pa-cientes com suspeita de patologia pélvica, por isso temsido recomendada para a avaliação inicial em mulherescom suspeita de EIP. Permite uma extensa exploraçãoda pelve e a deteção de EIP com uma boa acuidade emcerca de 86,4% dos casos42-47.

O diagnóstico ecográfico de EIP baseia-se emcritérios morfológicos que variam de acordo com a lo-calização anatómica e incluem: espessamento linearhipoecóico e nódulos/massas com ou sem contornosregulares, que são fixos quando comprimidos com asonda48,49.Na endometriose intestinal devem ser avalia -dos vários parâmetros, tais como o tamanho da lesão,número de lesões, percentagem da circunferência (es-

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timada numa secção axial), grau de infiltração daparede e a distância entre o limite inferior da lesão e amargem anal18.

Em 2011, Coccia et al, propuseram um sistema deestadiamento ecográfico da EIP em compartimentos(anterior, posterior e lateral) baseados na relaçãoanatómica entre as lesões e útero, considerando o as-peto destas (placa, nódulo ou espessamento linear) as-sim como, no caso do intestino, a sua relação com asdiferentes camadas da sua parede10. No entanto, aecografia transvaginal parece detetar de forma maisprecisa a infiltração endometriótica da camadaserosa/muscular lisa da parede retal do que a da cama-da submucosa/mucosa50.

Quando complementada pela avaliação do desliza-mento da parede anterior do cólon retossigmóide emrelação ao fundo de saco posterior pode, na ausênciadeste sinal, predizer a obliteração do fundo de saco deDouglas traduzindo aderências reto-vaginais51, 52.

A sua capacidade diagnóstica é variável e dependesobretudo dos locais anatómicos afetados47,53,54 . Emgeral, a sensibilidade e especificidade da ecografiatransvaginal, são descritas como sendo de 61% e 99%para endometriose vesical, 52 % e 96% para a do sep-to retovaginal, 69% e 98% para a do cólon sigmóide ede 65% e 99% para a retal55.

Tem a vantagem de não ser afetada pelo ciclo mens -trual, de ser bem tolerada, amplamente disponível e debaixo custo. Os seus maiores inconvenientes são a di-ficuldade de investigar a porção cranial do cólon sig-móide, a impossibilidade de detetar endometriose ileal(apesar de rara), a sua incapacidade de medir exata-mente a distância entre o limite inferior da lesão e a

margem anal e de ser extremamente dependente dooperador18,27,42-45,56.

A qualidade do exame pode ser prejudicada pela dor,por um útero fortemente retrofletido/retrovertido epela presença de miomas uterinos. Finalmente, para odiagnóstico de EIP, possui uma curva de aprendiza-gem longa e a precisão diagnóstica decresce conside -ravelmente com a distância entre a sonda e as lesões18.

ECOGRAFIA TRANSVAGINAL 2D COMBINADA COMCONTRASTE DE ÁGUA NO RETO

Apresenta uma acuidade mais elevada que a ecografiatransvaginal sem contraste, no diagnóstico de en-dometriose retal, com uma sensibilidade descrita poralguns autores de 97,7% e especificidade de 100%. Noentanto, possui menor especificidade no diagnósticode lesões endometrióticas localizadas nos ligamentosuterossagrados, área retrocervical e fundo de saco deDouglas21.

ECOGRAFIA TRANSVAGINAL 2D APÓS PREPARAÇÃOINTESTINAL

Consiste na realização do exame após preparação elimpeza intestinal. Em relação à ecografia 2D isoladae no caso da EI, a informação é mais precisa no queconcerne ao tamanho e número das lesões e às camadasdo intestino afetadas pelos implantes endometriais. Adistância entre o bordo inferior da lesão endome -triótica mais caudal e a margem anal, também é avalia -da com maior precisão.

No caso específico da endometriose retossig-moideia, permite maior precisão diagnóstica, com sen-sibilidade de 81% e de 83% na deteção da infiltraçãosubmucosa/mucosa57-58.

A ECOGRAFIA TRANSVAGINAL“TENDERNESS-GUIDED” (GUIADA PELODESCONFORTO/DOR DA PACIENTE)Esta técnica, consiste na introdução de 12 ml de gelno invólucro da sonda, criando uma janela acústica en-tre a sonda transvaginal e as estruturas circundantes.Durante o exame é pedido às pacientes para indicar aszonas mais sensíveis à pressão da sonda sendo estas es-tudadas com maior atenção58,59 . Saccardi et al, em2012, obtiveram com este método uma especificidadee sensibilidade, respetivamente, de 95% e 90% na de-tecção de EIP, em geral59.

Quando considerada a endometriose vaginal e re-tovaginal, tem uma elevada especificidade e sensibili-dade. Para a EIP envolvendo os ligamentos uterossa -

FIGURA 1. Ecografia transvaginal, demonstrando lesão deendometriose vesical

Marta Antunes, Margarida Martinho

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grados, cólon retossigmóide e do compartimento an-terior, tem boa especificidade mas baixa sensibilidadee, por isso, pode assumir-se como um complemento àecografia transvaginal clássica procurando diminuir otempo para o diagnóstico60-62.

ECOGRAFIA TRANSVAGINAL COM CONTRASTE

SALINO INTRAVAGINAL

Descrita em 2003 por Dessole et al, com o objetivo deobter dados mais fidedignos quanto à localização, ex-tensão e à infiltração dos implantes no septo retovagi-nal e estão descritas para esta técnica, uma sensibili-dade de 90,6% e especificidade de 85,7%63.

ECOGRAFIA TRANSVAGINAL TRIDIMENSIONAL (3D)É um procedimento atual, estando descritas várias van-tagens relativamente à ecografia clássica. Downey etal, referem ser altamente reprodutível com uma ima -gem que pode ser reconstruída após um único varri-mento do feixe ultrassonográfico. Permite aceder a umgrande número de planos e as imagens armazenadaspodem ser avaliadas e comparadas pelo mesmo ou ou -tros examinadores. A ecografia 3D também possibili-ta a integração da técnica “tenderness- guided”, umamelhor visualização dos fórnices anterior e posterior,mostrar diferentes planos simultaneamente e facil-mente descrever a relação com órgãos vizinhos,nomeadamente com o colo do útero64-65. A ecografiatransvaginal 3D parece ser um método eficaz no dia -gnóstico de endometriose do septo retovaginal e deveser incluído na avaliação de pacientes com suspeitaclínica de EIP64,66.

ECOGRAFIA TRANSRETALÉ outra via de abordagem que pode ser usada paraidentificar o envolvimento intestinal, a profundidadedas lesões e para detetar lesões na parede vaginal pos-terior, mas não demonstrou ser superior à ecografiatransvaginal, parecendo mesmo ser inferior na maio -ria dos casos4,43.

SONORRETOVAGINOGRAFIAMétodo de imagemque poderá ter interesse na pesquisade focos de EIP na região do compartimento posteriorda pelve. Procede-se à instilação de uma solução salinae gel de ecografia esterilizado na vagina, fundo de sacode Douglas e reto, durante a laparoscopia67.

Tem o potencial de aumentar a precisão diagnósti-ca para a endometriose do compartimento posterior epermite a avaliação da dificuldade cirúrgica67.

Enema baritado de duplo contrasteDos exames contrastados radiológicos clássicos, desta-ca-se o enema baritado com duplo contraste (EBDC).Demonstrou, inicialmente, ter resultados promissoresna avaliação de pacientes com suspeita clínica de EIPintestinal quando realizado por radiologistas experien -tes, mas as imagens do EBDC não são específicas deEIP e é necessário o diagnóstico diferencial com ou -tras patologias intestinais68-71.

As imagens do tipo espícula, estenose e efeito demassa que sugere compressão extrínseca, são para al-guns autores muito sugestivas de endometriose in-testinal69.

A incidência de perfil é útil na avaliação do espaçoretro-uterino, estabelecendo a altura da lesão e forneceinformações importantes em caso de intervenção cirúr-gica72.

A eficácia diagnóstica do enema de bário depende,essencialmente, de quatro fatores: minuciosa limpezado cólon, seleção da técnica radiológica adequada, con-trolo de qualidade durante o exame e interpretaçãometiculosa das imagens73.A manipulação das posiçõesdo doente durante o exame é fundamental na obtençãode boas imagens e de um resultado confiável74.

Como vantagens adicionais do EBDC, destaca-sea identificação de EIP no íleo, a sua disponibilidade,baixo custo e ser pouco invasivo68,69.

As desvantagens apontadas são a necessidade depreparação intestinal rigorosa, um tempo de execuçãomais demorado e a exposição a radiação ionizante22.

A sua utilização poderá ser útil, como método dediagnóstico da endometriose intestinal, por ser ummétodo capaz de detetar lesões sugestivas e auxiliar nodiagnóstico diferencial de outras patologias, especial-mente em situações onde as outras modalidades ima-giológicas não estejam disponíveis75-76.

Tomografia computorizadaA tomografia computorizada (TC) multicorte apósdistensão hídrica do cólon e administração de contrasteiodado endovenoso, tem sido usada recentemente comresultados satisfatórios no diagnóstico da EIP intesti-nal e ureteral27. Com uma sensibilidade de 100% e72,2% e especificidade de 97.6% e 100%, respetiva-mente, é um método diagnóstico preciso e reprodutí -vel, principalmente no envolvimento intestinal.O graude envolvimento mural é corretamente definido emcerca de 90% dos casos28. No caso do intestino, per-mite uma exploração completa de todo o cólon e aidentificação e definição do tamanho das lesões in-

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testinais27,28. Tendo em consideração a EIP intestinal,deve-se ter particular atenção a alterações do lúmen,espessamento mural e a presença de massas na regiãoretossigmoideia. O advento da colonoscopia virtual,permitiu acesso a mais um método de imagem compotencial promissor no diagnóstico da EIP intestinal;no entanto, embora com sensibilidade de 96%, nas al-terações luminais da região retossigmoideia, a especi-ficidade é de 48%28.

É necessário ter em consideração que a dose de ra-diação não é negligenciável neste método imagiológi-co.Deve ser usada criteriosamente, nomeadamente emdoentes com contraindicação para ressonância magné -tica28.

Ressonância magnéticaRESSONÂNCIA MAGNÉTICA SIMPLESA ressonância magnética (RM) é considerada o méto-do não invasivo de eleição para diagnóstico, avaliaçãoda topografia e estadiamento das lesões endometrióti-cas infiltrativas profundas e deve considerar-se nadefinição da estratégia cirúrgica1,27,73,74,77.

O protocolo standard descrito, inclui três sequên-cias: um plano axial com imagem ponderada em T1com supressão de gordura, um plano axial-oblíquo comimagem ponderada em T2, com cortes finos de 3 mmno plano dos ligamentos uterossagrados (perpendicu-lar ao cérvix) e um plano sagital com imagem ponde -rada em T278. Existem sequências complementares aoestudo protocolado como a sequência oblíquo-axialcom secção fina ponderada emT2 para a avaliação dosligamentos uterossagrados e a sequência num planocoronal com imagem ponderada em T2 que permiteuma melhor visualização do cólon sigmóide79,80.

O diagnóstico de EIP pela RM assenta na inte-gração da intensidade de sinal, anomalias morfológi-cas e presença de fibrose circundante. As característi-cas do sinal variam em função da distribuição do es-troma comparativamente ao elemento glandular, pre-sença de hemorragia e extensão da reaçãoinflamatória81. Lesões puramente fibrosas possuemhiposinal emT1 eT2 e as com componente glandularsignificativo demonstram hipersinal em T1 e T281-83.Um grande desafio na EIP posterior é distinguir lesõesendometrióticas, que pela sua importante componentefibrótica aparecem como sinal hipointenso em T2 etêm uma intensidade de sinal e imagem semelhante àsestruturas anatómicas circundantes82,83. A dificuldadeé acrescida pela proximidade dessas estruturas e pelofato dos implantes de endometriose poderem apresen-

tar-se apenas com alterações subtis de sinal84.Em 2004, Bazot el al, mostraram que a RM tinha

uma acuidade elevada na predição da localização e ex-tensão da doença em pacientes com EIP com uma sen-sibilidade de 90,3% e especificidade de 91%80.

A RM tem a possibilidade de avaliação ampla dacavidade pélvica e abdominal permitindo uma análisepormenorizada, como é o caso do grau de extensãoparietal, de invasão da porção muscular da parede, adistância entre o bordo inferior da lesão e a margemanal e se o fundo de saco de Douglas está ou não oblite -rado5,85. L.Marçal et al, em 2010, afirmaram que a RMé um método de imagem não invasivo extremamenteútil para a avaliação de EIP e que é capaz de demons -trar os implantes endometrióticos mesmo no contex-to de “frozen pelvis”86.

No caso da EIP do compartimento posterior, a pre-cisão diagnóstica é variável de acordo com a regiãoanatómica, sendo maior para o septo retovaginal(93,5%) e menor para os ligamentos uterossagrados(84,8%). A sensibilidade e especificidade têm flutua -ções de acordo com os protocolos elaborados (prepa-ração intestinal, administração de fármacos anti-peris -tálticos e sequências RM adicionais)8,87,88.

O envolvimento ligamentar é visto como um espes-samento nodular assimétrico iso ou hipointenso em re-lação ao miométrio, nas imagens em T2. O envolvi-mento de ambos os ligamentos uterossagrados é asso-ciado a um envolvimento do torus uterino, sendo visí -vel como um espessamento arqueado retrocervical18.Em 1999, Kinkel et al, mostraram que a RM tinha acapacidade de mostrar ligamentos uterossagradosanormais e de os diferenciar de um ligamento ute -rossagrado normal89.

O envolvimento retossigmóide profundo, aparececomo um espessamento nodular da camada musculardo reto ou do cólon sigmóide, com sinal similar aosmúsculos pélvicos em T1 e T289. A imagem pondera-da emT2,mostra um aspeto tipo “mushroom cup” quecorresponde histologicamente à hipertrofia da cama-da muscular própria, retração fibrótica e à convergên-cia da serosa e que, segundo J.H.Yoon et al, pode, serum sinal característico de EIP retossigmóideia77,90.

O envolvimento da junção retossigmóide pode noentanto, justificar o diagnóstico diferencial com outraspatologias intestinais77.O envolvimento da mucosa éraro e aparece como uma massa transmural crescente7.

A EIP anterior que ocorre anteriormente ao planocoronal centrado no útero, é menos frequente masmerece também ser referida. Na endometriose ante -

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rior são incluídas as lesões do trato urinário, do liga-mento redondo e do canal de nuck7.

O envolvimento da bexiga aparece como uma mas-sa papilar no lúmen vesical91. A RM alcança uma sen-sibilidade até 88%, uma especificidade de 99% e umaacuidade de diagnóstico de cerca de 98%, uma vez quepermite uma boa visualização do miométrio, espaçovesicouterino e a cúpula da bexiga, sendo estes os lo-cais mais comuns de lesões7,77,86,92. Estas consideraçõesjustificam a utilização da RM como exame comple-mentar em casos complexos de endometriose comaderências extensas e como o exame de referência parao diagnóstico de endometriose da bexiga.93-95

Relativamente à endometriose ureteral, pode reve-lar sinais diretos, tais como um nódulo ou uma massaa invadir o ureter ao longo do seu curso ou da junçãoureterovesical, ou sinais indiretos, como a presença dehidronefrose ureteropélvica superior à lesão suspeita7.

A endometriose do ligamento redondo (porções ex-tra e intraperitoneal) corresponde, apenas, entre 0,3 a0,6% dos casos de pacientes com endometriose. Nes -ses casos, o ligamento aparece espessado, geralmentecom mais de 1 cm e pode ser irregular, ocasionalmentecom aparência nodular96.

O canal de nuck é um remanescente embrionário docanal peritoneovaginal perto dos lábios maiores que seprolonga pelo ligamento redondo através do tecido

subcutâneo.É muito raro e corresponde apenas a 0,5%dos casos.A RM pode dar o diagnóstico quando se vi-sualiza uma lesão fibro-hemorrágica na proximidadedo canal inguinal97.

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA COM CONTRASTE

VAGINAL E RETAL

Na tentativa de compensar as limitações da RM sim-ples foi avaliada a sua associação com a colocação de gelretal e vaginal antes do exame93.Tal procedimento re-laxa as paredes da vagina e permite um melhor delinea -mento dos fórnices cervical e vaginal promovendo umamelhor visualização da área retrocervical e a deteçãode um número crescente de lesões no septo retovagi-nal98,99. Esta opacificação dupla permite a identificaçãode mais lesões de pequenas dimensões99.

O fator mais importante da utilização do gel é o seuhipersinal em T2 que contrasta com o hiposinal dasestruturas circundantes, nomeadamente da vagina e doreto100.

Em 2009, Chassang et al, demonstraram umamelho ria significativa na sensibilidade da RM na de-teção de lesões de EIP, após opacificação vaginal e re-tal com gel. Os resultados sugerem que é uma técnicapromissora na deteção de lesões de endometriose queinfiltram a vagina e o septo retovaginal98. No entanto,

FIGURA 2. Ressonância magnética de lesão endometriótica uterossagrada e sigmoide à direita (plano sagital) FIGURA 3. Ressonância magnética de lesão endometriótica

uterossagrada e sigmoide à direita (plano axial)

The role of imaging in the diagnosis of deep endometriosis

164 Acta Obstet Ginecol Port 2015;9(2):158-169

o ganho no diagnóstico foi mais moderado nas lesõesde endometriose localizadas no torus uterino e nosliga mentos uterossagrados79,98. Não foram detetadasmais lesões que envolvessem a cólon retossigmóide ouespaço retouterino que a RM sem opacificação99,100.

Em 2010, Marçal et al, sugerem que o uso de con-traste retal e vaginal é útil para melhorar o delinea-mento da anatomia e no mapeamento da extensão dadoença86.

Em 2011, Fiaschetti et al, referem que apenas aopacificação da vagina deve ser recomendada em pa-cientes com suspeita de EIP, em particular para a ava -lia ção do septo retovaginal, do fórnix vaginal poste riore da parede anterior do reto ou da junção retossigmoi -deia84.

Com o intuito de melhorar a precisão diagnóstica,têm sido usadas outras soluções adjuvantes, como o usode antiespasmódicos, enemas e a utilização de umasonda endocavitária.No entanto, nenhuma destas téc-nicas ajudou a melhorar o diagnóstico de EIP no sep-to retovaginal e na vagina98,101-103.

De salientar, que a acuidade diagnóstica das se-quências de imagens após administração de gadolínio(contraste magnético) não foi mais elevada para o di-agnóstico de endometriose no cólon retossigmóide,vagina e bexiga e também não permitiu diferenciarmelhor as lesões infiltrativas das outras estruturas fi-

bromusculares, tais como as estruturas pélvicas nor-mais100.

A RM de difusão foi também avaliada e no caso daEIP, os valores do coeficiente de difusão aparente sãoconsistentemente baixos, independentemente da sualocalização pélvica104.

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA TRIDIMENSIONAL (3D)As reconstruções tridimensionais começam também ater resultados encorajadores para o diagnóstico de EIPpermitindo o cálculo do volume e mapeamento daslesões. Possibilitam, também, demonstrar a infiltraçãodas paredes da bexiga e do retossigmóide mesmo noscasos de “frozen pelvis”. A acuidade diagnóstica da RM3D, comparativamente à clássica é, respetivamente, de86% e 67% para a localização, de 86% e 67% para a di-mensão, de 79% e 58% para a infiltração retossigmoi -deia e de 92% e 75% para a infiltração da bexiga105.

Vários autores referem que se a reconstrução 3Dfosse incluída em todos os protocolos, poderia aumen-tar a sensibilidade diagnóstica, fundamentalmente paraa avaliação do fundo de saco vesico-uterino105.

A RM complementada com colonografia emergetambém como um método inovador que deve serconsiderado em todas as pacientes com suspeita clíni-ca de endometriose colo-retal ou quando a RM debase reve la lesões pélvicas profundas graves com pos-

FIGURA 4. Ressonância magnética de lesão endometriótica (plano axial)

FIGURA 5. Ressonância magnética de lesão endometriótica (planocoronal)

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sível envolvimento intestinal106. Deve ser usada comoum complemento, representando uma melhoria si -gnificativa nas capacidades diagnósticas da RM isola-da, permitindo a deteção de um maior número delesões107.

DISCUSSÃO

A ecografia transvaginal, é uma técnica amplamentedivulgada e acessível, de custo baixo e tem uma boa ca-pacidade de avaliar e explorar a pelve. Os estudosmostram que tem uma boa acuidade diagnóstica paraa EIP embora esta varie em função da localização daslesões.Tem como principais limitações diagnósticas, aavaliação de lesões intestinais altas sobretudo as ileais,a avaliação da infiltração da camada submucosa-mu-cosa do intestino e a determinação da distância entreo limite inferior das lesões e a margem anal18,27,42-45,56.

O recurso a modificações da técnica habitual comoa pesquisa do sinal de deslizamento, a orientação doexame pela sensibilidade/dor da paciente, a utilizaçãode outras vias de abordagem, a colocação de produtosde contraste na cavidade vaginal e/ou retal ou apreparação intestinal prévia, têm vindo a ser usadoscom o objetivo de incrementar a acuidade diagnósticada ecografia transvaginal 2D e também da 3D. Aausência do sinal de deslizamento da parede anteriordo cólon retossigmóide em relação ao fundo de sacoposterior, pode predizer a obliteração do fundo de sacode Douglas por aderências retovaginais e a avaliaçãomais detalhada das zonas de maior sensibilidademelho ra significativamente a acuidade diagnósticapara a endometriose vaginal e retovaginal51,52.

A ecografia transretal não parece ser superior à viatransvaginal na avaliação da EIP.A ecografia transvagi-nal com contraste salino intravaginal parece aumentara capacidade de deteção da endometriose do septo re-tovaginal, assim como a colocação de contraste retalaumenta a deteção de endometriose retal 4,43.

A ecografia transvaginal 3D por comparação com a2D, tem a vantagem de ser altamente reprodutível, per-mitir aceder a um elevado número de planos e possi-bilitar a reconstrução de imagens que podem ser ar-mazenadas e posteriormente avaliadas e comparadas.Permite ainda a integração da técnica guiada pela sen-sibilidade (“tenderness-guided”) e uma melhor visuali -zação da cavidade pélvica, dos órgãos e espaços e a suarelação entre si, devendo ser incluída na avaliação depacientes com suspeita clínica de EIP64-65.

Dos exames contrastados radiológicos clássicos, oenema baritado com duplo contraste pode ser impor-tante para o diagnóstico da endometriose intestinal,nomeadamente ileal. Por ser um método capaz de de-tetar lesões sugestivas mesmo a um nível alto e auxi liarno diagnóstico diferencial de outras patologias, poderáter interesse sobretudo quando não estão disponíveisoutros métodos de imagem75-76.

A tomografia computorizada multicorte após dis-tensão hídrica do cólon e administração de contrasteiodado endovenoso, tem sido usada recentemente, comresultados satisfatórios no diagnóstico da EIP intesti-nal e ureteral, mas menos satisfatórios no caso da en-dometriose do septo retovaginal. No entanto, con-siderando que a dose de radiação não é negligenciá vel,deve reservar-se para as pacientes com contraindicaçãopara a RM, com sinais e sintomas altamente sugestivosde EIP intestinal localizado na parte superior dosigmói de27,28.

A RM clássica tem uma acuidade diagnóstica su-perior à ecografia transvaginal no diagnóstico de lesõesureterais, da junção retossigmóide e da bexiga. A RMmostrou também ser superior no diagnóstico de es-tenoses intestinais, de focos endometrióticos na porçãomais superior do cólon e no intestino delgado. A RMtem como uma das limitações principais a sua dificul-dade em determinar com exatidão o grau de infiltraçãodas lesões endometriais profundas, sobretudo no casoda endometriose intestinal e distinguir entre as lesõeslimitadas à camada muscular e as que invadem as ca-madas mais profundas. O custo elevado e de acessomais difícil são desvantagens adicionais5,80,85,87,88.

A RM associada à opacificação vaginal com gel, au-menta a deteção das lesões endometrióticas do fórnixvaginal posterior e septo retovaginal e de uma formamais moderada as lesões nos ligamentos uterossagra-dos98,99. Quando complementada com colonografia,aumenta a capacidade de deteção da endometriose in-testinal, nomeadamente colo-retal106,107.

Finalmente, a RM tridimensional, ainda que emprocesso de avaliação, parece aumentar a acuidadediagn óstica da RM clássica105.

A ecografia transvaginal guiada pela sensibilidadeda paciente e a RM têm demostrado resultados aproxi -mados na identificação de endometriose retossigmoi -deia e têm um papel complementar no diagnósticodessa entidade60,62. Quanto à avaliação do septo reto-vaginal e do compartimento anterior, a ecografia compreenchimento vaginal tem uma boa capacidadediagnós tica e compete com a RM pélvica61.

The role of imaging in the diagnosis of deep endometriosis

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CONCLUSÃO

A laparoscopia permanece o gold standard para o dia -gnóstico e avaliação da extensão da doença,mas tem al-gumas limitações nomeadamente nas deteção daslesões endometrióticas profundas,muitas vezes escon-didas por aderências ou localizadas no espaçoretroperitoneal.Assim, a avaliação imagiológica destasdoentes, assume particular interesse como comple-mento da avaliação clínica e permite a programação deum procedimento cirúrgico de forma mais eficiente.

A ecografia transvaginal 2D, em função da sua aces-sibilidade, facilidade de execução e baixo custo, é ain-da considerada como o método de imagem de primeiralinha no diagnóstico de endometriose profunda. Maisrecentemente a ecografia 3D, sobretudo quando com-plementada com preenchimento com contraste dacavidade vaginal e/ou retal, vê melhorada a sua ca-pacidade diagnóstica, devendo ser incluída na avalia -ção de pacientes com suspeita clínica de EIP.

A RM, é o exame com maior acuidade diagnósticamas, pelos seus custos e dificuldade de acesso, é reser-vada para as situações em que surgem dúvidas no dia -gnóstico, especialmente, quando se considera o trata-mento cirúrgico.

Independentemente do método imagiológicodisponível ou a desenvolver, a ênfase deve manter-seem incrementar a acuidade diagnóstica. Deste modo,permite um diagnóstico mais preciso e proporcionauma terapêutica cirúrgica mais adequada, minimizan-do os riscos associados ao tratamento.

CONFLITOS DE INTERESSESSem conflitos de interesse.

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