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SYLVIA MARIA DEMOLINARI LOPES CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES GERADOS NA LIMPEZA DE TANQUES DE EXPANSÃO UTILIZADOS PARA ARMAZENAMENTO DE LEITE CRU Dissertação apresentada ao Campus Rio Pomba, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em “Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos” para a obtenção do título de Mestre. RIO POMBA MINAS GERAIS BRASIL 2016

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SYLVIA MARIA DEMOLINARI LOPES

CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES GERADOS NA LIMPEZA DE

TANQUES DE EXPANSÃO UTILIZADOS PARA ARMAZENAMENTO

DE LEITE CRU

Dissertação apresentada ao Campus Rio Pomba, do

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do

Sudeste de Minas Gerais, como requisito parcial para a

conclusão do curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em

“Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de

Alimentos” para a obtenção do título de Mestre.

RIO POMBA

MINAS GERAIS – BRASIL

2016

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SYLVIA MARIA DEMOLINARI LOPES

CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES GERADOS NA LIMPEZA DE

TANQUES DE EXPANSÃO UTILIZADOS PARA ARMAZENAMENTO

DE LEITE CRU

Dissertação apresentada ao Campus Rio Pomba, do

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do

Sudeste de Minas Gerais, como requisito parcial para a

conclusão do curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em

“Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de

Alimentos” para a obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Vanessa Riani Olmi Silva

RIO POMBA

MINAS GERAIS – BRASIL

2016

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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Jofre Moreira – IFET/RP Bibliotecária: Tatiana dos Reis Maciel CRB 6 / 2711

L864c Lopes, Sylvia Maria Demolinari.

Caracterização de eflutentes gerados na limpeza de tanques de

expansão utilizados para armazenamento de leite cru. / Sylvia Maria

Demolinari Lopes. – Rio Pomba, 2016.

48f. : il.

Orientador: Prof.ª Dsc. Vanessa Riani Olmi Silva.

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós Graduação Stricto Sensu

em Ciência e Tecnologia de Alimentos - Instituto Federal do Sudeste

de Minas Gerais - Campus Rio Pomba.

1. Alimentos. 2. Produção de leite - armazenamento. 3. Efluentes -

atividade leiteira. I. Silva, Vanessa Riani Olmi (orient.). II. Título.

CDD: 637.1

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ii

Dedico este trabalho a minha filha Anna Clara,

que tem o dom de me proporcionar os sorrisos

mais sinceros.

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iii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus por mais esta oportunidade e por estar sempre

me abençoando e amparando nos momentos difíceis.

À Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio

financeiro.

À Profa. Dra. Vanessa Riani Olmi Silva, que foi mais que uma orientadora, uma

verdadeira amiga que me orientou e estimulou ao longo de todo trabalho.

Minha eterna gratidão ao Prof. Dr. Roselir Ribeiro da Silva pela disponibilidade,

colaboração, conhecimentos transmitidos e por não medir esforços para me orientar e auxiliar.

Ao Prof. Dr. Maurílio Lopes Martins pela orientação, amizade, incentivo,

contribuições e atenção.

Ao Prof. Dr. André Narvaes da Rocha Campos pela confiança, conhecimentos

transmitidos além da disposição em colaborar com as análises estatísticas desta pesquisa.

Ao Prof. Dr. Marcelo Henrique Otenio pela ideia do projeto e pelas valiosas sugestões.

Ao bolsista Fábio Lúcio Silva Sandim, que me ajudou em várias análises e coletas de

campo.

Agradeço aos proprietários dos tanques de expansão por confiarem nesta pesquisa.

Aos laboratoristas Jhonatan Faria da Costa, Renata Cristina de Almeida Bianchini

Campos, Rosélio Martins Vieira e Patrícia Rodrigues Condé pela paciência e disposição em

contribuir nas análises e dúvidas das intermináveis horas de laboratório.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais –

Campus Rio Pomba, pela oferta do curso e pelo apoio concedido para que esta missão fosse

cumprida. Ao Departamento de extensão que sempre deu suporte para a realização das

coletas, em especial, agradeço de coração ao colega João Nepomuceno Condé que me

aproximou de todos os produtores desse trabalho, me acompanhando nas coletas sempre

disposto e com bom humor. Ao colega Thomé Vidigal de Almeida pela ajuda na confecção do

mapa. Ao Setor de transporte que sempre disponibilizou motorista nas inúmeras horas de

campo.

Aos colegas de trabalho do Departamento Acadêmico de Ciências Gerencias, em

especial ao Paulo Jabur Abdalla e ao João Eudes da Silva que a todo o momento me

incentivaram, colaboraram e deram apoio e estímulo ao longo de toda essa pesquisa.

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iv

Ao meu esposo, Eduardo Toledo de Souza, meu companheiro nesta jornada, agradeço

pelo amor, carinho, paciência e compreensão.

A minha filha, Anna Clara Demolinari Toledo Lopes Souza, que me renova a cada dia

o prazer de viver e me dá força para lutar e vencer qualquer cansaço.

Aos meus pais, Luiza Maria Alves Demolinari Lopes e Roberto Pereira Lopes, que

sempre me incentivaram e deram força nesta caminhada.

Ao meu irmão e melhor amigo, Luís Alberto Demolinari Lopes, que torceu

infinitamente por essa vitória.

Aos colegas do curso de mestrado pelo convívio e discussões no decorrer das

disciplinas, e pelos bons momentos de descontração e alegria.

Às amigas Marina Gouveia Pereira e Gabriela Ladeira da Silva, sempre presentes e

dispostas a ajudar.

Além do conhecimento técnico este trabalho me demonstrou como é importante a

colaboração e apoio de muitas pessoas para sua realização. À todos que contribuíram para a

realização desse trabalho, minha sincera gratidão.

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“As ciências do meio ambiente estão à procura de

uma nova síntese do saber e de uma nova

prescrição cujo princípio será mais ecológico do

que econômico e mais ético do que científico”

Pierre Dansereau (1911-2011)

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vi

SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................................. vii

ABSTRACT ........................................................................................................................................ viii

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................................... ix

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................................... x

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................................ 3

2.1. Poluição das águas ....................................................................................................................... 3

2.2. Legislação ambiental e uso racional de recursos hídricos na indústria de laticínios .................... 4

2.3. Agroindústria leiteira e impacto ambiental .................................................................................. 5

2.4. Uso de wetlands para o tratamento de efluentes .......................................................................... 6

2.5. Caracterização do efluente ........................................................................................................... 8

3. OBJETIVOS .................................................................................................................................... 10

3.1. Objetivo geral ............................................................................................................................. 10

3.2. Objetivos específicos.................................................................................................................. 10

4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................ 11

4.1. Delineamento experimental ........................................................................................................ 11

4.2. Localização geográfica dos tanques de expansão ...................................................................... 12

4.3. Caracterização quantitativa dos efluentes da limpeza dos tanques de expansão ........................ 12

4.4. Caracterização qualitativa dos efluentes por meio de indicadores de matéria orgânica e análise

físico-química .................................................................................................................................... 14

4.5. Análise Estatística ...................................................................................................................... 15

4.6. Dados para dimensionamento e implantação de sistemas wetlands ........................................... 16

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................... 17

5.1. Área de estudo ............................................................................................................................ 17

5.2. Caracterização dos efluentes dos tanques de expansão .............................................................. 19

5.3. Medidas de correlação ................................................................................................................ 29

5.4. Análise de Componentes Principais ........................................................................................... 32

5.5. Análise de agrupamento dos efluentes dos tanques de expansão ............................................... 34

6. CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 41

APÊNDICE A – Valores das três repetições utilizadas para obtenção das médias desse estudo ......... 47

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vii

RESUMO

LOPES, Sylvia Maria Demolinari, Mestrado Profissional, Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, agosto de 2016. Caracterização de

efluentes gerados na limpeza de tanques de expansão utilizados para armazenamento de

leite cru. Orientadora: Vanessa Riani Olmi Silva. Co-orientadores: Maurílio Lopes Martins e

Roselir Ribeiro da Silva.

A cadeia produtiva do leite é grande consumidora de água e geradora de efluentes com

elevadas cargas orgânicas. No entanto, não é comum o tratamento de efluentes gerados nas

propriedades rurais, que pertencem ao segmento da produção de matéria prima nesta cadeia.

Essa condição gera uma grande preocupação, seja pela exploração de recursos hídricos cada

vez mais escassos ou pela grande geração de resíduos líquidos que não recebem tratamento e

destino adequados. Para a utilização sustentável dos efluentes gerados nas fazendas

produtoras de leite, torna-se fundamental conhecer as características destes a fim de poder

escolher tecnologias apropriadas para melhor aproveitamento ou descarte adequado. Diante

disso, este trabalho teve como objetivo coletar e caracterizar os efluentes gerados na limpeza

dos tanques de expansão. Foram selecionados e georreferenciados 15 tanques de expansão de

leite do município de Rio Pomba-MG e em cada tanque foram realizadas três coletas e

determinadas a temperatura e o volume. Foram determinadas também Demanda Bioquímica

de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), acidez, pH, alcalinidade, fósforo

total, nitrogênio, óleos e graxas, dureza, turbidez e sólidos dissolvidos totais. O delineamento

estatístico adotado foi o inteiramente casualizado. O teste Scott-Knott (p<0,05) foi adotado

para comparação das médias que diferiram significativamente pelo Teste F. Foi feita também

a análise multivariada dos dados que foram estudados por análise dos componentes principais

(ACP) e análise de agrupamento por similaridade representada por dendograma. Observou-se

que as águas de limpeza de todos os tanques não recebem tratamento e parte deles (26,7% dos

tanques) descartam suas águas de limpeza em cursos d’água. Por meio dos resultados das

concentrações dos indicadores de matéria orgânica e das análises físico-químicas dos

efluentes de lavagem dos tanques de expansão foi constatado que a maioria das variáveis

estava acima dos padrões legais vigentes. Assim, é necessário dar um tratamento e destino

adequado à estes efluentes. Pela ACP constatou que as variáveis que possuem maior

influência na característica dos efluentes do tanque de expansão estão relacionadas a

concentrações de DQO e nitrogênio. Foi verificado por meio do dendograma 88% de

similaridade entre os efluentes dos 15 tanques. Mediante as concentrações obtidas de fósforo,

nitrogênio, DQO e DBO dos efluentes de tanque de expansão, estes podem ser tratados por

sistemas de wetlands.

Palavras-chave: higienização, tanques de expansão, leite granelizado, caracterização de

efluentes.

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ABSTRACT

LOPES, Sylvia Maria Demolinari, Professional Master, Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, August, 2016. Characterization of

effluents generated in expansion tank cleaning used for raw milk storage. Advisor:

Vanessa Riani Olmi Silva. Co-Advisor: Maurílio Lopes Martins and Roselir Ribeiro da Silva.

The productive chain of milk is a major consumer of water and generates effluents with high

organic loads. However, it is not common to treat effluents generated in rural properties,

which belong to the segment of raw material production in this chain. This condition

generates a great concern, either by the exploitation of increasingly scarce water resources or

by the large generation of liquid waste that does not receive adequate treatment and

destination. For the sustainable use of effluents generated in dairy farms, it is fundamental to

know their characteristics in order to be able to choose appropriate technologies for better use

or proper disposal. Therefore, this work aimed to collect and characterize the effluents

generated in the cleaning of expansion tanks. For this, 15 milk expansion tanks were selected

and georeferenced in the municipality of Rio Pomba-MG and in each tank three samples were

collected and the temperature and volume determined. Biochemical Oxygen Demand (BOD),

Chemical Oxygen Demand (COD), acidity, pH, alkalinity, total phosphorus, nitrogen, oils and

greases, hardness, turbidity and total dissolved solids were also determined. The statistical

design adopted was completely randomized. The Scott-Knott test (p <0.05) was used to

compare the means that significantly differed by the F-test. Multivariate analysis of the data

that were studied by principal component analysis (PCA) and by Similarity analysis

represented by dendogram. It was observed that the cleaning waters of all the tanks are not

treated and some of them (26.7% of the tanks) discard their cleaning waters in watercourses.

By means of the results of the concentrations of the organic matter indicators and the

physicochemical analyzes of the effluents from the expansion tanks, it was verified that most

of the variables were above the current legal standards. Thus, it is necessary to give a proper

treatment and destination to the effluents resulting from the dairy activity. For the PCA, it was

found that the variables that have the greatest influence on the characteristics of the expansion

tank effluents are related to COD and nitrogen concentrations. It was verified through the

dendogram 88% of similarity between the effluents of the 15 tanks. By means of the

concentrations of phosphorus, nitrogen, COD and BOD of the expansion tank effluents, these

can be treated by wetlands systems.

Keywords: hygienization, expansion tanks, bulk milk, effluent characterization.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma resumido do delineamento experimental proposto. ........................................... 11

Figura 2: Mangueira utilizada para coleta do efluente do tanque de expansão. .................................... 13

Figura 3: Coleta de efluente do tanque de expansão de uma das propriedades..................................... 13

Figura 4: Mapa de localização dos pontos de coletas das amostras de efluentes. ................................. 18

Figura 5: Fluxograma da higienização dos tanques. ............................................................................. 19

Figura 6: Análise dos Componentes Principais das variáveis: temperatura, pH, acidez, alcalinidade,

DBO5, DQO, fósforo total, nitrogênio, óleos e graxas, dureza, turbidez e SDT. .................................. 33

Figura 7: Dendograma gerado pelo agrupamento por similaridade dos tanques de expansão de acordo

com as variáveis: temperatura, pH, acidez, alcalinidade, DBO5, DQO, fósforo total, nitrogênio, óleos e

graxas, dureza, turbidez e SDT. ............................................................................................................ 35

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x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Variáveis analisadas e metodologia empregada .................................................................... 15

Tabela 2: Faixa de leitura e R2 das variáveis DQO e fósforo total ........................................................ 15

Tabela 3: Valores da capacidade de cada tanque, local de lançamento de seus efluentes e os valores

médios (n=3) de temperatura, volume e vazão dos efluentes dos tanques de expansão (valor±desvio-

padrão)................................................................................................................................................... 20

Tabela 4: Valores médios (n=3) das variáveis pH, acidez, alcalinidade e dureza dos efluentes dos

tanques de expansão (valor±desvio-padrão) ......................................................................................... 22

Tabela 5: Valores médios (n=3) de nitrogênio e fósforo total dos efluentes dos tanques de expansão

(valor±desvio-padrão) ........................................................................................................................... 24

Tabela 6: Valores médios (n=3) de turbidez, SDT e óleos e graxas dos efluentes dos tanques de

expansão (valor±desvio-padrão) ........................................................................................................... 26

Tabela 7: Valores médios (n=3) de DBO5 e DQO e relação DQO/DBO dos efluentes dos tanques de

expansão (valor±desvio-padrão) ........................................................................................................... 28

Tabela 8: Matriz de Correlação entre as variáveis (Pearson) ................................................................ 30

Tabela 9: Correlação entre as variáveis a partir do Coeficiente de Pearson.......................................... 31

Tabela 10: Cossenos quadrados das variáveis ....................................................................................... 34

Tabela 11: Caracterização de forma unificada para descrever os efluentes gerados na limpeza dos

tanques de expansão utilizados no processo de granelização do leite cru ............................................. 36

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APHA American Public Health Association

CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

COPAM Conselho de Política Ambiental

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DP Desvio Padrão

DQO Demanda Química de Oxigênio

MG Minas Gerais

OD Oxigênio Dissolvido

SDT Sólidos Dissolvidos Totais

T Tanque de Expansão

UPGMA Unweighted Pair Group Method using Arithmetic averages (Método de

agrupamento aos pares utilizando médias aritméticas).

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1. INTRODUÇÃO

O aumento populacional e, consequentemente, das atividades agrícolas e industriais

reduzem a disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos. Desse modo, é imperativa a

necessidade de práticas e políticas que visem o uso sustentável de tais recursos (CARVALHO et

al., 2011).

A atividade agropecuária é conhecida por ser grande consumidora de água e geradora

de resíduos. No entanto, o meio agrícola não é contemplado com abastecimento de água

potável, coleta e tratamento de esgotos e dejetos (BERTONCINI, 2008). A água é requerida

em grande quantidade para o gado de leite, visto que o consumo diário de água na

bovinocultura de leite deve considerar vários fatores como dessedentação dos animais,

higienização de instalações e de equipamentos da ordenha (WILLERS et al., 2014).

De acordo com Campos (2006) vacas em lactação necessitam de mais água em relação

ao seu peso vivo do que outras categorias de animais, pois o leite contém 87% de água. Outro

problema evidente na pecuária leiteira no Brasil é que esta atividade gera grandes volumes de

efluentes com elevadas cargas orgânicas (RICO; GARCÍA; RICO, 2011).

No Brasil, o principal destino dos efluentes de bovinocultura tem sido os cursos de

água, o que pode resultar na eutrofização de rios, riachos, lagos e lagoas. Pode causar também

outros impactos ambientais como contaminação do curso d’água, diminuição do oxigênio

dissolvido e poluição atmosférica (ABRAHÃO, 2006). Todos esses fatos geram uma grande

preocupação seja pela exploração de recursos hídricos (cada vez mais escassos) ou pela

grande geração de resíduos, principalmente efluentes que não recebem tratamento e destino

adequados. Depreende-se daí a enorme importância de se tratar os efluentes gerados nas

propriedades rurais fornecedoras de matéria prima para beneficiamento de leite.

Para o gerenciamento de efluentes são necessários estudos para caracterizar e

quantificar o efluente a ser tratado a fim de dimensionar o sistema de tratamento ideal. Assim,

torna-se fundamental que, primeiramente, conheçam-se suas características físicas, químicas e

microbiológicas, de forma que se possa escolher tecnologias apropriadas para a sua disposição

no meio ambiente, visando eficiência e à minimização dos impactos negativos (BATISTA et

al., 2014).

São escassos os trabalhos que tratam da avaliação do consumo de água em setores

específicos de produção de leite. Carvalho et al. (2011) mensuraram o consumo de água no

processo de ordenha de um setor de bovinocultura de leite de médio porte verificando a

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2

necessidade de orientação para uma forma de produção mais sustentável e procedimentos que

minimizem o consumo de água e a produção de efluentes no setor. Além disso, não há

trabalhos na literatura evidenciando o consumo de água na higienização de tanques de

expansão.

Uma maneira de aproveitar os efluentes provenientes da higienização dos tanques de

expansão são os sistemas de wetlands. De acordo com Shao; Chen; Chen (2014) e Vymazal

(2009) estes sistemas mostram-se viáveis para tratamento de efluentes lácteos pois tratam-se de

sistemas de engenharia ecológicos típicos suportados por recursos naturais além de serem de

baixo custo de implantação, operação e manutenção. Para a utilização destes sistemas, necessita-

se de informações dos efluentes gerados no processo, ou seja, é imprescindível o conhecimento

das características a respeito do efluente a ser tratado. Assim, por serem inovadores e pioneiras,

justificam-se pesquisas no que se referem à caracterização dos efluentes gerados pelos tanques de

expansão na microrregião do município de Rio Pomba, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais

por ser uma região produtora de leite inserida no estado que é o maior produtor nacional de leite.

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3

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Poluição das águas

O acesso à água potável constitui um direito humano básico e essencial para a vida

saudável (KHAN et al., 2013). Entretanto, a poluição da água é um grande problema

ambiental, que afeta os recursos hídricos (LALIKA; MEIRE; NGAGA, 2015). Efluente é o

termo usado para caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas atividades ou

processos (BRASIL, 2011a). As atividades agrícolas consomem grande quantidade de água e

produzem uma expressiva quantidade de efluentes que são lançados na natureza em córregos

e rios (TEDJANI; KHOUIDER; GHOUALEM, 2012).

O escoamento superficial das águas provenientes da agricultura muitas vezes contém

um conjunto de contaminantes, tais como nutrientes, pesticidas, patógenos, sedimentos, sais,

traços de metais e substâncias que contribuem para o aumento da demanda bioquímica de

oxigênio (DBO). Devido aos processos de degradação da matéria orgânica, realizados pelos

micro-organismos decompositores, o oxigênio disponível no meio líquido são consumidos para a

sua respiração afetando negativamente os ambientes aquáticos (O’GEEN et al., 2010).

A água utilizada pelos estabelecimentos rurais é proveniente de minas, geralmente

não protegidas, que por meio de bombas de recalque é conduzida às instalações para seu

consumo. Ela também pode ser originada de poços escavados ou artesianos (LAMAS, 2014).

De acordo com Castro (2007), o segmento de produção de matéria prima para beneficiamento

do leite possui elevado potencial poluidor hídrico, uma vez que essa atividade consome água

para a higienização dos animais, das instalações de currais, dos locais de ordenha e de

utensílios como tanques de armazenamento de leite cru.

Silva (2011) aponta a higienização de tanques de armazenamento de leite cru como

uma das operações que geram efluentes líquidos. Deve se dar significativa importância a esta

higienização, pois leva a um alto consumo de água para remoção de resíduos de leite ou de

seus componentes, assim como de outras impurezas. Sendo assim, a expansão da produção de

leite exige a atenção e o desenvolvimento de técnicas que possam reduzir o impacto ambiental

gerado na atividade.

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2.2. Legislação ambiental e uso racional de recursos hídricos na indústria de laticínios

A indústria de alimentos é um setor extremamente produtivo em todo o mundo e

produz uma grande quantidade de efluentes em seus processos. Apesar da indústria de

alimentos não estar entre as atividades mais impactantes para o meio ambiente, ela pode

causar sérios danos ambientais. Isto porque geralmente seus efluentes não são tratados nem

recuperados, o que constitui um fator grave de poluição do meio receptor devido à elevada

carga orgânica presente nos efluentes. Portanto, é importante que os efluentes sejam tratados

de forma a minimizar o seu impacto sobre a natureza (SCHMITT, 2011; TEDJANI;

KHOUIDER; GHOUALEM, 2012).

Um dos principais segmentos da indústria de alimentos é o setor lácteo, que gera

grandes volumes de efluentes caracterizados pela alta Demanda Bioquímica de Oxigênio

(DBO), alta concentração de nutrientes (nitrogênio e fósforo), bem como elevada carga de

sólidos em suspensão e gordura (óleos e graxas), que são provenientes da matéria-prima

utilizada (QASIM; MANE, 2013).

Silva (2014), ao determinar possíveis impactos ambientais em cursos d’água causados

por indústrias de laticínios, concluiu que as indústrias estudadas não atenderam a Resolução

Conama 430 (BRASIL, 2011a) e nem a Deliberação Normativa Conjunta 01 (MINAS

GERAIS, 2008) para lançamento de efluentes. O impacto no recurso hídrico definido pela

simulação que o autor realizou foi o aumento da DBO nos corpos d’água a ponto de alterar as

classes de uso das águas. Concluiu então que muitas indústrias ainda lançam os efluentes sem

tratamento nos cursos d’água e aquelas que realizam o tratamento de efluentes não o fazem

com eficiência.

A negligência dos setores produtivos com o meio ambiente ao longo de anos foi a

responsável por danos ambientais irreversíveis, já que as indústrias concentravam suas

preocupações exclusivamente com a produção e os lucros. Recentemente, a conscientização

da sociedade e o surgimento da legislação ambiental buscam induzir as empresas a uma

relação mais sustentável com o meio ambiente, porém a gestão ambiental nos laticínios,

principalmente em pequenos e médios estabelecimentos, só é motivada por força dos órgãos

de controle (O’GEEN et al., 2010; SILVA, 2011; ROHLFES et al., 2011) .

Cada vez mais, deve-se cumprir as normas ambientais, preservar a qualidade da água e

implementar boas práticas de gestão (O’GEEN et al., 2010). A Resolução CONAMA nº 430

de 13 de Maio de 2011, entre outras exigências, estabelece que efluentes de qualquer fonte

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poluidora somente poderão ser lançados diretamente em corpos receptores após remoção

mínima de 60% de DBO, devendo conter no máximo 20 mg/L de nitrogênio amoniacal total

(BRASIL, 2011a). Porém esta resolução não estabelece o valor mínimo de DBO que os

efluentes podem ser despejados nos corpos receptores. Contudo, no Estado de Minas Gerais o

controle é realizado de duas formas: por concentração tanto da DBO quanto da DQO (os

limites são 60 e 180 mg/L de O2, respectivamente) e por eficiência de redução da carga

orgânica (MINAS GERAIS, 2008).

Para a DBO, a Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG nº 01, de 05 de

maio de 2008, estabelece que o tratamento deve ter eficiência de redução em no mínimo 75%

e média anual igual ou superior a 85%, sendo atendida pelo menos uma das duas condições.

Para a DQO o tratamento deve ter eficiência de redução em no mínimo 70% e média anual

igual ou superior a 75% (MINAS GERAIS, 2008). O critério por eficiência de redução da

carga orgânica favorece os efluentes industriais concentrados, que podem ser lançados com

valores de DQO ainda altos, mesmo com remoção acima de 75%.

O cumprimento das normas ambientais torna-se imperativo em toda cadeia produtiva

do leite pois de acordo com Rico; García; Rico (2011) fazendas de gado leiteiro produzem

efluentes com altas concentrações de matéria orgânica, nitrogênio e fósforo, que quando mal

gerenciados podem causar graves problemas ambientais.

2.3. Agroindústria leiteira e impacto ambiental

De acordo com o USDA, o Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo e

passou a ser o 4º maior produtor mundial desde 2013, ano em que ultrapassou a Rússia. Os

Estados Unidos lideram o ranking de países produtores, e em sequência aparecem Índia e

China (USDA, 2014).

No Brasil, a produção total de leite registrada pela Pesquisa da Pecuária Municipal do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 32,3 bilhões de litros em 2012.

Deste total, segundo a Pesquisa Trimestral do Leite, realizada pelo IBGE, 69,1% foram

adquiridos pela indústria de laticínios sob inspeção sanitária. O restante desta produção foi

direcionado ao autoconsumo, produção artesanal de queijos e derivados, perdas, entre outros

(IBGE, 2012).

O Estado de Minas Gerais destaca-se por possuir o maior rebanho bovino leiteiro do

Brasil, além de ser o maior produtor de leite nacional, com aproximadamente 30% do total da

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produção (IBGE, 2014). A liderança da agroindústria do leite nesse Estado é histórica. O

Estado foi sede da primeira indústria de laticínios do Brasil e da América do Sul. Além disso, a

representatividade do setor na economia mineira é mais expressiva que no cenário nacional .

Este é um setor de grande significado econômico, político e social para Minas Gerais,

principalmente porque está disseminado por todo o Estado, colaborando de forma significativa

para a interiorização do desenvolvimento, limitando o êxodo rural e diminuindo as

desigualdades regionais (CASTRO, 2007).

A expansão da bovinocultura de leite exige o desenvolvimento de tecnologias que

possibilitem a mitigação do impacto ambiental gerado na atividade (PELISSARI et al., 2013).

Impacto ambiental pode ser definido como qualquer alteração das propriedades físicas,

químicas e biológicas do meio ambiente, resultante de atividades humanas que, direta ou

indiretamente, afetem a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e

econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos

recursos ambientais (BRASIL, 1986). Os efluentes gerados nas limpezas de equipamentos e

utensílios de fazendas produtoras de leite causam sérios impactos ao meio ambiente, pois

possuem alta composição de nutrientes e matéria orgânica, resultando na maior demanda de

oxigênio para sua estabilização, na eutrofização das águas superficiais e na morte dos

organismos aquáticos.

2.4. Uso de wetlands para o tratamento de efluentes

A falta de tratamento de esgoto e dejetos animais na zona rural tem forçado a busca

por soluções práticas, econômicas e eficientes para tratamento de águas (BERTONCINI,

2008). No cenário mundial, o interesse no tratamento dos efluentes é cada vez maior, dada a

escassez dos recursos hídricos para uso humano em quantidade e qualidade. Os métodos e

tecnologias convencionais de tratamento de efluentes disponíveis na literatura ainda

apresentam limitações como o requerimento de grandes áreas para sua implantação e elevados

custos de instalação e operação. Recentemente, alternativas atraentes para métodos

convencionais de tratamento de efluentes são os wetlands (O’GEEN et al., 2010; ZHANG et

al., 2014).

Wetlands construídos ou alagados construídos são sistemas de engenharia ecológicos

constituídos por recursos naturais e de baixo investimento. É uma combinação de processos

em que a vegetação utiliza os nutrientes disponibilizados pelos efluentes, extraindo macro e

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micronutrientes necessários ao seu crescimento, evitando seu acúmulo e a consequente

salinização do meio ou do substrato onde ocorre o desenvolvimento das plantas (SHAO;

CHEN; CHEN, 2014).

De acordo com Feijó; Pinheiro; Simionato, (2003), as plantas vasculares aquáticas,

emergentes e persistentes, são as mais utilizadas em sistemas wetlands, pois possuem

tolerâncias à inundação contínua e exposição à água com resíduos, além de possuir

crescimento rápido e alta capacidade de remoção de nutrientes e por estarem adaptadas a

lugares úmidos com carga orgânica elevada. Entre estas, as mais utilizadas são a taboa (Typha

spp.), Phagmites sp. e navalha de mico (Scirpus sp).

Os sistemas wetlands possuem como partes integrantes uma camada impermeável de

argila ou membrana sintética, estruturas para controlar a direção do fluxo, tempo de detenção

hidráulica e o nível d’água. O sistema ainda pode conter um meio poroso inerte, como pedras,

cascalho ou areia. O tipo de fluxo também pode variar podendo ser do tipo superficial (nível

d’água acima do nível do solo) ou subsuperficial (nível d’água abaixo do nível do solo)

(ZHANG et al., 2014).

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2008, existiam até este

ano no Brasil 109 wetlands aplicados ao tratamento de esgotos domésticos, onde 42 unidades

estavam instaladas na região Sudeste, 33 na região Nordeste, 28 na região Sul, 4 na região Norte

e 2 na região Centro-oeste (IBGE, 2010).

Os sistemas wetlands podem ser aplicados em efluentes das refinarias de petróleo,

fábricas de produtos químicos, na produção de celulose e papel, indústrias de curtume e

têxteis, matadouro, destilaria e indústrias vinícolas (VYMAZAL, 2009). Em particular, seu

uso está se tornando muito comum para o tratamento de efluentes de processamento de

alimentos.

Com o objetivo de avaliar o desempenho dos sistemas wetlands, Domingos (2011)

empregou vários tipos de poluentes e demonstrou que wetlands construídos de fluxo vertical

podem ser eficazmente aplicados para o tratamento de efluentes industriais inorgânicos

contendo amônia.

Apesar dos sistemas de wetlands já estarem sendo utilizados para o tratamento de

efluentes gerados em fazendas produtoras de leite há algum tempo, no Brasil poucos são os

estudos relacionados com este tipo de efluente. Há vários estudos sendo desenvolvidos

buscando quantificar a assimilação de nutrientes pelas plantas nos filtros plantados com

macrófitas (PELISSARI, 2013). Os sistemas de wetlands têm evoluído substancialmente ao

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longo das últimas décadas e tem sido reconhecido como um meio eficaz de "tecnologia verde"

para o tratamento de efluentes (KUMAR; ZHAO, 2011).

Com vantagens de baixo custo operacional e de manutenção, a utilização de wetlands

construídos para o tratamento de efluentes tem aumentado no mundo (SAEED; SUN, 2012).

De acordo com Batista et al. (2014) para a construção destes sistemas é fundamental a

caracterização do efluente a ser tratado, identificando informações como vazão, demanda

bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO), fósforo total,

nitrogênio, pH, temperatura dentre outras variáveis de suma importância para caracterização

desses efluentes.

2.5. Caracterização do efluente

Para se projetar uma estação de tratamento de efluentes, algumas questões precisam

ser analisadas, como a qualidade do efluente a ser tratado e o destino final do mesmo

(SCHMITT, 2011). É necessário, portanto, o conhecimento das características do efluente,

contudo, definir e quantificar a composição de efluente é uma tarefa difícil, visto que há uma

série de fatores que podem influenciar no volume e na composição dos resíduos líquidos.

Segundo Healy; Rodgers; Mulqueen (2007), o volume de efluente gerado nas salas

de ordenha depende das práticas aplicadas pelos produtores. Logo, a composição do efluente

está relacionada diretamente com às atividades desempenhadas diariamente nas instalações de

fazendas de leite.

De acordo com Mantovi et al. (2003), o problema em caracterizar efluentes produzidos

em fazendas de leite é que nesses locais ocorre uma grande variação das operações de

lavagem das instalações, da quantidade de água e detergentes utilizados, entre outros

componentes empregados. Wood et al. (2007) também constataram essa variação na prática

de limpeza das instalações quando estudaram um tratamento de efluentes em uma fazenda de

leite do Reino Unido. Os autores atribuem essa variabilidade de características de efluentes ao

longo do ano em função das práticas operacionais do local de pesquisa e da própria frequência

de limpeza.

Com a modernização do setor leiteiro e a crescente demanda pelo consumidor por

alimentos de qualidade, tem-se adotado a coleta de leite a granel. Para isso a refrigeração do

leite na propriedade em tanque de expansão vem sendo implementada. Esses tanques, também

chamado de tanque de resfriamento, devem ser instalados nas propriedades rurais e permitem,

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portanto, a captação, o resfriamento, o armazenamento e, sobretudo, a comercialização do

produto de forma conjunta (MELO; REIS, 2007).

Batalha et al. (1997) divide a cadeia produtiva agroindustrial nos segmentos de

comercialização; industrialização e produção de matérias-primas. No segmento da

comercialização encontram-se as empresas que estão em contato com o cliente final da cadeia

de produção e que viabilizam o consumo e o comércio dos produtos finais (supermercados,

mercearias, restaurantes e cantinas); no segmento da industrialização estão localizadas as

empresas responsáveis pela transformação das matérias-primas em produtos finais destinados

ao consumidor e, no segmento da produção de matérias-primas estão as empresas rurais que

fornecem as matérias primas oriundas da agricultura, pecuária e piscicultura para que outras

empresas as transformem em produtos finais utilizando-se de processos de produção

automatizados ou não. Na cadeia produtiva do leite, o tanque de expansão está localizado,

portanto, no segmento de produção de matérias-primas. A refrigeração do leite no tanque de

expansão é a última etapa que precede o transporte para o segmento da industrialização.

No sistema a granel, de acordo com a instrução normativa n.º 62, o leite cru,

armazenado em tanques de expansão nas propriedades rurais a 4 ºC por até 48 horas, é

transportado para a indústria em caminhão com tanque isotérmico (BRASIL, 2011b). Tornou-se

então, de responsabilidade dos produtores a higienização dos tanques de expansão, promovendo

assim, o aumento do descarte de efluentes líquidos no ambiente.

O modelo de resfriamento do leite em tanques de expansão comunitários está bem

difundido na região da Zona da Mata Mineira, em função das suas características fundiárias

onde predominam a agricultura e pecuária familiar com tradição histórica de exploração

leiteira. A falta de capacitação gerencial dos produtores se reflete tanto em falhas nos

processos de higienização dos tanques de expansão quanto em falta de tratamento dos efluentes

gerados nesta etapa (PEREIRA, 2011).

Assim, para o tratamento de efluentes gerados na limpeza de tanques de expansão,

uma característica importante para definição do tipo de tratamento é a vazão, que é a

quantidade de fluido fornecido por uma corrente líquida na unidade de tempo. Moraes; Paula

Junior (2004) acrescentam ainda na caracterização de efluentes outras variáveis importantes

para definição e dimensionamento do tratamento. São elas: pH, acidez, alcalinidade,

nutrientes inorgânicos, turbidez, temperatura e a eventual presença de compostos

potencialmente tóxicos.

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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

Avaliar as características dos efluentes gerados na limpeza de tanques de expansão

para implantação de sistemas de tratamento.

3.2. Objetivos específicos

i. selecionar tanques de expansão de leite do município de Rio Pomba-MG e estabelecer a

localização geográfica dos mesmos;

ii. coletar e caracterizar quali e quantitativamente os efluentes gerados na limpeza dos tanques

de expansão;

iii. caracterizar por meio de indicadores de matéria orgânica e análises físico-químicas os

efluentes gerados na limpeza dos tanques de expansão;

iv. fornecer dados para dimensionamento e implantação de sistemas wetlands no tratamento

dos efluentes de acordo com as características dos efluentes dos tanques avaliados.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado em um período de 12 meses, de junho de 2015 a

maio de 2016. As coletas foram realizadas em propriedades que apresentavam tanques de

expansão selecionados no município de Rio Pomba. As análises laboratoriais foram realizadas

no laboratório de Análises Físico-químicas do Departamento de Ciência e Tecnologia de

Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas

Gerais, Campus Rio Pomba.

4.1. Delineamento experimental

Os 15 tanques de expansão selecionados foram inicialmente divididos em três

categorias (Figura 1) de acordo com sua capacidade: i) até 1000 litros (categoria 1); ii) de

1000 a 2000 litros (categoria 2) e; iii) acima de 2000 litros (categoria 3). Cada unidade foi

tratada individualmente, visto que cada um apresentava sua localização, manutenção e

condições. A análise foi realizada por meio de comparação entre as médias das variáveis de

interesse para cada tanque individualmente.

Figura 1: Fluxograma resumido do delineamento experimental proposto.

Neste trabalho foi considerado apenas o resíduo líquido, ou seja, apenas a água de

lavagem dos tanques de expansão. Além de determinar o volume de efluente gerado, houve o

monitoramento dos tanques de expansão na etapa de caracterização do efluente durante 10

(dez) meses para a avaliação da qualidade do efluente de lavagem dos mesmos. Foram

realizadas 03 (três) coletas de cada tanque, uma a cada trimestre.

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4.2. Localização geográfica dos tanques de expansão

As atividades de campo foram realizadas em 15 propriedades rurais que possuem

tanque de expansão para armazenamento de leite cru. A localização dos 15 tanques de

expansão do município de Rio Pomba- MG, que foram utilizados neste trabalho, foi

georeferenciada por meio do sistema de posicionamento global utilizando aparelho de GPS

(Global Positioning System). Posteriormente, os dados foram analisados para produção de um

mapa baseado no mapa geopolítico do Município.

4.3. Caracterização quantitativa dos efluentes da limpeza dos tanques de expansão

A caracterização quantitativa dos efluentes foi avaliada verificando o volume de

efluente gerado em cada tanque para fins de dimensionamento dos sistemas de tratamento de

efluentes.

Essa determinação do volume de água consumida no processo de higienização foi feita

por meio de um método denominado cubagem, em que se obtém o tempo que a água leva para

preencher um recipiente de volume conhecido (GIORDANO, 2004). Como a vazão é o

volume em função do tempo, então foi dividido o volume preenchido do recipiente pelo

tempo que se levou para alcançá-lo.

Para coleta do efluente do tanque de expansão foi utilizado uma mangueira (Figura 2)

que possui o mesmo bocal da mangueira utilizada pelos caminhões na coleta do leite. Assim,

foi considerada apenas a água utilizada para lavagem do tanque de expansão. Águas utilizadas

para lavagem do piso da sala de instalação do tanque e lavagem de utensílios não foram

incluídas neste estudo.

Em todas as 15 propriedades, após o caminhão realizar a coleta do leite, os tanques de

expansão foram higienizados e neles acoplados a mangueira de coleta do efluente. No outro

lado da mangueira toda a água de lavagem utilizada era recolhida numa caixa d’água (Figura

3).

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Figura 2: Mangueira utilizada para coleta do efluente do tanque de expansão.

Fonte: Do autor

Figura 3: Coleta de efluente do tanque de expansão de uma das propriedades.

Fonte: Do autor

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4.4. Caracterização qualitativa dos efluentes por meio de indicadores de matéria

orgânica e análise físico-química

Em cada coleta, após a higienização, foi medida a temperatura do efluente e retirado

2,7 L de amostra da caixa d’água, a qual foi acondicionada em caixa isotérmica e

imediatamente encaminhada para o laboratório de Análise Físico-química do Departamento

de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba. Todas as atividades desenvolvidas foram

realizadas adotando-se técnicas e medidas de segurança ambiental, biológica, laboratorial e

pessoal.

As análises de turbidez, pH, alcalinidade e oxigênio dissolvido (para posterior

obtenção da DBO5) foram impreterivelmente realizadas no mesmo dia da coleta. Para

realização das demais análises, o restante da amostra foi acidificada e conservada conforme

Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras (BRANDÃO et al., 2011). Desse modo,

as análises de acidez e dureza foram realizadas em até 24 horas após a coleta. As análises de

sólidos dissolvidos totais-SDT (amostra refrigerada), DQO (amostra refrigerada e acidificada)

e nitrogênio (amostra refrigerada e acidificada) foram realizadas em até 7 (sete) dias após a

coleta. Já as análises de fósforo total (amostra refrigerada e acidificada) e de óleos e graxas

(amostra refrigerada e acidificada) foram feitas num prazo de até 28 dias após a coleta.

A análise de nitrogênio Kjeldahl, o qual foi medido em mg.L-1

, é a soma do nitrogênio

orgânico com o nitrogênio em forma de amônia (APHA, 2012).

Em cada visita às propriedades, foram feitas anotações das etapas de higienização do

tanque, das formas de descarte do efluente, da origem da água de lavagem, além de questionar

o responsável pelo tanque se este era contratado ou proprietário do tanque e se eles

pretendiam implantar um sistema de tratamento de efluente.

As análises físico-químicas e os indicadores de matéria orgânica das variáveis foram

avaliados em triplicata (Tabela 1). Para as análises de fósforo total e DQO, utilizou-se

espectrofotômetro (KASUAKI modelo IL 227). O coeficiente de determinação (R2) da

regressão linear e a faixa de leitura destas variáveis analisadas estão descritos na Tabela 2.

Segundo Lira (2004), o coeficiente de determinação representa a proporção da variância dos

dados que é explicada pelo modelo matemático. Valores próximos de 1 (um) indicam que o

modelo proposto é adequado para descrever o fenômeno.

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Tabela 1: Variáveis analisadas e metodologia empregada

Variáveis Metodologia empregada

pH Direto, Potenciométrico, pHmetro NT PHM - TECNOPON

Acidez (mg CaCO3/L) Método Titulométrico, 2310 B proposto por APHA (2012)

Alcalinidade (mg CaCO3/L) Método Titulométrico, 2320 B proposto por APHA (2012)

Dureza (mg CaCO3/L) Método Titulométrico, 2340 C proposto por APHA (2012)

Nitrogênio (mg/L) Semi-Micro-Kjeldahl, 4500-Norg C proposto por APHA (2012)

Fósforo Total (mg/L) Método Colorimétrico, 4500-P E proposto por APHA (2012)

DBO5 (mg/L) Método DBO5, 5210B proposto por de APHA (2012)

DQO (mg/L) Refluxo Fechado por colorimetria, 5220 D, APHA (2012)

Turbidez (NTU) APARELHO TB-100 MS, TECNOPON

SDT (g/L) Método Gravimétrico, 2540C proposto por APHA (2012)

Óleos e Graxas (mg/L) Extração Soxhlet, 5520 D proposto por APHA (2012)

Temperatura (ºC) Termômetro Infravermelho, SKILL-TEC

Tabela 2: Faixa de leitura e R2 das variáveis DQO e fósforo total

Análises Faixa de Leitura (mg/L) R2

DQO 0-1200 0,9934

Fósforo Total 0-18 0,9029

4.5. Análise Estatística

O delineamento estatístico adotado foi o inteiramente casualizado. Foi adotado o

teste Scott-Knott ao nível de significância de 5% para comparação das médias que diferiram

significativamente pelo Teste F. O pacote ExpDes (FERREIRA; CAVALCANTI;

NOGUEIRA, 2011) do programa R foi utilizado para realização dos cálculos.

As análises multivariadas foram realizadas utilizando o programa XLSTAT versão

2016.04.

Os dados foram estudados por meio da Análise dos Componentes Principais (ACP),

processo em que se examina todo o conjunto de relações interdependentes entre as variáveis,

levando-se em conta a variância total dos dados. O uso da Análise de Componentes Principais

é indicado quando é importante a determinação do número mínimo de fatores que respondem

pela máxima variância nos dados. Estes fatores são chamados de componentes principais

(LIRA, 2004).

Foi desenvolvida uma análise de agrupamento, utilizando agrupamento hierárquico

por meio de UPGMA (Unweighted Pair Group Method using Arithmetic averages),

considerando o índice de dissimilaridade a partir da distância euclidiana. Na análise de

agrupamento se constroem grupos de acordo com a semelhança das variáveis, ou seja, os

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grupos identificam as semelhanças entre os 15 tanques de expansão por meio das variáveis

avaliadas. É representada por uma figura gráfica denominada dendograma, na qual os quinze

tanques são aglomerados por meio de um critério de similaridade com respeito às variáveis

medidas.

4.6. Dados para dimensionamento e implantação de sistemas wetlands

As variáveis analisadas nos itens 4.3 e 4.4 foram discutidas quanto à viabilidade de

implantação de sistemas wetlands no tratamento dos efluentes caracterizados.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Área de estudo

Na Figura 4 estão identificados os pontos georreferenciados de coletas das amostras de

efluentes de tanques de expansão localizados no município de Rio Pomba na Região da Zona

da Mata do estado de Minas Gerais.

Os 15 tanques de expansão selecionados não eram coletivos e estavam instalados em

locais cobertos, de tamanho adequado com boa ventilação e após cada esvaziamento

(normalmente a cada dois dias) era realizada a higienização. Os tanques estavam instalados

em local de fácil acesso para o caminhão coletar leite. O tipo de limpeza realizado era

manual, sendo que em 40% dos mesmos a limpeza era realizada pelo proprietário do tanque e

em 60% por profissional contratado.

Nenhum dos responsáveis pela limpeza dos tanques passaram por treinamento de

higienização e uso racional de água. Willers et al. (2014), ao determinar o consumo de água

numa propriedade produtora de leite de porte médio, descreveu que os profissionais que

lidavam com a atividade de limpeza também tinham pouca ou nenhuma instrução sobre uso

adequado da água.

De forma geral a higienização dos tanques iniciava com o enxágue com água corrente

(uso de mangueiras), depois com a remoção da matéria orgânica (com uso de detergentes,

escovas e vassouras apropriadas). Em seguida, havia o enxágue e, em apenas 46,6% dos

tanques se fazia sanitização química com uso de cloro (Figura 5).

As águas utilizadas para lavagem dos tanques de armazenamento eram provenientes

de poços em 46,7% dos tanques e em 53,3% eram provenientes de nascentes.

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MinasGerais

BRASIL

MinasGerais

P15

P13

P11

P14

P12P6

P10P9

P8P7

P5

P1

P2P3

P4

Rio Pomba

ConvençãoZona da Mata Mineira

Município de Rio Pomba

Estrada

Figura 4. Mapa de localização dos pontos de coletas das amostras de efluentes.18

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19

Figura 5: Fluxograma da higienização dos tanques.

5.2. Caracterização dos efluentes dos tanques de expansão

A Tabela 3 demonstra os valores da capacidade de cada tanque de expansão, o local de

lançamento de seus efluentes e os valores médios de temperatura, volume e vazão dos

efluentes dos 15 tanques de armazenamento de leite cru deste estudo.

Os tanques T1, T2, T3, T4 e T5 foram classificados na categoria 1 (capacidade de até

1000 litros). Os tanques T6, T7, T8, T9 e T10 foram classificados na categoria 2 (capacidade

acima de 1000 e abaixo de 2000 litros). Por fim, os tanques T11, T12, T13, T14 e T15 foram

classificados na categoria 3 (capacidade acima de 2000 litros).

As águas de limpeza dos tanques avaliados não eram utilizadas para outros fins e

73,3% eram descartadas pela disposição desses efluentes no solo sem nenhum tratamento. Em

26,7% dos tanques, os efluentes sem tratamento eram canalizados para córregos. Estes

efluentes não eram destinados nem tratados de forma adequada devido, principalmente, ao

alto custo de tratamento.

Enxágue com água corrente

(uso de mangueiras)

Remoção da matéria orgânica

(com uso de detergentes, escovas e

vassouras apropriadas)

Enxágue

Sanitização química com uso de cloro (46,6% dos tanques)

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Não houve diferença entre as temperaturas de saída dos efluentes dos tanques pelo

teste de Scott-Knott (p>0,05) e no caso dos tanques T5, T7, T12 e T13, que lançam seus

efluentes nos córregos, possuem valores de temperatura de acordo com o permitido para o

lançamento, que é inferior a 40 ºC (BRASIL, 2011a; MINAS GERAIS, 2008).

Tabela 3: Valores da capacidade de cada tanque, local de lançamento de seus

efluentes e os valores médios (n=3) de temperatura, volume e vazão dos efluentes

dos tanques de expansão (valor±desvio-padrão)

Capacidade

do tanque

(L)

Local de

lançamento

do efluente

Temperatura

(ºC) ± DP

Volume (L)

±DP

Vazão

(L/semana)

T1 1000

solo

23,97±2,81 a

26,33±3,06 c 92,16

T2 680

solo

27,27±3,11 a

35,00±2,00 b 122,50

T3 1000

solo

25,10±6,03 a

20,17±7,22 c 70,60

T4 680

solo

21,40±3,86 a

18,33±2,08 c 64,16

T5 1000

córrego

23,20±4,85 a

67,83±4,86 a 237,41

T6 1550

solo

29,20±5,03 a

29,67±16,62 b 103,85

T7 1500

córrego

29,60±1,31 a

39,00±12,17 b 136,50

T8 1500

solo

24,80±1,57 a

57,67±14,01 a 201,85

T9 1500

solo

23,67±2,52 a

32,33±5,51 b 113,16

T10 1070

solo

27,70±3,62 a

17,17±1,44 c 60,10

T11 2000

solo

21,67±3,79 a

24,67±4,80 c 86,35

T12 2000

córrego

21,03±0,75 a

35,67±7,57 b 124,85

T13 3000

córrego

24,50±2,50 a

34,50±0,50 b 120,75

T14 2500

solo

22,37±4,90 a

41,00±3,46 b 143,50

T15 3000 solo 23,23±3,51 a

34,33±8,33 b 120,16

Médias seguidas de mesma letra, na mesma coluna, não diferem entre si pelo Teste Scott-Knott (p>0,05).

A temperatura da água é uma variável que deve ser controlada e monitorada para não

alterar as condições do meio onde é descartada. As mudanças na temperatura podem implicar

no retardamento ou aceleração das reações físicas, químicas e biológicas, assim como na

absorção de oxigênio e precipitação de compostos, influenciando no teor de gases dissolvidos.

Quando se encontra ligeiramente elevada, diminuem a solubilidade dos gases, gerando odores

e desequilíbrio ecológico (VON SPERLING, 2005). A temperatura tem influência direta

sobre os teores de oxigênio dissolvido na água. De acordo com este autor, do ponto de vista

ambiental, a consequência mais danosa da poluição de um corpo d’água por matéria orgânica

é a queda nos níveis de oxigênio dissolvido. Dependendo da redução da concentração de

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21

oxigênio dissolvido no meio, podem vir a morrer diversos seres aquáticos, inclusive os peixes.

Cada redução nos teores deste parâmetro é seletiva para determinadas espécies, e mesmo

assim, o impacto abrange toda a comunidade aquática.

Os volumes de água gastos na higienização dos tanques T5 e T8 foram maiores que os

outros tanques (p< 0,05). Esses dois tanques não estão enquadrados nos maiores tanques do

experimento. O tanque T5 pertence à categoria de tanques pequenos de capacidade menores

que 1000L e o tanque T8 pertence à categoria de tanques médios de capacidade maiores que

1000L e menores que 2000L. Isto comprova o fato que os maiores tanques (categoria maior

que 2000L) não gastam mais volumes de água para higienização, estando este gasto ligado,

principalmente, ao operador da tarefa. Vale notar, que a vazão não influenciou no resultado

deste trabalho por isso foi analisado o volume.

Ressalta-se que para este trabalho não foram encontradas referências sobre o consumo

de água para limpeza de tanque de expansão, havendo, por outro lado trabalho que trata deste

mesmo consumo em setor de ordenha. Willers et al. (2014) encontraram para uma produção

diária de leite de 160 L um volume médio de 541 L de consumo de água no setor de ordenha,

sendo 236 L de consumo de água referente a limpeza de utensílios e equipamentos. Este valor

é alto em comparação com este estudo porque engloba efluentes gerados pela higienização de

todos os equipamentos e utensílios, além dos efluentes gerados na limpeza dos locais de

ordenha.

Quanto ao volume gasto para lavagem do tanque, o importante é a racionalização do

uso adotando técnicas e procedimentos que resultem na conservação da água, por meio de

mudanças de comportamento e conscientização, sem que haja comprometimento da

higienização, além de adotar métodos que previnam a poluição da água, ou que ao menos

diminua a concentração dos poluentes. Willers et al. (2014) ressaltou a importância da gestão

da água em um setor de ordenha e destaca a necessidade de orientação específica para

implementar iniciativas de produção mais sustentáveis e mais limpas que possam minimizar o

consumo de água e produção de efluentes.

Segundo Castro (2007), o desperdício de água e a falta de padronização dos

procedimentos de higienização são pontos críticos em todos os segmentos, sendo um reflexo

direto da falta de treinamento e conscientização dos colaboradores no que se refere às boas

práticas ambientais.

A Tabela 4 demonstra os valores médios de pH, acidez, alcalinidade e dureza dos

efluentes dos 15 tanques de expansão utilizados neste estudo. Foi observado que o pH dos

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efluentes dos tanques de expansão T3, T7, T13 e T15 são significativamente maiores que o

pH dos efluentes dos demais tanques (p<0,05).

O pH é a medida direta da atividade química dos eletrólitos e o pH da água possui

valor próximo à neutralidade (7,0). De acordo com Resolução CONAMA 430/2011, permite-

se o lançamento de efluentes com valores de pH entre 5,0 e 9,0 (BRASIL, 2011a). Já a

legislação mineira é um pouco mais restrita, permitindo o lançamento de efluentes com pH

variando de 6,0 a 9,0 (MINAS GERAIS, 2008). Os tanques T7 e T13, dos quais lançam seus

efluentes em córregos, são os que possuem valores de pH dos efluentes em 6% e 39% acima

do permitido pela legislação vigente, respectivamente.

Tabela 4: Valores médios (n=3) das variáveis pH, acidez, alcalinidade e dureza dos

efluentes dos tanques de expansão (valor±desvio-padrão)

Tanque pH

Acidez

(mg CaCO3/L)

Alcalinidade

(mg CaCO3/L)

Dureza

(mg CaCO3/L)

T1 6,56±0,63c

140,01±33,22a

164,31±50,13c

126,09±90,66a

T2 6,00±1,02c

146,57±48,41a

97,15±74,36

c

90,98±58,92a

T3 10,90±0,88b

0,00±0,00a

491,64±108,30c

69,68±27,82a

T4 6,36±0,13c

90,97±8,99a

124,30±67,08c

93,44±33,95a

T5 7,66±0,23c

34,51±18,43a

178,00±69,75c

168,28±43,89a

T6 6,78±0,76c

233,54±149,18a

149,58±129,00c

272,47±248,74a

T7 9,53±0,70b

8,55±14,81a

187,68±54,30c

170,33±179,85a

T8 6,71±0,51c

92,88±18,40a

86,16±25,86c

125,86±10,99a

T9 7,04±0,32c

46,19±19,38a

32,62±6,46c

45,47±27,95a

T10 7,20±0,34c

146,29±109,52a

183,65±89,94c

160,34±118,38a

T11 6,59±0,39c

90,09±46,95a

132,17±19,11c

147,11±63,33a

T12 6,92±0,61c

84,40 ±89,91a

139,74±81,09c

107,94±42,01a

T13 12,54±0,05a

0,0 0±0,00a

2141,00±89,00a

54,00±5,00a

T14 6,77±0,52c

225,46± 141,55a

352,86±88,87c

153,17±66,58a

T15 10,67±2,94b

97,52± 168,92a

1682,21±983,19b

246,33±8,14a

Médias seguidas de mesma letra, na mesma coluna, não diferem entre si pelo Teste Scott-Knott (p>0,05).

De acordo com Lagger et al. (2000), o pH, juntamente com a dureza, é relevante na

limpeza e está relacionado ao uso de detergentes ácidos. Esta diferença significativa no pH

entre os efluentes dos tanques de expansão pode estar relacionada a quantidade e o tipo de

detergente utilizado para higienização de cada tanque. Para as demais variáveis presentes na

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Tabela 4, não existem limites estabelecidos pela legislação, quando se trata de efluentes com

essas características.

Foi observado que a acidez das amostras de efluentes dos tanques de expansão não

diferiu significativamente (p>0,05). No entanto, T6, T10, T14 e T15 apresentam altos valores

de desvio padrão, o que demostra a grande variação da acidez em relação ao ambiente de

estudo.

De acordo com Macêdo (2005), a acidez total representa o teor de dióxido de carbono

livre, de ácidos minerais, de ácidos orgânicos e sais de ácidos fortes, os quais na hidrólise

produzem íons de hidrogênio para a solução. Von Sperling (2005) define que a acidez

representa a capacidade da água em resistir as mudanças de pH causadas pelas bases.

Na Tabela 4 o efluente do tanque T13 é o mais alcalino assim como possui o pH mais

alto que os demais. A seguir o efluente do tanque T15 apresenta maior alcalinidade que os

efluentes dos demais tanques (p<0,05).

A alcalinidade da água é representada pela presença dos íons hidróxido, carbonato e

bicarbonato. A maioria das águas é considerada alcalina, embora possa conter gás carbônico,

ou seja, a água pode apresentar ao mesmo tempo, acidez e alcalinidade. Os termos

alcalinidade e acidez relacionam-se com as propriedades industrial, comercial e potável da

água não indicando necessariamente atividade química dos eletrólitos (MACÊDO, 2005).

A alcalinidade determinada do efluente por Pelissari (2013), em sua avaliação do

desempenho de wetland aplicado no tratamento de efluentes de bovinocultura leiteira, foi de

668 mg de CaCO3/L.

Foi observado que a dureza das amostras de efluentes dos tanques de expansão não

diferiu significativamente (p>0,05). Em relação à dureza da água, os estudos apontam que

este critério não apresenta importância sanitária e sim na manutenção de tubulações, devido

ao acúmulo de cálcio e magnésio nos sistemas de condução de água (MACÊDO, 2005).

Na Tabela 5, foi observado que a concentração de nitrogênio dos efluentes dos tanques

T6, T10, T14 e T15 são maiores que a das amostras de efluentes dos demais tanques de

expansão (p<0,05). É provável que os responsáveis pela higienização destes tanques deixem

mais resíduos de leite ao iniciar o processo de lavagem, por isso estes efluentes possuem

maiores valores de nitrogênio e fósforo.

A variável nitrogênio dos efluentes dos tanques T5, T7, T12 e T13, que lançam seus

efluentes nos córregos, encontra-se acima dos limites estabelecidos pela legislação que

preconiza limite de 20,0 mg/L (MINAS GERAIS, 2008; BRASIL, 2011a). Estas elevadas

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concentrações determinam o alto poder eutrofizante desses efluentes. Os resultados acima do

preconizado pela legislação eram esperados nesta pesquisa, uma vez que efluentes

provenientes da atividade leiteira são ricos em fósforo e nitrogênio.

O teor de fósforo total das amostras de efluentes dos tanques de expansão não diferiu

significativamente entre si (p>0,05). Apesar dos valores de concentração de fósforos nestes

efluentes serem relativamente altos, para a variável fósforo total não existe limite estabelecido

pelas resoluções para lançamento de efluentes. Segundo von Sperling (2005), uma das origens

antropogênicas comuns do fósforo são os detergentes, o que pode explicar a alta concentração

desse elemento neste estudo.

Tabela 5: Valores médios (n=3) de nitrogênio e fósforo total

dos efluentes dos tanques de expansão (valor±desvio-padrão)

Tanque Nitrogênio

(mg/L)

Fósforo Total

(mg/L)

T1 177,70±25,47b

20,09±18,93a

T2 131,30±62,28b

15,27±19,66a

T3 71,83±33,32b

14,72±5,13a

T4 180,33±47,52b

6,41±3,19a

T5 60,07±44,56b

6,26±4,99a

T6 262,60±179,99a

42,29±42,73a

T7 61,43±45,74b

17,79±6,71a

T8 168,57±74,71b

7,11±5,43a

T9 41,83±14,82b

0,40±0,69a

T10 278,27±169,89a

40,57±56,86a

T11 99,27±11,32b

7,46±6,46a

T12 56,20±39,63b

6,93±4,36a

T13 41,10±5,85b

7,29±0,27a

T14 269,17±83,72a

67,81±61,35a

T15 422,00±339,50a

65,37±78,90a

Médias seguidas de mesma letra, na mesma coluna, não diferem entre si pelo Teste Scott-Knott (p>0,05).

Ao pesquisar a viabilidade de sistemas wetlands para tratamento de efluentes em clima

frio, Mumñoz; Drizo; Hession (2006) apontaram ser viável este tipo de tratamento para uma

concentração de 44 mg/L de fósforo total em efluentes de estabelecimentos de leite. Isto

demonstra a viabilidade de sistemas wetlands para tratamento do efluente deste estudo que

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obteve valores aproximados de concentração de fósforo. Além disso, estes sistemas possuem

melhor adaptação em climas tropicais.

Wood et al. (2007) mediram o efluente produzido em instalações de bovinocultura e

encontraram valores altos para fósforo total (89,3 mg/L) e para nitrogênio (540 mg/L) devido

provavelmente a alta concentração de leite nos efluentes desta fazenda estudada.

Na legislação ambiental de alguns países europeus, a aplicação de dejetos se baseia na

quantidade de nutrientes referenciais, normalmente nitrogênio ou fósforo. Daí a importância

da caracterização dos mesmos. Atualmente, o Brasil não dispõe de uma legislação voltada

para aplicação de dejetos de bovinos leiteiros no solo. A quantidade de nitrogênio e fósforo

de acordo com a legislação europeia é balanceada com o que está disponível no solo e com o

tipo de cultura a ser plantada. Dessa forma, somente será aplicado no solo o que a cultura

poderá absorver, de acordo com a sua recomendação agronômica (BATISTA et al., 2014).

Na Tabela 6, constatou-se que a turbidez das amostras de efluentes dos tanques de

expansão não diferiu significativamente (p>0,05). A turbidez está relacionada com a

transparência da água, logo um elevado teor de turbidez é indicativo de um alto conteúdo

orgânico e inorgânico suspenso (VON SPERLING, 2005).

Para a turbidez não existem limites estabelecidos pelas resoluções para lançamento de

efluentes, porém, pode-se levar em consideração o Artigo nº 44 da Deliberação Normativa

Conjunta COPAM/CERH-MG nº 01, de 05 de maio de 2008, que estabelece que enquanto

não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas classe II.

Levando em consideração que para águas de classe II não pode ser ultrapassado o limite de

100 NTU, ou seja, após o lançamento do efluente num curso d’água, a turbidez da sua mistura

(efluente + curso d’água) não pode ultrapassar esse limite. Portanto, os efluentes dos tanques

T5, T7, T12 e T13, que lançam seus efluentes nos córregos, encontram-se com valores

elevados e levando em conta o valor final da turbidez de águas de classe II pode ocorrer

mudança de classe em função da vazão do curso d’água (MINAS GERAIS, 2008).

Os valores de SDT dos efluentes dos tanques T14 e T15 são significativamente

maiores (p<0,05) que os valores de SDT dos efluentes dos demais (Tabela 6). Para esta

variável, também foi considerado o limite estabelecido para águas de classe II, devido não

haver limites estabelecidos pelas resoluções para lançamento de efluentes. Assim, a

Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG nº 01, de 05 de maio de 2008,

preconiza o valor máximo de 500 mg/L (0,5 g/L) de sólidos dissolvidos totais. Conclui-se que

os efluentes dos tanques T5, T7, T12 e T13, que lançam seus efluentes nos córregos, se

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encontram com valores elevados, levando em conta o valor final de SDT de águas de classe II

pode ocorrer mudança de classe em função da vazão do curso d’água (MINAS GERAIS,

2008).

Tabela 6: Valores médios (n=3) de turbidez, SDT e óleos e graxas dos

efluentes dos tanques de expansão (valor±desvio-padrão)

Tanque Turbidez (NTU)

SDT (g/L)

Óleos e Graxas

(mg/L)

T1 887,00± 48,50a 1,30±0,53

b

523,27±215,44b

T2 844,67± 182,28a 0,92±0,26

b

323,77±184,53b

T3 641,33± 196,04a 1,61±0,55

b

234,46±165,73b

T4 750,00± 148,54a 0,64±0,28

b

209,94±60,56b

T5 935,33± 70,61a 1,26±0,48

b

356,96±103,29b

T6 1433,00± 765,00a 1,79±1,27

b

1255,53±813,96a

T7 534,67± 306,93a 0,89±0,59

b

297,35±298,20b

T8 956,67± 37,54a 1,27±0,43

b

462,88±55,31b

T9 31,37± 13,24a 0,42±0,32

b

107,42±105,63b

T10 1426,60± 1578,24a 2,48±2,08

b

897,24±692,65a

T11 927,67± 66,91a 0,97±0,46

b

412,62±72,75b

T12 497,00± 376,48a 0,64±0,57

b

236,33±162,15b

T13 324,00± 2,00a 2,71±0,04

b

117,34±10,82b

T14 1032,33± 71,81a 4,09±3,38

a

674,64±577,18a

T15 4478,00± 4470,43a 5,96±1,86

a

974,43±435,08a

Médias seguidas de mesma letra, na mesma coluna, não diferem entre si pelo Teste Scott-Knott (p>0,05).

Os valores de óleos e graxas dos efluentes dos tanques T6, T10, T14 e T15 são

maiores (p<0,05) que os valores encontrados nos efluentes dos demais tanques (Tabela 6). A

maior concentração de óleos e graxas nos efluentes destes tanques está ligada ao fato destes

possuírem maiores concentrações de resíduos de leite, já que os efluentes destes mesmos

tanques apresentaram também maiores teores de nitrogênio e fósforo (Tabela 5), assim como,

apresentaram maiores valores de turbidez (Tabela 6). Um conhecimento da quantidade de

óleos e graxas presente no efluente é útil no projeto adequado e operação de sistemas de

tratamento de águas residuárias e podem também chamar a atenção para determinadas

dificuldades de tratamento (APHA, 2012).

O limite máximo permitido para óleos e graxas é o valor de 50 mg/L, logo, os

efluentes de todos os tanques de expansão encontram-se com valores acima do permitido para

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o lançamento. No entanto, somente T5, T7, T12 e T13 que lançam seus efluentes nos córregos

(BRASIL, 2011a; MINAS GERAIS, 2008).

Vale ressaltar que o efluente do tanque T6 possui alto teor de gordura que equivale a

0,12% (1255,53 mg/L). Nesta propriedade, assim como em outras, foi observado o

desligamento da agitação presente no tanque, provavelmente para gastar menos energia.

Possivelmente o tempo da agitação do tanque T6 foi bem reduzido de forma que houve

formação de resíduo de creme no tanque, já que a gordura é menos densa e tende a ascender

no leite. Quando o tanque de expansão é esvaziado nessas condições (sem preceder a agitação

e com formação de creme), o creme pode permanecer no final e depositar no fundo do tanque

justificando estes valores elevados de gordura no efluente.

De acordo com os valores da Tabela 7, as variáveis DBO5 e DQO encontraram-se

acima dos limites estabelecidos pela Deliberação Normativa Conjunta nº 01, que preconiza

limites de 60mg/L e 180 mg/L, respectivamente (MINAS GERAIS, 2008). Os efluentes

avaliados não podem ser lançados em cursos d’água, pois os valores de DBO5 e DQO

encontrados foram muito superiores ao permitido. Nesse sentido, para os efluentes dos

tanques T5, T7, T12 e T13 que são lançados em córregos são necessários recorrer a processos

de tratamento para que assim esses efluentes tenham seu destino final em cumprimento à

legislação estadual.

Estes resultados acima do recomendado pela legislação eram esperados, uma vez que

efluentes provenientes da atividade leiteira são ricos também em matéria orgânica. Segundo

Schaafsma; Baldwin; Streb (2000), os efluentes provenientes de fazendas de leite, apresentam

alta composição de nutrientes e matéria orgânica, resultando na maior demanda de oxigênio

para a estabilização da matéria orgânica.

De acordo com a Tabela 7, não houve diferença significativa nos valores de DBO5

encontrados para efluentes de tanque de expansão (p>0,05) e estes são semelhantes aos

valores encontrados por Wood et al. (2007) e Newman; Clausen; Neafsey (2000) que

mediram o efluente produzido em instalações de bovinocultura e encontraram 2811 mg /L e

2683 mg /L de DBO, respectivamente.

Em relação à DQO, os efluentes dos tanques T6, T8, T10, T14 e T15 apresentaram

valores significativamente maiores (p<0,05) que os efluentes dos demais tanques (Tabela 7)

provavelmente devido ao fato do efluente destes tanques possuírem maiores concentrações de

leite. Os efluentes dos demais tanques (T1, T2, T3, T4, T5, T7, T9, T11, T12 e T13) possuem

DQO semelhante à encontrada por Wood et al. (2007) que, ao avaliarem efluente produzido

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em instalações de fazendas leiteiras, encontraram valores de DQO = 6690 mg/L. Porém

Moraes; Paula Junior (2004), ao avaliarem a biodegrabilidade anaeróbia de resíduos de

bovinocultura, e Pelissari et al. (2013), ao avaliarem eficiência de sistemas wetlands no

tratamento de efluentes de bovinocultura leiteira, encontraram DQO de 1520 mg/L e 1008

mg/L, respectivamente, valores inferiores aos valores encontrados nos efluentes de tanque de

expansão.

Tabela 7: Valores médios (n=3) de DBO5 e DQO e relação DQO/DBO dos

efluentes dos tanques de expansão (valor±desvio-padrão)

Tanque DQO (mg/L) DBO5 (mg/L)

Relação DQO/

DBO

T1 6875,26± 1418,53b 1935,57± 871,36

a 3,55

T2 6139,13± 2758,24b 2979,78± 1789,15

a

2,06

T3 4860,33± 1469,20b 1790,18± 1556,45

a

2,71

T4 5896,76± 2451,04b 1498,32± 1146,74

a

3,94

T5 5703,58± 868,83b 1471,20± 1283,80

a 3,88

T6 9670,98± 2806,05a 3200,85± 1863,62

a

3,02

T7 4154,23± 866,92b 1710,96± 1659,12

a

2,43

T8 7945,90± 1352,95a 2151,11± 1131,99

a

3,69

T9 4350,88± 1537,92b 2712,21± 2253,18

a

1,60

T10 10469,26± 5910,97a 2938,71± 2812,00

a 3,56

T11 5871,58± 1109,24b 2913,28± 1335,06

a 2,02

T12 5975,80± 4623,87b 1848,34± 1472,71

a

3,23

T13 4224,33± 32,80b 1683,23± 1466,65

a

2,51

T14 8811,93± 4929,57a 2304,67± 2437,33

a

3,82

T15 13624,54± 5068,53a 7021,38± 558,23

a

1,94 Médias seguidas de mesma letra, na mesma coluna, não diferem entre si pelo Teste Scott-Knott (p>0,05).

Toumi et al. (2015) compararam efluentes de laticínios com os de estábulos para

tratamento anaeróbio por codigestão. Os autores encontraram o valor de DQO de 28050 mg/L

para efluentes de estábulos. Valores como esse são altos quando comparados com os efluentes

dos tanques de expansão, pois os efluentes avaliados por estes autores caracterizam um

chorume bruto, ou seja, resíduos sólidos misturados com resíduos líquidos (águas de

lavagem). Além disso, a limpeza das instalações dos currais contém vários tipos de resíduos

como fezes, urina, restos de leite e outros, prevalecendo na maioria dos casos, a retirada

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29

desses resíduos com base na utilização de água. Isto gera um grande volume de efluente com

alta concentração de matéria orgânica, o que reflete em concentrações elevadas na variável

analisada.

A DBO fornece informações sobre a fração biodegradável da carga orgânica na água,

pois determina indiretamente a concentração de matéria orgânica biodegradável por meio da

demanda de oxigênio exercida por micro-organismos na respiração (JOUANNEAU et al.,

2014). Segundo von Sperling (2005), a DBO e a DQO são as variáveis de maior importância

na caracterização do grau de poluição de um corpo d’água pois retratam, de uma forma

indireta, o teor de matéria orgânica, sendo portanto uma indicação do potencial do consumo

do OD. Contudo, de acordo com Nguyen; Ward; Lewis (2014), a DQO é um método mais

confiável do que DBO na medição do efluente.

Os efluentes de lavagem dos tanques de expansão não podem ser despejados em corpos

receptores sem antes passar em um tratamento (MINAS GERAIS, 2008). Por meio da

caracterização do efluente foi possível constatar que o mesmo apresenta uma alta

concentração de matéria orgânica representada pela DBO e DQO, justificando a necessidade

de métodos/tecnologias e de legislação própria para o correto tratamento e destino dos

efluentes resultantes da higienização dos tanques de expansão.

Como na DBO mede-se apenas a fração biodegradável, quanto mais este valor se

aproximar da DQO significa que mais facilmente biodegradável será o efluente. Assim, a

relação DQO/DBO prediz o quanto biodegradável pode ser uma amostra e a partir de então

indicar o tipo de tratamento que melhor se adequa ao efluente a ser tratado. No caso analisado

essa relação DQO/DBO não é tão baixa, pois não está muito próxima de 1 (um). Por outro

lado, esta relação indica que as frações biodegradáveis dos efluentes dos tanques de expansão

ainda são consideráveis, pois é comum aplicar-se tratamentos biológicos para efluentes com

relações DQO/DBO de 3/1, e a média das relações neste estudo foi de 2,93. Dessa maneira, o

tratamento indicado pode ser o biológico.

5.3. Medidas de correlação

O estudo sobre correlação entre as variáveis estudadas está resumido em uma matriz

(Tabela 8). Na matriz de correlação, para valores próximos de –1 ou +1, conclui-se que há

uma relação entre as variáveis. Assim, foi estabelecida a Tabela 9 levando em conta a

correlação entre as variáveis a partir dos coeficientes de Pearson maiores que 0,8.

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30

Tabela 8: Matriz de Correlação entre as variáveis (Pearson)

Variáveis Temperatura pH Acidez Alcalinidade Dureza DBO5 DQO

Óleos e

Graxas

Fósforo

Total Nitrogênio Turbidez SDT Volume

Temperatura 1 0,124 0,119 -0,089 0,319 0,034 0,075 0,367 0,161 0,083 -0,012 -0,057 -0,061

pH 1 -0,617 0,835 -0,081 0,166 -0,074 -0,145 0,080 -0,088 0,215 0,449 -0,033

Acidez 1 -0,301 0,513 0,269 0,615 0,728 0,633 0,659 0,266 0,263 -0,137

Alcalinidade 1 0,011 0,399 0,200 0,030 0,260 0,194 0,427 0,674 -0,026

Dureza 1 0,558 0,733 0,878 0,668 0,688 0,691 0,479 0,141

DBO5 1 0,786 0,601 0,630 0,743 0,909 0,716 -0,124

DQO 1 0,873 0,824 0,959 0,872 0,755 -0,061

Óleos e Graxas 1 0,791 0,842 0,673 0,565 -0,100

Fósforo Total 1 0,865 0,706 0,848 -0,113

Nitrogênio 1 0,840 0,760 -0,183

Turbidez 1 0,804 -0,014

SDT 1 0,011

Volume 1

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31

.

Tabela 9: Correlação entre as variáveis a partir do Coeficiente de Pearson

Variável Variáveis correlacionadas (Coeficiente de Pearson >0,8)

pH Alcalinidade

Alcalinidade pH

Dureza Óleos e Graxas

DBO Turbidez

DQO Óleos e graxas, fósforo total, nitrogênio e turbidez

Óleos e graxas Dureza, DQO, nitrogênio

Fósforo Total DQO, nitrogênio , SDT

Nitrogênio DQO, óleos e graxas, fósforo total e turbidez

Turbidez DBO, DQO, nitrogênio e SDT

SDT Fósforo e turbidez

As Tabelas 8 e 9 demonstram correlação significativa entre pH e alcalinidade, ou seja

quanto maior o pH dos efluentes maior a alcalinidade dos mesmos. Segundo von Sperling

(2005), o pH representa a concentração de íons hidrogênio (em escala antilogarítmica) dando

uma indicação sobre a condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água. Já a

alcalinidade representa a quantidade de íons na água que reagirão para neutralizar os íons

hidrogênio. É uma medição da capacidade da água de neutralizar os ácidos (capacidade de

resistir às mudanças de pH).

Não foram encontrados trabalhos com matriz de correlação entre variáveis de efluentes

de tanque de expansão para comparação com este estudo, mas existem trabalhos que

analisaram a qualidade da água por meio dessa matriz. Primavesi et al. (2002) utilizaram a

análise multivariada para avaliar a qualidade da água próxima a sistemas de produção de leite

e observaram que o pH e a alcalinidade também se correlacionaram.

Constatou-se também uma expressiva relação entre óleos e graxas e as variáveis

dureza, DQO e nitrogênio, de modo que a correlação foi significativa positiva, o que quer

dizer que os efluentes com maiores teores de óleos e graxas possuem maiores valores de

dureza, DQO e nitrogênio. A DQO, por sua vez, também apresentou alta correlação com

fósforo, nitrogênio e turbidez. Isto significa que os efluentes com maiores teores de DQO

possuem maiores valores de fósforo, nitrogênio, turbidez e óleos e graxas.

Constatou-se também correlação do nitrogênio com DQO, fósforo, turbidez e óleos e

graxas, de modo que a correlação foi significativa positiva, o que quer dizer que os efluentes

com maiores teores de nitrogênio possuem maiores valores de DQO, fósforo, turbidez e óleos

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e graxas. Donadio; Galbiatti; Paula (2005), ao verificarem a influência da vegetação natural e

de atividades agrícolas na qualidade da água de quatro nascentes em São Paulo, identificaram

alta correlação entre fósforo e nitrogênio total.

As Tabelas 8 e 9 também demonstram que existe correlação significativa positiva

entre as variáveis DBO e turbidez. Os efluentes com os maiores valores de turbidez

apresentaram maiores concentrações de DBO, DQO, nitrogênio e SDT.

Verificou-se também que existe correlação significativa positiva entre as variáveis

fósforo e DQO, nitrogênio e SDT. Assim, quanto maior a concentração de fósforo, maior a

concentração das variáveis DQO, nitrogênio e SDT. Segundo von Sperling (2005), fósforo na

água apresenta-se, principalmente, nas formas de ortofosfato, polifosfato, ou fósforo orgânico

e é comum esses constituintes do fósforo estarem presentes na forma de sólido dissolvido, o

que pode explicar essa correlação forte positiva de fósforo e SDT.

5.4. Análise de Componentes Principais

Para o sucesso da Análise de Componentes Principais (ACP), é desejável que os dois

primeiros componentes principais acumulem uma porcentagem da variância explicada igual

ou superior a 70%. Neste trabalho constatou-se que os dois primeiros componentes explicam

72,15% da variância, sendo que o primeiro componente principal, ou o fator mais importante

na avaliação de efluentes de tanque de expansão por esta análise, explicou 51,92% da

variância dos dados e o segundo componente principal explicou 20,24% da variância (Figura

6).

No primeiro componente as variáveis DQO e nitrogênio apresentaram peso superior a

0,9, indicando que essas variáveis são as mais significativas na definição da caracterização

dos efluentes dos tanques de expansão. Ou seja, as variáveis que possuem maior influência na

característica dos efluentes do tanque de expansão estão relacionadas a concentrações de

DQO e nitrogênio, já que possuem maiores valores dos cossenos quadrados no componente

F1 (Tabela 10).

A ACP permitiu observar o comportamento das características dos 15 tanques. De

acordo com a Figura 6, os tanques T6, T10, T14 e T15 se enquadram em grupo diferente dos

demais tanques. Como já foi constatado, é provável que os responsáveis pela higienização

destes 4 tanques deixem mais resíduos de leite ao iniciar o processo de lavagem, pois eles

apresentaram valores significativamente maiores de nitrogênio e DQO.

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33

Figura 6: Análise dos Componentes Principais das variáveis: temperatura, pH, acidez, alcalinidade, DBO5, DQO, fósforo total, nitrogênio, óleos

e graxas, dureza, turbidez e SDT.

T1 T2

T3

T4

T5

T6

T7

T8 T9

T10

T11 T12

T13

T14

T15

Temperatura

pH

Acidez

Alcalinidade

Dureza

DBO

DQO

Óleos e Graxas

Fósforo

Nitrogênio

Turbidez

SDT

Vol

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14

F2 (

20,2

4 %

)

F1 (51,92 %)

Biplot (eixos F1 e F2: 72,15 %)

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Tabela 10: Cossenos quadrados das variáveis

F1 F2

Temperatura 0,025 0,029

pH 0,004 0,860

Acidez 0,356 0,464

Alcalinidade 0,096 0,780

Dureza 0,632 0,055

DBO 0,679 0,053

DQO 0,924 0,009

Óleos e Graxas 0,796 0,097

Fósforo 0,822 0,000

Nitrogênio 0,909 0,013

Turbidez 0,803 0,062

SDT 0,696 0,207

Volume 0,008 0,001

Valores em negrito (maiores valores dos

cossenos quadrados das variáveis) correspondem

as variáveis importantes para caracterização do

efluente.

5.5. Análise de agrupamento dos efluentes dos tanques de expansão

Pela análise de agrupamento entre os 15 tanques de expansão estudados (Figura 7),

incluindo as variáveis temperatura, pH, acidez, alcalinidade, DBO5, DQO, fósforo total,

nitrogênio, óleos e graxas, dureza, turbidez e sólidos dissolvidos totais, foi detectada a

formação de 6 grupos. Os elementos de uma mesma classe tendem a agrupar-se ocupando a

mesma região no gráfico (Figura 7).

Os agrupamentos permitem a percepção da variação geral das características dos

efluentes dos tanques investigados possibilitando a detecção dos tanques que ocorrem

alterações nas variáveis analisadas. Em relação ao tanque T13, foi observada a mudança de

funcionário responsável pela higienização do tanque a cada coleta de efluente. Este fator pode

ter influenciado certa diferença deste tanque em relação aos demais.

Os efluentes do tanque T9 obtiveram valores menores em diversas variáveis analisadas

quando comparados com os efluentes dos demais tanques, ou seja, pH, alcalinidade,

nitrogênio, DQO, SDT e óleos e graxas apresentaram baixas concentrações neste tanque.

Provavelmente este tanque tem menor quantidade de leite ao iniciar a higienização o que

explica certa particularidade.

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35

Figura 7: Dendograma gerado pelo agrupamento por similaridade dos tanques de

expansão de acordo com as variáveis: temperatura, pH, acidez, alcalinidade, DBO5,

DQO, fósforo total, nitrogênio, óleos e graxas, dureza, turbidez e SDT.

Os efluentes do tanque T15 obtiveram valores significativamente maiores em diversas

variáveis quando comparados com os efluentes dos demais tanques, ou seja, a concentração

de nitrogênio, DQO, SDT e óleos e graxas do efluente deste tanque foram significativamente

maiores que dos efluentes dos demais tanques. Tudo indica que neste tanque havia maior

quantidade de leite no efluente, isto pode explicar a divisão deste tanque em relação aos

demais no dendograma de agrupamento.

A partir do quarto grupo os tanques apresentaram aproximadamente 98% de

similaridade. Analisando as variáveis separadamente e comparando com a análise de

agrupamento, pode-se levar em consideração todos os grupos, incluindo os três tanques com

suas particularidades descritas acima, ainda assim, tem-se mais de 88% de similaridade entre

os efluentes dos 15 tanques (Figura 7). Diante disso, é proposto considerar a característica de

todos os tanques de forma unificada para descrever os efluentes gerados na limpeza dos

tanques de expansão utilizados no processo de granelização do leite cru, propondo a Tabela

11 para anunciar essa caracterização.

T13 T9

T15 T6

T12 T5

T4

T14 T8

T1

T10 T2

T11 T3

T7

0,8888189

0,9088189

0,9288189

0,9488189

0,9688189

0,9888189

Sim

ilari

dad

e

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36

Tabela 11: Caracterização de forma unificada para descrever os

efluentes gerados na limpeza dos tanques de expansão utilizados no

processo de granelização do leite cru

Variáveis

Mínimo Máximo Média

Desvio-

padrão

Temperatura (ºC) 21,03 29,60 24,58 2,74

pH 6,00 12,54 7,88 2,01

Acidez (mg CaCO3/L) 0,00 233,54 95,80 73,31

Alcalinidade (mg CaCO3/L) 32,62 2141,00 409,54 625,90

Dureza (mg CaCO3/L) 45,47 272,47 135,43 64,46

DBO5 (mg/L) 1471,20 7021,38 2543,99 1370,66

DQO (mg/L) 4154,23 13624,54 6971,63 2680,56

Óleos e Graxas (mg/L) 107,42 1255,53 472,28 338,01

Fósforo Total (mg/L) 0,40 67,81 21,72 21,86

Nitrogênio (mg/L) 41,10 422,00 154,78 112,23

Turbidez (NTU) 31,36 4478,00 1046,64 1019,05

SDT (g/L) 0,42 5,96 1,80 1,50

Volume (L) 17,16 67,83 34,24 13,81

Não foram encontrados relatos na literatura consultada sobre o consumo de água em

lavagens de tanque de expansão. Entretanto, para o setor de ordenha têm-se dados de alguns

trabalhos que abordaram efluentes gerados em instalações de bovinocultura que também

pertencem ao segmento da produção de matéria-prima na cadeia produtiva do leite.

O valor médio de pH de efluentes de tanques de expansão (Tabela 11) é aproximado

ao pH encontrado por Ruane et al. (2011), Pelissari et al. (2013) e Rico; García; Rico (2011)

de 7,6; 7,2 e 7,2, respectivamente, ao caracterizarem efluentes de bovinocultura para

tratamento destes.

Moraes; Paula Junior (2004), ao avaliarem a biodegrabilidade anaeróbia de resíduos

de bovinocultura, encontraram águas residuárias com valores de acidez e alcalinidade de 265

mg CaCO3/L e 151 mg CaCO3/L os quais diferem bastante dos valores médios encontrados

para efluentes de tanques de expansão (Tabela 11).

O valor médio de DBO5 (Tabela 11) é próximo ao constatado por Wood et al. (2007),

Newman et al. (2000) e Dunne et al. (2005), nos valores de 2811 mg/L, 2680 mg/L e 2300

mg/L, respectivamente, quando caracterizaram o efluente gerado em instalações de

bovinocultura. Notou-se um alto desvio padrão para os valores de DBO5 dos tratamentos, esse

fato está relacionado diretamente com o manejo diário das instalações e formas de

higienização destas, que podem influenciar na composição do efluente gerado.

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37

O valor médio de DQO encontrado (Tabela 11) é semelhante ao verificado por Ruane

et al. (2011) que foi de 5750 mg/L e de Wood et al. (2007) que foi de 6144 mg/L, ao

caracterizarem efluentes de bovinocultura para tratamento destes. No entanto a DQO

encontrada é muito menor que a apontada por Rico; García; Rico (2011) que foi de 14280

mg/L e mais elevada que a DQO encontrada por Silva; Roston (2010) que foi de 1026 mg/L .

A concentração de fósforo encontrada para efluentes de tanque de expansão (Tabela

11) é próxima a constatada por Newman et al. (2000) de 25,7 mg/L que estudaram a

influência do clima frio para tratamento de águas residuárias da agroindústria de leite. Esta

variável também apresentou alto desvio padrão (Tabela 11). Ruane et al. (2011) encontrou

um valor mais elevado (36,01 mg/L) e Rico; García; Rico (2011) ainda bem mais elevado

(86 mg/L), indicando grande variabilidade neste parâmetro.

A concentração de nitrogênio apresentou altos valores de desvio padrão e o valor

encontrado para efluentes de tanques de expansão (Tabela 11) é relativamente próximo ao

valor registrado por Newman et al. (2000) de 102 mg/L, contudo, este valor é muito menor

que o notado por Rico; García; Rico (2011) de 1140 mg/L e ao mesmo tempo é mais elevado

que o valor encontrado por Pelissari (2014) de 69 mg/L e Silva; Roston ( 2010) de 14,06

mg/L ao caracterizarem efluentes de bovinocultura.

Deve-se notar a partir dos altos valores de desvio-padrão que as variáveis analisadas

demostram elevado grau de variabilidade na quantidade de água e detergentes utilizados, entre

outros componentes empregados. Wood et al. (2007) também constataram um elevado valor

no desvio padrão, contudo esses autores caracterizaram efluentes produzidos em sala de

ordenha.

Considerando os tanques que despejam seus efluentes em córregos, a caracterização

dos efluentes dos tanques de expansão apresentou como resultado comum a não conformidade

das variáveis com os padrões estipulados pela legislação hídrica vigente. Excetuando-se a

temperatura e o pH, todas as outras variáveis apresentaram valores acima dos estipulados pela

legislação (Resolução nº 430/11 do Conama e Deliberação Normativa Conjunta 01) para o

descarte em corpos d’água superficiais. Portanto, algumas ações devem ser implementadas

para minimizar o poder impactante desses efluentes.

Greenway; Woolley (2000) quantificaram a assimilação de 0,6-156 mg/L de

nitrogênio e 1,6-37,5 mg/L de fósforo pela Typha spp em sitemas de wetlands. Assim, os

efluentes gerados na limpeza dos tanques de expansão utilizados no processo de granelização

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do leite cru são indicados para tratamento por sistemas de wetlands já que obtiveram médias

de nitrogênio e fósforo de 154,78 mg/L e 21,72 mg/L , respectivamente (Tabela 11).

Em sistemas de wetlands, os valores altos da matéria orgânica representados pela

DBO e DQO (Tabela 11) são degradados devido à atividade dos micro-organismos para

obterem energia e carbono para o metabolismo e reprodução. Segundo Pelissari (2013), isto

ocorre por meio de reações de oxirredução dos compostos orgânicos e inorgânicos que estão

presentes no efluente.

Para Silva; Roston (2010), os sistemas wetlands também se apresentaram com grande

potencial para aplicação em tratamento de resíduos em fazendas de leite além de serem de

fácil operação e manutenção. Os autores demonstraram que esses sistemas foram eficientes na

redução das cargas de DBO, DQO, sólidos, nitrogênio e fósforo. Sharma et al. (2013) ainda

apontam os sistemas wetlands como viáveis para tratamento de águas residuárias ao

pesquisarem uma sala de ordenha em Hokkaido, Japão. Mantovi et al. (2003) também

demonstraram que o uso de wetlands forneceram um tratamento adequado para reduzir os

poluentes de efluentes provenientes de atividades de bovinocultura leiteira para valores

aceitáveis para descarga em águas superficiais.

Zhang et al. (2014) destacam os sistemas wetlands como promissores no contexto

global da necessidade de baixo custo e sustentabilidade. Estes autores detectaram eficiências

nas altas remoções de DQO, nitrogênio e fósforo. No entanto, estas remoções apresentaram

variações sazonais devido à atuação da macrófita, ou seja, ela pode atuar de forma diferente

dependendo da estação. Contudo, a sazonalidade não influi na caracterização de efluentes a

serem tratados. Dunne et al. (2005), ao determinar a qualidade e quantidade de efluentes

gerados numa fazenda da Irlanda e a eficácia sazonal do tratamento do efluente estudado,

concluíram que não houve variação sazonal tanto nos volumes de efluente produzido quanto

nas concentrações das variáveis de qualidade de efluente (levando em consideração as taxas

de entrada). Os mesmos autores sugerem que os efluentes advindos dos pátios da fazenda

devem ser geridos visto que contém quantidades consideráveis de nutrientes e contaminantes.

A avaliação das unidades wetlands na literatura demonstrou que esse tipo de sistema é

adequado e apresenta grande potencial de aplicação nas propriedades produtoras de leite do

Brasil, devido, principalmente, ao clima favorável em diversas regiões do país, aos baixos

custos (implantação, operação e manutenção), simplicidade operacional, boa eficiência na

remoção de matéria orgânica e nutrientes e também pela possibilidade de reuso do efluente

tratado. Contudo, apesar desta e de outras tecnologias disponíveis e aplicáveis para tratamento

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39

de águas residuárias no segmento de produção de matéria prima para beneficiamento do leite,

não predomina no país tratamento de efluentes neste segmento. Diante do exposto, faz-se

necessário trabalhar para divulgação e também para estabelecer critérios que estimulem e

viabilizem a implementação de tecnologias de tratamento de efluentes nas unidades

produtoras de leite brasileiras.

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40

6. CONCLUSÃO

Não foi constatado tratamento de efluentes em nenhum dos 15 tanques de expansão de

leite do município de Rio Pomba-MG selecionados e georreferenciados. Parte deles (26,7%

dos tanques) descartam suas águas de limpeza em cursos d’água. No entanto, a partir dos

resultados das análises das amostras de efluentes dos tanques de expansão, conclui-se que a

maioria das variáveis estava acima dos padrões legais. Assim, é necessário dar um tratamento

e destino adequado aos efluentes dos tanques de expansão.

Foi comprovado que os maiores tanques (categoria maior que 2000 L) não gastam

mais volumes de água para higienização, estando este gasto ligado, principalmente, ao

operador da tarefa. Deve-se racionalizar o volume gasto para lavagem do tanque por meio de

treinamento, conscientização dos operadores e mudanças de comportamento, porém sem que

haja comprometimento da higienização.

De acordo com as concentrações de fósforo, nitrogênio, DQO e DBO encontrados nos

efluentes gerados na limpeza dos tanques de expansão, foi evidenciado pela literatura que

nestas concentrações estes efluentes podem ser tratados por sistemas de wetlands. Além disso,

foi demonstrado por meio da relação DQO/DBO que o tratamento indicado para efluentes

gerados na limpeza dos tanques de expansão pode ser o biológico. Para estudos futuros,

sugere-se a análise dessa viabilidade por meio da implantação desses sistemas para tratamento

de efluente de tanque de expansão a fim de comprovar as potenciais reduções das

concentrações das variáveis.

Estes resultados também servem como referencial técnico em avaliações de impacto

ambiental pela higienização de equipamento pertencente ao segmento de produção de matéria

prima da cadeia do leite. Além disso, estes dados poderão auxiliar no delineamento de

políticas públicas voltadas para as regiões de concentração de fazendas produtoras de leite.

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47

APÊNDICE A – Valores das três repetições utilizadas para obtenção das médias desse estudo

Tanques

Temperatur

a (Cº) pH

Acidez

(mg

CaCO3/L)

Alcalinidad

e (mg

CaCO3/L)

Dureza

(mg

CaCO3/L)

DBO5

(mg/L)

DQO

(mg/L)

Óleos e

Graxas

(mg/L)

Fósforo

Total

(mg/L) Nitrogêni

o (mg/L)

Turbide

z (NTU)

SDT

(g/L)

Volume

(L)

T1 21 6,25 177,08 162,5 39,5 1016,7 6678,98 277,8 18,91 152,9 859 1,45 27

T1 24,3 6,15 112,92 115,11 118,44 2750 8381,7 611 39,59 176,4 943 1,73 29

T1 26,6 7,28 130,03 215,33 220,33 2040 5565,09 681 1,78 203,8 859 0,71 23

T2 30,5 6,94 102,65 178 58 916 3410,02 131,3 6,98 64,7 644 0,68 35

T2 27 6,14 138,58 81,75 55,94 3930 8925,6 340,83 37,72 141,1 890 1,19 33

T2 24,3 4,92 198,47 31,7 159 4093,33 6081,76 499,17 1,11 188,1 1000 0,90 37

T3 31,9 11,57 0 569 61,5 200 3677,33 80,2 8,81 58,8 553 1,57 16

T3 23 11,23 0 538,04 46,87 3310,55 6504,89 213,5 18,05 109,7 866 2,18 16

T3 20,4 9,91 0 367,87 100,67 1860 4398,78 409,67 17,31 47 505 1,09 28,5

T4 17 6,24 90,7 122 119,33 1338,3 3199,18 216,6 8,25 152,9 847 0,37 20

T4 23 6,34 100,09 192,5 55 440 7987,11 266,9 8,26 152,9 824 0,63 19

T4 24,2 6,49 82,12 58,4 106 2716,67 6503,98 146,33 2,73 235,2 579 0,93 16

T5 18 7,9 13,7 247,5 172,33 2843,8 5813,09 472 10,76 23,5 1000 1,70 72

T5 27,6 7,64 48,76 178,5 122,5 300 4785,19 326,7 7,12 47 946 1,35 69

T5 24 7,45 41,06 108 210 1269,8 6512,46 272,17 0,89 109,7 860 0,74 62,5

T6 26,1 7,07 156,55 42,5 84 1050 6482,7 398,6 23,81 58,8 903 0,47 32

T6 26,5 7,35 138,59 292,79 554,4 4217,55 10765 2018,33 91,15 329,2 1086 3,00 12

T6 35 5,92 405,49 113,45 179 4335 11765,2 1349,67 11,92 399,8 2310 1,89 45

T7 31,1 8,74 25,66 191 68 150 3479,88 123,2 23,81 11,8 364 0,25 53

T7 29 10,07 0 131,8 378 3453,33 3850,72 127,17 18,99 70,6 351 0,99 31

T7 28,7 9,77 0 240,24 65 1529,55 5132,1 641,67 10,56 101,9 889 1,43 33

T8 25,9 6,63 93 115 124 850 9499,28 524,3 10,58 211,7 1000 1,60 44

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T8 23 7,25 74,42 65,06 115,92 2910 7313,22 417 9,9 82,3 936 0,79 72

T8 25,5 6,24 111,21 78,41 137,67 2693,33 7025,2 447,33 0,86 211,7 934 1,43 57

T9 21 7,34 43,62 39,5 27,5 393,3 3173,97 43,1 1,2 58,8 28,2 0,42 27

T9 24 6,71 28,23 31,7 31,25 4893,33 6091,01 49,83 0 35,3 20 0,11 38

T9 26 7,06 66,73 26,67 77,67 2850 3787,67 229,33 0 31,4 45,9 0,74 32

T10 27,3 6,8 71,86 95,5 40,5 386,7 4055,56 112,4 4,44 82,3 51,8 0,28 18

T10 31,5 7,37 94,96 275,27 277,2 5953,33 15698 1423 106,12 368,4 1078 4,42 15,5

T10 24,3 7,42 272,04 180,18 163,33 2476,11 11654,2 1156,33 11,16 384,1 3150 2,73 18

T11 19 6,15 56,4 112,5 201,67 4443,5 4626,98 387,2 7,01 105,8 1000 1,34 29

T11 20 6,7 70,15 150,67 77,67 2310 6231,92 356 14,13 105,8 868 1,11 19,5

T11 26 6,91 143,72 133,33 162 1986,33 6755,85 494,67 1,24 86,2 915 0,45 25,5

T12 21,8 6,22 34,2 54 134,33 474,7 2346,42 98,5 7,58 35,3 247 0,51 41

T12 21 7,34 30,8 150 59,5 1667 4399,19 195,5 10,93 31,4 314 0,14 39

T12 20,3 7,21 188,2 215,21 130 3403,33 11181,8 415 2,28 101,9 930 1,27 27

T13 27 12,59 0 2230 59 216,7 4257,3 106,7 7,01 35,3 322 2,68 34

T13 22 12,49 0 2052 49 3150 4191,7 128,33 7,55 47 326 2,75 35

T13 24,5 12,54 0 2141 54 1683 4224 117 7,3 41 324 2,70 34,5

T14 17,5 6,2 220,2 425 117 150 5272,17 1341,1 62,58 317,5 1100 7,99 39

T14 22,3 6,91 369,56 380 230 1814 14442,3 338,33 131,61 317,5 1040 2,13 39

T14 27,3 7,21 86,61 253,59 112,5 4950 6721,34 344,5 9,24 172,5 957 2,14 45

T15 19,6 12,34 0 2072 237 6576,4 7810,04 534,5 34,67 188,1 1034 6,77 25

T15 23,5 7,28 292,57 563,9 252 6840 17109,5 984,3 155,01 811,4 9530 7,28 41

T15 26,6 12,39 0 2410,74 250 7647,75 15954,1 1404,5 6,43 266,5 2870 3,83 37