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SÃO DANIEL COMBONI ESCRITOS 2 N° 3700 - 7257 N. o 579 (550) - ACORDO COM AS IRMÃS DE S. JOSÉ ASSGM, Afr. C. (1874), v. 8, ff.236-239 1874 Anexo n. o 1 ACORDO ESTIPULADO ENTRE O rev.mo pró-vigário apostólico da África Central e a rev.da madre geral das Irmãs de S. José da Aparição 3700 A fim de coadjuvar a missão da África Central em todas as actividades de instrução e caridade em favor da condição feminina e da infância, a congregação das Irmãs de S. José da Aparição concorre generosamente com as suas irmãs para esta sublime obra de apostolado. Pelo que a rev.ma madre geral desta congregação, a senhora Emilie Julien, e o pró-vigário apostólico da África Central, Daniel Comboni, estabeleceram juntos o seguinte recíproco acordo formal, que terá força e vigor, até depois da morte de ambos, entre os seus suces- sores, enquanto assim o queira a Santa Sé. Artigo primeiro 3701 A superiora geral deverá ter presente que o apostolado da Nigrícia é sumamente árduo e trabalhoso, pelo que procurará enviar para lá religiosas aptas a esse fim. Artigo segundo 3702 O pró-vigário apostólico ocupar-se-á com todo o cuidado para que em cada casa em que as irmãs se en- contrem ao serviço da missão possam elas observar perfeitamente as regras do seu instituto de forma compa- tível com as necessidades práticas da missão. Artigo terceiro 3703 O pró-vigário obriga-se a fornecer às irmãs uma casa decentemente mobilada, equipada com o necessário para constituir uma regular instituto de missão. Artigo quarto

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  • SO DANIEL COMBONI

    ESCRITOS 2

    N 3700 - 7257

    N.o 579 (550) - ACORDO COM AS IRMS DE S. JOS

    ASSGM, Afr. C. (1874), v. 8, ff.236-239

    1874

    Anexo n.o 1

    ACORDO ESTIPULADO ENTRE

    O rev.mo pr-vigrio apostlico da frica Central

    e a rev.da madre geral das Irms

    de S. Jos da Apario

    3700

    A fim de coadjuvar a misso da frica Central em todas as actividades de instruo e caridade em favor

    da condio feminina e da infncia, a congregao das Irms de S. Jos da Apario concorre generosamente

    com as suas irms para esta sublime obra de apostolado. Pelo que a rev.ma madre geral desta congregao, a

    senhora Emilie Julien, e o pr-vigrio apostlico da frica Central, Daniel Comboni, estabeleceram juntos o

    seguinte recproco acordo formal, que ter fora e vigor, at depois da morte de ambos, entre os seus suces-

    sores, enquanto assim o queira a Santa S.

    Artigo primeiro

    3701

    A superiora geral dever ter presente que o apostolado da Nigrcia sumamente rduo e trabalhoso, pelo

    que procurar enviar para l religiosas aptas a esse fim.

    Artigo segundo

    3702

    O pr-vigrio apostlico ocupar-se- com todo o cuidado para que em cada casa em que as irms se en-

    contrem ao servio da misso possam elas observar perfeitamente as regras do seu instituto de forma compa-

    tvel com as necessidades prticas da misso.

    Artigo terceiro

    3703

    O pr-vigrio obriga-se a fornecer s irms uma casa decentemente mobilada, equipada com o necessrio

    para constituir uma regular instituto de misso.

    Artigo quarto

  • O pr-vigrio obriga-se a entregar a cada irm a importncia de quinhentas liras anuais, por adiantado, em

    duas vezes, isto , duzentas e cinquenta cada semestre.

    Artigo quinto

    3704

    O pr-vigrio suporta todos os gastos das viagens, incluindo a do regresso das irms, como tambm todos

    os gastos provenientes de mudana, transferncia ou substituio das irms, ou por razo de sade, ou por

    casos imprevistos que o pr-vigrio ou a rev.ma madre geral julguem necessrio.

    Artigo sexto

    Os trabalhos que realizarem as negras sero em benefcio da misso, assim como os donativos que os

    benfeitores entregarem para o instituto das mesmas negras.

    Artigo stimo

    3705

    Em caso de morte, far-se-o pelas irms os funerais e sufrgios que se fazem pelos sacerdotes mission-

    rios falecidos, na medida em que as normas litrgicas o permitirem.

    Observaes sobre o acordo

    Do Anexo n.o1

    3706

    1.o Como a misso da frica Central completamente nova para as irms e no se podem medir ainda

    as vantagens e os inconvenientes que este acordo oferece s duas partes, seria prudente que tivesse valor s

    ad quinquennium, reservando-se ambas as partes o direito de estipular um novo acordo, aps realizar a expe-

    rincia quinquenal.

    2.o Os deveres e funes das irms consistem principalmente em educar as jovens negras, dirigir as cre-

    ches, enfermarias, etc., e prestar-se a todas as actividades caritativas requeridas pelas necessidades da mis-

    so, e que sejam conforme o objectivo da congregao de S. Jos.

    3707

    3.o O artigo quinto haveria que modific-lo assim: O pr-vigrio arca com todos os gastos das viagens

    das irms, tanto para a sua ida para a misso como para o seu regresso por motivos de sade ou por casos

    imprevistos julgados necessrios pelo pr-vigrio apostlico e pela madre geral. No ficaro a cargo da mis-

    so as viagens das irms que a madre geral mande regressar, por serem destinadas por ela a outros estabele-

    cimentos por vontade prpria.

    3708

    4.o O artigo sexto deveria ficar assim: Todos os bens, ofertas, esmolas ou legados oferecidos aos insti-

    tutos que as irms dirigem, como tambm o que for cobrado pelas aulas ou pelos trabalhos dos prprios insti-

    tutos, sero em benefcio da misso e, portanto, esto disposio do pr-vigrio apostlico.

    3709

    Nota bene: humildemente expostas estas observaes, o pr-vigrio Comboni mostrar a melhor disposi-

    o e alegria em fazer tudo o que a S. C. considerar oportuno; e, portanto, sem necessidade de ser mais ouvi-

    do sobre o assunto, assinar esse acordo, que lhe ser remetido pela Propaganda, na qual reconhece a vonta-

    de de Deus.

    N.o 580 (1162) - MADRE EUFRSIA MARAVAL

    ASSGM, Afrique Centrale Dossier

    Cartum, 1874

    3710

  • ...Encarreguei Sror Genoveva, depois de muitos meses, que escreva madre geral, rogando-lhe que pre-

    pare uma superiora provincial para o ms de Maro e que a envie para o Egipto. Ns precisamos de dez Ir-

    ms, porque no fim deste ano abriremos a misso de Gebel Nuba. Por favor, envie-me irms como a Ir. Jose-

    fina: preciso de irms rabes, virtuosas, recm-sadas do noviciado. Estas habituar-se-o mais facilmente.

    Agradeo-lhe por me ter mandado a Ir. Ana, de quem espero bons resultados.

    Rogo-lhe que se mostre benvola com a frica Central, na qual tem posto todo o seu interesse a Frana

    inteira. Precisa-se de capazes e santas irms para esta misso, porque a mais difcil.

    Que Deus a abenoe. Reze por mim.

    P.e Daniel Comboni

    Pr-vigrio ap. da Africa central

    Original francs

    Traduo do italiano

  • 1 8 7 5

    N.o 581 (551) - MADRE EMILIENNE NAUBONNET

    ASSGM, Afrique Centrale Dossier

    J. M. J.

    Cartum, 12 de Janeiro de 1875

    Minha veneradssima madre,

    3711

    Com a maior satisfao recebi a sua estimada carta junto com a da nossa querida madre geral, nas quais

    se me comunicou a boa notcia de que a senhora foi escolhida para superiora provincial da frica Central,

    como eu desejava e tinha suplicado insistentemente ao cardeal-prefeito da Propaganda e rev.da madre ge-

    ral. Confesso-lhe francamente que a nossa carssima madre geral no podia satisfazer melhor os meus arden-

    tes anseios, que com a graa que me concedeu de escolher para a minha grande misso a veterana das irms

    missionrias do Oriente, quer dizer, a si, minha boa madre, que educou quase todas as nossas estupendas

    irms rabes e sobretudo a que ainda no cessei de chorar: a Ir. Josefina Tabraui. A madre, que veio pela

    primeira vez ao Oriente trazida pelo P.e Ryllo, cujo tmulo est situado no meio do jardim das nossas irms

    aqui em Cartum, a trinta passos da nova casa que constru para si; a madre, dizia, conhece perfeitamente a

    vida apostlica das misses.

    3712

    Nunca agradecerei suficientemente madre geral por ma ter concedido, como na minha ltima carta

    agradeci ao cardeal Franchi, o qual no deixou de instar perante a madre geral para que satisfizesse as mi-

    nhas aspiraes.

    No importa que a irm tenha uma idade um pouco avanada: creio que aqui rejuvenescer. suficiente o

    olhar e a presena de uma boa superiora, sem trabalhar muito, para fazer andar as coisas para a frente. O seu

    nome bem conhecido entre ns; nunca se passou um dia sem eu ouvir o seu venerado nome s irms e so-

    bretudo s nossas Ir. Josefina Tabraui e Ir. Ana Mansur, a quem a irm to bem educou. Espero-a, pois, com

    impacincia em Cartum e vou dar instrues para que venha do melhor modo possvel. Peo-lhe, minha ma-

    dre, que no poupe nada para tornar a viagem menos difcil.

    3713

    A viagem fcil; apenas o deserto um pouco trabalhoso durante uns dias. A sua admirvel obedincia

    madre geral, vindo para a frica, apesar da avanada idade e do peso de tantos anos de misso, foi-me muito

    edificante. Com este esprito, Deus abeno-la-, assim como s irms e ao pr-vigrio apostlico mons.

    Comboni, ao qual a senhora dar as suas instrues.

    Assim, pois, a irm poder conscienciosamente provar a Ir. Genoveva (que tem defeitos misturados com

    virtudes e que Irm de S. Jos e, portanto, filha nossa), aps o que estaremos em condies de decidir bem

    o que se deve fazer: se destin-la a um bom lugar na frica Central ou dar-lhe a carta de obedincia.

    3714

    Espero que tenha compreendido o meu pensamento. Rogo-lhe, pois, que se encarregue de escrever ma-

    dre geral neste sentido, porque eu no tenho tempo de o fazer e agradea-lhe por ela ter dado frica Central

    o precioso dom de Sror Emilienne, a veterana missionria do Oriente.

    3715

    Jamais darei alguma incumbncia ou encargo ao P.e Estanislau Carcereri. Com a sua louca cabea exps

    toda uma caravana a srios perigos e a muitos sofrimentos e gastou-me muito dinheiro por tomar um cami-

    nho que no conhecia. Seguindo o percurso ordinrio, naquela estao a caravana poderia ter chegado a Car-

    tum para a Imaculada Conceio, enquanto agora j no a espero seno l para Fevereiro prximo.

    Como tenho toda a confiana em si, revelo-lhe a minha dor. Estou muito pesaroso, porque temo que a Ir.

    Anglica e as outras duas tenham passado muito frio.

    3716

    A Ir. Ana tem a bicha solitria; um dia est nas aulas, outro na cama. Escrevi a P.e Bartolo para que me

    mande os remdios necessrios para livrar a Ir. Ana desse parasita. Tenha a bondade de se informar bem

    sobre isso no hospital com a superiora e os mdicos e envie os remdios e traga-os a irm tambm. Fica en-

    tendido que, se antes de ter as respostas da madre geral tiver ocasio de partir, dever arrancar imediatamente

    para Cartum, porque as cartas receb-las- aqui.

  • 3717

    Pelo caminho de Suakin, no mar Vermelho, pode chegar a Cartum em menos de trinta dias. Mas P.e Bar-

    tolo dir-lhe- tudo.

    Tenha a bondade de saudar da minha parte as irms e sobretudo a madre superiora do hospital, enquanto

    abenoando-a me declaro nos Coraes de Jesus e de Maria

    Seu af.mo

    P.e Daniel Comboni

    Pr-vigrio apostlico

    Original francs

    Traduo do italiano

    N.o 582 (552) - MADRE EMILIE JULIEN

    ASSGM, Afrique Centrale Dossier

    J. M. J.

    Cartum, 24 de Janeiro de 1875

    Minha carssima madre,

    3718

    No dia 22 do corrente, s sete da manh, a Ir. Genoveva partiu para o cu, depois de recebidos os sacra-

    mentos e a bno papal in articulo mortis. Encontrava-se muito forte e cheia de sade, quando lhe veio uma

    doena de sete dias. Depois de uma indigesto (como dizem a Ir. Severina e a Ir. Ana) tomou leo de rcino,

    de que ela mesma tinha recolhido os frutos e extrado o suco. Os mdicos disseram que era o tifo. O facto

    que eu queria cur-la, mas ela negou-se. Na mesma situao estava a Ir. Faustina, que, como a Ir. Genoveva,

    nunca tinha sido sangrada. A Ir. Faustina deixou-se curar por mim meia-noite e j comea a levantar-se. A

    Ir. Genoveva no sabia que eu tinha a sua carta de obedincia. Pelo contrrio, eu decidira esperar pela madre

    Emilienne para nomear a Ir. Genoveva como Superiora no Cordofo, se lhe agradasse. Enfim, adoremos os

    desgnios da Providncia. Mas o meu pesar muito grande.

    3719

    O pax enviou um bei com doze soldados e quatro janzaros para a acompanhar ao cemitrio. Os seus fu-

    nerais foram magnficos. Deus t-la- no Cu. Era devota e muito amante da orao. Eu, que a confessei

    durante os ltimos seis meses, nunca a vi faltar ao tribunal da penitncia. Desde a ida da Ir. Maria Jos para o

    Cordofo, eu estava satisfeito com a Ir. Genoveva, que tambm foi chorada em Cartum. Celebrarei por ela

    muitas missas. Logo que chegar a caravana, que j saiu de Dngola, far-lhe-emos um grande servio litrgi-

    co, porque agora sou o nico sacerdote que aqui diz missa.

    3720

    Agradeo-lhe infinitamente, minha boa e cara madre, por ter concedido frica Central a veterana das

    missionrias, Ir. Emilienne. No me podia fazer favor maior, nem podia mandar-me uma irm mais adequada

    e capaz para o objectivo proposto. No se preocupe por ser velha. F-la-emos rejuvenescer. Guard-la-emos

    como uma relquia: basta-nos a sua presena: no trabalhar. Com ela espero poder conseguir boas e valiosas

    irms rabes, como a Ir. Josefina e a Ir. Ana, que faz tanto bem, apesar de ter a bicha solitria.

    3721

    Receba, minha boa madre, a minha gratido pela preciosa prenda que me deu na pessoa da Ir. Emilienne.

    causa de alegria para todos, mas quem est mais contente sou eu, porque, a julgar pelo que ouvi Ir. Jose-

    fina e a todas as irms sobre Sror Emilienne e pela carta que me escreveu, estou convencido de que ela

    uma santa e excelente religiosa e superiora. Ficar alojada perto do tmulo do P.e Ryllo (o qual se encontra

    no jardim das irms), que a levou a primeira vez para a Sria.

    Trata-se, pois, de um dos maiores confortos que recebi no meio das minhas cruzes (a maior das quais a

    do P.e Carcereri, de que lhe escreverei). Obrigado, minha boa madre. O Esprito Santo inspirou-a para o bem

    da frica.

    3722

  • Eu sabia perfeitamente que a Ir. Emilienne estava em Marselha disponvel; mas nunca teria tido a cora-

    gem de lha pedir para a misso, to laboriosa, da frica Central, porque era muito mais modesto nas minhas

    splicas.

    Porm, o dia em que me chegou a sua carta com uma da Ir. Emilienne, na qual me dizia que, cumprindo

    as ordens da sua madre geral, considerava fazer a vontade de Deus ao vir para a frica Central, fiquei im-

    pressionado pela sua generosidade e perfeio. Eis uma santa religiosa digna de ser canonizada. Ainda que

    velha e habituada s comodidades de Saida e ao trato com os padres jesutas (que so os mais estimveis

    missionrios) e com os patriarcas e bispos do Oriente, vem enterrar-se com os negros. uma santa e, portan-

    to, uma grande bno para a frica Central.

    3723

    Receba todo o meu agradecimento por isto. A Ir. Severina com os doentes uma irm incomparvel.

    Tambm fez muito por P.e Pascoal. Transmita as minhas saudaes madre Eufrsia, assistente, Ir. Ce-

    leste e senhora de Villeneuve.

    P.e Daniel Comboni

    Original francs

    Traduo do italiano

    N.o 583 (553) - AO CARDEAL ALEXANDRE FRANCHI

    AP SC v. 8, ff. 302-303

    N.o 1

    Cartum, 31 de Janeiro de 1875

    Em.o e Rev.mo Prncipe,

    3724

    Seria meu dever comunicar a V. Em.a Rev.ma o feliz comeo das minhas prticas para a fundao e pr-

    xima instalao da comunidade camiliana em Berber. Mas como o aspecto substancial deste importante as-

    sunto do meu vicariato est descrito na carta junta de 23 do corrente do P.e Franceschini, camiliano, que ma

    mandou aberta para que eu a lesse e depois a enviasse ao seu geral, o rev.mo P.e Guardi, permito-me remet-

    la a V. Em.a tal como me foi enviada, a fim de que se digne l-la para conhecer a situao do mencionado

    assunto e depois faz-la chegar s mos do dito rev.mo P.e geral. Interpretando que conto para isso com o

    total acordo do P.e Franceschini, tomei a liberdade de copiar para V. Em.a um extracto dela; quer dizer, a

    parte que se refere misso de Berber e que interessa obra africana que concedi aos padres camilianos com

    base no meu conhecido acordo com o rev.mo geral dos mesmos, vlido por cinco anos.

    3725

    O vicariato da frica Central entra hoje numa nova fase pela introduo nele de uma nova ordem religio-

    sa, que, bem tratada e governada com prudncia e sabedoria, pode ser til ao apostolado da Nigrcia. Mas a

    experincia e a histria das misses em que trabalham diferentes corporaes nos ensinam que, do concurso

    de diversos institutos numa mesma misso, pode resultar um grande bem, mas tambm um grande mal, como

    efeito, principalmente, da prudncia ou imprudncia do chefe ou do esprito com que se trabalha na vinha de

    Cristo. Por isso, conhecendo bem a gravidade da minha posio, depois de madura reflexo e de incessantes

    oraes quele de quem provm toda a luz, decidi no dar nenhum passo de importncia nas minhas rela-

    es com a nova ordem camiliana e com o superior local da nova casa de Berber sem consultar a Propaganda

    e invocar a preciosa ajuda dos sbios conselhos, ideias, instrues e ordens de V. Em.a e mant-lo informado

    exacta e conscienciosamente de todas e de cada uma das minhas diligncias com a dita ordem (sobretudo

    porque preciso comprovar durante alguns anos a sua aptido para o apostolado das santas misses, que at

    hoje no foi a sua finalidade essencial) e especialmente com o superior da nova casa de Berber, o P.e Carce-

    reri.

    3726

    O nico motivo pelo qual aceitei fundar uma Casa Camiliana no meu vicariato foi a esperana e o desejo

    de salvar o maior nmero de almas na imensa vinha que a Santa S me confiou. E para ter xito no meu in-

  • tento, preciso que proceda com a mxima prudncia e moderao, sem deixar de me manter no meu posto

    nem de fazer valer com firmeza os meus direitos, que redundam no maior bem para o meu vicariato. Por isso

    sumamente til e necessrio recorrer ao mais eficaz e poderoso meio providencial oferecido a todos e, de

    modo especial, s mais trabalhosas e difceis misses do universo, como a Propaganda que dirigida por

    uma sabedoria sobre-humana, infinitamente superior a todas as luzes da experincia que podem ter os supe-

    riores imediatos das misses estrangeiras.

    3727

    Portanto, suplico a V. Em.a que se digne assistir-me tambm nos assuntos aludidos, enquanto com a ajuda

    do Senhor, da Virgem Imaculada e de S. Jos e suportando com jbilo as inevitveis cruzes que os acompa-

    nham, confio firmemente superar qualquer obstculo e em tudo triunfar.

    3728

    Na carta junta do P.e Franceschini ao rev.mo P.e Guardi, certamente chamaro a ateno a V. Eminncia

    estas palavras: Fiquei no pouco surpreendido ao ver o pr-vigrio, cujas circunstncias crticas me eram

    bem conhecidas, no olhar a gastos para comprar uma casa que fosse digna de acolher uma ordem religiosa,

    etc. Pois bem, certo que me encontro em circunstncias crticas, porque tenho o cofre vazio. E no que

    este vicariato carea de recursos ou que se realizem mais obras do que as que se podem, pois o vicariato tem

    receitas suficientes, e eu nunca empreendo uma obra sem a certeza de dispor dos meios necessrios.

    3729

    O que me ps nestas circunstncias o atraso da caravana em chegar a Cartum. Em poucos meses tinham

    sido destinados a este vicariato mais de 74 000 francos em donativos, uma parte dos quais foi recebida pelo

    P.e Carcereri, graas a uma minha carta de recomendao, e a outra chegou ao Cairo, como de costume, s

    mos do meu incomparvel e excelente representante, P.e Bartolo Rolleri, superior dos meus institutos egp-

    cios. Porm, estas ltimas somas chegaram ao Cairo quando se encontrava a Carcereri, o qual, valendo-se da

    sua autoridade de meu vigrio-geral, quis levar tudo. E de nada serviram os rogos e pedidos de P.e Rolleri,

    que queria, como era costume e para maior segurana, mandar-me o dinheiro por meio do Consulado austr-

    aco, sabendo que eu o precisava.

    3730

    Carcereri partiu do Cairo no dia 24 de Outubro do ano passado e ainda no chegou a Cartum, porque quis

    tomar uma rota diferente da normal do deserto de Korosko, seguida at agora por todos os missionrios e

    comerciantes; pelo contrrio, ele tomou a de Wady-Halfa, que insegura e mais longa e dispendiosa. As

    caravanas sadas do Cairo nos fins de Novembro ou princpios de Dezembro j chegaram h uns dias a Car-

    tum. A caravana do P.e Carcereri no sei onde est. Paguei a casa de Berber at ao ltimo centavo, mas te-

    nho a caixa vazia. Esta a minha situao real. Beijo-lhe a sagrada prpura, etc.

    Seu hum., devot.mo e obed.mo filho

    P.e Daniel Comboni

    Pr-vigrio apostlico

    N.o 584 (1207) - BREVE NOTA

    AP SC Afr. C., v. 1005, f.1495

    Janeiro de 1875

    N.o 585 (554) - MADRE EMILIE JULIEN

    ASSGM, Afrique Centrale Dossier

    J. M. J. N.o 2

    Cartum, 28 de Fevereiro de 1875

    Minha muito boa madre,

    3731

  • A notcia do casamento do sr. Augusto de Villeneuve com a senhora Tanquerelle des Planches provocou

    em mim muita alegria e satisfao. O incomparvel corao da senhora Villeneuve merecia esta graa pela

    sua abnegao e pela sua f.

    Naturalmente, vou escrever senhora e a Augusto; porm, entretanto, faa-lhes chegar os meus parabns

    e os meus votos pela sua felicidade. No deixei passar um dia sem rezar por eles. O acordo pr-se- em pr-

    tica segundo o desejo da madre Emilienne, que esta tarde deve chegar a Suakin, no mar Vermelho, aonde j

    enviei o P.e Jos a receb-la.

    Depois do documento que a madre me mandou, j no tenho nada a ver com o Sr. Loureno, graas a

    Deus. Se tiver a ousadia de recorrer aos tribunais, ser derrotado como merece. O assunto s entre si e mim

    e refere-se pequena soma de 3000 francos.

    3732

    De momento no posso enviar-lhe nada. Os enormes gastos a que devo fazer frente, sobretudo no Cairo,

    para construir duas grandes obras e as casas de Berber e de Cartum, no me permitem dar nem um centavo.

    Julgava poder acabar com este assunto dos 3000 francos com a chegada da caravana; porm, a m adminis-

    trao do P.e Carcereri na viagem, gastando-me 40 000 francos e deixando todas as provises em Wady-

    Halfa, etc., deixaram-me um pouco arruinado. Ele a causa de que dos 73 000 que em seis meses recebeu o

    meu vicariato, eu s tenha tocado em 10 000. As irms Teresa e Vitria so testemunhas do esbanjamento de

    dinheiro e de provises levado a cabo sem conscincia por ele que era o meu vigrio-geral. J estou saturado.

    Porm, pacincia: P.e Bartolo Rolleri um homem santo e de valia e muito generoso com as irms. Esforar-

    me-ei para lhe pagar este ano.

    3733

    Sua Eminncia o cardeal Franchi, nosso Pai, escreve-me: Soube com agrado que o acordo assinado en-

    tre esse vicariato e as irms se lhe revelou satisfatrio. O senhor tem razo em gloriar-se das suas irms que,

    deixando de lado todo o interesse pessoal, se sacrificam nessas terras pelo bem da Religio.

    Estas palavras agradaram de modo particular s nossas boas irms. A irm Severina muito activa e fez

    muito bem aqui.

    Reze por

    Seu af.mo

    P.e Daniel Comboni

    Original francs

    Traduo do italiano

    N.o 586 (555) - A P.e BARTOLOMEU ROLLERI

    Les Missions Catholiques 304 (1875), p. 166

    Fevereiro 1875

    Breve artigo.

    N.o 587 (556) - A BERARD DES GLAJEUX

    APFP, Bote G 84

    J. M. J.

    Cartum, 10 de Maro de 1875

    Senhor presidente em Paris,

    3734

    As doenas que todos ns temos sofrido neste trrido clima pela enorme subida do Nilo, que no ltimo

    Outono ameaou com a destruio da cidade de Cartum, e a impossibilidade de apresentar contas exactas

    sobre o ltimo exerccio, pelo atraso da caravana do P.e Carcereri, que tinha nas suas mos parte consider-

    vel das ajudas que a Propagao da F e outras sociedades mais pequenas me tinham concedido no ano de

    1874, impediram-me de lhe enviar para o primeiro de Outubro as tabelas estatsticas do meu vicariato com a

  • informao completa, para servir para a futura repartio. Por isso limitei-me a enviar-lhe, no dia 3 de De-

    zembro passado, um pequeno relatrio sobre o feliz andamento desta misso, as mencionadas tabelas estats-

    ticas, ainda que incompletas.

    3735

    Agora que o P.e Carcereri trouxe do Cairo a Cartum o pessoal da caravana, deixando, por falta de came-

    los, todas as caixas e as poucas provises de reserva em Wady-Halfa, ou seja, na segunda catarata, a quarenta

    dias daqui, dou-lhe igualmente, abreviando, as contas mais exactas sobre a situao financeira junto com as

    tabelas estatsticas do vicariato. Rogo-lhe, pois, sr. presidente, que tome em considerao este pequeno rela-

    trio, melhor que o de 3 de Dezembro passado, porque agora que conheo os enormes gastos que a viagem

    do P.e Carcereri com a caravana provocou, mudou um pouco as previses expostas nessas tabelas estatsticas

    que lhe enviei, de modo que me vejo forado a expor-lhe a urgncia e necessidade que o meu vicariato tem

    de ajudas mais abundantes que os outros anos, a fim de cobrir o dfice do passado exerccio e reforar e de-

    senvolver amplamente esta importante misso, l onde nunca penetrou a palavra do Evangelho.

    3736

    Para consolidar bem a misso principal de Cartum de absoluta necessidade construir uma igreja, mais o

    instituto das irms, com salas de aula, a creche, as dependncias da creche, a enfermaria, etc. Da igreja (que

    ser a catedral) ocupar-nos-emos no futuro. Para a casa completa das irms faltam pelo menos 80 000 fran-

    cos, includo o que j gastmos.

    3737

    Graas ao Sagrado Corao de Jesus e a si, recentemente terminou-se quase a metade do mencionado

    edifcio. Com um gasto de 24 416 francos constru uma casa que, de momento, suficiente para as Irms, as

    salas de aula e o jardim-de-infncia. Para a realizao (sob a minha direco imediata) desta metade da obra

    empregaram-se 723 947 tijolos vermelhos, cada um de 25 centmetros de comprimento, 12 de largo e 6 de

    espessura; alm disso, 1642 ardebs de cal, 984 jornadas de pedreiros a 9 ou 10 francos por dia, mais 10 372

    jornadas de escravos e 4349 francos de madeira. Os meus ferreiros, carpinteiros e o pessoal da misso fize-

    ram-nos poupar mais de metade do custo da construo. Ainda que incompleto, este edifcio de imensa

    utilidade, tanto para a sade para como para o apostolado de Cartum e da frica Central. Em fins de Maro

    mandarei interromper as obras para as retomar noutro ano.

    3738

    A Misso do Cordofo, sobretudo com a instalao das Irms, ganhou nova vida. Fora as reparaes fei-

    tas na casa dos missionrios para proteger o pequeno seminrio ou colgio de negros, vi-me obrigado a rode-

    ar toda a casa das Irms com um muro e a reparar as cabanas. Desde o ms de Maio temos aqui uma capela

    sempre com o Santssimo Sacramento. O conjunto construdo de areia, como se usa na regio. Por tudo

    isto, limitado ao estritamente necessrio, gastei 4105 francos com 7 cntimos. Ainda fica muito para fazer e

    gastar antes de dotar do necessrio esta misso. No obstante, continua a ser a base de operaes e o centro

    de comunicao para toda a parte do vicariato.

    3739

    Actualmente o Cordofo converte-se num ponto de partida da nova misso de Gebel Nuba. Quando S. E.

    Ismail Pax Ayub, governador-geral de Cartum, passou por El-Obeid para ir conquista de Darfur, visitou as

    nossas duas casas do Cordofo e escreveu-me que ficou encantado e cheio de admirao ao v-las to flores-

    centes, sobretudo a casa das irms, e assegurou-me que ficar sempre contente de proteger uma obra to

    eminente da civilizao europeia.

    3740

    A S. C. da Propaganda ordenou-me que fundasse, quanto antes, a misso de Gebel Nuba, a sudoeste do

    Cordofo. Como sabe, em Outubro de 1873, mandei a essas tribos dois padres, Carcereri e Franceschini, e fiz

    com que fosse com eles um veterano da misso da frica Central, o sr. Augusto Wisnewsky, da diocese de

    Ermland, que desde h vinte anos se encontra no nosso vicariato e que conhece perfeitamente todas as tribos

    destas terras at ao 4o de lat. norte.

    3741

    Acompanhado deste excelente homem, o P.e Carcereri visitou os primeiros povoados destas tribos, onde

    existe o grande chefe e escolheu a localidade de Delen para comear o apostolado e a regenerao dos Nuba.

    No ms de Novembro mandei ao dito lugar dois membros da misso para preparar a habitaes. Nesta pe-

    quena expedio gastei 2490 francos, entre camelos, provises, ferro, etc. Porm, chegada a Cartum a cara-

    vana do P.e Carcereri, apressei-me a enviar dois sacerdotes para preparar duas casas, uma para os mission-

    rios outra para as irms.

    3742

  • No prximo ms, uma vez chegada a Cartum a madre provincial, a Ir. Emilienne Naubonnet (que foi trin-

    ta anos superiora na Sria), e recebidas de Wady-Halfa as caixas que o P.e Carcereri deixou l por no ter

    encontrado camelos suficientes, partirei para Gebel Nuba com o fim de fundar a nova misso. Para esta mis-

    so e para levantar a casa dos missionrios e a das irms so precisos pelo menos, este ano, 10 000 francos.

    3743

    Por outro lado, no passado ms de Novembro abri j a misso de Berber, para a confiar aos padres de S.

    Camilo de Lelis, destinando para a o P.e Jos Franceschini com um dos meus irmos leigos. Na actualidade

    esto instalados em Berber (uma das cidades mais comerciais do Sudo) cinco padres camilianos e dois ir-

    mos. Essa formosa casa junto ao Nilo, entre os gastos de aquisio e dos primeiros acondicionamentos e

    reparaes, custou-me 8134 francos com 75 cntimos. Como no vai precisar de novas reparaes durante

    alguns anos, a dita casa, com os cinco mil francos anuais estabelecidos no acordo com o P.e geral dos cami-

    lianos, funcionar muito bem.

    3744

    O superior dela o P.e Carcereri que, como consequncia, deixa de ser o meu vigrio-geral.

    Para este posto de muita importncia nomeei, com total satisfao de todos os meus missionrios, o cn.

    Pascoal Fiore, que, at agora, foi Superior e proco da misso de Cartum.

    Alm dos gastos correspondentes s misses do vicariato, este ano preciso de fazer despesas extraordin-

    rias com as duas casas preparatrias do Cairo, a que a S. C. da Propaganda d uma grande importncia, so-

    bretudo para a aclimatao nelas dos missionrios e das irms da Europa destinados ao vicariato.

    3745

    O senhor sabe que at ao presente os meus institutos do Cairo estiveram instalados em duas casas pelas

    quais pagava anualmente um pesado arrendamento. Depois de ter experimentado mil meios para evitar isto,

    ao cabo de trs anos dirigi-me a S. A. o quedive, a fim de obter no Cairo um terreno onde construir duas

    casas.

    Sua Alteza respondeu que mo conseguiria; mas, aps muitos esforos do meu representante P.e Bartolo

    Rolleri, esse terreno s foi concedido no ms de Agosto passado e em condies que exigem grandes sacrif-

    cios.

    3746

    Na verdade, o terreno concedido est num dos melhores lugares do Cairo e o seu valor de 43 000 fran-

    cos pelo menos, segundo os clculos dos engenheiros. Realmente trata-se de algo magnfico para os interes-

    ses do meu vicariato. Mas tenho que efectuar neste primeiro ano um gasto de 50 000 francos de construo

    para me assegurar a propriedade. Para este fim, envio-lhe a cpia exacta do documento francs-rabe que me

    deu o governo egpcio (Anexo II).

    Ainda que eu e os meus missionrios tenhamos sofrido muitos apertos o ano passado para preparar, cons-

    truir e organizar as nossas obras, estamos dispostos a sofrer muito tambm este ano, para economizar, a fim

    de podermos edificar as casas do Cairo.

    3747

    Se Deus nos abenoar, dentro de cinco ou seis anos os Institutos e as obras do vicariato estaro mais flo-

    rescentes. O nosso nimo para criar e formar com plena vida e actividade o vicariato mais difcil e colossal

    do universo no meio de mil obstculos ser inquebrantvel se o senhor tiver a coragem de aumentar conside-

    ravelmente o generoso contributo que a sua imensa caridade deu nos anos transactos para este vicariato.

    J comearam as obras das duas casas do Cairo e gastaram-se at hoje uns oito mil francos. Porm, o Go-

    verno egpcio exige que em dezoito meses, a partir de 4 de Agosto, ou seja, para o dia 4 de Fevereiro de

    1876, se tenha efectuado o gasto de 50 000 francos. Espero, no obstante, que, feito este desembolso, possam

    instalar-se l os dois institutos, aps o que a construo do restante se ir realizando pouco a pouco. Para

    poder fazer frente a tudo, reduzi ao mnimo o pessoal do Cairo e transferi para Cartum tambm os trs estu-

    dantes de teologia que tinha naquela capital.

    3748

    Como o senhor ver pelas estatsticas do passado exerccio, requerem-se considerveis somas para as via-

    gens do pessoal, no s desde a Europa at Cartum mas tambm desde Cartum at s outras estaes do vica-

    riato. A estes enormes gastos acrescentou-se a desgraa da caravana do P.e Carcereri. Com esta caravana,

    includa a viagem dele Europa e as compras ordinrias, consumiu-se a desmesurada importncia de 36 680

    francos com 91 cntimos, enquanto se outro tivesse guiado a expedio no teria empregado nela 20 000

    francos. E, para alm de todos estes dispndios, as provises que deixaram encontram-se ainda a mais de

    quarenta dias de Cartum, em Wady-Halfa, de onde, por agora, impossvel retir-las.

    3749

  • O P.e Carcereri cometeu dois grandes erros nesta expedio. Chegado a Assuo, devia ter feito o mesmo

    que todos os missionrios desde o ano de 1848, e todos os comerciantes: desembarcar os embrulhos e trans-

    port-los sobre camelos at Schellal (duas horas de viagem), para a serem embarcados e levados a Korosko,

    seguindo depois pelo deserto at Berber. Isto foi o que sempre fizeram os missionrios. Pelo contrrio, ele

    quis fazer passar pelas cataratas de Assuo at Schellal no s as embarcaes, mas tambm o pessoal e os

    ajudantes com o perigo de serem tragados pelo Nilo.

    3750

    O pessoal teve a sorte de se salvar descendo para terra ao comeo da catarata e indo a p at Schellal; mas

    as embarcaes ficaram muito avariadas pela passagem das cataratas e uma afundou-se no Nilo. Passo em

    silncio a desgraa da morte de um dos meus bons agricultores, um verons que, cado num redemoinho do

    Nilo, nas cataratas de Schellal, se afogou. Se o P.e Carcereri tivesse tomado em Assuo os camelos para um

    percurso de duas horas at Schellal, como fizeram todos os demais, ter-se-iam evitado todos estes infort-

    nios.

    Em segundo lugar, o P.e Carcereri quis tomar o caminho de Wady-Halfa, em vez do de Korosko. Ele

    nunca fizera esta rota, no conhecia Wady-Halfa, mas foi at l; enquanto muitos comerciantes egpcios,

    seguindo a de Korosko, chegaram felizmente do Cairo a Cartum em sessenta dias.

    3751

    Pois bem, j em Wady-Halfa, Carcereri teve que se deter a trinta e quatro dias; e quando, por fim, pde

    partir (aps a minhas diligncias perante o Governo), s lhe foi possvel faz-lo com dezanove camelos. Por-

    tanto, do Cairo a Cartum gastou 103 dias. Quanto s provises, mais de metade se perdeu nas cataratas e o

    resto est ainda em Wady-Halfa, onde h perigo de que tambm se perca. Assim pois, de Cartum mandei l

    um dos meus bons irmos leigos buscar essas provises.

    No deserto de Bayuda ele encontrou a caravana ( qual enviei os biscoitos de que carecia) e o P.e Carce-

    reri ordenou-lhe que se detivesse em Dngola. Tendo-me inteirado deste novo contratempo, apressei-me a

    ordenar ao meu irmo leigo que prossiga a viagem at Wady-Halfa e que dali leve o resto das provises para

    Korosko e, atravs de Berber, as traga at Cartum.

    3752

    Deste modo aumentam ainda os gastos da caravana, para no perder tudo, e no fim esta expedio custar

    mais de 40 000 francos. certo que se torna muito difcil a viagem frica Central; mas jamais voltarei a

    pr o P.e Carcereri frente de tais empresas.

    Apesar destas enormes despesas, encontro-me sem provises e, por cima, em apuros, porque no posso

    deixar esta capital para cumprir as ordens da Propaganda de ir fundar a nova misso de Gebel Nuba. Porm,

    toda a minha confiana est posta no Sagrado Corao e na Propagao da F.

    3753

    Graas ao divino Corao de Jesus e a si, apesar de tantas dificuldades, a Sagrada Congregao da Propa-

    ganda pde reconhecer que no foram em vo os sacrifcios que os benfeitores da Obra fizeram por este co-

    lossal Vicariato. Eis um pequeno extracto de uma carta que me dirigiu S. Em.a o cardeal Franchi:

    Roma, sede da Propaganda, 29 de Agosto de 1874

    3754

    Na assembleia geral de 14 do corrente ms de Agosto, a Sagrada Congregao da Propaganda ocupou-

    se dos assuntos dessa misso, com o objectivo de lhe proporcionar uma estruturao mais slida. Considera-

    das, pois, as informaes enviadas por V. S. em diversas pocas, assim como as apresentadas pelo P.e Carce-

    reri, a sagrada assembleia teve o prazer de saber que o Senhor se dignou abenoar o princpio de uma obra de

    tanta glria para Ele e que fundamentalmente se espera que continuar a proteger com os seus celestiais fa-

    vores. Portanto, os eminentssimos padres ordenaram que se institua imediatamente a nova misso em Gebel

    Nuba, para que, com os meios que actualmente estejam ao alcance do senhor, procure a converso ao Cristi-

    anismo desses povos to desventurados.

    3755

    Depois de me darem sbias instrues sobre o modo de agir quanto ao trfico de negros e escravido e

    sobre como acabar pouco a pouco com as desordens destes povos, S. Em.a fez-me saber que a S. C. decidiu a

    minha nomeao para bispo e vigrio apostlico; porm, s ser comunicado ao Santo Padre uma vez estabe-

    lecida a misso de Gebel Nuba. A carta termina assim:

    3756

  • Finalmente tenho o prazer de lhe participar que os meus eminentssimos colegas tributaram elogios ao

    empenho com que o senhor iniciou a rdua empresa de evangelizar essas gentes e encorajam-no a continu-

    la sem desanimar pelos obstculos que vier a encontrar. Pelo contrrio, contando com a divina assistncia,

    que, certamente, no lhe faltar..., etc., etc.

    Para lhe dar uma ideia cada vez mais exacta e verdadeira da administrao deste vicariato, junto as se-

    guintes notas:

    [Seguem notas administrativas e quatro anexos]

    3757

    Com este relatrio e com o que tive a honra de lhe enviar no dia 3 de Dezembro passado, espero ter-lhe

    exposto a situao e o grande futuro do vicariato da frica Central. Rogo-lhe com lgrimas nos olhos que

    aumente muito este ano a generosa ajuda ao mesmo, a fim de poder adquirir as propores que Deus parece

    ter-lhe destinado para a salvao de tantos milhes de almas.

    3758

    A conquista do Equador, levada a cabo pelo coronel Gordon, e a do imprio de Darfur, realizada pelo

    quedive, abriro em pouco tempo um campo mais seguro e extenso ao nosso laborioso apostolado.

    Digne-se, senhor presidente, aceitar os meus humildes respeitos e apresent-los a todos os membros dos

    conselhos centrais e a todos os scios, pelos quais rezo diariamente.

    Seu dev.mo e agradecidssimo

    P.e Daniel Comboni

    Pr-vigrio apostlico da A. C.

    Original francs

    Traduo do italiano

    N.o 588 (557) - A ESTANISLAU LAVERRIERE

    Annales de la Propagation de la Foi (1875), pp. 361-363

    Cartum, 10 de Maro de 1875

    3759

    A misso do Cordofo ganhou nova vida. Pude terminar a construo de metade da casa das Irms. fei-

    ta de tijolo vermelho e, para o pas, uma maravilha. Tive que ampliar o seminrio, o pequeno colgio de

    negros.

    Cartum, que o centro de comunicaes, continua a ser para ns a base de operaes e o ponto de partida

    da nova misso de Gebel Nuba.

    3760

    O governador-geral do Sudo, S. Exia. Ismail Pax, que passagem por El-Obeid para as operaes em

    Darfur visitou as nossas duas casas do Cordofo, escreveu-me que ficou maravilhado, sobretudo com a casa

    das irms e assegurou-me que se sentir sempre contente por proteger uma obra to eminente da civilizao

    europeia.

    Desde o passado Novembro tenho aberta uma casa em Berber, cidade muito comercial da Nbia Superior.

    J esto instalados l cinco sacerdotes e dois irmos, sob a direco do P.e Carcereri, que o superior.

    3761

    Nomeei o cn. Pascoal Fiore, superior da misso de Cartum, meu vigrio-geral, em substituio do P.e

    Carcereri. A casa de Berber pode converter-se no centro de outras misses nas provncias de Suakin, Taka e

    Dongo.

    3762

    Anuncio-lhe uma muito feliz mudana na situao dos nossos Institutos do Cairo, destinados, como sabe,

    aclimatao dos missionrios e das Irms da Europa. Eu pagava anualmente pelas duas casas uma renda

    muito elevada. Para eliminar este pesado fardo, eu tentara desde h trs anos, diversas solues. Finalmente

    dirigi-me a S. A. o quedive e pedi-lhe um terreno no Cairo. Aps mil fadigas e tentativas de P.e Rolleri, su-

    perior dos institutos, e do P.e Carcereri, na sua passagem pelo Cairo, S. A. o vice-rei concedeu-me gratuita-

    mente, a 4 de Agosto de 1874, o terreno solicitado. Esse terreno foi avaliado em 43 000 francos.

  • 3763

    Uma das clusulas da doao obriga-me a fazer no espao de dezoito meses obras no valor de 50 000

    francos. Estas condies so onerosas, mas o vicariato tem absoluta necessidade de duas casas no Cairo. O

    terreno, que mede 3609 metros quadrados, fica situado no bairro de Ismailiah, um dos melhores da capital do

    Egipto. Recentemente escreveram-me de l a comunicar-me que os alicerces esto terminados. Mas por ago-

    ra no posso continuar as obras por falta de meios.

    P.e Daniel Comboni

    Original francs

    Traduo do italiano

    N.o 589 (558) - AO CN. JOS ORTALDA

    Museo delle Missioni Cattoliche XVIII (1875), p. 328

    Cartum, 10 de Maro de 1875

    3764

    Darfur j est submetido em parte. O sulto deste vasto imprio encontra-se aqui em Cartum. Tem consi-

    go poucas mulheres, mas est acompanhado de muitos soldados e de cinco filhos. Em Darfur tinha duzentas

    mulheres e milhares de escravos. Vejo que est resignado sua sorte. Deus o nico Senhor disse-me; o

    homem, ao invs, hoje rei, amanh escravo. Eu era sulto, hoje sou um prisioneiro. Deus o quis e tem ra-

    zo, porque Ele que o nico Senhor e sulto do universo; todos ns somos seus servidores e escravos. O

    sulto de Darfur guardado por um sandiak e por um grupo de soldados, que dentro de uns dias o conduzi-

    ro ao Cairo.

    3765

    Sabe o rabe mediocremente. Em breve lhe mandarei notcias sobre a conquista de Darfur. Estas empre-

    sas humanas so, no meu entender, meios de que a Providncia se serve para facilitar as comunicaes no

    meu imenso vicariato e para contribuir para que nele entre a f. Entretanto, trabalha-se activamente na cons-

    truo do caminho de ferro entre Wady-Halfa e Mothhammah, perto de Shendi. Deve estar terminado dentro

    de cinco anos. Ento j no teremos que atravessar o deserto. O P.e Carcereri est em Berber e fica l como

    superior. Todas as caixas da sua caravana se encontram ainda em Wady-Halfa.

    (Daniel Comboni)

    N.o 590 (559) - AO P.e ESTANISLAU CARCERERI

    APCV, 1458/458

    Cartum, 14 de Maro de 1875

    Breve nota.

    N.o 591 (560) - AO CARDEAL ALEXANDRE FRANCHI

    AP SC Afr. C., v. 8, ff.313-318

    J. M. J. N.o2

    Cartum, 25 de Maro de 1875

    Em.o e Rev.mo Prncipe,

    3766

    lei constante da Providncia que as obras de Deus tenham a marca da cruz. Por isso no pequeno con-

    forto para o meu esprito, embora muito dbil, ver-me com o peso de mui graves cruzes. Estas fortalecem-

    nos imensamente se pensarmos que com a cruz J. C. salvou o mundo e que com a cruz o nosso adorado San-

    to Padre Pio IX elevou a tanta altura a glria do Pontificado, que um severo ministro da Inglaterra no pde

  • fazer menos que dizer que a Igreja Catlica hoje, ainda que inerme, a potncia mais formidvel e colossal

    do universo, enquanto esse Barrabs charlato de Vila Severini se atreveu a afirmar desenvoltamente que o

    Papado j teve o seu tempo. Sejam, pois, sempre benditas as cruzes: as obras de Deus so solidssimas por

    nascerem ao p do calvrio.

    3767

    A caravana guiada pelo P.e Carcereri chegou a Cartum a 3 do passado ms de Fevereiro, 103 dias depois

    de sair do Cairo; mas chegou s o pessoal da expedio (menos o excelente Jos Avesani, agricultor verons,

    que morreu afogado no Nilo por alturas de Schellal), com dezanove camelos, pela rota de Dngola. Todo o

    resto de caixas e provises correspondentes carga de sessenta camelos foi deixado pelo P.e Carcereri em

    Wady-Halfa, ou seja, a mais de quarenta dias de Cartum. Grande parte das provises e todos os paramentos

    sagrados, que me tinham mandado de todas as partes da Europa, perderam-se ou estragaram-se nas cataratas

    de Assuo; e se o resto das provises continua em Wady-Halfa acabar por se perder.

    3768

    Uma embarcao da caravana, batida pelas vagas ao passar as cataratas quebrou-se nos escolhos e foi ao

    fundo, embora se conseguissem tirar alguns objectos deteriorados. O prejuzo que sofreu a misso, alm de

    muitos outros inconvenientes, ascende a mais de vinte mil francos ou talvez mais de trinta mil, o que me cria

    no pouca preocupao. Mas nas barbas de S. Jos encontram-se escondidos no s trinta mil francos, seno

    milhares e milhes de guinus; pelo que no duvido que o nosso querido protector da Igreja Catlica e da

    Nigrcia cumprir com o seu dever de ressarcir a obra africana do seu divino Filho. Para este objectivo so

    dirigidas especialmente as nossas oraes neste ms a ele consagrado.

    3769

    At agora, nunca tinha acontecido semelhante desgraa a nenhuma caravana da misso da frica Central

    desde o ano de 1846, em que foi erigida em vicariato. Tanto os missionrios como todos os comerciantes

    chegados a Assuo sempre desembarcaram as provises e as mercadorias e transportaram-nas at Schellal

    por meio de camelos. E sempre se seguiu este procedimento, porque, fazendo passar as embarcaes pelas

    cataratas, corre-se o perigo de perder pessoal e carregamento. De modo semelhante, todos os missionrios e

    comerciantes que, navegando, chegaram a Korosko, tomaram sempre a rota do deserto de Atmur at Berber e

    nunca os missionrios seguiram a de Wady-Halfa e Dngola, especialmente quando transportavam muitas

    caixas, porque em Wady-Halfa difcil encontrar camelos; e ainda que houvesse camelos, essa rota sempre

    mais longa e fadigosa e pressupe um gasto maior.

    3770

    Todos os que estamos aqui no pudemos compreender ainda porque ocorreu ao P.e Carcereri a ideia de

    fazer passar as embarcaes pelas perigosas cataratas de Assuo, nem a razo pela qual tomou o caminho

    incerto de Wady-Halfa, que ele mesmo nunca tinha visto, afastando-se do processo e da rota seguidos sem-

    pre pelos missionrios e comerciantes. Entretanto, eu vejo-me obrigado a fazer novos gastos de alguns mi-

    lhares de francos para fazer transportar para Cartum as caixas de Wady-Halfa. E talvez tenha de seguir o

    conselho do I. R. consul austro-hngaro e do governador de Cartum: mandar ao meu bom Augusto Wis-

    newsky (a quem enviei a Wady-Halfa, onde no encontra camelos) que embarque de novo todas as caixas e

    as leve para trs para Korosko, para da tomar a antiga rota do deserto de Atmur e de Berber. Faa-se sempre

    a vontade divina.

    3771

    Logo que chegaram a Cartum os missionrios, enviei ao Cordofo uma nova caravana, para dar comeo

    misso de Gebel Nuba. Apenas recebido o meu aviso, o grande chefe apressou-se a mandar a sua gente a El-

    Obeid buscar e conduzir os missionrios a Delen. A pequena caravana, constituda por dois sacerdotes e dois

    hbeis e piedosos artesos, mais um aluno meu da tribo dos Nuba como intrprete, j saiu de El-Obeid para o

    seu destino. Com a ajuda do chefe devem preparar na povoao de Delen dois estabelecimentos, um para os

    missionrios e outro para as irms, e uma capela. At data no tenho nenhuma notcia nem da viagem nem

    da chegada da caravana a Delen.

    3772

    A excelente madre geral das Irms de S. Jos mandou de Marselha para o Cairo a madre provincial que

    eu tanto lhe havia pedido, na pessoa da Ir. Emilienne Naubonnet, talvez muito conhecida na Propaganda,

    porque esteve trinta anos como superiora na Sria; e telegrafei ao Superior dos meus institutos do Cairo orde-

    nando-lhe que a envie quanto antes para Cartum pela rota do Suez, mar Vermelho e Suakin. Ao mesmo tem-

    po, mandei a esta ltima cidade um missionrio que a v receber e que, pelo deserto dos Bisharin, a conduza

    a Berber. Tanto a madre provincial como o missionrio enviado no s chegaram a Suakin, como at se en-

    contram j de viagem a camelo em direco a Berber.

    3773

  • Tendo-me declarado o P.e Carcereri que era vontade da Propaganda e do seu Geral que ele ficasse um ano

    em Berber e compreendendo eu que tal era o desejo do P.e Carcereri, julguei conveniente aceder a isso; pelo

    que partiu com todos os seus religiosos para Berber, onde chegou h tempos. Assim todos os camilianos

    esto j instalados naquela nova casa.

    3774

    No dia 22 de Janeiro, morria em Cartum a superiora das Irms de S. Jos, Ir. Genoveva Nivelet. Entre as

    recm-chegadas h uma (a mais forte), a Ir. Vitria Maill, que est gravemente doente. Na realidade, ela

    chegou j mal a Cartum e temo que tambm esta tome o caminho do Cu. De resto, o clima da frica Central

    melhor que o de muitas outras misses. Aqui h que suportar grande nmero de fadigas e sofrimentos, mas

    pode-se subsistir: basta saber-se orientar bem.

    3775

    Veio prisioneiro para Cartum o sulto de Darfur acompanhado de muitos filhos. Em Darfur tinha mais de

    duzentas esposas e concubinas. O governador militar de Cartum levou misso o sulto e os seus filhos,

    todos mais negros que o carvo, para me fazerem uma visita. Ficou pasmado de admirao ao ver o nosso

    jardim e, sobretudo, o novo estabelecimento que constru para as irms. O sulto, falando-me do seu cativei-

    ro, disse-me, entre outras coisas, em lngua rabe-sudanesa, na qual se exprime bastante bem, que Deus

    Senhor de todos os reinos e de todas as coisas: hoje cria os reis e manda que eles dem ordens; amanh faz

    deles servos e ordena que obedeam. Ontem eu era rei; os meus antepassados tinham mandado em Darfur

    como senhores da vida e da morte de todos os mortais, ao longo de uma dinastia de 467 anos de existncia.

    Hoje, em troca, de repente vi-me transformado num escravo e devo ir servir para longe do meu pas. Deus

    meu Senhor: Deus tem razo, visto que quer assim. Deve-se fazer o que Deus quer.

    3776

    Os seus filhos imperiais ficaram boquiabertos quando lhes mostrei a grande fotografia de S. E. Ismail

    Ayub Pax, governador-geral do Sudo e generalssimo do exrcito egpcio de Darfur. Estes prncipes ne-

    gros reconheceram perfeitamente na grande fotografia aquele que os fizera prisioneiros e se tinha apoderado

    da sua capital e do seu pas. Primeiro mostraram assombro e comentavam: ele, o Ismael Pax. Depois

    comearam-se a rir de forma incontida, repetindo: Hua zato, hua bardo. At que, de repente, se evapora-

    ram do meu salo sem se despedirem e fugiram da misso. H quem diga que os filhos do sulto, crendo

    encontrar-se realmente em presena de Ismail Pax, seu inimigo, se deram fuga.

    3777

    Agora, que est ausente S. E. Ismail Pax, todos os comerciantes de Cartum se encontram muito descon-

    tentes com quem desempenha as funes de governador-geral, que Tuak Pax, e suspiram pelo regresso

    daquele. Mas tardar muito a voltar a Cartum, Porque desta vez recebeu a incumbncia de S. A. o quedive de

    estabelecer um governo regular no imprio conquistado de Darfur, o qual se dividir em cinco grandes pro-

    vncias ou mudiris e se abrir ao comrcio e s comunicaes com outros pases da frica e com os euro-

    peus. Espero que no vamos tardar muito a implantar a cruz na sua capital.

    3778

    Peo-lhe perdo por me ter alargado um pouco. Ficaria feliz se a exmia bondade de V. Em.a me obtives-

    se do Santo Padre uma bno para suportar alegremente as cruzes que me afligem e, em especial, para o

    bom xito na ereco da nova misso de Gebel Nuba. Antes de partir para territrio Nuba proclamarei, numa

    circular, o jubileu ou Ano Santo.

    Rendendo-lhe humildemente a homenagem da minha profunda devoo, tenho a honra de lhe beijar a sa-

    grada prpura e de me declarar nos Sagrados Coraes de Jesus e Maria

    De V. Em.a Rev.ma

    Hum., devot.mo e af.mo filho

    P.e Daniel Comboni

    Pr-vig. ap. da frica Central

    3779

    Na minha ltima carta esqueci-me da cpia anexa relativa ao estabelecimento de Berber, feita com per-

    misso do autor, o P.e Franceschini, que informava o seu geral sobre a casa camiliana de Berber.

    N.o 592 (1208) - NOTA

    AP SC Afr. C., v. 8, ff. 319-320

  • 25 de Maro de 1875

    Breve nota sobre uma carta.

    N.o 593 (561) - NOTA A UMA CARTA DE P.e LOSI

    ACR, A, c. 27/11, n.4

    Cartum, Maro de 1875

    N.o 594 (562) - DECRETO DA ERECO DA CASA DE BERBER

    AP SC Afr. C., V. 8, F. 329

    Cartum, 1 de Abril de 1875

    ANEXO A. Decreto da ereco cannica

    da casa da misso de Berber

    Decreto

    3780

    Dado que S. S. nosso senhor Pio IX, Papa por divina Providncia, nos concedeu a ns, ainda que indig-

    nos, a suprema autoridade do vicariato apostlico da frica Central e que nosso dever pr o mximo cui-

    dado em atender com grande empenho s pesadssimas tarefas do nosso apostolado e com todas as nossas

    foras procurar diligentemente a salvao eterna destes povos, depois de elevar com fervor preces e splicas

    dirias a Jesus Cristo, eterno e sumo Pastor, considermos que deveramos dispor as coisas de forma que, sob

    o nosso poder e autoridade, tambm as nclitas famlias dos regulares acorressem em ajuda dos dilectos sa-

    cerdotes do nosso Instituto das Misses Pro Nigris, de Verona, sacerdotes a quem foi confiada e encomen-

    dada pela Santa S Apostlica a administrao e o cuidado espiritual de todo o vicariato da frica Central.

    3781

    De entre as ditas famlias, preferimos a Congregao dos Clrigos Regulares Ministros dos Doentes, fun-

    dada por S. Camilo de Lelis, porque pensmos que sobretudo esta, ao ser-lhe prprio o duplo carisma do

    servio eclesistico e da exmia caridade, poderia responder extraordinariamente s necessidades das regies

    africanas.

    3782

    Portanto, proposto ao rev.mo P.e Camilo Guardi, superior geral da mesma ordem, um determinado acordo

    para tal fim, vlido por um quinqunio, pensmos confiar a estes religiosos, escolhidos e aprovados pela S.

    Congregao da Propaganda Fide, mediante uma carta de autorizao, o cuidado espiritual com a jurisdio

    ordinria paroquial apenas sob a nossa autoridade e dependncia e a dos nossos sucessores sobre todos os

    fiis de um e de outro sexo, de qualquer nacionalidade e rito, que se encontram na provncia de Berber, na

    Nbia Superior, desde Suakin at ao mar Vermelho e desde Taka at ao limite setentrional com a Abissnia e

    com o antigo reino de Dngola, como esto civilmente constitudas e unidas ao nosso vicariato.

    3783

    Portanto, visto o referido rev.mo P.e Camilo Guardi e a S. Congregao da Propaganda Fide se terem

    dignado benevolentemente dar a tudo isso a sua aquiescncia e se encontrarem j no nosso vicariato os apro-

    vados e escolhidos da dita ordem religiosa, ns, aps madura e diligente indagao sobre eles e escutada a

    opinio de alguns membros do nosso instituto verons para as misses, dos mais venerados e tidos em consi-

    derao pela sua experincia, determinmos entregar a casa da misso de Berber, por ns fundada, aos dilec-

    tos filhos de S. Camilo de Lelis e proceder ereco cannica da mesma casa para a famlia dos camilianos.

    3784

    Pelo que decidimos no Senhor erigir canonicamente a supradita casa da misso dos Clrigos Regulares

    dos Ministros dos Doentes na cidade de Berber. Desde hoje, com a nossa presente carta, declaramo-la erigida

    solenemente, segundo a forma e as condies subscritas no referido acordo por ns propostas, aceite pelo

    rev.mo P.e Camilo Guardi e benevolentemente aprovado pela S. Congregao da Propaganda Fide

    Dado em Cartum, na nossa residncia principal, a 1 de Abril de 1875.

    (L. S.)

  • P.e Daniel Comboni

    Pr-vig. ap. da frica Central

    Paulo Rossi, secretrio

    Original latino

    Traduo do italiano

    N.o 595 (563) - AO P.e ESTANISLAU CARCERERI

    APCV, 1458/458 (Cronaca..., p.35)

    Cartum, 11 de Abril de 1875

    3785

    Em ateno ao desejo que me expressou verbalmente em Cartum no passado Fevereiro e, do Cairo e

    Wady-Halfa, me comunicou por escrito em vrias cartas, declarando a sua vontade de renunciar a ser meu

    vigrio-geral, e uma vez que essa funo incompatvel hic et nunc com o seu novo cargo de prefeito da

    casa camiliana de Berber, manifesto-lhe por meio deste escrito que aceitei definitivamente a sua renncia

    mencionada funo. Em virtude do que fica despojado de todas as faculdades ordinrias e extraordinrias

    inerentes mesma e que eu lhe conferi mediante documento expedido em Maio de 1873 e noutras pocas

    tanto verbalmente como por escrito.

    3786

    Com a presente carta declaro igualmente nulas e de nenhum valor, a partir de agora, todas as faculdades

    que, como vigrio-geral, outorgou aos seus irmos camilianos, reservando para mim mesmo conceder-lhes

    no futuro mediante o correspondente documento os poderes e faculdades que considere oportuno, etc...

    P.e Daniel Comboni

    N.o 596 (564) - AO P.e CAMILO GUARDI

    AGCR, 1700/35

    N.o 1

    Cartum, 14 de Abril de 1875

    Rev.mo padre,

    3787

    Ainda que tarde, chegou finalmente s minhas mos a sua estimadssima carta de 14 de Dezembro do ano

    passado. No s foi V. S. rev.ma um homem de palavra como tambm demonstrou ter palavra de rei. Mas da

    minha parte tenho a satisfao de no ficar atrs no que se refere ao cumprimento da palavra, pois, embora

    me encontrasse na absoluta impossibilidade de oferecer imediatamente em Berber uma casa digna de acolher

    uma ordem religiosa, tanto pelas obras que me tinham ocupado, como porque quase todos os recursos do

    vicariato estavam nas mos do P.e Estanislau e do superior dos meus pequenos institutos do Cairo, para fazer

    frente aos gastos da grande caravana que o P.e Estanislau devia conduzir frica Central, contudo fiz sacri-

    fcios superiores s minhas foras, com o fim de ver depressa preparada e erigida material e canonicamente a

    casa camiliana, segundo os seus venerveis desejos, que repetidamente me tinha exposto por escrito o P.e

    Estanislau Carcereri.

    3788

    Para satisfazer a vontade de V. P. Rev.ma, expressa tambm pelo dito padre, consenti que todos os religi-

    osos permaneam reunidos em Berber, enquanto eu no tiver absoluta necessidade deles. Possivelmente s

    chamarei a Cartum e por pouco tempo o P.e Franceschini. Como ele tem autorizao de V. P. rev.ma para

    fazer uma visita a Verona, desejaria que me acompanhasse na minha viagem da frica Central Europa

    quando, fundada a misso dos Nuba, tiver que ir a Roma; o que no demorar muito, j que chegaram os

    meus missionrios a essa tribo e foram bem acolhidos pelo chefe e pela populao de Delen.

    3789

  • Entretanto, a pedido do P.e Estanislau, no dia 1 do corrente promulguei o decreto da ereco cannica da

    casa da misso de Berber, do que mandei cpia Propaganda. E ainda que, devido s graves perdas sofridas

    pelo naufrgio de uma embarcao nas cataratas de Assuo e pelo atraso em recuperar o resto das provises

    que na data em que escrevo ainda esto em Wady-Halfa, a mais de 40 dias de Cartum me encontre des-

    provido de fundos, o seu paternal corao pode estar completamente seguro de que a sua famlia religiosa de

    Berber no deixar de ser abastecida do necessrio. A Providncia Divina ajudar-me- espero a assistir

    esta primognita das congregaes regulares do vicariato.

    3790

    Quando tiver a dita de ir Cidade Eterna, se Deus me der vida, confio poder conversar longamente com

    V. P. rev.ma sobre muitas coisas de importncia relativas aos interesses e ao maior bem de seus filhos africa-

    nos e de sua obra. Agrada-me muito o R. P.e Afonso Chiarelli.

    3791

    Em cumprimento do artigo IX do nosso acordo, pus o olhar no P.e Joo Baptista Carcereri para a eleio

    do futuro proco de Berber; e para este objectivo, com carta de 11 do actual, comuniquei ao P.e Estanislau

    que vou nomear provisoriamente vigrio-geral o seu irmo J. Baptista. Por isso rogo a V. P. rev.ma se digne

    fazer-me saber se do seu agrado que este padre (a quem conheo h mais de 30 anos e que com o M. R. P.e

    Tomelleri e o P.e Ragazzini foi meu condiscpulo no Instituto Mazza, de Verona) seja eleito proco de ma-

    neira definitiva; nesse caso comunicar-lhe-ei a devida patente. Por muitos bons motivos, que, sem dvida,

    no escapam sabedoria de V. P. Rev.ma, parece-me muito oportuna esta escolha.

    3792

    Finalmente, atendendo a repetidas cartas do P.e Estanislau, enviadas de Verona, do Cairo e de Wady-

    Halfa, e inteno que me manifestou em Cartum de renunciar ao cargo de meu vigrio-geral para atender

    com maior dedicao ao estabelecimento da casa religiosa de Berber, aceitei a solicitada demisso, por ser

    uma funo to grave, verdadeiramente incompatvel com a sua nova misso e a prolongada residncia em

    Berber.

    3793

    Assegurando-lhe todo o meu cuidado e afecto pela sua dilecta famlia religiosa de Berber e com o ardente

    desejo de o ver em breve em Roma, ofereo-lhe o meu sentimento de homenagem de venerao e gratido,

    com o qual tenho o prazer de me subscrever de todo o corao

    De V. P. rev.ma hum. e verdadeiro servidor

    P.e Daniel Comboni, pr-vig. apost. da A. Central

    N.o 597 (565) - AO CARDEAL ALEXANDRE FRANCHI

    AP SC Afr. C., v. 8, ff. 323-324

    J. M. J.

    Cartum, 14 de Abril de 1875

    Em.o e Rev.mo Prncipe,

    3794

    No obstando nada ereco cannica da casa da misso em Berber, onde j se encontram reunidos cinco

    sacerdotes religiosas de S. Camilo munidos da patente da Propaganda e dois leigos, no dia 1 do presente ms

    de Abril publiquei o decreto para a ereco cannica da dita casa-misso, cumprindo o dever de lhe remeter

    cpia a V. Em.a Rev.ma como Anexo A.

    3795

    Por outro lado, tendo-me o P.e Carcereri, com carta de 16 do passado Maro, manifestado o desejo de V.

    Em.a de que eu examinasse o P.e Jos Franceschini (a quem V. Em.a expediu a patente de missionrio que

    ele me mostrou) sobre os seus conhecimentos e aptido para o ministrio apostlico, por este candidato se

    encontrar em Berber, deleguei no P.e Carcereri que realizasse o requerido exame. Efectuado mesmo no dia 2

    do presente ms de Abril, enviou-me uma declarao sobre o assunto, na qual reconhece no dito jovem mis-

  • sionrio boas qualidades para a misso da frica Central e que, ratificadas por mim, passo a remeter a V.

    Em.a Rev.ma como Anexo B.

    3796

    Todas as caixas e provises da expedio do P.e Carcereri, que ficaram aps o desastre nas cataratas de

    Assuo, se encontram ainda em Wady-Halfa, a mais de 40 dias de Cartum. Seguindo o parecer do I. R. cn-

    sul austro-hngaro, do Governo local e de alguns comerciantes experimentados, dei ordem ao meu enviado

    Augusto Wisnewski para levar todas as provises e roupas de volta a Korosko, seguindo o deserto de Atmur

    por Abuhhammed e Berber. Espero, dentro de ms e meio, poder receber tudo em Cartum.

    3797

    A rev.ma madre provincial, Ir. Emilienne Naubonnet, ainda que velha e com trinta anos de misso na S-

    ria, passou felizmente o deserto dos Bisharin desde Suakin, no mar Vermelho, at Berber (15 dias de came-

    lo). No dia 7 do corrente partiu desta ltima cidade e, possivelmente, dentro de uma semana chegar a Car-

    tum. Vai ser uma dor para ela no encontrar j a excelente Irm Vitria Maill, a qual voou para o eterno

    descanso no dia 2 do presente ms.

    3798

    No passado domingo recebi cartas de Gebel Nuba, onde chegaram sem contratempos os meus mission-

    rios e foram acolhidos cordialmente por aquele chefe e pela povoao de Delen. Espero que o Sacratssimo

    Corao de Jesus abenoe esta nova misso.

    3799

    Tambm S. E. Ismail Pax, governador-geral do Sudo e generalssimo do exrcito egpcio no imprio de

    Darfur, me escreveu daquela capital com data de 10 de Safar (17 de Maro), dando-me muito boas novas

    dessa recente conquista, pedindo notcias minhas e mostrando a melhor disposio. Est a organizar em cinco

    grandes muderias ou provncias o vasto reino conquistado e depois voltar a Cartum.

    3800

    O coronel Gordon, nomeado agora ferik pax, deixou Gondokoro, para fixar a sua residncia principal a

    Lad, a trs horas mais para norte. Abandonaram-no quase todos os seus colaboradores, que regressam

    Europa diz-se devido ao seu grande rigor. Mas a razo determinante que se trata de um verdadeiro sol-

    dado, que exige ordem e pontualidade e que no permite roubar. Alm disso, mostra-se terrvel e inexorvel

    com o trfico de escravos, que desapareceu completamente das localidades prximas da sua residncia; po-

    rm, o comrcio de escravos continua com pleno vigor a alguma distncia de Lad e das margens do Nilo

    Branco, onde as suas escassas tropas no chegam.

    Honrando-me em lhe exprimir os meus sentimentos de profunda venerao e beijando-lhe respeitoso a

    sagrada prpura, passo a subscrever-me nos Sagrados Coraes de J. e de M.

    De V. Em.a rev.ma

    Hum. e dev.mo e af.mo filho

    P.e Daniel Comboni

    Pr-vig. ap. da A. Central

    N.o 598 (566) - AO P.e ARNOLDO JANSSEN

    AVR, 1626-1633

    J. M. J. N.o 1

    Cartum, 14 de Abril de 1875

    Ilustrssimo e dilectssimo senhor,

    3801

    Ontem recebi a sua carta de 18 de Fevereiro deste ano, junto com as trs folhas da sua pia revista, que tem

    o doce ttulo de Kleiner Herz-Jesu Bote (Pequeno Mensageiro do Corao de Jesus).

    3802

    Agradeo-lhe imensamente pela sua gentileza e caridade e tambm aos meus piedosssimos benfeitores

    que, por meio de si, se compadeceram desta trabalhosa misso da frica Central e dos meninos negros.

    3803

    Todos os dias, em pblico e em privado, rezamos ao Corao de Jesus, a quem com a autoridade do Sumo

    Pontfice Pio IX e da Santa S Apostlica consagrei todo o vicariato por si e pelos benfeitores da Alemanha

  • catlica, bem como pelos intrpidos bispos, sacerdotes e fiis da Prssia renana e germnica, cuja f, firmeza

    e herosmo contemplam admirados o mundo, os anjos e os homens. Os missionrios da frica Central, ainda

    que extenuados por um enorme trabalho, no nos consideramos dignos de ser chamados discpulos dos valo-

    rosssimos homens da Alemanha, tanto eclesisticos como leigos catlicos. O vosso exemplo fortalece o

    nosso esprito e incita-nos a sofrer mais pela salvao e redeno dos negros da frica interior. nimo, pois!

    O prximo triunfo consolar-vos- a vs e Igreja de Cristo. O Corao de Jesus est convosco.

    3804

    O rev.mo senhor proco Ncker, de Colnia, em trinta meses, a partir de Setembro do ano de 1872, deu

    ao meu vicariato 40 000 (quarenta mil) francos e tambm o encargo de comprar meninos.

    3805

    Porm, como no me chegou a carta em francs, a que o senhor se dignou referir na sua carta, at agora

    no conheo inteiramente as condies e as intenes especiais dos meus generosos benfeitores: o ilustrssi-

    mo e rev.mo proco Ncker, junto com os membros da pia Sociedade de Colnia para o resgate e a educao

    das crianas negras (com os quais estou relacionado h quinze anos), e foi sempre muito exacto e fiel a

    enviar o dinheiro e a transmitir as intenes dos benfeitores da frica Central.

    3806

    Os motivos pelos quais no recebi essa carta em francs podem ter sido vrios:

    1.o O servio postal de Alexandria ou do Cairo, ou, numa palavra do conjunto do Egipto e da Nbia, no

    como o europeu. Por isso, muitas cartas, que me so enviadas para a frica ou que eu escrevo para a Euro-

    pa, extraviam-se. E de nada tm servido as minhas queixas ou as do I. R. cnsul austro-hngaro ao Governo

    egpcio. As cartas e os escritos so transportados em camelos e ao rabe falta-lhe muito de civilizao, ainda

    primitivo.

    2.o O rev.do P.e Carcereri, antes meu vigrio-geral, um excelentssimo escritor e redactor e muito ins-

    trudo; mas (para lhe dizer confidencial e secretamente a verdade) um pssimo administrador e muito inex-

    periente ao tratar dos assuntos. Nos dois anos em que permaneci em El-Obeid, no Cordofo, ele recebeu em

    Cartum todas as cartas a mim dirigidas da Europa e foi muito negligente em faz-las chegar s minhas mos.

    3807

    O P.e Carcereri saiu de Cartum a 10 de Dezembro de 1873 em direco Europa, onde percorreu a Itlia,

    Frana, Alemanha e ustria devido a assuntos da misso, aps o que regressou ao Egipto e depois a Cartum.

    Agora superior da casa da misso de Berber. Ele mesmo, antes de Julho do ano passado, recebeu na Europa

    para mim muitas cartas de muitos dos meus benfeitores da Itlia, Alemanha e ustria e, com elas, dinheiro,

    roupa, livros, paramentos e vasos sagrados; mas no me falou nem escreveu especificando as diferentes coi-

    sas e os benfeitores, excepto num caso ou noutro.

    3808

    Agora, de Berber, mandou-me muitas cartas fechadas nos meses de Abril, Maio e Junho do ano passado.

    Do Cairo, tambm me mandou algumas cartas atrasadas, outras de Wady-Halfa, Assuo e Dngola, e ainda

    h outras nas caixas de gneros alimentcios e outras coisas que levou do Cairo at Wady-Halfa e que conti-

    nuam l desde h cinco meses, porque no pde transport-las para Cartum, por falta de sessenta camelos.

    3809

    O P.e Carcereri foi a Colnia em Junho do ano passado, onde recebeu do rev.mo Ncker 20 000 francos.

    E certamente a sociedade dos negros ou o rev.mo proco Ncker entregaram-lhe todas as notas necessrias

    com as intenes dos benfeitores, como se faz sempre.

    3810

    Feito este esclarecimento, com prazer cumprirei as condies e os desejos expressos na carta de V. S. re-

    centemente recebida. Resgatarei os dez negros na misso do Cordofo; mas seja gentil escrevendo-me os

    nomes dos meninos que o senhor e os benfeitores desejam. J resgatmos muitos meninos em El-Obeid com

    o dinheiro da Sociedade de Colnia e, no prximo ms, quando for a terras dos Nuba para fundar uma mis-

    so por mandato da Santa S Apostlica, administrarei o baptismo em El-Obeid a vinte e cinco ou trinta cri-

    anas resgatadas o ano passado. Far-me-, pois, ilustrssimo senhor, um assinalado favor se, logo que receber

    a minha carta, me mandar os nomes dos meninos negros resgatados pelos benfeitores de Westflia.

    3811

    Desculpe-me por lhe escrever em latim, mas que no durmo por excesso de ocupaes e estou esgotado.

    Por este motivo no lhe escrevo em alemo, porque precisaria de mais tempo e teria que usar o dicionrio. O

    senhor, porm, pode escrever-me em alemo, pois percebo-o bastante bem. Ou, se preferir, pode faz-lo

    igualmente em francs, ingls, espanhol, portugus, italiano ou em latim, lnguas faladas pelos ocidentais.

    3812

  • Os meus colaboradores, isto , o meu vigrio-geral e superior de Cartum, P.e Pascoal Fiore, o meu secre-

    trio, P.e Paulo Rossi, e P.e Losi, reitor da misso do Cordofo, far-me-o chegar, sem falta, todos os escri-

    tos que o senhor me mandar. E o mesmo far P.e Bartolomeu Rolleri, superior do colgio de negros do Cai-

    ro, no Egipto.

    Rogo-lhe me mande a sua estupenda revista Kleiner Herz-Jesu Bote, de Maro, Abril e dos meses seguin-

    tes, porque um feliz compndio da histria das misses apostlicas. Agradeo-lhe por isso.

    3813

    Quando dispuser de mais tempo, escrever-lhe-ei sobre o meu vicariato, que muito extenso e o mais po-

    voado de todo o mundo e cujas gentes e povos se encontram nas trevas e sombras da morte.

    3814

    Expresse o meu agradecimento o mais que puder aos meus benfeitores e transmita-me, se possvel, os

    nomes das pessoas mais dignas de venerao, para que as recordemos nas nossas oraes. Pelo que respeita

    ao dinheiro, se recolher algum, tenha a bondade de o mandar sempre ao senhor Ncker.

    No Sacratssimo Corao de Jesus subscrevo-me humildemente,

    Seu servo em Xsto.

    P.e Daniel Comboni

    Pr-vigrio apostlico da frica Central

    Original latino

    Traduo do italiano

    N.o 599 (567) - A D. GODOFREDO NCKER

    Jahresbericht... 22 (1875), pp.52-55

    Cartum, 20 de Abril de 1875

    Ilustrssimo e rev.mo senhor,

    3815

    Ocupado com trabalhos importantes e urgentes e pressionado por visitas de toda a espcie, fui at agora

    impedido de enviar notcias sobre a situao e as condies da nossa misso. Peo-lhe mil desculpas. Neste

    tempo, o bom Deus deu-me um excelente secretrio, cheio de esprito apostlico, na pessoa de P.e Paulo

    Rossi, um aluno do nosso Instituto Africano de Verona, por meio do qual poderei em breve mandar, sob a

    bno que o Corao de Jesus tem reservada para o nosso vicariato da frica Central, pormenorizadas in-

    formaes Sociedade de Colnia, a cujas fadigas deve este imenso vicariato a sua ressurreio e existncia.

    3816

    Como antecipao, mando-lhes com a presente os acordos a que cheguei, por um lado, com o superior ge-

    ral dos Clrigos Regulares Ministros dos Enfermos e, por outro, com a superiora geral da congregao das

    Irms de S. Jos da Apario e que foram aprovados pela Propaganda em Roma. A tudo isso acrescento o

    recente decreto sobre a ereco cannica de uma casa missionria em Berber. Todos os padres da congrega-

    o de S. Camilo de Lelis, chamados tambm Clrigos Regulares Ministros dos Enfermos, devem permane-

    cer em Berber um ano por desejo do seu prefeito, o P.e Estanislau Carcereri; ficam disso excludos os padres

    Franceschini e Chiarelli, que, juntamente com um veterano da misso, o rev.do sr. Wischnewsky, da diocese

    de Ermland, na Prssia, se mantm preparados para visitar, sob a minha pessoal direco, os povos Nuba. J

    mandei tambm l, guiados por P.e Lus Bonomi, do nosso Instituto de Verona, quatro irmos coadjutores.

    Chegaram h dois meses ao primeiro povoado, chamado Delen, onde o chefe os recebeu com muito agrado.

    A vo construir duas casas, uma destinada a acolher os missionrios e outra as Irms de S. Jos.

    3817

    H pouco veio para Cartum, pela rota do mar Vermelho e de Suakin, a rev.da madre provincial, Sror

    Emilienne Naubonnet, que j foi durante trinta anos superiora das misses na Sria. Chegou pela primeira

    vez ao Oriente com o rev.do P.e Maximiliano Ryllo, sacerdote da Companhia de Jesus, que morreu em 1848

    como primeiro pr-vigrio apostlico da frica Central e cujos restos esto enterrados no jardim da casa das

    irms que constru recentemente. J dois anos antes tinha pedido ao falecido cardeal Barnab uma madre

  • provincial para a frica Central que exercesse o cargo da direco religiosa dos Institutos das Irms e agora

    concederam-me este favor tanto o novo prefeito da Propaganda, Sua Em.a o cardeal Franchi, como a superio-

    ra geral. Uma mulher forte, dotada de nimo viril, de 56 anos e de singular experincia e habilidade, ser, se

    Deus quiser, de uma utilidade muito grande para o vicariato.

    3818

    Os missionrios que partiram do Cairo a 24 de Outubro de 1874 chegaram a Cartum a 3 de Fevereiro do

    presente ano; porm, fizeram-no sem as provises e as outras coisas que traziam para a misso. Isso perma-

    neceu quatro meses em Wady-Halfa e desde ento at agora na capital de Dongola e perdeu-se quase tudo.

    Este prejuzo, que ascende a quase 30 000 francos foi motivado por dois equvocos do condutor da expedi-

    o. Com efeito, em vez de ir pelo caminho normal, o de Korosko a Berber, que seguem os comerciantes e

    desde 1847 os missionrios, tomou a rota de Wady-Halfa e Dngola, que demasiado longa, arriscada e

    dispendiosa; e, em vez de passar as cataratas de Assuo com as embarcaes vazias, enquanto a carga co-

    mo haviam feito os missionrios a partir de Knoblecher era transportada mais para l das cataratas, por

    terra, em camelos, e as pessoas sobre burros, ele passou esses perigosos lugares com as embarcaes carre-

    gadas e, portanto, sem as devidas precaues, de modo que os missionrios e as irms se viram expostos a

    grande perigo de se afogarem e s por um milagre escaparam a um naufrgio certo.

    3819

    Mas infelizmente, uma embarcao que levava provises e os paramentos da igreja, partindo-se, acabou

    por se afundar no rio, em cujas guas encontrou a morte o nosso querido irmo Jos Avesani. Por esta razo

    e por to graves perdas, por agora no estou em condies de ir ao Cordofo e a Gebel Nuba. Embora isto,

    por agora, me mantenha muito aflito, no quero perder o nimo. Antes pelo contrrio, direi com o patriarca

    Job: Deus mo deu, Deus mo tirou; como o Senhor quis, assim aconteceu. Bendito seja o nome do Senhor!

    O divino Corao de Jesus nos anime e conforte. Receba o senhor as minhas cordiais saudaes e tenha

    uma amvel recordao para o seu

    Obrigadssimo amigo

    P.e Daniel Comboni, pr-vigrio

    Original alemo

    Traduo do italiano

    N.o 600 (568) - A AUGUSTO DE VILLENEUVE

    AFV, Versailles

    J. M. J.

    Cartum, 25 de Abril de 1875

    Meu carssimo Augusto,

    3820

    Encontro-me frente da mais vasta misso de todo o universo, rodeado das maiores e pesadas cruzes. No

    meio das minhas penas e trabalhos e apoquentado por um terrvel calor, veio trazer-me um imenso e inefvel

    conforto a notcia que a madre Emilie Julien me deu do seu casamento com um maravilhoso anjo, ou seja, a

    senhora de Tanquerelle des Planches, sobrinha do card. de Cheverus, a qual hoje sua muito amada esposa.

    Oh, carssimo amigo, esta notcia encheu-me de verdadeiro gozo e levantou-me o corao, tanto pela sua

    felicidade como pelo desejo satisfeito da sua incomparvel me. De modo que cantmos uma missa solene

    na minha pequena catedral, para dar graas a Deus por esta grande ventura.

    3821

    o fruto, caro Augusto, de tantas preces que sua admirvel me elevou e fez elevar ao Cu em todo o

    universo. Sim; nem sequer nas distantes regies da frica Central deixei um s dia de pedir a Deus que lhe

    desse uma companheira na Terra e esteja certo de que o mesmo se fez na sia, na Amrica, na Austrlia, em

    Roma e em toda a parte, porque a sua incomparvel me, possuda de uma f herica e de uma perseverana

    sem igual, bem digna de ser escutada. Desde h muitos anos ela derramou muitas lgrimas e suspiros e fez

    rezar por este feliz resultado at a augusta majestade de Pio IX. Assim, o impondervel Deus viu-se obrigado

    a atender essa poderosa orao materna.

    3822

  • Agradea, meu caro Augusto, antes de tudo a Deus, Santssima Virgem e a Pio IX e, depois, f dessa

    extraordinria me que conseguiu tal dita e procurem o senhor e sua esposa servir bem a Deus e fazer felizes

    sobre a Terra os dias da sua boa me, pois ela merece-o pela sua f, a sua perseverana e o seu amor mater-

    no.

    Solicito-lhe, caro Augusto, apresente os meus afectuosos respeitos a sua esposa, a quem espero conhecer

    pessoalmente antes de morrer e rogo-lhe que me mande uma fotografia dela por correio. Esta a minha di-

    reco:

    Mons. Daniel Comboni

    Pr-vigrio apostlico da frica Central

    C/Egipto Cartum (Sudo)

    No dia 16 de Junho celebrarei missa no Cordofo por si, sua esposa e sua me.

    Seu amigo P.e Daniel Comboni

    Original francs

    Traduo do italiano

    N.o 601 (569) - A Mme. A. H. DE VILLENEUVE

    AFV, Versailles

    J. M. J.

    Cartum, 25 de Abril de 1875

    Estimadssima senhora,

    3823

    Rogo-lhe que me conceda o seu perdo, minha mui apreciada senhora, pelo silncio da minha caneta.

    Tm-me apoquentado tantas cruzes, doenas, traies e fadigas to grandes, que, para lhe dar uma pequena

    ideia delas, necessitaria de cinquenta folhas. Contudo, mesmo no meio das minhas tribulaes no deixei de

    pensar em si, nem de rezar por si e por Augusto. Que grande felicidade, senhora, me produziu a notcia do

    casamento de Augusto com a senhora de Tanquerelle des Planches, que bem digna dele! Posso dizer-lhe

    que isto me fez esquecer as minhas penas.

    3824

    Sou testemunha, senhora, das promessas que fez por isso. Penetrei muito no seu corao e conheo a

    fundo a sua alma. Enfim, mereceu esta graa: Deus devia conceder-lha e Augusto, pela sua entrega a sua

    me, foi abenoado. Agradeci muito a Deus, muito estimada senhora, por esta ventura. Agora h que rezar

    para que ele tenha filhos e Deus lhos conceda.

    Logo que receber a esplndida casula que a senhora me enviou (que a nica que se salvou dizem-me

    no naufrgio nas cataratas), com ela cantarei a missa por si e por seus filhos. No meio das desgraas e das

    imensas perdas que sofri, o bom Deus concedeu-me muitos dons, entre eles o de um milagre que livrou da

    morte todos os missionrios e trs Irms de S. Jos quando um dos meus missionrios, por imprudncia, em

    vez de desembarcar em Assuo, fez entrar todas as embarcaes nas cataratas, onde uma delas ficou destru-

    da ao embater contra os escolhos e se perdeu toda a carga.

    3825

    Porm, com as provises e os objectos de culto podiam ter-se perdido os missionrios e as irms e, por

    graa de Deus, s um agricultor se afogou. Esta caravana, que saiu do Cairo a 24 de Outubro, ainda no che-

    gou toda a Cartum. Foi para todo o meu vicariato uma verdadeira desgraa, que me deixou num grande aper-

    to e provocou prejuzos imensos, alm de um grande atraso nos assuntos. Tudo pela imprudncia e teimosia

    de um s homem. Mas fiat!

    3826

    Tive um prejuzo de mais de trinta mil francos, louvado seja Deus! Mas entre estas grandes cruzes e ou-

    tras ainda mais terrveis, o Senhor abenoa este imenso vicariato, a misso mais vasta e difcil da Terra, que

    maior que toda a Europa e povoada por mais de cem milhes de infiis. Pude construir uma bela casa em

  • Cartum para as Irms de S. Jos e outra no Cordofo; alm disso, abri e erigi canonicamente a nova misso

    de Berber e empreendi a fundao da misso entre os povos Nuba, a sul do Cordofo e de Darfur.

    3827

    A nossa madre geral, Ir. Emilie, contribuiu de novo para consolidar as casas das suas irms no meu vica-

    riato. Deu-me uma superiora provincial, que eu lhe tinha pedido com insistncia, a qual deve ir para a minha

    residncia episcopal. Esta madre a Ir. Emilienne Naubonnet, de Pau, que foi durante trinta anos superiora

    no Oriente: uma estupenda mulher, modelo de missionria, cheia de valentia e abnegao. Chegou h trs

    semanas a Cartum, onde pude conhec-la bem. Estou satisfeito com ela.

    A madre Emilie no podia atender melhor o meu pedido seno mandando-me a Ir. Emilienne. Esta for-

    mou e educou na Sria quase todas as irms rabes, das quais tenho trs na misso. Trata-se de verdadeiros

    soldados, que ganham muitas almas e que se fazem respeitar e temer por turcos e africanos.

    3828

    Uma destas magnficas irms, vendo que eu no conseguia dissuadir da sua conduta um homem que vivia

    amancebado, apresentou-se s boas em casa deste, tirou de l a concubina e levou-a para nossa casa, onde,

    aps a converter e instruir, fez com que eu a baptizasse. Agora uma boa crist, que vem confessar-se todos

    os domingos. O que era seu amante veio repetidas vezes ter comigo para reclamar a sua amante; mas sempre

    lhe respondi que no era assunto meu e que fosse falar com as Irms. Foi vrias vezes, mas em vo, porque

    ao cabo de um ms, a concubina, convertida, lhe mandou recado pela irm rabe, dizendo-lhe que no quer

    voltar a estar com ele, que crist. So uma irms bem teis nas misses! Contar-lhe-ei mais dentro de pou-

    co tempo.

    3829

    Digo-lhe em segredo que a S. C. da Propaganda, na assembleia do passado Agosto, me elevou ao episco-

    pado; mas antes de ir a Roma para a sagrao preciso que abra e ponha em andamento a nova misso dos

    Nuba. uma viagem longa que devo empreender. Penso que poderei estar em Roma no prximo ano. No

    preciso de lhe dizer que, esteja eu Roma, em Frana ou no extremo do mundo, logo que sagrado bispo, quero

    v-la, ir a sua casa e passar alguns dias consigo, com Augusto e sua esposa e espero que esteja a senhora

    Maria. Ento falar-lhe-ei tambm da misso mais trabalhosa e maior de todo o universo. Desejo ter a foto da

    sua nora, o que j pedi a Augusto. D-me notcias acerca do seu nascimento e da sua educao e sobre a cir-

    cunstncia humana que determinou este acontecimento. Espero que a jovem partilhe a sua vida consigo.

    3830

    Desejo-lhe tal sorte. A senhora mereceu este anjo para si e para Augusto. Sade da minha parte a senhora

    Maria e todos os que conheo da sua famlia. A Ir. Emilienne, a superiora da frica Central, a quem falei de

    si, pede-me que lhe apresente os seus respeitos. Da minha parte, rogo-lhe que me d notcias de Urbansky e,

    na esperana de voltar a escrever-lhe em breve, declaro-me nos coraes de Jesus e de Maria com todo o

    meu corao

    Seu dev.mo

    P.e Daniel Comboni

    Original francs

    Traduo do italiano

    N.o 602 (570) - AO P.e ESTANISLAU CARCERERI

    APCv, 1458/458 (Cronaca...)

    Cartum, 25 de Abril de 1875

    Frases de Comboni da Cronaca di P.e Stan. Carcereri.

    N.o 603 (571) - AO P.e ESTANISLAU CARCERERI

    APCV, 1458/351

    Maio de 1875

    Autenticao de um decreto da Propaganda.

  • N.o 604 (572) - AO P.e JOO BAPTISTA CARCERERI

    APCV, 1458/351

    Maio de 1875

    Autenticao de um decreto da Propaganda.

    N.o 605 (573) - AO P.e GERMANO TOMELLERI

    APCV, 1458/370

    J. M. J.

    Cartum, 5 de Maio de 1875

    M. R. P.e Germano,

    3831

    Agradeo-lhe infinitamente o bom livro de inscries latinas e italianas, tributo de afecto aos padres

    Bresciani e Artini, que compendiam a vida e as empresas destes dois astros do clero verons. Causou-me um

    grande prazer, lembrando-se da minha pequenez e enviando-me to boa oferta. Porm, seria muito desejvel

    que, como tributo de amor filial, os camilianos da provncia vneta realizassem o seguinte: 1) Publicar todas

    as oraes fnebres do incomparvel P.e Fundador Bresciani, modelo de sagrada eloquncia, sobretudo em

    retratar perfeitamente o carcter do heri que celebra, em cujo caso eu me comprometeria a adquirir doze

    exemplares. 2) Compor a orao fnebre de ambos os padres da famlia camiliana vneta e especialmente a

    do P.e Bresciani, que, depois de ter celebrado os maiores homens da ptria, morreu sem que at agora ne-

    nhum fizesse a sua orao fnebre. No obstante, nunca demasiado tarde para a fazer, pois aquele apstolo

    da caridade mereceu-a. 3) Finalmente, publicar a vida do P.e Bresciani e tambm a do P.e Artini, a qual,

    embora no seja toda de cristal, pelas ideias um pouquinho liberais em 1866, depois de tudo, constitui, como

    a outra, uma flor do jardim verons.

    3832

    Em Berber todos esto de perfeita sade e mantenho com essa casa correspondncia semanal. Alegro-me

    muito de que o P.e Joo Baptista Carcereri tenha decidido consagrar-se ao apostolado africano: estuda inten-

    samente o rabe e com verdadeiro aproveitamento. Propus ao rev.mo P.e geral que me permita nome-lo

    definitivamente proco de Ber