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Revista Rock Meeting #36

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Revista Rock Meeting Nº 36 - Capa: Ratos de Porão, O que estou ouvindo?, Pussy Riot, Rolling Stones, Diário de Bordo - Dream Theater, Assassin, Doomal, Review 3 anos Rock Meeting, Kaoll, World Metal, Mopho. [email protected] | @rockmeeting

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CONTENTS04 Doomal

07 Rolling Stones- Especial

14 World Metal

18 Diário de bordo - Dream Theater

23 capa - Ratos de Porão

36 RM 3 anos - conheça as bandas

41 Review - Assassin

46 Mopho

49 Kaoll - Pynk Floyd Jazz

55 Pussy Riot

58 O que estou ouvindo?

EXPEDIENTE

Direção GeralPei Fon

RevisãoYzza Albuquerque

CapaPei Fon

EquipeDaniel LimaJonas SutareliLucas MarquesPei FonYzza Albuquerque

ColaboradoresBreno Airan João Marcello CruzRodrigo Bueno (Funeral Wedding)Thiago Santos (Ilustração)

CONTATOEmail: [email protected]: Revista Rock MeetingTwitter: @rockmeetingVeja os nossos outros links:www.meadiciona.com/rockmeeting

Ratos de Porão

Marcos Hermes

Errata: No texto “Doom em Portugal”, publicado na edição de número 35 da Rock Meeting, o nome da demo da banda Incarnated foi grafado como “Death Blesses by a God” (2º parágrafo, 3ª linha). O correto é “Death Blessed by a God”.

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EDITORIAL

HistóriaNa edição deste mês, estamos

contando a história de uma banda que está há 30 anos

sobrevivendo no meio musical. Tantos percalços, mudanças de integrantes, e mesmo que as ideologias tenham se modificado, a essência continua. Se pararmos para pensar um pouco sobre construir uma história, deixar um legado, transmitir experiên-cia, entre outros fundamentos, o que estamos fazendo para tal? Não é só so-bre a música, mas sobre a vida. De um modo ou de outro, esta revista deixa o seu legado, porém como mídia. Enquanto pessoas que a fazem, cada um busca trilhar o seu próprio ca-minho. Assim sendo, você, ele e eu de-

vemos fazer o mesmo. Não precisa ser algo gigantesco, que seja reconhecido mundial-mente, é uma questão de consciência: o que eu vou poder deixar para os meus num futuro próximo? Não obstante desses questionamen-tos, o medo do que está por vir tira as for-ças daqueles que desejam dar um passo a mais, muito embora seja este o impulso que falta para prosseguir. A história nos serve como base para evitar os erros passados, para tentar acer-tar no presente para que, quem sabe, o fu-turo seja mais reconfortante. Para tanto, não desista. Crie a sua história, não esmo-reça. É sabido que virão os problemas, mas eles não serão maiores que suas forças.

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Por Rodrigo Bueno (Funeral Wedding | [email protected])

Nem só de mitologia e Rotting Christ vive a Grécia: algumas boas bandas de Doom Metal existiram/existem

por aquelas terras. O seu aparecimento deu-se como em toda a cena em ascensão na época, ou seja, no início dos anos 1990. Muitas dessas ban-das seguiam numa linha mais atmosférica, recheadas de climas de teclado e linhas me-lódicas de guitarra. Relatos datam Chained and Despera-te como uma das primeiras bandas de Doom surgidas por lá. Inicialmente, eles se chama-vam Desperation Death, para mudarem em definitivo para Chained and Desperate em 1991. Suas primeiras demos se encaixam

melhor sob o rótulo de Death/Doom, mi-grando para o que se rotula hoje de Melodic Black Metal. O Condemned surgiu em 1991, fazen-do essa linha de Atmospheric Death Doom. Lançaram 4 demos entre 1993 e 1995, sendo que as duas promos que lançaram no ano de 94 possuem as mesmas músicas, com exce-ção de que a segunda tem uma introdução que a primeira não tem. Não há muita infor-mação sobre eles, mas acredito que encerra-ram as atividades no decorrer da década de 1990. Em 1992, temos o surgimento de Ab-sence of Dawn, que segue numa linha de som que os suecos do Tiamat fazia na épo-

Doom na gréciaSorrow Path

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Shattered Hope

Absence of Dawn

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ca do álbum “Clouds”. Guitarras melodiosas, climas de teclado, algumas passagens mais rápidas para dar uma mudada no andamento musical, e com um vocal mezzo gutural. O Ab-sence of Dawn lançou a demo “And the Sun is Fading” em 1996 e uma “Promo” em 1998, e logo abandonaram o barco. Ainda em 1992, tivemos também o sur-gimento da Paralysis, praticante do Death/Doom. Lançaram uma demo e um split no de-correr do mesmo ano. Em 1993, mudaram o nome para Phlebotomy e lançaram mais 2 de-mos e um EP, para posteriormente mudarem de nome para On Thorns I Lay, em 1995. Debutaram em 1995 com o novo nome e o lançamento do álbum “Sounds of Beautiful Experience”, e nessa época elementos mais góticos foram acrescentados ao som. Já lançaram 6 full-length ao todo, e hoje em dia a banda está numa linha mais Hard Rock. Desde o seu debut não tenho mais contato com o som deles. Em 1993, surge a banda Sanc-torum, outra praticante do Atmos-pheric Death Doom. Sua primeira e única demo foi lançada em 1994. Segundo relatos, meados de 1995 mar-cam a data do fim prematuro desta banda. Uma das bandas atuantes até a data de hoje, que surgiu em 1997, é a Decemberance.

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Lançaram 4 demos de 1998 até 2008, e nos brindaram com um debut no ano de 2009. Ainda em 1993, tivemos também o surgimento da Sor-rows Path. Seguem numa linha “Power/Doom”, e, apesar de seu surgimento anos antes do Never-more, temos algumas coisas se-melhantes entre o som deles. Essa banda teve uma pe-quena duração, que foi de 1993 até 98, quando encerraram suas

atividades. Em 2005 eles retornaram, dessa vez de uma forma mais objetiva em seus planos. Reconstruíram a carreira até debutarem em 2010, com o álbum “The Rough Path of Nihilism”. E uma das melhores bandas da atua-lidade vindas da terra de Zeus chama-se Shattered Hope. Também tendo seu início como Atmospheric Death Doom, o grupo foi migrando para Death/Doom com al-gumas passagens Funeral. Lançaram uma demo em 2005 e um material promocional em 2007. Vieram a debutar em 2010, ten-do seu disco lançado pela Solitude Prod, obtendo ótimas resenhas.

Com certeza faltaram inúmeras bandas, mas, com esse pequeno texto, pudemos co-nhecer um pouco mais sobre o que anda acontecendo por lá. Assim como o Black Metal grego, em que prevalecem muito mais as melodias do que as atitudes em si, o Doom Metal segue os mesmos passos.

PhlebotomyBand

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Quando as pedras começarama rolar... morro acima

Quando as pedras começaram a rolar... morro acima

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Quando as pedras começarama rolar... morro acima

Quando as pedras começaram a rolar... morro acima

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Os Rolling Stones fizeram 50 anos de car-reira em julho, mas se apresentaram pela

primeira vez por pura sorte

Por Breno Airan (@brenoairan | [email protected])Fotos: Divulgação

Quando tinha seus 15 anos, Mick Jagger se exercitava bastante e prati-cava muitos esportes a mando de seu

pai, Joe, formado em Educação Física - coisa que ele não gostava muito. Num dos habituais jogos de basquete, o futuro cantor dos Rolling Stones recebeu uma violenta cotovelada que culminou num “corte” em sua língua. Decerto, a palavra “corte” não seria adequada, porque o pequeno Jagger mordeu um pedaço da ponta da língua, que acabou “pulando fora”. Mesmo com esse fator decisivo para a sua introspecção, Michael Phillip, o Mick,

continuou a flertar com as garotas e aumen-tar seu sex appeal. Segundo a biografia “Mick: The Wild Life and Mad Genius of Jagger” (algo como “Mick: A Vida Selvagem e o Gê-nio Louco de Jagger”), do jornalista Christo-pher Andersen, já ficaram a seus pés mais de 4 mil mulheres – incluindo beldades como Angelina Jolie, Carla Bruni, Uma Thurman e a modelo e apresentadora brasileira Luciana Gimenez. E uma dessas milhares foi sua terapeu-ta sexual. De acordo com Andersen, o frontman dos Stones era um viciado em sexo. Quando percebeu que estava “doente”,

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Desde 2006, mais precisamente durante o show-documentário “Shine A Light”, do renomado diretor Martin Scorcese, que o quarteto não aparecia

junto. Nesse registro, feito em frente ao aposentado clube Marquee, os Stones demonstram força para continuar em frente e prometem um novo álbum, seguido de uma breve turnê mundial em 2013. É o que esperam os fãs

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o vocalista procurou ajuda. Foi até uma tera-peuta para se tratar. Mas, no meio das ses-sões, acabou dando em cima da especialista – que, claro, não resistiu às investidas. Em entrevista ao CBS News, o autor da biografia disse que a modelo e atriz Jerry Hall – que o inspirou a compor “Miss You” - foi quem o ouviu confessar que era um “sex ad-dict”. O guitarrista e amigo de infância Keith Richards também teria o alertado a procurar um analista, a fim de que o problema fosse dissipado. “Quando procurou a ajuda da terapeu-ta sexual, Mick a seduziu. Quero dizer, esse é o tipo de cara com quem estamos lidando... Alguém que tem demônios pessoais e com-pulsões, eu acho”, comentou Chris Andersen. E Mick, quer queira quer não, sempre esteve no centro de tudo. E ele não é os Sto-nes. Até porque no cartaz que anunciava o primeiro show do grupo havia “Mick Jagger and The Rolling Stones”. A banda iria abrir a noite para o Long John Baldry’s Kansas City Blues Boy, prati-camente o patriarca do cenário R&B de Lon-dres. Era uma quinta-feira, dia 12 de julho de 1962. Aquele que seria um dia histórico, mal sabiam eles, era como outro qualquer no Mar-

quee Club. Jagger tinha 18 anos, Richards, também; Brian Jones, jovem guitarrista loi-ro de 20 anos, ficava ao lado do baixista Dick Taylor, de 18; ainda havia Ian Stewart, de 23, no piano, e um mistério nas baquetas. Aos jornais da cidade, o esperto Brian Jones mandou uma carta avisando que a par-tir dali a banda se chamaria “Rolling Stones” e não “Rollin’ Stones”, sem o “g”. O nome foi escolhido por causa de uma música do blues-man Muddy Waters – e ela não tinha o “g”. Mas não era isso o que havia chamado atenção dos periódicos, e sim quem assumia a bateria, pelo menos em tese. Estava lá a al-cunha de Earl Phillips, que já havia trabalha-do com o próprio Muddy Waters e no Howlin’ Wolf. Na verdade, quem estava por lá, atrás, o tempo todo, era o discreto Mick Avory. E estava feita a cozinha então dos Sto-nes. Contudo, é sabido que eles subiram no stage por força do destino. A melhor banda de Rock de todos os tempos podia não ter existido. É que o grupo em que Brian Jones to-cava também, o Blues Incorporated, do mais famoso que ele, à época, Alexis Corner, iria fazer um show num programa de TV. Justa-mente no meio da semana. Justamente numa

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quinta-feira. Naquela quinta. Há muito os Stones já vinham ensaian-do – Mick Jagger, inclusive, tinha feito algu-mas participações no Blues Incorporated, fa-zendo backing vocals. Nada demais. Só que, agora, o prato principal seria o sexteto. Na verdade, seria Long John Baldry, mas quem se importa? Munido com sua gaita, Jagger não se mostrou receoso. Todos eram bastante jo-vens, mas se os Beatles podiam, por que eles não? E essa foi a mensagem deixada pelos Stones: “você pode ser como nós, se quiser”, muito além da perfeição dos “Fab Four”. O curioso é que o setlist deles tinha mais de 30 músicas, calcadas sobretudo no bom e ainda novo Blues, e eles ainda execu-taram canções que não tinham ensaiado de todo. Para tanto, a banda abriu o show com

“Kansas City”, composta por Jerry Lieber e Mike Stoller, interpretada por Jimmy Reed. E várias e várias músicas de Reed caíram noite adentro e no gosto popular. Era isso o que o grupo queria: ganhar pelo menos a simpatia num primeiro contato. Ao final de tudo, Harold Pendleton falou di-retamente com Brian Jones se eles não acei-tavam tocar todas as quintas-feiras por lá. A resposta foi imediata, com um sorriso assen-tindo para o começo do sonho que ainda não acabou. Uma realidade, meses depois da estreia já com Bill Wyman, no baixo, e Charlie Watts, na bateria, regada a drogas, muito sexo – como o leitor pôde ver – e, claro, um pouco de Rock aqui e ali, bem distribuídos nesses 50 anos de pedras rolando no nosso caminho, ao encontro de quem queira sacudir.

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Andreas Kisser famoso

O multifacetado guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser, ganhou um presentão de aniversário. Ele fez 44 anos de idade na sexta-feira (24 de agosto) e ganhou, no mesmo dia, uma homenagem em frente ao ledário Cavern Club, em Liverpool – onde o empresário Brian Epstein viu os Beatles pela primeira vez. O músico foi agraciado com um tijolo no “Muro da Fama”, e ficará imortalizado ao lado de figuras do Queen, do The Who, dos próprios Beatles e dos Rolling Stones, por exemplo. Aliás, Kisser foi o primeiro brasileiro a ser homenageado no local, que é um dos princi-pais pontos turísticos da cidade

FF barulhento

Barulho? “Um homem sábio disse... Rock n’ Roll não é poluição sonora. O Rock n’ Roll nunca vai morrer”, postou em sua conta do Facebook o bem-humorado frontman do Foo Fighters (FF), Dave Grohl, em clara referência a uma canção do AC/DC. Isto porque surgiu um rosário de recla-mações – mais de 140 – por parte de moradores de Belfast, cidade interiorana da Irlanda, alegando “perturbação do sossego”. O fato ocorreu durante o festival irlandês Tennent’s Vital, no dia 21, em que também participou no mesmo dia a banda Black Keys. Enquanto as mais de 32 mil pessoas pulavam e cantavam junto as músicas do FF, outras centenas ligavam para a polícia, reclamando do barulho. Segundo apuração da BBC, o show dava para ser ouvido a 20 km de distância da cidade onde acontecia o festival.

Vocal macabro

A banda norueguesa Gorgoroth soltou o seguinte comunicado: “Em respeito e lealdade para com nossos fãs e colaboradores, Infernus (guitarrista) demitiu Pest (vocalista) da banda. Isso ocorreu aconteceu após Pest informar que não priorizaria a turnê latino-americana, sendo que a banda embarcará daqui a apenas duas se-manas para o Brasil. Infernus decidiu continuar a turnê conforme o planejado e Hoest, da banda Taake, substituirá Pest como vocalista nos shows que se iniciarão em 07 de setembro. Já o próximo álbum do Gorgoroth, ‘Instinctus Bestalis’, terá como vocalista um satanista sérvio conhecido como Atterigner, da banda Triumfall (Forces of Satan Records)”. A banda tem quatro datas agendadas para o Brasil, como co-headliner da edição de 2012 do Setembro Negro.

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BCC3

O Black Country Communion, banda formada por Glenn Hughes (vocal e guitarra), Joe Bonamassa (guitarra), Jason Bonham (bateria) e Derek Sherinian (teclado), anunciou que seu novo álbum se chamará “Afterglow”. O trabalho sairá no dia 30 de outubro.

Blues mais triste

O cantor Celso Blues Boy morreu na ma-nhã do dia 6 do mês passado em Joinville, no Norte de Santa Catarina. Segundo a central funerária de Joinville, o músico faleceu às 8h50. O corpo já foi encaminhado para Blumenau para ser cremado. O músico tinha 56 anos e sofria câncer de garganta. Blues Boy era cantor, compositor e guitarrista. Cel-so Ricardo Furtado de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, em janeiro de 1956. Na década de 1970, com apenas 17 anos, começou a tocar profissionalmente com Raul Seixas, além de acompanhar nomes da MPB como Sá & Guarabyra e Luiz Melodia. Seu nome artístico é uma homenagem ao seu ídolo, B.B. King, com quem chegou a tocar na década de 1980. Ele foi guitarrista das bandas Legião Estrangeira e Aero Blues, considerado o primeiro grupo de Blues do Brasil.

The Who lançando DVD

O The Who irá lançar em DVD o seu show de 1975, gravado em Houston (EUA), durante a tur-nê do álbum “The Who By Num-bers”, no dia 9 de Outubro. “Live In Texas” tem 117 minutos e 25 músicas, e antes estava disponível apenas como um bootleg tosco. Foi restaurado por um colaborador de longo tempo da banda, Jon Astley. A data de lançamento coincide com o que seria o aniversário de 68 anos do baixista John Entwistle.

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Guns 2.5

O Guns n’ Roses anunciou que fará 12 shows no Hard Rock Café de Las Vegas para ce-lebrar o repertório do grupo. A temporada, cha-mada “Appettite For Democracy”, começa no dia 31 de outubro. A ideia, informou a revista Rolling Stone, é incluir boa parte do repertório do grupo nos shows, desde” Chinese Democracy” (2008) ao álbum de estreia do grupo, “Appettite For Destruction” (1987), que completou 25 anos em 2012.

Revoltado no Twitter

O baterista do Angra e do Shaman, Ri-cardo Confessori, desabafou, em seu perfil do Twitter, sobre a possibilidade de o Brasil por música de qualidade duvidosa tanto na abertu-ra quanto no encerramento das Olimpíadas de 2016, que acontecerão por aqui. “Pelo amor, po-nham rock no show das Olimpíadas [no Brasil]. Paralamas [do Sucesso], Titãs, qualquer coisa. Não quero que o mundo veja Axé, Sertanejo e Funk. Dá vergonha”, comentou ele, no dia 12 de agosto. Numa postagem seguinte, congratulou a Inglaterra. “Que grande país a Grã-Bretanha. Vejam o nível e o respeito aos grandes nomes do Rock que ‘eles’ criaram!”, exclamou o baterista brasileiro.

Show histórico relançado

Paralelamente ao lançamento da caixa comemorativa dos 40 anos de Machi-ne Head, a EMI disponibilizará o vinil “In Concert ’72” de maneira avulsa. O trabalho registra o show do Deep Purple no BBC Paris Theatre, em Londres. A remixagem foi feita através das fitas originais, no Abbey Road Studios. De bônus, um LP 7 polegadas com o cover de “Lucille”, executado no bis.

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Korzus no estúdio

Em postagem no Twit-ter, os integrantes do Korzus revelaram que estão no estú-dio Mr. Som, trabalhando em ideias para o próximo álbum do grupo. O sucessor de “Dis-cipline Of Hate” deve sair em 2013.

Novo do Destruction

Os alemães do Destruction for-neceram mais alguns detalhes de seu ál-bum comemorativo de 30 anos, “Spiritual Genocide”. Além das já anunciadas parti-cipações de Tom Angelripper (Sodom) e Andreas Gerre (Tankard), Ol Drake (Evi-le) também aparecerá. A formação que gravou o EP “Mad Butcher” e o álbum “Release From Agony” se reunirá em uma das faixas. Naquela época, a banda foi um quarteto, com o guitarrista Harry Wil-kens e o baterista Oliver Kaiser.

Fãs atentos

Nem saiu seu próximo álbum, “Silver-thorn”, e o Kamelot já precisou encomendar uma segunda leva da versão em box-set do traba-lho. As peças da prensagem inicial foram quase todas adquiridas pelos fãs na pré-venda. O disco estará disponível na última semana de outubro

Rumo ao Velho Continente

Os pernambucanos do Alkymenia estão de malas prontas para ir à Europa. O trio levará seu Death/Thrash Metal violento ao Velho Con-tinente na “Dark And Nebulous European Tour”, que está marcada para começar no mês que vem. A banda esteve em Maceió em outubro de 2011, no aniversário de 2 anos da RM.

Pei Fon

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Por Alexandre Afonso (Rádio Rock Freeday)Foto: Renan Facciolo

Dream Theater em São Paulo (Credicard Hall, 26/08/12)

Sexta-feira, 25 de maio de 2012. Chego em casa cansado, numa dia calorento e chuvoso do mês

de maio, ligo o PC, abro as redes so-ciais, entro na minha caixa de e-mail e recebo uma “pilharada” de recados - mais de 90% sem utilidade alguma. Aí, dou um pulo na caixa do “lixo ele-trônico” - sim, porque é sempre de lá que vem as melhores notícias, e desta feita, não estava errado, um agradável e-mail fechava a lista de 30 mensa-gens: a gravadora do Dream Thea-ter no Brasil (Warner Music) comunicava, no anexo, cinco datas com shows do Dream Theater em território nacional em 2012, ou seja, era a minha derradeira chance de ver a banda “ao vivo”. E eu, que sou fã descarado do DT (sim, descarado, porque nunca fui ao show da banda), teria a chance de ver o quin-teto, agora na quarta passagem pelo Brasil,

tornar-se realidade. Realidade essa que começou no mes-mo dia. Comecei a ver e pesquisar as datas, passagens, credenciamento (até ingresso comprei) pra garantir logo o show. Assim, decidi me credenciar em São Paulo, por dois motivos, o primeiro deles é bem simples: adoro passar finais de semana na capital paulista; e o segundo foi o local do espetácu-lo, o famoso Credicard Hall, uma das poucas

Foto: Arquivo pessoal - Alexandre Afonso (vermelho)

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casas de shows que nunca tinha ido antes. Os meses passaram, e a cada momento que se aproximava ficava mais chato ler meus “posts” nas redes sociais - sim, porque eu só postava vídeos e músicas do Dream Theater. Chato que sou (admito), fui logo avisando: “só os fortes entenderão!”. E finalmente o grande dia chegou: 25/08. Entro no aeroporto soteropolitano “Luiz Eduardo Magalhães” (nome feio da “zorra”!) em direção a Guarulhos, São Pau-lo. Chego lá meio-dia, com fome e com mais três amigos que encontrei no voo (sim, todos foram ver o DT), pego minha condução, e o sábado voa. Ufa! E chega o domingo. No final da tarde, fui para o bairro de Santo Amaro, almocei, tomei uma com os amigos e, em seguida, me mandei pro Credicard Hall. 17h em ponto, chego ao local, encontro uma fila interminá-vel, todos com camisetas do Dream Theater (pra variar). Reencontro amigos da Internet e da “vida real”. Tomo todas e, às 18h, aden-tro na casa. É... Acho que chegou a hora de escrever de verdade! Com doze minutos de atraso começa o espetáculo. “Bridges in the Sky” foi a eleita pra abrir o show, música do último trabalho do DT, “A Dramatic Turn of Events”. A ban-da entrou com tudo e arrebatou a plateia no primeiro minuto. No palco, um Dream Thea-ter relaxado, com emoção e muito mais sol-to, brincando o tempo todo e sem a menor preocupação com o tempo. O DT estave tão à vontade no Credicard Hall que nem parecia que estava saindo de um período turbulen-to, com a perda de um de seus líderes. Péro-las, como “A Fortune in Lies”, “6:00”, “Spirit

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Carries On” e o bis, com a maravilhosa “Me-tropolis – part 1”, foram perfeitos! Mas foram os temas mais sombrios e pesados onde os músicos puderam exibir todo o virtuosismo e a técnica invejada que possuem. O novo baterista, Mike Mangi-ni, que substitui o ex-líder e lenda do estilo, Mike Portnoy, parecia que sempre estivera nas baquetas do Dream Theater. Preciso, pe-sado e extremamente técnico, deu um dina-mismo diferente ao poderoso som da banda. Antes do expressivo solo de bateria de Man-gini, a banda emendou sem perder o fôlego uma sequência pesada e extremamente téc-nica: “The Dark Eternal Night”, “This is the Life”, “The Root of All Evil” e “Lost Not For-gotten”. O tecladista, Jordan Rudess, ganhou muito mais espaço, e seus solos intrincados e complexos permearam quase todas as músi-cas em toda a apresentação. Eu, que já assisti a todos os DVDs do Dream Theater, percebi que o John Petrucci foi o que mais se trans-formou durante o show. Ouvir solos como os de “On the Backs of Angels e “Breaking All Illusions” é uma ótima maneira de lembrar como ele sentia a música com maior intensidade. O lado chato ficou por conta do “improviso” feito antes de começar uma das músicas mais aguardadas da noite, justamente a bela “The Spirit Car-ries On”. Ao término do solo, James LaBrie entra no palco e faz piadinha com o colega, mas o clima de total irreverência ganha o pú-blico; e o Dream Theater fez questão de dizer que se sentiu recompensado. Só um detalhe: James LaBrie estava em uma noite esplendo-rosa! Pra mim, a grande surpresa da banda. LaBrie usou e abusou de suas cordas vocais, cantou como nunca.

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A verdade é que três décadas estão indo, e estas canções mostram a capaci-dade de transcenderem e crescerem com o passar do tempo. Nenhuma delas soa datada ou dá sinal de que um dia poderá ser considerada assim. Ao inverso: a im-pressão que fica é de um clássico nato, a ser escutado com louvor por filhos, netos, quiçá até bisnetos daqueles que cruzaram madrugadas para conseguir os MP3s antes mesmo do lançamento do álbum. Foram quase 3 horas de show, em uma verdadeira celebração do quinteto, que praticamente definiu o Metal progressivo no mundo. Pra mim, duas certezas ficam, após resgatar essas cenas de nossas memórias: a primeira é que a banda fez coisas real-mente extraordinárias, e atualmente crava seu nome num nível muito bom na músi-ca mundial; já a segunda ignora qualquer decréscimo na qualidade dos trabalhos de estúdio, e se situa no fato do Dream Thea-ter ter re-ensinado ao mundo - após as lições de Yes, Rush, King Crimson, e ou-tros - como transformar virtuosismo em música. Que venha 2014 e mais uma turnê do grupo pelo Brasil, e que essa turnê pas-se por mais cidades e venha ao Nordeste, para que todos possam ver e compreender o “Teatro dos Sonhos”.

Foto: Arquivo pessoal - Alexandre Afonso

Clique e assista um pedaço do show do Dream Theater

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CAPA

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30 ANOS DE HISTÓRIA

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Os sobreviventes do sistema

Por Breno Airan, Daniel Lima, Pei Fon e Yzza Albuquerque (@rockmeeting | [email protected])Fotos: Marcos Hermes

Mesmo com o Rock sendo, aos poucos, diluído e misturado a agen-tes químicos fracos, o Ratos de Porão há 30 anos se mostra uma

das bandas de maior força na cena Punk do país

Covardia. Isso nunca afetou o Ratos de Porão. Nunca faltou coragem. A banda sempre seguiu em frente, entre um mosh e outro, saída de integrantes aqui e acolá, mudança de ares dentro e fora do ca-marim. O movimento Punk no Brasil nunca foi tão bem representado por um quarteto, que agora passa dos 30 anos de carreira. Desde o lançamento de “Crucificados pelo Sistema”, em 1984, os rumos do Rock and Roll vêm sendo trilhados por caminhos não-convencionais, mas o grupo se mante-ve firme em seu propósito, fincado junto a suas raízes. “Posso dizer que a parte musical, mentalidade, ideologias e todas as letras es-tão todas de pé, mas de uma forma mais ma-dura”, afirma o baixista Juninho, em entre-vista exclusiva concedida à Rock Meeting. Ele, João Gordo (vocal), Jão (guitarra)

e Boka (bateria) farão uma mostra de toda a precisão e fúria do RDP num show histórico no dia 21, no Orákulo Chopperia, em Maceió, exatamente um mês depois de uma polêmica confusão com um fã. No show, que fazia parte do circuito de apresentações do “HC Reunion Fest”, em Uberlândia (MG) – no qual participaram as bandas Dead Fish, Questions e Uganda –, um espectador resolveu furar o bloqueio da segurança e “tretar” para cima do João Gor-do. Fato que não acabou muito bem. O jovem fã apanhou feio, e o baixo Ric-kenbacker de Juninho ficou “prejudicado”. Mas isso foi uma exceção: os shows do RDP são, na verdade, cheios de sarcasmo, ti-radas à politicagem corrupta deste país e riffs rápidos. Quem viver mais 30 anos, ouvirá.

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- Vamos começar falando dos 30 anos do RDP. Mesmo sem ter estado na ban-da desde o início, como o Jão, como é fazer parte de um dos mais importan-tes grupos do rock nacional? É uma coisa muita doida, estar do lado de pessoas que você sempre admirou desde novo. A importância que o Ratos teve pra mim, e depois poder compartilhar tudo como um membro do grupo, é realmente um sonho. Isso que vocês falaram sobre ser um grupo importante no cenário nacional é in-teressante, pois ao mesmo tempo que é uma banda enorme. Ela ainda mantém muitas ca-racterísticas de banda independente, total-mente afastada do “mainstream”. De pouco tempo pra cá, a banda completou 30 anos, lançou um DVD da história, outro ao vivo no Circo Voador, e fez um show histórico, com a participação de todos os membros antigos, e isso é a maior satisfação que uma banda antiga pode ter a essa altura, onde tudo que foi feito é praticamente renovado e é sempre novidade pra todos, já que as pessoas vão aos shows pra fazer parte dessa história também, cantar e agitar músicas de todas as épocas.

- A banda teve quatro baixistas antes de você. Como é colocar a sua pegada em cima do que já foi feito, pelo menos nas apresentações ao vivo? Bom, em primeiro lugar, eu tive que ouvir bem o que foi gravado com os outros baixistas, mas, depois disso, outro passo importante foi ver como a banda toca essas músicas depois de tantos anos. A pegada do Jão já é outra; por exemplo, são outras cor-das, outra guitarra, outro ampli... Então tudo isso modifica a execução, com a evolução do músico. Daí, entra a minha parte: tocar na

pegada em que a banda está. Isso é o mais importante. Então, é meu estilo ali, numa maneira que funciona com o resto da banda. Tudo tem que estar coeso.

- Qual foi o seu primeiro contato com o RDP? Era fã do som? Como entrou na banda? O Ratos ficou parado em 2002 pela operação de redução de estômago do Gordo, daí, quando voltou pra atividade, eles tive-ram que contratar uma nova equipe. Naque-la época, o empresário da banda era o Re-nato Martins (Ataque Frontal), e no mesmo escritório trabalhava o Daniel (vocal do Dis-carga). Como estávamos sempre ali, rolou a indicação. Assim, eu e o Nino (batera do Discarga) começamos a trabalhar de roadies. Eu já conhecia um pouco o Boka, pegava uns discos na Pecúlio, mas com o Jão e o Gor-do, tinha trombado poucas vezes. Meses de-pois, o Fralda (baixista antigo) resolveu sair da banda, então me propuseram fazer alguns shows no lugar dele, pois tinham a ideia de voltar com o Jabá (ex-membro) na banda. Enfim, isso não aconteceu, e me chamaram pra ser um membro mesmo, de uma vez.

- O Ratos é famoso por sua agressivi-dade desde o começo. Mudou alguma coisa de lá pra cá no sentido musical, a mentalidade dos integrantes, ideolo-gias...? Mudou e não mudou (risos). As ideias são as mesmas, o hardcore e o punk estão ali, claramente nas músicas e na atitude da ban-da, mas, ao mesmo tempo, você pega todo mundo mais velho, todo o resto da banda tem dois filhos cada um; além de outros inte-resses que aparecem na vida etc. Posso dizer que a parte musical, mentalidade, ideologias

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e todas as letras estão todas de pé, mas de uma forma mais madura.

- O RDP é um dos poucos grupos que conseguem agregar fãs de metal, punk e outras vertentes do rock. Como mem-bro, o que você acha que poderia expli-car essa união de públicos distintos? Primeiramente, aqui, no Brasil, existe uma proximidade entre esses públicos, é nor-mal conhecer uma pessoa que foi aos shows de Ramones e Metallica, e, da mesma forma, pessoas que vão ao show do Bad Religion e também assistem ao do Iron Maiden. São exemplos bem genéricos, mas existe muito disso. Outra explicação são as fases do RDP quanto aos discos: a mudança de estilo, a época punk, do começo dos anos 1980, que foi virando metal, no final da mesma déca-da... Em todas as épocas, o Ratos foi muito significativo no meio dos adolescentes de to-das essas vertentes, então foi juntando fã de todo canto!

- Você é adepto do veganismo e da fi-losofia “Straight Edge”. Como conhe-ceu essas culturas? É muito difícil na-dar contra a corrente, já que você tem que se adaptar a uma sociedade onde o consumo de carne e de drogas é cos-tume? Eu nunca usei nenhum tipo de dro-ga em toda minha vida, e quando comecei a sair de casa, com 14 anos, pra ir a shows de rock, conheci uns amigos que curtiam D.R.I., Bad Religion, Misfits, daí comecei a procu-rar mais bandas voltadas para o hardcore. Nessa época, conheci No Violence, Personal Choice e outras diversas bandas que tinham integrantes adeptos do “Straight Edge”. Ro-

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lavam fanzines (não tinha Internet ainda), cartas, livros, muita troca de ideia, e mesmo no encarte dos discos você tinha a mais pura informação direta sobre assuntos que me chamavam muito a atenção. Desde então, me tornei vegano e straight edge. Vi ali, naquele meio, um poten-cial gigante de estrutura pra qualquer ado-lescente capaz de contestar tudo que estava ao nosso redor. Eu levo isso muito a sério mesmo. Acho um insulto ver pessoas nessa por moda ou status, é uma falta de respeito enorme com quem acredita de verdade. Nadar contra a corrente é difícil, sim, mesmo ao pé da letra, mas quando você sen-te aquilo correndo no seu sangue, tudo flui naturalmente, passa a não ser esforço. Eu não faço esforço para não fumar ou não co-mer carne; acho isso errado, e é natural pra mim, não fazer. A sociedade é cruel, ela in-verte todos os valores e faz todos acredita-rem em tudo! Estamos nessa para mostrar os verdadeiros valores, reduzir consumo, re-duzir mentiras e tornar tudo mais simples e funcional.

- Você já fez e ainda faz parte de mui-tas bandas, entre elas, Eu Serei a Hie-na, Discarga e O Inimigo. Nelas, varia entre guitarra e baixo. Você prefere al-gum dos dois instrumentos? Há algum em que se sinta mais à vontade para tocar? Eu me garanto mais tocando baixo. É o instrumento que mais toquei, e consigo ter bastante intimidade com ele. Já na guitarra eu me sinto bastante limitado, mas mesmo assim sigo tocando e tentando aperfeiçoar al-gumas coisas. Depois de um tempo tocando, é interessante investir em equipamento; seu desempenho melhora e algumas coisas até fi-

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cam mais fáceis.

- Quais suas principais influências en-quanto músico e fã de rock? E de vol-ta ao RDP: as influências dos mem-bros da banda são semelhantes? Vocês compartilham o que estão ouvindo en-tre si? Na minha casa, você iria encontrar LPs de diversos estilos de rock: amo ZZ Top, Thin Lizzy, e ao mesmo tempo tenho tudo do Slayer. Coleção completa do AC/DC com o Bon Scott, Sabbath com o Ozzy... Gosto mui-to de escutar as inúmeras variantes do rock: Sonic Youth, Circle Jerks, Lemonheads, Bad Brains, e por aí vai! O pessoal do Ratos também escuta muita coisa. O Gordo é o mais fanático nas coisas antigas ali. Sobre bandas dos anos 1960 e 70 ele manja bastante, algumas coisas da infância dele (risos), muito Queen, Led Zeppelin etc. Nas viagens conversamos muito de som. Levamos coisas pra mostrar aos outros, trocamos e-mails mandando links de ban-das... Isso rola bastante.

- Há perspectiva para um novo traba-lho de estúdio do Ratos de Porão? Al-gum material pronto? Temos umas 10 músicas novas pron-tas, algumas ainda sem letra, mas tudo tá se encaminhando pra um disco “porrada” e pesado, como sempre! Registramos algumas dessas músicas pra nós mesmos, pra acer-tarmos detalhes e aperfeiçoar uma coisa ou outra. Não temos estúdio marcado também, mas esperamos gravar esse material até ja-neiro ou fevereiro de 2013.

- Para muitos músicos, as composi-

ções dependem bastante do momento que eles estão vivendo. Para o RDP, o que conta na hora de colocar as ideias no papel? A parte musical depende bastante do que você anda ouvindo na mesma época. Pelo menos pra mim é assim. Ou isso tam-bém pode ser proposital, tipo: “vou fazer uma música na pegada do Nuclear Assault”... Daí você escuta os discos da banda e pode vir alguma ideia, usar um ritmo característico. Já para as letras, quem poderia te res-ponder melhor é o Gordo, ele que escreve tudo, mas sempre pede ajuda pra a gente na hora de dar os nomes ou dar temas pra ele pensar em algo; mas tendo uma notícia lida na semana ou algum acontecimento, tudo já é fruto pra imaginação.

Fotos: Divulgação

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- A banda tem mais de 30 anos e é consi-derada o maior ícone da geração punk de São Paulo. Como você avalia passar tantos anos na ativa e presenciar todas as mudanças do Rock and Roll duran-te esse tempo? Como é ver todas essas mudanças na indústria musical, desde o momento em que começou a fazer música até agora? Pra mim, que sou bem mais novo, al-gumas mudanças já são bem gritantes, agora imagina pro Jão e pro Gordo, que viram pra-ticamente tudo acontecer desde 1980?! Em 1983 teve show do Kiss em São Paulo. Foi o evento do ano, as pessoas só fa-laram disso por muito tempo, e sei lá o que apareceu depois pra superar. Hoje em dia, a gente vê no mesmo ano pelo menos 10, 20 bandas de fora do país que gostamos muito, sem contar nas daqui, en-

tão isso mudou absurdamente; e a indústria musical cresceu de uma forma estranha, pois antigamente era mais concentrada em pou-cos artistas, e agora você tem milhares de ar-tistas milionários que dominam o mercado, então a disputa é mais violenta ainda.Eu só quero estar cada vez mais longe des-se tipo de indústria. Eu tenho um pouco de contato com festivais grandes aqui, trabalho de roadie com artistas conhecidos, e as histó-rias são bem horríveis mesmo, muita falta de educação e sujeira. Daí um motivo a mais pra continuar na simplicidade e vendo as coisas acontecerem com gente que gosta de música de verdade, e não só de dinheiro e fama.

- Você concorda que hoje, no auge da informatização de absolutamente tudo, se perdeu um pouco do cuidado de fazer música de qualidade, atempo-ral? Como avalia as novas bandas de rock que têm feito sucesso no cenário nacional? A geração nova mesmo, pra mim, é tudo lixo. Só material de péssima qualidade, somado a gravações e clipes de extremo mau gosto. Música pra Internet, disco pra Inter-net, clipe pra Internet - isso é um mundo de apatia enorme, e espero que não dure muito tempo. Eu gosto bastante dessa informatiza-ção, uso bastante a Internet, mas temos que manter as coisas que são boas. Tem coisas que não funcionam assim, com toda essa tec-nologia e velocidade. Deixar o computador timbrar a sua guitarra, ou afinar a voz num programa, às vezes, me faz rir, de tão surreal que isso soa. Só um parêntese: não estou falando de todas as bandas novas, e sim da “nova gera-ção”. Um fã de qualquer estilo musical que

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estuda suas origens, dá importância pra a história e se preocupa com sonoridade não faz parte disso.

- O que pensa da velocidade com que as informações são compartilhadas atualmente? Você crê que as pessoas estão mais alienadas por isso? Acredi-ta que isso influencia o gosto musical de alguém? É rápido demais pra mim, e acredi-to que seja assim pra muita gente também. Portanto, pra quem é mais novo e tem que se adaptar, assim, talvez seja mais fácil. Eu acredito que o cérebro possa, sim, assimilar isso tudo rapidamente, mas pra isso tem que ser treinado desde muito cedo. Hoje, os adultos ficam assustados com crian-ças que já mexem super bem em celulares e computadores, mas pra elas isso parece mui-to natural. O gosto musical pode, sim, ser influen-ciado. Junto com a Internet, junto com a ve-

locidade, vem sua trilha sonora, que, infeliz-mente, é de mau gosto e só está aí pra lucrar.

- Como o Ratos de Porão se relaciona com a Internet? A banda tem preten-são de lançar algo via Web? A gente é uma banda bem tosca quan-to a isso: o site está fora do ar tem mais de um ano; o Myspace, que era mais fácil de me-xer, ninguém mais olha; então restou o atual Facebook, que tem uma boa galera sempre publicando e conversando com a gente por lá, mas, fora isso, estamos devagar (risos).Só para a Internet, lançamos um show ao vivo ou outro no TramaVirtual, mas não sei se deu muito certo, também...

- O documentário dos cineastas Fer-nando Rick e Marcelo Apezzato, “Gui-dable”, é bastante explícito e conta toda a história do RDP, sem censura. O filme mudou alguma coisa, ou trouxe algum benefício para a banda? Como

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foi assistir a tudo aquilo pela primeira vez? Acho que o filme não mudou nada na banda. A maioria daquelas cenas e histórias já era motivo de conversas e risadas desde sempre, mas foi divertido compartilhar aqui-lo com o público, fez muita gente dar risada de cada coisa retardada que já rolou na ban-da. Eu mesmo dei muita risada, quando assisti, principalmente nas partes das pri-meiras turnês europeias com o Spaguetti, que levou a namorada e foi motivo eterno de piada ali.

- Em abril, o RDP tocou no festival Abril Pro Rock, em Recife. Um grande público de Maceió esteve presente no evento, que marcou a comemoração dos 30 anos da banda. O repertório do show do dia 21/09 será o mesmo, ou o tocado no APR foi feito especialmente para aquele show? Eu não me lembro qual foi o repertório do Abril pro Rock. Falando especificamente, foi um show bem estranho pra a gente, tinha uma espécie de “atraso” no som ali, estava muito estranho pra tocar... Estamos tocando quase sempre as mesmas músicas nesses shows deste ano, são as que o público quer ouvir. Um pouco de cada disco antigo e pouca coisa nova.

- E quanto ao show em Maceió, o que os fãs podem esperar? Maceió tem que representar total! Nordeste, pro RDP, é sempre selvagem e quente, e por aí não pode ser diferente.

- Quanto tempo mais esta turnê dura-rá? Como tem sido a jornada até ago-ra? Como o público tem recebido vo-cês nas cidades por onde passam? Não estamos em turnê, vamos fazen-do shows apenas nos finais de semana. Nesse ritmo, vamos indo sem rumo pra parar. Shows do RDP são sempre bem-vin-dos em todas as cidades. É uma junção ali da galera que curtia a banda antigamente com o pessoal novo, que curte som pesado. É sem-pre uma festa!

- A corrupção política em nosso país sempre é tema das composições do Ratos de Porão. O recente julgamento do Mensalão, conduzido desde o mês passado, trouxe à tona, mais uma vez, esta questão que sempre incomoda o brasileiro. Não daria uma boa música? Opa, se daria! O Gordo está nessa “res-ponsa” aí de escrever os temas e letras pro disco novo. Bom que vocês falaram disso, pois o Gordo sempre escreveu dessa forma. Antigamente, era pegar o jornal e abrir nas páginas políticas. Tudo era tema pra músi-ca, e até os dias de hoje isso não mudou em nada.

- Para finalizar, o que podemos espe-rar da banda daqui pra frente? Suces-so! Vemos vocês em breve. Estamos aí, firmes e fortes. Não sabe-mos quanto tempo a banda ainda irá durar, mas, enquanto estiver tocando, será pesado e intenso. Valeu!

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23 de setembro: 3 anos de Rock Meeting

Por Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])Fotos: Divulgação

Setembro será um mês muito movimen-tado para o público do Rock, e, entre vários eventos que ocorrerão, está o

aniversário de 3 anos da revista Rock Mee-ting. Mais uma vez, a RM traz bandas de prestígio, conhecidas do público alagoano. Para fazer a festa no dia 23, estarão presentes as bandas alagoanas Necrono-micon e Absurdos, além dos paraibanos da Warcursed e a galera do Andralls, que vem de São Paulo. Falaremos um pouco de cada grupo, para que você possa conhecer um pouco mais sobre cada um deles. Iniciando esta apresentação vêm os alagoanos que estão se destacando a cada dia mais, o pessoal da banda Necronomicon. O grupo surgiu em 2009, mas a formação atual está junta desde o início de 2011, com Lilian Lessa (guitarra), Thiago Alef (bateria) e Pe-

dro Ivo Araújo (baixo, vocal e órgão). A banda toca um som bastante pecu-liar, e como Pedro disse, em uma entrevista concedida à Rock Meeting, “talvez ele soe ‘re-trô’”, mas isso se deve apenas às influências do trio. O nome da banda é baseado em um conto de Howard Phillips Lovecraft. O obje-tivo da banda ao escolher essa nomenclatura foi absorver o clima de horror do escritor. A Necronomicon já tem dois álbuns lançados até agora: “Necronomicon” (2010) e “The Queen of Death” (2011), este último baseado em um conto de autoria do vocalista Pedro Ivo, intitulado “A Rainha da Morte”. Apenas o primeiro álbum foi lançado em formato de CD, pelo selo americano Hydro-Phonic Re-cords. “The Queen of Death”, por enquanto, só pode ser encontrado em MP3. Para saber um pouco mais sobre a banda, leia a edição

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Necronomicon (acima) e Warcursed estarão nos 3 anos da Rock Meeting

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nº 27 da RM, onde eles foram destaque. Alagoas terá outra representante, mas dessa vez é o Thrash Metal quem faz a continuação do evento: a banda Absurdos, formada por Pedro (vocal e guitar-ra), Arlyson Heinz (guitarra), André Caetano (Baixo) e Hudson Feitosa (bateria), será a segunda a subir ao palco. Formada em 1996, o quarteto só conseguiu gra-var a primeira demo, “Injustiça Social”, que possui sete faixas, em 2005. O grupo é bastante influenciado por bandas como Ratos de Porão, Brujeria, Korzus, Obi-tuary, Napalm Death e Sepultura. No final de 2010, a banda deu uma parada momentânea, e somente um ano depois retomaram as atividades, quando recebe-ram o convite para tocar no B.R.U.T.AL (“Bandas Re-unidas no Último Thrash de Alagoas”), que aconteceu em 18 de dezembro do ano passado e também con-tou com a participação das bandas Senandioma (SE), Raiser (AL) e Penitência (AL). Recentemente, a Absurdos voltou aos palcos em um show muito especial: se apresentaram como ban-da de abertura do show da paulistana Claustrofobia. Atualmente, os caras têm três músicas novas prontas, duas tendo sido executadas no show do Claustrofo-bia (“Lote Divino” e “Violência Constante”). A tercei-ra, “Convênio do HGE com Dono de Funerária”, será mostrada ao público nas próximas apresentações. O Nordeste continuará presente, mas agora te-remos que subir no mapa para chegar até o Estado da Paraíba, de onde vem a banda Warcursed. A atual for-mação é composta por Jean Philippe (vocal e baixo), Richard Senko e Eduardo Victor (guitarras) e Marsell Senko (bateria), com uma linha bastante trabalhada e agressiva de Death/Thrash Metal. Eles começaram as atividades em 2004 como uma banda cover de Megadeth, cujo nome era Post Mortem. O primeiro full-length começou a ser gravado em março de 2010, intitulado “Escape From Nightma-re”. A temática da banda gira em torno de problemas sociais e existenciais, guerra, religião, insanidade. O Warcursed já passou por Maceió este ano, no dia 19 de maio, no festival “Metal Trauma Force”, que aconte-

Gabriel Passos

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ceu no Orákulo. O line-up do evento tam-bém contou com as bandas Desalma (PE), Autopse (AL) e Black Verses (AL). Descendo o mapa do Brasil e via-jando até a região Sudeste, o Estado de São Paulo nos traz a banda de “Fasthrash Metal” (definição dos próprios membros) Andralls. A banda surgiu em 1998. Um ano depois disso, entrou em estúdio para gravar seu primeiro álbum, “Massacre, Corruption, Destruction...”. Em setembro de 2001, eles foram convidados para abrir os shows da banda inglesa Judas Priest. Depois do segundo álbum (“Force Against Mind”), lançado em 2002, o grupo surge com mais uma novidade: o mini-CD “Fas-thrash Live”, com 8 músicas, que mostrou toda a agressividade e a velocidade do An-dralls. Do início da banda até hoje, foram

lançados dois álbuns ao vivo - “Fasthrash Live” (2003) e “Noiséthrash Alive” (2006) -, além de cinco álbuns de estúdio - “Mas-sacre, Corruption, Destruction...” (2000), “Force Against Mind” (2003), “Inner Trauma” (2005), “Andralls” (2009), e o mais recente, “Breakneck” (2012). Atual-mente a banda é formada por Cleber Or-sioli (vocal e guitarra), Eddie C. (baixo) e Alexandre Brito (bateria). Esse é o trio que desembarcará em Maceió para come-morar, junto com você, o aniversário de 3 anos da Rock Meeting. Este foi um pequeno resumo do que você verá no dia 23 de setembro, no nosso aniversário de 3 anos. Adquira já o seu in-gresso na Mausoléu Rock Store, localizada na Rua Libertadores AL, nº 46, no Centro. Até lá!

Absurdos durante o show do Claustrofobia

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REVIEW

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A gosto de Thrash alemão em Maceió

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Pela primeira vez na capital alagoana, a ban-da alemã Assassin deu uma passada na terrinha, apresentou seu mais novo álbum e levou emoção

Texto e fotos: Pei Fon (@poifang | [email protected])

Desde maio, quando foi confirma-do o show do Assassin, já se criava uma boa expectativa para este show.

Agosto demorou bastante a chegar. Então, o Orákulo Chopperia recebeu os thrashers para mais um show na cidade. 24 de agosto vai ficar marcado na me-mória. A galera “dazantiga” apareceu em peso, caravanas do interior marcaram pre-sença - ainda assim, os velhos costumes con-tinuam. Às 21h começou a concentração do pú-blico nos entornos da casa de show, porém o horário para o início do evento não foi cum-prido, como já era de se esperar. Eventuali-dades acontecem, claro.

Show

A primeira banda da noite, a Effatum, já chegou animando. Os vocais se alterna-vam entre Noel Santos e Joel Reis. Foram tocadas músicas como “The Family Ghost” (King Diamond), “Come To The Sabbath” (Mercyful Fate) e “Long Live The Loud” (Ex-citer). Em seguida, Lammashta subiu ao pal-co. A banda alagoana, após um período sem tocar, voltou apresentando um visual dife-rente: cobriram o rosto com balaclava. “A volta da Lammashta foi marcada com suces-so nesse show. A banda estava sem tocar há

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alguns anos, e através de um convite fui sele-cionado como vocalista. Queríamos que esse show servisse para mostrar novas músicas e novas atitudes dentro do cenário de Metal alagoano. Acredito que cumprimos o nosso papel e passamos nosso recado com clareza”, comentou Breno Costa, vocalista.Quem gosta de Death Metal curtiu o som dos caras, que executaram músicas próprias: “Marching to Domain”, “Promisse of the li-ving”, “If only me acted truly”, “Victims of Hipocrisy” e “Blasphemy Bomb”. A banda encerrou o show com um cover de Bathory, “War Supply”. Continuando o line-up da noite, a banda sergipana Undead, de Thrash/Death Metal. Os vizinhos chegaram com força, exe-cutando músicas próprias, o guitarrista sur-preendendo com toda sua técnica e deixando um “bucado” boquiaberto. Com um som com uma pegada mais oitentista, o Undead agra-dou o público, que esperava ansiosamente pelo Assassin. A atração principal não demorou para subir ao palco. A banda alemã de Thrash veio para Maceió trazendo consigo a tour do seu atual álbum, “Breaking the Silence”, lançado ano passado. Desde o dia 17 de agosto, eles saírem em turnê pelo Brasil adentro. Começaram por São Paulo, passando pelo Sudeste, Norte e Nordeste. Antes de chegarem a Maceió, es-tiveram em Salvador. O quinteto alemão, com um dos gui-tarristas, Micha, falando em bom português, mas com aquele sotaque gringo, fez as hon-ras e interagiu com os fãs. Algumas vezes, o vocalista, Robert, conversava um pouco com o público. Eram uníssonos os muitos urros - “As-sassin! Assassin!” - durante todo o show. A

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interação banda-público foi bem interessan-te: ora cantavam juntos, ora Micha ensinava o “Baka”. As músicas fizeram um passeio pela discografia da banda. Apesar de Micha falar português, para entender era um pouco difí-cil: muitos fãs berravam que ouviam a banda desde os seus 15 anos de idade, lá pelos anos 1980. Era visível a emoção, o que foi algo bem marcante. Tanto que, perto do final do show, foi dedicada uma música para um carinha que enfrentou mais de 8 horas de viagem para ver a banda. E não é que ele foi convidado a subir ao palco? No final da apresentação, o baixista, Joachim, entregou o seu instrumento para o fã, que, mesmo sem jeito com o instrumento, es-tava bastante emocionado. Ao fechar das corti-nas, aquele homem, que já não era mais aque-le adolescente de 15 anos, chorava no ombro de Robert e falava em português: “Eu esperei muito tempo para este momento, viajei 8 horas para chegar aqui, o meu sonho foi realizado”. Não há mais o que falar. Dentre outras músicas, o Assassin tocou “Breaking the Silence”, “Baka”, “Destroy the State”, “Assassin”, fechando a noite majestosa-mente com “Holy Terror”.

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NADA AMORFO

Por Breno Airan (@brenoairan | [email protected])Fotos: Divulgação

Banda Mopho volta para Arapiraca e faz show para um público que há muito precisava de um bom entretenimento

“Foi lindo”. Essa foi a assertiva do bai-xista Júnior Bocão, da banda Mopho, que se apresentou na noite do dia 11, em Arapiraca, terra-natal do quarteto. O show lisérgico foi no Clube dos Fu-micultores, na Avenida Rio Branco, no Cen-tro da cidade. Para completar o prato principal, acompanharam a banda Gato Negro, tra-zendo todo o seu Funk e brasilidade da Soul Music – com ótimas músicas próprias, como “Indelével”, “Beleza em Pó” e “Lágrimas” –, e o balanço do DJ Frank, com hora marcada para as 22h. O compasso começou a fluir com os mash-ups do DJ, e o público ia crescendo. Havia mesas em redor do saguão, mas todos insistiam em se manter de pé. Ansiosos, tal-

vez. “Vamos chegar com um show do ta-manho que vocês [de Arapiraca] merecem”, comentou Júnior Bocão para a Rock Mee-ting, antes de entrar no palco. Ao lado de João Paulo (vocais e guitar-ras), Hélio Pisca (baquetas) e Dinho Zampier (teclados e programações), ele prometeu um espetáculo aos olhos e ouvidos. E o karma se completou. Os ensaios realizados no estúdio Gra-vamusic foram uma deixa do entrosamento da banda, que lançou no ano passado o eté-reo “Volume 3”. O grande mote era a volta do grupo a apresentações frequentes na cidade – recen-temente, o quarteto abriu o show do Double You, no “Viva Arapiraca!” – onde eles

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começaram a trilhar seus primeiros passos e deixar os mínimos bolores onde quer que fossem. Eles se juntaram nos idos de 1996 e comandaram uma Nova Era aliada aos sin-tetizadores de Leonardo Luiz, que acabou deixando a Mopho antes do lançamento do segundo CD, o ótimo “Sine Diabollos Nullus Deus” (numa tradução livre, “sem Diabo, não existe Deus”). Quatro anos depois de alguns arranjos e outras composições feitas por João Paulo, eles lançariam um álbum homônimo tão bom que chamaria a atenção da crítica – mesmo lançando-o num selo underground como o Baratos Afins. O quarteto foi tido como o novo Mutantes, à época. Com efeito, os meandros da psicodelia e do Rock progressivo tomaram o Clube dos Fumicultores na performance que primou por registros do novo play, o “Volume 3”, que tem diversas participações. “Já na segunda música desse terceiro trabalho, ‘Quanto Vale um Pensamento Seu’, o Wado faz uma deixa. Eu já tinha partici-pado de algumas músicas do penúltimo CD dele, o ‘Atlântico Negro’. Ainda faz participa-ção Billy Magno e também Luiz Carlini, gui-tarrista do Tutti Frutti, que gravou lap steel guitar em ‘A Malvada’, música de autoria do [Júnior] Bocão e do guitarrista alagoano Paulinho Pessoa”, conta o frontman João Paulo. O que, com sinceridade, se viu foi a participação do público cantando “Não Man-de Flores”, “Você Sabe Muito Bem”, “A Gela-deira” e “Nada Vai Mudar”, uma energia úni-ca indo do palco para a plateia e vice-versa. O resto era só gelo-seco, feixes de luz e alguns doces no bolso.

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A banda paulista Kaoll põe elementos de jazz e da música brasileira na obra conceitual do Pink Floyd

Por Breno Airan (@brenoairan | [email protected])Fotos: Bárbara Muglia

Quem não tem um pai ou pelo menos um tio velho que não goste de Pink Floyd? Daqueles que adoram repetir

sempre as mesmas canções, enquanto tomam sua cerveja aos finais de semana? Se você, leitor, tem um desses e não o levou para o espetáculo da banda Kaoll, no último dia 17 de agosto, no Teatro de Arena Sérgio Cardoso, em Maceió, perdeu um show e tanto. O retorno era o melhor possível, tanto do som quanto do que o ouvinte levou para casa: uma experiência lisérgica, que fundiu os elementos deixados pela obra do Pink Floyd ao toque brasileiro do quinteto paulista de música instrumental, formado pelo idealiza-dor do projeto, Bruno Moscatiello (guitarra), Dokter Leo (bateria), Tiago Mineiro (teclados e piano), Yuri Garfunkel (flauta transversal) e Odilon Carvalho (contrabaixo). Eles fizeram uma interpretação crono-lógica do Floyd, indo desde o psicodélico “Pi-per at The Gates of Dawn” até o tenebroso e denso “The Wall”. Mas, isto, aliado ao jazz, ao blues e à música brasileira de modo geral. “Os espectadores podem sempre es-perar uma inesquecível incursão audiovisual em um universo musical familiar e surpreen-dente, visto que alteramos profundamente a estrutura dos temas ‘floydianos’”, diz Bruno Moscatiello.A “viagem” ainda contou, nos shows reali-

zados nesta turnê pelo Nordeste, com pelo menos quatro canções autorais deles, que já lançaram dois álbuns, o “Kaoll 04”, em 2008, e o “Auto-Hipnose”, em 2010, tendo a parti-cipação do lendário guitarrista Lanny Gordin nos arranjos. Para tanto, a revista Rock Meeting bateu um papo franco com o guitarrista e produtor desse projeto “In The Flesh”.

Rock Meeting - Vocês têm dois álbuns de músicas próprias, mas nada de au-toria da banda certamente deverá ser tocado. Como surgiu, então, esta ideia de apenas tocar Pink Floyd?Bruno Moscatiello: No espetáculo “In the Flesh - Kaoll interpreta Pink Floyd”, a banda

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apresenta quatro faixas autorais que deixam nítidas as influências e linhas conceituais do Pink Floyd e de outras bandas do Rock pro-gressivo, além de trazer elementos de outros estilos, como o Jazz, o Blues e a música bra-sileira.

- A montagem não se chama “In The Flesh” à toa. A intenção é, de fato, atin-gir a carne, o âmago dos espectadores? Com certeza buscamos apresentar um espetáculo dinâmico, visto que, apesar das interpretações serem instrumentais, a linha temática das letras e a crítica sociopolítica do Pink Floyd estão presentes nas projeções em vídeo, ilustrando o espetáculo. - Quer queira, quer não, o Floyd tem

bastante alcance musical. O público responde bem às investidas e versões que vocês deram às canções imortali-zadas por Waters, Gilmour, Barrett e Cia.? O público tem sido maravilhoso. Te-mos passado por vários estados de Norte a Sul, e a receptividade tem sido muito grande. O público que aprecia a obra do Pink Floyd tem mente aberta e, a cada versão apresenta-da, entra em êxtase.

- Qual o maior desafio de fazer os ar-ranjos jazzísticos e com uma certa bra-silidade em cima da proposta do Floyd? Afinal, o público ouvinte conhece as le-tras e quer cantar... A abrangência musical deles permite abordagens em diversos âmbitos musicais. Conforme a apresentação se desenrola, bus-camos trazer o público para nossa atmosfe-ra instrumental. Este caminho permite que o público cante as letras sobre os arranjos de sua proposta. Sentimos que este aspecto varia de acordo com a plateia, ou seja: com-provadamente, o Nordeste e o Rio de Janeiro têm se mostrado bastantes calorosos, e, con-sequentemente, eles cantam as faixas.

- No caso, essa montagem é uma “in-terpretação cronológica” da obra do Floyd? Isso. Iniciamos a interpretação em “Pi-per at the Gates of Dawn”, de 1967, a mostrar a importância do fundador e poeta Syd Bar-rett, representando o desenvolvimento musi-cal do Pink Floyd até o aclamado “The Wall”, de 1979.

- Além deles, quem mais os influencia?Jimi Hendrix, Som Imaginário, Lanny Gor-

Divulgação

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- Como foi a parceria de vocês com o guitarrista-tropicalista-malabarista Lanny Gordin? Foi o início de tudo. A parceria durou quatro anos e Lanny ajudou muito a banda na evolução músico-espiritual. Ele esteve presente na divulgação do álbum “Kaoll 04”, de 2008, e foi essencial na gravação e divul-gação do segundo álbum, o “Auto-Hipnose”, de 2010.

- Vocês têm pretensão de lançar um próximo trabalho? Há quanto tempo estão juntos? Estamos em fase de pré-produção do próximo disco de estúdio, que sairá em 2013, e posso adiantar que terá proposta e linha conceitual bem definidas.

din, Jethro Tull, Marco Antônio Araújo, Ba-camarte, Black Sabbath...

- Espaço para a música instrumental no Brasil não há, infelizmente. Como vocês se viram? Existem festivais espe-cíficos que a Kaoll toca todos os anos? Como está sendo a tour pelo Nordeste? A música instrumental tem crescido bastante nos últimos anos, e a Kaoll busca parceiros como as secretarias de cultura, os centros culturais e as instituições privadas, que já desenvolvem uma programação espe-cífica para este segmento. A turnê está sendo bastante produtiva, e estamos conquistando novos públicos e revendo antigos amigos que fizemos em andanças anteriores pelo Nordes-te.

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Giovana Di Natale

- O Rock progressivo teve grande representatividade nos anos 1970 e isso, decerto, mostrava como a músi-ca pode ser um ícone universal. Com a chegada do Punk Rock, o estilo decli-nou, mas continuou com bandas como o Dream Theater, colocando distor-ções mais pomposas ao estilo, e, mais recentemente, o Muse, dando um tom mais moderno. Você acha que o legado deixou bons rastros por aí? Com certeza. O Rock progressivo é um gênero muito aberto, que envolve vários elementos e se renova a cada geração.

- Há uma linha tênue entre o Rock pro-gressivo e o psicodélico. Você conse-guiria definir qual a principal diferen-

ça das duas vertentes? O Rock progressivo é expansivo e per-mite a incorporação de diversos elementos, sendo a psicodelia um deles - a qual busca-mos trazer para o universo da Kaoll. A psico-delia incorpora musicalmente elementos da cultura lisérgica, que basicamente são calca-dos na expansão mental.

- Você é o guitarrista, mas também o produtor dessa montagem, não? Como acha que o público alagoano reagiu? Foi a nossa segunda vez em Alagoas, e pudemos ver que é um público bastante calo-roso, culto e sedento por boa música.

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A atitude que nos faltaNum mundo rodeado de um moralismo que, por ve-zes, chega a dar asco, eis que uma banda russa de Punk Rock é presa por falar o que tem que ser dito

Por Breno Airan (@brenoairan | [email protected])Fotos: Divulgação

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Não apenas artistas do mundo da mú-sica – como Paul McCartney, The Who, Sting, Peter Gabriel e Red Hot

Chili Peppers – apoiaram as integrantes da banda de Punk Rock, Pussy Riot, presas em fevereiro último. Representantes do grupo feminista Fe-men chegaram a derrubar uma cruz ortodoxa em protesto à prisão das três garotas, e até o ex-campeão mundial de xadrez, Garry Kaspa-rov, foi preso pela polícia por estar do lado do grupo. Ele e outras 23 pessoas da oposição ao governo foram detidas. Ouvia-se o eco de “vergonha!” fora do tribunal. Dentro, o julgamento acontecia, na ma-nhã do dia 17 do mês passado. As roqueiras criaram uma “oração Punk”, como elas mes-mas chamaram, fazendo referência ao presi-dente Vladimir Putin, eleito pela terceira vez para governar a Rússia. As três foram presas por vandalismo e pegaram, cada uma, dois anos de reclusão – poderiam pegar até sete. A juíza Marina Syro-

va afirmou que elas “cuidadosamente plane-jaram a ação”. Nadejda Tolokonnikova, de 22 anos, Ekaterina Samutsevitch, 30, e Maria Alejina, 24, invadiram uma igreja ortodoxa, a Cate-dral de Cristo Salvador, em Moscou, e canta-ram o trecho de uma canção, onde reverbe-raram “Maria, mãe de Deus, tire Putin!”. A juíza Marina Syrova disse que as três acusadas “não expressaram arrependimento por seus atos, violaram a ordem pública e ofenderam os sentimentos dos crentes”. Ao que se sabe, a Pussy Riot só fez o protesto porque um patriarca ortodoxo russo chamado Kiril pediu o voto dos fiéis para Pu-tin, que era ainda, à época, primeiro-minis-tro. Um mês depois, ele foi eleito presidente. Uma das integrantes presas chegou a dizer, durante o julgamento, que tudo isso não passava de um processo político, afinal, se tivessem cantado em favor de Vladimir Putin, nada disso estaria ocorrendo. Será que não falta, leitor, um pouco de liberdade de expressão na Rússia?

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GhostYzza Albuquerque (@yzzie | [email protected])

Meu gosto musical é uma “zona”. Se você parar pra olhar as pastas de música no meu PC, você vai encontrar desde Bob Mar-ley & The Wailers até Whiplash, passando por Johnny Cash, Michael Jackson, Tim Maia, Frank Sinatra, Depeche Mode, Crowbar... Sou uma pessoa meio sem restrições na hora de ouvir um som. Na verdade, minha única restri-ção é a música soar boa pra mim. Por incrível que pareça, mesmo com tantas opções, de vez em quando ainda fico um pouco entediada com o que tenho à disposição. Quando isso acontece, entro numa de sair pes-quisando bandas novas na Internet. Foi numa dessas empreitadas que dei de cara com um verdadeiro achado. Ainda me irrito com o fato de eu nunca ter esbarrado nesses caras antes. Vacilo! Meu escolhido da vez é o bizarro Ghost. Formado em 2008, em Estocolmo, na Suécia (benditos países frios e suas bandas incríveis!), o Ghost é uma coisa muito doida: é um sexteto composto por pessoas que ninguém sabe quem são (especula-se que sejam membros influentes da cena sueca de Metal extremo), cuja música possui uma temática predominantemente sa-tanista. De primeira, quando você vê uma foto do grupo, você jura que o som é algum Black

Metal doideira, mas basta dar uma ouvida no único (e maravilhoso) full-length lançado por eles até hoje, “Opus Eponymous” (2010), pra perceber que a coisa passa bem longe disso. Os “tr00s” conservadores que me perdoem, mas eu ouso definir o Ghost como um Heavy Rock ocultista meio psicodélico, meio progressivo - algo como o resultado moderno de uma mistu-ra de Blue Öyster Cult com Mercyful Fate. Outro barato desse grupo é o jeito como os integrantes se apresentam visualmente. Inspirados em rituais satânicos e alguns clássi-cos dos filmes de terror, o vocalista, que aten-de pela alcunha de Papa Emeritus, se veste à caráter, com um “simpático” traje de pontífi-ce repleto de cruzes invertidas, completando o “look” com uma máscara esquisita cober-ta pelo famigerado corpse paint; já os outros membros (um baterista, dois guitarristas, um baixista e um tecladista), carinhosamente ape-lidados de “Nameless Ghouls” (“Assombrações Sem Nome”, em tradução livre), permanecem completamente anônimos, cobertos por robes pretos que não permitem a visualização do rosto dos caras - um prato absurdamente cheio pra quem gosta do viés mais teatral do Rock e do Metal. Vale a pena conferir.

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Helltrain

É engraçado quando você descobre bandas novas - que não são tão novas as-sim, se levar em consideração o tempo de estrada -, você passa a ouvir quase sempre. A que irei destacar é uma banda sueca de Death ‘n Roll, a Helltrain. Ficou um pouco estranho com a definição do estilo, né? Eu também achei, porém, quando você escuta, já entende de cara. Helltrain é uma banda diferente do que tenho ouvido. Eu destacaria outra ban-da que descobri sem querer: os finlandeses do Ghoul Patrol. Está bem difícil de achar algum material para download do grupo, mas você pode visualizar o vídeo da música “Six Feet Under” no Youtube. Mas não estou aqui para falar do que vem das terras gélidas da Lapônia, mas do que vem da terra do Leôncio, do desenho animado Pica Pau. A Helltrain me surpreen-

deu na primeira música que escutei. O CD de destaque é o seu terceiro full-length, in-titulado “Death is Coming”, de 2012. Os ou-tros CDs são “Root 666” (2004) e “Rock’N Roll Devil” (2008). Confesso que este estilo eu conhecia pouco. Agora estou mais atenta ao que está sendo gravado. E, pelo o que tenho percebi-do, algumas bandas já estão migrando para este estilo mais “alegre”, digamos assim. Do “Death is Coming”, destaco “Juggernaut”, “Death is Coming”, “The Killer Come” e “Black Flame”. Eu também viciei em uma música do álbum anterior, “You’re the Man”. Ouso dizer que esta mú-sica me faz querer dançar. No mais, é um estilo musical que vale uma ouvida: é diferente, cativante, e para quem tem uma mente mais aberta. Hell-train é mais uma das minhas preferidas.

Pei Fon (@poifang | [email protected])

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Música instrumental é um negócio curioso. Eu tenho um certo medo de não entender o

que passa no campo harmônico imaginário dos grandes virtuoses. Mas quando você se depara com o pequeno careca Joe Satriani, vê-se que al-guém fala a nossa língua.

O engraçado é que vi no Google o seguinte: “Joe Satriani Lyrics”. Pesquisava sobre o carro-chefe dele, o “Surfing with the Alien”, de 1987, quando gargalhei vendo o tal resultado da pes-quisa.

Bem, de fato, Joe consegue transpor as pala-vras que a gente quer ouvir. As seis cordas são sua língua - a nossa.

No ótimo “Super Colossal”, de 2006, ele põe nos limiares da guitarra toda a sua experiência e

todo seu cunho pop. O play atinge, com efeito, até quem não é, di-

gamos, roqueiro. Faça um teste com sua mãe!Destaques para a música de abertura, que

dá nome ao CD; à “Just Like Lightning”, com sua levada meio sulista; “It’s So Good”, que nos transporta pra uma praia; “Ten Words”, uma bela balada que dispensa, na verdade, quaisquer pala-vras; a quase “funkeada” e sombria “One Robot’s Dream”; e a convidativa “Crowd Chant” – ela, in-clusive, está presente em vários jogos de video-game.

Divertido, simples e, ao mesmo tempo, ge-nialmente bem elaborado. Como o Rock tem que ser...

Joe SatrianiBreno Airan (@brenoairan | [email protected])

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ufo

Olá, pessoal. O Rock já atormenta os pais há mais de 50 anos, e com os nossos acre-dito que não tenha sido diferente. Duran-te todo esse tempo de existência milhares de bandas surgiram, algumas se tornaram clássicas, outras apenas mais uma, ou caí-ram no esquecimento. O esquecimento não foi um caminho traçado pela banda inglesa UFO, que é considerada, junto com Deep Purple, Led Zeppelin e Black Sabbath, uma das pioneiras do Hard Rock e Heavy Metal. Com mais de 20 álbuns gravados, um que gosto muito é o “Phenomenon”, terceiro ál-bum, que foi lançado em 1974.

As boas vindas são dadas pela música “Oh My”. Em seguida vem “Crystal Light”, que é uma baladinha bastante relaxante. Gosto bastante dessa música e acho a le-tra fantástica. “Doctor Doctor” é muito co-nhecida entre os fãs da banda, mas muitas pessoas só conheceram depois que o Iron Maiden regravou e colocou como parte da abertura dos shows da banda (sou um deles). A quarta música é “Space Child”, a que mais gosto desse disco. Ela tem o clima típico das baladas da época, com um violão fazendo a base e uma guitarra acompanhando. “Rock

Bottom” é um Rock and Roll clássico, uma daquelas que ao terminar o riff inicial fica impossível não bater cabeça. “Too Young to Know” é a sexta faixa, depois “Time on My Hands”, que é outra faixa que gosto muito. A letra é muito boa, fala sobre indecisão, solidão e o tempo que não soubemos apro-veitar. “Built for Comfort” caberia tranqui-lamente em qualquer álbum do Led Zeppe-lin, tem a mesma pegada musical. “Lipstick Traces” é um instrumental com pouco mais de dois minutos. É simples, com bastante sentimento. Para encerrar o álbum, a faixa “Queen of the Deep” vem embalando o Rock em várias escalas, com variações rítmicas impressionantes, que poucas bandas atuais conseguem reproduzir com tanta perfeição.

Novas gerações virão, e outras já inicia-ram a nova fase do rock. UFO fez parte de uma época clássica, e antes deles vieram somente os Beatles, Rolling Stones, Elvis, entre outros que mostraram como ir con-tra uma sociedade bastante conservadora, como era na época. Muita coisa mudou de lá para cá, mas o amor que se tem pelo Rock permanece o mesmo. Esse álbum, eu reco-mendo.

Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])

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Este mês vou escrever sobre o novo disco dos soteropolitanos da Yun-Fat. Esses baia-nos arretados já tocaram aqui em Maceió junto com os outros dodóis do Leptospirose, lá no finado Estacionamento Dimensão. Isso em meados de 2008.

A banda já tem aí uns oito anos de estra-da, mas nos últimos anos andava meio pa-rada. Imagino que seja porque um dos inte-grantes, Marcelo Adam, foi morar no Rio de Janeiro - inclusive, ele está tocando na ban-da Zander.

Já faz cinco anos desde seu debut, “Ac-tion Movie Stunts Get to Die” (2007), que, com muito sucesso, misturou Death Metal e Grindcore com Samba e Bossa-Nova. Re-centemente, eles lançaram o segundo dis-co, chamado “Apocalypse Via Copacabana” (2012) - o que foi uma surpresa das boas, pois há muito tempo não se tinha notícias deles. Novamente, o destaque do disco é a mistura de ritmos e vertentes do Metal com as letras ácidas, de humor, sarcasmo, críti-ca e putaria. Tem letra pros “new-emo”, que tocam um Deathcore com vocalzinho boiola no meio”*; pra uma juventude retardada/bitolada; pras guerras megalomaníacas dos nossos vizinhos norte-americanos; os temas são variados, mas quase sempre com tom de sarcasmo ou esculacho.

O que eu acho mais legal do Yun-Fat é

que eles não estão nem aí para os padrões, paradigmas, dogmas, regras e blablablablá que circundam a cena do Metal. Na verda-de, eles só parecem querer se divertir e fazer muita piada desses padrões. Se você não é um cara muito “tr00”, banger de carteirinha ou cabeça fechada, certamente esse disco vai te agradar de alguma forma.

Ainda não sou especialista nos ritmos ad-vindos do Metal, mas digamos que o Death predomina em todas as faixas. Contudo, em todas há uma mistura muito “loca”. Tem Acid-Jazz, tem Asa Branca, Cangaço, um Reggae chapado, tem música de amor, pra namorada etc. Os tipos de vocais também são variados: o Death/Black predomina, mas também tem uns mais Hardcore/Thrash.

A qualidade da gravação e a execução das músicas e instrumentos também me agrada-ram muito. E a arte gráfica, feita pelo próprio baixista da banda, Paulo, ficou muito meiga, com um lindo “Baphometzinho transex” com tetas bronzeadas e um lindo falo pendurado. Chamas e fotos dos “belos” integrantes com-põem a arte.

A nota para o disco é dez. E, pra fechar com chave de ouro, um cover de, nada mais, nada menos, que Backstreet Boys! “Everybo-dy, rock your body”!

*Interpretação do autor.

Yun FatJoão Marcelo Cruz (@jota_m |[email protected])

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