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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS RESTAURANDO A SENSIBILIDADE: olhares sobre o Museu de Escultura ao Ar Livre da Praça Universitária - e(u)m diálogo... ANA CAROLINA DE ASSIS NUNES ANA PAULA RODRIGUES VALE KAYSMER ASSIS PINHEIRO WUNDER LUCAS BRITO Goiânia 2014

Restaurando a Sensibilidade

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Esta é uma etnografia sobre o museu ao ar livre da praça Honestino Guimarães (Praça Universitária) em Goiânia, escrito à quatro mãos. Sua leitura é indicada para relatos etnográficos sobre arte e espaço público.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIS

    FACULDADE DE CINCIAS SOCIAIS

    CURSO DE CINCIAS SOCIAIS

    RESTAURANDO A SENSIBILIDADE: olhares sobre o Museu de Escultura ao Ar Livre da

    Praa Universitria - e(u)m dilogo...

    ANA CAROLINA DE ASSIS NUNES

    ANA PAULA RODRIGUES VALE

    KAYSMER ASSIS PINHEIRO WUNDER

    LUCAS BRITO

    Goinia

    2014

  • RESTAURANDO A SENSIBILIDADE: olhares sobre o Museu de Escultura ao Ar

    Livre da Praa Universitria - e(u)m dilogo...

    RESUMO:

    Este trabalho objetiva entender a relao das pessoas com a Praa Universitria enquanto

    museu, isto , com as esculturas da praa que a tornam um museu a cu aberto. Procuramos

    perceber como as pessoas vem o museu da praa, confrontando esses olhares com a

    observao dos pesquisadores, o que resulta na construo do presente texto etnogrfico

    inserido na perspectiva dialgica.

    ABSTRACT:

    This study aims to understand the relationship of people with Praa Universitria as an open-

    air museum. We seek to understand how people see the museum of the square, comparing

    these views with the observation of the researchers, resulting in the construction of this

    ethnographic text inserted in the dialogical perspective.

    Introduo e mtodo

    A Praa Universitria situada em Goinia palco de diversas manifestaes culturais,

    desde sua fundao em 1969. Com a sua rea estrategicamente planejada, pois era/e ainda

    prxima a grandes instituies de ensino, a Praa Universitria um smbolo bastante

    conhecido na cidade. Vrios acontecimentos a marcaram e um deles em especial despertou

    em ns o desejo de conhec-lo melhor. Trata-se da transformao da Praa Universitria em

    um museu ao ar livre.

    Instaurado na Praa Universitria no ano 2000, o museu ao ar livre recebeu obras de

    inmeros artistas goianos, que acreditam na funo da obra de arte para a construo de um

    mundo mais justo. Em seus anos iniciais a praa/museu recebia grande nmero de caravanas

    de alunos de escolas pblicas que eram sempre acompanhados por um guia que falava-lhes

    acerca das esculturas ali presentes, o que no mais acontece.

    Os usos da praa/museu atualmente so diversos, por vezes essa segunda funo do

    espao pblico parece esquecido. Assim sendo, buscamos entender a relao dos usurios da

  • praa com as esculturas, qual a ideia que fazem da praa e a possvel percepo da praa

    enquanto um museu que tambm .

    Este trabalho suscita uma reflexo fundamental sobre a possibilidade de exercitar o

    olhar de forma a compreender a realidade social de modo antropolgico.

    A viso resultado da refrao da luz. Simplificando, poderamos dizer que a luz

    branca transforma-se em 7 cores bsicas em contato com as retinas.

    Daqui tiramos duas ideias: a primeira; o processo de olhar sempre uma refrao, da

    luz e da realidade. Deste modo, o olhar de cada integrante do grupo em campo est

    condicionado por sua trajetria individual, valores e processo de sociabilizao com a praa e

    com a cidade.

    A segunda; em princpio, a realidade se apresenta como uma massa amorfa, tomando

    forma com a luz que lanada sobre aquele olhar.

    Segundo Roberto Cardoso de Oliveira, o ofcio do antroplogo envolve trs

    dimenses, a do olhar, a do ouvir e a do escrever. A dimenso do olhar , como j

    mencionado, fundamental para esta etnografia.

    A dimenso do olhar, aparentemente mais simples, o momento em que o pesquisador

    se aproxima da realidade para observ-la. Para que ele no veja apenas a luz branca (que

    talvez seria a mesma coisa de nada ver), ele deveria sensibilizar seu olhar atravs do

    conhecimento j adquirido sobre o objeto da sua observao. A teoria disponvel funciona

    assim como uma lente, ou, para usar a expresso de Oliveira, como "uma espcie de prisma

    por meio do qual a realidade observada sofre um processo de refrao" (CARDOSO DE

    OLIVEIRA, 1998, p. 19).

    Magnani (2002, p. 18), aponta modelos para uma etnografia na cidade e apresenta uma

    modalidade metodolgica caracterizada por ele como passagem: "ela consiste em percorrer a

    cidade e seus meandros observando seus espaos, equipamentos e personagens tpicos com

    seus hbitos, conflitos e expedientes, deixando-se imbuir pela fragmentao que a sucesso de

    imagens e situaes produz".

    Nossa pesquisa se insere nessa perspectiva analtica, uma vez que o dilogo entre os

    olhares dos integrantes resulta em um relato final que assemelha-se a uma ensaio, j que o

  • intento antes entender e explicar o lugar do museu no contexto da cidade do que propor

    solues definitivas para a situao de abandono em que ele se encontra.

    A escolha do objeto para esse trabalho de final de disciplina foi muito trabalhoso para

    nosso grupo porque tnhamos opinies diferentes sobre o tema e pontos de vistas diferentes

    sobre os objetos. Deparando-nos com essa divergncia e percebendo as muitas possibilidades

    a partir de um mesmo objeto, chegamos concluso que o melhor seria fazer esse trabalho

    baseando-nos em nossos pontos de vistas diferentes.

    O impasse foi resolvido e a escolha a Praa Universitria, mais precisamente as obras

    de arte que a compem e fazem dela um museu ao ar livre. A praa est localizada em um

    ponto central da cidade de Goinia e poderia nos fazer entender que como um museu ela seria

    muito utilizada e tambm uma referncia turstica da cidade. Mas nas nossas primeiras

    conversas percebemos que isso no ocorre, que a praa como museu muito pouco percebida

    pelos moradores e, consequentemente, pelos turistas. Isso remete a fala de Simmel (1995),

    que nos lembra de que em uma cidade grande as relaes e oportunidades so variadas e

    complexas, portanto as relaes de cada um de ns e tambm de toda a populao goianiense

    com a Praa Universitria muito variada e portadora de complexas conexes e

    entendimentos da mesma.

    O foco do trabalho passa a ser os quatro olhares de seus membros sobre a praa como

    um museu, suas percepes anteriores e posteriores pesquisa, como cidados urbanos que

    somos e, portanto, a partir de nossa socializao especfica da cultura urbana, como nos

    explica Magnani (2003).

    Partimos para uma observao direta da Praa Universitria, atravs de sadas

    exploratrias feitas por cada um dos membros do grupo e de forma individual para que a

    percepo de um no interferisse na percepo do outro. Lembrando aqui que Rocha e Eckert

    nos deu o significado de observao direta, como uma tcnica privilegiada de investigar os

    saberes e as prticas na vida social e reconhecer as aes e as representaes coletivas na vida

    humana. A partir do texto das duas autoras podemos entender tambm que as sadas

    exploratrias so norteadas pelo olhar atento ao contexto e a tudo que acontece no espao

    observado (ECKERT; ROCHA 2008).

    Portanto, o que se segue nesse trabalho so notas de observao dos quatro olhares

    distintos para que se perceba nitidamente as diferenas de olhar de cada um de ns.

  • Meu olhar: Kaysmer

    A Praa Universitria para mim sempre teve o sentido de ponto de encontro de

    estudantes que estudam nas universidades que a rodeiam e como acesso e estacionamento dos

    motoristas que passam por l. Por isso minha resistncia em abordar esse tema no nosso

    trabalho, por nem saber que a praa tambm era um museu. Depois de muito discutir, o que

    foi enriquecedor para o grupo, decidimos por abordar como a percepo das pessoas quanto

    praa como um museu ao ar livre.

    Resolvi que minha observao deveria comear por uma passagem pela praa como

    me habitual, de carro. Cheguei num horrio de fluxo alto de carros, s 08h00min da manh,

    dia 30 de Novembro. Ao comear a dar a volta pelo contorno interno da praa percebi que

    como motorista muito difcil perceber as obras que compem o museu da praa, porque

    preciso ter a ateno voltada para o trnsito e cuidado com os carros estacionados nos dois

    lados da rua, alm das diversas entradas e sadas da praa. Com essa primeira observao

    chega concluso que para o motorista no possvel perceber que a praa tambm um

    museu. Nesse caso ela se resume ao um meio de locomoo e nesse ponto lembro que em

    toda cidade tipicamente urbana, como Goinia, o fluxo contnuo que a praa oferece seria

    um tipo ideal, como nos mostrou Weber (1979), para quem precisa e nesse caso so os

    motoristas que necessitam de um transito fluido para que a cidade se desenvolva,

    principalmente economicamente.

    Conversei com algumas pessoas que tm a praa como parte de sua rotina, seja de

    trabalho, estudos ou social. Para as que tm esse acesso atravs de veculos, se confirma a

    percepo de que a praa serve apenas de um meio de acesso a vrios pontos e ruas

    importantes da regio. Com a conversa com um estudante de uma das universidades da

    regio, constato que para ele a Praa Universitria serve como um lugar de descontrao e

    relaxamento antes e depois das aulas e que no h outro uso pelo menos por ele e seus colegas

    da praa. Ele me disse que j viu algumas das esculturas, mas que nunca parou para observ-

    las ou mesmo que esteve na praa s com esse intuito, tambm no sabia que essas obras

    faziam parte de um projeto que coloca a praa como um museu. possvel constatar que a

    praa nesse caso tem uma funo especfica e desassociada do que era previsto, um museu,

    sendo um ambiente de passagem para esses estudantes e de desligamento das obrigaes

    relacionadas aos estudos, uma mancha de lazer onde podem estabelecer trocas mais amplas e

    apresenta uma implantao mais estvel tanto na paisagem como no imaginrio. As atividades

  • que oferece e as prticas que propicia so resultado de uma multiplicidade de relaes entre

    seus equipamentos, edificaes e vias de acesso. (MAGNANI, 2003).

    Outras pessoas que conversei tm uma ligao mais emotiva com a Praa, relacionada

    recordaes de infncia, mas que h muito tempo no esto indo l. Outra pessoa me relatou

    que no vai praa por causa da venda e consumo de drogas existentes, mesmo que hoje em

    dia isso no seja mais to explcito como era h alguns anos. Esse relato tambm esteve

    presente na fala de vrios colegas da turma quando fizemos a apresentao do trabalho. Essas

    diversas interaes das pessoas com a Praa Universitria, seja emocional ou socialmente, nos

    leva a consider-las como redes sociais, segundo Gilberto Velho (2009), pois a relao

    afetiva, por exemplo, cria um relacionamento com a praa mesmo que ela no esteja presente

    atualmente nas vidas das pessoas. Os problemas com as drogas cria uma sociabilidade

    especifica em relao mesma, que o afastamento. J o olhar do(a) motorista, ou melhor, o

    no-olhar, j que para ele(a) praa pouco notada como um ponto fixo ou mesmo como um

    museu, possvel notar que a relao ocorre por um dinamismo complexo, em que esses

    indivduos se movem sem um sentido restrito e no linear (VELHO, 2009).

    Aps essas observaes pautadas por olhares exteriores, parto para a observao in

    loco que fiz em um dia em dois horrios diferentes. Quando cheguei praa, depois de dar

    algumas voltas de carro, parei de frente ao Museu Antropolgico, pra ser esse meu local de

    referncia, um ponto de partida da minha observao. Assim que parei vi que tinha uma

    viatura policial parada na ilha central da Praa, isso fez com que eu no notasse a presena de

    pessoas vendendo drogas, como foi to falado pelos colegas de sala e algumas pessoas que

    conversei. Fui para o centro da Praa e comecei a caminhar por entre as esculturas,

    comeando pelas que estavam de frente ao Museu. Decidi ficar somente nessa parte central da

    praa por notar que ela se divide em trs partes distintas, quase que fisicamente. A parte de

    cima, atrs da biblioteca municipal no h quase movimento de pessoas, a no ser as poucas

    que faziam caminhada por l. A parte Central, no meu entendimento, abrange a Biblioteca e

    vai at um espao aberto atrs do bar. E a terceira parte seria do bar ao fim da praa, que um

    estacionamento. A inteno era modificar a forma que eu olhava para a Praa Universitria,

    fazendo segundo Roberto Cardoso de Oliveira (2006) indica, uma domesticao do meu olhar

    atravs da observao emprica, passando do olhar comum para um olhar etnogrfico.

    Nesse espao que defini, passei por cada escultura, para notar detalhes como o nome

    do autor, nome da obra e condies estruturais dessas obras. Nesse circuito que criei, passei

  • por onze obras. A maioria delas est bastante desgastada pela ao do tempo ou aes

    destrutivas, no possuem as placas identificadoras ou j sofreram intervenes intencionais ou

    no, outras j perderam as caractersticas iniciais e no possuem mais o sentido que

    indicavam. Isso demonstra que no est ocorrendo uma manuteno dessas obras e tambm

    no h um investimento do poder pblico para sua manuteno. Quanto s pessoas que

    circulavam na praa ntido que nenhuma delas estava interessada nas esculturas, havia

    algumas sentadas nos bancos, mas estavam mexendo no celular ou conversando com algum

    ao lado. Outras estavam s atravessando de um lado ao outro da praa, mas tambm no

    passavam o olho nas obras. Os trabalhadores da limpeza tambm passam de um lado ao outro

    sem se atentar s esculturas.

    Aps a constatao de que quem frequenta a Praa Universitria, durante a semana,

    no observa as esculturas, no d uma importncia s obras ou mesmo no se atenta ao fato de

    que essas obras constituem um museu ao ar livre, possvel ento explicar essas atitudes, no

    que diz respeito aos indivduos, como um fenmeno de carter blas, onde h uma

    acomodao aos contedos e forma de vida da cidade grande renunciando a reagir a ela a

    auto conservao de certas naturezas, sob o preo de desvalorizar todo o mundo objetivo, o

    que, no final das contas, degrada irremediavelmente a prpria personalidade em um

    sentimento de igual depreciao (Simmel, 1903).

    Olhar do Lucas (dirios de campo):

    4 de novembro

    Numa tarde de tera-feira, aproximadamente s 17 horas, apesar de agora leves gotas

    de chuva ainda persistirem em cair, chego Praa Honestino Guimares (mais conhecida

    como praa universitria).

    Coloco no pescoo o crach de estudante da UFG e me aproximo da obra central do

    Museu a cu aberto, nomeada "Deixa o Brasil no Terceiro mundo", esculpida por Antnio

    Poteiro. Esta a primeira vez que observo atentamente os detalhes da escultura que, aos meus

    olhos, parece traduzir a fome e a misria do povo em um pas to cheio de riquezas.

  • Antes de conseguir conversar com uma primeira pessoa, chamo outras duas, jovens,

    aparentemente estudantes, o que no de se assustar, j que a praa circundada por

    instituies de ensino.

    Poliana, estudante de servio social na PUC, aceita compartilhar um pouquinho de seu

    tempo para dialogar comigo. Ela diz que no v a praa como museu, mas sim como um lugar

    de passagem, um caminho. Diz tambm que a maioria das pessoas no vem ali um museu,

    mas sim um espao de festas e encontros. Ela mesma nunca havia parado para observar,

    mesmo que j tivesse visto as esculturas.

    Aproximo, a passos lentos, de Nara Cristina, moradora do Setor Universitrio desde

    nascida, sentada em um banco da praa, com um cigarro nas mos.

    Ela no tinha fogo para acend-lo. Sentou-se para pensar, descansar de um dia de

    trabalho, o que indica certa calma que a praa, apesar de um ponto de drogas e drogados, de

    festas universitrias e eventos culturais, oferece jovem Nara.

    O fato da praa ser um ponto de compra e venda de ilegalidades explica, em parte, a

    razo das pessoas me ignorarem.

    Por ter uma relao prxima com a praa, a Nara Cristina diz considerar a praa um

    museu, pois para ela um lugar que tem histria. Ela sabe que a praa j foi muito mal-

    cuidada e cita que mudou-se a estrutura da praa. Realmente, a praa recebeu novo piso na

    segunda parte de 2000, justamente para receber as esculturas.

    O terceiro interlocutor Olavo, estudante de Design Grfico na UFG, curiosamente

    conhecedor de tcnicas de escultura. O TCC (trabalho de concluso de curso) dele inclui

    pequenas esculturas de cangaceiros.

    Morador da regio, ao perguntar-lhe se ele via a praa como um museu, ele responde

    que at pouco tempo no a havia visto como tal, mas recentemente veio praa observar a

    tcnica usada em uma das obras.

    5 de novembro

    A conversa no-diretiva com trs mulheres foi bastante construtiva.

    A primeira delas, moradora da regio desde a infncia, conheceu a praa ainda

    pequena, criana, e disse que j havia "parado" para olhar algumas esculturas, mas no

  • reparara, por exemplo, os detalhes da escultura central da praa, "Deixa o Brasil no terceiro

    mundo", de Antnio Poteiro.

    Quando perguntei se ela j havia pensado que a praa tambm um museu, ela

    responde que nunca a viu como um museu, apesar de ter percebido a mudana ocorrida na

    praa, como a troca do piso de concreto, para receber as esculturas em julho de 2000.

    Nesta conversa e, principalmente ouvindo a sua gravao, percebi que eu mesmo

    nunca havia "parado" para observar as esculturas mais atenciosamente.

    No segundo dilogo, conversei com uma jovem que nunca havia estado na praa e

    reparou as pichaes, o que para ela diminui a curiosidade e a atrao para ver as esculturas

    mais de perto. Antes de pergunt-la sobre sua percepo da praa, a conversa foi interrompida

    pelo telefone que tocou; era sua me avisando que chegara para busc-la. A pressa afetou

    mais a mim, que fiz perguntas muito rpidas e, na inteno de no incomod-la, quase no a

    deixei falar.

    Mudei de ngulo, subi em direo ao centro da praa e vejo uma moa fotografando e

    apreciando algumas obras.

    Estudante de enfermagem, estava olhando as esculturas para realizar um relatrio

    sobre o museu. Ela foi a nica pessoa que apresenta a ideia de ver a praa como um museu,

    bem como a nica que olhava as obras mais atentamente.

    Trocamos referncias, combinamos que enviaria os arquivos que o grupo encontrou.

    Parecamos mais duas crianas curiosas do que pesquisadores tentando superar o senso

    comum sobre a praa e o museu. Ela me pediu para acompanh-la numa volta praa. Foi

    ento que assumi o papel de guia turstico, mas com muito prazer.

    Percebi duas coisas importantes com essa conversa:

    1 - Eu pensei que havia observado todas as obras da praa e, ao realizar o mini-tour, entendi

    que no era bem assim. Ao meu olhar escaparam trs ou quatro esculturas;

    2 - Eu mesmo no via a praa como um museu, apesar de t-la observado, em outras

    situaes mais cotidianas, apressadamente, porm as obras nunca me haviam prendido tanto a

    ateno. Certamente, ouvindo a gravao da "entrevista", soube que "eu acho esta praa linda,

    eu j tinha olhado as esculturas mas eu nunca tinha 'parado' para pensar que era um museu".

  • A falta de cuidado com as obras um ponto muito negativo sobre a praa.

    6 de novembro

    Aps um dia de trabalho, chego Catedral das Artes, localizada no Setor Santa

    Genoveva, em Goinia, para uma conversa com o artista No Luiz, membro da AEGO

    (Associao dos Escultores de Gois), cuja obra "Vida" tambm se encontra entre o acervo do

    Museu de Esculturas ao Ar Livre, o maior museu do gnero da Amrica Latina.

    O Museu na praa universitria no tombado como patrimnio histrico, mas

    considerado patrimnio da AEGO. A praa universitria patrimnio histrico.

    No mostra-me as belssimas telas e esculturas que a Catedral da Artes abriga.

    Pinturas aquelas que contam a histria da arte em Gois em seus aspectos mais essenciais.

    A prpria Catedral um museu - no sentido histrico-, como assinala No, alm de

    que o espao fsico uma obra de arte.

    No explica-me como lanou a pedra fundamental da construo do espao; ouo

    atentamente, porm, sem compreender tais assuntos. Apesar disso, intuo a Arte com que foi

    lanada aquelas pedras.

    O escultor leva-me para a sala em que exibe filmes e documentrios para crianas e o

    pblico que vm atm o Museu, a Catedral das Artes.

    Um maravilhoso documentrio sobre o Museu ao Ar Livre reflete-se nos meus olhos.

    Mostrarei este documentrio para a turma, quando da comunicao.

    No diz que as esculturas j passaram por uma restaurao e j necessrio que se

    faa outra.

    Em 14 anos, as esculturas tomaram sol e chuva, sobreviveram a condies adversas e

    foram pichadas e deterioradas, pela ao do tempo e pelas mos de vndalos. Algumas delas

    j foram completamente destrudas e outras furtadas.

    Nosso dilogo termina radiante, com levssimas gargalhadas.

    No fez uma placa, hoje enferrujada, na qual se l algo como "hoje voc est curioso,

    eu ainda estou". Para compreender a graa, deve-se ir at a Catedral e perceber sua singular e

    idiossincrtica forma.

  • Olhar da Ana Paula:

    Na quinta feira, dia 13/11, por volta de meio dia, fui praa universitria para dar

    andamento ao meu trabalho de campo. Assim que cheguei, notei que havia poucas pessoas

    naquele horrio. Optei por sentar-me em um local que poderia me proporcionar uma vista

    melhor de algumas das esculturas, com o propsito de observar se as pessoas que por ali

    passavam reparavam nas esculturas presentes na praa.

    Aps algum tempo de observao, notei que alguns andavam apressados, olhando para

    o cho ou sem prestar muita ateno ao seu redor, outros andavam vagarosamente mas estes

    geralmente estavam com fones de ouvido ou vendo algo no celular. Havia na praa tambm,

    alguns casais sentados, porm estavam mais atentos natureza (pssaros, rvores, cu) e neles

    mesmos. Havia alguns sentados pelas lanchonetes situadas na praa, mas os grupos que se

    encontravam nesses locais estavam mais entretidos com as conversas que travavam entre si ou

    com livros, celulares, etc, do que com as esculturas. Quanto aos trabalhadores dessas

    lanchonetes, eles estavam concentrados no seu trabalho, ento tambm no pareciam estar

    interessados na paisagem ao seu redor. Apenas um trabalhador estava sentado em frente a

    uma escultura um gari. Aproximei-me dele com o intuito de entrevist-lo, pois acreditava

    que ele observava a escultura a sua frente, mas aps realizar a entrevista, ele me informou que

    no havia se lembrado dela ali, estava apenas descansando.

    Durante o meu trabalho de campo, entrevistei seis pessoas no total. Eu andava pela praa e

    abordava quem estava passando prximo a mim, dizendo que eu era estudante da UFG, do

    curso de Cincias Sociais e estava realizando uma pesquisa sobre o que as pessoas achavam

    da praa como um museu ao ar livre. As entrevistas foram feitas de forma informal e foram

    curtas. Para todas, tentei fazer quatro perguntas essenciais, contudo, em alguns casos, o

    dilogo fluiu de modo que achei desnecessrio interromper a conversa para fazer todas as

    perguntas, pois deixando o entrevistado mais livre poderia obter informaes diferentes das

    que eu esperava e de suma importncia. As perguntas foram as seguintes:

    1) Frequenta a praa?

    2) J observou as esculturas da praa?

    3) Acha importante a presena das esculturas?

    4) Tem conscincia de que a praa um museu a cu aberto?

  • A primeira pessoa que abordei foi o gari que mencionei acima. Ele informou que trabalha

    na praa h seis anos e que considera as esculturas importantes, porque sem elas no haveria

    nada na praa. Porm, ele no costuma reparar, porque j se acostumou com elas depois de

    tanto tempo de convivncia. Apenas as pessoas que realmente reparam nela, tiram fotos, etc,

    eram os turistas, pois para o pessoal que frequenta a praa j se tornou comum. Outro ponto

    que achei interessante foi que ele que disse que a prefeitura no cuida das esculturas e elas

    precisam ser polidas, ou seja, ele tem conscincia do estado de descuido que elas se

    encontram, mesmo no as apreciando.

    A segunda pessoa foi uma estudante de artes. Ela no frequenta a praa, mas disse achar

    as esculturas muito interessantes. Observou tambm que as pessoas no prestam muita

    ateno nelas (esculturas).

    A terceira pessoa tambm foi uma estudante, esta de odontologia. Ela frequenta a praa

    diariamente. Foi bem sincera e disse que no repara nas esculturas e tampouco que as

    considera importante, mas que tem conscincia de que a praa um museu a cu aberto. Ela

    tambm afirmou que ningum as valoriza.

    A quarta pessoa mora prxima praa e por isso a frequenta diariamente. Ele disse que as

    esculturas so importantes, mas que acredita que as pessoas no tem tempo de parar e analis-

    las, principalmente porque a praa ponto de venda de drogas e isso um atrativo para a

    polcia, o que deixa as pessoas constrangidas por conta da prpria imagem, pois temem se

    expor e serem consideradas mal carter (a polcia pode achar que so usurio ou vendedores

    de drogas).

    A quinta pessoa tambm mora prximo praa, mas no a frequenta, s vai at l em dia

    de feira com a famlia e por isso no repara muito nas esculturas. Acredita, porm, que as

    outras pessoas reparam sim, nem que seja apenas uma olhada. Ele tambm disse que acha

    as esculturas importantes porque so bonitas.

    A quinta pessoa uma senhora que foi praa pouqussimas vezes. Foi a nica que eu

    observei prestar ateno nas esculturas e isso me levou a abord-la. Ela explicou que a

    escultura do Filho de Deus, chamou sua ateno porque ela ficou curiosa em saber se

    realmente havia cinco dedos ali e gostou tambm da escultura Gestante, da Leia Leal, pois a

    achou muito bonita. Contudo, no reparou se havia outras alm dessas duas (inclusive,

  • durante a nossa conversa, ela foi apontando para as esculturas que ela no tinha notado antes).

    A senhora disse que considera as esculturas importantssimas, pois deixa a praa mais bonita e

    interessante, e acredita que as pessoas as observam.

    Fui embora da praa por volta de uma hora da tarde e aps ler meus dados de campo e as

    observaes dos colegas do grupo, notei que chegamos mesma concluso sobre as pessoas

    no observarem as esculturas e possivelmente no terem conscincia de que a praa um

    museu a cu aberto. As esculturas se tornaram comuns e familiares, logo se tornou difcil se

    interessar em observ-las ou, se o fazem, no as apreciam por falta de informao sobre as

    obras e pele estado de descuido que se encontram.

    Jos Guilherme Magnani, em seu texto De perto e de dentro: notas para uma etnografia

    urbana, fala sobre a necessidade de se olhar de perto e de dentro, ou seja, olhar para a cidade

    como includo nela e ao mesmo tempo prximo dela, de forma que o pesquisador se torne um

    nativo da cidade ao mesmo tempo em que consegue estranhar o prprio local o qual sempre

    esteve inserido sem distanciar-se demais, assim sem perder a essncia da cidade. Ao mesmo

    tempo, Magnani chama ateno para o fato de que o olhar distanciado no pode ser

    descartado, pois este permite ampliar o horizonte de anlise, bem como complementar sua

    proposta.

    O objeto de estudo do nosso grupo, composto pelos integrantes Ana Carolina Nunes,

    Ana Paula Vale, Kaysmer e Lucas Brito, a praa Universitria, tendo como foco as

    esculturas l presentes e o que, e se, elas representam algo para as pessoas que frequentam a

    praa. Assim, pode-se observar que o nosso objeto de estudo, ao mesmo tempo em que est

    inserido na cidade, pode tambm no estar, pois h a possibilidade dessas esculturas no

    significarem nada s pessoas que passam por ali.

    Eu sou moradora de outra cidade, Anpolis/GO, e por conta disso estive apenas trs vezes

    na praa. E por mais que eu force a minha memria, no consigo me lembrar de nenhuma

    escultura, o que me leva a crer que, mesmo no frequentando tal lugar, tornou-se mais difcil

    para eu observar de fato as esculturas na cidade, pois algo que j se tornou comum - digo

    isso porque Anpolis se assemelha a Goinia em relao s praas onde h esculturas, logo,

    elas, as esculturas, tomaram a funo de um complemento para a viso paisagstica das

    praas, sem um significado especfico para os frequentadores delas.

  • Utilizei a obra de Magnani em meu trabalho de campo, pois acredito que ele foi o autor

    que mais me auxiliou em como fazer a Antropologia Urbana, por ensinar, ou pelo menos

    guiar como devemos voltar nosso olhar para a cidade. Fui praa com o objetivo de tentar me

    ver como uma moradora, ao mesmo tempo em que estava como uma turista, tentando olhar de

    perto e de dentro, e tambm tentei adotar um olhar distanciando para que eu pudesse refletir

    sobre o que ouvia de forma neutra. Sei que a neutralidade no pode ser alcanada e no

    pretendia de fato alcan-la, apenas tentei no tomar julgamentos e concluses precipitadas, e

    no ouvir de fato o que os meus entrevistados estavam falando devido s minhas concepes

    pr-concebidas.

    Minhas impresses: Ana Carolina

    2 semana de novembro, 2014.

    Estive observando a praa durante esses dias, mas sem conversar com os

    frequentadores que por ali estavam, ou com algum que seja. Entreguei-me a observar e a

    exercitar o olhar a fim de perceber qual fosse a dinmica e relao das pessoas com as

    esculturas do museu ao ar livre. Talvez meu exerccio tenha sido prejudicado porque observei

    a praa durante os mesmo horrios todos esses dias, entre 16h s 18h, semana chuvosa e,

    sempre do mesmo ponto, saindo do Centro Cultural da UFG e indo em direo a Biblioteca

    Marieta Teles.

    Surpreendi-me ao no perceber o contato, ou ao menos a observao direta

    (contemplao da obra de arte), dos transeuntes com as esculturas. Encontrei estudantes,

    casais de namorados, vendedores, lavadores de carros, funcionrios da prefeitura, e nenhum

    observador, no sentido direto, como disse, dos monumentos. Com essa impresso de que as

    esculturas jamais (termo forte, mas que me veio mente na hora) eram observadas, me propus

    a pensar em uma nova forma de interao dos passantes com as esculturas, embora as

    condies realmente levem a um distanciamento da mesma, pelo fato de algumas obras no

    possurem identificao ou mesmo, terem sido alvo de aes maldosas.

    Ocorreu-me pensar que a praa, ao funcionar como um espao para locomoo,

    tenha suas esculturas observadas de forma rpida e isso indicaria uma transformao do olhar,

    uma vez que estamos cada vez mais treinados a entender cdigos visuais com uma velocidade

    extraordinria, vide anncios em outdoors, televiso e outros meios. Mas no consegui

    comprovar essa hiptese, talvez ela tenha sido fruto apenas da minha tentativa de estabelecer

  • uma correspondncia entre os transeuntes e as obras de arte. Enfim, a chuva deve ter

    distanciado as pessoas tambm...

    Goinia, 12 de novembro de 2014.

    So exatamente 18h30m e ainda est claro, porm cinza, por conta da chuva que

    caiu durante todo o dia. Talvez no seja o melhor momento para vir praa observar as

    esculturas, dinmicas e interaes dos transeuntes com as mesmas, mas os ltimos dias tem

    sido to agitados que o tempo que apareceu foi este, melhor aproveit-lo... E conversar com

    algum.

    Bem, no sei se por coincidncia, mas encontrei dois amigos que dispuseram a

    contar-me acerca de suas percepes sobre a praa. Os dois so msicos e sensveis a certas

    experincias, que envolvem arte, sobretudo.

    Pedi para eles olharem ao redor e falarem sobre as esculturas. Em seguida (sem

    deix-los dizer sobre o assunto anterior) perguntei se eles sabiam que a praa havia sido

    concebida para ser um museu... Ocorreu ento um divertido dilogo, transcrevo as partes mais

    significativas:

    J.A.: No. Mas eu acho muito legal. Tem umas coisas muito bonitas;

    K.K.: Nossa! Eu nunca tinha visto essa (referindo-se a uma escultura com o busto de um

    cavalo). muito legal.

    J.A.: , desse lado de c (do meio da praa para a parte de cima na direo da biblioteca

    Marieta Teles) at parece um museu, mas ali embaixo no, tem o bar, faz muito barulho,

    horrvel!

    K.K.: O que vocs acham da arte? Tem que ser vista ou entendida?

    J.A.: Vista!

    K.K.: (risos), porque eu no entendo nada. Olha isso (apontando para uma das esculturas e

    referindo a abstrao de algumas);

    Algum tempo depois, j havia escurecido, mas uma moa gentil conversou um

    pouco comigo e disse que para ela as rvores da praa constituam-se obras de arte parte,

  • uma vez que eram belssimas. A moa tambm me disse que monumentos e natureza eram

    combinaes perfeitas.

    Consideraes Finais

    No caminho at aqui percorrido, vemos que o uso da praa e a percepo das pessoas

    em relao s esculturas da mesma muito divergente do que acontece em um museu, no

    sentido tradicional do termo.

    Para Bourdieu (2008, p.10), "a obra de arte s adquire sentido e s tem interesse para

    quem dotado do cdigo segundo o qual ela codificada". Deste modo, a possibilidade de

    passar da "camada primria do sentido" que podemos adentrar, com base na nossa experincia

    existencial, para a "camada dos sentidos secundrios", ou seja, "para a regio dos

    significados", s ocorre se possuirmos os conceitos que, superando as propriedades sensveis,

    "apreendem as caractersticas propriamente estilsticas da obra".

    Ns, do grupo, tambm no vamos a praa como um museu. Ns a estvamos

    olhando como tal por que queramos v-la assim. Em outras palavras, poderamos dizer que

    distinguamos o museu na praa por que havamos sensibilizado o olhar para isto. A praa era

    uma forma indistinta, apenas uma praa, at o momento em que a luz da sensibilidade (que

    tambm foi a luz da teoria) restaurou a possibilidade de olharmos diferente para aquela

    realidade.

    Desta forma, o entender uma obra de arte, no caso as esculturas, no um "amor

    primeira vista", antes uma operao de decifrao e decodificao. Isto significa que a

    aproximao e apreciao pelas pessoas das esculturas perpassa aspectos outros para alm da

    mera exposio destituda de sentido, j que no h mais aes educativas de

    acompanhamento dos possveis visitantes e mesmo a manuteno, proteo e preservao das

    peas.

    As condies atuais em que as esculturas do Museu ao Ar Livre se encontram, nos

    levam a acreditar que h certo desinteresse dos frequentadores da praa em relao s obras,

    bem como nos levam a pensar quais os motivos para esse desinteresse, pois as esculturas so

    de responsabilidade apenas da AEGO (Associao dos Escultores de Gois), enquanto a Praa

    Universitria pblica, cuidada pela prefeitura e, inclusive, um patrimnio histrico da

    cidade de Goinia.

  • Assim sendo, o desinteresse dos usurios da praa para com as esculturas reflete-se na

    no manuteno das mesmas por parte da AEGO, entretanto, configura-se a Praa

    Universitria e as esculturas ali presentes em uma situao paradoxal, uma vez que ao mesmo

    tempo que a praa patrimnio as esculturas no o so.

    Quando da instalao das peas na Praa Universitria, os artistas envolvidos no

    projeto, deram um "voto de confiana" para a populao goianiense, pois acreditavam que "o

    acesso das pessoas s obras de arte essencial para a construo de um mundo mais justo",

    nas palavras do artista plstico Amrico de Souza Neto (MONTEIRO, 2000). Houve uma

    restaurao das obras em 2006 pela AEGO, porm o estado de deteriorao no qual as

    esculturas se encontram deplorvel. Deixa-nos a indagao acerca do futuro do Museu de

    Esculturas ao Ar Livre. Ser ele semelhante ao ocorrido com o projeto Galeria Aberta e com o

    Monumento s Naes Indgenas, de Siron Franco?

    REFERNCIAS

    BOURDIEU, Pierre. A distino crtica social do julgamento. So Paulo: EDUSP; Porto

    Alegre: Zouk, 2008.

    CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O trabalho do antroplogo. Braslia: Paralelo 15; So

    Paulo: Editora UNESP, 2006.

    ECKERT, Cornlia; ROCHA, Ana Luiza Carvalho. Etnografia: Saberes e prticas.` In:

    PINTO, Cli Regina Jardim & GUAZZELLI, Czar Augusto Barcellos. Cincias Humanas:

    pesquisa e mtodo. Porto Alegre: Editora da Universidade, 2008.

    WEBER, Max. O fenmeno urbano. Org.: Otvio Guilherme Velho. 4 edio. Zahar Editores

    Rio de janeiro. 1979.

    MAGNANI, Jos Guilherme Cantor. A antropologia urbana e os desafias da metrpole.

    Tempo Social USP. So Paulo SP. Abril, 2003.

    MAGNANI, Jos Guilherme Cantor. DE PERTO E DE DENTRO: notas para uma etnografia

    urbana. In: Rev. bras. Cincias Sociais. Vol.17 no.49 So Paulo Junho 2002.

  • MONTEIRO, Silvana. Praa Universitria vira museu aberto. O POPULAR, Goinia, p. 3,

    26 de julho, 2000.

    VELHO, Gilberto. Antropologia Urbana. Encontro de tradies e novas perspectivas.

    Sociologia, problemas e prticas, n.59, 2009, pp.11-18.

    SIMMEL, Georg. As grandes cidades e a vida do esprito (1903). MANA 11 (2), p. 577-591,

    2005.

  • ANEXOS

  • FONTE: MONTEIRO, SILVANA. PRAA UNIVERSITRIA VIRA MUSEU ABERTO.

    O POPULAR, GOINIA, 26 JUL. 2000. CAD. 2, P.1.

  • FONTE: MONTEIRO, SILVANA. PROJETO PODE SER LEVADO A OUTRAS REAS.

    O POPULAR, GOINIA, 26 JUL. 2000. CAD. 2, P.3.