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6º PERÍODO
PÓLO PRESENCIAL DE ESPLANADA – BA
Alexandra de Almeida Santos Souza – 09.2.9566
DISCIPLINA:
EAD 293 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO II
ESPLANADA - BA
Junho/2012
Alexandra de Almeida Santos Souza – 09.2.9566
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II
Relatório apresentado à UNIVERSIDADE FEDERAL DE
OURO PRETO - CEAD, à Profª. SANDRA AUGUSTA DE
MELO, como parte das exigências do curso de Pedagogia,
para aprovação na disciplina ESTÁGIO SUPERVISIONADO
II.
Tutoria Presencial: Eládia Evangelista dos Santos
Tutoria à Distância: Hugo do Nascimento marinho
Tutora de Apoio Acadêmico: Simone Ribeiro
ESPLANADA - BA
Junho/2012
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO....................................................................................04
2- REALIDADE DIDÁTICO-PEDAGÓGICA E SÓCIO-PSICOLÓGICA
OBSERVADA.......................................................................................05
2.1.Aspectos didático-pedagógicos.
2.2.Uso dos espaços e recursos.
2.3.Interações professor-aluno.
2.4.Evolução da turma no decorrer das observações.
3- PROBLEMATIZAÇÃO.............................................................................15
3.1.Identificação da situação- problema (descrição).
3.2.Fundamentando a problematização.
4- AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO II...........................................18
5- REFERÊNCIAS................................................................................20
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho refere-se ao relatório final da 2ª etapa de Estágio
Supervisionado II do curso de Licenciatura em Pedagogia oferecido pela
Universidade Federal de Ouro Preto-MG (UFOP), o qual teve como objetivo
conhecer na prática as particularidades da sala de aula com crianças na
Educação Infantil, analisando como acontece a interação dos educandos com o
educador, dos educandos entre si e com o ambiente no cotidiano escolar, a fim de
estabelecer articulações entre os conhecimentos teóricos construídos com as
situações práticas, desenvolvendo um caráter pesquisador, critico e reflexivo no
propósito de nortear a partir deste momento o aprimoramento das ações
pedagógicas, estando assim apta a intervir positivamente.
Nesta perspectiva, o estágio supervisionado II requer do estagiário: Observar os
aspectos pedagógicos, didático e sócio-comportamental envolvidos na atividade
docente; Elaborar relatos de observações sistematizadas de quatro momentos da
atividade educativa; Estabelecer conexões e articulações entre suas observações
e fundamentos teóricos adquiridos até o dado momento no curso e Elaborar
relatório desta etapa formulando uma situação-problema.
Com a finalidade de atender este propósito iniciei o estágio supervisionado II em
uma instituição educacional de educação infantil - Creche Municipal Sementinha
da Vida, localizada na Rua Dois de Julho, nº 75, na cidade de Conde – Bahia,
realizado no período de 26 de março a 06 de junho de 2012, em 4 diferentes
momentos, no turno vespertino, as segundas, quartas e quintas-feiras, no tempo
de 80h, divididos em 20 h mensal consistindo estes em 5 dias para cada mês,
subdivididos e organizados em 3 dias por semana, numa sala de aula do Pré II,
composta por 15 alunos, sendo 7 meninas e 8 meninos, na faixa etária de 5 anos
de idade.
2. REALIDADE DIDÁTICO-PEDAGÓGICA E SÓCIO-PSICOLÓGICA
OBSERVADA
2.1.Aspectos didático-pedagógicos.
O ensino de Educação infantil no seu processo histórico tem conquistado notáveis
mudanças no seu âmbito didático-pedagógico e sócio-psicologico, entretanto,
percebe-se ainda a necessidade de uma formação adequada e interesse pelos
métodos de ensino aprendizagem. É de suma importância, ter o desejo de evoluir
através de cursos e pesquisas, esta é “parte integrante do trabalho do professor
na sala de aula”, assim defendida por Demo (2002). Contudo o grande desafio
tem sido a competência do educador que deve ser capaz de articular teoria e
prática de modo a proporcionar o desenvolvimento integral da criança bem como
outros fatores relativos à afetividade, à responsabilidade, visando uma prática
docente alicerçada no contexto e nas necessidades da clientela desta faixa etária
evidenciando um trabalho pedagógico voltado para a leitura literária, o lúdico, a
socialização e para o conhecimento.
No decorrer das observações foi possível perceber a pouca motivação por parte
da professora no desenvolvimento das atividades, uma vez que esta alegava a
carência de recursos didáticos para otimizar as aulas de forma que envolvam a
leitura literatura e a ludicidade, embora não justifique, pois o professor pode valer-
se de sua criatividade construindo brinquedos e jogos utilizando como recurso o
material reciclável tornando sua aula mais eficaz e dinâmica.
As atividades seguem uma rotina - formação da rodinha de conversa, esta
geralmente ocorria sempre com todos assentados, por preferência da professora,
acredito que para manter a disciplina dos pequenos. Neste momento eles são
convidados a fazerem a oração para o anjo da guarda, conversarem sobre o dia,
final de semana ou outro assunto que chamem a sua atenção e a cantarem a
música da chegada, dentre outras. Observei que durante essa atividade as
crianças demonstram-se mais participativas quando a professora realiza dois
momentos na rodinha: iniciam sentados e posteriormente ficam de pé para cantar
as musiquinhas. Elas animam-se, levantam, dançam, pulam, gesticulam e
sorriam, embora seja raro a professora proporcionar este segundo momento. Haja
vista que essas práticas e movimentos são importantíssimos para o
desenvolvimento da criança e contribuem para estabelecer o lado afetivo do
grupo, favorecendo a aquisição de importantes elementos e informações para que
a professora venha conhecer melhor a sua classe e planejar novas estratégias a
partir das necessidades e interesses das crianças. Pois durante a rodinha a
criança expressa- se livremente sem a preocupação de chegar a um
conhecimento mais elaborado (trecho do diário de campo, mês de maio). Dos
aspectos da rotina diária que mais me chamou a atenção foi a ausência da leitura
literária. Num dado momento, comentei com a professora sobre o assunto, pois
não havia ainda presenciado no decorrer das observações das aulas. Ela
respondeu-me que de fato só faz o uso de leituras literárias às sextas-feiras, pois
tem poucos livros, já são conhecidos pela turma, não sendo mais novidade para
esta, porém sempre que encontra uma novidade de leitura fora da escola também
traz para sala de aula. Externou ainda que esse ano tá tudo diferente, os
professores estão sem estímulo para trabalhar, a creche não está com uma
aparência física motivadora, pois a pintura já nem existe, as paredes estão muito
sujas, uma vez postos os cartazes ou outro material não há possibilidade de
destaque, devido essa situação.
A leitura literária é uma atividade de extrema importância na sala de aula.
Quando realizada diariamente e da maneira correta, pode levar os alunos a
compreenderem de forma mais ampla a realidade, possibilitando uma reflexão
sobre diversos assuntos, bem como desenvolver habilidades como: o prazer pela
leitura, à criatividade, aprender a ouvir, a oralidade e a diferenciar os diversos
tipos de textos, dentre outras. No entanto é necessário criar possibilidades para
que este esteja em contato com esse tipo de atividade desde as séries iniciais.
Acredito que seja do educador o papel fundamental nesse processo, pois “Na
escola quem propõe a fantasia, quem estimula a imaginação da criança, é o
professor, quando faz boas mediações oferecendo textos literários de qualidade”
(Oliveira, S/d).
Indaguei a professora sobre como acontecia o planejamento, segundo ela,
costuma-se planejar nos encontros com a coordenadora, nos quais a auxiliar não
se faz presente. Professoras juntas a coordenadora fazem o plano de aula
quinzenal e durante esse período desenvolvem um roteiro de aula semanal, estas
contam com um material de apoio - o fluxo de aula ( conteúdo anual dividido por
unidades e organizado pelos coordenadores pedagógicos).
A professora demonstrou possuir uma boa bagagem, visto que a maneira pela
qual encaminhava as atividades na maioria das vezes era pertinente, haja vista
que ela valorizava o conhecimento prévio do aluno e a opinião de cada um. Esta
favorecia uma discussão sobre a temática, por meio da qual possibilitava ao aluno
interagir uns com os outros, entretanto, faltaram momentos de motivação através
do lúdico para as explicações de algumas atividades, aspecto muito relevante
principalmente nas séries iniciais, fase em que as crianças tem maior e melhor
absorção do conteúdo a partir do concreto.
A este propósito, é possível descrever uma das aulas de ciências realizada, na
qual a professora iniciou a explicação do assunto “Os Seres Vivos e Não Vivos”,
através de um cartaz, no qual havia gravuras destes seres. Nesse momento foi
oportunizado aos alunos expressarem suas opiniões, as quais foram condizentes.
A professora continuou explicando, fazendo intervenções e exemplificando a
atividade, utilizando ainda objetos de uso da sala de aula. As crianças
participaram com muito entusiasmo, inclusive dando outros exemplos de animais
de estimação e pessoas da própria família.
A maioria das crianças aprendia com tranquilidade, pois durante a avaliação oral
explanada, elas interagiam e participavam dando contribuições satisfatórias.
Nesse sentido, foi possível perceber que a professora desenvolveu um bom
trabalho com a disciplina de ciências naturais a partir do resgate do conhecimento
prévio das crianças, uma vez que estas puderam vivenciar sua realidade,
tornando mais eficaz o processo de ensino- aprendizagem e possibilitando maior
envolvimento no assunto. As crianças a realizaram também sem dificuldades, a
professora lia e elas respondiam escrevendo, relacionando e representando os
seres. Exceto três alunos que ainda demonstram dificuldades na interpretação e
na grafia mesmo que sendo lidas as questões. Nesse caso, a professora,
desenvolveu atividade diferenciada, a qual atendia ao nível de desempenho
destas crianças, demonstrando preocupação em atender as necessidades do
educando bem como a compreender que cada criança tem o seu tempo de
aprendizagem.
A Educação Infantil recebeu do município um kit de material muito rico em
ilustrações e conteúdos, são propostas diferenciadas conforme a faixa etária. O
livro é destinado para o aluno a cada início de unidade. Sendo assim, foi notória a
preocupação da professora em atender as necessidades do educando bem como
a compreensão de que cada criança tem o seu tempo de aprendizagem. (trecho
do diário/maio).
Em outro momento – numa aula de Língua Portuguesa, a professora distribuiu em
cada mesinha uma caixinha com o alfabeto móvel. Em seguida explicou que cada
componente do grupo deveria formar palavras com as sílabas iniciais do seu
próprio nome. Aproximei-me de um grupinho e fiquei observando o desempenho
de construção de cada um. A mesinha estava composta por quatro crianças, três
delas conseguiram formar palavras simples sem intervenção e uma precisou que
eu intervisse perguntando: quais as primeiras sílabas que iniciam o seu nome?
Que outras palavras podem formar com estas letrinhas que chamamos de
sílaba... Ela construiu com ajuda três palavrinhas.
Considerei como um sucesso para esse aluno, pois segundo a professora e
auxiliar ele além de não comunicar-se contava- se o dia que ele realizava uma
atividade. Acredito que o aluno evoluiu pelo fato da observadora ter feito as
devidas intervenções com um olhar especial.
Após formarem os grupos de palavras, era sugerido que registrassem numa folha
com linhas mimeografadas a lista construída. Todos fizeram. Uns com segurança,
outros com dificuldades, algumas limitações. Realizaram ainda a leitura das
palavras depois de copiadas no caderno.
A construção das palavras constituiu-se numa atividade prazerosa e interessante.
A primeira porque eles mostraram-se empolgados em criar palavrinhas a partir
das sílabas do seu nome e a segunda por eles trabalharem com um material que
embora seja muito rico e conhecido – alfabeto móvel, muitos professores não
sabem como encaminhar a atividade ou não valorizam a eficácia que tem o
trabalho com esse material, os quais não foram o caso da professora. Ela
encaminhou bem a atividade e deu assistência a todos dirigindo- se sempre as
mesinhas.
Na medida em que eles construíam uma palavra, mesmo sendo diferentes as
sílabas iniciais eles chamavam a atenção do coleguinha mostrando a palavrinha
produzida. Foi muito produtiva. Foi encaminhada uma atividade no livro didático
do aluno sobre o assunto em questão.
Num outro momento observado foi realizada uma aula de matemática, na qual a
auxiliar de classe distribuía uma atividade mimeografada, cujo assunto era
“Números Naturais”. Não houve algum tipo de motivação para iniciar essa
atividade. A professora iniciou sua aula registrando no quadro de giz os numerais
de 0 a 10, solicitando a participação oral da turma na contagem, em seguida
convidou por vez alguns alunos para vir ao quadro identificar os numerais em
destaque e representá-los com desenhos. Embora a professora demonstrasse
segurança, domínio e clareza em suas explicações, acredito que não a impedia
de fazer uso de outras estratégias e recursos pedagógicos mais criativos, isto é, a
inserção do lúdico, possibilitando aos educandos a oportunidade de estabelecer
suas próprias estratégias, para realizar a atividade. “A tarefa de ensinar depende
do professor. Todavia, ele não conseguirá fazê-lo se não estiver motivado para
isso” (POZO, 2002, p.145).
Assim, é necessário que o professor reflita como vê a tarefa de ensinar, para
depois, interferir no processo de aprendizagem de seus alunos, uma vez que
professores desmotivados não conseguirão interferir no processo de
aprendizagem. Acredito que a professora pecou ao conduzir a atividade sem
motivar seus alunos, para que estes pudessem construir suas possibilidades de
observar, indagar, criar hipóteses. Enfim, seria fundamental a oportunidade
destas através da ludicidade, de jogos educativos, estratégias que viabilizassem a
construção do conhecimento ressignificando sua aprendizagem.
Durante essa aula senti a necessidade de colaborar com a professora auxiliando
um dos grupos dos pequenos. Aproximei-me de uma mesinha com quatro alunos
e disponibilizei sobre a mesa alguns lápis de cor de uso deles e comecei a instigá-
los. Foi impressionante o quanto participavam da atividade, demonstravam
interesse e entusiasmo para responder aos questionamentos. Um querendo
mostrar que sabia mais que o outro. Daí percebe-se o quanto é valioso,
importante e necessário à intervenção e motivação do professor nesse processo,
principalmente nas séries iniciais. (trecho do diário/Junho).
Como traz o próprio texto em sem teor, o desenvolvimento das atividades
ministradas eram realizadas de forma fragmentadas, ou seja, não houve diálogo
entre as áreas de conhecimento, através da qual foi possível comprovar a
ausência da interdisciplinaridade. O método utilizado pela professora é apoiado
numa visão construtivista
2.2.Usos dos espaços e recursos
O espaço na educação infantil é ideal que esteja em consonância a necessidade
dos pequenos, preferencialmente que a organização da rotina seja construída
junto a eles assegurando-os um ambiente de intimidade, segurança, confiança
favorecendo dessa forma espaço propício ao ensino aprendizagem. Contudo este
não é o cenário que costumamos visualizar, alunos e profissionais convivem com
dificuldades que interfere no processo educativo sendo um dos principais
entraves, o tamanho da sala de aula, inadequado para o desenvolvimento de
brincadeiras espontânea da criança, pular, correr, rolar, subir, descer, representar.
Nessa ótica transferindo ao professor mais uma tarefa, a de transformar o
ambiente disponível em espaço mais adequado possível. Cabe ao educador
também organizar, tempo e materiais para que as crianças vivenciem
experiências de diversas naturezas na sala de aula.
A estrutura física da sala de aula observada constitui-se num espaço
desapropriado para a mobilização das crianças, desfavorecendo o
desenvolvimento de um trabalho eficaz e de qualidade, uma vez que trata-se de
uma escola que funciona numa casa e não em um prédio com estrutura própria
para atender tal funcionalidade, de forma a permitir o processo de ensino-
aprendizagem mais dinâmico. A sala não possui ventilação natural, apenas dois
ventiladores de mesa são comportados nos cantos da sala em cima das
cadeirinhas.
A sala de aula observada apresentava em sua organização quatro mesinhas
próximas demais umas das outras, sendo que uma delas era destinada a guardar
alguns materiais do professor e dos alunos. Não havendo espaço adequado para
guardar as lancheiras e pastas de mão, estas ficavam empilhadas formando uma
coluna junto aos livros, pois o armário embutido existente, não servia para uso.
Mesmo havendo carência de espaço físico, a professora procurava sempre
manter uma organização que viesse favorecer a ambiência pedagógica e
contribuir com o processo de ensino aprendizagem, pois na Educação Infantil é
indispensável um ambiente pedagógico propício, com vivacidade, favorável a
aprendizagem, o qual provoque e estimule o educando, mantendo contato com
uma série de recursos pedagógicos (cartazes, os numerais, alfabeto, cantinho da
leitura, desenhos, dentre outras).
Embora seja reconhecida pela professora a necessidade e importância desses
recursos na sala de aula, esta não apresenta uma ambiência pedagógica
propícia, pois as paredes encontram-se com pintura desgastada - motivo
argumentado pela professora para não expor mural, cartazes, trabalhos do
aluno, dentre outras fontes informativas. Segundo Canen (s/d) a arrumação do
espaço da sala de aula deve criar um ambiente acolhedor e estimulante, pois é
um fator que influencia na aprendizagem.
A fim de enriquecer a sua práxis pedagógica, a professora poderia fazer uso de
recursos variados para estimular e otimizar o desempenho dos pequenos no
processo de ensino-aprendizagem, auxiliando assim no desenvolvimento da
reflexão e senso-crítico sobre sua práxis, possibilitando momentos diferentes
criativos e dinâmicos, através de recursos disponíveis na instituição ( TV, DVDs)
bem como trazendo e construindo na sala de aula materiais recicláveis como
jogos ( boliche, dominós, jogo da memória, pescaria, etc) oficinas (televisão para
contar historinhas), revistinhas, gibis, etc. pois como afirma Freire (1996, p.43):
“pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a
próxima prática”. Nesse sentido, as crianças sentem-se mais provocadas a
participar, instigar e a aprender com o lúdico.
2.3. Interações professor-aluno
Desde o primeiro momento observado a educadora demonstrou uma relação de
empatia com os educandos, assim como estes entre si. Ao contrário da auxiliar de
classe, a qual não escondeu que havia preferências, pois essa relação era por
poucos alunos. A mesma vivia reclamando da sua função e em especial dos
alunos.
A relação estabelecida entre professor e aluno era recíproca, as crianças a
tratava por tia, porém esse comportamento jamais anulou o respeito e a
afetividade, ao contrário, era visível o carisma, amizade e compreensão, o saber
ouvir e o respeito às singularidades da educadora, visto que uma boa relação
entre os pares é também fundamental na otimização do processo ensino-
aprendizagem. Pois segundo aponta Moreira (2010) “a ação de educar demanda
entre educador e educando uma relação recíproca de respeito e solidariedade
que constituem a humanização trabalhada em educação”.
Dessa forma, a professora realizava seu trabalho tranquilamente e apresentava
domínio de classe sem exercer o autoritarismo, sabendo harmonizar uma relação
didática sadia com a relação de empatia, solidariedade e compreensão.
Nessa perspectiva, fica claro que grande desafio não está somente na
competência do educador em articular teoria e prática de modo a proporcionar o
desenvolvimento integral da criança, mas também em outros fatores importantes
como a afetividade, troca de experiências, responsabilidade, compromisso, a
valorização mútua e respeito as individualidades, visando uma prática docente
alicerçada no contexto e nas necessidades da clientela desta faixa etária,
evidenciando um trabalho pedagógico voltado para a leitura literária, o lúdico, a
socialização e para o conhecimento. Pois como afirma (ALMEIDA, 1999): "As
relações afetivas se evidenciam, pois a Transmissão do conhecimento implica,
necessariamente; uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-
aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente". Sempre que
necessitavam de auxilio, os pequenos preferencialmente recorriam mais a
professora ao invés da auxiliar de classe. A professora procurou sempre ser
compreensiva com os pequenos, passando-lhes confiança, preocupando-se com
o comportamento de cada um, o qual era reflexo de problemas familiar – carência
de afeto, carinho, diálogo, comportamentos que muitas vezes refletiram nas ações
de intolerância com o coleguinha, na infrequência, indisposição ou agitação. A
educadora demonstrou possuir a concepção de que é preciso conhecer e
respeitar a realidade em que vivem seus educandos para intervir diante das
situações com sucesso, mantendo uma relação de interatividade. A este
propósito, Piaget afirma que:
“o conhecimento é construído através da interação do sujeito com seu
meio, a partir de estruturas existentes. Assim sendo, a aquisição de
conhecimentos depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito como
da relação dele, sujeito, com o objeto”.
Vale salientar que ainda que explícitas as inquietações do docente referentes à
situações/dificuldades - falta de recursos, carência de espaço propício para
realização de aulas dinâmicas, a aparência da ambiência pedagógica,
desvalorização salarial e ao fardo da carga horária, aspectos estes que poderiam
interferir no humor, incentivo ao trabalho, tolerância para com o educando, a
mesma jamais demonstrou atitudes indiferentes do que se espera de um
profissional, principalmente de educação infantil, pois a aprendizagem depende
muito do relacionamento, da interatividade existente entre educador e educando.
É importante que o educador saiba o quanto é valioso conhecer a importância da
afetividade para que haja um bom desempenho na aprendizagem e, por
conseguinte, numa boa relação entre os pares (docente/discente), uma vez
tratando-se de crianças com personalidades e realidades distintas e que muitas
vezes são crianças carentes de afeto, carinho, compreensão, diálogo, respeito,
etc.
Foi observado a nesse período de Estágio a forma descontraída, comunicativa,
brincalhona, chamados carinhosas (meu amor, ...do meu coração, meu docinho,
meu fofo) da docente para com seus aprendizes, entretanto, sempre ficou claro
que existia uma relação didática eficaz da professora, o que é fundamental para
que haja contemplação e qualidade do ensino. Nesse sentido, vale ressaltar que
no processo de ensino-aprendizagem deve existir uma harmonia do didático
pedagógico com uma boa relação de envolvimento e doações afetivas mútuas.
2.4.Evolução da turma no decorrer das observações (semestre)
No decorrer da observação – período constituído em 4meses (março/junho) notei
que as crianças demonstraram bom desempenho no desenvolvimento das
atividades propostas, haja vista que nessa fase inicial estas
3. PROBLEMATIZAÇÃO
3.1.Identificação da situação- problema (descrição)
FOCO: Ausência da leitura literária
.
O trabalho com a leitura literária necessita ser desenvolvido antes da fase escolar,
de modo que precisa ser valorizada tanto pelos pais quanto pelo sistema
educacional, visando a proporcionar estímulos na formação cultural, desenvolver
habilidades como: o prazer pela leitura, à criatividade, aprender a ouvir, falar e a
diferenciar os diversos tipos de textos, dentre outras. No entanto é necessário
criar possibilidades para que as crianças estejam em contato com esse tipo de
atividade, pois segundo Ana Arlinda de Oliveira, “Na escola quem propõe a
fantasia, quem estimula a imaginação da criança, é o professor, quando faz boas
mediações oferecendo textos literários de qualidade” (Oliveira, S/d).
Considerando essa importância, foi possível diagnosticar no período de
observação a ausência da leitura literária nas aulas desenvolvidas.
As aulas iniciavam com a seguinte rotina: rodinha, explicação e atividade do 1º
horário, higienização das mãos, lanche, recreio – brincavam num curto período de
tempo, após realizava-se a atividade do 2º horário, deixando a desejar o momento
da leitura, o qual só foi possível observar apenas uma vez. Aproveitei o momento
e comentei com a professora sobre a questão. Ela me respondeu que de fato só
fazia o uso de leituras literárias às sextas-feiras, haja vista que não contava com
um acervo de livros na escola, uma vez que os disponíveis já eram conhecidos
pelas turmas, não sendo mais novidade para estes, mas sempre que encontra
uma novidade de leitura fora da escola também trazia para sala de aula,
entretanto esse fato não foi presenciado por mim. Externou ainda que esse ano tá
tudo diferente, os professores estão sem estímulo para trabalhar, a creche não
está com uma aparência física motivadora, pois a pintura já nem existe, as
paredes estão muito sujas, uma vez postos os cartazes ou outro material não há
possibilidade de destaque, devido a sujeira das paredes.
Vale salientar que independente da insuficiência de livros literários na instituição,
cabe ao professor viabilizar meios para que a leitura aconteça, trazendo para a
sala de aula historinhas de livros didáticos, da internet, etc. Vale lembrar que na
falta de ilustração o educador pode estar utilizando como atividade introdutória um
cartaz que represente o contexto da historinha em questão, na proporção em que
está sendo lida, a mesma será articulada ao cartaz. Dessa forma, é
imprescindível que a professora leia para o educando, pois ao demonstrar prazer
e hábito de leitura, a criança consequentemente também apresentará interesse,
entusiasmo em imitá-lo, em especial leituras que agucem a curiosidade destas,
haja vista que é a leitura que dá prazer, ela não só constrói o saber como também
contribui para a formação da personalidade na aquisição do saber, pois Segundo
Oliveira (S/d. pg.42).
“A busca de leitura prazerosa não exclui a aquisição de conhecimento, pois jamais deixa de trazer informações ao leitor. Nem tudo o que se lê na escola precisa ser discutido, interpretado e avaliado dentro dos padrões estabelecidos pelo contexto escolar”.
A este propósito, o professor deve planejar em suas aulas um tempo para
desfrutar da leitura, esta feita, deve ser estimulada, instigada, aguçando dessa
forma a sensibilidade da criança em relação às oportunidades proporcionadas
tanto na leitura quanto no ato de contar histórias, nas rodinhas de conversas ou
de leituras, tempo este que não foi valorizado.
3.2.Fundamentando a problematização.
FOCO: Atividades de leitura literária como prática cotidiana.
O trabalho com a literatura infantil permite ao professor apresentar um mundo
mágico como suporte ao desenvolvimento da criatividade, fantasia, envolvimento,
bem como contribui para a construção da subjetividade da criança. É necessário
que o professor esteja munido de conhecimentos teóricos sobre a importância e a
função da leitura literária na formação da criança.
Nessa direção, É interessante que o discente selecione o tipo de livro de acordo a
faixa etária, sendo os livros mais adequados para os pequenos - os mais
resistentes, de folhas grosas que facilitam o manuseio, com muitas ilustrações e
letras graúdas. No entanto, vale ressaltar que o educador deve ter a cautela de
não confundir histórias literárias com outras historinhas criadas por autores com a
função de transmitir uma informação curricular, como por exemplo, uma aula de
higiene (recriar uma história envolvendo “A fada do dente”), objetivando o cuidado
com os dentes. Essa aula pode ser utilizada como eficácia, porém não deve ser
comparada a literatura infantil. A este propósito,
“ Pressupõe-se o espaço da sala de aula um ambiente fomento a leitura,
onde se coloquem a disposição dos alunos textos literários de valor
estético e se propiciem condições de vivenciar a literatura não como
pretexto para ampliação do vocabulário, ou para execução de exercícios
que desmembram o texto em fragmentos sem sentido, mas como ato
comunicativo, isto é, como diálogo”.( SARAIVA 2001. p.83).
A criança de 2 aos 5 ou 6 anos de idade encontra-se numa etapa que não faz
distinção entre o mundo real e imaginário, fase marcada pelo egocentrismo e
também pela fantasia. Cabe ao professor, a função de oferecer momentos
prazerosos que fortaleçam o gosto pela leitura, o estético e a fascinação de modo
a provocar oportunidades para que o educando tenha contato e conheça os mais
variados gêneros textuais, estrutura e funcionalidade, para que estas práticas
venham a proporcionar o desenvolvimento integral do aluno, oferecendo uma
compreensão mais ampla e crítica da realidade dos aspectos sociais, visando sua
emancipação. Haja vista que a criança torna-se ainda interessada pela leitura a
partir do momento em que observa o leitor, esta consequentemente apresentará
interesse e entusiasmo em imitá-lo, em especial as leituras que agucem a
curiosidade delas e quando as historinhas lidas estão relacionadas aos seus
interesses. Nesse sentido, é importante um bom planejamento de suas aulas, a
cautela na escolha do material e um conhecimento mais profundo da obra para
fazer as mediações da melhor maneira possível. Outro fator determinante é a
maneira como esta é desenvolvida, uma vez que o mesmo precisa deixar os
alunos encantados e envolvidos, pois segundo afirma, (Oliveira, pag. 4) “a
literatura infantil está vinculada ao belo, ao prazer, ao lúdico, e nela a
preocupação com o ensinar não deve ter vinculação com o dever ser, mas com o
sensorial e o emocional.
a. AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO II.
A experiência vivida no Estágio Supervisionado II constituiu-se em momento
proveitoso para a minha formação acadêmica, uma vez que possibilitou a reflexão
sobre a articulação entre a teoria e prática, bem como aquisição e aprimoramento
de conhecimentos na área da Educação Infantil.
Nessa trajetória, pude vivenciar tanto pontos positivos quanto negativos. O
primeiro em conhecer a dinâmica da sala de aula da modalidade da Educação
Infantil – acolhimento, rodinha, oração, músicas, tratamento que é dado ao
recreio, valorização do tempo cronológico, estratégia utilizada para o
desenvolvimento das atividades bem como a interação do professor e aluno e do
aluno e aluno. O segundo a visualização do espaço físico, o qual nos dias atuais
com tantos “investimentos” aplicados na educação não mais adimite-se a
funcionalidade de educação infantil em espaços inadequados para o seu
funcionamento, a insuficiência e qualidade da merenda escolar, a qual reflete
diretamente no desempenho da criança, pois segundo Maslow “a satisfação das
necessidades fisiológicas é condição indispensável à satisfação das de ordem
superior”. Ocorre que infelizmente, as políticas educacionais atuais não
conseguem atender as necessidades de alunos e professores, acarretando o
quadro atual que vemos nasescolas alunos dispersos e professores
desmotivados. A falta de conhecimento da importância da leitura literária,
deixando a desejar na rotina diária, a concepção do encaminhamento do recreio –
nesse momento os pequenos limitam-se a conversar com os colegas, não é
disponibilizado brinquedos a menos que tragam de casa, tampouco os
professores conduziam ao salão ou a pequena área disponível para que estes
pudessem brincar mais livremente.
Com base nas observações realizadas foi possível construir conceitos referentes
tanto ao processo de ensino – aprendizagem quanto compreender que existem
entraves que prejudicam o processo educacional como os fatores externos (ações
hierárquicas).
REFERÊNCIAS:
CANEN, Ana. “Organização dos espaços escolares”. Projeto Veredas, Módulo
5, v.2 – Unidade 2. Disponível em: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema
Demo Pedro. Educar pela pesquisa 3ª edição. Campinas. Atores associados 1998.
http:// www. Webartigos.com/articles/50860/1/A Teoria-da- Hierarquia- das
Necessidades –de MASLOW- e - O -PROCESSO -de – Ensino-
Aprendizagem/página 1. htm#xzz1HZG3DJzB
MOREIRA, Leila Maria & FERREIRA, Suelaine de Castro. “Abordagem ética e
da concepção sócio-histórica na educação”. Março de 2010. Disponível em:
www.uftm.edu.br/upload/.../AVLposgraduacao100308145230.pdf.
Oliveira, pag. 4
Piaget
POZO, 2002, p.145).
Revista Pátio: Educação Infantil (2011)
( SARAIVA 2001. p.83).