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Pragas da Cultura do Café

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Pragas da Cultura do Café

* Besourinho preto

*As fêmeas apresentam asas membranosas

normais e voam.

*Os machos possuem as asas posteriores

(membranosas) atrofiadas, não voam e

permanecem dentro das sementes nos frutos de

onde se originaram.

ADULTO: Broca-do-café, Hypothenemus hampei Coleoptera: Scolytidae

Fêmea Macho

—Adultos broca-do-café, Hypothenemus hampei

(Coleoptera: Scolytidae).

Proporção dos sexos: um macho para 10 fêmeas.

Biologia

-Após o acasalamento a fêmea

perfura o fruto

-Abre um túnel até a semente

-Inicia a postura

30 dias

Ciclo de ovo a adulto

Normalmente, a infestação começa em outubro a

dezembro, época de “trânsito da broca”, quando

ela deixa os frutos que lhe serviram de abrigo para

infestar novos frutos.

Condições microclimáticas de alta umidade (ou seja,

espaçamentos menores e lavouras bem enfolhadas)

favorece o aumento da praga.

Perdas econômicas causadas pela broca.

1.Perda de peso no café beneficiado devido aos danos das

larvas da broca.

2.Queda de frutos novos broqueados.

3.Apodrecimento de grãos de frutos broqueados

Fruto cai precocemente no chão.

Fruto caído apodrece.

Na classificação por tipo, Cinco(5) grãos broqueados:

constitui 1 defeito.

Presença de microorganismos nas galerias construídas pela

broca altera a qualidade da bebida.

4. Depreciação do tipo e da bebida, pelo aumento do número

de defeitos:

Grãos brocados, quebrados, preto verde e preto ardido

Grãos contaminados por microrganismos.

Grãos com presença de resíduos de insetos

• http://www.colheitafarta.com.br/wp-content/uploads/2016/06/imagen.jpg

Frutos atacados pela broca e com posterior infecção por fungos

Manejo da broca em cafeeiro

1.Controle cultural

Espaçamento

Os cafezais devem ser plantados em espaçamentos que

permitam arejamento e penetração de luz, a fim de propiciar

baixa umidade em seu interior, condições desfavoráveis à

praga.

2. Colheita (repasse)

A colheita deve ser bem feita devendo-se evitar que

fiquem frutos nas plantas e no chão. Essas brocas sobrevivem

na entressafra e poderão infestar a nova frutificação.

Depois da colheita fazer o repasse ou catação dos frutos

remanescentes na planta e no solo.

3.Local de início da colheita

A colheita deve ser iniciada nos talhões que apresentam

cafeeiros mais infestados para evitar a dispersão para outros

locais.

Eliminar os cafeeiros não explorados comercialmente

(talhões velhos, já improdutivos) com o objetivo de reduzir

fontes de infestação da broca.

4. Controle biológico

4.1. Fungo Beauveria bassiana (existem formulações

comerciais, como o Boveril)

4.2.Parasitóides da broca: parasitóide de larvas e

pupas da broca.

*vespa de Uganda Prorops nasuta (Hymenoptera:

Bethylidae)

*Vespa da Costa do Marfim:

Cephalonomia stephanoderis

5. CONTROLE COM ARMADILHA

ISCA

• 500 mL de Metanol (álcool metílico comercial)

• 500 mL de Álcool de cozinha (álcool etílico comercial)

• 10 g de café puro torrado ou moído ou 6 g de café solúvel

• Colocar em um vidro transparente de 10 ml, com uma tampa de borracha com furo de 2mm de diâmetro na parte central da tampa.

Água + detergente

*Ao entrar na armadilha, o inseto vai de encontro à parede interna da garrafa e cai na solução de água e detergente, morrendo afogado.

*Pode ser usada como método de controle ou em integração com outros métodos de combate à praga, como o uso do fungo Beauveria bassiana.

*Colocar 25 dispositivos por hectare, com espaçamento de 20 metros entre cada um.

*Plantas jovens: prender as armadilhas em estacas fixadas a 1,20 metro do solo.

*No cafeeiro adulto, colocar as garrafas nos galhos.

*Trocar a água com detergente e a mistura de metanol toda semana.

MONITORAMENTO

• TALHÃO DE 2000 COVAS

• AVALIAÇÃO DE 50 COVAS POR TALHÃO

• COLETAR 100 FRUTOS POR COVA (25 de cada face

da planta) DO TERÇO MÉDIO/INFERIOR, AO REDOR

DA PLANTA

• NIVEL DE CONTROLE 5% DE FRUTOS ATACADOS

Do período de trânsito da broca (outubro a dezembro) até a colheita

-África: origem

-Hoje: mundo todo

-Mariposa pequena, de

coloração branca

Bicho-mineiro, Leucoptera coffeella Lepidoptera: Lyonetiidae

* Postura à noite

* Ovos na parte superior da folha,

depositados isoladamente

* 7 ovos por noite (60)

Características

-As lagartas penetram diretamente no

mesófilo foliar (não entram em contato

com o meio)

-Destruição do parênquima

-As regiões atacadas vão secando

* As lagartas abandonam o interior das

folhas, saindo pela página inferior

* Confeccionam um casulo em forma de “X’’

Sintomas

Bicho mineiro: porque produz minas nas folhas

devido à destruição do mesófilo foliar

Diminui a área foliar

Diminui a fotossíntese

Provoca queda de folhas

Antes de 1970, esta praga era frequente apenas

no período seco do ano, com poucos prejuízos.

Posteriormente, passou a ocorrer, também, no

período chuvoso.

Em geral, a população de P. coffeella é maior em

cafezais com maiores espaçamentos; portanto,

mais abertos e arejados.

Em regiões mais quentes ocorre maior número de

gerações, com maior risco de prejuízos.

Assim, em São Paulo, nas regiões da Paulista, Alta

Paulista e Noroeste, a praga ocorre em altas

infestações quase o ano todo.

Na região da Mogiana (São Paulo) e Sul de Minas,

onde as temperaturas são menores, a praga ocorre

em determinadas épocas e em níveis

populacionais menores.

1.Desfolha drástica até julho

Não ocorre a formação de botões florais normais em

setembro/outubro.

Não há frutificação.

2.Desfolha drástica entre agosto e outubro.

Há formação de botões florais normais em

setembro/outubro e fecundação, mas com baixo pegamento

de frutos.

Perdas econômicas causadas pelo bicho mineiro

3. Longevidade do cafeeiro.

Menor longevidade devido às desfolhas drásticas que

ocorrem anualmente.

As plantas desfolhadas gastam mais energia para recompor

a parte aérea destruída.

-Até 37% (SP) e 53% (MG) de prejuízos

-Redução capacidade fotossintética

-Queda das folhas: 82% das folhas com lesões

caem precocemente.

Danos

Manejo do bicho mineiro do cafeeiro

Controle biológico natural

1. Vespas predadoras

As vespas predadoras dilaceram a epiderme superior ou

inferior da lesão à procura das larvas.

Vespas predadoras. 5. Polybia paulista Ihering,

6. Brachygastra lecheguana Latreille,

Perioto et al. Pesquisa & Tecnologia, vol.

8, n. 2, Jul-Dez 2011

5

6

A fêmea do parasitóide detecta a larva dentro da lesão.

Em cada larva o parasitóide coloca somente um ovo.

Ocorre 18% de parasitismo da larva do bicho mineiro por

microhimenópteros.

2. Vespas parasitoides

Orgilus niger Penteado-Dias (Hymenoptera:

Braconidae). Fotomicrografia: PqC Dra. Rogéria

Inês Rosa Lara.

Stiropius reticulatus Penteado-Dias

(Hymenoptera: Braconidae).

Fotomicrografia: PqC Dra. Rogéria Inês

Rosa Lara.

Vespas parasitoides

Monitoramento

Controle químico

Talhão de ± 2000 covas, coletar folhas em 20

covas, sendo 5 folhas por cova.

Coletar folhas do 4º par de folhas a partir do

ápice do ramo.

Coletar folhas do ramo localizado na saia da

planta.

Posição das folhas em ramos de cafeeiros

NÍVEL DE CONTROLE EM SÃO PAULO

1. Ocorrência no período seco (julho a agosto) 40% de folhas minadas com lagartas vivas

2. Ocorrência no período chuvoso (dezembro a fevereiro) 20% de folhas minadas com lagartas vivas.

Em Minas Gerais, o nível de controle é de

30% nas regiões de clima ameno (como o

sul de Minas) e de 20% nas regiões mais

quentes (como o Triangulo e Alto Paranaiba).

NÍVEL DE CONTROLE EM MINAS GERAIS

-Fungicidas cúpricos e uso indiscriminado de

inseticidas podem alterar o complexo de

parasitoides causando explosões populacionais do

bicho mineiro.

Considerações

Piretroides e fungicidas cúpricos pode provocar

aumento populacional do ácaro vermelho,

Oligonychus ilicis.

Roberto Lomba Nicastro

Oligonychus ilicis Ácaro vermelho do cafeeiro

Foto: Carlos Amadeu de Oliveira

Foto: Eng.Agr. Eduardo Mosca

Foto: Eng.Agr. Eduardo Mosca

Foto: Eng.Agr. Eduardo Mosca

Foto: Eng.Agr. Eduardo Mosca

Foto: Eng.Agr. Eduardo Mosca

Cochonilhas:

Coccus viridis

Saissetia coffeae

Planococcus spp.

Orthezia praelonga

Sintomas e Danos:

Devido à sucção de seiva e introdução de toxinas

Amarelecimento de folhas

Desfolhamento de plantas

Queda prematura de frutos

Frutos pequenos

Maturamento precoce de frutos

Definhamento e morte de plantas

Sintomas e Danos

* Devido à excreção de substância açucarada

Desenvolvimento de fumagina: fungo

Capnodium sp. de coloração preta que pode

recobrir a superfície foliar dificultando a

fotossíntese.

Folhas com fumagina devido à infestação de cochonilhas

Cochonilha verde - Coccus viridis Fotos: Heraldo Negri de Oliveira

Cochonilha-parda

Saissetia coffeae

Planococcus spp.

Santa-Cecília et al. Centro de Pesquisa em Manejo Ecológico de Pragas e Doenças de Plantas-EcoCentro/EPAMIG/Lavras-MG

Planococcus sp. em cafeeiro

Santa-Cecília et al. Centro de Pesquisa em Manejo Ecológico de Pragas e Doenças de Plantas-EcoCentro/EPAMIG/Lavras-MG

Planococcus sp. em cafeeiro

Santa-Cecília et al. Centro de Pesquisa em Manejo Ecológico de Pragas e Doenças de Plantas-EcoCentro/EPAMIG/Lavras-MG

Planococcus sp. em cafeeiro

Cochonilha-de-placa, Orthezia praelonga

• Ataca várias frutíferas, dentre

elas citros e outras espécies de

plantas, como o café, plantas

ornamentais e plantas daninhas

Cochonilha Orthezia praelonga em folha de cróton

Fêmea de cochonilha Orthezia praelonga

em folhas de cróton

ovissaco

Cochonilha-da-raiz, Dysmicoccus cryptus

-Vive nas raízes de cafeeiros novos

formando nodosidades, e pela sucção de

seiva, causam definhamento das plantas

com amarelecimento e queda total das

folhas.

Cochonilha-da-raiz, Dysmicoccus cryptus

Santa-Cecília et al. Centro de Pesquisa em Manejo Ecológico de Pragas e Doenças de Plantas-EcoCentro/EPAMIG/Lavras-MG

Cochonilha-da-raiz, Dysmicoccus cryptus

Plantas com até 3 anos de

idade em solos arenosos são

as mais prejudicadas

Como realizar a inspeção

Examinar a região do colo e interior da planta,

raízes e rosetas com botões florais e frutos.

Anotar a presença de formigas doceiras.

Constatada a presença da praga, identificar as

reboleiras e efetuar o controle.

Santa-Cecília et al. Centro de Pesquisa em Manejo Ecológico de Pragas e Doenças de Plantas-EcoCentro/EPAMIG/Lavras-MG

Coccus viridis, Saissetia coffeae: Óleo mineral

Planococcus spp.: clorpirifós (organoforado) - Lorsban

Orthezia: fenpropatrina (piretróide)

Dysmicoccus: tiametoxam (Actara); dissulfotom

(Baysiston)

Controle químico

Controle biológico natural

* Coccinelidae (joaninhas):

• Azya luteipes

• Pentilia egena

Cigarras

Quesada gigas

Cigarras: Quesada gigas (principal) e outras:

Dorisiana drewseni; Dorisiana viridis; Fidicinoides pronoe;

Carineta fasciculata; Carineta spoliata; Carineta matura

-A fêmea coloca os ovos no interior da casca dos ramos

do cafeeiro com o uso do ovipositor

-Ninfas penetram no solo (20 a 50 cm)

-Fixam-se nas raízes, onde sugam a seiva

- A fase ninfal dura mais de um ano e no seu final as

ninfas abandonam o solo por orifícios circulares

Ninfa da cigarra Quesada gigas em raiz do cafeeiro. Rogério Antonio Silva - EPAMIG

-Fixam-se em seguida no tronco das plantas

durante algum tempo (ninfa imóvel)

-Rompe-se o tegumento na região dorsal do

tórax e emergem os adultos, deixando a

exúvia

-Devido à sucção de seiva, as plantas apresentam

uma clorose nas folhas da extremidade dos

ramos, semelhante a deficiências nutricionais

-Queda precoce de folhas e frutos

- Extremidades dos ramos secam

-São registradas, em ataques intensos, até 400

ninfas por cova, o que pode levar a planta à

morte

Controle com armadilha sonora

A armadilha é deslocada dentro da lavoura, em cima

de uma carreta puxada pelo trator.

Como o som alcança um raio de 80 metros, o

caminhamento deve ser feito pelos carreadores e a

distância entre os mesmos deve ser de, no máximo,

160 metros.

*Devem ficar ligadas de 30 a 40 minutos por ponto

de amostragem. O rendimento do levantamento por

armadilha e de 20 a 30 ha/dia.

*A máquina deve percorrer a mesma área todos os

dias, pois todas as noites surgem novas fêmeas que

devem ser eliminadas.

UTILIZAR DE SETEMBRO A OUTUBRO

* Utilização de inseticidas sistêmicos para o

bicho-mineiro, aumentando-se a dose em 20 a

30%

* A poda, após o controle em altas

infestações, pode favorecer a recuperação da

planta

CONTROLE QUÍMICO

Tecnologia de aplicação

do controle químico

Tecnologia de aplicação

do controle químico

Aplicação via drench ou esguicho com equipamento costal em cafeeiro. Usado em áreas muito declivosas e pequenas propriedades. O mesmo equipamento pode ser usado em citros e outras plantas de grande porte

Fonte: Correio Bayer, 2002.

Aplicação tratorizada tipo drench ou esguicho em cafeeiro. O equipamento possui uma haste que aciona o esguicho ao ser pressionada contra o tronco da planta

Detalhe do equipamento. O solo deve estar livre de folhas, para que o produto não fique retido e seja absorvido pelas raízes das plantas

Fonte: Correio Bayer, 2002.