6
European Green City Index Pesquisa efectuada pelo Economist Intelligence Unit, sob o patrocínio da Siemens Análise do impacto ambiental da cidade do Porto

Porto green city index - gci

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Porto green city index - gci

European Green City Index

Pesquisa efectuada pelo Economist Intelligence Unit, sob o patrocínio da Siemens

Análise do impacto ambiental da cidade do Porto

Page 2: Porto green city index - gci

European Green City Index | City Portrait

Com uma população de 221.800 habi-tantes, o Porto é a segunda maior cidade

de Portugal. Localizada na região norte do país, na foz do rio Douro, a área metropoli-tana - conhecida por “Grande Porto” - conta com cerca de 1,8 milhões de habitantes. No passado, a cidade era sinónimo de indústria, mas nas últimas décadas a maior parte das actividades industriais fechou ou foi transferida para outros países com mão-de-obra mais barata. A economia é

agora dominada pelos serviços, sobretudo de turismo, imobiliário e bancário. Con-tinua a haver alguma indústria no vale do Douro circundante, como viticultura e fabrico de calçado e de têxteis. Em Mato-sinhos, cidade vizinha que faz parte da zona do Grande Porto, encontra-se o porto de Leixões o maior localizado no norte de Portugal. Um quarto das importações e exportações do país passam por Leixões.

Dados da cidadePopulação: 221.800

GDP por pessoa, PPP: 20.265€

Emissões de CO2 por pessoa: 5,5 t

Consumo de energia por pessoa: 61 GJ

Percentagem de energias renováveis

consumo da cidade: 22%

Percentagem de pessoas a deslocar-se

a pé, de bicicleta ou transportes

públicos para o trabalho: 54%

Consumo anual de água por pessoa: 79 m3

Percentagem de desperdício reciclado: 16%

Porto_Portugal

Page 3: Porto green city index - gci

Edifícios: 1ª posição do ranking. O melhor desempenho do Porto no EGCI é nesta ca-tegoria, em que beneficia do facto da con-servação de energia em edifícios ser uma prioridade (ver “iniciativas” em baixo) para todo o país e do empenho das autoridades competentes da cidade a implementar os regulamentos. Os edifícios residenciais da cidade consomem muito menos energia, ou seja 642 megajoules por metro quadra-do em comparação com os 900 megajoules por metro quadrado, que é a média das 31 cidades. A cidade também sobressai no que se refere às medidas avaliadas pelo Ín-dice, recebendo notas altas em regulamen-tos de eficiência energética para edifícios novos, auditorias de sistemas de aqueci-mento e de ar condicionado, emissão de certificados de desempenho energético, incentivos para a alteração de sistemas ob-soletos e informação ao público para lares e empresas sobre eficiência energética. Iniciativas: Em 2007, a cidade do Por-to, de acordo com nova legislação na-cional, começou a exigir certificados de eficiência energética dos construtores, tanto para edifícios novos como para edifícios que estavam a ser renovados. Além disso, em 2009, a região Norte (um conjunto de municípios, incluindo o Porto, com alguns poderes de supervisão de-legados pelo governo) começou a fazer cumprir os regulamentos de eficiência energética em instalações desportivas e

de saúde. A cidade também promoveu iniciativas para melhorar a eficiência energética dos sistemas de aquecimento instalados em fogos de habitação social.

Energia: 7ª posição do ranking. O Porto, com 22% de energia proveniente de fon-tes de energias renováveis, principalmente hidroeléctricas, fica apenas atrás de Oslo no que se refere à percentagem de energia renovável consumida pela cidade, que é consideravelmente mais elevada que a mé-dia de 8% do EGCI. A maior parte da energia consumida pela cidade vem da rede eléc-trica nacional, alimentada por projectos de barragens desenvolvidos pelo governo nos anos sessenta. A cidade do Porto também

beneficia do facto de estar localizada perto destes projectos no Vale do Douro. Outras regiões de Portugal como Lisboa e o Alente-jo têm de pagar mais para cobrir o custo de transporte da energia. Com um consumo de 61 gigajoules de energia per capita, o Porto fica bem abaixo da média de 80 gi-gajoules das 31 cidades e ocupa o primeiro lugar no EGCI para as cidades de pequena e média dimensão. A carga energética é de 3,6 megajoules por euro de PIB, também abaixo da média do EGCI que é de 5,2 me-gajoules. Devido ao enorme custo das im-portações de energia, aumentar a eficiência energética constitui uma prioridade para a cidade e para o país em geral. Dificuldades económicas recentes também levaram o governo a elevar os preços da electrici-dade, fazendo com que as pessoas ficas-sem mais conscientes do uso da energia.Iniciativas: O Porto anunciou metas que visam ajudar a cidade a contribuir para a iniciativa nacional de reduzir a dependên-cia das importações de energia, especial-mente do petróleo. Os projectos de energia solar permitem actualmente uma redução de 140 toneladas de CO

2 por ano. A meta

do Porto é conseguir gerar 575 kW até 2020 a partir destas fontes, o que resultaria numa economia total de 320 toneladas de CO

2 por ano até 2020. Além disso, to-

dos os semáforos estão a ser substituídos por tecnologia LED, um empreendimento que a cidade espera concluir até 2020.

Qualidade do ar: 8a posição do ranking. Para todos os poluentes do ar avaliados no EGCI, o Porto apresenta níveis melhores que a média. O seu melhor resultado vai para o ozono com 26 microgramas por metro cú-bico, contra os 40 microgramas da média das 31 cidades, apresentando, desta forma, o terceiro nível mais baixo do EGCI. Os au-tomóveis constituem a principal fonte de poluição do ar na cidade, com alguma po-luição proveniente da actividade industrial ao redor, incluindo a refinaria de petróleo no porto de Leixões, embora o vento no Porto ajuda na dispersão do ar poluído. A cidade monitoriza a qualidade do ar, mas as iniciativas para melhorar a situação (como a introdução de veículos de transporte pú-

blico mais limpos, conforme mencionado na categoria “Transporte”) apenas produ-zirão resultados quantificáveis a longo prazo.Iniciativas: A principal iniciativa no que se refere à qualidade do ar é a substituição dos veículos de transporte público por outros mais limpos que funcionam a gás natural e diesel limpo. Há também tentativas de reduzir o volume do tráfego, encorajando a utilização do transporte público (mediante aumento da cobertura e sistemas de preços integrados) e expandindo as ciclovias. Tam-bém foi lançado um site dedicado ao car-pooling (partilha de transporte por carro particular), embora não haja na cidade fai-xas reservadas a este modo de transporte.

Emissões CO2: 14a posição no ranking.

A meta da cidade do Porto para reduzir as emissões de CO

2 (ver “Iniciativas” em baixo)

é muito ambiciosa. Definida em 2010 como parte do seu empenho depois da sua adesão ao Pacto de Autarcas, a meta visa reduzir as emissões da cidade em 45% até 2020, tendo por base os níveis de 2004. No EGCI apenas as cidades de Copenhaga, Londres e Estocolmo têm metas ainda mais rigorosas. A meta do Porto é também mais ambiciosa que a meta nacional para todo o país, que visa uma redução de 20%. As emissões em 2004 eram apenas ligeiramente superiores à média do EGCI, com 5,5 toneladas por pessoa contra a média de 5,2 toneladas para as 31 cidades. A carga de CO

2 em 2004

era de 318 gramas por euro contra 355 gramas por euro da média das 31 cidades. Iniciativas: Em 2010, a cidade adop-tou um plano de acção global de energia sustentável que visa reduzir as emissões de CO

2 em 45% até 2020, tendo por

base os níveis de 2004. O plano prevê um conjunto de iniciativas para ajudar a atingir esse objectivo, incluindo a in-trodução de biocombustíveis na mistura diesel, o aumento da utilização dos trans-portes públicos, maior número de ciclovias e maiores incentivos para a produção de ener-gia renovável, principalmente energia solar.

Água: 14a posição do ranking. O consumo de água é de 79 metros cúbicos por pessoa. Em comparação, a média do EGCI situa-se em 105 metros cúbicos por pessoa. Com 17%, as fugas de água estão abaixo da mé-dia do EGCI, que é de 22%. Na cidade do Porto as fugas de água devem-se em parte ao facto da rede de água ser mais antiga nal-gumas partes do centro da cidade. Quase 100% das casas do Porto estão ligadas à rede de esgotos, resultado do empenho da cidade durante a última década de ligar to-dos os edifícios às redes de água e de águas residuais. Não existem planos activos para

Page 4: Porto green city index - gci

reduzir o consumo de água, embora na pá-gina Web da empresa municipal de água existam alguns conselhos de como poupar água. A cidade monitoriza o nível e a quali-dade das suas principais fontes de água, mas na avaliação do EGCI é despromovida porque não trata todas as suas águas resi-duais, embora haja iniciativas para melho-rar este aspecto (ver “Iniciativas” em baixo).Iniciativas: Em 2000 e 2003 foram inauguradas duas estações de tratamento de águas residuais e desde 2010 a cidade expandiu substancialmente as suas infra-estruturas de abastecimento de água e de tratamento de águas residuais. Desde 2007, a cidade também embarcou num plano em grande escala conhecido como “Porto Bandeira Azul” para melhorar a qua-lidade das suas praias, reduzindo a po-

luição causada por águas residuais, a fim de melhorar as condições para os banhistas.

Resíduos e ordenamento: 21a posição do ranking. A cidade do Porto gera a se-gunda maior quantidade de resíduos no EGCI das 31 cidades, ou seja, 685 kg por pessoa comparado com a média das 31 cidades que se situa em 517 kg por pes-soa. Contudo, a maior parte da cidade está limpa, havendo, no entanto, alguma acumulação diária nas ruas e vielas es-treitas na parte velha da cidade. A taxa de reciclagem é de 16%, ligeiramente abaixo da média de 18% do EGCI. A cidade tam-bém impôs normas ambientais rigorosas no que se refere a aterros e eliminação de resíduos perigosos e implementou políti-cas para proteger os espaços verdes e pro-

mover a regeneração de áreas industriais degradadas, embora os seus esforços para conter a expansão urbana não são tão bem sucedidos como noutras cidades do EGCI.Iniciativas: A Lipor, a empresa municipal que gere a recolha de lixo, tem aumen-tado o número de recolhas porta a porta de papel, vidro e plásticos, previamente separados pelos habitantes em conten-tores específicos. Este serviço abrange cerca de 60.000 habitantes e espera-se que seja expandido ainda mais. Além dis-so, existem 22 caixotes do lixo de grandes dimensões - Ecocentros -, distribuídos por toda a área do Grande Porto e destinados a indústrias e empresas de pequenas di-mensões. Estes centros aceitam muitos ti-pos de resíduos, incluindo papel, plásticos, vidro, metal e componentes electrónicos.

Page 5: Porto green city index - gci

Transporte: 29a posição do ranking. O desempenho do Porto nesta categoria deve-se, sobretudo, ao facto da rede de transportes públicos ser relativamente pequena, pouco menos de 1 km por km quadrado contra uma média de 2,3 km do EGCI. Também se nota uma relativa falta de iniciativas de redução do tráfego, como sejam taxas de congestionamento ou zonas reservadas a peões. O sistema de transporte público existe desde 1872, mas com o desenvolvimento das áreas sub-urbanas, o congestionamento do tráfego começou a ser um problema real na dé-cada de 1970 e desde então não tem di-minuído. O metro - que iniciou operações em 2004 com seis linhas -, é subdimensio-nado face ao volume da população, mas a rede de autocarros cobre a maioria das áreas que necessitam do serviço. A cidade adoptou o cartão inteligente (Andante) que oferece acesso e preços combinados para metro, autocarro e comboio. No Grande Porto os trabalhadores pendulares pre-ferem ir de carro. Apenas um pouco mais de um terço opta pelo transporte público, ficando desta forma apenas ligeiramente abaixo da média de 41% das 31 cidades.Iniciativas: A cidade espera aumentar até 2020 substancialmente a extensão da rede do seu metro, ou seja dos actuais 67 km para 107 km, adicionando três novas linhas às seis actuais e alargando as rotas existentes. Também tem vindo a substituir gradualmente os autocarros a diesel por autocarros que funcionam a gás natural, alteração que já abrange cerca de metade da frota. Recentemente esta política sofreu uma alteração, ou seja, uma mudança para a aquisição de autocarros a ‘diesel limpo’. Espera-se que estas medidas venham a eco-nomizar 3.600 toneladas de CO

2 por ano

até 2020. Outras iniciativas incluem planos para aumentar o número e a extensão de ciclovias e expandir as áreas reservadas a peões, embora neste momento não haja in-formação disponível em termos de volume.

Environmental governance: 19a posição do ranking. As questões ambientais, a co-ordenação de gestão de água, resíduos e energia competem ao vice-presidente da Câmara Municipal. A maioria dos serviços é prestada por empresas municipais que reportam ao vice-presidente da Câmara Municipal. A cidade depende do financia-mento do governo para muitas das suas iniciativas ambientais, especialmente na área das suas políticas de energias re-nováveis. Aliás, a legislação nacional prevê que os municípios envolvam e conscien-cializem os cidadãos nos projectos am-bientais, embora isso ainda só aconteça em pequena escala. A cidade não prevê a edição regular de relatórios ambientais.

Promoção do transporte público

Estima-se que cerca de 500.000 resi-dentes da área metropolitana do Grande Porto movimentam- se diariamente en-tre os municípios abrangidos. Assim, é vital promover a mobilidade sustentá-vel. A AdePorto inscreveu este objectivo no seu Plano de Actividades para 2011, estando em curso acções de promoção de modos de transporte mais limpos.

Iniciativas: Têm sido implementadas diversas iniciativas para aumentar a consciencialização dos jovens para os pro-blemas ambientais. Um bom exemplo é a Semana da Energia e do Ambiente, onde jovens projectaram e construíram carros movidos a energia solar. Outros exemplos são os seminários de Verão para jovens entre 13-18 anos que oferecem cursos de como criar álbuns de fotografias a partir de materiais reciclados e abordam tópicos como a biodiversidade da cidade do Porto.

Siemens_QuadroPorto.pdf 1 11/11/10 13:25

Page 6: Porto green city index - gci

Overall

City Score

1 Copenhagen 87,31

2 Stockholm 86,65

3 Oslo 83,98

12 Porto 70,01

19 Lisbon 57,25

31 Kiev 32,33

CO2

City Score

1 Oslo 9,58

2 Stockholm 8,99

4 Copenhagen 8,35

14 Porto 6,69

23 Lisbon 4,05

31 Kiev 2,49

Energy

City Score

1 Oslo 8,71

2 Copenhagen 8,69

4 Stockholm 7,61

7 Porto 6,83

10 Lisbon 5,77

31 Kiev 1,50

Buildings

City Score

1 Porto 9,77

2 Stockholm 9,44

4 Oslo 9,22

5 Copenhagen 9,17

12 Lisbon 7,34

31 Kiev 0,00

Transport

City Score

1 Stockholm 8,81

3 Copenhagen 8,29

5 Oslo 7,92

19 Kiev 5,29

25 Lisbon 4,73

29 Porto 4,49

Water

City Score

5 Copenhagen 8,88

14 Porto 7,65

17 Stockholm 7,14

21 Oslo 6,85

23 Kiev 5,96

25 Lisbon 5,42

Waste andland use

City Score

6 Oslo 8,23

7 Copenhagen 8,05

8 Stockholm 7,99

21 Porto 5,67

23 Lisbon 5,34

31 Kiev 1,43

Air quality

City Score

2 Stockholm 9,35

5 Copenhagen 8,43

8 Porto 8,14

16 Oslo 7,00

25 Lisbon 4,93

31 Kiev 3,97

Environmentalgovernance

City Score

=1 Copenhagen 10,00

=1 Stockholm 10,00

5 Oslo 9,67

12 Lisbon 8,22

19 Porto 6,78

24 Kiev 5,22

O Porto não fazia parte do conjunto origi-nal das 30 cidades do European Green City Índex (EGCI). Para avaliar a cidade, o Economist Intelligence Unit criou um EGCI hipotético de 31 cidades para de-monstrar qual teria sido o desempenho da cidade de Porto se tivesse sido incluída. Neste EGCI, o Porto ocupa o 12º lugar, um desempenho impressionante consideran-do que se encontra na metade inferior do EGCI no que se refere ao PIB per capita. Apresenta o seu melhor resultado na ca-tegoria de edifícios, onde ocupa o primeiro lugar, principalmente devido às políticas firmes implementadas a nível nacional, re-gional e urbano, as quais levaram a resulta-

dos impressionantes por todo o Grande Porto. A cidade também está bem pon-tuada na categoria de energia, onde ficou em sétimo lugar graças à elevada percenta-gem de consumo de energias renováveis e ocupa o primeiro lugar no EGCI para as cidades de pequena e média dimensão. Os resultados nas categorias de energia e edifícios também reflectem a influência da política de eficiência energética pro-activa do município. Em termos de quali-dade do ar, o desempenho da cidade é relativamente bom, com resultados bem melhores que a média para os elementos poluentes que são avaliados no Índice. No que se refere à maioria das outras ca-

tegorias, o Porto ocupa lugares no campo médio do Índice, mas enfrenta maiores desafios na categoria de transporte, onde ocupa o 29° lugar. Alguns dos da-dos utilizados para avaliar o Porto são mais antigos que os de outras cidades constantes do EGCI (devido à disponibi-lidade de dados), sobretudo no que se refere às emissões de CO

2, energia e dis-

tribuição dos modos de transporte - pelo que é possível que a cidade tenha en-tretanto feito progressos em alguns dos indicadores quantitativos. Entretanto, a cidade lançou uma série de iniciativas de renovação urbana, sendo de assumir que o desempenho melhorará ainda mais.