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Por Que Não Usamos O Sistema De Apelos

WILLIAM R. DOWNING

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Traduzido do original em Inglês

Why We Do Not Use The Invitational System

By William R. Downing

Via SGBCSV.org • Copyright © William R. Downing

(Sovereign Grace Baptist Church of Silicon Valley)

Tradução e Capa por William Teixeira

Revisão por Camila Almeida

1ª Edição: Julho de 2015

As citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida Corrigida Fiel | ACF

Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a graciosa

permissão do Dr. William R. Downing, sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-

NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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Por Que Não Usamos o Sistema de Apelos

Por William R. Downing

ESBOÇO:

INTRODUÇÃO

(1) O Sistema de Apelos Definido e Descrito. (2) Experiência Pessoal. (3) Uma Palavra de

Esclarecimento: Pecadores São Convidados a Virem a Cristo, Não Para a Frente.

I. A HISTÓRIA DO SISTEMA DE APELO

Os Primórdios: Os Reavivamentos nas Fronteiras de Kentucky

O Advento de Charles G. Finney e as “Novas Medidas”

II. A NATUREZA ANTIBÍBLICA DO SISTEMA DE APELOS

O Sistema de Apelos: Nenhum Precedente Bíblico

Charles G. Finney e Sua Defesa das “Novas Medidas”

O Batismo e o Banco dos Ansiosos

Billy Graham e Sua Defesa do Sistema de Apelos

Os Efeitos e Legado de Charles G. Finney

Sola Scriptura: A Questão Decisiva

III. A NATUREZA PSICOLÓGICA DO SISTEMA DE APELOS

O Homem Não-Regenerado Não Pode Ir Além Do Nível Psicológico

Regeneração e Conversão

Fé e Regeneração: Salvação Pela Graça Ou Pelas Obras?

IV. O CARÁTER UTILITÁRIO DO SISTEMA DE APELOS

O Sistema de Apelos: Uma Resposta Alegada Para Cada Questão

Agindo Biblicamente

V. A NATUREZA SACRAMENTAL DO SISTEMA DE APELOS

Sacramento e Sacrossanto: O Altar

Igrejas Evangélicas Com Altares?

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Público, Local, Propósito, Postura e Performance?

VI. A NATUREZA SACERDOTAL DO SISTEMA DE APELOS

O Que é Sacerdotalismo?

Pregador ou Sacerdote?

Sacerdote ou Psicólogo?

VII. A NATUREZA PREJUDICIAL DO SISTEMA DE APELOS

Doutrina, Prática e Uma Metodologia Antibíblica

Uma Abordagem Híbrida Para Evangelismo

Conversões Espúrias

“As Decisões de Primeira Vez” e a Reconciliação

Uma Segurança Antibíblica

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

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INTRODUÇÃO

Este artigo aborda o uso do sistema de apelos. Apesar de não duvidarmos da sinceridade

e amor sincero por Cristo, pelas almas dos homens e pelo bem do povo de Deus por parte

daqueles que utilizam tais métodos, contudo nós amorosamente discordamos deles por

causa das Escrituras. Enquanto nós, por bons e necessários motivos bíblicos e doutrinais,

repudiamos tal sistema, nós amamos nossos irmãos Cristãos e buscamos a unidade que é

descrita no Salmo 133. Que o Senhor use esse artigo para fazer com que os nossos irmãos

em Cristo e no ministério reconsiderarem e reavaliem sua metodologia evangelística, caso

eles sejam adeptos de tais métodos. Os métodos antibíblicos, a menos que eles sejam

totalmente incoerentes, se derivam da tradição antibíblica que por sua vez se deriva de

doutrina antibíblica.

O Sistema de Apelos Definido e Descrito

O sistema de apelos, como praticado nos últimos dois séculos, é uma inovação relativa-

mente recente, absolutamente desconhecida por mais de 1800 anos. Esse tempo anterior

incluiu as eras dos maiores avivamentos e despertamentos espirituais já testemunhados na

História Cristã, quando milhares incontáveis foram convertidos e o clima moral de países e

sociedades foram transformadas pelo poder do Evangelho.

Este sistema é inclusivo de várias práticas bem estabelecidas como o “Apelo”, o “Banco

dos Ansiosos”, o “Banco dos Contristados”, a “Chamada Para Decisões”1, “Reconciliação”,

e a ideia de que os resultados evangelísticos podem ser imediatamente conhecidos com

um determinado grau de certeza por movimentos físicos e demonstrações emocionais. Es-

sa ideia de “vir para a frente” ao final do culto público serve a uma finalidade utilitária de ser

a resposta adequada para quase qualquer preocupação religiosa. Esta “Religião dos

Tempos Antigos” não é tão antiga, e sim um relativamente novo e essencial afastamento

da fé bíblica e histórica, que experimentou momentos de grande bênção sem tal por mais

de 1800 anos.

Este sistema tornou-se tão arraigado no Cristianismo evangélico moderno que “vir para a

frente” durante “o apelo” é muitas vezes considerado como um sinônimo de vir para Cristo2.

__________

[1] Cf. “The Origin of the Call for Decisions” [A Origem das Chamada Para Decisões], Albert B. Dodd, uma

reedição do artigo 1847 de Princeton Review. A Banner of Truth Magazine, dezembro de 1963, pp. 9-15.

[2] Billy Graham em uma Cruzada em Londres, 1966: “Não deixe que a distância lhe mantenha afastado de

Cristo. É um longo caminho, mas Cristo percorreu todo o caminho para a cruz, porque ele lhe amava.

Certamente você pode vir estes poucos passos e dar a sua vida para Ele”. Citado por Iain Murray, The

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Isso resultou no que alguns têm chamado de “regeneração por decisão”3.

Regeneração por decisão não traz os homens para Cristo mais do que a regeneração

batismal. Pode ser verdade que alguns sejam convertidos sob tal pregação, mas isso

acontece apesar destes falsos métodos utilizados, e não por causa deles. A Bíblia é

clara ao declarar que só pelo Espírito de Deus é que os homens podem “nascer de

novo”. O verdadeiro arrependimento e fé salvífica vêm como resultado do novo

nascimento e nunca são a causa da grande mudança4.

Alguém, porém, pode vir ao “altar” e nunca encontrar a Cristo. Na verdade, esta mesma

ação pode vir a ser um obstáculo para a verdadeira conversão. Conversões falsas são nu-

merosas:

Muitas vezes há um retorno ao “altar” em busca de um renovado senso de sentimento

religioso. A consequente paz... é confundida com alegria espiritual. O amor-próprio, é

claro, conduz a uma gratidão espúria e os faz elogiar isso; e faz com que o coração

ame as circunstâncias, os meios e os companheiros de sua deliciosa intoxicação. E

agora temos os “ouvintes pedregais” reproduzidos (Mateus 13:20-21). O coração mor-

to, não tendo nenhuma verdadeira vitalidade para gerar emoção espiritual interior,

afunda em um frio e triste vazio quando está sozinho; e, portanto, é mais propenso,

por um tempo, a almejar um retorno ao local e às circunstâncias onde os dispositivos

emocionantes foram aproveitados5.

Eu falharei neste momento sobre como apresentar o Evangelho, se eu levar alguém

a pensar que ele pode obter a salvação indo para a igreja, ou para a casa de reunião,

ou indo a algum ministro, ou indo para uma sala de inquérito, ou buscando alguma

forma de penitência. Não devemos ir a nenhum outro lugar, senão a Jesus. Você,

_________

Invitation System [O Sistema de Apelo]. Edimburgo: The Banner of Truth Trust, 1973, p. 5.

“Você me pergunta por que eu estou pedindo para você vir para a frente? Isto é um ato de sua vontade em

receber a Cristo como Salvador”, Billy Graham, God in the Garden [Deus no Jardim], um registro de Madison

Square Garden Billy Graham Crusade.

[3] Harold J. Ockenga, “Alguns teólogos Reformados... ensinam que a regeneração pelo Espírito Santo

precede a conversão. A posição evangélica é que a regeneração está condicionada ao arrependimento,

confissão e fé”. Citado por Iain Murray, The Invitation System [O Sistema de Apelo], p. 18.

[4] James E. Adams, Decisional Regeneration [Regeneração Por Decisão]. Canton, GA: Free Grace

Publications, 1983, 16 pp.

[5] Robert L. Dabney, Discussions Theological and Evangelical [Discussões Teológicas e Evangélicas].

Edinburgh: Banner of Truth Trust, reimpressão 1967. Vol. I, p. 564.

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como você está, venha a Cristo como Ele é, e a promessa é que, quando você vir Ele

te aliviará.... Você vê que há duas pessoas. Deixe que todos os outros desapareçam,

e deixe que aqueles dois sejam deixados sozinho para que tratem juntos dos assuntos

celestiais6.

O “apelo” é usado para vários fins. Alguns são chamados para a frente para a salvação,

para o Batismo, para “reconciliação”, para algum tipo de serviço religioso ou ministério, ou

por algum outro motivo ou preocupação espirituais alegados, como orar por uma pessoa,

por uma determinada situação religiosa ou bênção, pela libertação de algum tipo de vício.

Mas vir ao “altar à moda antiga” e vir a Cristo por qualquer razão são duas coisas completa-

mente diferentes — e estas nunca devem ser confundidas.

Experiência Pessoal

Este escritor foi criado em um ambiente muito religioso que em seus primeiros dias como

um crente professo “foi à frente” por várias razões, tanto antes como depois da sua conver-

são. Tendo passado por centenas de “apelos” ao longo de muitos anos quando criança,

jovem, estudante de Faculdade Bíblica e como pastor, portanto, ele está um pouco qualifi-

cado para comentar sobre a natureza antibíblica deste sistema. Uma vez que ele aprendeu

sobre o seu caráter antibíblico, sua história de desenvolvimento e testemunhou pessoal-

mente os danos que este sistema causou, tanto que ele deixou essa atividade e tomou uma

posição ativa contra esta prática antibíblica.

Uma Palavra de Esclarecimento:

Pecadores São Convidados a Virem a Cristo, Não Para a Frente

Uma palavra de esclarecimento é necessária. Enquanto nos opomos ao Sistema de Apelos,

não nos opomos que pecadores sejam convidados a Cristo, sim, e que pecadores sejam

instados a virem a Cristo durante a pregação. Nós firmemente declaramos a livre oferta do

Evangelho a todo e qualquer homem sem exceção (Mateus 11:28-30; João 3:16; Atos 2:36-

39, 17:30-31; 1 Timóteo 2:1-4). A que nós nos opomos é à ideia de que convidar os pecado-

res para virem para a frente de um edifício da igreja é algo idêntico ou que pode ser confun-

dido com convidá-los a virem a Cristo. Nós concordamos com C. H. Spurgeon, que afirmou:

Oh, que você confiasse no Senhor Jesus!... será que eu lhe ouvi dizer: ‘Vou orar sobre

isso?’, é melhor você confiar de uma vez. Ore tanto quanto você quiser depois de

haver confiado, mas que bem pode advir de orações incrédulas? ‘Vou falar com um

__________

[6] C. H. Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle Pulpit [O Púlpito do Tabernáculo Metropolitano], Pasadena,

TX: Pilgrim Publications, Vol. 1882, pp. 649-650.

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homem piedoso após o culto’. Conjuro-te que primeiro creias em Jesus.... ‘Eu gostaria

de ir para a sala de inquérito’. Ouso dizer que sim, mas não estamos dispostos a a-

gradar a superstição popular. Tememos que nestas salas os homens são encorajados

a uma confiança fictícia. Pouquíssimos dos supostos convertidos de salas de inquérito

acabam bem. Vá para o seu Deus diretamente, até mesmo onde você está agora.

Lance-se a Cristo, agora, de uma só vez; sem precisar se mover uma polegada! Em

nome de Deus, conjuro-te, creia no Senhor Jesus Cristo...!7.

Também nos opomos à prática antibíblica de exortar os crentes a virem para a frente ou ao

“altar” para qualquer alegada finalidade ou preocupação espiritual.

I. A HISTÓRIA DO SISTEMA DE APELOS.

Os Primórdios: Os Reavivamentos nas Fronteiras de Kentucky

A ideia de convidar ou pressionar os pecadores ou outros para virem à frente de um edifício

da igreja ou a um determinado local por um suposto motivo espiritual é uma inovação relati-

vamente recente na história do Cristianismo. Os primeiros exemplos do que se tornou

conhecido como o “Sistema de Apelos” podem ser rastreados até aos Avivamentos da

Fronteira de Kentucky da época 1798-1806 e às reuniões campais Metodistas. Por volta de

1793, avivamentos destes irromperam em várias partes dos Estados Unidos e se espa-

lharam ao longo da fronteira ocidental da fronteira Americana. Tal como acontece na maio-

ria dos avivamentos, houveram manifestações físicas, como êxtases, “empurrões”, des-

maios, desfalecimentos ou queda. Os Presbiterianos e Batistas, sendo ambos fortemente

Calvinistas e mais reverentes, tentaram desencorajar tais extremos emocionais em suas

reuniões, mas os Metodistas começaram a promove-los. Estes “desmaios” eram vistos

como a obra imediata do Espírito e como aquilo que identificava aqueles que foram “salvos”.

Os Metodistas desejavam ter uma contagem imediata de seus “convertidos” por tais meios,

visto que estes apoiavam sua teologia Arminiana, especialmente em um contexto onde o

Calvinismo era prevalecente8. No caos de tais reuniões, logo foi determinado que as coisas

aconteceriam de modo mais ordenado se as pessoas “viessem ao altar” para serem acon-

_________

[7] C. H. Spurgeon, Ibid., 1884, p. 456.

[8] “A Teologia Calvinista era proeminente durante esta época, e ninguém jamais pensava que o Arminianismo

algum dia produziria tantos convertidos como a forte pregação Evangélica Calvinista”. Antes de 1800, como

Isaac Backus bem sabia, qualquer argumento de que o Arminianismo era mais eficaz na evangelização do

que o Calvinismo seria considerado como um absurdo”. Iain Murray, Revival e Revivalism [Avivamento e

Avivalismo]. Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1994, p. 188.

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selhadas, orassem e fossem contadas. Nas suas reuniões campais nas fronteiras, marca-

das por extremos emocionais e que duravam dias, uma determinada parte do terreno era

marcada como “o altar” para esta finalidade. Isto parece ter tido sua origem em seus ante-

cedentes Metodista Episcopais, os quais chamavam a frente da parte interior do prédio da

igreja de “o altar”, o lugar onde os sacramentos eram ministrados por um sacerdote Epis-

copal.

Esta foi uma inovação completamente nova. George Whitefield, o Calvinista, John Wesley,

o Arminiano, e os primeiros pregadores Metodistas nunca recorreram a tal prática, nem

mesmo alguma vez contaram os convertidos. Como evangelistas itinerantes, eles pregaram

e deixaram os resultados com Deus. Eles anotaram em seus diários que muitos estavam

frequentemente ficavam muito afetados e choravam, caiam sob profunda convicção, e às

vezes o emocionalismo irrompia em suas reuniões, mas tais manifestações não eram

promovidas nem estimuladas. Nossos antepassados Batistas, alguns dos pregadores mais

evangelísticos das Colônias e nos primeiros anos da nossa República, nem conheciam e

nem utilizaram o Sistema de Apelos.

O Advento de Charles G. Finney e as “Novas Medidas”

Charles G. Finney, um advogado, tornou-se um evangelista Presbiteriano na década de

1820 quase imediatamente após sua conversão, e aderiu ao “Apelo”, o “Banco dos Ansio-

sos” e “Banco dos Contristados” dos Metodistas, e combinou estas práticas com a sua

doutrina Pelagiana ou “Teologia New Haven”9, e estas se tornaram as “Novas Medidas” que

desde então cada vez mais caracterizaram o evangelicalismo Americano e sua evangeliza-

ção10. Finney não era um Arminiano. Ele era um Pelagiano, e, consequentemente, reduziu

__________

[9] A utilização das “Novas Medidas” dividiu os Presbiterianos em “Velha Escola”, ou Calvinistas ortodoxos

que mantiveram os Padrões de Westminster, e a “Nova Escola”, ou aqueles que adotaram as “Novas Medidas”

e aprovaram o “Taylorismo” ou “Teologia New Haven”, que se baseavam em um sistema semi-Pelagiano,

avivalismo, reforma moral e cooperação interdenominacional. Veja W. A. Hoffecker, “New School Theology”

[Teologia da Nova Escola], Evangelical Dictionary of Theology [Dicionário Evangélico de Teologia]. Grand

Rapids: Baker Book House, 1990. pp. 767-768.

“Teologia New Haven”, “Taylorismo”, ou “The New Divinity” foi o sistema Pelagiano da capacidade humana

plenária ensinado na Nova Inglaterra, defendido, refinado e popularizado por Charles G. Finney. Veja W.R.

Downing, Palestras sobre o Calvinismo e o Arminianismo. Morgan Hill, CA: P. I. R. S. Publicações. 2000, pp.

288-290, 320, 324-325, 327-333.

[10] Para um breve histórico da “chamada ao altar” e o nascimento do avivalismo, consulte Iain Murray, Revival

e Revivalism [Avivamento e Avivalismo], pp. 163-190.

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seu evangelismo a uma abordagem psicológica11. Para ele e para seus seguidores, a salva-

ção era simplesmente um redirecionamento da vontade, não uma mudança de natureza

necessariamente começando com a regeneração12. Isto marcou o início da ideia de pregar

para persuadir a vontade ao invés de desafiar a mente com a verdade Divina para alcançar

a consciência. A pregação bíblica e inteligente acabou por dar lugar a uma abordagem mais

psicológica e emocional. O homem, de acordo com Finney, tinha o poder de mudar seu

próprio coração, ou seja, a doutrina Pelagiana do livre-arbítrio. Nas próprias palavras do Sr.

Finney:

...Em nossas investigações, doravante, entenda-se, que eu uso regeneração e con-

versão como termos sinônimos13.

Temos dito que a regeneração é sinônimo, na Bíblia, de novo coração. Mas os peca-

dores são obrigados a fazerem por si próprios e para si mesmos um novo coração, o

que eles não poderiam fazer, se eles não estivem ativos durante esta mudança. Se

esta obra é uma obra de Deus, em tal sentido, que Ele deva primeiro regenerar o

coração ou a alma antes de qualquer agência do pecador começar, seria absurdo e

injusto exigir que ele faça para si mesmo um novo coração...

__________

[11] O Arminianismo sustenta que o homem tem uma natureza caída e pecaminosa, e que a vontade do

homem é levada pelo Espírito Santo a um determinado lugar onde ele pode escolher ou recusar a mensagem

do Evangelho — a graça preveniente. O Pelagianismo sustenta que o homem não tem uma natureza caída e

pecaminosa e, portanto, o homem possui uma vontade que é inteiramente livre [uma capacidade plenamente

humana] e, portanto, o homem possui o poder de escolher ou recusar o Evangelho. A vontade de cada homem

é supostamente tão livre como a de Adão antes da Queda. Esta é uma negação da imputação do pecado de

Adão [a imputação imediata do pecado de Adão — o pecado original] e também uma negação da herança da

natureza caída de Adão [imputação indireta]. Falando de seu pastor, George W. Gale, Finney declarou sobre

convicções Calvinistas de Gale: “...em suma ele sustentou todas essas doutrinas que fluem logicamente do

fato de uma natureza pecaminosa em si mesma... Estas doutrinas eu não poderia receber. Eu não pude rece-

ber seus pontos de vista sobre o tema da expiação, regeneração, fé, arrependimento, escravidão da vontade,

ou qualquer uma das doutrinas semelhantes”. Charles G. Finney, Autobiography [Autobiografia], p. 46.

[12] A ideia de simplesmente redirecionar a vontade foi baseada sobre a ideia Pelagiana de que o comando

implica em capacidade. “A doutrina sobre a qual eu insisti, a saber, que a ordem para obedecer a Deus

implicava o poder de fazê-lo, criou em alguns lugares uma oposição inicial... as influências do Espírito

consistem em ensino, persuasão, convicção e, é claro, uma influência moral; eu fui considerado por muitos

como um ensinador de doutrinas novas e estranhas”. Charles G. Finney, Autobiography, p. 157.

[13] Charles Finney, Lectures on Systematic Theology [Estudos em Teologia Sistemática]. Grand Rapids:

Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1971. p. 285. Finney, por vezes, igualou a regeneração com uma

influência persuasiva moral sobre a mente, com a santificação e com a conversão. Esta confusão proveio de

seus pressupostos Pelagianos e Perfeccionistas. Veja B. B. Warfield, The Works of Benjamin B. Warfield [As

Obras de Benjamin B. Warfield], Vol. VIII. Perfeccionismo [Perfeccionismo]. Grand Rapids: Baker Book

House, 1981. pp 3–215.

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A regeneração é atribuída ao homem no evangelho, a qual não poderia ser, se o termo

fosse designado para expressar somente a agência do Espírito Santo....

...A regeneração, segundo as características atribuídas a ela na Bíblia, deve consistir

em uma mudança na atitude da vontade, ou uma mudança em sua última escolha,

intenção ou preferência...

...O sujeito é ativo na regeneração... a regeneração consiste no pecador mudar sua

última escolha, intenção, preferências.... Claramente o objeto da regeneração deve

ser um agente nesta obra14.

O surgimento de Charles G. Finney, e sua doutrina Pelagiana da capacidade humana, e as

suas ideias defeituosas a respeito de Deus, do homem, da salvação, da graça, da socie-

dade e da moralidade, foram em grande parte um reflexo de várias forças que naquele pon-

to crítico caracterizaram a mentalidade Americana. Havia lutas crescentes com a identidade

nacional: O Ceticismo Francês, O Racionalismo Alemão, A Filosofia Hegeliana, “Destino

Manifesto”, e florescentes questões sociais e políticas, como a abolição da escravatura, os

direitos das mulheres, o Movimento de Temperança.

...O impulso moralista de Finney visionou uma igreja que foi em grande medida uma

agência de reforma pessoal e social, e não uma instituição em que eram administrados

os meios da graça... que deveriam ser disponibilizados aos crentes que, em seguida,

levam o Evangelho ao mundo. No século XIX, o movimento evangélico tornou-se cada

vez mais identificado com causas políticas — com a abolição da escravatura, com a

legislação do trabalho infantil, com os direitos das mulheres e com a proibição do

álcool. Na virada do século, um afluxo de imigrantes Católicos Romanos deixou muitos

Protestantes Americanos um pouco inquietos, o secularismo começou a remover os

dedos do estabelecimento Protestante de instituições (faculdades, hospitais, organi-

zações de caridade) que eles haviam criado e sustentado. Em um esforço desespe-

rado de recuperar esse poder institucional e a glória da “América Cristã” [este sonho

sempre foi poderoso na imaginação, mas, após a desintegração da Nova Inglaterra

Puritana, ilusório], os Protestantes da virada do século lançaram campanhas morais

para “americanizar” imigrantes, fazer cumprir a instrução moral e promover a “edu-

cação do caráter”. Evangelistas forjaram seu evangelho Americano em termos de sua

utilidade prática para o indivíduo e a nação.

É por isso que Finney é tão popular. Ele é o ápice na mudança da ortodoxia da Refor-

__________

[14] Ibid., pp. 365-371.

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ma, evidente no Grande Despertamento (sob Edwards e Whitefield) para o Avivalismo

Arminiano (na verdade, Pelagiano), evidente a partir do Segundo Grande Desper-

tamento até o presente15.

O Sistema de Apelos, desde então, tornou-se entrincheirado no Evangelicalismo Americano

e no Fundamentalismo. Tornou-se, em muitos casos, uma parte tão inerente do evangelis-

mo que muitos acreditam que ninguém pode ser salvo sem ou à parte de uma “chamada

ao altar”. Não fazer nenhum “apelo”, agora, é entendido pela maioria como algo não-evan-

gelístico ou mesmo anti-evangelístico! Tem sido a experiência deste autor ser questionado,

por vezes, sobre como as pessoas podem ser salvas sem uma “chamada ao altar”. Uma

vez um diácono bem-intencionado declarou: “Se você tivesse feito uma chamada ao altar

após essa mensagem, eu sei que pessoas teriam sido salvas!”.

II. A NATUREZA ANTIBÍBLICA DO SISTEMA DE APELOS.

O Sistema de Apelos: Nenhum Precedente Bíblico

O Sistema de Apelos não é bíblico. Não há absolutamente nenhum precedente nas Escri-

turas para esta prática. Ele não somente é sem base bíblica, é antibíblico, pois está baseado

em princípios não-bíblicos de falsa doutrina, que decorrem de uma visão defeituosa de

Deus, da graça, da salvação e da condição do homem, por natureza; da crença em um

lugar sagrado dentro de um prédio da igreja; da ideia de que um ministro tem o direito de

legitimamente exigir uma imediata e pública “decisão religiosa” de seus ouvintes, e igua-

lando o movimento físico como uma resposta espiritual a um comando supostamente espiri-

tual. Ninguém que acredita que as Escrituras são a Palavra de Deus escrita deve ter qual-

quer relação com um sistema tão antibíblico.

Nem nosso Senhor, nem Seus apóstolos jamais recorreram a essa prática. A exortação era

feita dentro dos limites da mensagem pregada (Mateus 11:28-30; João 6:28-29, 37; Atos

2:36-41; 17:30-34). Esta prática de exortar os pecadores a Cristo durante a pregação do

Evangelho tem sido a prática dos verdadeiros ministros do Evangelho desde os tempos do

Novo Testamento. Não podemos aperfeiçoar o ministério de nosso Senhor ou de Seus

apóstolos inspirados — não podemos melhorar a evangelização bíblica e não nos atre-

vemos a modificar o padrão inspirado.

Charles G. Finney e Sua Defesa das “Novas Medidas”

__________

[15] Michael Horton, Premise [Premissa], Vol. II, Número 3, 27 de março de 1995.

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Charles G. Finney nunca pretendeu que suas “Novas Medidas” fossem bíblicas. Ele sabia

bem disto. Ele simplesmente baseou suas inovações em Psicologia [Ele denominou a

Psicologia como “a filosofia da mente humana”]. Ao tentar justificar o uso do “Banco dos

Ansiosos” ou “Banco dos Contristados”, ele afirma: “Qual é a grande objeção? Eu não con-

sigo vê-la. O objetivo do banco dos ansiosos é, sem dúvida filosófico, e de acordo com as

leis da mente”16. Escrevendo mais sobre o banco dos ansiosos, ele afirma:

Quando uma pessoa está seriamente perturbada em sua mente, todo mundo sabe

que há uma poderosa tendência a esconder isto. Quando uma pessoa está sobrecar-

regada com um senso de sua condição, se você pode levá-la a dispor-se a confessar

isto, se você pode levá-la a romper com as cadeias de orgulho, você ganhou um ponto

importante para a sua conversão. Isto está de acordo a filosofia da mente humana17.

Assim, o “apelo” foi usado com o fim de colocar pressão sobre o indivíduo e leva-lo a fazer

um compromisso público ou revelar a sua hipocrisia.

...Pregue para... [o pecador], e, no momento, que ele pensar estar disposto a fazer

qualquer coisa; que ele pensar está determinado a servir ao Senhor; apenas leve-o

ao teste; chame-o para fazer uma coisa, dar um passo, que deva identificá-lo com o

povo de Deus ou matar seu orgulho, para que ele confesse seu orgulho e renuncie ao

mesmo; sua ilusão será exposta, e ele se verá como um pecador perdido ainda; con-

sidere que, se você não tivesse feito isso, ele poderia ter continuado lisonjeando a si

mesmo, engando-se ao imaginar ser um Cristão. Se você diz a ele: “Ali está o banco

dos ansiosos, saia e confesse a sua determinação em estar do lado do Senhor”, e se

ele não está disposto a fazer uma coisa tão pequena como essa, então ele não está

disposto a fazer qualquer outra coisa, e, ali está ele, levado perante a sua própria

consciência. Ele descobre o engano do coração humano, e previne com isto um gran-

de número conversões espúrias, mostrando àqueles, que de outra forma poderiam

imaginar-se dispostos a fazer qualquer coisa para Cristo, que na verdade eles não

estão dispostos a fazer nada18.

O Batismo e o Banco dos Ansiosos

Incapaz de conectar suas “Novas Medidas” à Escritura, ele chegou tão perto quanto podia,

__________

[16] Finney, Lectures on Revivals of Religion [Estudos Sobre os Avivamentos da Religião]. New York: Fleming

H. Revell, n. d., p. 253.

[17] Ibid.

[18] Ibid., pp. 264-265.

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não com os apelos para vir a Cristo nas Escrituras, mas com a Ordenança do Batismo.

A Igreja sempre sentiu a necessidade de ter algo do tipo para responder a este pro-

pósito. Nos dias dos apóstolos, o Batismo servia para esta finalidade. O Evangelho

era pregado às pessoas, e, em seguida, todos aqueles que estavam dispostos a posi-

cionarem do lado de Cristo eram chamados para serem batizados. Ele ocupou o lugar

preciso que o Banco dos Ansiosos ocupa agora, como uma manifestação pública de

uma determinação de tornar-se um Cristão19.

Billy Graham e Sua Defesa do Sistema de Apelos

O maior defensor moderno do Sistema de Apelos, o evangelista Billy Graham, tem buscado

fundamentar o Sistema de Apelos tanto nas Escrituras quanto na Psicologia. Em relação

às Escrituras, ele usou passagens como Mateus 10:32 [“Portanto, qualquer que me confes-

sar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus”], que dificil-

mente pode se referir a esta prática20. Sua tentativa de dar uma justificativa bíblica para o

Sistema de Apelos carece de qualquer substância ou coerência.

A defesa psicológica é a questão determinante para Billy Graham, como foi com Charles

G. Finney. Graham sabia muito bem das implicações psicológicas do “apelo”, e ele e sua

equipe citaram vários filósofos e psicólogos para mostrar a necessidade de liberação emoci-

onal e demonstração pública para selar a decisão religiosa. Alguns dos nomes menciona-

dos em particular, são William James, William Sargant, George Target e Gordon Allport.

Graham declarou: “Muitos psicólogos diriam que [a chamada ao altar] é psicológica-

mente consistente. Uma das razões pelas quais os nossos filmes e dramas de

televisão geralmente têm um efeito ruim é porque eles agitam grandemente a emoção

e não oferecem qualquer proposta prática para a ação”. The Christian [O Cristão], 8

de julho, 1966, p. 24, como citado em Iain Murray, The Invitation System [O Sistema

de Apelos], p. 12. Leighton Ford, membro da equipe evangelística de Billy Graham em

The Christian Persuader [O Cristão Persuasivo]: “Estou convencido de que dar algum

tipo de apelo público para vir a Cristo não é apenas teologicamente correto, mas

também emocionalmente consistente. Os homens precisam desta oportunidade para

__________

[19] Loc. cit.

[20] Iain Murray, The Invitational System [O Sistema de Apelos], pp. 8-9. Mateus 11:28 refere-se ao chamado

do Senhor para que os pecadores venham a Ele, e não para “o altar”. Apocalipse 3:20 refere-se ao nosso

Senhor buscando companheirismo e comunhão em uma igreja apóstata, e não em pé na porta do coração do

pecador buscando entrar para salvá-lo.

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a expressão... impressão sem expressão pode levar à depressão”21.

Referindo-se, em geral, a psiquiatras, psicólogos e suas ideias, um dos companheiros de

Graham, Curtis Mitchell, comentou:

Um psicólogo de Chicago disse certa vez: “Esta geração precisa converter mais do

que qualquer geração na história”.

Um psicólogo britânico famoso disse, recentemente: “Estamos tão psicologicamente

preparados para converter, que se a igreja não consegue converter as pessoas, nós

psicólogos, vamos ter que fazer isto”. Assim, até mesmo a Psicologia está reconhe-

cendo a necessidade do homem de ser convertido. “A Bíblia ensina que você deve

ser convertido para entrar no Céu. O psiquiatra ensina que você deve ser convertido,

a fim aproveitar a vida ao máximo”.

...Seja quem for, se um homem vai para a frente, de fato ou em espírito, o resultado é

uma mudança. O que acontece? Psicólogos, psiquiatras, teólogos e evangelistas

todos têm tentado explicar22.

Os Efeitos e Legado de Charles G. Finney

O advento de Charles G. Finney marca o divisor de águas no Cristianismo Evangélico

Americano e sua abordagem ao Evangelismo. Este nunca mais seria o mesmo. Finney

ganhou destaque em um momento de verdadeiro avivamento quando dezenas de grandes

homens — homens como Isaac Backus, Asahel Nettleton, Archibald Alexander, Edward D.

Griffin, Edward Payson — todos Calvinistas na convicção e que possuem uma verdadeira

paixão pelo Evangelho e um amor pelas almas dos homens, haviam estado trabalhando

com sucesso durante anos e tinha vistos as primícias da gloriosa plenitude do “Segundo

Grande Despertamento”. Mas a história foi reescrita, e a verdade foi ocultada das gerações

que se sucederam. Com Finney veio o “revivalismo”, e com o “revivalismo” veio divisão e

declínio.

...Não pode haver dúvida de que, em 1900, a impressão era quase universal de que

Charles Finney tinha introduzido os avivamentos na América do século XIX e que sua

utilidade excedia a ponto de que todos os que vieram antes dele haviam feito apenas

__________

[21] Ibid., pp. 11-16.

[22] Curtis Mitchell, Those Who Came Forward [Aqueles Que Vieram Para a Frente]. The World’s Work, Ltd.,

1966, p. 22, como citado por Iain Murray, The Invitation System [O Sistema de Apelos], pp. 14-15.

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um pequeno esforço evangelístico diante daquele que merecia uma séria atenção. A

crença tem sido repetida tantas vezes que é comumente considerado como um fato

inquestionável. Billy Graham, por exemplo, escreve sobre Finney: “Através do seu mi-

nistério cheio do Espírito Santo, milhares incontáveis vieram a conhecer a Cristo no

século XIX, resultando em um dos grandes períodos de avivamento da história da A-

mérica”. Outro escritor moderno reivindica: “Quando Charles Finney foi convertido e

cheio com o Espírito Santo as igrejas Americanas estavam em um estado doentio. A

maioria das igrejas eram ou Hiper-Calvinistas ou Universalistas... a apatia preva-

lecia23.

Tais afirmações são histórica e factualmente falsas e enganosas. O advento de Finney não

sinalizou o início desses avivamentos, mas, sim, a sua morte.

Sola Scriptura: A Questão Decisiva

Sola Scriptura, ou “Somente a Escritura” sempre foi o padrão e brado do verdadeiro Cris-

tianismo. O fato do Sistema de Apelos não ser bíblico deve resolver a questão de uma vez

por todas, mas alguns, mesmo entre aqueles inclinados à Graça Soberana, recorrem a tais

meios, por vezes, por causa da tradição religiosa, por causa da pressão religiosa e psicoló-

gica dos contemporâneos, por causa da atmosfera emocionalmente tensa de uma dada

reunião ou por causa de uma abordagem híbrida para a evangelização e em relação ao

compromisso Cristão. Esta acomodação a práticas não-bíblicas e meramente tradicionais

deveria humilhar aqueles que gloriam-se de serem bíblicos em todas as coisas!

...O grito da Sola Scriptura é mais frequentemente uma indicação de boas intenções

do que um fato. [O Cristianismo evangélico] ...está saturado com doutrinas e as práti-

cas que não têm fundamento bíblico. Muitos ensinamentos e hábitos no que diz respei-

to ao Evangelho são tanto os produtos de invenção humana e da tradição quanto as

indulgências de Tetzel. E certas doutrinas em nosso meio são perniciosíssimas24.

III. A NATUREZA PSICOLÓGICA DO SISTEMA DE APELOS.

__________

[23] Iain Murray, Revival e Revivalism [Avivamento e Avivalismo], pp. 297-298. O trabalho de Murray faz muito

para corrigir esta visão revisionista. O próprio Finney constantemente denunciava os grandes e úteis

pregadores Calvinistas de seu tempo em sua pregação, testemunhou de alguns deles que foram expulsos de

seus púlpitos, devido à sua influência inflamatória e medidas, e mais tarde promoveu tal ficção em sua

Autobiografia.

[24] Walter J. Chantry, Today’s Gospel: Authentic or Synthetic? [O Evangelho De Hoje: Autêntico ou

Sintético?]. Londres: Banner of Truth Trust, 1972, p. 12.

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O Homem Não-Regenerado Não Pode Ir Além Do Nível Psicológico

Por natureza, o homem não regenerado não pode subir acima do nível psicológico. Ele

procura fazê-lo, contudo, por suas tentativas de praticar magia, pelo misticismo, pelo uso

de drogas, pelo ocultismo ou pelas excitações religiosas. A excitações emocionais religio-

sas geradas em “avivalismos” convêm mais à Velha Linha do Pentecostalismo ou ao mais

moderno Movimento Carismático do que ao Cristianismo Evangélico ou Fundamentalista.

Excitações religiosas, no entanto, não fazem parte apenas do Cristianismo, mas de outras

religiões também — considere o seguinte: “dervixes fanáticos turcos, hindus-Faquirs ou

nossos próprios curandeiros [nativos] indígenas”25. A menos que o Espírito de Deus esteja

efetivamente operando no interior do coração, alma ou personalidade — ou seja, em

graciosa regeneração, adoção e conversão — tais tentativas de verdadeira espiritualidade

provarão ser inúteis. O homem está limitado ao plano psicológico. Ele só pode subir ao

plano verdadeiramente espiritual através da obra eficaz do Espírito de Deus — e o Espírito

de Deus tem o prazer de agir segundo os termos de Sua Santa Palavra.

Tal como delineado na seção anterior, o Sistema de Apelos é limitado ao nível psicológico.

Isso não quer dizer que Deus não pode soberanamente salvar os pecadores sob tal siste-

ma, mas que tais conversões serão apesar de tais inovações religiosas e não-bíblicas, e

não por causa delas. Aqueles convertidos sob tais circunstâncias podem permanecer espiri-

tualmente aleijados e biblicamente ignorantes até que sejam conduzidos à influência de um

ensino bíblico adequado. Tais convites emocionalmente carregados e psicologicamente

manipuladores apenas produzem confusão, da qual Deus não é o autor.

Regeneração e Conversão

A verdadeira conversão é espiritual. É muito mais do que apenas uma questão de vontade

do homem ou de uma tentativa de manipula-la através da pregação. A conversão é o resul-

tado da obra eficaz do Espírito de Deus na regeneração. A conversão é a manifestação ex-

terior imediata e espontânea da regeneração ou o “novo nascimento”. A verdadeira nature-

za da própria regeneração revela sua absoluta necessidade antes que o homem possa crer

salvificamente no Senhor Jesus Cristo. A necessidade de regeneração ou novo nascimento

se baseia na absoluta impotência espiritual do homem (João 3:3, 5; 1 Coríntios 2:14), no

poder de cegar exercido pelo Diabo (Mateus 13:4, 19; 2 Coríntios 4:3-6), no propósito

redentor eterno, e no caráter justo e onipotente de Deus. Se qualquer ser humano foi salvo

ou libertado do poder reinante do pecado, de sua própria hostilidade inata para com a Deus,

do poder ofuscante de Satanás e finalmente liberto do Inferno eterno, isso aconteceu devido

__________

[25] Cf. Robert L. Dabney, Op. cit., p. 558-559.

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ao fato de Deus haver iniciado esta obra de salvação (Isaías 64:6; Mateus 13:3-4, 18-19;

Atos 16:14; Romanos 1:18-25; 3:11, 27-21; 8:5-8; 1 Coríntios 2:14; 2 Coríntios 4:3-6;

Efésios 2:1-10, 4:17-19; Tito 3:5; 1 João 5:19). Dizer tudo isso é declarar que a salvação é

pela graça; dizer qualquer coisa a menos seria uma negação disto.

Há seis realidades espirituais essenciais que compreendem a regeneração ou “novo nasci-

mento”. Se qualquer uma dessas realidades não for verdadeira ou real dentro da persona-

lidade, o indivíduo está ainda não-regenerado. Em primeiro lugar, a concessão da vida

Divina (João 3:3, 5; Efésios 2:1, 4-5). A menos que o indivíduo receba um tal princípio de

vida espiritual, ele não pode nem mesmo “ver” o reino de Deus, e muito menos entrar nele.

Ele pode perceber, saber ou entender muito sobre ele, até mesmo, de modo a ficar sem

desculpa, mas sua vontade está inclinada para o pecado e o mal, e seu interior está obs-

curecido (Romanos 1:18-25; 1 Coríntios 2:14).

Em segundo lugar, o poder reinante do pecado deve ser rompido (Romanos 6:3-14, 17, 18,

20, 22). Todo ser humano, por natureza, é um escravo voluntário do pecado. Este poder é

quebrado por Deus em um ato gracioso definitivo, e uma clivagem radical é feita em relação

ao poder reinante do pecado na vida. Este aspecto da santificação — santificação definitiva

— é coexistente com a regeneração.

Em terceiro lugar, a remoção da natural inimizade do coração contra Deus e a Sua verdade

(Romanos 8:7-8; 1 Coríntios 2:14). O homem, por natureza, tem uma aversão inata para

com Deus e a Sua verdade. Esta animosidade é removida por um ato soberano de Deus,

o qual permite que o pecador se volte salvificamente para Deus no contexto da Sua ver-

dade.

Em quarto lugar, a re-criação da imagem de Deus que o homem possuía no princípio (Efé-

sios 4:22-24; Colossenses 3:1-10). Ambas estas passagens se referem a um ato passado,

não a uma petição26. O homem foi criado como o portador da imagem de Deus. Na Queda,

esta imagem foi devastada espiritualmente, moralmente e intelectualmente; seus pensa-

mentos tornaram-se fragmentados e dados à futilidade. O corpo físico, com seus apetites

e desejos, assumiu uma influência dominante sobre o indivíduo (Romanos 6:6, 11-14;

Efésios 4 17-19). Na regeneração da graça, Deus recria Sua imagem novamente como no

princípio em justiça, santidade, verdade e conhecimento — uma transformação espiritual,

moral e intelectual. Com a mente assim liberta, e uma disposição santa dada à personali-

dade, o pecador está habilitado a voltar-se livremente para Cristo em fé, tal como apresen-

___________ [26] Efésios 4:22-24. O uso da aor. inf. de propósito [ἀποθέσθαι... ἐνδύσασθαι] revela que este é um fato passado, não uma presente exortação. Isso por si só coincide com aor. ptcs em Colossenses 3:9-10

[ἀπεκδυσάμενοι τὸν παλαιὸν ἄνθρωπον... ἐνδυσάμενοι τὸν νέον].

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tado na mensagem do Evangelho.

Em quinto lugar, a remoção da cegueira satânica (2 Coríntios 4:3-6)27. Acima e além de

todas as questões da vontade ou coração, aparece o terrível e maligno poder de Satanás,

que especificamente cega pecadores para que não vejam a verdade do Evangelho. Ele

busca ainda remover qualquer influência do Evangelho sobre os pecadores, que esteja a

seu alcance (Mateus 13:3-4, 18-19; Marcos 4:4, 15; Lucas 8:5, 12). Essa influência ofus-

cante é removida por um ato da graça de Deus.

Em sexto lugar, o dom da fé salvadora (Efésios 2:4-10). A conversão, ou o arrependimento

do pecado e a fé no Senhor Jesus Cristo, é inseparável da regeneração. A conversão é a

consequência infalível e imediata da obra do Espírito Santo sobre e dentro da personalidade

(Atos 16:14). As Escrituras geralmente consideram regeneração e conversão inclusive co-

mo uma única coisa. A conversão é, incisivamente fé pessoal no Senhor Jesus e arrependi-

mento do pecado, o que necessária e infalivelmente expressa a obra de Deus dentro da

personalidade (Atos 13:12, 48; 14:1; 16:14, 27-34; 17:4, 11, 12, 34; 18:8, 27; 19:18;

Romanos 10:9, 10, 13, 17; 1 Coríntios 2:4-5; Efésios 2:4-10).

Fé e Regeneração: Salvação Pela Graça Ou Pelas Obras?

A ideia de que a conversão — arrependimento e fé por parte do homem — é anterior à

regeneração, e que a regeneração é simplesmente a resposta Divina para a fé do homem

necessariamente traz a conversão até o nível psicológico28. Na verdade, isso traz tudo que

diz respeito à salvação até ao nível psicológico. Se o homem, a partir de seu próprio “livre-

arbítrio” [a ideia fantasiosa do poder de escolha daquilo que lhe é contrário] pode dirigir a

confiança da vontade humana e direcionar a vontade salvífica de Cristo por seu próprio

auto-esforço, então, a salvação é completamente pelas obras [capacidade humana] e não

pela graça. E este não é o “sentimento” religioso predominante de nosso tempo? A salvação

pela graça para muitos significa que nós não merecemos a salvação, mas Deus enviou o

Senhor Jesus para morrer na cruz pelos pecadores; assim graça continua a ser um princípio

exposto, passivo e inativo até ser vivificado pelo alegado livre-arbítrio, pela fé e pelas

atividades religiosas do homem.

IV. O CARÁCTER UTILITÁRIO DO SISTEMA DE APELOS.

__________

[27] Em 2 Coríntios 4:3-6, as palavras: “...Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz”, referem-se

ao ato criador e soberano de Deus em Gênesis 1:3. Há um distinto paralelo entre a Divina obra da criação

física e a regeneração espiritual.

[28] Veja a nota de rodapé 3 e as observações de Harold J. Ockenga a respeito da prioridade da fé para a

regeneração.

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O Sistema de Apelos: Uma Resposta Alegada Para Cada Questão

O Sistema de Apelos tornou-se tão arraigado para o — tão essencial e necessário —

Cristianismo Evangélico Moderno que ele é usado para toda e qualquer condição dentro da

experiência religiosa. Os pecadores são emocionalmente instados a “irem à frente” para “o

altar” para a salvação. Aqueles que fizeram a sua “decisão” religiosa são convidados a

responder ao “apelo” para o Batismo e membresia da igreja. Aqueles que querem juntar-se

à igreja são convidados a fazê-lo na “chamada de altar”. Aqueles que querem “re-dedicar”

a sua vida a Deus, depois de cair em algum tipo de pecado ou ter algum tipo de culpa ou

querem “fazer Jesus Senhor de suas vidas” são convidados a “irem à frente”. Se alguém

quer entregar-se a si mesmo para Deus tanto para o serviço Cristão como para o ministério

do Evangelho ou o campo missionário, ele “vai à frente” para resolver a questão e torná-la

conhecida publicamente. Pessoas que desejam a libertação da adicção, encontrar sentido

na vida ou estão buscando manter suas famílias unidas ou encontrar “uma relação significa-

tiva com Deus”, estão todos convidados a responder ao “apelo”, onde, às vezes, alguém

vai orar com eles. Não há nenhuma confissão pública do pecado. Na verdade, muitas vezes

não há confissão do pecado de modo algum, seja em público ou privado. O pecado perma-

nece muitas vezes irrelevante, assim como o arrependimento. Não há nenhuma reconcilia-

ção com um irmão ou irmã ofendidos. Nenhuma restituição por erros. O ato de “vir para a

frente” por si só resolve o problema de muitas congregações. Há algo de misterioso, eficaz

e decisivo em responder ao convite perante uma congregação religiosa. Tanto o indivíduo

como a congregação sentem que algo espiritual supostamente ocorreu.

Agindo Biblicamente

O que a igreja deveria e deve fazer sem o Sistema de Apelos? A resposta é: agir bíblica,

obediente e responsavelmente. Direcione todo o fervor e paixão para a pregação do Evan-

gelho. Aja publicamente, quando necessário e em particular quando a Escritura e a discri-

ção demandam isto. Infelizmente, muitos podem ir ao “altar” e nunca lidar com o pecado,

com relacionamentos ou com a sua própria experiência religiosa de uma forma bíblica.

V. A NATUREZA SACRAMENTAL DO SISTEMA DE APELOS.

Nas duas seções a seguir, não é nossa intenção ser grosseiro, insensível ou irreverente,

mas ser sincero e expor o Sistema de Apelos, como uma prática antibíblica, em uma luz

tão prática que a sua verdadeira natureza ritualística e antibíblica possa ser vista.

Sacramento e Sacrossanto: O Altar

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O termo “sacramento” deriva do latim sacramentum, que significa algo sagrado ou santo29.

Algo que é sacrossanto [sacer, “sagrado” e sanctus, “santo”] é uma coisa ou lugar que é

muito santo ou sagrado. Algum lugar que é sagrado é designado como muito santo ou sa-

grado em virtude de seu significado religioso. O altar dos Romanistas e das Igrejas Epis-

copais está na frente do santuário, ou lugar santo. Este é o lugar onde o sacerdote oficiante

dispensa dos sacramentos — ou seja, sacerdotalmente manipula o pão e o vinho e estes

supostamente se tornam de alguma forma misteriosa o corpo e o sangue de nosso Senhor.

Algo misterioso e espiritual ocorre no “altar”, através do poder do sacerdote.

Os Metodistas avivalistas da fronteira, como já foi descrito na Parte II deste estudo, que

remete às suas raízes Episcopais dos Metodistas, designavam um determinado pedaço de

terra ou área como “o altar” em suas reuniões campais. Este lugar, por esta designação e

terminologia, tornou-se, em princípio, sacrossanto e a ação de vir ao “altar” era, no princípio,

sacramental e, assim, espiritual. Aqueles que desejavam fazer um compromisso religioso

eram instados a “vir ao altar” como um sinal de que eles eram os objetos de grandes impres-

sões religiosas — e de serem contados como os resultados imediatos das técnicas evange-

lísticas utilizadas. Realizar este ato religioso logo se tornou sinônimo de um ato salvífico.

Igrejas Evangélicas Com Altares?

Hoje, nas igrejas Evangélicas Protestantes, Fundamentalistas e Batistas à frente do edifício

[“santuário”?] torna-se “o altar” durante a utilização do Sistema de Apelos. Tendo o propó-

sito certo, ao vir a um determinado local sob o comando de um líder religioso, de assumir

publicamente uma determinada postura [“chegando e ajoelhando-se no altar à moda

antiga”] e executar um determinado ritual como orar ou repetir um conjunto de formas de

oração e assinar um cartão são equiparados a algo de natureza religiosa e espiritual trans-

formadora e um compromisso espiritual. Como pode ser isso? Isto é realmente uma ques-

tão espiritualmente transformadora por causa de ser algo público, por causa do lugar, do

propósito, da postura e do desempenho? Muitos acreditam sinceramente que isso seja

assim.

Isso demonstra o quão forte uma tradição antibíblica pode tornar-se, e como tal tradição

antibíblica pode suplantar a verdade até que a própria verdade seja encarada como erro!

Nunca se deve subestimar a força da tradição religiosa. A maneira pela qual alguém é

criado na tradição religiosa geralmente determina o que ele considera ser bíblico ou não-

bíblico — se, de fato, esta distinção é verdade ou não.

__________

[29] O termo grego é μυστήριον [mysterion], a fonte da nossa palavra “mistério”. Isto implica algo mais do

que aquilo que é material — algo misterioso, santo, tendo um poder ou significado sobrenatural.

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Público, Local, Propósito, Postura e Performance?

Vamos expor o assunto com clareza e visualizar passo a passo o seu verdadeiro caráter:

primeiro, o seu caráter público. Há algo constrangedor sobre a realização de um ato religio-

so diante de uma congregação de pessoas religiosas30. Alguém ou deve acreditar sincera-

mente que ele está fazendo o seu melhor para obedecer a Deus, em propósito, no lugar,

na postura e no desempenho de tal ritual público, ou ele terá um fardo em sua consciência

de manter uma aparência de que ele professou publicamente sua emoção religiosa, mesmo

que ele não tivesse o senso de uma realidade interior depois que a emoção diminuiu. E se

alguém deixou o prédio da igreja durante o “apelo” para estar a sós com Deus para resolver

seus problemas urgentes, para chorar e clamar a Deus longe dos olhos humanos (Mateus

6:5-6), ou até mesmo para procurar uma parte ofendida para buscar o perdão ou reconcili-

ação — isso não é aceitável? Sair do edifício e congregação em um momento tão crítico

como o apelo público, sem informar ninguém para que saiu, seria considerado pela maioria

das pessoas como virar as costas para Deus e até mesmo como extinguir o Espírito. A igno-

rância a respeito do que tal pessoa saiu para fazer se tornaria em preconceito contra ela.

Em segundo lugar, a questão do local. A frente do edifício é o local onde os homens se

encontram com Deus — o “altar”. O pregador diz isso. A congregação acredita nisso. O

indivíduo pode acreditar nisto. O comando urgente é para “vir à frente” se alguém quer algo

sério com Deus. Nas mentes de muitos, este lugar é sagrado. É o único local onde Deus

pode ser encontrado naquele momento em particular. Não responder ao apelo da forma

esperada é supostamente estar fora de sintonia tanto com Deus quanto com o homem.

Em terceiro lugar, a questão do propósito. “Vir à frente” é um ato da vontade de receber a

Cristo como seu Salvador pessoal31, ou o propósito pode variar para incluir toda uma série

de preocupações religiosas: Batismo, membresia da igreja, “reconciliação”, uma chamada

para o ministério, um buscar para encontrar um sentido na vida, para a libertação de um

vício, para orar por uma determinada situação, etc. Respondendo ao “apelo” alegadamente

faz jus ao motivo, o que quer esse motivo possa ser, e faz com que o propósito seja espiritual-

mente eficaz32. E isso é feito diante de uma congregação. Um passo público foi tomado, um

compromisso público foi feito, o que é decisivo. Não responder ao “convite público” é consi-

derado equivalente a recusar teimosamente tanto a Deus quanto a obra de Seu Espírito.

__________

[30] Veja a Parte II e as citações de Charles Finney e sua defesa das “Novas Medidas”.

[31] Veja a nota de rodapé 2.

[32] “A decisão interna por Cristo é como apoiar um prego em uma tábua. Por outro lado, a declaração pública

é como martelar o prego, de modo que não seja facilmente arrancado dali. Impressão sem expressão pode

levar à depressão”. Leighton Ford, citado por Iain Murray, Op. cit.

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Em quarto lugar, a questão de postura: “Venha agora para a frente e ajoelhe-se diante do

altar!”. O que acontece com quem não se ajoelhar, mas simplesmente ir para a frente? Será

que vir e não ajoelhar é aceitável? Parece que o trabalho não foi ainda totalmente feito e

que a pessoa não estava preparada e suficiente “quebrantada” [broken down], para usar a

terminologia de Finney.

Um avivamento vai diminuir e parar, a menos que os Cristãos sejam frequentemente

re-convertidos. Quero com isto dizer, que os Cristãos, a fim de manter no espírito do

avivamento, comumente precisam ser frequentemente concedidos, e humilhados e

quebrantados diante de Deus, e “re-convertidos”. Isso é algo que muitos não enten-

dem, quando falamos de um Cristão sendo re-convertidos. Mas o fato é que, em um

avivamento, o coração do Cristão é susceptível a ir endurecendo, e perder o seu gosto

requintado pelas coisas Divinas; sua unção e prevalência em oração se abate, e então

ele deve ser convertido novamente. É impossível mantê-lo em tal estado em que ele

não prejudique a obra, a menos que ele passe por esse processo a cada poucos

dias33.

Não deve ser dito que tal pessoa atendeu ao propósito e orou até que ela se ajoelhe no

“altar”, diante da congregação, de uma forma aceitável?

Em quinto lugar, a questão de desempenho: Repetir uma oração? O Espírito de Deus não

levaria o indivíduo a clamar, como fez o pobre publicano: “Ó Deus, tem misericórdia de

mim, pecador!” [Lucas 18:13]? Não foi este o anúncio da conversão de Saulo a Ananias,

“...eis que ele está orando”? (Atos 9:11). Assinar um cartão? Isto é tão antibíblico quanto a

genuflexão, não é?34. Isto pode ser alegadamente necessário para uma sinalização da pes-

soa e de seu propósito em vir à frente, mas não tem eficácia espiritual. No entanto, panfletos

e outros cartões de compromisso, muitas vezes têm uma linha para que se possa fazer

uma assinatura e com isso selar sua decisão religiosa escrevendo seu nome você mesmo,

como um meio de se comprometer com Cristo, por qualquer motivo religioso dado.

Agora, vamos considerar o reverso destas coisas, a fim de visualizar a força de uma tradi-

ção tão antibíblica. E se, por uma questão de argumento, o pregador ou evangelista pedisse

às pessoas, para não vir para a frente, mas para ir para a parte de trás do edifício [“san-

tuário”?], se de forma verdadeiramente séria em relação ao estado de suas almas ou qual-

quer outra questão religiosa séria, fosse pedido às pessoas que não se ajoelhassem, mas

__________

[33] Charles Finney, Lectures on Revivals of Religion [Estudos Sobre os Avivamentos da Religião], p. 281.

[34] Genuflexão é o movimento de fazer o sinal da cruz sobre o peito e a cabeça de acordo com o ritual

Católico Romano.

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que se sentassem no chão e colocassem as mãos sobre suas cabeças e permanecessem

ali orando em silêncio ou cantarolando um hino em voz baixa? A congregação não pensaria

que o pregador estava completamente errado ou que tinha perdido o bom senso? Todos

não se oporiam imediatamente a esta alegada confusão? Isso seria algo inteiramente novo,

diferente, inovador, pragmático — e não pareceria algo intrinsecamente errado aos olhos

da congregação? Seria uma ruptura radical com uma prática que foi longamente aceita e

que havia assumido o lugar de ser essencial. As pessoas simplesmente não respondem,

indo na direção “errada” para longe de uma visão pública, para um lugar diferente do “altar”,

ou assumindo a postura “errada” ou não fazendo sua própria oração!

Será que realmente poderiam ser excluídas qualquer das seguintes questões do sistema

de Apelos: a questão de ser público, de ir para o lugar adequado, ter um propósito decla-

rado, exigir uma certa postura e a realização de um determinado ritual? Não são todas estas

questões algo sacramental? O lugar onde essas práticas não-bíblicas são realizadas é ver-

dadeiramente sacrossanto? Nenhum destes — o público, local, propósito, postura ou de-

sempenho — pode ser justificado a partir da Escritura. Este Sistema não é completamente

antibíblico, e, portanto, enganoso e perigoso? Este Sistema não é um sistema psicológico

e emocional, em vez de espiritual? Quem não gostaria de levantar-se contra uma prática

tão decididamente antibíblica? Apenas alguns, infelizmente, e estes têm muitas vezes sido

severamente criticados como sendo não-cooperantes e não-evangelísticos.

VI. A NATUREZA SACERDOTAL DO SISTEMA DE APELOS.

O Que é Sacerdotalismo?

O termo “sacerdotal” deriva do latim sacerdos, um sacerdote. “Sacerdotal”, então, refere-

se a um sistema religioso que funciona através de uma obra sacerdotal. O Cristianismo

Evangélico e Fundamentalista, sendo centralizado no Evangelho, não tem nada a ver com

qualquer tipo de altar em que os sacramentos são dispensados ou com um sacerdócio

terreno. O sacerdote fica entre Deus e os homens. E este próprio pensamento é repugnante

para Cristãos Evangélicos. Mas isso é realmente assim? Evangélicos e Fundamentalistas

não têm, na realidade, seu próprio sacramentalismo e sacerdotalismo? Nós já vimos a

natureza contraditória e não-bíblica do Sistema de Apelos, que é sacramental, em princípio.

Mas, agora, qual é a natureza sacerdotal deste sistema?35

___________

[35] Este escritor tem ouvido muitas vezes tais palavras de comando: “Venha à frente agora. Não demore! Dê

a mão para mim e seu coração para Cristo!”. Isso não é algo sacerdotal nas mentes daqueles que irão

responder? O pregador e a sua palavra de autoridade não são necessários para esta operação? Tudo

depende do fato das pessoas acreditarem ou não neste Sistema antibíblico.

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O pregador pregou uma mensagem vibrante. A excitação religiosa está altíssima. As emo-

ções da congregação estão profundamente agitadas. Tanto o pregador quanto as pessoas

antecipam a “chamada ao altar”. Ambos acreditam no Sistema de Apelos. Isso é alegada e

tradicionalmente o correto a se fazer neste momento crítico. Tudo em toda a programação

religiosa leva àquele momento — não para a pregação —, mas para este momento de crise

espiritual. Aqueles que participaram de tais programações e aceitaram a tradição antibíblica

do Sistema de Apelos são psicológica e emocionalmente orientados a fazerem qualquer

ação em resposta ao apelo do ministro para “vir à frente”, por qualquer variedade de moti-

vos, ou para orar fervorosamente com aquele que fez o apelo.

Pregador ou Sacerdote?

Qual é o exato papel do ministro que está à frente, no “altar”? O seu papel não é sacerdotal?

Ele permaneceu exatamente perante esta congregação como um homem de Deus,

poderosamente declarando a verdade Divina. Todos os olhos estão focados nele e todos

os ouvidos são preenchidos com sua voz de comando. As emoções estão muito afloradas.

Será que ele não estava entre a congregação e Deus, assim como Arão? Será que ele, por

assim dizer, não se tornou o mediador vocal entre Deus e os pecadores? Ele declara que

se alguém quer ou precisa vir à frente, por qualquer razão, que Deus vai se encontrar com

ele ou ela lá no “altar”. Ele se levanta, por assim dizer, como fizeram os profetas do Antigo

Testamento, ou os apóstolos do Novo Testamento. Seu comando ou insistência em meio a

uma atmosfera emocionalmente carregada torna-se a mensagem de Deus nas mentes das

pessoas, assim como foi na pregação. Não responder, o pregador declara, é recusar a

Deus, extinguir o Seu Espírito e rejeitar a Sua graça e oferta de salvação — ou qualquer

outra coisa que possa ser uma questão espiritual séria. Tanto o ministro quanto o povo têm

a voz do ministro e a voz de Deus como se fossem a mesma coisa, não é? Isso não foi

verdadeiro durante a pregação? Ele não declarou a Palavra de Deus fielmente com a

alegada unção do Espírito Santo? Será que o Espírito de Deus deixou este homem quando

o sermão terminou? Não pode ser! Certamente ele é cheio do Espírito quando ele declara,

comanda e pede às pessoas para responder à “chamada ao altar”. Ele está no “altar”, como

o único homem a quem os pecadores devem ouvir e obedecer à medida que ele dá

instruções relativas à salvação e compromisso espiritual. Vox sacerdotis, vox Dei, “A voz

do sacerdote é a voz de Deus”. A natureza sacerdotal do Sistema de Apelos é inevitável

caso alguém creia que existe absolutamente alguma realidade espiritual ali36.

__________

[36] A transição natural do sermão emocionalmente carregado para o apelo é crítica. A pressão emocional

deve ser mantida. É o ponto alto — o momento mais crítico — do culto. Por que alguém deveria ouvir ou

obedecer aos comandos do pregador uma vez que ele terminou seu sermão? Porque há a crença de que ele

continua a ser um homem de Deus que pode comandar com autoridade espiritual, e convidar a vir à frente

aqueles que acreditam em tal imperativo espiritual. Que o Sistema de Apelos não é bíblico e que este homem

não tem autoridade bíblica para o que ele faz ou então pede não surte nenhum efeito. O sermão e o Sistema

de Apelos tornaram-se uma experiência espiritual nas mentes e emoções da congregação.

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Sacerdote ou Psicólogo?

Há uma outra abordagem para o papel do ministro no âmbito do Sistema de Apelos. Con-

siderando que este sistema não é bíblico, nem espiritual, mas inteiramente pragmático e

meramente psicológico, o ministro não faz mais o papel de um psicólogo do que de um

sacerdote? A presença e a voz do homem estão comandando e exigindo. Ele acaba de

concluir um poderoso sermão cheio de emocionalismo. A música ou o canto aumenta a

antecipação. A atmosfera está emocionalmente carregada. O ministro é o foco da congre-

gação. Ele é o homem de Deus. Sua palavra é tão determinante como quando ele estava

pregando. Ele está em seu poder e prerrogativa para convidar, demandar, exortar ou supli-

car e dirigir. Ele tem, neste momento, algo como um tremendo poder e influência sobre a-

queles que estão reunidos diante dele, caso eles também acreditem no Sistema de Apelos.

Embora não se possa duvidar da seriedade e completa sinceridade do pregador e das

pessoas reunidas, para aqueles que não acreditam neste sistema antibíblico, pragmático,

ele é visto como um desvio da Escritura e, portanto, apartado de qualquer autoridade dada

por Deus. Tudo neste momento, após a pregação e exortação dos homens a fugirem para

Cristo (Atos 2:40), é simplesmente psicológico e emocional, seja qual for o motivo que

possa ser alegado, não importa quão “espiritual” possa parecer. Isto, então, se torna uma

questão de uma busca forte, exigente ou apelativa à personalidade visando pressionar a

vontade de outros para que obedeçam às suas exigências. É uma competição de vontades,

e isso é tudo — uma disputa de vontades impostas por uma alegada habilidade por parte

do ministro que preside de discernir os pensamentos e intenções do coração quando ele

afirma publicamente que alguns são desonestos, hipócritas ou entristecem o Espírito Santo

se eles não conseguem atender ao apelo37! Aqueles no serviço encontram que isso é uma

crise espiritual em suas próprias mentes e de acordo com as suas próprias tradições religi-

osas. Enquanto o ministro é livre para falar, exigir, acusar, intimidar ou persuadir, aqueles

que se recusam a responder e aceitar da maneira tradicional devem permanecer em

silêncio e serem vistos como reticentes, incoerentes, desonestos e não espirituais, ou mes-

mo como atrapalhando a ação do Espírito de Deus naquela reunião. Mas, para aqueles,

que detêm a verdade bíblica e não este sistema antibíblico, aquilo é simplesmente o uso

de pressão e manipulação psicológica que, para alguns, pode até parecer, às vezes, o qua-

__________

[37] Como o ministro conhece o coração da pessoa? Será que ele tem discernimento sobrenatural? Ou será

que ele só presume conhecer o coração da pessoa? Ele quer possui o dom apostólico da revelação Divina e

uma infalibilidade inspirada, ou em seu estado excessivamente zeloso e emocional, ele procura pressionar

psicologicamente os seus ouvintes a se renderem à sua vontade? Nós suspeitamos que o que acontece é o

último, e não o primeiro. E ele não espera que a congregação concorde com ele em suas afirmações

ignorantes, mas ousadas? Esta é certamente uma abordagem sacerdotal.

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se abuso que é feito para com aqueles que são lavados a sentirem-se desonestos ou

culpados se eles não responderem38.

VII. A NATUREZA PREJUDICIAL DO SISTEMA DE APELOS.

Doutrina, Prática e Uma Metodologia Antibíblica

Qualquer sistema ou metodologia antibíblica assimilado pelo Cristianismo Bíblico produz

muito mal. Ele provoca dano doutrinária porque traz o Cristianismo a uma incoerência ou

contradição que é visivelmente antibíblica. Isso necessariamente abre mais e mais o cami-

nho do erro doutrinário para acomodar a prática antibíblica. Tanto a fé [crença] como a

prática [experiência Cristã] são afetadas. Isto produz um mal eterno àqueles que são víti -

mas de uma tal metodologia antibíblica. Conversões falsas são a ruína do Cristianismo

Evangélico moderno. Além disso, isso faz um grande dano social à medida que a sociedade

testemunha o triste estado do Cristianismo, quando os Cristãos professos apostatam ou

levam o nome de nosso Senhor e Suas igrejas ao descrédito39. Quatro questões problema-

ticas são consideradas em conclusão:

Uma Abordagem Híbrida Para O Evangelismo

Em primeiro lugar, a verdade bíblica da salvação torna-se cada vez mais misturada com o

erro. Embora possa ser possível reter a verdade da livre e soberana graça de Deus na

salvação segundo as Escrituras, a tendência do Sistema de Apelos é para um sistema Pela-

giano que se centra na plenitude da capacidade humana. O livre-arbítrio e a livre graça são

totalmente opostos um ao outro. A abordagem híbrida que busca alinhar a livre graça ao

Sistema de Apelos deve, inevitavelmente, prejudicar o puro Evangelho da graça de Deus.

A mensagem e a metodologia devem coincidir. Até mesmo alguns pregadores da graça

soberana, ansiosos por resultados visíveis, tendem em direção a uma “crença-fácil” quando

o Sistema de Apelos entra em sua metodologia evangelística. Os resultados de tal evan-

gelismo híbrido têm sido muitas vezes amargamente decepcionantes e, às vezes, trágicos.

__________

[38] Este escritor recorda momentos em que o ministro se tornou abusivo para pressionar as pessoas a

responderem. Por exemplo: “Ora, eu vim para a frente e recebi a Cristo como meu Salvador pessoal da

primeira vez que ouvi o Evangelho! Você é desonesto se você não vir neste momento!”. Este é um exemplo

moderado; algumas acusações têm sido claramente pessoais e abusivas. Tal atitude acusativa e presunçosa

tem sido muito comum na experiência deste escritor.

[39] Cf. Robert L. Dabney, Op. cit., pp. 557-574, alguém que lidou bem com os perigos e a natureza destrutiva

do Sistema de Apelos como visto em seus dias.

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Conversões Espúrias

Em segundo lugar, o Sistema de Apelos promove conversões espúrias. Por sua própria

natureza, promove a ideia de que os resultados espirituais podem ser conhecidos imediata

e infalivelmente. Aqueles sob convicção de pecado ou que fazem uma profissão aberta

podem ser pressionados por meio do processo de metodologia evangelística defeituoso a

darem uma garantia, quando apenas a curiosidade pode ter sido despertada ou a consci-

ência pode somente ter sido incomodada em relação a algum pecado ou pecados especí-

ficos e o agente em tal convicção não é o Espírito de Deus. Nem todas as convicções de

consciência, mesmo que possam ser grandes e sérias, são convicções salvíficas que levam

o pecador ao arrependimento e à fé no Senhor Jesus (João 8:9; Atos 26:9). A fé salvífica é

o dom de Deus (Efésios 2:8-10), bem como o arrependimento salvífico (Atos 11:18). Em

verdade, a fé salvífica é um compromisso absoluto e sem reservas para com Jesus Cristo

como Senhor e Salvador40. Não há questionamento algum sobre o senhorio de Jesus Cristo

na salvação41.

O Sistema de Apelos tem a tendência de promover uma “crença-fácil”. Há uma grande

diferença entre a conversão bíblica e o “decisionismo” religioso. A conversão bíblica signi-

fica o início de uma vida transformada. É a manifestação imediata e inevitável da graça re-

generadora42. Em nossos dias, há muitas conversões espúrias — pessoas que professam

a fé em Cristo e até mesmo alguns são adicionados às nossas igrejas sem a manifestação

suficiente da graça salvífica43. As Escrituras descrevem e alertam contra tais coisas como

aqueles que tem somente uma “fé temporária” (Mateus 13:20-21; Marcos 4:16-17; Lucas

8:13), uma fé que “se encanta com sinais” ou com a verdade, mas logo desaparece (João

__________

[40] A fórmula técnica “para crer nEle”, Cristo [πιστεύων εἰς] como encontramos em João 3:16 e outras

passagens importantes, significa um compromisso total e sem reservas com o nosso Senhor. Cf. H. E. Dana

e Julius R. Mantey, A Manual Grammar of the Greek New Testament [Um Manual de Gramática do Grego do

Novo Testamento]. Nova Iorque: Macmillan, 1957, p. 105.

[41] Cf. Atos 2:36; Romanos 10:9-10; 2 Coríntios 4:5. Nas duas últimas passagens do uso predicativo do duplo

acusativo deve ser lido “a Jesus Cristo como Senhor”. Como Deus constituiu o Senhor Jesus Cristo como

“Senhor” em sua ressurreição e ascensão, ninguém pode vir a Ele de modo salvífico por ninguém menos do

que Ele próprio. Vir para debaixo do Seu senhorio é o começo de uma vida verdadeiramente convertida.

[42] Veja o ponto “Regeneração e Conversão”, deste estudo.

[43] Em Oberlin Evangelist, em 1875, Finney escreveu: “Se eu tivesse meu tempo de volta, eu não pregaria

nada, senão santidade. Meus convertidos são uma desgraça para a religião, e se eu tivesse o meu tempo de

volta, eu não pregaria nada além de santidade”. Citado por D. M. Lloyd-Jones, Conversions: Psychological

and Spiritual [Conversões: Psicológicas e Espirituais]. InterVarsity Press, 1974. p. 31. As inclinações

Perfeccionista de Finney o levaram a pensar que mais santificação manteria sua “conversão” justificada, mas

a santidade é alheia para aqueles indivíduos que não possuem a graça.

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2:23-25), uma fé meramente teórica, que é mantida por um tempo por causa de conveni-

ência (João 12:42; Atos 26:27-28) e uma mera fé intelectual (1 Coríntios 15:1-2). Crentes

professos são exortados ao autoexame (2 Coríntios 13:5). Mas se o Sistema de Apelos é

válido, como seus adeptos alegam, então, todos aqueles nas passagens anteriores devem

ser verdadeiramente convertidos! A maioria destes tinha feito algum tipo de “decisão

religiosa”! Ninguém deseja promover conversões espúrias. Mas se o Sistema de Apelos é

válido, então todos aqueles que respondem devem ser considerados como “salvos”.

“As Decisões de Primeira Vez” e a Reconciliação

Em terceiro lugar, uma vez que estes professam a fé — fizeram uma “decisão de primeira

vez” — eles são muitas vezes isolados de outras sondagens evangelísticas da mente e do

coração. Eles acreditam que foram “salvos”, e se eles não caírem em breve (Mateus 13:20-

21), continuarão em sua profissão de fé vazia, embora “eles não dão fruto com perfeição”

(Lucas 8:7, 14). Eles recebem uma segurança antibíblica. Se estes caírem em pecado que

se torne conhecido ou tiverem dúvidas quanto ao seu suposto estado espiritual, eles são

instados a, mais uma vez “virem à frente” no “apelo” e “reconciliar-se” com Deus44. Ninguém

pode ousar sugerir que sua “decisão de primeira vez” foi defeituosa. Afinal de contas, eles

tiveram a experiência momentânea e isolada, o tempo e o lugar para provarem que eles

são “salvos”. Pois questionar a própria experiência de salvação, alcançada por meio do Sis-

tema de Apelos, seria desacreditar todo o sistema em si. Estes devem ser “salvos”, caso

eles manifestem as características de um verdadeiro crente ou não. Se eles fizerem isso e

continuarem vivendo em pecado, eles geralmente são convenientemente considerados

como “cristãos carnais” que estão “salvos”, embora o seu modo de vida possa revelar-se

abertamente pecaminoso. Eles sempre podem “ir à frente” novamente e “re-dedicar” suas

vidas ou “tornar Jesus o Senhor de suas vidas”. Assim, eles podem deixar de ser “Cristãos

carnais” e passarem a ser “Cristãos espirituais”. Isto pode estar em conformidade com as

Escrituras?

A ideia de que os Cristãos podem ser “carnais” ou “espirituais” é uma dicotomia que é antibí-

blica. Os Coríntios foram chamados de “carnais” (1 Coríntios 3:1-4) porque eles olharam

para os seus heróis humanos mais do que para o nosso Senhor. Eles não foram chamados

de “carnais”, porque eles estavam vivendo vidas não-convertidas. A afirmação do apóstolo

Paulo em Romanos 7:13 como sendo “carnal”, é literalmente “feito de carne” — seu senso

__________

[44] “Reconciliação” [ou Re-dedicação] é outro ritual não-bíblico inerente no Sistema de Apelos. A única “re-

dedicação” conhecida nas Escrituras foi a de Zorobabel ao recolocar a fundação do Templo de Salomão

(Esdras 3:10-13). Este rito em praticidade parece corresponder aproximadamente ao confessionário Papista

em lidar com o pecado e possibilitar um novo começo, exceto que não há necessidade de revelar ou confessar

abertamente o pecado. O simples ato de uma “reconciliação” pública geralmente é suficiente.

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de fraqueza, à luz da absolutamente justa e santa Lei de Deus. Romanos 8:1-11, não é um

contraste entre os Cristãos “carnais” e “espirituais”, mas sim entre as pessoas, convertidos

e não-convertidos. (Deve ser cuidadosamente notado que a seção inteira, Romanos 6:15—

8:11, trata da relação do crente com a Lei de Deus. Não há nenhuma divisão em 8:1, e,

portanto, Romanos 7:13-25 não termina com uma declaração de derrota, mas, sim, em 8:1-

11 com uma declaração de vitória). Também inerente a este sistema é a ideia de que a sal-

vação é somente do castigo eterno. Muitas vezes há pouca ou nenhuma atenção dada à

realidade bíblica de que a salvação é, atual, do poder reinante do pecado (Romanos 6:14-

18) e, finalmente, do castigo eterno. Esta é também uma negação da união do crente com

Cristo e da necessidade de uma vida posteriormente convertida (Romanos 6:2-6; 2 Corín-

tios 5:14-17).

Uma Segurança Antibíblica

Finalmente, o Sistema de Apelos promove uma segurança antibíblica da salvação. A partir

do testemunho do Novo Testamento, podemos afirmar que um grau de segurança é normal-

mente o ponto culminante da experiência de conversão. Isto está intrinsecamente relacio-

nado com a própria natureza da própria fé salvífica. O pecador crente após haver recebido

os dons Divinos da fé e do arrependimento (Efésios 2:4-10; Filipenses 1:29; Atos 11:18,

18:27), através da compreensão da verdade Divina (João 17:17; 1 João 2:20, 27), do

testemunho do Espírito de Deus (Romanos 5:5; 8:11-16), e da realização dinâmica da graça

Divina na vida (Romanos 6:1-14, 17-18; 8:11-16), possui uma razoável certeza de que ele

é uma nova criatura em Cristo Jesus e alegra-se com isto (2 Coríntios 5:17; Romanos 5:1-

2). Ele está ciente do amor incondicional de Deus, o qual é constante concedido a Ele pelo

Espírito Santo (Romanos 5:5). Essa elementar segurança é:

• Inferencial — Alguém pode inferir a partir de várias Escrituras que ele é salvo — que

ele colocou sua fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador (João 3:16, 5:24; Atos

16:31; Romanos 10: 9, 10, 13, 17).

• Evidente — Alguém que carrega as marcas da graça ou apresenta as características

de uma vida convertida (Romanos 5:5, 6:1-18, 8:11-16; Gálatas 5:16-18, 22, 23; 1

Tessalonicenses 2:13; Hebreus 12:14; 1 João 2:3-5; 3:3-10, 14).

• Interna ou Imediata — o testemunho do Espírito Santo em relação a realidade da

vida espiritual (Romanos 5:5, 8:1-16; 2 Coríntios 3:17-18)45.

__________

[45] Uma nota de cautela e explicação pode ser apropriada. O aspecto inferencial de segurança — a abor-

dagem usual e individual na maioria dos círculos Evangélicos — por si só pode ser presunção. O aspecto

probatório, por si só, poderia ser mero legalismo, e o aspecto interno ou imediato, por si só, pode tender para

um misticismo. Mas tomados em conjunto, formam uma firme base bíblica de segurança de fé.

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Nunca nas Escrituras a salvação é baseada em uma isolada e momentânea experiência

religiosa [“decisão”], um tempo e um lugar. No entanto, este é o tipo de segurança não-

bíblica que é fomentada pelo Sistema de Apelos, e tornou-se comum no Cristianismo Evan-

gélico e Fundamentalista46.

CONCLUSÃO

Este artigo discutiu algumas das principais razões por que não usamos o Sistema de Ape-

los. Este sistema não é neutro e, deste modo, opcional; é claramente antibíblico, e, portanto,

prejudicial. Sua história revela seu verdadeiro caráter psicológico e pragmático, e como ele

coloca ambos os lugares e os homens em posições que são bastante contrárias à Palavra

de Deus por aqueles que aceitam esse sistema antibíblica. Nós vemos como ele é, em

princípio e prática, de natureza sacramental e sacerdotal. Em seu zelo ansioso por resulta-

dos imediatos e tangíveis, os ministros podem tornar-se exigentes e até mesmo abusivos

em suas apelações. Seus frutos maus são muitas vezes vistos nas vidas daqueles que

foram seduzidos por seus erros. Como um sistema, ele reúne em si uma série de outras

crenças e práticas não-bíblicas.

Esta é uma dura lição sobre a capacidade da natureza humana religiosa para acomodar o

erro através da tradição e substituir a verdade das Escrituras por um sistema pragmático e

manifestamente antibíblico. Apesar de não duvidar da sinceridade, seriedade, zelo e amor

pelas almas por parte daqueles que usam este sistema, temos de sustentar, tanto quanto

é humanamente possível, pela graça de Deus, o princípio da Sola Scriptura. As palavras

dos profetas Isaías e Jeremias merecem destaque e devem ser cuidadosamente conside-

radas:

“À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há

luz neles” (Isaías 8:20).

“Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o

meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto?” (Jeremias 5:31).

__________

[46] Quando alguns ficam duvidosos, eles são questionados: “Você não foi sincero quando fez a sua

decisão?!”. Claro que foram. Então, eles são exortados a nunca mais duvidar. E se duvidarem, eles são

informados com toda a autoridade: “Simplesmente aponte para o tempo, o lugar e a oração, e chame o Diabo

de mentiroso!”. Duvidar ou chegar à conclusão de que eles não foram “salvos” quando eles fizeram a sua

“decisão” religiosa seria desacreditar todo o Sistema de Apelos. Alguns, no entanto, incluindo este escritor,

foram posteriormente convertidos muito depois de terem feito a sua “decisão pela primeira vez”. Estes veem

os efeitos perniciosos e conhecem o vazio deste sistema, como é comumente praticado.

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Warfield], Vol. VIII. Perfeccionismo [Perfecionismo] Parte II. Grand Rapids: Baker Book

House, 1981. 611 pp.

Sola Scriptura • Scriptura Mensura

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

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— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.