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Políticas do Pós-Anarquismo De Protopia Saul Newman Recentemente, a política radical têm enfrentado um sem-número de novos desafios, contando com a reemergência de um Estado agressivo e autoritário em um novo paradigma de segurança e biopolítica. A “guerra contra o terror” funciona como o mais recente disfarce para a reafirmação agressiva do princípio de soberania do Estado, para além dos limites tradicionais impostos a ele pelas instituições legais ou políticas democráticas. Em aliança a isso, há a hegemonia dos projetos neoliberais de globalização do capitalismo, assim como o obscurantismo ideológico da assim chamada Terceira Via. A desilusão profunda que veio com o colapso dos sistemas comunistas há quase duas décadas resultou em um vácuo político e teórico para a esquerda radical, que tem sido em geral inefetiva em suas tentativas de conter a ascensão da extrema direita na Europa, assim como a um ‘conservadorismo rastejante’ cujas implicações ideológicas começam a se determinar. O momento anarquista É talvez por causa do desamparo em que se encontra hoje a esquerda que têm havido um novo interesse no anarquismo como alternativa radical ao marxismo. De fato, o anarquismo sempre foi uma espécie de ‘terceira via’ entre o liberalismo e o marxismo, e agora, com o desencanto geral sentido tanto em relação ao liberalismo estilo “livre-mercado’ e o socialismo centralista, o apelo do, ou ao menos o interesse no, anarquismo tende a aumentar. Esse ressurgimento também é devido à proeminência do movimento de anti-globalização (um termo bastante amplo, aliás). Esse é um movimento que contesta a dominação da globalização neoliberal em todas as suas manifestações – da cobiça corporativa à degradação ambiental e os alimentos geneticamente modificados. Baseia-se à volta de um programa de protestos sociais amplo que incorpora uma multitude de preocupações e identidades políticas diferentes. No entanto, o que estamos observando aqui é claramente uma nova forma de política radical – fundamentalmente diferente tanto das políticas particularizadas da identidade que têm prevalecido nas sociedades liberais ocidentais, quanto da antiga política marxista da luta de classes. Por um lado, o movimento anti-globalização une diferentes identidades à volta de uma luta comum; por outro, esse campo em comum não é determinado a priori, ou baseado na prioridade de interesses de uma classe em particular, mas articulado de forma contingente durante a luta em si. O que torna esse movimento radical é sua imprevisibilidade e indeterminância – a forma como ligações e alianças inesperadas são formadas entre diferentes identidades e grupos que, de outra forma, teriam pouco em comum. Ao mesmo tempo em que esse movimento é universal, no sentido de invocar um horizonte emancipativo comum que constitui as identidades dos participantes, ele rejeita a falsa universalidade das lutas marxistas, que negam a diferença e subordinam as outras lutas ao papel central do proletariado – ou, mais precisamente, ao papel vanguardista do Partido. É essa recusa de políticas centralistas e hierárquicas, essa abertura à pluralidade de identidades e lutas diferentes, que torna o movimento anti-globalização um movimento anarquista. Não é anarquista somente porque os grupos anarquistas são proeminentes nele. O que é mais importante é que o movimento anti-globalização, sem ser conscientemente anarquista, incorpora uma forma anarquista de política em sua estrutura e organização [1] – que é descentralizada, pluralista e democrática – assim como a inclusividade. Da mesma forma que anarquistas clássicos como Bakunin e Kropotkin insistiam, em oposição aos marxistas, que a luta revolucionária não deve ser confinada por interesses classistas do proletariado industrial, e deve ser aberto ao campesinato, ao lúmpen-proletariado, aos intelectuais déclassé, etc., também o movimento contemporâneo inclui uma ampla escala de lutas, identidades e interesses – sindicatos, estudantes, ambientalistas, grupos indígenas, minorias étnicas, ativistas contra a guerra, e por aí vai. Políticas do Pós-Anarquismo - Protopia http://pt.protopia.at/wiki/Políticas_do_Pós-Anarquismo 1 de 9 25/06/2015 20:09

Políticas Do Pós-Anarquismo - Paul Newman

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  • Polticas do Ps-AnarquismoDe Protopia

    Saul Newman

    Recentemente, a poltica radical tm enfrentado um sem-nmero de novos desafios, contando com areemergncia de um Estado agressivo e autoritrio em um novo paradigma de segurana e biopoltica. Aguerra contra o terror funciona como o mais recente disfarce para a reafirmao agressiva do princpio desoberania do Estado, para alm dos limites tradicionais impostos a ele pelas instituies legais ou polticasdemocrticas. Em aliana a isso, h a hegemonia dos projetos neoliberais de globalizao do capitalismo,assim como o obscurantismo ideolgico da assim chamada Terceira Via. A desiluso profunda que veio como colapso dos sistemas comunistas h quase duas dcadas resultou em um vcuo poltico e terico para aesquerda radical, que tem sido em geral inefetiva em suas tentativas de conter a ascenso da extrema direitana Europa, assim como a um conservadorismo rastejante cujas implicaes ideolgicas comeam a sedeterminar.

    O momento anarquista

    talvez por causa do desamparo em que se encontra hoje a esquerda que tm havido um novo interesse noanarquismo como alternativa radical ao marxismo. De fato, o anarquismo sempre foi uma espcie deterceira via entre o liberalismo e o marxismo, e agora, com o desencanto geral sentido tanto em relao aoliberalismo estilo livre-mercado e o socialismo centralista, o apelo do, ou ao menos o interesse no,anarquismo tende a aumentar. Esse ressurgimento tambm devido proeminncia do movimento deanti-globalizao (um termo bastante amplo, alis). Esse um movimento que contesta a dominao daglobalizao neoliberal em todas as suas manifestaes da cobia corporativa degradao ambiental e osalimentos geneticamente modificados. Baseia-se volta de um programa de protestos sociais amplo queincorpora uma multitude de preocupaes e identidades polticas diferentes. No entanto, o que estamosobservando aqui claramente uma nova forma de poltica radical fundamentalmente diferente tanto daspolticas particularizadas da identidade que tm prevalecido nas sociedades liberais ocidentais, quanto daantiga poltica marxista da luta de classes. Por um lado, o movimento anti-globalizao une diferentesidentidades volta de uma luta comum; por outro, esse campo em comum no determinado a priori, oubaseado na prioridade de interesses de uma classe em particular, mas articulado de forma contingentedurante a luta em si. O que torna esse movimento radical sua imprevisibilidade e indeterminncia a formacomo ligaes e alianas inesperadas so formadas entre diferentes identidades e grupos que, de outraforma, teriam pouco em comum. Ao mesmo tempo em que esse movimento universal, no sentido deinvocar um horizonte emancipativo comum que constitui as identidades dos participantes, ele rejeita a falsauniversalidade das lutas marxistas, que negam a diferena e subordinam as outras lutas ao papel central doproletariado ou, mais precisamente, ao papel vanguardista do Partido.

    essa recusa de polticas centralistas e hierrquicas, essa abertura pluralidade de identidades e lutasdiferentes, que torna o movimento anti-globalizao um movimento anarquista. No anarquista somenteporque os grupos anarquistas so proeminentes nele. O que mais importante que o movimentoanti-globalizao, sem ser conscientemente anarquista, incorpora uma forma anarquista de poltica em suaestrutura e organizao [1] que descentralizada, pluralista e democrtica assim como a inclusividade.Da mesma forma que anarquistas clssicos como Bakunin e Kropotkin insistiam, em oposio aos marxistas,que a luta revolucionria no deve ser confinada por interesses classistas do proletariado industrial, e deveser aberto ao campesinato, ao lmpen-proletariado, aos intelectuais dclass, etc., tambm o movimentocontemporneo inclui uma ampla escala de lutas, identidades e interesses sindicatos, estudantes,ambientalistas, grupos indgenas, minorias tnicas, ativistas contra a guerra, e por a vai.

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  • Como ps-marxistas como Ernesto Laclau e Chantal Mouffe argumentam, o horizonte da poltica radical noest mais dominado pelo proletariado e sua luta contra o capitalismo. Eles apontam para uma srie de novosmovimentos sociais e identidades negros, feministas, minorias tnicas e sexuais que no cabem mais nacategoria marxista de luta de classes: O denominador comum de todas elas seria sua diferenciao da lutados trabalhadores, consideradas como lutas de classe [2]. A classe deixa de ser a categoria central atravsda qual a subjetividade poltica radical definida. Alm disso, as lutas polticas contemporneas no estomais determinadas pela luta contra o capitalismo, mas apontam para novos espaos de dominao e realamnovas reas de antagonismo racismo, privatizao, polticas de controle no espao de trabalho,burocratizao, etc. Como Laclau e Mouffe argumentam, esses novos movimentos sociais tornaram-seprimariamente lutas contra a dominao, em oposio mera explorao econmica que o paradigmamarxista supe: Quanto sua novidade, conferida a eles pelo fato de que chamam a ateno a novasformas de subordinao [3]. Isso equivale a dizer que so lutas anti-autoritrias lutas que contestam afalta de reciprocidade em relaes particulares de poder. Aqui, a explorao econmica vista como parteda problemtica mais ampla da dominao que tambm inclui formas culturais e sexuais de subordinao.Nesse sentido, possvel afirmar que essas lutas e antagonismos apontam para um momento anarquista napoltica contempornea.

    De acordo com os ps-marxistas, as condies polticas contemporneas simplesmente no podem mais serexplicadas dentro das categorias tericas e paradigmticas centrais teoria marxista. O marxismo eraconceitualmente limitado por seu essencialismo classista e determinismo econmico, que tiveram o efeito dereduzir o poltico a um espao que era estritamente determinado pela economia capitalista e da emergnciadialtica do que era entendido como um sujeito universalmente emancipativo. Ou seja, o marxismo foiincapaz de entender o poltico como um campo autnomo, especfico e contingente por si s, observando-osempre como o efeito super-estrutural das estruturas econmicas e de classe. Assim, a anlise da polticasempre foi subordinada anlise do capitalismo. Por isso, o marxismo simplesmente no teve alcance emlutas polticas que no foram baseadas em classe, e no esto mais centradas volta de questeseconmicas. A falha catastrfica do projeto marxista sua culminncia em perpetuao massiva ecentralizao do poder do Estado e da autoridade mostrou sua negligncia em relao importncia eespecificidade do domnio poltico. Por contraste, os ps-marxistas contemporneos demonstraram aprimazia do poltico, observando-o como um campo autnomo um campo que, ao invs de ser determinadopela dinmica de classes e pela ao da economia capitalista, radicalmente contingente e indeterminado.

    O que surpreendente, pois, que a teoria ps-marxista no reconheceu a contribuio crucial doanarquismo clssico conceituao de um campo poltico totalmente autnomo. De fato, precisamenteessa nfase na primazia e especificidade do poltico que caracteriza o anarquismo e o distingue do marxismo.O anarquismo ofereceu uma crtica socialista radical do marxismo, expondo o ponto cego terico da questodo poder estatal. Diferentemente do marxismo, que via o poder poltico como derivado da posio de classe,anarquistas como Mikhail Bakunin insistiram que o Estado deve ser visto como o principal impedimento auma revoluo socialista, e que era opressivo no importa que forma tomasse ou que classe o controlava:Eles (os marxistas) no sabem que o despotismo no reside somente na forma do Estado, mas no prprioprincpio do Estado e do poder poltico [4]. Em outras palavras, a dominao existe na prpria estrutura elgica do Estado ele constitui um campo autnomo ou lugar do poder, que deve ser destrudo como oprimeiro ato da revoluo. Os anarquistas acreditavam que a negligncia de Marx a esse domnio teriaconseqncias desastrosas para a poltica revolucionria uma profecia que se cumpriu na RevoluoBolchevique. Para os anarquistas, o poder poltico centralizado no poderia ser facilmente superado, esempre h o risco de que seja reafirmado a no ser que fosse especificamente endereado. A inovaoterica do anarquismo, pois, residia em tomar a anlise do poder para alm do paradigma econmico-reducionista do marxismo. O anarquismo tambm apontava para outros campos de autoridade e dominaoque foram negados pela teoria marxista por exemplo, a Igreja, a famlia e as estruturas patriarcais, a lei, atecnologia e a estrutura e hierarquia do Partido marxista [5]. Ofereceu novas ferramentas tericas para aanlise do poder poltico e, nesse processo, abriu o campo do poltico como um campo especfico da luta edo antagonismo revolucionrios, que no podiam mais serem subordinados a preocupaes puramenteeconmicas.

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  • Dadas as contribuies do anarquismo para a poltica radical e, em particular, sua proximidade terica aosprojetos ps-marxistas, curioso o silncio de parte da teoria radical contempornea sobre essa tradiorevolucionria. Entretanto, eu poderia sugerir que, assim como a teoria contempornea deveria levar emconta a interveno do anarquismo, o anarquismo poderia tambm beneficiar-se grandemente pelaincorporao de perspectivas tericas contemporneas, em particular aquelas derivadas da anlise dodiscurso, da psicanlise e do ps-estruturalismo. Talvez pudssemos afirmar que o anarquismo, hoje, tmsido mais prtica do que teoria, apesar, lgico, das intervenes de diversos pensadores anarquistasmodernos influentes como Noam Chomsky, John Zerzan e Murray Bookchin [6]. Eu j apontei a anarquiaem ao que vemos nos novos movimentos sociais que caracterizam nossa paisagem poltica. Entretanto, asprprias condies que deram origem ao momento anarquista pluralizao de lutas, subjetividades ecampos de poder so tambm as condies que realam as contradies centrais e as limitaes da teoriaanarquista. A teoria anarquista ainda altamente baseada no paradigma humanista do Iluminismo comsuas noes essencialistas de sujeito humano racional, e sua f positivista na cincia e nas leis histricasobjetivas. Assim como o marxismo foi limitado politicamente por suas categorias de determinismoeconmico e de classe, assim como por sua viso dialtica de desenvolvimento histrico, podemos afirmarque o anarquismo limitado por seu ancoramento epistemolgico nos discursos essencialistas e racionalistasdo humanismo do Iluminismo.

    Novos Paradigmas do SocialPs-estruturalismo e Anlise de Discurso

    O paradigma humanista do Iluminismo tem sido superado pelo paradigma da ps-modernidade, que pode servisto como uma perspectiva crtica dos discursos da modernidade uma incredulidade em relao smetanarrativas, como diria Jean-Franois Lyotard [7]. Em outras palavras, o que a condio ps-modernacoloca em questo precisamente a universalidade e o absolutismo dos esqueletos racionais e moraisderivados do Iluminismo. Ela desmascara as prprias idias que assumimos como verdadeiras nossa f nacincia, por exemplo -, mostrando sua natureza arbitrria, e a forma como foram contrudas atravs daexcluso violenta de outros discursos e perspectivas. O ps-modernismo tambm questiona as idiasessencialistas acerca da subjetividade e da sociedade a convico de que h uma verdade central eimutvel na base de nossa identidade e de nossa existncia social, uma verdade que s pode ser reveladaquando as mistificaes irracionais da religio ou da ideologia tiverem sido descartadas. Ao invs disso, ops-modernismo enfatiza a natureza mutante e contigente da identidade a multiplicidade de formas atravsdas quais ela pode ser experienciada e entendida. Alm disso, ao invs da histria ser compreendida como odesdobramento de uma lgica racional ou verdade essencial como na dialtica, por exemplo -, vista, daperspectiva ps-moderna, como uma srie de acidentes e contingncias, sem origem ou telos. Ops-modernismo, pois, enfatiza a instabilidade e a pluralidade da identidade, a natureza construda darealidade social, a incomensurabilidade da diferena, e a contigncia da histria.

    Existe um grande nmero de estratgias contemporneas da teoria crtica que engajam-se com a questo daps-modernidade, e que eu vejo como tendo implicaes cruciais para as polticas radicais atuais. Essasestratgias incluem o ps-estruturalismo, a anlise do discurso e o ps-marxismo. Elas derivam de umavariedade de campos diferentes da filosofia, da teoria poltica, dos estudos culturais, da esttica e dapsicanlise, e ainda assim o que compartilham largamente um entendimento discursivo da realidade social.Isso equivale a dizer que vem as identidades sociais e polticas como construtos construdos atravs dasrelaes de discurso e poder, e no possuindo qualquer sentido inteligvel fora desse contexto. Alm disso,essas perspectivas vo alm de um entendimento estrutural-determinista do mundo, apontando para aindeterminncia da estrutura em si, assim como a suas mltiplas formas de articulao. Houveram diversasproblemticas tericas chave que podem ser traadas aqui e que so centrais no somente para o campopoltico contemporneo, mas tambm tem implicaes importantes para o anarquismo em si.

    A) A opacidade do social. O campo scio-poltico caracterizado por mltiplas camadas de articulao,antagonismo e dissimulao ideolgica. Ao invs de haver uma verdade social objetiva para alm dainterpretao e da ideologia, existe somente um antagonismo de articulaes conflitantes do social. Issoderiva do princpio althusseriano (e originalmente freudiano) de sobredeterminao onde o significado

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  • nunca ultimamente fixado, dando espao para uma pluralidade de interpretaes simblicas. Slavoj Zizeknos proviu de um exemplo interessante dessa operao discursiva atravs da discusso de ClaudeLevi-Strauss sobre as diferentes percepes da localizao espacial de construes entre membros de umatribo de Winnebago. A tribo dividida em dois grupos aqueles que so de cima e aqueles que so debaixo. A um indivduo de cada grupo pediu-se que desenhasse um esquema de sua vila na areia ou em umpedao de papel. O resultado foi uma diferena radical entre as representaes de cada grupo. Aqueles queso de cima desenharam a vila como uma srie de crculos cocntrincos dentro de crculos, com um grupode crculos no centro e uma sroe de crculos-satlite embolsados volta deles. Isso corresponderia imagem conservativo-corporativista da sociedade tomada pelas classes superiores. Aqueles que so debaixo desenharam a vila tambm como um crculo, mas um que era claramente dividido por uma linha entreduas metades antagonistas correspondendo, pois, imagem revolucionria-antagonista tomada pelasclasses baixas. Zizek comenta:

    a prpria ciso entre as duas percepes relativas implica em uma referncia velada a uma constante no a disposio real e objetiva das construes, mas um trauma, um antagonismo fundamental que oshabitantes da vila eram incapazes de simbolizar, levar em conta, internalizar, resolver umdesbalanceamento das relaes sociais que prevenia a comunidade contra a estabilizao em um todoharmnico [8]

    De acordo com esse argumento, a noo anarquista de objetividade ou totalidade social seria insustentvel.H sempre um antagonismo no nvel da representao social que mina a consistncia simblica dessatotalidade. As diferentes perspectivas e interpretaes conflitantes do social no podem ser vistas comomero resultado de uma distoro ideolgica que impede o sujeito de dominar a verdade da sociedade. Oponto aqui que essa diferena nas interpretaes do social esse incomensurvel campo de antagonismos a verdade da sociedade. Em outras palavras, a distoro aqui no ocorre no nvel da ideologia, mas nonvel da prpria realidade social.

    B) A indeterminao do sujeito. Da mesma forma como a identidade do social pode ser vista comoindeterminada, tambm o a identidade do sujeito. Esse ponto deriva de uma variedade de aproximaestericas diferentes. Ps-estruturalistas como Gilles Deleuze e Felix Guattari tentaram enxergar asubjetividade como um campo de imanncia e devir que d vazo a uma pluralidade de diferenas, ao invsde uma identidade fixa e estvel. A suposta unidade do sujeito desestabilizada atravs das conexesheterogneas que forma com outras identidades sociais e montagens [9]. Uma aproximao diferente questo da subjetividade pode ser encontrada na psicanlise lacaniana. Aqui, a identidade do sujeito sempre deficiente ou deficitria, por causa da falta do que Jacques Lacan chama de objeto a (objet petit a) o objeto perdido do desejo. Esse dficit na identidade tambm registrado na ordem simblica externaatravs da qual o sujeito entendido. O sujeito busca reconhecimento de si atravs de uma interao com aestrutura da linguagem; entretanto, essa estrutura ela mesma deficitria, j que h um certo elemento oReal que escapa simbolizao [10]. O que claro nessas duas aproximaes que o sujeito no podemais ser visto como uma identidade completa, una e auto-continente que est fixada por uma essncia aidentidade contingente e instvel. Assim, a poltica no pode mais ser baseada inteiramente nos clamoresracionais de identidades estveis, ou na assero revolucionria de uma essncia humana fundamental. Aoinvs disso, as identidades polticas so indeterminadas e contingentes e podem dar vazo a umapluralidade de lutas diferentes e frequentemente antagonistas sobre precisamente como essa identidade deveser definida. Essa aproximao claramente questiona o entendimento anarquista da subjetividade, que a vcomo algo baseado em uma essncia humana universal com caractersticas racionais e morais [11].

    C) A cumplicidade do sujeito no poder. O status do sujeito mais problematizado por seu envolvimento emrelaes de poder e discurso. Esse foi um problema explorado extensivamente por Michel Foucault, quedemonstrou a mirade de formas em que a subjetividade construda atravs de regimes discursivos eprticas de poder/conhecimento. De fato, a forma que viemos a nos ver como sujeitos auto-reflexivos comcaractersticas e capacidades particulares baseada em nossa cumplicidade em relaes e prticas de poderque comumente nos dominam. Isso coloca em xeque a noo de um sujeito humano racional e autnomo eseu status em uma poltica radical de emancipao. Como diz Foucault, o homem descrito a ns, a quem

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  • fomos convidados a libertar, j ele mesmo o efeito de uma sujeio muito mais profunda do que ele [12].Essa afirmativa leva a uma variedade de implicaes para o anarquismo. Primeiro, ao invs de haver umsujeito cuja essncia humana natural reprimida pelo poder como os anarquistas acreditavam essa formade subjetividade na verdade um efeito do poder. Isso equivale a dizer que essa subjetividade foi produzidade uma forma tal que v a si mesma como portadora de uma essncia reprimida de forma que sua liberao concomitante com a sua dominao continuada. Segundo, essa figura discursiva do sujeito humanouniversal que central ao anarquismo ela prpria um mecanismo de dominao que objetiva anormalizao do individual e a excluso de formas de subjetividade que no se encaixam. Essa dominaofoi desmascarada por Max Stirner, que mostrou que a figura humanista do homem era na realidade umaimagem invertida de Deus, e fazia a mesma operao ideolgica de oprimir o indivduo e negar a diferena.

    D) A viso genealgica da histria. Aqui, a viso da histria como o desvelar de uma lei fundamental rejeitada, em favor de uma viso que enfatiza as rupturas, quebras e descontinuidades da histria. A histria vista como uma srie de antagonismos e multiplicidades, ao invs da articulao de uma lgica universal,como a dialtica hegeliana, por exemplo. No h um segredo atemporal e essencial histria, masmeramente, como Foucault disse, o teatro danoso da dominao [13]. Foucault via a genealogianietzcheana como um projeto de desmascaramento de conflitos e antagonismo, a guerrilha da qual no sefala que est sendo levada por trs do vu da histria. O papel do genealogista levantar de sob a formadas instituies e legislaes o passado esquecido das lutas reais, de vitrias ou derrotas mascaradas, osangue que secou nos cdigos da lei [14]. Nas instituies, leis e prticas que tomamos como naturais ouinevitveis, h uma condensao de lutas e antagonismos violentos que foram reprimidos. Por exemplo,Jacques Derrida demonstrou que a autoridade da Lei baseada em um gesto fundador de violncia que foisuprimido. A Lei deve ser fundada em algo que pr-existente, e portanto a sua fundao por definioilegal. O segredo da existncia da Lei deve portanto ser alguma ilegalidade suprimida, um crime original ouato de violncia que trouxe o corpo da Lei existncia e que agora est escondido em suas estruturassimblicas [15]. Em outras palavras, instituies e identidades polticas e sociais devem ser vistas comotendo origens polticas isso , antagonistas ao invs de naturais. Essas origens polticas foram reprimidasno sentido psicanaltico isso , elas foram colocadas em outro lugar ao invs de eliminadas inteiramente,e podem sempre serem reativadas se o significado dessas instituies e discursos contestado [16].Enquanto o anarquismo compartilhava esse engajamento desconstrutivo com a autoridade poltica porexemplo, rejeitando a teoria do Estado como contrato social , ele ainda subscreve-se a uma viso dialticada histria. O desenvolvimento social e poltico visto como determinado pelo desdobramento de umaessncia social racional e leis naturais e histricas imutveis. O problema que, se essas leis imutveisdeterminam as condies da luta revolucionria, ento h pouco espao para ver o poltico comocontingente e indeterminado. Ainda, a crtica genealtica tambm poderia ser extendida s instituies erelaes naturais que os anarquistas vem como opostas ao poder poltico. Porque a genealogia v ahistria como um conflito de representaes e um antagonismo de foras, na qual as relaes de poder soinevitveis, isso iria desestabilizar qualquer identidade, estrutura ou instituio at mesmo aquelas quepossam existir em uma sociedade anarquista ps-revolucionria.

    Essas quatro problemticas so centrais ao ps-estruturalismo/anlise do discurso, e tm implicaesfundamentais para a teoria anarquista: se o anarquismo deve ser teoricamente efetivo hoje, se ir engajar-secompletamente com as lutas e identidades polticas contemporneas, deve livrar-se do paradigma humanistado Iluminismo a que est articulado com seus discursos essencialistas, seu entendimento positivista dasrelaes sociais e sua viso dialtica da histria. Ao invs, deve afirmar a contingncia da histria, aindeterminao da identidade e a natureza antagonista das relaes sociais e polticas. Em outras palavras, oanarquismo deve seguir suas asseres acerca da autonomia da dimenso poltica a suas implicaes lgicas e ver o poltico como um campo constitutivamente aberto de indeterminao, antagonismo e contingncia,sem as garantias da reconciliao dialtica e da harmonia social.

    A Problemtica Ps-anarquista

    O ps-anarquismo deve, pois, ser visto como uma tentativa de reviar a teoria anarquista ao longo de linhasno-essencialistas e no-dialticas, atravs da aplicao e desenvolvimento de insights do

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  • ps-estruturalismo/anlise do discurso. Isso para que observe o que vejo como o que inovativo e seminalno anarquismo que precisamente sua teorizao da autonomia e da especificidade do domnio poltico, ea crtica desconstrutiva da autoridade poltica. So esses aspectos cruciais da teoria anarquista que devemser trazidos luz, e cujas implicaes devem ser exploradas. Devem se ver livres das condiesepistemolgicas que, ainda que originalmente lhes deram origem, agora os restringem. O ps-anarquismo,pois, faz uma operao de salvamento no anarquismo clssico, tentando extrair sua assero central sobre aautonomia do poltico e explorar suas implicaes para a poltica radical contempornea.

    O mpeto para essa interveno ps-anarquista veio de meu sentimento de que no s era a teoria anarquistaprxima do ps-estruturalismo; mas tambm que o ps-estruturalismo em si era prximo ao anarquismo. Issoequivale a dizer que o anarquismo permitiu, como eu sugeri, a teorizao da autonomia do poltico com seumltiplos espaos de poder e dominao, assim como suas mltiplas identidades e espaos de resistncia(Estado, Igreja, Famlia, Patriarcado, etc.) para alm do paradigma econmico-reducionista do marxismo.Entretanto, como eu tambm argumentei, as implicaes dessas inovaes tericas foram restringidas pelascondies epistemolgicas das idias tempo-essencialistas sobre subjetividade, a viso determinista dahistria e os discursos racionais do Iluminismo. O ps-estruturalismo , por sua vez, pelo menos em suaorientao poltica, fundamentalmente anarquista particularmente seu projeto desconstrutivo dedesmascarar e desestabilizar a autoridade de instituies e contestar prticas do poder que so dominantes eexclusionrias. O problema com o ps-estruturalismo era que, ao mesmo tempo em que implicava em umcompromisso com as polticas anti-autoritrias, faltava-lhe no somente um contedo tico-poltico, mas umcontedo adequado de agenciamento individual. A problemtica central com Foucault, por exemplo, deque se o sujeito construdo atravs dos discursos e relaes de poder que o dominam, como exatamente eleresiste essa dominao? Portanto, a premissa de aproximar o anarquismo e o ps-estruturalismo consisteem explorar as formas em que cada um pode ressaltar e enderear os problemas tericos no outro. Porexemplo, a interveno ps-estruturalista na teoria anarquista demonstrou que o anarquismo tinha um pontocego terico no reconhecia as relaes de poder ocultas e o autoritarismo potencial nas identidadesessencialistas e nos paradigmas discursivos e epistemolgicos que formavam a base de sua crtica autoridade. A interveno anarquista na teoria ps-estruturalista, por outro lado, exps suas limitaes ticase polticas, e, em particular, as ambiguidades de explicar-se o agenciamento e a resistncia no contexto derelaes de poder onipresentes.

    Esses problemas tericos centraram-se volta do questionamento do poder, do lugar e do fora: enquanto oanarquismo clssico foi capaz de teorizar, no sujeito revolucionrio essencial, uma identidade ou lugar deresistncia fora da ordem do poder, esse sujeito foi identificado, nas anlises subseqentes, como um sujeitoembrulhado nas prprias relaes de poder que contestava; enquanto o ps-estruturalismo, ao mesmo tempoem que expunha precisamente essa cumplicidade entre o sujeito e o poder, foi deixado sem um ponto tericode partida um fora do qual criticar o poder. Assim, a discusso terica que eu tentei enderear em FromBakunin to Lacan referia-se ao fato de que, enquanto temos que assumir que no que no h um foraessencialista ao poder nenhum solo ontolgico ou epistemolgico firme para a resistncia, para alm daordem do poder a poltica radical ainda assim precisa de uma dimenso terica fora do poder, e umano;co de agenciamento radical que no foi totalmente determinado pelo poder. Eu explorei a emergnciadessa aporia, descobrindo duas quebras epistemolgicas centrais no pensamento poltico radical. Aprimeira foi encontrada na crtica de Stirner ao humanismo do Iluminismo, que formou a base terica para ainterveno ps-estruturalista, dentro da prpria tradio anarquista. A segunda foi encontrada na teorialacaniana, cujas implicaes iam alm dos limites conceituais do ps-estruturalismo [17] apontando para asdeficincias nas estruturas do poder e da linguagem, e a possibilidade de uma noo radicalmenteindeterminada de agenciamento que emerge dessa brecha.

    Assim, o ps-anarquismo no tanto um programa poltico coerente, mas uma problemtica anti-autoritriaque emerge genealogicamente isso , atravs de uma srie de conflitos ou aporias tericas de umaaproximao ps-estruturalista ao anarquismo (ou ainda, uma aproximao anarquista aops-estruturalismo). Entretanto, o ps-anarquismo tambm implica em uma ampla estratgia deinterrogatrio e contestao das relaes de poder e hierarquia, de descobrir lugares previamente no vistos

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  • de dominao e antagonismo. Nesse sentido, o ps-anarquismo pode ser visto como um projeto tico-polticode fim aberto da desconstruo da autoridade. O que o distingue do anarquismo clssico que trata-se deuma poltica no-essencialista. Ou seja, o ps-anarquismo no mais apia-se em uma identidade essencial deresistncia, e no mais ancorado nas epistemologias do Iluminismo ou nas garantias ontolgicas do discursohumanista. Ao invs disso, sua ontologia constitutivamente aberta a outra, e postula um horizonte radicalvazio e indeterminado, que pode incluir uma pluralidade de identidades e lutas polticas diferentes. Emoutras palavras, o ps-anarquismo o anti-autoritarismo que resiste ao potencial totalizante de um discursoou identidade fechados. Isso no significa, obviamente, que o ps-anarquismo no tem contedos ou limitesticos. De fato, seu contedo tico-poltico pode at mesmo ser provido pelos princpios emancipativostradicionais de liberdade e igualdade princpios cuja natureza incondicional e irredutvel foi afirmada pelosanarquistas clssicos. Entretanto, o ponto que esses princpios no esto mais ancorados em umaidentidade fechada, mas tornaram-se significantes vazios [18] que esto abertos a um grande nmero dediferentes articulaes decididas contingentemente no curso da luta.

    Novos DesafiosBiopoltica e o Sujeito

    Um dos desafios centrais para a poltica radical de hoje seria a deformao do Estado-nao em um Estadobiopoltico uma deformao que, paradoxalmente, mostra sua face verdadeira. Como Giorgio Agambendemonstrou, a lgica da soberania para alm da lei e a lgica da biopoltica alcanaram uma interseco naforma do Estado moderno. Assim, a prerrogativa do Estado regular, monitorar e policiar a sade biolgicade suas populaes internas. Como Agamben argumentou, essa funo produz um tipo particular desubjetividade o que ele chama de homo sacer que definido pela forma de quase-vida, ou a vidabiolgica retirada de suas significncias polticas e simblicas, assim como pelo princpio do assassinatolegal, ou assassinato com impunidade [19]. paradigmtico disso a subjetividade do refugiado, e oscampos para refugiados que vemos surgir em todo lugar. Dentro desses campos, uma nova e arbitrria formade poder exercida diretamente sobre a vida nua do detento. Em outras palavras, o corpo do refugiado, quefoi livrado de todos os seus direitos polticos e legais, o ponto de aplicao da soberania do bio-poder. Noentanto, o refugiado meramente emblemtico do status biopoltico a que estamos cada vez mais sendoreduzidos. De fato, isso aponta para um novo antagonismo que comea a emergir como central poltica[20]. Uma crtica ps-anarquista deveria ser dirigida precisamente a essa ligao entre o poder e a biologia.No suficiente simplesmente afirmar os direitos humanos do sujeito contra as incurses do poder. O quedeve ser criticamente examinado a forma em que certas subjetividades humanas so contrudas comocondutes do poder.

    O vocabulrio conceitual para analisar essas novas formas de poder e subjetividade no estava acessvel aoanarquismo clssico. Entretanto, mesmo nesse novo paradigma do poder subjetivador, o compromisso tico epoltico do anarquismo clssico em interrogar a autoridade, assim como sua anlise da soberania do Estado que se elevou para alm das explanaes de classe continua a ser relevante hoje. O ps-anarquismo inovativo precisamente porque combina o que crucial teoria anarquista com uma crticaps-estruturalista/discursivo-analtica do essencialismo, o que resulta em um projeto poltico aberto eanti-autoritrio para o futuro.

    Notas

    1 Ver a discusso de David Graeber sobre algumas dessas estruturas anarquistas e formas de organizaoem The New Anarchists,New Left Review 13 (Jan/Feb 2002): 61-73.

    2 Ernesto Laclau and Chantal Mouffe, Hegemony and Socialist Strategy: Towards a Radical DemocraticPolitics. Londres: Verso, 2001. p. 159.

    3 Ibid., p. 160.

    4 Mikhail Bakunin, Political Philosophy: Scientific Anarchism, ed. G. P Maximoff. Londres: Free Press of

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  • Glencoe. p. 221.

    5 Ver Murray Bookchin, Remaking Society, Montreal: Black Rose Books, 1989. p. 188.

    6 Os dois ltimos em particular tm mantido-se resistentes ao ps-estruturalismo/ps-modernismo. Ver, porexemplo, John Zerzan, The Catastrophe of Postmodernism,Anarchy: A Journal of Desire Armed (Outonode 1991): 16-25.

    7 Ver Jean-Francois Lyotard, The Postmodern Condition: a Report on Knowledge. Trad. Geoff Benningtone Brian Massumi. Manchester: Manchester University Press, 1984.

    8 Ver Judith Butler, Ernesto Laclau e Slavoj Zizek, Contingency, Hegemony, Universality: ContemporaryDialogues on the Left. Londres: Verso. pp. 112-113.

    9 Ver Gilles Deleuze e Felix Guattari. Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia. Trad. R. Hurley. NewYork: Viking Press, 1972. p. 58.

    10 Para uma discusso compreensiva das implicaes polticas dessa aproximao lacaniana da identidade,ver Yannis Stavrakakis, Lacan and the Political. Londres: Routledge, 1999. pp 40-70.

    11 Piotr Kropotikin, por exemplo, acreditava na existncia de um instinto natural para a sociabilidade nohomem, que formava a base para relaes ticas; enquanto Bakunin argumentava que a moralidade e aracionalidade do sujeito surgem de seu desenvolvimento natural. Ver, respectivamente, Piotr Kropotkin,Ethics: Origin & Development. Trad., L.S Friedland. New York: Tudor, 1947; e Bakunin, PoliticalPhilosophy, op cit., pp. 152-157.

    12 Michel Foucault. Discipline and Punish: The Birth of the Prison. Trans. A. Sheridan. Penguin: Londres,1991. p. 30.

    13 Michel Foucault, Nietzsche, Genealogy, History, in The Foucault Reader, ed. Paul Rabinow. NewYork: Pantheon, 1984. 76-100. p. 83.

    14 Michel Foucault, War in the Filigree of Peace: Course Summary, trad. I. Mcleod, in Oxford LiteraryReview 4, no. 2 (1976): 15-19. pp. 17-18.

    15 Ver Jacques Derrida, Force of Law: The Mystical Foundation of Authority, in Deconstruction and thePossibility of Justice, ed. Drucilla Cornell et al. New York: Routledge, 1992: 3-67.

    16 Ver Jacob Torfing, New Theories of Discourse: Laclau, Mouffe and Zizek, Oxford: Blackwell, 1999.

    17 A questo de se Lacan pode ser visto como ps-estruturalista ou ps-ps-estruturalista forma umponto central de conflito entre pensadores como Laclau e Zizek, ambos altamente influenciados pela teorialacaniana. Ver Butler et al. Contingency, op. cit.

    18 Essa noo do significante vazio central teoria de Laclau da articulao hegemnica. VerHegemony, op. cit. Ver Ernesto Laclau, Why do Empty Signifiers Matter to Politics? in The Lesser Eviland the Greater Good: The Theory and Politics of Social Diversity, ed. Jeffrey Weeks. Concord, Mass.:Rivers Oram Press, 1994. 167-178

    19 Ver Giorgio Agamben, Homo Sacer: Sovereign Power and Bare Life. Trad., Daniel Heller-Roazen.Stanford, Ca: Stanford University Press, 1995.

    20 Como Agamben argumenta: A novidade da poltica vindoura que ela no ser mais uma luta para aconquista ou o poder do Estado, mas uma luta entre o Estado e o no-Estado (humanidade) GiorgioAgamben, The Coming Community, trad., Michael Hardt. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1993.p. 84.

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  • Este um artigo de Newman de 2003, publicado inicialmente no Institute for Anarchist Studies, agoratraduzido para portugus pela Conspirao Anti-cultural Universidade Invisvel e colocado no Indymediabrasileiro.

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