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automação de bibliotecas
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O Gnuteca e o OpenBiblio: avaliao de softwares livres para a automao de bibliotecas
The Gnuteca and the OpenBiblio: evaluation of Open Source systems for libraries automation
AUTORES Antonio Marcos Amorim - Mestre em Cincias da Comunicao pela Universidade de So Paulo; Bibliotecrio do Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo, So Paulo, Brasil; Gerente de Tecnologia da Biblioteca Virtual de Psicologia BVS-Psi. Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo Av. Prof. Mello Moraes, 1721 Cidade Universitria CEP 05508-030 So Paulo SP Brasil. Tel. / Fax: 11 3091-4392 E-mail: [email protected] Edilson Damasio - Mestre em Biblioteconomia e Cincia da Informao pela Pontifcia Universidade Catlica de Campinas PUC-Campinas; Bibliotecrio da Universidade Estadual de Maring; Bibliotecrio do Centro de Ensino Superior do Paran - CESPAR, Maring, Brasil. Universidade Estadual de Maring - UEM Avenida Colombo, 5790 Biblioteca Central CEP 87020-900 Maring PR Brasil. Universidade Estadual de Maring - PR Tel. : 44 3261-4468 E-mail: [email protected] Eixo Temtico SNBU: O impacto das tecnologias eletrnicas e sua mediao
RESUMO
Partindo da necessidade de usurios de bibliotecas universitrias, atualmente trabalhando em
plataformas cada vez mais digitais e disponveis na Internet, os softwares livres tm verses
buscando responder adequadamente a estas demandas, barateando custos gerais de
implantao e customizao de software. O presente artigo visa realizar a avaliao
comparativa entre dois softwares livres: o OpenBiblio e o Gnuteca, dentre outros disponveis no
mercado brasileiro de softwares para bibliotecas universitrias enquanto sistemas de
automao completos. Foi feita uma reviso da literatura nacional e internacional, tendo como
metodologia a seleo de itens considerados importantes nesta tarefa. A escolha de um
software (seja de cdigo livre ou proprietrio) que trabalhe como sistemas automatizados
cobrindo todas as suas funes de bibliotecas universitrias, requer considerarmos aspectos
como tamanho de acervos, estratgias de crescimento, recursos humanos e financeiros e,
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sobretudo, as demandas de seus usurios variando muito de biblioteca para biblioteca.
Apontamos, por final, consideraes gerais da avaliao comparativa entre o OpenBiblio e o
Gnuteca e dos critrios avaliados.
PALAVRAS-CHAVE
Avaliao; Softwares; Automao de bibliotecas; Softwares livres; Gnuteca; OpenBiblio.
RESUMEN
Partiendo de la necesidad de usuarios de bibliotecas universitarias, actualmente trabajando en
plataformas cada vez ms digitales y disponibles en el Internet, los softwares libres tienen
versiones buscando responder adecuadamente a estas demandas, bajando costos generales
de implantacin y customizacin de software. El presente artculo visa realizar la evaluacin
comparativa entre dos softwares libres: el OpenBiblio y el Gnuteca, entre otros disponibles en
el mercado brasileo de softwares para bibliotecas universitarias mientras sistemas de
automacin completos. Fue hecha una revisin de la literatura nacional e internacional,
teniendo como metodologa la seleccin de elementos considerados importantes en esta tarea.
La eleccin de un software (sea de cdigo libre o propietario) que trabaje como sistemas
automatizados cubriendo todas sus funciones de bibliotecas universitarias, requiere considerar
aspectos como tamao de acervos, estrategias de crecimiento, recursos humanos y financieros
y, sobretodo, las demandas de sus usuarios variando mucho de biblioteca para biblioteca.
Apuntamos, por final, consideraciones generales de la evaluacin comparativa entre el
OpenBiblio y el Gnuteca, y de los criterios evaluados.
PALABRAS-CLAVE
Evaluacin; Softwares; Automacin de bibliotecas; Softwares libres; Gnuteca; OpenBiblio.
ABSTRACT
KEYWORDS
Evaluation; Softwares; Library automation; Open source softwares; Gnuteca; OpenBiblio.
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INTRODUO
Os softwares livres esto sendo utilizados atualmente como uma forma de se ter
softwares com qualidade e preferencialmente sem custos. Existem diversas justificativas para a
sua utilizao, mas a principal esta.
A filosofia de sua utilizao surgiu com a necessidade de se ter softwares sem
custos de licena de utilizao, com desenvolvimento constante e compartilhado, onde,
dependendo do tipo de software pode ser desenvolvido a nvel internacional.
O desenvolvimento depende de demanda dos que o utilizam, ou atravs de
tendncias de melhoria ou implantao de novos mdulos no software, desta forma esto
sempre em constante desenvolvimento. Muitas vezes este desenvolvimento atribudo
tambm devido necessidade de se ter economia nos custos de licenas tambm do
desenvolvimento da informtica.
Este desenvolvimento tambm est sendo feito nos softwares para bibliotecas.
Existem diversos softwares em desenvolvimento sendo utilizados e aprimorados
constantemente. No Brasil, os softwares livres para bibliotecas tambm esto em constante
atualizao, principalmente acompanhando a tendncia da utilizao do sistema operacional
Linux, que tambm livre e acaba sendo este sistema que tambm atrai a utilizao de outros
softwares. Esta tendncia esta sendo desenvolvida principalmente por vrios segmentos de
idealistas, por empresas cooperativas de softwares, pelos rgos governamentais, em que
principalmente j se indica a substituio de softwares com licenas pelos livres, gerando uma
grande economia para os cofres pblicos, ao no haver maiores gastos com a aquisio de
licenas de uso.
Esta tendncia tambm est presente no desenvolvimento de softwares da
natureza do pacote Microsoft Office, como o redator de texto, planilhas de clculo, softwares
para apresentaes, entre outros. Atravs desta, existe no mercado internacional o
desenvolvimento de softwares livres para bibliotecas.
Os softwares livres esto isentos de custos com as licenas de uso, mas
necessitam de constante desenvolvimento, principalmente para serem adaptados s
necessidades especficas das bibliotecas que os instalarem. Este tambm um diferencial do
software livre, pois [...] o software que pode ser utilizado, copiado, distribudo, aperfeioado,
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ou seja, modificado, por qualquer pessoa, mesmo no sendo proprietria (DAMASIO e
RIBEIRO, 2005).
Os softwares para bibliotecas so cada vez mais, desenvolvidos em novas
linguagens de programao e usando bancos de dados relacionais para a comunicao com
outros softwares e bancos de dados. Este modelo permite a atualizao sistmica de uma
entidade ou campo de uma base de dados vinculada outra base de dados simultaneamente.
Esto sendo desenvolvidos em plataforma WEB, isto , voltados para sua utilizao pela
Internet em tempo real, principalmente na catalogao cooperativa e a troca de informaes
entre bibliotecas de campus universitrios em cidades diferentes.
O que determina esta utilizao a necessidade de compartilhamento de
informaes entre bibliotecas de uma mesma instituio, de um grupo conveniado, por
exemplo. Corte e Almeida (2000, p. 12), indicam que:
... se as bibliotecas e centros de documentao quisessem
oferecer melhor servio aos usurios e cumprir sua misso,
necessrio se torna acompanhar passo a passo o
desenvolvimento da sociedade [...] adaptar as tecnologias s
necessidades e quantidades de informao de que dispem, e
utilizar um sistema informatizado que privilegie todas as etapas
do ciclo documental, onde a escolha recaia sobre uma
ferramenta que contemple os recursos hoje disponveis, sem se
tornar obsoleto a mdio e logo prazos.
Partindo de todas estas necessidades das bibliotecas, os softwares livres esto
com verses buscando responder adequadamente a estas demandas, com a implantao de
novos mdulos de trabalho, atualizando-os atravs de compartilhamento de necessidades e
experincias e principalmente com a utilizao de tecnologias avanadas e tambm livres de
maiores custos.
O presente artigo visa realizar uma avaliao de dois softwares livres entre
tantos outros que se destacam no mercado de bibliotecas universitrias enquanto sistemas
de automao completos (incluindo todas as suas funcionalidades e demandas). Para tanto,
buscamos selecionar os itens considerados indispensveis bem como mais importantes numa
empreitada deste porte a seleo de softwares livres que sejam sistemas automatizados para
bibliotecas cobrindo todas as suas atividades.
Tomamos como estudo de caso uma avaliao comparativa entre dois softwares
livres: Gnuteca Sistema de Gesto de Acervos, Emprstimos e Colaborao para bibliotecas,
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na verso 1.6; e o OpenBiblio na verso 0.4.0, ambos disponveis para instalao e com verso
j estvel em seu desenvolvimento e com grande utilizao no mercado de automao de
centros de documentos e bibliotecas.
Como modelos foram adotados como fonte para seleo de critrios de escolha
e avaliao de softwares para bibliotecas os estudos de CAF, SANTOS e MACEDO (2001) e
de CORTE et al. (1999), pois so considerados dois importantes trabalhos na literatura de
automao. Embora j tenham sido tomados como parmetro na avaliao de sistemas de
automao de bibliotecas com custos de licena de uso ou pagos, consideramos utiliz-los por
serem aplicveis e apropriados aos softwares gratuitos, e as ressalvas ou acrscimos so
apontados mais adiante neste artigo.
JUSTIFICATIVAS
Softwares livres para bibliotecas: sua importncia
Os softwares para bibliotecas em geral tiveram seu incio atravs da insero da informtica na
sociedade, acompanhando sempre seu desenvolvimento e suas novas tecnologias da
informatizao. Formaram-se historicamente por bases de dados relacionadas a mdulos de
servios s bibliotecas. Primeiramente com softwares que emitiam listagens em forma de
referncias ou fichas catalogrficas, tais como o software Dbase, sendo utilizados na confeco
de catlogos de fichas matrizes e seus desmembramentos nas bibliotecas. Iniciaram,
sobretudo em bibliotecas com os maiores acervos, que na dcada de 70 utilizavam os
computadores de grande porte ou mainframes da IBM. Conforme apontam CORTE et al. (1999,
p. 242), a modernizao das bibliotecas est diretamente ligada automao de rotinas e
servios [nas organizaes em geral, cabe lembrar], com o intuito de implantar uma infra-
estrutura de comunicao para agilizar e ampliar o acesso informao pelo usurio. E esta
modernizao partiu sobretudo, das grandes organizaes comerciais, atingindo as maiores
universidades e os meios acadmicos e aqui encontramos inserida a maioria das bibliotecas.
neste contexto de novas necessidades ditadas por uma racionalizao de recursos e
processos relacionados s bibliotecas que surgem as empresas de desenvolvimento de
softwares. O surgimento do sistema Windows da Microsoft com o ineditismo das suas janelas
interativas popularizou a utilizao dos computadores pessoais, e aps este fato, as bibliotecas
no mundo todo puderam testar, utilizar e desenvolver vrios sistemas de automao em larga
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escala, saindo da esfera dos computadores de grande porte, limitada s organizaes de
grande porte, com amplos recursos financeiros.
De l para c, os softwares para bibliotecas foram se desenvolvendo atravs de diversas
implementaes atravs da criao de softwares com os recursos de Tecnologia da Informao
(TI) existentes nas instituies de ensino e empresas de desenvolvimento de softwares.
Atualmente vemos uma crescente evoluo no mundo dos softwares e sistemas de informao
e diariamente desenvolvedores, ou melhor, analistas e programadores e at projetistas de sites
(ou webdesigners), buscam inovaes e tcnicas para acompanhar os melhoramentos nas
tecnologias tanto de software como hardware, incluindo neste ltimo todos os novos suportes,
leia-se handhelds, aparelhos celulares, palmtops, etc. Perante toda essa diversidade de
opes e necessidades, e visando principalmente baratear custos de produo e de sistemas
que surge o propsito da utilizao de tecnologias alternativas, e a chegamos aos softwares
livres propriamente ditos, buscando a melhor adaptao legal e acima de tudo, menores
preos. por esta lgica capitalista e tambm pelas inovaes advindas do ambiente WEB
que a prtica de desenvolver projetos cooperativos chegou aos desenvolvedores de softwares
livres. Como ilustram Damasio e Ribeiro (2005, p. ?),
um desenvolvedor utiliza como ferramenta bsica ao
aperfeioamento de seus produtos o cdigo fonte de um
sistema. Um software livre aquele que possui seu cdigo
fonte aberto a qualquer usurio, que queira ou necessite de
modificaes e adaptaes, seja para uso domstico,
institucional ou empresarial.
Foram idealizados desde ento, inmeros softwares voltados a bibliotecas, utilizando como
padro os requisitos mnimos para todos os mdulos de servios em uma biblioteca e/ou
centros de documentao, seja para o processo de aquisio aos catlogos na WEB. Alm
disso, as bibliotecas comearam tambm a implementar bases de dados compatveis com os
seus formatos padronizados de dados usados para a catalogao de documentos e adotados
internacionalmente, como o ISBD e o AACR2, este ltimo largamente utilizado no Brasil, alm
do formato MARC, o qual permitiu a importao e exportao de dados visando a comutao
com as outras bibliotecas do exterior. Assim, as bases de dados passaram a se interligar e a
ter um padro mnimo e de crescente complexidade no intercmbio bibliogrfico. Apenas para
nos atermos a esta questo do intercmbio bibliogrfico, vemos que o padro XML (Extensible
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Mark-up Language) chegou para solapar de vez os prprios formatos MARC, pois parte de
um padro na WEB para intercmbio eletrnico de dados, e permitindo que portais de
bibliotecas conversem entre si trocando dados descritivos de documentos, ou melhor, de
acervos. E tudo isto estando cada portal em diferentes plataformas ou sistemas operacionais
como Windows, Unix e Linux, algo impensvel at a pouco tempo atrs. Para Kochtanek (2003)
e Rhyno (2002), citados por Felstead (2004), o XML visto como sucessor dos formatos
MARC por involucrar metadados bibliogrficos em sistemas de bases de dados relacionais, que
formam a base de um sistema automatizado para bibliotecas. O mesmo autor aponta no
mesmo artigo que o WC3, ao estabelecer padres de comunicao de dados entre aplicaes,
atravs de Web services impactaro diretamente em bibliotecas ao tornar mais fcil o
intercmbio de dados, eliminando passos manuais de comunicao application-to-application.
Retomando o contexto dos sistemas para automao de bibliotecas, diversos softwares
e iniciativas alternativas foram desenvolvidos e lanados no mercado mundial, com destaque
para alguns sistemas proprietrios tais como o Aleph, o VTLS Virtua, o Voyager, o Aleph 500,
Millenium e o Unicorn todos de empresas estrangeiras, e alguns desenvolvidos no Brasil,
tendo como destaque o PERGAMUN. Estes sistemas permitem integrar todos os mdulos de
servios necessrios para um sistema de bibliotecas. Dentre os mdulos, destacam-se os
mdulos de aquisio e o de controle de Aquisio e de controle de Assinaturas de peridicos,
estes sempre tendo que serem desenvolvidos atravs da criao de novos sistemas, ou seja,
os sistemas no tm estes servios disponveis.
Desta forma os softwares livres tendem a acompanhar as necessidades das bibliotecas, pois,
est passvel de alteraes e adaptaes. Seguem as mesmas funes dos softwares
proprietrios e nvel de desenvolvimento segue a competio ao mercado, sendo melhorados
constantemente. No mercado nacional e internacional existem softwares e sistemas para
bibliotecas, alguns com implementaes e mdulos alm das expectativas das bibliotecas, e
que tambm podem ser alm dos recursos financeiros da maioria das bibliotecas. Os softwares
livres tendem a acompanhar esta necessidade do mercado, com sistemas que tenham mdulos
necessrios aos servios da biblioteca e principalmente sem despesas com aquisio de
licenas.
No Brasil, foi desenvolvido o software GNUTECA Sistema de Gesto de Acervo, Emprstimo
e Colaborao para Bibliotecas, primeiramente instalado e desenvolvido na UNIVATES,
conforme relatrio GNUTECA (2005):
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O Gnuteca um sistema para automao de todos os
processos de uma biblioteca, independente do tamanho de seu
acervo ou da quantidade de usurios. O sistema foi criado de
acordo com critrios definidos avalizados por um grupo de
bibliotecrios e foi desenvolvido tendo como base de testes
uma biblioteca real, a do Centro Universitrio Univates, onde
est em operao desde fevereiro de 2002. O Gnuteca um
software livre, o que significa que o mesmo pode ser copiado,
distribudo e modificado livremente. [grifo nosso] O software
aderente a padres conhecidos e utilizados por muitas
bibliotecas, como o ISIS (Unesco) e o MARC21 (LOC - Library
of Congress). Por ter sido desenvolvido dentro de um ambiente
CDS/ISIS, o Gnuteca prev a fcil migrao de acervos deste
tipo, alm de vrios outros.
O Gnuteca tambm distribudo em forma de cooperativa, tendo como princpio de todo
software livre, a cooperao para o seu desenvolvimento entre os seus usurios. Quando se
desenvolve novos mdulos, pode-se implement-los em novas verses do software, no
momento est na verso 1.6. Salvi et al. (2005) esclarece:
um sistema abrangente e genrico que pode moldar-se a
diferentes realidades de diferentes usurios, permitindo
tambm a criao de uma infra-estrutura de colaborao entre
bibliotecrios e demais funcionrios das bibliotecas, evitando a
repetio desnecessria de trabalho: uma vez feita a
catalogao de um ttulo em uma biblioteca, estes dados
catalogrficos podem ser importados para o sistema de outra
biblioteca que adquira o mesmo ttulo.
BREVE REVISO DA LITERATURA
A reviso da literatura mundial em automao de bibliotecas mostra-se rica, sobretudo nas
dcadas de 80 e 90 no Brasil, e logo depois continuada por um levantamento de pesquisa
sobre bibliotecas virtuais e digitais conduzido por Ohira (1994), que deu prosseguimento a uma
compilao de artigos sobre automao de bibliotecas que vinha sendo feito desde 1986, numa
publicao denominada BIBLIOINFO Base de dados Base de Dados sobre Automao em
bibliotecas (Informtica Documentria). Porm, em anos recentes, por incrvel que parea,
pouco se tem publicado no pas sobre mtodos de avaliao de softwares, para bibliotecas,
embora no seja este o quadro da literatura internacional: em levantamento na base LISA,
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mais de 138 trabalhos envolvendo metodologia ou avaliao de softwares desde 1996 foram
publicados, sendo 18 apenas de 2005 at os dias atuais.
Entre os estudos brasileiros, nos focamos com especial ateno especial pela sua abordagem
os de Caf, Santos e Macedo (2001), e outro publicado por Corte e Almeida (2000). Um
terceiro estudo mais recente, que analisa como algumas universidades brasileiras escolheram
seus sistemas automatizados o de CARVALHO et al. (2006). Nesse ltimo, so apresentados
pelos autores dados interessantes de pesquisa onde se constatam alguns aspectos
relacionados escolha por um determinado software. Conforme apontam os autores
(CARVALHO et al., p. 55), entre as dificuldades encontradas numa primeira fase ps-
implantao da automao,
os responsveis [...] concordam que existem muitas
dificuldades quanto implantao dos softwares, mas, entre
elas, a mais citada foi a incompatibilidade do software com o
equipamento disponvel, j que muitas vezes os equipamentos
so antigos gerando dificuldades para aquisio ou trocas dos
mesmos; outras citadas foram a carncia de recursos humanos
especializados, ou seja, as pessoas que trabalham nas
bibliotecas muitas vezes no esto qualificadas
profissionalmente ou no receberam nenhum treinamento para
isso, a migrao de 30 mil registros que estavam em MicroIsis,
o grande fluxo de dados, e uma parcela no soube responder
se houve outras dificuldades alm das citadas, por no
trabalharem na poca na biblioteca.
Dentre aqueles trabalhos que se dedicaram anlise de softwares livres para automao de
bibliotecas considerando-o num sistema gerencial completo, isto , envolvendo a aquisio,
emprstimo, processamento de dados, interface de pesquisa, servios de referncia,
disseminao seletiva da informao e funes gerenciais, temos ainda poucos trabalhos no
pas e pouco mais numerosos publicados no exterior, abordando diretamente um ou mais
aspectos a serem avaliados de um software. O estudo de GOMES et ali (2005) apresentou as
funcionalidades e caractersticas gerais de uso e implantao do software OpenBiblio no
Centro Tecnolgico da Zona Leste, j traduzida de sua verso original americana, necessria
realidade brasileira, segundo descrevem os autores (GOMES et al., p. 5):
a traduo do software para a lngua portuguesa, bem como sua
adequao e instalao foram de primordial importncia, para melhoria
dos servios oferecidos e funcionamento da biblioteca, j disponvel
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gratuitamente em www.openbibliobrasil.cjb.net. O sistema
automatizado de biblioteca OpenBiblio 0.4.0 auxilia os profissionais nas
tarefas de controle de acervo, pessoas, emprstimos, devolues e
acesso viaInternet.
METODOLOGIA
Tendo como base os trabalhos de Caf, Santos e Macedo (2001), e o de Corte e Almeida (2000),
fizemos uma adaptao dos critrios apontados, selecionando os mais importantes dentre os mais 90
existentes considerados na avaliao de softwares para bibliotecas. Desse modo, foi criada uma tabela
comparativa para se analisar ambos os softwares em cada item, e atribuindo a estes uma nota em escala
par, no caso entre 1 e 4, sendo: 1 ruim; 2 regular ou satisfatrio; 3 bom; 4 excelente; e N/A no
disponvel para avaliao, porm passvel de uso.
O uso deste tipo de escala foi bem observado na literatura no estudo de Caf, Santos e
Macedo (2001, p. 73), pois conforme estes autores com uma escala mpar do tipo 1-2-3-4-5,
maior a tendncia a atribuir a nota central (3) quando o respondente no compreende bem o
critrio, o que poderia falsear os resultados aproximando-os artificialmente da mdia. Como a
escolha de softwares para bibliotecas no se trata de uma simples tarefa mesmo para uma boa
equipe tcnica e depende de demandas especficas das universidades, evitamos ainda usar a
atribuio de pesos a cada nota/critrio utilizado.
No caso, serviu para comparar os softwares livres selecionados o Gnuteca e o OpenBiblio.
Ainda no h na literatura uma tabela de critrios consolidados especficos para escolha de um
software livre, portanto fizemos adaptaes e incluses de critrios que so pertinentes a este
tipo de software.
AVALIAO DOS SOFTWARES GNUTECA E OPENBIBLIO
Os testes foram realizados em interfaces on-line de bibliotecas que usavam os softwares
avaliados. No caso do Openbiblio, foi considerado o catlogo OPAC do Centro Tecnolgico da
Zona Leste (disponvel em http://ctzl.altervista.org/biblioteca/), bem como testes em sua verso
demo ou demonstrao na verso 0.4.0 (rodando a ferramenta PHP Triad 2.2) para avaliar as
outras funes, que no a pesquisa OPAC. Foram tambm consideradas informaes
compiladas do site deste software livre nos Estados Unidos, produzidas por Dave Stevens e
disponveis em: http://obiblio.sourceforge.net/. No caso do software Gnuteca, foi utilizada a
verso 1.6, que uma verso demo disponvel em sua pgina principal na Internet. Para a
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avaliao geral de recursos em catlogos on-line foi considerada a interface da Biblioteca do
Campus de Santana, da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC-SP), e disponvel
em: http://bibliosantana.pucsp.br/handler.php?module=gnuteca&action=main.
Os softwares livres assim estiveram com uso voltado uma biblioteca universitria de grande
porte, pois cabe lembrar que, em se tratando de softwares livres, muitas customizaes so
possveis, e, portanto, em geral o desenvolvedor ou programador pode expor que determinada
ferramenta pode perfeitamente ser criada, mas se nunca fora testada anteriormente,
consideramos esta como no disponvel na avaliao a seguir (N/A), embora possamos fazer
ressalvas, as quais deixamos para os comentrios finais da avaliao.
A seguir ento, apresentamos a tabela comparativa com a avaliao dos softwares, critrio por
critrio, e suas respectivas notas:
Critrios Avaliados OpenBiblio Gnuteca
Requisitos Relacionados Tecnologia de Informao
1. Acesso simultneo de usurios e tempo adequado de resposta das bases de dados
3 4
2. Arquitetura de rede cliente / servidor 3 3
3. Capacidade de atualizao dos dados em tempo real 4 4
4. Capacidade de elaborao de estatstica com gerao automtica de grficos
1 2
5. Capacidade de suportar grande volume de registros bibliogrficos (mais de 10 milhes, pelo menos)
2 3
6. Compatibilidade com diversas plataformas: rede Microsoft Windows NT ou OS/400; rede UNIX; rede LINUX.
3 3
7. Disponibilidade de help on-line sensvel ao contexto em lngua portuguesa
1 3
8. Garantia de manuteno e disponibilidade de novas verses 2 3
9. Gesto de bases de dados com diferentes tipos de documentos
3 3
10. Usabilidade da interface grfica 3 4
11. Leitura de cdigo de barras 4 4
12. Existncia e compatibilidade com o protocolo Z39.50 2 1
13. Permitir importao e exportao de dados em formato MARC (se necessrio)
4 1
14. Recuperao de base de dados textuais 1 2
15. Segurana na forma de registro e de gerenciamento de 3 4
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dados
16. Tabela de parmetros para personalizar o funcionamento do sistema
3 3
17. Tratamento de textos e imagens 1 3
18. Acesso base de dados via browser Internet e/ou Intranet 4 4
Requisitos relacionados ao Processo de Seleo e Aquisio
19. Controle de listas de sugesto 1 1
20. Controle de assinatura de peridicos 2 1
21. Identificao da modalidade de aquisio (seja por doao, compra, permuta, ou com depsito legal)
3 3
22. Controle contbil e financeiro dos recursos oramentrios para aquisio de material bibliogrfico
2 1
23. Controle de fornecedores por compra, doao e permuta; emisso de cartas de cobrana
2 2
24. Elaborao de lista de duplicatas 1 2
25. Estatstica mensal e acumulada de documentos recebidos 2 2
26. Cadastro de entidades com as quais a biblioteca mantm intercmbio de publicaes
1 1
27. Controle da situao (status) do documento bibliogrfico (estando este como: encomendado, aguardando autorizao, aguardando nota fiscal, encaminhado para pagamento, etc.)
2 1
Requisitos relacionados ao Processamento Tcnico
28. Atualizao do banco de dados e opo de atualizao em tempo real de registros de autoridade e demais ndices, aps o envio de novo registro ao servidor
2 2
29. Campos e cdigos de catalogao de qualquer tipo de documento, inclusive artigos de peridicos, de acordo com o AACR2
3 4
30. Construo automtica de lista de autoridades 1 2
31. Construo de remissivas para autoridades / assuntos 1 3
32. Consulta ao tesauro, lista de autoridades e lista de editoras, durante o cadastramento de um registro
1 1
33. Exportao de dados para alimentao de bases de dados de catalogao cooperativa
1 1
34. Uso do formato MARC para os registros bibliogrficos 4 4
35. Gerao de etiquetas para bolso e lombada dos documentos 1 4
36. Importao de dados de centros de catalogao cooperativa on-line e de CD-ROM
1 1
37. Incorporao de textos digitados sistema de gerenciamento de texto, imagem e som para incluso (de inteiro teor ou no)
1 3
38. Possibilidade de validao dos registros e campos 4 3
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39. Processamento de materiais especiais, obras raras e outros 4 3
Requisitos relacionados ao Emprstimo de Documentos
39. Bloqueio automtico de emprstimo sempre que o usurio estiver em atraso ou com dados cadastrais desatualizados
2 3
40. Aplicao de multas e suspenses 3 3
41. Cadastro de usurios, com incluso, excluso e alterao de nomes e endereos, com categorizao de usurios
3 3
42. Categorizao de emprstimo: domiciliar, especial e emprstimos entre bibliotecas
2 4
43. Categorizao de usurios por materiais para fins de definio automtica de prazos e condies de emprstimos e uso
4 4
44. Cobrana personalizada, com prazos diferenciados por tipos de materiais e usurios
4 3
45. Cdigo de barras para cada leitor 1 3
46. Controle de devolues, renovaes e atrasos 4 4
47. Controle de leitores em atraso (on-line e por relatrios) 3 3
48. Definio de parmetros para a reserva de livros, com senhas de segurana
1 4
49. Emisso de cartas cobrana automticas para usurios em atraso
2 3
50. Possibilidade de pesquisar a situao em que se encontra o exemplar: disponvel, emprestado, encadernado etc;
4 4
51. Relatrios do cadastro de usurios, por ordem alfabtica, formao, unidade de trabalho
3 2
52. Reserva de documentos, com prazos diferenciados por tipos de materiais e usurios
1 3
Requisitos relacionados ao processo de Recuperao de Informaes
53. Capacidade de ordenar e classificar os documentos pesquisados
2 2
54. Capacidade de permitir que os resultados de pesquisas sejam gravados em disquetes ou em arquivos, ou mesmo enviados por e-mail e impressos
1 1
55. Estratgia de pesquisa on-line nas bases de dados por qualquer palavra, campo ou sub-campo
1 3
56. Indicao do status do documento pesquisado, se emprestado, em encadernao ou disponvel
4 4
57. Possibilidade de salvar estratgias de busca para utilizao posterior
1 1
58. Recuperao por truncamento esquerda, direita e ao meio, operadores booleanos, proximidade e distncia entre
1 1
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termos
59. Visualizao do resultado da pesquisa em forma de referncia bibliogrfica breve e completa, de acordo com a ABNT ou outra norma internacional
1 2
Requisitos relacionados ao processo de Divulgao da Informao
60. Emisso de listas de publicaes por assuntos e autores e gerao de catlogo coletivo
2 2
61. Elaborao e impresso de bibliografias em formato ABNT ou outra norma vlida
1 2
62. Definio de instrumentos de alerta e disseminao seletiva de informaes, conforme perfil dos usurios
1 2
Requisitos relacionados ao Processo Gerencial
63. Contabiliza estatsticas de circulao, processamento tcnico, seleo, aquisio e intercmbio, atualizao de tesauro e listas de autoridades, por perodo
3 2
64. Emite relatrios de circulao por tipo de documentos, por perodos e acumulado
2 1
65. Emite relatrios de emprstimos, por perodos e acumulado 2 1
66. Lista de usurios, por categoria 3 1
Requisitos gerais (Treinamento, Instalao suporte tcnico, Manuteno, Converso retrospectiva etc)
67. Treinamento em nvel tcnico, envolvendo: entendimento tcnico por analistas da instituio do produto, permitindo-lhes parametrizao e customizao ao usurio final
n/a n/a
68. Treinamento gerencial, para perfeita compreenso dos procedimentos gerenciais oferecidos
n/a n/a
69. Treinamento operacional, permitindo compreenso de cada rotina de cada mdulo do sistema
n/a n/a
70. Oferecimento de documentao completa do sistema (materiais didticos e manuais necessrios - de preferncia em portugus - seja para a equipe operacional como aos analistas da instituio)
2 2
71. Instalao e testes gerais na instituio, sem custos adicionais e com um profissional de suporte e gerencial para sanar as dvidas existentes
3 3
72. Oferecimento de contrato de suporte tcnico cobrindo todos os servios envolvidos (licenciamento do software, implantao de verses atualizadas, correes de erros de programao, etc).
n/a n/a
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CONSIDERAES GERAIS E APONTAMENTOS PARA NOVOS ESTUDOS
importante destacar alguns aspectos desta avaliao comparativa. As bibliotecas brasileiras
universitrias tm demandas especficas e realidades as mais diversas: seja em termos de
acervos, estratgias de crescimento, recursos humanos e/ou financeiros, e sobretudo pelas
demandas de seus usurios. Feita esta considerao, a opo de uma metodologia ainda
que adaptada - mostrou-se vlida e aplicvel mesmo a softwares livres, porm como
ressaltamos anteriormente foi evitada a atribuio de pesos aos critrios ou notas utilizados, e
neste princpio que basicamente diferimos da metodologia do trabalho conduzido por Caf,
Santos e Macedo (2001).
At porque as caractersticas de um software livre so, at certo ponto, antagnicas em relao
aos softwares proprietrios, que possuem um alto custo de manuteno e uma lgica
totalmente diversa na manuteno e expanso das funes de um sistema para automao de
bibliotecas, e mesmo para outros sistemas comerciais.
Na questo dos mdulos de automao, os softwares livres esto em amplo desenvolvimento.
Isto embora existam softwares proprietrios com dcadas de desenvolvimento e especficos
para o mercado de bibliotecas, onde tm seus concorrentes e tambm j esto posicionados
com uma clientela consolidada. Alguns softwares livres esto agindo inclusive como
complementares aos softwares proprietrios, e esta uma estratgia interessante a ser
acompanhada.
A vertente do software livre pode ser vista como uma opo s bibliotecas, mas muitas destas
ainda no os conhecem, sequer assitiram a alguma apresentao ou divulgao dos mesmos.
Ao contrrio dos softwares proprietrios, os softwares livres no so divulgados amplamente
atravs de macios recursos de marketing de grandes empresas multinacionais.
Ou, como ocorre muitas vezes, ainda no tem recursos humanos que permitam a implantao
de verses demo para avaliao, pois, no caso do Gnuteca e OpenBiblio, requerem detalhada
configurao e instalao em um computador servidor para a web. Como qualquer outro
sistema informatizado, sua instalao indica a necessidade de investimentos no apenas em
mo-de-obra especializada, mas em hardware, configuraes de redes Intranet, entre outros
fatores. A proposta deste artigo procurou mostrar s bibliotecas uma breve avaliao dos
mdulos funcionais mnimos exigidos para um sistema de automao, tratando-se de softwares
livres, e sua relao com as necessidades de uma biblioteca na qual se queira utiliz-los.
Elencamos aspectos facilitadores do planejamento de aquisio e implementao destes
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softwares livres. Esperamos que este estudo, sendo ainda de carter exploratrio, possa
suscitar o levantamento de maiores questionamentos e/ou outras possibilidades de pesquisa,
que podero ser aprofundados em futuros estudos.
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REFERNCIAS
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