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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
FARELO DA RAIZ INTEGRAL DE MANDIOCA (FRIM) COMO FONTE ENERGÉTICA ALTERNATIVA AO MILHO
NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE TIPO CAIPIRA CRIADOS NO SISTEMA SEMI-INTENSIVO
CASSAVA ROOT MEAL AS ALTERNATIVE ENERGETIC SOURCE AT THE CORN IN THE FEEDING OF FREE-RANGE BROILER
CHICKENS REARING IN SEMI-INTENSIVE SYSTEM
Karina Márcia Ribeiro de Souza
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL FEVEREIRO 2008
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
FARELO DA RAIZ INTEGRAL DE MANDIOCA (FRIM) COMO FONTE ENERGÉTICA ALTERNATIVA AO MILHO
NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE TIPO CAIPIRA CRIADOS NO SISTEMA SEMI-INTENSIVO
CASSAVA ROOT MEAL AS ALTERNATIVE ENERGETIC SOURCE AT THE CORN IN THE FEEDING OF FREE-RANGE BROILER
CHICKENS REARING IN SEMI-INTENSIVE SYSTEM
Karina Márcia Ribeiro de Souza Zootecnista
Orientador: Prof. Dr. Alfredo Sampaio Carrijo
Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito à obtenção do título de Mestre em Ciência Animal. Área concentração: Produção Animal
CAMPO GRANDE MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
FEVEREIRO 2008
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Coordenadoria de Biblioteca Central – UFMS, Campo Grande, MS, Brasil)
Souza, Karina Márcia Ribeiro de. S729f Farelo da raiz integral da mandioca (FRIM) como fonte energética
alternativa ao milho na alimentação de frangos de corte tipo caipira criados no sistema semi-intensivo / Karina Márcia Ribeiro de Souza. -- Campo Grande, MS, 2008.
40 f. ; 30 cm.
Orientador: Alfredo Sampaio Carrijo. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia.
1. Frango de corte – Alimentação e rações. 2. Mandioca como ração. I. Carrijo, Alfredo Sampaio. II. Título.
CDD (22) 636.50855
i
ii
Quem de três milênios, não é capaz de se dar conta,
Vive na ignorância, na sombra,
À mercê dos dias, do tempo.
J.W von Goethe
iii
À minha família, meus pais José e Marina e meu irmão José Marcelo.
Pelo esforço que fizeram para me dar a oportunidade de
realizar os meus estudos com dedicação. Pelo apoio, amparo e
palavras de incentivo nos momentos em que precisei e
principalmente pelo amor, carinho, respeito e paciência em
todos esses anos.
Ao Prof. Dr. Marcelo de O. Andreotti.
Por ter me dado a primeira oportunidade de trabalhar em
pesquisa. Pela confiança e pela força de vontade transmitida a
qual me fez continuar nessa caminhada.
Dedico.
iv
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao Prof. Dr. Alfredo Sampaio Carrijo, pela acolhida em um momento tão difícil, pela
orientação, pela alegria de sempre, pela amizade, ensinamentos, confiança, contribuindo para
meu crescimento e formação profissional e pessoal.
Meus sinceros agradecimentos.
v
AGRADECIMENTOS
À Deus e à NSa Sra. Aparecida pela proteção, por iluminar e guiar a minha caminhada;
À Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado
do Mato Grosso do Sul (FUNDECT) pela bolsa de estudo durante o curso;
Ao Programa Mestrado em Ciência Animal, representado pela Profa. Dra. Maria da
Graça Morais, pelo apoio durante o curso;
Aos professores do Mestrado, por compartilharem seus conhecimentos durante o
exercício do ensino e pela disposição e atenção despendida sempre que os solicitei;
Ao Prof. Dr. Ruy Alberto Caetano Correa Filho, pela confiança, amizade,
ensinamentos, apoio e palavras de incentivo em todos os anos de graduação e sempre;
Ao Prof. Dr. Charles Kiefer pela amizade, ensinamentos, apoio e colaboração na
realização dos trabalhos;
Aos meus grandes amigos Ivan Bezerra Allaman e Vitor Barbosa Fascina, pela
amizade, apoio nos trabalhos, pela seriedade, dedicação e alegria em todos os dias de
convivência;
Aos "meus meninos" Amélia Garcia, Adriany Falco, Gabriel Manvailer, Rafael
Rodrigues, Juliano Higa (Jão), Rodrigo Caetano, Guilherme Augusto, Evellize Morara, Rafael
Rosa, Daniela Arakaki, Renata Rigoni, Ingrid Medina, Claire Tulux, Carina Bastos, Antônio
de Souza e Vinícius Coelho, alunos de mestrado e graduação (Zootecnia e Veterinária), que
sempre trabalharam em prol da avicultura, colaborando imensamente na condução dos
experimentos, proporcionando além disso, momentos de aprendizagem e, principalmente de
muita alegria, descontração e amizade;
Aos queridos colegas da turma de mestrado, em especial à Andréa, Fábio, Maurílio,
Fabíola, Larissa, Lívia, Marcelo e Patrícia, pela amizade, convivência, o inesquecível grupo
de estudo de Bioquímica e pelas nossas longas conversas na hora do almoço na cantina da
faculdade;
À Marilete, secretária do mestrado, pelos conselhos, ajuda, disposição, simpatia,
carinho e atenção;
Ao Sr. Antônio, técnico do Laboratório de Nutrição Animal e ao Miguel, funcionário
de campo, pela colaboração na execução dos serviços e pelas conversas junto às rodas de
tereré;
Enfim, à todos que direta ou indiretamente me acompanharam, ajudaram, deram força
e proporcionaram a realização das minhas atividades. O meu muito obrigada!
vi
LISTA DE FIGURAS
"Página"
Figura 1 - Cianogênese em mandioca a partir da linamarina 5
Figura 2 – Composição da fibra do farelo de mandioca 7
Figura 3 - Peso corporal final (PF) e ganho de peso (GP) de frangos de corte tipo caipira
submetidos à dietas com diferentes níveis de farelo da raiz integral de mandioca
(FRIM) no período de 1 a 28 dias de idade 34
Figura 4 – Cor de pele de peito (CPPT) e cor de pele de canela (CPCN) de frangos de corte
tipo caipira submetidos a dietas contendo farelo da raiz integral de mandioca
(FRIM) de 56 a 84 dias 37
vii
LISTA DE TABELAS
"Página"
Tabela 1 - Composição percentual e calculada das dietas referências utilizadas nas fases
inicial e de crescimento/engorda ............................................................................ 18
Tabela 2 – Peso corporal inicial de frangos de corte de crescimento lento submetidos à
ensaio de digestibilidade nas fases inicial, de crescimento e engorda.................... 19
Tabela 3 - Composição bromatológica do milho, do farelo da raiz integral de mandioca
(FRIM) e do resíduo da cultura de mandioca (RCM) ............................................ 20
Tabela 4 - Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CMMS), da proteína bruta
(CMPB), do extrato etéreo (CMEE) e da energia bruta (CMEB) do milho,
FRIM e RCM, determinados com frangos de corte de crescimento lento em
diferentes idades ..................................................................................................... 21
Tabela 5 - Valores energéticos do milho, frim e rcm determinados com frangos de corte de
crescimento lento em diferentes idades .................................................................. 23
Tabela 6 - Composição percentual e calculada das dietas experimentais ................................ 30
Tabela 7 - Desempenho de frangos de corte tipo caipira, em três fases de criação,
submetidos a dietas contendo farelo de raiz integral de mandioca (FRIM) ........... 33
Tabela 8. Rendimentos de carcaça, de partes e propriedades funcionais da carne de frango
de corte tipo caipira submetidos a dietas contendo farelo da raiz integral de
mandioca (FRIM) de 56 a 84 dias de idade............................................................ 36
viii
SUMÁRIO
"Página"
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................1
1 Frangos de corte do tipo caipira ........................................................................................2
2 Uso da mandioca (Manihot esculenta crantz) na alimentação animal ..............................3
3 Digestibilidade e valor energético .....................................................................................6
4 Características de carcaça e qualidade da carne ................................................................8
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................11
VALORES ENERGÉTICOS DE SUBPRODUTOS DA MANDIOCA E DO MILHO
DETERMINADOS COM FRANGOS DE CORTE DE CRESCIMENTO LENTO...............14
Resumo................................................................................................................................14
Abstract...............................................................................................................................15
Introdução...........................................................................................................................16
Material e métodos .............................................................................................................17
Resultados e discussão .......................................................................................................19
Conclusões..........................................................................................................................24
Literatura citada..................................................................................................................24
FARELO DA RAIZ INTEGRAL DE MANDIOCA EM DIETAS DE FRANGOS DE
CORTE TIPO CAIPIRA ..........................................................................................................26
Resumo................................................................................................................................26
Abstract...............................................................................................................................27
Introdução...........................................................................................................................28
Material e métodos .............................................................................................................29
Resultados e discussão .......................................................................................................32
Conclusões..........................................................................................................................38
Literatura citada..................................................................................................................38
ix
FARELO DA RAIZ INTEGRAL DE MANDIOCA COMO ALTERNATIV A AO
MILHO NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE TIPO CAIPI RA
Resumo - Os grandes avanços científicos e tecnológicos ocorridos nas últimas
décadas, nos mais diversos setores das atividades agropecuárias e, principalmente na
avicultura de corte industrial, tem gerado enorme desconfiança entre os consumidores, pois
eles acreditam que as aves recebem produtos que possam prejudicar a saúde do ser humano.
Nota-se que a procura por alimentos com melhores atributos de qualidade e diferenciados têm
aumentado nos últimos anos e a criação de frangos de corte do tipo caipira é uma alternativa
para suprir a necessidade dessa parcela. Entretanto, as rações da criação do frango tipo caipira
representam aproximadamente 70% dos custos de produção. Uma forma de diminuir os custos
da alimentação na avicultura seria a utilização de produtos alternativos, por exemplo,
subprodutos da mandioca como o farelo integral da raiz de mandioca (FRIM) e o resíduo da
cultura da mandioca (RCM). O FRIM e o RCM podem substituir o milho como fonte
energética na alimentação de frangos do tipo caipira, em sistema de criação semi-intensivo,
sem prejudicar o desempenho e o desenvolvimento das aves. Assim, o objetivo do trabalho foi
determinar o valor energético do milho, do FRIM e do RCM e avaliar níveis de inclusão do
FRIM em rações de frangos de corte tipo caipira, sobre o desempenho, rendimento de carcaça,
de cortes e propriedades funcionais da carne. Foram conduzidos três ensaios de
digestibilidade para determinar os coeficientes de metabolização e as energias metabolizável
aparente e aparente corrigida do milho, do FRIM e do RCM com aves de crescimento lento
nas fases inicial, de crescimento e final, utilizando a metodologia de coleta total de excreta e
um outro experimento, compreendendo todo o período de criação para verificar o efeito dos
percentuais de inclusão do FRIM em 0, 20, 40 e 60% da ração total sobre os parâmetros de
desempenho, de rendimento de carcaça, e de cortes, e avaliando também as modificações
causadas nas propriedades funcionais da carne (pH, capacidade de retenção de água (CRA) e
perda de água por cozimento (PPC)), as quais influenciam diretamente na qualidade da carne.
Foi observado que nas fases de crescimento e de engorda a EMA e a EMAn do milho e do
FRIM foram maiores do que as determinadas para o RCM, provavelmente devido aos maiores
CMEB obtidos para os primeiros alimentos nas mesmas idades. Os valores de EMA e EMAn
do milho em kcal/kg, determinados com frangos de corte de crescimento lento, nas fases
inicial, de crescimento e engorda são: 1.867 e 1.808; 3.404 e 3.319; 3.401 e 3.213,
respectivamente. Os valores de EMA e EMAn do FRIM em kcal/kg, determinados com
x
frangos de corte de crescimento lento, nas fases inicial, de crescimento e engorda são: 1.854 e
1.796; 3.411 e 3.342; 3.411 e 3.234, respectivamente. Os valores de EMA e EMAn do RCM
em kcal/kg, determinados com frangos de corte de crescimento lento, nas fases inicial, de
crescimento e engorda são: 1.753 e 1.626; 1.415 e 1.995; 1.420 e 1.995, respectivamente. Em
relação ao desempenho das aves, verificou-se que peso corporal final (PF) e ganho de peso
(GP) apresentaram diferenças significativas somente na fase inicial de criação, ocorrendo um
efeito linear à medida que se aumentou o nível de inclusão de FRIM na ração dos frangos de
corte tipo caipira, permitindo dizer que o FRIM pode ser utilizado nas dietas de frangos de
corte tipo caipira na proporção de 60 % da ração total sem prejudicar o desempenho das aves.
Além disso, os valores para pH, CRA e PPC não foram influenciados pelos níveis de inclusão
de FRIM nas dietas. Foi verificado que os escores para cor de pele de peito e para cor de pele
de canela reduziram linearmente à medida que aumentou a proporção de inclusão de FRIM
nas dietas. Portanto, o FRIM pode ser incluído nas dietas de frangos tipo caipira na proporção
de 60%, sem prejudicar os rendimentos de carcaça e de cortes e as propriedades funcionais da
carne. No entanto promove descoloração das peles das pernas e do peito.
Palavras-chave: desempenho, digestibilidade, pescoço pelado, qualidade da carne, rendimento
de carcaça, valor energético
xi
CASSAVA ROOT MEAL AS AN ALTERNATIVE TO CORN IN THE FEEDING OF
FREE-RANGE BROILER CHICKENS
Abstract – The large scientific and technological advances occurred in recent decades,
in different sectors of agricultural activities, mainly in poultry industry, has generated
enormous suspect among consumers because they believe that the birds are feeding with
products that can damage the health of the human. Note that the demand for food with the
best attributes of quality and differentiated have increased in recent years and the rearing of
free-range broiler chickens is an alternative to supply the need for the plot. Nevertheless, the
ration of free-range broiler chickens represent approximately 70% of production costs. One
way to reduce the cost of food on poultry would be the use of alternative products, for
example, by-products of cassava as the cassava root meal (CRM) and cassava crop waste
(CCW). The CRM and CCW can replace corn as a source of energy in feeding free-range
broiler chickens, without bad the performance and development of birds. Thus, the aim of this
work was to determine the energy value of corn, CRM and CCW and evaluate CRM levels in
feed for free-range broiler chickens, on the performance, yield of carcass, parts and functional
properties of the meat. Three assessment of digestibility were conducted to determine of
coefficients of metabolization and apparent metabolizable energy and apparent metabolizable
energy corrected for nitrogen of CRM and CCW with slower-growing broilers the initial
phase, growth and fattening, using the methodology of collecting total of excreta. And another
experiment, including the whole period of creation to see the effect of the percentage of
inclusion of CRM at 0, 20, 40 and 60% of the total ration on the parameters of performance,
yield of carcass, parts, evaluating also the changes caused in the functional properties of the
meat (pH, water holding capacity (WHC) and cooking loss (CL)), which directly affect the
quality of the meat. It was observed that in the phases of growth and fattening the AME and
AMEn maize and CRM were higher than those determined for the CCW, probably due to
increased CMCE obtained for the first food in the same ages. The values of AME and AMEn
of maize in kcal/kg, determinated with slower-growing broilers, in the initial phases, of
growth and fattening are: 1.867, 1.808; 3.404, 3.319; 3.401 and 3.213, respectively. The
values of AME and AMEn of CRM in kcal/kg, determinated with slower-growing broilers, in
the initial phases, of growth and fattening are: 1.854, 1.796; 3.411, 3.342; 3.411 and 3.234,
respectively. The values of AME and AMEn of CCW in kcal/kg, determinated with slower-
growing broilers, in the initial phases, of growth and fattening are: 1.753, 1.626, 1.415, 1.995,
xii
1.420 and 1.995, respectively. On the performance of the birds, it was found that body weight
final (BW) and weight gain (WG) had significant differences only in the initial phase of
creation, occurring an effect linear as they increased the level of inclusion of CRM in ration of
free-range broiler chickens, allowing say that the CRM can be used in the diets of free-range
broiler chickens in the proportion of 60% of the total ration without poorly the performance of
the birds. Furthermore, the levels of inclusion of CRM in diets did not influence the values for
pH, WHC and CL. It was found that the scores for skin color of breast and skin color of shank
decreased linearly as we increased the proportion of inclusion of CRM in diets. So the FRIM
can be included in the diets of free range broiler chickens in the proportion of 60%, without
prejudice yield of carcass and cuts and functional properties of the meat. However promotes
discoloration of the skin of the legs and breast.
Key words: digestibility, energetic value, meat quality, naked neck, performance, yield of
carcass
INTRODUÇÃO
Devido aos grandes avanços científicos e tecnológicos ocorridos nas últimas décadas,
nos mais diversos setores das atividades agropecuárias, a avicultura de corte industrial vem
sofrendo um processo de transformação muito intenso, decorrente basicamente dos avanços da
genética e nutrição das aves. Entretanto, a alta velocidade de ganho de peso e a baixa conversão
alimentar tem gerado enorme desconfiança entre os consumidores, principalmente aqueles mais
tradicionais, que acreditam ser estas aves criadas com produtos que possam prejudicar a saúde
do ser humano.
Esse consumidor passou a se interessar por questões como bem estar animal, higiene,
conservação, apresentação e valor nutricional, preferindo produtos obtidos de criações em que
se adotam técnicas de manejo para que as aves tenham livre acesso a piquetes e não sofram as
condições estressantes daquelas criadas em alta densidade populacional, apresentando um
crescimento consideravelmente rápido.
Diante disso, a procura por alimentos com maiores atributos de qualidade e
diferenciados tem aumentado e a criação de frangos de corte do tipo caipira tornou-se uma
alternativa para suprir a necessidade dessa parcela de consumidores. Devido o sistema permitir
a utilização de instalações mais simples e, conseqüentemente, apresentar menor custo de
implantação, a criação de frangos de corte tipo caipira pode ser uma exploração ideal para
pequenos e médios produtores.
Entretanto, as rações para as aves caipiras, assim como das industriais, representam
aproximadamente 70% dos custos de produção, fazendo com que o frango abatido ou o produto
final, chegue ao consumidor com um preço elevado. Uma forma de reduzir os custos da
alimentação na avicultura seria a utilização de ingredientes alternativos, como por exemplo, a
mandioca.
Considerando que o estado de Mato Grosso do Sul está entre os dez maiores produtores
de mandioca e de seus derivados no Brasil, os subprodutos de mandioca podem ser uma
alternativa viável e menos onerosa para compor as dietas dos frangos caipiras sem prejudicar o
desempenho e o desenvolvimento das aves.
2
Além disso, a mandiocultura sofre os efeitos da falta de planejamento de produção, com
reflexos significativos no rendimento financeiro de pequenos e médios produtores rurais,
principais responsáveis pela produção do estado, que ficam dependentes da indústria. Assim, a
alimentação de frangos de corte tipo caipira com rações que contenham, por exemplo, farelo da
raiz integral de mandioca possibilita agregar valor à cultura da mandioca, transformando-a em
proteína animal de alta qualidade, permitindo que os produtores permaneçam na propriedade
com tranqüilidade e dignidade.
1 Frangos de Corte do Tipo Caipira
Nos últimos anos, tem-se aumentado a demanda por alimentos de origem animal com
maiores atributos de qualidade, principalmente, em relação a produtos avícolas em que as
discussões sobre segurança do alimento se aprofundam no nível das conseqüências do uso de
antibióticos promotores de crescimento sobre a saúde humana, e isso tem influenciado o
sistema de criação comercial de frangos de corte.
Uma alternativa para satisfazer essa procura é a criação de frangos de crescimento lento
no sistema semi-intensivo ou caipira onde a ração fornecida às aves não é constituída de
produtos de origem animal nem de antibióticos. Além disso, têm-se rotulado que os frangos
criados nesse sistema apresentam melhores características sensoriais, como a textura, quando
comparados às aves criadas no sistema intensivo ou de criação comercial (FARMER et al.,
1997).
A criação alternativa de frangos de corte do tipo caipira representa pouco mais de 1% do
mercado avícola do Brasil e a atividade no país vem crescendo desde a década de 90. No
entanto, seu crescimento ainda não acompanha o potencial do mercado consumidor que é cada
vez mais exigente em alimentos saudáveis e de qualidade (BUNGE, 2007).
O crescimento desta atividade deve-se ao maior interesse do consumidor pela qualidade
dos alimentos em suas dietas e pelo consumo de carne de frango com sabor diferenciado e
menor teor de gordura na carcaça (CARRIJO et al., 2002). Na França, a gama de produtos
naturais, obtida a partir de conceitos ecologicamente corretos, abrange mais de 20% de um
segmento que surgiu inicialmente com o objetivo de suprir a demanda por produtos
considerados básicos para uma vida mais saudável (AVICULTURA, 2007).
Em conseqüência dessa tendência dos consumidores e do interesse de produtores em
atender a demanda existente por carne de frango do tipo caipira, o Ministério da Agricultura,
3
através da Divisão de Operações Industriais – DOI, do DIPOA resolveu normatizar a produção
e comercialização do Frango Caipira ou Frango Colonial, também denominado “Frango Tipo
ou Estilo Caipira” ou “Tipo ou Estilo Colonial”, através do Ofício Circular DOI/DIPOA N.
007/99, de 19/05/1999 (BRASIL, 1999).
O sistema de criação do frango tipo caipira ou colonial é um pouco diferente daquele
utilizado nas explorações industriais. Algumas adaptações são possíveis, tendo em vista a
grande rusticidade e resistência dos frangos em relação às linhagens comerciais. As aves são
criadas em galpões até os 25 dias de idade, posteriormente são soltas ao campo, em criação
extensiva, onde é recomendada a utilização de três metros quadrados de pasto por ave, no
entanto, há o fornecimento de uma alimentação concentrada, constituída por ingredientes
exclusivamente de origem vegetal e livre de promotores de crescimento de qualquer tipo ou
natureza, até a idade de abate a qual é, no mínimo, de 85 dias (BRASIL, 1999). Apesar do
exercício contínuo, o desempenho dos frangos de corte do tipo colonial não é afetado pelo
acesso ao piquete (TAKAHASHI et al., 2006).
As aves destinadas ao sistema semi-intensivo podem ser de raças ou linhagens que
apresentam um baixo potencial genético de crescimento, alta rusticidade e boa adaptabilidade à
criação (ZANUSSO & DIONELLO, 2003). Dentre as principais aves utilizadas em criação
alternativa no Brasil, tem-se o frango Colonial 041 do Centro Nacional de Pesquisa em Suínos
e Aves da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA – CNPSA), o Caipirinha
da ESALQ (USP), o Paraíso Pedrês (Fazenda Aves do Paraíso), o frango Carijó e algumas
linhagens de pescoço pelado. O Paraíso Pedrês é a linhagem que apresenta os melhores
resultados de desempenho e rendimento (TAKAHASHI et al., 2006), porém as linhagens de
pescoço pelado são as mais utilizadas em função de sua maior adaptabilidade ao clima tropical,
e por fazer referência ao tipo de produção avícola francês o qual é o mais desenvolvido nesse
aspecto (ZANUSSO & DIONELLO, 2003).
2 Uso da Mandioca (Manihot esculenta Crantz) na Alimentação Animal
A mandioca cultivada (Manihot esculenta Crantz) é uma planta da família das
euforbiáceas, constituindo uma das poucas espécies do gênero Manihot que é utilizada para
alimentação humana e animal, possuindo a dupla capacidade fisiológica de sintetizar amido nas
folhas e armazená-lo nos tecidos de reserva (OTSUBO & PEZARICO, 2002).
4
A Nigéria é o maior produtor de mandioca do mundo, em segundo lugar está o Brasil
(GARCIA & DALE, 1999), produzindo anualmente mais de 23 milhões de toneladas, sendo
que a Região Centro-Sul, onde estão os Estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul,
contribui com 23% da produção (OTSUBO & LORENZI, 2004). O rendimento médio
brasileiro é de aproximadamente 13,3 T/ha, sendo que os três principais estados produtores têm
produtividade média superior a 22 T/ha, além disso, a produção de mandioca no Mato Grosso
do Sul tem aumentado nos últimos 20 anos, mesmo ficando concentrada em pequenas e médias
propriedades (OTSUBO & LORENZI, 2003).
A mandioca apresenta-se como um arbusto de 2 a 3m de altura, de cor verde arroxeada
cujas folhas são longas, possuindo de 3 a 7 lóbulos, constituída de raiz tuberosa, comprida e
espessa a qual é de alto valor como alimento quando seca ou cozida (DALLAQUA & CORAL,
2002). A Manihot esculenta Crantz cv. IAC 576 é o material mais cultivado em Mato Grosso
do Sul devido à boa adaptabilidade às condições edafoclimáticas da região (SEBRAE, 2007). A
cultivar IAC 576 apresenta raízes tuberosas uniformes, cuja polpa crua é de cor creme,
superficiais (facilita a colheita), película marrom e de formato cilíndrico, e ainda tem média
resistência à bacteriose e ao superalongamento que são as principais doenças observadas em
Mato Grosso do Sul (OTSUBO et al., 2003).
No entanto, uma das características das plantas de mandioca é a presença de um
glicosídeo, a linamarina, potencialmente hidrolisável que libera cianeto (CAGNON et al.,
2002). Quando o tecido é dilacerado a linamarina é hidrolisada enzimaticamente por β-
glicosidases, das quais se destaca a linamarase, iniciando-se a cianogênese, havendo, portanto,
a produção de glicose e α-hidroxinitrilas que se dissociam espontaneamente em pHs maiores
de 5,0, ou por ação da hidroxinitrila liase (HNL), formando ácido cianídrico (HCN) e as
cetonas correspondentes, conforme demonstrado na Figura 1 (PANTAROTO & CEREDA,
2001).
No caso da mandioca, seu uso como alimento está sujeito a presença desses glicosídeos
cianogênicos que são potencialmente tóxicos, mas que na maior parte são removidos com o
processamento, como por exemplo, a desidratação das raízes à sombra (CAGNON et al., 2002),
tanto que o farelo da raiz de mandioca possui potencial zero para o HCN (CEREDA, 2001).
5
Figura 1 - Cianogênese em mandioca a partir da linamarina Fonte: Pantarotto & Cereda, (2001)
Na avicultura industrial, comercial ou caipira, que utiliza como base alimentar a ração
concentrada, o custo da alimentação tem representado cerca de 70% do custo total da atividade
(UBA, 2007). Embora o método semi-intensivo proporcione aos animais um local de pastejo
onde as aves vão encontrar outras fontes de alimentação, é necessário o fornecimento de uma
alimentação concentrada ad libitum em que é permitida a utilização de produtos alternativos
como, por exemplo, a mandioca, diminuindo os custos da alimentação, sem perder a qualidade
da mesma.
As experiências mostram que a mandioca pode ser incluída na formulação de todos os
animais domésticos. Para aves, esse produto pode ser utilizado como ingrediente de ração na
forma de farelo da raiz integral de mandioca (FRIM) o qual é obtido pela desidratação das
raízes trituradas com posterior moagem. Além disso, o processamento das raízes para a
fabricação da farinha de mandioca e extração de fécula, gera partes da própria planta, como a
cepa ou calcanhar, folhas e o caule, também chamado de rama ou maniva, que são abandonadas
nas lavouras (CEREDA, 2001). Essas partes caracterizam o resíduo da cultura da mandioca
(RCM) que, igualmente ao FRIM, pode ser utilizado na alimentação das aves.
O uso da mandioca na alimentação animal não é uma prática recente, pois vários
estudos foram realizados com o intuito de avaliar a substituição de cereais por subprodutos de
mandioca em dietas de aves e os resultados variaram em relação aos valores alimentares,
problemas nutricionais e desempenho produtivo (ENRIQUEZ & ROSS, 1967; GARCIA &
DALE, 1999; CARRIJO et al., 2002). Entretanto, pouco se sabe sobre a utilização do resíduo
da cultura da mandioca (RCM) na alimentação animal.
Trabalhos publicados em relação à utilização do farelo da raiz de mandioca em rações
para frangos de corte relataram que a inclusão pode ser de até 30% sem prejudicar o
6
desempenho das aves (ENRIQUEZ & ROSS 1967; MONTILLA et al. 1970; ARMAS &
CHICO, 1973). No entanto, frangos machos da linhagem comercial ISA S757-N, de pescoço
pelado e crescimento lento, alimentados com rações contendo 55% de FRIM como fonte de
energia, em substituição ao milho não apresentaram prejuízos no peso final, ganho de peso e
conversão alimentar, desde que fosse incluída metionina na formulação da ração (CARRIJO et
al., 2002).
Contudo, a inclusão de 10% de um concentrado de mandioca nas dietas de frangos de
corte já é suficiente para resultar em redução dos custos de produção sem prejudicar o
desempenho e as características de carcaça das aves, além de possibilitar uma melhor eficiência
alimentar (ERUVBETINE et al., 2003), demonstrando que a mandioca pode ser uma
alternativa viável na criação de frangos de corte tipo caipira, agregando valor à cultura
produzida em Mato Grosso do Sul.
3 Digestibilidade e Valor Energético
A alimentação básica utilizada na avicultura é uma ração concentrada constituída
principalmente de grãos os quais possuem altos teores de carboidratos. A função principal dos
carboidratos é servir de fonte de energia nos processos metabólicos, sendo o amido o elemento
energético mais importante para aves (VIEIRA, 2002). O milho é a principal fonte de energia
utilizada na alimentação das aves de produção e como surgem novos caminhos de utilização
para esse ingrediente, faz-se a necessidade de se avaliar alimentos alternativos para as
formulações de rações (MICHELAN et al., 2007).
A disponibilidade dos carboidratos para os animais depende de três fatores básicos:
digestibilidade, absorção dos produtos finais da digestão e o metabolismo dos produtos da
absorção, entretanto, a digestibilidade parece ser o fator que representa a maior contribuição na
eficiência total de utilização, sendo diretamente relacionada com o tipo de alimento e suas
características intrínsecas (VIEIRA, 2002).
São vários os fatores que podem alterar a capacidade de digestão dos animais, entre
eles, a quantidade de alimento consumido, distúrbios digestivos, deficiências de nutrientes,
freqüência de fornecimento da dieta, tratamento a que foram submetidos os alimentos e efeitos
da associação dos alimentos (CHURCH & POND, 1977), além da idade, espécie e linhagem
dos animais (PENZ JÚNIOR et al., 1999).
7
Figura 2 – Composição da fibra do farelo de mandioca Fonte: Leonel, (2001)
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) está entre as raízes mais produtivas em termos
de matéria seca e de produção de energia por unidade de área, sendo uma das culturas tropicais
com melhor potencial para a produção de carboidratos (SCOTT et al., 1969). É considerada um
alimento energético, sendo o amido o seu principal componente, porém os teores de proteína e
aminoácidos são muito baixos.
Comparativamente ao milho, a mandioca possui maior teor de amido, 75% (LEONEL,
2001), porém o uso na ração é dependente da finalidade de utilização, devido aos variados
teores de compostos fibrosos (VIEIRA, 2002). O farelo de mandioca, forma do ingrediente
como é utilizado nas dietas de frangos de corte, apresenta-se como um material rico em fibras
insolúveis em água, sendo a fração hemicelulose a mais significativa (Figura 2), as quais
aceleram o trânsito intestinal, aumentam o peso das excretas, desaceleram a hidrólise do amido
e retardam a absorção da glicose (LEONEL, 2001), podendo reduzir o valor nutricional e,
conseqüentemente, o aproveitamento da energia do farelo (VIEIRA, 2002).
Essas fibras insolúveis também denominadas de polissacarídeos não-amiláceos (PNA's)
(LESSON & SUMMERS, 2001) representam 3,1% dos carboidratos da mandioca dos quais
1,7% são de açúcares não redutores (1,7% de sacarose e 0,01% rafinose) (CEREDA, 2001). Os
PNA's, não sendo digeridos pelas aves, interferem na absorção intestinal dos lipídeos,
reduzindo a deposição de gordura abdominal e diminuem a digestibilidade de diversos
nutrientes, produzindo menor eficiência da dieta e menor ganho diário (FONSECA et al.,
2000).
Além disso, nas formulações das rações, utilizam-se valores energéticos dos alimentos
tabelados que foram obtidos de experimentos realizados somente com frangos de corte de
crescimento rápido e em apenas uma fase de criação. As aves utilizadas para os ensaios de
8
digestibilidade são geralmente adultas, com mais de 20 semanas de idade ou em crescimento
com mais de 14 dias de idade (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007). No entanto, a energia
metabolizável aparente (EMA) e a energia metabolizável aparente corrigida para retenção de
nitrogênio (EMAn) da farinha de varredura de mandioca (FVM), determinadas com frangos de
corte, foram influenciadas pela idade, ocorrendo redução dos valores energéticos com o avanço
da idade das aves (LUDKE et al., 2007).
Portanto, a avaliação qualitativa fornece subsídios para a determinação da qualidade dos
alimentos que vão ser utilizados, em termos quantitativos e qualitativos, pela medição do grau
de eficiência da digestão e da absorção dos alimentos ou dieta estabelecida, sendo que o
conhecimento do valor energético dos ingredientes é fundamental para permitir o correto
balanceamento de nutrientes das rações, de maneira a atender as exigências nutricionais dos
animais.
4 Características de Carcaça e Qualidade da Carne
O atual consumidor vem apresentando exigências por melhores produtos que
supostamente estariam relacionados à qualidade de vida. Busca-se não somente a simples
satisfação do valor nutricional, mas também o prazer com o ato de comer e a garantia de que o
consumo não tenha qualquer efeito negativo sobre a saúde. Esta exigência move a indústria em
procurar satisfazer os clientes, gerando produtos diferenciados que atendam a preferência do
consumidor.
Em relação aos produtos de origem animal, particularmente carne de frangos, nota-se
um maior interesse por questões como bem estar animal, higiene, conservação, apresentação e
valor nutricional, enfim, características que garanta a propriedade do produto, sem que os
animais sejam criados em condições estressantes nem que apresentem um crescimento
consideravelmente rápido (CARRIJO & MENEZES, 2004).
O frango tipo caipira ou tipo colonial, que é resultado do frango de corte de
desenvolvimento lento criado no sistema semi-intensivo ou caipira, vem atender a exigência
dos consumidores que, cada vez mais esclarecidos e interessados em adquirir produtos com
maiores atributos de qualidade, estão em busca de uma alimentação mais próxima do natural.
A procura pelo frango de corte tipo caipira ocorre, principalmente, porque sua carne
possui um sabor mais acentuado do que a do frango industrial. Espera-se que aves de
crescimento lento que são criadas com ração concentrada, acesso a piquetes de gramíneas e
9
abatidas em idade mais avançada apresentem carne mais rígida e mais saborosa do que a carne
de aves criadas em sistema intensivo (FANATICO et al., 2005).
Além disso, a indústria de frangos de corte vem mostrando maiores preocupações com o
rendimento das carcaças e dos cortes, devido às exigências por parte dos consumidores os quais
têm elevado a demanda por peças com boa conformação, menores pesos e quantidade de
gordura abdominal (HELLMEISTER FILHO, 2002). A característica que mais contribui para
maximizar o retorno econômico na criação de frangos de corte é o rendimento de carcaça,
sendo influenciada por vários fatores como linhagem, nutrição, sexo, peso de abate,
resfriamento e quantidade de gordura na carcaça (MENDES, 1990).
Frangos de corte das linhagens Paraíso Pedrês e ISA Label, criados em sistema semi-
intensivo, têm apresentado diferenças quanto aos rendimentos de carcaça e de cortes nobres.
Entretanto, tem-se encontrado melhor textura da carne e maior resistência ao corte do que
carnes de frangos das mesmas linhagens criados confinados, podendo-se atribuir tal fato à
possibilidade de exercício durante o pastejo (SANTOS et al., 2005). Além disso, devido à
textura mais firme de sua carne, a mastigação é mais lenta, permitindo assim que o seu sabor
seja mais ressaltado (SILVA & NAKANO, 2001).
A qualidade da carne é função de uma série de fatores como genética, condições de
manejo e alimentação no período de produção e aos manejos realizados no período pré-abate e
durante o abate/processamento (SCHEUERMANN & COSTA, 2005). Umidade, gordura e
proteína são três constituintes considerados substratos primários que podem alterar as
características das carnes, sendo que os percentuais desses componentes, bem como o tipo e o
estado físico-químico influenciam importantes parâmetros, denominados de propriedades
funcionais, que determinarão a qualidade do produto final (SHIMOKOMAKI et al., 2006).
As propriedades funcionais, como capacidade de retenção de água (CRA), perda de
peso por cozimento (PPC), cor, sabor e textura, são as características físico-químicas que
diferenciam os alimentos e estão relacionadas com questões sensoriais e não necessariamente
nutricionais, implicando de forma direta e decisiva nos aspectos econômicos dos produtos
(OLIVO & SHIMOKOMAKI, 2006b)
No entanto, alterações post mortem, que incluem mudanças no pH da carne, podem
modificar as propriedades funcionais. O pH do músculo no animal vivo varia de 7,3 a 7,5 e
após o abate, devido os eventos bioquímicos que ocorrem durante a transformação do músculo
em carne, decresce pela produção de ácido lático a partir da glicólise anaeróbica (OLIVO &
SHIMOKOMAKI, 2006a). Frangos de corte criados em condições menos estressantes
10
apresentam, no post mortem um pH inicial mais elevado em torno de 6,25 e uma redução mais
lenta, resultando em um pH final, após 30 minutos, de 5,65 (SHIMOKOMAKI et al., 2006).
A taxa e o grau de redução de pH durante o estabelecimento do rigor mortis e, por
conseguinte, o teor de proteína desnaturada influenciam diretamente na CRA e inversamente na
PPC. A umidade natural é importante para a obtenção do rendimento e da qualidade final do
produto, contribuindo para a textura, suculência, sabor e palatabilidade da carne como alimento
e as proteínas estando desnaturadas resultam na redução da CRA (OLIVO &
SHIMAKOMAKI, 2006b).
A medida de exsudato é um parâmetro na averiguação da qualidade funcional e traduz a
CRA das carnes (SHIMOKOMAKI et al., 2006). Como a água é o principal constituinte da
carne em quantidade, a habilidade dos produtos cárneos em retê-la é muito importante. A
umidade sendo liberada poderá afetar negativamente o rendimento, a maciez, a textura e o
sabor, além de que, a perda de proteínas miofibrilares solúveis poderá influenciar o valor
nutricional do produto e assim, a CRA é considerada como um importante teste para predizer o
rendimento, o resultado econômico e a qualidade de um produto (SCHNEIDER et al., 2006)
Da mesma forma, a PPC é um outro atributo que reflete o rendimento e a qualidade
final de um produto cárneo cozido e que pode contribuir para uma melhor suculência e
agradabilidade da carne como alimento, e ainda para uma maior retenção de umidade na carne
cozida poderá evitar alterações oxidativas formadoras de ranço, auxiliando na segurança
alimentar e preservando o sabor da carne (SHIMOKOMAKI et al., 2006).
Nesse contexto, propôs-se realizar esse trabalho com o objetivo de determinar o valor
energético do FRIM, do RCM e do milho e avaliar níveis da inclusão de FRIM em rações de
frangos de corte tipo caipira, sobre o desempenho, rendimentos de carcaça e de cortes, e
propriedades funcionais da carne. Os resultados obtidos foram abordados nos artigos
intitulados de: "Valores energéticos de subprodutos da mandioca determinados com
frangos de corte de crescimento lento" e "Farelo da raiz integral de mandioca em dietas
de frangos de corte tipo caipira", redigidos conforme as normas editoriais da Revista
Brasileira de Zootecnia.
11
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Valores energéticos de subprodutos da mandioca e do milho determinados com frangos
de corte de crescimento lento
Souza, KMR1, Carrijo, AS2
1Mestranda em Ciência Animal da FAMEZ/UFMS. Bolsista FUNDECT – MS. [email protected]. 2DSc. , Prof. DZO/FAMEZ/ UFMS – Campo Grande/MS
Resumo - O objetivo do trabalho foi determinar o valor energético do farelo da raiz
integral de mandioca (FRIM), do resíduo da cultura da mandioca (RCM) e do milho com
frangos de corte de crescimento lento nas fases inicial, de crescimento e de engorda. Foram
utilizados 144 pintainhos machos pescoço pelado distribuídos em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema fatorial 3x3, sendo 9 tratamentos com quatro repetições de quatro
aves cada. Os ensaios ocorreram em três fases de criação: 17 a 26, 42 a 51 e 67 a 76 dias de
idade e consistiram de cinco dias de adaptação às dietas e cinco dias para a coleta total das
excretas. Os tratamentos foram uma dieta referência e as dietas teste que consistiram de 60%
da dieta referência+40% de FRIM e 80% da dieta referência+20% de RCM. Foram
determinados os coeficientes de metabolização da matéria seca (CMMS), proteína bruta
(CMPB), extrato etéreo (CMEE), energia bruta (CMEB) e os valores de energia metabolizável
(EMA) e energia metabolizável corrigida para retenção de nitrogênio (EMAn) do milho, do
FRIM e do RCM. Os resultados foram submetidos à análise de variância, à análise de regressão
e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A interação entre os
fatores alimento e idade das aves foi significativa para EMA e EMAn. Foi observado que nas
fases de crescimento e de engorda a EMA e a EMAn do milho e do FRIM foram maiores do
que as determinadas para o RCM, provavelmente devido aos maiores CMEB obtidos para os
primeiros alimentos nas mesmas idades. Os valores de EMA e EMAn do milho em kcal/kg,
determinados com frangos de corte de crescimento lento, nas fases inicial, de crescimento e
engorda são: 1.867 e 1.808; 3.404 e 3.319; 3.401 e 3.213, respectivamente. Os valores de EMA
e EMAn do FRIM em kcal/kg, determinados com frangos de corte de crescimento lento, nas
fases inicial, de crescimento e engorda são: 1.854 e 1.796; 3.411 e 3.342; 3.411 e 3.234,
respectivamente. Os valores de EMA e EMAn do RCM em kcal/kg, determinados com frangos
de corte de crescimento lento, nas fases inicial, de crescimento e engorda são: 1.753 e 1.626;
1.415 e 1.995; 1.420 e 1.995, respectivamente.
Palavras-chave: digestibilidade, energia metabolizável, farelo da raiz integral de mandioca,
pescoço pelado, resíduo da cultura de mandioca
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Energetic values of by-products of cassava and of corn determined with slower-growing
broilers
Abstract - The aim of this work was to determine the energy values of cassava root meal
(CRM) and cassava crop waste (CCW) with slower-growing broilers in the phases initial,
growing and fattening. They were used 144 males chickens naked neck created distributed in
design randoming in factorial 3x3, 9 treatments with four replicates of four birds each. The
tests occurred in three phases of creation: 17 to 26, 42 to 51 and 67 to 76 days of age and
consisted of five days of adaptation to diets and five days for a total collection of excreta. The
treatments were a diet reference and the test diet that consisted of 60% of the reference+40% of
CRM and 80% of the reference diet+20% of CCW. Were determined coefficients of
metabolization of dry matter (CMDM), crude protein (CMCP), ether extract (CMEE), gross
energy (CMGE) and the values of apparent metabolizable energy (AME) and apparent
metabolizable energy corrected for retention of nitrogen (AMEn) of maize, CRM and CCW.
The results were submitted to the analysis of variance, regression analysis, and averages
compared by Tukey test of a 5% probability. The interaction between factors food and age of
the birds was significant for AME and AMEn. It was observed that in the phases of growth and
fattening the AME and AMEn maize and CRM were higher than those determined for the
CCW, probably due to better CDGE obtained for the first food in the same ages. The values of
AME and AMEn of maize in kcal/kg, determinated with slower-growing broilers, in the initial
phases, of growth and fattening are: 1.867, 1.808; 3.404, 3.319; 3.401 and 3.213, respectively.
The values of AME and AMEn of CRM in kcal/kg, determinated with slower-growing broilers,
in the initial phases, of growth and fattening are: 1.854 and 1.796, 3.411 and 3.342, 3.411 and
3.234, respectively. The values of AME and AMEn of CCW in kcal/kg, determinated with
slower-growing broilers, in the initial phases, of growth and fattening are: 1.753 and 1.626,
1.415 and 1.995, 1.420 and 1.995, respectively.
Key words: cassava crop waste, cassava root meal, digestibility, metabolizable energy, naked
neck
16
Introdução
A avaliação qualitativa e a determinação dos valores energéticos dos ingredientes são
essenciais para o correto balanceamento das dietas, visto que a energia é um dos componentes
mais importantes nas formulações de rações para aves (Ludke et al., 2007). São vários os
fatores que podem alterar a capacidade de digestão dos animais, entre eles a idade, espécie e
linhagem (Penz Júnior et al., 1999).
O milho é a principal fonte de energia na alimentação das aves de produção e como
surgem novos objetivos de utilização para esse ingrediente, torna-se necessária a avaliação de
outros alimentos para as formulações de rações (Michelan et al., 2007). Dentre os alimentos
alternativos está a mandioca (Manihot esculenta Crantz) que pode ser considerada uma das
raízes mais produtivas em termos de matéria seca e de produção de energia por unidade de área
(Scott et al., 1969)possuindo 75% de amido (Leonel, 2001).
O processamento das raízes para a fabricação da farinha de mandioca e extração de
fécula, gera partes da própria planta, como a cepa ou calcanhar, folhas e o caule, também
chamado de rama ou maniva, que são abandonadas nas lavouras (Cereda, 2001). Essas partes
caracterizam o resíduo da cultura da mandioca (RCM) que igualmente ao farelo da raiz integral
de mandioca (FRIM) podem ser utilizados como fonte energética em substituição ao milho na
alimentação de frangos de corte.
Entretanto, uma das limitações do uso dos subprodutos da mandioca é a presença de
polissacarídeos não-amiláceos que não são digeridos pelas aves, interferem na absorção
intestinal dos lipídeos, reduzindo a deposição de gordura abdominal, e diminuem a
digestibilidade de diversos nutrientes, produzindo menor eficiência da dieta e menor ganho
diário (Fonseca et al., 2000).
Por outro lado, as aves utilizadas para os ensaios de digestibilidade são geralmente
adultas, com mais de 20 semanas de idade ou em crescimento, a partir dos 14 dias de idade
(Sakomura & Rostagno, 2007), ocorrendo a utilização do mesmo valor energético dos
alimentos em todas as fases de criação. A adoção desse único valor de energia tem gerado
polêmica entre os pesquisadores, sendo que na formulação de rações para frangos de corte, com
idade acima de 21 dias, deve-se considerar o aumento da digestibilidade dos nutrientes, com a
idade das aves (Freitas et al., 2006).
Diante disso, o objetivo do trabalho foi determinar o valor energético do FRIM, do
RCM e do milho para frangos de corte de crescimento lento nas fases inicial, de crescimento e
engorda.
17
Material e Métodos
Três ensaios de digestibilidade foram conduzidos no Laboratório Experimental em
Ciência Aviária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, no período de 16 de abril a nove de julho de 2007.
Foram utilizados 144 pintainhos machos da linhagem ISA S757-N (pescoço pelado),
criados até os 15 dias de idade em box experimental, conforme o manual de criação da
linhagem, onde receberam ração a base de milho e farelo de soja, à vontade. No 16º dia, as aves
foram alojadas em gaiolas de metabolismo com dimensões de 60 x 50 x 40 cm, munidas de
comedouro frontal tipo calha, bebedouro tipo nipple e bandejas previamente revestidas com
plástico para o recolhimento das excretas.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 x 3 (três
alimentos e três idades), sendo as aves distribuídas em 9 tratamentos com quatro repetições de
quatro aves cada. Os alimentos testados foram o milho, o farelo da raiz integral de mandioca
(FRIM) e o resíduo da cultura de mandioca (RCM). Os ensaios foram desenvolvidos em três
fases de criação: inicial (17 a 26 dias de idade), crescimento (42 a 51 dias de idade) e engorda
(67 a 76 dias de idade) e consistiram de cinco dias de adaptação às dietas e cinco dias para a
coleta das excretas.
Os tratamentos consistiram em uma dieta referência (tratamento controle), a base de
milho e farelo de soja, e outras duas dietas testes compostas de 60% da dieta referência + 40%
de farelo de raiz integral de mandioca (FRIM) e 80% da dieta referência + 20% de RCM. Os
resultados obtidos para o ingrediente milho foram calculados a partir da dieta teste com FRIM a
qual continha 40,45% de milho. A dieta referência (Tabela 1) foi balanceada a fim de atender
as recomendações de Rostagno et al. (2005) para aves de reposição semipesadas. Água e ração
foram fornecidas à vontade. Durante os períodos experimentais foi adotado programa de 24
horas de luz. O peso corporal das aves no início de cada ensaio de digestibilidade está
apresentado na Tabela 2.
O FRIM foi obtido a partir de raízes frescas de mandioca com casca, as quais foram
previamente trituradas, expostas em temperatura ambiente, à sombra, para volatilização do
ácido cianogênico e também da umidade. Para a obtenção do RCM, foram utilizadas as folhas,
as ramas e as cepas ou calcanhares da planta de mandioca. Essas partes foram trituradas juntas
e passaram pelo mesmo processo de secagem do FRIM. Após a secagem, os dois ingredientes
foram moídos para permitir a homogenização da ração com os demais ingredientes farelados.
18
Tabela 1 - Composição percentual e calculada das dietas referências utilizadas nas fases inicial e de crescimento/engorda
¹Quantidade/kg: Vit. B6 2.500 mg; Vit. B12 14.000 mcg; Niacina 35.000 mg; Ácido fólico 1.000 mg; Ácido pantotênico 12.000 mg; Biotina 80 mg; Vit. A 10.500.000 UI; Vit. D3 2.500.000 UI; Vit. E 20.000 UI; Vit. K3 2.500 mg; Vit. B1 2.000 mg; Vit. B2 5.000 mg; BHT 100 mg. ²Quantidade/kg: Zinco 110.000 mg; Selênio 360 mg; Iodo 1.400 mg; Cobre 20.000 mg; Manganês 156.000 mg; Ferro 96.000 mg
O método de coleta total de excretas foi adotado, sendo realizado nos três ensaios de
digestibilidade. As excretas foram recolhidas duas vezes ao dia (às 8 e 16 horas), evitando
perdas de material, acondicionadas em sacos plásticos identificados por repetição, e congeladas
para análises posteriores. As rações foram pesadas antes e depois dos períodos de coleta para a
determinação do consumo de ração.
Ao término do experimento, as excretas foram reunidas por repetição, descongeladas,
pesadas e homogenizadas. Da massa homogênea foi retirada uma amostra de 10% a qual foi
colocada em estufa de ventilação forçada, à temperatura de 55o C, por 72 horas, a fim de se
proceder a pré-secagem. Posteriormente, as amostras pré-secas foram expostas ao ar para que
houvesse equilíbrio com a temperatura e umidade ambiente. Em seguida foram pesadas,
moídas e acondicionadas em recipientes plásticos para as análises laboratoriais.
Ingredientes (%) Inicial Crescimento/Engorda Milho 67,42 71,81 Farelo de soja 27,23 23,35 Fosfato bicálcico 1,81 1,54 Calcário 1,06 0,93 Sal 0,41 0,36 DL-Metionina 0,10 0,04 L-Lisina HCL 0,03 - Premix vitamínico¹ 0,10 0,1 Premix mineral² 0,10 0,1 Caulim 1,74 1,77 Total 100,00 100,00 Valores calculados Energia metabolizável (kcal/kg) 2.900 2.956 Proteína bruta (%) 18,00 16,54 Fibra bruta (%) 2,64 2,50 Metionina digestível (%) 0,39 0,31 Metionina+cistina digestível (%) 0,69 0,59 Lisina digestível (%) 0,94 0,82 Treonina digestível (%) 0,70 0,64 Sódio (%) 0,18 0,16 Cálcio (%) 0,94 0,82 Fósforo disponível (%) 0,44 0,38
19
Tabela 2 – Peso corporal inicial de frangos de corte de crescimento lento submetidos à ensaio de digestibilidade nas fases inicial, de crescimento e engorda
Idade (dias)
Tratamentos¹ 17 - 26 42 - 51 67 - 76
Milho 226 ± 11 1017 ± 25 2158 ± 68 FRIM² 226 ± 8 1013 ± 27 2166 ± 68 RCM² 226 ± 10 1017 ± 33 2138 ± 53 ¹FRIM: dieta teste com farelo da raiz integral de mandioca; RCM: dieta teste com resíduo da cultura de mandioca. ² peso médio±desvio padrão.
Foram determinados das excretas, das rações, do milho, do FRIM e do RCM, os teores
de umidade (UM), matéria seca (MS), nitrogênio e extrato etéreo (EE) segundo Silva &
Queiroz (2002) e energia bruta (EB) por meio da bomba calorimétrica de PARR para se obter
as informações dos coeficientes de metabolização da matéria seca (CMMS), proteína bruta
(CMPB), extrato etéreo (CMEE), energia bruta (CMEB) e os valores de energia metabolizável
aparente (EMA) e energia metabolizável aparente corrigida para retenção de nitrogênio
(EMAn) do milho, do FRIM e do RCM. Para o cálculo de EMA, EMAn e dos coeficientes de
metabolização foram utilizadas as fórmulas descritas por Matterson et al. (1965).
Os resultados foram submetidos à análise de variância e posteriormente à análise de
regressão com o auxílio do programa ESTAT e quando ocorreram diferenças significativas, as
médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
A composição bromatológica do milho, FRIM e RCM está apresentada na Tabela 3. Os
teores de MS, EB, EE e FB do milho foram maiores que os valores relatados (87,11; 3.925;
3,61 e 1,73 respectivamente) por Rostagno et al. (2005) para esse alimento, porém o percentual
de PB obtido foi 0,76% menor que o publicado pelos mesmos autores. Contudo, o valor
nutritivo dos subprodutos da mandioca deve ser considerado em relação ao milho,
principalmente, no que diz respeito a PB, FB e energia metabolizável (Brum & Albino, 1993).
20
Tabela 3 - Composição bromatológica do milho, do farelo da raiz integral de mandioca (FRIM) e do resíduo da cultura de mandioca (RCM)
O FRIM apresentou o menor percentual de PB em comparação ao milho e ao RCM. De
acordo com Carvalho (2001), a raiz da mandioca é pobre em proteína devido ao seu elevado
teor de amido o que lhe confere, conseqüentemente, um alto valor energético, podendo, por
esse motivo, ser um sucedâneo do milho na dieta das aves. Segundo Leonel (2001), o farelo de
mandioca possui, em média, 75% de amido. Entretanto, a substituição do milho pela mandioca
torna necessária a elevação da quantidade de inclusão do alimento protéico, com o intuito de
corrigir o perfil de aminoácidos da dieta, para não prejudicar o desempenho das aves (Mazzuco
& Bertol, 2000). A FB do FRIM foi superior à do milho (Tabela 3), porém apresentou um valor
abaixo à raspa integral de mandioca (5,42%) e ao farelo de soja (5,41%), ambos relatados por
Rostagno et al. (2005).
As folhas de mandioca contêm aproximadamente 25% de PB (Eruvbetine et al., 2003) o
que possivelmente fez aumentar o teor de PB do RCM em relação ao FRIM, embora tenha sido
inferior ao milho. No entanto, foi apresentada uma diferença relevante quanto ao teor de FB
para o mesmo ingrediente em comparação ao milho e ao FRIM, devido o produto ser
constituído, principalmente de folhas e caule da planta de mandioca os quais possuem 9,84 e
18,39% de FB, respectivamente (Cereda, 2001).
Os coeficientes de metabolização dos nutrientes do milho, FRIM e RCM são
apresentados na Tabela 4. O CMEE foi influenciado pelo tipo de alimento e pela idade das
aves. O menor valor CMEE foi obtido para a o RCM. Verificou-se, ainda que aves mais velhas
(67 – 76 dias) apresentaram melhor digestibilidade do extrato etéreo (EE) devido ao maior
valor médio do CMEE para essa idade.
Alimentos Constituintes¹
Milho FRIM RCM Matéria seca (%) 89,35 89,33 89,74 Energia bruta (kcal/kg) 4.040 3.659 3.862 Proteína bruta (%) 7,50 2,00 6,78 Extrato etéreo (%) 4,11 0,41 2,19 Fibra bruta (%) 1,90 3,50 14,34 Matéria mineral (%) 1,33 2,52 7,66
21
Tabela 4 - Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CMMS), da proteína bruta (CMPB), do extrato etéreo (CMEE) e da energia bruta (CMEB) do milho, FRIM E RCM, determinados com frangos de corte de crescimento lento em diferentes idades
Idade em dias
17 – 263 42 – 513 67 – 763 Alimentos² CMMS (%)
Média
Milho¹ 84,02 Aa 81,60 Aa 82,69 Aa 82,77 FRIM¹ 84,24 Aa 82,59 Aa 83,88 Aa 83,57 RCM¹ 47,14 Ba 27,67 Bc 36,96 Bb 37,26 Média 71,80 63,95 67,84 CV4 (%) 6,05 CMPB (%) Média Milho¹ 56,70 Aa 54,74 Aa 62,10 ABa 57,85 FRIM¹ 56,86 Aa 55,20 Aa 63,32 Aa 58,46 RCM¹ 67,30 Aa 55,04 Ab 52,30 Bb 58,21 Média 60,28 54,99 59,24 CV4(%) 10,65 CMEE (%) Média¹ Milho 27,40 53,14 59,26 46,60 A FRIM 27,72 52,94 59,14 46,60 A RCM 22,12 29,46 46,64 32,74 B Média¹ 25,75 c 45,18 b 55,01 a CV4 (%) 18,34 CMEB (%) Média Milho¹ 74,36 Ab 83,92 Aa 83,81 Aa 80,70 FRIM¹ 74,39 Ab 84,47 Aa 84,42 Aa 81,03 RCM¹ 44,57 Ba 39,20 Ba 37,13 Ba 40,30 Média 64,44 69,19 68,45 CV4(%) 6,75 ¹Médias seguidas de letras minúsculas distintas na linha diferem pelo teste de Tukey (P<0,05); Médias seguidas de letras maiúsculas distintas na coluna diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). ²FRIM: farelo da raiz integral de mandioca; RCM: resíduo da cultura de mandioca. ³Idade em dias. 4CV: Coeficiente de variação.
Observou-se que a interação entre os fatores (alimento x idade) foi significativa
(P<0,05) para CMMS, CMPB e CMEB. O RCM foi o alimento que apresentou os menores
(P<0,05) CMMS e CMEB nas três fases de criação e de CMPB na fase de engorda,
provavelmente por possuir alto conteúdo fibroso cuja fração, segundo Lesson & Summers
(2001) é quase completamente indigestível pelas aves por ser constituída principalmente de
celulose e lignina, sendo que as aves não possuem secreção de enzimas no trato digestivo
capazes de digerir eficientemente esses componentes.
Segundo Hetland et al (2005), a atividade da moela é mais fortemente estimulada pela
presença de fibras insolúveis como celulose, lignina e algumas hemiceluloses (xilanas,
arabinoxilanas, galactosanas) o que causaria um melhor fracionamento do alimento. No
entanto, essa FB dos alimentos pode promover a redução da digestibilidade de todas as classes
22
de nutrientes da digesta intestinal, como ocorrido com a PB no presente estudo, pois os
polissacarídeos insolúveis (fração fibrosa) se ligam em grandes quantidades de água tornando o
meio intestinal mais viscoso, o que conseqüentemente, dará menor chance aos substratos de
entrar em contato com as enzimas digestíveis, enquanto que alguns produtos da digestão nem
alcançarão as microvilosidades do intestino (Lesson & Summers, 2001).
Os valores para CMEB do milho e do FRIM foram maiores (P<0,05) nas fases de
crescimento (42 – 51 dias) e engorda (67 – 76 dias) (Tabela 4). Alimentos que são constituídos
principalmente de grânulos de amido e proteína são dissolvidos rapidamente no fluido gástrico
da moela (Hetland et al., 2005) e o aproveitamento de um nutriente pela ave depende da
digestão e absorção de macromoléculas o que requer hidrólise enzimática (Longo et al., 2005).
Entretanto, investigações microscópicas do epitélio intestinal mostraram que tanto
frangos de corte como galinhas de postura não atingem maturidade da estrutura da superfície de
absorção até os 20 ou 30 dias de idade (Bedford, 1996), o que pode explicar o aumento do
CMEB do milho e do FRIM (alimentos ricos em amido) relaconado ao avanço da idade das
aves.
A EMA e EMAn do milho, do FRIM e do RCM estão apresentadas na Tabela 5. A
interação entre os fatores alimento e idade das aves foi significativa (P<0,05) para EMA e
EMAn. Foi observado que nas fases de crescimento (42-51 dias) e de engorda (67-76 dias) a
EMA e a EMAn do milho e do FRIM foram maiores (P<0,05) do que as determinadas para o
RCM, provavelmente devido aos maiores CMEB obtidos para os primeiros alimentos nas
mesmas idades.
Os valores da EMAn obtidos do milho foram inferiores aos relatados por Rostagno et
al. (2005), entretanto, as EMAn observadas para o FRIM, a partir da segunda fase de criação,
foram superiores ao valor publicado pelos mesmos autores para o ingrediente raspa integral de
mandioca. Fonseca et al. (2000) verificaram que a EMA e a EMAn da farinha da raiz de
mandioca determinadas com frangos de corte aos 21 dias de idade foram de 3.307 e 3.306
kcal/kg, respectivamente, e a EMA determinada com galos com 45 semanas foi de 2.995
kcal/kg. Os mesmos autores afirmaram que a farinha da raiz de mandioca apresenta valores
energéticos que justificam a sua inclusão nas dietas de aves jovens ou adultas.
23
Tabela 5 - Valores energéticos do milho, FRIM e RCM determinados com frangos de corte de crescimento lento em diferentes idades
EMA² (kcal/kg) Alimentos³
17 – 264 42 – 514 67 – 764 Média
Milho¹ 1.867 Ab 3.404 Aa 3.401 Aa 2891 FRIM¹ 1.855 Ab 3.411 Aa 3.411 Aa 2892 RCM¹ 1.754 Aa 1.415 Bb 1.420 Bb 1530 Média 1.825 2.744 2.744 CV5(%) 7,15 EMAn² (kcal/kg)
17 - 264 42 – 514 67 – 764 Média
Milho 1.808 Ab 3.319 Aa 3.213 Aa 2780 FRIM 1.796 Ab 3.343 Aa 3.235 Aa 2791 RCM 1.626 Ab 1.995 Ba 1.995 Ba 1872 Média 1.744 2.886 2.814 CV5(%) 7,24 ¹Médias seguidas de letras minúsculas distintas na linha diferem pelo teste de Tukey (P<0,05); Médias seguidas de letras maiúsculas distintas na coluna diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). ²EMA: energia metabolizável aparente; EMAn: energia metabolizável aparente corrigida para retenção de nitrogênio. ³FRIM: farelo da raiz integral de mandioca; RCM: resíduo da cultura de mandioca. 4Idade em dias. 5CV: Coeficiente de variação.
Longo et al. (2005) observaram EMAn do amido de milho e do amido de mandioca de
3.269 e 3.690 kcal/kg, respectivamente, para aves de 1 a 7 dias de idade, sendo esses valores
determinados com frangos de corte machos da linhagem Ross.
Foram obtidas EMAn semelhantes (Tabela 5) do milho e do FRIM somente a partir do
período de 42 a 51 dias de idade das aves, porém para a determinação desses valores, foram
utilizadas aves de crescimento lento as quais possuem um metabolismo menos intenso,
acreditando-se que as enzimas digestivas dessas aves atingem uma máxima eficiência mais
tardiamente do que em aves de linhagem de crescimento rápido, proporcionando, portanto
valores energéticos mais elevados com o avanço da idade.
Batal & Parsons (2002) verificaram o aumento da EMAn, de uma dieta composta
basicamente de milho e farelo de soja, com o avanço da idade dos frangos de corte, atingindo
um plateau aos 14 dias, ocorrendo no mesmo período, elevação da digestibilidade aparente do
amido e das gorduras em 6 e 18 %, respectivamente.
Em contrapartida, Ludke et al. (2007) relataram redução nos valores de energia da
farinha de varredura de mandioca determinados com frangos de corte, com o aumento da idade
das aves, observando valores de EMA e EMAn para o período de 14 a 24 dias de 3.110 e 2.932
kcal/kg, e para o período de 28 a 36 dias de idade de 2.935 e 2.794 kcal/kg, respectivamente.
Existem suposições de que a digestibilidade dos ingredientes que contêm elevado
conteúdo fibroso, atualmente denominado de polissacarídeos não-amiláceos (PNA's) (Lesson &
24
Summers, 2001), amplamente conhecido como um fator antinutricional, pode aumentar cada
vez mais com o avanço da idade das aves em comparação àqueles alimentos que não
apresentam esse fator, no entanto, esperar-se-ia esse aumento no valor da EMA se o sistema
digestivo não alcançasse um ponto máximo da taxa de extração de nutrientes de um alimento
(Bedford, 1996) como ocorrido no presente estudo.
Conclusões
Os valores de EMA e EMAn do milho em kcal/kg, determinados com frangos de corte
de crescimento lento, nas fases inicial, de crescimento e engorda são: 1.867 e 1.808; 3.404 e
3.319; 3.401 e 3.213, respectivamente. Os valores de EMA e EMAn do FRIM em kcal/kg,
determinados com frangos de corte de crescimento lento, nas fases inicial, de crescimento e
engorda são: 1.854 e 1.796; 3.411 e 3.342; 3.411 e 3.234, respectivamente. Os valores de EMA
e EMAn do RCM em kcal/kg, determinados com frangos de corte de crescimento lento, nas
fases inicial, de crescimento e engorda são: 1.753 e 1.626; 1.415 e 1.995; 1.420 e 1.995,
respectivamente.
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26
Farelo da raiz integral de mandioca em dietas de frangos de corte tipo caipira
Souza, KMR1, Carrijo, AS2
1Mestranda em Ciência Animal da FAMEZ/UFMS. Bolsista FUNDECT – MS. [email protected]. 2DSc. , Prof. DZO/FAMEZ/ UFMS – Campo Grande/MS
Resumo – O objetivo do trabalho foi avaliar níveis de inclusão de farelo da raiz integral
de mandioca, em dietas de frangos de corte tipo caipira, sobre o desempenho, os rendimentos
de carcaça, de cortes e as propriedades funcionais da carne. Foram distribuídos 400 pintainhos
machos da linhagem ISA S757-N (pescoço pelado) em um delineamento inteiramente
casualizado com quatro tratamento e quatro repetições de 24 aves cada. Os tratamentos foram
0%, 20%, 40% e 60% de FRIM (farelo da raiz integral de mandioca) na ração total. O período
experimental foi dividido em três fases de criação: inicial (1 a 28 dias de idade), crescimento
(29 a 56 dias de idade) e engorda (57 a 84 dias de idade). Foram obtidos o peso corporal final
(PF), o ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA) e viabilidade
(VB). Aos 84 dias foram obtidos os rendimentos de carcaça (RCAR), peito (RPTO),
coxa+sobrecoxa (RCSX), asa (RASA), dorso (RDOR) gordura abdominal (RGAB) e das
carnes de peito das aves foram determinados o pH, capacidade de retenção de água (CRA) e
perda de peso por cozimento (PPC). Por comparação visual, foram determinados os escores
para as cores de pele de canela (CPCN) e de peito (CPPT). Os resultados foram submetidos à
análise de variância, à análise de regressão e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade. A análise de variância detectou diferença significativa entre os
tratamentos para PF e GP, somente na fase de 1 a 28 dias de idade. Foi verificado aumento
linear à medida que se aumentou o nível de inclusão de FRIM na ração. Não existiram
diferenças significativas entre os tratamentos para as variáveis de rendimento de carcaça, de
cortes, pH, CRA e PPC. A utilização do FRIM nas dietas de frangos de corte tipo caipira
promoveu redução linear na coloração das peles da canela e do peito das aves com o aumento
do nível de inclusão desse ingrediente nas rações. O farelo da raiz integral de mandioca pode
ser utilizado nas dietas de frangos de corte tipo caipira na proporção de 60% da ração total sem
prejudicar o desempenho, os rendimentos de carcaça, de corte e as propriedades funcionais da
carne, no entanto promove descoloração das peles de canela e peito.
Palavras-chave: capacidade retenção de água, cor de pele, ganho de peso, pescoço pelado,
semi-intensivo
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Cassava root meal in diets of free-range broiler chickens
Abstract – The aim this work was to evaluate levels inclusion of cassava root meal in
diets of free-range broiler chickens on the performance, the yield of carcass, cuts and the
functional properties of the meat. They were distributed 400 chickens male of line ISA S757-N
(naked neck) in a design randoming with four treatment and four replicates of 24 birds each.
The treatments were 0%, 20%, 40% and 60% of CRM (cassava root meal) in the total ration.
The trial period was divided into three phases of creation: initial (1 to 28 days of age), growth
(29 to 56 days of age) and fattening (57 to 84 days of age). Were obtained the final body
weight (BW), weight gain (WG), feed intake (FI), feed conversion (FC) and liveability (LV).
At 84 days were obtained yield of carcass (YC), breast (YB), thigh + upper thigh (YTUT),
Wing (YW), back (YK) abdominal fat (YAF) and of the breast meat of the birds were
determined the pH , water holding capacity (WHC) and cooking loss (CL). For visual
comparison, the scores were determined for the color of skin of shank (CSS) and breast (CSB).
The results were submitted to the analysis of variance, analysis of regression and averages were
compared by test Tukey to 5% of probability. The analysi of variance found a significant
difference between treatments for BW and WG, only at the phase of 1 until 28 days of age. It
was demonstrated linear increased as they increased the level of inclusion of CRM in feed.
There were no significant differences between the treatments for the variables of yield of
carcass, cuts, pH, WHC and CL. The use of CRM in the diets of free-range broiler chickens
promoted linear reduction in the color of the skins of Shank the breast of birds with the
increase in the level of inclusion of this ingredient in the feed. The CRM can be used in the
diets of free-range broiler chickens in the proportion of 60% of the total ration without badly
performance, the yield of carcass, cuts and functional properties of the meat, however promotes
discoloration of the skins of shank and breast.
Key words: color of skin, naked neck, semi-confined, water holding capacity, weight gain
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Introdução
Os consumidores, preocupados com a segurança dos alimentos e em busca de uma
nutrição mais próxima do natural, proporcionaram o aumento da demanda por produtos
avícolas com maiores atributos de qualidade. Essa preocupação influenciou o sistema de
produção na avicultura, sendo que, a criação de frangos de corte de crescimento lento no
sistema semi-intensivo ou caipira tem sido uma alternativa apropriada para satisfazer o
mercado.
O frango tipo caipira permite algumas adaptações no sistema de criação, tendo em vista
a grande rusticidade e resistência das aves em relação ao frango de granja de escala industrial.
O aspecto mais marcante associado a esse sistema é o fato das aves terem acesso a piquetes
com área verde para o exercício diário, o que não prejudica o desempenho dos frangos
(Takahashi et al. 2006).
No entanto, mesmo no sistema de produção tipo caipira, a alimentação representa cerca
de 70% do custo da atividade (UBA, 2007) e ingredientes alternativos, como a mandioca,
podem ser utilizados para tornar as rações menos onerosas. Vários estudos foram feitos para
avaliar a substituição de cereais por farelo de mandioca em dietas de aves e os resultados
variaram em relação aos valores alimentares, problemas nutricionais, e desempenho produtivo
(Enriquez & Ross, 1967; Garcia & Dale, 1999; Carrijo et al. 2002). A inclusão do farelo de
mandioca, em rações para frangos de corte, pode ser de até 55% sem prejudicar o desempenho
das aves, desde que a dieta contenha níveis adequados de metionina para o correto
balanceamento da ração (Carrijo et al., 2002).
Além disso, a indústria vem mostrando maiores preocupações com o rendimento das
carcaças e dos cortes, devido às exigências dos consumidores por peças que apresentem boa
conformação, menor peso e quantidade de gordura na carcaça (Hellmeister Filho, 2002).
Entretanto, existe a busca não somente pela satisfação do valor nutricional, mas também pelo
prazer com o ato de comer.
Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar níveis de inclusão de farelo da raiz
integral de mandioca, em dietas de frangos de corte tipo caipira, sobre o desempenho,
rendimentos de carcaça, de cortes e as propriedades funcionais da carne.
29
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Laboratório Experimental em Ciência Aviária da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, no período de 14 de agosto a 06 de novembro de 2007.
Foram distribuídos 400 pintainhos machos da linhagem ISA S757-N (pescoço pelado)
em um delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e quatro repetições de
24 aves cada. Os tratamentos foram níveis de 0, 20, 40 e 60% de FRIM (farelo da raiz integral
de mandioca) na ração total, ocorrendo respectivamente a 0; 28,48, 56,96 e 85,44% de
substituição da quantidade milho em relação à ração do tratamento controle que foi composta
basicamente de milho e farelo de soja.
O período experimental foi dividido em três fases de criação: inicial (1 a 28 dias de
idade), crescimento (29 a 56 dias de idade) e engorda (57 a 84 dias de idade). As dietas
apresentaram a mesma composição nutricional nos períodos experimentais. As rações foram
fareladas, isoenergéticas, isoprotéicas e balanceadas a fim de atender as exigências nutricionais
conforme recomendações de Rostagno et al. (2005) para aves de reposição semipesadas, exceto
para o nível de proteína bruta (PB), sendo utilizado o valor de 15,3%, no entanto as exigências
sugeridas para os aminoácidos limitantes foram supridas (Tabela 6).
Cada box foi equipado com uma campânula que continha duas lâmpadas incandescentes
de 100 W para o aquecimento, um comedouro tubular e um bebedouro pendular. A cama
utilizada foi de casca de estilosantes com oito centímetros de espessura. As aves permaneceram
confinadas até os 28 dias de idade e a partir do 29º dia tiveram livre acesso ao piquete de
gramíneas. O programa de luz adotado foi o de iluminação artificial de 24 horas nos primeiros
14 dias e de luz natural até o final do período experimental. Diariamente foram verificadas e
anotadas as temperaturas (máxima e mínima) e a ocorrência de mortalidade.
As aves e as rações foram pesadas no dia do alojamento, aos 28, 56 e 84 dias de idade. As
variáveis analisadas foram: peso corporal final (PF), ganho de peso (GP), consumo de ração
(CR), conversão alimentar (CA) e viabilidade (VB). GP e a CA foram corrigidos pela
mortalidade segundo Sakomura & Rostagno (2007).
O PF foi o peso absoluto médio das aves no final de cada fase. O GP foi obtido pela
diferença entre o PF e o peso inicial. A partir da subtração da quantidade de ração fornecida e
das sobras, sendo o resultado dividido pelo número de aves e posteriormente pelo número de
dias de cada período (28 dias), foi determinado o CR.
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Tabela 6 - Composição percentual e calculada das dietas experimentais
Níveis de inclusão de FRIM Ingredientes (%) 0% 20% 40% 60%
Milho 70,23 51,70 29,16 3,80 FRIM - 20,00 40,00 60,00 Farelo de soja 18,49 21,49 25,66 28,77 Farelo de trigo 5,00 2,96 - - Óleo de soja - - 1,47 3,56 Fosfato bicálcico 1,75 1,81 1,88 1,93 Calcário 1,13 0,99 0,84 0,71 Sal 0,41 0,40 0,40 0,39 DL-Metionina 0,15 0,19 0,21 0,26 L-Lisina HCL 0,26 0,20 0,12 0,20 Treonina 0,07 0,07 0,06 0,18 Premix vitamínico¹ 0,10 0,10 0,10 0,10 Premix mineral² 0,10 0,10 0,10 0,10 Caulim 2,31 - - - Total 100,00 100,00 100,00 100,00 Valores calculados Energia metabolizável (kcal/kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 Proteína bruta (%) 15,30 15,30 15,30 15,30 Fibra bruta (%) 2,70 3,43 4,06 4,87 Metionina digestível (%) 0,38 0,40 0,42 0,45 Metionina+cistina digestível (%) 0,61 0,62 0,62 0,62 Lisina digestível (%) 0,85 0,85 0,85 0,95 Treonina digestível (%) 0,57 0,57 0,57 0,67 Sódio (%) 0,18 0,18 0,18 0,18 Cálcio (%) 0,94 0,94 0,94 0,94 Fósforo disponível (%) 0,43 0,43 0,43 0,43
¹Quantidade/kg: Vit. B6 2.500 mg; Vit. B12 14.000 mcg; Niacina 35.000 mg; Ácido fólico 1.000 mg; Ácido pantotênico 12.000 mg; Biotina 80 mg; Vit. A 10.500.000 UI; Vit. D3 2.500.000 UI; Vit. E 20.000 UI; Vit. K3 2.500 mg; Vit. B1 2.000 mg; Vit. B2 5.000 mg; BHT 100 mg. ²Quantidade/kg: Zinco 110.000 mg; Selênio 360 mg; Iodo 1.400 mg; Cobre 20.000 mg; Manganês 156.000 mg; Ferro 96.000 mg
Os resultados de CA foram encontrados pela relação entre o CR e o GP. A VB foi obtida
pela fórmula:
1001 xAA
MORTVB
−= ,
onde:
VB: viabilidade;
MORT: mortalidade ocorrida no período;
AA: número de aves no alojamento
31
Aos 84 dias de idade foram retiradas duas aves por repetição com peso corporal
correspondente ao peso corporal médio da unidade experimental ± 5% que foram identificadas
por anilhas numeradas em uma das patas. As aves foram submetidas a jejum alimentar por 8
horas e pesadas antes do abate, que foi realizado por sangria, após dessensibilização por
deslocamento cervical.
No momento da evisceração foram retiradas a gordura presente na região próxima a
cloaca e aquela aderida à moela (gordura abdominal). As carcaças sem pés, cabeça e pescoço
foram pesadas. Posteriormente foram feitos os cortes de peito, coxa+sobrecoxa, asa e dorso. O
rendimento de carcaça (RCAR) foi encontrado a partir da relação entre o peso absoluto da
carcaça e o peso corporal antes do abate. Os rendimentos de peito (RPTO), coxa+sobrecoxa
(RCSX), asa (RASA), dorso (RDOR), cabeça+pescoço (RCPC) e de gordura abdominal
(RGAB) foram determinados em relação ao peso da carcaça eviscerada sem pés, cabeça e
pescoço.
As análises de capacidade de retenção de água (CRA) e perda de peso por cozimento
(PPC) foram determinadas 24 horas post mortem utilizando-se a carne de peito de uma das
aves. A CRA foi efetuada em duplicata e para cada réplica foram utilizados dois gramas de
amostra de carne de peito que foram colocados entre duas folhas de papel filtro circulares e
esse conjunto entre duas placas de vidro que receberam um peso de 10 kg durante cinco
minutos. As amostras foram pesadas após a pressão e por diferença calculou-se a quantidade de
água perdida. O resultado foi expresso em percentual de água exsudada em relação ao peso
inicial da amostra.
Para a PPC, amostras de filés íntegros foram pesadas em duplicata, embaladas em papel
laminado e cozidas em chapa metálica pré-aquecida e regulada para 180ºC, permanecendo por
quatro minutos de cada lado. Após o cozimento, os filés foram retirados do papel laminado e
resfriados até ± 40ºC sobre papel absorvente em temperatura ambiente. Os filés cozidos foram
pesados para que a PPC fosse determinada através da subtração do peso inicial (carne in
natura) e final (carne cozida) e o resultado obtido dividido pelo peso inicial.
A carne de peito da segunda ave foi utilizada para a determinação do pH que foi realizada
aos 45 minutos post mortem que é o tempo mínimo de estabelecimento do rigor mortis para
músculo de ave. Os peitos foram dessecados e as carnes foram moídas em processador tipo
"mix". A análise foi feita em duplicata e para cada réplica foram utilizados dois gramas de
carne. Cada amostra foi colocada em béquer onde foi adicionado 20 mL de água destilada. A
solução foi agitada por dois minutos e posteriormente realizou-se a leitura do pH pela inserção
do eletrodo no béquer que continha a solução.
32
As cores da pele de canela (CPCN) e a da pele de peito (CPPT) foram obtidas por
comparação visual com o auxílio do leque DSM para cor de pele de frango o qual contém
atribuição de cores que variam de 101 a 108, equivalendo respectivamente a cor mais branca e
a cor mais amarelada. Foi atribuído o valor 100 quando se observou uma cor mais branca que a
do leque de comparação.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, posteriormente à análise de
regressão com o auxílio do programa ESTAT e quando ocorreram diferenças significativas, as
médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
As temperaturas máxima e mínima medidas durante o período de criação de 1 a 84 dias
foram 30,32±3,88 e 22,50±3,47ºC, respectivamente.
Os resultados obtidos para as variáveis de desempenho estão apresentados na Tabela 7.
O PF e o GP foram influenciados (P<0,05) pela inclusão de FRIM nas dietas somente na fase
inicial de criação (1 a 28 dias de idade). Verificou-se que os valores aumentaram linearmente
(P<0,05) à medida que se aumentou o nível de inclusão de FRIM na ração dos frangos de corte
tipo caipira (Figura 3).
Os valores para PF e GP na primeira fase de criação foram obtidos provavelmente
devido às dietas com os maiores níveis de FRIM conterem óleo vegetal em elevada proporção,
principalmente naquela com 60% de inclusão de FRIM. O óleo de soja foi acrescentado para
suprir a deficiência energética ocasionada pela retirada de grande quantidade de milho nas
rações com níveis superiores de FRIM.
A presença de fontes lipídicas nas rações proporciona um menor incremento calórico
(IC) o qual representa toda perda de energia durante os processos de digestão, absorção e
metabolismo dos nutrientes (Sakomura & Rostagno, 2007). Conseqüentemente, por essa razão,
aumentam-se os níveis de energia líquida (EL) metabolizados, uma vez que essa é a energia
metabolizável menos a energia perdida como IC, podendo promover melhores resultados de
desempenho das aves, visto que influencia diretamente na energia retida como produção animal
(Penz Júnior et al., 1999).
33
Tabela 7 - Desempenho de frangos de corte tipo caipira, em três fases de criação, submetidos a dietas contendo farelo de raiz integral de mandioca (FRIM)
¹PI: peso corporal inicial; PF: peso corporal final; GP: ganho de peso; CR: consumo de ração; CA: conversão alimentar; VB: viabilidade; ²CV: coeficiente de variação; ³Médias seguidas de letras minúsculas distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05).
Em contrapartida, Nascimento et al. (2005) verificaram um efeito quadrático para o GP
e relataram que o melhor nível de raspa de mandioca na ração, que é um alimento de
composição semelhante ao FRIM, na ração foi de 8,4 %. Os autores verificaram que o aumento
da participação desse ingrediente na dieta de frangos de corte promoveu um decréscimo para o
GP no período de 22 a 35 dias de idade. Os mesmos autores observaram ainda redução no GP
das aves durante o período de 36 a 42 dias de idade com o aumento da quantidade de raspa de
mandioca na ração.
Rostagno et al. (2005) recomendam utilizar níveis entre 5 e 20% de inclusão de raspa
integral de mandioca nas rações de frangos de corte para a fase inicial e entre 10 e 20% para as
fases de crescimento com o intuito de não prejudicar o desempenho das aves. No entanto, no
presente estudo foi observado que com a inclusão de 40 ou 60% de FRIM nas dietas, o
desempenho foi superior (1 a 28 dias de idade) ou semelhante (29 a 56 e 57 a 84 dias de idade)
aos níveis de inclusão recomendados por Rostagno et al (2005) ou à ração que não continha
FRIM.
Níveis de FRIM 0% 20% 40% 60% CV² (%) Variáveis¹
1 a 28 dias PI (g) 38 38 38 38 1,70 PF³ (g) 495 b 520 ab 528 a 541 a 2,98 GP³ (g) 458 b 483 ab 491 a 505 a 3,08 CR (g/ave/dia) 26 27 28 27 6,04 CA 1,59 1,57 1,57 1,48 4,86 VB (%) 100,00 99,99 99,98 99,97 0,03
29 a 56 dias PI (g) 512 511 513 513 1,34 PF (g) 1573 1517 1534 1517 2,57 GP (g) 1108 1052 1067 1066 3,35 CR (g/ave/dia) 94 95 88 84 8,01 CA 2,37 2,52 2,32 2,21 6,92 VB (%) 99,92 99,92 99,90 99,92 0,06
57 a 84 dias PI (g) 1485 1490 1475 1478 0,51 PF (g) 2796 2755 2728 2708 2,27 GP (g) 1309 1294 1271 1230 5,55 CR (g/ave/dia) 151 143 140 136 4,85 CA 3,46 3,28 3,22 3,12 4,86 VB (%) 100,00 99,98 99,99 100,00 0,02
34
PF = 499,17 + 0,732x; r2 = 0,95
- - - GP = 46,57 + 0,748x; r2 = 0,95
480
490
500
510
520
530
540
550
450
460
470
480
490
500
510
520
530
540
550P
eso
corp
oral
(g)
Ganho de peso (g)
Níveis de FRIM (%)
0 604020
Figura 3 - Peso corporal final (PF) e ganho de peso (GP) de frangos de corte tipo caipira submetidos à dietas com diferentes níveis de farelo da raiz integral de mandioca (FRIM) no período de 1 a 28 dias de idade
Embora com valores inferiores, os resultados corroboram com os encontrados por
Gadelha et al. (2006) que verificaram que a farinha integral de mandioca pode ser incluída nas
dietas de frangos caipiras na fase de 35 a 84 dias em até 53% sem prejudicar o desempenho,
desde que ocorra um equilíbrio do teor aminoacídico da ração. Da mesma forma, Bezerra et al.
(2007) relataram que a substituição do milho pela mandioca não afetou o GP até a idade de 60
dias, porém após esse período observaram uma redução linear nos valores para essa variável.
O CR não foi afetado (P>0,05) pelos diferentes níveis de FRIM nas rações nas três fases
de criação. Apesar da ausência de diferenças significativas entre os tratamentos, foi observada
redução na quantidade diária de ração consumida por ave à medida que houve o aumento do
nível de FRIM na ração. A diminuição no CR ocorreu, possivelmente, devido as rações com
maior nível de FRIM apresentarem uma menor densidade, fazendo com que o papo da ave
fosse preenchido por um peso absoluto de ração menor do que a ração que continha
basicamente milho e farelo de soja (limitação física). Aves de linhagens geneticamente
melhoradas parecem limitar o consumo de ração mais por uma ação física de enchimento do
trato gastrintestinal e da palatabilidade do alimento do que pela manutenção de peso e
composição corporal (Gonzáles, 2002).
Gadelha at al. (2006) não encontraram diferenças significativas para o CR quando
incluíram 0, 18, 36 e 53% de farinha de mandioca nas dietas de frangos de crescimento lento
35
embora também observaram uma menor densidade específica das rações quando as mesmas
continham farinha integral de mandioca.
A análise de variância não detectou diferenças (P>0,05) para CA e VB nas diferentes
fases de criação estudadas.
Da mesma forma, Bezerra et al. (2007) verificaram que a CA não foi influenciada pela
utilização da raspa de mandioca nos níveis de 0, 15, 30 e 45% em substituição ao milho das
rações de frangos caipiras Label Rouge criados até os 90 dias, sendo obtidos os valores de 3,6;
3,6; 3,7 e 3,9 respectivamente. Também Gadelha et al. (2006) não observaram efeito da
inclusão de 0, 18, 36 e 53 % de farinha integral de mandioca em dietas de frangos de
crescimento lento de 35 a 84 dias de idade, sobre a CA, sendo observados os respectivos
valores de 2,80; 2,81; 2,92 e 2,88. Ao contrário, Nascimento et al. (2005), relataram resultados
indesejáveis para CA, que variaram de 2 a 2,5, à medida que os percentuais de inclusão de
raspa de mandioca na ração foram maiores que 10,29%.
Não houve diferença (P>0,05) entre os tratamentos para as variáveis de rendimento de
carcaça e de cortes dos frangos de corte tipo caipira aos 84 dias de idade, exceto para o
rendimento de cabeça+pescoço (Tabela 8). Os resultados estão de acordo com Santos et al.
(2005) que não encontraram diferenças para os rendimentos de carcaça e de parte de frangos
Pescoço Pelado quando comparados à linhagem Paraíso Pedrês, no entanto, verificaram que os
frangos Pescoço Pelado obtiveram menor rendimento de cabeça+pescoço em relação ao
Paraíso Pedrês.
Ribeiro et al. (2006) não verificaram diferenças para RCAR e para a maioria dos
rendimentos de cortes de frangos de corte tipo caipira aos 84 dias submetidos a dietas contendo
0, 15, 30 e 45% de FRIM. Embora esses autores tenham encontrado valores superiores de
RCAR (78,58; 78,38; 78,73 e 78,38%) para os respectivos tratamentos, apresentaram RPTO
inferiores (26,22; 25,05; 25,70 e 26,18 %). Em contrapartida, Costa et al. (2004) observaram
efeito linear para os rendimentos de carcaça e de peito mostrando que à medida que se
aumentou o nível de inclusão de raspa de mandioca (0, 5, 10, 15, 20 e 25% de adição deste
ingrediente) foram encontrados os menores valores para os parâmetros avaliados.
Os valores de RGAB dos frangos de corte tipo caipira não foram diferentes (P>0,05)
quando as aves foram submetidas a dietas com diferentes níveis de inclusão de FRIM. Os
resultados contrastam aos obtidos por Ribeiro et al. (2006) e Costa et al. (2004) que verificaram
uma redução no percentual de gordura abdominal com o aumento de FRIM na dieta. Embora
não tenham ocorrido diferenças significativas em relação ao RGAB no presente estudo, nota-se
que a adição de FRIM às rações foi favorável à redução da gordura.
36
Tabela 8. Rendimentos de carcaça, de partes e propriedades funcionais da carne de frango de corte tipo caipira submetidos a dietas contendo farelo da raiz integral de mandioca (FRIM) de 56 a 84 dias de idade
¹RCAR: rendimento de carcaça; RPTO: rendimento de peito; RCSX: rendimento de coxa+sobrecoxa; RASA: rendimento de asa; RDOR: rendimento de dorso; RCPC: rendimento de cabeça+pescoço; RPES: rendimento de pés; RGAB: rendimento de gordura abdominal; pH: potencial hidrogeniônico; CRA: capacidade de retenção de água; PPC: perda de peso por cozimento; CPCN: cor de pele de canela; CPPT: cor de pele de peito; ²CV: coeficiente de variação; ³Médias seguidas de letras minúsculas distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05).
Tendo em vista que, um dos agravantes da criação das linhagens tipo caipira é o maior
acúmulo de gordura na carcaça devido a uma maior idade de abate (Kessler et al., 2000), o
FRIM, como constituinte das rações, pode ser uma alternativa para solucionar tal problema.
Os valores para pH, CRA e PPC não foram influenciados (P>0,05) pelos níveis de
inclusão de FRIM nas dietas de frangos de corte tipo caipira (Tabela 8). A taxa e o grau de
redução do pH durante a instalação do rigor mortis e conseqüentemente o teor de proteína
desnaturada influenciam na CRA e PPC. Se as proteínas não estão desnaturadas, elas
continuam a ligar água na conversão do músculo em carne e essa umidade é importante para o
rendimento e a qualidade final do produto, contribuindo para a textura, suculência, sabor e
palatabilidade da carne como alimento (Olivo & Shimokomaki, 2006).
Os resultados para pH apresentados na Tabela 8 foram muito próximos aos observados
por Santos et al. (2005) para frangos de corte machos da linhagem ISA Label (pH = 5,69) e do
valor considerado normal (pH = 5,68) para carne de ave 24 horas post mortem (Schneider et al.,
2006).
Níveis de FRIM Variáveis¹ 0% 20% 40% 60% CV² (%)
RCAR (%) 67,60 66,93 66,09 66,61 1,58 RPTO (%) 27,45 26,74 27,25 27,67 4,16 RCSX (%) 32,37 32,67 32,98 33,11 2,94 RASA (%) 12,72 12,90 13,13 12,78 3,97 RDOR (%) 26,14 26,94 26,28 25,97 4,36 RCPC³ (%) 8,78 b 9,26 ab 9,54 a 9,38 a 2,47 RPES (%) 6,21 6,14 6,12 6,45 5,76 RGAB (%) 4,11 4,20 3,86 3,54 31,91 pH 5,78 5,82 5,73 5,77 2,07 CRA (%) 28,97 28,02 32,39 24,68 12,39 PPC (%) 18,62 17,20 17,14 17,98 28,47 CPCN³ 104,84 a 104,08 ab 103,17 bc 102,25 c 0,49 CPPT³ 103,25 a 102,67 a 101,92 b 101,17 c 0,33
37
CPCN = 104, 885 - 0,434x; r2 = 0,99
- - - - CPPT = 103,298 - 0,349x; r2 = 0,99
100
101
102
103
104
105
106E
scor
es
Níveis de FRIM (%)
0 604020
Figura 4 – Cor de pele de peito (CPPT) e cor de pele de canela (CPCN) de frangos de corte tipo
caipira submetidos a dietas contendo farelo da raiz integral de mandioca (FRIM) de 56 a 84 dias
Fanatico et al. (2005) verificaram que carne de aves de crescimento lento criadas em
sistema semi-intensivo apresentaram maior perda de exsudato e perda no cozimento (P<0,05)
do que carne de aves de crescimento rápido semi-confinadas, possivelmente pelo fato de que
aves de crescimento lento possuem, à mesma idade, menor espessura de carne de peito e
também apresentam maior umidade de carne.
Aves mantidas em piquetes de gramíneas consomem grande quantidade de xantofilas
(derivado de β-caroteno) presentes nas plantas verdes e também no milho, esses pigmentos são
transferidos para a pele, pernas e bico dos frangos de corte (Leeson & Summers, 2001). No
entanto no presente estudo, os níveis de FRIM proporcionaram diferença significativa (P<0,05)
sobre a CPPT e a CPCN (Tabela 8), demonstrando que a utilização do FRIM nas dietas de
frangos de corte tipo caipira promoveu uma redução linear (P<0,05) na coloração das peles da
perna e do peito das aves com o aumento do nível de inclusão desse ingrediente nas rações
(Figura 4).
Freitas et al. (2007), avaliando a pigmentação das canelas de frangos de corte,
mostraram uma diminuição linear com o acréscimo de 30% de farinha de varredura de
mandioca nas dietas e alegaram que a utilização de determinados alimentos alternativos
substituindo o milho nas rações de frangos de corte pode prejudicar a coloração da carcaça e
canelas das aves.
38
Os resultados observados devem ter ocorrido provavelmente devido à quantidade de
caroteno da mandioca (0,01 mg/kg) (Cereda, 2001) ter sido insuficiente para promover a
coloração mais intensa nas peles de peito e perna dos frangos caipira, visto que segundo FAO
(2007), o milho possui 125 mg/kg de β-caroteno. Os consumidores associam, normalmente as
colorações amareladas de pele e canela a produtos originados de criações caracterizadas como
mais próximas do natural (Leeson & Summers, 2001) e a coloração mais clara da pele dos
frangos de corte tipo caipira submetidos a dietas contendo elevados níveis de FRIM poderia
dificultar a aceitação das carcaças pelo mercado.
Conclusões
O farelo da raiz integral de mandioca pode ser utilizado nas dietas de frangos de corte
tipo caipira na proporção de 60% da ração total sem prejudicar o desempenho e os rendimentos
de carcaça e de cortes das aves.
As propriedades funcionais da carne de frangos de corte tipo caipira não são alteradas
pela inclusão do farelo da raiz integral de mandioca às dietas.
O farelo da raiz integral de mandioca promove descoloração das peles das canelas e do
peito de frangos de corte tipo caipira.
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