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LICENCIATURA EM RADIOLOGIA DOSSIER DE ESTÁGIO MÓDULO de Angiografia Hospital: Hospital Santa Marta

Dossier Angiografia HSMarta

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Page 1: Dossier Angiografia HSMarta

LICENCIATURA EM RADIOLOGIA

DOSSIER DE ESTÁGIO

MÓDULO

de

Angiografia

Hospital: Hospital Santa Marta

Monitor: Técnico Carlos Silva

Discentes: Helena Crasto

Joana Antunes

LISBOA 2011

Page 2: Dossier Angiografia HSMarta

Directora do Curso – Prof.ª Doutora Ana Luísa Vieira

Coordenador de Estágio – Prof.º Júlio Martins Pires

Monitor(a) – Técnico Carlos Silva

Avaliador do Módulo – Prof.º Frederico Francisco

Hospital – Hospital Santa Marta

Discentes – Helena Crasto Nº 20070270

– Joana Antunes Nº 20070265

Título – Dossier de Estágio

Módulo – Radiologia Pediátrica

Data de Inicio – 3/1/2011

Data Final – 7/1/2011

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Page 3: Dossier Angiografia HSMarta

AGRADECIMENTOS

Queremos transmitir a nossa gratidão ao Monitor, Técnico Carlos Silva, que se

mostrou permanentemente disponível e interessado na nossa orientação, com base na

partilha do seu conhecimento.

Agradecemos também a todos os Técnicos e Médicos do HSM que nos

acompanharam durante este estágio de observação.

O nosso muito obrigado a todos os Professores, representados pela Prof. Ana

Luísa Vieira e pelo Prof. Júlio Pires e ao Professor Orientador, Prof. Frederico

Francisco.

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Page 4: Dossier Angiografia HSMarta

RESUMO

A angiografia é uma técnica imagiológica, que permite visualizar a anatomia

vascular, após a introdução intravascular de meio de contraste, opaco à radiação-X.

Esta técnica é de grande importância no diagnóstico e terapêutica de distintas

patologias, podendo evitar de submeter o doente a todas as complicações e desconforto

decorrentes de uma intervenção cirúrgica.

De realçar, que a angiografia poderá englobar diversas especialidades tais como:

a neuroradiologia, radiologia, cardiologia, cardiologia pediátrica, cirurgia vascular entre

outras.

Na realização do estágio, no Hospital de Santa Marta, compreendemos o papel e

a relevância do Técnico de Radiologia no Laboratório de Hemodinâmica. É crucial a

sua presença dentro da sala de exames (radiologia e cirurgia vascular), na sala de

comandos, intervindo activamente nas diversas fases: na aquisição, o pós-

processamento e subsequente responsabilidade que frui no arquivo e tratamento das

imagens.

Portanto, o estágio foi deveras importante, para a nossa formatura enquanto

alunas e estagiárias de radiologia. O facto de não conhecermos muito bem esta

realidade, permitiu-nos ter uma visão mais concreta tanto do equipamento, como das

funções do TR, como também estabelecer mais afinidade com a própria anatomia

vascular. A angiografia foi uma nova veracidade na prática e por isso foi de nosso

agrado, conviver com mais uma valência da nossa competência.

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Page 5: Dossier Angiografia HSMarta

ÍNDICE

RESUMO..........................................................................................................................3INTRODUÇÃO/OBJECTIVOS........................................................................................7ORGÂNICA FUNCIONAL DO LOCAL DE ESTÁGIO................................................8LABORATÓRIO DE HEMODINÂMICA.......................................................................9ANGIOGRAFIA.............................................................................................................10

Materiais, técnicas e equipamentos utilizados numa sala de Angiografia:.........11O equipamento em si requer:...................................................................................11

Cateteres:....................................................................................................................11Tipos de Cateteres:..................................................................................................12Outros materiais que poderão ser utilizados:...........................................................12

Cateterismo:...............................................................................................................13Técnica de Seldinger..................................................................................................13Angioplastia................................................................................................................14

Obtenção de imagem:..............................................................................................14Pós-processamento de imagem:..............................................................................15

CASO CLINICO.............................................................................................................16Exame Realizado – Coronáriografia.......................................................................16Anatomia....................................................................................................................16Patologia.....................................................................................................................18

Oclusão Total da artéria coronária..........................................................................18Dados do paciente:..................................................................................................21Requisição clínica e Patologia associada................................................................21Informação clínica:..................................................................................................21Sintomas:.................................................................................................................21

Preparação do paciente:............................................................................................21Contra indicações:...................................................................................................21Protocolo realizado:.................................................................................................22Incidências realizadas para o estudo da ACE:.........................................................22

Incidências Realizadas para o estudo da ACD:......................................................23Posicionamento:......................................................................................................23

Diagnóstico:................................................................................................................29Terapêutica:...............................................................................................................29Conclusões:.................................................................................................................29

MEIOS DE CONTRASTE..............................................................................................30Riscos associados:.......................................................................................................30Parâmetros de contraste:..........................................................................................31Cuidado pós-procedimento:.........................................................................................31

RELAÇÃO TÉCNICO-PACIENTE...............................................................................32NORMAS DE SEGURANÇA E PROTECÇÃO RADIOLÓGICA...............................33DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES OBSERVADAS..................................................34CONCLUSÃO.................................................................................................................35BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................36ANEXOS.........................................................................................................................37

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Page 6: Dossier Angiografia HSMarta

ÍNDICE DE FIGURAS

Imagem 1 –Evolução da Aterosclerose…………………………………………….19Figura 1 – Artéria Coronária Esquerda - Incidência OAD a 30º.....................................24Figura 2 – Artéria Coronária Direita - Incidência OAD a 10º/ 40ºCrânio......................24Figura 3 – Artéria Coronária Esquerda – Incidência OAE (cranial 45º/30º)..................25Figura 4 – Artéria Coronária Esquerda – Incidência OAD 30º.......................................25Figura 5 – Artéria Coronária Esquerda – Incidência OAD 30º......................................26Figura 6 – Artéria Coronária Esquerda – Incidência AP (Caudal 20º/25º).....................26Figura 7 – Artéria Coronária Esquerda – Incidência OAE a 45º.....................................27Figura 8 – Artéria Coronária esquerda - Incidência OAE (cranial 45º/30º)...................27.Figura 9 – Artéria Coronária Direita – Incidência OAE a 45º........................................27Figura 10 – Introdução do fio-guia e cateter na incidência OAD a 30º..........................28Figura 11 – Introdução do fio-guia e cateter na incidência OAD a 30º..........................28

ÍNDICE DE TABELA

Tabela I - Tabela Representante dos exames observados durante o período de estágio da Helena e da Joana............................................................................................................34

ÍNDICE DE GRÁFICO

Gráfico 1 - Gráfico Representante dos exames observados durante o período de estágio.........................................................................................................................................34

SIGLAS E ABREVIATURAS

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Page 7: Dossier Angiografia HSMarta

HSM – Hospital de Santa Marta

TR – Técnico de Radiologia

OAD – Oblíqua anterior direita

OAE – Oblíqua anterior esquerda

ACD – Artéria coronária direita

ACE – Artéria coronária esquerda

AP – Antero - posterior

DA – Artéria descendente anterior

Cx – Artéria circunflexa

IVP – Ramo interventricular posterior

PL - Ramo posterolateral

OM – Artéria obtusa marginal

ASD – Angiografia de subtracção digital

MAV- Malformações vasculares arteriovenosas

CENN - Comissão Nacional de Energia Nuclear

ASD – Angiografia de Subtracção Digital

ACTP- Angioplastia Coronária Transluminal Percutânea

Cd- Caudal

Cr- Craneal

INTRODUÇÃO/OBJECTIVOS

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Page 8: Dossier Angiografia HSMarta

No estágio decorrido no Hospital de Santa Marta, na valência de Angiografia,

usufruímos da experiência como estagiárias, durante cinco dias num total de 35horas, na

companhia do Monitor e Técnico Carlos Silva.

No decorrer do estágio foi-nos proposto, conceber alguns itens, tais como,

identificar as incidências realizadas, a anatomia das estruturas visualizadas e a

importância das barreiras de protecção contra radiações ionizantes em angiografia bem

como do material utilizado. Assim, permitiu-nos consolidar e desenvolver alguns

conhecimentos ao nível da linguagem técnica e outras capacidades adquiridas durante o

percurso académico, facultando deste modo, uma melhor incorporação junto da equipa

multidisciplinar no HSM.

De forma mais concisa, iremos abordar, o serviço, o equipamento que nele reside,

os protocolos utilizados nos diversos exames, determinar os exames por nós observados,

como, angiografia de membros, angiografia cardíaca de adultos e pediátrica.

Em suma, a realização deste dossier, tem como objectivo a descrição

pormenorizada de todo o estágio de observação da valência de Angiografia e também o

estudo de um caso clínico observado.

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Page 9: Dossier Angiografia HSMarta

ORGÂNICA FUNCIONAL DO LOCAL DE ESTÁGIO

O HSM, designado inicialmente por Convento de Santa Marta, é um Hospital

Central Especializado, que se situa em Lisboa; é uma instituição de saúde altamente

diferenciada, com vocação cárdio-torácica, vascular e pneumológica e a área de

influência abrange a região de Lisboa, Sul, Ilhas e Palop's (Países Africanos de Língua

Oficial Portuguesa).

Este possui diversos serviços, tais como, o de Cardiologia, Cardiologia

Pediátrica, Cirurgia Cárdio-Torácica, Imuno-Hemoterapia, Pneumologia, Medicina

Interna, Medicina Física, Reabilitação, Radiologia, Angiologia e Cirurgia Vascular.

A missão desta unidade hospitalar visa tratar os pacientes da sua área de

influência com eficiência, eficácia e rapidez, de forma a promover a sua satisfação e

encorajar boas práticas profissionais e o seu aperfeiçoamento constante, beneficiando

assim a qualidade.

De referir, que o HSM, foi o primeiro do país a dedicar-se ao estudo das

doenças cardiovasculares.

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Page 10: Dossier Angiografia HSMarta

LABORATÓRIO DE HEMODINÂMICA

O laboratório faz parte integrante do Serviço de Cardiologia do Hospital de

Santa Marta, EPE, e é constituído por três salas de angiografia, duas salas de comando,

sala de espera, área de recobro (com duas camas), zonas de desinfecção, vestuário e

gabinete de estudos.

De seguida, serão descritas de uma forma sucinta as salas de exame e de recobro:

Sala GE

Esta sala possui um equipamento GE de modelo Innova 2100. Nela são realizados

exames cardíacos de adultos e pediátricos. Esta sala possui o equipamento mais recente

e sofisticado do serviço de Hemodinâmica, como tal, oferece uma melhor qualidade de

imagem.

Sala Siemens

Esta sala contém um aparelho Siemens de modelo Multistar, e possui a particularidade

do aparelho ter ASD.

Nesta sala são realizados exames de diagnóstico e terapêutica nas áreas de cardiologia

de adultos, cirurgia vascular e radiologia. De salientar que nestas duas últimas áreas são

efectuados exames de corpo e exames periféricos (aorta abdominal, membros inferiores

e superiores, troncos supra-aórticos, carótidas e vasos selectivos).

Sala Siemens 2

Comporta um aparelho GE OEC 9800, tratando-se de um intensificador de imagem em

Arco em C móvel. Nesta sala são realizados estudos electrofisiológicos, ablações,

colocação de pacemakers provisórios e definitivos; biópsias miocárdicas a doentes

transplantados cardíacos; para além das coronariografias, cateterismos esquerdos, e

direitos em adultos, nesta sala não se realiza angioplastias.

O Laboratório de Hemodinâmica, possui também uma sala de recobro, para os pacientes

puderem permanecer sob vigilância antes e após exame.

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Page 11: Dossier Angiografia HSMarta

ANGIOGRAFIA

A valência de Angiografia alude o exame radiográfico dos vasos por meio de

radiação X após a injecção de contraste (opaco aos raio-X) na corrente sanguínea,

permitindo desta forma a visualização da anatomia vascular, a obtenção não só do

diagnóstico mas também da terapêutica.

Esta valência tem como objectivos o diagnóstico e a terapêutica. O diagnóstico,

permite estudar a extensão de eventuais lesões vasculares arteriais e venosas,

concretamente estenoses ou oclusões totais e ainda, explorar e caracterizar com precisão

aneurismas, MAV’s, tumores, metástases, trombos, etc. A terapêutica, por sua vez,

possibilita realizar angioplastias, embolizações, veicular fármacos, efectuar ecografias

endovasculares, entre outros procedimentos, nomeadamente técnicas de intervenção

vascular.

A angiografia de intervenção tem sofrido grandes progressos no que diz respeito,

à inovação dos materiais, permitindo a concepção de cateteres cada vez mais finos

(microcateters), com curvaturas mais adaptadas aos vasos, fios guia mais flexiveis,

balões com maior força radial, stents com drogas, entre outros. Com estes materiais

consegue-se realizar procedimentos cada vez mais complexos, reduzindo assim o

número de intervenções cirúrgicas e consequentemente os dias de internamento e custos

com a saúde. Para a execução destes exames é requerido não só equipamento

angiografia específico, bem como uma equipa técnica especializada e bem treinada.

Para se visualizar as estruturas vasculares, é utilizado um meio de contraste opaco

ao raio-x que é injectado através de um cateter inserido no vaso de interesse, sendo

efectuadas várias projecções para que as lesões não passem despercebidas.

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Page 12: Dossier Angiografia HSMarta

Materiais, técnicas e equipamentos utilizados numa sala de Angiografia:

A sala de Angiografia deve encontrar-se equipada com toda a tecnologia que

permita a realização de exames angiográficos de diagnóstico e de intervenção. Para

além do angiografo, injector automático, estufa com contraste, equipamento de

anestesia e emergência médica (cardiodesfibrilhador e ventilador), balão intra-aórtico,

ecógrafo, armários de onde se encontra material esterilizado (agulhas, cateteres, guias,

stents, balões), entre outro material.

O equipamento requer:

- Uma mesa telecomandada que fornece acesso ao paciente por todos os lados,com

capacidade de se mover nas quatro direcções, com altura ajustável e um mecanismo de

inclinação.

- Um Gerador ( que fornece corrente eléctrica de alta tensão à ampola para que esta

produza radiação X)

- Um sistema de imagem fluroscópico (Arco em C) digital, onde a ampola encontra-se

sempre na parte inferior e o intensificador de imagem na parte superior; este último

permite a conversão do sinal analógico para digital.

- Monitor de TV ( local onde se observa em tempo real as imagens obtidas e onde se

tem em display uma imagem de referência)

- Consola de Comandos

Cateteres:

O cateter vem do grego de Katheter de Kathienais que significa introduzir; estes

possuem diversas formas na extremidade distal, para permitir fácil acesso ao vaso de

interesse. Estes devem ser frequentemente “lavados” em soro heparinisado durante o

procedimento, de forma a prevenir a formação de coágulos de sangue dentro deles.

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Tipos de Cateteres:

Pigtail: É utilizado no estudo das aortografias, ventriculografias, TSA.

Judkins: É a principal ferramenta de diagnóstico para as coronáriografias.

Cateter-Balão: Utilizado nas Angioplastias, o balão expande-se até um certo

diâmetro mediante a aplicação de uma seringa de angioplastia de alta pressão na

qual possui contraste diluido em soro (caso contrário não seria visível), tem

como finalidade dilatar segmentos vasculares estenosados.

Cateter Multipurpose- não possui balão, mas possui um orificio terminal e dois

laterais.

Rotablator: é utilizado na aterectomia rotacional e trata-se de um dispositivo que

na sua porção terminal possui uma oliva rotativa, que contém em seu redor

micro-cristais impregnados, estes acelerados rotativamente a 120.000 a 140.000.

rotações por minuto permitem pulverizar lesões calcificadas em partículas

minúsculas, que depois, de seram eliminadas pela corrente sanguínea.

Fios-Guia: Estes são fundamentais para qualquer procedimento endovascular, estes são

responsáveis por facilitar a orientação e posicionamento do cateter em determinadas

posições, dando suporte ao cateter enquanto este é avançado até ao local de interesse.

São utilizados dentro dos cateteres, e o fio-guia vai sempre anteriromente ao cateter.

Stents: São próteses de rede metálica que têm como função manter a permeabilidade do

vaso.

Outros materiais que poderão ser utilizados:

- AngioSeal- dispositivo de encerramento do vaso;

- Torque- Dispositivo que facilita o manuseamento do fio-guia;

- Hemaquet- Dispositivo essencial na técnica de Seldinger, possui uma válvula anti-

refluxo e uma extensão, possibilitando a porta de acesso ao vaso.

Cateterismo:

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Page 14: Dossier Angiografia HSMarta

Existem três vasos que são mais utilizados como via para cateterização:

- Femoral

- Umeral

- Radial

A selecção do vaso é realizada com base na presença de pulso e na ausência de

doença vascular.

O acesso por norma é feito através da artéria femoral. Esta é a artéria de eleição

devido ao seu tamanho e localização de fácil acesso. Portanto cateterismo é

preferêncialmente, feito através do acesso femoral; o cateter é avançado até a artéria

aorta, até atingir o local de interesse.

O “Kit de punção” é composto por agulha de punção, fio-guia, dilatador e

Hemaquet.

Técnica de Seldinger

A técnica de Seldinger é um método de cateterismo que permite canalisar um

vaso, de forma mais segura, sendo esta a técnica mais utilizada, como se pôde constatar

no decurso deste estágio.

Este método consiste na inserção de uma agulha a 45º no vaso, com uma canûla

interna, numa pequena incisão, de forma a perfurar as paredes do vaso; seguidamente,

coloca-se a agulha na luz do vaso. Quando o fluxo sanguineo sai pela agulha, insere-se a

extremidade flexível do fio-guia (metálico) através da agulha. Quando o fio-guia se

encontra na posição correcta a agulha é retirada. Posto isto, o cateter é então introduzido

acima do fio-guia e avançado até á região de interesse, sob controle de fluoroscopia.

Por fim, quando o cateter é colocado, o fio-guia é removido de dentro do cateter,

permanecendo o cateter no local com uma conexão entre o exterior do corpo do paciente

e da área de interesse.

Angioplastia

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É uma técnica de intervenção utilizada para a restabelecimento de um fluxo

arterial. O seu principal objectivo é conservar o vaso dilatado com uma superficie

interna lisa, evitando, contudo, embolização distal. A angioplastia corresponde à

colocação de um cateter-balão numa área de estenose vascular seguida de insuflação do

mesmo com dilatação do vaso estenosado. Esta técnica resulta normalmente na correção

parcial ou total de uma estenose. Deve ter-se em conta a sua localização, comprimento e

grau de calcificação, pois nem todas as obstruções das artérias coronárias estão

habilitadas, a serem intervencionadas por esta abordagem.

O procedimento inicia-se com a punção das grandes artérias

(predominantemente a artéria femoral), através da técnica de Seldinger, de seguida

introduz-se um fio-guia comprido dentro do sistema arterial e de seguida cateteriza-se

selectivamente o vaso a abordar. O cateter é posicionado, de forma, a que o balão fique

ao nível da obstrução. De seguida, procede-se à insuflação. É essencial uma

monitorização cuidadosa durante o procedimento porque o balão insuflado obstrui

momentaneamente o fluxo da artéria coronária. A zona insuflada comprime a placa de

ateroma contra as paredes internas do vaso, de forma, a retomar o calibre normal e

assim o vaso ficar desobstruído. Como as paredes do vaso ficam fragilizadas na maioria

das vezes são reforçadas com uma rede metálica à qual damos o nome de stent.

De ressalvar que a técnica de angioplastia é efectuada sob anestesia local no sitio da

punção.

Obtenção de imagem:

Todo o procedimento só é possivel através da cateterização selectiva do vaso de

interesse sob orientação de fluoroscopia, no qual será administrado uma quantidade pré-

regulada de meio de contraste através de um injector automático (mas poderá ser

manual também). Neste são programados o volume de contraste a injectar, fluxo de

contraste e a pressão do contraste a injectar por segundo), posteriormente, irá obter-se

uma série de imagens. A taxa de aquisição de imagens é muito rápida cerca de 25 ou 30

imagens por segundo.

Pós-processamento de imagem:

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Page 16: Dossier Angiografia HSMarta

ASD- Esta tecnologia digital tem a capacidade de em tempo real, através de um

computador altamente sofisticado “subtrair” ou remover estruturas anatomicas, de

forma a que a imagem resultante seja apenas a representação do (s) vaso(s) de interesse

que contém o meio de contraste.

As imagens obtidas inicialmente na série, ou seja, antes do início da injecção de

contraste são aquelas que irão servir de “máscara”. Esta é então subtraída às imagens

obtidas sequencialmente após injecção do contraste, resultando de uma forma ideal a

visualização exclusiva da coluna de contraste representante do percurso do vaso

sanguíneo.

CASO CLÍNICO

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Exame Realizado – Coronáriografia

A coronáriografia, pode realizar-se quando o diagnóstico indica patologia das

artérias coronárias ou de isquémica. Este exame é utilizado para determinar a gravidade

da doença das artérias coronárias e para avaliar se é necessário levar a cabo um

procedimento adicional com o fim de aumentar o fluxo de sangue (uma cirurgia de

derivação coronária ou uma angioplastia).

Anatomia

O coração é um órgão do sistema cardiovascular que funciona como uma bomba

para garantir a circulação sanguínea por todo o corpo. Anatomicamente, o coração

encontra-se dentro do mediastino e repousa no diafragma. O tecido cardíaco difere de

outros tecidos musculares do corpo, sendo denominado por miocárdio. O lado esquerdo

do coração é responsável pela circulação sistémica geral. O coração está dividido em

quatro compartimentos: a aurícula direita e esquerda e os ventrículos direito e esquerdo.

Cada um opera recebendo e/ou bombeando sangue. A circulação sanguínea é um

sistema fechado no interior do qual o sangue não oxigenado entra na aurícula direita

oriundo de todas as partes do corpo sendo reoxigenado nos pulmões e devolvido ao

corpo pelo ventrículo esquerdo. O sangue regressa ao coração, entra na aurícula direita

pelas veias cavas superior e inferior. A veia cava inferior serve para levar sangue do

abdómen e membros inferiores à aurícula direita.

Da aurícula direita, o sangue é bombeado através da válvula tricúspide para o ventrículo

direito. O ventrículo direito contrai-se, movendo o sangue através da válvula pulmonar

para as artérias pulmonares e pulmões. Nos pulmões, o sangue é oxigenado e depois

retorna à aurícula esquerda do coração pelas veias pulmonares. Durante a contracção da

aurícula esquerda, o sangue é transportado através da válvula mitral ou bicúspide ao

ventrículo esquerdo. Quando o ventrículo esquerdo se contrai, o sangue oxigenado sai

da câmara pela válvula aórtica, circula pela aorta e é levado aos vários tecidos do corpo.

As artérias coronárias são vasos que levam o sangue para o músculo cardíaco. As duas

artérias coronárias são chamadas de direita e esquerda. Ambas com origem no bulbo

aórtico.

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Page 18: Dossier Angiografia HSMarta

Na circulação arterial coronária, o tronco coronário esquerdo, origina-se do

seio aórtico esquerdo e passa atrás do tronco pulmonar. Normalmente, tem um

trajecto horizontalizado ou assume um ligeiro trajecto caudo-craniano dividindo-

se em artéria descendente anterior e artéria circunflexa. Ocasionalmente, o

tronco coronário esquerdo termina numa trifurcação, originando o ramo

diagonal, que se direcciona lateralmente à artéria descendente anterior.

A Artéria descendente anterior, passa atrás do tronco pulmonar, tendo trajecto

anterior entre este vaso e a aurícula esquerda, para alcançar o sulco

interventricular. A artéria descendente anterior, origina os ramos septais e

diagonais.

A Artéria circunflexa - Imediatamente após a origem da artéria circunflexa da

divisão do tronco comum, ela dirige-se posteriormente, à aurícula esquerda até

atingir o sulco aurículo-ventricular esquerdo.

A Artéria coronária direita, tem origem no seio coronário direito. Esta,

inicialmente, percorre o ventrículo direito e a aurícula direita e depois segue no

sulco aurículo-ventricular direito. A porção distal da artéria coronária direita é

iniciada após o aparecimento do ramo marginal e passa horizontalmente ao

longo da superfície diafragmática do coração.

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Page 19: Dossier Angiografia HSMarta

Patologia

Oclusão Total da artéria coronária

A doença das Artérias Coronárias é causada pela acumulação ou depósito de

substâncias, gorduras, como o colesterol na parede dos vasos sanguíneos. No local onde

estas gorduras se acumulam, o vaso fica estenosado e o fluxo sanguíneo fica mais lento.

São designadas de placas de ateroma ou lesões. O coração é um músculo que necessita

de suprimento constante de sangue, rico em oxigénio e nutrientes, para funcionar de

forma eficaz. Caso estas artérias coronárias estejam parcialmente ocluídas, o coração

não recebe sangue oxigenado suficiente. Em caso de aumento do consumo, por ocasião

de stress físico ou psicológico, o coração torna-se incapaz de responder, provocando,

assim, dor no peito ou angina, que se não for tratada pode causar o enfarto do miocárdio

ou ataque cardíaco.

No caso clínico, que iremos abordar, podemos verificar, que existe uma oclusão

total da artéria coronária esquerda, mais precisamente, na porção proximal da artéria

circunflexa, antes da primeira artéria obtusa marginal. Uma vez, tratando-se de uma

oclusão total, esta impede totalmente a circulação sanguínea neste vaso.

A aterosclerose, está subjacente ao caso clínico que estamos a abordar, e por

isso, vamos desenvolver um pouco esta que é uma doença que afecta

predominantemente várias artérias como, as artérias coronárias, carótidas, artérias

renais, artérias cerebrais, a aorta (a nível abdominal), as artérias ilíacas e femorais. Esta

doença é caracterizada por uma alteração do vaso, por inflamação e pela acumulação de

colesterol, cálcio, dando origem a lesões.

É importante sublinhar que a placa aterosclerótica prevalece na idade adulta e é

composta por muitos elementos celulares ( células musculares lisas, monócitos e

linfócitos T), fibras cologénicas e outros elementos de tecido fibroso

As lesões de “ateroma maduro” podem, mais tarde, dar origem às placas

complicadas, num processo em que parecem estar envolvidos vários processos que

passam pelo enriquecimento de lípidos e pela exposição a factores locais e sistémicos

que favorecem a ocorrência de complicações na ‘placa instável com rotura ou ulceração

da placa e a exposição dos seus componentes livremente ao sangue circulante.

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Page 20: Dossier Angiografia HSMarta

Imagem.1 - Evolução da Aterosclerose

O processo de desenvolvimento da placa de aterosclerose

1 - Artéria normal

2 - A lesão se inicia com o acúmulo de lipídos na camada mais interna da artéria.

3 – Evolução para estágios iniciais da placa.

4 – Formação de uma placa complexa, limitada por uma capa fibrótica. Eventos

agudos ocorrem com a ruptura da capa.

5 – Ruptura da placa aterosclerótica, provoca uma trombose da artéria

ocasionando a uma oclusão ou sub-oclusão imediata. Esta oclusão é a causa do enfarto

do miocárdio.

6 – A reabsorção do trombo pode ser seguida pela organização e aumento do

volume da placa, piorando os sintomas.

Alguns dos materiais presentes na placa, como os lipídos, o colagénio e o cálcio,

são profundamente favorecedores de trombose. Daí as complicações agudas resultantes

da redução súbita do fluxo de sangue e da chegada de oxigénio e nutrientes aos tecidos.

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Page 21: Dossier Angiografia HSMarta

A doença vascular periférica

As artérias dos membros inferiores, são as mais afectadas e correspondem, na

sua generalidade, à manifestação local de um processo sistémico de aterosclerose.

A doença resulta de um desequilíbrio entre a disponibilidade e a necessidade de

sangue para actividade metabólica em curso. Doentes com compromisso arterial das

extremidades como consequência de doença arterial periférica podem apresentar-se

assintomáticos ou com sinais típicos de isquémia. A isquémia crónica, compreende uma

redução gradual da perfusão arterial distal dos membros inferiores com repercussão na

função e na vitalidade.

Os factores de risco:

1. Sexo

2. Idade

3. Tabagismo

4. Diabetes mellitus

5. Hipertensão Arterial

6. Dislipidémia

7. Hipercolesterolémia

Modificação dos factores de risco para a aterosclerose:

1. Cessação de hábitos tabágicos

2. Dislipidémia – valores menores que 100mg/dl de colesterol LDL

3. Hipertensão – Manter os valores de tensão arterial inferiores a 140/90mmHg

4. Diabetes de Mellitus

5. Hipercolesterolémia

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Page 22: Dossier Angiografia HSMarta

Dados do paciente:

Sexo masculino

Idade: 68 anos

Raça: caucasiana

Requisição clínica e Patologia associada

EAM

Informação clínica:

Factores de risco - Tabagismo

Motivo de intervenção - Enfarte do miocárdio em evolução; situação clínica evidencia

isquémica/dor.

Sintomas:

-Dor pré-cordial, mal-estar, palidez associado a bradicárdia

Preparação do paciente:

O paciente deve estar em jejum durante aproximadamente 6h, poderá ingerir

líquidos de forma a prevenir a desidratação. Deve ter na sua posse as análises mais

recentes e exames anteriores. No caso de tomar anticoagulantes orais, deve de cessa-los

1 a 2 dias antes da realização do exame.

O paciente deve proceder à sua higiene, bem como, à tricotomia na região

inguinal; deve fazer eliminação vesical, retirar próteses móveis (fios, brincos, próteses

dentárias).

Contra indicações:

- Absoluta (quando o paciente se recusa a realização do exame);

- HTA (grave, não controlada);

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Page 23: Dossier Angiografia HSMarta

- Gravidez;

- Febre (uma vez que é sinal de infecção);

- Anemia grave;

-Alergia ao contraste (descensibilização prévia e administração de corticóides antes de

se realizar o exame);

- IR (hidratação com soro antes e pós-exame; administrar mínimo contraste possível,

hemodiálise).

Protocolo realizado:

Em Hemodinâmica existem alguns protocolos básicos, porém não os podemos

considerar universais, pois cada caso é um caso, portanto o protocolo é adaptado

consoante o tipo de paciente e a patologia em estudo.

A coronáriografia requer a utilização de dois cateteres um Judkins esquerdo

(para a artéria coronária esquerda) e um Judkins direito (para a artéria coronária direita).

O exame é obtido em modo cine e não utiliza subtracção digital, pois o coração é um

órgão em movimento constante. A aquisição realizada dura o tempo suficiente, de modo

a que toda a artéria coronária e os seus ramos se encontrem devidamente preenchidas

com contraste.

Existem 6 incidências básicas para o estudo da artéria coronária esquerda e 3

incidências básicas para o estudo da artéria coronária direita.

Incidências realizadas para o estudo da ACE:

Incidência AP com angulação de +/- 25º Cd

- Boa visualização do tronco comum (segmento próximas da ACE)

Incidência OAD a 30º

- Boa visualização da artéria Descendente Anterior e da artéria Circunflexa

Incidência OAD a 10º/ com angulação de 40ºCr

- Boa visualização da DA na sua maior extensão

22

Page 24: Dossier Angiografia HSMarta

Incidência de “Spider” OAE a 45º/ com angulação de 30ºCd

- Boa visualização do tronco comum e da artéria Circunflexa

Incidência OAE a 45º/ com angulação de 30º Cr

- Boa visualização da DA média e distal e dos ramos septais.

Incidência de Perfil 90º

- Desprojeção da artéria Cx da DA

Incidências Realizadas para o estudo da ACD:

Incidência OAE a 45º

- Boa visualização do segmento proximal da ACD de face até ao ponto do

“crux”

Incidência OAE a 15º/ com angulação de 25ºCr

- Boa visualização da região do “crux”, visualiza o segmento distal da ACD,

desprojectando a IVP da PL

Incidência OAD a 30º

- Boa visualização da ACD de perfil

Posicionamento:

Paciente em decúbito dorsal, com os membros superiores elevados acima da cabeça e os

membros inferiores em extensão.

23

Page 25: Dossier Angiografia HSMarta

Obtenção de imagens:

Figura 1 – Artéria Coronária Esquerda - Incidência OAD a 30º

Figura 2 – Artéria Coronária Esquerda - Incidência OAD a 10º/ 25ºCr

24

1

2

3

4

5

6

Legenda:1 – Tronco comum2 – Artéria DA (segmento proximal)3 – Artéria Cx (segmento proximal ocluído)4 – Artérias Septais5 – Artéria Diagonal6 – A. DA (segmento distal)

1

2

3

45

Legenda:1 – Tronco Comum 2 – Oclusão da Cx3 – 1ª Artéria Diagonal4 – Artéria Descendente Anterior5 – Artérias Septais

Page 26: Dossier Angiografia HSMarta

Figura 3 – Artéria Coronária Esquerda – Incidência OAE (cranial 45º/30º)

Figura 4 – Artéria Coronária Direita – Incidência OAE a 42º/ 3ºCd

25

1

4

5

3

2

Legenda:1 – Tronco Comum2 – Cateter Judkins esquerdo3 – Refluxo do sei de valssalva 4 – Artéria Circunflexa5 – Descendente Anterior

1

3 2

Legenda:1 – A. Coronária direita (segmento proximal)2 – Ramo Posto-Lateral3 – A. Aguda Marginal

Page 27: Dossier Angiografia HSMarta

Figura 5 – Introdução do fio-guia e cateter na incidência OAD a 30º

Figura 6 – Artéria Coronária Esquerda – Incidência OAD 25º/ 21ºCd

26

1

2

Legenda:1 – Cateter Judkins Esquerdo2 – Fio-guia

Legenda:1 – Tronco Comum2 – Artéria Descendente Anterior3 – Artérias Septais4 – Estenose do segmento proximal da Artéria Circunflexa (Pós-passagem do fio-guia)5 – Artérias Obtusas Marginais6 – Fio-guia

1

5

6

3

2

4

Page 28: Dossier Angiografia HSMarta

Figura 7 – Artéria Coronária Esquerda – Incidência OAD 27º/ 21ºCd

Figura 8 – Introdução do fio-guia e cateter na incidência OAD a 27º /21ºCd

27

Legenda:1 – Tronco Comum2 – Artéria Descendente Anterior3 – Artéria Diagonal4 – Artérias Septais5 – Artéria Aguda Marginal

1

4

5

3

2

Legenda:1 – Cateter Judkins Esquerdo2 – Marca do Stent por expandir3 – Fio-guia

1

2

3

Page 29: Dossier Angiografia HSMarta

Figura 9 – Artéria Coronária Esquerda – Incidência OAD a 27º/21ºCd

Figura 10 – Artéria Coronária Esquerda – Incidência AP (Caudal 20º/25º)

28

1

4

2

3

Legenda:1 – Tronco Comum2 – Artéria Circunflexa3 - Artéria Descendente Anterior (segmento médio)4 – Artéria Obtusa Marginal

Legenda:1 – 1º Segmento da Artéria Descendente Anterior2 – Artéria Obtusa Marginal3 – Artéria Circunflexa (segmento mediano)4 – Tronco comum

1

4

2

3

Page 30: Dossier Angiografia HSMarta

Diagnóstico:

Oclusão total do segmento proximal da artéria circunflexa.

Terapêutica:

Neste caso clínico, com o paciente em contexto de EAM foi diagnosticado uma

oclusão total (estenose a 100%) devido a um trombo, no segmento proximal da artéria

circunflexa, portanto os médicos optaram por recorrer à intervenção de imediato.

Realizou-se uma angioplastia percutânea transluminal na artéria coronária esquerda com

colocação de stent, este procedimento tem benefícios duradouros, com a finalidade de

permitir a permeabilidade do vaso. Após cateterizar selectivamente a coronária esquerda

e direita e se identificar a lesão, ultrapassou-se a lesão com um fio guia ao qual o vaso

cedeu podendo-se identificar material trombótico no seu lúmen. De seguida, utilizou-se

um sistema de aspiração de trombos ficando o vaso muito mais livre e pronto a receber

um stent.

Conclusões:

Doente com doença de um vaso e indicação para angioplastia coronária percutânea

directa por:

Enfarte do miocárdio em evolução

Situação clínica evidencia isquémica/dor

Foi realizada revascularização completa com abordagem de uma lesão em um vaso.

Fez-se angioplastia do segmento proximal da circunflexa com aspiração de 3 trombos,

administrou-se reopró -intracoronário com sucesso, sem complicações clínicas e sem

complicações angiográficas.

Foram colocados um stent (Genous).

Angioplastia coronária com revascularização funcionalmente adequada.

Médicos LB e FF.

29

Page 31: Dossier Angiografia HSMarta

MEIOS DE CONTRASTE

As reacções adversas após a utilização de meios de contraste iodados são raras.

O doente deve ser observado após a administração. As reacções normalmente surgem

durante 30minutos após a administração, contudo também podem surgir reacções

adversas tardias.

As consequências que podem eventualmente advir da administração de contraste aos

doentes são:

Riscos associados:

1) O procedimento deste tipo de exame é invasivo e portanto não são isentos de

riscos ao paciente, sendo de extrema relevância os riscos associados. Alguns

riscos e complicações mais comuns são:

2) Sangramento no local de punção (normalmente pode ser controlado através do

método de compressão)

3) Asma

4) Reacção Vagal

5) Broncospasmos

6) Edema Laríngeo

7) Dissecação de um vaso (o cateter pode romper a íntima de um vaso)

8) Infecção no local de punção (pode acontecer pró contaminação do campo

cirúrgico)

9) Reacção ao meio de contraste (transpiração, palidez, náuseas, vómitos,

alterações renais devido á eliminação de contraste, entre outras)

No laboratório de hemodinâmica, no hospital de Santa Marta, os meios de contraste

utilizados são:

Ultravist, 370 e Iopamiro, 370 – Para estudos cardíacos

30

Page 32: Dossier Angiografia HSMarta

Visipaque, 320 – Utilizado para arteriografia dos membros inferiores, para

insuficientes renais e doentes com hipersensibilidade ao contraste (desde que

façam dessensibilização prévia e lhes sejam administrados corticóides

previamente à realização do exame).

Parâmetros de contraste:

Cuidado pós-procedimento:

Após todo o processo do exame angiográfico, o cateter é removido, e é realizado

uma compressão (hemostase) no local da punção. O paciente será conduzido para a sala

de recobro onde ficará em repouso e observação até um período de 4h. Neste período de

tempo o paciente será observado, controlando-se os seus sinais vitais e o pulso

periférico distal no local da punção.

Recentes avanços, incluiram o desenvolvimento de dispositivos de encerramento

cirurgico do local de punção percutânea. O vaso é suturado através de um dispositivo

especializado. Este dispositivo tem uma vantagem, pois reduz o risco de hemorragias.

Esta tecnica é eficaz mesmo para pacientes que utilizam anticoagulantes.

31

Volume (ml) Fluxo (ml/s) Pressão (psi) Estudo

25 ml 12 ml/s 600 psi Venticulografia,

Aortografia

Abdominal;

Troncos Supra

Aórticos

40 ml 20ml/s 600 psi Aortografia

Torácica

(Cardiologia)

6 ml 4ml/s 200 psi Coronáriografia

Esquerda

4ml 3ml/s 200 psi Coronáriografia

Direita

Page 33: Dossier Angiografia HSMarta

RELAÇÃO TÉCNICO-PACIENTE

A comunicação é um factor, bastante importante, pois a angiografia é uma

técnica minuciosa e como tal, o paciente necessita de ser confortado, devido à

instabilidade emocional em que se encontra. O desempenho do técnico é reflexo da

segurança que este transmite ao paciente antes, após e durante o exame. Quando

falamos em bom desempenho referimo-nos ao objectivo principal de um TR obter a

melhor qualidade de imagem possível.

O doente deve ser informado atempadamente sobre o procedimento do exame,

nesta informação deve ser explicado, os riscos que podem advir do exame invasivo que

se irá realizar. Devido a isto, o paciente deve preencher uma folha, designada de

consentimento informado, em que neste se responsabiliza e aceita os prós e os contras

que este exame pode acarretar. Nestes exames é crucial realizar a anamnese do paciente,

devido à administração de contraste, assim é relevante ter conhecimento, se possui

algum tipo de alergia ou alguma doença que impossibilite a realização do exame. O

consentimento informado é uma ferramenta que representa um papel indispensável na

relação técnico-paciente.

O sigilo profissional, faz parte da profissão de um TR, este retrata o mantimento

de silêncio sobre alguma informação, cujo domínio de divulgação deva ser restrito ao

paciente. Logo, o profissional responsável possui inteira responsabilidade, uma vez que

a ele é confiada a manipulação da informação.

32

Page 34: Dossier Angiografia HSMarta

NORMAS DE SEGURANÇA E PROTECÇÃO RADIOLÓGICA

Pôr em prática de forma exacta, os princípios básicos de segurança e protecção

radiológica na valência de angiografia é essencial devido à radiação ionizante utilizada

tanto no diagnóstico como na intervenção.

É de conhecimento geral que altas doses de radiação ionizante danificam o tecido

humano, como tal, a necessidade de regulamentar a exposição de indivíduos à radiação,

bem como, de aprimorar as técnicas.

A angiografia é uma técnica que utiliza radiação ionizante, tanto em diagnóstico

como em intervenção; devido à utilização de fluoroscopia e da proximidade com o

paciente existe um forte potencial risco de dose de radiação aumentada para os

membros profissionais de saúde da equipa de angiografia. O uso de fluoroscopia

durante longos períodos de tempo bem como a aquisição de imagem durante vários

segundos, pode originar efeitos indesejáveis (lesões graves).

A protecção contra radiação ionizante tem um papel primordial, quer no uso de

barreiras de protecção quer no respeito pelo princípio ALARA.

No laboratório de hemodinâmica, as salas encontram-se adequadamente

equipadas no que diz respeito às normas de segurança e protecções contra radiações

ionizantes. Aqui são usados os coletes ou aventais de chumbo, colares cervicais e

óculos. Para além disto, as salas possuem um vidro plumbíneo, em que o operador

poderá usar para se proteger durante a realização do exame, acoplado à mesa de exames

existem também barreiras de plumbíneo amovíveis que garantem a protecção do médico

a nível das gónadas e membros inferiores. Todas as paredes e portas estão revestidas de

chumbo para protecção de todas as pessoas que possam estar na sala de aquisição e

processamento de imagem, bem como as que circulam nos corredores exteriores à sala

de exames.

Portanto o uso consciencioso de dispositivos de protecção contra a radiação, uso de

filtros adequados, colimadores bem como assegurar que o tempo de fluoroscopia e de

33

Page 35: Dossier Angiografia HSMarta

aquisição de imagem seja absolutamente mínimo é vital para a redução de dose e

melhoria da imagem.

DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES OBSERVADAS

Neste estágio tivemos oportunidade de observar 35 exames angiográficos.

Tabela I - Tabela Representante dos exames observados durante o período de estágio da Helena e da Joana

Exames observados pela Joana e Helena Número de exames

Aorta abdominal+ Membros Inferiores 9

ACTP 9

Válvula Mitral 1

Ventriculografia 4

Coronáriografias 12

Gráfico 1 - Gráfico Representante dos exames observados durante o período de estágio

34

Page 36: Dossier Angiografia HSMarta

35

Page 37: Dossier Angiografia HSMarta

CONCLUSÃO

Na elaboração do estágio em Angiografia, no HSM, deparámo-nos com a

importância da prática reflexiva em prol da nossa evolução em mais uma valência, nesta

que achamos ter tido uma duração diminuta, pois consideramos ser uma valência com

um vasto conjunto de conhecimentos e dirigida a várias partes do corpo, comportando

um leque variado de técnicas e procedimentos.

Este estágio possibilitou-nos o avigoramento de conhecimentos ao longo da

formação académica que no nosso caso não estavam bem consolidados, e com a

experiência que podemos viver, possibilitou a desmistificação de alguns parâmetros que

consideramos serem simplificados com a observação do material e da própria técnica.

As protecções no laboratório de hemodinâmica são de grande importância para

toda a equipa, assim as protecções utilizadas são um colete de chumbo, um colar

(proteger a tiróide) e associados aos equipamentos de diagnóstico e intervenção um

vidro de plumbíneo que faculta a protecção do médico que realiza o exame. Como é

óbvio, todas as salas possuem, protecções de chumbo nas paredes, portas e vidros.

Embora, o estágio tenha sido num período relativamente curto, como já

referimos anteriormente, podemos verificar de forma conscienciosa, a forma como

funciona um Laboratório de Hemodinâmica. A adaptação foi naturalmente fácil, dada a

flexibilidade e simpatia de toda a equipa multidisciplinar, tanto técnicas de Radiologia e

Cardiopneumologia, como enfermeiros, auxiliares, médicos, consideramos ser um

ambiente super saúdavel.

De realçar, que este hospital é um Hospital de prestigio e dotado de grandes

profissionais na área da cardiologia.

Em suma, queremos deixar um agradecimento especial ao monitor que nos acompanhou

sempre da melhor maneira possível; o seu grau de exigência foi crucial, pois motivou-

nos e ajudou-nos a evoluir nesta valência que até então não era do nosso domínio

quando comparadas com outras técnicas da nossa competência.

36

Page 38: Dossier Angiografia HSMarta

BIBLIOGRAFIA

DUARTE, F. “Sebenta de Imagem Médica IV – módulo de Angiografia”

SEELEY, R. R.; STEPHENS, T. D.; TATE, P. “Anatomia e fisiologia”. LUSOCIÊNCIA, 6ºedição, Loures, 2003

BONTRAGER, Keneth L. [et al.] - Tratado de posicionamento radiográfico e anatomia associada. 6ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2005. 850 p. : il. ; 30 cm. ERISA. SÓ PARA CONSULTA NA BIBLIOTECA. Tit. orig. : Textbook of radiographic positioning and related anatomy

Imagiologia básica : texto e atlas. Lisboa  : LIDEL, 2003. 377, [7] p. : il. ; 24 cm. ERISA. 

GAIVÃO, Francisco de Mascarenhas, ed. lit.  -  Imagiologia clínica : princípios e técnicas.  ed. lit. Francisco de Mascarenhas Gaivão . Coimbra: Serviço de Imagiologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, 2003. 369 p. ; 24 cm. ERISA.

http://www.manualmerck.net/?id=53&cn=665&ss=angiografia

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Page 39: Dossier Angiografia HSMarta

ANEXOS

Equipamento das salas:

Fig.1 – Workstations da sala GE

Fig.2 – Ventilador, sistema de soros e vidro plumbíneo de protecção Sala GE

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Page 40: Dossier Angiografia HSMarta

Fig.3 – Equipamento da sala GE

Fig.4 – Vista Frontal - Sala GE

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Page 41: Dossier Angiografia HSMarta

Fig. 5- Workstation da sala Siemens

Fig.6 – Equipamento da sala Siemens

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Page 42: Dossier Angiografia HSMarta

Fig. 7 – Equipamento de Reanimação

Fig.8 – Carro de apoio médico

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Page 43: Dossier Angiografia HSMarta

Fig.9 – Estufa com contrastes

Fig. 10 – Sala Limpa

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Page 44: Dossier Angiografia HSMarta

Fig. 11- Ventilador

Fig.12 – Parte da sala de Recobro

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