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II Encontro Nacional da Rede Alfredo de CarvalhoFlorianópolis, de 15 a 17 de abril de 2004
GT História do JornalismoCoordenação: Prof. Dra. Marialva Barbosa (UFF)
Cronologia da Notícia (de 740 a.C a 2020)
Thais Mendonça (UNB)
“The story of news is the story of our need to know and our need to tell, of many voices
struggling to be heard. It is more than events and headlines – more even than the
evolution of journalism. It is the story of the modern world.”
News History Gazette1
Para que serve colocar em ordem de data os principais acontecimentos da
história do jornalismo no Brasil e no mundo?
Em primeiro lugar, tendo em mãos uma tábua com os fatos alinhados, é
possível depreender-lhes os significados e tentar interpretações. Não é necessário ser um
historiador para compreender a marcha das grandes invenções e descobertas. A curiosidade
das pessoas em relação à história das notícias gerou, por exemplo, a criação de diversos
museus internacionais, dos quais podemos citar o Newseum, em Washington, e o Museu da
Imprensa, na cidade de Porto (Portugal).
Em segundo lugar, para o estudante de Comunicação, a seqüência proporciona
outros atrativos. Desde a criação do alfabeto, passando pelo desenvolvimento do papel, o
prelo de Gutenberg, o telégrafo, o rádio, o telefone e o avião, a notícia se incorporou às
rotinas da vida de uma tal maneira que é impossível existir sem ela. Ao mesmo tempo, suas
formas de transmissão se modernizaram até as trocas de mensagens por meio de correio
eletrônico, dando velocidade instantânea à comunicação.
Em terceiro lugar, ter uma idéia da maneira como esses formatos foram
evoluindo ajuda a entender como e porquê o jornalismo virou um gênero de escrita em si,
influenciando as artes – da literatura ao cinema, das artes plásticas às artes da política.
Nesta cronologia, pretende-se apontar a origem dos diversos gêneros com os
quais hoje convivemos – dentre eles, os gêneros informativo, interpretativo, investigativo;
apontar as raízes de pressupostos como a objetividade e até identificar como o jornalismo 1 “A história das notícias é a história de nossa necessidade de saber e de nossa necessidade de contar, de muitas vozes brigando para ser ouvidas. É mais do que eventos e manchetes – mais mesmo do que a evolução do jornalismo. É a história do mundo moderno”. (Newton, 1997).
foi conformando os requisitos de precisão e exatidão, responsabilidade e honestidade diante
do leitor, que fazem parte dos ideais da profissão.
A história da imprensa no Brasil também está registrada nesta linha do tempo
e permite compreender a ação da censura ao longo dos séculos e como os regimes
ditatoriais no país cercearam a liberdade de os cidadãos terem contato com a notícia – esse
importante elemento formador de consciência social. O fato de se apresentarem as
ocorrências em ordem cronológica é igualmente importante por que oferece ao observador
a oportunidade de meditar sobre e em que medida temos hoje a imprensa que gostaríamos
ou a que é produto e conseqüência dos movimentos políticos, econômicos e sociais.
Também se poderá ver como os nomes e os produtos evoluíram em sentidos
mais ou menos universais, aproveitando-se da extensão, primeiro, dos fios telegráficos,
depois do satélite e das linhas telefônicas. O fortalecimento da empresa jornalística se deve
à organização da notícia como um produto de mercado, um item da cesta de consumo.
Para que a notícia chegasse à Internet, teve que percorrer um caminho que vai
da tradição oral aos computadores, passando pela civilização caligráfica, adaptando-se à era
das máquinas, até alcançar a eletrônica. De boca a ouvido, da Idade da Pedra aos
trovadores, jograis, seresteiros, cantadores, essa trajetória não apenas pressupôs a
conjugação da tecnologia com a inteligência humana, como acompanhou e documentou o
desenvolvimento de novos valores na sociedade.
No entanto, se pensarmos bem, a invenção do chip tem a ver com a
eletricidade, porque sem ela, ele não seria produzido. O teclado está ligado a uma máquina
de escrever, mas poderia ter sido inventado independente daquela. Mas, se o sistema de
transmissão de informações por via eletrônica independe dos tambores com que se
trocavam mensagens nos primórdios da comunicação, herdou desses um código de valores
que advém da própria necessidade de trocar informação e de controlar o mundo. Vivemos
hoje um fenômeno inédito: a troca agora é imediata e a conexão se faz com qualquer parte
da terra.
Uma das primeiras notícias a circular foi provavelmente a da descoberta do
fogo. Assim como a informação sobre a utilidade da roda, a descoberta da eletricidade e do
magnetismo, a revelação do segredo de fabricação do papel, o telégrafo e o telefone celular
- todas têm relação maior ou menor com a história da imprensa. O fogo funde as barras de
chumbo do linotipo; a roda é a base da rotativa; as fitas magnéticas giram nos gravadores;
sinais são transmitidos por ondas sonoras, milhares de bits se movimentam pelas redes de
fibra ótica.
As primitivas invenções influíram e influem nas rotinas que hoje fazem de um
repórter um provedor de conteúdos na rede eletrônica mundial. A sofisticação dos meios de
transporte e comunicações – o correio, a máquina a vapor, o navio, o trem, o avião, o
automóvel, o rádio, o cabo submarino – , junto com a evolução das impressoras, contribuiu
para a modernização técnica das empresas jornalísticas. Alcançaram-se tiragens
inimagináveis a uma rapidez nunca vista. A litografia, a zincografia, a fotogravura
favoreceram o desenvolvimento dos impressos ilustrados. Aperfeiçoamentos técnicos
permitiram melhor apresentação dos produtos e isso serviu para atrair mais e mais leitores.
O desenvolvimento da mídia e o dos transportes sempre correram em paralelo.
Melhoramentos nas estradas e rodovias e a disseminação das estradas de ferro, acrescidos,
já na virada do século XIX, do uso do telefone, reforçaram a figura dos correspondentes
estrangeiros, viajantes que, desde o século XIII, já andavam por aí a vender sua sabedoria.
Esse jornalismo do leva-e-traz, dos tropeiros aos motoristas de caminhão, das calçadas às
barbearias, das igrejas aos shoppings ainda sobrevive e põe a população a par dos
acontecimentos, das histórias do dia-a-dia que muitas vezes não saem no jornal nem na
tevê.
Antigas invenções, como o papel, demoraram séculos para estar disponíveis
ao público. Hoje, isso é questão de dias, ou de horas. Com a mecanização - a partir da
Revolução Industrial, no século XIX -, a empresa pôde se estruturar. Os jornais impressos
viram crescer as tiragens e, com o barateamento do custo de produção, aumentou o número
de pessoas que podiam comprar os produtos. A educação tornou-se um direito, a
alfabetização se difundiu e consumidores foram incorporados ao mercado. Esses
fenômenos geraram alguns subprodutos:
a sociedade de massa - a aldeia global de McLuhan começava a se formar, com o
acesso cada vez maior do público comum à informação;
a sociedade de consumo – o início da moeda circulante coincidiu com a ascensão da
burguesia e a formação de uma mentalidade voltada para o exterior, ao contrário de
tempos anteriores, quando a vida era dentro de casa e a intimidade, um bem precioso.
Os bens de consumo passaram a figurar nas vitrinas, nas gôndolas dos supermercados e
nas páginas impressas, que por sua vez passaram a ser custeadas por esses bens,
vinculando-os definitivamente e dando origem à publicidade;
a sociedade da informação - criaram-se os primeiros complexos de comunicação, a
partir do uso da tecnologia. Os capitais investidos em maquinaria e a necessidade de um
corpo de profissionais tornaram a empresa jornalística cada vez mais especializada, com
o componente adicional da competição. Vários veículos se lançaram no mercado
ocidental. As primeiras agências de notícias foram organizadas e o negócio da notícia
tomou consistência. Com a criação da rede mundial de computadores, a sociedade
deixou de ser de massa para retornar aos pequenos grupos, reunidos em torno de
interesses comuns;
a sociedade do futuro – o que havíamos imaginado para o futuro estamos vivendo hoje.
Estamos permanentemente conectados e nosso meio ambiente ideal agrega conforto e
mais tempo para o lazer. O dilema que precisamos resolver é: como tornar todas as
regalias disponíveis para todos?
1. A fôrma e a forma
Palavras e conceitos que hoje estão presentes no quotidiano dos jornalistas
encontram sua origem nas primeiras práticas da profissão. Por exemplo:
1.1. As Acta Diurna Populi Romani, que adquiriram regularidade quando Júlio César
assumiu o Consulado de Roma, foram instituídas com o objetivo de ridicularizar os
representantes do Senado Romano. No ano 69 a .C, o imperador Júlio determinou publicar
o que era discutido nas sessões – antes sigilosas –, além de mandar divulgar os atos de
interesse do povo, comunicar nomeações, divórcios, vitórias na guerra. Publicar, nessa
época, era deixar ao conhecimento do público, colocando a mensagem em lugar onde
pudesse ser lida. Essa decisão deflagrou um processo que, mais tarde, viria a dar origem aos
conceitos que hoje caracterizam a imprensa no mundo ocidental:
1.1.1.Atualidade: o relato contido nas atas sobre o quotidiano dos senadores fixou o sentido
de actualidade inerente à notícia e isso começou a ser um fator relevante. As placas feitas
de pedra, cera ou pergaminho (Album) dependuradas nos muros do Palácio Imperial
passaram a ser redigidas todos os dias (diurna). Daí vem o conceito de diurnale¸
antepassado remoto do (ital.) giornale = jornal;
1.1.2.Cidadania: o interesse pela política e pelas decisões relativas à vida das cidades fez
com que os mercadores de notícias (da Antigüidade como de hoje) passassem a considerar
mais esses assuntos. Por outro lado, ao se reunir em volta das placas no Fórum Romano, as
pessoas trocavam idéias sobre o que liam nos Album e começaram a exigir ações das
autoridades;
1.1.3.Jornalismo: estabeleceu-se o jornalismo oficial, com os actuarii, os profissionais que
redigiam as notícias para a Acta. As Acta, recheadas com os atos e deliberações imperiais,
vitórias militares, além de dados administrativos, podem ser vistas como as antepassadas
dos diários oficiais.
1.1.4.Periodicidade: o público queria que as tábuas afixadas tivessem regularidade, para
que pudessem acompanhar as notícias. Durante os séculos que se seguiram, esse tipo de
comunicação se transformou num verdadeiro jornal, expandindo-se para as províncias do
Império Romano. No entanto, não chegou a haver periodicidade, apesar de os envios serem
regulares.
1.1.5.Marketing: a intenção de Júlio César era desmoralizar os senadores, mas a idéia se
virou contra ele. Inaugurando a técnica da contrapropaganda – a melhor forma de defender-
se de uma informação adversa é adiantar-se a ela –, o imperador logo percebeu a arma que
tinha nas mãos.
1.2. Antes das Acta, os gregos tinham as Efemérides. Primeiros relatos oficiais sobre a vida
coletiva podem ser considerados os antepassados do gênero jornalístico, pois davam notícia
dos jogos olímpicos, das guerras e conquistas. É importante notar que Efemérides vêm de
efêmero, justamente definido como o coração da notícia, seu caráter evanescente. Na
Grécia já havia a figura do pregoeiro (ceryse), arauto que anunciava bens e serviços,
divulgava as sentenças e penas para os criminosos, os vencedores das disputas, a
movimentação dos exércitos. Soltava a notícia que ia pelo ar.
1.3.O termo jornal vem diretamente de jour (=dia) e o conceito nunca perdeu sua ligação
com o tempo. O primeiro a ostentar o nome, o Journal des Sçavants (Jornal dos Sábios), de
veleidades intelectuais, era vendido nas feiras e lojas. Quem estava à frente do projeto era
Jean-Baptiste Colbert, ministro de Estado de Luís XIV, empenhado em fortalecer o poder
monárquico como também em incentivar as artes e as ciências. O jornal, em qualquer uma
de suas formas, está portanto, eternamente ligado à questão do dia: o novo, a novidade –
esse é o primeiro requisito para sua existência.
1.4. No século XVII, os periódicos começaram a tomar nomes: diário, mercúrio (o
mensageiro dos deuses), gazeta (nome da moeda com que se pagava a folha manuscrita,
em Veneza). O próprio nome Newes, ainda na grafia arcaica, como se intitularam as
primeiras publicações na Inglaterra, tem o sentido de novidade. Já as atuais newsletters
derivam mesmo das cartas de notícias, antecessoras dos primeiros veículos de
comunicação.
1.5. A raiz de informar tem a ver com “colocar na forma”. O primeiro prelo tipográfico
funcionava por meio de um parafuso vertical movido a mão. “Na impressão tipográfica,
utilizam-se caracteres móveis que o compositor levanta da caixa, reúne em palavras. (...) As
páginas, solidamente ligadas, são reunidas numa fôrma. A fôrma corresponde ao formato
do prelo ou máquina em que deve ser impressa.” (Lello Universal). Com o tempo, técnicas
mais modernas foram introduzidas, ainda se baseando na moldagem da fôrma – os
estereótipos ou galvanos. A fôrma de fazer o papel deu origem também à palavra formato.
Qual o formato do veículo, do programa de tevê ou de rádio? Quais são os padrões de
formatação do texto jornalístico para a Internet?
1.6. Também a expressão “rodar o jornal” se liga à técnica de impressão, nas rotativas.
Hoje em dia, com as impressoras eletrônicas planas, termos como esse continuam a ser
empregados, embora sejam apenas uma metáfora.
1.7. Papel vem do inglês paper¸ que por sua vez deriva, através do francês e do espanhol,
da palavra latina papyrus. Embora a nova tecnologia venha prometendo uma civilização
paperless (sem papel), com a invenção das impressoras individuais, dos aparelhos de fax e
xerox, o uso do papel como suporte para a escrita só está aumentando. Como foram os
antigos mouros que trouxeram o papel da China, muitos outros termos são igualmente
herdados deles. Ex.: resma (a unidade de medida do papel, equivalente a 500 folhas) vem
de risma = fardo, pacote. Mais recentemente, o símbolo de arroba (@), antiga medida
métrica equivalente a 15 quilos, foi adotado como símbolo no correio eletrônico.
Os padrões de medida da informação mudam. Antes, complicados cálculos eram feitos para
saber que espaço determinada matéria ocuparia na página impressa. Agora, o computador
dá a centimetragem, aposentando a lauda em papel, e em vez de linhas, prefere-se contar
caracteres. No entanto, chama-se página (page, homepage) o espaço informativo na
Internet, embora ele guarde apenas ligeiras semelhanças com a página de jornal ou de livro.
A palavra informação é pequena para abarcar a quantidade de conceitos que proliferam no
mundo. Tampouco Imprensa define a tarefa de editar para a Internet. Um jornalista que
gera informações para a rede estaria trabalhando na Imprensa? Como, se ele não imprime
nada: quando muito, aperta um botão, que dá ordem a uma máquina para soltar uma cópia
do texto, digitado num teclado eletrônico? Essa relação mudará mais ainda, quando o
computador rotineiramente passar a decodificar a fala (ou o pensamento) e transformá-la
em linguagem digital.
a) O início de tudo: a escrita
740 a.C. – Invenção do alfabeto ocidental: a mais antiga inscrição alfabética
está numa jarra de vinho encontrada em Ática, na Grécia.
753 a .C./ 614 a.C. - Numa Pompílio nomeia um porta-voz, o praecor para
anunciar as festas, dar notícias de nascimentos e mortes, estabelecer as datas das eleições.
202 a.C (China) – Durante a dinastia Han são publicados os tipao, relatórios
regulares que circulam entre os oficiais.
200 a .C. – Chineses inventam o papel de seda.
69 d.C. - Júlio César inaugura jornal mural (album) com assuntos
governamentais: Acta Diurna Populi Romani.
105 – (Ch.) Tsai Lun, alto funcionário do governo chinês, relata o processo de
fabricação de papel com fibras vegetais. Restos de seda, casca de amoreira e bambu são
usados no fabrico.
751 – Vitória dos árabes na batalha de Samarcanda, cidade asiática dominada
pelos turcos. A prisão de artesãos chineses pelos árabes faz com que a técnica de fazer
papel seja levada a Bagdá, onde começa a produção em 793.
818 – (Ch.) Primeiro livro conhecido, o Sutra Diamante, cujo editor é Wang
Chieh. Os clássicos do confucionismo são impressos entre 932 e 935, enquanto em 979 Yue
Shi publica uma enciclopédia geográfica, Talping Ji.
1041/ 1048 - (Ch.) Pi Sheng torna conhecidos os tipos de cerâmica para
impressão.
1056 – Depois de reter o segredo do papel por quase 400 anos, o mundo
islâmico libera o conhecimento para a Península Ibérica: uma manufatura surge em Jativa
(Espanha), levada pelos árabes. O primeiro documento em papel, importado de Damasco
(Síria) e transportado à Europa, é uma escritura siciliana de 1109.
1221 – Frederico II decreta que os documentos escritos sobre papel não são
válidos, reconhecendo apenas aqueles gravados em pergaminho. A qualidade do
pergaminho (pulgaminho de coyro) nessa época era muito superior à das primeiras folhas
de papel.
1275 – A Coroa britânica expede uma ordem contra os propagadores de falsas
notícias.
1390 – Invenção dos tipos móveis em bronze.
1411 – Portugal inicia a produção de papel: carta de Dom João I autoriza um
rico proprietário a transformar moinhos de trigo em moinho de papel. O papel começa a ser
fabricado com regularidade na Itália, em Fabriano, em 1276, apesar de haver sido adotado
antes na Sicília. Chega à Alemanha em 1390, França (1405) e Inglaterra (1490). A América
do Norte só conhece o novo suporte em 1690.
1450 – (Alem.) Gutenberg (1400-1468) publica uma edição da Bíblia de
Mainz (em português, Mogúncia, capital do Estado da Renânia-Palatinado, à margem
esquerda do rio Reno). O livro também se torna conhecido como Vulgata. Para chegar a
isto, Gutenberg parte das antigas impressões xilográficas em prancha única, até desenvolver
tipos que possam ser combinados entre si, podendo ser rearranjados novamente para
compor novos produtos. Qualquer pessoa que tenha condições de comprar uma prensa de
tipos móveis, tinta e papel se torna gráfico. O primeiro prelo tipográfico funcionava por
meio de um parafuso vertical movido a mão. É substituído por um prelo holandês e mais
tarde pelos prelos com mesa e platina de aço2. Com 1.000 exemplares se custeia uma
2 “Na impressão tipográfica, utilizam-se caracteres móveis que o compositor levanta da caixa, reúne em palavras, entre as quais intercala um espaço (...) As páginas,
edição. No fim do século XV, 250 cidades têm tipografia. Hoje, existem 51 cópias da
Bíblia da Mogúncia no mundo, dois deles na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
1470 – Publicam-se “livros de notícias” com os acontecimentos da época:
guerras, crimes, a movimentação na Corte, a chegada de reis, príncipes, eclesiásticos. Os
newsbooks ingleses se regiam, já nesse tempo, pelos mesmos fatores que tornam a notícia
interessante ainda hoje – disputa, mistério, mortes, nobreza, chiques e famosos.
1504 – (Port.) Primeiro impresso relativo ao Brasil: carta de Américo
Vespúcio, narrando a viagem que fez em 1501, publicada inicialmente no panfleto Mundus
Novus e mais tarde reproduzida em edições apócrifas. A carta de Pero Vaz de Caminha,
escrita em 15003, fica guardada na Torre do Tombo (Lisboa) até 1773. Sua primeira
publicação só se dá em 1817.
1535 - Os espanhóis enviam uma máquina impressora ao México. Monta-se a
primeira tipografia das Américas, que logo imprime as hojas volantes (folhas volantes). Em
1941 se publica aí o primeiro jornal do continente, a Gaceta de México y Noticias de Nueva
España.
1549 – A palavra Newes aparece pela primeira vez na Inglaterra, numa
publicação que trata do Concílio (católico) de Trento: Newes concernynge the Councell
holden at Trudent. Newes referia-se especificamente aos relatos vindos do estrangeiro. Já
na Itália, usavam-se outros nomes. A palavra gazzetta vem da moeda veneziana: era o preço
da folha manuscrita que corria de mão em mão, depois virou o próprio nome do produto.
Os que publicavam uma gazzetta eram os gazzettanti4.
1587 – (Itália) Preso e levado a Roma sob acusação de ser chefe de um grupo
de menanti (os leva-e-traz, primeiros repórteres), Annibale Capello é condenado, tem uma solidamente ligadas, são reunidas numa fôrma (...). A fôrma corresponde ao formato do prelo ou máquina em que deve ser impressa.” (Lello Universal). Técnicas mais modernas transformaram a tipografia. A composição manual substituiu as máquinas de compor (linotipo, monotipo). Para a impressão, passaram a ser utilizadas matrizes, os estereótipos ou galvanos, obtidos da moldagem da fôrma. 3 Considerada a primeira reportagem sobre o Brasil, a Carta de Caminha levou 317 anos para ser conhecida. Já a notícia da morte de Napoleão Bonaparte foi mais rápida: dois meses para se difundir pela Europa.4 A invenção da imprensa ajudou a conquista de novos continentes. Das impressoras saíram os mapas que orientavam as grandes navegações. As notícias sobre as descobertas eram propagadas por meio de folhetins e panfletos. Mas, ainda assim, a maior parte da população era iletrada. Eles recebiam as novas através dos jograis, do teatro, da música e da dança. Em português, a palavra gazeta mantém até hoje uma conotação pejorativa que vem dos primórdios: gazeteiro é aquele que publica ou redige gazetas, mas também é o boateiro, mentiroso, ou o estudante que falta à aula (Koogan-Houaiss).
mão decepada, a língua arrancada e é enforcado com um letreiro que o chamava de falsário
e caluniador. No entanto, a maioria da população européia não lê. A leitura é privilégio dos
nobres e religiosos. Para saber das notícias, as pessoas assistem a peças musicadas, os
jograis.
1588 – (Alemanha) Um impressor estabelecido em Colônia, Miche von
Eyzingen, distribui nas feiras uma publicação especial em que se resumem os
acontecimentos mais importantes daqueles anos. O veículo passa a ser semestral,
coincidindo com a Feira de Frankfurt e em seguida, semanal. A razão para isso é a
periodicidade dos serviços de correio. O correio, desenvolvido a partir da Itália pela família
Turn und Taxis, se difunde rapidamente. Os postos de mudança de cavalos convertem-se
em núcleos de informação: aí se instalam as primeiras redações.
1594 – Na mitologia grega, Mercúrio é o mensageiro dos deuses. O nome
passa a ser usado para periódicos regulares em francês, holandês ou alemão. Em Colônia
(Alemanha), nesse ano, surge o Mercurius gallo-belgicus., publicação semestral de mais de
600 páginas. Publica-se em Leipzig o primeiro catálogo de livros.
1600 – Notícia manuscrita. (Al. e It.) Os grandes centros da vida intelectual e
social são Berlim e Roma, pólos de comércio e transações econômicas. Aí se concentra o
clero, a nobreza e uma burguesia que cultiva o gosto pelas letras e artes. Para aumentar sua
fortuna e reafirmar seu poderio, as altas classes valorizam a informação, comprando
notícias dos gazzetanti.
1609 – (Al.) Primeiras gazetas, como Avisa, Relation oder Zeitung, com
acontecimentos reportados por correspondentes de vários pontos do mundo.
1615 – O francês Salomon de Caus emprega o vapor na produção de força
motriz. O inglês James Watt utiliza o vapor pela primeira vez para movimentar uma
máquina.
1622 – Considerado o primeiro jornal, A Current of General Newes é um
semanário dedicado a notícias da Itália, Alemanha, Hungria, França e Países Baixos.
1631 – O médico Théophraste Renaudot consegue licença perpétua para editar
uma publicação na França: a Gazette aparece como “o periódico dos reis e dos poderosos
da Terra” e Renaudot é apontado pelos franceses como o pai do jornal. Seu segredo: nunca
falar mal de ninguém.
. À Gazette de France se atribui ainda o berço do moderno jornalismo
político, pois seu padrinho era o Cardeal Richelieu, eminência parda do rei Luís XIV. A
Gazette teve o mérito de criar edições regionais: o original ia a cavalo direto para as
tipografias do interior, uma forma de driblar os custos de correio. A imprensa regular aí
nascera a partir de folhas com ofertas de empregos
1641 – O primeiro jornal português, a Gazeta da Restauração, nasce numa
época de rígido controle das tipografias. Elas necessitam de autorização para funcionar.
1645 – O jornal mais antigo em circulação ininterrupta no mundo é o Post
och Inrikes Tidningar, criado pela Academia Real de Letras da Suécia, que entra em
circulação nesse ano.
1650 – (Fr.) Nascimento do Mercure, primeiro periódico (em versos) a
sobreviver da crônica social e mundana. Em Portugal, em 1663, surge o Mercúrio
Portuguez. Em 1672, o Mercure Galant recupera a idéia de um jornal de notas e
variedades. Incorporando Política e Literatura, transforma-se em 1724 no Mercure de
France. Com patrocínio do Ministério do Exterior francês, chega a tirar 15 mil exemplares.
1662 – Fruto da censura férrea, que delegava ao rei o direito exclusivo de
autorizar a publicação de notícias, as newsletters britânicas são cartas manuscritas ou
impressas, reservadas aos ricos, pessoal da corte e alto clero.
1663 – (RJ) O alferes João Cavalheiro Cardoso inaugura o Correio-Mór do
Rio de Janeiro. Durante muito tempo ainda funcionariam os estafetas (chamados próprios),
mensageiros contratados para levar encomendas As primeiras linhas públicas regulares de
correios – São Paulo-Rio, São Paulo-Santos – só passam a operar regularmente em 1798.
Navios fazem a intercomunicação com o Rio pela costa. (Alem.) A publicação Erbauliche
Monaths-Unterredungen (“Discussões Mensais Edificantes”) é tida como a primeira revista
da história do jornalismo. Seu fundador é o poeta e teólogo Johann Rist, que consegue
mantê-la durante cinco anos, divulgando sobretudo as próprias idéias.
1665 (Fr.) - Colbert imagina uma folha destinada à vida intelectual,
inaugurando o Journal des Sçavants (Jornal dos Sábios) para noticiar “ce qui se passe de
nouveau dans la République des Lettres” (“O que se passa de novo na república das
letras”). É a primeira vez que se usa a palavra Journal, definido como “relação dos
acontecimentos dia a dia”.
1702 (Ingl.) - O primeiro diário em língua inglesa, Daily Courant. Samuel
Buckley marca pela primeira vez a diferença entre notícia e comentário, com o slogan:
Only news, no comments” (Só notícias, nenhum comentário).
1706 (Recife) - Um obscuro negociante inaugura um prelo com o objetivo de
imprimir letras de câmbio e orações. Uma carta régia manda seqüestrar bens e letras
impressas e “notificar os donos dela e os oficiais de tipografia que não imprimissem nem
consentissem livros ou papéis avulsos”.
1713 (Sue.) – Com status de ministro, lança-se a figura do Ombudsman, o
“representante do povo”. Na Grécia antiga já existia o Ouvidor-Geral. No Brasil Colônia
(1534) havia a figura do Ouvidor. Nomeados pelo rei para ouvir reclamações, os ouvidores
da Coroa eram geralmente bispos. Ao que parece, nunca tomavam providências, pois vem
daí a expressão: “Vá se queixar ao bispo”.
1714 – A Rainha Ana da Inglaterra concede patente ao engenheiro Henry
Mill, que inventara uma máquina para escrever. O modelo não chega a ser construído.
1722 - (Peru) É fundado em Lima o primeiro jornal da América do Sul, o
Diario de Lima.
1746 – (Rio) O português Antônio Isidoro da Fonseca abre uma oficina. Sua
primeira obra publicada pode ser considerada uma reportagem religiosa: Relação da
entrada do Bispo Frei Antônio Isidoro do Desterro trata da descrição da chegada do
prelado ao Porto do Rio de Janeiro, porém pintada com bajulação.. Em um ano, imprimem-
se quatro trabalhos: notícias da vida católica, poemas e estudos de padres. A Corte manda
queimar a tipografia, “para não propagar idéias que podiam ser contrárias ao interesse do
Estado”.
1776 – Fundam-se os primeiros diários nos EUA: Pennsylvania Packet e
American Daily Advertiser.
1784 – É inventada uma máquina de escrever para cegos.
1788 (Ingl.) - Nascimento do jornal Times, em Londres, no dia 1 de janeiro.
Na realidade, ele deriva do Daily Universal Register, fundado por John Walter em 1785. As
notícias publicadas vêm da Holanda, França e Alemanha e datam do mês anterior.
1791 (Ingl.) – Nicholson inventa o prelo cilíndrico a vapor e o rolo de
tintagem.
1793 (Fr.) – Inauguração do telégrafo ótico.
1800 (Ingl.) – Primeiras revistas com circulação fixa: Edinburgh Review e
Quarterly Review. Até 1880, os gêneros crônica e ensaio se afirmam, marcando espaço nos
magazines. Nos Estados Unidos circulam 200 periódicos, entre eles 17 diários.
1802 – Invenção da fotografia, somente popularizada a partir de 1837.
1808 (Rio) – Com Dom João VI, a família real se instala no Brasil.
31/5 - Um ato do Príncipe Regente inaugura a Impressão Régia,
com dois prelos e 28 volumes de material tipográfico que Antônio de Araújo, Conde da
Barca e Secretário de Estrangeiros e da Guerra, trouxe de Portugal no navio Medusa.
Antecessora da Imprensa Oficial, a gráfica que funcionava na Rua do Passeio, 44, no
Centro do Rio, tinha a finalidade de imprimir com exclusividade os atos normativos e
administrativos.
1/6 - Exilado na Inglaterra, Hipólito José da Costa Pereira
Furtado de Mendonça imprime em Londres, o Correio Braziliense. O nome
obedece ao vocabulário da época: Brazileiro = português ou qualquer
estrangeiro que vinha morar no Brasil; Braziliano = indígena; Braziliense =
natural do Brasil. O jornal chega ao Brasil de navio todos os meses, durante
14 anos. Até dezembro de 1822, publica 175 números.
10/9 - Sai o primeiro número da Gazeta do Rio de Janeiro,
semanário publicado pela Impressão Régia, com quatro páginas de notícias,
em sua maior parte sobre a Europa. É redigido por frei Tibúrcio José da Rocha
e colocado à venda sábado de manhã, por 80 réis, na Casa de Paulo Martin
Filho, mercador de livros estabelecido na Rua da Quitanda. A Gazeta circula
por 14 anos .
1810-14 – (Ingl., Londres) Mecanização gráfica: utilizando as descobertas de
Nicholson (1791), Koënig desenvolve o prelo de platina; em seguida, o prelo de interrupção
e logo em seguida, a prensa de dupla rotação. Consegue a marca de 1.100 páginas/ hora na
oficina do Times. Niepce apresenta a fotografia em Paris. Ainda em 1814, Stephenson
inventa a locomotiva a vapor, que daria início às estradas de ferro, a partir de 1825.
1811 – (Salvador) Na oficina Silva Serra, redigida pelo bacharel Diogo Soares
da Silva e pelo padre Inácio José de Macedo, é editada a folha Idade de Ouro do Brasil.
Com autorização real, apresenta “as notícias políticas sempre da forma mais singela” e
naturalmente nunca fala contra o governo ou a religião oficial. Vai às bancas às terças e
sextas-feiras.
1817 – (Recife) Surge um jornal radicalmente oposicionista, primeiro a
levantar a bandeira da República: O Preciso. Defende a liberdade de imprensa. Não passa
de um único número. Quem participa do movimento republicano é o religioso Joaquim do
Amor Divino, mais conhecido como Frei Caneca.
1818 – (Ingl.) Stanhope substitui todas as partes de madeira do prelo por ferro
fundido. Por essa época, a invenção dos rolos para a tinta, que transformaram o processo
manual, dá enorme impulso à arte de imprimir.
1820 – (Inglaterra) Charles Babbage constrói uma máquina – a Difference
Engine – que é a mais remota aproximação do computador, tal como o conhecemos hoje. O
engenho realiza cálculos com precisão. Tem funções algébricas, circuito lógico, memória,
capacidade de armazenamento e recuperação de dados.
1821 - (EUA) Invenção da máquina de fundir tipos. (Brasil) Com a Revolução
do Porto, em Portugal, Dom Pedro extingue a censura prévia. Surgem então, em território
brasileiro, mais de 20 periódicos. Um dos primeiros é O Alfaiate Constitucional . Os
nomes satirizam os personagens da Corte: O Espelho, A Malagueta, Segarrega (Recife =
gaita, pessoa muito faladeira).
1822 – O periódico Revérbero Constitucional Fluminense, fundado no ano
anterior e editado por Gonçalves Ledo e pelo Cônego Januário da Cunha Barbosa, encerra
sua edição. Os dois jornalistas são ameaçados e têm que fugir do país. O português João
Soares Lisboa lança o Correio do Rio de Janeiro, diário de quatro páginas em tamanho
pequeno. Lisboa ataca D. Pedro I e sofre o primeiro processo por abuso contra a liberdade
de imprensa da história do Brasil. É absolvido. O Correio do Rio de Janeiro se notabiliza
pela luta em favor da instalação de uma assembléia constituinte.
1823 - O Paulista, primeiro periódico de São Paulo, é manuscrito por uma
equipe comandada por Antônio Mariano de Azevedo Marques, o Mestrinho. O primeiro
prelo só chega ao Estado em 1827.
1824 – (Ouro Preto, MG) Mineiros montam uma tipografia inteira para
publicar o periódico Abelha do Itaculumy, folha satírica que critica as autoridades.
1825 – Fundação do Diário de Pernambuco, mais antigo jornal brasileiro em
circulação, hoje membro da cadeia dos Diários Associados.
1827- Jornal do Commércio: a 1º de outubro, o francês Pierre Plancher, que
já editava as publicações Preços Correntes, Notícias Marítimas e Movimento de
Importação e Exportação, as transforma num jornal dedicado aos “senhores negociantes”.
Conservador e defensor das classes produtoras, o periódico é feito por mestres das artes
gráficas vindos de Paris e introduz algumas inovações técnicas, publicando ilustrações. As
primeiras caricaturas impressas só aparecem, porém, em 1837. O JC passou para os Diários
Associados em 1959. Aurora Fluminense: sob responsabilidade do mais sério jornalista do
período, Evaristo da Veiga.
1829 (Ingl.) – William Austin Burth requer patente para a máquina de
escrever que batiza como Typograph.
1832 – Charles Havas lança em Paris a primeira agência internacional de
notícias. Em 1940, ele vende a empresa ao governo de Vichy (pró-nazista). (Br.) Estima-se
que aqui haja 50 jornais, com nomes curiosos: O Par de Tetas, O Saturnino, A Lima Surda,
O Carpinteiro José.
1833 – Benjamin H. Day, no New York Sun, propõe um jornalismo imparcial:
desvincula-se dos partidos políticos, dá prioridade às notícias de crimes e processos. É o
início do critério da objetividade, com um produto barato, em números avulsos e não por
assinatura. Há uma corrida para os Estados Unidos: a população, de 4 milhões em 1790,
passa para 17 milhões, em 1840 e 31 milhões, em 1860. O Sun, que começa com tiragem de
2 mil exemplares, em quatro anos alcança os 30 mil. Seu dono descobre que pode faturar
mais com anúncios e dobra o tamanho das páginas, criando o formato standard.
Charles Babbage concebe uma outra máquina para efetuar cálculos. A
Analytical Engine, sucessora da Difference Engine de 1820, realiza as quatro operações e já
tem os rudimentos do que viria a ser um computador nos tempos de hoje. Trabalha com
cartões perfurados, é programável e já tem um armazém (memória) e um moinho
(processador). O Museu da Ciência de Londres guarda uma réplica desse modelo, que é
montada na década de 90 e consegue fazer seu primeiro cálculo completo apenas em 1991.
1835 – Criação da Agência Havas.
1836 – James Gordon Bennett, fundador do New York Herald investiga a
morte de uma prostituta, Ellen Jewett, e publica entrevista com a dona do bordel. A
história gera tanta controvérsia que nunca se descobre o assassino. Os norte-americanos
consideram esta a primeira entrevista pergunta-resposta publicada na imprensa.
1837 – Primeira transmissão telegráfica. Samuel Morse manda uma
mensagem de Washington a Baltimore em forma de pergunta: “O que Deus escreveu?”
(“What hath God wrought?”). Morse só consegue licença para produzir o telégrafo em
1850, quando a corte federal americana finalmente o reconhece como inventor. Um ano
depois de ter criado a máquina para transmitir a primeira escrita a distância (tele=distância;
grafia=escrita), em 1838, ele já tem 68 concorrentes, disputando a honra de pais do
telégrafo. Uma rede de cabos se espalha então pelos Estados Unidos. Só no século seguinte
seria inventado o telégrafo sem fio. Daguerre inventa na França o daguerreótipo,
antecedente dos negativos fotográficos.
1840 (EUA, Filadélfia) – Criação da primeira agência de publicidade, a
Palmer.
1844 – A Lanterna Mágica, “periódico plástico-filosófico”, precursor dos
jornais de caricatura (caricatura=caracterizar), institucionaliza a crítica política no Brasil.
Seu idealizador: Manuel de Araújo Porto Alegre, Barão de Santo Ângelo.
1848 – Diários novaiorquinos se reúnem na Harbor News Association e
economizam enviando apenas um repórter para cobrir a chegada de um navio vindo da
Europa. Marx e Engels lançam na Europa o Manifesto do Partido Comunista.
1849 – O mecânico francês Hipólito Marinoni cria em Paris a rotativa que
leva seu nome, conseguindo 6.000 exemplares por hora.
1850 – (RJ) Inaugura-se o telégrafo elétrico.
1852 -- (França) Au bon marché é o nome do primeiro supermercado do
mundo, inaugurado na Rue de Sèvres, em Paris. Alguns anos depois, com a criação de
vidros em lâmina, surgem as vitrinas, ancestrais dos banners na Internet. Essas invenções
marcam a eclosão da sociedade de consumo, onde os objetos passam a ser expostos para
provocar a necessidade de comprar. O período pós-Revolução Industrial ocasionara uma
super-produção de mercadorias e era preciso incentivar as pessoas a consumir: nasce a
propaganda de massa. Surge na Inglaterra, a agência Reuter.
1856 (EUA) – A agência Associated Press começa a funcionar a partir de uma
cooperativa de jornalistas norte-americanos.
1861 (EUA) – A implantação do telégrafo muda a maneira como as notícias
são transmitidas: antes, elas iam a cavalo, de navio, de trem. Porém, as transmissões ainda
são caras e as linhas se interrompem com freqüência. Os editores pedem aos repórteres que
resumam os fatos e mandem os acontecimentos mais importantes logo. A primeira notícia
em forma de pirâmide invertida é publicada por The New York Times.
(Br.) O padre paraibano Francisco José de Azevedo ganha prêmio na
Exposição Nacional do Rio de Janeiro com a “máquina taquigráfica”.
1863 (EUA) – Christopher Sholes, Samuel Sole e Charles Glidden pedem
patente para uma máquina de escrever que batizam de Typewriter.
1869 – A imprensa já consegue imprimir com três cores.
1870 – (RJ) Começa a circular A República, órgão do Partido Republicano
Brasileiro e do Clube Republicano.
1873 (EUA) – Sholes assina contrato com o fabricante de armas Phil
Remington e este investe no aperfeiçoamento da máquina de escrever.
1874 – Dom Pedro II manda um telegrama à Rainha Vitória da Inglaterra,
dando início às transmissões telegráficas via cabo submarino. O sistema favorece a
comunicação do front da Guerra do Paraguai.
1875 – Termina a Guerra do Paraguai (1864-75), é lançado o periódico
Província de São Paulo, que inaugura a venda de rua, com um agente percorrendo as ruas
de carroça, tocando uma buzina. São Paulo, então com 30 mil habitantes, reage à
“mercantilização da imprensa”. Mais tarde é que surgem os jornaleiros, as bancas e os
pontos de venda. Em 1890, a Província vira O Estado. A Gazeta de Notícias, matutino
carioca fundado por José Ferreira de Araújo neste ano, foi onde José do Patrocínio
começou sua carreira. Nele, Raul Pompéia iniciou a publicação do romance O Ateneu.
Passaram pelo periódico nomes importantes da literatura brasileira: Olavo Bilac, Artur
Azevedo, Ramalho Ortigão, Coelho Neto.
1876 – Inventado o telefone. (EUA) Apresentado ao invento de Graham Bell
na exposição do centenário de Filadélfia, Dom Pedro II exclama: “Meu Deus, isto fala!”
Três anos depois, ele levaria o telefone ao Rio de Janeiro. (RJ) Revista Ilustrada (até 1898,
editada pela Livraria Garnier), com 4 mil exemplares. O editor Angelo Agostini, italiano
apaixonado pelo Brasil, publica em página dupla “Cenas da Escravidão”: 14 quadros que
imitam os passos da paixão de Cristo e podem ser considerados a primeira história em
quadrinhos brasileira. A revista fazia grande sucesso, refletindo com humor a vida do país.
1880 / 1930 – (Br.) Tempo de invenção da reportagem e descoberta do sentido
da notícia. São fundados os principais veículos impressos do país. Surge o jornal-empresa.
Até o governo Vargas, em 1937, que acaba com as liberdades e condena muitas publicações
à extinção, a profissionalização chegaria nesse momento às empresas jornalísticas,
estruturando os departamentos (circulação, comercial, industrial) e a redação.
(EUA) Funcionário do birô de recenseamento norte-americano, Hermann
Hollerith inventa uma máquina para registrar a população, baseada nos princípios dos
teares manuais e que funciona com cartões perfurados. A Tabulating Machine de Hollerith
é testada com sucesso no Censo de 1890, levando seu inventor a criar a International
Business Corporation (IBM). (Br.) Em São Paulo, holerite é o nome que se dá ao
comprovante de pagamento de uma empresa.
1884 – Invenção do sistema de impressão off-set.
1886 – Mergenthaler inventa o linotipo (“A line all typed!”) e o testa na
gráfica do New York Times.
1888 (Londres) – Fundação do Financial Times. No ano seguinte, inauguração
do Wall Street Journal (Nova York).
(EUA) – Num concurso entre duas academias de datilografia, o
representante da Escola de Datilografia da Sra Longley ganha, com o método
QWERTY: ele decora o teclado (que começa com essas letras) e digita sem olhar o
papel. A Remington adota o teclado, que é usado até hoje. Baseia-se nas letras e
combinações mais freqüentes do inglês. Os anteriores tentaram ser alfabéticos, mas
as letras com hastes embolavam e impediam a escrita.
1891 – Fundação do Jornal do Brasil: oito páginas em formato standard de
oito colunas, com edição inicial de 5 mil exemplares.
1892 – (EUA) O editor do Chicago Globe orienta os repórteres a responder a
algumas perguntas no primeiro parágrafo da notícia: “Who or what? How? When? and
Where?” (Quem ou o que? Como? Quando? Onde?) (Itália) O físico bolonhês Guglielmo
Marconi propaga o som usando um aparelho sem fio. Ele prova a existência de ondas
sonoras, as ondas hertzianas. Pela invenção do aparelho de rádio, recebe o Prêmio Nobel
em 1909. A autoria é reivindicada também pelo norte-americano Nathan Stubblefield que
teria, alguns meses antes de Marconi, emitido os primeiros sinais de rádio de seu
laboratório nos Estados Unidos.
1894 – Os norte-americanos reivindicam a invenção da história em
quadrinhos, com a publicação pelo New York World da primeira tira colorida. O primeiro
personagem – Yellow Kid, criação de Richard Outcault – teria aparecido em The Mourning
Journal¸introduzindo o artifício da fala em balões. No Brasil, o desenhista Angelo Agostini
já fazia histórias em série. Por não terem balões, mas sim legendas, não são consideradas na
trajetória do gênero.
1895 – (Fr.) Apogeu do gênero folhetim, plenamente incorporado aos jornais
de grande tiragem. Primeira projeção cinematográfica em Berlim e Paris. (RJ) O prelo
italiano Derriey e as rotativas Marinoni representam a grande revolução em matéria de
impressão, ajudando os jornais brasileiros a aumentar suas tiragens e o faturamento. O
Jornal do Brasil introduz clichês em zinco, melhorando a qualidade das ilustrações. Em
1898 o JB inicia a publicação de “Caricaturas Instantâneas” de políticos e literatos.
1896-7 – Antônio Vicente Mendes Maciel, O Conselheiro, comanda um grupo
de fiéis e constrói a vila de Canudos (BA). Os seguidores desse líder messiânico repelem
quatro expedições militares e tomam posição contra o poder republicano. O jornal O País,
do Rio de Janeiro, dirigido por Quintino Bocaiúva, apelida Conselheiro de “O monstro de
Canudos”5. No dia 5 de outubro de 1897, o povoado é destruído pelo Exército brasileiro.
Morrem 15.000 pessoas. Na chamada Guerra de Canudos se dá o início da cobertura
jornalística por enviados especiais. O Estado de S. Paulo reivindica para si a criação do
5 De fonte segura. Canudos: primeira grande cobertura jornalística da história do Brasil. In Fonte, 1997.
correspondente de guerra, pois mandou Euclydes da Cunha para Canudos. O escritor
expede telegramas e relatórios, que serão reunidos em livro póstumo, Os Sertões.
1900 – João do Rio publica na Gazeta de Notícias “As religiões do Rio”, que
é considerada por muitos a primeira reportagem da imprensa brasileira. Di Cavalcanti
qualifica João do Rio, na verdade João Paulo Alberto Coelho Barreto, como “o tipo
exemplar de repórter”. O Jornal do Brasil inaugura suplemento ilustrado, A Semana, e
atinge tiragem de 50 mil exemplares.
1901 – Edmundo Bittencourt funda no Rio o Correio da Manhã, de orientação
esquerdista, que representa uma revolução nos padrões jornalísticos da época. Começa-se a
cuidar melhor da notícia e a se fazer oposição às políticas do governo.
1906 – (EUA) De uma estação experimental em Massachussetts, o engenheiro
elétrico Reinald Fessenden transmite o primeiro programa de rádio: uma mensagem de
Feliz Natal, algumas músicas e um poema. (RJ) O JB empreende reforma gráfica à feição
de The Times e traz os classificados para a primeira página.
1907 – Surge em Nova Iorque a agência United Press, que dois anos depois se
fundiria com a International News Service, dando origem à United Press International
(UPI).
1918 – (U.R.S.S) Agência Tass.
1919 – Egresso do Jornal do Brasil, o empresário Assis Chateaubriand
compra O Jornal, embrião da cadeia Diários Associados, que chega a reunir 32 jornais e 22
emissoras de rádio. Entre 1973 e 1974, O Jornal passaria por uma última tentativa de se
soerguer, com o esforço de uma equipe de mineiros contratados pelos condôminos
associados. Não teve sucesso e o veículo sucumbiu de vez.
1921 – Uma invenção francesa, a radiofoto, consegue passar fotografias
através de ondas de rádio. É inaugurado no Rio de Janeiro o jornal popular O Dia.
1922 – (RJ) Transmissões diárias inauguram o sistema de radiodifusão no
Brasil por iniciativa de Edgard Roquette Pinto e Henrique Morize, que fundam a Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro. Oito anos depois, o país já tem 80 estações de rádio. Durante
os anos Vargas, as comunicações radiofônicas alcançam grande importância. Em 1943 o
número de emissoras se eleva a 120. O Diário Carioca empreende uma reforma gráfica,
sob inspiração da Semana de Arte Moderna de 1922.
(Jap.) – O jornal Asahi Shimbum é o primeiro veículo a adotar a figura do
Ombudsman. A ele se segue o Yomiuri Shimbum.
1923 – Papa Pio XI nomeia São Francisco Sales o patrono dos jornalistas.
Durante os séculos XVI e XVII, o santo teria peregrinado pela Europa, difundindo a
religião católica contra os calvinistas (protestantes ligados a Calvino). Escritor nato,
passava as suas mensagens através de panfletos.
1925 – O repórter Irineu Marinho funda o jornal O Globo. A primeira
Marinoni usada pelo vespertino era alugada por 10 contos de réis ao mês.
1926 – Início do cinema falado.
1927 – Primeiras experiências de transmissão de imagens reais a distância,
pelo físico escocês John Logie Baird. No ano seguinte, ele faz uma exibição pública do
invento; em 1935 se instala a primeira retransmissora na Torre Eiffel.
1928 – (RJ) Revista O Cruzeiro. Jornal Diário Carioca, que desaparece
durante o regime militar, em 1966.
1929 – Diário da Noite (Diários Associados)
1930 – Diário de Notícias.
1933 (Alem.) - Hitler cria o Ministério da Propaganda e da Ilustração,
comandado por Josef Goebbels. Ver voto feminino.
1936 (EUA) – Revista Life.
1937-45 – Jornais fechados por determinação do governo. Jornalistas - como
Monteiro Lobato - são presos. O Estado de S. Paulo é suspenso. Várias revistas são
extintas: O Malho, Fon-Fon, Tico-Tico. No período que vai até 1950, ainda durante o
governo de Getúlio Vargas, desaparece a pequena imprensa.
1938 (EUA) – Orson Welles faz a transmissão de “A invasão dos marcianos”
pela rádio CBS.
1939 – Inaugura-se em Nova York o serviço regular de televisão.
1941 – No dia 28 de agosto, vai ao ar pela primeira vez, na Rádio Nacional, o
Repórter Esso, programa que iria marcar o telejornalismo brasileiro. A 4 de maio de 1952,
o Repórter Esso passa para a TV Tupi, onde permanece até 31 de dezembro de 1970.
1944 – (Fr.) Os alemães ocupam o país. Um grupo de oito jornalistas se
encarrega de tomar o prédio do Office Française d´Information (órgão oficial de
comunicação do governo colaboracionista) e funda a Agence France Presse. Alguns deles
vêm de Londres, onde trabalhavam na clandestinidade e de onde, através dos equipamentos
emprestados da agência inglesa Reuters, transmitiam noticiário em nome da Agence
Française Independente. Na França ocupada pelos nazistas funcionava também outra
agência revolucionária, a L´Insurgé.
1945 – (RJ) Em agosto, o Diário Carioca, pioneiro na modernização do jornal
impresso no país, publica uma série de artigos sob o título: “Cartas a um foca”. Aí se
divulgam os princípios do lide, um beabá para redatores e repórteres.
1946 – (EUA) A Columbia Broadcasting System (CBS) comunica ter
realizado pela primeira vez transmissão de tevê em cores. A Escola de Engenharia Elétrica
da Universidade da Pensilvânia e o Laboratório de Pesquisas Balísticas do Exército
americano apresentam, em 15 de fevereiro de 1946, o Eniac, primeiro computador digital
eletrônico. Construído pelo engenheiro John Presper Eckert Jr. e pelo físico John William
Mauchly, tem altura de dois andares e peso de 30 toneladas.
1947 – (Ingl.) Invenção do transistor, o avô do chip. O transistor permite o
rápido processamento de impulsos elétricos – são semicondutores e já funcionam em lógica
binária. Lançamento do aparelho de fac-simile, o fax.
1948 – Norbert Wiener publica “Cybernetics or Control in the Animal and
Machine” e dá nome à ciência do controle do homem sobre as máquinas: cibernética.
1949 – (RJ) Fundação da Tribuna da Imprensa. (R.U) O fabricante de chá
inglês J. Lyons & Company investe na pesquisa de sistemas eletrônicos e obtém lucro pela
primeira vez. Maurice Wilkes e uma equipe de engenheiros da Universidade de Cambridge
desenvolvem o Lyons Electronic Office (Leo), baseado no Calculador Automático
inventado por Wilkes. Leo começou a atuar em 1951.
1951 – (RJ) Programação visual da notícia impressa. O Diário Carioca abre
nova sede na Avenida Rio Branco, 25. O diretor Danton Jobim convoca Luís Paulistano
como chefe de reportagem e, com Pompeu de Souza na chefia da redação, inaugura um
novo estilo de apresentar a notícia. O jornal chega a vender 45 mil exemplares nos dias
úteis e 70 mil aos domingos. Também nesse ano começa a rodar a Última Hora. Início da
televisão comercial, com a TV Difusora (Canal 3, São Paulo), mais tarde, TV Tupi, Canal
4. Inauguração da TV Excelsior.
1952 (EUA) – Pela primeira vez, usa-se o computador para acompanhar a
eleição presidencial, disputada por Dwight Eisenhower e Adlai Stevenson. O âncora da
CBS News Walter Cronkite acompanha a apuração em Washington, com um computador
Remington Rand Univac, e inaugura a era das reportagens assistidas por computador
(Computer-Assisted Reporting).
1953 – Revista Manchete.
1957 – Os russos lançam ao espaço o primeiro satélite do mundo, o Sputnik.
Os norte-americanos fundam a National Aeronautics and Space Administration (Nasa). A
Advanced Research Projects Agency (Arpa) do Departamento de Defesa norte-americano
(Agência de Projetos de Pesquisa Avançada) resolve projetar um sistema de comunicação
invulnerável a ataques nucleares e faz suas primeiras experiências nesse ano. Com base na
tecnologia de comunicação por transferência de pacotes (hoje arquivos) surgiria, em 1969,
a primeira rede de computadores, a Arpa Net.
1962 – Têm início as transmissões de TV via satélite.
1963 – (Hol.) A Philips cria o gravador de fita cassete, a partir de um aparelho
que os alemães haviam desenvolvido para gravar os discursos de Hitler, com uma fita
magnética.
1965 – Posicionando-se contra o regime militar, o Correio da Manhã (RJ)
enfrenta corte de verbas publicitárias. É o ano em que o capital internacional entra nas
empresas de comunicação: TV Globo faz acordo com o grupo norte-americano Time-Life.
1967 – Criação do Conselho de Segurança Nacional. Em março é aprovada a
Lei de Segurança Nacional. (EUA) John Herchenroeder se torna o primeiro Ombudsman do
ocidente, assumindo o cargo no The (Louisville) Courier Journal.
1969 – O homem pisa na Lua. Ligando computadores de centros de pesquisa
universitários e militares nos Estados Unidos, surge a Arpa Net, rede de comunicação
encomendada pelo Advanced Research Projects Agency do Departamento de Defesa norte-
americano. Inventado o videocassete.
1970 – Levantamento de um órgão norte-americano indica que, no mundo, há
800 milhões de analfabetos, em sua maioria nos países pobres.
1972 - A Universidade São Paulo inaugura o primeiro computador brasileiro,
o Patinho Feio.
1973 – O primeiro satélite de comunicações, o Anik da RCA, é mandado ao
espaço com a incumbência de interligar o Alaska e a Costa Oeste dos Estados Unidos. Tem
tamanho de 20 andares e fica em órbita geoestacionária, a 35.860 km acima do equador, na
mesma velocidade de rotação da terra. Seus primeiros serviços são: fazer mapeamento,
meteorologia e estabelecer comunicações entre a rede de clientes – Western Union, a
própria RCA e a multinacional telefônica AT&T.
11/9 – Morre o presidente chileno Salvador Allende. O Jornal do
Brasil, sob censura, é proibido de dar manchete. Sai então com um texto em quatro
colunas na primeira página, contando o assalto ao Palácio de La Moneda.
1974 – O Correio da Manhã deixa de circular. O título do jornal é comprado
em 1998 pelo grupo Indústria Brasileira de Formulários (IBF) – também detém os direitos
do Diário Comércio e Indústria – e promete relançá-lo em edição nacional. 24/8 – Um
grupo de 77 jornalistas funda a Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre, primeira e mais
importante experiência brasileira no gerenciamento autônomo de uma empresa de
comunicação. Em 1977, a cooperativa adquire equipamento gráfico moderno para editar o
Coojornal e mais 11 publicações, totalizando 142 mil exemplares. O Coojornal é um dos
veículos de oposição ao regime militar e fecha as portas em 1983, vítima de boicote
publicitário e de problemas administrativos.
1975 – (Albuquerque, EUA) Uma fábrica de calculadoras de fundo-de-
quintal, a Micro Instruments and Telemetry Systems (Mits) vende pelo correio um kit para
montar um computador doméstico, o Altair. Seria a base para o design do Apple, primeiro
microcomputador a alcançar sucesso comercial. Os jovens Steve Wosniak e Steve Jobs, que
haviam abandonado os estudos, constróem o primeiro Apple na garagem da casa de seus
pais. Bill Gates e Paul Allen também partem do Altair, adaptando a linguagem Basic e
criando o primeiro software. A Microsoft surge em 1976.
(Br.) O Ministério das Comunicações baixa o decreto no. 301,
incumbindo a Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel) de instalar e
explorar a transmissão eletrônica de dados.
1978 – A companhia telefônica francesa cria o Minitel, sistema de videotextos
gerados a partir de centros de servidores, interligando vários computadores. Só é lançado
oficialmente em 1984. Os primeiros serviços oferecidos são: lista telefônica, previsão do
tempo, compra de ingressos para espetáculos.
(EUA) Para fugir ao rigoroso inverno em Chicago, dois universitários,
Ward Christensen e Randy Suess, criam um sistema para transferir programas via
linha telefônica: o modem.
1979 – Inventado o aparelho telefônico celular.
1980 – (EUA) A rede de computadores do Departamento de Defesa dos
Estados Unidos toma o nome de Arpa-Internet. Torna-se apenas Internet em 1981.
1981 – (EUA) O Columbus Dispatch põe a edição diária à disposição dos
leitores, via computador, cobrando taxas. A idéia de uma supervia para a circulação de
informações se desenvolve. IBM lança no comércio o primeiro computador individual.
(Br.) - O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – o
Ibase de Herbert de Souza, o Betinho – consegue apoio da ONU para utilização de
acesso à Internet via BBS (Bulletin Board System), interligando várias
Organizações Não Governamentais (ONGs) através do provedor Alternex.
1982 – (Arg.) A cobertura da Guerra das Malvinas (Falkland Islands) coloca
em ação, pela primeira vez no mundo, um pool de jornalistas. Impedidos pelo governo
britânico de ir até o front, eles se unem para receber e repassar informações a partir de
Buenos Aires.
1985 – Início da temporada de fusões entre empresas de comunicação.
1988 – (Br.) O Laboratório Nacional de Computação Científica, incentivado
pelo Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), se interliga à rede acadêmica norte-
americana Bitnet, através da Rede Nacional de Pacotes (Renpac). Outras instituições de
pesquisa brasileiras – como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – também se conectam à
Bitnet.
1989 (Br.) – A Folha de S. Paulo lança a figura do Ombudsman de imprensa,
com o jornalista Caio Túlio Costa.
(Alem.) - Queda do Muro de Berlim.
(EUA) - Fusão da Time com a Warner funda um gigante das comunicações. A
Sony compra a Columbia Pictures.
1990 – Tim Berners-Lee desenvolve o protocolo Hypertext Transport Protocol
(http) e cria o código básico da World Wide Web (WWW). É uma linguagem que define
como os programas e os servidores devem atuar, em rede. Serviria inicialmente para que os
computadores do laboratório do Centre Européen de Recherche Nucléaire (CERN- Centro
Europeu de Pesquisa Nuclear), em Genebra, pudessem conversar entre si e com outras
instituições. Expansão da Internet, que alcança durante a década cerca de 3,2 milhões de
computadores em todo o mundo.
1992 – (Br.) Da cooperação entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp), o Ministério das Comunicações e o Centro Nacional de
Pesquisas (CNPq) surge a Rede Nacional de Pesquisas, para coordenar o processo de
montagem do tronco de uma rede que abrangesse todo o território nacional. Conectadas à
RNP, criam-se outras redes institucionais voltadas para a comunidade acadêmica. O
provedor Alternex, em parceria com a RNP, oferece acesso à Internet ao público geral.
1993 (EUA) – O primeiro jornal do mundo a colocar todo o seu conteúdo em
meio digital é o San José Mercury News, no coração do Vale do Silício.
1994 (Fr.) – Le Monde estabelece a função de médiateur (mediador), uma
espécie de Ombudsman.
1995 - O 1o. periódico brasileiro a entrar em tempo real é o Jornal do Brasil.
Antes dele, a Agência Estado já estava no ar e o Jornal do Commercio de Recife meses
antes já colocava seus arquivos em rede. A eles se seguiram: O Estado de S. Paulo, a Folha
de S. Paulo, O Globo, Estado de Minas, Zero Hora, Diário de Pernambuco e Diário do
Nordeste.
1998 – (Ingl.) Começam as transmissões digitais na TV aberta britânica.
1999 – Inaugurada a Internet 2 no Brasil, ligando universidades de São Paulo,
Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, a uma velocidade de 155 milhões de bits/segundo
via satélite, contra 56 mil bits da Internet 1 via telefone. A nova rede utiliza fibra ótica e
expande a capacidade da rede para banda larga, o que aumenta o potencial de transmissão
de dados.
2000 – Mercosul discute um padrão comum para a TV digital. O provedor IG
lança o 1o. jornal concebido e produzido para a Internet: Último Segundo, com material de
agências e da equipe de repórteres.
2006 – Fim da transmissão de TV analógica nos EUA.
2010 – Término das transmissões analógicas na Inglaterra.
2015 – Fim da transmissão de TV analógica no Brasil.
2020 – O homem chega a Marte. A Internet 2 também.
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