c. w. Leadbeater e Annie Besant - Vegetarianismo e Ocultismo

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    VEGETARIANISMO E OCULTISMOC w Leadbeater & Annie Besant

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    comoo Influenciadas pela produo e consumo de alimentos. Esta concisa obra vem, em parte, suprir estalacuna.

    Apesar de escritos entre 1913 e 1920, suas abordagens permanecem atuais, pois as leis da Natureza,ocultas ou no, so imutveis. Para estar de acordo com os conhecimentos cientficos mais recentes e esclarecercertos pontos pouco conhecidos, acrescentamos notas (N.E.) para facilitar a compreenso do leitor. Isso foi feitoprincipalmente no que diz respeito aos aspectos tcnicos sobre nutrio e bioqumica. Tambm procurou-seelucidar aspectos da constituio humana numa perspectiva da filosofia ocultista.

    O primeiro texto - que d ttulo ao livro - obteve sete reedies na lngua inglesa. uma obra deLeadbeater bem conhecida e respeitada. Na primeira parte, ocupa-se de demonstrar que grandes cientistas edoutores da poca corroboravam ser o vegetarianismo uma alimentao mais tica e saudvel. Porm, maisimportante que estes motivos, mostra que as razes ocultas deveriam ser conhecidas e levadas em considerao.

    Assim, destaca algumas destas, fornecendo explicaes teis e claras. Da mesma forma, salienta, nossas atitudese responsabilidades para conosco e para com os demais.O segundo texto baseia-se em uma palestra proferida por A. Besant, na Inglaterra, que foi transformada

    em um pequeno opsculo, ao qual acrescentamos subttulos, dando uma idia bsica dos temas abordados. A au-tora destaca e comenta alguns aspectos do vegetarianismo em uma perspectiva teosfica - sendo a teosofiaaquela "Sabedoria Divina" ou conhecimento vivencial profundo que expressa-se nos princpios das verdadeirasreligies, filosofias e cincias, e que a fonte que o ocultista busca experenciar, a Tradio-Sabedoria.

    O vegetarianismo uma prtica antiga, presente em diferentes tradies. Est evidenciado no primeirograu das Escolas de Mistrio que trata da purificao; indicado para tornar possvel a boa meditao e a Yoga;interfere na constituio dos corpos fsico e sutis do ser humano; est relacionado a ahimsa, no-violncia, umpasso preliminar e prioritrio no caminho da espiritualidade. No entanto, ningum pode considerar-se melhor doque outro pelo simples fato de ser vegetariano; a espiritualidade, a qualidade de vida e o verdadeiro ocultismo

    implicam uma relao harmnica de vrios fatores, um conjunto de atitudes, qualificaes e motivaes. Assim,nesse sentido mais amplo, vale salientar, por exemplo, que embora o vegetarianismo seja uma prtica de no-violncia - e portanto esteja associado espiritualidade -, um homem no deixa de ser violento apenas porque vegetariano. A superao da agressividade humana exige solues bem mais complexas que a mera adoo deuma prtica alimentar.

    Outras abordagens podem e devem ser feitas alimentao vegetariana - como do ponto de vista dadiettica, da ecologia, da economia, das religies e filosofias, da tica, da filosofia etc. - bem como certamenteh muito mais a dizer sobre o ocultismo. Contudo, esta obra proporciona uma tima introduo aos aspectosocultos do vegetarianismo, que deveria ser mais uma atitude tica perante a vida do que uma simples questo deopo alimentar.

    Tome-se esta abordagem como uma hiptese para nossa reflexo a respeito de nossas posturas frente vida. A Editora

    C.W.Leadbeater - VEGETARIANISMO E OCULTISMO

    Ao mencionarmos a relao entre vegetarianismo e ocultismo pode ser bom comearmos pela definiode nossos termos. Todos sabemos o que significa vegetarianismo e, ainda que existam vrios tipos do mesmo,no necessrio discuti-los. Vegetariano1 aquele que se abstm de ingerir alimentos crneos. Existem algunsque admitem os produtos animais obtidos sem destruir a vida do animal como, por exemplo, o leite, a manteigae o queijo. H outros que restringem-se a certas variedades de vegetais - frutas e nozes, por exemplo; h outrosque preferem somente aqueles alimentos que podem ser ingeridos sem serem cozidos; outros no comeroalimentos que crescem sob a terra, tais como batatas, nabos, cenouras etc.

    ________________________1 Atualmente utiliza-se a seguinte classificao: "Vegetariano" - aquele que se abstm de ingerir

    quaisquer alimentos de origem animal;"Vegetarista" - aquele que admite o uso de certos produtos de origem animal, tais como laticnios, ovos e

    mel. (N.E.)

    No precisamos considerar estas divises, mas simplesmente definir o vegetariano como aquele que seabstm de qualquer alimento que obtido atravs do abate de animais, naturalmente incluindo aves e peixes.2

    Como podemos definir ocultismo? A palavra derivada do latim occultus, oculto; portanto o estudo dasleis ocultas da Natureza. Uma vez que todas estas grandes leis da Natureza esto, de fato, operando muito mais

    Nesta obra, procuramos reunir dois trabalhos sobre o vegetarianismo, apresentados por dois grandesestudiosos da Filosofia Esotrica: C.W. Leadbeater e Annie Besant. Esse sistema, mais do que uma prticaalimentar, preconiza o respeito Natureza e ao que saudvel e natural atravs da tentativa de causar o menordano possvel aos animais e mesmo ao ser humano, diminuindo o sofrimento desnecessrio causado aos reinosinferiores por uma errnea viso do homem sobre sua relao para com estes.

    Em geral, a literatura a que se tem acesso na lngua portuguesa no nos oferece muitos subsdios arespeito dos aspectos mais ocultos dessa atitude, a respeito das energias mais sutis que compem o mundo e de

    2PREFCIO EDIO BRASILEIRA

    http://livroespirita.4shared.com

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    no mundo invisvel do que no visvel, o ocultismo envolve a aceitao de uma viso mais ampla da Natureza doque aquela tomada comumente. O ocultista, ento, um homem que estuda todas as leis da Natureza que possaalcanar ou sobre as quais possa ouvir, e, como resultado de seu estudo, identifica-se com estas leis e devota suavida ao servio da evoluo.

    Como o ocultismo considera o vegetarianismo? Considera-o muito favoravelmente, por vrias razes, quepodem ser divididas em duas classes - aquelas que so comuns e fsicas e aquelas que so ocultas ou escondidas.

    Existem muitas razes a favor do vegetarianismo que se colocam aqui no plano fsico e que so evidentes aosolhos de qualquer um que se d ao trabalho de examinar o assunto; e estas iro influenciar o estudante deocultismo ainda mais fortemente do que o homem comum.

    ________________________2 Desta maneira, no contexto da presente obra, englobando os ovo-lacto-vegetarianos no universo do

    vegetarianismo. (N.E.)

    Alm disso, o estudante de ocultismo sabe de outras razes que procedem do estudo destas leis ocultas, asquais so ainda to pouco compreendidas pela maioria da humanidade. Devemos, portanto, dividir nossaconsiderao destas razes em duas partes, tomando em primeiro lugar a comum e fsica.

    Mesmo estas razes comuns devem ser, por sua vez, subdivididas em duas classes - a primeira,

    abrangendo aquelas que so fsicas e, por assim dizer, egostas; a segunda, aquelas que podem ser descritascomo as consideraes morais e no egostas.

    Primeiro, portanto, examinemos as razes a favor do vegetarianismo que consideram apenas o prpriohomem e que so exclusivamente do plano fsico. Para o momento, colocaremos de lado a considerao dosefeitos sobre outros - os quais so to infinitamente mais importantes - e pensaremos apenas nos resultados parao prprio homem. Isto se faz necessrio porque uma das objees frequentemente colocadas contra o vegetaria-nismo a de que uma bonita teoria, de aplicao impraticvel, uma vez que se supe que o homem no podeviver sem comer carne. Esta objeo irracional e est fundada sobre a ignorncia ou perverso dos fatos. Euprprio sou um exemplo desta falsidade, pois tenho vivido sem a poluio de alimentos crneos - sem carne,peixe ou galinha - pelos ltimos trinta e oito anos e no apenas ainda sobrevivo, mas tenho tido durante todoeste tempo uma excepcional sade. E no sou, de forma alguma, peculiar nisto, pois conheo algumas centenasde outras pessoas que tm feito a mesma coisa. Conheo jovens que se sentem muito felizes por no terem sidopoludos com uma alimentao base de carne durante todas suas vidas, e eles so distintamente mais livres dedoenas do que aqueles que comem tais coisas. Certamente existem muitas razes a favor do vegetarianismo doponto de vista puramente egosta, e colocarei estas em primeiro lugar porque sei que sero um apelo mais fortepara a maioria das pessoas, ainda que, espero, no caso daqueles que esto estudando teosofia, possamos suporque as consideraes morais que aduzirei mais tarde exeram uma influncia mais poderosa.

    Queremos o Melhor

    No caso da alimentao, como em qualquer outra coisa, todos ns queremos o melhor que estiver dentrode nossas possibilidades. Gostaramos de levar nossas vidas e, portanto, nossa alimentao diria, como umaparte no sem importncia, em harmonia com nossas aspiraes, com o mais elevado que conhecemos.

    Deveramos ficar contentes ao escolher o que realmente o melhor e, se ainda no soubssemos o suficientepara sermos capazes de apreciar o que o melhor, ento deveramos ficar contentes em aprender a faz-lo. Sepensssemos nisso, poderamos ver que este o caso em relao a outras artes como, por exemplo, na msica,arte ou literatura. Tem-nos sido dito, desde a infncia, que se quisermos ter nosso gosto musical desenvolvido aolongo das melhores linhas, precisamos selecionar somente as melhores msicas. Se no incio no as apreciarmostotalmente ou no as compreendermos, deveremos estar dispostos a esperar pacientemente e a ouvir at que,aps um perodo de tempo, alguma coisa de suas bonitas melodias seja percebida por nossas almas ecomecemos a entender aquilo que no comeo no despertava resposta alguma dentro de nossos coraes. Sequisermos apreciar o melhor em arte no devemos encher nossos olhos com os folhetos policiaissensacionalistas ou com as repugnantes abominaes mal denominadas de quadrinhos cmicos, mas devemosolhar firmemente e aprender at que o mistrio do trabalho de Turner comece a desvelar-se para nossa pacientecontemplao, ou a grandeza de Velazques esteja dentro de nosso poder de compreenso. O mesmo acontece

    com a literatura. Tem sido uma triste experincia para muitos o fato de que o melhor e mais belo seja perdidopor aqueles cujo "alimento mental" consiste exclusivamente de escritos sensacionalistas, novelas baratas ou dainconsistente massa de material desperdiado que derramada como escria sobre o "metal fundido" da vida -novelas, seriados e fragmentos de um tipo que no ensina o ignorante, nem fortalece o fraco, nem desenvolve oimaturo. Se desejamos desenvolver a mente de nossas crianas, no as deixemos entregues ao seu prprio gosto

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    no cultivado em todas estas coisas, mas tentemos ajud-las a treinar este gosto, seja em arte, em msica ou emliteratura.

    Ento, evidentemente, procuraremos encontrar o melhor alimento tanto fsico quanto mental e certamentedevemos encontrar isto no atravs do mero instinto cego, mas aprendendo a pensar e a raciocinar sobre oassunto a partir do ponto de vista mais elevado. Podem existir no mundo aqueles que no desejam o melhor, quedesejam permanecer nos nveis inferiores e que consciente e intencionalmente constrem para si mesmos aquilo

    que grosseiro e degradante; mas, com certeza, existem muitos que desejam elevar-se acima disso, quetomariam alegre e avidamente o melhor se apenas soubessem o que o melhor ou se sua ateno fossedirecionada para tal. Existem homens e mulheres considerados moralmente da mais alta categoria, que ainda soinduzidos a alimentar-se como as hienas e os lobos, devoradores de vidas, e aos quais tem sido dito que, em suasnecessidades dietticas, est o cadver de um animal assassinado. preciso pensar apenas um pouco paravermos que este horror no pode ser o que h de mais elevado e puro, e que se desejamos nos elevar na escalada Natureza, se queremos que nossos corpos sejam puros e limpos como deve ser um templo do Mestre,devemos abandonar este repugnante costume e tomar lugar entre as nobres hostes que esto se esforando pelaevoluo da humanidade - esforando-se pelo mais elevado e o mais puro em todas as coisas, tanto para simesmo quanto para seus companheiros. Vejamos em detalhe porque a dieta vegetariana enfaticamente a maispura e a melhor.

    Mais Nutritiva

    Primeiro: porque os vegetais contm mais nutrientes1 do que uma quantidade igual de carne. Isto soarcomo uma afirmativa surpreendente e inacreditvel para muitas pessoas, porque foram educadas a acreditar queno podem viver a menos que profanem a si mesmas com carne, e este engano est to amplamente espalhadoque difcil despertar o homem mediano para isto. Deve-se compreender claramente que esta no umaquesto de hbito, sentimento ou preconceito; simplesmente urna questo de um fato evidente e, em setratando de fatos, no h e no pode haver o menor questionamento.

    ________________________1 As carnes so menos ricas em variedade de nutrientes (tais como glicdios, vitaminas, minerais e

    cidos graxos essenciais) do que os vegetais, e esses ltimos so os principais fornecedores de energia em

    nossa dieta, devido riqueza em glicdios. (N.E.)

    Existem quatro elementos necessrios na alimentao, todos eles essenciais para reparar e construir ocorpo: (a) protenas ou alimentos nitrogenados; (b) carboidratos; (c) gorduras; (d) sais.2 Esta a classificaousualmente aceita entre os fisiologistas, ainda que algumas investigaes recentes tendam a modific-la emcerta medida.

    No h dvida de que todos estes elementos existem em maior quantidade nos vegetais do que na carne.Por exemplo, o leite, o queijo, as nozes, as ervilhas e os feijes contm um grande percentual de protenas oumatria nitrogenada. O trigo, a aveia, o arroz e outros gros, as frutas e a maioria dos vegetais consistemprincipalmente de carboidratos - isto , de amidos e acares.3

    ________________________2 Atualmente, faz-se referncia aos seguintes elementos:

    a) compostos nitrogenados (protenas e cidos nucleicos);b) carboidratos (ou acares, incluindo as fibras, que so molculas complexas de glicdios no

    digerveis pelo organismo humano, mas fundamentais para o bom funcionamento do aparelho digestivo - no

    encontradas nos alimentos de origem animal); c) lipdios (gorduras); d) sais minerais; e) vitaminas (algumas

    se incluem nas classes anteriores) e f) gua. (N.E.)

    As gorduras so encontradas em quase todos os alimentos proteicos e podem tambm ser ingeridas emforma de manteiga ou de leos. Os sais so encontrados praticamente em todos os alimentos em maior ou menorgrau. So da maior importncia para a manuteno dos tecidos do corpo, e aquilo que chamado de fomesalina4 a causa de muitas doenas.

    Algumas vezes diz-se que a carne contm algumas destas coisas em maior grau do que os vegetais, ealgumas tabelas so redigidas de tal forma a sugerir isto; mas uma vez mais, esta uma questo de fatos e

    precisa ser encarada a partir deste ponto de vista.5

    A nica fonte de energia na carne so as matrias proteicas e agordura que ela contm,0 e como a gordura nela contida no possui mais valor do que outra gordura,7 o nicoponto a ser considerado a protena.

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    3 Em uma dieta vegetariana, so importantes fontes proteicas: as leguminosas - como os feijes,

    ervilhas, lentilhas, gros-de-bico, soja, amendoim etc. -, as frutas oleaginosas - castanhas de vrias origens,

    nozes etc. -, algumas sementes como a de abbora e a de gergelim -, e os cereais - arroz, aveia, cevada,

    centeio, milho, paino, trigo. (N.E.)

    4 Deficincia de sais minerais no organismo. (N.E.)

    5 O reino vegetal, em termos alimentares, muito mais rico em nutrientes do que o reino animal. Um ser

    humano vive muito bem exclusivamente com uma dieta vegetariana, porm ter dificuldades de sobrevivnciacom uma dieta estritamente animal. (N.E.)

    6 Hoje sabe-se tambm da presena do glicognio (um tipo de carboidrato), embora em quantidades

    relativas muito inferiores s protenas e gorduras. (N.E.)

    Pois bem, necessrio lembrarmo-nos que as protenas tm apenas uma origem: so organizadas emplantas e em nenhum outro lugar.8 As nozes, as ervilhas e os feijes so ricos nestes elementos e tm a enormevantagem de a protena ser pura e, portanto, conter toda a energia originalmente acumulada durante suaorganizao. No corpo do animal estas protenas, que ele absorveu do reino vegetal durante sua vida, estoconstantemente passando para a desorganizao, sendo que durante esta passagem a energia originalmenteacumulada liberada.

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    7 As gorduras de origem animal, na verdade, so menos desejveis, pois todas so saturadas, ou seja,podem promover o aumento do colesterol sangneo quando consumidas; enquanto que no reino vegetal

    encontramos ambos os tipos de gorduras e principalmente os leos insaturados, ricos em cidos graxos

    essenciais. Ex: a lecitina de soja. (N.E.)

    8 Hoje sabe-se que os organismos animais tambm sintetizam protenas. As protenas so formadas por

    unidades menores, os aminocidos. Estes so divididos em dois grupos: essenciais - porque no so

    sintetizados pelo organismo humano ou, quando o so, apresentam-se em quantidades insuficientes, e,

    portanto, precisam ser adquiridos na alimentao - e no essenciais - os mamferos os sintetizam a partir de

    componentes precursores. Segundo alguns autores, h alimentos de origem vegetal que contm todos os

    aminocidos essenciais (como a gua de coco, a soja, a castanha-do-par e outros), mas, em geral, so

    deficientes em um ou em vrios destes elementos; decorre disso, tambm, a importncia de utilizarmos

    combinaes alimentares que enriquecem o valor nutritivo da dieta. (N.E.)

    Conseqentemente aquilo que j foi usado pelo animal no pode ser utilizado por outro9. As protenas soestimadas em algumas destas tabelas pela quantidade de nitrognio que contm, mas na carne existem muitosprodutos derivados do metabolismo tecidual tais como a uria, o cido rico e a creatina, os quais contmnitrognio e que so, portanto, estimados como protenas, ainda que na tenham qualquer valor alimentcio.10

    No este todo o mal, uma vez que este metabolismo tecidual necessariamente acompanhado daformao de vrias toxinas, que so sempre encontradas em carnes de todos os tipos e, em muitos casos, atoxicidez desses resduos metablicos bastante grande. Portanto, observaremos que se obtivemos alguma nu-trio atravs da ingesto de carne, isto ocorreu porque o animal consumiu matrias vegetais durante a sua vida.

    ________________________9 Deve-se considerar a data em que tal texto foi escrito e os atuais conhecimentos cientficos sobre a

    matria acima versada. (N.E.)10 Realmente, esse era o entendimento da pesquisa laboratorial na poca do autor, mas no atualmente.

    (N.E.)

    Obtm-se menos desta nutrio do que se deveria, pois o animal j usou a metade dela, e ingerimos aomesmo tempo vrias substncias indesejveis e mesmo algumas toxinas ativas que so, naturalmente,notadamente nocivas. Sei que h muitos mdicos que prescrevem a repugnante dieta carnvora para fortalecer aspessoas e que encontram muitas vezes certo grau de sucesso, ainda que mesmo neste ponto de forma algumaestejam de acordo, pois o Dr. Milner Fothergill escreve: 'Todo o derramamento de sangue causado peladisposio guerreira de Napoleo nada comparado com a perda da vida entre as mirades de pessoas que foramconduzidas sepultura devido enganosa confiana no suposto valor da carne." De qualquer forma, resultadosde fortalecimento podem ser obtidos mais facilmente do reino vegetal quando a cincia da nutrio

    apropriadamente compreendida e podem ser obtidos sem a horrvel poluio e sem as indesejveisconcomitncias do outro sistema. Deixem-me mostrar-lhes que no estou fazendo qualquer assero infundadaem tudo isso; deixem-me citar a opinio dos mdicos, de homens cujos nomes so bem conhecidos do mundo damedicina; assim podero ver que tenho abundante autoridade para tudo que disse.

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    Encontramos o Sr. Henry Thompson, (F.R.C.S.),11 dizendo: " um erro vulgar considerar a carne dequalquer tipo como necessria vida. Tudo que necessrio ao corpo humano pode ser suprido pelo reinovegetal. (...) O vegetariano pode obter de sua alimentao todos os princpios necessrios para o crescimento e asustentao do corpo, bem como para a produo do calor e da fora. Deve-se admitir como um fato acima dequalquer dvida que algumas pessoas que vivem desta alimentao so mais fortes e mais saudveis. Sei oquanto a predominante dieta carnvora no apenas uma repugnante extravagncia, mas uma fonte de srios

    males ao consumidor." Esta uma afirmao enftica feita por um mdico bem conhecido.Temos ento que voltarmo-nos para as palavras de um Membro da Sociedade Real, o Sr. Benjamin WardRichardson (M.D.).12 Diz ele: "Deve ser honestamente admitido que peso por peso, as substncias vegetais,quando cuidadosamente selecionadas, possuem as mais extraordinrias vantagens sobre os alimentos crneosem termos de valor nutritivo.

    ________________________

    11 F.R.C.S. - Membro do Colgio Real de Cirurgies. (N.E.)

    12 M.D. - Doutor em Medicina. (N.E.)

    Gostaria de ver um plano de vida vegetariano e frugvoro colocado em uso geral, e acredito que isto serfeito!"

    O bem conhecido mdico, Dr. Willian S. Plaufair (C.B.),13 disse muito claramente: "A dieta animal no essencial para o homem"; e nos declara o Dr. F.J. Sykes. (B.Sc.),14 o oficial mdico de St. Pancras, escrevendo:"Nem a qumica nem a biologia so antagnicas ao vegetarianismo. Alimentos crneos certamente no sonecessrios para suprir os produtos nitrogenados requeridos para a reparao dos tecidos; alm disso, uma dietabem selecionada do reino vegetal perfeitamente correta do ponto de vista qumico para a nutrio dos ho-mens."

    O Dr. Francis Vacher (F.R.C.S./F.C.S.)15 observa: "No acredito que o homem seja melhor fsica oumentalmente por alimentar-se com carne."

    ________________________13 C.B. - Bacharel em Cirurgia. (N.E.)

    14 B.Sc. - Membro da Sociedade de Qumica. (N.E.)

    15 F.C.S. - Membro do Colgio de Cirurgies. (N.E.)

    O Dr. Alexander Haig, mdico chefe de um dos maiores hospitais de Londres, escreveu: "Que facilmente possvel sustentar a vida com produtos do reino Vegetal, no preciso demonstrar aos fisiologistas,mesmo que a maioria da raa humana no esteja constantemente engajada em demonstrar isto, e minhasinvestigaes mostram que no apenas possvel, mas que infinitamente prefervel em todos os sentidos e queproduz poderes superiores tanto mentais quanto para o corpo."

    O Dr. Coomes, (M.F.)16 concluiu um artigo cientfico no The American Practioner and News de julho de1902, como segue: "Quero afirmar primeiro que a carne de animais de sangue quente no essencial em umadieta com o propsito de manter o corpo humano em perfeita sade." Ele segue adiante e faz anotaescomplementares que sero citadas no prximo captulo.

    O Diretor da Faculdade de Medicina Jefferson College (Filadlfia) disse: " um fato bem conhecido que

    os cereais como componentes da alimentao diria ocupam um lugarde destaque na economia humana; elescontm nutrientes amplamente suficientes para manter a vida em sua forma mais elevada.________________________16 M.F. - Ministro da Alimentao. (N.E.).

    Se o valor dos cereais como produtos alimentcios fosse melhor conhecido seria algo bom para a raa. Ospovos nascem e crescem somente base de cereais e j foi largamente demonstrado que a carne no necessria."

    Tem-se aqui algumas claras afirmaes, todas obtidas de trabalhos de homens bem conhecidos quefizeram considerveis estudos da qumica dos alimentos. impossvel negar que o homem pode viver sem estahorrvel dieta carnvora e, alm disso, que existem mais nutrientes em uma quantidade igual de vegetais do quede carne. Poderia apresentar-lhes muitas citaes, mas as acima mencionadas so suficientes e uma clara

    amostra do restante.

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    Menos Doenas

    Segundo: porque muitas doenas srias provm deste repugnante hbito de devorar corpos mortos. Aqui,mais uma vez poderia facilmente dar-lhes uma longa lista de citaes, mas como antes, ficarei satisfeito comalgumas.

    O Dr. Josiah Oldfield (M.R.C.S.),1 (L.R.C.P.)2 escreve: "A carne um alimento no-natural e, portanto,

    tende a criar distrbios funcionais. Da maneira que consumida nas civilizaes modernas, contaminada comdoenas to terrveis (prontamente transmissveis ao homem) como o cncer, a tuberculose, a febre, vermesintestinais3 etc., em uma extenso enorme. preciso pouco para perceber que comer carne uma das mais sriascausas das doenas que matam noventa e nove de cada cem pessoas que nascem."

    O Sr. Edward Saunders nos diz: "Qualquer tentativa de ensinar humanidade que bife e cerveja no sonecessrios sade e eficincia til e conduzir economia e felicidade; e, assim que isto acontea, acreditoque ouviremos falar menos em gota, doena de Bright e problemas com o fgado e com os rins no primeiro caso,e menos brutalidade, pancada nas esposas e assassinatos no ltimo.

    ________________________1 M.R.C.S. - Membro do Colgio Real de Cirurgies. (N.E.)

    2 L.R.C.P. - Licenciado no Colgio Real de Mdicos. (N.E.)

    3 H inexatides nesta informao - mas deve-se lembrar que foi enunciada no princpio do sculo XX."Febre" um termo muito amplo; cncer no transmitido por micrbios contidos nos alimentos, embora

    saibamos que uma srie de aditivos qumicos presentes nos alimentos - e entre eles a carne - possam levar ao

    aparecimento de clulas cancergenas. E devemos considerar que uma das teorias mdicas atuais diz que talvez

    alguns tipos de cncer pudessem estar relacionados presena de certos tipos de vrus. (N.E.)

    Acredito que a tendncia em direo dieta vegetariana, que ela ser reconhecida como conveniente eapropriada e que no est distante o tempo em que a idia de alimentos crneos ser revoltante ao homemcivilizado."

    O mdico Dr. Robert Christison (M.D.), afirma positivamente que "a carne e as secrees dos animaisafetados com doenas carbunculares, da mesma forma que com o antraz4, so to txicas, e que aqueles quecomem os produtos dos mesmos esto sujeitos a sofrer intensamente a doena, tomando a forma seja deinflamao do canal intestinal ou da erupo de um ou mais carbnculos."

    O Dr. A. Kingsford, da Universidade de Paris, diz: "A carne animal pode engendrar diretamente muitasdoenas dolorosas e repugnantes. A escrfula5, esta fecunda fonte de sofrimento e morte, provavelmente tem suaorigem no hbito de comer carne.

    ________________________4 Carbnculo: doena infecciosa devida a uma bactria (Bacillus anthracts), comum ao homem e aos

    animais, e que produz leses nos rgos, bacilemia e pstulas. Antraz: doena infecciosa transmitida ao

    homem por animais de criao que pode tomar a forma de inflamaes cutneas purulentas e contaminantes.

    (N.E.)

    5 Tuberculose ganglionar linftica e, eventualmente, ssea e articular, com supurao e fistulizao,

    estando as estruturas pesadas sujeitas caseificao. [Sinnimo popular nesta acepo: alporca]. (N.E.)

    um fato curioso que a palavra escrfula derivada descrofa, uma porca. Dizer que algum temescrfula dizer que tem o mal do suno."

    Em sua quinta palestra ao Conselho Privado Ingls, encontramos o Professor Gamgee afirmando que "umquinto da quantidade total de carne consumida derivada de animais mortos em um estado de doena maligna";enquanto o Professor A. Winter Blyth (F.R.C.S.), escreve: "a carne em termos econmicos, no necessria; e acarne seriamente afetada por doenas pode ser preparada de forma a parecer carne bastante saudvel. Muitosanimais com doenas avanadas no fgado ainda no apresentam a olho nu aparncia alguma na carne que sejadiferente da normal."

    O Dr. Coomes (M.F.), no artigo acima citado, observa: 'Temos muitos substitutivos para a carne que solivres dos efeitos deletrios daqueles alimentos de procedncia animal - a saber, da produo de reumatismo,gota e todos os outros tipos de doenas, alm da congesto cerebral, a qual com freqncia resulta em

    apoplexia6

    e doenas venosas de um tipo ou de outro, enxaqueca e muitas outras formas de dor de cabea,resultantes do uso excessivo de carne e produzidas multas vezes mesmo quando a carne no consumida emexcesso".7

    O Dr. J.H. Kellogg observa: " Interessante notar que cientistas de todo o mundo esto despertando parao fato de que a carne dos animais utilizada como alimento no um nutrimento puro, mas est misturado com

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    substncias txicas, de carter excremental, as quais so o resultado natural da vida animal. O vegetal armazenaenergia. a partir do mundo vegetal - do carvo e da madeira - que derivada a energia que move nossasmquinas a vapor, impulsiona nossos trens, impele nossos navios a vapor e faz o trabalho da civilizao.

    ________________________6 [Do grego apoplexia, pelo latim apoplexia] Afeco cerebral que se manifesta Imprevistamente,

    acompanhada de privao dos sentidos e do movimento, determinada por leso vascular cerebral aguda

    (hemorragia, embolia, trombose), devido parada do fornecimento de sangue ao crebro. Tal acidentevascular ocorre em grande parte das vezes condio pr-existente de arteriosclerose, ou seja, presena de

    placas de gordura que obstruem a passagem do sangue no interior dos vasos sangneos; e essas placas so

    formadas, em um grande nmero de vezes, pelo colesterol, gordura resultante tanto do metabolismo humano

    quanto da dieta rica em tecidos animais. (N.E.)

    7 H uma longa lista de males fsicos e psquicos atribudos, hoje, m alimentao com carnes e seus

    derivados. Ver, por exemplo, autores como o Dr. Mrcio Bontempo, Dra. Jaqueline Andr, Professor Jean

    Lederer, Dr. Richard Bargen, Dra. Rosa e Dr. Jaime Scolnlk, Dra. Gudrun Krkel Burkhard, Dr. Alberto Lyra,

    entre outros. (N.E.)

    do mundo vegetal8 que todos os animais, direta ou indiretamente, obtm a energia que manifestadaatravs do trabalho muscular e mental pela vida animal. O vegetal constri; o animal desgasta. O vegetal

    acumula, prov energia; o animal consome energia. Vrios refugos e produtos txicos resultam da manifestaoda energia, seja em uma locomotiva ou em um animal. Os tecidos funcionais do animal so capazes de continuarsua atividade somente devido ao fato de que so continuamente irrigados pelo sangue, uma corrente incessanteque segue atravs e em torno deles, carregando os produtos txicos resultantes de seu trabalho to rapidamentequanto so formados. O sangue venoso deve seu carter a estas toxinas, as quais so removidas pelos rins,fgado, pele e intestino.9 A carne de um animal morto contm uma grande quantidade destas toxinas, cujaeliminao cessa no instante da morte, ainda que sua formao continue por algum tempo aps a morte.

    ________________________8 A converso da energia solar (luz) em energia qumica ocorre nas plantas e algas verdes, que dessa

    forma, sintetizam a matria orgnica (fotossntese). Assim, os vegetais so responsveis pela manuteno das

    formas de vida na Terra, a partir da energia fornecida pelo Sol. (N.E.)

    9 E pela respirao. (N.E.)

    Um eminente cirurgio francs observou recentemente que um bife uma verdadeira soluo de toxinas.Mdicos inteligentes em todas as partes esto comeando a reconhecer estes fatos e a fazer uma aplicaoprtica dos mesmos."

    Aqui tambm podemos ver que no se tem falta de evidncias: e muitas das citaes relativas introduo de toxinas no sistema atravs de alimentos crneos no so de doutores vegetarianos, mas daquelesque ainda sustentam que adequado alimentar-se frugalmente de cadveres, mas que at agora j estudaram oassunto em alguma extenso. Deve-se lembrar que a carne nunca pode estar em uma condio de sade perfeita,porque a degenerao comea no momento em que a criatura morta. Toda sorte de produtos vo sendoformados neste processo de decomposio orgnica; todos eles so inteis e muitos deles evidentementeperigosos e txicos. Nas escrituras antigas dos hindus encontramos uma passagem digna de nota, a qual refere-

    se ao fato de que mesmo na ndia algumas das castas mais baixas, naquele perodo primitivo, comearam a sealimentar de carne. A afirmao de que em tempos antigos existiam apenas trs doenas, uma das quais era avelhice, mas que agora, desde que o povo comeou a comer carne, surgiram setenta e oito novas doenas. Issomostra-nos que a idia de que as doenas podem surgir da ingesto de cadveres tem sido reconhecida pormilhares de anos.

    Mais Natural para o Homem

    Terceiro: porque o homem no naturalmente constitudo para ser carnvoro e portanto este horrvelalimento no adequado para ele. Aqui novamente apresentarei algumas citaes para mostrar-lhes que autori-dades esto enfileiradas ao nosso lado neste assunto. O baro Cuvier escreve: "O alimento natural do homem, ajulgar por sua estrutura, consiste de frutas, razes e vegetais"; e o Professor Ray nos diz: "Certamente o homem

    no foi feito para ser um animal carnvoro". O Sr. Richard Owen (F.R.C.S.) escreve: "Os antropides e todos osquadrmanos1 derivam sua alimentao das frutas, dos gros e de outras substncias vegetais suculentas, e aestrita analogia que existe entre as estruturas destes animais e a do homem demonstra claramente sua naturezafrugvora".

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    Outro Membro da Sociedade Real, o Professor William Lawrence, escreve: "Os dentes do homem notm a menor semelhana com os dos animais carnvoros; e quer consideremos os dentes, os maxilares ou osrgos digestivos, a estrutura humana assemelha-se estreitamente dos animais frugvoros."2

    Novamente o Dr. Spencer Thompson observa: "Fisiologista algum contestaria que o homem deve viver deuma dieta vegetariana"; e o Dr. Sylvestre Graham escreve: "A anatomia comparativa prova que o homem naturalmente um animal frugvoro, formado para subsistir com frutas, sementes e vegetais farinceos".

    ________________________1 Quadrmanos: animais (smios) que tm quatro mos. (N.E.)2 Fisiologistas e anatomistas dividem-se em duas correntes com relao s observaes dos rgos

    humanos. Alguns declaram que o homem possui caractersticas pura e claramente vegetarianas (frugvoras).

    Em contrapartida, existem outros que defendem a posio de que o homem um ser onvoro, ou seja, com um

    organismo adaptado tanto para alimentos crneos quanto vegetais. (N.E.)

    O aspecto desejvel de seguir urna dieta vegetariana no necessitar naturalmente argumentos paraaqueles que acreditam na inspirao das escrituras, pois ser lembrado que Deus, ao falar para Ado enquantoestava no Jardim do den, disse: "Eu vos dou todas as ervas que dem semente, que esto sobre toda asuperfcie da terra, e todas as rvores que do fruto que dem semente: isso ser vosso alimento".3 Foi apenasaps a queda do homem, quando a morte alcanou o mundo, que uma idia mais degradada de alimentao veio

    com ela; e se agora desejarmos nos elevar novamente s condies do den certamente devemos comear porabolir o desnecessrio abate realizado com o fim de suprir-nos com um alimento horrvel e degradante.

    Maior Resistncia

    Quarto: porque os homens so mais fortes e melhores com uma dieta vegetariana. Sei que as pessoasdizem: "Voc ficar muito fraco se no comer carne." De fato isso no verdade. No sei se existem pessoasque se sentem mais fracas com uma dieta de vegetais, mas sei que, recentemente, em muitas competiesatlticas, os vegetarianos provaram ser os mais fortes e os mais resistentes - como por exemplo nas recentes1

    corridas de bicicleta na Alemanha, onde todos os que obtiveram os lugares mais altos na corrida eramvegetarianos.

    ________________________3 Gnese 1-29. (N.E.)

    Existem muitos destes testes, demonstrando que, sendo as outras condies iguais, o homem que comeapenas alimentos puros obtm mais sucesso. Temos que encarar os fatos e, neste caso, os fatos esto dispostostodos em um lado, contra o tolo preconceito e a abominvel luxria de outro. A razo foi claramente dada peloDr. J.D. Craig que escreve:

    "O vigor do corpo muitas vezes exaltado pelos que comem carne, particularmente se vivem bastante aoar livre; mas h essa peculiaridade a respeito deles: no tm a resistncia dos vegetarianos.

    ________________________1 A primeira edio deste livro surgiu em 1913. Sabe-se que comum encontrarmos vegetarianos entre

    os desportistas de resistncia, como os maratonistas. H tambm o caso do Sr. Alfredo Otto, citado pela Revista

    Vida e Sade, que, aos 79 anos de idade (h mais de 70 sendo vegetariano), venceu, pela segunda vez emCuritiba-PR, uma corrida municipal de bicicletas, da qual participavam cerca de 4.000 pessoas, em 1977. A

    dieta mais pobre em protenas e gorduras animais e mais rica em amido, vitaminas e fibras, diminui o acmulo

    de toxinas alimentares e aumenta as reservas energticas e a mobilidade e desintoxicao digestiva. (N.E.)

    Isto acontece porque a refeio crnea j se encontra em estado de decomposio e, por consequncia, ovigor de sua presena nos tecidos de curta durao. O impulso energtico dessa carne, proveniente do corpo doanimal morto, reforado por outro impulso naquele que a consome e, por tais razes, essa energia rapidamente desprendida e surge uma urgente demanda pela sua reposio. Aquele que come carne, ento, podefazer uma grande quantidade de trabalho em um curto perodo de tempo, se estiver bem alimentado. Entretanto,logo se torna faminto e fica fraco. Por outro lado, os produtos vegetais so de digesto lenta; contm toda aenergia original armazenada e no contm toxinas;2 sua decomposio orgnica menos rpida do que a da

    carne, tendo apenas iniciado e, portanto, sua fora liberada mais lentamente e com menos perda, e a pessoanutrida com eles pode trabalhar por um perodo de tempo mais longo sem alimento, se necessrio, e sem sesentir desconfortvel.3

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    2 Os produtos fibrosos so, em geral, de digesto mais lenta, mas h alimentos vegetais de rpida

    digesto. A quantidade de toxinas alimentares encontrada nos alimentos vegetais normalmente bem menor do

    que a presente nas carnes e em outros produtos de origem animal. (N.E.)

    As pessoas na Europa que se abstm de carne so da melhor categoria e inteligncia, e o tema da resistn-cia foi abordado e inteiramente investigado por elas. Na Alemanha e na Inglaterra, alguns atletas notveis,

    vegetarianos e carnvoros, competiram em provas que requeriam resistncia, onde os vegetarianosinvariavelmente saram-se vitoriosos.

    Verificaremos, se investigarmos, que este fato conhecido h muito tempo, pois mesmo na histriaantiga, encontramos vestgios dele. Recordemos que de todas as tribos de gregos a mais forte e a mais resistente,por universal reconhecimento e reputao, era a dos espartanos; e a simplicidade de sua dieta vegetariana umassunto de conhecimento comum. Lembremos tambm os atletas gregos - aqueles que se preparavam com todoo cuidado para participar nos jogos olmpicos e stmicos.

    ________________________3 Trata-se de uma explicao admissvel no princpio do sculo XX. Atualmente, considera-se que de

    uma alimentao composta de vegetais obtm-se uma maior variedade de nutrientes e um fornecimento

    energtico mais adequado, pois prov maior quantidade de carboidratos (mais energia qumica) e tambm

    fibras - o que pode tornar a assimilao dos nutrientes mais lenta e assim manter a saciabilidade por maistempo. Uma alimentao a base de carnes (predominantemente proteica) produz mais toxinas. (N.E.)

    Se lermos os clssicos, veremos que estes homens, que em sua prpria especialidade superavam o restodo mundo, viviam de figos, nozes, queijo e milho. Alm disso, havia os gladiadores romanos - homens de cujafora dependia sua vida e fama; vemos que sua dieta consistia exclusivamente de tortas de cevada e leo;sabiam bem que este era o alimento que lhes dava mais fora.

    Todos estes exemplos mostram que a falcia comum e persistente de que deve-se comer carne para serforte no est fundada em fatos; na verdade, o contrrio verdadeiro. Charles Darwin comenta em uma de suascartas: "Os trabalhadores mais extraordinrios que j vi, os operrios das minas do Chile, vivem exclusivamentede alimentos vegetais, incluindo muitas sementes de plantas leguminosas." Sobre estes mesmos mineirosescreve o Sr. Francis Head: " usual para os mineiros de cobre do Chile Central carregarem montes de minriode cerca de noventa quilos em subidas de setenta graus doze vezes por dia; e sua dieta inteiramentevegetariana um desjejum de figos e pequenos pes, um jantar de feijes cozidos e um almoo de trigo tor-rado."

    O Sr F.T. Wood em seuDiscoveries at Ephesas (Descobertas em Efesus) escreve: "Os carregadores turcosem Smyrna, com freqncia carregam de 180 a 270 quilos em suas costas, e certo dia o capito mostrou-me umde seus homens que havia carregado um enorme fardo de mercadoria pesando 360 quilos rampa acima at umarmazm; assim, com esta dieta frugal, sua fora era incomumente grande."

    A respeito destes mesmos turcos, o Sr. Willian Fairbairn disse: "O turco pode viver e lutar onde soldadosde qualquer outra nacionalidade passariam fome. Seus hbitos simples, sua abstinncia de bebidas alcolicasintoxicantes e sua dieta normalmente vegetariana, capacita-o a sofrer as maiores privaes e a sobreviver com aalimentao mais escassa e simples."

    Eu prprio posso testemunhar a enorme fora demonstrada pelos trabalhadores assalariados vegetarianostamis do sul da ndia pois, com freqncia, eu os vi carregar fardos que me deixavam atnito. Lembro-me de umcaso em que, estando eu no convs de um navio a vapor, observei que um destes trabalhadores colocava umaenorme caixa em suas costas e caminhava lenta, mas firmemente at um galpo na praia e depositava-a em umalicerce. O capito que estava ao meu lado comentou com surpresa: "Ora, precisaria quatro trabalhadoresingleses para carregar a caixa a bordo, nas docas de Londres!" Vi tambm outro destes trabalhadores colocar umenorme piano em suas costas e carreg-lo sem ajuda por uma distncia considervel; contudo, estes homens sointeiramente vegetarianos, pois vivem principalmente de arroz e gua, talvez com um pouco de tamarindoocasionalmente para dar sabor.

    Sobre o mesmo tema o Dr. Alexander Haig, o qual j citamos, escreve: "Estar livre do cido rico temtornado meus poderes corporais quase to grandes quanto o eram h quinze anos; eu quase no acredito que,mesmo quela poca, eu poderia ter empreendido o exerccio que fao hoje com absoluta impunidade - livre da

    fadiga e da dor no momento e da rigidez no dia seguinte. De fato, digo sempre que impossvel agora cansar-me e, de certa forma acredito que isso verdade." Este notvel mdico tornou-se vegetariano porque, de seusestudos sobre as doenas causadas pela presena do cido rico no sistema, descobriu que comer carne era aprincipal fonte desta toxina mortal. Outro ponto interessante que ele menciona que sua mudana de dietatrouxe-lhe uma distinta mudana de disposio - que, se antes ele se sentia constantemente nervoso e irritvel,

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    agora tornou-se mais estvel, calmo e menos irado; ele compreendeu plenamente que isto se devia mudanaem sua alimentao.

    Se precisarmos de qualquer evidncia adicional, encontr-la-emos prxima de ns, no reino animal.Podemos observar que neste reino os carnvoros no so os mais fortes, mas que todo o trabalho animal executado no mundo pelos herbvoros - cavalos, mulas, bois, elefantes e camelos. Constatamos que os homensno podem utilizar o leo ou o tigre, e que a fora destes selvagens que se alimentam de carne no igual a

    daqueles que se alimentam diretamente do reino vegetal.

    Menos Paixo Animal

    Quinto: Porque comer carne de corpos mortos conduz indulgncia na bebida e aumenta as paixesanimais no homem. O Sr. H.P. Fowler, que estudou e ministrou palestras sobre dipsomania1 por quarenta anos,declara que o uso dos alimentos crneos, atravs da excitao que eles exercem no sistema nervoso, prepara ocaminho para hbitos de intemperana em tudo; e quanto mais carne consumida tanto mais srio o perigo deconfirmar-se o alcoolismo. Muitos mdicos experientes fizeram experimentos similares e sabiamente oscolocam em prtica em seus tratamentos de dipsomania. A parte inferior da natureza humana indubitavelmenteintensificada pelo hbito de alimentar-se de cadveres. Mesmo aps uma refeio completa de tal horrvelmaterial, um ser humano ainda se sente insatisfeito, pois ele permanece consciente de uma vaga sensao

    desconfortvel de desejo e, por consequncia, sofre grandemente de tenso nervosa. Este desejo a nsia dostecidos do corpo, que no podem ser renovados pelo pobre contedo oferecido a eles como alimento. Parasatisfazer este vago desejo, ou melhor, para apaziguar esta agitao nervosa de forma que no seja mais sentida,recorre com freqncia a estimulantes.

    ________________________l Dipsomania: popularmente denominada alcoolismo; patologia caracterizada por um Impulso mrbido,

    peridico e irresistvel que leva a ingesto de grande poro de bebidas alcolicas. (N.E.)

    Algumas vezes tomam-se bebidas alcolicas, algumas vezes tentam-se mitigar estes sentimentos comcaf e, em outras, usado tabaco no esforo de acalmar os nervos irritados e exaustos. Temos aqui o incio daintemperana, pois na maioria dos casos, ela comea com a tentativa de mitigar com estimulantes alcolicos ovago sentimento desconfortvel de desejo que segue-se ingesto de alimento empobrecido - alimento este queno alimenta.

    No h dvida de que o alcoolismo, e toda a pobreza, desgraa, doena e crime associados a ele, podefreqentemente ser determinado por erros na alimentao. Poderamos seguir esta linha de pensamentoindefinidamente. Poderamos falar da irritabilidade que, ocasionalmente, culmina em insanidade, agorareconhecida por todas as autoridades como resultado freqente de uma alimentao errnea. Poderamosmencionar uma centena de sintomas familiares de indigesto e explicar que esta sempre o resultado daalimentao incorreta. Na verdade, contudo, j foi dito o suficiente para indicar a importncia e a influncia deamplo alcance de uma dieta pura sobre o bem estar do indivduo e da raa.

    O Sr. Bramwell Booth, chefe do Exrcito da Salvao, fez um pronunciamento sobre o tema dovegetarianismo, colocando-se fortemente e decididamente em seu favor, apresentando uma lista de no menosque dezenove boas razes por que os homens deveriam abster-se de comer carne.

    Ele insiste que uma dieta vegetariana necessria para a pureza, castidade e para o perfeito controle dosapetites e paixes que so tantas vezes a fonte de grandes tentaes. Ele observa que o crescimento daalimentao carnvora entre os povos uma das causas do crescimento do alcoolismo e que tambm favorece aindolncia, a insnia, a falta de energia, a indigesto, a constipao e outras misrias e degradaes semelhantes.Afirma, tambm, que o eczema, as hemorridas, os vermes, a desinteria e fortes dores de cabea so muitasvezes geradas por uma dieta de carne e acredita que o grande crescimento na consuno2 e no cncer durante osltimos cem anos foram causados pelo aumento correspondente no uso de alimento animal.

    ________________________2 Consuno: Definhamento progressivo, lento e devastador do organismo humano produzido por

    doena. (N.E.)

    Economia

    Sexto: porque a dieta vegetariana , em todos os sentidos mais barata bem como melhor do que acarnvora. Na encclica recm-mencionada, o Sr. Booth oferece como uma de suas razes para advog-la o fatode que "a dieta vegetariana de trigo, aveia, milho e outros gros, lentilhas, ervilhas, feijes, nozes e alimentossimilares mais do que dez vezes mais econmica do que uma dieta de carne. A carne contm a metade do peso

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    em gua, que deve ser paga como se fosse carne. Uma dieta vegetariana, mesmo se comermos queijo, manteigae leite, custar apenas cerca de um quarto em relao a uma dieta mista de carne e vegetais. Dezenas demilhares de pessoas dentre nosso pobre povo, com a maior dificuldade para viver dentro de seu oramento,compram carne; contudo, viveriam com conforto se a substitussem por frutas, vegetais e outros alimentos maisbaratos."

    H tambm um lado econmico desta questo que no deve ser ignorado. Observe quantos homens a

    mais poderiam ser sustentados por alguns acres de terra que fossem devotados para o crescimento de trigo doque a mesma quantidade de terra destinada ao pasto. Pense tambm em quantos homens mais saudveis,trabalhando na terra, seriam encontrados no primeiro caso do que no ltimo; e penso que comearemos a verque h muita coisa a ser dita deste ponto de vista.

    O Pecado do Abate

    At aqui mencionamos o que chamamos de consideraes fsicas e egostas que poderiam fazer umhomem abandonar o hbito de comer carne e voltar-se, mesmo que apenas para seu prprio bem, para uma dietamais pura. Pensemos agora por alguns momentos sobre as consideraes morais e inegostas relacionadas comseu dever para com os demais. O primeiro destes - e isto parece-me a coisa mais terrvel - o horrvel pecado dedesnecessariamente matar estes animais. Aqueles que vivem em Chicago sabem bem como este chocante e

    incessante massacre prossegue em seu meio, como eles alimentam a maior parte do mundo com a matana poratacado e como o dinheiro feito neste abominvel negcio manchado de sangue, cada moeda dele. Tenhomostrado claramente, com testemunhos irrepreensveis, que tudo isso desnecessrio, e, se desnecessrio, isso um crime.

    A destruio da vida sempre um crime. Podem haver certos casos nos quais o menor dos males, masaqui desnecessrio e sem sombra de justificativa, pois ocorre apenas devido ganncia egosta e inescrupulosados que cunham dinheiro em cima da agonia do reino animal, a fim de suprir os gostos pervertidos daqueles queso suficientemente depravados para desejar tal repugnante aflio. Lembrem-se de que no so apenas aquelesque fazem o trabalho obsceno, mas aqueles que, ao alimentarem-se de carne os encorajam a cometer seu crimeremunerado, que so culpados perante Deus desta coisa terrvel. Cada pessoa que compartilha deste alimentoimpuro tem sua parte nesta indescritvel culpa e sofrimento atravs dos quais ele obtido. uma Leiuniversalmente reconhecida que qui facit per aliam facit per se - seja o que for que o homem faz atravs deoutro, o faz ele prprio.

    Muitas vezes haver algum que dir: "Mas no faria diferena em todo este horror se apenas eu deixassede comer carne". Isto inverdico e falso; em primeiro lugar, porque istofaria uma diferena, pois ainda que seconsuma apenas meio quilo a cada dia, com o tempo chegaria ao peso de um animal; em segundo, porque no uma questo de quantidade, mas de cumplicidade com um crime, e se voc compartilha dos resultados de umcrime, est ajudando a torn-lo rentvel e, assim, toma parte na culpa. Homem honesto algum pode deixar dever que assim. Mas, quando os desejos mais baixos dos homens esto envolvidos, eles so usualmente deso-nestos em sua viso e declinam de encarar fatos evidentes. Certamente no pode haver diferena de opinio emrelao proposio de que toda esta horrvel matana desnecessria , de fato, um crime terrvel.

    Outro ponto para ser lembrado que h uma espantosa crueldade relacionada com o transporte destesinfelizes animais, tanto na terra quanto no mar e, muitas vezes, uma horrvel crueldade no prprio abate.

    Aqueles que desejam justificar estes abominveis crimes diro que se faz um esforo para matar os animais torapidamente e sem dor quanto possvel; mas preciso apenas ler as reportagens para ver que, em muitos casos,estas intenes no so levadas a efeito e segue-se um aterrador sofrimento.

    A Degradao do Magarefe

    Ainda1 outro ponto a ser considerado a perversidade de causar a degradao e o pecado em outroshomens. Se voc prprio tivesse que usar a faca ou o machado para matar o animal antes de comer sua carne,compreenderia a natureza repugnante da tarefa e logo se recusaria a faz-la. As delicadas senhoras que devorambifes sanguinolentos gostariam de ver seus filhos trabalhando como magarefes? Se no gostariam, ento notm o direito de dar esta tarefa ao filho de alguma outra mulher. No temos o direito de impor a um concidadoum trabalho que ns prprios declinaramos de fazer. Pode-se dizer que no foramos ningum a incumbir-se

    deste abominvel meio de vida; mas esta uma mera tergiversao, pois, ao ingerir este horrvel alimento,estamos produzindo uma demanda para cuja satisfao algum dever brutalizar-se, algum ir se degradarabaixo do nvel da humanidade. Sabemos que uma classe de homens est sendo gerada pela demanda destealimento - uma classe de homens que possui excessiva m reputao.

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    1 Magarefe - aquele que mata e esfola as reses nos matadouros; aougueiro, carniceiro, carneador,

    matador, abatedor. (N.E.)

    Naturalmente aqueles que so brutalizados por tal trabalho sujo tornam-se brutos tambm em outrasrelaes. So selvagens em sua disposio e sanguinrios em suas querelas; ouvi dizer que, em muitos casos deassassinato, encontraram-se evidncias de que o criminoso empregou uma toro peculiar com a faca,

    caracterstica dos magarefes. Deve-se certamente reconhecer que esse um trabalho indizivelmente horrvel eque se voc toma alguma parte nesse terrvel negcio - mesmo que de auxlio para sustent-lo - est colocandooutro homem na posio de fazer (de modo algum por uma necessidade sua, mas meramente para a gratificaode sua luxria e paixo) um trabalho que, sob nenhuma circunstncia, consentiria a voc mesmo.

    Temos, ento, de lembrar que todos ns estamos esperando o tempo de paz universal e bondade - uma"era de ouro" quando - no haver mais guerra, um tempo em que o homem estar to distante da rivalidade e daclera que todas as condies do mundo sero diferentes daquelas hoje prevalecentes. Ser que o reino animaltambm tomar parte neste bom tempo que est por vir - que este terrvel pesadelo do abate em massa serremovido do mesmo? As naes realmente civilizadas do mundo sabem disso muito melhor; apenas porsermos ns do Ocidente uma raa jovem e ainda possuirmos muito da crueza da juventude; de outro modo, nopoderamos manter estas coisas entre ns nem mesmo por um dia. Acima de qualquer dvida, o futuro est como vegetariano. Parece certo que no futuro - e espero que seja prximo - olharemos para trs, para esta poca,

    com repugnncia e horror. Apesar de todas suas descobertas maravilhosas, apesar de sua admirvel maquinaria,apesar das enormes fortunas erigidas, estou certo de que nossos descendentes olharo para trs, para nossapoca, apenas como uma civilizao parcial, e de fato, pouco distante da selvageria. Um dos argumentos peloqual provaro isso certamente ser o de que permitamos entre ns este desnecessrio abate em larga escala deanimais inocentes - que ns, na verdade, prosperamos e fizemos dinheiro com ele e que at mesmo criamos umaclasse de seres que faziam esse trabalho sujo para ns, e que no nos envergonhavamos de lucrar com osresultados de sua degradao.

    Todas essas so consideraes referentes apenas ao plano fsico. Agora abordarei alguma coisa sobre olado oculto de tudo isso. At o presente fiz muitas afirmaes - fortes e definitivas, espero - mas cada uma delaspode ser comprovada por vocs; testemunhos de doutores e cientistas bem conhecidos podem ser lidos; vocspodem testar por si mesmos o lado econmico da questo; podem verificar, se quiserem, como todos estesdiferentes tipos de homens conseguem viver to bem com uma dieta vegetariana. Tudo o que eu tenho dito ataqui est, assim, dentro de seu alcance. Mas agora estou abandonando o campo da razo fsica comum econduzindo-os para o nvel em que tero naturalmente de acreditar na palavra daqueles que exploraram estesreinos superiores. Voltemo-nos, ento, agora para o lado interno de tudo isso - o oculto.

    Razes Ocultas

    Sob este ttulo tambm temos duas sries de razes - aquelas que se referem ao grande esquema daevoluo, e nosso dever em relao a ele; de forma que uma vez mais podemos classific-las como egostas ealtrustas, embora em um nvel mais elevado do que antes. Espero ter mostrado com clareza, na primeira partedeste trabalho, que simplesmente no h espao para discusso em relao quela questo do vegetarianismo;todas as evidncias e as consideraes esto inteiramente de um lado, e no h absolutamente nada a ser dito em

    oposio a elas.

    1

    Isto ainda mais notvel quando consideramos o lado oculto de nosso argumento. Existemalguns estudantes que pairam s margens do ocultismo que ainda no esto preparados para seguircompletamente seus ditames e, portanto, no aceitam seus ensinamentos quando interferem em seus hbitos edesejos pessoais. Alguns destes tem tentado sustentar que a questo da alimentao pode fazer pouca diferenado ponto de vista oculto; mas o veredito unnime de todas as grandes escolas de ocultismo, tanto antigas quantomodernas, tem sido definitivo neste ponto e afirma que para todo verdadeiro progresso a pureza necessria,tanto no plano fsico, e em matria de dieta, como em assuntos muito mais elevados.

    ________________________l Alguns autores podem discordar desta afirmao. (N.E.)

    Em muitos livros e palestras tenho j explanado sobre a existncia dos diferentes planos da Natureza e dovasto mundo invisvel em torno de todos ns; tive ocasio tambm de referir-me muitas vezes ao fato de que o

    homem tem, dentro de si mesmo, matria pertencente a todos estes planos superiores, de tal forma que dotadode um veculo correspondente a cada um deles, atravs do qual pode receber impresses e por meio do qualpode agir. Esses corpos superiores do homem podem ser afetados de alguma maneira pelo alimento que entraem seu corpo fsico, com o qual esto intimamente relacionados? Com certeza podem e pela seguinte razo: amatria fsica no homem est em contato estreito com a matria astral e a mental - tanto assim que cada um ,

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    em grande medida, uma contraparte do outro. Existem muitos tipos e graus de densidade na matria astral, porexemplo, de tal forma que possvel para um homem possuir um corpo astral construdo de partculasgrosseiras e brutas, enquanto outro pode ter um que muito mais delicado e refinado. Como o corpo astral oveculo das emoes, paixes e sensaes, segue-se que o homem cujo corpo astral de um tipo mais grosseiroser receptivo principalmente s variedades mais grosseiras de paixes e emoes; enquanto que o homem quepossui um corpo astral mais refinado ter suas partculas vibrando mais prontamente em resposta s emoes e

    aspiraes mais elevadas e refinadas. Portanto, o homem que constri seu corpo fsico com matria grosseira eindesejvel est com isso esboando seu corpo astral com matria de um tipo grosseiro e desagradvel comocontraparte.

    Todos sabemos que, no plano fsico, o fato da tolerncia para com o amplo consumo de carne gera um serhumano de aparncia mais grosseira e bruta. Isso no significa que apenas o corpo fsico que se encontra emuma condio desagradvel; significa tambm que aquelas partes do homem que so invisveis ao olhar comum,os corpos astral e mental, tambm no se encontram em boa condio. Assim, um homem que constri para sium corpo fsico grosseiro e impuro est construindo para si mesmo, ao mesmo tempo, corpos astral e mentalrudes e maculados. Isto visvel simultaneamente para o olhar do clarividente desenvolvido. O homem queaprende a ver esses veculos superiores v ao mesmo tempo os efeitos, nos corpos superiores, produzidos pelaimpureza no inferior; v ao mesmo tempo a diferena entre o homem que alimenta seu veculo fsico comalimento puro e aquele que ingere esta abominvel e deteriorada carne. Vejamos como esta diferena afetar a

    evoluo do homem.

    Veculos Impuros

    Est claro que o dever do homem com relao a si mesmo desenvolver todos seus diferentes veculos,tanto quanto possvel, a fim de torn-los instrumentos acabados para o uso da alma. H um estgio ainda maiselevado no qual a prpria alma est sendo treinada para ser um instrumento adequado nas mos da Deidade, umcanal perfeito para a divina graa; mas o primeiro passo em direo a esta elevada meta que a prpria almaaprenda completamente a controlar os corpos inferiores, de tal forma que no haja neles outros pensamentos ousentimentos exceto os permitido por ela. Todos estes veculos, portanto, devem estar na melhor condiopossvel de eficincia; todos devem ser puros, limpos e livres de ndoa; e est claro que isso nunca poderacontecer enquanto o homem absorver em seu envoltrio fsico tais componentes indesejveis. Mesmo o corpofsico e suas percepes sensoriais nunca podem estar em sua melhor forma a menos que o alimento seja puro.Qualquer um que adote a dieta vegetariana rapidamente comear a notar que seu sentido do gosto ou do olfatotornou-se muito mais agudo do que quando comia carne e que agora capaz de discernir uma diferena delicadade sabores nos alimentos que antes ele pensava no terem gosto, tal como o arroz e o trigo.

    O mesmo verdadeiro, em uma medida mais ampla, com relao aos corpos superiores. Seus sentidostambm no podem ser claros, se matria grosseira e impura for atrada aos mesmos; todas as coisas que tmesta natureza impedem-nos e os tornam insensveis, dificultando seu uso pela alma. Esse um fato que tem sidosempre reconhecido pelo estudante de ocultismo; veremos que todos aqueles que, nos tempos antigos,ingressavam nos Mistrios eram homens da maior pureza e, naturalmente, invariavelmente vegetarianos. A dietacarnvora fatal para qualquer desenvolvimento real, e aqueles que a adotam esto colocando srias edesnecessrias dificuldades em seu prprio caminho.

    Tenho conscincia de que existem outras e ainda mais elevadas consideraes que so de maior peso doque qualquer coisa do plano fsico e de que a pureza do corao e da alma mais importante para o homem doque a do corpo. Entretanto, certamente no h razo para no possuirmos ambas; na verdade, uma sugere aoutra, e a superior deveria incluir a inferior. Existem muitas dificuldades no caminho do autocontrole e doautodesenvolvimento; seguramente pior do que tolice afastarmo-nos de nosso caminho para adicionar outras ebastante considerveis lista. Embora seja verdade que um corao puro pode fazer mais por ns do que umcorpo puro, este ltimo, entretanto, pode, certamente, fazer uma grande parte; e nenhum de ns est assim toavanado no caminho da espiritualidade para que possa negligenciar a grande vantagem que ele nos oferece.Qualquer coisa que torne nosso caminho mais difcil do que precisa ser enfaticamente algo a ser evitado. Emtodos os casos, os alimentos crneos, sem dvida, tornam o corpo fsico um instrumento pior e colocamdificuldades no caminho da alma ao intensificar todos os elementos e paixes indesejveis pertencentes aosplanos inferiores.

    Alm disso, este srio efeito durante a vida fsica no o nico no qual temos que pensar. Se, atravs daintroduo de repugnantes impurezas no corpo fsico, o homem constri para si um corpo astral grosseiro eimpuro, devemos lembrar que neste veculo degradado que ele ter de gastar a primeira parte de sua vida apsa morte. Devido matria grosseira com a qual foi construdo, todos os tipos de entidades indesejveis seroatradas para associarem-se com ele, faro de seus veculos a sua moradia, e encontraro em seu interior uma

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    pronta resposta a suas baixas paixes. No apenas porque suas paixes animais so mais facilmente incitadasaqui na Terra, mas tambm porque sofrer agudamente em virtude da atuao destes desejos aps a morte.Nesse caso, novamente, olhando at mesmo sob o ponto de vista egosta, vemos que as consideraes ocultasconfirmam o acertado bom senso comum dos argumentos no plano fsico. A viso superior, quando enfocadasobre esse problema, revela-nos ainda mais vividamente como indesejvel o comer carne, desde queintensifica dentro de ns aquilo do que mais necessitamos nos livrar, e, portanto, sob o aspecto do progresso,

    este hbito algo a ser eliminado de uma vez por todas.

    O Dever do Homem para com a Natureza

    H, ento, o lado altrusta da questo - importantssimo - que o dever do homem para com a Natureza.Toda religio tem ensinado que o homem deve colocar-se sempre ao lado da vontade de Deus no mundo, aolado do bem e contra o mal, ao lado da evoluo e contra o retrocesso. O homem que se alinha ao lado daevoluo compreende a iniquidade de destruir a vida, pois sabe que, exatamente como est aqui em seu corpofsico a fim de que possa aprender as lies deste plano, da mesma forma o animal est ocupando seu corpo paraque atravs dele possa obter experincia neste estgio inferior. Ele sabe que a vida por trs do animal a VidaDivina, que toda a vida no mundo Divina; os animais, portanto, so verdadeiramente nossos irmos, mesmoque possam ser irmos mais jovens, e no temos direito algum de ceifar suas vidas para a gratificao de nosso

    gosto pervertido - no direito causar-lhes indizvel agonia e sofrimento meramente para satisfazer nossa de-gradada e detestvel luxria.

    Levamos as coisas a tal ponto com nossos mal denominados "esportes" e abate em massa, que todas ascriaturas selvagens fogem de nossa vista. Isto se parece com a fraternidade universal das criaturas de Deus? esta nossa idia da "era de ouro" que est por vir, onde a bondade estar espalhada por todo o mundo - umacondio em que cada ser vivo foge da face do homem devido a seus instintos assassinos. H uma influnciapairando sobre ns em virtude disso tudo - um efeito que dificilmente podemos compreender a menos quesejamos capazes de ver como se parece quando considerado com o olhar do plano superior. Cada uma destascriaturas, que to impiedosamente assassinada dessa maneira, possui seus prprios sentimentos e pensamentoscom relao a tudo isso; elas sentem horror, dor e indignao e um intenso, mas inexpresso sentimento dahedionda injustia. Toda a atmosfera em volta de ns est repleta desses sentimentos. Recentemente ouvi depessoas psquicas que elas sentiam a terrvel aura que circundava Chicago mesmo a muitas milhas de distncia.A prpria Sra. Besant contou-me a mesma coisa anos atrs na Inglaterra - que muito antes de chegar emChicago, ela sentiu o horror e uma nuvem mortal de depresso descendo sobre ela, e perguntou: "Onde estamose qual a razopela qual deveria haver este terrvel sentimento no ar?" Sentir os efeitos assim to claramente estalm do alcance da pessoa no desenvolvida; mas, ainda que os habitantes possam no ser diretamenteconscientes disso e reconhec-los como o fez a Sra. Besant, podem ter certeza de que esto sofrendo estesefeitos inconscientemente e que esta terrvel vibrao de horror, medo e injustia est agindo sobre todos eles,mesmo que no o saibam.

    Horrendos Resultados Invisveis

    Os sentimentos de nervosismo e profunda depresso to comuns devem-se, em grande parte, a esta

    terrvel influncia que se espalha sobre a cidade como uma calamidade. No sei quantas milhares de criaturasso mortas a cada dia, mas o nmero muito grande. Lembrem-se de que cada uma destas criaturas umaentidade definida, no uma individualidade permanente, reencarnante como vocs ou eu, mas ainda assim umaentidade que possui sua vida no plano astral1 onde persiste por um considervel tempo. Lembrem-se de que cadauma delas permanece para verter seu sentimento de indignao e horror por toda a injustia e tormento que lhefoi infligida. Compreendam por si mesmos a terrvel atmosfera que existe em volta destes matadouros; lem-brem-se de que um clarividente pode ver a vasta hoste de almas animais, de que ele sabe como so fortes osseus sentimentos de horror e ressentimento e o quanto isso repercute em todos os sentidos sobre a raa humana.Eles reagem principalmente sobre aqueles que so menos capazes de resistir-lhes - sobre as crianas, que somais delicadas e sensitivas do que o adulto endurecido. Esta cidade um lugar terrvel para criar as crianas, umlugar onde toda a atmosfera, tanto fsica quanto psquica, est repleta de emanaes de sangue, com tudo o queisto significa.

    ________________________1 O autor compartilha da idia de que cada ser humano possui uma individualidade permanente,reencarnante, que lhe faculta a autoconscincia, enquanto que os animais ainda no esto propriamente

    "individualizados" a nvel de corpo causal, embora participem de um "alma grupo" no plano mental, que

    coletiva para um certo nmero de animais de uma mesma espcie, tendo J corpos astrais separados. (N.E.)

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    Recentemente li um artigo o qual relatava que o nauseante mau cheiro que surgia dos abatedouros deChicago e instalava-se como um miasma fatal sobre a cidade no era de modo algum a influncia mais mortferaque vinha deste "inferno cristo" para animais, ainda que fosse o sopro da morte certa para muitos mascotes deestimao. Os matadouros no so apenas um foco de epidemia para os corpos das crianas, mas tambm parasuas almas. As crianas no apenas so empregadas em um trabalho muito mais revoltante e cruel, mas toda a

    tendncia de seus pensamentos direcionada para o assassinato. Ocasionalmente encontra-se algum muitosensvel para resistir viso e aos sons desta incessante batalha entre a luxria cruel do homem e o inalienveldireito de toda criatura sua prpria vida. Li a respeito de como um menino, para o qual um pastor havia conse-guido um lugar em um abatedouro, voltava para casa, dia aps dia, plido, doente e incapaz de comer ou dormir;finalmente foi at o ministro do evangelho do compassivo Cristo e lhe disse que estava pronto para passar fome,se necessrio, mas que no podia atolar-se no sangue nem mais um dia. Os horrores do abate o afetaram de talforma que no podia mais dormir. Porm, se algum dia esses meninos, ao invs de cortarem a garganta de umaovelha ou de um porco, matarem um homem, ento, projetaremos sobre eles nosso nimo por matana e aindaacreditaremos ter feito justia2.

    Li que uma jovem senhora, que faz muito trabalho filantrpico nas vizinhanas destes focos de epidemia,declara que o que mais a impressiona a respeito das crianas que parecem no ter outros brinquedos seno osde matar, que no tm conceito de qualquer relao com os animais exceto a relao do matador para com a

    vtima. Esta a educao que os supostos cristos esto dando s crianas dos abatedouros - uma educaodiria de assassinato; e depois expressam surpresa com o nmero e a brutalidade dos assassinatos naquela rea.

    ________________________2 O autor condena aqui a pena de morte em si mesma e particularmente quando aplicada ao assassino

    de um homem, enquanto vigora absoluta liberalidade para os assassinos de animais, em flagrante desrespeito e

    insensibilidade pela vida em qualquer ser. (N.E.)

    Ainda assim seu pblico cristo segue serenamente rezando suas preces, cantando seus salmos e ouvindoseus sermes, como se tal atrocidade no estivesse sendo perpetrada contra as crianas de Deus neste poo depestilncia e crime. Certamente o hbito de comer carne produziu uma apatia moral entre ns. Estamos fazendobem em criar nossos futuros cidados em ambientes de tal brutalidade como estes? Mesmo no plano fsico este um assunto terrivelmente srio, e do ponto de vista oculto , infelizmente, muito mais srio ainda; pois oocultista v o resultado psquico de tudo isso, v como estas foras esto agindo sobre as pessoas e como elasintensificam a brutalidade e a inescrupulosidade. Ele v como um centro de vcio e de crime tm sido criados ecomo da esta infeco gradualmente espalhada at que afete todo o pas e mesmo toda a chamada "huma-nidade civilizada".

    Isso tem afetado o mundo de vrias maneiras, a maioria das pessoas no tem a menor percepo disso.Existem, no ar, constantes sentimentos de terror sem motivo. Muitas de nossas crianas sentem medodesnecessria e inexplicavelmente; sentem terror e no sabem do que - terror da escurido ou da solido; mesmoque fiquem ss apenas por alguns momentos. Poderosas foras esto agindo sobre ns as quais vocs nopodem explicar; no compreendem que tudo isso surge do fato de toda a atmosfera estar carregada com ahostilidade dessas criaturas assassinadas. Os estgios de evoluo esto estreitamente interrelacionados, e no sepode, neste percurso, matar em larga escala nossos irmos mais jovens,3 sem que sintamos os efeitos terrveis

    entre nossas prprias crianas inocentes. Com certeza, um tempo melhor dever vir, quando estaremos livresdesta horrvel ndoa sobre nossa civilizao, esta horrvel mcula sobre nossa compaixo e nossa empatia e,quando este vier, descobriremos desde logo que haver uma enorme melhoria nestes assuntos, e, degrau pordegrau, poderemos nos elevar a um nvel superior e nos tornarmos livres de todos estes terrores e diosinstintivos.

    O Tempo Melhor que Est por Vir

    Poderamos todos nos libertar disso muito rapidamente se homens e mulheres apenas refletissem; pois ohomem comum no , afinal, um bruto e at se disporia a ser amvel se, ao menos, soubesse como.

    ________________________3 O autor aqui se refere aos animais de um ponto de vista evolutivo e espiritual. (N.E.)

    Ele no pensa; segue em frente dia-a-dia e no compreende que est participando todo o tempo de umcrime terrvel. Mas fatos so fatos e no h como fugir deles; qualquer um que participe desta abominao estauxiliando a tornar possvel esta coisa assombrosa e, sem dvida, compartilha a responsabilidade por isso. Vocssabem que assim e podem ver que algo terrvel, mas diro: "O que podemos fazer para melhorar isso - ns

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    que somos apenas nfimas unidades nesta poderosa massa fervente da humanidade?" Somente a partir daelevao dos indivduos em relao aos demais, tornando-nos mais civilizados, poderemos, finalmente, alcanarum mais elevado estgio civilizatrio da raa como um todo. H uma "era de ouro" por vir no apenas para ohomem mas tambm para os reinos inferiores, um tempo em que a humanidade compreender seu dever paracom seus irmos mais jovens - no para destru-los, mas para auxili-los e trein-los de tal forma que possamosreceber deles, no terror e dio, mas amor, devoo, amizade e razovel cooperao. Um tempo vir em que

    todas as foras da Natureza estaro trabalhando juntas inteligentemente em direo meta final, sem constantesuspeita e hostilidade, mas com reconhecimento universal da Fraternidade que nossa porque somos todosfilhos do mesmo Pai Todo Poderoso.

    Faamos pelo menos uma experincia; libertemo-nos da cumplicidade nestes crimes terrveis,procuremos, cada um em seu pequeno crculo, antecipar este tempo brilhante de paz e amor que o sonho e odesejo sincero de todo homem honesto e que pensa. Pelo menos deveramos estar dispostos a fazer algo to pe-queno para auxiliar o mundo a progredir em direo a este glorioso futuro; devemos nos tornar puros, nossospensamentos e nossas aes, bem como nossa alimentao, de tal forma que, tanto atravs do exemplo quantodo preceito, possamos estar fazendo tudo que depende de ns para propagar o evangelho do amor e, dacompaixo para pormos um fim ao reino da brutalidade e do terror, para antecipar a aurora do grande reino deretido e amor, quando a vontade de nosso Pai ser feita assim na Terra como no Cu.

    Annie Besant - O VEGETARIANISMO LUZ DA TEOSOFIA

    O prprio ttulo da conferncia que hoje me proponho apresentar-vos, indica-vos, sem dvida, os limitesque, praticamente, estabelecerei aos dois assuntos que, tal como so anunciados, determinam o que tenho paradizer; desejo, na verdade, falar-vos do vegetarianismo luz da teosofia.

    Podeis, certo, discutir sob diferentes pontos de vista a teoria e a prtica do vegetarianismo; podeis, porexemplo, encarar a questo sob o ponto de vista da sade fsica ou abord-la pelos seus lados fisiolgico ouclnico; ou, ainda, apresentar poderosos argumentos em seu favor, baseando-vos nas relaes que existem entreo vegetarianismo e o uso, ou antes, o abuso, dos licores fortes, da absoro do lcool e da carne estando estrei-tamente ligados e sendo muito variveis no mesmo indivduo. Tambm vos possvel estud-la sob outrospontos de vista familiares a muitos dentre vs, que achareis nas revistas e conferncias especiais sobrevegetarianismo.

    O mesmo sucede com a teosofia; se eu a tratasse isoladamente, dar-vos-ia uma idia da sua significao edas suas doutrinas, no sem juntar a ela uma parte histrica e argumentos baseados na natureza razovel dosseus ensinamentos gerais e no valor da sua filosofia para a humanidade.

    Mas desejo abordar os dois assuntos nas relaes que os ligam um ao outro; quero dizer que vou tentarfornecer a alguns dentre vs certos argumentos, segundo uma linha de pensamento que vos , talvez, menosfamiliar do que aquelas pelas quais o vegetarianismo geralmente conhecido.

    Irei, igualmente, procurar mostrar queles dentre vs que no so vegetarianos que, sob o ponto de vistateosfico, possvel fornecer outros argumentos, alm daqueles que se ligam ao sustento do corpo fsico, qumica, fisiologia ou influncia do vegetarianismo sobre o comrcio das bebidas; , portanto, sob umaforma de pensar inteiramente distinta destas, que vou tratar do assunto; o seu valor provir, talvez, precisamenteda diferena existente entre ela e as outras. Esta diferena comparvel quela que se pode estabelecer entre os

    reforos novos e um exrcito que j tivesse entrado em luta contra foras superiores e considerveis.O vegetarianismo do qual vos quero hoje falar aquele que todos conheceis; aquele que implica aabsteno de todos os alimentos que imponham a morte dos animais ou atos de crueldade para com eles.Portanto, devo dizer-vos que no adotarei uma argumentao anloga quelas que dividem os vegetarianos entresi; no mencionarei por isso, nem os cereais, nem os frutos, nem as variedade desses regimes diferentes e que nopresente momento so a causa de tantas desunies. Tomarei a questo num sentido geral, considerando-a sob oponto de vista da absteno de toda a alimentao de provenincia animal, e procurarei apresentar razes a favordesta absteno que podem ser oferecidas pelos ensinamentos apresentados pela teosofia.

    Ainda que eu considere a minha tese como perfeitamente estabelecida, em termos teosficos, devo dizer-vos que no me sinto, de maneira alguma, no direito de obrigar a Sociedade Teosfica no seu conjunto pelo querespeita a validade desta tese; com efeito, muitos dentre vs no o ignoram. No exigimos das pessoas queingressam na Sociedade Teosfica a aceitao de ensinamentos conhecidos sob o nome genrico de teosofia;

    ns apenas pedimos que aceitem a Lei da Fraternidade Universal, e que procurem a Verdade, e isso num espritode cooperao, de preferncia a um esprito de competio. Significa, tambm, que solicitamos aos nossosmembros absteno de ataques agressivos contra as idias religiosas ou quaisquer outras que, possivelmente, al-gum possa manifestar, e que mostrem aos outros o mesmo respeito que pedem para si na expresso das suasopinies. Contentamo-nos, apenas, com esta obrigao. No procuramos impor as nossas "idias teosficas"

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    queles que ingressam na Sociedade. Aqueles dentre ns que as aceitam como verdadeiras, adquirem, por estemesmo fato, toda a confiana na prpria Verdade, portanto, deixamos os nossos membros perfeitamente livrespara aceit-las ou recus-las. Dito isso, no esqueais que, ao falar, no comprometo a Sociedade. Os aspectosque vos exporei foram retirados da filosofia, a qual pode ligar ou no qualquer membro da nossa Sociedade.

    O Lugar do Homem na Natureza

    A primeira srie de argumentos sobre a qual chamarei a vossa ateno acerca do vegetarianismo luz dateosofia ser a seguinte: a teosofia considera o homem como fazendo parte de um grande sistema de evoluo;no mundo, o homem nela considerado como um elo de uma grande cadeia, cujo primeiro anel manifestado fazparte da prpria Vida divina, e que, elo aps elo, constitui as grandes Hierarquias ou classes de Intelignciasespirituais em evoluo.

    O homem, ao deixar a sua morada divina original, ingressa na Hierarquia das entidades espirituais paratomar, enfim, contato com a manifestao que conhecemos como sendo o nosso prprio mundo. Este mundo,expresso do Pensamento divino, est inteiramente penetrado pelo Divino, sendo toda lei a expresso destaNatureza divina; o prprio estudo da manifestao de uma lei o estudo da Inteligncia divina na Natureza.

    Assim, o mundo no deve ser considerado como constitudo, unicamente, por matria e fora (opinio dacincia materialista), mas como sendo, essencialmente, vida e conscincia evoluindo para se manifestar nisso

    que conhecemos como matria e como fora.Partindo desse princpio, e seguindo at o ponto mais baixo deste primeiro ciclo, o qual chamaremos a

    evoluo da vida, chegamos ao reino mineral, de onde a vida tende a tornar a subir num ciclo ascendente, e noqual a matria se torna cada vez mais plstica, sob o impulso dessa vida, at que do mineral evolua para ovegetal.

    Desde ento, medida que a matria do reino vegetal se torna ainda mais plstica, e por conseguinte,mais apta a exprimir a vida e a conscincia que nela atuam, chegamos evoluo do reino animal, com as suasenergias mais distintamente diferenciadas, com a sua crescente complexidade de organizao, com o seu poderaumentado pelo sentir do prazer e do sofrimento, e, acima de tudo, com uma individualidade muito maismarcada; estas criaturas, mais e mais se individualizam, separando-se, por assim dizer, cada vez mais, do grupo1

    ao qual pertencem, comeando a mostrar os germes de uma conscincia mais elevada, esta vida primria que emtudo vive, tornando-se capazde se exprimir de maneira mais completa num sistema nervoso mais altamente or-ganizado; ela como que arrastada a isso por respostas mais numerosas s influncias do universo exterior.

    ________________________l A autora compartilha a idia de que, no reino animal, ainda que de forma menos englobante do que

    nos reinos inferiores, os seres no so, do ponto de vista mais sutil ou interior, ainda entidades

    individualizadas; pertencem ao que chamado "alma grupo". (N.E.)

    Ento, "elevando-se" mais, encontra uma manifestao superior na forma humana, a qual animada pelaalma e pelo Esprito - a alma que, no corpo, se manifesta como inteligncia, e o Esprito que, pela evoluo daalma, se manifesta gradualmente neste universo exterior.

    Assim, em virtude desta alma que se torna consciente, devido a esta evoluo mais alta - a mais elevadaque se possa efetuar numa forma material do nosso mundo -, o homem , por assim dizer, a expresso mais

    completa desta vida evolutiva; deve, por consequncia, ser tambm a expresso mais perfeita destamanifestao sempre crescente da Lei.Mas a vontade que se desenvolve no homem - que tem o poder de escolher, que capaz de dizer: Eu

    quero ou Eu no quero; que se distingue das formas inferiores de criaturas vivas por este mesmo poder dedeterminao consciente; que, precisamente, porque est prestes a exprimir o Divino, mostra estas marcas depensamento, de ao espontnea, caractersticas da Vida suprema evoluindo na matria - esta vontade que dao homem uma dupla possibilidade, uma responsabilidade maior, um destino mais nobre ou mais degradado.

    Ora, este poder da escolha esta Lei que nas formas inferiores da vida est impressa na prpria forma, e aqual essa forma obedece, por assim dizer, pelo caminho da coero; a Lei que, no mundo mineral, no deixaescolha ao tomo mineral; a Lei que, no inundo vegetal, uma Lei coercitiva, um desenvolvimento segundocertas linhas definidas, sem grande possibilidade de lhe resistir, tanto quanto ns possamos julgar; Lei que, noanimal, se exprime como instinto, instinto ao qual o animal obedece sempre; essa Lei, se a observarmos na sua

    ordem geral, estar sujeita a mudanas quando se trata do homem.O homem um elemento de desordem na Natureza; ele que, embora dotado das mais altaspossibilidades, semeia a discrdia no reino da Lei; ele que, em virtude da sua vontade desenvolvida, tem opoder de se opor Lei, e sobre ela triunfar, aparentemente, por um certo perodo. Com o decorrer do tempo, noentanto, a Lei que o derrubar. Sempre que ele caminha contra a Lei, esta faz-se sentir pelo sofrimento que

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