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#0003 Exposição de Mira Schendel é um ótimo exemplo de intercâmbio cultural entre Brasil e Reino Unido >> Página 6 São Paulo, a maior cidade do Brasil, ainda precisa aprender como usar melhor seus espaços públicos >> Página 14 www.brasilobserver.co.uk FREE LONDON EDITION December 19th Foto: The estate of Mira Schendel Foto: Embratur READ IN ENGLISH POLÍTICA >> Páginas 4 e 5 ECONOMIA >> Páginas 10 e 11 ESPORTE >> Páginas 12 e 13 Foto: Eduardo Beltrame 2014: O QUE ESPERAR PARA O BRASIL

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2014: O que esperar para o Brasil nas áreas política, econômica e esportiva.

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Exposição de Mira Schendel é um ótimo exemplo de intercâmbio cultural entre Brasil e Reino Unido >> Página 6

São Paulo, a maior cidade do Brasil, ainda precisa aprender como usar melhor seus espaços públicos >> Página 14

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2014:O QUE ESPERAR PARA O BRASIL

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LONDON EDITION

EDITORA - CHEFE Ana Toledo [email protected]

EDITORES Guilherme Reis [email protected] kate rintoul [email protected]

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach [email protected] Antonio Veiga, Bruja Leal, Clarice Valente, Deise Fields, Gabriela Lobian-co, Luciane Sorrino, Nathália Braga, Renato Brandão, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt, Shaun Cumming, Zazá Oliva

PROJETO GRÁFICO & DIAGRAMAÇÃO wake up colab

[email protected]

DISTRIBUIÇÃO BR Jet [email protected] Emblem Group [email protected]

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Atex Business Solutions [email protected]

BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos as-sinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reprodu-zidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

CONTATO [email protected] [email protected] 020 3015 5043

SITEwww.brasilobserver.co.uk

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EM FOCO

REPORTAGEM DE CAPA

BRASIL NO UK

CONECTANDO

UK NO BRASIL

BRASIL OBSERVER GUIDE

PERFIL

BRASILIANCE

A CAMINHO DA COPA

Brasil, América Latina e Reino Unido

Economia e investimentos para 2014

Quem vai ser o próximo presi-dente do Brasil?

Dentro e fora dos gramados

Mira Schendel em exibição no Tate Modern

São Paulo e suas políticas perversas

Literatura brasileira e muito mais...

Land Rover ‘made in Rio’

Bruno Motta: O pequeno gigante da comédia em pé

16 - 17 CAPA DO GUIA19 NINETEEN EIGHT-FOUR20 TRAVEL 22 GOING OUT23 COOL HUNTER24 MIND & SOUL 25 FOOD

16 - 17 18 19 20 22 23 24 25

COLABORADORES

Estamos naquela época do ano em que é comum refletir. Parar e olhar para trás. Analisar o que fizemos nos últimos 12 meses e projetar o ano que se aproxima. Para nós do Brasil Observer, não haveria de ser diferente na hora de fazer esta edição. Pensamos em todas as nossas publicações deste ano - que, para o bem e para o mal, marcaram o que foi o Brasil em 2013. Mas, para fugir do ‘climão’ de retrospectivas, prestes a entrar em um ano especial para o país, preparamos esta edição com o intuito de estabelecer um panorama geral do que estar por vir, relacionando a conjuntura de diferentes áreas decisivas para o Brasil em 2014: política, economia e esporte.Com a corrida para a Presidência da República entrando em sua reta decisiva - em meio a protestos e Copa do Mundo -, Wagner de Alcântara traz uma análise do cenário político que está se desenhando para o próximo ano, além de uma breve apresentação dos presidenciáveis nas eleições de 2014 - leia nas páginas 4 e 5.Já o economista Pedro Henrique Evangelista, na página 10, propõe uma reflexão sobre o sentido da Copa no Brasil, tendo

como base a realidade socioeconômica do país - partindo do cenário econômico de 2007, quando o país recebeu a notícia de que sediaria o Mundial. Para os loucos por futebol, Renato Brandão discorre sobre as possibilidades de escalação do time de Felipão, na expectativa de tornar a seleção canarinho hexacampeã do mundo - na página 12. E Antonio Veiga traça um panorama sobre o que os gringos que forem ao Mundial vão encontrar, ponderando a opinião dos otimistas e dos pessimistas em relação ao evento – na página 13.Nas páginas do Guia, logo de cara, você encontrará sete livros de autores brasileiros traduzidos e publicados no Reino Unido re-centemente. Além disso, poderá entender por que Ricardo Somera acha que rankings com os melhores do ano não podem ficar restritos ao próprio ano – maluquice? Confere lá na página 19!Assim encerramos 2013, desejando um feliz e realizador ano de 2014 para tod@s que nos acompanham nesta jornada! Em 2014, o Brasil Observer volta recheado de novidades. Até breve!

E D I T O R I A L

ANALISAR PARA SEGUIR EM FRENTEpor Ana Toledo – [email protected]

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3brasilobserver.co.uk

EM FOCO

NOVA CÔNSUL-GERAL DO BRASIL NO UK

No sábado dia 14 de dezembro a embaixadora Maria de Lujan Ca-puto Winkler, nova Cônsul-Geral do Brasil no Reino Unido, visitou o bairro de Willesden, região no-roeste de Londres, conhecida pela grande comunidade brasileira que habita a região. Acompanhada de membros do

Conselho Participativo de Cidada-nia dos Brasileiros no Reino Uni-do, a embaixadora caminhou pela região e impressionou-se com as ruas repletas de comércios, restau-rantes e organizações sociais brasi-leiras em frente a ABRAS (Asso-ciação Brasileira no Reino Unido). Também se encontrou com mulhe-res assistidas pela AMBE (Apoio a Mulher Brasileira no Exterior), buscando entender o trabalho desta organização. No Santuário Mariano Our Lady

of Willesden, a embaixadora, em conversa com a comunidade, afir-mou sua intenção de repetir a visi-ta em outras regiões, para “mapear e entender a realidade dos brasilei-ros que vivem em Londres”. Ela aproveitou a oportunidade

para informar que o Consulado Brasileiro em Londres está rea-lizando um cadastro simplificado (nome, telefone de contato no Rei-no Unido e contato de emergência no Brasil) para que o órgão possa prestar assistência à comunidade e a aos indivíduos em casos emer-genciais. Independentemente da si-tuação do brasileiro no exterior, o Consulado é responsável por pres-tar assistência, relembrou a Cônsul--Geral.Maria Winkler enfatizou ainda

que os brasileiros que queiram transferir seus títulos eleitorais, ga-rantindo seu direito ao voto nas próximas eleições, em 2014, devem fazer o pedido até o mês de maio do ano que vem. Existem cerca de 11.000 títulos eleitorais brasileiros cadastrados no Reino Unido, dentre os quais 6.000 pessoas exerceram seu direito ao voto nas eleições de 2012. Segundo a Cônsul-Geral, há mais de 3.000 títulos eleitorais prontos no Consulado que foram pedidos durante o último ano. “As pessoas devem vir buscar seus do-cumentos, preferencialmente, antes das eleições, para evitar problemas no dia da votação”, ela disse.

MARCO CIVIL DA INTERNET PARA 2014

A ministra da Secretaria de Relações Ins-titucionais, Ideli Salvatti, disse no dia 17 de dezembro que o Marco Civil da Internet será o primeiro assunto a ser discutido pelo Congresso em 2014. O Projeto de Lei 2.126/11, que define o

Marco Civil na Internet, tramita com urgência e, por isso, tranca a pauta do plenário da Câ-mara. Segundo Ideli, o trabalho do relator da proposta, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), de negociar com todos os partidos da Casa fez com que os parlamentares avançassem na discussão.Ainda há, porém, alguns entraves para a

aprovação do texto como ele foi originalmente redigido. São pelo menos três os pontos cruciais defendidos pelo governo brasileiro, por legisla-dores do campo progressista e por movimentos sociais, e que enfrentam resistência do poder econômico: o conceito de neutralidade da rede, a obrigatoriedade de armazenamento de dados dos internautas brasileiros em servidores locali-zados dentro do território nacional e a garantia da liberdade de expressão e de publicação de conteúdos. Desses três, o conceito de neutralidade da

rede é o mais elementar, pois visa impedir que a operadora libere acesso ilimitado a redes de maior interesse - como Twitter, Facebook e Youtube - só aos usuários que contratarem um plano mais “nobre”, portanto mais “caro”.

BACHELET DE VOLTA À PRE-SIDÊNCIA

A socialista Michelle Bachelet foi eleita pre-sidenta do Chile no domingo dia 15 de de-zembro. Ela obteve 63% dos votos no segundo turno, derrotando a adversária Evelyn Matthei, que representa a aliança de centro-direita. Mat-thei, que foi candidata do atual governo, teve 38% dos votos.Com a vitória, Bachelet é a primeira mulher

eleita e reeleita para a Presidência do Chile. Ela governou o país de 2006 a 2010, deixan-do o lugar para o atual presidente, Sebastián Piñera. Pela legislação chilena, os presidentes não têm direito a dois mandatos consecutivos.Bachelet assume em março e o maior de-

safio será fazer as reformas que prometeu – entre elas, a da Constituição, herdada da dita-dura militar. Bachelet quer também fazer uma reforma tributária, para aumentar os impostos às empresas e aos mais ricos, obtendo assim recursos para financiar as reformas sociais, entre elas a do sistema educacional. Estudantes do ensino médio e das universidades paralisa-ram o Chile com protestos em 2011 e 2012, exigindo educação gratuita e de qualidade para todos. As manifestações foram apoiadas por oito de cada dez chilenos.

‘NÃO’ A INDEPENDÊNCIA

Ainda que o premiê escocês, Alex Salmond, tenha apresentado um plano para a indepen-dência que inclui eventuais benefícios futuros, a maioria dos habitantes da Escócia continua oposta a idéia de se separar do Reino Unido, segundo pesquisas divulgadas.Três empresas diferentes realizaram pesquisas

no início de dezembro, depois da divulgação do projeto, e os números daqueles que rejeitam a independência atingem 57%, 56% e 52%, segundo os resultados.Além de obter estatísticas similares sobre

os opostos a essa ideia, os três questionários também coincidem em apontar que este grupo diminuiu em muito poucos pontos percentuais (apenas entre um e três) após a apresentação do plano.As três agências são Ipsos-Mori, YouGob e

Progressive Scottish Opinion, que apontam que os favoráveis à separação são 33 por cento, 33 e 27, por essa ordem, com pouco aumento nas últimas semanas. O projeto para a independên-cia, conhecido como Livro Branco, contém pla-nos de melhorias econômicas e sociais uma vez que a Escócia tenha conseguido a separação.A questão será definida em um referendo

no dia 18 de setembro de 2014, no qual os cidadãos da região votarão a favor ou contra.

Evanio Sérgio, cliente da ABRAS, mostra novo documento à embaixadora

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4 brasilobserver.co.uk

BRASILIANCE

Junho e julho de 2014. A Seleção Brasileira estará pelos gramados país afora rumo ao hexacampeonato mun-dial de futebol; em outro campo, o da política, os primeiros times estarão se formando para disputar as eleições de outubro.

No ano que vem, os brasileiros ele-gem deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República. No momento, as aten-ções estão voltadas para as definições dos nomes e das alianças na corrida pelo posto máximo do Palácio do Pla-nalto. De acordo com o Tribunal Superior

Eleitoral (TSE), os partidos terão entre os dias 10 e 30 de junho próximo para realizarem convenções que definam seus candidatos e alianças. Até o dia 5 de julho, devem formalizar no TSE os nomes e as coligações decorrentes dessas convenções.Desde já, porém, salvo motivo de força maior, sabe-se que a atual presidente, Dilma Rousseff, do Partido dos Tra-balhadores (PT), está no páreo. Logo no início de 2013, por sinal, quando no noticiário e nos bastidores políticos havia rumores de movimentos em prol de uma candidatura do ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, este

próprio descartou qualquer intenção nesse sentido. Foi além: anunciou que Dilma, como seria o natural, estava confirmada como candidata à reeleição, com seu irrestrito apoio.

O P O S I Ç Ã OA ofensiva obrigou o principal par-

tido de oposição de centro-direita, o Partido da Social Democracia Brasi-leira (PSDB), a investir no seu nome também tido como candidato natural: o senador, por Minas Gerais, Aécio Neves. Nas inserções comerciais dos partidos políticos na televisão (previs-tas na legislação), a figura de Aécio se tornou cada vez mais recorrente. Na tribuna do Senado, vez por outra o tucano (como são chamados os fi-liados ao PSDB) assumiu o papel de crítico mais duro do governo de Dilma Rousseff.Apesar dessa proeminência a que Aé-

cio Neves foi alçado, a candidatura dele não está assegurada. No noticiário político a possibilidade de José Serra tentar mais uma vez a Presidência da República (saiu derrotado por Lula em 2002 e por Dilma em 2010) é cada vez mais considerada. Até 5 de outubro deste ano, quando

expirou o prazo para troca de parti-do para quem queira se candidatar em 2014, José Serra esteve por optar em mudar para o Partido Popular Socialista (PPS). Decidiu-se por ficar no PSDB, com um discurso que soa intenção de pleitear o posto de candidato à presi-dente pelo partido.

À E S Q U E R D ASe o PSDB titubeia, o principal par-

tido de oposição à esquerda, o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), termina 2013 com seu candidato a presidente do Brasil definido. No dia 1º de de-zembro, durante o 4º Congresso Nacio-nal do Psol, realizado em Brasília, os

delegados decidiram pelo nome do se-nador Randolfe Rodrigues, do Amapá. Randolfe venceu a postulante Luciana Genro, ex-deputada federal pelo Rio Grande do Sul e filha do atual gover-nador petista Tarso Genro. Luciana era a preferida de uma das

principais lideranças do Psol, o ex-de-putado federal Plínio de Arruda Sam-paio, que foi o candidato do partido na eleição de 2010. Pelo Twitter, Plínio demonstrou que não esperava a escolha do senador. “Surpresa nas prévias internas do

Psol: Randolfe venceu Luciana Genro, candidata que eu apoiava. Agora, vou ajudar o Randolfe. É um ‘tremendo’ candidato. Senador de primeiro manda-to, já é referência”, declarou. Por sua vez, Randolfe ressaltou que vai buscar apoio de outros partidos menores de esquerda, como do Partido Comunista Brasileiro (PCB).Outra grande dúvida vem do Parti-

do Socialista Brasileiro (PSB), aliado histórico do PT mas que para 2014 deve vir com candidatura própria. Até outubro, era dado como certo o nome do governador de Pernambuco, Eduar-do Campos. Entretanto, com a filiação ao partido da ex-senadora Marina Sil-va e de todo seu grupo que almejava criar uma legenda própria (a Rede), essa “certeza” se arrefeceu. Enquanto Campos precisa provar que

tem potencial de votos além do Nor-deste, Marina traz na bagagem a ex-periência de quem foi candidata em 2010 e conseguiu quase 20% dos votos válidos.Por fim, entre os nomes cogitados

está o do presidente do Supremo Tri-bunal Federal (STF), Joaquim Barbosa (sem partido). Barbosa se tornou um nome conhecido nacionalmente por ser o relator do julgamento da ação penal 470, conhecida por “mensalão” (repasse de dinheiro para campanhas eleitorais de partidos aliados ao governo, sem o devido registro legal). Ele tem res-paldo, ainda que geralmente disfarça-do, de boa parte da grande mídia, e do eleitorado mais adepto da chamada “demonização da política partidária”. Publicamente, Barbosa nunca declarou intenção de se lançar candidato, mas tampouco rechaçou.

D E S A F I O SPelo que se vê, postulantes de peso

não faltam. O que parece estar escasso, conforme se nota nas conversas com o eleitor comum, alheio ao diz-que-diz do noticiário político, são propostas no-

vas para antigos desafios que o Brasil continua a ter pela frente. Mesmo depois das chamadas “mani-

festações de junho”, quando milhares de brasileiros foram às ruas de grandes, médias e pequenas cidades para protes-tar contra os velhos vícios da política partidária e reivindicar mais qualidade nos serviços públicos, há carência de propostas mais profundas que atinjam a raiz de problemas que não são con-junturais, mas estruturais.Em alguns pontos, o governo – tan-

to o Executivo como o Legislativo – até avançou em soluções. O programa “Mais Médicos”, por exemplo, com a importação de profissionais estrangei-ros para atuar em localidades afastadas dos grandes centros, em poucos meses conseguiu levar atendimento básico de saúde a comunidades até então desas-sistidas. Em mobilidade urbana, o go-verno federal passou a destinar recur-sos a prefeituras e governos estaduais para redes de metrô, veículos leves sobre trilhos e corredores de ônibus, num total, segundo números oficiais, de R$ 50 bilhões em investimentos.Mas é na reforma política – aque-

la que mudaria a prática de se fazer política partidária no país – que se encontra enorme resistência, por parte principalmente do Congresso Nacional. Estão nessa reforma e em outras ditas como estruturantes – reforma tributário--econômica, reforma agrária, reforma do judiciário, reforma nas comunica-ções – alguns dos principais desafios para quem estiver no Palácio do Pla-nalto a partir de 2015. Ao que pare-ce, porém, as construções das alianças pouco têm levado em conta ideologias e propostas que caminhem ao encontro dessas reformas necessárias.

M I L I T Â N C I ABastante questionados também nas

tais manifestações foram os gastos para o país organizar a Copa do Mundo de 2014 – por isso, é bem possível que durante o Mundial os protestos voltem com uma intensidade maior. Inicialmente, a onda de manifesta-

ções até abalou a popularidade da pre-sidente Dilma, a ponto de as pesquisas de intenção de voto, que davam larga vantagem à petista, começarem a re-tratar um cenário de mais dificuldade. Mas, ao chamar diversos segmentos da sociedade para o diálogo, apresentar projetos que iam ao encontro do que vinha das ruas e respaldada por indi-cadores como geração de emprego e aumento da renda em ascensão, Dilma

Os brasileiros estão em contagem

regressiva para a Copa do Mundo,

mas, assim que passar o Mundial

da Fifa, terão um desafio e tan-

to pela frente: escolher se man-

têm ou substituem Dilma Rousseff

na Presidência da República. Os

postulantes à vaga começam a se

apresentar no páreo

DEPOIS DA COPA, O VOTOPor Wagner de Alcântara Aragão

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5brasilobserver.co.uk

termina 2013 liderando com folga as mais recentes pesquisas.O que não significa perspectiva de

campanha tranquila, como observa a historiadora Conceição Oliveira, a Ma-ria Frô, militante de esquerda que man-tém um dos blogues de maior reper-cussão no campo progressista. Além da provável volta das manifestações de rua

durante a Copa do Mundo, Maria Frô cita a oposição da mídia tradicional e uma militância arrefecida, por conta de uma guinada à direita dada pelo go-verno Dilma, como fatores a dar novo fôlego a candidaturas de oposição. “Essa história de que Dilma ven-

ce no primeiro turno, esquecendo dos protestos que possivelmente ocorrerão

durante a Copa, esquecendo de como a mídia partidarizada, reacionária e ma-nipuladora age, me parece um grande ‘salto alto’ governista”, adverte. “Vejo muita gente [da militância pro-

gressista] descontente. E vejo defesas ruins ou ataques desnecessários dos go-vernistas às críticas do campo da es-querda ao governo. Desqualificar essas

críticas não me parece um bom cami-nho. Vi isso no debate sobre o leilão do [petróleo do pré-sal] do campo de Libra e aquilo me pareceu um grande tiro no pé”, analisa a historiadora.

Q U E M S Ã O E L E S E E L A So s p r é - c a n d i d a t o s à P r e s i d ê n c i a d a R e p ú b l i c a

1. Dilma Rousseff (PT)A atual presidente tenta a reelei-ção com a indiscutível chancela do ex-presidente Lula. Tudo in-dica que Michel Temer, o vice--presidente, do PMDB, partido de centro, o maior do país, siga na chapa.

7. Randolfe Rodrigues (Psol) É o mais jovem dos nomes até aqui (tem 41 anos). Está no primeiro mandato como senador, pelo Amapá. Até 2005, era filiado ao PT. No Senado, tem se destacado como oposição à esquerda ao governo, embora seja menos sectário que outras lideranças do Psol. Em julho, por exemplo, contrarian-do orientação do partido, reuniu-se com Dilma para discutir os protestos de junho.

8. Denise Abreu (PEN) Ex-procuradora de São Paulo e ex-diretora da Agência Na-cional de Aviação Civil, Denise Abreu está sendo apresentada pelo Partido Ecológico Nacional como pré-candidata a presiden-te. Defende políticas sociais do atual governo, mas ao mesmo tempo também as privatizações.

3. José Serra (PSDB)A candidatura do ex-prefeito e ex--governador de São Paulo, ex-sena-dor e ex-ministro tucano não é des-cartada. É um nome mais conhecido nacionalmente do que o de Aécio, no entanto tem rejeição elevada no eleitorado. Fala-se numa dobradi-nha entre os dois – o difícil seria definir quem seria o líder da chapa.

5. Marina Silva (PSB) Ex-senadora e ex-ministra de Lula, pelo PT, foi candidata a presidente em 2010 pelo Partido Verde (PV). No ano seguinte, saiu da legenda com o propósito de criar um novo partido, batizado de Rede. Frustrada nessa tentativa, surpreendentemente se fi-liou ao PSB. Pode tanto ser a candi-data, no lugar de Eduardo Campos, como pode ser a vice.

2. Aécio Neves (PSDB) Desde que deixou o governo de Minas Gerais e se elegeu sena-dor em 2010, se apresenta como principal nome da oposição de centro-direita. Defende o “Esta-do mínimo” e as privatizações. Não consegue, porém, deslan-char nas pesquisas. É neto de Tancredo Neves.

4. Eduardo Campos (PSB) Governador de Pernambuco elei-to em 2006 e reeleito em 2010, sempre com o apoio e apoiando o ex-presidente Lula. Desde 2003 e até meses atrás, seu partido era um dos principais aliados dos governos Lula e Dilma. Atual-mente, tem um discurso mais ali-nhado ao da oposição.

6. Joaquim Barbosa (sem partido) Jurista, nunca exerceu cargo público eletivo. Ingressou como ministro do STF há dez anos, indicado por Lula. Está na presidência do STF desde 2012. Conquistou fama de intransi-gente com a corrupção, no entanto suas recentes decisões têm sido ques-tionadas por juristas das mais varia-das linhas de pensamento.

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6 brasilobserver.co.uk

BRASIL NO UK

Mostra completa de Mira Schendel

Nascida em Zurique, criada na Itália e reconhecida por todo o Brasil, sua casa adotiva, Mira Schendel ganhou em 2013 sua primeira mostra completa em escala internacional, no Tate Modern de Londres. Schendel foi uma artista de alta produtivi-dade, mas, apesar de ser bastante reconheci-da em solo brasileiro, ainda é relativamente desconhecida fora do país. E essa exposição vem para mudar isso. Com curadoria de Tanya Barson (Tate

Modern) e Taisa Palhares (Pinacoteca do Estado de São Paulo), a mostra é o exem-plo mais recente da crescente relação de colaboração entre instituições culturais do Brasil e do Reino Unido – o financiamento ficou por conta do Departamento de Cul-tura, Mídia e Esporte britânico, em clara demonstração de interesse pela criatividade brasileira.A exibição tem recebido boas críticas

e bastante atenção da imprensa. De fato, mesmo que eu tenha visitado a exposição numa tarde chuvosa, pude comprovar que o trabalho de Schendel tem atraído um grande público, ainda que tenha me surpreendido a rapidez com que as pessoas passavam pelas 14 salas da mostra.

Há muita coisa para absorver e compre-ender tanto das obras em si quanto dos guias escritos sobre o trabalho da artista, com foco no amplo interesse de Schendel pela filosofia. Os materiais escritos, porém, talvez tenham ficado exageradamente aca-dêmicos; parece que as curadoras da expo-sição estavam preocupadas demais com a possibilidade de a extrema simplicidade do trabalho da artista não ser apreciada em sua complexidade se não fosse acompanhada por questões de ordem filosófica e referên-cias acadêmicas.O começo da mostra tem como foco

a biografia de Schendel, com informações sobre o início de sua vida, inclusive o tra-tamento terrível do qual foi vítima na Itália fascista por ser de origem judaica, apesar de ter sido criada católica. Você poderá ler também sobre o comprometimento pessoal dela com a própria arte. Tendo viajado pela Suíça, Áustria e Iugoslávia, Schendel chegou a São Paulo em situação precária, mas arrumou um emprego como ilustradora e passou a pintar de forma frenética para compensar os momentos de dificuldades. “A vida era muito difícil e eu não tinha dinheiros para comprar tintas, mas usava

materiais baratos e pintava como louca. Era uma questão de vida ou morte para mim”, dizia ela. Após a terceira sala, essas re-flexões biográficas dão lugar a questões mais filosóficas e, como resultado, você acaba perdendo um pouco o entendimento do artista que só uma boa retrospectiva pode oferecer.Não dá para negar, porém, que as pró-

prias elipses do trabalho de Schendel nos levam a ponderar algumas coisas, o que me faz crer que os questionamentos fazem parte de um tema maior. As obras têm certo movimento e agem como se tivessem reverberando ideias, da mesma forma que você sente quando fica perdido nos próprios pensamentos. Mas os movimentos não são fluidos, e sim altamente contidos, exatamen-te como agem nossas vozes interiores – e é precisamente isso que torna o trabalho de Schendel tão penetrante. Você pode passar longos minutos olhando para as obras, não pelo estímulo das cores (quase ausentes na mostra), mas por causa da energia e pen-samento aplicados em cada traço de cada quadro. A exposição é muito agradável, tanto

pelo conteúdo quanto pela forma que é

apresentada, numa maravilhosa demonstra-ção de colaboração entre brasileiros e bri-tânicos. A sala que recria a instalação de Schendel feita para a Bienal de Veneza de 1968, com letras de músicas de Chico Buarque e poesias de João Cabral de Melo Neto, é magnífica. Os visitantes são levados a olhar através dos objetos transparentes e, eventualmente, se deparam com a impo-nente Catedral de St. Pauls, com as águas do Tâmisa tremulando em baixo. O Tate Modern não é dos meus espaços favoritos e algumas exposições são prejudicadas pela falta de janelas, mas a mostra de Schendel é perfeita para o lugar. Conhecendo o trabalho de Schendel ou

não, esta é uma exibição imperdível que me fez querer saber mais sobre a artista e que me inspirou pensamentos próprios, o que no final das contas é sobre o que real-mente se trata o trabalho de Mira Schendel.

Mira Schendel Tate Modern: Exibição Até 19 de Janeiro de 2014Adulto £11.00 (sem doação £10.00)

Por Kate Rintoul

Exposição do trabalho de Mira Schendel no Tate Modern é o mais recente exemplo do cres-cente trabalho de cooperação entre instituições culturais do Brasil e do Reino Unido

Foto: Clay Perry | England & Co Gallery

Retrato de Mira Schendel em Londres, 1966

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7brasilobserver.co.uk

UK NO BRASIL

Jaguar Land Rover terá fábrica no Brasil

Fábrica em território sul-americano terá capacidade produtiva anual de 24 mil veículos e vai empregar 400 pesso-as; será o primeiro produtor de carros britânico a abrir fábrica no país

Os primeiros veículos de ori-gem inglesa a saírem de uma fá-brica no Brasil serão da parceria Jaguar Land Rover. As marcas pertencentes à indiana Tata pro-duzirão no país, a partir de 2016, em Itatiaia, no Rio de Janeiro, a cerca de 170 quilômetros da capi-tal fluminense.

Em anúncio feito no começo de dezembro, a parceria britânica anunciou investimento de R$ 750 milhões até 2020 na planta que pro-duzirá 24 mil unidades por ano. A expectativa é gerar 400 empregos diretos com o empreendimento.

De acordo com a JLR, a escolha pelo município do Sul do Rio se deu por ele ser um pólo automo-tivo emergente – fica próximo a Resende, que abriga unidades fabris de MAN Volkswagen, PSA Peugeot Citroën e, em breve, da Nissan - além de proporcionar boas condi-ções de logística, e fácil acesso a uma rede de fornecedores.

“O Brasil e os demais países da região são de grande impor-tância. Eles possuem um volume de clientes que, cada vez mais, estão em busca de produtos de alta capacidade. Os veículos que serão produzidos são dotados do que existe de melhor em relação ao design e engenharia tipicamente britânicos”, afirmou o CEO global da Jaguar Land Rover, Ralf Speth, que esteve presente no evento que contou ainda com a presença do governador Sérgio Cabral.

Os utilitários Freelander, Disco-very Range Rover Evoque são os mais vendidos pela JLR no país, e os mais cotados para ganhar san-gue brasileiro. O último citado é o maior responsável pelo crescimento de 40% da marca nas vendas re-

gistradas nos dez primeiros meses de 2013, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Este crescimento exponencial, bem como o regime automotivo Inovar-Auto, foi fator chave para que a empresa britânica fosse para o Brasil. Ele determina desconto na alíquota do IPI (Imposto so-bre Produtos Industrializados) para fabricantes que constroem por lá. Depois da oficialização deste regi-me, nove fabricantes anunciaram empreendimentos no Brasil. São elas as chinesas Chery e JAC Mo-tors, as japonesas Honda e Toyota (que já tinham plantas no país), as alemãs Audi, BMW e Mercedes--Benz, além da italiana Fiat.

De janeiro a outubro, a Land Rover teve vendas de 8.920 veí-culos no Brasil, atrás das 11.520 unidades da BMW e das 10.510 da Mercedes-Benz, segundo dados da associação de concessionários, Fenabrave.

As negociações com a Land Rover começaram no início des-te ano e incentivos fiscais foram oferecidos para atrair a fabrican-te. “Vamos fazer o que fizemos para Nissan e Peugeot, que é o financiamento do ICMS. Durante a construção da unidade, a empresa paga 20% do ICMS e depois, com a produção, paga o valor cheio do ICMS e tem um tempo para pagar o que ficou para trás”, disse uma das fontes ouvidas pela agência de notícia Reuters.

Foto: Divulgação / Land RoverPrimeiros veículos sairão da fábrica em 2016

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8 brasilobserver.co.uk

PERFIL

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9brasilobserver.co.uk

O pequeno gigante Bruno MottaNascido em Belo Horizonte, o comediante Bruno Motta tem pouco mais de 1,60m de altura, mas soube transformar o que poderia ser um incômodo em trampolim para uma carreira de sucesso; seguro dizer que ele é hoje um dos maiores humoristas do Brasil

Entrevista e Foto: Rômulo Seitenfus

Ele veste roupas compradas na sessão infantil – e diz isso sem cons-trangimentos. Afinal, como ele mes-mo reconhece, teve que aprender a tirar sarro de si próprio para aceitar--se como é – e sentir-se aceito pe-los outros também. De quebra, nesse processo de olhar para si com mais leveza, se transformou em humorista profissional de mãos (ou gargalhadas) cheias. Escrevo sobre Bruno Motta, um dos maiores astros da chamada stand up comedy no Brasil.

Bruno subiu ao palco para seu primeiro festival como comediante em 1998 e, desde então, não parou mais. Em 2003, alcançou um feito histórico – e um tanto quanto malu-co – que o colocou ainda mais em evidência: recorde de maior show já feito, com duração de mais de 38 horas, o que lhe rendeu reconheci-mento no Guinness Book.

Nesta entrevista, o comediante e humorista que participa assidua-mente de programas de humor na televisão brasileira conta que os pri-meiros sintomas de graça surgiram ainda na infância.

“Eu sou baixinho e tive de ser en-graçado para sobreviver socialmente. As crianças que ficam na margem têm de ser engraçadas ou não so-brevivem à escola. Faço teatro des-de pequeno; era responsável pelas apresentações do colégio, então isso vem desde sempre. Mas, você pode imaginar, tive de fazer os outros ri-rem, como ainda faço. Olha o meu tamanho! Foi mais fácil vencer o Guinness Book do que encontrar roupas do meu número”, brinca.

Sobre o recorde, aliás, Bruno é sarcástico quando questionado a res-peito das dificuldades para vencer.

“Foi fácil! Eu fiquei 38 horas falan-do sem parar. Você começa a falar e só termina 38 horas depois... Mas tem de ser engraçado e as pessoas têm de estar rindo”.

Pergunto, em seguida, se é a ne-cessidade de integração e aceitação da sociedade que move o humorista a fazer as pessoas rirem. “Claro. Você acaba desenvolvendo isso até como mecanismo de defesa; é o que ocorre com todos os humoristas. O humor é uma saída; todo o comediante é o cara meio esquisito, é o gordinho, o feio ou o nerd que na infância teve de fazer algo para se relacionar”, diz.

“Isso ocorre para todos nós; é mui-to difícil haver um galã comediante, existem poucos deles engraçados no mundo e são os que faturam muito di-nheiro. Penso que até os galãs que são engraçados, como o Vladimir Brichta ou o Ryan Reynolds, tiveram algu-ma questão, algum problema quando crianças”, completa.

Sobre as influências que contri-buíram para a sua formação humo-rística, Bruno cita algumas de suas lembranças mais remotas. “A primei-ra coisa de comédia que assisti na vida foi o Agente 86, que era uma produ-ção do Mel Brooks na TV Bandeiran-tes. Meu tio era cinéfilo e foi quem me apresentou o Mel Brooks, então passei a adorar as comédias e depois fui as-sistir aos brasileiros, como o Jô Soa-res. Eu gravava os programas do Jô e do Chico Anysio; sempre gostei muito de comédia na TV”, relembra bruno.

E continua: “Trabalhei com o Chi-co Anysio. Ele me viu num festival e me chamou para fazer a Escolinha do Professor Raimundo. Eu fazia o Tico. Na época, a escolinha era dentro do programa Zorra Total. Também tenho muito orgulho de ter trabalhado em

uma turnê com o Zé Vasconcellos; o que o Zé e o Chico faziam no palco era incrível! Vi e aprendi com eles muita coisa bacana”.

Sobre os humoristas que o ins-piram hoje e a motivação para fa-zer humor, Motta fala de cotidiano e atualidade. “O Jô Soares é atual, assim como o Miguel Falabella, a El-len. O mundo gira e precisamos apre-sentar assuntos para a gente comen-tar. O Brasil é um prato cheio onde tudo acontece e estou sempre atento. Gosto e me inspiro no cotidiano, na atualidade. É bom ser atual, observar o que as pessoas falam; é isso que o público espera”.

Questiono Bruno, então, sobre o que ele pensa a respeito da censura do politicamente correto no Brasil, ou seja, sobre o fato de alguns te-mas estarem sendo colocados como proibidos para o humor – ainda que não judicialmente, mas pelo que se convencionou a chamar de opi-nião pública. “Que chato isso, não é? Não é somente no humor. O Brasil está mais chato, as novelas não po-dem tratar tudo o que elas querem.

Tenho amigos da televisão que falam que têm de tomar cuidado porque, se criarem um vilão com uma determi-nada profissão, como um médico, por exemplo, o sindicato vai reclamar. Somos só humoristas, não estamos armados”, posiciona-se.

E qual seria o limite de Bru-no? Ele diz seguir o bom senso. “O humor não tem limites, mas se apresentar na frente das pessoas tem. Qualquer espetáculo possui uma re-presentação artística e tenho consci-ência disso. Eu nunca tive problemas com processos judiciais, nunca me ocorreu um problema oficial porque lido bem com isso. Este microfone que você está vendo, também é uma arma de grande responsabilidade. O meu trabalho é feito também com res-peito e educação. Mas com a censura, não concordo”.

“O humor é uma saída; todo comediante é o cara meio

esquisito, o gordinho, o feio ou o nerd”

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CAPA

Quando o Brasil foi escolhido para sediar o Mundial, havia poucos motivos para ser contra a realização do evento; hoje, porém, a situação é outra e nos faz questionar a real utilidade de vultosos investimentos

COPA DO MUNDO E ECONOMIA: UMA REFLEXÃO PARA 2014

Por Pedro Henrique Evangelista Duarte*

Ao longo dos seis últimos anos, o Brasil vem se preparando para receber o que se convencionou chamar de “os mais importantes eventos do esporte mundial”. Desde o anúncio da realização, pela se-gunda vez, da Copa do Mundo de futebol no país e da primeira edição dos Jogos Olímpicos, a ser realizada em 2016, mui-to tem se especulado não apenas sobre a capacidade do Brasil de receber o even-to, mas sobre qual seria a lógica de um país com tantos problemas econômicos e sociais – tal como foi o caso da África do Sul em 2010 – empreender vultosos investimentos públicos em um evento de caráter totalmente privado.

Sobre o primeiro aspecto, creio que o debate transita mais pelo senso comum

do que por questões de qualquer relevân-cia. A precariedade do transporte público, a falta de estrutura nos aeroportos, a dificuldade de se encontrar pessoas que falem o idioma inglês e até o padrão brasileiro de tomadas são apontados como problemas de ordem estrutural que impe-dem o Brasil de receber um evento de caráter internacional. Não que estas não sejam questões relevantes – mas estão longe, bem longe, de impedir que o país seja sede de qualquer tipo de evento in-ternacional. Ou seja, não passa de intriga de uma oposição que, carente de debate político, lança mão de qualquer argumen-to no afã de fundamentar uma crítica pela crítica.

Já o segundo aspecto necessita de uma

avaliação mais pormenorizada – porque é ele que mostra que o problema é muito maior do que se pode imaginar. É exata-mente o aspecto sócio-econômico que nos conduz a refletir sobre o real sentido da Copa no Brasil – se é que há algum sen-tido nisso. E, para tentar encontrar res-postas, é preciso ir um pouco mais atrás.

Em 2007, ano do anúncio da realiza-ção da Copa do Mundo no país, a eco-nomia do Brasil ia bem. O ex-presidente Lula iniciava seu segundo mandato e o conjunto de políticas implementadas, mais especificamente a partir de 2004, começava a apresentar seus primeiros re-sultados. Em um ambiente de relativo crescimento e melhoria geral das con-dições econômicas, não havia ninguém

disposto a contestar o esforço do governo em trazer ao Brasil os mais importan-tes eventos do esporte mundial. Era a coroação de Lula como presidente mais popular do Brasil.

Ao final de seus mandatos, em 2010, Lula deixava a economia com uma taxa de crescimento média do PIB de 4% ao ano – valor baixo, mas considerável quando comparado com o pífio cresci-mento econômico do governo Fernando Henrique Cardoso -, queda de 5% da taxa de desemprego e de 16% na taxa de juros, além do acúmulo de reservas internacionais suficientes para saldar a dívida externa. Não havia motivos para se contestar a realização dos eventos.

Foto: Agência Brasil

Copa pra quê? É o que se perguntam os que hoje protestam contra a realização do evento

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No entanto, muita coisa mudou nos últimos três anos. O esquema monta-do pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para alcançar resultados que combinavam crescimento econômico com redução da desigualdade começaram a mostrar seu esgotamento. O primeiro pilar desse es-quema – crescimento da demanda e pre-ços internacionais das commodities – foi duramente afetado pelos efeitos da cri-se internacional, que estourou nos EUA em 2008 e rapidamente se espalhou pelo mundo. A estagnação tanto dos preços quanto da demanda externa reduziu subs-tancialmente nossas exportações, mesmo num momento de desvalorização da mo-eda que, por sua vez, criou um ambiente mais propício ao crescimento da inflação.

O segundo pilar – expansão do con-sumo interno fundamentado na expansão do salário mínimo, na distribuição de renda via política pública e na ampliação da concessão de crédito – chegou ao li-mite de suas possibilidades de expansão, deixando, então, de ser elemento primor-dial para puxar os investimentos. E, ao mesmo tempo em que o combustível da dinâmica econômica chegava ao fim, o governo empreendia vultosos investimen-tos na realização da Copa.

Para responder ao questionamento que surgiu a partir dessa contradição – por que investir em grandes eventos esporti-vos se a economia não vai mais tão bem assim? – o governo não se prendeu ao óbvio. Em vez de se justificar pelo com-promisso assumido, buscou no critério econômico, mais uma vez, suas respostas.

De um lado, não apenas os investi-mentos, mas os eventos em si, geram empregos – e a indústria da construção civil está aí para não deixar o governo mentir. De outro lado, não se tratam de “investimentos”, mas sim de “emprésti-mos”, que serão devidamente retornados ao governo com a arrecadação. Mas, uma vez aberta a caixa preta, as coisas não parecem tão simples assim.

Em relação à primeira justificativa, efetivamente, há ampliação de gastos e da demanda, o que leva a geração de empregos. No entanto, são fatores con-junturais, ou seja, uma vez finalizadas as obras, todo o conjunto de trabalhadores que conseguiram emprego por causa des-sas obras volta à fila do desemprego – assim como aqueles que, porventura, con-seguiram emprego no setor de serviços.

Em relação à segunda justificativa, pode até ser que os mais de 26 bilhões de reais investidos até agora para a re-alização da Copa do Mundo (o número pode, e certamente vai, crescer até junho do próximo ano) voltem aos cofres pú-blicos, mas dificilmente com a mesma velocidade com a qual saíram – e se voltarem. De modo que, se há benefí-cios, eles são de caráter conjuntural. O que nos faz pensar numa outra questão: Copa pra quê?

Do ponto de vista econômico, não consigo encontrar nenhum benefício di-reto. Claro, os investimentos realizados em infra-estrutura – especialmente os de transporte público, que pode ser consi-derado um dos principais problemas da economia brasileira – ficam para bene-fício posterior. Mas é certo também que não seria, de modo algum, necessário a realização de uma Copa do Mundo para que o governo investisse na ampliação e melhoria do transporte.

À parte isso, tenho dificuldades de entender por que um governo com ori-gem na esquerda, que se consolidou na política com apoio popular e que pontua a necessidade de superar as históricas desigualdades sociais que assolam a po-pulação de baixa renda, encontra canais tão simples para a realização de vultosos investimentos em mega eventos, mas não tem a mesma facilidade para combater a miséria e as desigualdades que assolam nosso país. A não ser que busquemos as justificativas no atendimento aos in-teresses do capital privado e das gran-des construtoras – interesses que foram atendidos pelo PT de forma tão ou mais eficiente que no período FHC.

Apesar de tudo isso, o ano de 2014 deve ser de calmaria. A realização da Copa do Mundo, mesmo com todos os problemas estruturais que devem aconte-cer – pudemos ver alguns deles esse ano, durante a Jornada Mundial da Juventude –, dará ao governo o respaldo popular para a manutenção no poder. O que não é pouca coisa num ano de eleição.

Em primeiro lugar, porque a economia, tal como em 2013, não deve apresentar resultados muito animadores: bastar ver a revisão das previsões para 2014, que apontam queda no crescimento do PIB e aumento das taxas de juros e da inflação. Em segundo lugar porque, no plano polí-tico, a oposição ao governo formada junto aos partidos de direita é de tal forma incompetente que se mostra incapaz de formular uma estratégia para, no mínimo, incomodar o atual bloco no poder. De modo que o ano de 2014 não será de grandes surpresas – a menos que o Brasil consiga vencer o torneio dentro de campo.

Recordo-me de uma conversa que tive com um amigo sul-africano, há dois anos, quando visitei Johanesburgo. Ao vi-sualizar um dos estádios construídos para a Copa, do alto de um prédio, perguntei a ele qual era a funcionalidade do está-dio. Ele, sem pestanejar, me respondeu que eles eram utilizados para a realização de grandes shows. E essa é a minha grande expectativa para o pós-2014: que os grandes shows no Brasil saiam do circuito Rio-São Paulo.

*Pedro Henrique Evangelista Duarte é professor de Economia Política da Univer-sidade Federal de Goiás

‘O QUE É DIFICULDADE PARA NÓS É OPORTUNIDADE PARA O INVESTIDOR’Para assessor econômico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo, Brasil está amadurecendo no processo de concessões à iniciativa privadaPor Guilherme Reis

Mudar o eixo da economia, do estimulo ao consumo para o investimento em infraestrutu-ra, é o principal desafio do governo brasileiro em 2014. E, para isso, o Brasil precisa apro-veitar a percepção favorável dos investidores privados quanto à realização de negócios de longo prazo no país. Foi o que apontou o assessor econômico da Federação das Indús-trias do Estado de São Paulo (Fiesp), Andre Rebelo, em conversa com a reportagem do Brasil Observer sobre os caminhos da econo-mia brasileira no ano que vem.“O Brasil está começando a ter experiên-

cias exitosas nas parcerias entre os setores públicos e privados”, afirmou Rebelo. “Tanto o governo quanto os investidores estão apren-dendo a fechar acordos favoráveis para ambas as partes. É um processo de concessões à iniciativa privada que ainda não tem 20 anos, mas que tem se mostrado cada vez mais con-sistente. Um exemplo recente foram os leilões dos aeroportos do Galeão e Confins. Espera-mos que isso configure um amadurecimento”, completou o assessor da Fiesp.Tal visão é compartilhada pela cúpula eco-

nômica do governo federal brasileiro. Pro-va disso foi a realização, em 2013, de três ‘road shows’ para apresentar os projetos de investimento no Brasil a investidores interna-cionais – em Londres, Nova York e Tóquio. Participaram dos eventos os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), além do presidente do Bando Nacio-nal de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Nas três ocasiões, foram destacadas as

oportunidades de investimento em projetos de infraestrutura, principalmente no que diz respeito a rodovias, ferrovias, portos e aero-portos. Como ressaltou Andre Rebelo a esta reportagem, “o que é dificuldade para nós é oportunidade para o investidor”, ou seja, “nossos gargalos”.

Explica-se: os investimentos em infraestru-tura são decisivos para reduzir o chamado custo Brasil, que prejudica a competitividade dos produtos brasileiros e faz com que boa parte do consumo interno seja abastecida via importações, afetando a produtividade nacio-nal.Por isso, o governo tem apostado nas con-

cessões à iniciativa privada para solucionar mais rapidamente os gargalos estruturais do país e pavimentar um novo ciclo de desen-volvimento. Desde setembro, por exemplo, foram leiloados quatro trechos rodoviários. O último deles, referente ao trecho da ro-

dovia BR-163 que corta o Estado do Mato Grosso do Sul, foi arrematado em dezembro pela Companhia de Participação em Conces-sões (CCR), que terá 30 anos para explorar o espaço, gerando investimentos da ordem de R$ 5,69 bilhões – a empresa deve administrar a rodovia e investir em serviços de recupe-ração, manutenção, conservação e duplicação.Em novembro, já haviam sido repassados

à iniciativa privada os aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, em Belo Ho-rizonte, em leilões que renderam uma arreca-dação de R$ 20,8 bilhões ao governo federal. No caso de Confins, o consórcio vencedor tem participação das empresas internacionais Zurich Airport International (24%) e Munich Airport International Beteiligungs (1%).Tais concessões fazem parte do Plano de

Investimento em Logística (PIL), lançado pelo governo federal em agosto de 2012. Em 2014, o maior desafio do PIL será o equacio-namento dos sistemas de portos e ferrovias. No setor ferroviário, o programa prevê inves-timentos de R$ 99,6 bilhões em construção e melhoramentos de 11 mil km de linhas fér-reas. Para o setor portuário, os investimentos estimados são da ordem de R$ 54,6 bilhões. Mais em www.logisticabrasil.gov.br.

Foto: Reprodução

Plano do governo prevê investimentos de R$ 54,6 bilhões para o setor portuário

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RUMO AO HEXA A Seleção Brasileira começa a sua ca-

minhada na Copa do Mundo no dia 12 de junho contra a Croácia, às 17 horas, em São Paulo. Cinco dias depois, joga contra o México, às 16 horas, em Fortaleza. E fe-cha a primeira fase em 23 de junho diante de Camarões, às 17 horas, em Brasília.Para o coordenador Carlos Alberto Par-

reira, os europeus serão a partida mais difícil da primeira fase. “É um partida isolada, de abertura da competição, para a qual o mundo todo estará com a atenção voltada. Por isso é fundamental vencer a Croácia, pois um grande passo será dado para a classificação”.Embora tenha escapado de um “grupo

da morte” no sorteio da Copa, o Brasil deve encarar grandes adversários nas parti-das eliminatórias. Caso se classifique para as oitavas-de-final, a seleção pode enfren-tar Espanha, Holanda ou Chile, que estão no Grupo B, que ainda tem a Austrália. Os dois primeiros são, respectivamente, o atual campeão e vicecampeão mundiais, enquanto que os chilenos estão confiantes que montaram sua melhor equipe desde a Copa de 1962.Caso avance, o Brasil pode encarar nas

quartas-de-final Colômbia, Itália, Uruguai ou Inglaterra. Os colombianos também vi-vem um bom momento futebolístico e de-vem se classificar em primeiro no Grupo C, uma chave que ainda conta com Costa do Marfim, Japão e Grécia. Uruguaios, italianos e ingleses, que estão no Grupo D (pela primeira vez uma chave da Copa tem três campeões mundiais) têm boas seleções e são equipes tradicionais nas Copas.Se confirmarem o favoritismo, Brasil e

Alemanha devem se enfrentar nas semi-finais. Os alemães, cabeças-de-chave do Grupo G, têm como adversários na pri-meira fase as seleções de Portugal, Gana e Estados Unidos. A França, que está no Grupo E (ao lado de Suíça, Equador e Honduras) é também uma possibilidade no caminho do Brasil nesta fase.E caso o time de Felipão passe por todos

estes desafios, pode cruzar com a Argen-tina na grande decisão. O time do quatro vezes melhor do mundo Lionel Messi deve se classificar com facilidade no Grupo F (com Nigéria, Bósnia-Herzegóvina e Irâ) e, se conseguir ir adiante até o final, poderia fazer uma inédita final contra o Brasil no Maracanã. Haja coração!

A CAMINHO DA COPA

A Seleção Brasileira fará apenas mais um amistoso antes da convocação oficial dos 23 jogadores para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014. A partida será con-tra a África do Sul, no dia 5 de março. Depois, o Brasil só deverá fazer mais dois testes (em 4 e 7 de junho) antes do jogo de abertura.O duelo contra os sul-africanos será a

última oportunidade para o técnico Luiz Felipe Scolari fazer observações, embora o comandante da seleção tenha poucas dúvidas sobre quem estará na lista final a ser anunciada em 7 de maio. Quem não entrar na lista de convocação para o amistoso contra a África do Sul dificil-mente constará na lista definitiva.No final de novembro, o treinador en-

viou uma lista prévia de 45 jogadores para a Fifa, mas deixou claro ter poucas dúvidas sobre seus futuros escolhidos. “Tenho a seleção 105% definida para Copa, tenho 25 jogadores e tenho que ti-rar dois”, declarou o treinador brasileiro.Se nada de extraordinário acontecer,

Júlio César será o goleiro titular e Je-fferson, o reserva. A terceira vaga de goleiro deve ficar entre Diego Cavalieri e Victor. Não existe dúvida para as la-terais: Daniel Alves, Maicon, Marcelo e Maxwell estarão na Copa. Já na defesa, resta uma dúvida sobre qual zagueiro deve ocupar a quarta vaga, disputada por Dedé, Marquinhos, Henrique e Réver. Garantidos estão Thiago Silva, David Luiz e Dante.Se não houver surpresas, Ramires,

Paulinho, Hernanes, Lucas Leiva, Luis Gustavo, Oscar e Bernard, no meio--campo, e Neymar, Hulk, Fred e Jô, no ataque, devem ser os anunciados, e assim restaria somente uma última vaga em disputa do meio para frente. Os dois principais postulantes são Willian e Ro-binho, enquanto Lucas, Kaká e Ronaldi-nho Gaúcho correm por fora.Além de ser veterano necessário a um

time repleto de jogadores que jamais disputaram uma Copa, Robinho ganhou a confiança de Felipão depois dos últi-mos amistosos (contra Honduras e Chile), tendo marcado um gol e participado de

outros dois. Willian fez um gol contra Honduras, tem atuado muito bem nas últimas duas temporadas na Europa e poderia ser um talentoso reserva.Se vier alguma surpresa na convoca-

ção, o mais provável seria a convocação desses dois jogadores. Mas nesse caso, seria descartado um nome do meio ou do ataque. Hernanes poderia correr esse risco, porque Paulinho e Ramires são ho-mens-chave de Felipão. No ataque, Fred é o centroavante titular, mas tem um sério histórico de lesões. Jô, seu reserva, não tem atuado bem no Atlético Mineiro e na equipe nacional.Quando também era técnico do Brasil,

Felipão surpreendeu com a inclusão de última hora de Kaká e Kleberson às vésperas da Copa-2002, contudo novas surpresas só devem aparecer em caso de lesão de um dos prováveis 23 seleciona-dos para a Copa de 2014.

OS HOMENS DE FELIPÃO A seis meses do pontapé inicial da Copa do Mundo, Seleção Brasileira já tem o time praticamen-te definido, restando poucas vagas em aberto; Mundial pode ter um histórico encontro entre Brasil e Argentina na final

Por Renato Brandão

Lista final dos convocados para a Copa do Mundo de 2014 será anunciada no dia 7 de maio

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A CAMINHO DA COPA

OS GRINGOS QUE SE PREPAREMTorcedores estrangeiros que forem ao Brasil para assistir à Copa do Mundo de 2014 certamente en-contrarão dificuldades, mas saldo deve ser positivo para aqueles que entrarem no espírito brasileiro

Por Antônio Veiga

A contagem regressiva para a Copa do Mundo Brasil 2014 atinge a mar-ca de seis meses para a competição. Agora, com os grupos definidos, o nó na garganta, a ansiedade e os questio-namentos quanto ao evento são ainda mais inevitáveis. Enquanto parte do foco se dirige para

o viés esportivo, com análises sobre os caminhos de cada time, outro se depo-sita na organização e nas preocupações com a chegada de milhares de pessoas ao maior país da América do Sul. Será que o Brasil está preparado?Otimistas encontram muitos motivos

para animação, confiando na receptivi-dade e na alegria do povo brasileiro. Argumentos também não faltam aos pessimistas, que sabem das dificuldades que os estrangeiros vão passar em um país de dimensões continentais e sérios problemas de infra-estrutura. Nenhuma destas análises está equi-

vocada. Certo é que, ao sediar a Copa do Mundo, vamos mostrar quem somos – para o bem e para o mal. E é justo afirmar que, para o gringo que for ao Brasil disposto a entrar no clima brasi-leiro, não haverá arrependimentos. O torcedor que for ao Brasil deve se

preparar, por exemplo, para dificuldades de locomoção. Apesar dos investimen-tos, os aeroportos sempre foram o “cal-canhar de Aquiles” do país e costumam sofrer em momentos de tráfego intenso. Os vôos invariavelmente são caros e a pontualidade não é o forte. O trânsito também é outra preocupação. O torcedor vai precisar se dirigir com antecedência aos jogos, diferente do que costumam fazer na Europa, como se sabe. Outro medo comum dos viajantes que

vão ao Brasil é a segurança. E por melhor que esteja o esquema policial, é provável que alguns turistas vivam experiências que não aquelas que sonha-vam antes de partirem para o país-sede da Copa de 2014. Afinal, assaltos e fur-tos acontecem em eventos desse porte em qualquer lugar do mundo. O clima também irá mexer com a

cabeça e a saúde do turista. Em junho, durante o outono, existem muitas varia-ções entre o clima do norte, nordeste e centro-oeste com o do sul e sudeste do país.Se comunicar será outro desafio. Cer-

tamente muita gente no Brasil se prepa-rou para este evento. A parte ligada a aeroportos, hotéis, restaurantes, comér-cio e serviços terá pessoas prontas para atender ao público – principalmente em inglês e espanhol. No entanto, nas ruas, não será tão

fácil contar com pessoas que falem ou-tros idiomas que não o português. Caso precise de ajuda, o visitante tem que se preparar para gesticular e ter muita pa-ciência. E será aí que ele perceberá que fez uma ótima escolha ao decidir ver a Copa ‘in loco’, no país do futebol.O brasileiro é um povo muito recep-

tivo e estará de braços abertos para a quantidade de pessoas que vai invadir o país pouco antes do chute inicial, dia 12 de junho. O gringo disposto a enten-der nossa cultura verá que o brasileiro é muito bem humorado e que fará de tudo para ajudar o estrangeiro e deixar uma boa impressão. A riqueza da cultura brasileira certa-

mente saltará aos olhos de quem seguir a sua seleção. Viajando pelo país, será possível conhecer uma cultura popular

Torcedores ingleses e brasileiros interagindo na abertura oficial do Maracanã

muito diversificada, com características distintas em cada um dos doze Estados que receberão a Copa. A culinária, a música e as belezas naturais sem dúvi-das vão encantar os turistas. E como a Copa do Mundo não é

nada sem a bola rolando dentro de campo, nada melhor do que o país que respira este esporte de domingo a do-mingo para recebê-la. Quem visitar o país verá o quanto o povo é fanático e entendido do assunto. Portanto, tanto os otimistas quanto os

pessimistas têm motivos de sobra para contar nos dedos cada dia destes seis meses que faltam para a Copa. No ba-lanço final, deve deixar um gosto de saudade quando acabar – para o brasi-leiro e para o mundo.

INGLESES NO BRASILPouco antes do sorteio dos grupos, o técnico do

English Team, Roy Hodgson, disse que preferia cair no grupo da morte que jogar em Manaus, por causa do clima da cidade, que está no coração da Amazônia. A declaração não trouxe muita sorte. Pois os ingleses não somente disputarão uma vaga no grupo mais duro da Copa, como estrearão con-tra a tetracampeã Itália justamente em Manaus.

Após a estreia, aí sim as coisas ficarão mais tranquilas no aspecto climático. As partidas se-guintes da Inglaterra serão em São Paulo e Belo Horizonte, respectivamente. Cidades que já estão mais frescas no mês de junho e com um clima que não deve causar tanto estranhamento para o time de Rooney e companhia.

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CONECTANDO

Roda pelos noticiários duas ma-térias que traduzem muito do que São Paulo (e creio que boa parte das metrópoles brasileiras) se tor-nou nas últimas décadas.A recente aprovação de uma

lei que proíbe a realização de bailes funk em espaços públicos da cidade é reflexo fiel de como São Paulo se acostumou a re-solver seus “problemas” urbanos. Segundo relatos da Polícia Mili-tar, a concentração excessiva de jovens nesses locais seria respon-sável pelo aumento do consumo de drogas e outros crimes.Apesar de achar engraçado o

fato desse raciocínio nunca ser aplicado às baladas da Vila Olím-pia, nem a polícia e muito menos o poder público parecem atentar para a raiz do problema.Aliás, antes de prosseguir, vale

um parêntese. Na década de 1990, o aparato de segurança pública do Rio de Janeiro optou por proibir bailes funk, pelos mesmos moti-vos que a polícia paulista aponta. O resultado foi que os bailes mi-graram para onde o Estado não tinha acesso: as áreas controladas pelo tráfico de drogas. E o final da história todos nós conhece-mos… Os hits deixaram de ser músicas como o Melô da Felici-dade (eu só quero é ser feliz) e passaram a ser Morro do Dendê (aquele do filme Tropa de Elite).Em uma decisão arrogante e

preconceituosa, a Câmara dos Ve-readores da capital paulista man-dou para a sanção do prefeito a lei que proíbe bailes como esses em espaços públicos. Preconcei-tuosa porque ninguém sonha em proibir as festas de rua da Uni-versidade Mackenzie. Já a arro-gância fica por conta da ideia de que uma lei pode proibir uma manifestação cultural. Arte não é

aquilo que você acha que é arte. Goste ou não de funk, é um mo-vimento musical legítimo que tem centenas de milhares de adeptos.Ao mesmo tempo em que age

para salvar a moral e os bons costumes (dos outros, logicamen-te), a bancada do pau-oco (que não se restringe aos vereadores e comando da polícia, diga-se) tam-bém chora as mazelas sobre o vão livre do MASP.E esta é a segunda reportagem

que fiz menção no começo deste texto. A direção do MASP – res-paldada pela lógica policial que permeia o imaginário da bancada do pau-oco – afirmou que com o aumento de moradores de rua e de outros “problemas”, o vão do MASP precisaria ser gradeado.Acho desperdício de tempo ex-

plicar porque o maior vão livre do país não deva ser cercado por grades. Penso que a palavra “li-vre” ajuda a entender. Mas o que quero chamar a atenção aqui não é o problema de interpretação de texto. É a forma como nos habi-tuamos a resolver nossas questões urbanas.Nos dois casos a lógica é a

mesma: proibir. E estes dois casos são exemplos do dia, diga-se. Por aqui nos habituamos a entender o Estado como formulador de duas políticas: tutelar a vida alheia e a proibição. O primeiro ponto não é o foco de hoje. Já a lógica proi-bitiva rendeu um apelido a São Paulo: cidade proibida. Tenho a tese de que em vários

casos, quando o Estado resolve proibir ele opta na verdade por dar de ombros ao problema. É muito mais fácil criminalizar um determinado comportamento do que regulá-lo. Regular dá mais trabalho, requer gestão e políticas públicas. Proibir não. É bem mais

simples. Uma canetada e tudo está resolvido. E é óbvio que a repressão está reservada para os pobres. No caso, com a proibição dos

bailes, os funkeiros resolveram se encontrar no único espaço público que a juventude paulistana dis-põe em abundância: os shoppings centers.Aquelas caixas horrendas desti-

nadas exclusivamente ao consumo se tornaram o único lugar com infraestrutura mínima para receber um largo contingente de pessoas. E o simbolismo disso é espanto-so: em São Paulo (e em muitos outros lugares), o único espaço público que existe em quantidade minimamente suficiente para re-ceber a população é privado e destinado ao consumo.A quantidade de parques é in-

suficiente. O transporte de mas-sas também. Tudo que funciona minimamente bem na cidade está sob vigilância de câmeras e de agentes de segurança privada. Não é estranho que a ideia para resolver o “problema” do MASP seja cercá-lo de grades. E se não resolver, tropa de choque neles!Enquanto não acordamos para o

óbvio – que precisamos refundar São Paulo sob a égide do públi-co – precisamos de mais ativis-mo, mais gente na rua. Por isso, seria interessante ver um grande encontro de funkeiros no vão do MASP. Só não incentivo mais porque a chance deles receberem uma visita da tropa de choque é grande.

O QUE RESTA DO ESPAÇO PÚBLICO

Conectando é um projeto desenvol-vido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar global, ser ouvida e lida em diferentes par-tes do mundo. Mande sua história para nós! Saiba como participar entrando em contato pelo [email protected].

Por Rodrigo Salgado, de São Paulo*

*Rodrigo Salgado é editor, profes-

sor, advogado e mestre em Direito

Econômico –www.rodrigosalgado.com

Vão livre do MASP, na Aveni-da Paulista, corre o risco de

ser cercado por grades

COMO PARTICIPAR?

Foto: Embratur

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Brasil Observer

GUIDE

foto sxc.hu

BRAZILIAN LITERATURE IN ENGLISH 2013 marked a great year for showcasing Brazilian literature in the UK, so here Brasil Observer suggests seven books by Brazilian authors that you can now find in English. >> Read more on Pages 16 and 17

Já que 2013 foi um ano sem precedentes para a ex-posição da literatura brasileira no Reino Unido, o Brasil Observer lista sete livros de autores brasileiros que podem ser encontrados em inglês. >> Leia mais nas páginas 16 e 17

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16 brasilobserver.co.uk

SEVEN BOOKS TO HELP YOU DISCOVER THE BEST OF BRAZILIAN LITERATURE

L I T E R A T U R E

In October 2013, a troupe of excellent Brazilian writ-ers including Milton Hatoum, Ferréz, Adriana Lisboa, Ana Maria Machado and others arrived in the UK for the most important event in promoting contemporary Brazilian literature to British readers. Hatoum and many others, came to the idyllic setting of Snape Maltings in Suffolk for the first edition of FlipSide - an English ver-sion of the well-established International Literary Festival of Paraty (FLIP), an annual event in Brazil celebrating modern writing. Back in October, the creator of the project, Brit Liz

Calder, told us that her goal was “to make the riches of Brazilian literature more known and appreciated out-side of Brazil, as well as to encourage the exchange of ideas among Brazilian and writers of other nationalities”. FlipSide certainly delivered on this, bringing the best crop of Brazilian writers together with their counterparts including, Alex Bellos, Gareth P. Jones, Ian McEwan, James Scudamore, Will Self, and others.The festival was an unprecedented meeting, where

the British public could appreciate Brazilian literature in a comprehensive way and also see how the writer’s perspectives are connected with the rest of the world. To continue this sense of celebration of Brazilian writ-

ing (and to give some last minute Christmas ideas for those of you leaving it late!), the Brasil Observer have compiled a list of seven books by Brazilian writers that have recently been translated to English. If you have any other recommendations, we’d love to know, get in touch on Twitter @brasilobserver #brazilianliterature. Have fun and a good reading!

Blue Crow – This is the first book by Adriana Lisboa to be published in the UK. The novel is about our sense of belonging in times of modern diaspora, where everything seems fragile. The book tells the story of the unlikely friendship between the young orphan Evangelina, illegal immigrant Carlos and the former guerrilla-man Fernando. Together they go in search of fragments Evangelina’s life in the hope of helping her find her father. £ 11.69 - http://goo.gl/FyctMs.

All Dogs are Blue – Divided into four parts, in this novel the writer Rodrigo de Souza Leão tells the story of a man’s hospitalization in a mental institution, his subsequent release and foundation of a new religion. Told from the point of view of the patient, the author presents a vision of society, fam-ily, politics and the treatment of the mentally ill. Originally released in Brazil in 2008, the book was published in the UK by And Other Stories in 2013, translated by Stefan Tobler and Zoë Perry. £ 10 - http://goo.gl/dqE1y4.

Silence River – This is the work of the first living Brazilian poet to be published in the UK, Antonio Moura, who presents a mix of poetry and philosophy. The idea of the edition, which is bilingual, started when the book was translated into English by Stefan Tobler to compete for the John Dryden prize, (a UK-based award for foreign authors translated into English), which it went on to win and the resulting work is highly engaging.£ 8 - http://goo.gl/UqtbPb.

Other Carnivals: New Stories from Brazil Edited and translated by historian and translator Ángel Gur-ría-Quintana, the book is a collection of 12 tales from some of the most important contemporary Brazilian authors: Milton Hatoum, Bernardo Carvalho, Tatiana Salem Levy, Cristovão Tezza, Beatriz Bracher, Andrea del Fuego, Marcelino Freire, Ferréz, João Anzanello Carrascoza, André Sant’Anna, Adri-ana Lisboa and Reinaldo Moraes. The short stories offer a broad portrait of Brazilian society and way of life in many parts of the country, through a perfect mix of comedy, tragedy, beautiful and surreal situations. To buy: £ 14 - http://goo.gl/hCRXDd.

If I Close My Eyes Now – Making his literary debut, Ed-ney Silvestre creates a thrilling and moving story, full of refer-ences to one of the most important moments of Brazil’s politi-cal and cultural life during the 1960s. The starting point is the discovery of a mutilated body by two 12-year-old boys, which leads them to an investigation that reveals that nothing is quite what it seems. £ 10.34 - http://goo.gl/3h2iCf.

Stones Against Diamonds - Lina Bo Bardi (1914-1992) was an architect, designer and thinker whose work stretches from buildings to furniture, stage and costume design, urban planning, curating, teaching and writing. This is the first an-thology of her writings in English and includes texts written while living in Italy, as well as her numerous contributions to Brazilian newspapers. £ 15 - http://goo.gl/npu2uU.

My Formative Years - Written by the politician, diplomat, writer and member of the Brazilian Academy of Letters, Joaquim Nabucco, one of the greats of the abolitionist move-ment, this book was first published in 1900. Here the author freely discusses the key moments in his intellectual, political and diplomatic life, narrating his experience abroad and the marked influence that countries like England, the U.S. and France, where he lived for considerable time, had on his life. To buy: £ 12.99 - http://goo.gl/4xP56y.

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L I T E R A T U R A

SETE LIVROS DE ESCRITORES BRASILEIROS PARA LER EM INGLÊS

Quando desembarcaram no Reino Unido, em outubro de 2013, escritores brasileiros do porte de Milton Ha-toum, Ferréz, Adriana Lisboa, Ana Maria Machado, entre outros, estava consagrado o ano mais importante para a exposição da literatura brasileira contemporânea em terras britânicas. Tratava-se da primeira edição da FlipSide, ver-são inglesa da já tradicional Festa Literária Internacional de Paraty, a FLIP, que acontece todo ano no Brasil. Na ocasião, a idealizadora do projeto, a britânica Liz

Calder, nos disse que seu objetivo era “fazer com que as riquezas da literatura brasileira sejam mais conhecidas e apreciadas fora do Brasil, assim como encorajar o inter-câmbio de ideias entre escritores brasileiros e de outros países”. Dito e feito: a FlipSide colocou os escritores brasileiros frente a frente com autores como Alex Bellos, Gareth P. Jones, Ian McEwan, James Scudamore, Will Self, entre outros. Foi, sem dúvida, um encontro inédito, onde o público

pôde apreciar a literatura brasileira de forma abrangente e conectada com o mundo. Para resgatar esse clima e divulgar o trabalho de escritores brasileiros no Reino Unido, o Brasil Observer fez uma lista com sete livros ‘brazucas’ que podem ser encontrados por aqui em inglês. Se você tiver alguma dica de leitura, escreva para nós pelo Twitter @brasilobserver #brazilianliterature. Divirta--se e boa leitura!

Crow Blue – Primeiro livro de Adriana Lisboa a ser pu-blicado no Reino Unido, obra em português tem o nome de ‘Azul-Corvo’. Trata-se de um romance sobre pertencimento em tempos de diáspora moderna, onde tudo parece frágil e os sentimentos, movediços. O livro conta a história da imprová-vel amizade entre a jovem órfã Evangelina, o imigrante ilegal Carlos, de apenas nove anos, e o ex-guerrilheiro do Araguaia Fernando. Juntos, partem em busca de fragmentos do passado de Evangelina que a conduzam ao pai. Para comprar: £ 11.69 - http://goo.gl/FyctMs.

All Dogs are Blue – Neste romance, dividido em quatro partes, o escritor Rodrigo de Souza Leão conta a história do protagonista desde sua internação em um hospício até a sua saída e a fundação de uma nova religião. O autor apresenta, através do ponto de vista do paciente, uma visão da sociedade, da família, da política e do tratamento dado aos internos dos hospícios. Lançado no Brasil em 2008, o livro foi publicado no Reino Unido pela And Other Stories em 2013, com tra-dução de Zoë Perry and Stefan Tobler. Para comprar: £ 10 - http://goo.gl/dqE1y4.

Silence River – Primeiro poeta brasileiro a ser publicado vivo no Reino Unido, Antônio Moura traz neste livro uma mis-tura de poesia e filosofia. A ideia da edição, que é bilíngue, começou quando o livro foi traduzido para o inglês, por Stefan Tobler, para concorrer ao prêmio John Dryden, que existe na Inglaterra especialmente para autores estrangeiros traduzidos para a língua inglesa – a tradução para o inglês ganhou o prêmio, então a editora interessou-se em publicar o livro. Para comprar: £ 8 - http://goo.gl/UqtbPb.

Other Carnivals: New Stories from Brazil – Editado e traduzido pelo historiador e tradutor Ángel Gurría-Quintana, o livro reúne 12 contos de alguns dos mais relevantes autores brasileiros contemporâneos: Milton Hatoum, Bernardo Car-valho, Tatiana Salem Levy, Cristovão Tezza, Beatriz Bracher, Andrea del Fuego, Marcelino Freire, Ferréz, João Anzanello Carrascoza, André Sant’Anna, Adriana Lisboa e Reinaldo Mo-raes. São contos que oferecem um amplo retrato da sociedade brasileira e do modo de vida em diversos cantos do Brasil, em uma mistura de comédia, tragédia, beleza, tristeza e situações surreais. Para comprar: £ 14 - http://goo.gl/hCRXDd.

If I Close My Eyes Now – Em sua estreia literária, Edney Silvestre constrói uma trama eletrizante e comovente, repleta de referências a um dos momentos mais importantes do cená-rio político e cultural do Brasil e do mundo, os anos 1960. O ponto de partida é a descoberta por dois garotos de 12 anos de um corpo mutilado, o que leva os dois personagens a uma investigação que vai revelar que no Brasil nada é exatamente o que parece. Para comprar: £ 10.34 - http://goo.gl/3h2iCf.

Stones Against Diamonds – Lina Bo Bardi (1914-1992) foi uma arquiteta, designer e pensadora cuja obra se estende pela arquitetura, mobiliários, palco e figurino, planejamento urbano, curadoria, ensino e escrita. Esta é a primeira anto-logia em inglês de seus escritos e inclui textos de quando ela ainda morava na Itália, bem como suas contribuições pos-teriores a uma série de jornais e revistas brasileiros. Para comprar: £ 15 - http://goo.gl/npu2uU.

My Formative Years – Livro de memórias escrito pelo po-lítico, diplomata e escritor membro da Academia Brasileira de Letras Joaquim Nabuco, um dos grandes nomes do movimento abolicionista, publicado em 1900. Neste livro, o autor aborda livremente fatos de sua vida intelectual, política e diplomática. Ele narra sua experiência no exterior e as influências marcan-tes de países como a Inglaterra, os EUA e a França, nos quais viveu por tempo considerável. Para comprar: £ 12.99 - http://goo.gl/4xP56y.

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BEST TRACKSBetter Days Edward Sharpe and the Magnetic Zeros Bitch Don’t Kill my Vibe Kendrick LamarTogether The XXF For You DisclosureGlobal Concepts Robert DeLongLose Yourself To Dance Daft PunkRoyals LordeSafe And Sound Capital CitiesStrong London GrammarWhy’d You Only Call Me When You’re High? Arctic Monkeys

BEST MOVIES Before Midnight Richard LinklaterArgo Ben AffleckThe Bling Ring Sofia CoppolaBlue Jasmine Woody AllenFrances Ha Noah BaumbachDjango Unchained Quentin TarantinoGravity Alfonso CuarónNo Pablo LarraínBlue Is The Warmest Colour Abdellatif KechicheRio 2096: A Story of Love and Fury Luiz Bolognesi

BEST CONCERTS Queens of the Stone Age @ Lollapalooza Brasil (São Paulo - Brazil)The XX @ Popload Festival (São Paulo - Brazil)Tame Impala @ Circo Voador (Rio de Janeiro - Brasil)Racionais MC’s @ Virada Cultural (São Paulo - Brazil)Two Doors Cinema Club @ Lollapalooza Brasil (São Paulo - Brazil)

BEST ALBUMS AM Arctic MonkeysBad Blood BastilleEletro FUN Farra Coutto OrchestraDear Miss Lonelyhearts Cold War KidsSábado CíceroCriolo & Emicida Ao Vivo Criolo e EmicidaSettle Disclosure

BEST BOOKSHow to Thrive in the Digital Age Tom ChatfieldWhere Good Ideas Come From: The Natural History of Innovation Steven JohnsonThe Power of Habit Charles Duhigg

ONES TO WATCH IN 2014AfroElectro (listen to Pra Sonhar)George Ezra (listen to Budapest)Sam Smith (listen to Latch)Saint Raymond (listen to Fall At Your Feet)Thalles (listen to Everybody Dies)

NINETEEN EIGHT-FOUR

E OS MELHORES DE 2013 SÃO...

# B E S T O F 2 0 1 3 By Ricardo Somera / Por Ricardo Somera

Eu adoro listas de melhores e piores do ano! Fico o ano inteiro esperando pela última edição do ano do jornal para fazer a minha. Mas, em 2013, fazer uma lista só com o que foi produzido ou exibido no próprio

ano me parece coisa do século passado! Dois bons exemplos que reforçam minha idéia: 1) o single ‘Ding-Dong! The Witch Is Dead’ (1939), do filme O Mágico de Oz, entrou na lista dos mais vendidos em pleno ano de 2013 após a morte da dama de ferro Margaret Tatcher; 2) com as revelações de Edward Snowden sobre a espionagem dos EUA em alguns países do mundo (inclusive o Brasil), o livro 1984, de George Orwell, teve um crescimento de vendas de mais de 7.000% no site da Amazon (detalhe: o livro é de 1949).Por esses dois bons motivos a minha lista tem músicas, álbuns e filmes de outros

anos, mas que só conheci em 2013 e são atemporais como o livro que nos apre-sentou o Big Brother. Eu sei, eu sei... Tem sempre aquela pessoa que pergunta “por que está faltando

o álbum do Vampire Weekend?” ou diz “‘Latch’ é melhor que ‘F For You’ (ambas do Dislosure)!”. Pode até ser para você, caro leitor, mas não pra mim! E o álbum da Anitta também pode ser melhor do ano, mas eu não escutei... Então eu digo (ou melhor, escrevo): vamos compartilhar nossas listas! Talvez eu

descubra um novo 2013 que não deu tempo de experimentar nos últimos 365 dias. Vai lá @brasilobserver #bestof2013.

I love end of year rankings for the best and worst things we have been reading, watching and doing! All year, I look forward to the opportunity to compile my own list in the last edition of the year.That being said, the process was not easy, given all that has been produced and

exhibited in 2013, it’s a quite impossible to cover everything, there’s almost enough to fill a decade, so without further ado, let’s get to business… It has been a year of brand new creations, revivals and the passing of icons, which

have affected our popular culture. For example, the death of Margaret Thatcher in the summer of 2013 led to the single, ‘Ding Dong the Witch is Dead’, first recorded in 1939 to be one of the most downloaded songs of the year. Secondly, the revelations of Edward Snowden over the NSA surveillance, led to

a resurgence in sales of George Orwell’s book 1984, sales were up by more than 7.000% on Amazon website.So, with these examples in mind, my ranking has songs, albums and movies that

might not have been released this year, but have become well known, or grown in significance.I know, there will always be people who disagree, who ask “why is the Vampire

Weekend album not on the list?” or “‘Latch’ is better than ‘F Four You’!” You’re entitled to your own best of 2013, but that’s just not for me!So I say: lets share our lists! Perhaps we’ll discover something new in the final

weeks of 2013 that we haven’t had the time to experiment or see in the last 365 days. Tweet us @brasilobserver #bestof2013.

AND THE BEST OF 2013 ARE...

The XX playing in Brazil / Photo: I Hate Flash

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TRAVEL

TOP 10 DESTINATIONS FOR 2014

TOP 10 DESTINOS PARA 2014

Brazil is in first position according to the hot-off-the-press list compiled by Lo-nely Planet magazine of Top 10 travel des-tinations in 2014. Some would argue that it is only pretty obvious, since Brazil is hosting the World Cup next year. But be-sides this, the magazine says that “Brazil’s diversity will leave you slack-jawed”, stres-sing the magic of destinations like Rio de Janeiro, Lençóis Maranhenses, Ouro Preto and Bonito.After Brazil, the glaciers of Antarctica

come second, according to the magazine, the icebergs, glaciers and pristine moun-tains, will dazzle you plus you can watch penguins playing. Here you can visit a primitive continent to follow the path of other intrepid explorers, but with all tourist

support the comforts. The third place is occupied by Scotland

and justified by Glasgow as host of the Commonwealth Games, which means new investments in infrastructure in the city. Se-veral other events will take place there next year, as the European Festival of Brass 2014 in Perthshire, the orienteering cham-pionship around the Scottish castles and the Whisky Festival in May. Not to mention the biggest event to take place in Sctoalnd for centuries: the vote on independence?See the full list in the box and search

for an unusual destination for 2014! To learn more, visit http://goo.gl/ODfoqG. And tell us where you are planning to go in 2014 @brasilobserver #2014travel.

O Brasil ocupa a primeira posição da lista recém divulgada pela revista espe-cializada Lonely Planet dos 10 melhores destinos de 2014. Há quem diga que o primeiro lugar do ranking é um pouco óbvio, considerando que o país é sede da Copa do Mundo do próximo ano. Mas, para além desse detalhe, a revista diz que “a diversidade do Brasil vai deixar você de queixo caído” e destaca destinos como Rio de Janeiro, Lençóis Maranhenses, Ouro Preto e Bonito.Em seguida ao Brasil, as geleiras da

Antártica ocupam a segunda posição. De acordo com a revista, você vai se deslum-brar com os icebergs, as geleiras e mon-tanhas inexploradas, além de assistir aos pinguins brincando. Visitar um continente primitivo - que não tem uma população indígena e não é realmente um país - em

2014 é uma oportunidade de seguir o ca-minho de outros intrépidos exploradores, mas com todas as comodidades e conforto.O terceiro lugar é ocupado pela Escó-

cia e é justificado por Glasgow sediar o XX Commonwealth Games, o que signifi-ca novos investimentos em infra-estrutura na cidade. Além disso, destacam-se outros eventos que acontecem no próximo ano como o European Festival of Brass 2014, em Perthshire, e o Whisky Festival, em maio. Vale lembrar que, em 2014, a po-lítica também será foco das atenções na Escócia: ser ou não ser independente?Confira no box a lista completa e busque

um destino inusitado para 2014! Para saber mais, visite http://goo.gl/ODfoqG. E nos diga para onde está planejando viajar no ano que vem pelo Twitter @brasilobserver #2014travel.

Photos: Divulgation

Glasgow (Scotland) Antarctica Lençóis Maranhenses (Brazil)

Photos: Divulgation

Glasgow (Scotland) Antarctica Lençóis Maranhenses (Brazil)

1. Brazil

2. Antarctica

3. Scotland

4. Sweden

5. Malawi

6. Mexico

7. Seychelles

8. Belgium

9. Macedonia

10. Malaysia

BEST IN TRAVEL 2014 TOP 10 COUNTRIES

1. Brazil

2. Antarctica

3. Scotland

4. Sweden

5. Malawi

6. Mexico

7. Seychelles

8. Belgium

9. Macedonia

10. Malaysia

BEST IN TRAVEL 2014 TOP 10 COUNTRIES

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GOING OUT

Roll up! Roll up! For one very special night only Floripa is turning into a Big Top for a spectacu-lar New Year’s Eve party that will guarantee to delight and thrill. Featuring Yendva Yendva, Miss Luna Peach, DJ Ross Clarke AKA The Ringmas-ter, DJ Deany Seagulls AKA The Magician.

For all those looking for a special a post-Xmas fiesta Baila Con Dios returns to the Lockside Lounge for with the freshest tropical & carnival party beats, rhythms from Latin America to the Caribbean and Africa with a contemporary urban and electronic twist.

‘Quintal do Samba’ is an exciting blend of English and Brazilian musicians living in London, set in a traditional “Roda de Samba” (Circle of Samba) you can expect to hear a variety of music from the roots of Rio de Janeiro through to Bill Withers and Amy Winehouse and lots in-between.

Virtuoso pianist and guitarist, and a seminal figure in contem-porary Brazilian culture, Egberto Gismonti is the composer of an extraordinary body of music, reflected in a long associa-tion with ECM Records. His charismatic solo performances meld uplifting, exuberant rhythms with heart-stopping melody.

Rich Mix will be once again be seeing in the New Year with a pulsing backdrop of heavy carnival rhythms and vibrant Latin/Tropicalista beats. This year’s lineup is host-ed by award winning Latin events promoters Movimien-tos’ DJ Cal Jader, alongside the mighty Russ Jones aka. the Hackney Globe Trotter plus new recruit Globoloco’s DJ Karamel.

Where Floripa / Tickets £15 advance >> floripalondon.com

Where Lockside Lounge (Upper Walkway, Camden,

NW1 8AF) / Tickets £3 before 12am - £5 after>> movimientos.org.uk

Where Ronnie Scott’s Jazz Club / Tickets £10 >> soundsdobrazil.com

Where Rich Mix /Tickets £15 adv - £20 door>> richmix.org.uk

Where Queen Elizabeth Hall /Tickets from £35>> southbankcentre.co.uk

December 31, 2013

December 27, 2013

December 22, 2013

December 31, 2013

February 27, 2014

CIRCO DE FLORIPA T R O P I C A L I S T A N Y E P A R T Y

Quintal do Samba

BAILA CON DIOS

Egberto Gismont

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MIND & SOUL

Lunation of Sagittaruis By Clarice Valente, Deise Fields e Bruja Leal

No we are approaching the last lunar cycle of the year - the Luna-tion of Sagittarius, the sign of the Archer: half man, half horse, his hooves make it easy to reach distant and inhospitable places, both physi-cal and mentally. The movement can brign great pleasure to your life, the archer gives you the ability to aim the arrows of your desires directly to future achievements.

On December 12th, the moon grows in Aries, doubling it’s fire-power. If you are a Gemini, the Full Moon, on the 17th, makes it a time to rationalise and decide. The moon begins to wane on Christmas Day - for Libras this brings balance until the 31st, closing the cycle. For all star signs, the sky opens the year with the new moon in Capricorn, which enhances organisation.

It is beneficial to think that emo-tions, during the count down to the end-of-year are not our focus, and that they will be improved by the or-ganisational rulership of Capricorn.

In the early days of the new year we’ll be influenced by moments of ten-sion in the sky, which won’t always be easy. Many planets, that govern and influence the 12 sun signs, are in uncomfortable and conflicting aspects in the form of squares*. This will bring disorder, challenges and changes in both personal and social issues.

Pay special attention to possible setbacks on this New Year’s Eve. The tip is: try to remain calm and breathe deep, try and find outdoor physical activities and go dancing. The transitions of the year are naturally mo-ments of great expectation and mental activity. The important thing is to grow with the difficulties and obstacles, rather than stagnate in situations of conflicts; this will give you the opportunity to head to the future, much more prepared and healthy.

*This means the separation between planets at an angle of 90 degrees, or when two planets are separated by two signs

Lunação de SagitárioChegamos ao último ciclo lunar do ano – a Lunação de Sagitário, sig-no arquétipo do Arqueiro: metade homem, metade cavalo, suas patas o permitem chegar a lugares inós-pitos e longínquos, física e mental-mente. O movimento lhe proporcio-na imenso prazer; corre em posse de um arco, símbolo de sua capaci-dade de mirar as flechas da vonta-de para realizações futuras. Regido por Júpiter, aquele que presenteia seus influenciados com um senso de justiça própria. Planeta da prospe-ridade e conhecimento. No dia 12 de dezembro, a Lua cres-ce em Áries, dobrando seu poder de fogo. Ambos os signos pertencem a esse elemento. Lua cheia, dia 17, em gêmeos: momento de racionali-zar e decidir. A Lua começa a min-guar no dia de Natal – em Libra, equilibra a sensação familiar da data. E finaliza no dia 31, nova-mente em Sagitário, para fechar o ciclo. O céu abre o ano com a Lua nova de Capricórnio, que potencia-liza organização.É benéfico pensar que as emoções,

nesta Lunação de fim de ano, estão sobre o lombo de Sagitário e serão en-tão entregues a regência organizativa de Capricórnio. Na virada e primeiros dias do ano estaremos influenciados por momentos de tensão no céu. Muitos planetas, que regem e influenciam os 12 signos solares, estarão em aspectos não confortáveis e conflituosos na forma de quadraturas*, possibilitando per-turbações, desafios e mutações tanto pessoais quanto nas questões sociais, na coletividade. Atenção aos possíveis tropeços desta passagem de ano. A dica é mentalizar calma e respirar, fazer atividades físicas ao ar livre e sair para dançar. As transições de ano já são naturalmente momentos de muita expectativa e ati-vidade mental. O importante é crescer com as dificuldades dos obstáculos, em vez de estagnar em situações de conflitos circulares, e assim rumar com saúde integral ao futuro, muito mais preparado.

*Uma quadratura significa a separação entre planetas em um ângulo de 90 graus, ou quando dois planetas estão separados por dois signos

illustration: Clarice Valente

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FOOD

1) Line a medium bowl, (16 cm in diameter) with cling film. 2) Mix the co-coa powder into the milk then cut the panettone into thin 1cm slices, reserve a few and soak the rest them in milk with cocoa then use them to line the bottom and sides of the bowl. 3) Reserve a cup of the cream and whisk in the remaining cream until it is very thick, like Chantilly then layer about 2cm of cream over the soaked panettone and freeze until firm. 4) Cover with a 2cm layer of chocolate ice cream, then another layer of cream and return to the freezer. 5) Crumble the reserved slices of panettone and moisten the remaining milk with cocoa. 6) Melt 150g of the chocolate, add the chopped fruit and remaining cream and mix well. Pour the paste into the pie and return to the freezer for 6 hours. 7) Prepare the topping: Melt 200g chocolate and stir in ½ cup of double cream and refrigerate until it begins to harden. Beat in mixer until creamy. 8) Remove the pie from the mold and invert onto a nice serving dish. Cover with the chocolate cream and decorate with dried fruit and chocolate.

1) Forre uma tigela média de 16 cm de diâmetro com filme plástico; 2) Corte o pa-netone em fatias finas (reserve algumas fa-tias), umedeça-as no leite com cacau e forre o fundo e as laterais da forma; 3) Reserve uma xícara (chá) de creme de leite e bata o restante na batedeira em ponto de chantili; 4) Faça uma camada de 2cm de chantili sobre as fatias de panetone. Leve ao freezer até endurecer; 5) Sobre o chantili coloque uma camada de sorvete de chocolate e ponha novamente no freezer até endurecer; 6) Esfarele as fatias de panetone reservadas e umedeça no restante do leite com cacau; 7) Derreta 150 g de chocolate em banho-maria ou no micro-ondas; 8) Acrescente as frutas picadas, o chocolate derretido e o restante do creme de leite fresco. Misture bem até formar uma pasta; 9) Coloque sobre o sorvete de cho-colate, completando a forma. Leve ao freezer por 6 horas; 10) Prepare a cobertura: derre-ta 200g de chocolate em banho-maria ou no micro-ondas; 11) Misture a ½ lata de creme de leite e leve à geladeira até começar a endu-recer. Bata na batedeira até formar um creme; 12) Desenforme a torta e cubra com o creme. Decore com raspas de chocolate e frutas secas.

By Luciane Sorrino

Icy chrIstmas PIe torta gelada de Natal

Ingredients 1 Panettone 500g

1 cup milk1 tbsp cocoa powder300 ml double cream

300g chocolate ice cream200g mixed dried fruits

(walnut, apricot, cherry etc)350g milk chocolate, chopped

1/2 can of creme de leite (or substitute with creme fraiche)

Ingredientes 1 panetone de 500 g1 xícara (chá) de leite1 colher (sopa) de cacau em pó300ml de creme de leite fresco300g de sorvete de chocolate200g de mix de frutas secas picadas (nozes, damasco, cereja etc)350g de chocolate ao leite picado1/2 lata de creme de leite

P R E P A R A T I O N P R E P A R A Ç Ã O

Casa Brasil would like to wish all Brazi-lians in London and English readers who love Brazil a great holiday season, with a Christmas full of delights and a bright New Year!

At this time, it is only natural that we would like to be near our family in Brazil, but for many our duties come before our dreams.

Besides, there is always the opportunity to celebrate with close friends, family who live here or even the ones who make it to London for a holiday.

For all these occasions and gatherings, Casa Brasil is the place to buy everything you need to make your festive suppers tas-te like home. Come to our store next to Queensway tube station or shop online at

A Casa Brasil deseja a todos os bra-sileiros que moram em Londres um ex-celente fim de ano, com um Natal reple-to de delícias e boas vibrações, assim como uma passagem de ano iluminada!

Nesta data, gostaríamos de estar perto da nossa família no Brasil. Mas, muitas vezes, o dever nos chama e, pensando exatamente no bem de nossos familia-res, nos propomos a ficar por aqui.

De qualquer maneira, temos que festejar com os amigos mais próximos ou quem sabe até com algum familiar que mora por aqui ou que tenha vindo nos visitar.

Para todos os casos, a Casa Brasil é o lugar ideal para você comprar tudo o que precisa para a sua ceia. Venha à nossa loja do lado da estação Que-ensway do metrô ou acesse

casabrasilondres.co.uk

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Merry Christmas from Brazil!

Feliz Natal e boas festas!