25
#0011 FOTO: SÉRGIO VALE/SECOM www.brasilobserver.co.uk FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826 MAY 22 – JUN 4 READ IN ENGLISH UKstudy.com University Partners INVISTA NO SEU FUTURO PROFISSIONAL! FAÇA A SUA GRADUAÇÃO E PÓS NO REINO UNIDO COM A AJUDA GRÁTIS E HONESTA DA UKstudy! CONTATE [email protected] | www.ofertasukstudy.com.br | UKstudyBrazil DESLOCAMENTO DE HAITIANOS DO ACRE PARA SÃO PAULO GERA TENSÃO POLÍTICA, MAS PROBLEMA É MAIOR: PEDIDOS DE REFÚGIO NO BRASIL DOBRARAM EM UM ANO. COMO O PAÍS DEVE TRATAR O TEMA? >> Páginas 10 e 11 BUSCA POR BELEZA Por que cirurgia plástica é tão comum no Brasil >> Páginas 4 e 5 FESTIVAL LITERÁRIO FlipSide anuncia programação para edição 2014 >> Página 6 FOTO: REPRODUÇÃO FOTO: DIVULGAÇÃO

Brasil Observer #11 - Portuguese Version

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Pedidos de refúgio no Brasil dobraram em um ano. Como o país deve tratar o tema?

Citation preview

Page 1: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

# 0 0 1 1FOTO: SÉRGIO VALE/SECOM

www.brasi lobserver.co.uk

FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826MAY 22 – JUN 4

READ

INEN

GLISH

UKstudy.com University Partners

INVISTA NO SEU FUTURO PROFISSIONAL!FAÇA A SUA GRADUAÇÃO E PÓS NO REINO UNIDOCOM A AJUDA GRÁTIS E HONESTA DA UKstudy!

CONTATE [email protected] | www.ofertasukstudy.com.br | UKstudyBrazil

DESLOCAMENTO DE HAITIANOS DO ACRE PARA SÃO PAULO

GERA TENSÃO POLÍTICA, MAS PROBLEMA É MAIOR: PEDIDOS

DE REFÚGIO NO BRASIL DOBRARAM EM UM ANO. COMO O

PAÍS DEVE TRATAR O TEMA? >> Páginas 10 e 11

BUSCA POR BELEZA Por que cirurgia plástica é tão comum no Brasil >> Páginas 4 e 5

FESTIVAL LITERÁRIO FlipSide anuncia programação para edição 2014 >> Página 6

FOTO: REPRODUÇÃO FOTO: DIVULGAÇÃO

Page 2: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

1011

1213

14

1525

0809

REPORTAGEM DE CAPA

CONECTANDO

BRASIL OBSERVER GUIDE

PERFIL

COPA 2014

Brasil e os novos imigrantes

Especial cidades-sede: Cuiabá

A tradição resistente da Folia de Reis

Herança cultural e muito mais...

Ricardo Pereira: Vida dedicada à dança

16 - 17 18 2419 22 - 23

LONDON EDITION

EDITORA - CHEFE Ana Toledo [email protected]

EDITORES Guilherme Reis [email protected] kate Rintoul [email protected]

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach [email protected] COLABORADORES Bianca Brunow Dalla, Bruja Leal, Clarice Valente, Deise Fields, Gabriela Lobianco, Luciane Sorrino, Marielle Machado, Michael Landon, Nathália Braga, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt, Shaun Cumming, Wagner de Alcântara Aragão

PROJETO GRÁFICO wake up [email protected]

DIAGRAMAÇÃOJean Peixe [email protected]

DISTRIBUIÇÃO

BR Jet [email protected] Emblem Group [email protected]

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Atex Business Solutions [email protected]

BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos as-sinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reprodu-zidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

CONTATO [email protected] [email protected] 020 3015 5043

SITEwww.brasilobserver.co.uk

03

0405

06

EM FOCO

BRASIL NO UK

BRASILIANCE

Notícias que foram destaques na quinzena

Brasil: Superpotência da cirurgia plástica

FlipSide lança programação para 2014

Esta edição chega às ruas no dia 22 de maio, data de início das eleições para o parlamento europeu. Um dos debates mais evidentes sobre o pleito, principalmente no Reino Unido, tem sido a ascendência do partido ultraconservador UKIP, acusado de discurso xenófobo e racista. Neste momento, a questão imi-gratória na Europa entra em um ponto crucial: como será após essas eleições?No Brasil, ainda que em abrangência distinta, o mesmo tema está em destaque. E o momento para o debate é histórico: ao se transformar em terra de oportunidades, o país tem se tor-nado destino preferencial para imigrantes e refugiados de áreas vulneráveis do mundo. O governo bra-sileiro, porém, trata o assunto de maneira diferente, adotando medidas que facilitem a inclusão legal dos estrangeiros que chegam ao país, in-clusive com iniciativas que promovem a participação da sociedade na construção de políticas de migração, como é o caso da Comi-

grar, 1ª Conferência Nacional sobre Migrações e Refúgio, que acontece entre os dias 30 de maio e 1º de junho de 2014 em São Paulo – leia mais nas páginas 10 e 11.Ainda nesse tema, mas pelo aspecto cultural que pode ser re-tratado, confira a matéria de capa do Brasil Observer Guide, a partir da página 15, sobre o festival Brasiliance, organizado pela companhia de teatro StoneCrabs e que tem como foco a herança cultural dos brasileiros que vivem no Reino Unido desde as décadas de 60, 70 e 80.Faltando poucos dias para o início do Mundial de futebol, além do espe-cial Copa 2014 mostrar tudo o que acontece em Cuiabá (páginas 12 e 13), você também encontrará, na coluna Nineteen Eight-Four (página 18), informações e dicas de onde cair na festa em São Paulo.

Na próxima edição teremos novidades! Fique ligado!

E D I T O R I A L

IMIGRANTES: AQUI E LÁ Por Ana Toledo – [email protected]

16|17 CAPA DO GUIA

18 NINETEEN EIGHT-FOUR

19 GOING OUT

22|23 NEW CANVAS OVER OLD

24 MUSIC TO WEAR

Page 3: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

3brasilobserver.co.uk

EM FOCO

A Unidade Internacional de Ensino Superior do Reino Unido (UK Higher Education International Unit, em inglês) anunciou que 2,7 mil estudan-tes brasileiros de graduação, graças ao programa do governo federal Ciên-cia Sem Fronteiras, virão estudar em universidades bri-tânicas a par-tir de setembro deste ano. Essa entrada vai elevar o número de alunos do Brasil que vieram para o Reino Unido desde que o programa come-çou para 8,5 mil, incluindo estudantes de doutorado e pós-doutorado. O número cresceu bastante desde os 519 registrados na primeira leva, em Setembro de 2012, demonstrando a crescente popularidade do Reino Unido como destino.Vivienne Stern, diretora da UK Higher Education

International Unit, dis-se: “É excelente saber que tantos estudantes brasileiros talentosos esco-lheram o Reino Unido para estudar - e que o Reino Unido continua a ser o segundo destino mais popular do Ciência Sem Fronteiras. Esses alunos dão uma enorme contribuição para o caráter internacional de nossas universidades e, consequentemente, para a educação dos estudantes do Reino Unido através de oportunidades para aprender uns com os outros e formar amizades duradouras. O progra-ma também está desempe-nhando um papel importante

na formação de relações fortes entre as universidades do Reino Unido e do Brasil. Nós vemos isso como um trampolim para aumentar a colaboração em pesquisa e inovação, bem como a educação”.Já o Ministro da Ciência, David Willetts, afirmou: “O

Reino Unido é o des-tino mais popular do Ciência Sem Fronteiras depois dos Estados Unidos - demonstrando o apelo global de nossas universidades. Pesquisadores na Grã-Bretanha reconhecem os benefícios de trabalhar com o Brasil e es-tão desenvolvendo mais projetos em colaboração com os seus cientistas. Espero ver o Reino Unido construir e desenvolver essas relações, princi--palmente através do recém anunciado Fundo Newton, em apoio à exce-lência científica e desenvolvimento econômico sustentável do Brasil”.Mais de 85 instituições do Reino Unido participam regu-

larmente do pro-grama, que visa enviar 101 mil estudantes do Brasil para o exterior (dos quais até 10.000 virão estudar no Reino Unido) em cursos de graduação sanduíche, douto-rado sanduíche, doutorado pleno e pós-doutorado. As áreas abrangidas pelo programa são ciência, tecnologia, engenha-ria, matemática e indústrias criativas que se concentram no desenvolvimen-to tecnológico e inovador.

MOVIMENTOS INICIAM PROTESTOS PRÉ-COPA

Movimentos sociais que formam o coletivo Resistência Urbana iniciaram dia 8 de maio uma série de manifestações até a Copa do Mundo para reivindicar direitos sociais e questionar os gastos públicos com o evento. “É o lançamento da campanha ‘Copa sem povo, tô na rua de novo’, cujo objetivo é denunciar as políticas abusivas e antipo-pulares em relação à Copa do Mundo”, explicou Guilherme Boulos, integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Além do MTST, participam do pro-testo o Resistência Urbana, Movimento Popular por Moradia (MPM) e Movimento de Luta Popular (MLP). Também compõem a ação mais de mil militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).O protesto por moradia também faz parte da ação do movimento.

Os manifestantes, que fazem parte do Movimento Anchieta de Luta, reivin-dicam a construção de moradias pelo Programa Minha Casa, Minha Vida em um terreno de 68 mil metros quadrados, ocupado no bairro do Gra-jaú, na zona sul da cidade de São Paulo.As reivindicações do movimento são divididas em seis eixos, em

referên-cia à busca pelo hexacampeonato da Seleção Brasileira. No eixo mora-dia, eles pedem leis para o controle do valor dos aluguéis, a for-mação de uma Comissão Nacional de Prevenção de Despejos Forçados e mudanças no Programa Minha Casa, Minha Vida. Na área da saúde, os movimentos querem o fim dos subsídios aos

pla-nos de saúde, o fim das privatizações e 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para o sistema público.No transporte, pede-se a redução imediata das tarifas, a cria-

ção de um fundo federal para redução anual do valor das pas-sagens e tarifa zero com controle público. Para a educação, as reivindicações são a ampliação e construção imediata de creches, 10% do PIB para o sistema público e que a política de cotas e assistência estudantil seja permanente.No âmbito da Justiça, eles querem a formação de uma Comissão Na-

cio-nal da Violência do Estado contra a Periferia, a desmilitarização da Polícia Militar e o fim dos tribunais especiais e leis antimanifestação. Por fim, no eixo relacionado à soberania, eles pedem a garantia do

tra-balho informal durante a Copa, a prevenção efetiva da exploração sexu-al e pensão vitalícia para as famílias dos operários mortos e feri-dos du-rante as obras da Copa.

MILITARES DA DITADURA SÃO DENUNCIADOS

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro denunciou cinco mi-litares reformados pelos crimes de homicídio e ocultação do cadáver do ex-deputado Rubens Paiva. O crime foi cometido entre os dias 21 e 22 de janeiro de 1971, nas dependências do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 1° Exército, no Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, zona norte do Rio.Os cinco militares também foram denunciados por associação crimi-

nosa armada, e três deles, por fraude processual. O MPF denunciou o ex-comandante do DOI, general José Antônio Nogueira Belham, e o ex-integrante do Centro de Informações do Exército (CIE), coronel Rubens Paim Sampaio, por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadá-ver e associação criminosa armada. Foram denunciados por ocultação de cadáver, fraude processual e associação criminosa armada o coronel re-formado Raymundo Ronaldo Campos e os militares Ju-randyr Ochsendorf e Jacy Ochsendorf.O procurador da República Sérgio Suiama explicou que as ações

que resultaram na prisão e morte de Rubens Paiva se enquadram como cri-mes de Estado, praticados sistematicamente e de forma generalizada contra a população. Por isso, os crimes podem ser tipificados como de lesa-humanidade. Ele argumenta que não há prescrição porque são cri-mes cometidos contra a humanidade. Dessa forma, os praticantes não são beneficiados pela Lei da Anistia.A filha de Rubens Paiva, Vera Paiva, participou da coletiva no MPF

e dis-se estar agradecida pelo desfecho da denúncia. “Agradeço o privi-légio de estabelecer um marco como o Brasil tem tratado a violência de Esta-do”, declarou ela, citando o caso Amarildo como exemplo da permanên-cia da violência contra o cidadão.As investigações do MPF duraram cerca de três anos e envol-

veram a análise de 13 volumes de documentos. Foram tomados depoimentos de 27 pessoas.

ENTRADA DE BRASILEIROS NO REINO UNIDO PELO CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS É ANUNCIADA

FOTO: REPRODUÇÃO

Estudantes brasileiros na Brunel University London

Page 4: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

4 brasilobserver.co.uk

BRASILIANCE

‘BOOM’ DE CIRURGIAS PLÁSTICAS NO BRASIL PODE ROUBAR A CENA NA COPA?

É grande o temor de que as câmeras da imprensa brasileira e internacional foquem atenção

exagerada aos corpos que as mulheres brasileiras buscam por meio de cirurgias plásticas

O número de cirurgias plásticas re-alizadas no Brasil aumentou mais de 130% nos últimos cinco anos. O país conta agora com a maior taxa de proce-dimentos por habitante no mundo e fica atrás apenas dos EUA se considerado o número total de cirurgias plásticas. No ano passado, mais de 1,5 milhão de pro-cedimentos foram realizados. Lipoaspiração é o mais popular, seguido

de plástica na barriga e aumento dos seios. Ainda que não esteja entre os procedimen-tos mais comuns, o Brasil é também consi-derado o país no qual há maior quantidade de implantes de silicone nas nádegas. Ainda que o custo médio dos proce-

dimentos cosméticos tenha caído e que o número de brasileiros com capacidade econômica para pagar por uma cirurgia tenha aumentado, muitos parcelam os pa-gamentos em várias vezes para conseguir um ajuste estético – uma forma de pa-gamento bastante comum no Brasil para comprar bens de consumo, como roupas, equipamentos eletrônicos e carros. A prática de procedimentos estéticos me-

nores não é mais exclusividade dos cirur-giões plásticos, de acordo com o vice-pre-sidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e Medicina Estética, doutor Eduardo Costa Teixeira: “Cada vez mais pessoas en-tram no mercado, há dentistas fazendo bo-tox, fisioterapeutas fazendo cirurgias a lazer e lipoaspiração, porque a demanda existe”.A demanda que o Dr. Teixeira descreve

representa a cada vez mais comum busca por certo modelo de beleza que a mu-lher brasileira sente que deve alcançar. O cirurgião acredita que esta imagem pode não ser unicamente concebida no Brasil, já que o país segue tendências cosméticas que antes não eram regra no país: “Eu não sei se vem da cultura americana, não tenho certeza se é assim na Europa, mas o fato é que 20 anos atrás, a cada quatro operações de redução dos seios, uma era para aumentá-los. Agora, a cada cinco ou seis cirurgias para aumentar os seios, apenas é para reduzir”.

ECONOMIA DA BELEZAO resultado desse “boom” de cirur-

gias plásticas no Brasil pode ser cons-tatado nos corpos curvilíneos nas praias da zona sul do Rio de Janeiro, região com um dos metros quadrados mais ca-ros do mundo. Aqui, a beleza não está apenas nos olhos do espectador, mas também do patrão: “Uma mulher no Brasil têm muito mais oportunidades de ter uma vida melhor se for bonita,” diz a banhista Bruna, que mora no bairro do Catete, zona sul do Rio. “Empregadores realmente levam em

conta a aparência da mulher: eles são mais inclinados a contratar uma mulher bonita”, conclui Bruna, antes que sua amiga Juliana adicione: “Você pode dizer que olha uma mulher com a melhor das intenções, mas no final o que conta mesmo é a sua beleza. Uma cirurgia cosmética pode ser vista como um grande investimento, para conse-guir um emprego melhor ou um ho-mem com uma carteira mais recheada”. Na beira da praia de Ipanema, Cyn-

thia lista outras coisas que algumas mulheres do seu bairro fazem na bus-ca por este modelo de beleza. “Não são somente cirurgias estéticas, há dietas malucas, academias somente para mulheres e muitos salões de be-leza”. Cynthia insiste não estar caindo num estereótipo e vê o “boom” da cirurgia plástica diariamente: “Quem não fez quer fazer”. Para Cynthia, as mulheres brasilei-

ras chamam atenção fora das fronteiras nacionais devido à política de utilizar mulheres bonitas como marketing turís-tico. “As agências de turismo vendem esta imagem, particularmente do corpo da mulher brasileira, a imagem da mu-lher brasileira lá fora não é somente porque a mulher brasileira é bonita, mas porque ela foi usada desta manei-ra no marketing.”

FO

TO

: R

EPRO

DU

ÇÃ

O

Adidas foi forçada a interromper a produção de duas controversas camisetas inspiradas na Copa do Mundo

Por Alec Herron

Page 5: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

brasilobserver.co.uk 5

ENTRE GOLS E MUSASA imagem da mulher brasileiras fora

do Brasil e suas consequências fica-ram evidentes em fevereiro, quando a Adidas foi forçada a interromper a produção de duas controversas camise-tas inspiradas na Copa do Mundo, em meio a protestos públicos. A Adidas foi acusada de objetivar as mulheres brasileiras e até mesmo promover o turismo sexual, uma das grandes preo-cupações para o torneio deste ano.A blogueira e jornalista freelancer Ni-

cole Froio escreve regularmente sobre as dificuldades que a mulher brasileira enfrenta. Ela lamenta que a Adidas não tenha pesquisado o país que irá sediar a Copa do Mundo da FIFA, da qual a empresa alemã é patrocinadora princi-pal. “Falharam em todos os aspectos. Tentaram vender produtos nas costas das mulheres brasileiras, e este país foi construído sobre as costas das mulheres de várias outras maneiras. As mulheres aqui são duras trabalhadoras, apesar da sociedade machista”.Froio teme que as câmeras da im-

prensa brasileira e global foquem muita atenção aos corpos das mulheres brasi-leiras. “Durante o Carnaval [a impren-sa] foca, em grande parte, nos corpos femininos”, diz ela sobre a imagem da mulher brasileira além das nossas fron-teiras “Fora do Brasil tudo que importa são as nossas bundas”. O Brasil é um país diverso, cheio

de belezas culturais e naturais, além de sua igualmente diversa e linda população feminina. O que será mostrado pelas câmeras da mídia internacional duran-te o Mundial, nós ainda não sabemos. Os veículos de comunicação que estarão viajando pelo país nesta Copa do Mun-do poderão optar pelo fácil caminho de mostrar bundas nas praias e musas nos estádios – ou olhar com mais profundi-dade o país anfitrião do evento.

BRASIL: SUPERPOTÊNCIA DA CIRUTGIA PLÁSTICA

Ranking mundial

1º Estados Unidos – 1.094.1462º Brasil – 905.1243º China – 415.1404º Japão – 372.7735º Itália – 316.4706º México – 299.8357º Coreia do Sul – 258.3508º Índia – 207.0499º França – 191.43910º Alemanha – 187.193

As cirurgias mais populares no Brasil

g Lipoaspiração – 211 milg Aumento de mamas – 148 milg Abdominoplastia (retirada de gordura

do abdômen) – 95 milg Blefaroplastia (retirada de pele nas

pálpebras) – 90 milg Redução de mamas – 66 mil

Distribuição de cirurgiões plásticos no mundo

g Estados Unidos – 5.950 (21%)g Brasil – 5.024 (15,8%)g China – 2.000 (6,3%)g Japão – 1.831 (5,7%)g México – 1.518 (4,8%)

*Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (2011)

Page 6: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

6 brasilobserver.co.uk

BRASIL NO UK

FlipSide lança programação para 2014

Na quinta-feira dia 15 de maio foi realizado, na Embaixada do Brasil em Londres, o lançamento da segunda edi-ção inglesa da Festa Literária de Paraty (FLIP), a FlipSide, que em 2014 vai acontecer entre os dias 3 e 5 de outubro, em Snape Maltings, Suffolk.Neste ano, o foco é novamente a cul-

tura brasileira: literatura, artes, música, eventos para crianças, dança, demonstra-ções culinárias, capoeira e futebol estão entre as atividades programadas para esta celebração de um final de semana para toda a família. “Um marco na promoção da cultura brasileira no Reino Unido”, destacou Roberto Jaguaribe, Embaixador do Brasil no Reino Unido, no lançamento.Autores brasileiros, como Ana Maria

Machado, Daniel Galera, Michel Laub, Ta-tiana Salem Levy e Paulo Scott, encon-trarão Margaret Atwood, Michael Ondaa-tje, Kamila Shamsie, Lionel Shriver, Colm Tóibín e muitos outros para uma troca de experiência anglo-brasileira que irá iluminar os trabalhos e os leitores. Os duelos de tra-dução serão novamente a atração central da programação, conduzidos por Daniel Hahn, do Centro Britânico de Tradução Literária.A programação para adultos tem a

curadoria de Ángel Gurría-Quintana e do escritório de estratégia internacional da Universidade de Cambridge. Os eventos infantis estão sendo criados pela primeira vez com uma programação específica, com a curadoria de Sarah Odedina. Uma programação cheia de estrelas, incluindo Sally Gardner, Benjamin Zephaniah, So-corro Acioli e Ellie Taylor.

Para o Embaixador do Brasil no

Reino Unido, Roberto Jaguaribe,

versão inglesa da Festa Literária de

Paraty é “um marco na promoção da

cultura brasileira no Reino Unido”

ARTE MÚSICA E DIVERSÃO

Uma exposição de arte brasileira será exibida pela Escala – Coleção de Arte Latino Americana de Essex. E a música vai desempenhar um papel de liderança no festival, apresentando bandas de cho-ro e forró ao longo das duas noites mu-sicais. Na noite de abertura, sexta-feira dia 3, haverá uma grande festa; na noite de sábado dia 4, o Snape Maltings Con-cert Hall vai ser o palco para concerto de um artista brasileiro cuja identidade ainda será revelada pelos organizadores. Além disso, apresentações e oficinas

de Capoeira fazem parte da programação. Durante todo o fim de semana, o festival contará com um mercado de rua brasileiro que oferecerá comida, bebida, artesanato, obras de arte e muitas outras atrações.

5 DE OUTUBRODIA DE ELEIÇÃO

Dia 5 de outubro será realizado o pri-meiro turno da eleição para presidente do Brasil e a FilpSide não deixará a questão de lado. A programação conta com um painel de especialistas para falar sobre o cenário político do país. “Haverá muitos olhos no Brasil este

ano, e não apenas para o futebol. É um ano de eleição presidencial, o resultado irá fornecer indicações para o futuro polí-tico e econômico do que já foi chamado de ‘País do futuro’”, analisou Liz Cal-der, co-fundadora da FLIP e da FlipSi-de. “Como a eleição acontece durante a FlipSide 2014, chamamos uma equipe de analistas altamente informados para ajudar os visitantes do festival deste ano obter um melhor controle sobre o que esperar”.

g Fara mais informações, acesse www.fl ipsidefestival .co.uk Cartaz da edição 2014 da FlipSide

FOTO: DIVULGAÇÃO

FOTO: JOHN TIPPING

Fundadora da FLIP e da FlipSide, Liz Calder, com o Embaixador do Brasil no Reino Unido, Roberto

Jaguaribe, no lançamento da FlipSide 2014 na Embaixada do Brasil em Londres

Page 7: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

7brasilobserver.co.uk

Para todos os números Lycamobile naEuropa, Estados Unidos e Austráliacom qualquer recarga

Áustria IrlandaAustrália Alemanha ItáliaBélgica Dinamarca Espanha Portugal SuíçaFrança Holanda SuéciaPolônia Reino UnidoNoruegaEstados Unidos

The special rates are applicable for customers who joined on or after 08.02.2014. Existing customers should opt-in by texting ACT SAVE to 2525.If you are a National plan ( UK PLAN 10,12,20,30 & 40) customer, you will eligible for the special discounted international rates. Existing customers who joined before 08/02/2014 who do not opt-in will be charged at the standard rate. Promotion valid until 30/04/2014. Lycamobile is now offering FREE CALLS to other Lycamobile in Austria, Australia, Belgium, Norway, Germany , Ireland, Italy, France, Nederland’s, Sweden, Poland, Spain, Denmark, Switzerland, Portugal, UK & USA. The promotion is applicablefor both existing Lycamobile customers and new customers. New and existing Customers must top-up to qualify for the promotion and will receive free Lycamobile to Lycamobile calls to any Lycamobile for 30 days from date of top-up. Customers must maintain a minimum balance of one penny. Offer is valid for personal use only. After the 30 days free calls the customer must top-up again to continue the free calls otherwise the customer will be charged at the standard tariff. International calls are billed per minute. This promotion is only available to Lycamobile UK customers and is not applicable to roaming calls. Promotion is valid from 10/03/2014 to 31/05/2014.

Para mais informações www.lycamobile.co.uk 0207 132 0322Disponível em:

CHAMADAS GRATUITASILIMITADAS

www.lycamobile.co.ukPeça o seu cartão SIM em

Brasil

Fixos Celulares

p/min

p/min 91

Para receber essas fantásticas tarifas, envie ACT SAVE para 2525 gratuitamente do seu Lycamobile.

Pela primeira vez…

Os clientes podem não disponibilizar do Top-Up eletrônico em todos os locais onde o logotipo de Top-Up aparece.

LM_UK_Brazil_268x345mm.indd 1 10/04/2014 11:20

Page 8: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

8 brasilobserver.co.uk

PERFIL

RicardoPereira

e a arte de movimentar o corpo

Page 9: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

9brasilobserver.co.uk

Dançarino português mora em Londres desde 2011 e se prepara para se apresentar pela primeira vez na TV inglesa,

além de ensaiar para o espetáculo EUPHORIA

Texto e Foto: Rômulo Seitenfus

Para ser sincero, tento encontrar inspiração em tudo e em todos, principalmente na minha família

Você acha que sabe dançar? Ele sim é que sabe: Ricardo Pereira. Participante do programa televisivo “Achas Que Sabes Dançar?”, da SIC Portugal, o bailarino arrancou elogios dos jurados e chegou a ficar entre os oito finalistas. Morando em Londres desde 2011, Ricardo é coreógrafo da companhia de dança New Generation Ballet e se prepara para estrear na TV britânica nos próximos meses, enquanto ensaia para espetáculo EUPHO-RIA, que estreia em 2015.Entre um ensaio e outro, encontro o bailarino nas

labirínticas ruas da região da Brick Lane – famoso reduto underground dos artistas de Londres. Para iniciar esta entrevista, quero saber sobre as mais re-motas lembranças que ele tem em relação à dança.“Eu gosto de dança desde sempre. Lembro-me

de estar em casa bem pequenino a ver televisão e programas que envolviam danças de salão. Ficava apaixonado pelos movimentos e a maneira como mexiam o corpo. Anos mais tarde, com autorização da minha mãe, comecei a frequentar, com meus ir-mãos, bailes populares tipicamente portugueses, en-tão passei a ter a primeira experiência e o primeiro contato com a dança. Lembro-me ter uma namo-rada e de ter participado de concursos de dança nesses bailes, vencendo a maioria deles. Essas são as primeiras lembranças que tenho ligadas à dan-ça”, diz com a voz calma, quase cinematográfica.Fascinado pela arte de movimentar o corpo, Ri-

cardo começou a dançar a convite de uma profes-sora da escola primária. “Sempre tive fascínio pelo movimento de palco. Aos 13 anos, a professora da minha escola primária, também professora de dança, soube que eu gostava de danças de salão e convidou-me para ter umas aulas. Depois de fazer uma audição para a escola de dança em Lisboa, aceitei o convite, mas nunca pensei que fosse pas-sar na audição, porque não possuía experiência e uma semana ou duas não seriam suficientes para ingressar na escola”, relembra o bailarino. “Comecei a ir aos estúdios de dança para praticar

e me dei conta que estava a fazer ballet, ou seja, tinha sido ‘enganado’ pela professora que queria me levar para uma escola de dança clássica. Pas-sados alguns dias soube que havia sido aprovado para ingressar na Escola de Dança do Conservatório Nacional de Lisboa, uma das melhores instituições formadoras de bailarinos de Portugal”, completa.Faltavam dois anos para completar o curso

quando o bailarino recebeu um convite para fazer parte de uma companhia de dança na Irlanda. Desde lá, Ricardo não mais parou de conquistar as plateias do Reino Unido. “Foi-me oferecido um contrato para dançar na companhia Ballet Ireland, ao que decidi aceitar e começar minha carreira internacional. Depois desse contrato voltei para Portugal, onde dancei pela companhia Ciranda. Trabalhei com o coreógrafo Benvindo Fonseca e posteriormente fiz teatro musical, como ‘Fame’, ‘High School Musical’ 1 & 2, ‘Peter Pan’ e ‘Gaiola Das Loucas’. Em 2011, decidi que que-ria mudar de vida e crescer pessoalmente como pessoa e artista, então mudei-me para a Terra da Rainha. Aqui em Londres, trabalhei com várias companhias de dança clássica, como Ballet The-

atre UK, Vienna Festival Ballet, Peter Schaufuss Ballet e Pasodos Dance Company”, conta Pereira sobre sua trajetória.Ao ser perguntado sobre as coisas e pessoas

que o inspiram como artista, Ricardo se emocio-na: “Para ser sincero, tento encontrar inspiração em tudo e em todos, principalmente na minha família, que me ajudou muito ao longo da minha vida. É para eles que eu vivo a dança. Na maio-ria das vezes sou também inspirado por emoções, acontecimentos, fatos reais e experiências de vida, o que torna meu trabalho mais honesto e credível para quem me vê dançar, ou para quem presencia essa experiência através de minhas coreografias”.Ricardo cita Ana Lacerda como a bailarina que

o fez sonhar com os palcos. “Quando comecei a dançar, tinha uma bailarina que adorava e admirava muito. Ela é a Primeira Bailarina da Companhia Nacional de Bailado de Portugal, Ana Lacerda. Acho que foi por ela também que tomei mesmo a decisão em seguir carreira. Nela via aquilo que queria ser no futuro. A maneira como se expressava em palco era algo de outro mundo. Infelizmente Ana Lacerda já não dança tanto como antes, mas gostaria um dia poder trabalhar com ela”, afirma. “Neste momento não tenho artistas ou ídolos

que siga como exemplo, porque cada bailarino tem sua maneira de dançar, condições físicas e técnicas diferentes, mas admiro pessoas com ta-lento e alma que vejo em palco; tento aprender ao máximo com esses artistas que, de certa forma, acabam sempre por me ensinar algo”, explica.Quero saber, então, o que de maior o ballet pro-

porciona para Ricardo. “Conhecer a mim próprio e crescer pessoal e profissionalmente. Tenho bons motivos para me realizar e por isso estou muito grato por toda a experiência que passei até aqui”. Sobre a variedade de estilos que permeiam suas

audições, o artista discorre: “O fato de eu ter iniciado minha carreira como bailarino clássico, e de ao longo dos anos ter experimentado estilos diferentes, me fez super interessado em aprender coisas novas e tornar-me um bailarino versátil. Atualmente, ainda estou muito ligado à dança clássica e contemporânea, mas faço um pouco de tudo, como jazz, sapateado, dança comercial. Sinto-me mais completo como bailarino dominan-do todos esses estilos; há muito mais a explorar”. Como coreógrafo e diretor artístico da compa-

nhia de dança New Generation Ballet, Ricardo fala dessa diversidade de estilos que tenta passar aos alunos. “A NGB segue um conceito de vários estilos, como ballet, contemporâneo, jazz, hip hop, pop comercial, e tem como objetivo preencher ainda mais os bailarinos com outros estilos”.Dividido entre as audições da televisão britâni-

ca – Ricardo prepara os ensaios que apresentará a companhia para a TV inglesa nos próximos meses - e o espetáculo que a NGB apresentará no início de 2015, o coreógrafo adianta al-guns detalhes em primeira mão. “O espetáculo EUPHORIA trará um feeling de concerto que envolve aproximadamente 12 bailarinos, cinco músicos e dois cantores. Posso adiantar que será cheio de energia e emoção”, entrega.

g Mais informações: www.newgenerationballet.com

Page 10: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

10 brasilobserver.co.uk

CAPA

Há 100 anos o país não vivenciava

ingresso tão intenso de es-trangeiros

em busca de oportunidades.

Onda de migrações neste começo

de século expõe contradições e evidencia

necessidade de novas formas de lidar com o tema

Por Wagner de Alcântara Aragão

O Memorial de Curitiba recebeu grande público para a celebração do Dia da Bandeira do Haiti dia

18 de maio. O evento organizado pela Funda-ção Cultural de Curitiba, pela Associação dos

Haitianos em Curitiba e pe-la ONG Casa Latino Americana reuniu cerca de 400 pessoas

FOTO: CIDO MARQUES/FCC

O crescimento da economia nos últi-mos dez anos, a ampliação do mer-cado de trabalho, a redução das desigualdades sociais, a expansão da rede de ensino e o reposicionamento do Brasil na geopolí-tica global alça-ram o país à condição de terra de oportunidades. Com isso – gra-ças também a realidade difícil de países latino-americanos, africanos e até da Ásia e Oriente Médio –, tem aumentado o número de estrangeiros que desembarcam em terras brasileiras para construir uma nova vida. Essa intensa onda migratória, porém, está a expor a falta de preparo tanto das autoridades como da própria sociedade para lidar com esse processo.Mostra da eminência do tema é a re-

alização da I Conferência Nacional sobre Migrações e Refúgios, a Comigrar, mar-cada para os dias 30 de maio e 1º de junho, em São Paulo. Desde o ano passado até este mês de maio, foram promovidas 200 conferências preparatórias – livres (or--ganizadas pela própria sociedade civil) e governamentais (convocadas por Estados e Municípios) – nas cinco regiões do país e também no exte-rior (na Inglaterra). Com o recente episódio do envio de haitianos do Acre para São Paulo, espera-se grande pre-

sença e repercussão em tor-no da Comigrar.“Isto [grande quantidade de conferências

preparatórias] nos permitiu algo inédito: ouvir as vozes, até então caladas, de mi-grantes e refugia-dos no país. O momento agora será de sistematizar as propostas levan-tadas para apresentá-las na etapa na-cional”, destacou em nota o secre-tário Nacional de Justiça, Paulo Abrão.

LEGISLAÇÃO

É certo que a necessidade de um novo marco regulatório para migração estará no cerne das discussões da Comigrar. Há alguns anos, desde que teve início a atual onde de imigrações, especialistas e organizações liga-das aos direitos huma-nos têm defendido a revisão da legisla-ção. O Esta-tuto do Estrangeiro, do início da década de 1980, é o instrumento que rege a questão atualmente.Na avaliação dos que pleiteiam refor-

mas na legislação, o Estatuto do Es-tran-geiro em vigência está obsoleto. Criadas ainda durante a ditadura civil militar (de 1964 a 1985), as duas leis que constam nesse estatuto carregam em seu bojo a concepção repressiva do regime. A le-

gislação preocupa-se mais em resguardar a ordem do regime (sempre sob o ar--gumento da “segurança nacional”) do que propriamente reservar aos imigrantes acesso a direitos elementares. Os textos de ambas as leis es-tariam em conflito, inclusive, com os princípios básicos da Constituição da República de 1988.Tramita há cinco anos, na Câmara

dos Deputados, uma proposta de re--formulação do marco regulatório. De autoria do Poder Executivo, o pro-jeto de lei está na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional desde 2012. No segundo semestre do ano pas-sado, foram realizadas duas audiências públicas para discutir a proposta.Para a relatora do projeto na Câma-

ra, deputada Perpétua Almeida (PCdoB--AC), o novo marco regulatório deve ter como objetivo garantir o “acolhimento” dos imigrantes. Estabelecer como isso se dará é o desafio. “Como vamos acolher? As pessoas estão vindo para cá [Brasil], atraídas por nós oficialmente ou não, ou atraídas por empresas ou por oportuni--dades de trabalho. Temos que definir como elas vão ser acolhidas aqui”, disse a parlamentar à Agência Câmara.

Page 11: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

11brasilobserver.co.uk

INTEGRAÇÃO

A preocupação demonstrada pela par-lamentar vai ao encontro do que pensam especialistas e organizações de direitos humanos. Pressupõe-se que o arcabouço legal será formado por regras que enxer-guem tal cida-dão como alguém quem tem o direito de se integrar à nação. É o que têm buscado milhares de lati-

no-americanos e africanos, princi-palmente: desembarcar no Brasil para reconstruírem suas vidas. Vindos, geralmente, de países em crises política e econômica, eles iden-tificam em terras brasileiras possibilidades de trabalho e estudo, para obter condições de vida digna. Em contrapartida, os que chegam têm sido bastante úteis à cadeia produtiva econômica do Brasil.Sobretudo a construção civil tem se

aproveitado desse fluxo migratório. Nos últimos anos, o Brasil tem sido um gigantesco canteiro de obras de infraestrutura – transposição do Rio São Francisco, hidrelétricas de San-to Antônio, Jarinu e Belo Monte, Ferro-via Transnordestina, estádios e aero-portos para a Copa do Mundo, entre

outros –, além das incontáveis obras de construção de imóveis residenciais e comerciais nas zonas ur-banas.A oferta de mão de obra interna tem

sido insuficiente para dar conta da deman-da gerada por todas essas obras. Além de outras atividades eco-nômicas estarem aquecidas, cada vez mais o jovem brasi-leiro entra no mercado de trabalho mais tarde e mais qualificado. A expansão da rede pública de ensino – tanto técni-ca como de nível superior – somada a programas de financiamento e de bolsa estudantil permitem maior quali-ficação profissional dos jovens. Como a renda das famílias melhorou nos últimos anos, esses jovens não precisam, tão cedo, tro-car os bancos es-colares por empregos que exigem pouca formação, apenas para reforçar o orçamento em casa. O que muitas vezes é visto como pro-

blema em países desenvolvidos, portanto, pode ser transformado em trunfo estratégi-co para o Brasil, desde que as autoridades tratem do assunto com a devida responsa-bili-dade, para que o “sonho brasileiro” de muitos estrangeiros que chegam ao país não se transforme em pesadelo.

Por Alec Herron*

A cheia do Rio Madeira, no Estado de Rondônia, em fevereiro, teve con-sequên-cias devastadoras. As águas interditaram a rodovia BR-364, a única a conectar o re-moto Estado do Acre com o resto do país. Brasiléia, município de aproximada-

mente 20 mil habitantes na fronteira com a Bolívia, vinha recebendo mi-grantes haitianos desde que o Brasil começou a conceder vistos de trabalho para essa população em 2010, após o forte terremoto que atingiu aquele país.O abrigo construído para receber 500

haitianos estava com no mínimo três vezes mais pessoas quando eu estive lá em mar-ço. A maioria delas sofria com diarreias e gripe. Com passagens aéreas caras demais para a realidade daquelas pessoas, eles não conseguiam alcançar o destino final de suas viagens, ou seja, as regiões sul e sudeste, onde há mais opor-tunidades de trabalho.Uma semana depois de me contar os

planos de construir um novo abri-go para haitianos em Brasiléia, o secretário es-tadual da pasta de direitos humanos do Acre, Nilson Mourão, foi ao local anun-ciar que o abrigo an-tigo tinha que ser fechado imediatamente. Havia um novo abrigo dispo-nível para aquelas pessoas na capital Rio Branco. No final de abril, o estado do Acre

bancou as despesas e enviou 500 hai--tianos de Rio Branco para São Paulo em avião da força aérea brasileira. O êxodo foi precedido por outro com centenas de pessoas que partiram de Rondônia também com destino à capital paulista.

O movimento dos haitianos gerou ten-sões entre os governadores do Acre e de São Paulo. As autoridades paulistanas culparam os acrianos de negligência por não terem avisado sobre a chegada de tamanho número de pessoas. O governa-dor do Acre, Tião Viana, que é do PT, acusou São Paulo de ser racista e ter medo dos haitianos. Em três anos (2011, 2012 e 2013), o

Ministério da Justiça concedeu 30 mil vistos de permanência para imigrantes do Haiti. O salto ocorreu de 2012 para 2013, quando a quantidade triplicou de um ano para outro. Neste começo de 2014, o fluxo segue intenso; a falta de preparo do país em lidar com a situação, cada vez mais evidente.

O CASO DOS HAITIANOS: A CHEIA QUE CAUSOU O ÊXODO

Cidadãos haitianos encontraram na construção de 895 moradias na re-gião norte de Curitiba a oportunidade de trabalho que procuravam no Brasil; ao todo são 21 trabalhadores

No município de Brasileia, o bloqueio das estradas prejudicou o forneci-mento de comida. Antes do fechamento do abrigo, as marmitas eram servidas em porções mais reduzidas

FOTO: RAFAEL SILVA/ COHAB

FOTO: ANGELA PERES/SECOM

*Este artigo foi possível graças ao programa de treinamento jornalístico

Beyond Your World

DESTINO: BRASIL

O número de pessoas que buscaram refúgio no Brasil em 2013 mais do que dobrou em relação a 2012. No ano passado, 5.256 pessoas fizeram a solicitação. No ano anterior, haviam sido pouco mais de 2 mil. Em rela-ção a 2010, o aumento chegou a 800%. Até maio deste ano, já foram 684 casos de concessão de refúgio no Brasil. O número de solicitações pode chegar aos 12 mil até o final de 2014. Há atualmente 5.208 refu-giados no território nacional. Entre eles, há pessoas de 80 nacionalida-des, das quais 90% estão na faixa etária entre 18 e 30 anos e 66% são homens.

Do século XVI ao século XIX, migraram da África para o Brasil, forçados pelos colonizadores europeus, cerca de 5 milhões de negros escravos

De meados do século XIX a meados do século XX, intensa imigração de europeus (italianos, espanhóis, alemães, poloneses, ucranianos, holan-deses) e japoneses para trabalho na lavoura e, em alguns casos (italia-nos, sobretudo), na indústria

Anos 90: há um fluxo representativo de imigrantes asiáticos (em especi-al coreanos e chineses)

A partir de meados da primeira década do ano 2000, imigração de lati-no-americanos e africanos. De 2010 para cá, especialmente haitianos

2010: 459 | 2011: 2,6 mil | 2012: 4,6 mil | 2013: 13,7 mil

PRINCIPAIS NACIONALIDADES DE SOLICITANTES DE REFÚGIO

PRINCIPAIS ONDAS DE MIGRAÇÃO

VISTOS CONCEDIDOS A HAITIANOS

Page 12: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

12 brasilobserver.co.uk C O PA 2 0 1 4

Por Nathália Braga

Capital do Estado de Mato Grosso se prepara para receber quatro jogos da Copa do Mundo. Turistas que visitarem a cidade terão a oportunidade de conhecer a exuberante natureza da região e vibrar na Arena Pantanal,

construída para abrigar mais de 40 mil torcedores

PARA O OESTE: CUIABÁ

COPA 2014

A capital do Mato Grosso, na região centro-oeste do Brasil, promete receber os turistas com o jeito hospitaleiro de ser de sua população e com um clima bem quente. Cuiabá é conhecida pelas altas temperaturas durante o ano todo e, para aproveitar o calor, oferece des-lumbrantes paisagens e uma diversidade de atividades ligadas à natureza. Dois motivos suficientes para agradar qual-quer turista, independentemente de qual parte do mundo vierem. Cuiabá é ainda a entrada para três biomas: Amazônia, Cerrado e Pantanal. Viajando pouco mais de 60 km a par-

tir da capital, é possível chegar ao lugar que dá nome à Arena que foi construída para a Copa do Mundo e que é um verdadeiro refúgio de vida selvagem no planeta: o Pantanal. Também perto dali está a Chapada dos Guimarães. No cenário urbano, os turistas poderão

ter mais contato com o espírito acolhedor e festeiro dos 600 mil habitantes da cida-de. Os rios Cuiabá e Coxipó fazem parte do cenário e as pontes que atravessam o primeiro rio determinam a divisa da cida-de com o município de Várzea Grande. O centro histórico da cidade de 295 anos é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: ainda pre-

serva as primeiras ruas da capital, que de-senvolveu sua economia e aumentou sua população durante a fase da mineração, com a descoberta de ouro nos córregos da região, por volta do ano de 1700.Apesar de ainda haver ouro no entorno

de Cuiabá, hoje o desenvolvimento eco-nômico da região se dá principalmente pela atividade agropecuária, graças ao solo fértil do Estado de Mato Grosso, com destaque para a produção de soja, algodão e milho. Outra atração turística que conta a his-

tória da cidade é o Museu Rondon do Índio, que possui acervo de várias etnias indígenas que há séculos habitam a re-gião, assim como o Museu de Pedras Ramis Bucair, que reúne rochas, pedras preciosas e semipreciosas.

FUTEBOL E COPA DO MUNDO

Apesar de ter uma das maiores torcidas da região, O Mixto Esporte Clube não joga na primeira divisão do Campeonato Brasileiro há quase 30 anos. Entre as equipes rivais estão Cuiabá Esporte Clu-be e o Clube Esportivo Dom Bosco, que também não figuram na elite do futebol brasileiro e fazem com que o Estado não tenha grande tradição futebolística em

comparação com outras regiões.O Estádio José Fragelli era o palco

oficial para jogos de futebol de Mato Grosso, tendo recebido quatro partidas amistosas da Seleção Brasileira. Mas é na Copa do Mundo de 2014 que Cuiabá entrará para a história do futebol mun-dial, recebendo na Arena Pantanal quatro partidas da primeira fase. No dia 13 de junho, Chile e Austrália inauguram os gramados da arena. Ainda no mesmo mês, no dia 17, será a vez de Rússia e Coréia do Sul, seguidos por Nigéria e Bósnia e Herzegovinia que jogam dia 21. O último jogo na Copa no estádio será entre Japão e a vizinha Colômbia, no dia 24 de junho. A Arena Pantanal se diferencia em seu

design e projeto que visam à sustenta-bilidade: é a única arena que não tem os quatro cantos fechados, permitindo a ventilação dentro de sua estrutura, que ainda tem jardins e árvores nas laterais para ajudar a aumentar o conforto tér-mico. A área total da construção chega aos 300 mil metros quadrados, com uma esplanada de 93 mil metros quadrados e que depois do evento esportivo poderá receber eventos, além de ser um espaço de lazer e entretenimento, com restauran-tes, bares e shows.

O estádio terá capacidade para pouco mais de 41 mil torcedores e as arqui-bancadas dos setores norte e sul, loca-lizadas atrás dos gols, são removíveis. Com estrutura metálica, as arquibancadas removíveis comportam 18 mil pessoas. Além disso, parte da estrutura de acaba-mento da arena também pode ser movi-da. O conceito “multiuso” da arena pode ser uma maneira de compensar o valor investido – R$ 570 milhões. O projeto ainda inclui outras medidas sustentáveis como uso de madeira certificada, recicla-gem e reuso de entulhos da obra e mo-nitoramento de qualidade do solo e do ar. A expectativa para depois da Copa

é que a arena seja reaproveitada de diversas formas, podendo ter até sua estrutura diminuída e parte dela sendo transformada em uma sala de conven-ção, por exemplo, de acordo com os responsáveis pela construção da obra. Mas, mais do que ter um legado físico depois de todo o investimento e traba-lho empregado para receber a competi-ção da Fifa, a expectativa do governo de Mato Grosso e de Cuiabá é que a cidade atraia ainda mais turistas inte-ressados em conhecer a vida ecológica e as belezas naturais da região. Mais informações em www.visitbrasil.com.

Page 13: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

13brasilobserver.co.ukC O PA 2 0 1 4

(1) Arena Pantanal; (2) Centro Histórico de Cuiabá; (3) Casa do Artesão; (4) Mergulho em Nobres

POSITIVO: PROJETOS PARALELOS

No final de abril, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, juntamente com o jogador Ronaldo, membro do Comitê Organizador Local (COL), e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, estiveram na cidade de Cuiabá para visitar a Arena Pantanal e uma das escolas que fazem parte do Projeto 11 Pela Saúde. O pro-jeto da Fifa tem como objetivo relacio-nar as habilidades do futebol com boas práticas de saúde e foi implantado em 121 escolas brasileiras.

Além de elogiarem a maneira como o projeto foi desenvolvido em Cuiabá, não faltaram elogios à Arena Pantanal. Na ocasião, Valcke declarou que as me-lhorias em mobilidade urbana ficarão prontas para que os torcedores possam se locomover com tranquilidade.

O secretário falou também sobre as boas condições da Arena e se mostrou despreocupado com a capacidade de a cidade receber bem o evento, além de falar da boa qualidade do campo.

Outro destaque para a construção da Arena Pantanal é o Projeto Ação Inte-grada pela Qualificação e Inserção So-cial dos Egressos do Trabalho Escravo, desenvolvido com apoio do Ministério Público do Trabalho nas obras da Are-na Pantanal. Durante as obras, sete tra-balhadores que antigamente trabalha-vam em condições de trabalho escravo foram empregados com carteira assina-da e, além de receberem alojamento e alimentação, foram alfabetizados.

NEGATIVO: FALTA DE EVENTOS ESPORTIVOS

Apesar de a Arena Pantanal ter boas con-dições de gramado e uma estrutura multiu-so, os eventos esportivos não serão a maio-ria na Arena depois da Copa. Isso porque a cena esportiva local é fraca, com nenhum clube parte da elite do futebol brasileiro, o que dificulta a arrecadação de verba com jogos, já que o público é pequeno.

Para tentar driblar esse fator é que a Arena Pantanal foi pensada para ser diminuída, com arquibancadas móveis e parte de sua estrutura removível. A tor-cida é que depois da Copa o espaço seja realmente utilizado para shows e eventos para compensar o investimento.

No início de maio, o ministro do Turismo, Vinicius Lages, afirmou que o fato de Cuia-bá não ter um time de futebol na primeira divisão não pode ser impedimento para que a Arena se sustente depois da Copa.

O argumento foi que Cuiabá tem que ser vista como uma região brasileira com fortes características para o turismo e que tem uma oferta de serviços e de ho-téis, assim como seu aeroporto e aspec-tos de mobilidade urbana que foram me-lhorados para a Copa. Tudo isso poderá ser usado para aumentar a atividade tu-rística e a economia de serviços, no que talvez seja o maior legado para a capital.

AMAZONAS

PARÁ

AMAPÁ

ACRE

RONDÔNIA

RORAIMA

TOCANTINS

BAHIA

MINAS GERAIS

MATO GROSSO

MATO GROSSODO SUL

SÃO PAULO

PARANÁ

SANTA CATARINA

RIO GRANDEDO SUL

RIO DE JANEIRO

ESPÍRITO SANTO

SERGIPE

PERNAMBUCO

PARAÍBA

RIO GRANDEDO NORTE

PIAUÍ

MARANHÃO CEARÁAM

PA

AP

AC

RO

RR

TO

BA

MT

MS

SP

PR

SC

RS

RJ

ES

SE

PE

PB

RN

PI

MA CE

MG

AL

DF

GO

CUIABÁ – MTClima:Tropical quente e úmidoTemperatura média anual:24ºCVegetação:CerradoAltitude:165 metrosPopulação:69.830 habitantesÁrea:3.538 km2

ARENA PANTANAL Área externa:300 mil m2Investimento: R$ 570 milhõesCapacidade: 41.390 mil torcedoresDimensão do campo: 105 X 68 metros

FOTOS: DIVULGAÇÃO (VISIT BRASIL)

Page 14: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

14 brasilobserver.co.uk

CONECTANDO

Por Daiane Andrade*

Eles brotaram do chão vermelho e fér-til do interior paranaense, nos confins do Estado famoso pelas colheitas fartas. São frutos da mistura entre calor, tradição, fé e um impulso de resistência. Muitos desco-nhecem as origens das toadas que evocam, mas sabem que precisam repeti-las. Emer-giram da vida simples com o dom de con-tar histórias. Sabedoria que não se explica, mas se ensina. E a festa acontece. Passada de pai para filho, a missão de guardar a bandeira ressurge num recorte de Brasil de nome estrangeiro que mal traduz os rincões onde se localiza: Paranacity. As rimas ecoam da cidade-vila para mos-

trar às pessoas que é preciso acreditar. E que, há tempos, alguém veio ao mundo para selar a paz entre Deus e os homens. O perdão banhado em sangue. Não depende de como eles narram. Para aqueles homens e meninos, que ressuscitam a tradição quase esquecida, a fé é condição permanente, con-sequência da vida que levam. Tão concreta quanto as paredes das casas que visitam. Cabe-lhes apenas o reconto fiel da saga que transcende a morte na cruz. Vestidos de esperança, na cor das folhas

das árvores, eles são a Companhia Estrela Guia. Há três anos, aquelas 15 ou 20 pes-soas percorrem as ruas de Paranacity entre o Natal e o Dia de Reis. A cada visita, ga-nham coro as cantigas sobre a passagem de Jesus pela Terra, as dificuldades de José e Maria, a viagem dos Reis Magos. E a can-toria vai longe, intercalada com rimas. Há ainda as disputas animadas com espadas que mais parecem dança. Na bandeira dos peregrinos, a ilustração da Sagrada Família de Baltazar, Belchior e Gaspar e da estrela que os guiou durante 11 dias de viagem. No escuro das noites de missão, a Folia

ressurge e se enraíza na cultura ressecada por quase 20 anos sem festa. A pé, pin-gando nos endereços, os foliões acompa-nham os versos entoados pelos embaixado-res, os líderes do grupo, de quepe branco. “Tem o Edinho, o tio dele, Jurandir, e o Gildo”, conta Joélio, um dos violeiros da companhia. “O Edinho é um dos mais dedicados. Ele podia tá aí se divertindo, mas prefere a Folia”. Todos preferem. Até os bastiões, os palhaços coloridos que per-correm descalços os caminhos da carava-na. Representam o rei Herodes. “A bíblia conta que esse rei, quando soube que o Salvador tinha nascido, mandou matar os

meninos de Belém com até dois anos de idade”, explica Edinho. “Só que um anjo avisou José e ele fugiu pro Egito com Maria e Jesus. Então o rei, dono do poder da espada, não conseguiu dar fim a uma criança. Por isso ele é o bobo”. O apito viúvo quebra o silêncio da an-

dança. O sibilo anuncia a Folia e pede li-cença aos donos da casa, os padrinhos. “Os bastiões vão na frente e falam pras pessoas deixarem a companhia chegar”, conta Ju-randir. “Pedem também pro padrinho re-ceber a bandeira, que vem carregada pelo último morador visitado, o bandeireiro”. Como espectros esculpidos em suor e fé,

os embaixadores conduzem a Estrela Guia na tradição. Nas casas, o roteiro segue o que os olhos enxergam. Quanto maior o mosaico da devoção da família, mais longa a visita. “Se tem presépio, a gente canta o presépio. Se tem santo, a gente canta o santo”, explica Joélio. Só o que não muda é a ordem do rito. “A companhia sempre agrada Jesus primeiro, depois os Reis Ma-gos e por último os padrinhos”. A Folia de Reis nasceu portuguesa e

veio para o Brasil nas malas dos coloniza-dores, entre os séculos XVIII e XIX. Com o tempo, a festa absorveu novas influências e a tradição importada foi pintada com a fé do povo daqui; as expressões locais na música, danças e orações. “Quem tem violão, leva, quem tem viola, leva. Na Estrela Guia também tem cavaquinho, pan-deiro, triângulo e reco-reco”, conta Jurandir. “Quanto mais instrumentos, melhor”. A iniciativa começou a tomar corpo em

2009, na rádio comunitária da cidade. “Eu era locutor e soube que estavam pensando em desenterrar nossa identidade. Anunciei

no meu programa e, aos poucos, a coisa foi formando”. Surgiram os que conheciam o regulamento, os que sabiam as cantigas, os músicos, os bobos. Passado um tempo, a Estrela Guia nasceu. Quando chegam, os bastiões são os pri-

meiros depois da bandeira e espiam tudo em volta. Enquanto isso, a companhia es-pera do lado de fora. “Eles são os úni-cos que falam com os padrinhos”, explica Edinho. Em alguns casos, também têm a tarefa de pedir prendas com suas falas es-tridentes, incompletas e codificadas. - Tem espinho, padinho?Com o rosto porta adentro, eles inspecio-

nam o ambiente. O corpo só entra ao final do diagnóstico. Na estante de madeira, as imagens de Jesus, José e Maria. Juntos, os Reis Magos e os animais, sob um pequeno estábulo. O presente foi encontrado. Repre-senta o ponto final da viagem guiada pela estrela. Os bastiões então tiram as más-caras, abandonam as espadas e declamam seus versos. As rimas anunciam o achado para resto do grupo. - E se a casa não tem presépio?- Aí o bastião se acaba! – brinca Gildo.Pela tradição, a casa que não guarda

o menino Jesus é território livre para os palhaços. E eles pedem de tudo. Se o pa-drinho diz que tem espinho, que é dinheiro para a companhia, os bastiões não param até encontrá-lo. “Eles também pedem para cortar a jaca. Se a pessoa aceita, faz mais uma oferta, mas aí é pros bastião mes-mo”. Cortar a jaca é disputar a preferência do morador com uma espécie de dança com espadinhas improvisadas. Vence quem superar mais obstáculos na apresentação. “Tem a ver com a dificuldade de cortar a

fruta, mesmo. Ou você vai dizer que isso é fácil?”, provoca Edinho. Os pedidos de visita são organizados ge-

ograficamente. “A bandeira não pode vol-tar”, dispara Joélio. O motivo é que ela representa a viagem sagrada, sempre adian-te. “Nem pra casa a gente leva. De noite, quando a companhia encerra a missão, ela fica com o último padrinho visitado. No dia seguinte, a andança recomeça de lá”. A única exceção é quando o padrinho é o padre. Porque não há regra para ir à casa do Pai. A Folia da Estrela Guia ganhou o respeito do povo e se tornou convidada ilustre para a missa de domingo. O templo está apinhado de gente, os co-

rações batem mais fortes. Parado na porta, o bastião está sem máscara nem espada. Visivelmente emocionado, ele não vai sol-tar os grunhidos habituais. O homem sopra o apito três vezes. Declama os primeiros versos diante do maior presépio da cidade e finalmente entra na Matriz Nossa Se-nhora de Lourdes. Atrás dele, o segundo bastião e o restante da companhia. O templo é enorme, branco, sem santos.

Sustenta, sobre o altar, apenas uma cruz fina. O presépio está junto da entrada. Mas antes de cantá-lo é preciso percorrer o ambiente. Anunciar a chegada da comitiva. O grupo caminha entre os bancos lotados, ritmados pelo pontilhado da viola. Depois, todos se colocam diante da cena bíblica. O povo sente. Há uma senhora chorando no último banco. Uma mocinha filmando o ritual. O próprio padre quer uma foto sua ao lado da Folia. Como estão na igreja, homens e meninos passam todo o tempo ajoelhados. A apresentação dura cerca de uma hora. “A gente canta mais, a emoção também é maior”, confessa Jurandir. “Dá até dó de ir embora”. Na véspera do Dia de Reis, 5 de janeiro,

a peregrinação termina. “A gente encerra a missão com festa”, diz Edinho. No dia 6, o grupo divide as doações e prepara um jantar comemorativo para foliões, bandeirei-ros e convidados. Juntos, todos se sentam à mesa e celebram. Jesus nasceu e os Reis Magos o encontraram várias vezes. Ano que vem tem mais. Missão cumprida, a bandeira finalmente descansa.

OS GUARDIÕES DA BANDEIRA

Os bastiões são osprimeiros a chegar

Sobre como a tradição da Folia de Reis sobrevive no interior do Estado do Paraná

FOTO: DAIANE ANDRADE

*Daiane Andrade é repórter da rádio Band-News FM Curitiba, aluna do curso de pós-gra-duação em Jornalismo Literário da Academia

Brasileira de Jornalismo Literário

Page 15: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

15brasilobserver.co.uk

Brasil Observer

GUIDEPHOTO: DIVULGATION

As Brazil steps into the spotlight to host the biggest sporting event in the world, the cultural heritage of those Brazilians living in the

UK takes centre stage for a series of special events in London >> Read on pages 16 and 17

Enquanto o Brasil se prepara para receber o maior evento esportivo do mundo, a herança cultural dos brasileiros que vivem no Reino Unido se destaca em uma série de eventos em Londres>> Leia nas páginas 16 e 17

CELEBRATEBRASILIANCEIN LONDON

Page 16: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

16 brasilobserver.co.uk

BUILDING BRAZILIAN IDENTITY IN ENGLAND

PHOTO: ANDREW WILLIAMS

By Gabriela Lobianco

The previously unknown cultural herit-age of Brazilians who have been living in the UK since the 1960s will be the main focus of Brasiliance Day, a festi-val organised by the StoneCrabs Theatre Company and sponsored by the Heritage Lottery Fund. To celebrate the event and the legacy

of these Brasileiros, in addition to the theatre performance there will be a num-ber of free activities including samba, capoeira and football on 7 June, at Dept-ford Lounge in south east London.The following month, the group have

organised a packed schedule of attrac-tions for Brasiliance: a Weekend of Brazilian Brilliance at Rich Mix in Shoreditch on 5 and 6 July.According to Franko Figueiredo, the

artistic director at StoneCrabs and organ-iser of the event, the idea came from his earlier involvement in a project with Bola Agbaje which a surveyed Nigerian immi-grants who came to the United Kingdom during the Biafra War of 1967-70. The work resulted in a festival titled Where are we now? which looked at Nigerian emigre experiences. Inspired by this pro-ject, Figueiredo adapted the idea to tell the story of the Brazilians who came to the UK from the 60s to 80s. “The project aims to save these stories and thus begin to create a sense of cultural heritage for Brazilians here,” the director said in an interview with Brasil Observer.According to Tanja Pagnuco, the pro-

ducer of the event, the title ‘Brasiliance’, was chosen for the sense of optimism it conveys. Walney Virgílio, the festival exhibition curator, added that the festival represents a union, “I believe that we are seeing an alliance, there are so many Brazilians, nearly 160 thousand, who have been welcomed here and made the UK and especially London, their home.”

BUILDING AN ORAL HISTORYWith the goal of discovering true ex-

periences, a group of 14 volunteers de-veloped research for the Brasiliance Oral History Project. They selected and cata-logued information, conducted interviews and looked into historical facts provided by Brazilians who had been living and working in London for over 20 years.

Virgílio explained that he participated in the project as a collaborator, because his prior academic work had focussed on the area of plastic arts, which was an important artistic movement in Bfra-zil during this time period. “We know the work of Hélio Oiticica, Ligya Clark, Lygia Pape and Mira Schendel, but we don’t know how many Brazilians felt at the time. This was all going on in paral-lel to military dictatorship and economic crisis in Brazil. Previously we have not known people’s reasons for immigrating, because there are few records. One way of researching this is to build an under-standing of the oral history belonging to this group,” he added.All of the research from the project will

be archived at ILAS (Institute of Latin

America Studies) and the British Library, in London and available for public access. The project’s creator Franko Figueiredo,

was surprised and compelled by the sto-ries uncovered. “What interests us are the themes of ignorance, prejudice, intercul-turalism, immigration, bullying”, he said, pointing out that these topics are often shared in experiences of living abroad.Despite being a megalopolis, built by

foreigners (including Brazilians), London does not focus on this element to its his-tory. Figueiredo, however, hopes to begin to change this: “the StoneCrabs began by producing works of Brazilian artists and collaborating with other denizens. Our aim is to show, through our work, the interculturalism that exists and is es-sential in British society”.

In this spirit, the Brasiliance celebra-tions should act as a new bridge for the cultural integration between the two countries. “We are all ambassadors of Brazilian culture. The event not only recognises and celebrates this Brazilian diversity, but tries to show that there is a different Brazil from what you usu-ally see in the media. More importantly we want to record this time, save the history of our community for posterity,” Figueiredo added.For Walney Virgílio, “the Brasiliance

project is the beginning of the forma-tion of a Brazilian/English identity”, quoting the recent study Latin Ameri-cans - No more Invisibles, “this is a call to alert you that we are no longer a minority in England.”

Franko Figueiredo, StoneCrabs company ar-tistic director: “We are all ambassadors of the Brazilian culture”

Page 17: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

17brasilobserver.co.uk

CONSTRUINDO A IDENTIDADE BRASILEIRA NA INGLATERRA

PHOTO: RÔMULO SEITENFUS

Por Gabriela Lobianco

A herança cultural dos brasileiros que vivem no Reino Unido desde as décadas de 60, 70 e 80 será destaque do Brasi-liance Day, festival organizado pela com-panhia de teatro StoneCrabs com patrocínio do Heritage Lottery Fund. Como forma de celebração desse legado, haverá uma série de atividades e atrações gratuitas – samba ao vivo, roda de capoeira, competição de futebol – no dia 7 de junho, das 11 às 16 horas, no Deptford Lounge, em Londres. Além disso, os organizadores preparam

a realização do evento Brasiliance: a Weekend of Brazilian Brilliance no Rich Mix, nos dias 5 e 6 de julho, como parte integrante das comemorações.

De acordo com Franko Figueiredo, or-ganizador do evento e diretor artístico da companhia StoneCrabs, a proposta surgiu a partir de um incentivo do Her-itage Lottery Fund em meados de 2010, quando trabalhava com a escritora Bola Agbaje em uma pesquisa sobre nigeri-anos que imigraram para o Reino Unido durante a Guerra de Biafra. O trabalho resultou no festival Where are we now?, que foi realizado no teatro Albany. De-pois dessa empreitada, Franko adaptou a ideia para contar a saga dos brasileiros que vieram para o Reino Unido na mes-ma época. “O projeto visa guardar essas estórias e, assim, começar a criar um patrimônio cultural dos brasileiros em Londres”, disse o diretor em entrevista ao Brasil Observer.

O nome ‘Brasiliance’, segundo a produtora do evento, Tanja Pagnuco, foi escolhido pela sonoridade. Para Walney Virgílio, curador das exposições, o fes-tival representa a união entre os imi-grantes: “acredito que estamos buscando uma aliança, já que somos tantos na Inglaterra, principalmente Londres, com quase 160 mil brasileiros”.

HISTÓRIA ORAL

Dentro dessa perspectiva, um grupo de 14 voluntários desenvolveu pesqui-sas dentro do Brasiliance Oral His-tory Project, que selecionou e catal-ogou informações, entrevistas e fatos

históricos com brasileiros que vivem e trabalham em Londres há mais de 20 anos. Walney explicou que participa do projeto como colaborador e que está ligado à área das artes plásticas por conta de sua formação acadêmica. “Sabemos de Hélio Oiticica, Ligya

Clark, Lygia Pape e Mira Schendel den-tro do período que estamos abordando, mas com o paralelo no Brasil: Ditadura Militar e a crise econômica. Não sabe-mos a razão da imigração, pois não existem muitos registros. Uma forma de entender é fazendo esse trabalho de pes-quisa oral”, comentou Walney.Toda a pesquisa será arquivada

no ILAS (Institute of Latin America Studies) e na British Library, em Lon-dres, para acesso público. Para Franko Figueiredo, o interessante é contar os diferentes casos de imigrantes que escolheram Londres como casa. “O que nos interessa são os temas que a pesquisa traz, como ignorância, pre-conceito, interculturalidade, imigração, bullying”, revelou, contatando que es-ses tópicos representam em uníssono o que é viver no exterior. Como uma megalópole construída

por estrangeiros (brasileiros inclusive), Londres tem pouco espaço de divul-gação para esses trabalhos artísticos. Franko, porém, aposta nesse diálogo entre culturas: “foi assim que o Stone-Crabs começou a produzir trabalhos de artistas brasileiros e colaborações com outros estrangeiros naturalizados; tentamos mostrar, através de nosso trabalho, que a interculturalidade que existe na sociedade britânica”.Nessa onda, as celebrações envol-

vendo o Brasil visam à integração cultural. “Queiramos ou não, somos todos embaixadores dessa cultura bra-sileira tão diversa. O evento não só reconhece e celebra essa diversidade brasileira, como tenta mostrar a Lon-dres que existe um Brasil diferente do que normalmente se vê na mídia. Mais importante ainda é gravar este momento, guardar a história da nossa comunidade para a posteridade”, com-plementou Franko. Para Walney Virgilio, “o projeto

Brasiliance é o começo da formação de uma identidade Brasileira/Inglesa”. Ele lembrou ainda do recém-lançado estudo Latin Americans - No more Invisibles, “um apelo para alertar que nós não somos mais uma minoria na Inglaterra”.

BRASILIANCE DAY & BRASILIANCE WEEKEND

For more information please visits:http://brasiliance.com

http://www.stonecrabs.co.ukhttp://deptfordlounge.org.uk

http://www.richmix.org.uk

Page 18: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

18 brasilobserver.co.uk

NINETEEN EIGHT-FOUR

WHERE TO PARTY IN SAO PAULO

ONDE CAIR NA FESTA EM SÃO PAULO

By Ricardo Somera

The World Cup is coming (how many times do we have to write that until it finally arrives?) and with it, many parties that will shake the host cities. After all, what else is there to do when the ball is not rolling? There are certainly going to be many options beyond the scheduled Fan Fest, the “official parties” organised by Fifa.Let’s talk, then, about the best parties in Sao Paulo, the biggest

city in the country, host to the opening match (Brazil vs. Croatia on 12 June) and one of England’s games in the first round of the competition (against Uruguay on 19 June). Here is my provisional list that can grow with your help: please

Tweet your suggestions to @souricardo.

ELECTRONIC

If you are looking for electronic music, the district of Barra Funda is home to D-Edge, the main club for this style. This dance hotspot is always voted highly in DJ Mag’s ranking of the best clubs in the world. Open almost every day of the week, their packed line-up that puts

clubs in London and Berlin to shame. Head there in the early hours of Sunday from 5am for ‘SuperAfter’ and experience breakfast and the sunrise while overlooking the Memorial of Latin America, desig-ned by architect Oscar Niemeyer.

UNDERGROUND

Following in the footsteps of electronic music, but with a little Brazilianness, several alternative collectives put on the best party in town: Trackers. The old city centre, more precisely a disused public office building from the ‘70s is where the young and hip crowd head for their weekly music fix. Transformed from a squat, the decaying have gradually been occupied by graffiti the party has a unique at-mosphere. Calefação Tropicaos, Venga, Venga and Trabalho Sujo are the venues best parties.

SAMBA

Don’t think that you can only enjoy Samba in Rio; Sao Paulo’s parties have their own rich tradition and style. Two sambas (where you can also enjoy feijoada another quintessential Brazilian expe-rience), that are worth visiting are Você Vai Se Quiser in Rooselvet Square and Traço de União in Pinheiros. For a more mixed and friendly environment, Samba do Bule in the northern area of the city is my favourite.

CITY SECRETS

Two parties that are really cool, but you will only get into if you know someone in the city, are the Forró Secreto and Bar Secreto. The first one is a party where the best trios of forró play in the city and only people who are on the guest list get in. Organised by Magno Festas, if you are heading to SP you can get in touch with them and try get a ticket.Bar Secreto has a more intimate feel and a with an international

footprint, the venue has hosted after parties for Madonna and more recently Arcade Fire. It is an expensive place compared with other clubs, but cheap if compared to any English pub.I also recommend checking out the schedule of other parties like

Voodoohop, Cine Jóia and Audio Club. If you are not a fan of clubs but still like a drink, The Guardian has created a nice guide to Sao Paulo’s best Cocktail bars: http://bit.ly/1gHd6bJ.

Por Ricardo Somera

A Copa do Mundo está chegando (quantas vezes mais teremos que escrever isso até que ela finalmente chegue?) e, com ela, muitas festas que vão agitar as cidades-sede. Afinal, o que fazer quando a bola não estiver rolan-do? Certamente haverá muitas opções além das programadas Fan Fest, áreas designadas para a “festa oficial” da Fifa.Falemos, então, de São Paulo, já que a maior

cidade do país receberá a abertura do evento (Brasil X Croácia no dia 12 de junho) e um dos jogos da Inglaterra na primeira fase da competição (contra o Uruguai no dia 19 de ju-nho). Abaixo segue minha lista, que pode cres-cer com sua ajuda: basta mandar sua sugestão para @souricardo.

ELETRÔNICO

Se você está em busca de música eletrônica, o bairro da Barra Funda é onde está o principal club do estilo em São Paulo: D-Edge. Figurinha repetida no ranking da DJ Mag das melhores baladas de música eletrônica do mundo, o lugar funciona quase todos os dias da semana com uma programação que deixa muitas baladas consagradas de Londres e Berlim no chinelo. Às segundas-feiras a casa recebe a festa On The

Rocks. Aos domingos, às 5h, começa o SuperAf-ter, com café da manhã e nascer do sol da co-bertura – com vista para o Memorial da America Latina, desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.

UNDERGROUND

Na pegada eletrônica, mas com um pouqui-nho de brasilidade, vários coletivos alternativos se encontram na melhor balada da cidade: Tra-ckers. O centro velho da cidade é para onde a galera jovem e descolada se dirige semanal-

mente, mais exatamente para um prédio com cara de repartição pública dos anos 70. Trans-formado em uma squat, carrega a decadência em suas paredes que o graffiti tenta ocupar aos poucos. As festas Calefação Tropicaos, Venga, Venga e Trabalho Sujo são disputadas, você só entra com nome na lista.

SAMBA

Você não está no Rio, mas os sambas pau-listanos não devem nada às tradicionais rodas cariocas. Dois sambas com feijoada que valem a pena conhecer são 1) Você Vai se Quiser na Praça Rooselvet e 2) Traço de União em Pinheiros. Com um clima mais descontraído, misturado e “4:20 friendly”, o Samba do Bule na zona norte da cidade é minha roda favorita e vai até o amanhecer.

SECRETOS

Duas festas que são bem legais, mas que você só vai conseguir entrar se conhecer al-guém da cidade, são o Forró Secreto e o Bar Secreto. O Forró Secreto é uma festa com os melhores trios de forró da cidade e apenas pes-soas que estão numa lista restrita podem entrar. A festa é organizada pela Magno Festas – você pode entrar em contato com os organizadores e tentar a sorte. Já o Bar Secreto tem um clima mais intimista

e uma pegada mais internacional – o lugar já palco de afters da Madonna e recentemente do Arcade Fire. É um lugar caro se comparado com outras baladas, mas barato se compararmos com qualquer pub inglês.Se você não for um fã de comemorações em

festas e baladas, confira o guia de bares que Guardian preparou: http://bit.ly/1gHd6bJ. Con-fira também a programação de outras festas no site da Voodoohop, Cine Jóia e Audio Club.

PHOTO: LEANDRO GODOI

Marcio Vermelhoplaying at D-Edge club

Page 19: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

19brasilobserver.co.uk

GOING OUT

Mudança Doméstica e Internacional

Armazenagem e Empacotamento

Importação e Exportação de Frete Comercial

Serviço Especializado para Antiguidades

Serviço Aéreo, Marítimo e Rodoviário

Serviço Porta a Porta para qualquer lugar do Brasil

“Desde 1992 servindo a Comunidade Brasileira”

Horário de Atendimento: Segunda a Sexta das 08:00h às 19:00h Sábados das 09:00h às 12:00h

Escritórios em Portugal e Espanha: E-mail: [email protected]

Mudança segura e personalizada!

+44 (0)1895 420303 www.packandgo.co.uk

20 anos Aniversário em 2012 – Vamos celebrar!

Garantia do melhor preço. Entre em contato conosco

para mais detalhes.

EE1 0660 PackAndGo_50x254mm_w_Portuguese_Local.indd 1 31/08/2012 23:05

PHOTOS: DIVULGATION

BRAZIL DAY INTRAFALGAR SQUARE

Everyone is invited to this 2014 FIFA World Cup Brazil party in the heart of London. On 12 June, the very day that the world’s largest sporting event is set in motion on the other side of the Atlantic, Londoners and visitors alike will be able to experience and enjoy a cultural feast with sounds, colours and flavours from Brazil. This FREE event will feature a line-up of main stage performances including Samba, Maracatu, Bossa Nova and Choro as well offering

interactive presentations of swaying Forró dance, Capoeira and more. At the food stalls, everyone will be able to sample a range of Brazilian authentic culinary treats. There will also be a football fan-zone offering recreational activities for all ages. BRAZIL DAY is organized by the Embassy of Brazil in London and supported by the Mayor of London. Please note that on the 12 June the Brazil X Croatia game (9 pm) will not be screened in Trafalgar Square.

Where Trafalgar Square | Tickets Free >> www.brazil.org.uk

12 June (12 – 7pm)

Since co-founding his Grupo de Rua (Street Group) as a teenager in 1996, Brazilian choreographer Bruno Beltrao has dedicated himself to transforming street dance and its place in the theatre. His new show, CRACKz, is a “piece without roots”: Beltrão asked his dancers to scour the in-ternet for movements, gestures and informal routines, and then used these as the basis for his choreography. The result is a remarkable fusion of street and contemporary dance, everyday actions and avant-garde attitude that opens up new possibilities for hip-hop and theatre alike.

Brazil has become renowned for its progressive street art and imaginative DIY art ethos. As part of Joga Bola Rich Mix has invited four urban artists from Brazil; trail-blazing stencil artist - Daniel Melim and three members of the legendary street poster art collective – SHN to create mu-rals, installations and lead DIY art workshops. They will be creating a permanent mural in Rich Mix’s main space. The artist’s will also produce a unique installation cre-ated from hundreds of silkscreen posters featuring playful graphic icons combined with stencil art.

Following on the footsteps of greats such as Caetano Veloso and Chico Buarque, at only 27 Maria Gadu is widely recognised as the brightest new star to emerge in Música Popular Brasileira over the last decade. Nom-inated twice for a Latin Grammy Award – for ‘Best Artist’ and ‘Best Songwriter’ – her self-titled debut album was certified platinum in Brazil and gold in Italy. Her eclectic sound incorporates the rootsy acoustic sound of her São Paulo hometown with a brave new blend of samba, Afro-beat, and funk.

Where Sadler’s Wells Theatre | Tickets £12, £20, £27 >> www.liftfestival.com

Where Rich Mix | Tickets Free>> www.richmix.org.uk

Where Barbican Hall | Tickets £15 - £22 plus booking fee >> www.barbican.org.uk

3 – 4 June 12 June – 29 August 28 June

B R U N O B E L T R Ã O & G R U P O D E R U A S T R E E T A R T B R A Z I L P R O J E C T M A R I A G A D Ú A T B A R B I C A N H A L L

Page 20: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

More than millions of kilowatts of power every year, Itaipu brings forth incredible emotions in thousands of tourists who come visit the largest generator of clean renewable energy on the planet. Itaipu’s attractions were the first in Brazil to get the ISO 9001 quality seal. Besides, the Special Tour, a trip through the core of the power plant, has been chosen by the Ministry of Tourism and Fundação Getulio Vargas one of the best tours in the country. Make sure you come see us. The Itaipu power awaits you.

[email protected]

Information and reservations:

+55 45 3529-2892

The spillway may be closed due to technical or weather conditions.

Itaipu. One of Brazil’s premier tourist attractions.

Page 21: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

More than millions of kilowatts of power every year, Itaipu brings forth incredible emotions in thousands of tourists who come visit the largest generator of clean renewable energy on the planet. Itaipu’s attractions were the first in Brazil to get the ISO 9001 quality seal. Besides, the Special Tour, a trip through the core of the power plant, has been chosen by the Ministry of Tourism and Fundação Getulio Vargas one of the best tours in the country. Make sure you come see us. The Itaipu power awaits you.

[email protected]

Information and reservations:

+55 45 3529-2892

The spillway may be closed due to technical or weather conditions.

Itaipu. One of Brazil’s premier tourist attractions.

Page 22: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

22 brasilobserver.co.uk

NEW CANVAS OVER OLD

FOUR BRAZILIAN DESIGNERS YOU SHOULD KNOW ABOUTCARLOS MOTTA

DOMINGOS TÓTORA

JOSÉ ZANINE CALDAS

MANECO QUINDERÉ

Having graduated in architecture, but preferring to immerse himself in the surfing counterculture of the 70s, Carlos Motta spent a year in Cali--fornia, presumably riding the waves and studying construction tech-niques in wood and iron. In 1978 he retur-ned to Vila Madalena in Sao Paulo, started the Atelier Carlos Motta and has been designing and con-structing furniture, architecture, utilitarian ob-

jects and sculptures ever since. Motta’s work references ecology

and respect for nature. Environmental and social responsibility have always been at the core of what he does ensuring that his work causes the least possible impact on the planet and sharing the financial results with those that are part of the produc-tion chain, motivating them to exist and work in the pursuit of excel-lence.

Born and raised in Maria da Fe, a city in the mountainous region of Mi-nas Gerais, Brazil, Domingos Tó-tora returned to his hometown after studying design in Sao Paulo and chose cardboard as the source materi--al for his work that falls between art and design.

Using a certified sustainable pro-cess, recycled cardboard is broken up into small pieces and turned into a pulp that serves as the base material for furniture, objects and sculptural pieces that are moulded by hand, dried in the sun and fini-shed to perfection.

A self-taught architect and desig-ner, Caldas was one of the fathers of modernist design in Brazil and an inspiring person both in life and work. Envisaging the potential indus-trialisation in the Brazil at the end of the ‘40s, Caldas and Sebastião Pon-tes founded the company ‘Z Artistic Fur-niture’ creating affordable moder-nist furniture out of plywood. From the ‘50s Caldas worked as a model maker for architects including Oscar Niemeyer, Oswaldo Arthur Bratke, Rino Levi and Henrique Mindlan who praised his exceptional ability to highly creative solutions. During Brazil’s military coup, Cal-

das lost his position at the University of Brasilia, and travelled in South America and Africa. In 1968 Caldas took refuge in Nova Viçosa, Bahia where he got involved with envi-ronmental protection projects. Embra-cing the skills of local craftsman, he started a handcrafted production of furniture using the scraps and roots of native trees that had been felled by the pulp industry. Caldas saw this as a form of protest against the aggressive destruction of the environ-ment. Characterised by their organic, sculptural quality, Caldas’ furniture takes full advantage of the flaws and natural curves of wood.

Taking place in one of the win-dowless spaces of Caixa Cultural in Rio, the light installations and fittings of Maneco Quinderé provi-ded an es-sential source of illumi-nation and also a unique atmosphe-re to the show. This is not a surprise considering

that Quinderé worked as a theatre de-signer for many years, creating groundbreaking experiences for whi-

ch he was awarded prestigious pri-zes. Since in 2006 his lighting de-signs started to gain new applications within architecture and interior de-sign, always with traces to his earlier experiences, created with the sensi-bility of a product designer and the competence of a lighting specialist. Quinderé works with the fundamental functionality of the object to en-rich the light created.

A couple of weeks ago I finally made

it to the touring exhibition of Bra-

zilian Furniture Design which has been celebrating

the best Brazilian tal-ents in Lisbon,

Berlin, London and Brazil over the last

two years. Com-prehensive in its size and for the

number of iconic pieces included, the

exhibition was a good retrospective of

talent over the last century. While my

favourite piece had to be Oscar Niemeyer’s

‘Easy Chair’ with its per-fect form and

functionality and I could quite easily dedicate an entire

column and then some to his work, I thought

it would be good to tell you more about just a handful of the many inspirational

Brazilian de-signers featured in the

exhibition.

By Kate Rintoul

PHOTOS: DIVULGATION

Page 23: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

23brasilobserver.co.uk

QUATRO DESIGNERS BRASILEIROS QUE VOCÊ DEVE CONHECER CARLOS MOTTA

DOMINGOS TÓTORA

JOSÉ ZANINE CALDAS

MANECO QUINDERÉ

Graduado em arquitetura, mas pre-ferindo imergir na contracultura do surfe dos anos 1970, Carlos Motta passou um ano na Califórnia, prova--velmente pegando onda e estudando técnicas de construção em madei-ra e ferro. Em 1978, ele retornou para o bairro da Vila Madalena, em São Paulo, onde inaugurou o Atelier Car-los Motta – desde então tem de-se-nhado e construído móveis, objetos

utilitários e esculturas. O trabalho de Motta faz forte reve-

rencia a ecologia e respeito com a na--tureza. A responsabilidade social e am-biental sempre esteve no centro do que ele faz, com a preocupação de causar o menor impacto possível no planeta e compartilhando os resultados financei-ros com aqueles que fazem parte da cadeia produtiva, motivando-os a existir e trabalhar em busca da excelência.

Nascido e criado em Maria da Fé, pequeno município nas monta-nhas de Minas Gerais, Domingos Tótora retornou para sua cidade natal depois de estudar design em São Paulo e escolher o papelão como material base de seu trabalho que varia entre arte e desenho.

Usando um processo sustentável, o papelão reciclável é quebrado em pequenos pedaços e que se trans-formam em uma pasta que serve como material base dos móveis, objetos e esculturas que são mo-deladas a mão, secadas ao sol e finalizadas com perfeição.

Arquiteto e designer auto de data, Caldas foi um dos pais do design modernista brasileiro e uma fonte de inspiração tanto em seu trabalho quanto na vida pessoal. Prevendo o potencial industrial do Brasil no final da década de 1940, Caldas e Sebas-tião Pontes fundaram a companhia ‘Z Artistic Furniture’, criando um mo-biliário modernista acessível de ma--deira compensada. A partir dos anos 1950, Caldas trabalhou com arqui-te-tos de renome como Oscar Niemeyer, Oswaldo Arthur Bratke, Rino Levi e

Henrique Mindlan. Com o golpe militar, Caldas per-

deu sua posição na Universidade de Bra-sília e viajou pela América do Sul e África. Em 1968 se refugiou em Nova Viçosa, na Bahia, onde se envolveu com projetos de proteção ambiental. Aprendendo as habilidades dos artesãos locais, começou a pro-duzir pe-ças com raízes de árvores nativas. Caracterizados por sua quali-dade es-cultural, os móveis de Caldas tiram o máximo das falhas e curvas natu-rais da madeira.

Posicionada em uma das salas sem janela do espaço Caixa Cultural do Rio de Janeiro, a iluminada instala-ção de Maneco Quinderé deu uma at-mosfera única para a exposição. Isso não chega a ser uma surpresa,

considerando que Quinderé traba-lhou

com teatro por muitos anos. Desde 2006 seus desenhos iluminados co-meçaram a ganhar novas aplicações dentro da arquitetura e do de-sign de interior, com a sensibilidade de cria-dor de produtos e a compe-tência de um especialista em iluminação.

Algumas semanas atrás eu finalmente visitei a exibição itinerante ‘Brazi-lian Furniture Design’, que tem celebrado o trabalho dos melhores talen-tos brasileiros da área com exposições em Lisboa, Berlim, Londres e Bra-sil. Abrangente em seu tamanho e pelo número de peças icônicas incluí-das, a mostra faz uma boa retrospectiva do um último século. Ainda que minha peça favorita tenha sido a ‘Easy Chair’ de Oscar Niemeyer, e que sua forma renda por si só uma coluna inteira, decidi que seria mais inte-ressante abordar alguns dos designers brasileiros que me deram tanta inspiração na exposição.

Por Kate Rintoul

www.brazil ianfurnituredesign.comPara ler as biografias completas e entrevistas gravadas com os desig-ners acima

Visit for full biographies, including video interviews with the designers

Page 24: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

24 brasilobserver.co.uk

MUSIC TO WEAR

I DARE YOUOUR PERSONAL CHALLANGE

EU TE DESAFIO NOSSA COMPETIÇÃO PESSOAL

By Bia Bronow Dalla Translated by Marielle Machado ‘Teka’

Everyday we all suffer from a cruel pre-judgment, not from other people, but from within our own minds. Restricted by a huge list of fashion “dos and don’ts”, we someti-mes ignore our own will and curiosity. Inspired by looking at this internal dra-

ma (and maybe because I’m listening to Elvis Costello right now) I have been thinking about everyday life and remin-ding myself that breaking rules, especially the ones we set ourselves is one of the coolest things you can do in fashion.We decided to have this conversation

after realising that Teka always sends me photos of the beautiful things she buys in London, and I look at them, quickly coming up with excuses as to why they wouldn’t look good on me, but how it works for her. So we set ourselves the challenge of

trying different things. I’m not just talking about clothes, but basically everything that we refuse to give a go. It might sound silly, but giving a chance to the little things in life you’re not used to can really put a smile on your face – you’ll see.So game on! We’ll be challenging each

other to experience whatever it is that we are afraid of or simply haven’t done yet, and then we will talk about it here and on our blog.The first and probably the most difficult

challenge Teka gave me was to face my fear of the midi pencil skirt. According to some fashion experts, I wouldn’t be allo-wed in heaven if I dared to wear a midi skirt, and if it’s a tight one, then I would be sent straight to fashion hell. To give you a little context, I’m 1.58m tall (5’2”) and my butt diameter is probably half of that vertical number. But who cares, right?For the challenge I decided to wear

an amazing polka dot skirt from River Island that I got at a really good price. I styled it in three different looks and promised not to judge myself. But in the end my inner critic was unusually quiet, while the first look is my favouri-te because I liked the more casual style of the top untucked, I ended up loving all three looks. I can now say that the midi pencil skirt is new a favourite. Thanks, Teka! My challenge to you is

coming soon, just wait!

Por Bia Bronow Dalla

Somos bombardeadas o dia inteiro com um pré-julgamento muito mais cruel do que aquele que vem do outro: o nosso próprio. Influenciadas pela lista enorme de “dont’s”, a gente segue, por vezes, ignorando a nossa vontade/curiosidade. Todo esse dramalhão besta (pode ou não pode ser por estar ouvindo Elvis Cos-tello neste exato momento) é para dizer que uma das coisas mais bacanas de se fazer na vida é quebrar paradigmas, so-bretudo os nossos próprios. A ideia de falar sobre esse assunto

surgiu porque, por vezes, a Teka me mandava fotos de coisas lindas que ela tinha adquirido aí em Londres, e eu criava na cabeça motivos pelos quais aquilo não ficaria bem em mim. Não vale só para roupa, mas para basica-mente tudo o que a gente se recusa a experimentar. Parece bobo, mas dar uma chance às coisas pode te arrancar algum sorriso - vai vendo. A primeira e a mais sofrida peça para

mim foi justamente o primeiro desafio que a Teka me propôs - a saia lápis midi. Isso mesmo! Uma pode desafiar a outra a experimentar o que quer que seja, e depois a gente conta a experiên-cia por aqui e lá no nosso blog. De acordo com algum entendido de

moda por aí, eu seria proibida de in-gressar ao reino dos céus caso ousasse usar uma saia midi; se fosse justa, então, era diretamente para o inferno. Gente, tenho 1,58 metro de altura e uma bundaça que contabiliza mais ou menos metade dessa metragem vertical aí. Mas e daí, né?A que usei para encarar o desafio

foi essa saia de bolinhas maravilhosa da River Island, que comprei por um precinho bem bacanudo também. Fiz três combinações diferentes e combinei comigo mesma de não me julgar tanto. Mas nem precisou... Quando a gente está de bom humor, acaba gostando de tudo! O meu preferido é o primeiro. Gosto mais da blusa por fora, mas curti os três - e confesso que agora o mo-delo é um dos preferidos de todos os tempos da última semana. Valeu Teka! E o meu desafio para você já está che-gando, aguarde!

PHOTOS: PERSONAL ARCHIVE

g This conversation continues on www.musicaparavestir.co.uk

g Essa conversa continua lá no www.musicaparavestir.com.br

In addition to trying out the tight skirt, I decided to team it with a transparent top. Why not? | Além da saia justa, ainda mandei uma transparência. Por que não?

With huge earrings and a great t-shirt there was no way this look could go wrong | Brincão e camiseta, não tem como dar errado

A more classy look | Uma combinação mais

arrumadinha

Page 25: Brasil Observer #11 - Portuguese Version

brasilobserver.co.uk 25