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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS BIOLOGIA ALIMENTAR E MORFOHISTOLOGIA DO TUBO DIGESTÓRIO DO MUSSUM, Synbranchus marmoratus, BLOCH (OSTEICHTHYES: SYNBRANCHIDAE) NO AÇUDE MARECHAL DUTRA “GARGALHEIRAS”, LOCALIZADO NO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO. LUCIANA ARAÚJO MONTENEGRO NATAL / RN 2009

BIOLOGIA ALIMENTAR E MORFOHISTOLOGIA DO TUBO …€¦ · relating to feeding activity variations and frequency of ingestion during the rainy and dry seasons. The rainfall varied from

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

BIOLOGIA ALIMENTAR E MORFOHISTOLOGIA DO TUBO

DIGESTÓRIO DO MUSSUM, Synbranchus marmoratus, BLOCH

(OSTEICHTHYES: SYNBRANCHIDAE) NO AÇUDE MARECHAL

DUTRA “GARGALHEIRAS”, LOCALIZADO NO SEMI-ÁRIDO

BRASILEIRO.

LUCIANA ARAÚJO MONTENEGRO

NATAL / RN

2009

II

LUCIANA ARAÚJO MONTENEGRO

BIOLOGIA ALIMENTAR E MORFOHISTOLOGIA DO TUBO

DIGESTÓRIO DO MUSSUM, Synbranchus marmoratus, BLOCH

(OSTEICHTHYES: SYNBRANCHIDAE) NO AÇUDE MARECHAL

DUTRA “GARGALHEIRAS”, LOCALIZADO NO SEMI-ÁRIDO

BRASILEIRO.

ORIENTADOR: Profª. Drª. SATHYABAMA CHELLAPPA

DOL / CB / UFRN

Versão da Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas

do Centro de Biociências, da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como um dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em Ciências

Biológicas.

NATAL / RN

ABRIL, 2009

 

III

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

BIOLOGIA ALIMENTAR E MORFOHISTOLOGIA DO TUBO DIGESTÓRIO

DO MUSSUM, Synbranchus marmoratus, BLOCH (OSTEICHTHYES:

SYNBRANCHIDAE) NO AÇUDE MARECHAL DUTRA “GARGALHEIRAS”,

LOCALIZADO NO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO.

LUCIANA ARAÚJO MONTENEGRO

Esta versão da Dissertação, apresentada pela aluna LUCIANA ARAÚJO

MONTENEGRO ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, do Centro

de Biociências, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi julgada adequada

e aprovada, pelos Membros da Banca Examinadora para conclusão do curso de

Mestrado em Ciências Biológicas.

MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________________

Profa. Dra. SATHYABAMA CHELLAPPA – DOL / CB / UFRN

_________________________________________________________

Prof. Dr. NAITHIRITHI T. CHELLAPPA – DOL / CB / UFRN

_________________________________________________________

Prof. Dr. BHASKARA CANAN – SENAI/RN

_________________________________________________________

Prof. Dr. JOSÉ ZANON DE OLIVEIRA PASSAVANTE – UFPE-PE

Natal/RN, 30 de Abril de 2009.

IV

AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela oportunidade concedida

através do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, em especial aos

professores do quadro de mestrado;

A professora Dra. SATHYABAMA CHELLAPPA, pela orientação e confiança

deposita em minha pessoa durante todo mestrado, a quem tanto admiro pelo seus

esforços e dedicação à pesquisa, sempre me auxiliando com suas valiosas sugestões

para o enriquecimento deste trabalho;

Ao professor Dr. NAITHIRITHI CHELLAPPA pela colaboração, permitindo

que as análises limnológicas fossem realizadas em seu laboratório, bem como à sua

equipe de laboratório;

A Empresa de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Norte (EMPARN),

pelos dados metereológicos;

Ao Sr. FERNANDO, pela colaboração, com as suas preciosas fotografias, que

foram tão importantes para o enriquecimento deste trabalho de pesquisa;

A professora RAIMUNDA GONÇALVES DE ALMEIDA, pelo incentivo,

apoio, colaboração e preciosas sugestões, a quem tanto admiro, com amizade e respeito

por sua pessoa;

Aos meus queridos pais, a quem tanto amo e admiro Sr. LUIZ MONTENEGRO

DA CUNHA e Sra. MARIA NAZARÉ ARAÚJO CUNHA, por me incentivarem e

apoiarem em todos os momentos de realização do meu mestrado, fazendo-me prosseguir

em frente com confiança e direcionamento;

Ao meu amigo e esposo, MARCOS ALEXANDRE, pela compreensão e

colaboração em todos os momentos do mestrado;

As minhas queridas filhas ADRIANNA e LYVIA, que em uma das fases mais

bonitas da sua infância, souberam da sua maneira, entender a minha ausência;

As colegas do LABICTIS pelas boas horas que passamos juntos, em especial a

DAISY pela preciosa contribuição nas coletas e apoio constante durante a realização das

biometrias;

A professora NAISSANDRA BEZERRA DA SILVA, pelo direcionamento,

apoio e colaboração na preparação e leituras das lâminas histológicas;

V

Ao DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA E HISTOLOGIA da UFRN, em

especial a MARIA DE LURDES pela paciência nata e colaboração durante a preparação

das lâminas histológicas;

A LILIANE GURGEL pelas preciosas sugestões e colaborações durante a

realização deste trabalho;

A ELIZETE CAVALCANTI, sugestões enriquecedoras e grandiosos momentos

de convívio;

A grande e querida amiga, ANA CARLA PETROVICH IORIO pelo apoio

constante, dedicação e amizade;

A todos que colaboraram de maneira a tornar possível a realização deste

trabalho;

E em especial, a nossa MÃE SANTÍSSIMA, que sem a sua permissão essa nova

conquista não teria sido possível!

VI

SUMÁRIO

Página

RESUMO VIII

ABSTRACT IX

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Ictiofauna das bacias do Semi-Árido

2

2

1.2 Biologia alimentar dos peixes 4

1.3 Considerações sobre a espécie em estudo 5

2. OBJETIVOS DA PESQUISA 8

2.1 Objetivo geral 8

2.2 Objetivos específicos 8

3. MATERIAL E MÉTODOS 10

3.1 Área de estudo 10

3.2 Coleta e taxonomia da espécie em estudo 13

3.3 Parâmetros metereológicos 15

3.4 Caracterização morfométrica e biometria dos peixes

3.5 Aspectos alimentares

15

16

Grau de Repleção 16

Índice de repleção estomacal (IR): 17

3.6 Análise da dieta 17

3.7 Análise morfohistológica do tubo digestivo

3.8 Análise estatística

17

18

3.8 Normalização das referencias bibliográficas 18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (Capítulo 1) 19

VII

CAPÍTULO 2

Artigo Cientifico 1

REFERÊNCIAS

LISTA DE TABELAS

LEGENDA DE FIGURAS

Artigo Cientifico 2

REFERÊNCIAS

LISTA DE FIGURAS

28

39

42

43

48

54

57

CAPÍTULO 3

DISCUSSÃO GERAL

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS

65

67

68

VIII

RESUMO

O regime alimentar e a morfohistologia do tubo digestório do mussum, Synbranchus marmoratus (Block, 1917) foram investigados. Os exemplares foram capturados mensalmente no período de agosto de 2007 a julho de 2008, no açude Marechal Dutra, Acari, Rio Grande do Norte. Foram verificados os parâmetros limnológicos, tais como, temperatura da água, oxigênio dissolvido e condutividade elétrica do açude. Os valores mensais de pluviosidade foram obtidos da EMPARN. Os peixes capturados foram medidos, pesados, eviscerados e registrado o peso de cada estômago. A análise do conteúdo estomacal foi realizada de acordo com o método de pontos e método de freqüência de ocorrência associado ao método de importância alimentar. Os estômagos tiveram o grau de repleção determinado e o índice de repleção relacionando a atividade alimentar com o período chuvoso e de estiagem. A precipitação pluviométrica variou de 0 a 335 mm. A média anual da pluviosidade foi de 71,62 mm ± SD 163,3. O maior valor de 335,5 mm ocorreu em março de 2008 e os menores valore ocorreram nos meses de agosto a dezembro de 2007. No período de seca, S. marmoratus apresentou valores mais altos no Índice médio de Repleção, com um pico no mês de setembro (4,54; ± SD = 0,56), sendo esse o maior valor médio de IR anual. O menor valor (3,99; ± SD = 0,25) ocorreu no mês de maio no período chuvoso. Os resultados obtidos indicam que S. marmoratus alimentou-se preferencialmente de material animal, sendo 78,22% de crustáceos, 13,5% de material orgânico semi digerido, 3,25% de moluscos, 2,85% de peixes e 1,4% de insetos. Portanto, a espécie em estudo pode ser caracterizada como carnívoro com preferência a carcinofagia. Os aspectos morfohistológicos do tubo digestório do S. marmoratus foram investigados e os resultados indicam que boca é terminal com grande abertura, lábios delgados com corpúsculos gustativos, os dentes são pequenos villiformes formando uma única série nas maxilas, com quatro pares de arcos branquiais com rastros branquiais curtos e espassados. O esôfago é curto e apresenta formato cilíndrico com pequeno diâmetro. A parede esofágica é espessa com a superfície interna formada por mucosa, contendo pregas paralelas. O estômago é do tipo retilíneo, formado pelas porções cárdica, cecal e pilórica. A região de maior comprimento é a região cecal, localizada entre a porção cárdica e pilórica. A região cárdica que é a primeira porção do estômago é curta e cilíndrica, formada por mucosa constituída por epitélio cilíndrico simples, com muitas células caliciformes. A região cecal é alongada e apresenta paredes delgadas, luz maior que a cárdica, com pregas de menor porte, formado por epitélio cilíndrico simples com glândulas gástricas. A porção pilórica não possui glândulas e apresenta pregas principais e secundárias em sua mucosa. Os aspectos morfohistológicos do trato digestório do S. marmoratus mostram que a espécie é adaptada para hábito alimentar carnívoro. Palavras chave: peixe, dieta alimentar, carnívoro, açude semi-árido.

IX

ABSTRACT Food habits and morpho-histology of the digestive tract of marbled swamp eel, Synbranchus marmoratus (Block, 1917) were investigated. The fish samples were captured during August, 2007 to July, 2008 in the Marechal Dutra reservoir, Acari, Rio Grande do Norte. The rain fall data was obtained from EMPARN. The fish captured, were measured, weighed, dissected, eviscerated and individual stomach weights were registered. The stomach contents analyses were carried out based on volumetric method, points, frequency of occurrence and applying the Index of Relative Importance. The degrees of repletion of the stomachs were determined besides the Index of Repletion relating to feeding activity variations and frequency of ingestion during the rainy and dry seasons. The rainfall varied from 0 mm a 335 mm with a mean value of 71.62 mm. Highest rainfall of 335.5 mm was registered in March, 2008 and August to December was the dry period. During the dry period the study species presented high degrees of repletion of the stomachs, with a peak value in the month of September (mean = 4.54; ± SD = 0.56). The minimum mean value of = 3.99 ± SD = 0.25 was registered in the month of May during the rainy period. The stomach contents of S. marmoratus registered show that this fish prefers animals, 78.22% of crustaceans 2.85% of mollusks, 3.25% of fish, 1.4% of insects and 13.5% of semi-digested organic matter, thus characterizing the study species as a carnivore with a preference for crustaceans. The morpho-histological aspects of the digestive tract of S. marmoratus indicate that the mouth is terminal adapted to open widely, thin lips with taste buds, small villiform teeth forming a single series on maxillas, four pairs of branchial arches with short and widely spaced branchial rays. The oesophagus is short and cylindrical with a small diameter. The oesophagus wall is thick with mucas surface and internal parallel folds. The stomach is retilinical in form, presenting cardiac, caecal and pyloric portions. The caecal portion is long and is intermediary in position between the cardiac and pyloric portions. The cardiac portion of the stomach is short and cylindrical formed of simple epithelial cylindrical mucus cells. The caecal portion is long with narrow walls, a big cavity and smaller folds which give rise to gastric glands. The phyloric portion has no glands and primary or secondary mucas folds. The morphohistological aspects of the digestive tract of S. marmoratus indicate its adaptation to a carnivorous feeding habit. Key Words: fish, food habits, carnivore, semi-arid reservoir.

1

CAPÍTULO 1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO GERAL

2

1. INTRODUÇÃO

1.1 - Ictiofauna das bacias do Semi-Árido

A ictiofauna dos ecossistemas dulciaquícolas da Caatinga inclui representantes de

diferentes grupos neotropicais e suas espécies distribuem-se em bacias interiores e costeiras do

nordeste brasileiro, que drenam parcialmente ou estão inteiramente localizadas na Caatinga.

Por isso, não há como caracterizar uma ictiofauna típica ou exclusiva deste ecossistema, uma

vez que a distribuição de muitas espécies nos rios (que cortam a caatinga) estendem-se para

além de seus limites, atingindo outros ecossistemas da região nordeste brasileiro e regiões

vizinhas (ROSA 2004; ROSA et al., 2005).

A ictiofauna dos açudes do semi-árido brasileiro representa o resultado de

processos ecológicos que determinaram a adaptação de espécies às condições climáticas e

ao regime hidrológico da região. A compilação taxonômica dos peixes que ocorrem no

bioma Caatinga revelou a presença de 240 espécies, distribuídas em 7 ordens. Ordem

Siluriformes apresentou a maior diversidade, com 101 espécies (Família Loricariidae com

34 espécies; Família Pimelodidae com 27 espécies e Família Callichthyidae com 15

espécies. A ordem Characiformes apresentou a segunda maior diversidade, com 89

espécies (Família Characidae com 50 espécies). Entre os Cyprinodontiformes, a família

Rivulidae foi a mais variada com 24 espécies. As demais ordens são representadas pelos

Gymnotiformes (6), Perciformes (17), Myliobatiformes (1), Clupeiformes (1) e

Symbranchiformes (1). Do total de espécies de peixes encontradas, 9 são introduzidas e

136 são consideradas endêmicas para Caatinga. As 9 espécies introduzidas são Poecilia

latipinna, Poecilia reticulata, Plagioscion squamosissimus, Astronotus ocellatus, Cichla

monoculus, Cichla ocellaris, Geophagus surinamensis, Oreochromis niloticus e Tilápia

rendalli (ROSA et al. 2005).

Estudos sobre peixes em açudes e lagos do Estado do Rio Grande do Norte foram

fundamentais para se ter mais informações e enriquecer o conhecimento sobre a ictiofauna

dulciaquícola da caatinga. Neste sentido, Os trabalhos realizados por Gurgel et al. (1995) e

Canan et al. (1997) relatam sobre as espécies de peixes mais frequentes nos açudes do

estado do Rio Grande do Norte: Cará, Cichlasoma orientale; tucunaré, Cichla ocellaris;

pescada branca, Plagiosciom squamosissimus; piaba, Astyanax bimaculatus; jacundá,

Crenicichla menezesi; cangati, Parauchenipterus galeatus; piranha, Serrasalmus brandtii.

3

A diversidade de espécies de peixes na Lagoa do Piató foi relatada no estudo de

Almeida et al. (1993). Levantamentos ictiofaunisticos realizados por Freire et al. (2000),

em cinco reservatórios da bacia do Piranhas Assu, demonstrou uma composição

ictiofaunística representada por algumas espécies nativas como curimatã, Prochilodus

brevis, piau, Leoporinus piau; pirambeba, Serrasalmus maculatus; sardinha, Triportheus

angulatus; traíra, Hoplias malabaricus, branquinha, Curimata ciliata e cascudo,

Hypostomus sp. E algumas espécies introduzidas como apaiari, Astronotus ocellatus,

pescada branca, Plasgioscion squamosisssimus, tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus e

tucunaré, Cichla monoculus.

Estudos sobre a ecologia reprodutiva do tucunaré, Cichla monoculus foi realizado

no açude Campo Grande, São Paulo do Potengi, RN (CÂMARA, 1998; CÂMARA et al.,

2002; CHELLAPPA et al., 2003a), e os aspectos reprodutivos do cangati,

Parauchenipterus galeatus e pirambeba, Serrasalmus maculatus, foram realizados na

lagoa de Extremoz, RN (MEDEIROS, 2001; MEDEIROS et al., 2003; MEDEIROS et al.,

2004). No açude Marechal Dutra, RN onde foram realizadas pesquisas abordando aspectos

ictiofaunísticos, Silva (2000), concordou com a ocorrência de espécies de peixes relatadas

no trabalho de Freire et al. (2000). Menescal (2002) observou uma redução de espécies de

peixes nativos como uma consequência da introdução da tilápia do Nilo, Oreochromis

niloticus, no açude Marechal Dutra. Foram realizados estudos sobre a ictiofauna de valor

comercial (BUENO; CHELLAPPA, 2003) e sobre a biologia reprodutiva do cascudo,

Hypostomus pusarum no açude Marechal Dutra, Acari, RN (BUENO, 2004). Nascimento

(2006) estudou os aspectos reprodutivos do curimatã comum, Prochilodus brevis no

mesmo açude.

Os trabalhos realizados contribuíram significante em relação ao conhecimento dos

aspectos ecológicos dessas espécies nos ecossistemas aquáticos do semi-árido brasileiro.

Contudo, não há um consenso acerca do status taxonômico e os estudos alimentares de

muitas espécies de peixes do bioma Caatinga. Este fato reflete a carência de estudos sobre

a ecologia alimentar e sistemática dos peixes dos açudes da região.

Os ecossistemas do semi-árido brasileiro têm como características as variações de seus

recursos hídricos, os baixos índices pluviométricos, bem como a elevada taxa de evaporação,

onde as espécies presentes desenvolvem estratégias de sobrevivência, que acarretam em

competições intra e interespecífica. A barragem de Marechal Dutra é um ecossistema que

apresenta uma imensa importância para o abastecimento de água, recreação e sustento da

população local (COSTA, 2000; CHELLAPPA & COSTA, 2003).

4

1.2 - Biologia alimentar dos peixes

Estudos acerca da biologia alimentar de espécies icticas vem recebendo atenção

especial principalmente devido à sua importância no que se refere à conservação de

ambientes aquáticos. Segundo Menezes (1994), sem estes estudos, não é possível

desenvolver planos de manejo sustentável visando à preservação das espécies de peixes,

bem como estabelecimento de parâmetros que devem nortear decisões sobre política de

preservação e programas de piscicultura.

Os ambientes de água doce oferecem poucas oportunidades para especialização de

peixes. Consequentemente, muitas espécies apresentam flexibilidade ampla em relação aos

diferentes tipos de hábito e habitat, compartilhando com outras espécies os recursos

disponíveis no ambiente (LARKIN, 1956). Os peixes diferem quanto ao tipo de alimento

consumido, mais do que qualquer outro grupo de vertebrados (NIKLOSKY, 1963)

indicando que embora haja diferenciação do hábito alimentar, exibem uma considerável

plasticidade que confere vantagens às espécies generalistas em relação às especialistas

(LOWE-MCCONNEL, 1999).

Em águas tropicais, apesar das espécies possuírem adaptações do trato digestório,

muitas delas mostram certa plasticidade em suas dietas, a qual pode estar relacionada a

diversos fatores, tais como, espaciais, sazonais, ontogenéticos e comportamentais

(AGOSTINHO e GOMES, 1997). O mesmo autor não recomenda fazer inferências a

respeito do hábito alimentar dos peixes baseando-se apenas em aspectos morfológicos.

Uma espécie pode mostrar caracteres morfológicos que indicam a exploração de um tipo

de alimento, mas ao se fazer à análise da dieta, esta pode apresentar hábito alimentar

diferente do esperado. Por exemplo, o ciclídeo Petrotilapia tridentiger, do Lago Malawi,

cuja dentição indica especialização para raspar algas de rochas, mas o estudo da dieta

alimentar mostra outros itens alimentares, diferentes do esperado pelos aspectos

morfológicos.

Segundo Zavala-Camin (1996), dados relacionados à alimentação fornecem

subsídios à compreensão dos seguintes temas: (1) nutrição da espécie, incluindo a

assimilação de alimentos; (2) os levantamentos faunísticos e florísticos do ambiente,

refletido no conteúdo estomacal; e (3) a transferência de energia nos ecossistemas. A

atividade alimentar gera elementos para se entender a relação entre os componentes da

ictiofauna e os demais organismos da comunidade aquática. Além disso, deve se levar em

5

conta que estudos sobre alimentação de peixes são indispensáveis para um efetivo manejo

da população, além de contribuir para o entendimento da biologia da espécie (HAHN,

1991; HAHN et al., 1997).

O conhecimento do regime alimentar das espécies nativas é de fundamental

importância para que possamos compreender toda a dinâmica do encadeamento biológico,

numa determinada coleção d’água. A primeira citação referente a alimentação de peixes

para o estado do Rio Grande do Norte é de Menezes & Menezes (1946), que estudaram

algumas espécies de peixes de ambiente dulciaquícolas do nordeste brasileiro, entre as

quais; cangati, Parauchenipterus galeatus.

Aspectos da alimentação de peixes para o Estado do Rio Grande do Norte foram

pesquisados por Magalhães et al. (1990) ao analisarem a dieta de Serrasalmus brandtii, do

rio Piranhas-Assu; Gurgel et al. (1994) estudando a dieta de Metynnis cf. roosevelti, da

Lagoa Redonda, Nísia Floresta. Chellappa et al. (1996), verificaram a dieta alimentar do

híbrido vermelho de tilapia, Oreochromis niloticus (Linnaeus) x Oreochromis

mossambicus (Peters) em viveiros dos peixes no RN; Canan et al. (1997) analisaram a

alimentação da comunidade de peixes da lagoa Boa Cicca, Gurgel et al. (1998) estudaram a

biologia alimentar da joaninha, Crenicchla lepidota da lagoa Redonda e Gurgel e Canan

(1999) que verificaram a dieta dos peixes da lagoa do Jiqui, RN. Mais recentemente, são

registrados os estudos de Raposo e Gurgel (2003), referindo-se a alimentação da piranha,

Serrasalmus spilopleura, em função do ciclo lunar e das estações do ano na lagoa de

Extremoz (Teixeira e Gurgel, 2004) e sobre a dinâmica da nutrição e do comportamento

alimentar de Steindachneria notonota, do açude Riacho da Cruz. Um estudo sobre a

ecologia alimentar e reprodutiva da piaba-do-rabo-amarelo, Astyanax cf. lacustris foi

realizado na lagoa do Piató, Assu, RN (SILVA, 2008).

1.3 - Considerações gerais sobre a espécie em estudo

O mussum, Synbranchus marmoratus, Bloch 1795, é um peixe teleósteo,

pertencente à família Synbranchidae, e ordem Synbranchiformes (LO NOSTRO, 2000).

Esses peixes habitam tocas nas lagoas e margens de rios. É um peixe de hábitos

crepusculares, noturnos e vive em covas que ele mesmo faz nas margens dos corpos d’água

de onde habita.

A ordem compreende três famílias, com 12 gêneros e cerca de 87 espécies. São

predominantemente dulciaquícolas, com apenas três espécies marinhas. Dos quatro

6

gêneros pertencentes à família Synbranchidae, Synbranchus spp, apresenta duas espécies,

S. marmoratus e S. madeira, ocorrem no continente americano, sendo encontrado desde o

sul do novo México estendendo-se pela América Central, até o sul da América do Sul.

Vivem principalmente em charcos, onde as águas são pobres em oxigênio e nos períodos

de seca, sobrevivem enterrados na lama (ROSEN e GREENWOOD, 1976; NELSON,

1994).

É comum encontrá-los nos ambientes lênticos e margens dos rios do nordeste do

Brasil, sendo mais facilmente capturados com covos. Zaret e Rand (1971) referenciam seu

comportamento como sendo carnívoro, predando peixes e sapos. S. marmoratus são

peixes de corpo alongado, sem nadadeiras pélvicas e abertura branquial localizada na

metade inferior do corpo (LAUDER e LIEM, 1983; BRITSKI, et al., 1999).

Os membros de Synbranchidae não possuem bexiga natatória, a pele é bastante

grossa e produz muco em quantidade que recobre todo seu corpo e a faz muito resistente a

infecções e a vida em cativeiro (GRAHAM et al., 1995).

S. marmoratus possui respiração aérea acessória, inspiram o ar através da câmara

branquial única que se abre na superfície ventral da cabeça quando a disponibilidade de

oxigênio diminui, apresentando assim, respiração aérea facultativa utilizando-se de sua

câmara buco-faríngea modificada, podendo viver tanto em águas pobres como ricas em

oxigênio No inicio da estação da seca, quando o nível da água declina constroem um

“túnel” no sedimento onde se enterram (ROBINS et al., 1991; KENNY, 1995; ESTEVES

1988).

Com base nessas informações e na necessidade imprescindível do conhecimento da

biologia de peixes do semi-árido do nordeste brasileiro, o presente trabalho teve como

objetivo complementar estudos já existentes sobre a ictiofauna em outras áreas do Estado

do Rio Grande do Norte, através da elucidação de aspectos alimentares de uma espécie de

peixe, nativa, encontrada no açude Marechal Dutra.

7

2. OBJETIVOS

CAPÍTULO 1

8

2. OBJETIVOS DA PESQUISA

2.1 - Objetivo Geral

Este trabalho teve como objetivo, verificar os aspectos da biologia alimentar e

morfohistologia do tubo digestório do mussum, Synbranchus marmoratus Bloch, 1795

(Osteichthyes: Synbranchidae), capturados no açude Marechal Dutra, RN do semi-árido

brasileiro a fim de fornecer subsídios para a conservação e uso sustentável desse recurso

pesqueiro da região.

2.2 - Objetivos específicos

Verificar as características morfométricas, a estrutura populacional em

comprimento e peso, o regime alimentar quanto ao grau de repleção (GR) e índice de

repleção estomacal (IR) da espécie em estudo, em relação aos períodos de estiagem e

chuvoso da região considerando os fatores ambientais.

(Artigo 1)

Caracterizar a morfohistologia do tubo digestório em relação ao regime

alimentar.

(Artigo 2)

9

CAPÍTULO 1

3. MATERIAIS E MÉTODOS

10

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 - Área de estudo

O açude público Marechal Dutra, também denominado Gargalheiras, está

localizada nas coordenadas 6º 26’ 11’’ de Latitude Sul e 36º 38’ 28’’ de Longitude

Oeste, no distrito de Gargalheiras, município de Acari, RN, a 219 km de Natal (Figura

1). Compreende ao barramento do rio Acauã, formado pela confluência dos rios Currais

Novos (RN) e Picuí (PB), sendo um dos afluentes da bacia Piranhas-Assu. Sua

construção foi iniciada em 1909 e concluída em 1959. Com capacidade total de

acumulação de 40.000.000 m3 de água com uma profundidade máxima de 25 metros. A

profundidade média anual de 5,2 metros (Tabela 1 e Figura 2).

O açude Gargalheiras destaca-se na paisagem do semi-árido brasileiro como

núcleo de vida, sendo considerado a principal atração turística da cidade, sendo um

marco na história e na vida de Acari. Faz contraste com a paisagem seca e árida dos

sertões, proporcionando na época das chuvas, ao povo de Acari e aos turistas um grande

espetáculo na sua “sangria” sobre a parede da barragem. Teve sua construção iniciada

em 1909 e concluída em 1959. Na dependência dele vive hoje, uma população em torno

de 40 mil habitantes da cidade de Acari e Currais Novos.

A barragem Gargalheiras foi construída com a finalidade de armazenar água

para atender as necessidades da região, que pertence ao polígono das secas. Ela

apresenta o sétimo volume de água represada da bacia Piranhas-Açu. É um reservatório

de grande importância e tem como principal função o abastecimento público de água,

beneficiando a população tanto em termos armazenagem como para outros fins,

destacando-se a atividade pesqueira como principal fonte de renda da comunidade local,

seguida da exploração da agricultura de vazante.

A hidrologia do Município é caracterizada pelo Aqüífero Cristalino que, em

geral contém água de qualidade inferior para o consumo, em decorrência de seu teor

salino; e o Aquífero Aluvião, constituído pelo lençol freático depositado nos sedimentos

dos leitos e terraços de rios e riachos de grande porte, apresenta uma profundidade

média de 0,7m com água de boa qualidade. A vegetação local é de Caatinga

hiperxerófila, rala, de porte arbustivo e arbustivo-arbóreo, formado principalmente por

leguminosas e cactáceas.

11

O clima semi-árido, característico da região, apresenta um curto período

chuvoso e um longo período de estiagem, e ainda sendo marcado por constantes

irregularidades pluviométricas. O período chuvoso ocorre de janeiro a maio, mesmo nos

anos de menor pluviosidade. A precipitação anual média para a região é 430mm, a

máxima de 1.1337,6 mm e mínima de 18mm. A temperatura média mensal é de 27,4º

C, a média anual de umidade relativa do ar é de 65% e a insolação chega a 3.0000 h

/ano.

Tabela 1. Características hidrográficas e morfométricas do açude Gargalheiras, Acari,

RN.

Extensão da Bacia Hidrográfica 2.400 km2 Extensão da Bacia Hidráulica 780,00 há Capacidade máxima do açude 40.000.000mm3 Profundidade máxima do açude 25m Profundidade média do açude 5,2m

Fonte: SEMARH (Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte, 2007).

Figura 1. Área de estudo: Açude Marechal Dutra, Acari/RN, Brasil (6°24’06,87” Lat. S 36°35’07,23” Long. O) (Fonte: SECRETARIA DE RECURSOS HIDRICOS – SERHID, 2008).

Brasil

Rio Grande do Norte

12

Figura 2. Vista do açude Público Marechal Dutra: (a) período de estiagem, entre o agosto de 2008 a dezembro de 2008; (b) período chuvoso, entre janeiro de 2008 a julho de 2008.

a

b

13

3.2 - Coleta e taxonomia da espécie em estudo

Os membros de Synbranchidae são peixes serpentiformes, de corpo nu sem

escamas, não apresentam nadadeiras peitorais e pélvicas, as dorsais e anais são simples

pregas carnosas, sem raios e a caudal é pequena e vestigial ou ausente (NELSON 1994;

BRITSKI et al., 1999). Possui cabeça proeminente, com olhos pequenos e narinas

anteriores. A abertura branquial é única e situa-se sob a cabeça. A Figura 3 mostra a

distribuição geográfica e a espécie em estudo.

As coletas foram realizadas mensalmente por pescadores da região, no período

de agosto de 2007 a julho de 2008. Os exemplares de S. marmoratus foram capturados

de forma artesanal e também foram utilizados covos como apetrechos de pesca, que são

armadilhas confeccionadas em PVC, medindo cerca de 30cm de comprimento e 15cm

de diâmetro. Os covos são ligados uns aos outros por cordas (corda principal) e como é

projetado para não flutuar, descem ao substrato (Figura 4). Após as coletas, os peixes

foram acondicionados em caixas térmicas com gelo e transferidos ao Laboratório de

Ictiologia do Departamento de Oceanografia e Limnologia, UFRN, para a realização da

triagem e estudo.

14

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sse:

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a).

15

Figura 4. Apetrechos de pesca: covos utilizados para captura do mussum, Synbranchus marmoratus no açude Marechal Dutra; a) covo aberto; b) covo fechado.

3.3 - Parâmetros Meteorológicos

Os dados de precipitação pluviométrica referentes ao período de estudo, foram

obtidos no Departamento de Metereologia e Recursos Hídricos da EMPARN (Empresa

de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Norte S/A), Natal/RN, para a

caracterização do regime pluviométrico da área de estudo.

3.4 - Caracterização morfométrica e biometria dos peixes

Os peixes foram numerados, pesados (g) e medidos (cm). A caracterização

morfométrica foi realizada baseando-se nas seguintes variáveis: Comprimento total

(LT), medição horizontal da ponta do focinho à maior extremidade da nadadeira caudal;

comprimento da cabeça (LC), distância da ponta do focinho à margem posterior do

opérculo; altura do corpo (AC), distância vertical, em ângulo reto com o eixo;

comprimento do focinho, ponta do focinho até o bordo posterior do opérculo;

a

b

16

comprimento do maxilar, a medida da porção inferior da boca; abertura da boca,

distância máxima entre as mandíbulas; comprimento pré-dorsal, comprimento desde o

extremo do focinho até nadadeira dorsal; comprimento pré-anal, comprimento desde o

extremo do focinho até o inicio da nadadeira anal e diâmetro do olho.

Após o registro desses dados, os peixes foram eviscerados com um

seccionamento na região abdominal a partir do poro urogenital para a retirada dos

órgãos foram verificados: peso corporal (Wt); peso corporal do peixe sem vísceras em

gramas (Wv) e peso do estômago (We). Os estômagos foram retirados na altura da

porção cárdica e pilorica, e obtido o peso em gramas. O grau de repleção do estômago

foi determinado de acordo com Santos (1978). Foram fixados em formol a 10% e

conservados em álcool a 70% para posterior leitura de itens alimentares.

Estrutura da população em peso e comprimento

A estrutura em comprimento e peso dos exemplares foram determinadas através

da distribuição das freqüências absolutas das classes de comprimento total e peso total

para sexo agrupado. A classe de intervalo foi de 5cm para o comprimento total, e

intervalo de 50g para o peso total dos espécimes.

3.5 - Aspectos alimentares

Grau de repleção:

A classificação do grau de enchimento do estômago (grau de repleção – GR) foi

estabelecida segundo a escala de Santos (1978), com adaptações de Gavilan-Leandro

(2003) variando de 0 a 3:

Onde:

0 = estômago vazio

1 = estômago parcialmente vazio (< 25% do volume ocupado)

2 = estômago parcialmente cheio (>25% e < 75% do volume ocupado)

3 = estômago totalmente cheio: repleto (> 75% e 100% do volume ocupado)

17

Índice de repleção estomacal (IR):

O Índice de Repleção estomacal foi calculado pela obtenção do peso do

estômago multiplicado por 100 e dividido pelo peso total do peixe (HAHN, 1991).

Variações nos valores de IR indicam uma maior ou menor atividade alimentar em

decorrência da disponibilidade ou escassez de recursos alimentares ao longo do ano. O

Índice de Repleção médio consiste na média ponderada dos valores numéricos do IR

considerado.

Onde:

We = Peso do estômago (g)

Wt = Massa corporal total do peixe (g)

3.6 - Análises da dieta

A identificação do conteúdo estomacal objetivou-se na descrição qualitativa e

quantitativa dos alimentos ingeridos pelo peixe. Alguns métodos foram combinados, para

que os erros fossem minimizados e o diagnóstico fosse o mais completo possível sobre a

dieta.

Após os procedimentos utilizados para investigação estomacal, comentados na

etapa de laboratório, os estômagos conservados foram retirados do álcool e preparados

para a análise. Os conteúdos estomacais foram examinados sob microscópio ótico e

estereomicroscópio. Procurou-se identificar até o menor nível taxonômico possível,

utilizando a bibliografia de apoio de Higuti e Franco (2001) e Wehr e Sheath (2003).

Para a investigação dos aspectos alimentares adotou-se o Método de Pontos

(SWYNNERTON e WORTHINGTON, 1940), Freqüência de Ocorrência

(HYNES,1950; HYSLOP, 1980), Volumétrico (HYSLOP, 1980), Índice de Importância

Alimentar estomacal (KAWAKAMI e VAZZOLER, 1980) e o hábito alimentar da

espécie (ROSECCHI e NOUAZE, 1987).

3.7 - Análise morfohistológica do tubo digestório

IR = We X 100 / Wt

18

Para a análise morfohistológica do tubo digestório, foi realizada a biometria e

dissecação dos animais, através de uma incisão no sentido longitudinal, partindo do poro

anal do animal até a cabeça. O tubo digestório foi retirado da cavidade celomática,

seguido de secções transversais do esôfago, estômago (porção cárdica, cecal e pilórica)

imediatamente fixados em Bouin a 10%, devidamente identificados.

Para análise anatômica dos órgãos digestórios foi utilizado um estereoscópio

(Olympus CH30). Dos órgãos digestórios foram retirados fragementos, que faziam parte

das regiões esofágica, cárdica, fúndica e pilórica estomacais e do intestino anterior,

médio e posterior. Em seguida efetuou-se a técnica histológica para microscopia óptica

desidratação, diafanização e inclusão em parafina, coradas com HE – Hematoxilina de

Harris, Eosina (MAIA, 1979) e PAS – e Ácido Periódico-Schiff (BEHMER et al., 1976)

com algumas modificações.

Para a descrição morfológica, especial atenção foi dada a caracterização do

formato geral do corpo, posição e tamanho da boca, posição e tamanho dos olhos, tipo

de dentição, tipo de forma das brânquias e rastros branquiais. Foram consideradas

também as estruturas da mucosa, quanto ao tipo de epitélio e os tipos celulares que o

compõem, assim como uma possível ocorrência de glândulas na lâmina própria e a

presença ou ausência de muscular da mucosa, a caracterização da submucosa e

distribuição de células granulares e, ou glândulas nesta túnica.

3.8 - Análise Estatística

Os resultados da análise de frequência de ocorrência dos itens da dieta de S.

marmoratus e o preenchimento estomacal foram comparados, aplicando-se o teste do 2

para se identificar as diferenças estatisticamente significativas.

3.9 - Normalização das referências

Para a normalização das referências bibliográficas da parte geral da dissertação

foi empregada a recomendação da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

(MENEZES & CARVALHO, 2006) e para os Artigos foram utilizadas as normas das

revistas específicas (Anexo).

19

CAPÍTULO 1

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26

CAPÍTULO 2

RESULTADOS Artigo Científico 1

27

4. RESULTADOS

4.1 Os resultados incluem dois artigos científicos em preparação a serem

submetidos à publicação.

ARTIGO 1 – ARTIGO EM PREPARAÇÃO

Luciana Araújo Montenegro; Daisy Nazareth Ferreira Damasceno & Sathyabama Chellappa

Biologia Alimentar do Mussum, Synbranchus marmoratus, Bloch

(Osteichthyes: Synbranchidae) em um Açude do Semi-Árido Brasileiro .

Freshwater Biology

ISSN: 0046-5070

Factor de impacto: 2,650

ARTIGO 2 – ARTIGO EM PREPARAÇÃO

Morfohistologia do tubo digestório do mussum, Synbranchus marmoratus,

Bloch (Osteichthyes: Synbranchidae) em um Açude do Semi-Árido Brasileiro

Luciana Araújo Montenegro; Naissandra Bezerra da Silva, Daisy Nazareth Ferreira Damasceno & Sathyabama Chellappa

Journal of Fish Biology

ISSN: 0022-1112 Factor de impacto: 1,404

28

BIOLOGIA ALIMENTAR DO MUSSUM, SYNBRANCHUS

MARMORATUS, BLOCH (OSTEICHTHYES: SYNBRANCHIDAE)

EM UM AÇUDE DO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO

Luciana Araújo Montenegro1; Daisy Nazareth Ferreira Damasceno2 & Sathyabama

Chellappa 1

1 UFRN, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Centro de Biociências,

Departamento de Oceanografia e Limnologia, Praia de Mãe Luíza, s/n, 59014-100,

Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. E-mail: [email protected],

[email protected]

2 UFRN, Departamento de Oceanografia e Limnologia, Centro de Biociências, s/n,

59014-100, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO

O presente trabalho baseia-se na análise do conteúdo estomacal do mussum, Symbranchus marmoratus, capturados mensalmente utilizando covos no período de agosto de 2007 a julho de 2008, no açude Marechal Dutra, Acari, Rio Grande do Norte, Brasil. Foram obtidos de cada exemplar o comprimento total, massa corporal e peso do estômago. A análise do conteúdo estomacal dos peixes foi realizada de acordo com o método volumétrico, de pontos e o método de freqüência de ocorrência, aplicando-se sobre este o Índice de Importância Alimentar. As variações na dieta e a freqüência de ingestão alimentar foram relacionadas com a pluviosidade. Os itens alimentares identificados foram separados em grupos distintos. No período de seca a espécie apresentou valores mais altos no índice médio de repleção, com um pico no mês de setembro (4,54 ± SD = 0,56). O menor valor (3,99 ± SD = 0,25) ocorreu no mês de maio no período chuvoso. Os resultados obtidos indicam que S. marmoratus se alimentou preferencialmente de material animal, sendo 78,22% de crustáceos, 13,5% de material orgânico semi digerido, 3,25% de moluscos, 2,85% de peixes e 1,4% de insetos. Portanto, a espécie em estudo pode ser caracterizada como carnívoro com preferência a carcinofagia com a maior atividade alimentar durante a estiagem. Palavras Chave: dieta, peixe, açudes, carcinofagia, semi-árido.

29

ABSTRACT

This work refers to stomach content analysis of the marbled swamp eel, Symbranchus marmoratus (Block, 1917), captured using traps on a monthly basis during the period of August, 2007 to July, 2008 in Marechal Dutra dam, Acari, Rio Grande do Norte State, Brazil. Each individual was measured and their total length, body mass and stomach weights were registered. The stomach content analysis was performed according to volumetric points, frequency of occurrence methods and the dietary importance index. The variations in diet and frequency of feeding were related to rainfall. The food items identified were separated in groups. During the dry season the study species showed higher values of fullness, with a peak value in September (4.54 + SD = 0.56). The lowest value (3,99 + SD = 0,25) was in May, during the rainy season. The stomach contents of S. marmoratus show that this fish prefers animals, 78.22% of crustaceans 2.85% of mollusks, 3.25% of fish, 1.4% of insects and 13.5% of semi-digested organic matter, thus characterizing the study species as a carnivore with a preference for crustaceans, with elevated feeding activity during the dry season. Key words: diet, fish, reservoir, carnivore, semi-arid.

30

INTRODUÇÃO

O conhecimento da alimentação de peixes em meio natural é indispensável á

compreensão de sua biologia e ecologia, permitindo explicar variações de crescimento,

certos aspectos da reprodução, migração e certos comportamentos de procura e captura

do item alimentar. As variações bióticas e abióticas podem levar a uma mudança nos

itens que compõem a dieta dos peixes, sugerindo que a maioria pode se utilizar uma

ampla gama de alimentos, e quando um destes itens encontra-se em proporções

diferentes do normal, em escassez ou em excesso, os peixes mudam seu comportamento

alimentar.

O mussum, Synbranchus marmoratus, Bloch 1795, é um peixe teleósteo,

pertencente a Família Synbranchidae, e ordem Synbranchiformes. Estudos ecológicos

sobre a alimentação de S.marmoratus fornecem informações relevantes sobre sua

estratégia de vida, interações com outros organismos do ecossistema e nos permitem

verificar variações na atividade alimentar em função de fatores ambientais. Além de

servir como suporte para a elaboração de um plano adequado de manejo, objetivando

um uso sustentável dos estoques pesqueiros e conservação das espécies nativas. Deve

ser enfatizado que a alimentação não é apenas um resultado das relações ecológicas dos

organismos num dado período de suas vidas, mas é também um reflexo de eventos

anteriores e preparação para a estação seguinte, se constituindo numa forma de

comportamento e que a força dos fatores ambientais e o significado biológico desses

mesmos fatores, alteram a velocidade das respostas comportamentais (MANTEIFEL et

al. 1978).

Embora a espécie S. marmoratus não seja uma espécie de grande interesse

comercial, a sua abundância em áreas dulciaquícolas do semi-árido nordestino, faz com

que seja utilizada pelas comunidades pesqueiras, como complemento alimentar. Nesse

sentido, levando-se em consideração a pequena quantidade de artigos publicados

referentes a alimentação do S. marmoratus a presente pesquisa visa contribuir para a

caracterização do padrão sazonal e temporal da dieta da espécie, atribuindo a

importância de cada item na alimentação da espécie, relacionando a atividade alimentar

com parâmetros meteorológicos e físico-químicos, tais como pluviosidade, temperatura,

condutividade elétrica e oxigênio dissolvido, verificando as variações na intensidade

alimentar em função das variáveis ambientais.

31

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo

A amostragem do estudo foi realizada no açude Marechal Dutra (6º 26’ 11’’ de

Lat. Sul e 36º 38’ 28’’ de Long. Oeste), situada no município de Acari, Estado do Rio

Grande do Norte. O açude está inserido no bioma Caatinga, possui uma capacidade de

acumulação de 40.000.000 m3, profundidade máxima de 25 metros e média anual de 5,2

metros localizada a 219km da capital do Estado. O açude Gargalheiras destaca-se na

paisagem do semi-árido brasileiro como núcleo de vida. Na dependência dele vive hoje,

uma população em torno de 40 mil habitantes da cidade de Acari e Currais Novos. Esse

reservatório vem sendo utilizado pela população para outros fins, destacando-se a

atividade pesqueira como principal fonte de renda da comunidade local, seguida da

exploração da agricultura de vazante.

Coleta do material

As coletas foram realizadas numa freqüência mensal do período de agosto de 2007 a

julho de 2008 utilizando-se covos como apetrechos de captura, fixados próximos à

vegetação marginal. Os exemplares capturados foram etiquetados e transportados ao

laboratório para o registro da biometria. Para cada exemplar foi obtida a massa corporal em

gramas e o peso do estômago, através do emprego de balança digital com precisão de

0,0001g. O comprimento total (uma medida entre a extremidade anterior da maxila e a

extremidade do lobo superior da nadadeira caudal, levemente distendida) foi expresso em

centímetros.

Pluviosidade

Os dados de precipitação pluviométrica referentes ao período de estudo foram

obtidos no Departamento de Metereologia e Recursos Hídricos da EMPARN (Empresa

de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Norte S/A) Natal/RN, para a

caracterização do regime pluviométrico da área de estudo.

32

Análise dos itens alimentares

Após as biometrias, os peixes foram eviscerados, com um seccionamento na

região abdominal a partir do poro urogenital para a retirada dos estômagos. Os

estômagos fixados no formol 10% e conservados no álcool 70% tiveram o conteúdo

examinado segundo o Método de Pontos (SWYNNERTON & WORTHINGTON,

1940), Freqüência de Ocorrência (HYNES, 1950; HYSLOP, 1980) e Volumétrico

(HYSLOP, 1980). O Índice de Repleção estomacal (IR) foi calculado com base na

massa corporal do peixe dividida pelo peso do estômago e multiplicada por cem. Os

valores médios mensais do IR foram comparados com fatores abióticos (pluviosidade) e

limnológicos (temperatura, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido) relacionando-

os com as variações na atividade alimentar. Os itens alimentares identificados foram

separados em grupos distintos de acordo com a sua origem, visando à determinação do

hábito alimentar e aplicando o Índice de Importância Alimentar para cada item

consumido.

Análise estatística

Através do Software XL STAT foi realizada a Análise de Componentes

Principais – PCA, corroborada pelo teste de Spearman, com o intuito de verificar quais

das variáveis ambientais mais se relacionavam com a atividade alimentar.

33

RESULTADOS

A análise do conteúdo estomacal do S. marmoratus revelou que o peixe se

alimentou exclusivamente de itens de origem animal, sendo portanto considerado como

espécie carnívora. A dieta alimentar foi composta de itens separados em categorias

distintas. Os itens foram compostos de crustáceos, peixes, moluscos, nemátodos, restos

de inseto. Foram encontrados também escamas de peixe, exoesqueletos de crustáceos e

grande quantidade de material semi digerido.

→INSERIR Tab.1

O Índice de Importância alimentar (IAi) demonstrou que S. marmoratus se

alimentou preferencialmente de material animal, sendo (78,22%) de crustáceos, (13,5%)

de material orgânico semi digerido e (3,25%) de moluscos, (2,85%) de peixes, (1,4%)

de restos de insetos. Caracterizando a espécie em estudo como um organismo carnívoro

com tendência generalista (Fig. 1).

→INSERIR Fig. 1

A análise do Índice médio de Repleção estomacal (IR) demonstrou que os meses

de agosto a dezembro de 2007, correspondente ao período de estiagem, apresentaram os

valores mais altos para o período estudado. Houve uma diminuição acentuada do IR nos

meses de janeiro a junho, Houve maior atividade alimentar durante a estiagem e uma

diminuição no período chuvoso.

A precipitação pluviométrica variou de 0 mm a 335 mm. Durante o período

chuvoso a precipitação pluviométrica foi maior, com uma acentuada diminuição de

chuvas durante a estiagem. A média anual da pluviosidade foi de (71,62 mm ± SD

163,3). O maior valor ocorreu em março de 2008: 335,5 mm e os menores nos meses de

agosto a dezembro de 2007, nos quais não houve precipitação. A relação entre a

pluviosidade e o Índice médio de Repleção indica que nos meses de maior precipitação

os peixes ingeriram menos alimento, correspondente aos meses de janeiro a julho de

2008. No período em que há uma diminuição acentuada de chuvas, a espécie estudada

34

apresentou valores mais altos no Índice médio de Repleção, com um pico no mês de

setembro (média = 4,54; ± SD = 0,56), sendo esse o maior valor médio de IR anual. O

menor valor (média = 3,99; ± SD = 0,25) ocorreu no mês de maio, período chuvoso. A

atividade alimentar mostrou-se mais intensa durante os meses de baixa precipitação

pluviométrica (Fig. 2).

→INSERIR Fig. 2

35

DISCUSSÃO

Mudanças sazonais ocorridas no habitat afetam os peixes, principalmente através

de mudanças na quantidade e qualidade do alimento disponível. Em águas tropicais, a

despeito das especializações anatômicas para a alimentação, exibidas por muitas

espécies de peixes, a maioria delas mostra considerável plasticidade em suas dietas

(LOWE-MCCONNELL, 1987). A diversidade dos itens que constituem a dieta de S.

marmoratus nos permite inferir que esta espécie retrata bem o observado pela autora,

refletindo a característica oportunista da espécie.

No entanto, em S. marmoratus, ocorreu somente variação sazonal na quantidade

de alimento, estando a maioria dos exemplares com estômagos vazios no inverno e

alcançando o valor máximo de repleção no verão. Os crustáceos se mostram ser o

principal alimento desta espécie alcançou maior proporção em todas as estações. Esta

espécie foi carnívora em todas as estações, alimentando-se de crustáceos e peixes.

Contudo, não é o verão a estação em que os peixes estão mais bem nutridos. Aliás, estes

adquirem massa corporal no auge do inverno, precisamente quando se nota os valores

mais baixos do índice de repleção (IR).

Este fenômeno talvez possa ser explicado por alterações metabólicas, que

aumentam a conversão alimentar, relacionadas talvez com a reprodução.

Segundo Hyslop (1980), variações no peso médio dos conteúdos estomacais

durante o ano, indicam diferenças na intensidade da alimentação. A análise do conteúdo

estomacal de S. marmoratus evidenciou basicamente crustáceos ocorrendo em 80% dos

estômagos analisados durante o período de estiagem e de chuva, correspondendo a

42,5% do volume total de itens encontrados na análise da dieta alimentar.

Entretanto, diversos autores previnem o uso do método de freqüência de

ocorrência, com um índice isolado do “valor alimentar” (CRISP et al., 1978; HYNES,

1950; MANN, 1973; MANN & ORR, 1969). Estimadores numéricos superestimam a

importância de pequenas presas tomadas em grandes números. Nesta situação, a

percentagem de ocorrência encontrada em nossos estudos, foi associada a composição

volumétrica, no sentido de fornecer com certa confiança uma indicação da dieta

conforme sugerido por (CRISP et al., 1978; BONNEAU et al., 1972).

O índice de importância alimentar encontrado para os 42 estômagos analisados,

de S. marmoratus mostrou crustáceos (IAi=1,4), detritos(IAi = 0,34) Peixes (IAi

36

=0,09), restos de insetos (IAi=0,08), Moluscos (IAi=0,07), nemátoda (IAi =0,005). Os

resultados deste trabalho são semelhantes aos descritos por Soares et al. (1986) referente

a estrutura trófica do lago Camaleão no Amazonas onde os autores encontraram para

esta espécie, um espectro alimentar constituído basicamente de insetos, ácaros,

crustáceos e peixes, classificando-o como carnívoro. A dieta alimentar do mussum,

pode ser carnívora na fase adulta, ingerindo peixes, moluscos e crustáceos e

alimentando-se durante sua etapa juvenil, de zooplancton, pequenos crustáceos

(Cladócera e Ostacoda) e insetos associados à vegetação flutuante (LO NOSTRO,

1986).

Gerking (1994) relatou que um grande número de espécies de peixes tem

habilidade de mudar de dieta e de hábitos alimentares, respondendo a variações sazonais

e diárias, entre outras, na disponibilidade de alimento, o que cria dificuldades para

classificar os peixes em grupos tróficos. No entanto a esse despeito Caragitsou &

Papaconstatinou (1990) ressaltam que, de acordo com o alimento disponível no

ambiente, o peixe pode mudar tanto seu comportamento quanto seu padrão de migração.

Ainda conforme Larkin (1956), a competição caracteriza-se pela demanda de mais de

um tipo de organismo pelos mesmos recursos do meio ambiente para o suprimento de

suas necessidades imediatas, podendo ser causada por alimentação comum, por espaço,

ou por predação entre competidores.

A atividade alimentar possa ser influenciada pela variação do nível da água em

rios que possuem regime marcante de cheia e seco. O açude Marechal Dutra, durante o

período (agosto/2007 a julho 2008) apresentou variações marcantes no nível da água,

ocorrendo estiagem no período de agosto a dezembro que levou o nível do rio a 4

metros abaixo do considerado normal.

Alguns autores observaram variação sazonal na alimentação de peixes (Zaret &

Rand,1971; Guilen & Har, 1980; Laughlin & Werner, 1980; Wynes & Wissing, 1982),

sugerindo que isto pode mostra o ciclo de vida da presa ou o resultado de competição

pelo mesmo alimento. Nesse sentido, observou-se no conteúdo estomacal de S.

marmoratus uma maior incidência do item crustáceos durante os meses de estiagem,

onde a captura torna-se máxima, quando os camarões migram para as margens e mínima

durante o período de chuva, devido a velocidade muito alta da correnteza da água, que

diminui a capturabilidade das espécies.

O fato dos peixes diminuírem a alimentação em período de precipitação

pluviométrica pode não estar relacionado à disponibilidade de recursos e sim ao período

37

reprodutivo, que no nordeste brasileiro geralmente ocorre no período chuvoso. Dessa

forma eles teriam mais espaço para o desenvolvimento das gônadas. No açude Marechal

Dutra a análise efetuada por estação estiagem e chuvosa, mostra que os maiores valores

para o índice de repleção ocorreram durante o período de agosto de 2007 a dezembro de

2007. Essas variações sugerem que S.marmoratus possui maior atividade alimentar, nos

meses de menor precipitação pluviométrica, ou seja, na estação seca. Neste sentido,

Welcomme (1995), assinala que a intensidade alimentar em águas tropicais está sujeita

a poucas influências de temperatura, relacionando o regime das cheias ao suprimento

alimentar e a densidade populacional como determinantes da atividade alimentar, uma

vez que as chuvas ampliam os biótopos, favorecendo a atividade alimentar.

Para Goulding et al. (1984) a dieta de uma espécie de peixe, só pode ser

compreendida se o comportamento alimentar for estudado nos diversos tipos de água

que a espécie habita. Segundo estudos realizados por estes autores, o camarão é o

principal alimento do Sorubim lima em várzea de águas brancas, e sendo uma espécie

abundante em rios, com poucos exemplares capturados em águas pretas e claras.

Portanto, relacionaram a abundância de S.lima com a de camarões menor em rios de

águas pretas e claras do que em rios de água branca.

Em ambientes tropicais dulcícolas, as flutuações pluviométricas destacam-se

entre os fatores abióticos por apresentar um papel fundamental, pois provocam o

carreamento de nutrientes do solo, aumentando a disponibilidade de alimento e

enriquecendo os ecossistemas aquáticos, elevando as concentrações de oxigênio e

regulando as atividades especialmente reprodutivas, dos organismos, inclusive

fornecendo ambientes para nidificação e alimentação das larvas, em decorrência da

ampliação das margens. No açude Marechal Dutra os fatores abióticos exerceram

considerável influencia na alimentação dos peixes. De acordo com a análise dos

alimentos principais verificou-se que entre os fatores físico-químicos, a pluviosidade e o

oxigênio dissolvido foram os que mais interferiram. O oxigênio dissolvido apresenta

uma relação direta com a atividade alimentar tanto no período de chuva quanto no

período de estiagem, talvez por ser um fator limitante na distribuição dos organismos na

coluna d’água e na distribuição destes. A temperatura do açude não demonstrou grandes

variações ao longo do estudo e sua relação com a atividade alimentar foi constatada em

setembro e outubro, os meses de temperatura mais elevada durante a estiagem. De

acordo com Esteves (1996), em águas frias ou com a diminuição acentuada da

temperatura, pode haver diminuição no número de presas, o reservatório torna-se mais

38

abundante em ofertas de itens alimentares durante as estações quentes. Nesse sentido

pode-se inferir que a elevada atividade alimentar no açude Marechal Dutra, durante a

estação seca do que na chuvosa poderia ainda ser explicada pela disponibilidade dos

componentes na dieta, visto que apesar das chuvas aumentarem o aporte de material

trazido pelos rios e riachos que deságuam no açude Marechal Dutra, a elevada

movimentação da água dificulta sua disponibilidade na coluna d’água, não favorecendo

sua ingestão. A condutividade elétrica durante todo o período de estudo manteve-se alta

e apresentou influencia na atividade alimentar dos peixes durante o período de janeiro a

julho, correspondente ao período de estiagem. A alta condutividade elétrica é

característica dos reservatórios do Nordeste (CHELLAPPA et al., 2003).

Pelo exposto conclui-se que a espécie apresenta um maior índice de repleção

durante o período de estiagem. O padrão dos itens alimentares encontrados na dieta de

S. marmoratus, foi composto exclusivamente de itens de origem animal, principalmente

crustáceos, o que caracteriza a espécie como carnívora, com tendência a carcinofagia e

habito alimentar generalista.

Os autores agradecem ao CNPq pela concessão de suporte financeiro a pesquisa.

39

REFERÊNCIAS

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42

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Espectro alimentar de Synbranchus marmoratus a)durante o período de

estiagem (agosto de 2007 a dezembro de 2007) b) Espectro alimentar de Synbranchus

marmoratus durante o período chuvoso (janeiro de 2008 a julho de 2008).

Tabela 1 (a). Espectro alimentar de Synbranchus marmoratus durante a) período de

estiagem (n=62 ) e (b) Período chuvoso (N=16) Fo = Freqüência de ocorrência, Fv =

Freqüência volumétrica% e IAi = Índice de Importância alimentar).

a)

Itens alimentares Fo Fv % IAi % Nematodos 3,57 2,77 0,16 Crustáceos 87,5 53,3 78,3 Moluscos 21,4 9,72 3,49 Peixes 19,6 12,5 4,1 Insetos 7,14 2,77 0,33 Detrito 42,8 18,8 13,5

b)

Itens alimentares Fo Fv % IAi % Nematodos - - - Crustáceos 54,5 73,5 90,6 Moluscos - - - Peixes - - - Insetos 27,2 7,35 4,52 Detrito 18,1 11,7 4,79

43

LEGENDA DE FIGURAS

Figura 1. Composição dos itens alimentares de Synbranchus marmoratus no período de

agosto de 2007 a julho de 2008 (N =78).

Figura 2. Índice de Importância alimentar de Synbranchus marmoratus no período de

agosto de 2007 a julho de 2008.

Figura 3. Relação entre a pluviosidade e o Índice médio de Repleção estomacal de

Synbranchus marmoratus no período de agosto de 2007 a julho de 2008.

Figura 4. Relação entre o peso e o comprimento de Synbranchus marmoratus no

período de agosto de 2007 a julho de 2008.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Nemátodos

Crustáceos

Moluscos

Peixes

Restos de Insetos

Detrito

Itens

alim

enta

res

Porcentagem (%)

Período de estiagem Período chuvoso

Figura 1. Composição dos itens alimentares de Synbranchus marmoratus no período de agosto de 2007 a julho de 2008 (N =78).

44

Figura 2. Índice de Importância alimentar de Synbranchus marmoratus no período de agosto de 2007 a julho de 2008.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Nemátodos

Crustáceos

Moluscos

Peixes

Restos de Insetos

Detrito

Índi

ce d

e im

portâ

ncia

al

imen

tar

Porcentagem (%)

Estação seca Estação chuvosaEstiagem

45

Figura 3. Relação entre a pluviosidade e o Índice médio de Repleção estomacal de

Synbranchus marmoratus no período de agosto de 2007 a julho de 2008.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Chuvoso Seco

IR m

édio

Estiagem

46

Figura 4. Relação entre o peso e o comprimento de Synbranchus marmoratus no

período de agosto de 2007 a julho de 2008.

9899

100101102103104105106107108

Chuvoso Seco

Peso

(g)

38

40

42

44

46

48

50

52

Com

prim

ento

(cm

)

Estiagem

47

CAPÍTULO 2

RESULTADOS Artigo Científico 2

48

Morfohistologia do tubo digestório do mussum, Synbranchus

marmoratus Bloch (Osteichthyes: Synbranchidae) em um açude do

semi-árido brasileiro

Luciana Araújo Montenegro1; Naissandra Bezerra da Silva 2 Daisy Nazareth Ferreira

Damasceno3 & Sathyabama Chellappa 1

1 UFRN, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Centro de Biociências,

Departamento de Oceanografia e Limnologia, Praia de Mãe Luíza, s/n, 59014-100,

Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. E-mail: [email protected],

[email protected] 2 UFRN, Centro de Biociências, Departamento de Morfologia e Histologia, Natal, Rio

Grande do Norte, Brasil. E-mail: 3 UFRN, Departamento de Oceanografia e Limnologia, Centro de Biociências, s/n,

59014-100, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO

O presente estudo descreve e analisa morfohistologicamente o tubo digestório (esôfago, estômago e intestino) do mussum, Symbranchus marmoratus, capturados mensalmente no período de agosto de 2007 a julho de 2008, no açude Marechal Dutra, Acari, Rio Grande do Norte, Brasil. Foram coletados 78 exemplares de espécimes adultos e após s a biometria procedeu-se através de uma incisão ventral a retirada do tubo digestório. Foram feitas secções transversais do esôfago e estômago (porção cárdica, cecal e pilórica). Em seguida, efetuou-se a técnica histológica para obtenção de lâminas histológicas coradas e analisadas por microscopia. Os aspectos morfohistológicos do tubo digestório do S. marmoratus indicam que boca é terminal com grande abertura, lábios delgados, os dentes são pequenos villiformes formando uma única série nas maxilas, apresentam quatro pares de arcos branquiais com rastros branquiais curtos e espassados. O esôfago é curto e apresenta um formato cilíndrico com pequeno diâmetro. A parede esofágica é espessa com a superfície interna formado por mucosa, contendo pregas paralelas. O estômago é do tipo retilíneo, formado pelas porções cárdica, cecal e pilórica. A região de maior comprimento é a região cecal, localizada entre a porção cárdica e pilórica. A região cárdica que é a primeira porção do estômago é curta e cilíndrica, formada por mucosa constituída por epitélio cilíndrico simples, com muitas células caliciformes. A região cecal é alongada e apresenta paredes delgadas, luz maior que a cárdica, com pregas de menor porte, revestido por epitélio cilíndrico simples com glândulas gástricas na submucosa. A porção pilórica não possui glândulas e apresenta pregas principais e secundárias em sua mucosa. Os aspectos morfohistológicos do tubo digestório do S. marmoratus mostram que a espécie é adaptada para hábito alimentar carnívoro.

Palavras Chave: peixe, morfohistologia, tubo digestório, peixe carnívoro.

49

INTRODUÇÃO

Investigações do espectro alimentar, por meio de estudos de conteúdos

estomacais, aliadas a análises morfológicas de órgãos envolvidos na tomada do

alimentar ou que participam da digestão alimentar, têm auxiliado na interpretação da

dinâmica alimentar e ocupação de habitats por espécies icticas (Wootton,1990)

Nesse sentido Blazquez (1990) afirma que alem de processar os alimentos,

algumas partes do tubo digestório são especiaizadas, auxiliando a respiração, como

ocorre em Plecostomus comersonii (cascudo). Ribeiro e Fanta (2000), demonstraram,

através de estudos histológicos e histoquímicos, o envolvimento do epitélio do esôfago

de alguns peixes marinhos e continentais na função de osmorregulação.

Estudos histológicos e da morfologia, fornecem subsídios para a caracterização

dos órgãos do sistema digestório, de forma que possam ser melhor compreendidos a

fisiologia e o hábito alimentar da espécie a ser estudada possibilitam à obtenção de uma

descrição histológica padrão, além de poder auxiliar em avaliações de impacto

ambiental. (Al-Hussaini 1949) e (Morrison & Wright Jr. 1999).

Synbranchus marmoratus Bloch 1795, também conhecido como mussum é um

peixe teleósteo, pertencente a família Symbranchidae, ordem Synbranchiformes,

incluem peixes em forma de enguia (Lo Nostro, 1986).

Este trabalho visa contribuir com os estudos da morfologia e histologia dos

Teleósteos, descrevendo a histologia do tubo digestório, da espécie S. marmoratus, a

fim de facilitar o seu gerenciamento, colaborando na sua preservação, e abrindo novas

pespectivas para pesquisas futuras.

MATERIAL E MÉTODOS

A amostragem do estudo foi realizada no Açude Marechal Dutra (5°30’Lat. S e

37° Long. W), situada no município de Acari, Estado do Rio Grande do Norte. O Açude

Marechal Dutra está inserido no bioma Caatinga, possui uma capacidade de acumulação

de 40.000.000 m3, profundidade máxima de 25 metros e média anual de 5,2 metros. A

população de pescadores a utiliza como fonte alimentar e de renda, dependendo

exclusivamente da pesca para o seu sustento.

50

As coletas foram realizadas numa freqüência mensal do período de agosto de

2007 a julho de 2008 utilizando-se covos fixados próximos à vegetação marginal. Neste

estudo foram utilizados 42 exemplares de Symbranchus marmoratus, com 103,8 ± 0,95

cm de comprimento padrão e 43,1 ± 8,6 g de peso corpóreo, coletados na região

marginal do açude Marechal Dutra, no distrito de Gargalheiras, município de Acari, RN,

a 219 km de Natal, o capital do Estado.

No Laboratório de Técnicas Histológicas (UFRN) Campus Universitário, foi

realizada a biometria e dissecação dos animais, através de uma incisão no sentido

longitudinal, partindo do poro anal do animal até a cabeça. O tubo digestório foi

retirado da cavidade celomática, seguido de seccionamentos transversais para separação

do esôfago, estômago (porção cárdica, cecal e pilórica) e intestino e logo após,

imediatamente fixados em Bouin a 10%, e devidamente identificados.

Para análise anatômica dos órgãos digestórios foi utilizado o microscópio

Olympus, modelo CH30 acoplado a câmara Olympus PM 10 AK. Dos órgãos

digestórios foram retirados fragementos, que faziam parte das regiões esofágica,

cárdica, fúndica e pilórica estomacais e do intestino anterior, médio e posterior. Em

seguida efetuou-se a técnicas histológicas de rotina para microscopia óptica

desidratação, diafanização e inclusão em parafina, coradas com Hematoxilina de Harris,

Eosina (Maia, 1979) e Ácido Periódico-Schiff (Behmer et al., 1976).

Para a descrição morfológica, especial atenção foi dada a caracterização do

formato geral do corpo, posição e tamanho da boca, posição e tamanho dos olhos, tipo

de dentição, tipo de forma das brânquias e rastros branquiais. Foram consideradas

também as estruturas da mucosa, quanto ao tipo de epitélio e os tipos celulares que o

compõem, assim como uma possível ocorrência de glândulas na lâmina própria e a

presença ou ausência de muscular da mucosa, a caracterização da submucosa e

distribuição de células granulares ou glândulas nesta túnica. Além disso, também foram

consideradas a organização da túnica muscular, da serosa ou da adventícia quando

presente.

RESULTADOS

A espécie S. marmoratus possui corpo tubular e comprido longitudinalmente,

com boca terminal e lábios delgados, aderidos a maxila com presença de corpúsculos

gustativos com função de localização, seleção e captura do alimento. Os dentes são

51

pequenos e viliformes, formando uma única série nas maxilas. Possui quatro pares de

arcos branquiais curtos e grossos, onde se apresentam dentes faringeanos com função de

apreensão do alimento.

→INSERIR Fig. 1

O esôfago do mussum, S. marmoratus apresenta-se de formato cilíndrico, de

pequeno diâmetro, curto. Sua parede se apresenta espessa, a superfície interna é

formado por mucosa, contendo pregas paralelas entre si. A mucosa apresenta epitélio

pseudo estratificado contendo células secretoras de muco, células basais e células de

revestimento apicais. Observa-se a presença de lâmina própria formada por tecido

conjuntivo denso e aglandular. Existem pregas na mucosa com feixes de musculatura

estriada chegando até a lâmina própria. A camada muscular é constituída por

musculatura lisa e estriada. O estômago do S. marmoratus delimita-se com o esôfago

pela presença de um estreitamento.

O esôfago é recoberto por uma camada adventícia ao se aproximar do estômago

surge a serosa. Na região de transição entre os dois órgãos o epitélio gradativamente

torna-se cilíndrico e aumenta o número de células secretoras de muco.

O estômago é do tipo retilíneo sendo a região de maior comprimento. A região

cecal foi intermediária com a porção cárdica e pilórica. A região cárdica, primeira

porção do estômago, é curta e cilíndrica, formada por mucosa constituída por epitélio

cilíndrico simples, com muitas células caliciformes. Apresenta paredes espessas e luz

reduzida pela grande quantidade de dobras que apresenta. Observa-se uma ausência de

glândulas nessa região e destaca-se nessa região o surgimento de uma serosa muito

vascular, o que pode estar relacionado com a respiração.

A região cecal é alongada para receber o alimento, e apresenta paredes mais

delgadas, luz maior, com pregas de menor porte, proporcionalmente ao tamanho,

formado por epitélio cilíndrico simples, que se invagina e origina glândulas gástricas

com função de secreção de ácido clorídrico e pepsinogênio.

As pregas estomacais são constituídas por mucosa e submucosa. A submucosa

não apresenta glândulas e é constituída por conjuntivo contendo vasos sanguíneos. A

camada muscular da porção cecal é dividida em uma camada circular e outra

longitudinal. A camada muscular é liso dividindo-se em duas camadas, a primeira

circular, desenvolvida na maior parte das regiões e a segunda uma camada longitudinal.

→INSERIR Fig. 2

52

A porção pilórica é aglandular, em sua mucosa observa-se a presença de pregas

principais que originam pequenas pregas secundárias. A mucosa encontra-se constituído

por epitélio cilíndrico simples muco secretor, seguido de lâmina própria contendo

apenas vasos sanguíneos. A camada muscular possui circular de diâmetro superior as

demais camadas musculares estomacais.

→INSERIR Fig. 3

Ao longo de toda a porção pilórica evidenciam-se dobras, em sentido

longitudinal de tamanhos variados. Ao longo das dobras observou-se invaginações

secundárias dando as primárias o aspecto denteado e fornecendo ao epitélio de

revestimento, uma superfície mais ampla de secreção.

Histologicamente foram observadas as seguintes camadas no estômago de S.

marmoratus: mucosa, submucosa, túnica muscular e serosa.

Levando-se em consideração a presença de glândulas estomacais foi observado

que ocorre variação na presença de glândulas de acordo com a região. A porção cárdica,

por exemplo, apresenta-se aglandular. Na porção cecal é observado um maior número

de glândulas gástricas, que se originam a partir de invaginações de pregas da mucosa,

contendo epitélio cilíndrico simples, estas persistem em grande quantidade na região

cecal, logo após, sofrendo diminuição no número até desaparecerem ao chegar na

porção pilórica.

Externamente o estômago é revestido por uma serosa, onde se evidenciam vasos

sanguíneos e nervos, As características histológicas do estômago, evidenciadas em S.

marmoratus, sugerem que o estômago dessa espécie é especializado na digestão

mecânica, sendo uma espécie carnívora.

A análise histológica do intestino demonstra a presença de vilosidades intestinais

constituídas de epitélio cilíndrico simples, que junto com a lâmina própria originam

vilosidades longas e ramificadas, revestidas por células secretoras de muco e células

absortivas. A mucosa intestinal é aglandular e não observa-se uma submucosa.

Posteriormente surge a muscular, constituída de túnica circular e longitudinal. A última

camada verificada é uma serosa que contém uma rica rede capilar.

DISCUSSÃO

Os peixes estão adaptados para se alimentar de um determinado item, ou

conjunto de itens. A plasticidade na dieta de peixes obedece a certo limite pré-

53

estabelecido pela forma do tubo digestivo, cujas estruturas podem refletir as tendências

alimentares da espécie. Conforme Pillay (1952), a natureza do alimento ingerido

depende primeiramente da morfologia e do comportamento alimentar do peixe, e

secundariamente da composição e quantidade do alimento disponível.

A posição, formato e tamanho da boca estão intimamente relacionados aos

hábitos alimentares e, em especial a forma de apreensão do alimento (Nikolsky, 1963).

Weatherley & Gil (1987) ressaltam que a posição da boca, formato e posição dos

dentes, morfologia dos rastros e presença de estruturas gustativas nos lábios estejam

diretamente relacionadas ao hábito alimentar do peixe. Russo et al. (2004), verificarm

que em adultos de Bryconamericus sp. do rio Iguaçu, que se alimentaram

principalmente da fauna bentônica, a boca terminal apresentou vantagens para a

sobrevivência do gênero, por facilitar a captura da presa. Assim, a posição terminal da

boca da espécie em estudo, S. marmoratus auxilia na apreensão de presas, favorecendo

a captura pelo alimento.

Em relação ao número de rastros branquiais observa-se uma relação inversa com

a presença de itens alimentares maiores e bentônicos na dieta (Watson & Balon, 1984).

O mussum, S. marmoratus, Possui quatro pares de arcos branquiais curtos e grossos,

onde se inserem dentes faringeanos com função de apreensão do alimento. De acordo

com MacNeill & Brandt (1990) a morfologia dos rastros branquiais determina a

eficiência de retenção de partículas de vários tamanhos.

O estômago do tipo retilíneo de S. marmoratus contrasta-se com a espécie

Prochilodus scrofa, que apresenta estômago sinfonal conforme verificado por

Hernandezblazquez et al. (1990), e com Hoplias malabaricus, que apresenta uma

forma intermediária entre os dois tipos conforme Braccini (2002).

A região cecal é alongada para receber o alimento, e apresenta paredes mais

delgadas, luz maior, com pregas de menor porte, proporcionalmente ao tamanho,

formado por epitélio cilíndrico simples, que se invagina e origina glândulas gástricas.

Semelhante ao observado por Gargiulo et al. (1998), estudando a mucosa gástrica da

tilápia, onde foi verificado que não existe diferenciação glandular, sendo o acído

clorídrico e o pepsinogênio secretado pela mesma célula.

Moraes & Barbola (1995) observam que o desenvolvimento da região cecal em

predadores, nadadores ativos, pode estar relacionado com a capacidade dos mesmos de

atacarem cardumes e consumirem grandes quantidades de presas em um curto espaço de

tempo.

54

A camada muscular é liso, dividindo-se em duas camadas, a primeira circular,

mais desenvolvida na maior parte das regiões, e externamente, uma camada

longitudinal.

Externamente o estômago de S. marmoratus é revestido por uma serosa, onde se

evidenciam vasos sanguíneos e nervos, também constatados por Alves & Tomé Kessler

et al. (1979) em Prochilodus sp. As características histológicas do estômago,

evidenciadas em S. marmoratus, sugerem que o estômago dessa espécie é especializado

na digestão mecânica, sendo considerado como uma espécie carnívora.

Dentre os vertebrados, são os teleósteos que apresentam uma das estruturas

histológicas intestinais mais simples (Al-Hussaini 1949; Khanna, 1971). e células

absortivas. Segundo Kappor et al (1975) o comprimento do intestino é uma variável que

responde sensivelmente a mudanças nas condições de alimentação. Zihler (1982)

destaca a dependência do comprimento do intestino ao valor nutricional do alimento

ingerido, peixes que se alimentam de itens resistentes a digestão, como detritos e

exoesqueletos calcários e quitinosos, apresentam o intestino mais longo.

O intestino propriamente dito (intestino médio e posterior na classificação

embriológica) dos peixes geralmente não apresenta particularidades anatômicas que

permitam dividi-lo em segmentos bem definidos. Assim, Para a distinção entre as

diferentes regiões do intestino de S. marmoratus, são ainda necessários estudos mais

elaborados, como os histofisiológicos e os histoquímicos, que podem permitir a

diferenciação, com total clareza, entre as áreas de absorção de gorduras (duodeno), de

absorção de proteínas (intestino grosso) e de absorção de água e íons (reto).

Os aspectos morfohistológicos do trato digestório do S. marmoratus mostram

que a espécie é adaptada para hábito alimentar carnívoro, pois o seu trato digestório

apresenta estruturas morfohistológicas semelhantes a outras espécies carnívoras, como

por exemplo, por exemplo estômago saculiforme e intestino longo.

REFERÊNCIAS

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57

LEGENDA DE FIGURAS

Figura 1. Espécie em estudo Synbranchus marmoratus

Figura 2. Tubo digestório de S. marmoratus com indicação das estruturas A) Faringe;

B) Esôfago; C1) Estômago região cárdica; C2) Estômago região cecal; C3)

Estômago, região pilórica; D) Intestino porção anterior e média.

Figura 3. Região esofágica de Synbranchus marmoratus, A a1) epitélio pseudo

estratificado; a2) células cubóides de revestimento (PAS); B b1) células

basais do esôfago; (b2) células mucosas (PAS); C c1) prega do esôfago; c2)

camada muscular (PAS); D d1) lâmina própria (PAS).

Figura 4. Região cárdica do estômago de Synbranchus marmoratus, A a1 )submucosa;

a2) vasos sanguíneos (PAS); B b1) pregas da mucosa; b2) luz da mucosa

(PAS); C c1) muscular; c2) serosa vascularizada (PAS).

Figura 5. Região cecal do estômago de Synbranchus marmoratus, A a1) camada

muscular da submucosa; a2) pregas da mucosa; (a2)luz contendo muco

(PAS); B b1) epitélio cilíndrico simples; b2) glândulas gástricas (PAS); C

(c1) serosa contendo vasos sangiíneos (PAS); D d1) vasos sanguíneos com

hemácias (PAS).

Figura 6. Região pilórica do estômago de Synbranchus marmoratus, A (a1) luz; a2)

epitélio cilíndrico simples (PAS); B b1) pregas da mucosa; b2) lâmina

própria (PAS); C (c1)camada muscular; (c2) vasos sanguíneos(HE).

Figura 7. Região intestinal de Synbranchus marmoratus, A a1)luz intestinal a2)pregas

intestinais(PAS); B b1)epitélio cilíndrico simples (PAS); C (c1) Célula

cilíndrica mucossecretora (PAS); D d1) camada muscular lisa; d2) serosa

contendo vasos sanguíneos (PAS).

58

Figura 1 - Espécie em estudo Synbranchus marmoratus.

59

Figura 2. Tubo digestório de S. marmoratus com indicação das estruturas A) Faringe;

B) Esôfago; C1) Estômago região cárdica; C2) Estômago região cecal; C3)

Estômago, região pilórica; D) Intestino porção anterior e média.

60

Figura 3. Região esofágica de Synbranchus marmoratus, A a1) epitélio pseudo

estratificado; a2) células cubóides de revestimento (PAS); B b1) células

basais do esôfago; (b2) células mucosas (PAS); C c1) prega do esôfago; c2)

camada muscular (PAS); D d1) lâmina própria (PAS).

C

B

b1

A

B A

Cc

DD

b2

b1

d1

c2

C

c2

100µm

100µm

300µm

50µm

a1

c1

b c

61

Figura 4. Região cárdica do estômago de Synbranchus marmoratus, A a1 )submucosa;

a2) vasos sanguíneos (PAS); B b1) pregas da mucosa; b2) luz da mucosa

(PAS); C c1) muscular; c2) serosa vascularizada (PAS).

c2

b2

b1

a2

c1

B

A

Cc

DD

a1

100µm

50µm

50µm

62

Figura 5. Região cecal do estômago de Synbranchus marmoratus, A a1) camada

muscular da submucosa; a2) pregas da mucosa; (a2)luz contendo muco

(PAS); B b1) epitélio cilíndrico simples; b2) glândulas gástricas (PAS); C

(c1) serosa contendo vasos sangiíneos (PAS); D d1) vasos sanguíneos com

hemácias (PAS).

a3

a2

b1

c1

A B

C D d1

a1

b2

300µm

50µm

300µm

50µm

D

63

A

A D

B

Figura 6. Região pilórica do estômago de Synbranchus marmoratus, A (a1) luz; a2)

epitélio cilíndrico simples (PAS); B b1) pregas da mucosa; b2) lâmina

própria (PAS); C (c1)camada muscular; (c2) vasos sanguíneos(HE).

d1

A a1

A

B

C D

b1

50µm

100µm

a2

B b2

C

c1

100µm

c2

64

Figura 7. Região intestinal de Synbranchus marmoratus, A a1)luz intestinal a2)pregas

intestinais(PAS); B b1)epitélio cilíndrico simples (PAS); C (c1) Célula

cilíndrica mucossecretora (PAS); D d1) camada muscular lisa; d2) serosa

contendo vasos sanguíneos (PAS).

a1

a2

b1

c1

d1

A

d2

300µm

50µm

100µm

50µm

A

C

B

D

d d

65

5. DISCUSSÃO GERAL

O número de exemplares de S. marmoratus capturados variou sazonalmente

sendo maior na vazante, com 62 exemplares e menor no período chuvoso, com 16

exemplares. mas foi suficiente para analisar a dieta, durante o período de estudo. A

maioria dos peixes estudados foi maior que 43 cm, e a média do peso corporal foi de

103,9g.

Araujo-Lima et al. (1995) sugeriram que a oferta de alimento, a uma

comunidade de peixes, é dependente de variações ambientais, principalmente em

relação ao nível da água do rio. Durante a enchente e cheia o nível da água permite o

acesso dos peixes à região marginal alagada, criando um ambiente que favorece os

predadores que tocaiam suas presas.

Como o mussum. Durante a seca o espaço é reduzido e todas as espécies se

concentram no açude, o que favorece aos carnívoros (MERONA e BITTENCOURT,

1993).

A intensidade de alimentação ou oferta de alimento pode ser refletida pela

quantidade de estômagos vazios numa população. No presente trabalho a freqüência de

estômagos vazios do S. marmoratus foi em média 26,8% e esteve relacionada ao nível

do rio, sendo esta mais alta durante o período chuvoso. A quantidade de estômagos

vazios durante o período chuvoso, corrobora com a com a hipótese de aumento de

densidade de presas com a estiagem, que elevaria a oferta de alimento. Possivelmente o

jejum durante a reprodução e a ausência de floresta inundável exercem maior influência

sobre a intensidade de alimentação da espécie.

A grande ocorrência de camarões verificada na dieta de S. marmoratus durante

todo o período de estiagem pode ser explicado pelo fato que durante a estiagem, os

camarões ficam no fundo e são mais facilmente capturados pelo S. marmoratus, que é

um peixe bentônico. A grande freqüência de animais bentônicos na dieta quando o nível

da água está baixo, sugere uma tendência bentônica do mussum. Nesta época a

profundidade de água diminui (Odinetz-Collart & Moreira, 1993) e a luz penetra em

toda a coluna d’água atingindo partes mais profundas, permitindo ao mussum explorá-la

melhor.

O número mediano de presas no estômago foi igual a 3, apesar de ser encontrado

até dez indivíduos nos estômagos de alguns indivíduos, nestas situações as presas

66

estavam em estágios de digestão semelhantes. Provavelmente os indivíduos não

capturaram alimento continuamente, mas comeram durante períodos específicos do dia.

A presença ou ausência de um item alimentar no estômago de um peixe predador

pode estar relacionada à sua disponibilidade no ambiente (Nikolsky, 1978) embora

algumas vezes, indivíduos de uma mesma população, e amostrados na mesma época e

local, possam ter dietas diferentes. Na maioria dos casos o tamanho das presas tem

relação direta com o tamanho de peixes predadores (WOOTTON, 1990).

Russo et al. (2004) verificaram que em adultos de Bryconamericus sp. do rio

Iguaçu, que se alimentaram principalmente da fauna bentônica, a boca terminal

apresentou vantagens para a sobrevivência do gênero, por facilitar a captura da presa.

Assim, a posição terminal da boca da espécie em estudo, S. marmoratus auxilia na

apreensão de presas, favorecendo a captura pelo alimento.

Moraes e Barbola (1995), colocam que o desenvolvimento da região cecal em

predadores, nadadores ativos, pode estar relacionado com a capacidade dos mesmos de

atacarem cardumes e consumirem grandes quantidades de presas em um curto espaço de

tempo.

Os aspectos morfohistológicos do tubo digestório do S. marmoratus mostram

que a espécie é adaptada para hábito alimentar carnívoro, pois o seu trato digestório

apresenta estruturas morfohistológicas semelhantes a outras espécies carnívoras, como

por exemplo, estômago saculiforme e intestino longo.

67

6. CONCLUSÃO GERAL

Os estudos realizados para determinar a biologia alimentar e morfohistologia do

trato digestório do mussum, S. marmoratus (Osteichthyes: Synbranchidae), capturados

no açude Marechal Dutra, RN do semi-árido brasileiro, permitiram-nos chegar a

seguintes conclusões:

A espécie apresentou maior atividade alimentar durante os meses de estiagem.

A dieta foi composta de itens de origem animal. Dessa forma, o hábito alimentar

foi caracterizado como carnívoro com preferência a carcinofagia.

Os aspectos morfohistológicos do tubo digestório do S. marmoratus mostram

que a espécie é adaptada para hábito alimentar carnívoro.

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