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Beach&Co 129

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Edição 129 da revista Beach&Co - Março de 2013

Citation preview

O Governo do Estadode São Paulo e a Sabesp

levam juntos o OndaLimpa até você.

Jodinaldo Ubiracy de Azevedo Pinheiro – há 18 anos na Sabesp

E vêm mais por aí: • Ilhabela: Centro, Itaquanduba, Itaguaçu, Perequê,

Saco da Capela e Santa Tereza• Caraguatatuba: Perequê-Mirim e Barranco Alto• São Sebastião: Enseada, Canto do Mar, Barra do Sahy,

Barra do Una, Paúba, Baleia e Engenho• Ubatuba: Estufa, Itaguá, Jardim Carolina, Lagoinha, Maranduba,

Pedreira, Perequê-Açu, Samambaia, Sapê, Sertões e Sumidouro

• Caraguatatuba: Rio do Ouro, Pontal Santa Marina, Jaraguá e Travessão

• Ilhabela: Praia do Pinto e Ponta Azeda

Obras entregues:

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Novos conceitos sobre a velhice

Fantástica paixão por minerais

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Foto Luciana Sotelo Foto Arucha Fernandes

Saúde 46

Sustentabilidade 52

Internacional 60

Gastronomia 66

Moda 70

Alto astral 74

Flashes 76

By Fernando Mendes 78

Destaques 80

Celebridades 82

E mais...

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Info

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Capa

O pescador Rubens de Oliveira, da Ilha Monte de Trigo, em São Sebastião, legítimo representante do povo caiçara

Foto Celso Moraes

Foto Luciana Sotelo

pág. 40Porto

Elas também são radicais

Marcos históricos na orla santista

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Foto Belisa Barga Foto Vagner Dantas

ao leitor

E mais...

ANO XII - Nº 129 - MArçO/2013

Beach CoA R e v i s t a d o L i t o r a l .

A revista Beach&Co é editada pelo Jornal Costa Norte

Redação e PublicidadeAv. 19 de Maio, 695 - Bertioga/SP

Fone/Fax: (13) 3317-1281www.beachco.com.br

[email protected]

Diretor - PresidenteReuben Nagib Zaidan

Diretora AdministrativaDinalva Berlofi Zaidan

Editora ChefeEleni Nogueira (MTb 47.477/SP)

[email protected]

Diretor de ArteRoberto Berlofi Zaidan

[email protected]

Criação e DiagramaçãoAudrye Rotta

[email protected]

Marketing e PublicidadeRonaldo Berlofi Zaidan

[email protected]

Depto. ComercialAline Pazin

[email protected]

Revisão Adlete Hamuch (MTb 10.805/SP)

ColaboraçãoAline Porfírio, Celso Moraes, Durval Capp Filho, Edison Prata, Fernanda Lopes, Fernanda Mello,

Karlos Ferrera, Luci Cardia, Luciana Sotelo, Marcos Neves Fernandes, Renata Inforzato,

Rosangela Falato e Vagner Dantas

CirculaçãoBaixada Santista e Litoral Norte

ImpressãoGráfica Silvamarts

Foto Edvaldo Nascimento

O mar forjou no povo caiçara algumas das características mais marcantes de sua cultura, entre elas, a subsistência por meio da pesca. Quando não havia caminhos ter-restres, nem a facilidade de acesso a bens materiais, a canoa e o remo, construídos de forma artesanal, é que garantiam o transporte e o sustento.

Com base em tais ensinamentos, transmitidos de geração a geração, ainda vivem alguns moradores de São Sebastião, responsáveis por parte da memória cultural da cidade e pelo encanto despertado no turismo local. As canoas de voga, que pontuam praticamente toda a extensão da costa sebastianense, o pescado fresco, negociado à beira mar, e a própria figura do pescador constituem-se em imagens intrínsecas à pai-sagem da cidade.

Outros aspectos singulares e emblemáticos podem, também, ser notados nas festas, invariavelmente ligadas à devoção católica, nas singelas capelas, marcos da origem dos primeiros povoados caiçaras, no artesanato e na gastronomia.

Sabedor da importância dessa rica cultura que, aos poucos se esvai, engolida pelo desenvolvimento e pelas mudanças de hábitos de uma sociedade globalizada, o povo sebastianense iniciou alguns movimentos em prol da revitalização da memória caiçara, por meio de arquivos fotográficos, documentário e uma revista, prevista para ser lan-çada em maio. Procura-se preservar, dessa forma, aquilo que nunca se pode perder, a origem. O valor maior de um povo.

Eleni Nogueira

Cultura caiçara,um bem precioso

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12 Beach&Co nº 129 - Março/2013

história

São Sebastião, a cidade mais antiga do litoral norte, com 377 anos, guarda uma história valiosa, feita por

personagens que, ao longo dos séculos, traçaram, e ainda traçam, os contornos de uma cultura caiçara

rica em aspectos materiais e imateriais

Por Rosangela Falato

O poeta José Bento de Oliveira, mais co-nhecido como Nhô Bento, expressou como ninguém em seu único livro Rosário do Ca-piá, publicado em 1946 com dedicatória de Monteiro Lobato, a simplicidade da vida caiçara. Nascido em São Sebastião em 21 de março de 1902, o morador do Pontal da Cruz, conseguiu, na juventude, levar seus versos, contar seus “causos” em apresenta-ções artísticas e nos programas que manti-nha na rádio Gazeta, em São Paulo. A for-ma peculiar de falar do caiçara, as lendas que até hoje são contadas pelos moradores mais antigos, a cultura caiçara tão bem re-tratada no poema Alma Praiana, ainda são latentes em São Sebastião, a cidade mais antiga do litoral norte, que completou 377 anos de emancipação político-administra-

tiva em 16 de março. Os poemas de Nhô Bento, falecido em 1968, servem de inspi-ração aos novos talentos que prestam sua homenagem ao poeta, prestigiando o con-curso de poesias, instituído pelo Conselho Municipal de Turismo e Cultura, em 1983, e que leva seu nome.

Se a cultura caiçara está viva na obra lite-rária, também é reverenciada nas imagens de um passado rico em história, retratado pelas lentes do primeiro fotógrafo da cida-de, Agnelo Ribeiro dos Santos que, desde o ano passado, empresta seu nome a um con-curso fotográfico promovido pela prefeitu-ra, para revelar um olhar diferenciado da cidade. O “retratista”, como era chamado Agnelo, foi correspondente do jornal O Es-tado de São Paulo, e responsável pelo acervo

Chão CaiçaraMemórias do

A calmaria do rio Una, um dos recantos preferidos dos pescadores

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13Beach&Co nº 129 - Março/2013

“Nasci à beira-mar, unindo os meus vagidosAo clamor das marés, nos dias de tormenta,E adormecendo a ouvir os soluços perdidos

Das ondas mansas - voz que enternece e acalenta...

Rústica habitação, tive por agasalho;Piso de chão batido e paredes barreadas,Casa de pescador, sem forro, nem soalho,

Oculta entre o verdor de palmas e ramadas

Pobre, porém feliz, à sombra de meu tetoMuitos anos vivi, sempre ao meu lado tendo

Nos conselhos de um pai o dedicado afeto,E um coração de mãe meu conforto tecendo!

O mar era-nos esplêndido celeiroQue a provisão do lar, generoso, ajudava

Farta contribuição nos dando o ano inteiro,Pródigo como quem não media o que dava!”

José Bento de Oliveira

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fotográfico histórico e cultural do cotidiano de São Sebastião de 1915 a 1960, explica Edivaldo Nascimento, caiçara nato, e titular da função desde a década de 1970, quando passou a registrar tudo o que acontece na cidade. O trabalho de cultuar a memória de São Sebastião compete, também, a outro caiçara, Álvaro Dória Orselli, importante contribuidor de documentos e fotos de seu acervo particular, o que permite que São Sebastião seja considerada o chão caiçara.

Séculos de história transformaram a an-tiga vila, autônoma a partir de 1636. Mas, essa riqueza natural e cultural da ilha de São Sebastião, descoberta pelo navegador português Américo Vespúcio em 20 de ja-neiro de 1502, resiste ao tempo. Aquela vida simples já não existe mais. As casas de pau-a-pique com telhado de sapê, chão de terra batida, móveis escassos, fogões à le-nha, foram substituídas por casas de alve-naria, embora ainda haja residências bem típicas. Elas perderam espaço, ao longo das praias, para mansões, condomínios, rede hoteleira e restaurantes, que hoje atraem turistas do mundo inteiro. Jogar conversa fora nos tradicionais encontros na praça da Matriz ou nos ranchos de pesca ficou na lembrança de quem viveu essa época. Nes-se local, aliás, sentado nos bancos ao lado do coreto, Edivaldo Nascimento tem, mui-tas vezes, a sensação de voltar ao passado.

Em 1975, aos 25 anos, Edivaldo, que é autodidata, começou a guardar fotos, re-produzir imagens e registrar aspectos da cidade, um prazer para alguém apaixona-do por fotografia e cinema. Hoje, ele, ao lado de Agnelo e Álvaro Orselli, é referên-cia quando se fala em memória fotográfica de São Sebastião. “Considero-me, hoje, im-portantes para a cidade porque sou um dos que tentam manter a história, e fotografo tudo o que interessa para que, no futuro, as

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Antigos utensílios de pesca utilizados ainda hoje

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crianças saibam como era São Sebastião”, diz Edivaldo, que também é responsável por boa parte do material do acervo da diretoria de Patrimônio Histórico do mu-nicípio, e que há mais de 17 anos mantém uma coluna semanal, no jornal local, com imagens e fatos históricos.

Em seu trabalho, também procura re-produzir, em imagens, utensílios usados na pescaria, e que não existem mais, como o chumbo de pano - um pedacinho de pano cortado em triângulo, no qual eram coloca-das pedras e amarradas na rede para afun-dar - prática comum na década de 1950, e as poitas que seguravam as embarcações. Ele lembra que a pesca era para consumo das famílias e a alimentação era natural. “Os mais simples comiam peixe, caça e o que plantavam no quintal de casa. O que se vendia muito era peixe seco porque não ti-

nha geladeira. A comida era feita no fogão à lenha, porque o gás chegou só em 1962. Era uma vida simples, todo mundo se conhecia e a gente podia dormir com a casa aberta. Era um sossego, havia respeito pelos pais e a gente tinha liberdade. A gente tinha o mar e a mata, e ninguém atrapalhava”.

A religiosidade sempre foi marcante na cultura caiçara, representada pelas ca-pelas distribuídas pelas praias onde se originaram vários povoados, e pelas cele-brações que se perpetuam. A maior delas é a Festa do Padroeiro, São Sebastião, que até hoje atrai milhares de fieis; a Semana Santa, com procissões como a do Encontro da Ressurreição, e outras festas, como a de Santana, no Pontal da Cruz; de São Pedro, no bairro São Francisco, e a tradicional Fes-ta da Tainha, que acontece há mais de 30 anos em Boraceia.

O fotógrafo Edvaldo Nascimento

Típico rancho de pesca na praia de Toque-Toque Grande

Foto Rosangela Falato

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Algumas manifestações se perderam com o tempo como tradição do bairro Pon-tal da Cruz, a dança dos índios caiapós, cultuada dos anos 30 aos anos 90, da qual não se sabe ao certo sua origem, e a Folia do Divino que, até 1972, ainda era realiza-da, lembra Edivaldo. Outra manifestação tradicional que está sendo retomada é a Congada de São Benedito, da comunidade do bairro São Francisco. A cultura caiçara é representada, ainda, no artesanato típi-co, na produção de cerâmica, na confecção de canoas e nos ranchos espalhados pelo município com pesca artesanal, que resis-tem ao tempo.

Segundo Edivaldo, as mudanças surgi-ram a partir da década de 1960, com a insta-lação da Petrobras e a chegada dos primei-ros navios, entre 1962 e 1963, para embarcar café e peças de telefones pelo porto de São Sebastião, que começou a funcionar em 1955. Com a chegada da estrada, na década de 1970, a população começou a crescer e a maior ocupação teve início nos anos 1980.

história

Cerco, herança cultural japonesaAos 46 anos, Antonio Sergio Fernan-

des, pescador profissional desde 1992, se-gue a rotina de trabalho ensinada por seu pai, com a ajuda do irmão. Diariamente, ele vai à praia onde nasceu, em Toque--Toque Grande, para armar rede, desar-mar o cerco flutuante - uma rede que fica fixa por um período de 10 a 15 dias, de preferência em regiões de enseada, lagu-nar, sem muita correnteza, e que precisa ser retirada para manutenção. Eles cui-dam das boias, da estrutura de fundeio, das canoas, algumas de remo, ainda sem motor, típicas da pesca artesanal. É com orgulho que ele fala do pai, vindo de San-tos, para se instalar nesse paraíso que é Toque-Toque Grande e de onde não saiu mais. “Os caiçaras mais antigos, da idade do meu pai, vêm de uma geração em que a pesca era para subsistência. Eles não ti-

nham visão de mercado, pescavam para se alimentar, havia muita fartura”.

Ele conta que o método do cerco sur-giu no final dos anos 1930 para 1940. É um saco de rede gigante, com profundidade de até 13 metros, que fica pendurado na estrutura de fundeio. A rede é escura para oferecer obstáculo ao peixe e não pode ser de nylon, porque o peixe pode enroscar e o cardume se assustar. Naturais de To-que- Toque Grande só tem ele e o irmão, a última geração a manter a pesca artesa-nal, que também é praticada por outras famílias caiçaras ao longo do município, e mais especificamente, na Costa Sul.

Segundo Toninho, o cerco é uma heran-ça cultural japonesa. Os caiçaras, na ver-dade, trabalhavam para os japoneses que imigraram para o Brasil. Devido à II Guer-ra Mundial, eles deixaram o litoral e, ao retornarem, já tinham perdido esse espaço

para os caiçaras que passaram a dominar essa arte. Hoje, os pescadores enfrentam vários problemas como a falta de respei-to de proprietários de embarcações que atracam nas áreas dos cercos, causando prejuízos e danos materiais. Além disso, a poluição pelo fato de “o mar ser o lixão do mundo”, como frisa Toninho, torna a pes-ca artesanal mais escassa em função tam-bém da concorrência com a pesca indus-trial. Mas não dá para viver só da pesca, diz o neto de índios, membro da diretoria da Colônia de Pescadores de São Sebas-tião, que afirma ser teimoso e insistente em manter a tradição passada por seu pai, de quem guarda as melhores lembranças do passado e dos ensinamentos. “Não tenho essa nostalgia, mas guardo com carinho os tempos passados. Saudade, a gente tem. Mas temos de nos adaptar porque não dá para viver isolado”, diz o pescador.

Antonio Sergio no preparo da rede para o cerco

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Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) apontava uma população de 73.942, hoje certamente supe-rior. Bem diferente do início da década de 1840, quando a pequena São Sebastião tinha “pouco mais de seis mil almas, o que não é muito, porque só a vila tem mais de dois mil”, relatava o Dicionário Geográfico, Histórico e Descri-tivo do Império do Brasil, editado em 1845.

Apesar do crescimento, Edivaldo vê no centro histórico da cidade, com casarios do período colonial, e nos sete quarteirões tom-bados em 1969 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arque-ológico, Artístico e Turístico), resquícios da cultura caiçara. É no Largo da Igreja Matriz, com o coreto, o prédio da Câmara Municipal, do Fórum e da Capela São Gonçalo, desde 1981 transformado no Museu de Arte Sacra de São Sebastião, que a cultura caiçara resiste.

Com a proposta de revitalizar os bens materiais e imateriais que caracterizam a identidade cultural do município, a dire-toria do Patrimônio Histórico, ligada à Se-

Congada no bairro São Francisco e representação do Divino Espírito Santo, do século XVIII

A emblemática canoa de voga, sempre presente nas paisagens das praias de São Sebastião

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Características do típico pescador caiçara, ontem e hoje. Uma atividade que resiste ao tempo

cretaria de Cultura e Turismo, tem investi-do em projetos de restauração de prédios do centro histórico, com acompanhamen-to de técnicos do Condephaat. “É preciso salvaguardar a cultura material que ainda existe, porque essas paredes têm muita história para contar”, diz a historiadora e diretora do setor, Rosangela Dias da Res-surreição, nascida em São Sebastião, de fa-mília caiçara. Pesquisadora há mais de 20 anos de documentações e manuscritos an-tigos, ela cataloga, atualmente, o inventá-rio de São Sebastião, cujo documento mais

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O Centro Batuira; acima, o Convento São Francisco e, ao lado, Capela Caiçara, em Toque-Toque Grande

antigo data de 1870, um farto material do período escravocrata na cidade.

Entre os projetos desenvolvidos, o tra-balho de revitalização da memória caiça-ra ganhou contornos importantes a partir de 2009 quando começou a ser desenvol-vido. O resultado foi o lançamento, em 2011, de um documentário com a parti-cipação de 20 caiçaras que contam suas lembranças, modo de vida, festas, cren-dices, rezas; ensinam a fazer remédios com ervas, e até o tradicional azul ma-rinho, prato típico da cultura caiçara. A demonstração de que a religiosidade está impregnada no cotidiano do povo caiçara é revelada, ainda, no trabalho de restauro

de imagens sacras encontradas durante a reforma da Igreja Matriz, em 2001.

As imagens “emparedadas” são teste-munho da fé dos primeiros moradores e podem ser vistas em exposição permanen-te no Museu de Arte Sacra. São imagens como de Santa Luzia, Santo Antonio e, en-tre outras, da Virgem e o Menino Jesus, a mais erudita, bonita e mais danificada. Vale ressaltar o projeto de restauro do convento franciscano Nossa Senhora do Amparo, o prédio mais antigo da cidade, datado do século XVII (1640), construído em pedra e cal com mão de obra escrava. Orçado em R$ 16 milhões, o projeto de restauro já está pronto e deve entrar na segunda etapa com

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apresentação dos estudos às autoridades e província franciscana.

Outro projeto, previsto para ser lança-do em maio, é a revista e o documentário Saber Fazer, Esperança Caiçara, resultado do trabalho de pesquisa ao longo do municí-pio. Fotos e textos vão mostrar as princi-pais celebrações como a Congada e Folia de Reis; formas de expressão, tais como maculelê, puxada de rede, samba de roda, capoeira e as lendas; os ofícios e modos de fazer do artesanato caiçara com materiais como taboa, caxeta, canoas; edificações como as capelas caiçaras, construídas en-tre 1920 e 1960, a Fazenda Santana, um engenho de açúcar construído em 1743, e o próprio convento Nossa Senhora do Am-paro, no bairro São Francisco.

O documentário e a revista mostrarão, ainda, locais significativos como a rua da Praia que, no passado, era uma praia de larga faixa de areia muito procurada por banhistas; o campo de futebol 7 de Setem-bro, frequentado por gerações, e os ran-chos de pesca, de grande significação para a identidade caiçara. “Na minha leitura, o rancho era um lugar de aprendizagem. Era lá que o caiçara aprendia a ser pesca-dor, aprendia sobre as lendas e a vida. Era lá que o caiçara jogava conversa fora e as histórias eram contadas de geração em ge-ração, onde eles ficavam refletindo sobre a natureza. Por isso, para mim, era o chão sa-grado”, explica Rosangela, que vê hoje São Sebastião não só sob o aspecto das culturas tradicionais, mas com o conceito da cultura viva, presente em todos os momentos, es-feras, movimentos e pessoas. “A gente tem de entender que São Sebastião é hoje, mais do que nunca, um caldeirão cultural, e que todas as manifestações devem ter seus es-paços e ser respeitadas.”

“Por aqui o ouro metal passou, o ouro verde parou para o ouro negro chegar” O próprio Hino Municipal de São Sebastião, composto por José Geraldo Lemos da Silva,

retrata fases do desenvolvimento econômico de São Sebastião, que antes da colonização portuguesa, era ocupada por índios tupinambás (norte) e tupiniquins (sul), tendo a serra de Boiçucanga como divisa natural das terras das tribos. A ocupação portuguesa aconteceu no início do Brasil colônia, após a divisão do território em Capitanias Hereditárias. Diogo de Unhate, Diogo Dias, João de Abreu, Gonçalo Pedroso e Francisco de Escobar foram os sesmeiros que iniciaram a povoação, desenvolvendo a agricultura e a pesca. Os engenhos de cana-de-açúcar eram responsáveis pelo crescimento econômico, e a caracterização como núcleo habitacional e político, que possibilitou a emancipação político-administrativa em 16 de março de 1636 e a elevação para vila três anos depois.

A economia entrou em declínio com a abolição da escravatura e abertura da ferrovia Santos-São Paulo, aumentando a saída das mercadorias do porto de Santos. Passaram, en-tão, a predominar a pesca artesanal e a agricultura de subsistência com pequenas roças de mandioca, feijão e milho, próprias das comunidades caiçaras. Nos anos 1940, teve início a infraestrutura portuária e, nos anos 1960, o terminal marítimo de petróleo, da Petrobras, ambos decisivos para a retomada do crescimento. Já a descoberta desse paraíso para o tu-rismo aconteceu a partir de 1970, com a abertura da rodovia Manoel Hipólito do Rego, a Rio-Santos, consolidando o município como vocação turística.

Antiga tradição de confeccionar canoas, diretamente do tronco de árvore

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comportamento

Os conceitos sobre a velhice não são mais os mesmos, nem os idosos de hoje. Mais longevos, mais saudáveis

e, portanto, mais motivados, eles já não ficam em casa, deixando o tempo passar à frente da TV

Por Luciana Sotelo

com saúde e prazerLongevidade

Palmira Rodrigues da Silva caminha to-dos os dias na orla da praia e, até o ano pas-sado, participava das principais corridas da região. Na busca por uma vida melhor, ela se aprimorou e conquistou cerca de 300 troféus. De aparência jovial e sorriso fácil, essa viúva de 81 anos tem energia de dar inveja em qualquer adolescente.

Mirlando Mauro Chiapeta faz muscula-ção, caminhada e canoagem. Há dois anos, ele percebeu a importância dos exercícios

físicos e ganhou ânimo renovado. Hoje, aos 74 anos, mantém a saúde em dia, sente-se leve, feliz e só se arrepende de não ter co-meçado as atividades esportivas mais cedo.

Josué Jerônimo de Campos, de 73 anos, anda de bicicleta, faz caminhadas e mantém--se ativo, atuando no programa Vovô Sabe Tudo, de inclusão social do idoso. Além disso, consulta-se na policlínica perto de sua casa.

Eles anseiam por viver mais e melhor, por isso investem na saúde e no bem-estar;

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afinal, nas últimas décadas, a expectativa de vida do brasileiro aumentou de 48 anos, em 1960, para 73,4 anos em 2010, segundo dados do IBGE, cujas projeções para 2025 apontam para 80 anos, para ambos os sexos.

Tais números modificaram o conceito de velhice. Os mais jovens já não esperam que seus avós se aposentem e fiquem em casa vendo o tempo passar na frente da TV. A data do registro de nascimento já não refle-te o comportamento de cada um.

Palmira, Mirlando e Josué têm em comum a cidade em que vivem, Santos, capital nacio-nal do idoso e, por conta disso, aproveitam as políticas públicas existentes para eles. Pal-mira começou a fazer ginástica aos 67 anos, motivada pelas amigas. “Eu fui participar de um grupo da prefeitura que se reunia na praia para a prática dos exercícios. Gostei, me senti muito bem e não parei mais”.

Depois disso, ela pegou gosto e passou a correr no calçadão. Em pouco tempo, tornou--se atleta sênior. “Eu participava dos 10 km da São Silvestre e qualquer outra competição

que aparecesse. Ganhei muitos prêmios. Iam me buscar em casa para eu participar”.

Além dos títulos, Palmira ganhou saú-de. O hábito ajudou a equilibrar sua hiper-tensão, a manter o peso e deixar as articu-lações em ordem. Sem falar dos benefícios para a mente. “Sinto-me muito mais jovem. Todo mundo tem que fazer alguma ativi-dade, não tem que ficar o tempo todo em casa. Isso faz adoecer”, afirma, enquanto faz a caminhada diária em ritmo modera-do, de sua casa, no canal 6, até o emissário submarino, no canal 1, cerca de 4,5 km.

Mirlando, por sua vez, incorporou a ati-vidade física ao seu dia a dia há dois anos, quando se interessou pela musculação, oferecida gratuitamente pela prefeitura da cidade. Ele lembra que antes de se aposen-tar, em 1982, tinha um corpo magro, pois atuava como ensacador de café, uma ati-vidade, como diz, que já queimava muitas calorias. “Quando me aposentei, comecei a pegar uma barriguinha, aí já viu, começam os problemas de saúde, as dores”.

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Mirlando com ânimo renovado após descobrir a importância dos exercícios físicos em sua vida

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Para se livrar do ‘peso’ da idade, ele en-cheu a agenda de compromissos prazerosos. Segundas, quartas e sextas, faz musculação; terças, quintas e sábado, faz canoagem e, para completar, nos domingos pratica ca-minhadas livres. “Minha pressão (alta) me-lhorou, minha dor no joelho também. Sinto--me feliz e, cada vez mais, tenho vontade de cuidar de mim. Até parei de fumar. Antes tivesse feito tudo isso mais cedo”, admite. Tanta disposição e ainda sobra tempo para levar as netinhas na escola e fazer exames médicos regularmente. “Tenho uma vida muito feliz e ainda me sinto muito útil”.

Já Josué atribui sua vitalidade ao traba-lho. Ele atua na linha turística do bonde, no centro de Santos. Para ele, a missão (pois não a considera profissão) é gratifican-te. No passado, foi motorneiro de bonde. “Cada vez que eu conto uma história para alguém, eu renasço. Ser Vovô Sabe Tudo é uma grande honra, pois me trouxe à ativa novamente e me dá muito prazer”.

Com uniforme impecável e uma simpa-tia que lhe é peculiar, seu Josué atende as dúvidas da população e dos muitos turis-tas. Ele atribuiu ao projeto à melhora no seu humor. “A alegria é um antídoto con-tra a idade”, diz. Outro segredinho para a longevidade é o hábito de fazer exercícios. “Eu tenho contato com muita gente e, para todos, indico atividade física pelo menos duas vezes por semana. É importante para a gente viver mais e respirar melhor”, afirma.

Santos possui cerca de 80 mil idosos, ou seja, aproximadamente 20% da popu-lação. Além de já possuir boas condições naturais, como ser plana, contar com belas e extensas praias, e boa infraestrutura de comércio e saúde, a cidade conta com um programa público para a chamada ‹melhor idade›, nas mais variadas áreas, como es-porte, saúde, cidadania e lazer.

“A política de inclusão dos idosos no es-porte é muito importante, pois é o que os estimula a buscar outras melhorias”, afirma

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Josué atua na linha turística do bonde, no centro de Santos, e atribui sua vitalidade ao trabalho

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Jorge Machado, chefe da seção de esporte para a terceira idade, da Secretaria de Espor-tes (Semes). “Com esses projetos, nós atingi-mos uma faixa da população que não tinha acesso a esse tipo de prática, principalmente, as mulheres. Muitas delas são viúvas, já cria-ram seus filhos e moram sozinhas. O exercí-cio, além de ajudar no condicionamento fí-sico, ajuda em outras questões ocupacionais e psicológicas”, afirma Machado. Segundo ele, por ano, cerca de sete mil idosos partici-pam dos projetos da Semes.

A canoagem praticada por Mirlando é uma dessas atividades. O curso é oferecido para todos os munícipes, porém, a grande participação é de pessoas com mais de 60 anos, aponta Luiz Augusto Roso de Mat-tos, um dos instrutores. “A canoagem é uma atividade aeróbica de resistência físi-ca. Depende única e exclusivamente de um condutor, no caso, o aluno. E os idosos são persistentes. Eles caem, levantam, não se deixam abater e, no final, se sentem muito felizes. Para mim, é uma alegria vê-los ten-do o controle da embarcação”.

A secretaria oferece ainda cursos gra-tuitos nas modalidades de vôlei, natação, hidroginástica, musculação, alongamento, tai-chi-chuan, yoga, dança de salão, surfe, entre outros. Para participar, o idoso deve ir a um dos centros esportivos e fazer a ins-crição, de acordo com a disponibilidade de vagas para o curso escolhido.

10 Dicas para viver mais e melhor1 - Não se automedicar.2 - Ficar sempre atento à higiene ambien-tal (observar pisos escorregadios e esca-das, com o objetivo de evitar fraturas).3 - Praticar alguma atividade física regu-lar e frequente, respeitando a capacidade do organismo.

4 - Dieta saudável e prazerosa; comer o que gosta é importante.5 - Fazer visitas frequentes aos médicos e tratar corretamente as doenças; investir na prevenção.6 - Fazer um planejamento para ter dig-nidade na aposentadoria.7 - Exigir acessibilidade dos equipamen-

tos públicos (locomoção, rampas, calça-mento adequado).8 - Ter um bom convívio social (participar de atividades voltadas à terceira idade).9 - Ter um bom convívio familiar para se suprir do suporte emocional.10 - Exercer atividade intelectual ou cul-tural prazerosa (ler livros, dançar etc).

Palmira começou a fazer ginástica aos 67 anos e hoje, aos 81, mantém a rotina

diária de caminhar na orla da praia

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Olho na saúdeDe acordo com o IBGE, as dez doenças

que mais prejudicam a saúde dos idosos brasileiros são: infarto do miocárdio, an-gina (11,8%); acidente vascular encefálico (9,9%); diabetes mellitus (5,9%); enfisema pulmonar e bronquite crônica (5,6%); Mal de Alzheimer e outras demências (4,2%); perda de audição (3,3%); doença cardíaca hipertensiva (3,3%); pneumonia (2,7%); os-teoartrose (2,6%) e catarara (2,2%).

A maioria destas doenças pode ser prevenida ou retardada com um estilo de vida saudável e tratamentos adequados. Portanto, é fundamental privilegiar ações preventivas, terapêuticas e de recuperação que preservem a autonomia do idoso. Para atender a este e outros fins, em 2001, foi criado o Programa Saúde do Idoso (PSI) da Secretaria Municipal de Saúde de Santos.

O PSI é desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Saúde da

Família e Ambulatório de Especialidades, conta o cardiologista Luiz Fernando Go-mes da Silva, coordenador de saúde do adulto e idoso. “O programa prevê aten-dimento preferencial ao idoso, sendo rea-lizado atendimento em grupo, focando o suporte nutricional e atividades físicas”.

Por meio de protocolos de patologias, os pacientes são encaminhados pelas unidades para os ambulatórios de geriatria. Dentro das ações de promoção à saúde, por exemplo, os pacientes com limitações físicas ou psicoló-gicas são encaminhados para o projeto Mo-vimente-se com a música e com a dança, objeti-vando a sociabilização e a recuperação dessas limitações para uma melhor mobilidade.

Existe também, dentre as ações educa-tivas, o curso de cuidadores do idoso, que oferece ensinamentos sobre os processos do envelhecimento, bem como estimula a rea-lização das limitações do paciente. A qua-lificação já formou mais de 3 mil pessoas.

comportamento

Praticar atividades ao ar livre é uma boa forma de socialização, um dos itens básicos para viver mais e melhor

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O segredo da longevidadePor que os idosos vivem mais hoje? De

acordo com o geriatra Fábio Roberto Vi-nholy, existe uma série de fatores envol-vidos na questão. A partir da década de 80, os idosos começaram a ser atendidos de maneira multidisciplinar. “Foi adota-da uma política de medicina preventiva, mutirões de saúde e campanhas de vaci-nação. Além disso, existe um melhor con-trole das doenças infecciosas na infância, as doenças cardiovasculares são mais bem tratadas e tem fator relevante o saneamen-to básico”, completa. Para o médico, o intuito da prevenção é o envelhecimento bem sucedido, preservando a autonomia e independência do cidadão.

O idoso possui direito à liberdade, à dig-nidade, à integridade, à educação, à saúde, a um meio ambiente de qualidade, entre ou-tros direitos fundamentais (individuais, so-

ciais, difusos e coletivos), cabendo ao estado, à sociedade e à família a responsabilidade pela proteção e garantia desses direitos. Es-ses direitos estão relacionados no Estatuto do Idoso, um instrumento criado no ano 2000 com o intuito de regular os direitos assegura-dos às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos de dispor de direitos fundamentais, de cidadania e assistência judiciária.

Segundo a psicóloga Cintia Marques Carvalho, o Estatuto do Idoso colabora para a alto estima do idoso brasileiro, que amparado pelo documento, faz valer os seus direitos e já não sofre tantos precon-ceitos. “O idoso tem preferência numa série de equipamentos, serviços e atendimentos e ele faz valer os seus direitos. Costumo di-zer que o idoso deve carregar o Estatuto do Idoso no bolso. Isso os fortalece. Ao passar por um constrangimento, ele se defende melhor”, diz a psicóloga.

Segundo levantamento da Fundação Seade, a tendência é de que, no ano de 2050, a terceira idade represente 30% da população de todo o estado de São Paulo

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cultura

Um tesouro natural composto por dinossauros, meteoritos, minerais e também espécimes vivos num espaço que une

diversão, conhecimento e interatividade

ao alcance de todosJoias

Ovo de dinossauro da espécie Hadrosaurus, originário da China, de 100 milhões de anos

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No último dia 15 de fevereiro, um fato inco-mum despertou a atenção de pessoas no mundo inteiro: a queda de um meteorito na Rússia. Para alguns, um fato curioso, para outros, presságios sobre o fim do mundo. A queda de meteoritos é um fenômeno comum na natureza em todo o planeta, Brasil incluído. Por aqui, o maior me-teoro já encontrado está bem pertinho de nós, ou, pelo menos, uma parte dele. Considerado o segundo maior meteoro do mundo à época de seu descobrimento, em 1784, no sertão baiano, o Bedengó, como é denominado, está acessível graças ao envolvimento de importantes perso-nagens da história do Brasil e da nossa região. Certamente você já ouviu falar do santista José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido por ter sido uma figura decisiva para nossa indepen-dência de Portugal. Ele também foi importante mineralogista e nosso primeiro ecologista.

A rocha espacial de quase seis toneladas foi removida a pedido de D. Pedro II, quase cem anos depois de sua queda, para expô-la no Museu Nacional do Rio de Janeiro. De lá, uma fração desse meteorito viajou mais alguns qui-lômetros até São Vicente, onde é uma das atra-ções de um museu muito especial. O fragmento do Bedengó é apenas um dos mais de mil itens expostos no museu Joias da Natureza, que con-tém o maior acervo mineralógico da América do Sul. No local são guardadas amostras dos setores de mineralogia, petrologia, meteorítica, paleontologia, zoologia, malacologia (ramo da zoologia que estuda os moluscos), entre outras, oriundas de mais de 190 países e do universo.

O museu nasceu da paixão de um meni-no que, aos cinco anos, colecionava minerais. Anos depois, o conjunto aumentou e todo o conhecimento ali contido ficou grande de-mais para ser exclusivo apenas daquele garo-to. “Desde meus quinze anos queria compar-tilhar a maravilhas da natureza com outras pessoas”, diz Paulo Matioli, geocientista e curador do espaço. Além da fração do mete-orito brasileiro, outras rochas espaciais de milhões de anos podem ser vistas entre elas, o Allende, considerado o meteorito mais estu-dado na história da humanidade por conter em sua matéria, elementos que originaram a vida em nosso planeta e sistema solar. “O Al-

Por Belisa Barga

Os minerais, como a ametista, ainda são a principal matéria-prima na confecção de adornos

lende é um meteorito raríssimo, que contém a chamada centelha da vida, ou seja, a matéria--prima que compõe há bilhões de anos nosso DNA e RNA”, explica o curador.

Aliás, o Patriarca da Independência e o curador do museu têm mais em comum que a naturalidade e a paixão pelos minerais. Ambos representam nossa região no universo científico da mineralogia. Ambos são os primeiros santis-tas a nomear minerais. José Bonifácio batizou de andradita o mineral das granadas e Matioli emprestou seu nome à bela e incomum matioli- ita, uma nova espécie descoberta por ele duran-te uma pesquisa em Mendes Pimentel (MG).

O acervo exposto no museu não represen-ta nem 10% das peças disponíveis. “Temos um dos maiores acervos da América do Sul e somos o único de ciências naturais da nos-sa região metropolitana”, pondera Fernanda Gouveia, presidente da Adesaf (Associação de Desenvolvimento Econômico e Social às Famí-lias) mantenedora do local. Há itens que, pela raridade, não estão expostos no museu, como é o caso da brumadoita. O único exemplar mundial do mineral foi encontrado por Ma-

São mais de mil itens expostos no museu Joias da Natureza, que contém o maior acervo mineralógico da América do Sul

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exemplo, as ametistas. Os quartzos, tipos mais abundantes na natureza, são empre-gados na produção de eletroeletrônicos e também em outras finalidades, que vão do esoterismo a possíveis alternativas para tra-tamentos de saúde. “Minerais são elementos naturais, compostos pelos mesmos elementos que compõem nosso organismo. Por que não interagir, já que é tudo a mesma energia?”, brinca Matioli que, por se considerar um cien-tista de mente aberta, recomenda a turmalina preta para espantar o olho gordo e inveja.

Dentre as atrações mineralógicas estão os fulguritos, que são tubos de areia fundidos por um raio a uma temperatura maior que cinco mil graus, as estalactites de colorações diferentes, como as incomuns azuis, rosas e verdes, e também as rosas do deserto, mine-rais no formato da flor de mesmo nome. “To-dos são incríveis, verdadeiras joias da nature-za como sugere o nome do museu”, pontua.

Outros tesouros encontrados são as amos-tras da vida animal no espaço Ecossistemas, uma área dedicada a curiosidades sobre a vida marinha, especialmente moluscos, segundo maior filo do planeta. São exemplares de poli-quetas, que habitam os oceanos há mais de 2500 metros de profundidade, conchas venenosas, corais, esponjas, tubarões, raias, entre outros. “Temos um exemplar de riftia, animal pouco conhecido, encontrado apenas em fontes hidro-termais de Galápagos. Através dele adquirimos uma importante consciência ecológica pois, se a região vulcânica em que ele se encontra findar, toda essa colônia desaparece, já que eles são to-talmente dependentes desse ambiente”, alerta.

Jurassic Park vicentinoO museu oferece a seus visitantes outras

atrações inéditas em nossa região, como a exposição de um ovo de hadrossauro, prove-niente da China. Com idade estimada em 100 milhões de anos, é um dos únicos exibidos no país. “Para saber se esse ovo está fecunda-do ou não, seria necessária uma ressonância

Exemplar de estalactites. Acima, raro exemplar do mineral brumadoita, de procedência chinesa

tioli há vinte anos, na Bahia. Em compensação, a famosa pedra do Super Homem, conhecida como kriptonita é parte do acervo fixo. “Temos a amostra real desse mineral cujo nome é jada-rita. Trata-se de uma espécie descoberta recen-temente e a nossa é um dos poucos exemplares existentes no mundo”, diz o curador.

Já a comum pedra lazurita ou lápis-lazuli, embora não tenha fama cinematográfica, ficou conhecida há mais de cinco mil anos no anti-go Egito, por determinar a hierarquia social. “Os egípcios acreditavam que essa pedra era um pedaço do céu materializado e, por isso, somente os nobres faraós como Tutancâmon, tidos como deuses, usavam esse mineral em suas maquiagens e fabricação de joias”.

Os minerais ainda são a principal matéria--prima na confecção de adornos como por

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magnética. Pode ser que haja um filhote petri-ficado dentro dele”, explica Matioli que, além deste, possui ainda em seu arquivo técnico um ninho inédito no Brasil de ovos de oviraptor, proveniente da Mongólia.

Também à mostra está o fóssil de Mesosau-rus brasilienzis, que habitou o interior de São Paulo, sul do Brasil e África há 250 milhões de anos, comprovando a teoria da Pangéia, de que todos os continentes eram unidos. Há ainda pegadas fósseis de dinossauros que viveram no interior do nosso estado, em cidades como São Carlos e Araraquara, datadas de 150 mi-lhões de anos, além de fósseis de plantas, pei-xes e insetos, com mais de 110 milhões de anos.

Um dos objetivos do museu Joias da Natu-reza é atentar para questões naturais como evo-lução, adaptação e preservação de espécies. Por isso, o espaço possui, além das amostras iner-tes, um acervo de espécies vivas em aquários que reproduzem ambientes marinhos como da nossa região, representada com costão rochoso, peixes, moluscos e invertebrados. No espaço existem também peixes nativos da Amazônia , bem como espécies da África e Ásia.

Há ainda a sala de fluorescência, onde os visitantes podem ver os minerais e animais como ratos, cobras, escorpiões e baratas mu-darem de cor quando expostos à luz negra; alguns materiais podem ser manipulados pelo

público, como uma arcada de tubarão. “O mu-seu visa propagar o conhecimento das ciên-cias naturais por meio da grande quantidade de exemplares científicos e didáticos expostos. Proporcionamos aprendizado e conhecimento sobre curiosidades do nosso planeta e univer-so para todas as idades”, comenta Fernanda Gouveia, presidente da Adesaf.

Esses espaços são fundamentais para a interatividade do público. Para se ter uma ideia, as crianças da comunidade nos arredo-res do museu frequentam o local diariamen-te. Numa rápida enquete, as crianças relata-ram estar em sua décima oitava visita, desde a reinauguração do espaço no novo endereço, ocorrida no final de janeiro. “Crianças não frequentam lugares que não gostam. A cada visita, elas trazem um novo amigo e passam horas aqui, multiplicando o aprendizado. Ou seja, tiramos crianças das ruas com um proje-to social educativo, social, cultural e turísti-co”, emociona-se Matioli.

O curador acredita que parte do sucesso é fruto da forma diferenciada com que as informa-ções são passadas aos visitantes. Segundo ele, os anfitriões agem espontaneamente, sem roteiro prévio ou preocupação com a duração da visita, além de ensinar como os objetos expostos fazem parte do nosso cotidiano na forma de talcos, sa-bonetes de enxofre e o flúor do creme dental,

Estrela do mar da região da Baixada Santista e o peixe Oscar Tigre, da Amazônia

O mineral barita, chamado Rosa do Deserto

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por exemplo. “Isso é fundamental para criar um clima de amizade e possibilitar que o monitor se envolva emocionalmente com o público, tirando a frieza da maioria dos museus”.

Essa filosofia rende bons resultados. No período de pouco mais de um mês, desde a reabertura do espaço, foram mais de duas mil visitas de moradores da Baixada Santista e turistas. Em breve, esse número deve au-mentar consideravelmente, com o início dos grupos de estudantes de escolas primárias, secundárias e universidades. E para atrair cada vez mais visitantes, o museu não se li-mita a uma única área ou assunto. Para este ano, estão previstas diversas exposições e ati-vidades recreativas, como o “acampadentro” Uma noite no Museu, no qual crianças de 7 a 14 anos desvendarão mistérios da natureza e do museu no período noturno.

Para maio, está programada uma expo-sição de curta duração de cédulas, moedas e selos, acompanhada da inédita amostra de areias de diversas praias, rios e lagos da nos-sa região da nossa região, Brasil e mundo. E se você não acredita que esses temas estejam relacionados à proposta do museu, Matioli dá a dica: “Quando falamos em dinheiro e selos, nos referimos a países. A conexão dos assun-tos vem quando acrescentamos as areias de várias localidades do mapa-múndi. Ou seja, esse é o elo para relacionarmos esses temas à ideia central do nosso museu, que é a nature-za global”. Quem quiser colaborar para essa exposição pode entregar uma garrafinha cheia

de areia de qualquer praia e identificar o fras-co. Até agora, já estão catalogadas amostras de Samoa, Chile, Ilhabela, Peruíbe, São Vicente, Praia Grande e Santos.

Apesar dos incontáveis itens raros disponí-veis no Joias da Natureza, a maior dificuldade não é conseguir esses objetos, mas encontrar apoiadores para ajudar na manutenção do es-paço. No final de 2012, o museu perdeu um importante apoio do poder público e os custos passaram a correr, integralmente, por conta da Adesaf. “Não temos nenhum tipo de financia-mento público ou privado. Batalhamos para que o projeto continue atendendo a comuni-dade, visitantes e turistas de todas as partes ”, explica Fernanda Gouveia. Desde a reabertura do museu, na sede própria da Adesaf, milha-res de visitas foram registradas. No ano pas-sado, foram 50 mil atendimentos ao público. “Acreditamos que só o conhecimento transfor-ma o ser humano. Acreditamos que, como nos anos anteriores, encontraremos interessados em investir e apoiar o museu, sejam empresas particulares ou públicas”, finaliza.

Serviço: o Museu Joias da Natureza fica na Rua Guarany, 70, no Parque São Vicente. Fun-ciona de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 17 horas, e aos sábados das 10h00 às 18 horas. A entrada é gratuita e o local possui acessibilida-de para portadores de necessidades especiais.

Para grupos escolares é necessário agen-damento pelo telefone 3568 4191 ou pelo e-mail [email protected].

Sala de fluorescência, onde visitantes podem ver os minerais e animais mudarem de cor quando expostos à luz negra

O mineral matiollita

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Por Belisa Barga

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a em bronzeHistória eternizada

Esculturas, bustos, hermas e monumentos homenageiam fatos e personagens históricos mundiais, nacionais e santistas nos jardins da praia

Um museu ao ar livre, ao longo de 5.335 metros de jardins, repletos de flores, árvores e histórias. Assim podemos definir a orla santis-ta. Dos bairros do José Menino à Ponta da Praia, podemos encontrar Martins Fontes, Vicente de Carvalho, Saturnino de Brito, Almirante Taman-daré, Santos Dumont, Cristovão Colombo. Eles são apenas algumas das personalidades repre-sentadas nas alamedas dos jardins praianos.

Das 86 esculturas existentes pelas ruas e pra-ças de Santos, 35 encontram-se na extensão da orla, sendo mais de vinte concentradas nos jar-

dins das praias. Além das estátuas, algumas com data da década de 1940, há ainda praças e fontes, outros elementos urbanísticos que eternizam momentos históricos e recordações familiares.

Esses monumentos são “observadores silen-ciosos dos tempos e funcionam como elos entre passado e futuro, preservando identidade afetiva, referência espacial, personalidade e a estética da cidade, contrapondo-se ao processo constante de renovação urbanística. São a memória presente e vida na consciência das gerações, pela lembrança de um ato, fato ou destino”, diz Rosangela Mene-

em bronzeHistória eternizada

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zes, jornalista e autora do livro Esculturas Urbanas.Em permanente estado de alerta e com suas

mandíbulas abertas, o leão é a escultura queri-dinha de santistas e visitantes. Muitas crianças, desde sua inauguração, em 1954, já sentaram no lombo do felino quase sexagenário para ser foto-grafadas. A poucos metros de distância, um jaguar que, por muito tempo, foi tido como uma leoa, até ser devidamente identificado por um médico ve-terinário. O fator decisivo para essa definição veio após análise do tamanho do rabo, já que o jaguar da escultura tem 1.20 metros de cauda, enquanto as leoas têm em média de 30 a 50 cm.

Outra estátua de destaque é a de Vicente de Carvalho. “A escultura originalmente foi inau-gurada na pérgula do Boqueirão. Com a reforma da praça, foi transferida para o local atual, po-rém assentada de forma invertida de costas para a praia”, explica Inês Rangel Garcia, responsável pela manutenção e preservação dos monumen-tos, setor da Secretaria de Cultura (Secult).

O santista Vicente de Carvalho foi um im-portante articulador para que os jardins se tor-nassem realidade. Se hoje existem, foi graças a sua intervenção, por meio de uma carta aberta ao governo federal para impedir o aforamento da parte vegetativa da praia, em meados da década de 1920. Tanto que além da estátua, ele nomeia uma praça e uma das avenidas na orla.

Cabe destaque ao médico abolicionista e po-eta Martins Fontes. “Em seu busto há sempre um cravo vermelho, símbolo do movimento, colocado por um admirador anônimo toda se-mana. Sua herma está em frente a sua casa, hoje ocupada pelo edifício Piratininga, nome de uma de suas poesias” explica Inês.

Há também o monumento a Saturnino de Brito, idealizador do plano de saneamento santista e dos canais, que livrou a população de doenças que assolavam a cidade como fe-bre amarela, malária, peste bubônica e varíola. Entre as figuras lembradas nas alamedas dos jardins, encontramos o navegador espanhol Cristovão Colombo; o patrono da Marinha de Guerra Almirante Tamandaré, única estátua em toda a orla voltada para o mar; o aviador San-tos Dumont, e Osmar Gonçalves, considerado o primeiro surfista brasileiro, após pegar ondas na praia do Gonzaga em uma tábua havaiana.

Além deles, estão eternizados santistas de

nascimento ou de coração como o prefeito Aris-tides Bastos Machado, que iniciou o processo de urbanização da orla, a jornalista Lydia Federic-ci, importante esportista santista na década de 1940; Maria José Aranha Resende, fundadora da Academia Santista de Letras, e o jornalista e po-eta Paulo Gonçalves, premiado pela Academia Brasileira de Letras.

Expostas ao público e ao tempo, as escultu-ras sofrem um problema antigo e recorrente: o vandalismo. A estátua do fundador do Colégio Escolástica Rosa, o filantropo João Octávio dos Santos é o exemplo mais conhecido dessas ações. Posicionado bem em frente à escola, sua repre-sentação ficou muito famosa na década de 1990, por sofrer três ataques: no primeiro, em 1993, foi degolada; na segunda agressão, em 1995, picha-da e, dez anos depois, foi novamente decaptada.

Segundo Inês Rangel, a administração muni-

Vicente de Carvalho foi um importante articulador para que os jardins da orla se tornassem realidade. Na página ao lado, uma homenagem ao navegador espanhol Cristovão Colombo

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Um passeio pela orlaDo canal 1 ao canal 7, nos jardins da orla

ou no canteiro central, é possível apreciar monumentos de todos os tipos e que re-tratam diversas épocas. Abaixo, dados das obras encontradas durante todo o percurso das quatro avenidas da praia, colhidos no livro Esculturas Urbanas, de autoria de Ro-sangela Menezes e Maria Inah Monteiro.

José Menino Espaço Cidades-irmãs: homenageia as tre-ze cidades-irmãs de Santos existentes em países como Japão, Itália, Portugal, Ar-gentina, Cuba, China, Romênia e Coreia do Sul, e também presta homenagem a

Sérgio Vieira de Mello, diplomata brasi-leiro que serviu em diversas operações humanitárias e de guarda-paz. De autoria de Luis Garcia Jorge, foi inaugurada em 26 de janeiro de 2004.

Monumento Imigração Japonesa: produzi-do por Claudia Fernandes a pedido da Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil, homenageia a saga ni-pônica, iniciada no porto de Santos, em 1908. Foi inaugurado 1998.

Estátua de Saturnino de Brito: erguida em cumprimento a uma lei municipal de 1961, a estátua foi feita por Caetano Frac-

caroli a pedido da Câmara Municipal. Ho-menageia o principal sanitarista do país.

Herma de Martins Fontes: esculpida por Caetano Fraccaroli, foi uma iniciativa do Rotary Club e amigos do médico e poeta santista. Foi entregue em 23 de junho de 1941.

Monumento ao surfista Osmar Gonçalves: Osmar Gonçalves contribuiu com a di-vulgação do esporte por todo o litoral brasileiro. Seu monumento foi projetado por Daniel Leandro Gonzalez e inaugura-do em 22 de dezembro de 2001, dois anos após a morte do surfista.

cipal gasta anualmente R$ 80 mil em restauro e reposição de placas. Uma equipe especializada da Secretaria de Cultura trabalha na manuten-ção e limpeza desses monumentos, que precisam de tratamento especial para exaltar suas belezas e importância histórica. “Eles sofrem diversos tipos de depredação, que vão de pichações a furtos, como a cabeça de João Otávio e a mão do padre Champagnat, que foram arrancadas”.

O processo para escolha dos homenageados é sempre feito por indicação do prefeito ou ve-readores. “A prefeitura analisa os projetos. São feitas várias sugestões, porém nem todas são re-alizadas”, explica Inês. Já a etapa de escolha do local onde a escultura ficará também é feita por indicação da Câmara, decisão do prefeito ou do artista plástico responsável pela obra.

Além disso, de acordo com Rosangela Mene-zes, autora do livro Esculturas Urbanas, ainda se avaliam possibilidades como proximidade com o local de referência do fato ou do homenageado, disponibilidade de espaço e até mesmo a decor-

Monumento O Surfista homenageia o esporte que foi praticado pela primeira vez em 1934, em Santos

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Monumento ao surfista: a poucos metros do monumento Osmar Gonçalves, outra escultura de mesma temática homena-geia o esporte que foi praticado pela pri-meira vez em 1934, em Santos. Não por acaso está posicionada em frente ao Posto 2, onde funciona a primeira escola públi-ca de surfe do Brasil. Também feita por Daniel Gonzalez, foi inaugurada no mes-mo dia da escultura de Osmar.

Monumento Cristovão Colombo: entregue em 11 de outubro de 1992, o monumento em homenagem ao navegador espanhol Cristovão Colombo foi esculpido por Luiz Garcia Jorge.

GonzagaMonumento Pedestrianismo: de autoria de Ricardo Campos Mota (Rica), foi inaugu-rado em 20 de maio de 2006.

Esculturas do leão e do jaguar: o jaguar foi um presente dos alunos do curso de ar-tes plásticas do Instituto Dona Escolás-tica Rosa, orientados por Gildo Zampol, em 1951. Já o famoso leão foi esculpido a pedido da prefeitura de Santos, em 1954, por Segismundo Fernández.

BoqueirãoEstátua Vicente de Carvalho: localizada na avenida de mesmo nome, a estátua do po-

eta do mar foi projetada por Caetano Frac-caroli e inaugurada em 21 de julho de 1946.

Busto Paulo Viriato Corrêa da Costa: uma homenagem ao arquiteto santista, um dos três brasileiros a se tornar presiden-te mundial do Rotary Club Internacional (1990/1991). Esculpido por Luis Garcia, foi entregue em 29 de novembro de 2002.

Relógio de Sol: o monumento, projetado por Dalberto de Moura Ribeiro em meados da década de 1940, possui 8 metros de diâmetro.

Herma de Lydia Federici: jornalista e econo-mista foi uma importante figura no espor-

rência de mobilização ou reação de pessoas, como foi o caso da Ninfa Náiade, que estava na praça José Bonifácio e foi transferida para o Orquidário, a pedido dos religiosos da Catedral santista.

Outra estudiosa do assunto é a jornalista Franciny Oliveira. Há cerca de dois anos, ela realizou uma minuciosa pesquisa em jornais da época e livros sobre a história completa dos jardins que, em breve, será contada em um blog criado especialmente para divulgar essas me-mórias. “Muitos podem não saber, mas existem estátuas que já passearam pela orla desde que foram colocadas no jardim”, comenta.

Em suas pesquisas sobre os jardins, Franciny mapeou curiosidades sobre as estátuas, como as andanças feitas para acomodá-las. “As mudan-ças que aconteceram nos últimos 70 anos, desde quando o jardim começou a ser decorado com monumentos e fontes, fez de algumas estátuas verdadeiras andarilhas”. Essas mudanças tam-bém estão descritas no livro Esculturas Urbanas.

Entre algumas das estátuas ‘nômades’, ela pesquisou e, em alguns casos, calculou o des-locamento de monumentos como os de Vicente de Carvalho e Imigração Japonesa, e a estátua O Pescador. O poeta do mar Vicente de Carvalho, originalmente instalado em frente à avenida Conselheiro Nébias, hoje está um pouco mais

perto do canal 3, após sair 400 metros de seu local original. “Ele admirou o oceano por dez anos, antes de ficar de costas para o mar, que ele tanto amava”, observa.

Em compensação, o Almirante Tamandaré, na sua mudança de endereço, deu-se bem. Ins-talada em 1957 no bairro da Encruzilhada, na praça homônima, a estátua, ao ser transferida para orla da praia do Embaré, doze anos depois, ficou posicionada de frente para o mar, sendo até hoje, o único monumento instalado de cos-tas para a avenida.

Já o monumento Imigração Japonesa, que homenageia a saga dos imigrantes nipônicos iniciada no porto de Santos há mais de um sé-culo, apesar de seus quase 9.700 quilos, tam-bém saiu do lugar. “Mesmo sem ter vindo da Ásia, eles migraram três quilômetros entre a localização próxima da avenida Conselhei-ro Nébias, onde estavam desde 1998, para o parque Mario Roberto Santini, no emissário submarino, em 2009”, ocasião em que ocorreu

As esculturas do leão e do jaguar, instaladas a poucos metros uma da outra,

foram inauguradas na década de 1950Fo

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te santista por volta de 1940. Entregue em 1995, com autoria de Luis Garcia Jorge. Herma Maria José Aranha de Rezende: fun- dadora da Academia Santista de Letras, a poetisa das rosas foi a primeira mulher admitida em uma entidade literária, aos 17 anos. De autoria de Luiz Garcia Jorge, a her-ma foi inaugurada em novembro de 1999.

Monumento Maçons: uma homenagem da prefeitura de Santos aos maçons, foi inau-gurado em 2 de março de 1992. O monu-mento, em formato de compasso, sim-boliza a espiritualidade e sua abertura, limitada a 90º, o conhecimento humano.

Monumento Rotary Club de Santos-Praia: o monumento foi construído pelo enge-nheiro Delchi Migotto Filho e entregue em 9 de fevereiro de 1995, sob o lema Seja Amigo. Sua inauguração aconteceu no ano em que o Rotary Internacional completou 90 anos, e o Rotary Santos-Praia, 36 anos.

Embaré Herma de Almirante Tamandaré: a repre-sentação do patrono da Marinha de Guerra do Brasil foi uma iniciativa e con-cepção da Marinha do Brasil, inaugurada em 13 de dezembro de 1957, Dia do Mari-nheiro. O herói nacional é a única estátua voltada para o mar.

Estátua de Santo Antônio do Embaré: criada por Luiz Morrone, encontra-se na praça de mesmo nome, no canteiro central da avenida praiana, desde 17 de março de 1957, de frente para a Basílica que tam-bém leva seu nome.

Herma de Paulo Gonçalves: produzida por Gildo Zampol, a herma do jornalista san-tista Francisco de Paula Gonçalves foi en-tregue em 27 de setembro de 1975.

Monumento Associação da Ordem DeMolay: erguido por iniciativa da loja maçônica Estrela de Santos e inaugurado em 17 de dezembro de 1999.

uma cerimônia cultural japonesa e marcou a reinauguração do local.

A família asiática é representada por três es-tátuas caracterizadas com vestuários da época. Com o braço estendido, o homem parece in-dicar ao filho e à mulher as terras brasileiras, que acabara de avistar, considera a jornalista Rosangela Menezes.

A estátua do pescador mudou de endereço quatro vezes antes de se estabelecer na praça do Aquário. Inaugurada nos jardins em frente ao Colégio Escolástica Rosa, em 1941, passou 20 anos pescando no bairro antes de ser trans-ferida para o canteiro central da avenida Pre-sidente Wilson, na divisa com São Vicente. Ali permaneceu até ser, acidentalmente, atropela-da por um caminhão do Corpo de Bombeiros. Após ser recuperada, foi instalada, em 1976, em frente ao terminal das balsas, na Ponta da Praia. Por conta do prolongamento da ciclovia, em 2008, a estátua mudou-se para seu endereço atual. “Talvez como recompensa por tantas mu-danças, (quase catorze quilômetros!) da última vez a deixaram num espelho d’água construído especialmente para ela, já com peixes para lhe prover”, brinca Franciny.

A escultura O Pneu Furou, representada pela famosa bicicleta amarela, mesmo com o pneu

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AparecidaEstátua João Octávio dos Santos: inaugura-da em 3 de dezembro de 1960, de auto-ria de Caetano Fraccaroli. João Octavio apoia a mão direita nas costas de uma criança, numa atitude protetora. O aboli-cionista santista foi fundador da primei-ra escola profissionalizante do Brasil.

Herma de Santos Dumont: esculpida por Pedro Germi, foi inaugurada em 27 de outubro de 1990.

Herma de Brigadeiro Tobias de Aguiar: homenageia Rafael Tobias de Aguiar, fundador da Polícia Militar Paulista. Foi

esculpida por Luis Garcia Jorge e inau-gurada em 7 de outubro de 1996.

Monumento Os Imigrantes: inaugurado em 21 de junho de 2012, concebido e doado à cidade por Lecy Beltran, o monumento é uma homenagem a todos os imigrantes que vieram tentar sua vida no Brasil.

Escultura O Pneu Furou: obra de Ricardo Campos Mota (Rica), foi inaugurada em 20 de janeiro de 2006.

Ponta da praia Herma de Fábio Montenegro: esculpida por Hildegardo Leão Velloso, a herma do poeta

santista foi inaugurada em 26 de novembro de 1922, na praça dos Andradas. Após uma reforma no local, foi transferida para as proximidades do Aquário Municipal, onde permaneceu até 2006, quando foi remane-jada para a praça Vereador Luiz La Scala.

Herma de Duque de Caxias: inaugurada em 12 de setembro de 1980, em comemo-ração ao primeiro centenário de morte do duque, foi feita por Pedro Germi.

Monumento Caravela: o monumento é de autoria de Regina Maria Lourenço Ade-gas e Ricardo Campos Mota e foi inau-gurado em 11 de junho de 1988, em come-

murcho, ainda percorreu dois quilômetros. Obra de Ricardo Campos Mota (Rica), encontra-se hoje na avenida Bartolomeu de Gusmão, próximo ao canal 6, vinda da Pinacoteca Benedicto Calixto.

Esculturas urbanasTantos personagens e histórias despertaram

a atenção da jornalista Rosangela Menezes, que, motivada pelo interesse em conhecer e oferecer conhecimento sobre tais monumentos, escre-veu, há quatro anos, o livro Esculturas Urbanas, em parceria com Maria Inah Rangel Monteiro. “Habituei-me a ver monumentos como co-adjuvantes e cenários para as mais diferentes manifestações cívicas e populares. Em alguns, lembrava-me dos feitos que garantiram ao ho-menageado a perpetuação da imagem e, em ou-tros, perguntava-me o simbolismo de determi-nadas alegorias e relevos, que me atraiam pela simples beleza do trabalho escultural”.

A estátua O Pescador mudou de endereço quatro vezes antes de se estabelecer na

praça do Aquário. Na página ao lado, outro monumento andarilho presta homenagem à Imigração Japonesa Fo

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A obra é fruto de um ano e meio de pes-quisas; elenca todas as esculturas urbanas de Santos, como sugere o título, inclusive as que estão localizadas na região da praia. “O livro é pioneiro no assunto e começamos do zero”, relembra Rosangela. Foram buscadas diversas fontes, dezenas de ligações para levantar dados como os autores das esculturas. “Em alguns ca-sos, poucos felizmente, essa busca mostrou-se infrutífera. A autoria de certos bronzes parece fadada ao esquecimento”, lamenta.

Para a autora, todas as peças apresentam peculiaridades e curiosidades. “Foi como abrir livros de história, simbologia, arte, ar-quitetura e engenharia. Como a Maria Inah e eu fizemos uma análise minuciosa das obras, descobrimos que cada peça da composição ar-tística (por exemplo, uma simples folha) tem significado. Nenhuma delas está na obra por acaso ou apenas para dar um ‹acabamento›, por assim dizer. E isso foi como decifrar hie-róglifos, se assim posso dizer, exagerando na comparação”, explica.

moração aos 500 anos do descobrimento.

Escultura Padre José de Anchieta: também de Caetano Fraccaroli, foi inaugurada em 25 de janeiro de 1961, em comemoração ao quarto centenário de falecimento de José de Anchieta, localiza-se na praça do Aquário.

Monumento-padrão D. Henrique: projetado pelo arquiteto Aníbal Martins Clemente. Homenageia a figura de D. Henrique, im-portante figura da era dos descobrimen-tos. Inaugurada em 26 de janeiro de 1962,

dia do aniversário de Santos.

Busto Vereador Luiz La Scala: homenagem ao vereador e ex-provedor da Santa Casa santista, fica na praça de mesmo nome. Idealizado por Luiz Garcia Jorge, foi inaugurado em 17 de dezembro de 2006.

Estátua Atlético Náutico Santista: de auto-ria de Caetano Fraccaroli, é uma home-nagem à cidade, considerada o município mais desportivo do Brasil, e foi entregue em 1º de setembro de 1946.

Busto de Giusfredo Santini: esculpida por Enivaldo Rebellato Lupi e inaugurada em 7 de junho de 1997.

Estátua O Pescador: idealizada por Ricar-do Cipicchia em 1941, homenageia os pescadores santistas.

Monumento Cívico à Bandeira do Brasil: encontra-se em um local estratégico da Ponta da Praia, e pode ser vista por quem vem ou vai ao Guarujá. O marco foi inau-gurado em 18 de outubro de 2000.

Estátua do filantropo João Octávio dos Santos, vítima de vandalismos na década de 1990 e, o lado, os bustos do médico abolicionista e poeta Martins Fontes, com seu permanente cravo vermelho colocado por um admirador anônimo, e do aviador Santos Dumont

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Passeio pelo entorno da região portuária mostra as belezas naturais do estuário santista e a complexidade do maior

porto da América Latina

Por Luciana Sotelo

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“Navegar é preciso; viver não é preciso”. A frase tirada do poema do escritor portu-guês Fernando Pessoa serve de motivação para aqueles que pretendem conhecer o porto de Santos, já que por terra todos os portões de acesso ao complexo são bloque-ados para visitantes, desde a implantação do ISPS Code - código internacional de se-gurança para portos e navios. Devido à nor-ma, as instalações portuárias são restritas a autoridades, trabalhadores, prestadores de serviços e eventuais casos especiais.

Para conhecer in loco o maior porto do Brasil, realmente, “navegar é preciso”. A opção sem nenhuma burocracia é embarcar numa aventura marítima a bordo de uma escuna para acompanhar bem de pertinho as operações. A embarcação tem como pon-to de partida a ponte Edgard Perdigão, na Ponta da Praia, em Santos. A proposta é um passeio pelo complexo por mar. No rotei-ro é possível avistar boa parte da estrutura existente e desvendar curiosidades.

A programação básica é composta, pri-meiramente, de um passeio dedicado ao la-zer e belezas naturais. O convite é de contem-plação à Fortaleza da Barra, praia do Góes, prainha do Cheira Limão e praia do Sangava. Nesse ponto, a aventura torna-se refrescan-te. “Fazemos uma pausa para quem quiser

diversão e culturaA bordo de uma escuna,

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Início do passeio é dedicado ao lazere belezas naturais. Ao fundo, a Fortaleza da Barra

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tomar um banho de mar. É permitido ficar na água por 15 a 20 minutos, de preferência, de colete e próximo ao nosso barco”, explica o comandante da embarcação, Alcides Lopes de Oliveira, 41 anos de experiência no ramo, e que acompanha esse momento com muita atenção, monitorando os banhistas.

Depois, o destino é a ilha das Palmas, baía de Santos até a altura do canal 4. Só en-tão, o passeio torna-se técnico. “Rumamos em direção ao maior complexo portuário da América Latina, o porto de Santos”.

A partir desse momento, o comandan-te da escuna assume também a função de guia portuário. Ele mostra e explica toda a rotina do cais, desde a entrada do canal do estuário, as instalações, terminais, tipos de navios que aparecem no cenário, operações que estão sendo realizadas no momento da visita, especificações dos equipamentos, en-tre outras peculiaridades.

O passeio simples leva os navegantes até as proximidades do Terminal 37 e retorna. Mas, para quem busca algo mais, existe o

roteiro específico de porto. “A escuna sai da ponte Edgard Perdigão e segue direto para o cais. Essa rota vai até a ilha Barnabé”.

Nessa opção, é possível conhecer com riqueza de detalhes as principais caracterís-ticas do percurso. Em determinado momen-to, o visitante tem contato com a história. Isso acontece quando a embarcação passa em frente ao local onde tudo começou, ou seja, nos primeiros 260 metros de cais, inau-gurado em 2 de fevereiro de 1892. “Em ou-tro ângulo, observa-se alguns dos antigos guindastes, hoje desativados. Pode-se ainda apreciar os equipamentos modernos adqui-ridos pela iniciativa privada após a Lei de Modernização, caso dos portêineres e trans-têineres, utilizados para a movimentação de contêineres”, aponta Alcides.

Tal diversidade encantou Rogério de Andrade, supervisor de logística, um dos passageiros. “O porto de Santos é versátil, opera com todo tipo de carga. Isso torna o passeio rico e inesquecível. Ver como tudo funciona é uma experiência única”, apon-

Luiz Feliciano impressionado com a dimensão do porto

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ta. O colega Luiz Feliciano também ficou contente com o que viu, pois até então só conhecia os navios que passavam pelo es-tuário, na Ponta da Praia. “Só agora pude entender por que ele é o maior do país. A di-mensão é maior do que eu imaginava. Vale a pena ver tudo isso.”

Gilda Santos mora em São Vicente e ti-nha muita vontade de conhecer o porto de Santos. Realizou esse sonho na companhia de familiares vindos de Aracaju. “Estou ma-ravilhada, nunca vou esquecer esse passeio; é muito mais do que eu imaginava”.

Luxo e glamour também estão inclusos na viagem, pelo menos durante o período da temporada brasileira de cruzeiros marí-timos. A escuna passa ao lado dos famosos e cobiçados transatlânticos ancorados no ter-minal de passageiros. Não há quem não se encante, a exemplo dos familiares de Gilda. Áurea Laurêncio dos Santos, aposentada, e Jocilene Faustino dos Santos, comerciante, não economizaram flashes para os transa-tlânticos ancorados. “É muito bonito. Fiquei

com vontade de conhecê-los por dentro. Por fora, eles já são de encher os olhos, imagina lá no bem bom”, fala Jocilene.

Além de encantar turistas, o porto de San-tos atrai também a curiosidade de morado-res da Baixada Santista. O contador Arnaldo Duarte Tenório e a mulher Luzinete Tenório moram em São Vicente há dezoito anos e nunca tiveram a chance de conhecer as ins-talações. Só depois que a filha entrou para uma das empresas que operam no porto, eles decidiram fazer o passeio. “Sempre quis co-nhecer esse universo, mas tomei uma atitude concreta agora que minha filha está nessa área. Achei tudo fantástico e grandioso”.

Por falar em grandiosidade, os navios oriundos de todas as partes do mundo lide-ram os comentários. A artesã Regina Célia Ferreira da Silva e o filho Luis Henrique não pouparam elogios para os cargueiros. “Os navios são realmente muito grandes, impo-nentes. É impressionante ficar frente à frente com eles. Só os víamos pela televisão ou em fotos de jornal. Aqui é outra realidade, mui-

Gilda Santos, maravilhada com o passeio

Vista do terminal pesqueiro existente ao longo do cais

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por qualquer pessoa, de qualquer idade. “Já recebemos aqui gente da Itália, Índia, Japão, Portugal, Canadá, Holanda, Estados Unidos, incluindo também muitos brasileiros e mora-dores locais”, orgulha-se o comandante.

Na margem direita do estuário, três em-presas prestam esse tipo de serviço; elas se revezam para atender a demanda. A repor-tagem da Beach&Co fez o passeio na escu-na Tamburutaca - nome que designa uma espécie de crustáceo que vive no fundo do mar, semelhante a uma lagosta branca sem antenas-, pertencente à empresa Turismo no Mar. Construída em 1998, em Camamu, sul da Bahia, a Tamburutaca tem capacida-de para levar até 100 pessoas. Além disso, conta ainda com uma tripulação composta por dois marinheiros e um auxiliar. Outro ponto que merece destaque é a segurança. O comandante faz questão de mencionar que a primeira providência após dar as boas-vindas aos navegantes é explicar como se utiliza o colete salva-vidas. Além disso, menciona que a embarcação recebe fre-quentes inspeções da Capitania dos Portos do Estado de São Paulo quanto à manuten-ção dos equipamentos de salvatagem e con-dições do barco, requisitos seguidos pelas demais empresas do ramo.

Serviço: durante as temporadas, as es-cunas operam todos os dias. Após esse pe-ríodo, funcionam aos sábados, domingos e feriados. O primeiro horário de partida é às 9h20. Partidas: ponte Edgard Perdigão, na av. Saldanha da Gama, na Ponta da Praia, a partir das 9h20 até 15h20 (última saída). No horário de verão, até às 17h20. Preço: R$ 10,00 (crianças de 4 a 10 anos e maiores de 65 anos); demais pagam R$ 20,00. Agenda-mento para roteiros diferenciados deve ser feito com antecedência pelos telefones (13) 9721 1200 e 9710 1689, ou e-mail: [email protected].

to mais impactante”, diz Regina. O peque-no Luis, de apenas 10 anos, ficou espantado com a quantidade de contêineres que é colo-cada em cada navio. “Deu uma curiosidade em saber o que tem em cada uma dessas cai-xas gigantes”, aponta e sorri o menino.

Para o comandante Alcides é uma honra proporcionar todas essas sensações. “Aqui as máquinas se movimentam, os navios são carregados de produtos, tudo está diante do olhar atento de cada visitante. A visão é privi-legiada. É gratificante realizar esse trabalho”.

O público para esse percurso técnico, ge-ralmente, é formado por empresários, estu-dantes, universitários das áreas relacionadas ao comércio exterior, administração e logís-tica, além de investidores estrangeiros. En-tretanto, o passeio pelo porto pode ser feito

Regina Célia não poupou elogios para os cargueiros

Terminal da margem direita do porto e, abaixo, a parada para mergulho na praia do Sangava

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saúde

A obesidade já é um dos principais problemas de saúde no mundo, e atinge também, de forma preocupante, as crianças, vítimas do

sedentarismo urbano, de tabus e fatores psicológicos

Por Aline Porfírio

balança dos pequenosDe olho na

“Mãe, só mais um biscoito, por favor!”. Qual mãe nunca hesitou em ceder a tal pedido? O receio dos pais de advertirem seus filhos para o exagero de alimentos ca-lóricos é um dos principais elementos de contribuição para a obesidade infantil. O problema começa quando a criança é bebê, com a velha ideia de que criança saudável é criança gorda. Porém, com o passar dos anos, isso acarreta sérios problemas psico-lógicos e, principalmente, de saúde. Além disso, as crianças que sofrem de obesida-

de, têm que enfrentar um de seus maiores monstros: o preconceito.

Em uma realidade cercada por doces, salgadinhos, chocolates, refrigerantes e fast-foods, Patrícia Rezende, 37 anos, sabe bem como funciona essa situação. Mãe das meninas Lohanna, 12 anos, e Rayane, de 9, luta contra as calorias e o espelho - dos fi-lhos. Como toda mãe moderna, Patrícia tra-balha fora, como professora universitária e coordenadora de projetos. E como todas as crianças, Lohanna e Rayanne, acreditavam

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que a ausência da mãe seria perfeita para burlar as restrições alimentares.

As tardes da pequena Rayane passaram a ser uma combinação de doces, biscoitos e desenhos animados na TV. Para lhe fazer companhia, a irmã mais velha, Lohanna, en-trou no clima das guloseimas. “Com o meu aumento na carga horária de trabalho, as meninas passaram a ficar um período sem minha presença. Com isso, elas aproveita-ram para abusar das calorias, pois não havia quem controlasse a alimentação. Ainda mais tendo uma mãe como eu, que adora usar o chocolate como fonte de energia”, conta Pa-trícia. Ela diz que começou a se preocupar ao verificar o peso das meninas e a ouvir co-mentários desabonadores sobre a aparência das filhas. Com isso, preferiu não esperar que o problema se desenvolvesse. “As pes-soas são muito duras quando o assunto é beleza. Em pleno século XXI ainda há quem não saiba falar com jeito sobre a aparência ou personalidade infantil. E foi esse tipo de comentário de pessoas e amigas próximas que nos deixou mais atentas ao peso, mesmo que tenha sido de uma forma dura de apren-der. Tive que aproveitar a situação para ini-ciar uma longa conversa com elas”, explica.

Mas, esse não é um dilema exclusivo de Patrícia. Muitos pais ainda não sabem como abordar o tema com os filhos que sofrem deste problema, seja pelo âmbito da ditadura da beleza ou por questões de saúde. Recentemente, a ONG americana Aliança para a Obesidade, lançou um guia de como melhorar a relação entre pais e filhos ‘gordinhos’. O livro destaca os temas de imagem, saúde, convivência, advertências e ganhos que as crianças podem ter se me-lhorarem sua qualidade de vida. O guia é voltado para crianças de 7 a 11 anos, e foi revisado por especialistas em obesidade, nutricionistas, pediatras e psicólogos. A obra tem como objetivo oferecer pratici-dade no assunto; não buscar o porquê do problema, mas, sim, como resolvê-lo.

O estilo de vida do homem mudou mui-to com o passar dos anos, e essas transições começaram na infância. As crianças não possuem mais o antigo hábito das brin-cadeiras de roda, de pega-pega, de andar

de bicicleta, correr, pular corda. Hoje, a maioria delas se reúne para jogar videoga-me; as bicicletas perderam espaço para os carrinhos motorizados, os esportes foram deixados de lado e a TV ocupa grande par-te do tempo livre das crianças. Tudo isso, segundo a coordenadora do curso de nu-trição da Universidade Católica de Santos Valdete Lemes Stivanin, é um grave fator de risco para desencadear a obesidade.

Para Valdete, os pais são os grandes res-ponsáveis pela situação. A falta de tempo implica em outra forma de supervisão para as crianças, e, mais que isso, gera um tipo de carência que, muitas vezes, tenta ser suprida pelos pais com a não restrição de doces, guloseimas e calorias. “É difícil você encontrar pais preocupados com a alimen-tação dos filhos quando eles estão forman-do o hábito alimentar. Muitas mães não percebem que o refrigerante na mamadeira e o biscoito doce nos primeiros seis ou sete meses de vida da criança já influenciam uma má formação alimentar. Então, se os pais não têm o hábito de comer verduras e

Índices preocupantesSegundo o IBGE, hoje, no

Brasil, uma em cada cinco crianças (5 a 9 anos), está acima do peso. Isso repre-senta um índice de mais de 36%. Quanto aos adolescen-tes, a última pesquisa apon-tou quase 6% de obesidade já constatada, o que revela um problema iniciado na infância, e formador de jo-vens e adultos obesos com problemas graves de saúde, como as doenças cardíacas, por exemplo.

A velha ideia de que criança gorda é criança saudável precisa ser revista

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nesse período. “Já me sinto uma nova pes-soa, muito feliz e determinada”, diz.

A nutricionista Valdete Lemos reforça que é necessário que exista mais do que guias para solucionar o problema. “Precisa-mos de políticas públicas fortes e eficientes que chamem a atenção para o caso e ofere-çam acompanhamento edificado”. Um pon-to positivo, segundo ela, foi a lei de fiscaliza-ção das cantinas escolares, que supervisiona a venda de alimentos calóricos e prejudiciais à saúde. Além disso, a alimentação escolar da rede pública também é preparada com base em um cardápio nutricional saudável, proporcionando às crianças alimentos es-senciais para um bom crescimento e saúde.

O segredo para a melhora na qualidade de vida infantil é o diálogo e a negociação. Os pais devem abordar o assunto com os fi-lhos, reforçando sempre a questão da saúde. Valdete explica que o método não é proibir, e, sim, negociar. “Se eu tenho uma criança obesa que toma cinco copos de refrigerante por dia, por exemplo, eu vou conversar com ela para tentar tomar só três copos, até dimi-nuir bem. Vou negociando uma atividade, pular corda em casa, andar de bicicleta, pra-ticar um esporte. E aí, se os pais ajudarem, vamos conseguindo grandes progressos”.

O problema da obesidade infantil vai muito além da imagem e da vaidade. Com índices tão alarmantes, estas crianças po-dem atingir a idade de 20 ou 30 anos já com sérios problemas cardiovasculares, hiper-tensão, grave fadiga, e principalmente, mui-tos problemas psicológicos. Por mais difícil que seja o diálogo, ele se faz necessário em tempos em que o sedentarismo e a má ali-mentação estão ao alcance de todos. Os pais devem analisar que, o ‘não’ de hoje, pode se tornar o ‘muito obrigado’ de um futuro saudável e livre de doenças crônicas.

legumes, por exemplo, eles não vão ofere-cer isso aos filhos”, diz.

Atenta a estes problemas, Patrícia estu-dou a melhor forma de conversar com as filhas. Ela acredita que não existe uma re-gra única para falar com os filhos, e que a abordagem deve ser personalizada, mes-mo quando feita com a ajuda de guias e materiais sobre a doença. “Conversamos abertamente. Depois, percebi que há mais interesse por parte delas em modificar esta característica”. A partir daí começou a ne-gociação. Durante as férias de verão, a fi-lha mais velha, Lohanna, passou um tempo com a tia, profissional de educação física, para uma reeducação alimentar. A menina destaca que adorou descobrir como podem existir coisas legais para se fazer e ajudar na movimentação do corpo. E que é possível comer coisas muito gostosas e saudáveis. Mas, o que deixou Lohanna com um largo sorriso foram os três quilos que ela perdeu

Rayane, Patrícia e Lohana em luta contra as calorias

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Sempre que falamos em sustentabilidade estamos, de uma forma ou de outra, mexendo com hábitos, costumes. E, talvez, não haja

rotina mais difícil de ser mudada do que a da alimentação

ser sustentável

Por Marcus Neves Fernandes

da alimentação

Você sabia que ovo de codorna tem o do-bro de colesterol do que o ovo de galinha? Soube disso na fila de um restaurante por quilo, graças a uma senhorinha ao meu lado, com seu reluzente penteado lilás. Assim que me viu pegar o petisco, ela logo me avisou do inconveniente. Agradeci a informação, e comecei a pensar se as pessoas tinham ideia do que está por detrás daquilo que comemos.

Não me refiro às questões nutricionais. Falo do modo de produção, do que é ne-cessário para que um ovo, um bife, uma

alface ou tomate cheguem às nossas me-sas. O ovo, só para ficar no exemplo aci-ma, é um desses casos. Lembro-me que, há cerca de dois anos, um consagrado chef de cozinha britânico fez um programa de tevê no qual mostrava como era a vida das galinhas nesse tipo de granja - um horror. Amontoadas em gaiolas apertadas, quase que umas sobre as outras, com os bicos cortados para não cometerem canibalismo ou destruírem os ovos, recebendo antibió-ticos e hormônios de crescimento. A rea-

O lado desconhecido

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*O autor é jornalista especializado em desenvolvimento sustentável

ção da audiência beirou o escândalo. Situação semelhante pode ser encontra-

da na criação de outros animais, sejam eles bois ou salmões. É preciso acelerar o cresci-mento, produzir mais em um espaço cada vez menor, o que implica em confinar os animais, muitos deles desde que nascem. Na China, por exemplo, pesquisadores aca-bam de descobrir que antibióticos utiliza-dos em larga escala em porcos, para fazê-los crescer mais rápido, estão gerando bactérias resistentes aos próprios antibióticos.

No mesmo programa do chef de cozi-nha britânico, o apresentador fez o contra-ponto: mostrou como é a criação das cha-madas galinhas rústicas ou caipiras. Elas vivem soltas, ciscando livremente, não são mutiladas e tampouco recebem anaboli-zantes. Os cuidados se limitam à vacinação e vermifugação. Obviamente, nenhum de nós percebe isso, seja no restaurante ou no supermercado. A realidade está longe de nossos olhos e, como diz aquele velho di-tado, o que os olhos não veem...

Por isso mesmo, é plenamente compre-ensível que as pessoas deem importância ao colesterol do ovo de codorna, na medida em que pouca ou nenhuma atenção é dada à forma como esses animais são criados. Todavia, um estudo recente sugere que dentro de 20 anos, o mundo terá que pro-duzir 40% mais comida para dar conta da demanda. E isso, decerto, colocará ainda

mais pressão sobre o modo de produção. É um dilema de difícil solução, o que não

quer dizer que não haja alternativa. Aqui mesmo, no Brasil, já existem produtores de frangos orgânicos. No Chile, já se buscam formas de reduzir a concentração de salmões nas fazendas marinhas. Nos Estados Unidos e Canadá, a pecuária orgânica vem ganhan-do cada vez mais espaço. Para muitas pes-soas, pode soar ingênuo falar em bem-estar animal. Afinal, o bicho vai acabar mesmo sendo abatido, retalhado e distribuído. Que importa, então, a forma como ele viveu? Bom, uma parte dessa pergunta cada um responde de acordo com sua consciência. Fora isso, há o lado pragmático: esse modo de produção tem reflexos diretos na piora da saúde humana, na destruição de habi-tats, no aumento da poluição, no recrudesci-mento de doenças, no esgotamento do solo, dos mananciais e por aí vai. Decerto que nem todos podem se dar ao luxo de ques-tionar esse perverso modelo, na medida em que lutam simplesmente para ter o que co-mer. Mas a maioria de nós pode. Só que é preciso mudar os hábitos.

Não se trata de demonizar o produtor, transformá-lo em vilão e sentenciá-lo ao descrédito em praça pública. Um produto só existe se há quem o consuma - é a lei do mercado. Por outro lado, não se pode fe-char os olhos e engolir, literalmente, o que vem pela frente.

O feitiçoHá uns dez anos, quando ocorria um

dos picos da dengue na Baixada Santista, ouvi de uma cientista da Fiocruz que a apli-cação do popular fumacê para o combate do mosquito era não só perigoso para o ser humano, como acabaria, com o tempo, sendo ineficaz contra o inseto. “Ele vai se adaptar”, sentenciou a pesquisadora à épo-ca. Agora, dois estudos recém-divulgados demonstram como o feitiço das soluções fáceis pode se virar contra o feiticeiro. O

primeiro deles foi feito nos Estados Unidos e indica que um dos repelentes mais utili-zados no mundo contra o Aedes aegypti já não faz mais efeito. O bicho está evoluindo, se transformando e nada indica que esse processo não vá continuar. Essa constata-ção me leva a pensar nos agrotóxicos. O princípio é o mesmo. Somos hoje o país que despeja a maior quantidade de pesticidas nas lavouras. Pior do isso: alguns dos pro-dutos já foram proibidos em vários países e mesmo aqueles já banidos no Brasil conti-

nuam entrando ilegalmente. Aqui, em mui-tos casos, a dose recomendada já não dá conta das pragas. Ato contínuo, lá vai mais veneno em frutas e hortaliças. Já o segundo estudo foi feito na China, uma das maio-res produtoras mundiais de porcos. Lá, os cientistas descobriram que o uso em larga escala de antibióticos, para acelerar o cres-cimento, está gerando bactérias cada vez mais resistentes aos próprios antibióticos. Os resultados são preliminares, mas vamos acompanhar os desdobramentos.

Para atender a demanda é preciso acelerar o crescimento, produzir mais em um espaço cada vez menor, o que implica em confinar os animais

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esporte

Seja para competir ou se exercitar, elas comprovam que não existe mais coisa de menino ou coisa de menina. O

importante é fazer o que se gosta e ser feliz

Garotas do skateGarotas do skate

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Por Fernanda Mello

Um olhar mais atento distingue que, em cima dos skates que circulam por ruas e pistas, atualmente, é cada vez mais comum a presença de meninas. Determinadas e co-rajosas, elas optaram por uma modalidade até então dominada pelo sexo masculino, e já se destacam no Brasil e no mundo por suas conquistas. Tendo como espelho pro-fissionais brasileiras, como a paulistana Letícia Bufoni, vice-campeã do X Games, a Olimpíada dos Esportes Radicais, a carioca Christie Aleixo (campeã brasileira de ska-te longboard downhill) e a paulista Karen Jonz (bicampeã mundial de skate vertical), entre outras, encaram o desafio de apren-der as manobras e não têm medo de cair.

Com espaços exclusivos e gratuitos para a prática, as cidades do litoral paulis-ta também já produzem ‘rainhas da pista’. A santista Milena Oliveira dos Santos Viei-ra, 14 anos, exibe com orgulho as marcas das quedas. “Meus pais até falam que vou crescer e ficar cheia de cicatrizes, mas eu não ligo. Gosto de skate e tenho várias amigas que também andam”. Todo cuida-do é pouco, especialmente para quem está começando neste esporte radical. Edson Scander, vice-presidente da Confederação Brasileira de Skate, diz que os iniciantes devem primeiro aprender os fundamen-tos: como cair sem se machucar e domi-nar as manobras básicas, antes de tentar as mais difíceis. Outras dicas valiosas são praticar em lugares seguros e apropriados, como parques sem trânsito de automóveis, ou skate parks; e, se possível, participar de escolas de skate, além, é claro, de utilizar equipamentos de proteção (capacete, joe-lheiras e cotoveleiras).

Apesar de o objetivo do esporte não ser a busca pelo corpo perfeito, é preciso dizer que as garotas do skate conseguem suar e

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A bertioguense Mariana Ferreira, especialista na modalidade street e, na

página ao lado, a bicampeã mundial de skate vertical, Karen Jonz

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esporte

manter a forma graças aos treinos para lá de puxados. Em uma hora da atividade, perde--se em média 250 calorias. E mais: a modali-dade exige muito das pernas e do abdômen, além de ser um excelente exercício aeróbi-co, no qual ainda se trabalham equilíbrio e flexibilidade. “Gasto muita energia e mexo o corpo inteiro treinando. Até surfei antes, mas me dei melhor com o skate”, diz Re-giane Silvano Ferreira, 22 anos, de Bertioga, que se divide entre o emprego e os treinos na pista da praia da Enseada.

O gosto pelo esporte radical e por apren-der novas manobras transforma belas me-ninas em feras na pista. Com 14 anos, a bertioguense Mariana Ferreira dos Santos já disputa os primeiros campeonatos e lide-ra na modalidade street (a mais comum no Brasil, que simula na pista obstáculos, situ-ações encontradas na rua, como corrimões, paredes e escadarias). “Juntei dinheiro para comprar meu primeiro skate. Minha mãe me apoia, só não quer que eu me ma-chuque. Para mim, os tombos motivam”.

A evolução das skatistas é tão expressi-va, que muitas profissionais já se posicio-nam à frente de homens em competições. Letícia Bufoni terminou a etapa brasileira do Circuito Mundial de Street Profissional 2012, em Fortaleza, na 16ª posição e na frente de mais de 30 rapazes. Já Christie Aleixo, durante o torneio Ladeira da Morte 2011, equivalente ao campeonato nacional de Downhill Slide, ficou na 8ª posição, dei-xando 11 homens para trás.

Engana-se e muito, no entanto, quem pensa que os skatistas jogam contra as garotas. As meninas são unânimes em afirmar que pais, amigos, maridos e na-morados dão a maior força para que elas continuem firmes e fortes sobre as rodas. Alguns até ensinam as manobras e inves-tem no crescimento das meninas. “É muito bom ver a evolução e o empenho delas”, diz o administrador e skatista Rafael Luz, amigo de Isabela Valencio, 13 anos, que re-força o time de praticantes. Outro apoiador é Renilton Rodrigues de Souza, padastro

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As meninas invadem os espaços dedicados ao esporte nas cidades do litoral

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de Gabrielly Tavares, 10 anos, que espera o mês de abril chegar para ganhar um novo skate de presente de aniversário. “O tabu e o preconceito caíram por terra há muito tempo”, afirma Renilton.

A igualdade, porém, para por aí. O to-que feminino mantém-se e, na medida do possível, há sempre uma dose de charme durante as sessões. Conforto é outra pre-ocupação das meninas ao se vestirem para o treino. Shorts ou calça jeans, camisetas, tops coloridos e tênis no estilo street com-põem o uniforme básico das atletas. Algu-mas usam bonés mais femininos e pren-dem o cabelo em coques ou rabos de cavalo porque sabem que vão suar muito.

Em busca do tricampeonato mundial em 2013, a skatista profissional Karen Jonz, nascida em Santos, começou no esporte em 2000, em Santo André e, hoje, é um dos principais nomes da modalidade no Brasil. Pode-se dizer que ela abriu várias portas no skate feminino: foi a primeira campeã mun-dial brasileira e o primeiro ouro da história para o país, no X Games 2008. Competindo também em campeonatos masculinos na-cionais e internacionais, Karen diz que ago-ra ouve mais elogios do que críticas. “Acho que as pessoas entenderam que precisa ter coragem para praticar e levar por tanto tem-po. Por isso, respeitam. A beleza da skatista mora muito na atitude. Somos felizes com o que fazemos e isso transparece o tempo todo”. Para ela, foram determinantes no esporte a persistência, dedicação, vontade, bom relacionamento, apoio de patrocinado-res e muito amor pela atividade.

Às garotas que estão começando, Karen recomenda coragem e não ligar para as opi-niões de quem está de fora, além de se di-vertir muito. “A relação que o esporte traz

A skatista Milena Oliveira não se incomoda com as marcas das

quedas adquiridas com a prática da modalidade. Acima, Regiane Silvano

trocou o surfe pelo skate

esporte

com a cidade e a liberdade de ir para qual-quer canto fizeram muito sentido para mim quando iniciei”.

A origemO skate teria surgido nos Estados Unidos,

no final da década de 1950, com surfistas da Califórnia que queriam ter o que fazer enquanto as ondas não vinham. Nos anos 1960, a modalidade chegou ao Brasil, via Rio de Janeiro, trazida por filhos de diplomatas americanos. Na década de 1970, começou a evoluir com a criação de várias manobras e a invenção das rodinhas de uretano. Hoje, além do alto nível, da profissionalização dos atletas e de uma cultura própria, o esporte tem mais espaço na mídia com a transmis-são ao vivo de campeonatos, revistas e sites especializados. Estima-se que haja cerca de mil pistas em todo o país. Skatistas, como o carioca Bob Burnquist, o primeiro brasileiro a vencer uma etapa do Campeonato Mun-dial de Skate Vertical, em 1995, e o paulista Sandro Dias, hexacampeão mundial, são re-conhecidos dentro e fora do Brasil. Na déca-da de 2000, em São Paulo, foi criada a Asso-ciação Brasileira de Skate Feminino, ligada à Confederação Brasileira de Skate. Também é preciso dizer que muita gente usa o skate no dia a dia como meio de transporte (para lá de sustentável!).

A pequena Gabrielly Tavares já pediu o presente de aniversário: um novo skate

internacional

Vista do terraço do Castelo de Chambord

O Vale do Loire é uma das regiões mais lindas da França, fertilizada pelo rio que lhe empresta o nome. Situado bem no centro do país, o vale faz a transição

entre as magníficas paisagens mais quentes do sul com a bela arquitetura e o clima mais frio do norte. Área

fértil desde a época do Império Romano, foi durante o Renascimento que viveu o seu apogeu, quando vários

castelos foram erguidos para abrigar os reis e suas cortes. A região possui 42 castelos. Conheça algumas

dessas eternas obras de arte

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berço de ouro para reis e nobresVale do Loire,

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Château de ChambordCom cerca de 90 cômodos abertos aos

visitantes, Chambord é a obra-prima da Renascença. Construído a partir de 1519 pelo rei Francisco I que, então com 25 anos, queria mostrar ao mundo suas duas gran-des paixões: a caça e a arquitetura. Foi pro-jetado por ninguém menos que Leonardo da Vinci, que morreria alguns meses antes de a obra começar. Apesar do luxo e do esplendor da época, em Chambord quase não há móveis, pois o rei passava ali ape-nas alguns dias para caçar na floresta que ele mesmo mandou preservar. A maior atração do castelo é a escadaria dupla, tam-bém projetada por da Vinci, em que duas pessoas podem subir e descer sem jamais se encontrarem. No primeiro andar, estão os aposentos de Francisco I e Luís XIV. No segundo, os cômodos que fazem menção às caçadas que o rei renascentista fazia na região. No último andar, um terraço com uma bela vista do canal e do parque.

Classificado como Patrimônio Mundial

pela Unesco, em 1981, Chambord possui um parque de 5.440 hectares, o maior da Eu-ropa, cercado por um muro de 32 km. Des-de 1947, é considerado reserva de caça e de fauna selvagem, embora as caçadas sejam raras. O parque pode ser visitado e há pis-tas para passeios de bicicleta e caminhadas, e observatórios para apreciar a paisagem e os animais, principalmente os cervos e os ja-valis. No castelo há, ainda, um café, lojas de souvenires, lanchonetes e dois restaurantes.

Château de ChevernyApesar de não ter servido como moradia

para os reis franceses, Cheverny ilustra bem como era uma residência da nobreza, pois pertence à mesma família há mais de seis séculos. Todos os móveis estão muito bem conservados e dispostos como se ainda fosse habitado. É possível visitar o quarto dos nas-cimentos (local de parto e berçários), o das crianças, a sala de jantar, sala de música etc.

Uma curiosidade de Cheverny é que o cas-telo foi retratado nas histórias de Tintin, do

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Por Renata Inforzato

Castelo de Cheverny pertence à mesma família há mais de seis séculos

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desenhista Hergé. Sempre há exposições no local, relacionadas ao personagem. A visita inclui, também, um passeio pelo jardim em estilo inglês e uma horta. Na entrada do cas-telo, há uma cave, com degustação de vinhos.

Château de Amboise

O castelo fica dentro da cidade de mesmo nome. É um dos mais antigos da França, em-bora 80% dele tenham sido modificados no decorrer dos séculos. De início, serviu como fortaleza medieval. Durante o reinado de Carlos VIII, no final do século XV, começou a ser transformado em residência renascen-tista para a mudança da corte. Alguns anos depois, o futuro rei Francisco I seria levado, ainda criança, ao château, a fim de ser edu-cado para receber a coroa. O castelo de Am-boise ficou conhecido por hospedar grandes artistas e intelectuais da época, como Leo-nardo da Vinci, enterrado na capela do caste-lo. Além do túmulo do artista, a visita inclui vários aposentos, mobiliados no estilo gótico da época (os móveis são originais). Há vá-rias armaduras de cavaleiros pelos cômodos. Também é interessante visitar as torres do castelo e os jardins panorâmicos, de inspira-ção oriental, de onde se tem uma visão muito bonita do rio Loire. Não há restaurantes, pois o castelo está bem no centro da cidade.

Châteaux de Clos LucéTambém situado em Amboise, a apenas

400 metros do outro castelo, o Clos Lucé foi construído em cima de fundações da épo-ca gallo-romana (Império Romano). Assim, como aconteceu com o Château de Amboi-se, foi Carlos VIII quem transformou o lu-gar em um pequeno castelo para que ele e sua esposa, Ana da Bretanha, usufruíssem o verão. No início do século XVI, Francisco I, já rei, organizava no verão vários torneios, enquanto sua irmã, Margarida de Navarra, escreveu ali os contos de “l’Heptaméron”.

Castelo de Chenonceau. Ao centro, a cozinha do Chenonceau e, abaixo,

detalhe do castelo de Clos Lucé

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Foi lá que Leonardo da Vinci passou seus últimos anos, a convite de Francisco. A visi-ta ao castelo inclui a capela de Ana da Bre-tanha (construída em memória de seus fi-lhos, mortos quando eram ainda crianças), o quarto de Leonardo da Vinci, as cozinhas e várias salas com projetos das invenções do gênio. No entorno do Clos Lucé ainda há um grande parque, onde estão dispostas réplicas da invenções de da Vinci em tama-nho natural. Uma diversão e tanto para as crianças. Também vale a pena uma vista à pequena taverna no parque, onde é possí-vel provar um menu com pratos da época. O castelo possui também um café.

Château de ChenonceauTambém conhecido como o “Castelo

das Damas”, Chenonceau é outra joia do início do Renascimento francês. Construí-do em 1513 a mando de Katherine Briçon-net, mulher de Thomas Bohier, general de finanças do rei Carlos VIII, o château ficou conhecido por ter sido um presente do rei Henrique II a sua amante favorita Diane de Poitiers. Após a morte do soberano, em 1559, a rainha viúva Catherine de Médicis

tomou o castelo de Diane e o embelezou a sua maneira. Assim como outros castelos do Vale do Loire, Chenonceau foi poupado da destruição durante a Revolução France-sa graças a outra mulher, Madame Dupin.

A visita a esse castelo é uma das mais completas do Vale. Ricamente mobiliado, é possível visitar os aposentos dos reis e rainhas - além do quarto de Catherine, há também o de Louise de Loraine, viúva de Henrique III - , o de Diane de Poitiers, as co-zinhas, galeria de arte etc. Chenonceau pos-sui obras de alguns dos artistas mais consa-grados na história, como Tintoretto, Nicolas Poussin, Rubens, entre outros. Além do cas-telo, a área verde de Chenonceau é enorme e pode ser visitada. Há o labirinto, os jardins de Diane de Poitiers, de Catherine de Mé-dicis, além de uma pequena fazenda, com um jardim próprio. Também há áreas para piqueniques. Ao lado do castelo, há um mu-seu de cera que conta a história do lugar, além de um restaurante e um salão de chá. Como parte de Chenonceau foi construída sobre o rio Indre, o que torna a paisagem muito bonita, é possível fazer passeios de barco sob as arcadas do castelo.

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Castelo de Chambord, obra-prima da Renascença

Túmulo de Leonardo da Vinci no castelo

de Amboise

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gastronomia

Elas redesenharam o mapa-múndi e podem transformar uma receita

Por Fernanda Lopes

um mundo de saboresEspeciarias,

Por causa das especiarias, terras e po-vos foram descobertos, os mares foram singrados em todas as latitudes e longi-tudes e muito sangue foi derramado. Elas foram responsáveis pela mudança do desenho do mundo até então conhecido a partir do século XV, e tornaram a vida bem mais temperada e saudável. Atraídos por elas, os europeus enfrentaram todo tipo de adversidade na época das nave-gações. Suas embarcações percorreram grandes distâncias, e a tripulações luta-

ram contra vários povos e conquistaram muitos outros. Naquela época, meio qui-lo de noz-moscada era o suficiente para comprar sete bois. Os cravos-da-índia va-liam seu peso em ouro.

As especiarias eram valiosas porque davam sabor aos alimentos - muitas vezes mascarando o gosto de estragado -, tin-giam as peças de vestuário, conservavam a comida, e ainda eram terapêuticas.

As viagens para o Oriente deram o pon-tapé para a descoberta do Novo Mundo,

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onde havia pimentas frescas, folhas, cascas e favas. O leva-e-traz de portugueses e es-panhóis acabou por globalizar a alimenta-ção. E não há quem resista à combinação do frescor dos produtos da América combina-dos ao perfume das especiarias orientais.

“As rotas das especiarias permitiram as trocas culturais entre os povos e, conse-quentemente, traçaram a história da gastro-nomia no mundo”, diz a professora de gas-tronomia Eliana Marchete, da Unimonte.

No Brasil, elas passaram a fazer parte da doçaria nacional, aromatizando pudins, cremes e bolos. Quando pensamos em ar-roz doce ou curau, por exemplo, sempre há a canela polvilhada por cima. A professora ensina: “Quando polvilhada, ela realça o aroma do prato”.

Ela lembra que as especiarias podem ser

usadas inteiras ou moídas para destacar o sabor e o perfume dos pratos, na conserva-ção de alimentos e na preparação de óleos aromatizados. “Algumas estimulam a pro-dução de enzimas envolvidas na digestão e, assim, facilitam a absorção dos nutrientes”.

Mas Eliana alerta que é preciso cuidado. “Devem ser usadas com equilíbrio, para des-tacarem o sabor, nunca para sobrepujá-lo”.

Cada cultura tem suas misturas de es-peciarias, que conferem sabor único aos pratos. No Brasil, por exemplo, temos o chamado tempero baiano. Na Argentina, o chimichurri, e nos países árabes, o zattar.

Porém, a masala deve ser o mix que mais identifica uma culinária, sendo pra-ticamente sinônimo de comida indiana. Então, vamos continuar na rota das espe-ciarias e dar vida às receitas.

Misturas clássicasZattar - É um mix de especiarias

muito utilizado na culinária árabe. Mistura-se gergelim, coentro, óregano, manjerona, sal refinado e colorífico. Pode ser misturado com azeite de oliva e distribuído no pão ou massa de esfiha antes de assar. Também se usa para temperar queijos.

Quatre épice - Segredo dos cozinhei-ros franceses, a quatre epice ou literal-mente quatro especiarias é geralmente uma mistura de pimenta branca, noz--moscada, cravo e gengibre. Muitas ve-zes pode conter uma quinta especiaria, escolhida pelo chef. Os franceses usam esse sabor apimentado em pratos doces e salgados. Funciona bem para tempero de carnes de caça, terrinas e embutidos. Mas fica ótimo em bolos e pudins.

Tempero baiano - Chefs brasileiros usam muitas variações para fazer o seu mix. No entanto, uma mistura comum é composta por uma parte de sementes de cominho; meia de salsa seca, meia

de açafrão e meia de pimenta branca; 1/4 de pimenta vermelha esmagada e uma de orégano. As especiarias são misturadas e depois trituradas juntas.

Chimichurri - Tradicional tempero da parrila argentina. É uma mistura à base de salsa, alho, cebola, tomilho, orégano, pimenta vermelha moída, pi-mentão, louro, pimenta-do-reino negra e mostarda em pó. Vende-se também na versão seca, que deve ser hidratada com azeite e vinagre.

Tempero grego -Tem os sabores da perfumada cozinha da Grécia. Mix de páprica, pimentão verde seco, cebola, pimentas, ervas finas e tomate seco.

Tempero sírio ou pimenta síria - Muito aromático e usado para temperar carnes e recheios de pratos árabes. Mistura de canela em pó, gengibre em pó, pimen-ta-da-jamaica, erva-doce, noz--moscada e cravo.

Masala - A masala é o segre-do da gastronomia hindu. O co-

zinheiro que souber combiná-la com legumes, verduras e até o trivial arroz, pode elaborar pratos de sabores parti-culares. Cada pessoa vai dosar a quan-tidade de condimentos de acordo com o seu gosto. Mesmo que utilize os mes-mos produtos, o resultado será sempre diferente. A garam masala é feita com louro, cominho, semente de coentro, cardamomo, pimenta-do-reino, erva--doce, canela em pau e cravo-da-índia.

No celularHá um aplicativo gratuito

para iPhone e Android somen-te com receitas, vídeos e dicas sobre especiarias. Para baixá-lo, basta abrir o browser do seu te-lefone, entrar no link http://uni-verso.mobi/asespeciarias_app e seguir as instruções na sua tela. O aplicativo é do site Armazém das Especiarias.

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gastronomia

RECEITAS

Esfiha Ingredientes massa• 4 xícaras de chá de farinha de trigo;• 1 tablete de fermento biológico

dissolvido em duas xícaras de água morna;

• 3 colheres de chá de açúcar;• 2 colheres de chá de sal;• 1 colher de sopa de azeite.

Ingredientes recheio• 0,750 kg de carne moída (capa de filé);• 2 cebolas médias picadas;• 2 tomates picados sem sementes;• 5 colheres de sopa de coalhada fresca;• 2 colheres de tahine (pasta de gergelim); • Suco de ½ limão;• 1 colher rasa de café de canela em pó; • Sal e pimenta síria a gosto.

Modo de preparo do recheioRefogue levemente a cebola na manteiga,

junte a carne, o tomate e os temperos. Tire do fogo e junte a coalhada e o tahi-ne. Acrescente o suco de limão e mistu-re bem com as mãos, para que o tahine se espalhe por todo o recheio.

Modo de preparo da massaMisture a farinha com o fermento bio-lógico dissolvido e misture. Junte os demais ingredientes e amasse. Quando a massa não grudar mais nas mãos e começar a formar bolhas, deixe-a des-cansado, coberta com um pano por uma

hora. Depois de descansada, pegue a massa e corte em pequenos pedaços do tamanho de nozes grandes. Abra a massa com um rolo até ficar com um diâmetro de cerca de 15 centímetros e com meio centímetro de altura.Coloque o recheio no centro da massa e feche-a no formato de um triângulo. Unte uma assadeira com óleo vegetal ou mantei-ga. Pincele um pouco de óleo vegetal ou manteiga sobre a massa da esfiha. Leve ao forno pré-aquecido a 250° C e retire quando estiver no ponto desejado.

pêssego etc) cortadas;• 1 xícara de água;• 2 colheres de sopa de açúcar;• 1 canela em pau;• 1 anis-estrelado e• 1 semente de cardamomo.

Preparo da massaBata no liquidificador os ingredientes líquidos e depois coloque os secos pe-neirados. Bata até ficar homogêneo. Coloque em uma forma média de furo no meio untada com manteiga e polvilhada com farinha. Leve ao for-no pré- aquecido a 180º C por cerca de 35 minutos ou até que, ao enfiar um palito, este saia limpo.

Preparo da caldaMisture o açúcar com a água e leve ao fogo baixo com a canela, o carda-momo e o anis. Deixe ferver. Retire as especiarias e coloque as frutas. Apague o fogo. Regue o bolo e enfei-te com as frutas.

Bolo de iogurte com açafrão da terra e calda perfumadaIngredientes• 250 ml de iogurte natural;• 2 xícaras de farinha de trigo;• 2 xícaras de açúcar;• 4 ovos inteiros;• 1 colher (sopa) de fermento em pó,• 1 colher de chá de açafrão da terra;

• 1 colher de chá de essência de baunilha e

• 1/2 copo de óleo de milho.

Calda de frutas• Frutas frescas da sua preferência

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moda

Leve e delicada, é uma peça fundamental noguarda-roupa da mulher brasileira

Por Karlos Ferrera

Os modelos de saídas de praia primam pela variedade de tecidos, cores e estampas para agradar todos os gostos.

As peças brancas permearam os desfiles e coleções de muitas marcas, visto que o branco é uma cor neutra, muito sofisticada e que nunca sai de moda. Para as mulheres que não gostam muito de ousar nas suas escolhas, as saídas de praia brancas podem ser uma excelente opção.

Uma tendência sensual e feminina, presente em coleções de várias grifes, é a transparência. As saídas de praia trans-parentes além de proporcionarem mais feminilidade, também emprestam mais liberdade e frescor nos dias ensolarados. Elas aparecem tanto em tecidos lisos quanto estampados.

O charme da saída de praia

Cores intensas e vibrantes para ressaltar o bronzeado

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As estampas também tomaram conta das coleções. Entre elas, as florais, geométricas, tie-dye, animal print e tropical. A diversida-de de cores foi muito bem trabalhada, jun-tamente com os tamanhos e modelos.

Já os tons vibrantes são os que mais chamam atenção. Nuances intensas como o alaranjado, amarelo, azul, ver-melho e pink se destacam. Entre as cores neutras, os clássicos e discretos preto e branco defendem sua posição, deixando qualquer mulher elegante, independen-temente da temporada.

Os modelos variam em batas, kaftans, macacões, vestidos e saias longas. Traba-lhos artesanais como a renda e o crochê emprestam um charme a mais a esta peça delicada e atraente para a mulher brilhar na praia ou na piscina.

Estampadas, transparentes, coloridas, longas ou curtas, há sempre um modelo que combine com o seu estilo

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“Alto Astral” // Durval Capp Filho

MSC Fantasia ... um dos maiores navios da frota despediu-se da temporada de verão, proporcionando muita satisfação àqueles que sempre usufruíram de viagens transatlânticas. Batizado em 2012 pela atriz Sophia Loren, percorreu pela primeira

vez os destinos brasileiros e argentinos. Neste último roteiro, vários santistas curtiram Búzios, Salvador e Ilha Grande (Angra dos Reis)

Este colunista junto a sua esposa Walkiria Sanches Capp, na Noite de Gala do Comandante Marcel Kogos ao lado de sua tia Alfa Grossi e de seus pais Mariazinha e Francisco Kogos

Laudy Gonsalves feliz a bordo

Maura Almeida e seu marido Rubens Almeida curtiram as alamedas bucólicas de Ilha Grande

Da cidade de Araras, nossos companheiros de viagem Nadisson Carlos Souza Matos e Maria Flávia Alves apreciaram Búzios

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O empresário Sérgio Bonito (Porto Belo) com sua mulher Mariane

Giuseppe Galano comandou com muita maestria a embarcação

O diretor de Cruzeiro Rodrigo Ferreira Freire

A coiffeur Silvera Santos foi homenageada no Dia Internacional da Mulher pela sua performance

Carlinhos Virtuoso comemorou seus 50 anos de vida, na Capital Disco ao lado de seu filho Eduardo

O advogado Vitor Daniel Falseta ao lado de uma de suas fotos em exposição no Palácio da Polícia

Em terra...

Ivonete e o empresário Roberto Biancalana, grandes companheiros de nossas viagens

Regina e Bruno Prandatto vibraram com o show na casa de espetáculos Coliseu

Adelmo e Silvana Guassaloca curtiram a área vip do navio

O advogado Walter Luiz Alves, acompanhado de seus filhos Walter e Taís, durante passagem por Ilha Grande

76 Beach&Co nº 129 - Março/2013

Flashes

Prêmio Excelência Mulher 2013 CIESP

O diretor titular do Ciesp Distrital Sul, Leonardo Ugolini, a prefeita Maria Antonieta e a representante da Aça Laurência, Rosely Ugolini

A homenageada e a deputada estadual Telma de Souza

Maria Antonieta, Marinalva de Almeida, atleta paraolímpica, e a deputada estadual Leci Brandão

Mais...

Encontro com prefeitos

Priscila Bonini, Maria Antonieta e o governador Geraldo Alckmin Maria Antonieta e Maria Lúcia Guimarães Ribeiro Alckmin

Eunice Grotzinger, o ministro do Esporte Aldo Rebelo e Maria Antonieta

Duino Verri Fernandes, na inauguração da agência da Caixa Eeconômica Federal, da Enseada Guarujá

Maria Antonieta e o cônsul geral de Cuba, em visita ao Brasil

• Você será atendido por profissionais altamente qualificados, prontos para orientá-lo;

• Temos as melhores oportunidades para compradores e vendedores;

• Atendimento diferenciado, ágil e personalizado, focado no perfil do imóvel e na negociação que atendam as suas necessidades.

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Muito mais que uma imobiliária.Consultoria completa e especializada para fechar o melhor negócio: O SEU!

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Escritório RivieraTel (13) 3316-1600

Rua Passeio de Itaparica, 15 - Módulo 30Riviera de São Lourenço - Bertioga

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Escritório São PauloTel: (11) 2671-1020

Rua Azevedo Soares, 231 - Tatuapé São Paulo SP

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78 Beach&Co nº 129 - Março/2013

São Sebastião é assim...

Aniversário em alto estilo. As amigas Michele Duboc, Fernanda Duboc, Jeanne G. Declercq e a aniversariante Camila Herr de Moraes, na Marina Igararecê

O casal de namorados Caio Camargo e Elisa Tarora, em inauguração badalada

O secretário de Meio Ambiente Eduardo Hipólito do Rêgo e o presidente da Associação Comercial de São Sebastião Eduardo Cimino, em almoço na rua da Praia

Os senhores da comunicação da prefeitura de São Sebastião, José Américo, Igor Veltman e Vera Mariano em confraternização com o saboroso peixe bijupirá

Urandir da Rocha, Roberto Alves, o “Massa”, e Wagner Teixeira, respectivamente secretários da Saúde, Habitação e Governo, em excelente almoço

O governador Geraldo Alckmin, em visita a São Sebastião, recepcionado pelas crianças com bandeiras do estado

O músico Claudio Milito e seu filho Lucas tocam num bar na praia do Arrastão

Os músicos Gabriel, o Pensador e Donovan Frankenreiter em momento pensativo: “Que música vamos tocar ?”

As amigas Fabiana Teixeira, Mayra Coutinho Calábria, Bruna Teixeira, Yara Calábria e o músico Donovan Frankenreiter, em supershow

O prefeito Ernane Primazzi, acompanhado do campeão de surfe Gabriel Medina, e Wagner Teixeira em show inédito na rua da Praia

Gabriel, o Pensador, Gabriel Medina e Donovan Frankenreiter em foto histórica do surfe brasileiro. Aloha!

127_Guaruja Brasil 21x28.indd 1 1/19/13 5:09 PM

80 Beach&Co nº 129 - Março/2013

“Destaques” // Luci Cardia

Destaque para as bodas de João Paulo Mancusi de Carvalho e Carolina Escorel, realizadas em meados de fevereiro, na capela Nossa Senhora da Assunção,

com recepção na Sala São Paulo

Leonel Escorel e a filha Carolina, a caminho do altar

O casal João Paulo e Carolina, no momento do simOs pais do noivo Dr. Antonio Carvalho e Drª Maria Helena Mancusi Carvalho

Os amigos de Buenos Aires, José Martinez, Flávia Aguilar Martinez, Maria Helena Tavernesi e as gêmeas Camila e Guilhermina

O tio do noivo, o vice-presidente da República Michel Temer e o Dr. José Aparecido Cardia

Dr. Silvio Mancusi e família

Dr. Danilo Mendes Miranda, sua mulher Maria José, Maria Lucia Pompeo de Toledo Machado, Danilo Miranda e Bruno Miranda

Cinthya Temer, a colunista, Andrea Temer, Maria José Miranda, Adriana Temer

Andrea Temer, Cinthya Temer, Maria Helena Mancusi Carvalho, Adib Temer, Waly Temer, Antonio Carvalho e Maria José Temer

82 Beach&Co nº 129 - Março/2013

“Celebridades em Foco” // Edison Prata

Em boa companhia

O empresário Hugo Rinaldi e sua mulher Patricia Franc, ladeados pelos amigos Luiz Carlos da Silva e Frank Aguiar

A boa música de Frank Aguiar Uma parada na Cucina Di Poletto com os amigos Chimbica, Domingos, Ronaldinho e Renato Lancelotti

Grandes jogadores: Wellington Alvarez, Caio Nascimento e Hugo Rinaldi

Luiz Carlos Bevilacqua e os secretários Adilson de Jesus e José Carlos Rodrigues

Enquanto isso no restaurante Cucina di Poleto, o empresário Marquinhos, ladeado por Milian Sant’Ana e Marcella Prata

Governo do estado de são Paulo e CdHu. resPeito às Pessoas e à natureza.

O Governo do Estado de São Paulo e a CDHU acham que construir casas é mais do que levantar paredes.É levar dignidade para a vida das pessoas. Milhares de famílias já vivem em casas ou apartamentos de 2 ou 3 dormitórios

construídos com acabamento de primeira. São moradias com piso cerâmico, azulejos no banheiro e na cozinha, teto mais alto, aquecimento solar e itens de acessibilidade. E os bairros também recebem toda a infraestrutura:

saneamento básico, luz elétrica, água encanada, áreas de lazer e transporte. É mais que casa nova, é vida nova. Além da preocupação com a qualidade dos bairros e das casas, o Governo do Estado de São Paulo e a CDHU

têm trabalhado na reurbanização de favelas e na retirada de pessoas das áreas de risco. Dessa forma, estão melhorando a vida da população e preservando o meio ambiente.

Para saber mais, acesse: www.cdhu.sp.gov.br

Já são mais de 25 mil moradias entreGues em todo o estado desde 2011.

A presentado em 1979 pela Sobloco, o Plano Urbanístico da Riviera de São Lourenço, era, naquela época, uma proposta inovadora e ambiciosa. Hoje, 33 anos se passaram e a Riviera tornou-se uma referência no segmento do

desenvolvimento urbano sustentável. O empreendimento, nestas 3 décadas, investiu em tecnologias urbano-ambientais, que lhe garantiram reconhecimentos nacionais e internacionais no campo do uso e ocupação do solo. A Riviera é fonte de emprego e renda para milhares de pessoas em Bertioga, além de responder por grande parte da arrecadação de IPTU do Município. Sua praia, sempre limpa, é fruto de um sistema de saneamento básico, que atende todos os imóveis do empreendimento. Seu sistema de gestão ambiental é certificado pela norma internacional ISO 14001. São mais de 2,6 milhões de m² de áreas verdes, cerca de 1,5 vezes o Parque do Ibirapuera. Por tudo isto e muito mais, a Riviera é o destino de milhares de pessoas, que a elegeram como o melhor local para suas famílias. Venha você também conhecer e se encantar com este modelo de bairro sustentável, único em nosso País.

Planejamento e visão de futuro que fazem a diferença

Fotos: Riviera de São Lourenço

Foto: ilustrativa

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