B-069 Elisa Volker Dos Santos

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    Caracterizao dos movimentos de massa na microbacia do rio Itoupava, municpio de

    Rio do Sul / SC Brasil

    Eje temtico: Aplicaciones, fenmenos y ambientes biofsicos

    Elisa Volker dos Santos1Maria Paula Casagrande Marimon2

    RESUMO

    O presente estudo tem por objetivo realizar a caracterizao dos movimentos de massa

    na Microbacia do rio Itoupava, municpio de Rio Sul, Norte de Santa Catarina. A

    principal motivao para esta pesquisa foi o desastre ambiental ocorrido em Santa

    Catarina, no ano de 2008, quando intensas chuvas, resultaram em inundaes e

    movimentos de massa em muitos municpios catarinenses, deixando milhares dedesabrigados e desalojados, alm de mortos e feridos, atingindo intensamente 77

    municpios do Estado de Santa Catarina. A pesquisa aborda os movimentos de massa,

    que so fenmenos naturais que ocorrem nas vertentes e atuam na evoluo do

    relevo, envolvendo o desprendimento e transporte de solo e/ou material rochoso

    vertente abaixo, devido ao da gravidade. No entanto, em regies onde o

    adensamento humano maior, eles podem assumir propores catastrficas, uma vez

    que causam perdas de vidas humanas e danos materiais. O municpio de Rio do Sul

    possui alta freqncia de ocorrncia de movimentos de massa, e na microbacia do rio

    Itoupava, as ocorrncias desses fenmenos so constatadas diante de evidncias de

    evoluo das encostas. Para a execuo desse trabalho foram realizados

    levantamentos bibliogrficos e de campo para o reconhecimento e caracterizao dos

    diferentes tipos de movimentos de massa que tm ocorrncia na microbacia do rio

    Itoupava, trazendo subsdios ao planejamento territorial.

    Palavras-chave: Movimentos de Massa, Rio do Sul/SC, Microbacia do rio Itoupava.

    1 Gegrafa, Mestranda em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental, Universidade doEstado de Santa Catarina UDESC, Brasil - [email protected]

    2 Doutora em Geocincias, Departamento de Geografia, Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC, Brasil [email protected]

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    1. INTRODUO

    O presente estudo tem por objetivo realizar uma caracterizao dos

    movimentos de massa na Microbacia do rio Itoupava, municpio de Rio do Sul, Alto

    Vale do Itaja, Norte do Estado de Santa Catarina. Esta pesquisa foi motivada pelodesastre ambiental ocorrido em Santa Catarina no ano de 2008, quando intensas

    chuvas, durante um perodo aproximado de trs meses, resultaram em inundaes e

    movimentos de massa em muitos municpios catarinenses, deixando milhares de

    desabrigados e desalojados, alm de mortos e feridos. Os dados da Defesa Civil3 do

    Estado de Santa Catarina (2008) apontam 77 municpios atingidos, com 135 vtimas

    humanas fatais, 02 pessoas desaparecidas, 2.637 desabrigados e 9.390 desalojados.

    O municpio de Rio do Sul decretou estado de emergncia, neste perodo, juntamente

    com outros municpios do Estado de Santa Catarina.

    A grande maioria dos deslizamentos ocorreu nos dias 22 e 23 de novembro,

    perodo em que incidiram precipitaes intensas e concentradas, totalizando mais de

    400 mm, segundo dados meteorolgicos da EPAGRI/CIRAM4. Esse pico mximo de

    chuvas foi antecedido por um perodo de cerca de trs meses de precipitaes

    contnuas que provocaram a saturao do solo e culminaram em numerosos

    movimentos de massa. A Organizao Meteorolgica Mundial (OMM) apontou os

    estragos provocados pela chuva dos ltimos meses de 2008, em Santa Catarina, como

    os piores em um sculo na regio, destacando o evento climtico no pas como um dos

    mais srios do ano de 2008 no mundo5.

    Os fenmenos naturais que sero tratados nesta pesquisa so os movimentos

    de massa. Conhecidos como deslizamentos, os movimentos de massa so fenmenos

    naturais que ocorrem nas vertentes e atuam na evoluo do relevo. Eles envolvem o

    3 DEFESA CIVIL DE SANTA CATARINA. Enchentes 2008. Disponvel em: . Acesso em 17 maio 2009.

    4 EPAGRI/CIRAM disponvel em: http://www.epagri.sc.gov.br/, acesso em junho 2009.

    5 ONU destaca tragdia em Santa Catarina. Zero Hora, 17 dez 2008. Emergncia em Santa Catarina.Disponvel em:. Acesso em 15 maio 2009.

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    desprendimento e transporte de solo e/ou material rochoso vertente abaixo, devido

    ao da gravidade (Fernandes & Amaral, 2009).

    No entanto, em regies onde o adensamento humano maior, os fatores

    naturais associaram-se s aes antrpicas nas vertentes, como cortes e ocupaes

    nas encostas e manejo inadequado do solo, ampliando a dimenso destes fenmenos,

    que passam a configurar-se como desastres, uma vez que causam perdas de vidas

    humanas e danos materiais.

    A realizao desta pesquisa no municpio de Rio do Sul deve-se recorrncia

    de eventos envolvendo movimentos de massa neste municpio. Herrmann (2006)

    destaca uma freqncia alta de escorregamentos no perodo de 1980-2004 para esta

    rea.

    A escolha da microbacia do rio Itoupava deve-se realizao do Projeto deDiagnstico Scio Ambiental desta microbacia, no primeiro semestre de 2009, pelos

    professores e alunos do curso de Geografia da UDESC (7. fase). Durante o perodo de

    execuo do Projeto acima citado, identificaram-se em campo, feies no relevo

    originadas por movimentos massa, sugerindo ser uma rea susceptvel recorrncia

    deste tipo de fenmeno natural, e destacando a importncia da caracterizao desses

    fenmenos, para que as medidas preventivas e mitigadoras possam ser tomadas

    corretamente, visto tratar-se de zona de expanso urbana pela proximidade com o

    centro da cidade Apesar de, no momento dos levantamentos, apresentar uma baixa

    taxa de ocupao, existem evidncias de deslizamentos que mostram relao com

    aes antrpicas, principalmente desmatamentos e reas de agricultura e pecuria. O

    estudo susceptibilidade ambiental foi apresentado por Marimon et al (2010).

    Os estudos dos movimentos de massa exigem uma abordagem integradora,

    atravs da anlise de vrias condicionantes, visto que resultam da interrelao entre

    elementos sociais e naturais. Desta forma, a melhor abordagem metodolgica para

    esta pesquisa a anlise sistmica. Segundo Penteado Orellana (1985) cada rea,

    cada regio, cada zona, cada setor do espao deve ser analisado como uma unidade

    sistmica homognea ou heterognea, dependente de subsistemas articulados uns aos

    outros em relaes de cascata, ou de causa e efeito.

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    Na espacializao dessa abordagem integrativa, adotamos a bacia hidrogrfica

    enquanto unidade de anlise. De acordo com Botelho (1999), vrios autores chamam a

    ateno para a bacia hidrogrfica como unidade natural de anlise da superfcie

    terrestre, onde possvel reconhecer e estudar as interrelaes existentes entre os

    diversos elementos da paisagem, fsicos e sociais, e os processos que atuam na sua

    esculturao. Compreendida dessa forma, a bacia hidrogrfica passa tambm a

    representar uma unidade ideal de planejamento de uso das terras.

    Desta forma o presente trabalho foi desenvolvido atravs de pesquisas

    bibliogrficas e sadas de campo para o reconhecimento e levantamento dos diferentes

    tipos de movimentos de massa que tm ocorrncia na microbacia do rio Itoupava.

    2. REA DE ESTUDO

    O municpio de Rio do Sul localiza-se na microrregio do Alto Vale do rio Itaja,

    Norte de Santa Catarina, Sul do Brasil. Encontra-se aproximadamente a 250 km da

    capital do Estado, Florianpolis, com acesso a partir da BR-282 ou da BR-470. Com

    uma rea de 258 km (IBGE, 20106), limita-se ao norte com o municpio de Presidente

    Getlio; ao sul com o municpio de Aurora; ao leste com os municpios de Ibirama e

    Lontras; e a oeste com os municpios de Agronmica e Laurentino.

    O municpio de Rio do Sul est inserido na Regio Hidrogrfica Vale do Itaja,

    que por sua vez faz parte das Bacias Hidrogrficas da Vertente Atlntica catarinense. O

    municpio localiza-se no primeiro segmento da Bacia do rio Itaja-Au, Alto Itaja-Au,

    sendo entrecortado pelos rios Itaja do Sul e Itaja do Oeste cuja convergncia, que se

    d no municpio de Rio do Sul, origina o grande rio Itaja-A que se perfila ao longo

    das cidades do Vale do Itaja.

    Com 44,72 km de rea total, a microbacia do rio Itoupava localiza-se na

    poro norte do municpio e tributria da margem esquerda do rio Itaja-Au. A Figura1, a seguir, mostra a localizao da rea de estudo.

    6 IBGE. Cidades. Disponvel em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em 01 dez2010.

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    Figura 1: Localizao da rea de estudo7

    7 Fonte: Santos, 2009.

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    A microbacia do rio Itoupava est inserida na seqncia estratigrfica

    Gondunica da Bacia Sedimentar do Paran, representada por duas unidades

    geolgicas que constituem a base desta bacia, a Formao Rio do Sul, pertencente ao

    Grupo Itarar e, a Formao Rio Bonito, pertencente ao Grupo Guat, como mostra o

    quadro a seguir, com destaque para as formaes que ocorrem na rea de estudo em

    negrito.

    Quadro 1: Seqncia estratigrfica da Bacia do Paran em Santa Catarina8

    CRONOESTRATIGRAFIA LITOESTRATIGRAFIA SANTA CATARINA

    JURO-CRETCEO GRUPO SOBENTO

    Formao Serra Geral

    TRISSICO

    Formao Botucatu

    GRUPO PASSADOIS

    Formao Rio doRasto

    MembroMorro Pelado

    MembroSerrinha

    PERMIANO

    Formao Teresina

    Formao Serra Alta

    Formao Irati

    MembroAssistncia

    MembroTaquaral

    SUPERGRUPO

    TUBARO

    GRUPO GUAT

    Formao Palermo

    Formao RioBonito

    Membro

    SiderpolisMembro

    ParaguaMembroTriunfo

    GRUPO ITARAR

    Formao Rio do Sul

    Formao Mafra

    CARBONFERO Formao Campo do Tenente

    Embasamento

    Na microbacia do rio Itoupava, a Formao Rio do Sul representada por sua

    poro superior que composta principalmente por diamictitos acinzentados, escuros,

    com matriz arenosa, que gradam ou intercalam-se com arenitos finos e muito finos, que

    por sua vez so recobertos por folhelhos, freqentemente vrvicos, ritmitos, argilitos e

    8 Fonte: Elaborao das autoras a partir de Silva e Bortoluzzi (1987). Negrito das autoras para destacar asformaes que ocorrem na rea de estudo.

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    siltitos, cinza escuros a avermelhados. A Formao Rio Bonito representada pelo

    membro Triunfo, que constitudo por arenitos esbranquiados, finos a mdios,

    localmente grosseiros, argilosos, micceos, regularmente selecionados, formados por

    gros geralmente subarredondados. Secundariamente ocorrem arenitos muito finos,

    siltitos, argilitos, folhelhos carbonosos, leitos de carvo (mais freqentes nas unidades

    do topo da Formao) e conglomerados cinza-claros (Silva & Bortoluzzi, 1987). A

    Figura 2, ilustra o mapa geolgico da rea de estudo.

    A Geomorfologia da rea estudada est intimamente relacionada com as

    caractersticas litolgicas das unidades geolgicas acima descritas. Nos folhelhos e

    argilitos da Formao de Rio do Sul, menos resistentes ao intemperismo, o relevo

    apresenta-se na forma de colinas convexas. Nos arenitos da Formao Rio Bonito,

    mais resistentes ao intemperismo, o relevo desenvolve-se na forma de escarpasngremes com altas declividades. A Figura 3 ilustra o mapa geomorfolgico da rea de

    estudo. A Figura 4, mostra as distintas morfologias geradas pelas diferentes litologias

    na rea de estudo.

    A Pedologia da rea de estudo est interrelacionada com a Geologia e

    Geomorfologia. Os solos identificados na rea de estudo so: Cambissolos, Argissolos

    e Gleissolos. Os Cambissolos foram mapeados nas escarpas arenticas da Formao

    Rio Bonito que, devido maior resistncia ao intemperismo e maiores declividades,

    condicionaram um solo pouco desenvolvido. Os Argissolos foram mapeados nas

    colinas convexas da Formao Rio do Sul que, em virtude da menor resistncia ao

    intemperismo e menores declividades, propiciaram o maior desenvolvimento do solo.

    Os Gleissolos foram mapeados nas plancies fluviais. Por serem solos hidromrficos,

    so caractersticos dessas reas, que so constantemente alagadas (EMBRAPA,

    2004).

    Com relao ao uso e ocupao do solo, a rea de estudo apresenta poucos

    remanescentes de vegetao primria, pertencentes Floresta Ombrfila Densa, e

    grande extenso dominada pela vegetao secundria, atividades agrcolas e

    silvicultura. A ocupao rural se d em propriedade de at 20 hectares.

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    Figura 2: Mapa geolgico da rea de estudo9

    9 Fonte; Santos, 2009.

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    Figura 3: Mapa geomorfolgico da rea de estudo10

    10 Fonte; Santos, 2009.

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    Figura 4: Patamares e formas colinosas gerados pelas diferentes litologias da rea de estudo 11. Aofundo, escapa arentica, sobre a Formao Rio Bonito e, em primeiro plano, as colinas convexas

    desenvolvidas sobre os argilitos da Formao Rio do Sul.

    3. CARACTERIZAO DOS MOVIMENTOS DE MASSA NA MICROBACIA DO

    RIO ITOUPAVA

    Os trabalhos de campo evidenciaram que os processos de movimentos de

    massa dominantes na microbacia do rio Itoupava so: rastejamentos, quedas de blocos

    e escorregamentos. Dependendo da formao litolgica e da morfologia das encostas

    ocorrem diferentes tipos de movimentos de massa predominantes.

    Nos patamares superiores da bacia hidrogrfica, onde dominam os arenitos da

    Formao Rio Bonito, os movimentos de massa so caracterizados pelo predomnio de

    quedas de blocos, tpico das encostas rochosas ngremes, prximas aos 90, indicando

    um controle estrutural importante, ligado eroso regressiva das encostas. Tal

    mecanismo gera as formas escarpadas to caractersticas da regio, e evidenciado

    pelos depsitos de tlus, posicionados na base da escarpa, ilustrados na Figura 5, a

    seguir.

    11 Fonte: Santos, 2009.

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    Figura 5: Depsitos de tlus caractersticos da queda de blocos nas escarpas da Formao Rio Bonito12Na foto da direita observa-se grande bloco de arenito, com estratificaes cruzadas acanaladas, tpicas

    da deposio em ambiente fluvial.

    As ocorrncias de movimentos de massa, como os mostrados na Figura 5

    acima, ocorreram durante as fortes chuvas de 1983/1984, quando o alto da escarpa

    arentica destacou-se e formou o depsito na base da encosta, em forma de

    rampa/cunha.

    Na base das encostas, no domnio dos argilitos e folhelos da Formao Rio doSul, os movimentos de massa caractersticos so os rastejamentos. Estes movimentos

    so ali reforados pela movimentao dos animais nos terrenos desmatados cobertos

    por pastagens e gramneas.

    Apesar de serem lentos e bem menos perigosos que os demais tipos de

    movimentos de massa, os rastejamentos tambm podem causar danos materiais,

    como rachaduras nas casas e inviabilizao dos terrenos para a construo civil ou

    prticas agrcolas, levando inclusive interdio de algumas moradias. Alm de

    propiciar o incio de processos erosivos. A Figura 6 mostra os rastejamentos na rea de

    12 Fonte: Santos, 2009.

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    estudo, que facilitam o incio do processo de eroso em sulcos e a formao de

    ravinas13, associadas a estradas rurais e cortes de taludes.

    Figura 6: Rastejamentos e ravinamentos na rea de estudo14

    Em perodos de intensa pluviosidade esses rastejamentos podem gerar

    movimentos de massa complexos, rpidos e intensos, com poder destrutivo ampliado,

    transformando-se em fluxos de detritos e escorregamentos. A gua infiltra no arenito,

    valendo-se principalmente da permeabilidade natural da rocha, de descontinuidades

    (como falhas e fraturas) e atingindo o contato com os argilitos e folhelhos da FormaoRio do Sul, de caracterstica impermevel. Devido baixa permeabilidade dessas

    rochas, a gua, por vezes, se acumula nos contatos, aumenta a poropresso, gerando

    condies altamente propcias ao desencadeamento de escorregamentos das

    camadas de rochas e/ou solos superiores.

    Grandes depsitos coluviais, com presena de mataces arenticos,

    localizados nas regies mais baixas da bacia, so evidncias de movimentos de massa

    de maior amplitude, sejam eles fluxos de detritos ou escorregamentos, afetando solos e

    rochas de ambas as formaes geolgicas, como evidencia a Figura 7. Os fluxos e

    escorregamentos podem ser catastrficos quando ocorrem em reas ocupadas.

    13 As ravinas so sulcos produzidos no terreno devido ao trabalho erosivo das guas de escoamento,que ao sofrer certas concentraes, passa a fazer incises (Guerra & Guerra, 2009).

    14 Fonte: Santos, 2009.

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    Figura 7: Depsitos coluviais na rea de estudo, evidenciando escorregamentos15 que iniciaram nasescarpas arenticas, ao fundo, e se depositaram na base das encostas, constituindo depsitos de forma

    convexa

    4. CONSIDERAES FINAIS

    As caractersticas naturais da microbacia do rio Itoupava, com encostas

    declivosas, colinas convexas e descontinuidades ao longo do perfil rocha solo e solo

    solo, aliadas aos fatores antrpicos, como ocupaes nas encostas com cortes de

    taludes, tornam a rea estudada palco recorrente da ocorrncia de movimentos de

    massa.

    Os levantamentos realizados evidenciaram a ocorrncia de eventos

    catastrficos desencadeados pelas intensas chuvas de 1983, 1984 e 2008, atravs de

    muitos registros em campo de cicatrizes semicirculares e formas deposicionais

    caractersticas de movimentos de massa.

    As anlises executadas destacaram grande relao das litologias com a

    tipologia dos movimentos de massa. Nas escarpas da Formao Rio Bonito ocorrem

    principalmente queda de blocos. Os depsitos de tlus na base das encostas so

    caractersticos deste tipo de movimentao. No relevo colinoso da Formao Rio doSul so predominantes os rastejamentos e os escorregamentos. Ambos os processos

    podem desencadear movimentos complexos de massa com maior poder destrutivo. A

    15 Fonte: Santos, 2009.

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    diferena litolgica constitui descontinuidades que tambm podem provocar a

    movimentao.

    As ocorrncias estudadas demonstram a fragilidade ambiental desta rea,

    frente ocupao antrpica. Estas ocorrncias evidenciam a necessidade de

    incorporao de parmetros nos planos diretores municipais, como baixa taxa de

    ocupao do solo construdo e evitar edificaes e construo de estradas com cortes

    de taludes e usos que induzam gua para o subsolo, como a instalao de fossas

    sanitrias, piscicultura, entre outros.

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BOTELHO, Rosangela. G. M. Planejamento ambiental em microbacia hidrogrfica. In:GUERRA, Antonio. J. T. SILVA, Antonio. S. da. BOTELHO, Rosangela. G. M (orgs).Eroso e conservao dos solos: conceitos, temas e aplicaes. Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1999.

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    FERNANDES, Nelson F. & AMARAL, Cludio P. Movimentos de Massa: umaabordagem geolgico-geomorfolgica. In: GUERRA, Antnio Jos T. & CUNHA,Sandra B. (orgs.). Geomorfologia e meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,

    2009. Cap. 3, p. 123-194.

    GUERRA, Antnio T., GUERRA, Antnio Jos. T. Novo dicionrio geolgico-geomorfolgico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.

    HERRMANN, M. L. P. (org). Atlas de Desastres Naturais do Estado de Santa Catarina.Florianpolis: SEA/DGED, 2006.

    MARIMON, Maria Paula C., SANTO, Mariane A D., ABREU, Janete J., SCOTTON,Giovanni C. Anlise da Susceptibilidade Ambiental Atravs de MapeamentosTemticos Aplicao Bacia Hidrogrfica do Rio Itoupava, Municpio de Rio do Sul,

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