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61 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Science in Health maio-ago 2014; 5(2): 61-78 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS E QUEIMADORES DE GORDURA POR PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA EM ACADEMIAS DE GINÁSTICA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO CONSUMPTION EVALUATION OF NUTRITIONAL SUPPLEMENTS AND FAT BURNERS BY PHYSICALLY ACTIVE PEOPLE IN GYMS OF THE CITY OF SÃO PAULO. Mylena Araújo Colusso 1 Jéssica Maida Nassif 1 Rodrigo Ippolito Bouças 2 RESUMO Atualmente a prática de exercícios físicos tem se tornado um hábito entre indivíduos de diversas idades. Está relaciona- da ao bem-estar, à estética corporal e à saúde. Para alcançar seus objetivos, utilizam-se substâncias que potencializam os efeitos desejados em menor tempo. Destacam-se os suplementos nutricionais e queimadores de gordura, que sur- giram com o objetivo de auxiliar pessoas incapazes de suprir suas necessidades nutricionais. Uma nutrição balanceada é geralmente suficiente para um bom desempenho nas atividades físicas. Reposição com suplementos nutricionais ou utilização de produtos termogênicos destinam-se a atletas, após a comprovação de alguma deficiência específica. Fre- quentemente o uso dessas substâncias ocorre sem orientação adequada. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o consumo de suplementos nutricionais e queimadores de gordura por praticantes de atividade física em academias de ginástica e, a partir da análise dos dados obtidos, identificar os tipos de produtos mais utilizados, finalidade do uso, frequência de consumo, fontes de orientação e possíveis efeitos colaterais. Dos 47 voluntários, 72,3% eram do sexo masculino e 27,6% feminino, sendo a média de idade de 25 anos. Dos entrevistados, 100% utilizavam suplementos nu- tricionais, sendo que 29,78% utilizavam mais de três tipos de produtos; 63,82% utilizando esses suplementos de 4 a 6 vezes por semana. 51,06% tinham nível superior incompleto; 95,74% praticavam musculação cujo objetivo maior foi o aumento de massa muscular (78,72%). A principal fonte de indicação foi o instrutor ou o educador físico (48,93%). Os produtos mais utilizados foram os proteicos com 76,59%, carboidratos com 42,55% e aminoácidos com 42,55%. Dos praticantes, 48,93% relataram não apresentar nenhum efeito colateral. Ficou comprovada a necessidade emergente de profissionais qualificados dentro de academias e locais de práticas esportivas a fim de suprir a carência de informações sobre o consumo desses suplementos, pois é grande a influência da mídia e dos professores de academias sobre seus alunos. Palavras-chave: Suplementos dietéticos; Gorduras na dieta; Termogênese; Academias de ginástica; Exercício. ABSTRACT Exercising became a common practice among individuals from different age group in current days. This habit is not only related to physical welfare, but also to body image and health. In order to reach their goals,some people make use of specific substances that lead to the results expected in a shorter period of time. Among these substances, nu- tritional supplements and fat burners are the ones which most appeal. These substances were developed to supplement people’s diet, providing nutrients that are not consumed in sufficient quantity by them. The substances may be found in supermarkets, drugstores and also in TV advertisements and they are usually consumed in capsules, tablets, powder, liquids and gels. A balanced diet, with energy and nutrients, is usually enough for good exercise and performance. The consumption of nutritional supplements or thermogenic products should be destined to athletes, and only if a speci- 1 Graduadas do Curso de Biomedicina da Universidade Cidade de São Paulo, UNICID 2 Biomédico graduado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestre e Doutor em Bioquímica e Biologia Molecular pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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Science in Health maio-ago 2014; 5(2): 61-78

AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS E QUEIMADORES DE GORDURA POR PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA EM ACADEMIAS DE GINÁSTICA DO

MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

CONSUMPTION EVALUATION OF NUTRITIONAL SUPPLEMENTS AND FAT BURNERS BY PHYSICALLY ACTIVE PEOPLE IN GYMS OF THE CITY OF SÃO PAULO.

Mylena Araújo Colusso1

Jéssica Maida Nassif1

Rodrigo Ippolito Bouças2

RESUMO

Atualmente a prática de exercícios físicos tem se tornado um hábito entre indivíduos de diversas idades. Está relaciona-da ao bem-estar, à estética corporal e à saúde. Para alcançar seus objetivos, utilizam-se substâncias que potencializam os efeitos desejados em menor tempo. Destacam-se os suplementos nutricionais e queimadores de gordura, que sur-giram com o objetivo de auxiliar pessoas incapazes de suprir suas necessidades nutricionais. Uma nutrição balanceada é geralmente suficiente para um bom desempenho nas atividades físicas. Reposição com suplementos nutricionais ou utilização de produtos termogênicos destinam-se a atletas, após a comprovação de alguma deficiência específica. Fre-quentemente o uso dessas substâncias ocorre sem orientação adequada. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o consumo de suplementos nutricionais e queimadores de gordura por praticantes de atividade física em academias de ginástica e, a partir da análise dos dados obtidos, identificar os tipos de produtos mais utilizados, finalidade do uso, frequência de consumo, fontes de orientação e possíveis efeitos colaterais. Dos 47 voluntários, 72,3% eram do sexo masculino e 27,6% feminino, sendo a média de idade de 25 anos. Dos entrevistados, 100% utilizavam suplementos nu-tricionais, sendo que 29,78% utilizavam mais de três tipos de produtos; 63,82% utilizando esses suplementos de 4 a 6 vezes por semana. 51,06% tinham nível superior incompleto; 95,74% praticavam musculação cujo objetivo maior foi o aumento de massa muscular (78,72%). A principal fonte de indicação foi o instrutor ou o educador físico (48,93%). Os produtos mais utilizados foram os proteicos com 76,59%, carboidratos com 42,55% e aminoácidos com 42,55%. Dos praticantes, 48,93% relataram não apresentar nenhum efeito colateral. Ficou comprovada a necessidade emergente de profissionais qualificados dentro de academias e locais de práticas esportivas a fim de suprir a carência de informações sobre o consumo desses suplementos, pois é grande a inf luência da mídia e dos professores de academias sobre seus alunos.

Palavras-chave: Suplementos dietéticos; Gorduras na dieta; Termogênese; Academias de ginástica; Exercício.

ABST R ACT

Exercising became a common practice among individuals from different age group in current days. This habit is not only related to physical welfare, but also to body image and health. In order to reach their goals,some people make use of specific substances that lead to the results expected in a shorter period of time. Among these substances, nu-tritional supplements and fat burners are the ones which most appeal. These substances were developed to supplement people’s diet, providing nutrients that are not consumed in sufficient quantity by them. The substances may be found in supermarkets, drugstores and also in TV advertisements and they are usually consumed in capsules, tablets, powder, liquids and gels. A balanced diet, with energy and nutrients, is usually enough for good exercise and performance. The consumption of nutritional supplements or thermogenic products should be destined to athletes, and only if a speci-

1 Graduadas do Curso de Biomedicina da Universidade Cidade de São Paulo, UNICID2 Biomédico graduado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestre e Doutor em Bioquímica e Biologia Molecular pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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fic nutrient deficit has been noticed. In most cases, the frequent use of supplements or fat burners occurs with no appropriate orientation. Their use is encouraged by friends, colleagues, Fitness Instructors or even through information given by the media. Therefore, the aim of this paper was to evaluate the consumption of nutritional Supplements and fat burners by exercisers in fitness centers and from the analysis of the results identify which products are most used, as well as their purposes, frequency of consumption, the main inf luences and the pos-

sible collateral effects that such supplements may have.

Key words: Dietary supplements; Dietary fats; Thermogenesis; Fitness centers; Exercise.

INTRODUÇÃO

O mundo atual está repleto de produtos que prometem reduzir a gordura corporal, aumentar a massa muscular, minimizar o risco de doenças ou promover alguma outra característica que me-lhore o desempenho esportivo. Os atletas são os principais consumidores desses produtos, ou seja, os suplementos alimentares e queimadores de gor-dura, e um grupo-alvo importante para a indús-tria multimilionária1.

A maioria das pessoas que praticam atividade fí-sica não necessita de suporte adicional de energia, pois suas necessidades de nutrientes são passiveis de alcançar pela alimentação2. Porém, observa-se uma crescente infinidade de novos produtos, que na maioria das vezes não têm seus efeitos cienti-ficamente comprovados e são comercializadas de forma indiscriminada, geralmente através de pro-pagandas enganosas, capazes de induzir os consu-midores a utilizarem esses recursos para atingir seus objetivos3.

Entre as questões que devem ser consideradas para a análise da utilização de um suplemento, em primeiro lugar está a sua eficácia. Devem ser con-sideradas as quantidades e o horário da suplemen-tação, além das condições específicas do exercício para o qual os efeitos serão otimizados. Em se-gundo lugar, existe a preocupação com a possibili-dade de violar o código antidoping imposto pelos órgãos governamentais que controlam o esporte. Em terceiro lugar, vem a segurança da suplemen-

tação. Esta talvez seja a questão mais importante, devendo ser, provavelmente, a preocupação nú-mero um; porém a utilização dos produtos farma-cêuticos cujos efeitos colaterais são considerados prejudiciais mostra que nem sempre esse valor é considerado relevante1.

O uso de suplementos é amplamente dissemi-nado no esporte. Avaliações da literatura publica-das sugerem que seu consumo é mais comum entre os atletas (cerca de 50%) do que entre a população em geral (35 a 40%)1, 4. Dos atletas de elite quase 60% afirmam utilizar esses produtos. Todas essas pesquisas mostram que a prevalência total e os ti-pos variam de acordo com a natureza do esporte, como sexo dos atletas e o nível da competição. Se-gundo algumas pesquisas, 100% do culturismo e do treinamento de força recorrem a alguma forma de suplementação nutricional. Não é possível ava-liar todos os suplementos nutricionais disponíveis e consumidos, nem detalhar as características de muitos deles. No entanto, alguns exemplos espe-cíficos ilustram os princípios que determinam o uso e o tipo de avaliação a serem aplicados aos suplementos1.

A classificação dos suplementos alimentares é algo ainda em estudo, mas segundo Bacurau e Navarro5 (2001), até os dias atuais ainda não foi encontrada uma classificação exata para os dife-rentes tipos. Eles foram classificados em quatro categorias segundo a American Dietetic Asso-ciation (ADA), a Canadian Dietetic Association (CDA) e o American College of Sports Medicine (ACSM)6. Entre eles estão aqueles que são peri-gosos ou ilegais e que não devem ser utilizados como hormônio do crescimento (GH), efedrina e esteroides anabólicos; aqueles que podem funcio-

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nar conforme alegado como creatina, isotônicos, cafeína, proteínas, géis e barras esportivas, suple-mentos à base de aminoácidos e bicarbonato de sódio; aqueles que podem funcionar segundo ale-gados, porém com evidências insuficientes de sua eficácia, como glutamina, colostro, ribose e HMB (β-hidroxi β-metilbutilrato) e aqueles que não desempenham as funções alegadas, como carniti-na, coenzima Q10, triglicerídeo de cadeia média (TCM), picolinato de cromo5.

Outras substâncias utilizadas em grande quan-tidade por atletas e praticantes de atividade física são os alimentos termogênicos. Esses compostos apresentam uma maior dificuldade no processo de digestão pelo organismo, fazendo com que haja um maior consumo de energia e calorias direcionado a esse processo. Todos os alimentos requerem um gasto de energia pelo organismo para serem dige-ridos, ou seja, tendem a aumentar a temperatura corporal e acelerar o metabolismo, estimulando, assim, a queima de gordura. Portanto, agem como auxiliadores na metabolização de gorduras, trans-formando-as em energia disponível7.

Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o consumo de suplementos nutricionais e queimadores de gordura por praticantes de ativi-dade física em academias de ginástica e, a partir da análise dos dados obtidos, identificar os tipos de produtos mais utilizados, finalidade do uso, a frequência de consumo, as fontes de orientação e os possíveis efeitos colaterais dessa suplementa-ção.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizada pesquisa de análise descritiva e quantitativa para avaliação do consumo de suple-mento alimentar e queimadores de gordura por praticantes de atividade física em academias de ginástica localizadas no município de São Paulo.

Os praticantes de atividade física foram abor-

dados nas academias de forma aleatória, no perío-do vespertino e noturno, em diferentes dias. Após julgarem-se devidamente esclarecidos, por meio de uma entrevista com o pesquisador, eles respon-deram a um questionário previamente elaborado sobre o consumo de suplementos nutricionais e queimadores de gordura, tipos mais utilizados, orientação, indicação, finalidade de utilização e possíveis efeitos colaterais. Foram avaliados tam-bém a faixa etária, altura, peso, nível de escola-ridade, tipo de exercício físico e quantidade de horas de exercício praticado.

A partir do questionário devidamente preen-chido, foi realizada a análise estatística dos dados obtidos e os resultados foram visualizados em ta-belas e gráficos, utilizando-se o software Excel para Microsoft Windows e GraphPad Prism 5.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistados 47 voluntários pratican-tes de atividade física, sendo 72,3% do sexo mas-culino e 27,6% feminino, a média de idade entre os participantes foi de 25 anos, sendo 25 para os homens e 24 anos para as mulheres. Todos os 47 voluntários utilizavam algum tipo de suplemento alimentar. O índice de massa corpórea apresenta-do pelos participantes foi em média de 24,0 Kg/m2, sendo observada para as mulheres a média de 22,7Kg/m2 e 26,6Kg/m2 para os homens.

O nível de escolaridade dos participantes foi alto, sendo que 51,06% possuíam nível superior

Tabela 1. Nível de Escolaridade apresentada pelos participantes de ambos os sexos

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Figura 1.

Nível de escolaridade apre-sentado pelos participantes de atividade física em ambos os sexos (A), em mulheres (B) e em homens (C).

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incompleto, 17,02% ensino superior completo e 4,25% dos participantes tinham pós-graduação. Os participantes com ensino médio incompleto totalizaram 8,51% e com ensino médio completo 17,02%. Foram poucos os participantes que pos-suíam baixa escolaridade. O nível de escolaridade

observado para os participantes quando avaliado separadamente apresentou uma pequena variação, porém, tanto em homens quanto em mulheres, o nível de escolaridade permaneceu elevado. Os da-dos obtidos podem ser visualizados na Tabela 1 e Figura 1ABC.

Figura 2. Quantidade de suplementos nutricionais e/ou queimadores de gordura utilizada pelos praticantes de atividade física (A), em mulheres (B) e em homens (C).

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A quantidade de suplementos utilizada pe-los participantes foi variada, porém a maioria, 29,78%, utilizava mais de três suplementos, se-guida de dois suplementos com 27,65%, um suple-mento com 23,40% e três com 17,02%. Porém, quando a quantidade de suplementos foi avaliada separadamente em relação ao sexo, 38,46% das

mulheres utilizavam somente um tipo de suple-mento, seguido de 30,76% com mais de três suplementos, 23,07% com dois suplementos e 7,69% com três suplementos. Em relação aos ho-mens, 29,41% utilizavam mais de três suplemen-tos. O mesmo percentual foi obtido para o uso de dois suplementos. Apenas 20,58% utilizavam três

Figura 3. Frequência semanal de uso de suplementos nutricionais e/ou queimadores de gordura utilizados pelos praticantes de atividade física (A), em mulheres (B) e em homens (C).

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suplementos e 17,64% somente um suplemento (Figura 2 ABC).

Já, em relação à frequência de utilização de su-plementos nutricionais, 63,82% utilizavam de 4 a 6 vezes por semana, seguido por 10,60% de 1 a 3 vezes e 5,53% utilizavam o suplemento todos os

dias. Foi observada uma pequena variação em re-lação às mulheres com 69,23% utilizando de 4 a 6 vezes semanalmente, enquanto entre os homens, 61,76% utilizavam de 4 a 6 vezes semanalmente seguido por 29,41% com uso todos os dias (Fi-gura 3 ABC).

Figura 4. Tipo de suplemento nutricional e/ou queimadores de gordura utilizados pelos praticantes de atividade física (A), mulheres (B) e homens (C).

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O tipo de suplemento mais utilizado pelos par-ticipantes foram produtos proteicos, representan-do 76,59% das respostas. O restante das respos-tas foi equilibrado, sendo 42,55% aminoácidos, mesma percentagem para carboidratos, 34,04% tanto para vitaminas e/ou minerais quanto para queimadores de gorduras e 6,38% utilizam outros tipos de suplementos. Das mulheres, 84,61% uti-lizam produtos proteicos, 38,46% aminoácidos, o mesmo número para queimadores de gordura e 23,07% carboidratos e vitaminas e/ou minerais. Dos homens, 73,54% utilizam produtos protei-cos, 50% carboidratos, 44,11% aminoácidos, 38,23% vitaminas e/ou minerais, 32,35% quei-madores de gordura e 8,82% fazem uso de outros tipos de suplementos (Figura 4).

O tipo de atividade física praticada pela maioria dos participantes foi a musculação, representando 95,74%. Essa atividade é seguida por diversas ati-vidades físicas como esteira de corrida, 17,02%. Outras atividades também foram relatadas, po-rém, pouco praticadas (Tabela 2). O mesmo foi visto quando a análise foi realizada separadamente por sexo, com a presença de uma baixa percenta-gem de lutas no sexo masculino (Figura 5).

Desses participantes, 82,97% praticavam ati-vidade física de 4 a 6 vezes por semana, 12,76% todos os dias e 4,25% de 2 a 3 vezes por semana.

Tanto para mulheres quanto para homens, o mes-mo resultado foi obtido (Figura 6).

Foi observado que 82,97% dos participantes praticavam atividade física de 1 a 2 horas por dia, 8,51% praticam atividade física por mais de 2 ho-ras e a mesma percentagem foi observada para aqueles que praticam atividade física por menos de 1 hora. Tanto para mulheres quando para homens, houve pequenas variações nos dados, porém o predomínio é de 1 a 2 horas por dia (Figura 7).

Dentre os praticantes de atividades físicas, a maioria tinha como objetivo aumentar a mas-sa muscular (78,72%), seguido pela definição muscular (40,42%), melhora do desempenho (34,04%), condicionamento físico (29,78%), emagrecimento (19,14%) e qualidade de vida e bem-estar (17,02%). Para as mulheres, o objetivo mais procurado foi de aumentar a massa muscu-lar, representando 84,61%, seguido por defini-ção muscular, 53,84%, emagrecimento, 30,76%, condicionamento físico, 23,07%, e 15,38% tanto para melhora do desempenho quanto para quali-dade de vida e bem-estar. Já para os homens, o objetivo mais esperado, representando 76,47%, foi de aumentar a massa muscular, seguido por melhora do desempenho, 41,18%, definição mus-cular, 35,29%, condicionamento físico, 32,35%, qualidade de vida e bem-estar, 17,64% e emagre-cimento, 14,70% (Figura 8).

Em relação à fonte de indicação, 48,93% dos participantes indicaram o instrutor físico como principal fonte de indicação. Já 27,65% responde-ram que consomem por iniciativa própria, 25,53% por indicação de um nutricionista, 12,76% por in-dicação de amigos e/ou familiares, 6,38% tanto por indicação de um médico quanto por indicação de um farmacêutico e 4,25% tanto por indicação de vendedores de lojas de suplementos quanto através de jornal, TV, revista, internet. Foi ob-servado que entre as mulheres, o valor de maior relevância foi de 69,23% representando a indica-

Tabela 2. Tipo de Atividade Física apresentada pelos participantes

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Figura 5. Tipo de atividade física reali-zada pelos praticantes (A), mulheres (B) e homens (C).

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Figura 6. Frequência de atividade física realizada pelos praticantes (A), mulheres (B) e homens (C).

ção por um instrutor de academia. Já nos dados observados entre os homens, os valores de maior relevância foram 41,17% representando a indica-ção por um instrutor de academia, 32,35% por iniciativa própria e 29,41% por indicação de um nutricionista (Figura 9).

Quanto aos efeitos colaterais causados pelo consumo dos suplementos alimentares, a maioria

disse que não sente nenhum efeito (48,93%), os outros mais frequentes foram suor excessivo, au-mento de apetite, sede excessiva, insônia e uri-na excessiva, representando respectivamente, 25,53%, 19,14%, 19,14%, 8,51% e 6,38%. En-tre as mulheres os efeitos mais observados foram nenhum (53,84%), sede excessiva, suor excessi-vo, aumento de apetite e diarreia, representan-do respectivamente 46,15%, 38,46%, 7,69% e

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Figura 7. Quantidade de horas de atividade realizada pelos praticantes de atividade física (A), mulheres (B) e homens (C).

7,69%. Entre os homens, o predomínio também foi de nenhum efeito colateral (47,05%), seguido de aumento de apetite, suor excessivo, insônia, sede excessiva, urina excessiva e taquicardia, re-presentando respectivamente 23,52%, 20,58%, 11,76%, 8,82%, 8,82% e 2,94% (Figura 10C.

Na pesquisa de análise descritiva para avalia-ção do consumo de suplementos nutricionais e/ou queimadores de gordura por praticantes de ativi-dade física em academias de ginástica, localizadas

no município de São Paulo, foram analisados os seguintes dados: idade, sexo, índice de massa cor-pórea, nível de escolaridade, utilização ou não de suplementos, quantidade de suplementos utiliza-dos diariamente, frequência semanal de consumo, tipos de suplementos mais utilizados pelos par-ticipantes, tipos de atividades físicas praticadas, frequência semanal da prática da atividade física, finalidade da utilização, fonte de indicação e pos-síveis efeitos colaterais.

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Figura 8. Finalidade relatada por praticantes de atividade física (A), mulheres (B) e homens (C).

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Figura 9. Principal fonte de indicação para o consumo de suple-mentos nutricionais por praticantes de atividade física (A), mulheres (B) e homens (C).

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Figura 10. Efeitos colaterais oriundos do consumo de suplementos e/ou queimadores de gordura apresentados por praticantes de atividade física (A), mulheres (B) e homens (C).

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A análise da faixa etária entre os participantes variou entre 17 e 40 anos para indivíduos de am-bos os sexos, com uma média de 25 anos, sendo a média de 24 anos para as mulheres e 25 anos para os homens. Os praticantes de atividade física foram constituídos, em sua maioria, por pessoas com grau de escolaridade superior incompleto, demonstrando um bom nível de instrução dos participantes. Isso tende a ser uma constante nas academias, já que outros estudos realizados com frequentadores de academia demonstraram tal ca-racterística8.

A amostra avaliada revelou que todos os prati-cantes de atividade física fazem uso de suplemen-tos (100%). Esse dado mostrou-se muito alto em relação a outras pesquisas realizadas em outras academias, entretanto, indicou também ser uma tendência entre os praticantes de atividade física. Pesquisas efetuadas por Rocha e Pereira em acade-mias do Rio de Janeiro no ano de 1998 mostraram que o consumo de suplementos era de 32%9. Ape-sar da pesquisa relatada anteriormente ser reali-zada somente com indivíduos do sexo masculino, isso mostra que, quanto mais recente a pesquisa, maior é o número de praticantes de atividade física dispostos a utilizar algum suplemento nutricional.

Ainda, foi observado que a maioria dos indi-víduos avaliados consome mais de 3 suplementos diariamente e esse consumo se dá de 4 a 6 vezes por semana.

Entre os diversos tipos de atividades físicas praticadas pelos participantes, a musculação foi a atividade de preferência, seguida da esteira de corrida. Podemos observar que, em relação ao sexo masculino, a atividade que mais se destacou, seguida da musculação, foi o jiu-jítsu e no sexo feminino a ginástica aeróbica. Em comparação com pesquisas realizadas por Rocha e Pereira em academias do Rio de Janeiro no ano de 1998, a musculação já era reconhecida como uma ativida-de física de preferências entre os atletas9.

Ainda se pode sugerir que os participantes são indivíduos ativos e, portanto, necessitam de dieta suplementada. Porém, essa dieta deve ser indicada por profissionais qualificados e não deve ser rea-lizada pelo instrutor da academia como se obser-vou na pesquisa, onde 48,93% dos participantes afirmaram ingerir algum suplemento a partir da indicação desses profissionais. Esse dado está de acordo com a literatura, uma vez que a principal fonte de indicação de suplementos observada foi do instrutor de academia ou educador físico10.

Esta pesquisa ainda demonstra que 25,53% dos participantes suplementam sua dieta a partir da recomendação de nutricionistas e 6,38% por mé-dicos. Estes dados são positivos, uma vez que es-ses profissionais são indicados e qualificados para tal prática, o mesmo não ocorrendo com a maioria dos profissionais de educação física que não pos-suem o conceito de nutrição básica ou esportiva na grade curricular11.

Os produtos mais utilizados pelos participan-tes em geral foram produtos proteicos (76,59%), aminoácidos (42,55%) e carboidratos (42,55%). O grupo de suplementos mais citados entre os usuários brasileiros do estudo de Rocha & Pereira foi o de produtos cuja composição não foi identifi-cada ou não se enquadrava em outro grupo, sendo citados como “energizantes”, “estimulantes”, en-tre outras denominações, seguidos dos produtos com composição predominante em aminoácidos e proteínas9.

A utilização de suplementos com proteínas e aminoácidos comerciais tem aumentado entre atletas e esportistas, tendo como finalidades a substituição de proteínas da dieta, aumento do valor biológico das proteínas da refeição e ainda por seus efeitos anabolizantes12, 13, 14. O excesso de proteína pode ser prejudicial, pois sobrecarrega alguns órgãos como o fígado, responsável pela me-tabolização de aminoácidos, e os rins, já que gran-des quantidades de subprodutos do metabolismo

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proteico como ureia, amônia e outros produtos nitrogenados são eliminados por via urinária15, 16.

Assim, deve-se tomar cuidado na ingestão de proteínas em excesso, uma vez que a recomenda-ção proteica para indivíduos com perfil semelhan-te ao estudado deve ser individualizada. Devem ser levados em conta não apenas o tipo de exer-cício físico praticado, como também seu estado geral de saúde6.

A pesquisa ainda mostrou que 42,55% dos participantes suplementam sua dieta com carboi-dratos. A razão fundamental para o desenvolvi-mento das várias soluções carboidratadas para o consumo antes, durante e após exercício físico é que tais bebidas podem atenuar alguns distúrbios na homeostase que ocorrem durante o próprio exercício, e, dessa forma, podem prevenir lesões e fundamentalmente aumentar o desempenho. Aumento da temperatura central, osmolaridade, frequência cardíaca, perda do volume plasmático, depleção de carboidratos provocados pelo exercí-cio e por desidratação são, provavelmente, os dis-túrbios mais importantes atenuados pela ingestão dessas bebidas.

Estudos realizados por Aoki e colaboradores (2003) sugerem que a suplementação com car-boidratos é eficiente em relação ao desempenho. O mecanismo de ação desempenhado por esses compostos se dá no controle dos níveis de glicose sanguínea e a diminuição da velocidade de glico-genólise, mostrando, portanto um efeito positivo na ingestão desses compostos17.

Entretanto, o consumo exagerado de carboi-dratos pode acarretar problemas relacionados ao aumento de peso, uma vez que o excesso de car-boidratos na dieta é armazenado no organismo na forma de gordura18.

Foram avaliados também os efeitos colaterais provenientes da utilização de suplementos. A maioria dos participantes afirmou que não apre-

sentam nenhum tipo de efeito colateral. Poucos são os trabalhos que relatam efeitos negativos de-correntes da ingestão de suplementos. Alguns au-tores relatam problemas renais, hepáticos, dimi-nuição do desempenho sexual, tonteira, enjoos, irritação, insônia e acne9,19. A pesquisa realizada nas academias avaliadas em nosso estudo apon-ta, como principais efeitos colaterais, aumento do apetite (5,5%), suor excessivo (5,5%), urina excessiva (4,1%), sede excessiva (1,6%), insônia (1,6%), taquicardia (2,7%), diarreia (1,6%) e do-res musculares (1,6%).

CONCLUSÃO

De acordo com estudos realizados, o apareci-mento dos suplementos no mercado tem sido mais evidente e é de considerável importância a neces-sidade de pesquisas científicas para comprovar seus efeitos e determinar a segurança de seu uso em longo prazo. A elaboração de regulamentações sobre o assunto facilitaria a atuação dos profissio-nais de saúde e a educação do público em geral sobre o uso seguro e eficiente desses produtos8.

Como já foi dito, esses produtos têm sido con-sumidos em maior quantidade e de forma errada por pessoas que praticam exercícios ou possuem uma dieta deficiente. Porém, poucos conhecem os prejuízos que essas substâncias podem causar à saúde.

São diversos os suplementos alimentares dispo-níveis para os praticantes de atividade física. Além das dúvidas sobre sua eficácia, não há garantia de que eles não tenham efeitos colaterais adversos à saúde. De um modo geral, os suplementos são consumidos pelos praticantes de atividade física com alguns objetivos, como melhorar o desem-penho esportivo, fornecer nutrientes ao organis-mo, atendendo às necessidades aumentadas pelo exercício, compensar dietas ou hábitos alimenta-res inadequados, suprir as necessidades de vita-minas e minerais nas dietas para redução de peso,

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reverter alguma forma de deficiência nutricional ou oferecer os nutrientes que se apresentam em quantidade insuficiente nos alimentos.

De fato, alguns suplementos podem trazer be-nefícios para o atleta, e até mesmo para praticantes de atividade física, porém, a suplementação deve ser realizada de maneira adequada e acompanhada por profissionais competentes, que estarão alian-

do a suplementação à dieta, e não substituindo ali-mentos por suplementos. Os únicos profissionais capacitados para prescrever suplementos são os médicos, de preferência os especializados em Me-dicina do Esporte, e os nutricionistas, pois estes apresentam conhecimento dos diferentes tipos de suplemento utilizados hoje em dia, podendo ainda estar evitando problemas de saúde pública, já que o consumo desse tipo de produto é significante.

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