Upload
others
View
6
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
P A U L A A R R U D A D O E S P I R I T O S A N T O
O R I E N T A Ç Ã O : D R . C É S A R A M O R I M
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO: MANEJO CLÍNICO
CASO CLÍNICO
• Homem, 46 anos, negro, natural do RJ, testemunha de jeová.
• QP: febre e aumento do volume abdominal
• HDA: Relata aumento do volume abdominal há 2 meses e
febre vespertina há 14 dias (38-38,5ºC).
• Nega perda ponderal, sintomas respiratórios, urinários ou
alteração do hábito intestinal.
• HPP: Doença de Crohn ileal estenosante (dx 1988)
• Em uso de Infliximabe há 2 anos e Azatioprina há 15 anos.
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
CASO CLÍNICO
• PA: 116 x 70 mmHg / FC: 106 bpm / SpO2: 96%
• Bom estado geral, corado, hidratado, anictérico, eupneico.
• Sem linfonodomegalias periféricas palpáveis.
• Ausculta cardíaca e respiratória sem alterações.
• ABDOME globoso, peristáltico, com macicez móvel de
decúbito, indolor a palpação superficial e profunda. Não
palpadas massas ou visceromegalias
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
HB 13,4
HT 40,8
LEUCO 6300
PLAQ 512000
UREIA 18
CR 1,0
NA 134
K 4,0
TGO 35
TGP 22
FA 48
GGT 38
BT 0,6
BD 0,7
PCR 276
VHS 108
PT 7,0
ALB 3,2
LDH 241
TAP 69%
INR 1,2
PTT 1,33
CASO CLÍNICO
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
INVESTIGAÇÃO DA ASCITE
• Definição: acúmulo de líquido na cavidade peritoneal
• Etiologia:
• Sinais e sintomas:
• Aumento do volume abdominal e dor
• Saciedade precoce, ganho ponderal
• Macicez móvel de decúbito, sinal do piparote
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Hipertensão Portal
Outros:
Obstrução linfática
Hipoalbuminemia
Ascite pancreática
Doença Peritoneal
Feldman M eta l., Sleisenger and Fordtran’s Gastrointestinal and Liver Disease: Pathophysiology/diagnosis/management. Tenth;10;10th; ed. Philadelphia, PA: Saunders/Elsevier; 2016
INVESTIGAÇÃO DA ASCITE
• Paracentese diagnóstica:
• Aspecto
• Celularidade
• Bioquímica
• GASA
• Culturas
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Feldman M eta l., Sleisenger and Fordtran’s Gastrointestinal and Liver Disease: Pathophysiology/diagnosis/management. Tenth;10;10th; ed. Philadelphia, PA: Saunders/Elsevier; 2016
INVESTIGAÇÃO DA ASCITE
• Paracentese diagnóstica:
• Aspecto
• Celularidade
• Bioquímica
• GASA
• Culturas
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
• Límpido
• Turvo
• Hemorrágico
• Leitoso (quiloso)
• Acastanhado
Feldman M eta l., Sleisenger and Fordtran’s Gastrointestinal and Liver Disease: Pathophysiology/diagnosis/management. Tenth;10;10th; ed. Philadelphia, PA: Saunders/Elsevier; 2016
INVESTIGAÇÃO DA ASCITE
• Paracentese diagnóstica:
• Aspecto
• Celularidade
• Bioquímica
• GASA
• Culturas
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
• Leucócitos
• Polimorfonucleares
• Mononucleares
• Hemácias
Feldman M eta l., Sleisenger and Fordtran’s Gastrointestinal and Liver Disease: Pathophysiology/diagnosis/management. Tenth;10;10th; ed. Philadelphia, PA: Saunders/Elsevier; 2016
INVESTIGAÇÃO DA ASCITE
• Paracentese diagnóstica:
• Aspecto
• Celularidade
• Bioquímica
• GASA
• Culturas
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
• Proteína
• Albumina
• Glicose
• LDH
• Bilirrubina
• Triglicerídeos
• Amilase
• ADA
Feldman M eta l., Sleisenger and Fordtran’s Gastrointestinal and Liver Disease: Pathophysiology/diagnosis/management. Tenth;10;10th; ed. Philadelphia, PA: Saunders/Elsevier; 2016
INVESTIGAÇÃO DA ASCITE
• Paracentese diagnóstica:
• Aspecto
• Celularidade
• Bioquímica
• GASA
• Culturas
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
< 1,1
≥ 1,1
Feldman M eta l., Sleisenger and Fordtran’s Gastrointestinal and Liver Disease: Pathophysiology/diagnosis/management. Tenth;10;10th; ed. Philadelphia, PA: Saunders/Elsevier; 2016
INVESTIGAÇÃO DA ASCITE
• Paracentese diagnóstica:
• Aspecto
• Celularidade
• Bioquímica
• GASA
• Culturas
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
< 1,1
≥ 1,1 Hipertensão porta
(acurácia: 97%)
Feldman M eta l., Sleisenger and Fordtran’s Gastrointestinal and Liver Disease: Pathophysiology/diagnosis/management. Tenth;10;10th; ed. Philadelphia, PA: Saunders/Elsevier; 2016
INVESTIGAÇÃO DA ASCITE
• Paracentese diagnóstica:
• Aspecto
• Celularidade
• Bioquímica
• GASA
• Culturas
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Inoculação a beira leito
Sensibilidade 85%
Feldman M eta l., Sleisenger and Fordtran’s Gastrointestinal and Liver Disease: Pathophysiology/diagnosis/management. Tenth;10;10th; ed. Philadelphia, PA: Saunders/Elsevier; 2016
CASO CLÍNICO
• Realizada paracentese diagnóstica, com saída de 1.500ml de
aspecto límpido - amarelo citrino.
• GASA: 0,7.
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
LÍQUIDO ASCÍTICO
LEUCÓCITOS 4900
PMN 42%
PROTEÍNA 5,8
ALBUMINA 2,5
LDH 354
GLICOSE 73
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Adaptado de Sleisenger and Fordtran’s
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Adaptado de Sleisenger and Fordtran’s
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Adaptado de Sleisenger and Fordtran’s
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Adaptado de Sleisenger and Fordtran’s
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Adaptado de Sleisenger and Fordtran’s
Anti HIV 1-2 NEG
VDRL NEG
Anti-HBC NEG
HbsAg NEG
Anti-HCV NEG
Anti-CMV IgM NEG
Anti-Toxoplasmose IgM NEG
CASO CLÍNICO
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
CASO CLÍNICO
• Realizada TC de tórax e abdome:
• Bolhas subpleurais no ápice do pulmão direito
• Linfonodo intrapulmonar no lobo superior direito
• Atelectasias subsegmentares nas bases pulmonares
• Ascite leve
• Linfonodos proeminentes no mesentério
• Espessamento peritoneal difuso
• Segmentos de espessamento parietal no íleo distal, salteados
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
CASO CLÍNICO
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
LÍQUIDO ASCÍTICO
BAAR NEG
GENEXPERT NEG
CITOLOGIA
ONCÓTICA
NEG
MICOLÓGICO
DIRETO
NEG
GERMES COMUNS NEG
SANGUE
GERMES COMUNS NEG
URINA
GERMES COMUNS NEG
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Adaptado de Sleisenger and Fordtran’s
CASO CLÍNICO
• Optado por realizar nova parecentese diagnóstica:
• ADA: 52 (VR: <30)
• Após discussão do caso com PCTH foi decidido submeter o
paciente a biópsia peritoneal para confirmação
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
EVOLUÇÃO
• Durante toda a internação permaneceu com febre
vespertina.
• Iniciado RIPE em 19/setembro.
• Alta hospitalar para seguimento ambulatorial.
• Após 14 dias: afebril, com diminuição do volume abdominal.
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
EVOLUÇÃO
• Histopatológico da peça cirúrgica:
• Processo inflamatório crônico granulomatoso.
• Alguns bacilos (BAAR) na coloração Ziehl-Nielsen.
• Coloração PRATA e PAS negativas.
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
EVOLUÇÃO
• Histopatológico da peça cirúrgica:
• Processo inflamatório crônico granulomatoso.
• Alguns bacilos (BAAR) na coloração Ziehl-Nielsen.
• Coloração PRATA e PAS negativas.
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
TUBERCULOSE PERITONEAL
• Infecção pelo Mycobacterium tuberculosis
• Abdominal: 5% dos casos
• 15-25% tem acometimento pulmonar concomitante
• Peritoneal
• Intestinal
• Ganglionar
• Visceral
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
U Debi, V Ravisankar, KK Prasad, SK Sinha, AK Sharma. Abdominal tuberculosis of the gastrointestinal tract: Revisited.
World J Gastroenterol 2014 October 28; 20(40): 14831-14840.
TUBERCULOSE PERITONEAL
• Infecção pelo Mycobacterium tuberculosis
• Abdominal: 5% dos casos
• 15-25% tem acometimento pulmonar concomitante
• Peritoneal
• Intestinal
• Ganglionar
• Visceral
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
U Debi, V Ravisankar, KK Prasad, SK Sinha, AK Sharma. Abdominal tuberculosis of the gastrointestinal tract: Revisited.
World J Gastroenterol 2014 October 28; 20(40): 14831-14840.
TUBERCULOSE PERITONEAL
• Classificação
1) Úmida
Ascite (loculada ou livre)
2) Seca
Nódulos caseosos e fibrose peritoneal
3) Fibrótica
Acometimento do omento e mesentério
Aglomerado de alças intestinais
Ascite loculada
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
U Debi, V Ravisankar, KK Prasad, SK Sinha, AK Sharma. Abdominal tuberculosis of the gastrointestinal tract: Revisited.
World J Gastroenterol 2014 October 28; 20(40): 14831-14840.
TUBERCULOSE PERITONEAL
• Diagnóstico
• Clínica
• Imagem
• Laboratório
• Análise do líquido ascítico
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
U Debi, V Ravisankar, KK Prasad, SK Sinha, AK Sharma. Abdominal tuberculosis of the gastrointestinal tract: Revisited.
World J Gastroenterol 2014 October 28; 20(40): 14831-14840.
TUBERCULOSE PERITONEAL
• Diagnóstico
• Clínica
• Imagem
• Laboratório
• Análise do líquido ascítico
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
• GASA < 1,1
• Celularidade aumentada (mononucleares)
• Proteína >3,0g
• Cultura: Sensibilidade < 20%
• BAAR: Sensibilidade < 2%
• ADA: Sensibilidade 94%
• PCR: sem dados
Adaptado do Uptodate 2018.
TUBERCULOSE PERITONEAL
• Diagnóstico
• Laparoscopia + biópsia • Sensibilidade 93%
• Especificidade 98%
• Achados: • Espessamento peritoneal
• Múltiplos nódulos esbranquiçados
• Aderências peritoneais
(“corda de violino”)
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Seung Joo Kang et al. Role of ascites adenosine deaminase in differentiating between tuberculous peritonitis and
peritoneal carcinomatosis. World J Gastroenterol 2012 June 14; 18(22): 2837-2843
TUBERCULOSE PERITONEAL
• Tratamento
• Rifampicina
• Isoniazida
• Pirazinamida
• Etambutol
• 2 meses RIPE + 4 meses RI
• Cirurgia: complicações (obstrução, aderências)
ASCITE DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO:
MANEJO CLÍNICO
Elroy Patrick Weledji, Benjamin Thumamo Pokam. Abdominal tuberculosis: Is there a role for surgery? World J Gastrointest
Surg. Aug 27, 2017; 9(8): 174-181.