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As frentes de água da cidade portuguesa O sistema do espaço público das Marginais do Grande Porto. EURAU’12 ABSTRACT. As both urban and architectural theme, waterfronts can nowadays contribute to the qualification, identification and transformation of urban morphology not only in relation to the sea and (or) the river but also in relation to other parts of the contemporary city. In this perspective, the case study of the waterfronts of Grande Porto, represents a very important urban laboratory due to the innovative use of instruments of urban planning and specific programs of urban regeneration and also for the ability to combine both architecture and infrastructure as elements of continuity/heterogeneity in the construction of the city and as elements of urban regulation. In order to implement new urban models as a new way to make cities, the paper focus on the meaning and the role of urban design and urban drawing through the satisfaction of users and interviews with the authors of works of Marginal, such as Alvaro Siza and Eduardo Souto de Moura. KEYWORDS. Waterfront, public space, architecture, urban planning, contemporary, Grande Porto Teresa Vincenti DCBAA- Dipartimento di Conservazione dei Beni Architettonici ed Ambientali Università degli Studi di Napoli “Federico II” Via Toledo 402, 80134, Napoli, Italy. [email protected] +39 348 4374208

As frentes de água da cidade portuguesa

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As frentes de água da cidade portuguesa

O sistema do espaço público das Marginais do Grande Porto.

EURAU’12

ABSTRACT. As both urban and architectural theme, waterfronts can nowadays contribute to the qualification, identification and transformation of urban morphology not only in relation to the sea and (or) the river but also in relation to other parts of the contemporary city. In this perspective, the case study of the waterfronts of Grande Porto, represents a very important urban laboratory due to the innovative use of instruments of urban planning and specific programs of urban regeneration and also for the ability to combine both architecture and infrastructure as elements of continuity/heterogeneity in the construction of the city and as elements of urban regulation. In order to implement new urban models as a new way to make cities, the paper focus on the meaning and the role of urban design and urban drawing through the satisfaction of users and interviews with the authors of works of Marginal, such as Alvaro Siza and Eduardo Souto de Moura.

KEYWORDS. Waterfront, public space, architecture, urban planning, contemporary, Grande Porto

Teresa Vincenti

DCBAA- Dipartimento di Conservazione dei Beni Architettonici ed Ambientali Università degli Studi di Napoli “Federico II” Via Toledo 402, 80134, Napoli, Italy. [email protected] +39 348 4374208

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Fig.1

1. O tema: as frentes de água como espaço público contemporâneo

A importância do tema das frentes de água como tema arquitectónico e urbano pode contribuir para identificação, qualificação e transformação da forma da cidade contemporânea e do seu significado, abrindo novas perspectivas e abordagens de interesse. As frentes de água, concebidas como estrutura urbana pública da cidade e como um espaço simbólico de identidade urbana colectiva são um elemento fundamental para compreender as dinâmicas urbanas da contemporaneidade. Neste sentido, as frentes água podem ser visto como um factor de equilíbrio de todo organismo urbano e, como tal, os seus “valores” devem ser analisados e interpretados.

Ler as frentes de água, como elemento estrutural, qualificador e referencial, da cidade consolidada com mar e (ou) rio e como lugar identitário, seja considerá-lo principalmente como parte integrante de um sistema arquitectónico complexo. Analisando o desenho do caso estúdio específico - o sistema do espaço público das marginais fluviais e marítimas do Grande Porto - entre duas práticas diferenciadas, a planificação territorial e a intervenção arquitectónica, o objectivo da pesquisa é retornar uma interpretação crítica das alterações mais significativas que ocorreram nas últimas décadas na área metropolitana do Porto, investigando o significado e o papel do desenho e desígnio urbano como catalisador de valores urbanos, simbólicas e culturais.

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O objectivo geral é uma interpretação das frentes de água como espaço público contemporâneo, espaço da comunidade e da cidadania, mas também como lugar de comunicação, inovação e experimentação. Para desenvolver diversos cenários alternativos e identificar novas oportunidades de desenvolvimento, a investigação centra-se no potencial induzido pelas experiências das frentes de água urbanas do Norte através o uso inovador de instrumentos de planejamento urbano (Planos de Pormenor e Urbanização) e a existência de programas específicos para a regeneração urbana (Programa Polis - Programa Nacional de Requalificação urbanas Valorização Ambiental das Cidades).

Através a análise de um elevado número de projectos relacionados ao planejamento urbano e a arquitectura - recolhidos e trilhos em primeira pessoa - se estuda a relação entre a fase de projecto dos planos e programas e a fase de realização. Combinando o ponto de vista da avaliação com aquilo da regeneração urbana e segundo uma abordagem interdisciplinar, a dissertação destacam as contribuições inovadoras da programação portuguesa.

O objectivo é realizar uma análise comparativa das experiências realizadas pelos municípios do Grande Porto, a fim de compreender e sublinhar os factores mais significativos. A investigação não é orientada para a definição de uma classificação de projectos individuais mas mais a compreender as estratégias e a identificação dos elementos-chave de sucesso e de transferência, com especial atenção à definição de indicadores de resultado e de monitoramento capazes de melhorar os a complexidade da cidade contemporânea e em geral, os projectos de renovação urbana.

Fig.2

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2. O caso específico das Marginais fluviais e marítimas do Grande Porto

A área metropolitana do Porto (AMP) é composta por 16 municípios, numa área de 1,885.10 km² e uma população de cerca 1.673.000 habitantes. É uma área que, apesar de ter uma extensão que não exceda 9% do Norte, concentra a sua população em 11 municípios do Grande Porto. Em termos de tipo de macroestrutura territorial, a AMP é classificada como uma região urbana, uma entidade territorial com uma alta densidade de população, empresas e serviços, que viu intensos processos de transformação territorial e as interações fortes.

Neste contexto local, é emblemático o caso do Grande Porto, onde a integração dos programas e oportunidades diferentes permitiu a implementação de projectos arquitectónicos e urbanos contínuos mas heterogéneos muito interessantes. Significativo foi o projecto o programa Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, que junto com a programação de diversos eventos culturais apresentou um forte investimento para a reabilitação e construção do espaço público da cidade, promovendo o desenvolvimento urbano do centro da cidade e em estreita continuidade com as grandes obras de requalificação urbana. Mas um papel fundamental na reabilitação das frentes águas fluviais e marítimas foi realizado a partir do Programa Polis, que envolveu cerca 20 cidades portuguesas. O Polis teve como objectivo principal a melhoria da qualidade de vida das cidades, através da implementação da requalificação urbana do espaço público existente fortemente relacionada com os aspectos ambientais e desenvolvidos em parceria entre os níveis central e local.

Nesta perspectiva, a experiência das frentes de água das cidades do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia, constitui um caso único, um laboratório fértil dos experimentos urbanos para o elevado número dos projectos, para a utilização inovadora dos instrumentos de planeamento urbano e dos programas específicos de reabilitação urbana e também para a capacidade de combinar arquitecturas e infraestruturas, como factores de continuidade na construção da cidade e como elementos de ordenação urbana. O estudo se concentra em duas áreas principais de investigação: o primeiro explora o ambiente institucional em que foram iniciadas as operações de regeneração urbana; o segundo examina os projectos em função dos instrumentos de planejamento urbano utilizados, da metodologia de intervenção adoptada e dos resultados alcançados.

Para a construção do quadro cognitivo dos projectos de renovação urbana do espaço público fluvial e marítimo das frentes de água do Grande Porto da última década foram considerados todas as operações dos programas de renovação urbana resultantes tanto a nível nacional (Programa Polis) que dos planos de implementação (Planos de Pormenor e Urbanização) que dos projectos arquitectónicos (concursos de arquitectura, projectos estratégicos, etc.).

As intervenções foram selecionadas para a representação das transformações que ocorreram ao longo do rio Douro e para a criação de novos espaços públicos colectivos. Protagonista desses projectos é, de facto o espaço público contemporâneo, um espaço claramente legível, que serve para diversos fins, em que o cidadão pode reconhecer e do que ele pode compreender o significado.

A escolha das intervenções foi feita para as cidades do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia sobre os seguintes planos e projectos:

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Fig.2

A. Marginal Leça da Palmeira do arq. Alvaro Siza; B. Reconversão da Faixa Marginal de Matosinhos/Sul (MATOSINHOSPOLIS) do arq. Eduardo Souto de Moura; C. Avenida Marginal do Parque da Cidade, requalificação da Avenida Montevideu_ (PORTOPOLIS) do arq. Manuel Sola Morales; D. Molhes do Douro do arq. Carlos Prata; E. Marginal do Rio Douro entre Alfândega e o Passeio Alegre do arq. Manuel Fernandes de Sa; F. Cais da Ribeira do arq. Manuel Fernandes de Sa; G. Marginal do centre Histórico do arq. Nuno Tasso da Sousa; H. Marginal do Rio Douro entre o centre Histórico e a Afurada do arq. Carlos Prata; I. Planos de Pormenor da Afurada do Atelier 15; L. Planos de Pormenor da São Paio Canidelo do arqq. Francisco Barata e Madalena Pinto da Silva;

e também:

Requalificação do Edifício Transparente do arq. Carlos Prata; Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental do Atelier da Bouça; Bares de Gaia e Bar Ar de Rio de Gaia, Café do Cais do Porto e Teleferico de Vila Nova de Gaia do Atelier Menos é Mais.

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Fig. 4

Fig. 5

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2.1. Projecto urbano e arquitectónico

Para a avaliação do caso de estudo específico - o sistema de espaços públicos das marginais fluviais e marítimas das cidades do Grande Porto - é proposto um possível caminho que pode ser transferido a outros contextos regionais, com particular atenção à definição de indicadores, capaz de suportar e melhorar a complexidade das cidades do Norte e de imaginar cenários de transformação urbana.

Através uma análise de um elevado número de projectos relacionados ao planejamento urbano e a arquitectura - constituídas por partes heterogéneas e distintas - a investigação quer circunstanciar o tema das frentes de água como espaço público, ou seja como espaço da memoria e da cidadania, democrático e igualitário e como condição de fazer cidade. Com efeito as frentes de água das cidades portuguesas, nos diversos projectos urbanos identificados e interpretados, se constituírem como novas formas de espaço público de estar, circunscritas num conjunto articulado de espaços de percurso, de saúde, de desporto que tendem a qualificar a relação entre cidade e o rio e cidade e o mar. Neste sentido, a pesquisa quer destacar as contribuições inovadoras de programação portuguesa para o desenvolvimento e a implementação de novos modelos urbanos e de uma nova maneira de fazer cidade, como consequência de um processo simultâneo de continuidade e de heterogeneidade.

3. Novos modelos urbanos para fazer cidade

A proposta de investigação considera como momento fundamental uma avaliação baseada na satisfação dos utilizadores destas zonas e uma avaliação mais aprofundada dos projectos derivada das entrevistas com os autores das obras das Marginais. O resultado do processo de avaliação como um processo de aprendizagem dinâmico e flexível é uma proposta de um modelo mais geral para a revitalização urbana, concebida como um projecto da comunidade, ou seja, como instrumento para a construção de opções compartilhadas.

A experimentação è um modelo de interpretação para o caso estudo específico em duas fases. A primeira parte descreve o quadro cognitivo do contexto de referência. É proposta uma classificação segundo categorias específicas de intervenção com a identificação dos actores envolvidos no processo e apresentação dos dados dos municípios envolvidos. Seguem as entrevistas com testemunhas, promotores e operadores do processo de transformação urbana das frentes de água nos últimos dez anos e o inquérito para os utilizadores com a percepção dos resultados e uma mapa dos valores percebidos.

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3.1 As entrevistas com Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura

Um momento muito importante é a entrevista com Álvaro Siza que fala do projecto da Marginal de Leça da Palmeira e diz: “...nel 2000 la camera municipale di Matosinhos mi ha commissionato il progetto urbano del waterfront. Ho progettato su richiesta della committenza un piano che prevedeva la realizzazione di un parco ed alcuni green parking lungo strada di cui l’area necessitava. Parliamo infatti di un chilometro e mezzo di spiaggia dentro la città..Dunque quello che ho fatto è stato trattare il waterfront garantendo che non si costruisse nulla se non parcheggi ed alcune attrezzature perché non avrei mai realizzato un ristorante sulla spiaggia. La mia interpretazione è stata quella di creare una serie di accessi molto semplici in prossimità del muro esistente, mantenendo la spiaggia così com’era. Il mio ricordo è quello della sola sabbia, senza alcun tipo di attrezzatura. La mia volontà è stata quella di trattare la luce e l’intensità della luce in maniera naturale…Attraverso il progetto c’è stato miglioramento perché si è creato spazio aperto, spazio pubblico. Ma se si guarda solo verso il mare, il paesaggio è esattamente lo stesso. Nessuno è capace di distruggere il mare…”.

Igualmente importante é a entrevista com Eduardo Souto de Moura sobre o redesenvolvimento de Matosinhos Sul, com base em grande parte, "em dois tipos de intervenções: uma era a criação de uma gama de equipamentos para a praia (um restaurante, uma piscina, uma escola de windsurf), uma subdivisão com três espécies de equipamentos de grandes dimensões. A outra intervenção foi a remodelação das Marginais de Matosinhos Sul para o qual já havia um programa elaborado pelo arquiteto Siza .. Propus a criação de uma nova orla marítima urbana chamado Passeio Marítimo ou Passeio Atlântico, com um espaço para criar equipamentos e um grande parque de estacionamento subterrâneo. . Incluiu também a construção de uma plataforma para os peões e equipamentos como uma piscina coberta, um restaurante não luxuoso caracterizado por um amplo terraço e um restaurante luxuoso levantada. A praia havia materiais resistentes e equipamentos com a linguagem da "escola do Porto". Os equipamentos eram muitos caros e, portanto, não foram realizados. Eu percebi em vez que hoje a frente urbana é sempre cheia de gente. Basta pensar que cerca de 50 milhões de pessoas vivem em Matosinhos. Assim como muitas pessoas de cidades vizinhas estão em Matosinhos Sul durante o tempo livre. Do ponto de vista político foi definitivamente um sucesso. O projeto tem de fato melhorada também um monumento nacional (Senhor do Padrã) através um trajecto perfeitamente definido…”.

Depois o Siza e o Souto de Moura falam da relação entre a cidade e o mar e (ou) a cidade e o rio. Anteriormente não havia de facto uma real atração para o mar. "... A ideia de espaço público ligado ao mar é um fenômeno do século XX, onde os portos foram reformuladas em relação ao desenvolvimento urbano das cidades e considerado como atractores. Nasce e se desenvolve uma abertura forte da cidade em direção ao mar e o rio", com novas residências, novos espaços públicos, novos equipamentos e um uso muito alto pela população local. Tanto para o Siza quanto para o Souto de Moura, "a política foi da mínima intervenção e integração com a paisagem...".

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3.2 Inquérito exploratório aos utentes dos planos e projectos do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia

O inquérito foi desenvolvido para ajudar a determinar uma avaliação dos planos e projectos das Marginais do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia no âmbito da requalificação urbana do espaço público fluvial e marítimo do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia. O inquérito pretende determinar qual a opinião dos utentes dos locais das frentes de água das cidades envolvidas. Tem duas vertentes, uma de determinar qual a percepção que os utentes têm dos locais e outra que pretende estabelecer qual a apreensão destes perante as modificações sofridas após as obras urbanas e arquitectónicas realizadas.

O inquérito apresenta então 34 perguntas, essencialmente de resposta de seleção múltipla ou livre, divididas em quatros grupos de categorias: critérios de arquitectura, urbanos e ambientais, critérios sociais e culturais, critérios políticos e institucionais, critérios económicos e financeiras. Pretende-se também uma identificação do perfil do inquirido, determinando o seu sexo, idade, residência e frequência na deslocação ao local, a profissão.

Critérios de arquitectura, urbanos e ambientais

Começa-se por determinar se o inquirido teve conhecimento sobre o programa POLIS e como, se a revitalização das Marginais foi um objectivo alcançado e se sim, pergunta o grau de satisfação em termos de qualidade dos naturais, do construído, qualidade dos espaços verdes, dos espaços de circulação, do mobiliário urbano e do sistema de iluminação pública, dos materiais usados no mobiliário urbano e para a requalificação urbana, existência de obras de arte pública, manutenção e limpeza dos espaços públicos, disponibilidade de parque de estacionamento, possibilidade de participação nos processos de requalificação urbana.

Depois foi pedido se o POLIS melhorou a acessibilidade dos lugares entre ao rio e às cidades e em geral, a opinião em relação ao “Mobilis” das Marginais do Grande Porto e também o meio de transporte usado antes e após da intervenção.

Por fim os inquiridos têm de avaliar as consequências sobre o património ambiental, construído e sobre o seu bairro em relação aos todos planos e projectos de requalificação urbana realizados.

Critérios sociais e culturais

Pretende-se determinar a frequência e a razão das deslocações as Marginais e também qual o modo usado habitualmente para se deslocar ao local e saber se outro modo era usado antes da intervenção. È de seguida pedido se o inquirido se sente mais, menos o igualmente seguro após a requalificação e porque.

Pois foi pedido se a comunidade foi envolvida no processo de regeneração urbana e o grau de satisfação dos novos equipamentos recreativos e de lazer. Critérios políticos e institucionais Pede-se inicialmente se existe uma atitude cooperativa entre os municípios das cidades envolvidas se houve alguma intervenção foi desnecessária. Como já nas outras categorias pede-se se as instalações culturais, recreativas e de lazer criados no âmbito dos planos e projectos de requalificação urbana contribuíram para a revitalização das cidades envolvidas e em que medida, os

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novos equipamentos têm aumentado a atractividade e a multifuncionalidade das Marginais. Critérios Economicos e Financeiras

Pretende-se determinar os impactos dos planos, projectos e programas em termos de atractividade e competitividade económica, o aumento dos valores de mercado e dos preços de venda/locação das residências, aumento dos investimentos privados, implementação, regeneração e dinamização de novas actividades económicas, aumento do turismo e também de atractividade cultural das Marginais.

4. Conclusões

A redescoberta da água - património da comunidade - também como lugar de construção e experimentação das políticas públicas representa, cada vez mais, uma oportunidade estratégica para o desenvolvimento urbano, económico, ambiental e social das Marginais marítimas e fluviais, envolvida nas experiências internacionais e europeias com episódios de interesse e sucesso considerável.

Em vez de uma visão onde a reconversão do waterfront se destina apenas como um multiplicador de valores de propriedade, a pesquisa irá propor um outro, complementar, onde a acessibilidade, relacionalidade, a diversidade de experiências ea multiplicidade dos valores "de "uso" e "não-uso" de seus espaços públicos tornam-se palavras-chave para uma nova forma de re-pensar as frentes de mar e ou do rio das cidades costeiras, visto como um "sistema complexo" e como património ambiental, construído e cultural.

A partir da percepção dos resultados mostra que o desenho dos espaços públicos e as transformações das orla urbana que se seguiram são capazes de construir "valor intrínseco", porque os valores percebidos pela comunidade são em grande parte qualitativa.

A maioria das percepções expressas através do questionário são de fato baseada na qualidade do espaço público atualizado, e se referem a valores intangíveis relacionados a bem-estar, beleza e diversificação de oportunidades de lugar ao longo do mar e (ou) o rio.

Neste sentido, para os projetos de transformação urbana analisados e avaliados pode-se afirmar que os valores de não-uso, simbólicas e culturais são largamente acima do valor de uso, típico de uma arquitectura e de uma cultura da cidade sempre mais desumanizada e produtivista.

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Legenda

Fig.1 Esquisso das frentes de água das cidades do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia.

Fig.2 Esquissos das Marginais dos arquitectos Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura.

Fig.3 Planos e projectos para as cidades de Matosinhos e Porto.

Fig.4 Planos para a cidade do Porto.

Fig.5 Planos para a cidade de Vila Nova de Gaia.

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Biografia

Teresa Vincenti (Naples, 1984) arquitecta, PhD. Mestrada in arquitectura in 2008 na Universidade de Nápoles “Federico II”, no 2009 foi vincidora da bolsa de doutoramento em “Metodi di Valutazione per la Conservazione Integrata del Patrimonio Architettonico, Urbano ed Ambientale” na mesma faculdade. Depois dois períodos de investigação ao Porto no Centro de Estudos de Urbanismo e Arquitectura (CEAU) da FAUP, no 2012 ganhou o doutoramento europeu com uma dissertação sobre o tema das frentes de água do titulo “Waterfront, valori e valutazioni. Approcci teorici e metodologici per la sperimentazione di un modello di valutazione ex post per il caso Porto e per la riqualificazione urbana delle aree costiere”. Atualmente envolvida na investigação científica do espaço público das Marginais fluviais e marítimas no sentido do desenvolvimento sustentável das cidades e do território. Tem participado em conferências internacionais (incluindo EURAU10, In search of new Europe 2009, Sustainable city and creativity, promoting creative urban initiatives), workshop, seminário e workshop itinerante de projecto (VILLARD8) e se engaja no desenho arquitectónico e urbano. Foi membro da comissão organizadora de numeras conferências e seminários nacionais e estrangeiros.