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ano - Agência ECCLESIA · 2016. 7. 11. · freguesia de Lageosa (Sabugal); estudou Filosofia e Teologia nos seminários da Arquidiocese de Évora. Em 1966, a 3 de julho, foi ordenado

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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião Miguel Oliveira Panão22 - Intenção de Oração24 - Semana de.. José Carlos Patrício26 - Dossier Ética e Desporto

28 - Entrevista54 - Multimédia56 - Estante58 - Concílio Vaticano II60 - Agenda62 - Por estes dias64 - Programação Religiosa65 - Minuto Positivo66 - Liturgia68 - Jubileu da Misericórdia70 - Fundação AIS72 - LusoFonias

Foto da capa: LusaFoto da contracapa: Arlindo Homem

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Pela paz na Síria[ver+]

Arcebispo deÉvora mais umano[ver+]

Desporto e Ética[ver+]

Bruno de Carvalho | Luis Sénica |Jorge Pina |Joaquim Sousa Marques|Octávio Carmo|José Carlos Patrício |Manuel Barbosa | Paulo Aido | TonyNeves | Fernando Cassola Marques

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A febre da vitória

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

O episódio já aconteceu há algum tempo: DonaldTrump, que deve disputar as eleiçõespresidenciais norte-americanas como o nomeadopelos Republicanos, queixava-se de um sistema“manipulado” que o prejudicava. “Mas eu não meimporto, porque ganhei”. Portanto, preocupaçãozero com a mudança do sistema para o futuro.A questão é recorrente, e não apenas napolítica: as mudanças são pedidas por quemperde e quando perde. Se ganhar, está tudobem. Pior ainda: quem ganha parece esquecer-se de tudo o que antes criticou e das mudançasque pedia, de uma forma tão insistente.

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Num momento em que o país festejao desempenho (mais com osresultados) da sua seleção defutebol no Euro 2016, importamanter o olhar sobre a importânciado fenómeno desportivo comoferramenta para cultivar a ética, ainclusão, um ambiente mais amigodos Direitos Humanos.Fiquei particularmente sensibilizadopela experiência vivida pelosjogadores da seleção da Islândiaque, como li algures, foram capazesde nos devolver a dimensão maispura, quase de “criança” que o jogoconsegue

despertar. Ou as lágrimas dojogador italiano que, após umaderrota, chorava a lamentar-se,porque tudo o que os ‘azzuri’ tinhamfeito de bom iria cair noesquecimento. Duas maneirasparadoxalmente diferentes de vivera derrota que questionam a formade viver o desporto por parte dequem procura apenas o resultado.Porque a ética, o jogo limpo, nãopodem apenas aparecer nosdiscursos públicos como desculpade mau perdedor nem ficaresquecidos na “febre da vitória”.

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Sintonias entre alguns dos 11 milhões. @EPA

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Foi uma vitória da seleção portuguesa e dotreinador português contra Portugal e osportugueses (Miguel Esteves Cardoso,‘Público’, 7/7) As finais não são para jogar, mas paraganhar (Fernando Santos, selecionador dePortugal, 6/7) “No que diz respeito à multa, em particular,a Comissão pode recomendar ao Conselhoa redução do seu montante ou mesmo oseu cancelamento total” (Comunicado deimprensa da Comissão Europeia sobre aaplicação de sanções a Portugal eEspanha, 7/7) “Alguns dos países que fornecem as armasestão entre aqueles que apelam à paz.Como podemos acreditar em alguém quenos acaricia com a mão direita e nosgolpeia com a esquerda?” (PapaFrancisco, na campanha da CáritasInternacional pela paz na Síria)

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Arcebispo de Évora continua maisum anoà frente da arquidiocese

O arcebispo de Évora disse estedomingo na celebração dos 50 anosde ordenação sacerdotal que oPapa lhe pediu para continuar maisum ano à frente da arquidiocese eagradeceu o “gesto de confiança”de Francisco. “O Santo padreentendeu que eu deveria continuarmais um ano e eu faço-o com toda adisponibilidade e alegria, como forcapaz, como tenho vindo a fazer atéaqui”, disse D. José Alves no fim dacelebração aos jornalistas.

O arcebispo de Évora acrescentouque agradece o “gesto deconfiança” do Papa e vai tentar“corresponder-lhe”. Em declaraçõesà Agência ECCLESIA, este sábado,D. José Alves disse que “leva algumtempo” a escolher um sucessor parauma diocese, o que passa por“consultas a várias pessoas”.“Enquanto não tiver isso tudocompleto, o Papa não avança”,acrescentou.O arcebispo de Évora referiu

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também que tem estado a trabalharcom os seus colaboradores no“Plano Pastoral do próximo ano”,que será dado a conhecer no dia 5de outubro. “Já não é tempo decomeçar a fazer grandes projetos”,disse D. José Alves, garantindotambém que depois da resignaçãotem planeado continuar a viver emÉvora.D. José Alves foi nomeadoarcebispo de Évora a 8 de janeirode 2008 e tomou posse daArquidiocese no dia 17 de fevereirodesse mesmo ano.Natural da Diocese de Guarda, D.José Francisco Sanches Alvesnasceu a 20 de abril de 1941, nafreguesia de Lageosa (Sabugal);estudou Filosofia e Teologia nosseminários da Arquidiocese deÉvora.Em 1966, a 3 de julho, foi ordenadopresbítero na Catedral de Évora,

trabalhou 4 anos na formação doSeminário Menor de Vila Viçosa edepois estudou em Roma Ciênciasde Educação.A 7 de março de 1998 foi nomeadobispo auxiliar de Lisboa e a suaordenação episcopal celebrou-seem Évora, a 31 de maio de 1998. A22 de abril de 2004 foi nomeado porJoão Paulo II como Bispo da Diocesede Portalegre-Castelo Branco.Em 2008, após a sua nomeaçãocomo arcebispo de Évora, D. JoséAlves recebeu das mãos do PapaBento XVI o pálio, insígnia litúrgicaprópria dos arcebispos metropolitas.D. José Alves já apresentou ao PapaFrancisco a sua renúncia ao cargo,após ter completado 75 anos deidade, de acordo com o DireitoCanónico.

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Evangelização no mundodo sofrimento psíquicoA Casa de Saúde da Idanha,arredores de Lisboa, acolheu estaquarta-feira as VI JornadasHospitaleiras de Pastoral da Saúde,este ano dedicadas ao tema‘Evangelização no mundo dosofrimento psíquico’, sublinhando aimportância da dimensão espiritualneste campo.A irmã Maria Sameiro Martins,presidente do Instituto das IrmãsHospitaleiras do Sagrado Coraçãode Jesus (IHSCJ), sublinhou àAgência ECCLESIA que a iniciativade reflexão visa ajudar osresponsáveis a melhorar o serviçoprestado aos utentes. “A pastoral daSaúde tem de fazer parte integrantedo nosso modelo assistencial”,precisa a religiosa.Para a presidente do IHSCJ, énecessário promover uma tomadade consciência da importância da“dimensão espiritual” na pessoadoente, dando como exemplo ainclusão desta área no plano deintervenção individual, que “englobatoda a área técnica”.Juntando “a ciência e a caridade”, ainstituição católica dedicada àsaúde mental quer “estar atenta àdor que vai na alma de tantagente”.

Um dos conferencistas do evento foio padre Luís Miguel Figueiredo,capelão da Casa de Saúde do BomJesus (Arquidiocese de Braga), quena sua intervenção sobre a ‘Atuaçãode Jesus no mundo do sofrimentopsíquico’ abordou o “tema maldito”da “demonologia”, as “narraçõesdas curas” apresentadas nosEvangelhos, como explicou àAgência ECCLESIA.O ponto central destes relatosevangélicos é a “atuaçãolibertadora” de Jesus Cristo face aosofrimento e à dor. “A atuação deJesus é contra o mal em si”,observou. Para o padre Luís MiguelFigueiredo, o trabalho dasHospitaleiras passa por “anunciar aBoa Nova da salvação, sob a formade cura”, integrando as “diferentescomponentes do ser humano”.

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Restaurante social da Paróquia deNossa Senhora da Conceiçãocelebrou cinco anosO “Restaurante Social” da Paróquiade Nossa Senhora da Conceição,na Diocese de Setúbal, celebroucinco anos de atividade de umespaço que além das refeiçõesprocurou ajudar a “reconstruirinteriormente as próprias pessoas”.Em entrevista à Agência ECCLESIA,o padre Constantino Alves destacoualguns “aspetos significativos” decinco anos de atividade dorestaurante social, como aconstatação que foi implementadopara responder a “uma necessidademuito real e concreta” que tem“permanecido ao longo dos anos”.O responsável da Paróquia deNossa Senhora da Conceiçãoassinala a “experiência muito rica”de articulação da ação social direta- “dar de comer a quem tem fome noimediato” - com outras dimensõesdas pessoas.Com a Cáritas Diocesana deSetúbal, recorda, desenvolveramprogramas de formação em áreasde “gestão do orçamento familiar;aproveitamento de refeições;utilização de materiais paracomercializar; vida em grupo;descoberta de si mesmo”.A valência social da Paróquia deNossa Senhora da Conceição, nacidade de Setúbal, foi inaugurada

a 29 de junho de 2011, ediariamente serve em média 115refeições e, até ao momento,distribuiu cerca de 212 mil, tendobeneficiado 436 famílias e 1430pessoas, incluindo sábados,domingos e “véspera de Natal, dePáscoa”.O padre Constantino Alves recordao objetivo da obra não sercaracterizada como uma “cantina depobres, de estigmatizados” e aolongo de cinco anos a comunidadehumana diversificada “ajudou aformar coesão”.Neste contexto, refere que rede devoluntários é composta por cerca de35 pessoas, que ao longo de cincoanos “teve mobilidade” por diversosfatores, mas “cerca de 80voluntários têm prestado serviço”que ajudou a “criar um corpo depessoas solidárias não apenas noterritório da paróquia como nacidade sadina.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Cultura «é o terror dos ditadores» - Luís Filipe Castro Mendes

12ª Edição do Festival Terras sem Sombra

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Papa pede solução política para aSíria

O Papa associou-se à campanhapela paz na Síria lançada pelaCáritas Internacional e evocou osofrimento da população atingidapela guerra há mais de cinco anos.“Hoje desejo falar-vos de uma coisaque enche de tristeza o meucoração: a guerra na Síria que jáentrou no seu quinto ano. É umasituação de indizível sofrimento deque o povo sírio é vítima”, declaraFrancisco, na intervenção divulgadapela ‘Caritas Internationalis’ e oVaticano.A mensagem, disponível noYouTube, recorda um povo forçado“a deixar

as suas casas, tudo”, a procurar“caminhos de fuga” para outrospaíses ou para zonas da Síriamenos atingidas pela guerra.“Penso também nas comunidadescristãs, a quem dou todo o meuapoio, pela discriminação a queestão sujeitas”, acrescenta.Francisco aponta o dedo aostraficantes de armas e a todas aspotências internacionais quecontinuam a alimentar esta guerra.“Alguns dos países que fornecem asarmas estão entre aqueles queapelam à paz. Como podemosacreditar em alguém que nosacaricia com

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a mão direita e nos golpeia com aesquerda?”, questiona.A Campanha da Cáritas ‘Síria: a Pazé Possível’ procura alertar para aimportância de apoiar asconversações que visam o fim doconflito iniciado em 2011.A organização católica desolidariedade fornece comida,cuidados de saúde, cuidadosbásicos, educação, abrigo,aconselhamento, proteção e bensde primeira necessidade na Síria eaos sírios refugiados nos países deacolhimento.“As organizações nacionais daCáritas chegaram a 1,3 milhões depessoas apenas num ano”, refereum comunicado da CáritasPortuguesa enviado à AgênciaECCLESIA.Eugénio Fonseca, presidente destaorganização, precisa que o objetivoda campanha é “exigir um cessar-fogo

imediato e eficaz, apelando aosgovernos que se comprometam comuma solução política para terminar oconflito”.A Cáritas Portuguesa, comodinamizadora nacional dacampanha, irá apelar ao Governopara que “participe ativamente” emsoluções que possam pôr fim a estaguerra. “Não podemos ficar debraços cruzados”, insiste EugénioFonseca.O lançamento da campanha incluium novo site – syria.caritas.org – noqual se podem encontrar obras dearte de artistas sírios como TammamAzzam, um filme de animação sobrea guerra, diversas fotosgalardoadas e testemunhos desírios que viveram no país e quesão refugiados, contribuindo para asensibilização do Mundo para estaquestão.

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Papa recebeu peregrinaçãocom pobres de FrançaO Papa recebeu esta quarta-feirano Vaticano um grupo de 200peregrinos franceses, pobres, epediu-lhes que rezem pela“conversão” dos responsáveis poressa pobreza. “Dou-vos a missão derezar por eles, para que o Senhormude o seu coração, peço-vos querezeis pelos culpados da vossapobreza, para que se convertam”,disse, numa intervenção divulgadapela Rádio Vaticano.Francisco sublinhou que a Igreja, aexemplo do que fez Jesus Cristo,"não pode ficar descansada até terchegado a todos os que sentem arecusa, a exclusão, os que nãocontam para ninguém".O encontro, que não fazia parte daagenda oficial do Papa, decorreu nasala Paulo VI, na presença docardeal Philippe Barbarin, queacompanhou os peregrinos dasdioceses francesas da Província deLyon, numa iniciativa promovidapela organização ‘Amigos do PadreJospeh Wresinski’. A peregrinação aRoma assinala o centenário denascimento deste sacerdote, quededicou a sua vida ao trabalho juntodos mais desfavorecidos.

Francisco saudou os presentes emostrou-se muito “feliz” por esteencontro de “irmãos”.“Gostaria que vos sentísseis todosbem-vindos, a vossa presença éimportante para mim, é importanteque vos sintais em casa”, declarou.O Papa recordou todos os quefazem “grandes banquetes” eignoram os que morrem de fomediante das suas mesas, bem comoos que desviam o olhar perante osofrimento alheio, pedindo de novoas orações dos pobres pela suamudança de vida. “Desejai-lhes obem e pedi a Jesus que seconvertam”, apelou.O encontro na Sala Paulo VI foi umaexceção neste mês de julho, em quehá uma pausa nas atividadespúblicas do Papa.

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Dignificar vida dos marinheirose suas famíliasA mensagem do Vaticano para oDomingo do Mar, que vai serassinalado no dia 10 de julho,salienta a urgência de dar maiordignidade à vida de todos quantostrabalham no mar, assim como àssuas famílias. O presidente doConselho Pontifício da Pastoral paraos Migrantes (Santa Sé) realça que,apesar da importância da indústriapesqueira para o quotidiano detodas as pessoas, são muitos osperigos e dificuldades quecontinuam a marcar a vida dosmarinheiros, a nível psicológico,físico e afetivo.Numa mensagem enviada à AgênciaECCLESIA, D. Antonio Vegliòrecorda os marinheiros vítimas “dasforças da natureza, da pirataria e doassalto à mão armada”, o desafioque é ver “negado o direito a vir aterra ou a deixar a embarcação,depois de dias ou semanas no mar”.O cardeal italiano destaca ainda asfamílias destes trabalhadores, quemuitas vezes “não veem os seusentes queridos durante meses emesmo anos”. “Crianças quecrescem sem pai enquanto todas asresponsabilidades recaem nosombros da mãe”, lamenta oresponsável católico.Para a Santa Sé, é fundamental“reiterar” e “proteger” o direito

dos marinheiros a uma vida digna ea um trabalho digno. Nesse sentido,o Conselho Pontifício da Pastoralpara os Migrantes apela aosgovernos internacionais e àsentidades marítimas competentespara que reforcem a aplicação demedidas de proteção para todos ostrabalhadores do mar.Aquele organismo defende umaimplementação mais eficaz daconvenção da OrganizaçãoInternacional do Trabalhorespeitante à atividade laboral nomeio marítimo, em particular da“regulação 4.4” que é dedicada àquestão do direito de acesso dosmarinheiros “a instalações terrestrese a serviços que assegurem a suasaúde e bem-estar”.O mesmo Conselho Pontifíciodesafia todas os cristãos, de todasas dioceses do mundo, sobretudoaquelas mais ligadas ao mar, a“implementarem e apoiarem oApostolado Marítimo”.

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Jornal do Vaticano divulga testemunho inédito sobre plano nazipara sequestrar Pio XII

Papa reza pelas vítimas de atentados no Bangladesh e no Iraque

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Férias Com Sentido

Miguel Oliveira Panão Professor Universitário

S. Francisco chamava ao Sol de irmão, à Lua deirmã, e percorrendo outras criaturas cósmicas ebiológicas revela-nos uma realidade semprepresente desde a criação do mundo: somostodos família. A família da criação.Dizem que as férias são um tempo paradescansar e é verdade, mas se pensarmos bem,são também um tempo de família. Logo, odesafio será alargarmos essa família, de modo aincluir também o mundo natural, e não só ...Quando vamos à praia, o que podemos fazerpara além de estar de barriga para o ar, óculosescuros, cheios de creme protetor,eventualmente a ler um livro? Que tal deixar queos pequenos grãos de areia caiam por entre osnossos dedos e fazer desse cair um momento defraternidade, não sabendo se são os grãos deareia que nos acariciam, ou o contrário. Aomergulhar na água mediterrânea, ou oceânica,porque não dar um sentido de oração a essemomento de diversão? Isto é, fazê-lo na intençãode queremos cada vez mais mergulhar em Deuse no seu amor, de tal modo que voltando para aareia e brincando, salpicando os amigos, filhosou familiares, salpicamos de amor e desejamospara eles a mesma felicidade que Deus desejapara nós.Se for passear para um bosque, floresta, parque,é quase impossível não contemplar o que está ànossa volta. Ao reconhecer estarmos rodeadosde árvores de tipos diferentes, ao observarmosos diferentes tipos de insetos, ou de flores, o quevemos senão diversidade e harmonia? O queseria de esperar de um Deus Trindade que éunidade

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na diversidade? Ao contemplar adiversidade durante o passeiopodemos fazer desse tempo umtempo de oração em queagradecemos a Deus peladiversidade no mundo e por nos terensinado que essa não nos divide,muito pelo contrário, é a razãofundamental para experimentarmosuma unidade insólita num momentode fraternidade através dacontemplação.Porém, muitos de nós apreciamestar numa cidade, no meio dacultura visitando museus, igrejas,monumentos, centros de ciênciaviva e nos divertimos emaravilhamos com o engenhohumano. A inteligência é um dom deDeus. É através da inteligência queo universo (sim, porque nós somosuniverso!) possui a capacidade depensar sobre si mesmo. A culturaespelha o caminho que percorremose quanto caminho temos parapercorrer, e expressa uma

realidade impressa no âmago desteuniverso: o princípio cosmológiconarrativo. O universo é história eisso significa que só podemosentender muito do que se passou aolongo deste ano deixando que otempo passe e no decurso deeventos posteriores percebamos arazão de eventos anteriores. Aovivermos o período de descanso nomeio da cultura podemos fazerdesse tempo um tempo demeditação, em que experimentamoscomo Deus faz história connosco ecom o mundo.Por fim, pode acontecer que nomeio das férias estejamos num localelevado, um monte, montanha esomos confrontados com algo muitoespecial: o horizonte. Esse é oessencial deste período dedescanso. Preparar-nos paraacolher os novos horizontes queDeus nos irá propor. Curiosos? Eutambém...

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Respeito pelos povos indígenas

O Papa Francisco dá voz aos povosindígenas, “ameaçados na suaidentidade”, no vídeo com aintenção de oração para o mês dejulho que foi divulgado através doYouTube e das redes sociais.A iniciativa mensal começa com aintervenção de uma mulherindígena, na sua língua materna,perante um auditório vazio, pedindo“em nome dos povos indígenas”,que sejam respeitados o seu “modode vida”, “direitos” e “tradições”.“Ides escutar-me?”, pergunta.O Papa intervém depois para

assumir-se como “eco e porta-vozdos anseios mais profundos dospovos indígenas”. “E quero quejuntes a tua voz à minha para que,de todo o coração, peçamos quesejam respeitados os povosindígenas, ameaçados na suaidentidade e até na sua existência”,declara, numa passagem em que éacompanhado por outrosrepresentantes destes povos.O vídeo é disponibilizado na redesocial Facebook com outrasinformações sobre esta iniciativa einteração com a comunidade que aintegra.

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De acordo com o Apostolado daOração (AO), estima-se que façamparte da Rede Mundial de Oraçãodo Papa mais de 30 milhões depessoas, em dez idiomas.‘O Vídeo do Papa’ tem sidoidealizado e realizado pela agênciaLa Machi, Consultora deComunicação para Boas Causas, econta com o apoio do AO-Portugal.Todos os meses, o Papa confiaduas intenções de oração: umauniversal, com temáticas queapelam a todos os homens emulheres de boa vontade; e outrapela evangelização, mais centradana vida da Igreja e na sua missão.

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E no futebol também entra Deus?

José Carlos Patrício Agência ECCLESIA

Esta semana fica inevitavelmente marcada peloapuramento de Portugal para a final doCampeonato da Europa de Futebol, em França.Pé ante pé, como quem não quer a coisa, depoisde muitos empates pelo meio, exibições cinzentase um golo salvador dos nossos amigosislandeses que nos retirou da rota dos maiorestubarões do torneio, lá chegámos ao jogodecisivo.Certo, certo estava o nosso selecionadorFernando Santos, que já dizia que só vinhaembora no dia 11 de julho e com ‘o caneco’.Uma boa notícia para as nossas populações,tantas vezes sobrecarregadas com problemas edificuldades, económicas e sociais, também paraos nossos emigrantes que acompanhamavidamente a nossa seleção em terras gaulesas,e que também passam por vezes tantas agruras,até assentarem a sua vida condignamente.É esse o poder do futebol, como de um jogo de“22 homens em calções a correrem atrás de umabola” é possível extrair tanta força, tanta emoçãoe alento.Ao se superarem e ao irem aos seus limites, osatletas como que tocam também o âmago daspessoas, aquilo que elas têm de mais profundo,os seus sonhos e anseios.Durante 90 minutos, todos estamos dentro docampo, ao lado dos nossos heróis, corremos comeles, lutamos por cada bola como se fosse aúltima, saltamos, zangamo-nos com o árbitro,lamentamos um falhanço, e finalmente gritamosgooooooooolo!Como o desporto é bonito quando é assim vivido,quando não deixa que a rivalidade e a violência

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entrem, quando o vemos pelo puroprazer de um espetáculo, de umaarte.Sim pois o futebol também é arte,como pudemos ver no jogo com oPaís de Gales, naquele salto deRonaldo que ditou o primeiro goloda ‘Portuguesa’.E no futebol também entra Deus?Meio a brincar, meio a sério, podiadizer que sim porque sem o Seuempurrãozinho, Portugal não teriachegado até Paris.Mas sim, acredito que tal como emtodas as facetas do Homem, Deustambém está presente no futebol eno desporto, e é a fé Nele quetantas vezes ajuda os atletas achegarem àquela reserva extra deenergia que têm, para atingir osseus objetivos.Porque, tal como vemos abordado

na entrevista principal desteSemanário ECCLESIA, desportotambém é transcendência e éatravés da transcendência que aspessoas muitas vezes não só sesuperam mas tocam Deus e seabrem à espiritualidade.Para fechar, deixo aqui os meusvotos de que Portugal jogue contraa França na final (estes gaulesesestão-nos atravessados nagarganta desde 1984!) e quetragam o título para casa.Mas mesmo que não sejamcampeões no campo, eu acho quejá são campeões na vida, pelamaneira digna e responsável comoestão a representar o nosso país, apar dos nossos adeptos, que têmenchido os estádios de cor ealegria. É assim que o desportodeve ser vivido!

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No meio do clima de euforia com o desempenho da seleçãoportuguesa no Campeonato da Europa de Futebol 2016, o SemanárioECCLESIA apresenta uma série de reflexões sobre a importância daatividade desportiva enquanto polo de formação para os valores epara a cidadania, ligando desporto, ética e transcendência.José Lima, responsável pelo Plano Nacional de Ética no Desporto, é oentrevistado desta edição, que conta com textos de opinião deBruno de Carvalho, presidente do Sporting Clube de Portugal; JorgePina, atleta paralímpico; Luís Sénica, selecionador nacional deHóquei em Patins; e Joaquim Sousa Marques, presidente da Direçãoda Associação de Futebol de Setúbal.O dossier encerra-se com a tradução integral da intervenção daSanta Sé na 32ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos, emGenebra (Suíça), no painel sobre o ‘Uso do Desporto e do IdealOlímpico na promoção dos Direitos Humanos’.

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O desporto como ambientepara a transmissão de valoresJosé Carlos Lima é o coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto.Em entrevista à Agência ECCLESIA, aborda esta temática no contexto de umano recheado de competições, como o Euro2016 e os Jogos Olímpicos, quetêm gerado o entusiasmo de milhões de pessoas em Portugal

Entrevista conduzida por Paulo Rocha

Agência ECCLESIA (AE) – Ética nodesporto, o desporto comoambiente para a transmissão devalores, são temas que passam porestes dias quando a competição éque determina aquilo que vamosvendo e muitos dos diálogos dostreinadores de bancada. Os valoresaqui não entram, a ética aqui nãoentra.José Carlos Lima (JCL) - Tambémentra, mas é verdade isso porquerealmente hoje em dia, e nesteambiente de Campeonato Europeude Futebol, e também de JogosOlímpicos, é um ano recheado deacontecimentos desportivos,realmente muitas vezes impera adimensão da competição, dosresultados, e é bom que haja estanoção, e alguém que alerte que odesporto também tem valores paratransmitir.E é curioso que a essência dodesporto reside nessa dimensãovalorativa,

porque se retirarmos essa dimensãodo respeito, do fair-play, daamizade, da disciplina, todas essascomponentes valorativas que odesporto tem, ele perde a suaessência.Se só nos focarmos na competição,é muito limitativo para a dimensãodesportiva. AE – Não pode ser uma competiçãoa qualquer preço.JCL – Exatamente.

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negativas. Ainda neste Campeonatoda Europa, que está a decorrer,vimos aspetos mais negativos comos adeptos, alguma violência quehouve, mas também por outro ladogestos de fair-play dentro docampo, fora do campo.Vemos os adeptos irlandeses quesão um exemplo fantástico de fair-play, a cantar serenatas, a acolheros outros adeptos, e portanto odesporto é realmente uma metáforafantástica daquilo que é o Homem,para o bom e para o mal. Mas depois tem uma repercussão

muito importante, que é a questãomediática, que chega a todos ospontos do mundo, numa linguagemfantástica de comunicação etambém de universalização dos taisvalores que falei há bocadinho. AE – Vai havendo mais espaço paraessas histórias positivas nodesporto?JCL – Eu acho que sim, porquecada vez mais os pais, os agentesdesportivos, veem o desporto comorealmente uma escola educativa,isto é, um espaço em que a criança,o

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jovem não só compete para umamarca, para uma atividadedesportiva, mas também nessaatividade desportiva adquirecompetências pessoais, sociais, háum conjunto de valências, digamosassim valorativas, que o desportodá.Como eu disse, a disciplina, aamizade, a sociabilização, todo esseconjunto de valores que o desportoé uma ferramenta fantástica para avalorização dessas dimensões. AE – Concorda com aquela opiniãode que de facto um gesto, porpequeno que seja, de uma estrelado futebol, tem uma repercussãoenorme numa criança, numadolescente, num jovem,repercussão educativa?JCL – Sem dúvida, e isso é um temainteressante, a dimensão dosmodelos educativos no desporto,até que ponto o herói tem essamissão também educativa.Mas nós, os pais, os encarregadosde educação, os lideres, ostreinadores, sabem que a melhorforma de passar os valores éatravés do exemplo, de gestosconcretos, não através de grandescursos, de grandes palestras, massim através de gestos concretos. E o exemplo é a melhor formadessa

passagem, é a forma pedagógicamelhor que existe para passarvalores, é o exemplo e o exemplopositivo.E portanto diz-se que uma imagem,ou o gesto, vale mais do que milpalavras, e isso é verdade. AE – Pedia-lhe a sua análise à forçadas imagens com violência, que esteEuro2016 também já trouxe, mais noseu início felizmente. Como analisaeste consequente fenómeno dehooliganismo no desporto?JCL – É preocupante, mas eu achoque as entidades devem ser muitofirmes, a nível de aplicar as sançõesdevidas, porque a nível do desportoprofissional há regulamentaçãomuito dura e muito estreita ao nívelda violência, da xenofobia porexemplo.E eu penso que aí, para além dadimensão preventiva que este planotem como objeto, há também umadimensão muito de persuasão, eisso vem também da aplicação dosregulamentos disciplinares que asfederações têm, e as entidadeseuropeias como a UEFA e a FIFAtêm para aplicar.E portanto aí eu acho que há um sócaminho, é realmente a lei sercomprida e ser dura a suaexecução.

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AE – As ameaças são fortes, pelomenos.JCL – Pois, houve uma certaameaça por parte da UEFA, emrelação a algumas seleções porparte dos adeptos, porque a nívelregulamentar o comportamento dosadeptos tem repercussões depoisnas sanções às devidas seleções.Mas aqui houve realmente algumaameaça, mas posso também dizerque do ponto de vista disciplinar, desanções no jogo, a UEFA não énada contemplativa, isso é muitoclaro. AE – Falemos do Plano Nacional deÉtica no Desporto. Temos umconjunto de publicações quequerem sensibilizar agentesdesportivos, as novas gerações, oseducadores, treinadores, para estatemática. Enquadre-nos sobre comosurgiu este plano e quais é que sãoos seus objetivos.JCL – É um plano governamental,de iniciativa do Governo, tem quatroanos, e é operacionalizado peloInstituto Português do Desporto eda Juventude.Temos uma relação muito estreitacom as federações, o mundofederativo e associativo, e com omundo escolar. É um plano muitopreventivo, orientado para a

prevenção, e o objetivo é apromoção dos valores, do respeito,do fair-play, da amizade, todosesses valores que já referi e que odesporto contém.Depois, o plano cumpre-se atravésde cinco eixos: educação eformação, que é o eixo principal, emque nós vamos às escolas, aosclubes, dar formação paraprofessores, treinadores, formaçãoacreditada, e também ações desensibilização para pais e atletassob esta temática da ética e dasatitudes corretas dentro dodesporto.É o eixo principal, para ter umanoção nós fizemos ao longo destesquatro anos cerca de 1700 açõesde sensibilização para cerca de 40mil pessoas, dentro deste público-alvo.Depois temos também eventosdesportivos, temos também o eixodos concursos, uma atividadepedagógica para atingir tambémdeterminados públicos-alvo, comoos jornalistas, um concurso parajornalistas, um concurso tambémpara alunos.Temos também publicações, que éum eixo também fundamental doplano, em que nós temos umconjunto de recursos pedagógicosorientados para os pais, para osatletas, como um código de éticadesportiva.

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AE – É a vossa base de trabalho.JCL – Exatamente, um código criadopor nós, que ainda não existia emPortugal, é um código que orienta ocomportamento ético correto dosdiversos agentes desportivos.Depois temos publicações maisorientadas para um públicoespecífico, com a coleção “Ética eValores no Desporto”, uma parceriacom as edições “Afrontamento”, seisvolumes que nós fizemos, essa éuma delas, e em que nósprocuramos refletir e investigarsobre esta temática da ética e daeducação para os valores nodesporto.

E depois temos outra, como “A Éticae Transcendência no Desporto”,“Desporto e Valores”, temos tambémuma brochura que lançámos há ummês para crianças, que é “ÉticaDesportiva para todos”, e tambémpara pessoas deficientes comalguma dificuldade intelectual.A brochura foi feita para leitura fácil,em braille e também em versãoáudio.Mas basicamente temos muitasbrochuras e recursos pedagógicosmuito orientados para as crianças eagentes desportivos.

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AE – Devido a essa dimensãopreventiva e educativa que todo estePlano Nacional de Ética noDesporto quer ter. Como falava noinício, há aqui uma determinaçãoem fazer com que o desporto sejamuito mais do que competição, sejaum construtor da cidadania?JCL – Sim, nós na abordagem quefazemos deste tema, é óbvio que aética é uma dimensão transversal,há aqui vasos comunicantes entre ohomem e o atleta, entre a vidasocial,

a vida do cidadão, e depois a vidadesportiva.Não podemos falar de uma éticaseparada da outra, isto é, um atletaou um árbitro ou um agentedesportivo tem de velar por umconjunto de valores, quer dentroquer fora do campo.Nós não podemos ter por exemploum árbitro que vá para dentro docampo exigir o cumprimento dasregras se depois cá fora ele próprionão cumpre as regras.

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AE – Até porque está a serpermanentemente escrutinado pelaopinião pública.JCL – Exatamente. E portanto, anossa visão é muito clara, é semprea dimensão da ética para acidadania, e o desporto aquifunciona como uma ferramenta paraalavancar essa dimensão decidadania, dos valores da cidadania. AE – Há uma relação também entrea ética no desporto e a experiênciacrente, religiosa, nomeadamentecatólica?JCL – Eu penso que sim, aliás ahistória do desporto marca issomesmo, eu recordo aqui porexemplo Thomas Arnold, que é umclérigo inglês do século XVIII, que foio primeiro clérigo, a primeirapessoa, pedagogo, dos colégios derâguebi de Inglaterra, que teve estavisão de utilizar o desporto comoferramenta para a educação paraos valores.Portanto, ele criou um planoeducativo utilizando o desporto, aparte desportiva, para a dimensãovalorativa.E foi o primeiro, depois temos umconjunto até de Papas, desde o PioX, o Pio XII, com escritos, livros

dedicados ao desporto.O Papa Paulo VI que referebasicamente que o desporto é umagrande metáfora do ser humano; oJoão Paulo II que foi um grandedesportista, criou-se a fundaçãopara o desporto João Paulo II; estePapa atual, o Papa Francisco, quetem promovido o desporto comoelemento para a promoção da paz,da realização humana.Portanto acho que há aqui umadimensão muito importante, e aIgreja Católica reconhece-o, umaforma extraordinária do desporto,nesta dimensão valorativa, mastambém uma dimensão fundamentalpara a realização do ser humano.Eu penso que a Igreja, do ponto devista institucional, tem essa noção, eaté este Papa vai promover umgrande encontro em outubro noVaticano sobre esta temática, aimportância do desporto para ahumanidade, e aqui revela aimportância que o desporto tempara a própria Igreja. E portanto háaqui uma ligação fantástica que sedeve promover, e aliás foi umbocadinho com essa ideia que nósfizemos um congresso com aUniversidade Católica em relação aesta ligação que existe.

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AE –Como é que analisa osurgimento de iniciativas de caraterdesportivo, com maior ou menorgrau de competição, nassociedades atuais. E falo emcorridas, em caminhadas, umconjunto enorme de propostas quevão surgindo na sociedade?JCL – Hoje há cada vez mais anoção de que o desporto funciona eé – e a dimensão humana, como oprofessor Manuel Sérgio gosta dedizer, é importantíssima - funcionamuito como a realização da pessoa.Isto é, a pessoa entende e vive aatividade desportiva como umaforma de se realizar e também defazer bons hábitos ao nível dasaúde. E portanto investe muito, ealgum tempo, em formação eeducação ao nível da atividadedesportiva.E hoje há cada vez mais um leque

de respostas de desporto, demodalidades desportivas que vão aoencontro dessa avidez que parte doser humano.Tem a ver um bocadinho tambémcom a questão do individualismo, dapessoa cuidar de si, de ver a suaimagem, a dimensão estéticatambém, que hoje o mundocontemporâneo imprime muito essavisão.E portanto também esta noção deque além dessa visão estética,corporal que o desporto tem, hátambém esta dimensão valorativaque nós devemos manter.E acho que o ser humano está cadavez mais desperto para aimportância do desporto, para adimensão física e da saúde, eprocura respostas para isso mesmo.

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AE – E essa é uma dimensão quedesafia grupos, associações,comunidades, paróquias até?JCL – Pois, aqui acho que há umgrande desafio para a Igreja,porque temos vindo a verificar quevêm ter connosco, ao PlanoNacional de Ética do Desporto, e aoIPDJ, entidades muito variadas,empresas. As empresas têm muitointeresse na área do desporto, paravender um produto, ou que vêmatravés do desporto para vender umdeterminado produto. Entidades,instituições, que vêm com a ideia depromover eventos desportivos,provocar um evento desportivo parapassar uma determinadamensagem.E há cada vez mais gente a aderir aestes eventos desportivos,passagens da ponte, corridas,maratonas. E não só gentefederada, também gente comum.E eu acho que da parte da Igreja há

aqui um nicho fantástico para ir aoencontro destas pessoas que sereúnem, que estão ali para fazer umevento, mas que se pode passaruma determinada mensagem.Por exemplo, nós a nível doseventos desportivos temosembaixadores que vão e passammensagens positivas nesseseventos.Porque não paróquias organizaremeventos desportivos, corridas,encontros com líderes, commodelos, com atletas, porque sãoformas de passar aspetos positivosque nós estamos aqui a falar, mastambém a mensagem da Igreja?Porque estes valores que estamos afalar são valores do Evangelho, daIgreja, são valores positivos quelevam à realização do Homem, paraa paz,

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para a harmonia dos povos. Eportanto por parte das paróquias,por parte da Igreja do ponto de vistainstitucional, há aqui um alerta, umdespertar para a importância destetema, mas depois do ponto de vistaconcreto penso que há ainda muitoa fazer.Eu lanço por exemplo aqui umdesafio, o IDPJ tem linhas definanciamento para financiaratividades e projetos dentro de umprograma que é “Desporto paraTodos”, que promove a atividadedesportiva, e portanto a Igreja, asparóquias, as entidades eassociações podem concorrer aisto. AE – Falemos agoraespecificamente nesta iniciativa“Desporto, Ética e Transcendência”,este livro resultou de um colóquioque decorreu na UniversidadeCatólica Portuguesa. O que é que apalavra transcendência acrescentaà ética no desporto?JCL – Este foi um desafio que nóslançamos à UCP para refletir sobrea transcendência no desporto.Porque o nosso Provedor da Éticano Desporto, o professor ManuelSérgio, aliás tem essa definição dodesporto, como movimento para atranscendência.Isto porque o desporto possibilitaque o atleta se eleve, setranscenda, supere os seus limites.

Aliás, o Pierre Coubertin, o criadordos jogos olímpicos da eramoderna, tem muito essa noção,porque ele próprio era religiosa etinha esta dimensão religiosa dosJogos Olímpicos, em que o herói éaquele que ata o mundo humano aomundo transcendente.E eu acho que há aqui uma ligaçãofantástica entre o desporto e estadimensão da transcendência. Eprocurámos refletir com a UCP estadimensão do que é isto detranscender-se, ligar-se, de nós noslibertamos dos nossos limiteshumanos para nos transcender,para nos ligarmos a outros limites, asuperação pessoa.E depois outra dimensão que está aexistir muito ao nível das respostasdesportivas que é a dimensão dascaminhadas, reflexões interiores, degrupos que promovemessas vertentes.

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Há aqui um espaço de reflexão e deinvestigação que nós procurámoscom esse colóquio que realizámosno ano passado e com este volumeque foi lançado este ano, com aUCP, porque realmente a dimensãotranscendente está presente nodesporto e na dimensão religiosa. AE – E foi um tema que interessouàs pessoas do desporto, atreinadores e dirigentes?JCL – Sim, tivemos muita gente dodesporto, tivemos o auditório quasecheio, é um tema a que vamosvoltar. Se calhar da parte religiosanão houve tanta adesão e vamostentar insistir. AE – Mas houve uma boaparticipação de professores daUCP.JCP – Sim, aliás trouxemos cá oprofessor Duque, que é umbeneditino espanhol da área dasociologia, da simbologia. Porque odesporto tem esta dimensão sacral,muito importante a dimensãosimbólica das claques, dos ritos quehá, também tem essa dimensãoreligiosa, muitas vezes.

E portanto acho que há aqui umtema que nós devemos procurar econtinuar a investigar. AE – Para terminar, perguntava-lhede que forma é que todos estestemas chegam por exemplo a umaseleção nacional de futebol queparticipa numa fase final doEuro2016, como a portuguesa?JCL – Eu penso que é óbvio que háum orgulho grande, e os atletastêm-no dito, em representar aseleção e em representar Portugal.Eu penso que esse é o valoressencial, depois há a dimensãocompetitiva, de ganhar. Mas sereparar, todos referem esse aspeto,mais do que chegar mais longe oumais perto. É a dimensão simbólicade representar um povo, umanação, e um conjunto de valoresque isso acarreta, de um povotolerante, que sabe competir, de umpovo que respeita o adversário, queestima também a diversidade.Eu penso que a seleção temencarnado isso e vivido essadimensão valorativa do desporto.

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Da ética desportivaComo instituição centenária queacaba de celebrar os seus 110 anoscomo maior potência desportiva, oSporting CP faz questão de assumiro seu papel de relevância nasociedade e no panorama mediáticopugnando pela verdade desportivae pela transparência transversal aofenómeno desportivo. Estes sãovalores éticos que fazem parte doADN do Sporting CP. Nessesentido, o Clube desenvolveu umextenso e detalhado trabalho comvárias propostas para a melhoria dofutebol, apresentadas não só àsentidades nacionais competentesmas também aos mais altos órgãose instâncias internacionais como aUEFA, a FIFA ou a ECA (Associaçãode Clubes Europeus), entre outras.Em paralelo, o Congresso ‘TheFuture of Football’,

organizado pelo Sporting CP, e queteve este ano a sua segunda ediçãono Estádio José Alvalade, visoualguns destes temas no sentido dedetetar problemas, desenvolvercaminhos e encontrar soluções paraum futebol com mais ética, equilíbrioe isento de erros grosseiros.Após três anos de intenso esforçona luta por uma causa de extremarelevância para o futebol e para odesporto em geral, foi com grandeentusiasmo que recebemos esteano notícias como a aprovação douso do vídeo-árbitro em períodoexperimental anunciado pela FIFAou a confirmação do uso datecnologia da linha de golo noCampeonato da Europa e na Ligados Campeões da próximatemporada. Até porque, maisimportante, isso irá

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eliminar uma série deerros grosseiros com influênciadireta nos resultados de provas queenvolvem muitos milhões de euros,ajudando todos os árbitros – quesão humanos – a minimizar onúmero de decisões não acertadasao longo de uma partida. Daí queestejamos sempre em contacto edisponíveis para falar

com todos os agentes desportivosambicionando trilhar esse caminhoem conjunto.Ao mesmo tempo, e olhando para arealidade de Portugal, sãobandeiras como a verdadedesportiva e a transparência que,quando colocadas em prática,possibilitam o aumento deassistências nos estádios epavilhões

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e o incremento de uma novageração de fãs apaixonados apenaspelo jogo em si e não com o que sepassa fora de campo. Respeitandoo seu papel de grande Clubenacional e europeu, o Sporting CP irá manter a defesaintransigente de tudo o que possabeneficiar um desporto com maisregras, valores e ética. E esse, alémde um palmarés que conta hoje jácom mais de 20 mil títulos como odo Sporting CP, é o maior e maisrelevante legado que poderemosdeixar às gerações futuras.Concretizando, somos a melhorAcademia do Mundo a desenvolveratletas e cidadãos. Como aeducação deles é determinantepara nós, fazemos oacompanhamento dos estudos naescola e na Academia. O SportingCP participou em Março passadonum Torneio de futebol em Lisboapara crianças dos 9 aos 11 anosapadrinhado pelo Papa Francisco.Em paralelo, nos últimos três anos,criámos um departamento de apoioaos atletas e às suas famílias. Emconjunto com o IEFP iniciámoscursos que permitem aos atletas e aoutros cidadãos prosseguir os seusestudos

na Sporting Training Academycriada por esta Direção.Também a Fundação Sporting,desde a chegada desta Direção,tem feito um trabalho diário cominstituições que atuam com jovenscarenciados e com deficiênciasmotoras e psíquicas, Juntas deFreguesia, Câmaras e Escolas, numtotal de mais de 250 instituições edez mil crianças e jovens. Estetrabalho tem sido realizado não sóem Portugal, mas também em quasetodos os PALOP. Esta Direção abriuainda 11 modalidades de desportoadaptado, tornando-se num dosClubes do Mundo com maispraticantes e modalidades. Já esteano contamos com 6 atletas nosJogos Paralímpicos.O Sporting Clube de Portugal nãoquer ser só desportivamente "tãogrande como os maiores daEuropa". Quer, através da suaatuação e luta pelos valores, regrassociais e igualdade, ser um exemploe, neste âmbito, ser tão grandecomo os maiores do Mundo!

Bruno de CarvalhoPresidente do Sporting Clube de

Portugal

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Clericus CupOs padres da Diocese de Viana doCastelo venceram esta quarta-feiraa 11ª edição da ‘Clericus Cup’,torneio de futsal para sacerdotescatólicos, depois de derrotarem aequipa de Braga, por 2-1,revalidando o título conquistado em2015.Em declarações à AgênciaECCLESIA, o padre António Cunhaelogiou o “bom ambiente” existenteentre colegas ao longo de toda ainiciativa, iniciada esta segunda-feira. “É bom que o desporto sirvatambém como escola de disciplina,para criar comportamentos entrenós de verdadeiros irmãos”, referesacerdote, que além de jogar temfunções de selecionador nacionalnos torneios internacionais.

O torneio decorreu em Penamacor,Diocese da Guarda, e alioudesporto a momentos de convívio ecultura.A vitória da Diocese de Viana doCastelo, no prolongamento, foi asétima no total de todas as ediçõesda ‘Clericus Cup’, mas para o padreAntónio Cunha não há segredos,apenas um passatempo que ocupaos sacerdotes “uma hora porsemana”, aproximadamente. “Não éno desporto que o tempo é malgasto”, defende.Os jogos realizaram-se em doispavilhões da Vila de Penamacor,onde o bispo da Guarda, D. ManuelFelício, presidiu à Eucaristia naigreja matriz local.

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O torneio decorreu em Penamacor, Diocese da Guarda, e aliou desporto a momentos deconvívio e cultura.A vitória da Diocese de Viana do Castelo, no prolongamento, foi a sétima no total detodas as edições da ‘Clericus Cup’, mas para o padre António Cunha não há segredos,apenas um passatempo que ocupa os sacerdotes “uma hora por semana”,aproximadamente. “Não é no desporto que o tempo é mal gasto”, defende.Os jogos realizaram-se em dois pavilhões da Vila de Penamacor, onde o bispo daGuarda, D. Manuel Felício, presidiu à Eucaristia na igreja matriz local.

A importância da ética no desporto- visão de um dirigente Dos escalões de formação aos

seniores, sem esquecer o desportoprofissional, importa que os valoresda ética desportiva estejam semprepresentes e o papel que osdirigentes desportivosdesempenham na defesa de valoresdesta natureza é fundamental.Este tipo de conduta é essencial éessencial para a promoção edesenvolvimento do desportofavorecendo o espirito desportivo.A definição do fair play abrangetodas os intervenientes ligados aofenómeno desportivo, mostrandoconhecimento pelas leis do jogo,desenvolvendo o conceito de que ojogo pode ser jogado com prazer, deuma forma positiva, e incentivando o comportamento correto, dentro e fora do campo, em relação ao adversário, tanto pelos jogadores como poroutros agentes desportivos, seja qual for o resultado. Nos escalões de formação é importante, deste muitocedo, transmitir aos jovensatletas os conceitos da ética nodesporto, acima de tudo porque o fair play também se ensina e os valores intrínsecos ao fairplay,

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devem também ser transmitidos noprocesso formativo dos jovensatletas, a par de questões técnicas,táticas, físicas e das leis do própriojogo.Mas os exemplos que se transmitemsão também muito importantes. Apar da defesa do desporto na altacompetição, através da prática decomportamentos eticamenterelevantes, estas mesmas atitudessão facilmente “copiadas” pelosmais novos, pelo que, nestepatamar mais alto do desporto, aadoção da ética tem um efeitoduplo, diretamente para as própriascompetições, independente do quepossa estar em jogo, mas tambémindiretamente, para os mais jovens,através dos exemploscomportamentais que setransmitem.E por estar a falar em boas práticasnão nos podemos esquecer defatores externos ao jogo, que fazemparte do espetáculo desportivo, masque devem igualmente seracompanhados. Estou a referir-meaos adeptos, no qual se incluem,para além das claques, os familiaresdos jovens atletas, por tudo aquiloque transmitem de fora para dentrodo terreno de jogo, e por tudoaquilo que, através do mediatismoque os espetáculo desportivo podeter, pode ter uma influência decisivanos comportamentos dos maisjovens, a

começar dentro da sua própriacasa, através dos seus familiares.Esta é a visão de um dirigentedesportivo, que temresponsabilidades acrescidas emtodo este processo, através dacriação de condições para que osvalores da ética no desportopossam sejam cumpridos eincentivados, não permitindo e nãopactuando com comportamentosque desvirtuem as boas práticas e adefesa do desporto.

Joaquim Sousa MarquesPresidente da Direção da

Associação de Futebol de Setúbal

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Ética no desporto

Ética é um valor humano, intrínsecoa todos os seres. É um valor quenos é transmitido desde a nascençae que vai sendo melhorado ao longoda vida. Com o nosso crescimentoesse valor vai sobressaindo nasdiversas situações em que oindivíduo está exposto.A ética deve estar presente emqualquer desporto, seja individualou coletivo. O respeito, a amizade, ofair-play, a cooperação, a aceitaçãodo resultado fazem parte desteconceito de ética. É transversal atodas as tarefas da nossa vida,define o carácter do ser humano,torna-nos mais ricos espiritualmentee mais fortes, com mais certezas emenos dúvidas.Sem este valor de ética, a vida nãotem sentido e o desporto não teriaqualquer valor. Tanto na vida comono desporto os resultados só têmsignificado se tivermos ética naobtenção dos mesmos. Entramosem jogo respeitando o adversário,cumprindo as regras e sempre coma noção de fair-play. O vencedornem sempre é aquele que vence, éaquele que mesmo na derrotaconsegue sentir-se vitorioso porqueanalisou

os seus erros, aprendeu e cresceupara um dia alcançar os resultadossem prejudicar os outros. Nodesporto não vale tudo para seatingir um fim.É importante respeitar o adversário,mas também respeitar-nos a nóspróprios, o nosso corpo e a nossamente. Por vezes somos iludidospelo mundo e levados pelainconsciência, por um simplesmomento de fama destruímos eprejudicamos os outros e a nósmesmos. Por exemplo o consumo desubstâncias ilícitas adultera osresultados e estes deixam de tersignificado, sobretudo quandocaímos em nós e vemos que oobtivemos de forma injusta,tentando ser superiores aoadversário, não jogando de igualpara igual.Na minha prática desportiva e nosprojetos onde estou envolvido tentopromover da melhor maneira osvalores da ética, para seremaplicados tanto na vida como nodesporto. Tento passar às pessoasque todos os resultados dependemda fé, da força e do trabalho decada um de nós.

Jorge PinaAtleta paralímpico

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A Ética no Desporto e a suaimportânciaA formação desportiva de um atleta,qualquer que seja a sua modalidadetem obrigatoriamente que serentendida como uma ATIVIDADEEDUCATIVA, outra forma de encarareste processo traz consigo danosirreparáveis!A Ética no desporto é umaconsciência, um valor que dignificaa conduta desportiva, umsentimento e um pensamento quese refelecte em actos saudáveis epositivos durante qualquercompetição, ela é em si mesmounificadora e promotora da lutaverdadeira pelo objectivo, ela dásentido ao sucesso!Importa pois perceber que emqualquer treino ou competição,independentemente do escalãoetário, a Ética é ela mesmo parteintegrante dessa actividade e sóassim poderemos ecoar emconsciência que a prática desportivaé educativa e promovedesenvolvimento!As aprendizagens desportivassustentadas em valores são por sisó geradoras de um enormepotencial humano e desenvolvemsinergias complementares nasaprendizagens desportivasvalorizando não só a

formação do atleta como do homem!Através de um sentido ético nodesporto podemos ajudar aconstruir um mundo maisconsciente, mais saudável, maistolerante e justo!

Luis Sénica,selecionador nacional

de hóquei patins

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Fernando Santos, desporto e fé

Reveja a entrevista do selecionador nacionalde futebol ao programa «70x7»

Sobre a sua relação com a fé, oengenheiro eletrotécnico de formaçãorecorda 1994, o ano em que foi despedidodo Estoril, como ponto de viragem na suavida. Apesar de ser proveniente de umafamília cristã e ter tido uma educaçãocatólica, desde cedo se afastou da Igreja,“mas a referência ficou”.Num momento difícil da sua carreira, emque colocava tudo em causa, Cristoreentrou na sua vida através da sua filha,que então se preparava para o crisma, ede um convite dos amigos para fazer umcursilho de cristandade. “Esse talvez tenhasido um dos momentos fundamentais daminha vida, esse 11 de março em que eusaio do Estoril, de alguma forma acaba porlevar-me a ser treinador de futebol, hojetenho a certeza, e também me leva seisdias depois a encontrar Cristo, isso foi amudança total na minha vida”, confidencia.

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O Desporto como fator de promoçãodos Direitos HumanosA Santa Sé reconhece o papel únicodo desporto e do ideal olímpicocomo instrumentos para facilitar aconstrução de um melhor ambienteinternacional, mais inclusivo eaberto a todos. De facto, este ano,com os Jogos Olímpicos que vãodecorrer no Rio de Janeiro, temosuma oportunidade para apreciarmelhor o papel que o desporto devedesempenhar na construção deuma comunidade internacional maisrespeitosa dos Direitos Humanos.Como um sinal claro docompromisso constante da Santa Sénesta matéria, vamos promover aconferência sobre Fé e Desporto,este mês de outubro, no Vaticano,que pretende colocar o fenómenodesportivo no contexto cultural ereligioso mais amplo dahumanidade. Em particular, a minhadelegação reconhece a importânciada Carta Olímpica como uminstrumento para estimular eimplementar melhor os DireitosHumanos. Como disse o PapaFrancisco, “a Carta Olímpica, entreos seus principais objetivos, colocaa centralidade da pessoa, odesenvolvimento harmonioso dohomem, a defesa da dignidade

humana, e também «a contribuiçãopara a construção de um mundomelhor, sem guerras nem conflitos,educando os jovens através dodesporto praticado sem qualquertipo de discriminação, num espíritode amizade, solidariedade elealdade” (Comité OlímpicoInternacional, Carta Olímpica, 6).

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Hoje, mais do que nunca,acreditamos firmemente que omundo precisa deste “espírito deamizade e solidariedade” e que estedeve permanecer como o núcleo daexpressão olímpica, com o objetivode promover a “universalidade,caracterizada pela fraternidade eamizade entre os povos, concórdiae paz entre as nações; respeito,tolerância e harmonia entre asdiversidades” (Discurso do PapaFrancisco ao Comité Olímpico

Italiano, 19 de dezembro de 2014).Neste contexto, é importantesublinhar o valor educativo dodesporto, em particular entre ascrianças e jovens. Cada eventodesportivo, e os Jogos Olímpicosacima de todos, pode servir comouma ferramenta poderosa paramostrar quanto é fundamentalsuperar-se a si próprio. Nodesporto, como na vida de todos osdias, procuramos o sucesso,evitando ficar satisfeitos comresultados medíocres.

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A Igreja Católica apresentou no Vaticano uma campanha desensibilização contra a exploração sexual e o tráfico de pessoas para aprostituição, que vai decorrer durante os Jogos Olímpicos do Brasil. Ainiciativa “quer alertar os turistas que irão ao Rio de Janeiro”, para quenão contribuam de nenhum modo para alimentar o negócio daprostituição, que neste tipo de ocasiões “se intensifica”. “Além dodesporto em si, os Jogos Olímpicos são uma oportunidade para o lazer,para a cultura e para o emprego temporário, mas são também ocasiãopara intensificar o turismo sexual, através da ação de grupos criminososque se organizam para aliciar, explorar e traficar pessoas”.

Por outro, lado, o bomdesportivismo nos momentos defalhanço é um treino para eventuaisdesafios e falhanços na vida. Porisso, o valor social e ético dodesporto, juntamente com umacompetição saudável, deve sersempre colocado no centro dequalquer acontecimento desportivo.Infelizmente, hoje em dia, o desportoé muitas vezes associado ao aspetoeconómico, competitividadeexcessiva, violência e exclusãodaqueles que “simplesmente nãosão os melhores”.Para enfrentar esta questão,deveríamos estar unidos edeterminados em desafiar qualqueraspeto distorcido que se possaintrometer, reconhecendo-o comoum fenómeno oposto ao totaldesenvolvimento do indivíduo e aodesfrutar da vida.

O apoio pleno aos valores do idealolímpico em cada competição é oprimeiro compromisso que qualquerEstado-membro tem de manter,fortalecendo os princípios éticos dodesporto e, através deles,promovendo o respeito pelosDireitos Humanos. Para fortaleceresta mensagem de inclusão e não-discriminação difundida pelo idealolímpico, é de grande importânciaimplementar e facilitar um desportolivre de barreiras para todos, emparticular as crianças e jovens,pessoas com deficiência, mulheres eraparigas.A este respeito, os JogosParalímpicos são um exemplo deinclusão e uma demonstração decomo o desporto, também para aspessoas com deficiência, é umaoportunidade

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para se expressar a si próprio, deacordo com os talentos e aslimitações de cada um.Em conclusão, a Santa Sé acolhede bom grado o uso do desportocomo uma ferramenta para criar umambiente mais favorável para osDireitos Humanos e encoraja os Estados-membros, o ComitéOlímpico Internacional e o ComitéParalímpico Internacional acontinuar os seus esforços parapromover o ideal olímpico em todo omundo e em cada desporto. Maisainda, a Santa Sé

encoraja a prática do desporto paraconstruir pontes entre os povos,nações e continentes, bem como nasociedade. Desde que praticadocom respeito pela dignidadehumana, é uma ferramentapoderosa para criar uma sociedadeglobal mais inclusiva.

Arcebispo Ivan Jurkovic,Observador Permanente da Santa

Sé na ONU, Genebra32ª sessão do Conselho dos

Direitos Humanos, painel sobre o“Uso do Desporto e do Ideal

Olímpico na promoção dos DireitosHumanos”

O comité organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, noRio de Janeiro (Brasil), reuniu-se com representantes de cinco religiõespara definir o funcionamento do centro inter-religioso na Aldeia Olímpica.O padre Leandro Lenin, coordenador do centro inter-religioso do Rio2016, explicou que o espaço vai ter uma sala para cada religião:cristianismo, judaísmo, budismo, hinduísmo e islamismo (esta última comuma sala extra para mulheres). Haverá ainda um espaço misto deaconselhamento e o segundo piso será um ambiente de convivência.Em nota divulgada pelo site oficial dos Jogos Olímpicos 2016 adianta-seque cada capelão vai ter um “guia”, para explicar aspetos básicos docentro.

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Vá para fora cá dentrohttp://www.visitportugal.com/

Como forma de ajudar naprogramação das férias que estão àporta, esta semana proponho umavisita ao sítio oficial de promoçãoturística do destino Portugal,desenvolvido pelo Turismo dePortugal.Ao entrarmos neste espaço virtual,ficamos maravilhados com asimagens que vão passando à nossafrente. Ao nosso dispor temos umaquantidade enorme de opções quenos permitem programardevidamente toda e qualquerviagem dentro deste retangulo àbeira-mar plantado. Aqui, ireidestacar aquelas que consideroserem as mais relevantes, ficandoas restantes para que o utilizador asexplore a seu bel-prazer.

informações úteis para quem viajapelo nosso país, com propostas deviagens a rotas turísticas fabulosas,bem como eventos culturais eartísticos relevantes e ainda,algumas promoções de alojamentovantajosas.Na opção “o que fazer”, dispomosde um roteiro completo pela arte etradições portuguesas. Desde asaldeias históricas feitas de granito,às aldeias do xisto descobrindo umverdadeiro paraíso na zona centro,passando pelas terras alentejanasonde os vestígios do passado sãoautênticos desafios à imaginação.Dentro da mesma área dispomosainda do item “gastronomia evinhos”, onde encontramossugestões que são um autênticocardápio de sabores e prazeres quenos surpreendem e conquistam.Somente para aguçar

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o apetite, somos transportados paraos prazeres do Minho, para as rotasdo vinho verde, do Dão, nãoesquecendo os saboresalentejanos, fazendo-nos esquecerpor momentos as tão faladas dietasnesta altura do Verão!Em “regiões”, dispomos de umconjunto de propostas turísticasdevidamente catalogadas pelasdiferentes regiões de Portugal(norte, centro, Alentejo, Algarve,Açores e Madeira).Por último, caso pretenda ver tudoaquilo que é possível ver, explorar,visitar e vivenciar aceda a“o queprocura”. Aqui temos um manancialenorme de possibilidades para

realizar devidamente catalogado poritens, que nos ajudam a organizarmelhor a nossa próxima viagem eassim estarmos já preparados parao que iremos encontrar.Partilho aqui então a sugestão deum sítio fantástico que nostransporta para o que de mais rico ebelo possui o nosso país.Claramente um endereço a guardare utilizar com frequência.

Fernando Cassola Marques

[email protected]

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Recortes da História da Guiné-Bissau

Catarina Lopes é gestora deprojetos de desenvolvimento naFundação católica ‘Fé eCooperação’ (FEC), com a qual fezvoluntariado missionário na Guiné-Bissau, no setor da educação, entre2001 e 2002, e agora publicou“recortes da história” desse país.A autora explicou à AgênciaECCLESIA que a vontade deescrever a nova publicação surgiunum encontro de professores, numaescola no meio do mato, em 2001,quando foi recordado o “conflito de1998, 11 meses muito delicados, ena mesma sala havia

pessoas que colocavam figurascomo tiranos e outros como heróis”.Catarina Lopes assinala que “cercade 60%” da população guineense “éanalfabeta”, por isso, o “objetivo” dapublicação é registar a história dopaís de África porque se “passa sópela oralidade, é muito fácil deturpa-la”.A autora refere que, numa primeirafase, a recolha de dados para os‘Recortes da História da Guiné-Bissau’ foi realizada por “colegasatravés da internet”, algo que “édifícil” porque, geralmente, asnotícias “são sempre

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muito negativas e estão ligadasentre dimensão politica, militar,mortes, assassinos”.A gestora de projetos dedesenvolvimento da FEC observaque desde a independência, emmédia, o poder político no paíslusófono tem a duração de doisanos e meio que “numa estimativade quatro anos é muito pouco” e aalternância passa por “golpe deestado, uma queda de governo,uma reestruturação”.Os prefácios de ‘Recortes daHistória da Guiné-Bissau’ foramescritos pelo jornalista portuguêsJosé Pedro Castanheira e peloescritor guineense Abdulai Silá, queestão “muito ligados” ao país, com opropósito de mostrar a sua“complexidade, diversidade eriqueza”.Catarina Lopes adianta tambémuma particularidade que vê naGuiné-Bissau e está retratada nolivro, onde não estão “sóguineenses”, com os seus “mais de28 grupos étnicos”, mas todos que“fazem parte da sua história sejapositiva ou negativa”, comreferências a Cabo Verde, Portugal,e pessoas de outras nacionalidadescomo Chile e Mali que “tiveram umpapel importantíssimo”.“Os estrangeiros que seidentificaram com o país,afeiçoaram-se e querem contribuir”,sublinha.

A ligação da entrevistada à Guiné-Bissau começou numa experiênciamarcante de voluntariado de ummês, em 2000, com promessa de“voltar”.Depois a organização não-governamental para odesenvolvimento católica ‘Fé eCooperação’ abriu vagas para aGuiné-Bissau e Catarina Lopesdespediu-se do emprego da alturapara “embarcar” numa viagem quese realizou com atraso a 14 dejaneiro de 2001, devido aoassassinato do general AnsumaneMané.‘Recortes da História da Guiné-Bissau’ foi editado pela FEC quecontinua na Guiné-Bissau atrabalhar no setor da educação“sempre” na lógica de “formar epotenciar competências” derecursos humanos e de instituiçõesporque continuam “a acreditar”.

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II Concílio do Vaticano: A sociedadeportuguesa vista por Adérito SedasNunes

Nos finais de maio de 1963, os diplomados católicosportugueses reuniram-se para refletir sobre asperspetivas que um cristão pode/deve ter sobre odesenvolvimento económico.Como o desenvolvimento económico e a evoluçãosocial constituem dois aspetos de um mesmoprocesso evolutivo, Adérito Sedas Nunes, um dosoradores do encontro, destacou algumas dasprincipais transformações que a sociedadeportuguesa sofria na altura. Segundo o conferencista,entre 1950 e 1960, enquanto nos quatro distritos deLisboa, Porto, Aveiro e Setúbal a população aumentoucerca de 12%, contra apenas 4,7% no conjunto docontinente. A população de metade dos distritos docontinente (Beja, Castelo Branco, Coimbra, Évora,Faro, Guarda, Portalegre, Viana do Castelo e Viseu)diminuiu. Na década de 60 verificava-se umaconcentração crescente da população nas zonasurbanas e circum-urbanas.Entre 1953 e 1961 o produto nacional bruto aumentoucerca de 77% nas indústrias, 56% nos serviços eapenas 7,2% no sector primário. Verifica-se, assim, aolado de uma estagnação do sector primário, mormentena agricultura, um desenvolvimento económicorelativamente rápido das atividades secundárias eterciárias (indústrias e serviços).Estes dois ritmos diferentes de desenvolvimentoaliados à concentração crescente da populaçãoformam duas sociedades economicamente esociologicamente distintas: “uma sociedade moderna,em expansão económica e demográfica, e umasociedade tradicional, estagnada e em retrocessoeconómico e

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demográfico, que rodeia a primeirae cujos recursos materiais ehumanos são por esta amplamenteaspirados” (cf. Boletim deInformação Pastoral; nº 26;Setembro-Outubro de 1963, pág19).Na conferência, Adérito SedasNunes falou da irradiação crescenteda sociedade moderna sobre asociedade tradicional. Estairradiação opera-se através das viase meios de transporte melhorados,das trocas comerciais intensificadas,da invasão dos produtos industriais,da publicidade, do turismo e doincremento das

comunicações de massa.“Dela resulta o despertar, nasociedade tradicional, de umaconsciência de «atraso» e de«oportunidades de melhoria», queocasiona a formação de novas«aspirações», nos meios rurais, odespontar de uma «consciência dedireitos» e, finalmente, apoiada nararefação de mão de obra agrícolaem certas regiões, o aparecimentode «reinvidicações»”. (cf. revistacitada).Esta era a sociedade portuguesa,aos olhos de Adérito Sedas Nunes,na época do II Concílio do Vaticano.

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Julho 2016 09 de julho. Porto - Leça da Palmeira -Encontro do Movimento deEducadores Católicos com o tema«À procura de fontes de alegria» . Lisboa - São João da Talha -Sessão sobre «Descobre-te a timesmo...» promovido pela«Novahumanitas» (até 10 de julho) . Setúbal - Almada (Seminário deSão Paulo) - Jubileu da Juventudeda Diocese de Setúbal com apresença de D. José Ornelas . Fátima - A Diocese de Coimbra vairealizar a peregrinação ao Santuáriode Fátima para agradecer os “trêsanos do plano pastoral” que agorase concluem. . Braga - Celorico de Basto (SãoRomão do Corgo) – 08h30 -Romagem de Braga a São Romãodo Corgo, terra do venerável freiBernardo de Vasconcelos . Lisboa – Sé, 10h30 - Missa ebênção das pastas dos enfermeirospor D. Joaquim Mendes

. Porto – Sé, 21h30 - Vigília dasordenações com concerto coralsinfónico 10 de julho. Braga - Terras de Bouro - Festas de São Bento da PortaAberta (até 12 de julho) . Bragança – Sé -Ordenação dedois padre e um diácono . Porto – Sé - Ordenações dediáconos e de presbíteros . Coimbra - Miranda do Corvo (Salãodos Bombeiros), 09h30 - Encontrodo Movimento de Espiritualidade daSagrada Família (MESF) com otema «A misericórdia na família e nacomunidade» orientado porMartinho Soares . Fátima - Domus Carmeli, 16h00 - Lisboa, 14 jun 2016 (Ecclesia) – Omissionário em Timor-Leste desde1974, padre José Alves Martins, vaiapresentar a sua nova obra, dia 10de julho, em Fátima, com o título «OMistério da Realidade».

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. Aveiro – Sé, 16h00 - Ordenaçãosacerdotal do diácono GustavoFernandes por D. António Moiteiro,Bispo de Aveiro. 12 de julho. Fátima -Peregrinaçãointernacional aniversária presididapor D. Nuno Almeida, bispo auxiliarde Braga . Fátima - Casa de Nossa Senhoradas Dores, 10h30 - Conselhopermanente da CEP (ConferênciaEpiscopal Portuguesa) . Porto - Paço de Sousa, 11h00 - Eucaristia dos padres naturais dePenafiel integrada nascomemorações dos 60 anos damorte do Padre Américo 13 de julho. Leiria – Sé, 19h15 - Eucaristia dadedicação da Catedral de Leiriacom instituição de seminaristas nosministérios de acólito e de leitor e acelebração do rito de envio demissionários do CaminhoNeocatecumenal

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08 a 10 julho, Ilha de São Miguel, Açores

A pastoral vocacional e juvenil da Ouvidoria da Lagoa,promove o Festival multidisciplinar ‘Zarpar’ com o lema“Celebrar a alegria da fé e da vida e Evangelizar pelaarte”, no Convento dos Frades. A segunda ediçãodesta iniciativa inclui a peregrinação diocesana deacólitos. 10 julho, PortugalTrês dioceses do norte de Portugal - Aveiro,Bragança-Miranda e Porto - estão em festa comordenações sacerdotais e diaconais este domingo, apartir das 16h00 nas respetivas Catedrais. 14 julho, Santuário de FátimaO Santuário dinamiza o primeiro curso intensivo parajovens investigadores de História e Ciências Sociais ea primeira fase das Oficinas Musicais Criativas, queterminam com um dia de diferença, respetivamente a16 e 17 de julho.O objetivo das duas iniciativas é divulgar e aproximaros respetivos públicos-alvo da temática das Apariçõese da mensagem mariana de Fátima. Lisboa‘A Esperança é a última a morrer’ é uma exposição de12 fotografias de crianças que vivem em campos deacolhimento no Líbano. Da autoria do fotógrafo NunoVeiga as fotografias estão em mupis das ruas deLisboa, até 19 de julho.A campanha da PAR - Plataforma de Apoio aosRefugiados pergunta a quem passa: “Nos campos derefugiados, milhares de crianças esperam a nossasolidariedade. Acreditam que alguém se vai lembrardelas. Irá mesmo?”

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h30Domingo, 10 de julho, 7h55- Rainha Santa Isabel. Segunda-feira, 15h00 - Entrevista a Carlos AguiarGomes, sobre São Bento da Porta Aberta Terça-feira, 12h40 -Informação e entrevista a adois alunos do curso bíblico"O Mundo da Bíblia" Quarta-feira, 12h40 - Informação e entrevista a JoãoPereira sobre campanha da Cáritas pela paz na Síria Quinta-feira, 12h40 - Jornada Mundial daJuventude. Informação e entrevista ao padre JoãoDias e Mauro Santos Sexta-feira, 12h40 - Análise à liturgia de domingopor frei José Nunes e padre Armindo Vaz. Antena 1Domingo, dia 10 de julho - 06h00 - Ética noDesporto Segunda a sexta-feira, 11 a 15 de julho - 22h45 -JMJ Cracóvia 2016: dioceses de Lisboa, Viseu, Beja,Aveiro e Porto

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Ano C – 15.º Domingo do TempoComum Vai aoencontro dopróximo comamor ecompaixão!

O Evangelho deste 15.º domingo do tempo comum diz-nos que o amor, a Deus e ao próximo, é que dá plenosentido à vida, que em Deus é eterna. “Vai e faz omesmo”, diz Jesus a cada um dos que querem seguiresse caminho. Faz o mesmo que o samaritano, umherege e um infiel, segundo os padrões judaicos, masque é capaz de deixar tudo para estender a mão a umirmão caído na berma da estrada.A parábola do Bom Samaritano é tão conhecida quepodemos perder o seu sabor e sentido para a nossavida. Sabemos bem que Jesus muda a ordem dascoisas: não se trata de saber quem é o meu próximo,mas de me fazer, eu próprio, o próximo de qualquerpessoa. Toda a pessoa torna-se próxima para mim, namedida em que eu a considero como um irmão.Nesta parábola, Jesus não escolhe os protagonistasda história por acaso. O doutor da Lei que se dirige aJesus é certamente conhecedor e fiel observante daLei.Jesus apresenta, em primeiro lugar, o exemplo de umsacerdote e um levita, dois especialistas do cultocelebrado no Templo de Jerusalém. A Lei dáprescrições muito estritas aos responsáveis do cultode então. Deviam respeitar escrupulosamente as leisda pureza e, em particular, evitar a qualquer preçoqualquer contacto com os mortos, à exceção dos maispróximos da sua família. O sacerdote e o levita, alémde não se aproximarem do infeliz ferido meio morto,afastaram-se dele, porque obedeciam à Lei.Depois, Jesus coloca em cena um samaritano. SãoJoão precisa: “os judeus não tinham relações com ossamaritanos”. Este estrangeiro, este pária aos olhosdos judeus fiéis, não está encerrado no sistema daLei. Pode encontrar a liberdade do amor semfronteiras.

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Eis a grande lição de Jesus. A Lei éboa, sem dúvida, mas com acondição de estar ao serviço docrescimento do amor; “o sábado foifeito para o homem, não o homempara o sábado”.A Igreja promulgou numerosas leis,convidando-nos a respeitá-las. Porexemplo, é bom não faltar à missaao domingo. E muito bem. Mas se,no resto da minha vida, esqueço asexigências evangélicas do amor,arrisco passar ao lado do meu irmãoferido. Afinal, estou do lado dosacerdote e do levita, ou do lado dosamaritano? É a mim, a cada um de

nós, que Jesus diz: “Então vai e fazo mesmo”. Vai ao encontro dopróximo, ama, tem compaixão emisericórdia!Oxalá que as nossas comunidadesnão sejam uma espécie de clubesfechados, reservados a sócios,onde é proibida a entrada aestranhos, mas sejam comunidadesde misericórdia, acolhedoras detodos sem exceção, onde todos sesentem amados e têm lugar, emparticular aqueles que a vida atirapara a berma da estrada.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Santa Isabel, exemplo demisericórdia

O núncio apostólico em Portugalpresidiu em Coimbra à Missa dasolenidade litúrgica de Santa Isabelde Portugal (1271-1336),apresentando a figura da RainhaSanta como exemplo de“inquietação” perante o sofrimentodo próximo. “A indiferença nuncaendureceu o coração de SantaIsabel e nunca se instalou na suavida”, disse D. Rino Passigato,

na homilia da celebração a quepresidiu na igreja de Santa-Clara-a-Nova.Na intervenção, enviada à AgênciaECCLESIA, o representantediplomático do Papa evocou os 500anos da beatificação da RainhaSanta Isabel, “padroeira e protetora”da cidade de Coimbra, onde seencontra o seu túmulo, celebradosem pleno

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Jubileu Extraordinário daMisericórdia proclamado pelo PapaFrancisco.A Misericórdia, sublinhou D. RinoPassigato, não é uma palavraabstrata, mas um sentimento que“obriga cada dia a equacionar asatitudes e ações para com os maisfracos e desprotegidos”. “ Neste AnoSanto – diz-nos o Papa Franciscona Bula Misericordiae Vultus – ecito: poderemos fazer a experiênciade abrir o coração àqueles quevivem nas mais variadas periferiasexistenciais, que muitas vezes omundo contemporâneo cria deforma dramática. Quantas situaçõesde precariedade e sofrimentopresentes no mundo atual! Quantasferidas gravadas na carne de muitosque já não têm voz, porque o seugrito foi esmorecendo e se apagoupor causa da indiferença dos povosricos!”.Santa Isabel, assinalou o núncioapostólico, “praticou em alto grau asObras de Misericórdia”, pelo que

“o nome e a ação da Rainha Santaandam para sempre a elasassociados, perdurando na memóriadas gerações que lhe sucederam”.D. Rino Passigato recordou a“missão religiosa, política, social ehumana de primeira grandeza” queD. Isabel de Aragão desempenhouem Portugal, uma açãoparticularmente marcada pela“caridade para com osdesventurados” e a procura da paz.A homilia sublinhou, por isso, apreocupação que acompanhou osúltimos dias da vida de Santa Isabelna mediação do conflito entre D.Afonso IV de Portugal e D. Afonso XIde Castela, tendo conseguido“A vida da Rainha Santa Isabelextinguiu-se depois de tanto esforçoe sacrifício”, observou D. RinoPassigato.A cidade de Coimbra está a celebraraté 13 de julho as festas da RainhaSanta, no jubileu do V centenário dabeatificação de D. Isabel de Aragão.

O Papa Francisco vai receber a 11 de novembro, dia de São Martinho, avisita de milhares de sem-abrigo europeus, no âmbito do Jubileu daMisericórdia. A iniciativa é promovida pela associação ‘Fratello’ (irmão),que apresenta a peregrinação como uma forma de colocar as pessoas“mais frágeis” da sociedade no “centro da Igreja.Aqueles que vivem em situação de precariedade vão ter catequeses nasmanhã de 11, 12 e 13, e as tardes vão ser ocupadas com diligênciasjubilares e vistas a Roma (Itália).

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«Copa Católica», o campeonato defutebol na Jornada Mundial daJuventude

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Na Jornada Mundial da Juventude2016, em Cracóvia, capital daPolónia, os peregrinos para além doencontro, do louvar a Deus tambémsão desafiados a praticar desportono Festival da Juventude, nocampeonato de Basquetebol deRua, na competiçãode breakdance e no torneio defutebol.Segundo informa a organizaçãolocal ao todo qualificaram-se 48equipas de vários países do mundo,como Brasil, Guatemala, Líbano,Nigéria e “os maiores grupos sãooriundos da França e da Itália”.Entre os jogadores estão amadorese profissionais, de paróquias ecomunidades, onde se destacam asIrmãs de Nossa Senhora das Doresde Cracóvia.O criador da Copa Católica, GabrielDel Fiaco, explica que o objetivo dotorneio “não é ganhar, masencontrar pessoas quecompartilham os mesmos valores”.Os jogadores são incentivados acriar uma comunidade real que é“muito diferente culturalmente” epara além do desporto também a févai uni-los uma vez que cada jogocomeça com uma oração comum.Os primeiros jogos de qualificaçãosão disputados a 26 de julho e afinal que

vai determinar o vencedor estámarcada para o dia seguinte. Osjogos são disputados no Centro deDesenvolvimento da Zona Com-Com, na Rua Ptaszyckiego 6, emCracóvia.“Temos a certeza que todos estarãomotivados para vencer, mas tambémprontos para ajudar o outro senecessário”, comentou Gabriel DelFiaco que acredita que a iniciativa éuma oportunidade para praticar asObras de Misericórdia Corporais eEspirituais com “pequenos gestos”que são a essência do evento.Segundo a organização para alémdo futebol também estãoconfirmadas outras atividadesdesportivas como o campeonato deBasquetebol de Rua e e acompetição de breakdance.(Departamento Nacional da PastoralJuvenil a partir do original no sítioonline oficial da JMJ2016) O Festival da Juventude faz parte doprograma da Jornada Mundial daJuventude, onde os jovens sãocapazes de encontrar Deus na outrapessoa, ao partilhar as suas paixõese talentos com os outros. Nestaocasião os jovens vão faz barulhonas ruas, nos parques e praças dacidade, não somente em Cracóvia,mas também nos arredores dacidade.

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Os dias difíceis da comunidade cristã em Zanzibar

Sobreviver ao medoA cada dia que passa cresce oreceio entre a minoritáriacomunidade cristã em Zanzibar, naTanzânia. Desde há um par de anosque esta região, famosa comodestino turístico, tem sido abaladapor ataques com motivaçãoreligiosa. Os extremistas islâmicosparecem ter apenas um objectivo:acabar com a presença dosCristãos.Dia 2 de Maio. Igreja de Nyarwele,região de Kagera, na Tanzânia. Oalarme corre de boca em boca. Aigreja está a arder. Os primeiros quechegam tentam apagar as chamas,mas pouco conseguem já fazer.Documentos, cadeiras, bancos,livros litúrgicos, até um gerador.Este é o terceiro lugar de cultocristão incendiado desde o início doano. O incêndio da igreja deNyarwele veio reavivar o sentimentode medo que parece alastrar entretoda a comunidade. O Padre Bijura,porém, é dos que não desiste.“Aqueles que pensam que sedestruírem as nossas igrejas nãorezaremos mais, estão enganados...há uma grande árvore perto daigreja e continuaremos a reunir-nospor lá para rezar”.

A comunidade cristã do arquipélagode Zanzibar é muito pequena.Calcula-se que serão apenas cercade 10 mil fiéis, inseridos numapopulação estimada em mais de 1milhão de habitantes, na sua maioriamuçulmanos. A convivência entrereligiões decorria com normalidadeaté que grupos radicais procuraramtransformar Zanzibar num estadoindependente gerido pela “sharia”.O Verão de 2012 marcou o iníciodas hostilidades. Então, centenasde manifestantes invadiram igrejas,atacando cristãos, lançando omedo. O Padre Amos Kibona nãoesquece o que lhe aconteceu. Foi a28 de Maio. “Chegaram em grandenúmero, com machados e lanças,arrombaram a porta e queimaramtudo.” Ainda nesse ano, no dia deNatal, feriram o padre AmbroseMkanda, e, dois meses mais tarde,assassinaram o Padre EvaristusMushi. Agora, ninguém consegueesconder o receio do que possa vira acontecer.

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Exemplos de féO papel da Igreja em Zanzibar éfundamental. Cerca de metade dapopulação vive abaixo do limiar dapobreza. No arquipélago há oitoparóquias onde todos os dias umpunhado de homens e mulherestrabalham junto dos maisdesfavorecidos, e não apenas doscristãos. Como diz o Padre ThomasAssenga, “por aqui até osMuçulmanos são pobres”. Asprioridades da diocese são aeducação e a saúde. Fazendo dasfraquezas força, a Igreja querconstruir escolas e centros desaúde. E conta, para isso, com aajuda da Fundação AIS. De Zanzibarchegam-nos extraordináriosexemplos de fé. Apesar do medo,ninguém renuncia à sua missão. Umdos sacerdotes cujo trabalho éapoiado pela AIS,o Padre Cosmas Shayo, diz-nosque todos procuramencorajar-se mutuamente.Juntos são mais fortes. “Eupróprio tenho muito medo,mas sou padre e este é omeu local de trabalho. Seeles quiserem matar-me,morrerei aqui! Mas nãoposso fugir e deixar o povopara trás. Não vamosabandonar este lugar.” Paulo Aido www.aismisericordia.org

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Missão na Paróquia e além dela

Tony Neves Espiritano

Foz do Sousa está em festa. Esta pacataparóquia de Gondomar (Diocese do Porto)celebra as bodas de prata sacerdotais do P.Álvaro Rocha, pároco há 22 anos. Foi traçadoum ambicioso programa de festas, cominsistência na participação do maior número depessoas, pois todas as iniciativas estão abertas atoda a gente. Basta querer.Há concertos, celebrações, encontros, marchaspopulares, jantares…e uma Semana Missionáriaque, por estes dias, percorre todos os setelugares da Paróquia. Sim, a aposta na Missão,na Paróquia e fora dela, sempre foi opçãopastoral do P. Álvaro Rocha.Em 1998, as Paróquias de S. João da Foz doSousa e S. João do Lobito geminaram-se.Apontaram-se duas razões: o padroeiro comum eo facto do P. Manuel Martins Ferreira ser naturalda Foz do Sousa e grande missionário, anos afio, nos morros de S. João do Lobito. Estas ‘irmãsgémeas’ vão-se encontrando, ora na Foz doSousa, ora no Lobito. O momento alto destageminação foi a experiência Missionária quelevou, em Agosto de 2011, onze ‘Sousenses’ aAngola, uma equipa preparada e liderada pelo P.Álvaro Rocha.A Semana Missionária que decorre na Foz doSousa foi pensada e organizada para toda apopulação. As crianças têm o seu dia, os jovensestão na organização e mobilização, os adultosestão em muitas frentes, quer participando nascelebrações e encontros programados, querdando o seu melhor no ultimar da celebraçãocentral (na tarde de 17 de Julho), quer no jantarpartilhado que se seguirá

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à Eucaristia jubilar. Os doentestambém estarão no coração dopároco que os visitará a todos porestes dias de festa.O coração destas celebraçõesjubilares será a Missa campal, nodomingo 17, num lugar situadoentre a Igreja Paroquial e o RioSousa, quase na sua foz. Lá seconcentrarão, faça sol ou chuva,centenas de pessoas que queremmostrar a sua gratidão a um pastorde horizontes largos e dedicaçãototal.Uma última palavra sobre as opçõessolidárias e fraternas do P. Álvaro.Com muito esforço e bastantesdívidas por pagar, pôs de pé oCentro Social

Paroquial, que tenta responder aosproblemas que afetam idosos ecrianças. É uma obra enorme, degrande significado pastoral, masuma dor de cabeça constante paraque possa ser paga e sejaassegurado o seu funcionamentonormal. Ora, por ocasião das Bodasde Prata, o P. Álvaro pede que nãolhe dêem prendas e que o ofertórioda Missa e outros ‘lucros’ sejampara o Centro Social.Parabéns, P. Álvaro, por estetestemunho de vida sacerdotal, deMissão e de opção pelos maispobres que são imagem de marcado ‘pastor’ como é definido peloPapa Francisco: sempre com ‘cheiroàs suas ovelhas!’.

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