Alphonse Bue - Magnetismo Curativo Vol 1

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O magnetismo como fonte de cura

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  • Alphonse Bouvier (Alphonse Bu)

    Magnetismo Curativo

    Volume 1

    Teraputica Magntica Manual Tcnico

    Federao Esprita Brasileira

  • Alphonse Bouvier Magnetismo Curativo Vol. 1 - Manual Tcnico

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    ndice Prefcio da segunda edio ............................................................ 4 Prefcio do autor ............................................................................ 6 Introduo Ao curadora do magnetismo e maneira pela

    qual esta ao pode exercer-se no organismo ........... 8

    Teraputica Magntica Manual Tcnico I Princpios fundamentais ................................................. 22 II Das condies necessrias para magnetizar.................... 28 III Das condies necessrias para ser magnetizado............ 39 IV Da maneira de pr-se em relao.................................... 44 V Das imposies............................................................... 48

    Contatos simples ........................................................ 50 Contatos duplos ......................................................... 50

    VI Dos passes ...................................................................... 54 Passes longitudinais partindo de contato simples....... 55 Passes longitudinais partindo de duplo contato.......... 55 Imposies e passes combinados ............................... 57 Passes rotatrios......................................................... 58

    VII Das aes distncia ...................................................... 60 Imposies distncia ............................................... 62 Passes distncia ....................................................... 64

    VIII Da massagem magntica ................................................ 68 Frices...................................................................... 71 Malaxaes ................................................................ 75 Presses ..................................................................... 76

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    Percusses.................................................................. 77 Atitudes e movimentos .............................................. 82

    IX Das insuflaes............................................................... 95 X Das disperses .............................................................. 106

    Imposies de disperso .......................................... 107 Passes de disperso .................................................. 107 Insuflaes de disperso .......................................... 108

    XI Dos tratamentos............................................................ 113 XII Dos Processos............................................................... 123 XIII Das sesses e da escolha dos processos ........................ 129 XIV Da magnetizao em comum, ou tratamento pela

    cadeia ........................................................................... 144 XV Da automagnetizao.................................................... 151 XVI Da magnetizao dos animais e das plantas.................. 157 XVII Da magnetizao dos corpos inertes e dos acessrios

    que se podem empregar para as magnetizaes indiretas........................................................................ 166

    gua magnetizada.................................................... 170 Vidro magnetizado................................................... 173 Alimentos, metais e objetos diversos magnetizados. 174 O Som...................................................................... 175

    XVIII Da sensibilidade magntica .......................................... 178

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    Prefcio da segunda edio

    Sem que tenhamos a pretenso de apresentar uma traduo do presente livrinho escoimada de erros e impropriedades de ter-mos, temos, entretanto, plena convico de cingirmo-nos ao origi-nal tanto quanto nos foi dado escassez dos nossos conhecimentos no assunto.

    J de h muito se fazia mister uma nova edio deste manual. O acolhimento que teve a primeira edio, se bem no tivesse sido um sucesso de livraria, como vulgarmente se diz, teve, entretanto, uma sada muito auspiciosa, animando-nos a empreender de novo essa tarefa.

    Os que leram e, por certo, no foi pequeno o nmero dos lei-tores, nos trouxeram a convico de que o assunto j conta um nmero avultado de afeioados que, por sua vez, depois de pratica-rem, iro propagando os incomensurveis benefcios hauridos com o emprego dos eflvios magnticos no tratamento das vrias moda-lidades mrbidas que afligem a humanidade.

    Quanta lgrima enxugada, quanta dor e quanta aflio remo-vidas, graas ao emprego dos passes magnticos, que para os in-crdulos so ainda motivo de chufa e de desdm.

    Uma infinidade de casos bem observados e importantes tem obedecido teraputica fludica. O prprio tradutor deste trabalho inmeras vezes teve ocasio de empreg-la e em emergncias em que uma interveno imediata se fazia necessria e nunca teve ocasio de se arrepender.

    Pareceu-nos que devamos com mais propriedade mudar o ttulo do livro para Teraputica magntica em vez de Magnetismo Curativo, que, de modo algum, obedecia ao seu objetivo, parecen-do-nos antes uma adjetivao forense. No altera a essncia do livro e traduz melhor o seu intuito.

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    No entramos neste momento no modo pelo qual se operam as curas magnticas, porque, com franqueza, no achamos uma explicao positiva que nos autorize a expend-la.

    O que h so meras hipteses sobre as quais se tem arquiteta-do teorias mais ou menos especiosas.

    Respeitemos os fatos bem averiguados, sem preocupaes doutrinrias, e aceitemos, j que no podemos negar, que existem molstias fludicas que s cedem ao dos fluidos magnticos. Esta que a verdade.

    No um privilgio individual a fora magntica. Todos a tm em maior ou menor grau. Indivduos h, porm,

    to bem dotados desta propriedade, que conseguem verdadeiros prodgios em questo de cura por esse meio.

    Estes so o terror dos mdicos materialistas e vaidosos que vm o seu orgulho abatido diante de uns simples passes aplicados com toda a modstia.

    Felizmente j no pequeno o contingente de mdicos que aceita o magnetismo como agente teraputico e at aconselham-no nos casos de improficuidade da medicao aplicada.

    Abenoados sejam, porque acima da vaidade, que o apan-gio da classe, colocam a sade e o bem estar dos seus enfermos.

    Que esta nova edio tenha a sada da primeira e j nos da-mos por bem pagos com os frutos opimos que devero colher aqueles que fizerem uso dos processos metodizados e empregados pelo Sr. Bouvier, cuja exposio o leitor ter ocasio de apreciar no curso deste trabalho.

    A. C. 12-03-1919

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    Prefcio do autor

    Escrevi este livro no intuito no s de vulgarizar o modo mais simples de curar, como tambm com o fim de lhe propagar as aplicaes.

    Tal como se infere do seu ttulo, est destinado a ser manuse-ado como um resumo dos processos magnticos, apresentando o que h de essencial nos numerosos tratados publicados sobre esta matria.

    Resultado de um estudo acurado dos mestres, e de uma expe-rincia pessoal adquirida em vinte anos de prtica, recomenda-se este guia a todos os homens de boa vontade, desejosos de, por si mesmos, aliviarem os sofrimentos dos seus semelhantes.

    Recomendamo-lo principalmente aos pais e mes de famlias, que encontraro nesta instruo formulada com a maior clareza possvel, e pela aplicao de processos muito simples, um meio natural de promover sem medicao alguma, o desenvolvimento normal dos seus filhos, o que lhes permitir evitar os desvios de crescimento to desastrosos em suas conseqncias, combater qualquer sintoma medida que se apresente e, deste modo, manter permanente em seu foco este precioso elemento constitutivo da felicidade: a Sade!

    O estudo do magnetismo abrange trs graus distintos: 1o) os processos prticos; 2o) as consideraes psicofisiolgicas; 3o) as aplicaes teraputicas.

    Foi assim que julguei curial dividir este estudo para apresen-t-lo ao pblico em uma progresso lgica, suscetvel de evitar qualquer espcie de confuso.

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    A primeira parte, que corresponde ao presente Volume, sob a denominao de Manual Tcnico, compreende a enumerao e a explicao dos processos prticos: o primeiro grau de instruo, muito suficiente para qualquer aprendiz magnetizador. Porm, para conseguir ser mestre, para conhecer a fundo o magnetismo sob o ponto de vista terico e prtico, ser de vantagem estudar as mat-rias expostas nas duas outras partes Exposio dos Fenmenos e Lei dos Fenmenos , contidas no 2o Volume da presente obra, como complemento deste manual.

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    INTRODUO

    Ao curadora do magnetismo e maneira pela qual esta ao pode exercer-se no organismo.1

    A vida a resultante do conflito de duas foras opostas: fora centrfuga e fora centrpeta (disperso e condensao, eliminao e reabsoro). O sistema nervoso, regulador fisiolgico do organismo, entretm, por sua tenso normal, este duplo movimento da vida. A ao magntica, por sua influncia direta sobre o sistema nervoso, atua no sentido do funcionamento vital e, mantendo o equilbrio funcional, restabelece e conserva a sade.

    No se pode tratar da patologia, da matria mdica ou da te-raputica, sem que primeiro se faa uma idia do fenmeno vital. A cincia s existe quando fecundada por uma concepo filosfica; e o prtico, qualquer que seja a escola a que pertena, no pode encontrar a explicao dos seus atos sem que primeiramente tenha levantado este problema em seu esprito e o resolva.

    Esta necessidade de reunir os estudos de anlise sob a pre-dominncia de uma sntese, promana da prpria histria das dou-trinas mdicas, e pode dizer-se que essa histria se resume no antagonismo perptuo de dois princpios: Espiritualismo e Mate-rialismo, conforme se tinha julgado conceder preeminncia ao Impondervel ou ao Pondervel, ao Esprito ou Matria.

    Ainda atualmente essa luta continua; a escola oficial, agindo largamente na constituio orgnica e na influncia dos meios, sacrifica absolutamente aos agentes fsico-qumicos o influxo vital, de que os vitalistas, no seu aodamento de reagir contra as teorias

    1 Tese sustentada pela Sra Bouvier em 24 de outubro de 1809 no Con-

    gresso Internacional Magntico.

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    materialistas, fizeram, tambm, sem razo de ser, o deus ex-mquina de suas concepes.

    Infelizmente, levado a dirigir-se aos extremos, o esprito hu-mano confinou-se intimamente em especializaes estreis, admi-tindo apenas a experimentao pura, ou transviou-se nos meandros de uma metafsica nebulosa, apoiando-se exclusivamente em dados hipotticos. Impulsionados pelo ardor da nossa imaginao, no possumos, geralmente falando, nem o critrio nem a prudncia de nos determos em um meio termo: somos exclusivistas por natureza.

    Impressionados profundamente pela singularidade pasmosa dos fenmenos do universo, onde nos deixamos arrebatar pelas regies da fantasia, ou, cticos pela razo, nos esforamos em reagir contra esses desvios, limitando-nos a tudo materializar e s admitir o que cai sob o domnio dos nossos sentidos.

    Este ltimo excesso, parece-nos, sobrelevou sempre o outro, e eis de que modo, depois de passados tantos sculos, o velho lema da antiga filosofia peripattica: Nihil est intellectu quod prius non fuerit in sensu, ainda a senha da escola cientfica moderna.

    a que se acha o verdadeiro escolho contra o qual tem vindo e vir de contnuo chocar-se o esprito humano, todas as vezes que tenta ou procura abordar a explicao dos fenmenos da natureza.

    Referirmo-nos unicamente aos nossos sentidos para julgar o que nos cerca no somente estreitar voluntariamente o crculo de nossas percepes, mas tambm principalmente criar para ns uma fonte inesgotvel de erros.

    Efetivamente, quantas coisas existem fora dos nossos senti-dos! Quo inmeras combinaes de formas e foras lhes escapam! E quando casualmente algumas dessas metamorfoses caem sob o raio das nossas percepes, passando por nossos instrumentos sensoriais, que precaues no preciso tomarmos para que as aparncias no nos enganem?

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    A cada momento algum fenmeno na natureza fornece-nos a prova: se mudamos de lugar com qualquer velocidade, quer em estradas de ferro, quer em balo, a iluso dos nossos sentidos nos apresenta todos os objetos movendo-se em derredor de ns, e entre-tanto temos a sensao de estarmos imveis.

    As graduaes da perspectiva no nos mostram os objetos se aproximando uns dos outros, proporo que nos afastamos deles? O homem, finalmente, no comeou por considerar a Terra como o eixo do Universo; e, iludido pelos sentidos, no afirmou que os inmeros fogos acesos nas profundezas infinitas do espao giravam em torno do seu globo nfimo?

    Para voltar realidade, para ver as coisas debaixo do seu ver-dadeiro aspecto, foi-nos preciso, e nos ainda, fazer um esforo sensvel, apelar para certa evoluo cerebral, mui especialmente preposta elevao de nossas percepes sensoriais, como tm por fim certos rgos do crebro por si mesmos, levantar a imagem invertida que a nossa retina recebe pelo mecanismo da viso.

    Esta evoluo cerebral, que sem esforo se pode considerar um sexto sentido encarregado de sintetizar as impresses percebi-das pelos outros cinco, o que se conveio chamar a abstrao; e cumpre que nos compenetremos bem deste fato, que nenhum juzo preciso pode ser feito sem o auxlio e o exame do sentido abstrato.

    Se, portanto, quisermos encontrar um terreno de conciliao, sobre o qual os dois partidos inimigos, que no cessam de trocar eptetos malsonantes de materialista e fofo sonhador, possam vir tratar e se congraar, absolutamente preciso que se no menos-preze a observao direta e a abstrao, a experimentao pura e a idia metafsica. Em uma palavra, cumpre com um trao de unio ligar o objetivo ao subjetivo. Somente desse modo poder-se-o firmar bases slidas fisiologia e a teraputica, estabelecer as relaes de reciprocidade orgnica pelas quais as propriedades dos

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    corpos vivos se nos manifestam, e fazer-se uma idia justa daquilo que se chama o fenmeno vital.

    As palavras vida, morte, sade, molstia no tm, alis, para ns nenhuma realidade objetiva; so expresses teis para a como-didade da linguagem, porm estas abstraes nos permitem estabe-lecer a relao dum movimento a sua causa, e assim que pode-mos, at certo ponto, penetrar os mistrios da vida!...

    Partindo desse ponto de vista, podemos dizer (e nisto estamos de acordo com os nossos mestres de fisiologia) que a vida nos aparece desde logo como resultado de uma colaborao ntima entre dois fatores absolutamente solidrios, igualmente impotentes um sem o outro, e sem a unio dos quais estaciona qualquer expan-so vital.2

    Esses dois fatores so, de um lado, a forma vital ou inicial do ser; do outro, a fora fsico-qumica dos meios da matria.

    Ainda por outro lado, vemos que a vida s subsiste pelo en-cadeamento de duas ordens de fenmenos indivisivelmente unidos:

    1o) Os fenmenos funcionais ou de dispndio vital, pelos quais se vai consumindo a matria viva nos rgos em funo.

    2o) Os fenmenos plsticos ou de organizao nutritiva, pe-los quais se formam as reservas de nutrio e se regene-ram os tecidos pelos rgos em repouso.

    A vida, procedendo assim por eliminaes e reabsores su-cessivas, se entretm, pois, por um duplo movimento de irradiao e atrao, cuja alternativa obedece regularmente s foras centr-fugas e centrpetas.

    Do mesmo modo que a pndula de um cronmetro, com as suas oscilaes para a direita e para a esquerda da vertical, deixa 2 Claude Bernard: Phnomnes de la vie.

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    continuamente o ponto de equilbrio e volta sempre para ele, for-mando um equilbrio instvel em cada pancada obtida e em cada pancada destruda, assim tambm se nos apresenta a vida como a imagem de um equilbrio oscilatrio produzido por um trabalho incessante de desassimilao e assimilao.

    A sade, isto , a integridade de toda vida, prende-se regu-laridade absoluta desse duplo movimento, do mesmo modo que a correo do tic-tac de um cronmetro o indcio certo da perfeio de seu regulador.

    De que modo, pois, se firma o equilbrio entre a eliminao e a reabsoro, entre essas duas ordens de fatos inversos to indis-pensveis expresso do fenmeno vital?

    Qual , em ltima anlise, o regulador da vida? Intervm aqui o terceiro fator, completando a admirvel tri-

    plicidade que constitui a unidade sinttica do organismo humano. Esse terceiro fator o sistema nervoso. A exemplo da grande corda do cronmetro de que falamos h

    pouco, ele forma a pea de compensao entre as aquisies e as perdas da economia.

    ele que, nas profundezas silenciosas da vida vegetativa que se furta aos nossos olhares, tem a misso de equilibrar o movimen-to de reconstituio orgnica com as ruidosas manifestaes dessas combustes funcionais que so a expresso exterior da vida!

    Poderoso agente trmico, ele que mantm o calor animal em seu grau normal,3 e que, pelas relaes anatmicas existentes entre os dois grandes aparelhos vitais, o sistema nervoso crebro-espinhal e o sistema nervoso grande simptico, estabelece essa troca constante de aes e reaes entre a vida animal e a vida vegetativa, por interposio de uma srie de pares nervosos que 3 Claude Bernard.

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    unem as faculdades da alma s faculdades vegetativas, assim como os dois plos de um m esto unidos entre si por um eixo.4

    ele que nos une a Fora Matria por um princpio de sub-servincia recproca, graduada, tonalizada. , finalmente, ele que regulariza de maneira absoluta, por seu estado de tenso, o diapa-so da tonalidade viva.

    Quando esta subservincia recproca e devidamente tonaliza-da da Fora e da Matria acontece romper-se, por haver predomi-nncia de um dos antagonismos; e quando o sistema nervoso no mais impe sua ao moderadora, instantaneamente o equilbrio tonal se quebra, as funes de eliminao se travam, as metamor-foses nutritivas se suspendem ou se perturbam e o ato patolgico denuncia-se: eis a Molstia!...

    Efetivamente, a molstia no mais que uma tenso orgnica deslocada e indevidamente acumulada num ponto: mais ou menos, ou uma simples migrao de tenso ou um rompimento de tona-lizao.

    A destruio da tonalidade, com a impossibilidade de retorno ao grau de tenso normal: eis a Morte.

    Apresentando o sistema nervoso como o grande regulador fi-siolgico dos organismos (assim como lhe chama o prprio Claude Bernard), encontramos o verdadeiro veculo do duplo movimento centrpeto e centrfugo da vida, e por conseguinte podemos expli-car as ntimas relaes existentes no homem entre o seu fsico e o seu moral.

    Estamos constantemente sob a influncia das excitaes par-tidas dos centros e das impresses vindas do exterior, e podemos, de alguma maneira, classificar as nossas paixes e as nossas mols-tias centrfugas e centrpetas...

    4 Philips: lectro-dynamisme vital.

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    A integridade de nosso equilbrio tonal pode, portanto, ser a-tacada e perturbada de duas maneiras: quer pela reao do fsico sobre o moral, quer pela reao do moral sobre o fsico; e a impres-so mental, por mais inaprecivel que seja, muitas vezes o agente morbfero mais rpido, mais irresistvel e mais fatal.

    O medo, a clera, a indignao, o desgosto, podem perturbar o equilbrio de nossa tonalidade indefinidamente, e o choque de um pensamento violento pode tambm romper instantaneamente os laos da vida, do mesmo modo que uma simples perturbao mate-rial de nossos rgos digestivos pode nulificar os sentimentos de nossa alma e cercear o nosso livre arbtrio.

    De qualquer lado que parta o obstculo, desde que a relao ntima que deve existir entre a Fora livre e a Matria especificada est perturbada, desde que no h mais igualdade perfeita entre a ao centrfuga e a ao centrpeta, d-se a destruio do equil-brio, e por conseguinte uma tendncia iminente suspenso e cessao do fenmeno vital.

    Para que as pancadas do pndulo do cronmetro se conser-vem regulares, para que o mecanismo do aparelho funcione sem interrupo, preciso que haja uma perfeita proporo no antago-nismo das duas foras que o acionam, porque a lei fundamental do encontro das foras em a natureza a limitao.

    Todo o segredo dos organismos vivos est, portanto, na justa Limitao da Fora Inicial do Ser pelas Foras Exteriores, e a realizao correta do fenmeno vital reside na justa Limitao da Fora vital pelas foras Fsico-Qumicas, debaixo da influncia reguladora e preponderante do sistema nervoso, mantido cuidado-samente em sua tenso normal.

    Em uma palavra, a vida a conseqncia do antagonismo destas duas potncias, antagonismo que, entretendo o duplo movi-mento de expanso e de retrao, de disperso centrfuga e de

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    condensao centrpeta, destri incessantemente um equilbrio continuamente renovado e mantm assim o estado constante da tonalizao, que a forma estabelecida pela natureza para manietar o antagonismo da Fora e da Matria com intuito de sintetizao.5

    Se , portanto, na rede nervosa que se opera o encontro das duas foras antagnicas, as quais, por seu movimento centrfugo e centrpeto, formam a dupla pulsao da vida; se nele e por ele que se efetua a justa limitao da fora inicial do ser pelas foras externas; se por intermdio do sistema nervoso que percebemos as excitaes partidas dos centros vitais e as impresses vindas do exterior; se, em uma palavra (com a prpria confisso dos nossos mais eminentes fisiologistas modernos), o sistema nervoso o grande regulador fisiolgico dos organismos vivos, no h dvi-da que, se se consegue encontrar o meio de acionar diretamente o sistema nervoso de maneira a reconduzi-lo sua tenso normal quando dela se afaste, tambm no h dvida de que nos apossare-mos incontestavelmente do mais seguro, mais poderoso e mais eficaz dos agentes teraputicos.

    Esta confirmao, temo-la da prpria boca de um dos nossos fisiologistas, que incontestavelmente consideramos o mais autori-zado a decidir nesta matria.

    Em suas notveis lies sobre o calor animal, Claude Ber-nard, efetivamente, depois de haver exposto o mtodo refrigerante empregado para dominar as febres graves; depois de ter demons-trado que fora dos perigos que apresenta o emprego dos antipirti-cos, a ao destes especficos sobre o organismo nada tem de certo nem de cientificamente aceitvel; depois de ter explicado, final-mente, com aquela admirvel clareza que o caracteriza, a influncia preponderante e absoluta do sistema nervoso na realizao dos fenmenos vitais, Claude Bernard se exprime deste modo: 5 Louis Lucas: Medicine nouvelle.

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    Nestas circunstncias, a mais racional ao teraputica, a nica indicada fisiologicamente, seria evidentemente a que se dirigisse diretamente ao sistema nervoso; porm, no estado atual dos nossos conhecimentos, esta ao nos imposs-vel!6

    Por esta confisso de fraqueza do sbio professor do Colgio de Frana, ns, humildes operrios do pensamento, que temos procurado a soluo do problema, podemos responder:

    Esta ao teraputica que julgais impossvel, ns a co-nhecemos.

    Temo-la em nossas mos e servimo-nos dela. Por um trabalho perseverante e tenaz estudamos o seu me-

    canismo, averiguamos a sua eficcia e admiramos o seu po-der.

    Esse agente maravilhoso cuja existncia no conhecestes, nem pressentistes, to velho como o mundo! uma dessas admirveis foras da natureza posta disposio de todos, do mais ignorante como do mais sbio, do mais humilde como do mais poderoso.

    o agente teraputico universal que nos chega das pro-fundezas do infinito e que emerge das prprias fontes da vi-da, como o calor, a eletricidade e a luz.

    o magnetismo!

    Bem sabemos que se contesta aos magnetizadores a influn-cia benfica que pretendem exercer com suas imposies e seus passes; tambm no ignoro que se vai at negar a possibilidade de uma transmisso nervosa de organismo para organismo. Mas os

    6 Claude Bernard: Leons sur le chaleur animale, pg. 447.

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    fatos a esto, numerosos, indiscutveis; e na verdade no pode haver dvida seno para aqueles que no querem ver!

    Podemos, afinal, responder aos adversrios do mesmerismo servindo-nos de seu prprio argumento. No dizem eles (e um fato, alis, reconhecido pela doutrina hipocrtica) que quando uma causa nociva vem lesar uma parte do corpo ou perturbar o jogo de uma funo, produz-se desde logo, na parte interessada, e mesmo em todo o organismo, uma srie de atos que tm como efeito, ou antes que tendem a reparar a leso e restabelecer o funcionamento?

    Ora, se verdade que a natureza (natura medicatrix, como lhe chama o prprio Hipcrates) possui uma tendncia irresistvel para recuperar por si mesma o seu equilbrio momentaneamente interrompido; se, por outro lado, os nossos mestres de fisiologia admitem (como se conclui de seus escritos) que o sistema nervoso, por suas extremidades perifricas haure continuamente, na radia-o solar, elementos de fora que transmite aos rgos, segundo as necessidades da metamorfose orgnica,7 ser, pois, to ilgico admitir que o sistema nervoso, posto em contato com um outro aparelho idntico a si mesmo, porm melhor equilibrado, possa conseguir duplicar a sua atividade funcional e, por uma espcie de transfuso nervosa, possa trazer aos centros vitais, momentanea-mente desamparados, os elementos de regenerao orgnica que lhes falta, ajudando deste modo a vida a prosseguir mais ativamen-te o objeto que a lei de vitalidade lhe impe? Isto fsica pura, e todos os dias tocamos com o dedo neste fenmeno em uma ordem hierrquica menos elevada, quando, em vez de dois organismos vivos, pomos em contato duas pilhas eltricas.

    Se, mau grado a sua grande simplicidade, essa interpretao dos fenmenos magnticos no saltar aos olhos de todos como a 7 Dr. Bouchard.

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    expresso da verdade, que, seguindo nesse ponto as velhas tradi-es, os espritos prevenidos continuam a julgar o magnetismo como que se aproximando mais das cincias ocultas do que da cincia positiva. Os nossos prprios sbios contribuem grandemen-te para a propagao desse erro, colocando no ativo do magnetismo as escamoteaes dos prestidigitadores de feira, as possesses diablicas da idade medieval e as prticas bizarras dos derviches giradores ou dos Aa-Oussas, e proclamando que vm aniquilar esses preconceitos soezes e dissipar as espessas trevas que outrora ainda envolviam a questo perturbadora do magnetismo animal.8

    A palavra magnetismo dizem eles, j no deve intimidar ningum; o que ela designa viveu, e de ento em diante s pertence histria!

    Fazendo tbua rasa do passado, riscando com um trao de pena a palavra magnetismo, que os incomoda, instalaram uma coisa que eles batizaram com o novo nome de hipnotismo, s conservando em sua prtica os processos artificiais e violentos, cuja aplicao qualquer magnetista consciencioso e honesto consi-derou sempre perigosa ou intil.

    Trouxeram publicidade o que deviam conservar na sombra; detiveram-se principalmente nos fenmenos inslitos produzidos sobre o organismo humano pelo sonambulismo, a sugesto, a letar-gia, a catalepsia e o xtase, permitindo assim uma grande parte de fenmenos estranhos, que transviam a opinio pblica e contribu-em para velar o carter de grande simplicidade, que faz precisa-mente da virtude curativa do magnetismo o fato mais belo, mais natural, mais til e ao mesmo tempo o mais acessvel a todos!

    Mesmo esses que pretendem iluminar com o archote da cin-cia um acervo confuso de grosseiros erros e esclarecer a estrada do progresso derrubando velhas heresias caram precisamente nas 8 Dr. Cullre: Magntisme et hypnotisme.

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    piores barreiras daqueles que criticam e condenam, obedecendo, nesse ponto, propenso que todos temos para s julgar as coisas pelos nossos sentidos e pelo hbito que contramos de nos referir-mos sempre a percepes insuficientemente averiguadas pelo senso de abstrao.

    E acontece que assim nos escapam as foras da natureza quando se acham no estado de estabilidade e de equilbrio, e so-mente as percebemos quando em via de mutao e de deslocamen-to; a eletricidade, essa fora fecundante a que devida uma to grande parte da obra regeneradora universal, nunca teria sido pres-sentida pelo homem se no lhe fosse conhecida por um fenmeno de choque, e pelo raio que desorganiza e destri que se manifes-tou esse manancial de vida.

    Assim acontece com todas as foras hierarquizadas que evo-luem em torno de ns; quanto mais se aproximam essas foras do agrupamento e do equilbrio, tanto mais escapam aos nossos senti-dos e maior ateno se nos torna necessria para constatar-lhe a existncia e estudar-lhe o funcionamento; e se (apelando para a imagem do cronmetro de que nos servimos h pouco, a fim de assentarmos melhor o nosso pensamento por uma comparao tangvel) considerarmos as trs agulhas do quadrante, conviremos facilmente que o movimento da grande cursiva, que, por sucesses de choques rpidos, marca a diviso dos segundos, notada pelo olhar o mais distrado e o menos experimentado; que o papel das agulhas que marcam os minutos e as horas s se torna aprecivel por uma ateno mais paciente e mais firme.

    No surpreende, portanto, que na ordem dos fenmenos que aqui nos ocupam, sejam os de migraes provocadas que tenham desde logo atrado a ateno dos experimentadores, impressionan-do-lhes os sentidos; e eis de que modo os observadores impacientes ou superficiais no viram e no continuam a ver, no magnetismo, seno os fenmenos de choque.

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    Conhecem a fora magntica em seus movimentos de dese-quilibrao, de disperso improdutiva; desconhecem-na em seu movimento de tonalizao e de concentrao regeneradora. Se-guem-na na excentricidade de seus desvios, quando se acha dese-quilibrada; mas no a suspeitam no admirvel jogo de sua tenso normal.

    Eis aqui, se me no engano, a chave da ignorncia de uns e da m apreciao dos outros, causas inevitveis da interpretao errnea da maior parte dos fenmenos magnticos.

    Em matria de magnetismo, como em todas as coisas, o al-cance de nossa vista filosfica, auxiliada por uma observao paciente, que nos classifica. Na cincia, h mopes e presbitas; h pessoas que no percebem seno o movimento da agulha dos se-gundos no cronmetro.

    Estes s se impressionam com as manifestaes ruidosas das migraes no movimento.

    Quanto s misteriosas metamorfoses, devidas s foras equi-libradas, que realizam silenciosamente a sua obra regeneradora no prprio seio dos corpos, estas escapam-lhes absolutamente...

    Concluamos, pois, e digamos: O fenmeno vital o resultado da ntima colaborao de trs

    fatores que constituem, por seu conjunto, a triplicidade viva do organismo; o movimento da vida reside no encadeamento de dois fenmenos indissoluvelmente unidos em uma ao inversa e cons-tante, destruio, renascimento, sob a influncia reguladora de uma tenso equilibrada; e o sistema nervoso precisamente o regulador fisiolgico encarregado de manter essa tenso normal no organis-mo.

    Se assim , torna-se incontestvel que o agente teraputico, que agir diretamente sobre o sistema nervoso no sentido do funcio-namento vital, regular seguramente os fenmenos funcionais,

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    entreter e ativar as metamorfoses orgnicas e presidir, desse modo, soberanamente manuteno da tonalidade viva ou sua reconstituio, quando ela estiver desequilibrada.

    Ora, qualquer que seja a diversidade das opinies emitidas sobre a ao magntica, como essa ao se resume, enfim, numa espcie de transmisso de fora pela rede nervosa; como essa trans-fuso nervosa um fato certo, facilmente verificvel pela experi-ncia, como essa transfuso se obtm pelos mais simples proces-sos, cuja eficcia nos demonstra uma prtica diria, nos julgamos autorizados a apresentar o magnetismo como o meio mais seguro de entreter o equilbrio vital e curar as afeces mrbidas as mais rebeldes.

    Importa observar que, enquanto esses problemas complexos no forem mais bem elucidados, conservemo-nos em atitude de prudncia nas aplicaes prticas de uma fora cujas evolues nos so ainda insuficientemente conhecidas; evitemos a encenao ruidosa dos fenmenos mal estudados; evitemos o abuso dessas experincias de sugesto e de sono provocado, os quais, dando ao magnetismo uma cor diablica ou mstica, perturbam e inquietam as conscincias; confinemo-nos na parte verdadeiramente til do magnetismo, sua aplicao cura das molstias. Eis a, em nossa opinio, o nico fim que deve ter o emprego do magnetismo.

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    TERAPUTICA MAGNTICA MANUAL TCNICO

    CAPTULO I Princpios fundamentais

    Unidade do plano da Natureza. Uma nica fora. Uma nica vida. Uma nica sade. Um nico remdio. A fora princpio engendra correntes. Sua marcha e sua ao. Faculdade irradiante do homem. Sua ao sobre as correntes e consecutivamente sobre todos os corpos da Natureza.

    1. Mesmer, fundador da doutrina a que deu o seu nome, apoian-do-se nas idias de Descartes e de Newton, admitia como princpio uma corrente universal que tudo penetra e abraa num movimento alternativo e perptuo, assemelhando-se ao fluxo e refluxo do mar.

    a esse movimento alternativo universal que ele atribua a formao dos corpos, as influncias astrais e a influncia mtua que todos os corpos da natureza exercem uns sobre os outros.

    2. este o seu ponto de partida: tudo simples, tudo unifor-me, tudo se mantm, a natureza produz os seus maiores efeitos com a menor despesa possvel; ela junta unidade a unidade; s h uma vida, uma sade, uma molstia, e por conseguinte um remdio.

    3. O homem se acha em estado de sade quando todas as partes de que se compe tm a faculdade de exercer as funes a que so destinadas: se em todas as funes reinar uma ordem perfeita, h harmonia.

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    4. A molstia o estado oposto, isto , aquele em que a harmo-nia est perturbada.

    5. Como a harmonia uma, s h uma sade. A sade pode ser representada pela linha reta. A molstia seria ento a aberrao desta linha, aberrao que pode ser mais ou menos considervel.

    6. O remdio o meio que restabelece a harmonia, quando ela se acha perturbada.

    7. Existe um princpio que constitui e entretm a harmonia, e esse princpio precisamente o que o homem recebeu em partilha, desde sua origem, do movimento universal em que se acha encra-vado; esse princpio que determinou a formao e o desenvolvi-mento dos rgos e ele que presidir sua conservao e repara-o. Originado do movimento universal, a cujas leis obedece, influencia diversamente os organismos, penetra-os e, regulando o jogo de seus elementos constitutivos (as vsceras), aparece como o verdadeiro princpio da vida.

    8. Sob o impulso desse princpio ativo formam-se correntes que seguem a continuidade dos corpos at as partes salientes pelas quais se escapam.

    9. Estas correntes aumentam de velocidade e de potncia quan-do esto retardadas ou apertadas em um ponto.

    10. Polarizam-se, quando abandonam o circo.

    11. Propagam-se distncia, quer pela continuidade dos slidos, quer por intermdio dos meios, ar, gua ou ter.

    12. Podem concentrar-se e reunir-se como em reservatrios, para se dispersarem depois.

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    13. Tudo que suscetvel de acelerar as correntes, produz um aumento das propriedades dos corpos.

    14. Se estivesse em nosso poder acelerar as correntes universais, poderamos, aumentando a energia da natureza, estender vontade, em todos os corpos, as suas propriedades ou restabelecer as que um acidente tivesse enfraquecido.

    15. Mas, se a nossa ao sobre as prprias foras da vida univer-sal limitada, podemos, pelo menos, exercer nosso poder sobre as partes constitutivas deste grande todo, e esse poder tanto mais ativo, quando houver entre essas partes e ns relaes de analogia. Assim, de todos os corpos, aquele que pode agir com maior efic-cia sobre o homem o seu semelhante.9

    16. Essa potncia de ao reside na faculdade de uma emisso irradiante, que todo homem possui em diversos graus, e que pode regular ou estender vontade pelo exerccio, de maneira a pr em ao, de perto ou de longe, os corpos inertes ou vivos.

    17. Esse fenmeno de emisso irradiante um fato adquirido desde muito tempo pela cincia: Faraday e Crookes deram a um estado particular da matria o nome de matria radiante. Em fsica admitem-se as radiaes calorficas, qumicas, eltricas e lumino-sas; h igualmente radiaes magnticas ou nuricas.

    A fora nurica, em sua essncia e ao, apresenta certas analogias flagrantes com o calor, a luz, a eletricidade e o

    9 Sendo nosso objetivo conservar-nos aqui exclusivamente no terreno

    da prtica, deixamos de parte toda a considerao histrica ou terica que possa afastar-nos do assunto. Limitamo-nos a dar um exposto su-cinto dos princpios gerais que formam a base do mesmerismo, prin-cpios que esto de acordo com a experimentao e cuja discusso tem lugar no 2o volume desta obra.

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    magnetismo. Essa fora existe no corpo do homem sob dois estados: 1o) no estado esttico; 2o) no estado dinmico, compreendendo uma circulao in-

    terior ao longo das fibras nervosas e uma irradiao ou expanso interior.

    Ela emana do corpo, especialmente dos olhos, da extremi-dade dos dedos e da boca. As propriedades intrnsecas da for-a nurica irradiante so propriedades de ordem fsica anlo-gas s do calor, da luz e da eletricidade. (D. A. Barety).

    Pode conceber-se um agente particular, uma espcie de modificao da eletricidade ou de magnetismo mineral, se-guindo quase as mesmas leis que a eletricidade, e tendendo continuamente a pr-se em equilbrio nos diferentes seres em contato ou aproximados uns dos outros, cada um segundo a sua constituio particular, sendo mais ou menos apto para atra-lo ou para ret-lo. Todo ser vivo um verdadeiro corpo eltrico, constantemente impregnado desse princpio ativo, mas nem sempre na mesma proporo; uns possuem mais e outros menos; da em parte essa diferena, quer nos tempe-ramentos quer nas constituies jornaleiras. A mobilidade perptua desse agente uma conseqncia natural dessas va-riaes. Desde ento concebe-se que ele deve ser impelido para fora por uns, e atrado e reabsorvido rapidamente por outros; que a vizinhana daquele em que abundar profcua quele em que falta; a coabitao da criana com o velho til a este e nociva quela; os vegetais novos aproximados em sementeiras so vigorosos e frescos, mas estando prxi-mos a uma grande rvore, secam e morrem. (De Jussieu).

    A vinha plantada perto do olmo cresce com vigor e enlaa-o com os seus ramos; morre, quando junto ao loureiro; o alo-

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    s procura um apoio na oliveira; esta fana-se prximo ao car-valho; a papoula quisera ser da famlia das gramneas; a cicu-ta perece junto da arruda. (Champignon).

    Quando dois homens esto em contato ou simplesmente prximos um do outro, uma ao magntica se estabelece en-tre eles. O mais forte cede ao mais fraco uma parte de seu princpio ativo. (Feste).

    O mesmerismo repousa em uma hiptese que atribui vontade a faculdade de expelir, para alm da periferia do cor-po, o influxo nervoso que ela desenvolve nos nervos do mo-vimento, e de dirigir esta fora atravs do espao sobre os se-res vivos que ela se prope a afetar. Alguns dos efeitos mes-mricos nos parecem justificar esta suposio de maneira ab-soluta. (Dr. Durand de Gros).

    18. Exercer em toda a sua plenitude a faculdade natural que o homem possui de emitir radiaes magnticas, o que se chama magnetizar.

    Ser verdade que por uma ao de essncia desconhecida, mas emanando completa da natureza humana, possa o ho-mem afetar sua prpria organizao ou a de seu semelhante de maneira a alterar o modo regular de suas funes diversas e modificar sua atividade em todos os graus possveis? Em todos os tempos tm-se referido fatos que respondem afirma-tivamente a esta questo.

    Entretanto, a natureza singular desses fatos, a sua raridade, o que tornava difcil averigu-los, e por outro lado, as rela-es ntimas que os prendem ao misticismo, haviam forneci-do aos sbios um pretexto para rejeit-los como erros popula-res entretidos pelos embustes do charlatanismo ou pela su-perstio; mas hoje experincias inmeras, repetidas por to-

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    dos os lados, testemunhadas pelos homens mais honestos e mais competentes, estabelecem a realidade desses fatos por um tal dilvio de provas, que fora pueril e ridculo p-los em dvida. Pela revelao que nos trazem de uma ordem intei-ramente transcendente de propriedades vitais ainda ignoradas pela cincia, pelas aplicaes teis de que se mostram esses processos suscetveis, tm esses fatos uma importncia sem igual na antropologia em geral e especialmente na fisiologia da medicina. Merecem portanto, que sejam estudados no mais elevado grau, pelos processos rigorosos da anlise cien-tfica. (Dr. Durand de Gros).

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    CAPTULO II Das condies necessrias para magnetizar

    Magnetismo mineral, vegetal e humano. Potncia da volio dos seres organizados. Magnetizar uma faculdade natural. Desenvolvimento das aptides. Sade: O regime vegetariano favorece a faculdade irradiante. Calma: Uma ateno acurada e perseverante a primeira condio para magnetizar. Vontade: Exerccio da vontade como agen-te de tenso. Benevolncia: Amor do bem e dos seus semelhantes. F: A f indispensvel? A f fundada sobre a experincia engendra a confiana que d a convico. Saber.

    19. A ao de emitir radiaes magnticas comum a todos os corpos. Os minerais, os vegetais e os animais emitem radiaes de todas as espcies em graus diferentes.

    Existe nos metais uma propriedade particular que, quer pe-la eletricidade ou pelo magnetismo, de que ela no seria mais que uma modificao, quer por qualquer outra causa que nos escape, torna-os prprios para exercer uma ao direta sobre a fora nervosa, para atrair quando se os aplica superfcie do corpo e para reparti-la uniformemente no organismo quando so dados internamente debaixo de forma convenien-te. Esta propriedade, varivel com os diferentes metais e li-gas, atrativa ou repulsiva, segundo os indivduos a que ela se dirige, parece constituir tantas aptides metlicas quantos so os metais existentes. (Dr. Burg)

    As emanaes das diferentes substncias da natureza, prin-cipalmente dos vegetais, so uma parte essencial de suas propriedades; essas emanaes operam diversamente sobre cada rgo: os estupefacientes, tais como o pio e as sol-neas, atuam sobre o sistema nervoso; a valeriana e a vulvria

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    sobre aparelho genital; o espargo sobre os rins e a bexiga. (Theophraste, Aristteles)

    Os corpos organizados podem, do mesmo modo que os corpos inorgnicos, colocados em certas condies e debaixo de certas influncias, ser a sede de uma modificao que deve traduzir-se: 1o) pelo calor, chamado animal; 2o) pela eletricidade, produo da eletricidade na tremelga,

    no gymnoto (peixes eltricos), etc.; 3o) pela luz, insetos luminosos, pirilampos, mais da escala

    animal, os noctilucos, animlculos do grupo dos rhizo-pedes, que so a causa da fosforescncia do mar em cer-tas circunstncias. (Dr. A. Barety)

    20. As relaes magnticas que, entre os corpos inorgnicos, minerais e vegetais, se exercem de uma maneira uniforme, porm incompleta, so insensivelmente modificadas e aperfeioadas no reino animal, pelo poder de volio, que o apangio dos corpos organizados: a vontade impera sobre os movimentos voluntrios, e o princpio ativo os executa. (Van-Helmont)

    No h quem desconhea as faculdades magnticas de cer-tos animais: a cobra, o sapo, a ave de rapina, o co de caa rasteira, o gato, etc., e em geral todos os animais caadores.

    21. O homem, pela superioridade do seu poder de volio, mais apto do que o animal para regularizar, condensar e projetar as suas radiaes magnticas.

    H um magnetismo mineral, um magnetismo vegetal, um magnetismo animal, porm preciso distinguir cuidadosa-mente o do homem dos demais; porque o magnetismo huma-no resulta no somente das propriedades do corpo, mas tam-

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    bm das faculdades da alma. Reduzindo-se o magnetismo a uma simples comunicao de movimento de um indivduo para outro, ocorre que h tantos gneros como indivduos, possuindo cada um a forma de radiaes que lhe prpria (De Bruno).

    22. Sendo a magnetizao uma faculdade natural, comum a cada indivduo, segue-se que qualquer um apto para magnetizar, fora de toda a considerao de sexo, de idade e de temperamento. S pode haver neste ponto graduaes resultantes do grau de aptides de cada qual para exercer esta faculdade.

    23. Esses graus de aptido decorrem de certas condies. Para magnetizar bem torna-se necessria sade, calma, vontade, benevo-lncia, f e saber.

    O melhor magnetizador aquele que possui um bom tem-peramento, um carter ao mesmo tempo firme e tranqilo, o grmen de paixes vivas sem ser subjugado por elas, uma vontade forte sem entusiasmo, a atividade reunida pacin-cia, a faculdade de concentrar sua ateno sem esforos, e que magnetizando se ocupe unicamente do que faz. (Deleuze)

    24. Sade A origem e a causa dos fenmenos magnticos sendo a irradiao vital, no duvidoso que se o operador no estiver em uma disposio de sade e de fora convenientes, se estiver fatigado, esgotado por um excesso qualquer, anmico ou doentio, no produzir, apesar de toda a boa vontade de que estiver possudo, seno fracas emisses irradiantes, e por conseguinte, resultados quase nulos. A primeira das condies , pois, ter um bom temperamento e uma boa sade.

    Entretanto, no se creia que o poder magntico caminhe a par da fora muscular; um homem solidamente constitudo, de enver-gadura herclea, muitas vezes menos apto para a produo dos

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    efeitos magnticos do que um homem de aparncia mais delicada, porm dotado de uma constituio fsica especial: provm isso de que o sistema nervoso representa aqui um grande papel para con-densar no interior e projetar no exterior; e essa faculdade de con-densao e emisso no apresenta nenhuma relao com o vigor corporal, que no poderia supri-la.

    25. O regime favorece consideravelmente esta faculdade irradi-ante: cumpre ser sbrio, habituar-se a restringir as suas necessida-des e a comer pouco; quanto mais se desenvolve a funo digestiva e mais trabalho se lhe d, tanto maior a restrio da potncia nurica condensante e irradiante, estando esta em proporo inver-sa das funes vegetativas.

    um preconceito acreditar-se que uma alimentao rica e forada entretm melhor a sade; o abuso dos alimentos detm, pelo contrrio, todo o funcionamento vital: Qui nimis alitur, non satis alitur (aquele que come muito, no se nutre o bastante).

    O abuso dos alimentos produz o mau odor da transpirao e do hlito; sendo imperfeita a combusto, a pele exala ci-dos, assim como a superfcie pulmonar; assim que a alcali-nidade do sangue pode ser diminuda pela invaso dos cidos no queimados (Dr. Bouchard).

    Os pobres adoecem menos por falta de alimento, do que os ricos por excesso deles (Fnelon).

    O eu tanto mais vivaz e mais poderoso quanto menos freqentemente se renovar a matria que o sustenta. Os comi-les ativam suas funes vegetativas, duplicam suas elimina-es e suas excrees; possuem um eu menos consciente, menos ativo e menos lcido, e o movimento para mais que eles do aos rgos industriais do corpo, isto , as vsceras, indo atuar sobre o crebro, traz alucinaes e desarranjos in-

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    telectuais; os comiles tendem a tornar-se hipocondracos, inconscientes, imprestveis e idiotas. (Louis Lucas)

    26. Para desenvolver as faculdades magnticas, o regime vegeta-riano, aplicado sem exagero e sem preveno exclusiva, incontes-tavelmente o melhor; faz-se preciso comer pouca carne, suprimir por completo o uso do lcool e beber muita gua pura.

    Os carnvoros tm a lngua suja, o hlito mau, as dejees irregulares e ftidas, desarranjos gastro-intestinais freqentes, afeces cutneas habituais, enxaquecas, reumatismos, obe-sidade ou edemacia. (Dr. Bouchard)

    O lcool, assim como os teres, as essncias e seus deri-vados, atuam profundamente sobre os centros nervosos, exal-tando e paralisando alternadamente as funes psquicas, e alterando deste modo, com o correr do tempo, a vitalidade da medula, que preside nutrio dos tecidos. (Claude Bernard)

    A gua tomada como bebida, a gua absolutamente pura e simplesmente filtrada, indispensvel em certas propores para acelerar os atos da desassimilao e favorecer as meta-morfoses orgnicas; est agora infelizmente banida da mesa do rico e do pobre; ningum hoje bebe mais gua natural, en-tretanto sua falta faz com que os produtos da desnutrio se acumulem no sangue, as condies da osmose se suspendam e os produtos excrementcios acumulados venham viciar os tecidos e os humores. Para passar bem preciso beber pelo menos de um litro a litro e meio d'gua pura nas vinte e qua-tro horas. (Dr. Bouchard)

    um preconceito acreditar que a carne nutre a carne. O regime da carne e do sangue , pelo contrrio, nocivo bele-za das formas, ao vio da tez, frescura da pele, ao aveluda-do e brilho dos cabelos. Os comedores de carne so mais a-

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    cessveis que os vegetarianos s influncias epidmicas e contagiosas; os miasmas mrbidos e os vrus encontram um terreno maravilhosamente preparado para o seu desenvolvi-mento nos corpos saturados de humores e de substncias mal elaboradas, nocivas ou j meio fermentadas e em decomposi-o. Por outro lado, o uso dos condimentos e adubos, insepa-rvel da alimentao animal, pouco a pouco embota a sensi-bilidade olfativa, a sensibilidade gustativa, e leva os carnvo-ros a estimularem os seus sentidos com o uso do fumo, do l-cool e das bebidas fermentadas. (Professor Raoux, de Lau-sanne)

    27. Finalmente, uma das condies higinicas mais importantes a seguir-se, evitar com cuidado todos os atos da vida que, prxima ou remotamente, possam, afetando o fsico ou o moral, trazer des-pesas nervosas bastante srias, que enfraqueam ou esgotem pre-maturamente as fontes preciosas da irradiao vital.

    Desejas, com critrio e prudncia, Tua sade poupar? Aprende a beber pouco; E de Venus s cadeias Mais criteriosamente ainda No entregues os teus pulsos. (Escola de Salerno)

    Os males, os desgostos, a clera, a canseira De teus dias devorados abreviam a carreira. (Escola de Salerno)

    28. Calma A calma uma das qualidades mais essenciais para magnetizar. Sem calma no h ponderao nem equilbrio e, por conseguinte, no pode haver poder irradiante e regularidade de transmisso.

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    S a calma torna-nos atentos, perseverantes, confiantes e d essa virtude preciosa que se chama pacincia.

    Se se desconfia de si, se se duvida, se se est hesitante, se se age molemente e sem perseverana, se h falta de ordem e de confiana, se no se observa, ou se observa mal o seu doente, se em vez de se agir no interesse dele, se diverte em provocar certos efeitos no intuito de satisfazer uma curiosidade frvola ou disfarar a impacincia que se experimenta, arrisca-se a fazer pouco benef-cio; porque uma ateno acurada e uma confiana perseverante so os verdadeiros agentes de toda a ao magntica, e onde faltam estes preciosos elementos todos os esforos neutralizam-se.

    Se a calma a qualidade quotidiana, mais til quele que quer magnetizar, esta qualidade torna-se inteiramente indispensvel nos casos em que a natureza, produzindo crises, exige do operador todo o sangue frio de que suscetvel para auxiliar o doente a sair vitoriosamente dessas situaes difceis.

    A curiosidade, que ordinariamente um grande defeito, torna-se um vcio radical no magnetizador; um curioso jamais deixa em repouso o doente no qual no obtivera efeitos que o distraiam do aborrecimento experimentado em magnetizar. Assim, as pessoas curiosas, instveis, versteis, irregulares nos seus sentimentos e nos seus modos, no conseguem ne-nhum xito curador. (Aubin Gauthier)

    29. Vontade A vontade atua de uma maneira poderosa no ato de magnetizar; necessrio, pois, desenvolver muita vontade quando se magnetiza.

    Entretanto no se acredite, como pretendem alguns, que a vontade faa tudo, substitua tudo, e no necessite de nenhum outro auxiliar; se assim fora, no se deveria preocupar com processos: bastaria fazer um tratado acerca da vontade e seus usos: mas assim

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    no acontece, e s devemos considerar a vontade como agente interno encarregado de regular, dirigir e sustentar nossa ao.

    Explico-me: Tenho em mos uma bola, hesito em atir-la e, em lugar de o

    fazer, deixo-a cair. A falta de minha vontade produziu o relaxa-mento dos msculos que apertavam a bola; estes msculos disten-deram-se e a bola caiu. Se eu a tivesse atirado, ela no teria partido por si, t-la-ia impelido e seria acompanhada de minha vontade at ao fim.

    desta maneira que se pode compreender como retemos, deixamos cair ou dirigimos as nossas radiaes. Quando no sabe-mos querer, elas conservam-se inativas e neutras; escapam-nos inteiramente sem direo determinada, se no sabemos condens-las e ret-las; tornam-se intensas e encaminham-se como a trajet-ria da bola, quando sabemos e queremos dirigi-las para um fim. Todo o segredo do mecanismo da vontade, como agente de tenso, reside neste ponto.

    A nossa vontade atua mais sobre ns mesmos do que fora de ns; produz uma atividade maior no crebro e em todos os plexos, e da resulta uma emisso maior e mais intensa na a-o. Quanto mais a vontade se exprime com firmeza e conti-nuidade, tanto mais a emisso se faz abundante e intensa. (La Fontaine)

    Os principais agentes de que o homem se serve em magne-tismo so: a vontade e a ateno. A vontade determina e diri-ge a ao, a ateno sustenta-a e aumenta-a. Pela vontade, o homem imprime sua ao e dirige-a para onde quer. (De Bruno)

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    Sem vontade no h ateno; se esta se desvia do seu obje-tivo, aquela se enfraquece: uma dirige e a outra esclarece. (Aubin Gauthier)

    30. Benevolncia Todos, indistintamente, podem produzir efeitos magnticos; porm, para curar, necessrio possuir um fundo inesgotvel de caridade e de benevolncia, preciso amar ao seu semelhante.

    O homem bom, caridoso, benvolo, ser certamente mais cal-mo, mais atencioso, mais perseverante, mais animado do amor do bem e, por conseguinte, mais desejoso de atingir o seu fim, que o indiferente; h, pois, muitas probabilidades de que produza efeitos salutares.

    Se a benevolncia no absolutamente necessria para a-gir, indispensvel para ser til (Aubin Gauthier).

    Se, h um sculo, Mesmer se contentasse em anunciar aos sbios da Europa que uma vontade firme e benevolente era o remdio soberano que se precisava contrapor exclusivamente a todas as nossas molstias, a extrema simplicidade de um tal asserto t-lo-ia coberto de ridculo, e o magnetismo talvez ti-vesse morrido ao nascer; mas o homem inteligente, que aca-bara de encontrar esta verdade imensa, pensou imediatamente nos meios de torn-la aceita. Foram os esforos de Mesmer para cativar os espritos pelo mistrio e o desconhecido, e certos processos que empregou nesse intuito, que forneceram aos seus adversrios um motivo para atacar a sua maneira de agir. (Dr. Tesle)

    31. F Ser preciso ter a f para magnetizar? A f no preci-samente uma condio indispensvel para agir. A incredulidade no impede a produo de efeitos magnticos; entretanto, sem uma confiana absoluta nos meios que se emprega e no fim que se

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    procura atingir, a vontade flutua e a ateno paralisa-se; ao incr-dulo falta-lhe perseverana e pacincia, no possui esse fogo sa-grado que triunfa dos obstculos e das dificuldades, no tem esse precioso elemento do bom xito, a confiana, que a nica que pode dar a f fortificada pela experincia.

    Tomemos um exemplo: Se algum vos disser: eis aqui um vintm; todos os dias im-

    ponde vossas mos com perseverana sobre esta moeda de cobre, e em breve a vossa tenacidade e a vossa confiana sero largamente recompensadas: o vintm se transformar em ouro. Se no tiverdes confiana na afirmativa que se vos faz, nem na pessoa que vo-la d, acontece que no vos preocupareis por certo com um fato que vai de encontro a todas as idias adquiridas, e, se aquiescerdes a ele, no tereis perseverana; entretanto, se efetivamente existisse ali um meio de metamorfosear o cobre em ouro, no tereis perdido uma bela ocasio de lucro, pela vossa tendncia a incredulidade?

    Admitamos, pelo contrrio, que pondo de parte qualquer pre-veno, vos dispussseis escrupulosamente a verificar pela experi-ncia uma afirmao que choca os vossos preconceitos e que assim chegsseis a averiguar a verdade do fenmeno; com que ardor perseverante, com que pacincia a toda prova no estareis desde ento armado para renovar o milagre saciedade!

    Este exemplo aplica-se aqui bem: uma simples imposio das mos pode produzir prodgios, mas quem no experimentou e no viu no pode acreditar nessas maravilhas; e, enquanto por si mes-mo no se conseguiu esses efeitos surpreendentes, conserva-se o homem ctico e sem f, indeciso e flutuante, dificilmente dispe-se s penosas demoras de uma operao, que muitas vezes demanda esforos contnuos e uma pacincia inesgotvel.

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    Pode-se, pois, magnetizar sem ter a f, porm ela torna-se ne-cessria para fazer o bem, para restituir a sade quele que a per-deu.

    A falta de confiana d a timidez; teme-se um efeito magntico em vez de desej-lo; se ele se apresenta, recebe-se-o com inquietao; os efeitos imprevistos enchem de pas-mo ou impelem-no a imprudncias e exageros que se no da-riam se se tivesse por guias a reflexo, o critrio e a experincia (Aubin Gauthier)

    32. Saber O magnetismo, considerado sob o ponto de vista do exerccio de uma faculdade natural, est ao alcance de todos; e para fazer o bem ao seu semelhante basta possuir um corao simples e benvolo; se se considerar o Espiritismo sob o ponto de vista dos altos problemas de fisiologia e de psicologia que ele pode resolver, no bastante um bom corao, necessrio uma grande intelign-cia e saber.

    Tomemos um meio termo entre esses dois extremos e diga-mos que, para praticar o magnetismo curador com bom xito, convm reunir s qualidades que acabamos de enumerar alguns conhecimentos de anatomia e de fisiologia e o estudo das melhores obras que tm tratado do magnetismo.

    33. Finalmente, antes de procurar tratar de um doente, cumpre fazer um exame de si prprio e refletir maduramente: considerando o objeto que se prope, que curar, como um verdadeiro sacerd-cio, necessrio tomar a resoluo de imprimir a todos os seus atos o mais correto procedimento, as mais puras intenes, uma inteira discrio, uma dedicao absoluta e s empreender o tratamento quando se est certo de lev-lo a bom termo nas condies exigi-das.

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    CAPTULO III Das condies necessrias para ser magnetizado

    Ningum refratrio ao magnetismo. Das condies necessrias para desenvolver a receptividade magntica: simpatia, confiana, pacincia. Influncias internas e externas. Efeitos do regime e dos medicamen-tos.

    34. Ningum refratrio influncia magntica e, do mesmo modo que qualquer indivduo pode magnetizar, todo indivduo magnetizvel. bastante, para aproveitar na mais larga escala os efeitos salutares do magnetismo, colocar-se nas condies de re-ceptividade as mais favorveis.

    Essas condies so todas de ordem moral: Simpatia, confi-ana e pacincia.

    35. Simpatia A escolha de um magnetizador uma coisa mais delicada e mais importante do que a escolha de um mdico. preciso que haja entre o magnetizado e o magnetizador, seno uma verdadeira simpatia, pelo menos ausncia completa de antipatia; qualquer sentimento de indisposio, de constrangimento ou de repulso, absolutamente contrrio ao estado de receptividade magntica.

    36. Confiana Se indispensvel a simpatia, no o menos a confiana, no a f cega na eficcia do magnetismo, mas sim uma absoluta confiana na pessoa do magnetizador.

    Um doente que esgotou os socorros da medicina nunca vem magnetizao com uma grande confiana, e muitas ve-zes a pouca estima que ele vota a um remdio que no conhe-ce deprecia esse remdio aos seus olhos. Tudo isto no mo-

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    tivo para que o magnetismo no lhe restitua a sade. A confi-ana na prpria coisa no indispensvel para que o efeito se produza. (Aubin Gauthier)

    37. S com o correr do tempo, depois da obteno de certos efeitos, que o doente pode familiarizar-se com o magnetismo, de que no tem s vezes mais do que uma idia muito vaga; porm desde o primeiro dia que ele deve confiar inteiramente no magneti-zador, porque, dependendo a eficcia do tratamento da maneira pela qual o magnetismo administrado, todo sentimento de des-confiana ou de preveno tenderia a enfraquecer as boas disposi-es daquele de quem toda a virtude curadora reside na expanso de suas faculdades irradiantes.

    Dizei: Eu no creio no magnetismo, mas tenho confiana em vs! Nestas disposies, as mos dos menos hbeis po-dem produzir maravilhas. (Aubin Gauthier)

    38. Pacincia Depois da confiana, a melhor garantia de bom xito a pacincia, e infelizmente a pacincia a virtude que mais vezes falta aos doentes.

    Quer-se ser curado antes de submeter-se ao tratamento. No se quer admitir que uma molstia inveterada desaparea como que por encanto, e que preciso dar ao tratamento o tempo necessrio.

    Se no se sente nada no comeo, duvida-se e perde-se a con-fiana.

    Se sobrevm ou aumentam-se as dores, lamenta-se e fica-se amedrontado.

    s vezes, uma melhora imediata, dando a esperana prematu-ra de uma prxima cura, faz originar decepes que levam ao desnimo.

    Essas alternativas de dvida e esperana, essas impacincias, esses temores, essa grande mobilidade de sentimentos tm geral-

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    mente deplorveis conseqncias; enervam o doente e desmorali-zam o magnetizador; um coloca-se, por culpa prpria, em mau estado de receptividade; o outro v sustar-se, com grande pesar, a sua fora irradiante, e o bom xito da operao se acha deste modo retardado ou comprometido.

    39. prefervel no empreender um tratamento quando no se esteja compenetrado da necessidade de submeter-se inteiramente experincia do magnetizador e de no contrariar a sua ao em coisa alguma.

    Cumpre saber: 1o) que o tempo de uma cura varia ordinariamente de um a

    seis meses, e algumas vezes mais; 2o) que no h motivo para perder-se a esperana quando

    nada se sente no comeo; os efeitos magnticos manifes-tam-se s vezes tardiamente, e a cura muitas vezes so-brevm mesmo sem nenhum sinal precursor aparente;

    3o) que se as perturbaes se agravam e aparecem dores, no h razo para atemorizar-se; todo tratamento apresenta alternativas inesperadas e os sofrimentos so a maior parte das vezes a prova de uma reao salutar.

    A dor exprime um ato puramente vital; os fenmenos da dor so de tal modo um ato de reao vital, que preciso que haja no somente o despertar da sensibilidade para que ela se produza, como ainda uma certa dose de sensibilidade dispo-nvel; na regio em que a rede nervosa for trpida, anestsica, a dor incapaz de se desenvolver: No sofre quem quer! Pa-ra sofrer preciso sentir. (Dr. Luys)

    40. Finalmente, se um alvio imediato se produz, preciso no se entregar muito cedo esperana, a fim de evitar as decepes.

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    41. O doente deve estudar com o maior cuidado todas as sensa-es que experimenta, quer durante a magnetizao, quer no inter-valo das sesses, a fim de poder informar o magnetizador sobre todos os sintomas que ele puder notar.

    42. Ele deve evitar ser influenciado pelo meio em que vive; no contrariar a ao do magnetismo, tomando ocultamente substncias cujos efeitos o magnetizador no pudesse distinguir nem prever.

    43. Sob o ponto de vista do regime, cumpre evitar os excessos de todo o gnero, viglias, fadigas corporais e espirituais, emoes vivas ou deprimentes, em outras palavras, tudo o que puder pertur-bar o equilbrio do corpo ou o repouso da alma.

    44. No deve abusar, quer das ablues, quer dos banhos; a ao repetida das duchas quentes ou frias diminui com o correr do tem-po a receptividade magntica, determinando uma excitao perif-rica que se transmite, pelos nervos vaso-motores, ao centro do grande simptico.

    45. Todo agente manifestamente sedativo ou revulsivo, isto , que demora ou excita o movimento vital, deve ser moderadamente empregado em concorrncia com o magnetismo, de maneira a no embaraar-lhe o efeito.

    46. especialmente importante abster-se de tudo quanto possa tender a destruir ou minorar a sensibilidade nervosa, como os perfumes, narcticos e bebidas espirituosas; sob a influncia de-primente dos anestsicos ou dos txicos, a tenso vital acaba por embotar-se de tal modo que se torna impossvel ao magnetismo despertar no corpo uma reao qualquer.

    As pessoas que fazem ou que fizeram uso imoderado da mor-fina, da antipirina, do ter, do pio, do cloral, do clorofrmio e do sulfonal, ou que foram tratadas durante muito tempo por txicos

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    violentos, tais como a acetanilide, estriquinina, o salicilato de soda e as variedades de brumuretos ou de ioduretos, perdem toda a receptividade magntica e tornam-se incurveis pelo magnetismo.

    O quinino em altas doses, a atropina, o colchico, o abuso do lcool e do tabaco tm os mesmos efeitos sobre o organismo.

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    CAPTULO IV Da maneira de pr-se em relao

    Definio e objeto. Relao por contato. Relao distncia. Efeitos produzidos pela ao de relao.

    47. Pr-se em relao estabelecer, entre si e a pessoa que se quer magnetizar, uma espcie de acordo prvio simptico, tendo por objeto fazer nascer de um organismo para outro a corrente de transmisso. O encetamento da relao uma operao preliminar que precede a qualquer magnetizao.

    Nesta operao a pessoa que magnetiza, concentrando forte-mente a sua vontade e a sua ateno, coloca-se no estado mais favorvel de expanso irradiante, e a pessoa magnetizada, por um repouso fsico e moral neutralizante, procura, num estado de calma e descanso passivos, atingir o mais elevado grau de receptividade.

    48. Para colocar-se no estado mais favorvel de expanso irradi-ante, no preciso acreditar que seja necessrio um grande esforo de conteno; qualquer constrangimento, ao contrrio, nocivo emisso irradiante que uma grande flexibilidade muscular favore-ce; do crebro que parte a ao propulsora e esta ao, propagan-do-se ao longo dos cordes nervosos, deve encontrar francos todos os caminhos para a sua passagem. O querer o verdadeiro foco de ao, mas preciso um querer contnuo, sem interrupo nem projeo violenta, agindo de maneira regular e firme, como se fora o pisto no organismo mecnico de uma mquina, para expelir a fora motora destinada a aplicaes industriais.

    Aquele que magnetiza deve considerar-se qual mquina f-sica que produza em si mesma o agente dos fenmenos: sua vontade deve ser ativa, deve querer agir sobre o magnetizado

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    induzindo nele o princpio que sua organizao encerra; os braos, as mos, no devem ser considerados seno os condu-tores desse agente. (Baro Du Potet)

    A relao se estabelece por contato ou distncia.

    49. Relao por contato Fazer sentar o doente em um lugar cmodo, onde esteja bem vontade. Colocar-se diante dele, tendo os joelhos e os ps opostos aos seus sem toc-los, sentado um pouco mais elevado numa cadeira leve, por exemplo, que se possa manejar facilmente.

    Estender os braos para diante, tendo as suas mos abertas, com a palma para cima, de maneira que aquele que se submete operao, o paciente, coloque nelas em cheio as suas mos, palma contra palma, estando os dedos em contato em toda a extenso.

    Conservar esta posio de cinco a dez minutos, concentrando bem a ateno, sem fixao do olhar e sem esforo.

    Se o doente estiver deitado, coloque-se o mais prximo pos-svel da beira do leito, tendo as pernas aproximadas e estendidas, os braos ao longo do corpo, fora das cobertas; tomar as mos do doente como acaba de ser indicado para a posio sentada, ou impor simplesmente uma das mos em cheio sobre a testa ou o peito.

    50. Relao distncia Colocar-se sentado em frente ao paciente, como j se disse acima, estender sem rigidez o brao direito para diante, tendo a mo aberta, a palma para baixo, os dedos levemente afastados e ao comprido em direo testa, a alguns centmetros da raiz do nariz; conservar esta posio durante alguns minutos; depois, por um movimento mui lento, descer diversas vezes a mo da testa ao epigstrio10, e terminar a operao

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    vezes a mo da testa ao epigstrio10, e terminar a operao colo-cando a mo na direo do epigstrio.

    Pode-se variar sem inconveniente a maneira de pr-se em relao, consistindo esta operao em uma simples posse do paciente para o estabelecimento da corrente.

    Os processos indicados acima so os mais habitualmente empregados, mas cada operador possui os seus: uns como Mesmer, Puyssgur, Deleuze, Aubin Gautier e Bruno, rece-bem o contato pelos polegares, colocam as mos sobre as es-pduas, descem lentamente muitas vezes ao longo dos braos e terminam por uma imposio prolongada sobre o epigs-trio; outros, em lugar de colocarem-se diante do paciente, fi-cam ao lado dele e recebem o contato deitando uma das mos sobre os rins e a outra sobre o epigstrio, conservando, desse modo, o corpo do paciente entre as suas duas mos; outros contentam-se em fazer o contato com uma s mo, colocan-do-a na testa ou sobre o epigstrio; e alguns h, como o Ba-ro du Potet, que s empregam a ao distncia.

    Cada um desses processos pode achar sua aplicao, con-forme as circunstncias e o grau de sensibilidade do paciente. H casos em que se pode com vantagem alternar o contato e a ao distncia.

    51. Cinco minutos bastam mais comumente para estabelecer uma relao contnua; entretanto, cumpre saber que a relao se estabe-lece mais ou menos rpida, em razo dos temperamentos e do grau de simpatia magntica que une as duas pessoas.

    52. Faz-se preciso insistir durante mais tempo, nos primeiros dias, para colocar melhor a corrente do magnetizado no tom da do

    10 Epigstrio - a parte superior do abdome, entre os dois hipocndrios.

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    magnetizador; uma vez bem estabelecida a relao, a ao se reno-va nas sesses seguintes, no mesmo momento em que se comea a magnetizar. Assim que, quanto se magnetiza uma pessoa depois de um certo tempo, pode-se dispensar a formalidade de pr-se em relao como ato preliminar e passar desde logo aos processos de magnetizao apropriados ao caso; os efeitos se determinam ins-tantaneamente, sem que seja necessrio recorrer a uma concentra-o prvia.

    53. Quando se est bem exercitado, sente-se depressa quando a relao est estabelecida; um grande calor nas mos, formigamen-tos na extremidade dos dedos, um pouco de umidade da palma, so os indcios mais comuns. s vezes no paciente, conforme a sua sensibilidade, verifica-se em graus diferentes os sintomas seguin-tes: palidez ou colorao da pele, acelerao ou diminuio do pulso, tremura das plpebras, ansiedade, sufocao, depresso que obriga a procurar um ponto de apoio, sensao de calor ou de frio, peso da cabea, dormncia nos membros, impresses ou formiga-mentos, lgrimas, bocejos freqentes.

    Estes primeiros efeitos se acentuam algumas vezes com si-nais mais significativos: propenso ao sono, agitao ou depresso, movimentos convulsivos, contraturas; mas tambm pode acontecer, e este o caso mais comum, que nenhum sintoma indicador apare-a; entretanto, o ato da relao nem por isso deixa de estar estabe-lecido, e pode-se continuar a operao.

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    CAPTULO V Das imposies

    Definio, modo de execuo, efeitos. Contatos simples: sobre a cabe-a, o epigstrio, o ventre, o dorso e a nuca. Contatos duplos: sobre a cabea, os olhos, as espduas, o epigstrio, os braos, o ventre, os joelhos, os rins, a barriga das pernas e as clavculas.

    54. Quando se coloca as mos sobre um doente, diz-se atuar por imposio. A imposio das mos era conhecida e empregada, muito antes de Mesmer, como poderoso meio curador.

    Praticada desde os primeiros tempos histricos pelos ma-gos da Caldia, o magnetismo se propagou das Margens do Eufrates ao Egito e ndia. Depois dos sacerdotes de sis, os padres do Deus dos Judeus foram seus depositrios e os cris-tos o herdaram deles. Da Grcia passou a Roma, e de Roma, dizem, s Glias. Sufocada na sombra espessa em que a cul-tivavam os adeptos na idade mdia, a cincia magntica re-nasceu com Paracelso, que a ensina ex-professo, e faz dela a base de uma nova escola mdica. Meio sculo mais tarde, Van-Helmont consagra-lhe, em pura perda, quarenta anos de labores e de meditaes, porque no compreendido. Mes-mer, finalmente, no sculo XVIII descobre o magnetismo que, depois de mais de trs mil anos de exame e de contro-vrsia, conta hoje oitenta anos de existncia. (Dr. A. Tesle, 1845).

    55. A imposio Como seu nome o indica, obriga ao contato; a mo deve deitar-se em cheio sobre as partes em que se quer exercer uma ao. Estendem-se as mos sobre as partes planas, afastando levemente os dedos sem contrao nem rigidez; envolve-se as

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    partes redondas com a mo fechada, os dedos juntos e repousando sobre as regies circunvizinhas.

    56. Na prtica, as imposies se fazem mais comumente por cima das roupas ou das cobertas, estando o paciente sentado ou deitado, e a espessura dos tecidos, quando se acham bem estendi-dos e sem desigualdades, no invalidam em nada a comunicao que se quer estabelecer; apresentam-se, entretanto, casos (se no se corre principalmente o risco de ofender o pudor do homem ou da criana por exemplo) em que a imposio direta, feita a nu sobre a pele muito prefervel, porque ao magntica se junta ento uma outra influncia, a ao do calrico, que vem favorecer muito eficazmente as resolues dos abcessos, tumores, ingurgitamentos ou obstrues.

    57. Em geral, a imposio calmante e sedativa; atuando sobre as correntes nervosas e, consecutivamente, sobre a circulao do sangue e dos humores, ela distende e relaxa as fibras musculares, faz cessar as contraes, dissipa as obstrues, favorece as secre-es e o fluxo peridico. Porm, a imposio, atraindo mais espe-cialmente a ao das correntes sobre a parte tocada, e as foras nervosas acumulando-se nesta parte, pode, por uma ao de con-densao prolongada, tornar-se excitante; assim que as imposi-es sobre o crebro e o epigstrio produzem s vezes perturbaes e sufocaes que se fazem cessar imediatamente, suspendendo-se a ao ou afastando-a.

    58. Dirige-se vontade a ao magntica sobre tal ou tal parte do corpo, colocando uma s mo sobre o rgo que se quer atuar o contato simples , ou estabelecendo, por meio das duas mos, uma continuidade de relao o contato duplo; os braos e as mos nesta operao devem ser considerados como simples condutores, prprios para estabelecer essa continuidade.

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    Contatos simples

    59. Sobre a cabea Sentado de frente para o paciente, colocar a palma da mo em cheio sobre a testa na altura da raiz do nariz, os dedos ligeiramente afastados e repousando sem contrao nem rigidez sobre a cabea.

    60. Sobre o epigstrio Estando sentado diante do paciente, colocar a palma da mo em cheio sobre o epigstrio, na parte cava abaixo do esterno, os dedos ligeiramente afastados e repousando sem contrao nem rigidez sobre o esterno e as primeiras costelas.

    61. Sobre o ventre Sentado diante do paciente, deve-se colocar a palma da mo em cheio sobre o umbigo, ficando os dedos ligei-ramente afastados e em repouso, sem contrao nem rigidez, sobre o ventre.

    62. Sobre o dorso Sentado por detrs do paciente, deve-se colocar a palma da mo entre as duas espduas, ficando os dedos ligeiramente afastados e repousando sem contrao nem rigidez sobre a origem das duas omoplatas.

    63. Sobre a nuca Sentado por detrs do paciente, deve-se colocar a palma da mo em cheio sobre o pescoo, ficando os dedos ligeiramente afastados e em repouso, sem contrao nem rigidez, sobre a regio occipital.

    Pode-se variar os contatos simples, colocando sucessiva-mente a mo sobre todas as partes do corpo observando os mesmos processos.

    Contatos duplos

    64. Sobre a cabea Estando de p direita do paciente, tomar-lhe a cabea entre as duas mos, colocando uma delas sobre a nuca

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    e a outra sobre a fronte; ou, estando de p por detrs dele, colocar uma das mos sobre cada orelha, tendo os dedos levemente afasta-dos e em repouso, sem contrao nem rigidez, sobre as fontes.

    65. Sobre os olhos Sentado de frente para o paciente, deve-se colocar as duas mos sobre os olhos, tendo os dedos levemente afastados e repousando sem contrao nem rigidez sobre a testa e as arcadas superciliares.

    66. Sobre as espduas Estando sentado diante do paciente, colocar as duas mos sobre as espduas, por baixo do pescoo, estender os dedos e fazer-lhes tocar a parte posterior das espduas.

    Nesta posio, abarca-se com as mos a maior parte dos nervos que descem da cabea a todas as partes do corpo, e como esses nervos vo se reunir ao plexo solar que est colo-cado imediatamente por detrs do saco do estmago, esta im-posio particularmente muito ativa. (De Bruno)

    67. Sobre o epigstrio Sentando-se diante do paciente, deve-se colocar os polegares sobre a cavidade do estmago, abaixo do esterno, de maneira que as unhas dos polegares se toquem; estender as mos de cada lado dos quadris, apoiando de leve a face palmar e os quatro outros dedos sobre as costelas.

    Com esta imposio agindo diretamente sobre o plexo so-lar, toda a ao magntica se concentra com energia sobre es-se centro nervoso da vida orgnica.

    68. Sobre os braos Sentado diante do paciente, e tendo este os braos estendidos e voltados de modo que a face dorsal da mo repouse sobre os joelhos, deve-se colocar as palmas das mos sobre a regio em que se costuma sangrar, conservando os dedos estendi-dos, sem contrao nem rigidez, sobre os braos.

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    69. Sobre o ventre Estando sentado diante do paciente, colocar os polegares sobre o umbigo, de maneira que as unhas se toquem, e estender as duas mos de cada lado do ventre.

    70. Sobre os joelhos Estando sentado diante do paciente, colo-car as duas mos sobre os joelhos, a palma sobre a rtula, os dedos abraando a articulao, sem contrao nem rigidez.

    71. Sobre os rins Estando sentado diante do paciente, deve-se estender os dois braos, passar as mos por detrs das costas como se quisesse cingir o paciente pela cintura, e colocar as duas mos em cheio sobre os rins, tendo os polegares ao comprido e tocando-se as extremidades dos outros dedos.

    72. Sobre a barriga da perna Sentado diante do paciente, abaixar-se um pouco, passar as duas mos pelos lados exteriores do corpo por baixo das pernas do paciente, e colocar as duas mos em cheio sobre a barriga das pernas.

    73. Sobre as clavculas Sentado diante do paciente, abaixar-se, tomar as clavculas com as duas mos envolvendo a parte inferior da perna com os dedos fechados, sem contrao nem rigidez.

    Esta imposio se executa com menos fadiga sobre uma pessoa estendida ou deitada; particularmente empregada com vantagem para combater as febres graves e todas as a-feces tifides ou mucosas que afetam as regies intestinais.

    Pode-se variar os contatos duplos, pondo sucessivamente pelos mesmos processos cada parte do corpo em relao com um dos centros nervosos; basta colocar uma das duas mos sobre um dos centros nervosos, crebro ou epigstrio, e a ou-tra mo sobre a parte em que se quer atuar.

    74. As imposies sobre a cabea e sobre as partes do corpo colocadas acima da cintura, atuam diretamente sobre os centros

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    nervosos e sobre o ponto de partida ativa; necessrio no prolon-g-las muito, a fim de no carregar em excesso os centros nervo-sos, o que produziria perturbaes ou excitao.

    75. As imposies sobre a parte inferior do corpo: ventre, rins, joelhos, barriga das pernas, clavculas, por sua ao atrativa para os ps, no prprio sentido das correntes, tendo um efeito dispersivo notvel, acalmam e descarregam muito mais que as imposies feitas sobre a parte superior do corpo; podem, pois, ser prolongadas sem inconveniente.

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    CAPTULO VI Dos passes

    Definio, modo de execuo, efeitos. Passes longitudinais partindo de um contato simples: sobre a cabea, sobre o epigstrio ou o ventre, sobre as costas ou a nuca. Passes longitudinais partindo de um conta-to duplo: sobre os ombros, epigstrio, os joelhos e os rins. Imposies e passes combinados, sobre os braos, as pernas e a coluna vertebral. Passes rotatrios, em pontas ou palmares.

    76. Deve entender-se sob o nome de passes todos os movimentos feitos com as mos por cima das roupas, quer se toque levemente arrastando a extremidade dos dedos, quer se exera uma presso qualquer com a face palmar.

    A ao direta sobre a pele no mais um PASSE, e sim uma FRICO; falaremos das frices ulteriormente.

    77. Toda ao magntica se resume em imposies e passes; os outros processos so apenas acessrios e complementares.

    Efetivamente, imposies e passes nada mais so que uma s e mesma coisa; a imposio representando a fixidez da ao, e o passe no sendo mais que uma imposio em movimento.

    A cincia do magnetizador reside, portanto, na arte de com-binar as imposies e os passes, para fazer nascer e dar escoamento s correntes: a imposio acumula e concentra, o passe arrasta e divide.

    78. As imposies preparam os passes; os passes partem todos, conseqentemente, de um contato simples ou de um duplo contato, conforme sejam feitos por uma s mo ou pelas duas.

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    Os passes feitos na extenso chamam-se longitudinais; os passes feitos em sentido concntrico chamam-se rotatrios.

    Passes longitudinais partindo de contato simples

    79. Tendo feito sobre a cabea um contato simples (59), levantar de leve a mo e desc-la lentamente at cavidade do estmago, tocando apenas o peito com a extremidade dos dedos; chegando ao epigstrio, fechar a mo, volt-la ao ponto de partida afastando-a um pouco do corpo, fazer novamente o contato, recomear lenta-mente o mesmo passe rojante, e continuar esse movimento alterna-do durante alguns minutos.

    80. Depois de ter feito um contato simples sobre o epigstrio ou o ventre (60 e 61), levantar a mo de leve e desc-la lentamente ao longo do corpo e das pernas at aos ps, tocando delicadamente as roupas; ao chegar aos ps, fechar a mo, volt-la ao ponto de parti-da, afastando-a um pouco do corpo; recomear o contato e continu-ar lentamente o passe rojante, continuando esse movimento alter-nado durante alguns minutos.

    81. Depois de haver feito um contato simples sobre as costas ou a nuca (62 e 63), levantar de leve a mo e desc-la com lentido ao longo da coluna vertebral, at abaixo dos rins; ao chegar neste ponto, fechar a mo, volt-la ao ponto de partida, afastando-a um pouco do corpo, fazer de novo o contato, recomear lentamente o mesmo passe rojante e continuar esse movimento alternado durante alguns minutos.

    Passes longitudinais partindo de duplo contato

    82. Tendo feito sobre os ombros um duplo contato (66), levantar de leve as duas mos, desc-las com lentido ao longo dos braos

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    at extremidade dos dedos, fechar as mos, volt-las ao ponto de partida afastando-as um pouco do corpo, fazer de novo o contato sobre os ombros durante alguns segundos, recomear lentamente o mesmo passe rojante e continuar esse movimento alternado durante alguns minutos.

    83. Depois de fazer sobre o epigstrio um duplo contato (67), levantar de leve as duas mos, desc-las lentamente ao longo dos quadris e das coxas at aos joelhos; fechar as mos, subi-las ao ponto de partida, afastando-as um pouco do corpo; tornar a fazer o contato sobre o epigstrio durante alguns segundos, recomear lentamente o mesmo passe rojante e continuar esse movimento alternado durante alguns minutos.

    84. Praticando sobre os joelhos um duplo contato (70), levantar ligeiramente as duas mos, desc-las lentamente ao longo das pernas at aos ps; fechar as mos, torn-las ao ponto de partida afastando-as um pouco do corpo; repetir o contato sobre os joelhos durante alguns segundos; recomear lentamente o mesmo passe rojante e continuar esse movimento alternado por espao de alguns minutos.

    85. Depois de praticar sobre os rins um duplo contato (71), le-vantar ligeiramente as duas mos, lev-las lentamente para diante tocando de leve a cintura, desc-las ao longo das coxas e das per-nas at aos ps; fechar as mos, tornar a lev-las ao ponto de parti-da afastando-as um pouco do corpo; recomear o contato sobre os rins durante alguns segundos, recomear lentamente o mesmo passe rojante e continuar esse movimento