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A TERCEIRA ONDA Alvin Toffler SUMÁRIO 1. Referências 2. Credenciais do Autor 3. 2.1. Outras Obras 3. Digesto (Síntese da Obra) 4. Conclusão do Autor 5. Fundamentação da Obra 6. Apreciação da Obra 6.1. Critica 6.2. Mérito 6.3. Estilo 6.4. Forma 6.5. Indicação 1. TOFFLER, ALVIN. The Third Wave (A Terceira Onda): tradutor João Tavora, 4ª Edição, Rio de Janeiro, RJ, Record, 1980. 2. O Autor é critico social conhecido internacionalmente por suas análises sobre as mudanças tecnológicas e sociais contemporâneas, esteva recentemente no Brasil a Convite da Associação Latino-Americana de Medicina Integral - ALAMI. Toffler, já beirando os 66 anos, mantém o carisma e a dialética lógica e acessível que o celebrizaram como um dos mais lidos analistas do século. A marca registrada de Toffler e da sua inseparável esposa e colaboradora Heidi Toffler é a metáfora das ondas para caracterizar as grandes mudanças sócio-econômicas da humanidade. 2.1. É autor ainda do célebre Best Seller O Choque do Futuro e de A Política da Terceira Onda, que podemos dizer uma continuidade interpretativa dos caminhos seguidos por suas teorias.

A Terceira Onda

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A TERCEIRA ONDAAlvin Toffler

SUMÁRIO

1. Referências2. Credenciais do Autor3. 2.1. Outras Obras3. Digesto (Síntese da Obra)4. Conclusão do Autor5. Fundamentação da Obra6. Apreciação da Obra 6.1. Critica 6.2. Mérito 6.3. Estilo 6.4. Forma 6.5. Indicação

1. TOFFLER, ALVIN. The Third Wave (A Terceira Onda): tradutor João Tavora, 4ª Edição, Rio de Janeiro, RJ, Record, 1980.

2. O Autor é critico social conhecido internacionalmente por suas análises sobre as mudanças tecnológicas e sociais contemporâneas, esteva recentemente no Brasil a Convite da Associação Latino-Americana de Medicina Integral - ALAMI. Toffler, já beirando os 66 anos, mantém o carisma e a dialética lógica e acessível que o celebrizaram como um dos mais lidos analistas do século.

A marca registrada de Toffler e da sua inseparável esposa e colaboradora Heidi Toffler é a metáfora das ondas para caracterizar as grandes mudanças sócio-econômicas da humanidade.

2.1. É autor ainda do célebre Best Seller O Choque do Futuro e de A Política da Terceira Onda, que podemos dizer uma continuidade interpretativa dos caminhos seguidos por suas teorias.

3. Toffler realiza sua obra de maneira metafórica, comparando as grandes revoluções do pensamento humano na área de administração do conhecimento, ou as revoluções econômicas, com o conceito físico de ondas. Primeira Onda ou Revolução Agrícola, onde a eficiência produtiva estava voltada ao plantio, com necessidades de gerenciamento e operacionalização mínimas. Foi a transformação do homem nômade e caçador no homem agrícola preso a terra, a qual surgiu 10 mil anos atrás, proporcionando o surgimento das grandes sociedades agrícolas do passado.

A segunda Onda ou Revolução Industrial, tem inicio no século XVII, com foco da industrial, modificando as relações agrarias através do grande aumento produtivo, a saída das pessoas do campo concentrando-se nas cidades, incorporando a mão de obra a industria, surge a sociedade do consumo, com aumento da produção, distribuição e massificação de produtos, e destacadamente da informação. Ë neste

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período que surge o grande desenvolvimento das ciências e das áreas de conhecimento humano, que têm por objetivo principal gerenciar, impor a ordem produtiva à todo processo, com isso a ciência de administrar as organizações, ou seja, a Ciência da Administração das Empresas.

Esta Revolução das Informações nos leva a Terceira Onda, devemos destacar que o autor deixa claro que a segunda onda não terminou, ou fora sobreposta por esta Terceira, pois, em muitos países do mundo ainda está ocorrendo e até mesmo iniciando esta segunda, países chamados do terceiro mundo, enquanto os países ditos desenvolvidos e em pontos dos em desenvolvimento. Esta revolução que vivemos atualmente, é de grande desenvolvimento e contribuição para o pensamento humano, aparecendo com os surgimento do computador, a qual é chamada também de Revolução Tecnológica, onde o conhecimento chamais será o mesmo, ultrapassou barreiras, onde a velocidade e quantidade de informações disponíveis nas mais diversas áreas do conhecimento do homem e de tal monta que por vezes chega a assustar-nos. Assim esta Revolução Tecnológica, ou com se refere o autor, Terceira Onda, não fica limitada como as anteriores na esfera pura e simples da tecnologia e da economia, mas sim, a transição para uma nova realidade do conhecimento, criando profundas mudanças em todos os aspectos da vida social humana, em todas as áreas e todos os aspectos seja: social, cultural, moral, institucional, político e econômico.

Desta forma para melhor visualização e compreensão após este breve relato, resumo, do que trata a obra de Alvin Toffler, passamos a expor de forma sistematizada, como exposta pelo autor um comentário, síntese de sua obra divisando-a como o próprio autor o faz. Alvin Toffler, considera as mudanças como causadas por uma multiplicidade heterogênea de variáveis, tratando-se em todos os seus aspectos do cotidiano ao político, do econômico ao psicológico, do antropológico ao sociológico. Tentaremos assim, uma síntese de sua obra.

A sociedade é uma reunião de fatores muito complexos no qual devem necessariamente conviver fatores de origem e conteúdo diferentes: econômicos, psicológicos, políticos, culturais, etc.. sendo a um tempo estáveis e mutáveis seu arranjo e seu devir histórico. Assim, não é possível reduzir “em última instância” a complexidade social a fatores únicos determinantes. A luta de classes, as relações de produção, a economia predominante, a cultura hegemônica e a subalterna, as expectativas e ambições dos indivíduos ou dos grupos, etc. são fatores relevantes, porque fortemente interativos, coexistentes no interior de cada época histórica e que determinam sua configuração, seu arranjo , o seu equilíbrio.

Portanto a análise da mudança deve forçosamente levar em consideração todos esses aspectos múltiplos e variáveis, uma vez que seria impossível compreender a dinâmica da mudança partindo de um único fator ou de apenas um grupo de fatores.É preciso, pelo contrário, compreender seu conjunto, o todo, o arranjo social e que ao mesmo tempo contém os elementos de superação.

O futuro já está contido no presente, e é possível observar suas características a partir de elementos, episódios, realidades, congruências e incongruências, transformações e reações que hoje já exibem sua originalidade e dão uma prévia do que poderá ser o resultado da mudança.

Estabelecida essa premissa, é contudo possível isolar alguns fatores que estimulam as mudanças. A revolução no setor das informações e da tecnologia a ele ligadas. Mas num nível mais geral é a própria inovação que parece constituir o dado determinante da mudança, da segunda para a “terceira fase”.

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The First Wawe – A Primeira Onda. Surge no inicio dos tempos com a passagem do homem nômade, para o sedentarismo das primeiras civilizações agrícolas. Conhecida também como sociedade rural, esta ligada intimamente com a ocupação e uso da terra, caracterizada e exemplificada muito bem pela sociedade medieval ou feudal. Centrada em sociedades de pequenos grupos locais, distribuída pelos territórios, sob égides de autônoma e auto suficiência. Com produção para o próprio consumo. Fundadas no núcleo familiar, o qual era toda sua referência econômica, social, política, cultura, carregada de estabilidade temporal e espacial, um arranjo social que via o mundo de cada comunidade fechado em si mesmo.

A passagem da sociedade rural à industrial exigiu uma preparação muito longa e transformou todos os arranjos sociais. A revolução industrial pode ser entendida como a passagem de uma cultura, uma economia, um imaginário fantástico e um arranjo social baseados no pequeno grupo primário local distribuído pelo território e com um fortíssimo grau de autonomia e auto-suficiência, para um arranjo social caracterizado, ao contrario, pela complexidade interdependente e massificante da sociedade industrial.

The Second Wave – A Segunda Onda. Uma série de fenômenos acompanhou, determinou e a mudança, e a passagem de uma para outra.E que envolvem quatro esferas principais: tecnológica, econômica, social e psicocultural.Uma vez que exatamente nos comentários tecidos por Toffler a esse respeito reside a força da sua argumentação, para o surgimento desta a partir do século XVII, com a Revolução Industrial, pelo que como o autor descreve e esquematiza o faremos para a melhor compreensão destes fatores:

A padronização; de produtos, dos sistemas produtivos, das infra-estruturas, dos esquemas culturais divulgados pelos meios de comunicação de massa, dos mercados, etc., é um dos elementos que melhor caracterizam a sociedade industrial. A distância que separa a padronização na sociedade industrial e a inexistência desta na rural indica perfeitamente quanto a transição do rural para o industrial modificou os arranjos sociais. Nas estruturas industrializadas a produção de massa requer necessariamente a padronização dos produtos e portanto dos processos produtivos, mas também dos mercados, dos preços, das estruturas distribuidoras, do gosto dos consumidores, das moedas, etc. Não menos importante é a padronização das linguagens e dos dialetos, dos pesos e medidas, do gosto e, para concluir, do tempo.

Especialização; A partir do taylorismo toda a atividade produtiva foi definida por este mandamento: subdividir as operações produtivas no maior número possível de operações obtidas individualmente em seqüência, para realizar o máximo de especialização por parte dos indivíduos incumbidos das operações parceladas. Tal prática, que por suas vantagens produtivas explícitas, notadamente no ramo industrial, invadiu também as estruturas produtivas dos países socialistas, tornando-se o sistema de produção dominante.

Mas, se desenvolveu também como divisão do trabalho fora dos agregados produtivos: da divisão do trabalho nas empresas, divisões profissionais, políticas, comerciais, etc.

Sincronização; “Num sistema independente do mercado (market-dependent), seja este livre ou planificado, tempo é dinheiro”. Em todas as sociedades industrializadas, inclusive as socialistas, toda a atividade direta ou indiretamente econômica, produtiva ou de consumo, desenvolve-se em tempo de trabalho ou tempo livre, se submetendo ao vínculo da sincronização. Que podemos definir como micro sincronização das operações de trabalho (cadeia de montagem), até a macro-sincronização das instituições, toda a sociedade industrial é medida, valorizada e determinada pela disponibilidade do tempo. No mundo industrial milhões de homens

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começam e determinam sua jornada de trabalho no mesmo momento, bem como fruem de seu laser segundo uma cadência temporal definida e sincronizada. Crianças começam e terminam seus estudos no mesmo período. Nos Estados Unidos, União Soviética, Singapura ou na Suécia, França, Dinamarca, Alemanha e no Japão, milhões de famílias cumprem as mesmas atividades no mesmo instante e programam diariamente sua vida de trabalho, sua vida familiar e seu tempo livre com uma sincronização que na first wave era absolutamente impensável.

A concentração; dos recursos energéticos e tecnológicos necessária à exploração do petróleo, passando pela concentração dos recursos financeiros como principal motor do progresso, e chegando até o fenômeno do urbanismo e das megalópoles, toda a second wave é dominada por essa característica, que se tem como princípio absoluto de regulamentação do comportamento, dos movimentos e das instituições, mesmo nas sociedades socialistas se convenceram da necessidade da concentração: produtiva, sindical, cultural, territorial e econômica.:

“... o industrialismo revolucionou completamente a situação em comparação com a era rural. O século XIX, na verdade, foi chamado o período do “Grande Enceramento”. Um período em que os criminosos foram detidos e concentrados nas prisões, os doentes mentais encerrados em manicômios, as crianças concentradas nas escolas, assim como os trabalhadores foram concentrados nas fábricas.” (p.65).

Maximização é a quinta chave interpretativa da sociedade industrial, onde “grande” se torna sinônimo de “eficiente”. Uma vez que as dimensões são um indicador de sucesso, organizações e instituições perseguiram freneticamente o ideal do desenvolvimento até levá-lo a se tornar um imperativo cultural. Por outro lado a “gigantomania” envolveu até os países socialistas, e países do Leste europeu são até hoje vítimas da “addiction to bigness”.

Centralização, por fim, foi convertida por todas as sociedades industriais na arte mais genuína. Assim como a Igreja durante a first wave conseguiu centralizar o poder e a cultura mundiais todos os aspectos sociais, políticos e culturais ficaram fortemente centralizados nas sociedades industriais. A centralização é por outro lado requerida pela própria complexidade das estruturas, que se exprime na exigência de dividir as organizações em funções de conceito e funções executivas, em line e staff, ou na exigência de criar estruturas de coordenação dos mercados e das finanças nos níveis nacional e internacional.

Se tais características distinguem a sociedade industrializada da rural, a partir dessas mesmas considerações é possível compreender a transição para a sociedade pós-industrial, e portanto os elementos que a caracterizam.

Como a primeira aproximação podemos considerar que, se há qualquer semelhança entre as diferentes formas sociais, esta é evidente mais no confronto entre a first wave e a third wave do que entre a sociedade industrial e a pós-industrial, pela qual a second wave pode ser considerada um parêntese na evolução histórica do homem. A partir do arranjo que tinha feito para si ao longo de milênios durante a fase rural, ele se viu “forçado”a transitar por uma fase de industrialização a fim de acumular bens, serviços e inovações necessários para “saltar” para a terceira fase, ou seja, para uma estrutura semelhante à primeira mas com maior disponibilidade de recursos.

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The Third Wave- A Terceira Onda; A sociedade pós-industrial se caracteriza, graças as revoluções que ainda hoje estão envolvendo o mundo tecnológico, das informações e cultural, como uma sociedade não mais dominada pelos imperativos do desenvolvimento econômico, do gigantismo, da concentração, da massificação, etc., mas como uma sociedade que, à semelhança da rural, encontrará sua razão intrínseca de ser e de se transformar; no núcleo familiar, na produção para o consumo próprio, o qual Toffler chama-os de “prosumer”, expressão que funde as palavras “produtor” e “consumidor”, na desestruturação do tempo e do espaço de trabalho e de não trabalho, na desmassificação da cultura, no individualismo psicológico e cultural.

Como já mencionamos, são múltiplos e heterogêneos, complexos e interatuantes. A revolução tecnológica, científica e econômica segue seu caminho explosivo, ocorrem cada vez menos as necessidades de padronização, sincronização, etc. que durante os séculos caracterizaram a sociedade industrial, deixando para os indivíduos o pleno e livre arbítrio de exprimir suas próprias necessidades primárias e não. Fenômenos como a moda, o consumo em massa de filmes, da música, da arte em geral, assim como dos bens de consumo primários, se liberariam das constrições “normatizantes” e “massificantes” da revolução industrial, para se tornar, como já eram na sociedade camponesa, rural, pré-industrial, fatores subjetivos, livres de qualquer condicionamento.

Até as instituições ideológicas que desenvolvem seus programas políticos padronizando a realidade, reduzindo-a a um modelo médio, se tornariam cada vez menos eficazes na interpretação das necessidades dos indivíduos. Com a perda dos condicionamentos exigidos pela sociedade industrial, isto é, quanto mais se liberam de tais condicionamentos do mercado, da distinção industrial entre produtor e consumidor, tanto mais suas necessidades de desmassificam e não podem mais ser satisfeitas pelas atividades programáticas das instituições de massa.

Assim a obra de Toffler estão cheios de exemplos do que teoricamente poderia ser o arranjo real da sociedade pós-industrial. Desde o modo de trabalhar até as atividades econômicas, sociais e culturais desenvolvida pelos núcleos familiares, da explosão das formas individuais de criação e fruição da arte às transformações tecnológicas que caracterizarão a third wave, ao arranjo territorial e ao não-papel das instituições. Naturalmente não é possível reassumi-las todas. Entretanto são muito interessantes as reflexões elaboradas pelo autor sobre aquelas que são as atuais transformações em curso na organização industrial.

“Primeiro observamos que enquanto todas as sociedades precisam de um pouco de centralização e um pouco de descentralização, a civilização da second wave era mais inclinada para o primeiro arranjo do que para o segundo. Os “Grandes Padronizadores”, que contribuíram para construir o industrialismo, marcham ao lado dos “Grandes Concentradores”, de Hamilton a Lênin até Rossevelt.Hoje é evidente uma notícia inversão de tendência. Surgem novos partidos políticos, novas técnicas de administração e novas filosofias, que contratam de modo explícito com as premissas concentradoras da second wave.[...] O termo “descentralização” tornou-se a palavra de ordem da administração; grandes sociedades se apressam a fracionar a própria organização em “centros de rendimento”. Um caso típico foi a reorganização da Esmark Inc., uma sociedade de grandes dimensões que atua nos setores de alimentos, produtos químicos, petrolífera e de seguros.“No passado”, declarou Robert Renecker, presidente da Esmark, “tínhamos um complexo ingovernável [...] O único meio de obter uma atividade coordenada foi dividi-lo em muitas cessões pequenas. O resultado foi a divisão da Esmark em mil ‘centros de rendimento’ diferentes, alguns dos quais são em grande parte responsáveis por sua atividade”.

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[...] O que é importante não é tanto a Esmark em si – que provavelmente reestruturou mais de uma vez desde então – quanto a tendência que ela representa. Centenas, talvez milhares, de empresas estão continuamente se reorganizando, se descentralizando, às vezes indo muito longe para depois retroceder, mas reduzindo pouco a pouco a centralização do controle de suas atividades.No nível ainda mais profundo, as grandes organizações estão modificando os modelos de autoridade que caracterizam o centralismo. A empresa típica da second wave era organizada em torno do princípio “um homem, um chefe”. Embora um chefe médio pudesse Ter mais de um subordinado, por sua vez ele dependia de um único chefe. Isso significa que todos os canais de comando estavam voltados para o centro.Hoje é possível observar como esse sistema desmorona sob seu próprio peso nos setores industrialmente avençado, no serviços, nas profissões e em muitas organizações públicas. A realidade é que um número cada vez maior de pessoas tem mais que um único chefe.Em meu livro anterior, Future shock, observei como as grandes organizações formavam em grau cada vez maior unidades temporais, como as task forces, as comissões interdepartamentais e os grupos de projeto, e criei para esse fenômeno a expressão ad-hocracy (o contrário de bureau-cracy e portanto sinônimo de “poder não estruturado de modo rígido”). Desde então muitas outras organizações se orientaram para assumir tais unidades temporais em estruturas formais completamente novas chamadas “organizações por matriz”. Em vez de um controle centralizado, a organização por matriz se baseia no que é conhecido como multiple comand system (“sistema de comando múltiplo”).Com essa estrutura, cada dependente faz parte de uma unidade organizacional e presta contas a um superior à maneira tradicional; ao mesmo tempo é designado para um ou mais grupos com tarefas que não podem ser desenvolvidas por uma única unidade. Assim, um grupo típico de projeto pode Ter membros pertencentes à produção, à pesquisa, às rendas, à engenharia, às finanças e a outros setores. As pessoas que pertencem a esse grupo se referem ao project manager como a um chefe regular. O resultado é, portanto, que um grande número de pessoas depende hoje de um chefe para objetivos puramente administrativos e de outro chefe (ou de diversos outros chefes) para os fins de trabalho concretos.[...] Originada nas grandes sociedades que a adotaram primeiramente, como a General Electric nos Estados Unidos e a Skandia Insurance na Suécia, a organização por matriz se encontra agora por toda a parte, desde os hospitais até os escritórios comerciais e o Congresso dos Estados Unidos da América.Nos termos em que se manifestaram o professor S. M. Davis, da Universidade de Boston, e o professor R. P. Lawrence, da Universidade de Harvard, a matriz “não é apenas mais uma técnica acessória de administração ou uma moda passageira [...] ela representa uma profunda ruptura [...] a matriz constitui uma nova espécie de organização industrial”. E essa nova espécie é em si menos centralizada que o velho sistema do chefe único que caracterizava a época da second wave.”(p.267/272)

Não é apenas o arranjo interno das organizações que sofre profundas modificações. Também a própria ordem industrial está mudando substancialmente de configuração.

“Por toda a parte podemos observar a formação da consciência que existem limites profundos a tão louvada economia da escala e que muitas organizações ultrapassaram esses limites. As grandes empresas estão agora procurando ativamente modos de reduzir as dimensões de suas unidades de

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funcionamento. As novas tecnologias e a transferência de algumas funções para o terciário reduzem a escala das atividades da empresa. O tradicional estabelecimento ou escritório da second wave, onde sob o mesmo teto trabalhavam milhares de pessoas, será uma raridade nos países de alta tecnologia. Na Austrália, quando pedi ao presidente de uma companhia automobilística que descrevesse a fábrica de automóveis do futuro, ele, falando com extrema convicção, me disse: “Não construirei outro estabelecimento como esse, onde sob o mesmo teto trabalham 7 mil pessoas. Eu o fracionarei em unidades pequenas, cada uma das quais empregará trezentas ou quatrocentas pessoas. As novas tecnologias disponíveis possibilitam isso”. Hoje começamos a compreender que nem grande e nem pequeno são intrinsecamente “belos, mas que dimensões adequadas, associadas a uma combinação inteligente de grande e pequeno, são a melhor forma. [...] Começamos também a experimentar novas formas de organização que combinam as vantagens de ambos.”(p.272/273)

É possível projetar algumas das características da organização do futuro, e a melhor forma de fazê-lo e utilizando-se das próprias palavras do autor:

“Vimos anteriormente que quando todos os princípios da second wave foram aplicados à organização o que resultou foi uma burocracia industrial clássica: uma organização gigantesca, hierárquica, permanente, vertical e complexa, bem projetada para fabricar produtos em série ou para tomar decisões repetitivas num ambiente completamente estável.Agora, com o impulso dos novos princípios e começando aplicá-los em seu conjunto, somos necessariamente impelidos para tipos de organização absolutamente novos. Essas organizações da third wave têm uma hierarquia achatada, com o topo menor. Constituem-se de pequenas unidades componentes, ligadas por configurações temporais. Cada um desses componentes tem suas relações com o ambiente externo, tem, por assim dizer, a sua política externa, que pode manter sem precisar necessariamente passar pelo centro [...] Eles diferem as organizações burocráticas também por outro aspecto fundamental: são organizações que poderiam ser definidas como ‘duais” ou “polivalentes”, por serem capazes de assumir duas ou mais formas estruturais conforme as condições em que funcionam, como certas matérias plásticas do futuro que mudam de forma se submetidas a temperaturas frias ou quentes, para depois voltar à forma básica quando a temperatura está em seu nível normal.[...] Não dispomos ainda de palavras para descrever essas organizações do futuro. Termos como “matriz” ou “ad hoc” são inadequados. Vários teóricos sugeriram expressões diversas. Um publicitário, Lester Wunderman, falou de “grupos de conjunto, que atuam como comandos intelectuais que [...] começarão a substituir a estrutura hierárquica”. Tony Judge, um dos nosso mais brilhantes teóricos das organizações,escreveu muito sobre o caráter de network dessas organizações emergentes do futuro,ressaltando entre outras coisas que “essas networks não são coordenadas por ninguém, mas se coordenam por si mesmas, e assim se pode falar de “autocoordenação’. Em outro lugar ele as descreveu nos termos dos princípios da tensegrity(temporalidade) de Buckminster Fuller. Quaisquer que sejam os termos usados, é indiscutível que está chegando algo revolucionário. Estamos participando não apenas do nascimento de novas formas de organização como também do nascimento de uma nova civilização. Um novo código está tomando forma, um conjunto de princípios próprios da Third Wave, regras novas, fundamentais para a sobrevivência social. (p. 274/275).

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Assim, a figura do prosumer e a eletric cottage se tornam exemplos desta nova realidade, da mudança; o núcleo familiar, descaracterizado e desestruturado pela sociedade industrial, com o emprego das novas tecnologias, consegue ser econômica e culturalmente autônomo novamente, auto-suficiente e não mais market-dependent, e ao mesmo tempo ligado On-line com o mundo inteiro.

Concluindo a desmassificação e a descentralização das estruturas econômicas, tecnológicas, energéticas, culturais, psicológicas e políticas, com perda da significação e sincronia espacial e temporal, da desespecialização das funções, atividades, cargos, etc., e da desconcentração dos recursos são os elementos que caracterizarão a Third Wave.

A atividade cerebral domina a sociedade do conhecimento, a atual, intrinsecamente ligada à revolução tecnológica e da informação, sendo o computador o seu símbolo mais marcante. Desta forma sintetizamos sua obra.

4. Conclui-se da obra que o autor pretende despertar uma nova visão e que os pesquisadores passem para uma abordagem mais participativa, avaliando e inserindo-se, sendo “Ator”, da pesquisa por ele desenvolvida, pois, o pesquisador também faz parte da realidade pesquisada. Buscando que a pesquisa em educação produza resultados, que apontem as soluções necessárias aos problemas existentes nas áreas do ensino, despertando igualmente uma postura critica, participativa, atuante do pesquisador, e que o mesmo faça uso de toda sua inteligência, habilidade técnica e paixão no aprimoramento, amplitude dos resultados a que se destina a pesquisa educacional.

5. A partir dos dedutivos, intuitivos, no qual avalia através de consultas bibliográficas, evolução sócio política econômica e cultural da humanidade e de suas constantes e permanentes necessidades de evolução, adota o método das chamadas escolas participativas, teoria a qual defende sua ampla aplicação, bem como, a necessidade de seu aprimoramento constante de suas percepções e avaliações.

Concluindo que esta revolução, que vivemos atualmente, tem trazido enormes contribuições para o pensamento humano. A qual apareceu para o mundo com o advento da criação do computador. A partir daí o conhecimento humano em todas as suas áreas jamais será o mesmo, sendo como se ele tivesse ultrapassado uma barreira e a partir de agora a velocidade e a quantidade de informações disponíveis ao ser humano nunca será a mesma.

6. Avaliamos que a principal contribuição da obra apresentada é o despertar dos pesquisadores e dos profissionais das mais diversas áreas, inclusive da administração para uma visão e necessidade de uma abordagem, mais complexa, que busque uma interação maior destes profissionais a realidade existente do mundo atual globalizado, influenciado diretamente pelos fatores da revolução tecnológica, e conseqüentemente das mudanças comportamentais da sociedade e do Homem visto tais evoluções e revoluções, e que sua pesquisa venha refletir a realidade fática dos acontecimentos dentro dos contextos sociais, políticos e histórico, buscando soluções aos problemas crescentes que apresentam o mundo atual, o Homem em seu novo papel, dentre todas estas atividades.

Dentro da área administrativa, destaca-se o deslocamento de eixos, quanto as responsabilidades, divisão de tarefas, e mesmo estrutura de trabalho, onde como bem destacado em sua Terceira Onda as desestruturações criadas com relação ao tempo e do espaço de trabalho e não trabalho, bem como, a necessidade dos

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administradores reavaliar suas posturas em respeito as individualidades psicológico e cultural dos indivíduos principalmente em suas relações e atividades ligadas e direcionadas as organizações.

6.1. Desperta inegavelmente os estudiosos das mais diversas áreas, para uma nova realidade em da evolução social, notadamente pela revolução tecnológica, em seus diversos setores do social ao econômico, do político ao cultural etc., que os mesmos busquem ampliar sua percepção das necessidades sociais e de seus indivíduos, o Homem, em seus mais diversos aspectos, suprindo-lhes suas mais amplas e as básicas necessidades, de uma participação moderna interdisciplinar e participativa na busca de soluções sociais; bem demonstrado a necessária mudança do enfoque praticado pelas anteriores escolas “positivistas” do angulo da gestão administrativa, para o prisma da moderna interação participativa entre seus indivíduos entre si e com as próprias organizações, inicialmente difundida tão somente em nosso meio acadêmico cientifico, disseminando a todo aqueles membros sociais envolvidos por estas mudanças que estão ocorrendo e revolucionando em um passo cada vez em uma velocidade mais vertiginosa, enquadrando-a de forma disciplinar as nossa realidades e ao contexto geral da nova sociedade tecnológica globalizada, ou mundializada com se expressa o autor.

6.2. Contribui, portanto, ao despertar dessa nova filosofia e enfoque das mudanças e revoluções sociais pelas quais estamos passando, através de uma visão nova e original, através de seu enfoque pessoal e metáfora própria, expõe de forma simples, a necessidade de reavaliarmos a nossa postura que vínhamos adotando pelo nosso desenvolvimento de até então, demonstrando a grande necessidade de uma maior interação do da sociedade em seus diversos níveis em respeito a individualidades inerentes a humanidade e seus indivíduos, com o objeto e com o que se propõe, finalidade, a que se destina a sua pesquisa e o conhecimento acumulados e que dispõe a disseminar para as novas realidades da evolução humana.

6.3. Expõe sua obra de forma didática, digamos clássica, porém de forma simples, objetiva e coerente.

6.4. Sistematizada concisamente, em equilíbrio dispondo as partes de forma seqüência facilitando a compreensão do texto e conteúdo como um todo.

6.5. Dirigida ao público em geral, das mais diversas áreas do conhecimento, mas notadamente de grande contribuição aqueles que se dedicam ao estuda da administração e dos caminhos a serem seguidos pelas corporações, como aqueles que desenvolvem pesquisas em outros campos correlatos, igualmente aqueles integrantes de cursos de graduação voltadas as áreas das Ciências Humanas de forma abrangente e do comportamento humano.

Alvin Toffler, considera as mudanças como causadas por uma multiplicidade heterogenea de variaveis, tratando-se em todos os seus aspectos do cotidiano ao politico, do economico ao psicologico, do antropologico ao sociologico. Tentaremos assim, uma sintese de sua obra.

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A sociedade é uma reunião de fatores muito complexos no qual devem necessariamente conviver fatores de origem e conteúdo diferentes: econômicos, psicológicos, políticos, culturais, etc.. sendo a um tempo estáveis e mutáveis seu arranjo e seu devir histórico. Assim, não é possível reduzir “em última instância” a complexidade social a fatores únicos determinantes. A luta de classes, as relações de produção, a economia predominante, a cultura hegemônica e a subalterna, as expectativas e ambições dos indivíduos ou dos grupos, etc. são fatores relevantes, porque fortemente interativos, coexistentes no interior de cada época histórica e que determinam sua configuração, seu arranjo , o seu equilíbrio.Portanto a análise da mudança deve forçosamente levar em consideração todos esses aspectos múltiplos e variaveis, uma vez que seria impossível compreender a dinâmica da mudança partindo de um único fator ou de apenas um grupo de fatores.É preciso, pelo contrário, compreender seu conjunto, o todo, o arranjo social e que ao mesmo tempo contém os elementos de superação.

O futuro já está contido no presente, e é possível observar suas características a partir de elementos, episódios, realidades, congruências e incongruências, transformações e reações que hoje já exibem sua originalidade e dão uma prévia do que poderá ser o resultado da mudança.

Estabelecida essa premissa, é contudo possível isolar alguns fatores que estimulam as mudanças. A revolução no setor das informações e da tecnologia a ele ligadas. Mas num nível mais geral é a própria inovação que parece constituir o dado determinante da mudança, da segunda para a “terceira fase”. The First Wawe – A Primeira Onda. Surge no inicio dos tempos com a passagem do homem nomade, para

A SECOND WAVE

A passagem da sociedade rural à industrial exigiu uma preparação muito longa e transformou todos os arranjos sociais. A revolução industrial pode ser entendida como a passagem de uma cultura, uma economia, um imaginário fantástico e um arranjo social baseados no pequeno grupo primário local distribuído pelo território e com um fortíssimo grau de autonomia e auto-suficiência, para um arranjo social caracterizado, ao contra’rio, pela complexidade interdependente e massificante da sociedade industrial. De um arranjo social que via o mundo de cada comunidade fechado em si mesmo, auto-suficiente, onde produção e consumo coincidiam, fundamentado no núcleo familiar com entidade de referência econômica-sócio-psico-histórica-cultural estável no espaço e no tempo, para um arranjo composto de uma combinação dos mesmos elementos configurados segundo um projeto que, em muitos sentidos, podemos considerar diametralmente oposto.Em síntese uma série de fenômenos acompanhou, determinou e foi determinada pela mudança, fenômeno que Toffler sintetiza em:

- padronização,- especialização, - sincronização, - concentração, - maximização, - centralização,

e que envolveram quatro esferas principais: tecnológica, econômica, social e psicocultural. Uma vez que exatamente nos comentários tecidos por Toffler a esse

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respeito reside a força da sua argumentação, nós os examinaremos mais pormenorizadamente.

a) a padronização dos produtos, dos sistemas produtivos, das infra-estruturas, dos esquemas culturais divulgados pelos meios de comunicação de massa, dos mercados, etc., é um dos elementos que melhor caracterizam a sociedade industrial. A distância que separa a padronização na sociedade industrial da despadronização na rural indica perfeitamente quanto a transição do rural para o industrial modificou os arranjos sociais. Nas estruturas industrializadas a produção de massa requer necessariamente a padronização dos produtos e portanto dos processos produtivos, mas também dos mercados e dos preços, das estruturas distribuidoras, do gosto dos consumidores, das moedas, etc. Não menos importante é a padronização das linguagens e dos dialetos, dos pesos e medidas, do gosto e, para concluir, do tempo.

b) a especialização constitui um segundo princípio da sociedade industrial. A partir do taylorismo toda a atividade produtiva foi definida por este mandamento: subdividir as operações produtivas no maior número possível de operações obtidas individualmente em seqüência, para realizar o máximo de especialização por parte dos indivíduos incumbidos das operações parceladas. Uma prática, o taylorismo, que por suas vantagens produtivas explícitas (no sentido industrial) invadiu também as estruturas produtivas dos países socialistas, tornando-se o sistema de produção dominante.

Mas a especialização se desenvolveu também como divisão do trabalho fora dos agregados produtivos: da divisão do trabalho nas empresas às divisões profissionais, políticas (até a atividade política foi considerada uma profissão sujeita a especialização), comerciais, etc.

c) a sincronização é o terceiro elemento. “Num sistema independente do mercado (market-dependent), seja este livre ou planificado, tempo é dinheiro”.

Também nas sociedades industrializadas socialistas toda a atividade, direta ou indiretamente econômica, produtiva ou de consumo, desenvolvida em tempo de trabalho ou em tempo livre, deve se submeter ao vínculo da sincronização. Desde aquela que podemos definir como micro sincronização das operações de trabalho de uma cadeia de montagem até a macro-sincronização das instituições (totais ou não), toda a sociedade industrial é medida, valorizada e determinada pela escansão do tempo. No mundo industrial milhões de homens começam e determinam sua jornada de trabalho no mesmo momento, comem, jogam, e fruem espetáculos segundo uma cadência temporal definida e sincronizada. Milhões de crianças começam e terminam seus estudos no mesmo período. Nos Estados Unidos, na União Soviética, em Singapura e na Suécia, na França e na Dinamarca, na Alemanha e no japão, milhões de famílias cumprem as mesmas atividades no mesmo instante e programam diariamente sua vida de trabalho, sua vida familiar e seu tempo livre com uma sincronização que na first wave era absolutamente impensável.

d) a concentração é o quarto princípio. Da concentração dos recursos energéticos e tecnológicos necessária à exploração do petróleo, passando pela concentração dos recursos financeiros como principal motor do progresso, e chegando até o fenômeno do urbanismo e das megalópoles, toda a second wave é dominada por essa característica, que se entendem também como princípio absoluto de regulamentação do comportamento, dos movimentos e das instituições:

‘... o industrialismo revolucionou completamente a situação em comparação com a era rural. O século XIX, na verdade, foi chamado o período do “Grande Enceramento”. Um período em que os criminosos foram detidos e concentrados nas prisões, os doentes mentais encerrados em manicômios, as crianças concentradas nas escolas, assim como os trabalhadores foram concentrados nas fábricas.

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Até os administradores socialistas se convenceram da necessidade da concentração: produtiva, sindical, cultural, territorial e econômica.

e) A maximização é a quinta chave interpretativa da sociedade industrial, onde “grande” se torna sinônimo de “eficiente”. Uma vez que as dimensões são um indicador de sucesso, muitos governos, industrias e outras organizações perseguiram freneticamente o ideal do desenvolvimento até levá-lo a se tornar um imperativo cultural. Um exemplo disso é o coro que trabalhadores e gerentes entoam diariamente na Matsushita.

Por outro lado a “gigantomania” envolveu até os países socialistas, e países do Leste europeu são até hoje vítimas da “addiction to bigness”.

f) a centralização, por fim, foi convertida por todas as sociedades industriais na arte mais genuína. Assim como a Igreja durante a first wave conseguiu centralizar o poder e a cultura mundiais todos os aspectos sociais, políticos e culturais ficaram fortemente centralizados nas sociedades industriais. A centralização é por outro lado requerida pela própria complexidade das estruturas, que se exprime na exigência de dividir as organizações em funções de conceito e funções executivas, em line e staff, ou na exigência de criar estruturas de coordenação dos mercados e das finanças nos níveis nacional e internacional.

A THIRD WAVE

Se tais características distinguem a sociedade industrializada da rural, a partir dessas mesmas considerações é possível compreender a transição para a sociedade pós-industrial, e portanto os elementos que a caracterizam.

Como a primeira aproximação podemos considerar que, se há qualquer semelhança entre as diferentes formas sociais, esta é evidente mais no confronto entre a first wave e a third wave do que entre a sociedade industrial e a pós-industrial, pela qual a second wave pode ser considerada um parêntese na evolução histórica do homem. A partir do arranjo que tinha feito para si ao longo de milênios durante a fase rural, ele se viu “forçado”a transitar por uma fase de industrialização a fim de acumular bens, serviços e inovações necessários para “saltar” para a terceira fase, ou seja, para uma estrutura semelhante à primeira mas com maior disponibilidade de recursos.

Assim, a sociedade pós-industrial se caracteriza, graças as revoluções que ainda hoje estão envolvendo o mundo tecnológico, das informações e cultural, como uma sociedade não mais dominada pelos imperativos do desenvolvimento econômico, do gigantismo, da concentração, da massificação, etc., mas como uma sociedade que, à semelhança da rural, encontrará sua razão intrínseca de ser e de se transformar:

- no núcleo familiar,- na produção para o consumo próprio (Toffler chama esses trabalhadores de

“prosumer”, neologismo que funde as palavras “produtor” e “consumidor”), - na desestruturação do tempo e do espaço de trabalho e de não trabalho,- na desmassificação da cultura, - no individualismo psicológico e cultural.Como já mencionamos, são múltiplos e heterogêneos, complexos e interatuantes,

Enfim, a medida que a revolução tecnológica, científica e econômica segue seu caminho explosivo, ocorrem cada vez menos as necessidades de padronização, sincronização, etc. que durante os séculos caracterizaram a sociedade industrial, deixando para os indivíduos o pleno e livre arbítrio de exprimir suas próprias necessidades (primárias e não). Fenômenos como a moda, o consumo em massa de filmes, da música, da arte em geral, assim como dos bens de consumo primários, se liberariam das constrições “normatizantes” e

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“massificantes” da revolução industrial, para se tornar, como já eram na sociedade camponesa, rural, pré-industrial, fatores subjetivos, livres de qualquer condicionamento.

Mas até os partidos de massa, os sindicatos, todas as instituições ideológicas que desenvolvem seus programas políticos padronizando a realidade, reduzindo-a a um modelo médio no qual vão se basear para elaborar esse programa, se tornariam cada vez menos eficazes na interpretação das necessidades dos indivíduos: quanto mais estes perdem os condicionamentos exigidos pela sociedade industrial, isto é, quanto mais se liberam dos condicionamentos do mercado, da distinção essencialmente industrial entre produtor e consumidor, tanto mais suas necessidades de desmassificam e não podem mais ser satisfeitas pelas atividades programáticas das instituições de massa.

Assim os textos de Toffler estão cheios de exemplos do que teoricamente poderia ser o arranjo real da sociedade pós-industrial. Desse modo de trabalhar até as atividades econômicas, sociais e culturais desenvolvida pelos núcleos familiares, da explosão das formas individuais de criação e fruição da arte às transformações tecnológicas que caracterizarão a third wave, ao arranjo territorial e ao não-papel das instituições. Naturalmente não é possível reassumi-las todas. Entretanto são muito interessantes as reflexões elaboradas pelo autor sobre aquelas que são as atuais transformações em curso na organização industrial. Primeiro observamos que enquanto todas as sociedades precisam de um pouco de centralização e um pouco de descentralização, a civilização da second wave era mais inclinada para o primeiro arranjo do que para o segundo. Os “Grandes Padronizadores”, que contribuíram para construir o industrialismo, marcham ao lado dos “Grandes Concentradores”, de Hamilton a Lênin até Rossevelt.Hoje é evidente uma notícia inversão de tendência. Surgem novos partidos políticos, novas técnicas de administração e novas filosofias, que contratam de modo explícito com as premissas concentradoras da second wave.[...] O termo “descentralização” tornou-se a palavra de ordem da administração; grandes sociedades se apressam a fracionar a própria organização em “centros de rendimento”. Um caso típico foi a reorganização da Esmark Inc., uma sociedade de grandes dimensões que atua nos setores de alimentos, produtos químicos, petrolífera e de seguros.“No passado”, declarou Robert Renecker, presidente da Esmark, “tínhamos um complexo ingovernável [...] O único meio de obter uma atividade coordenada foi dividi-lo em muitas cessões pequenas. O resultado foi a divisão da Esmark em mil ‘centros de rendimento’ diferentes, alguns dos quais são em grande parte responsáveis por sua atividade”.[...] O que é importante não é tanto a Esmark em si – que provavelmente reestruturou mais de uma vez desde então – quanto a tendência que ela representa. Centenas, talvez milhares, de empresas estão continuamente se reorganizando, se descentralizando, às vezes indo muito longe para depois retroceder, mas reduzindo pouco a pouco a centralização do controle de suas atividades.No nível ainda mais profundo, as grandes organizações estão modificando os modelos de autoridade que caracterizam o centralismo. A empresa típica da second wave era organizada em torno do princípio “um homem, um chefe”. Embora um chefe médio pudesse Ter mais de um subordinado, por sua vez ele dependia de um único chefe. Isso significa que todos os canais de

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comando estavam voltados para o centro.Hoje é possível observar como esse sistema desmorona sob seu próprio peso nos setores industrialmente avençado, no serviços, nas profissões e em muitas organizações públicas. A realidade é que um número cada vez maior de pessoas tem mais que um único chefe.Em meu livro anterior, Future shock, observei como as grandes organizações formavam em grau cada vez maior unidades temporais, como as task forces, as comissões interdepartamentais e os grupos de projeto, e criei para esse fenômeno a expressão ad-hocracy (o contrário de bureau-cracy e portanto sinônimo de “poder não estruturado de modo rígido”). Desde então muitas outras organizações se orientaram para assumir tais unidades temporais em estruturas formais completamente novas chamadas “organizações por matriz”. Em vez de um controle centralizado, a organização por matriz se baseia no que é conhecido como multiple comand system (“sistema de comando múltiplo”).Com essa estrutura, cada dependente faz parte de uma unidade organizacional e presta contas a um superior à maneira tradicional; ao mesmo tempo é designado para um ou mais grupos com tarefas que não podem ser desenvolvidas por uma única unidade. Assim, um grupo típico de projeto pode Ter membros pertencentes à produção, à pesquisa, às rendas, à engenharia, às finanças e a outros setores. As pessoas que pertencem a esse grupo se referem ao project manager como a um chefe regular. O resultado é, portanto, que um grande número de pessoas depende hoje de um chefe para objetivos puramente administrativos e de outro chefe (ou de diversos outros chefes) para os fins de trabalho concretos.[...] Originada nas grandes sociedades que a adotaram primeiramente, como a General Electric nos Estados Unidos e a Skandia Insurance na Suécia, a organização por matriz se encontra agora por toda a parte, desde os hospitais até os escritórios comerciais e o Congresso dos Estados Unidos da América. Nos termos em que se manifestaram o professor S. M. Davis, da Universidade de Boston, e o professor R. P. Lawrence, da Universidade de Harvard, a matriz “não é apenas mais uma técnica acessória de administração ou uma moda passageira [...] ela representa uma profunda ruptura [...] a matriz constitui uma nova espécie de organização industrial”. E essa nova espécie é em si menos centralizada que o velho sistema do chefe único que caracterizava a época da second wave.

Mas não é apenas o arranjo interno das organizações que sofre profundas modificações. Também a própria ordem industrial está mudando substancialmente de configuração.Por toda a parte podemos observar a formação da consciência que existem limites profundos a tão louvada economia da escala e que muitas organizações ultrapassaram esses limites. As grandes empresas estão agora procurando ativamente modos de reduzir as dimensões de suas unidades de funcionamento. As novas tecnologias e a transferência de algumas funções para o terciário reduzem a escala das atividades da empresa. O tradicional estabelecimento ou escritório da second wave, onde sob o mesmo teto trabalhavam milhares de pessoas, será uma raridade nos países de alta tecnologia. Na Austrália, quando pedi ao presidente de uma companhia automobilística que descrevesse a fábrica de automóveis do futuro, ele, falando com extrema convicção, me disse: “Não construirei outro estabelecimento como esse, onde sob o mesmo teto

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trabalham 7 mil pessoas. Eu o fracionarei em unidades pequenas, cada uma das quais empregará trezentas ou quatrocentas pessoas. As novas tecnologias disponíveis possibilitam isso”. Hoje começamos a compreender que nem grande e nem pequeno são intrinsecamente “belos, mas que dimensões adequadas, associadas a uma combinação inteligente de grande e pequeno, são a melhor forma. [...] Começamos também a experimentar novas formas de organização que combinam as vantagens de ambos.

Desse modo é possível projetar algumas das características da organização do futuro.

Vimos anteriormente que quando todos os princípios da second wave foram aplicados à organização o que resultou foi uma burocracia industrial clássica: uma organização gigantesca, hierárquica, permanente, vertical e complexa, bem projetada para fabricar produtos em série ou para tomar decisões repetitivas num ambiente completamente estável.Agora, com o impulso dos novos princípios e começando aplicá-los em seu conjunto, somos necessariamente impelidos para tipos de organização absolutamente novos. Essas organizações da third wave têm uma hierarquia achatada, com o topo menor. Constituem-se de pequenas unidades componentes, ligadas por configurações temporais. Cada um desses componentes tem suas relações com o ambiente externo, tem, por assim dizer, a sua política externa, que pode manter sem precisar necessariamente passar pelo centro [...] Eles diferem as organizações burocráticas também por outro aspecto fundamental: são organizações que poderiam ser definidas como ‘duais” ou “polivalentes”, por serem capazes de assumir duas ou mais formas estruturais conforme as condições em que funcionam, como certas matérias plásticas do futuro que mudam de forma se submetidas a temperaturas frias ou quentes, para depois voltar à forma básica quando a temperatura está em seu nível normal.[...] Não dispomos ainda de palavras para descrever essas organizações do futuro. Termos como “matriz” ou “ad hoc” são inadequados. Vários teóricos sugeriram expressões diversas. Um publicitário, Lester Wunderman, falou de “grupos de conjunto, que atuam como comandos intelectuais que [...] começarão a substituir a estrutura hierárquica”. Tony Judge, um dos nosso mais brilhantes teóricos das organizações,escreveu muito sobre o caráter de network dessas organizações emergentes do futuro,ressaltando entre outras coisas que “essas networks não são coordenadas por ninguém, mas se coordenam por si mesmas, e assim se pode falar de “autocoordenação’. Em outro lugar ele as descreveu nos termos dos princípios da tensegrity(temporalidade) de Buckminster Fuller. Quaisquer que sejam os termos usados, é indiscutível que está chegando algo revolucionário. Estamos participando não apenas do nascimento de novas formas de organização como também do nascimento de uma nova civilização. Um novo código está tomando forma, um conjunto de princípios próprios da Third Wave, regras novas, fundamentais para a sobrevivência social. (p. 274/275).

Assim, a figura do prosumer e a eletric cottage se tornam exemplos desta nova realidade, da mudança; o núcleo familiar, descaracterizado e desestruturado pela sociedade industrial, com o emprego das novas tecnologias, consegue ser econômica e culturalmente autônomo novamente, auto-suficiente e não mais market-dependent, e ao mesmo tempo ligado On-line com o mundo inteiro.

Concluindo a desmassificação e a descentralização das estruturas econômicas, tecnológicas, energéticas, culturais, psicológicas e políticas, com perda da significação e sincronia espacial e temporal, da desespecialização das funções, atividades, cargos, etc., e da desconcentração dos recursos são os elementos que caracterizarão a Third Wave.

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TOFFLER: A TERCEIRA ONDA

A obra de Alvim Toffler, na qual considera as mudanças sociais, as quais são causadas por uma “multiplicidade heterogênea de variáveis”, considerando todos os seus possíveis aspectos, do cotidiano ao político, do econômico ao psicológico, do antropológico ao sociológico.

Tais transformações sociais, são divididas em 03 períodos, ou Ondas como denomina o autor: Primeira Onda - Sociedade Pré-Industrial ou Rural; Segunda Onda - Sociedade Industrial; Terceira Onda - Sociedade Pós-Industrial (atual).

PRIMEIRA ONDA - FIRST WAVE

Período: Sociedade Pré-Industrial ou Sociedade Rural.

Eixo Principal: Ocupação e uso da terra.

Características: Sociedade de pequenos grupos primários e local;Distribuição pelo território; Alto grau de autonomia e auto-suficiência;Comunidade fechada em si mesma;Coincidência entre produção e consumo;Fundado no Núcleo Familiar - Referência -

econômica, sócio, psico, histórica, cultural - estável no espaço e no tempo.

SEGUNDA ONDA - SECOND WAVE

Período: Sociedade Industrial.

Eixo Principal: Trabalho/Capital.

Características: Padronização;Especialização; Sincronização;Concentração;Maximização;Centralização.

TERCEIRA ONDA - THIRD WAVE

Período: Atual - Sociedade Pós-Industrial.

Eixo Principal: Alta Tecnologia - Inovação - Revolução Telemática, Informática e Robótica.

Características: Rompimento pela Revolução Tecnológica com as caraterísticas da Second Wave.

Aproximação, semelhança, com a First Wave, sociedade rural, que encontra sua razão de ser e de se transformar:

No Núcleo Familiar;

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Na produção para consumo próprio; Na desestruturação do tempo e do espaço de

trabalho e de não-trabalho (lazer);Na desmassificação da cultura;No individualismo psicológico e cultural;

Uma nova civilização está emergindo em nossas vidas [...] Essa nova civilização traz consigo novos estilos de família, novos modos de trabalho, amar e viver; uma nova economia; novos conflitos políticos e, em última análise, também uma profunda alteração da consciência do homem. Fragmentos dessa nova civilização já existem hoje. Milhões de homens já estão ordenando sua vida pelos ritmos de amanhã. Outros, aterrorizados com o futuro, se desesperam e futilmente refugiam-se no passado, procurando restaurar aquele velho mundo que lhes dá segurança.1

__________________ 1. A. Toffler, The third wave(Londres: Pan Books, 1981), p. 23.