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Marketing, estado nutricional e comportamento alimentar. Sartori Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):309-319, 2013 309 SEGURANÇA alimentar e nutricional A influência do marketing aplicado à indústria de alimentos sobre o estado nutricional e o comportamento alimentar no Brasil: uma revisão Alan Giovanini de Oliveira Sartori 1 O marketing aplicado à indústria de alimentos tem sido apontado como um dos principais elementos na etiologia da obesidade infantil e no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis associadas à dieta. O objetivo do artigo foi, por meio da elaboração de revisão bibliográfica, analisar os estudos sobre a influência da publicidade e propaganda no estado nutricional de crianças e adolescentes e no comportamento alimentar conduzidos no Brasil. Realizaram-se buscas em bases de dados científicas virtuais e foram analisadas publicações selecionadas, com base em critérios pré-estabelecidos. Constatou-se que a maioria dos anúncios de alimentos na mídia televisiva brasileira refere- se a produtos considerados não saudáveis e que a influência do marketing sobre o consumo alimentar de crianças e adolescentes é relevante. O tempo despendido em frente à tela por esses indivíduos é excessivo (≥ 2,5 horas/dia) e, adicionado a hábitos como comer enquanto se assiste televisão e dedicar tempo insuficiente à prática de atividades físicas, está associado ao excesso de peso. No tocante ao conteúdo das propagandas e informações divulgadas em rótulos presentes nas embalagens dos produtos alimentícios, notou-se a necessidade de aprimoramento da atuação reguladora do setor público, tanto no que se refere à fiscalização, quanto à legislação vigente. Além disso, intervenções governamentais de estímulo a escolhas alimentares adequadas e estilos de vida saudáveis são essenciais para a redução da prevalência de sobrepeso e obesidade, especialmente para crianças e adolescentes com status socioeconômico baixo. Palavras-chave: comportamento alimentar, estado nutricional, marketing, propaganda. The influence of food marketing on nutritional status and food behavior in Brazil: a review Food marketing has been indicated as a major component in the etiology of childhood obesity and in the development of chronic diseases related to diet. The purpose of this article was to analyze studies about the influence of advertisement and publicity in nutritional status of children and adolescents, as well as in food behavior conducted in Brazil. Searches in virtual scientific databases were conducted and publications were selected, based on pre-established criteria. It was observed that the majority of the advertisements on television were about unhealthy foods, and the influence of their messages on food consumption by children and adolescents is relevant. These individuals spend a lot of time in front of the screen, but also eat in front of it, and do exercises a little or none, so there are other related causes. Regarding the content of advertisements and information found on the labels of products, an improvement on the regulatory system in the public sector, in both supervision and in the current legislation, is necessary. Hence, government interventions to stimulate appropriate food choices and healthy lifestyles are essential to reducing the prevalence of overweight and obesity, especially in poor children and adolescents. Key-words: food behavior, nutritional status, marketing, advertising. 1 Mestre em Ciência. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ, Universidade de São Paulo – USP. Correspondência: Travessa Dona Eugênia n o 135, apartamento 44, CEP: 13.416-218. Telefone: (11) 984-324-421. E-mail: [email protected].

A Influencia Do Marketing Aplicado a Industria de Alimentos Sobre o Estado Nutricional e o Comportamento Alimentar No Brasil Uma Revisao

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Marketing, estado nutricional e comportamento alimentar. Sartori Segurana Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):309-319, 2013309 SEGURANA alimentar e nutricional A influncia do marketing aplicado indstria de alimentos sobre o estado nutricional e o comportamento alimentar no Brasil: uma reviso Alan Giovanini de Oliveira Sartori1 Omarketingaplicadoindstriade alimentos tem sido apontado como umdos principais elementos na etiologia da obesidadeinfantilenodesenvolvimentodedoenascrnicasnotransmissveisassociadasdieta.Oobjetivodo artigofoi,pormeiodaelaboraoderevisobibliogrfica,analisarosestudossobreainflunciadapublicidadee propagandanoestadonutricionaldecrianaseadolescentesenocomportamentoalimentarconduzidosnoBrasil. Realizaram-se buscas em bases de dados cientficas virtuais e foram analisadas publicaes selecionadas, com base em critrios pr-estabelecidos. Constatou-se que a maioria dos anncios de alimentos na mdia televisiva brasileira refere-seaprodutosconsideradosnosaudveiseque ainflunciadomarketingsobreoconsumoalimentardecrianase adolescentes relevante. O tempo despendido em frente tela por esses indivduos excessivo ( 2,5 horas/dia) e, adicionadoahbitoscomocomerenquantoseassistetelevisoededicartempoinsuficienteprticadeatividades fsicas,estassociadoaoexcessodepeso.Notocanteaocontedodaspropagandaseinformaesdivulgadasem rtulospresentesnasembalagensdosprodutosalimentcios,notou-seanecessidadedeaprimoramentodaatuao reguladora do setor pblico, tanto no que se refere fiscalizao, quanto legislao vigente. Alm disso, intervenes governamentais de estmulo a escolhas alimentares adequadas e estilos de vida saudveis so essenciais para a reduo da prevalncia de sobrepeso e obesidade, especialmente para crianas e adolescentes com status socioeconmico baixo. Palavras-chave: comportamento alimentar, estado nutricional, marketing, propaganda. The influence of food marketing on nutritional status and food behavior in Brazil: a review Foodmarketinghasbeenindicatedasamajorcomponentintheetiologyofchildhoodobesityandinthe developmentofchronicdiseasesrelatedtodiet.Thepurposeofthisarticlewastoanalyzestudiesaboutthe influenceofadvertisementandpublicityinnutritionalstatusofchildrenandadolescents,aswellasinfood behaviorconductedinBrazil.Searchesinvirtualscientificdatabaseswereconductedandpublicationswere selected, based on pre-established criteria. It was observed that the majority ofthe advertisementson television wereaboutunhealthyfoods,andtheinfluenceoftheirmessagesonfoodconsumptionbychildrenand adolescents is relevant. These individuals spend a lot of time in front of the screen, but also eat in front of it, and doexercisesalittleornone,sothereareotherrelatedcauses.Regardingthecontentofadvertisementsand informationfoundonthelabelsofproducts,animprovement ontheregulatorysysteminthe publicsector,in bothsupervisionandinthecurrentlegislation,isnecessary.Hence,governmentinterventionstostimulate appropriate food choices and healthy lifestyles are essential to reducing the prevalence of overweight and obesity, especially in poor children and adolescents. Key-words: food behavior, nutritional status, marketing, advertising.

1MestreemCincia.EscolaSuperiordeAgriculturaLuizdeQueirozESALQ,UniversidadedeSoPauloUSP.Correspondncia:TravessaDona Eugnia no 135, apartamento 44, CEP: 13.416-218. Telefone: (11) 984-324-421. E-mail: [email protected]. Marketing, estado nutricional e comportamento alimentar. Sartori 310 Segurana Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):309-319, 2013 INTRODUO Ferramentasdomarketingveiculadasnaforma decampanhaspublicitriasemmeiosdecomunicao de massa podem gerar significativa elevao do volume de produtos vendidos por uma empresa no mercado [1]. Todavia,tratando-sedealimentosebebidas,hfortes evidnciasdainflunciadomarketingsobreas prefernciaseconsumodeitenscomaltadensidade calricaebaixovalornutritivo,especialmenteem populaesinfantis.Tambmtemsidoobservada provvelcontribuioparaaocorrnciadedietas menos saudveis e possvel associao com o aumento do risco de desenvolver distrbios relacionados dieta em indivduos nesse estgio de vida [2]. Marketingpodeserdefinidocomoum processo social e gerencial por meio do qual indivduos egruposdeindivduosobtmoquenecessitame desejampormeiodacriaoetrocadeprodutose valorescomoutrosindivduosougrupos [3].Sendo assim, o marketing tem por base quatro pilares: produto (concepo,desenvolvimentoereformulao);preo (determinao de valor e preo); distribuio (gesto de canais de distribuio e da cadeia de valor); e promoo (comunicao).Oobjetivofinalsatisfazerum determinado grupo focal de consumidores [4]. Apublicidadeeapropagandaconstituemo pilar denominado como promoo. Cabe publicidade empregarrecursosoumeiosdecomunicaopara veicularaoconsumidorumamensagemelaborada visando a fazer propaganda de um produto ou servio. Apropaganda,porsuavez,possibilitaaoconsumidor identificar um produto, associ-lo a algum benefcio ou valoreassim,efetuara aquisio [5]. Cabe aomarketing aplicadoindstriadealimentosidentificarosfatores que,conscientementeouinconscientemente, determinamoatodaaquisioetambmo estabelecimentodeumarelaodefidelizaodo consumidor com o produto [6]. Tendoemvistaqueosprodutosalimentcios podemseradquiridostantoparasatisfazera necessidade fisiolgica de alimentar-se quanto o desejo de obter prazer, o mercado alimentar potencialmente significativo para a indstria. Asmensagensdapublicidadeepropaganda podemserveiculadaspormeiodediferentesmdias, comorevistas,peridicosespecializados,cartazes, painis,luminosos,catlogos,vitrines,rdio,televiso, cinema e internet. Alm disso, embalagens e informaes contidasemseusrtulos,inclusiveinformaes nutricionais, tambm podem influenciar as escolhas do consumidorepodemseremalgunscasos,onico meiodecomunicaoentreeleseofabricantedo alimento. Ascrianas,emcomparaoaosadultos, tendematersuasescolhasalimentaresmais influenciadaspelasmensagensveiculadaspormeiode peaspublicitrias,poistmmaiorlimitaopara compreender a inteno persuasiva das propagandas ou avali-laspormeiodeumavisocrtica [7].Crianas comobesidadepodemseraindamaisvulnerveisaos efeitosdasferramentasdomarketingdealimentosdo que crianas eutrficas [8]. A principal causa de sobrepeso e obesidade o balanoenergticopositivoque,porsuavez,est associadoingestoexcessivadealimentosaltamente calricos (ricos em lipdeos) e inatividade fsica [9]. AOrganizaoMundialdaSade(OMS) recomendaqueaesdeprevenodaobesidade direcionadasparacrianaseadolescentesdevem promoverestilosdevidaativaeconsumodefrutas, legumes e verduras; restringir o consumo de alimentos densamentecalricosedebaixovalornutritivo,alm derefrigerantesaucarados;elimitaroacesso televiso.Altimarecomendaodeve-seaos investimentoselevadosemmarketingdealimentosno saudveis por parte das indstrias [10]. NoBrasil,segundooInstitutoBrasileirode GeografiaeEstatstica(IBGE),aprevalnciade excesso de pesoemcrianascom 5 a 9 anos de idade atingiu34,8%e32%emmeninosemeninas, respectivamente, em 2008-2009. No mesmo perodo, a proporodeindivduoscom10a19anosdeidade obesos foi 21,7% para meninos e 19,4% para meninas [11].Nolongoprazo,hevidnciasdehaveraumento doriscodedesenvolvimentodedoenascrnicasno transmissveisentrehomensemulheresqueforam adolescentescomsobrepeso,mesmoquetenham atingido peso adequado na idade adulta [12]. Apossvelassociaoentreaexposioa propagandasdealimentosdensamentecalricose Marketing, estado nutricional e comportamento alimentar. Sartori Segurana Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):309-319, 2013311 pobresemmicronutrientes,especialmenteaquelas veiculadasscrianas,comaampliao daprevalncia desobrepesoeobesidadeinfantiltemestimulado rgosgovernamentaisenogovernamentaisa regulamentaremouproporemaesrestritivas veiculaodessasferramentasdomarketingemtodo mundo. Nestaconjuntura,oobjetivodoartigode revisofoianalisarainfluncia domarketingaplicado indstriadealimentossobreoestadonutricionalde crianas e adolescentes eno comportamento alimentar da populao brasileira. METODOLOGIA Aestratgiaadotadaparaaelaboraoda revisobibliogrficafoianlisedocumentaldeartigos identificados por meio da realizao de buscas em bases cientficasvirtuais,entrejaneiroejunhode2013. ForamconsultadasaBibliotecaCientficaEletrnica On-line(ScieloScientificElectronicLibraryOnline),o MEDLINE(pormeiodostioeletrnicoda PubMed)eoCochrane.Osdescritoresutilizados poderiam estar presentes no ttulo, resumo ou palavras-chave.Forameles:advertising,obesity,television,marketing, Brazil,children,adolescent.Operododepublicao considerado foi entre 1998 e 2013. Desta forma foram identificados160publicaesnaScielo,99no MEDLINE e 19 no Cochrane. Em seguida os artigos foram selecionados por meiodaleituradosresumosdisponveisvisandoa checar se os artigos relacionavam marketing com estado nutricionalouconsumoalimentarnoBrasil.Foram excludosensaios,artigosdereviso,textosnantegra comacessorestritoeaquelesescritosemidiomasque nofossemoingls,oportuguseoespanhol.O nmero total de artigos selecionados e utilizados foi 11. Asistematizaodarevisobibliogrficafoi viabilizada por meio do estabelecimento de um roteiro deanlisetendoemvista:autoria;anodepublicao; localderealizaodoestudo(municpioeestado); desenhodoestudo;caractersticasetamanhoda amostra;metodologiaeresultadosmaisrelevantes,no mbito da presente reviso. RESULTADOS Os estudos identificados e selecionados foram agrupadosemdoisgrupos,tendoporbaseos contedosabordados:1)alimentosebebidas anunciados na mdia e associao com comportamento alimentar,solicitaodecompraporcrianasaos cuidadoreseacessoaalimentosconsideradoscomo nosaudveis;e2)associaoentretempodedicado emfrenteTVeestadonutricionaldecrianase adolescentes. ATabela1sumarizainformaesdosartigos selecionadoseutilizadosnaelaboraodapresente reviso sistemtica. Marketing, estado nutricional e comportamento alimentar. Sartori 312 Segurana Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):309-319, 2013 Tabela1.Estudossobreainflunciadomarketingaplicadoindstriadealimentoseocomportamento alimentar e estado nutricional de crianas e adolescentes brasileiros, publicados entre 1998 e 2013 Autoria, ano de publicao e local do estudo AmostraDesfecho e exposioResultados ALMEIDA, NASCIMENTO e QUAIOTI, 2002 648 horas de programao de emissoras de TV gravadas Desfecho: % de peas publicitrias de alimentos e tipos de alimentos veiculados Exposio: propagandas de alimentos veiculadas pela TV Participao das peas publicitrias de alimentos variou entre 27,5% (dias de semana) e 22,3% (aos sbados). Alimentos veiculados classificados, em geral, como no saudveis. MOTTA-GALLO, GALLO e CUENCA (2013), Guaranhuns, PE Cuidadores de 29 crianas; 7 a 9 anos de idade; 51,7% meninos Desfecho: preferncia alimentar Exposio: propagandas de alimentos veiculadas pela TV Notou-se influncia da propaganda veiculada pela TV na demanda por alimentos MIOTTO e OLIVEIRA (2006), Cascavel, PR 114 crianas; 7 a 10 anos de idade; 52,6% meninos Desfecho: preferncia alimentar Exposio: propagandas de alimentos veiculadas pela TV Notou-se influncia da propaganda veiculada pela TV na preferncia alimentar RODRIGUES e FIATES (2012), Florianpolis, SC 111 crianas; 7 a 10 anos de idade; 46,84% meninos Desfecho: preferncia alimentar Exposio: hbito de assistir televiso, rendimento familiar Notou-se consumo de guloseimas maior por indivduos pobres SILVA e MALINA (2003), Niteri, RJ 323 adolescentes; 10 a 19 anos de idade; 38% meninos Desfecho: IMC, sobrepeso (percentil 85) Exposio: nmero dirio de horas em frente TV e nvel de atividade fsica Sobrepeso associado a 3 horas diriasem frente TV FONSECA, SICHIERI e VEIGA (1998), Niteri, RJ 391 adolescentes; 15 a 17 anos de idade; 46,8% meninos Desfecho: IMC, sobrepeso (percentil 90) Exposio: nvel de atividade fsica e horas dirias despendidas assistindo TV e jogando videogame No houve correlao entre nvel de atividade fsica e IMC; maior correlao entre horas dirias assistindo TV e jogando videogame e IMC para meninos PIMENTA e PALMA (2001), Rio de Janeiro, RJ 56 crianas; 10 a 11,9 anos de idade; 48,21% meninos Desfecho: % gordura Exposio: nmero de minutos dirios assistindo TV e praticando atividades fsicas Correlao positiva entre % gordura e tempo dirio assistindo TV, e negativa entre % de gordura e tempo despendido praticando atividades fsicas FRUTUOSO, BISMARCK-NASR e GAMBARDELLA (2003), So Paulo, SP 155 crianas e adolescentes; 7 a 14 anos; 61,93% meninos Desfecho: prtica alimentar e IMC Exposio: inatividade fsica Associao entre excesso de peso e inatividade fsica/hbito de consumir alimentos em frente TV Continua Marketing, estado nutricional e comportamento alimentar. Sartori Segurana Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):309-319, 2013313 Tabela. Continuao Autoria, ano de publicao e local do estudo AmostraDesfecho e exposioResultados COSTA, HORTA e SANTOS (2012), Belo Horizonte, MG 116 crianas e adolescentes; 7 a 15 anos; 32,8% meninos Desfecho: prtica alimentar (QFA) e IMC Exposio: quantidade de aparelhos de TV no lar, tempo dedicado em frente TV Associao entre quantidade de aparelhos de TV no lar e excesso de peso/menor probabilidade de consumir frutas em frente TV BARUKI et al. (2006), Corumb, MS 403 crianas; 7 a 10 anos de idade; 54,1% meninos Desfecho: IMC, sobrepeso (percentil 85) e obesidade (percentil 95), % de gordura e circunferncia de cintura Exposio: prtica de atividades fsicas e tempo assistindo TV ou jogando videogame Correlao positiva fraca entre hbito de assistir TV e jogar videogame e estado nutricional e correlao negativa fraca entre prtica de atividades fsicas e estado nutricionalFonte: Elaborao do autor. Complementarmente,foirealizadauma discussosobreasinformaesdeprodutos alimentciosveiculadas,pormeiodertulosepeas publicitrias, ao consumidor no Brasil. Alimentosanunciadosnamdiaeassociao com comportamento alimentar Apredominnciadamdiademassa,como rdioeteleviso,favoreceuadivulgaodemarcas conhecidaspelapopulaoeadisseminaode estratgias do marketing que tm impacto no consciente einconscientedoconsumidordealimentos,como embalagenscoloridas,peaspublicitriascomimagens de forte apelo emocional, slogans e jingles repetitivos [13]. Aparticipaodaspropagandasdealimentos na programao comercial da TV, assim como os tipos dealimentosanunciadosfoitemadeumestudo identificadonapresente reviso.Almeida,Nascimento eQuaioti [14]analisarampeaspublicitriasveiculadas emtodososhorriospelastrsprincipaisredesde televiso do pas de segunda-feira a sbado entre 1998 e 2000.Pormeiodegravaes,ospesquisadores observaramquealimentosfoiacategoriade produtoscommaiorfrequnciadeanncios.Em termosqualitativos,amaiorpartedosprodutos divulgados,57,8%,foiclassificadacomogorduras, leos, acarese doces,epossuaemsuacomposio elevadosteoresdelipdeos,carboidratossimplesesal. No foram identificados anncios para frutas, legumes everduras.Deacordocomessesresultados,pode-se concluirqueocontedodepeaspublicitriasde alimentosveiculadaspelatelevisoapresentou-se diferentedocontedodesejvelparaestimularuma dietaadequada.Tendoporbaseapirmidealimentar brasileiraparaumadietade2.000kcalpropostapor Philippi [15], a participao de leos, gorduras, acares e doces, por exemplo, deve ser restrita a 183 kcal, ou seja, o equivalente a 9,15% do valor energtico total. Notocantescrianas,sabe-sequea interfernciadapropagandanoconhecimento,nas preferncias e no comportamento alimentar relevante [16] [17].Estratgiaspersuasivasempregadaspelo marketingdealimentosincentivamindivduosnesse estgio de vida a demandarem e consumirem alimentos frequentementeinadequadossobopontodevista nutricional. PesquisaqualitativadeMotta-Gallo,Galloe Cuenca [18]realizadapormeiodeentrevistas semiestruturadasembairrospobresdemunicpio pernambucano,registrouquecuidadores(pais,mese avs)percebiamainflunciadaprogramaoda televiso sobre a preferncia alimentar e as solicitaes de compra de alimentos pelas crianas. Por outro lado, Frutuoso,Bismarck-Nasr eGambardella [19]estudaram crianaspaulistanaspertencentesaestratosda populaodebaixonvelsocioeconmicoe constataram que apenas 7,3% dos meninos e 8,6% das Marketing, estado nutricional e comportamento alimentar. Sartori 314 Segurana Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):309-319, 2013 meninaspercebiamoefeitodapropagandanos prprios hbitos alimentares. MiottoeOliveira [20],contandocomamostra de alunos matriculados em escola filantrpica localizada emCascaveleparticipantesdeprogramadeeducao nutricional,avaliaramoimpactodamdiana prefernciaalimentarpormeiodequestionrio estruturadocomperguntassobrehbitosaoassistir televiso. Os autores observaram que 64% das crianas desejavamconsumiralimentosveiculadospelos anncios publicitrios e que 94,7% das mes atendiam, semprequepossvel,assolicitaesdecomprade alimentosdosfilhos.Cabesalientarqueprodutosque ofereciambrindecomorecompensaporsuacompra foram valorizados por 52,6% das crianas. Resultados similares foramobtidos,tendoem vistaindivduoscomstatussocioeconmicomais elevado,Costa,HortaeSantos [21]conduziramestudo decortetransversalnomunicpiodeBeloHorizonte comestudantesde7a15anosdeidadedecolgio particular. Por meio da coleta de dados via questionrio detectou-seassociaopositivaentreaatraopor produtosalimentciosanunciadoseaaquisiodos mesmos. Comparandoalunosdeescolapblicaede escolaparticulardomunicpiodeFlorianpolis, RodrigueseFiates [22]conduziramestudoqualitativo, combasenarealizaode 23 gruposfocais realizados. As autoras notaram, com base nos registros elaborados, preferncia geral dos indivduos por guloseimas e maior nmeroderelatossobreautonomiaparaaquisiode alimentos entre estudantes da escola pblica, cuja renda familiartendiaasermenor.Essascrianasregistraram teracessofacilitadoaalimentosdebaixovalor nutricional em pontos de venda prximos s suas casas. Adicionalmente, apesar de o hbito de assistir televiso tersidoobservadoemtodososescolares,eramais frequente entre aqueles mais pobres. Analisandoaliteraturacitada,possvel constatarqueapublicidadeepropagandaaplicadaa alimentos,geralmentecomaltadensidadecalricae baixovalornutritivo,influenciaoshbitosalimentares decrianaseadolescentesdediferentesnveis socioeconmicos.Almdisso,hindciosdeque indivduos com baixo nvel socioeconmico esto mais vulnerveis e tm acesso facilitado a esses produtos. Noforamidentificados,napresentereviso, estudossobreainflunciadomarketingaplicado indstriadealimentosnoconsumoalimentarde indivduos adultos no Brasil. Associaoentre hbito de assistir televisoe estado nutricional em crianas e adolescentes Aexpansodaaquisiodeaparelhosde televisomodificouasestratgiasdepropagandae marketingadotadaspelasempresasquefabricame comercializamalimentos.Em2008,96,8%dos domicliosnoBrasilcontinhamtelevisoresacores [23]. Aliado a este fato, crianas e adolescentes tm adotado padresdecomportamentosedentrioseconsumido alimentoscomaltadensidadecalrica,com consequenteaumentodaprevalnciadeindivduos com excesso de peso nesse estgio de vida. Rivera et al. [24] e Silva e Malina [25] investigaram a associao entre o nmero de horas dirias em frente televiso,nveldeatividadefsicaeexcessodepeso em crianas e adolescentes matriculadas em escolas das redespblicaeprivada.Ambososestudos,realizados nosmunicpiosdeMaceieNiteri,respectivamente, identificaramcorrelaoestatisticamentesignificativa entre o hbito de assistir televiso com frequncia igual ousuperioratrshorasdiriaseexcessodepeso.O nvel de atividade fsica foi baixo para ambos os sexos, especialmenteentreadolescentesdosexofeminino, todavianoapresentouassociaosignificativacom sobrepesoeobesidade,etendeuadiminuircomo aumentodafaixaetria.Otempomdiodirio dedicado TV variou entre 3,6 [24] e 4,7 horas. Fonseca,SichierieVeiga [26]verificaram possveisfatoresassociadosaoestadonutricionalde adolescentesmatriculadosemescolaparticulardo municpiodeNiteri.Asautorasobservarammaior correlaoentrehoras dirias assistindo TVe jogando videogameeIMCemmeninos,pormnohouve correlaoentrenveldeatividadefsicaesobrepeso. Barukietal. [27],pormeiodeestudoconduzidoem amostradeescolaresmatriculadoseminstituio pblicaemmunicpiodaregioCentro-Oeste, detectaramcorrelaofracaentretempodedicadoem frente tela (TV evideogame), que variou entre 2,5 e 2,6 horas,e estadonutricional (IMC).Cabeoregistro, todavia, de que o nmero de horas dirias despendidas jogando videogame no foi discriminado em ambos os estudos. Marketing, estado nutricional e comportamento alimentar. Sartori Segurana Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):309-319, 2013315 Vasconcellos,AnjoseVasconcellos [28] estudaramotempodedicadotela(televiso, videogameecomputador)esuapossvelassociao comaprevalncia desobrepesoe obesidadepor meio deamostradealunosdoensinofundamentaldarede pblicaemNiteri.Ospesquisadoresidentificaram correlaopositiva entreasoma dotempo dedicado a assistirTV,utilizarcomputadorejogarvideogame (mdiadiriaobtidade5,8horasparameninose5,5 horasparameninas)eexcessodepeso.Entretanto,a diferena no foi estatisticamente significativa tendo em vistaapenasotempodespendidoassistindoteleviso (emmdia2,9horasparameninose3,7horaspara meninas por dia). A prtica de assistir TV est associada maior probabilidadedeadolescentes,especialmentedosexo masculino,ingeriremalimentosconsiderados obesognicos,comodocesebebidasrefrigerantes aucaradas,almdemenorprobabilidadede consumiremfrutas,verduraselegumes [29].NoBrasil, Frutuoso,Bismarck-NasreGambardella [19]relataram correlao positiva estatisticamente significativa entre o hbitodeconsumiralimentoscomaltadensidade calricaemfrentetelevisoeexcessodepesoem crianaseadolescentespaulistanos,pertencentesa estratosdapopulaodebaixonvelsocioeconmico. Cabecitarquetambmfoinotadaassociaopositiva entreinatividadefsicaendicedemassacorporal (IMC). Costa,HortaeSantos [21]conduziramestudo comcrianaseadolescentesmatriculadosemescola particulardeBeloHorizonteedetectaramassociao positivaentreonmerodeaparelhosdetelevisoeo IMC. Adicionalmente,o consumo de frutas, legumes e verdurasfoiassociadonegativamenteaohbitode comeremfrenteTV.Osindivduosassistiram,em mdia,programaotelevisivadurantetrshoraspor dia. Tendocomodesfechoopercentualcorporal de gordura em crianas, Pimenta e Palma [30] coletaram dadosreferentesapadresdecomportamentoem amostradeescolaresdoquartoanodoensino fundamental de colgio federal localizado no municpio doRiodeJaneiro.Constatou-se queotempo semanal despendidoassistindotelevisofoisignificativamente maior(mdiade2,63horaspordia)doqueaquele dedicadoprticadeatividadesfsicas(mdiade1,34 horaspordia)equehaviaassociaoestatisticamente significativaentreospadresdecomportamentoeo percentualcorporaldegorduranosindivduosda amostra (positiva para tempo despendido assistindo TV e negativa para prtica de atividades fsicas). Osestudosapresentados,conduzidosem municpiosdequatrodascincoregiesgeogrficas brasileiras(excetoregioNorte)ecomamostrasde escolaresmatriculadosemescolasdasredespblicae privada, possibilitam concluir que o tempo despendido assistindoprogramaodatelevisoporcrianase adolescentesexcessivonopas(2,5horas),tendo porbaserecomendaesinternacionais:segundoa OMS [10], a reduo do tempo dedicado em frente TV para30minutosdiriosestassociadareduono IMC e a um estilo de vida saudvel. Informaesdeprodutosalimentcios veiculadas ao consumidor Oaumentodosgastoscompropagandapor parte das empresas, notado desde a segunda metade do sculo XX, tem permitido a veiculao de informaes populaopormeiodediferentesmeiosde comunicao.Sendoassim,podem-sediscriminar propagandasdecunhoestritamentepersuasivo, caracterizadas especialmente pela esttica, daquelas que contribuem com a divulgao do papelda nutriona manuteno da sade humana [13]. Segundo a Associao Americana de Diabetes, aindstriadealimentostemopapeldefornecer informaescompletase confiveis,esclarecer dvidas eventuaisdoconsumidorepromovercampanhas publicitrias visando alimentao saudvel [31]. NoBrasil,Scagliusi,MachadoeTorres [32] averiguaramonveldeadequaodasinformaes nutricionaisveiculadasemrtulosdeembalagensde alimentos comercializados em 2002. Tendo porbase a legislaopublicadapelaAgnciaNacionalde VigilnciaSanitria(ANVISA)vigentenapocada realizaodaanlise(RDCno40,de21demarode 2001),asautorasconcluramqueoscontedosdas tabelas de composio nutricional analisadas atendiam norma.Todaviapropagandasveiculadasemmateriais promocionais,taiscomostioseletrnicos,cartazes localizadosempontosdevendaemesmonas embalagensdosprodutos,continhaminformaes confusas,incompletasequepodiaminduziro consumidorainterpretaeserrneas.Oestudo tambmrelatafalhasnaResoluoadotadacomo refernciaeemsuasucessora(RDCno360,de23de dezembrode2003,tambmpelaANVISA)comoa Marketing, estado nutricional e comportamento alimentar. Sartori 316 Segurana Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):309-319, 2013 ausnciadeequivalnciaentremedidascaseirase poro indicada de consumo dos produtos alimentcios, oquedificultaainterpretaodasinformaes nutricionais pelos consumidores. Cabesalientarqueaconsultasinformaes disponibilizadasnosrtulosdealimentos foiapontada como atividade rotineira por grande parte de amostra (n =250)defrequentadoresdesupermercados(74,8%) localizados em Braslia [33]. Tendoemvistaoponto devenda,Lemos [34] analisouoperfildepropagandasdealimentos veiculadasnomercadodevarejodacidadedeSo Paulo. A autora observou maior nmero de aes para alimentos processados, altamente energticos e de valor nutritivo,emrelaoaosalimentosinnatura,emaior nmerodepropagandasidentificadasem estabelecimentos de varejo de alimentos para consumo imediato,emrelaoaospontosdevendapara consumonodomiclio.Cabedestacarqueaautora constatouqueaparceladapopulaoderendabaixa estmaisexpostaapropagandasdeprodutos industrializadosquecontmnutrientesadicionadose por isso tm apelo de sade. Machado [35]descreveudennciasde estratgiascompetitivasdaindstriaalimentcia contrriassadepblicaqueafetaramnegativamente aescolhadoconsumidoreoconsumoalimentar, inclusivedecrianas,especialmentepormeioda apresentao de elementos de marketing potencialmente geradoresdeconfuso.Nasequnciasoenumerados alguns casos que podem afetar o estado nutricional: 1.Alimentoscujosnomescomerciaissugerema presenadedeterminadosingredientesqueno fazem parte de suas composies; 2.Adiodesubprodutoseingredientesdebaixo custo visando a reduzir o custo de matria prima do produto,pormsemcomunicaoadequadae suficienteaoconsumidor,inclusivequantos consequentes mudanas na composio nutricional; 3.Peaspublicitriasutilizandoirresponsavelmenteo recursodacomparaoentreprodutos industrializadoseprodutosin natura,ouseja, tendo porbaseapenasalgunsnutrientesenoa composio nutricional como um todo; 4.Propagandasdealimentossubstitutosdoleite materno destinados alimentao de lactentes. Notocanteregulaodomarketingde alimentosnoBrasil(considerandoformulaoe comunicao),aANVISApublicouaRDCno24em 15dejunhode2010,queestabeleceosrequisitos mnimos a serem divulgados, por meio do uso de frases de alerta, em aes de promoo comercial de bebidas combaixovalornutritivo(comorefrigerantese refrescosartificiais)ealimentoscontendoquantidade elevadadeacar,gordurasaturada,gorduratranse sdio,geralmentesubmetidosaelevadograude processamentoedesejadosespecialmenteporcrianas e adolescentes [36]. Segundo Mor [37] a RDC n0 24/2010 foipioneiracomousodefrasesdealertaem propagandasdealimentosconsideradoscomono saudveis,pormnosuficienteparainstruiro consumidor a estabelecer uma dieta saudvel. Acomercializao,rotulagemedivulgaode produtos alimentcios, frmulas de nutrientes indicadas para recm-nascidos de alto risco, entre outros aspectos relacionadosalactentes,tambmsoreguladaspela ANVISA,pormeiodeResoluesquecompema NormaBrasileiradeComercializaodeAlimentos para Lactentes (NABCAL) desde 2001 [38] [39] [40], e pela Lein011.265,de3dejaneirode2006 [41].Segundo Arajoetal. [42],queanalisaramasmudanasna NABCALentre1992e2002(ltimareviso),h oportunidadesdeaprimoramentodotextolegal visando proteo do aleitamento materno exclusivo e continuado,comoporexemplo,arestrioou proibio da distribuio de amostras e a publicidade de alimentosparacrianasdeprimeirainfncia(crianas de1a3anosdeidade).Complementarmente, Pagnoncellietal. [43]averiguaramoatendimentos exignciasestabelecidaspelaLeino11.265,de3de janeiro de 2006, quanto ao marketing e comercializao de alimentos substitutos do leite materno no municpio de Natal e observaram inadequao em todas as peas publicitrias da amostra (n = 220). Recentemente, estudo avaliou a efetividade das possveisformasdeintervenodainiciativaprivada paraaregulaodapromooevendadeprodutos alimentcios ultraprocessados, de produtos fumgeros e debebidasalcolicas,sendoelas:aesde autorregulamentaodosetorprivado,iniciativas governamentaiseiniciativasprovenientesdeparcerias pblico-privadas.Osautoresconcluramqueesses setores da indstria, cujas vendas esto aumentando em pasesemdesenvolvimentoesubdesenvolvidos,no devem participar do processo de elaborao de polticas pblicasquevisemprevenodedoenascrnicas no transmissveis [44]. Marketing, estado nutricional e comportamento alimentar. Sartori Segurana Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):309-319, 2013317 Faz-senecessrio,destaforma,ainterveno independenteeconstantedosetorpblicosobreas aesdosetorprivadoalimentciovisandoaevitar abusoseviabilizaracolaboraodaindstriana divulgaodeinformaesnutricionaiscorretaseque contribuamnoprocessodeescolhasalimentares saudveis por parte do consumidor. CONSIDERAES FINAIS Os resultados apontados permitem inferir que omarketing,apublicidadeeapropaganda desempenhampapelrelevantenocomportamento alimentarnasparcelasdapopulaocompostaspor crianas e adolescentes e por indivduos de baixa renda. Osalimentosanunciadosnamdia,todavia,so frequentementedensosemcaloriasedebaixovalor nutritivo. Informaes disponibilizadas em rtulos e em aesdepublicidadedealimentos industrializados por empresasqueosfabricame/oucomercializampodem ajudaroconsumidoratomardecisessaudveis. Entretantoaatuaodogovernonafiscalizaoeno constanteaprimoramentodalegislaoregulatria vigente essencial. Constatou-se que peas publicitrias veiculadas pela televiso podem influenciar o estado nutricional de crianaseadolescentes.Todavia,opapelda propaganda no aumento de peso est inter-relacionado compadresdecomportamentosedentrios,comoo hbitodedespendernmerodehorasexcessivoem frentetela,dedicartempoinsuficienteprticade atividadesfsicaseconsumiralimentosnosaudveis enquanto assiste TV. Destaforma,intervenesgovernamentais visando a estimular prticas alimentares e estilos de vida saudveissoessenciaisparaareduodaprevalncia deexcessodepesoeconsequentescomorbidadesna populao brasileira, especialmente aquelas que tm em vista as crianas e os adolescentes. Tendoemvista futuraspesquisas,sugere-seo estudodainflunciadomarketingnocomportamento alimentar e no estadonutricional de indivduos adultos no pas, especialmente a parcela com renda baixa. REFERNCIAS [1]ArtheyD.Acceptablefoodforthefuture-meeting consumer demand. British Food Journal. 1989;91(9):18-21. [2]InstituteofMedicine.FoodMarketingtoChildrenand Youth: Threat or Opportunity? Washington; 2006. [3]KotlerP.Princpiosdemarketing.SoPaulo:Pearson; 2005. [4]ArmstrongG,KotlerP,HarkerM,BrennanR. Marketing:anintroduction.Harlow:PearsonEducation; 2009. [5]IshimotoEY,NacifMAL.Propagandaemarketingna informao nutricional. Brasil Alimentos. 2001;2(11):28-33. [6] Cohen DA, Farley TA. Eating as an automatic behavior. 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