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    INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO DE MILTON SANTOS: REFLEXÕESSOBRE O “TRABALHO DO GEÓGRAFO...”

    Matheus Avelino Tavares*Aldo Dantas Da Silva**

    GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 30, pp. 139 - 148, 2011

    RESUMOÉ comum aos estudiosos e à comunidade geográca em geral apontarem o livro “Por uma Geograa Nova”como o marco da teoria miltoniana. Ao contrário, compreendemos que o projeto teórico miltoniano temseu início dez anos antes com a produção do livro “O Trabalho do Geógrafo no Terceiro Mundo”. Nesse

    sentido, o presente artigo busca fazer uma análise desse livro, com o objetivo de demonstrar que é apartir dessa obra que Milton Santos começa a lançar vários elementos que serão aprofundados em livrossubseqüentes, culminando com a produção “A Natureza do Espaço”.

    Palavras-chave: Milton Santos, Teoria miltoniana, Epistemologia da geograa, região, geograa crítica

    Introduction to thinking of Milton Santos: reections about the “work of geographer…”

    ABSTRACTIt’s usual for scholars and the geographic community in general suggest the book “To a New Geography”as the highlight theory Miltoniana. In the opposite, we understand that the Miltoniano theoretical projecthas it’s beginning ten years before with the book’s production “The Geographer’s Job in the Third World”.In this sense, the present article seeks make an analyze of this book, having the objective to show that’sfrom this job of Milton Santos starts to produce several elements which will be changed in books later,ending with the production “ The space’s nature”.

    Keywords: Milton Santos, Miltoniana Theory, Epistemology of Geography, region, critical geography

    1 DA CRÍTICA A GEOGRAFIA A UMA GEOGRAFIANOVA

     A realidade aparece a cada dia sob umnovo aspecto. Ora, desde que a realidade muda,a idéia, o ‘teórico’, devem mudar. O teórico deveseguir a evolução para não se ver diante de umimpasse (SANTOS, 1978, p. 23).

    O período compreendido entreo nal dos anos 1960 e o início dos anos 1970

    marca uma ruptura no pensamento geográco, ummomento de efervescência teórico-metodológica,no qual a insatisfação com os caminhos tomadospela geografia inquietava muitos geógrafos,principalmente àqueles empenhados com aelaboração de um sistema de idéias que seposicionasse para além da velha descriçãoda geograa regional e da matematização da “New Geography”, e que, portanto fosse capazde compreender, explicar e de reetir sobre a

    *Professor de Geograa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte. email: [email protected]** professor Adjunto IV da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. email: [email protected]

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    realidade do espaço geográco que se mostrava,

    cada vez mais complexa e uida.É em meio a essa realidade queMilton Santos escreveu “Le Métier Du Géographe”,obra publicada originalmente na França, em 1971,e traduzida para o português somente em 1978,sob o título “O Trabalho do Geógrafo no TerceiroMundo” – daqui em diante chamado de Trabalhodo Geógrafo.

    O Trabalho do Geógrafo é uma obra

    importante para compreensão do pensamento deMilton Santos1, pois foi, sem sombra de dúvida, oprimeiro esforço do autor no sentido de contestar aGeograa Francesa e os seus conceitos “já tornadoscategorias fixadas” (SANTOS, 2002, p 27). Apartir desse trabalho, Milton Santos busca fazeruma Geograa que não fosse mera reprodução dageograa francesa. Sua originalidade já é plenaneste momento.

    A inspiração para sua produçãoveio das circunstâncias em que se encontravana França. Em direção a essas circunstânciasconvergiram uma série de fatores que possibilitaramMilton Santos reetir criticamente a epistemologiada Geografia. Por um lado, contava com oambiente acadêmico de Bordeaux, mais abertoao debate cientíco, tanto entre os geógrafosquanto entre outros especialistas (economistas esociólogos), e os debates em torno da realidadedo terceiro mundo, tão em voga nos anos 1960;por outro, o conhecimento de Milton Santos arespeito do terceiro mundo lhe dava a certezada impossibilidade de se aplicar as categorias daGeograa Clássica Francesa para o estudo dessespaíses. Esses fatores o levam a um movimentoduplo e inseparável: 1) produzir uma obra quecontribuísse para a renovação da Geograa e 2)que possibilitasse a analisar do terceiro mundo

    numa outra perspectiva. Esta nova perspectivadeveria permitir uma análise onde a dinâmica e asespecicidades desses países não seriam tomadase entendidas tendo como espelho a dinâmicados países ditos desenvolvidos. Se em algumascircunstâncias estes países eram parecidos, melhorseria entendê-los em suas diferenças e dinâmicaspróprias. Esse duplo movimento que é estruturadorde várias obras de Milton Santos, tais como: “Por

    uma Geograa Nova” e “O espaço Dividido: Os

    Dois Circuitos da Economia Urbana dos Países

    Subdesenvolvidos”,  já se encontra em toda suaplenitude no texto ora analisado.Infelizmente, alguns colegas que

     já reetiram sobre a obra miltoniana não dão osdevidos créditos para as contribuições teórico-metodológicas contidas no Trabalho do Geógrafo.De modo geral para esses colegas é a partir de “Poruma Geograa Nova” que o autor começa a lançaras bases de seu projeto teórico, o qual culmina

    na produção de sua obra máxima: “A Natureza doEspaço”. Esse é, por exemplo, o pensamento deCarlos Walter Porto Gonçalves (2002) e de DeniseElias (2002). O primeiro, ao realizar uma análiseda obra de Milton Santos a divide em três grandesdimensões: obras de caráter teórico-metodológico,de caráter empírico e de caráter ético-político.Inclui o Trabalho do Geógrafo entre as obras decaráter mais ético-político. Dá a entender que a

    primeira obra miltoniana de caráter mais teórico-metodológico é “Por Uma Geograa Nova”.Não é objeto deste artigo discutir a

    divisão estabelecida por Gonçalves sobre a obra deMilton Santos. Queremos, neste momento, apenasapontar o que consideramos um descuido comrelação a não observação de que, em o Trabalhodo Geógrafo, já está posta, com muita agudeza,preocupações de cunho teórico-metodológico queapontam para a formação da Teoria da GeograaNova estabelecida por Milton Santos. Outro fatoque nos causa muita estranheza, na divisãoelaborada por Gonçalves, é a classicação do livro “O Espaço Dividido” entre aqueles de caráter maisempírico, quando é do conhecimento de toda acomunidade geográca mundial que é neste livroque se encontra a Teoria dos Dois circuitos daEconomia Urbana.

      O texto de Denise Elias (2002),

    divide a obra de Milton Santos em dois grandeseixos: um englobando as obras de cunho empíricocom textos que versam sobre a estrutura dacidade, a rede urbana e o estudo da urbanizaçãonos países do mundo subdesenvolvido, no qualinclui o Trabalho do Geógrafo; e outro eixotemático, apontando para a formulação de umaGeograa teórica com destaque para reexõessobre a epistemologia da geógrafa e do espaço.

    Como Gonçalves, Elias aponta como sendo o

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    primeiro estudo teórico-epistemológico a obra “Por

    uma Geograa Nova”.Como podemos ver, esses colegasnão colocam o Trabalho do Geógrafo entre as obrasde cunho teórico-epistemológico do pensamentode Milton Santos e parecem entender que ésomente a partir de “Por uma Geograa Nova” quevai aparecer as preocupações de Milton Santoscom as de questões de natureza teórica. Alémdisso, entendemos que não é possível enquadrar

    esta obra no que eles denominam de trabalhosempíricos, visto que ela já contém uma estruturateórica para a compreensão do espaço geográcoe para a especicidade de se estudar os países domundo subdesenvolvido.

    A Trabalho do Geógrafo expõe comgrande clareza a relação indissociável existenteentre a teoria e a empiria2, de modo que MiltonSantos desenvolve a idéia de que a renovaçãoda teoria da Geograa passa por uma reexãosobre a realidade concreta dos países do mundosubdesenvolvidos , ou seja, no ato de pesquisar, arealidade empírica não se revela em sua essênciasem o uso da teoria, e esta não tem razão de sersem o domínio da empiria.

    No segundo capitulo do Trabalhodo Geógrafo, intitulado “O Abstrato e o Concreto naGeograa”, Milton Santos realiza um debate que vaide encontro à denição dos autores supracitadosao fazer uma análise crítica àqueles geógrafos queainda insistem na idéia da Geograa como umaciência empírica, como se fosse possível ciênciasem um sistema teórico. Dito de forma mais clara,Milton Santos entende que a realização da ciênciadeve ter uma abordagem que preze pela junçãodo concreto e do abstrato, isto é, que tenha comopropósito uma indissolubilidade entre teoria eempiria.

    Diante dessa constatação,entendemos que O Trabalho do Geógrafo é umaobra seminal para a construção e compreensãodo pensamento miltoniano3, uma vez que muitasdas formulações teóricas elaboradas por MiltonSantos deitam aí suas raízes mais profundas.Acreditamos que essa obra é o primeiro esboçosistematizado do autor no sentido de formularuma teoria da Geograa, tanto é assim que a

    partir do desdobramento e da verticalização das

    discussões contidas no Trabalho do Geógrafo

    surgem o “Espaço Dividido” e “Por uma GeograaNova”, obras que marcaram de diferentes formasa obra de Milton Santos.

      Na realidade, as formulaçõescontidas no Trabalho do Geógrafo consistem numgrande esforço intelectual de elaborar categoriase conceitos que possibilitem a construção de umateoria geográca capaz de dar conta do espaçogeográco capturando assim as especicidades

    das dinâmicas dos lugares e, com isso, permitindouma melhor compreensão do “terceiro mundo”ou “mundo subdesenvolvido”. Aquele duplomovimento ao qual nos referimos mais acima saltaaos olhos de quem lê esse texto com o mínimo deatenção. Renovar a teoria da Geograa a partirde uma compreensão singular do terceiro mundo,esse é o ponto. Assim, ao mesmo tempo em queo autor propõe a formulação de um edifício teóriconovo para a Geograa, aponta para o fato de queos estudos urbanos e regionais realizados nospaíses subdesenvolvidos trilham por caminhosequivocados.

    Segundo o autor, os estudosurbanos dos países subdesenvolvidos, sejam elesrealizados por geógrafos ou não, eram orientadosa partir de conceitos produzidos para compreensãodo “mundo desenvolvido”, os quais, por meio deestudos comparativos, eram em muitos casos,aplicados na íntegra e sem nenhuma ressalva àrealidade terceiro mundista. Para Milton Santos, autilização desse recurso incidia no fantástico errode compreender que o processo de urbanizaçãodo terceiro mundo ocorria de maneira idênticaaos países do dito mundo desenvolvido e que,portanto, o que se presenciava nesses paísesera, na realidade, uma etapa pela qual os paísesdesenvolvidos já haviam passado.

      As idéias expostas no Trabalhodo Geógrafo vão de encontro a esse pensamentocentrado na dinâmica dos países europeus.Propõem que os países subdesenvolvidos possuemsuas especicidades e que estas não vêm à tonaquando se realiza estudos comparativos, ouainda, quando se tenta transpor conceitos paracompreender sua realidade, de modo que se produzapenas uma distorção dos fatos em estudo, o que

    na ótica de Milton Santos precisava ser rejeitado

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    de maneira veemente. Isso ca claro em várias

    passagens do texto do qual o trecho abaixo é umbom exemplo:

    É preciso, sobretudo, que não nos deixemos levarpelas soluções de facilidade, que consistem emtranscrever de um continente para outro, de ummeio para outro, noções que vindas da mesmafonte ou da confluência das mesmas causas,conservam a mesma denominação, mas perdem

    a sua capacidade de denir pelo próprio fato demigrarem (SANTOS, 1978, p. 46). 

    Para conduzir os estudos urbanosa outro patamar era necessário uma elaboraçãoou (re)elaboração da teoria geográca, dondepressupõem-se uma renovação conceitual emetodológica da disciplina. Segundo o autor,tal exercício era extremamente indispensável à

    Geograa, pois o mundo estava passando porintensas transformações o que, consequentemente,exigia uma nova postura diante da análise dosfatos. Já na introdução do livro, Milton Santos éincisivo ao armar que “a própria metodologia deveser renovada constantemente, senão a realidadelhe escapa”, ou ainda, “analisar um fenômenonovo com uma metodologia ultrapassada equivalea deformar a realidade, e isso não conduz a partealguma” (SANTOS, 1978, p. 1 e 2).

    A crítica aos postulados geográcoselaborada por Milton Santos o coloca em perfeitaharmonia com os preceitos estabelecidospor Horkheimer (1980, p. 117), quando esteargumenta que a validade de uma teoria “residena consonância das proposições com os fatosocorridos”, de modo que se surgem contradiçõesentre a realidade e a teoria é preciso que uma ououtra sejam revistas (HORKHEIMER, 1980). No

    caso da Geograa, o problema estava justamenteem suas formulações teóricas, que segundo Santos(1978) já não davam mais conta de compreendera realidade, que se mostrava cada vez mais fugaz,sendo preciso, portanto, uma releitura ou mesmouma (re)elaboração completa das teorias dessaciência.

      É diante dessa problemática queentendemos que Milton Santos em O Trabalho do

    Geógrafo, tomando como pano de fundo a questão

    regional e da problemática urbana nos países

    subdesenvolvidos, inicia uma discussão a respeitode uma nova teoria da Geograa, a qual vem à tonapor meio de alguns princípios fundamentais para odebate geográco. Podemos dizer que o autor lançamão de lições de método para a construção de umateoria da Geograa a partir desse momento.

    2 ALGUNS ELEMENTOS PARA UMATEORIA DA GEOGRAFIA

      Uma primeira temática abordadapelo autor diante desse panorama é aquela daGeograa Regional. Consequentemente é “a própriaidéia de região que deve estar no centro do debate”(SANTOS, 1978, p. 8), tendo em vista que estaainda era entendida como um subespaço coerenteresultado de um longo processo histórico e produtodas relações estabelecidas pelos grupos humanoslocais com o meio geográco. Para Milton Santos,essa idéia estava completamente suplantada,pois com a modernização dos transportes, dosmeios de comunicação e, sobretudo, com ainternacionalização da economia, a essência daregião mudou e isto signicando dizer que ela é,cada vez mais, denida por ações longínquas quenem sempre dizem respeito aos interesses dascomunidades locais. No tratamento dessa questãoo autor é enfático ao dizer que:

    Nas condições atuais da economia universal, aregião já não é uma realidade viva, dotada decoerência interna. Denida sobretudo do exterior,seus limites mudam em função dos critérios quelhe xamos. Por conseguinte, a região não existepor si mesma [...] a intervenção das técnicas, entreas quais devemos ressaltar as técnicas políticas,

    nanceiras, comerciais e econômicas, no sentidoamplo dos termos, dão as relações homem-meiooutra dimensão, que exclui a rigidez de umaGeograa Regional de tipo Clássica (SANTOS,1978, p. 10).

    Era, pois, a região em suas relaçõescom o mundo que interessava a Milton Santos, demodo que não dava mais para compreendê-la

    somente a partir do seu entorno mais imediato.

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    Por conseguinte, o geógrafo deveria se preocupar

    com a análise dos mecanismos ou dos processos,pois são estes que captam a essência complexa quefunda o meio geográco e evidenciam a “ausênciade uma autonomia regional”, bem como “à falênciada Geograa Regional considerada nos moldesclássicos” (SANTOS, 1978, p. 10, grifos do autor).Assim sendo,

    são os mecanismos, isto é, os processos que

    assumem a posição de maior relevo, visto quesomente eles podem ajudar a explicar as situaçõesatuais, ao mesmo tempo que permitem reconheceras tendências, assegurando dessa forma um pontode vista prospectivo e uma atitude operacional [...]Ora, os processos – sistemas em funcionamento –são na maioria das vezes comandados do exteriore impostos aos homens e atividades num espaçodeterminado (SANTOS, 1978, p. 10).

    A compreensão dos mecanismosconstitui-se, então, numa rica lição de método,dado o seu enfoque relacional para a compreensãodas regiões, de modo que nos possibilita entenderque a escala de realização dos eventos pode nãoser a mesma do comando. Aliás, o autor aprofundaesse raciocínio em a Natureza do Espaço, quandoaponta para a necessidade de diferenciar entrea “escala da ação e a escala do resultado”. Pois

     “podemos ter uma variável global com uma açãolocal, uma variável distante com uma ação local.Uma coisa é um evento dando-se num lugar e outraé o motor, a causa última desse evento” (SANTOS,2006, p. 225).

    Aliás, a análise dos mecanismosnos autoriza a discordar da tão propalada idéia do “não lugar”, infelizmente aceita pela maioria dosgeógrafos na atualidade como um conceito chave

    da Geograa. A compreensão dos mecanismosnos leva a compreender que morfologias idênticassão construídas por estruturas ou relações sociaisdiversas, sendo, portanto, diferentes em suaessência fundadora. Nesse sentido, é precisoatentar para o fato de que os defensores do “não lugar” apenas se atê  m a paisagem, ouseja, ao aspecto visível. Por isso, denem o “nãolugar”, sobretudo, a partir de suas “paisagens

    homogêneas” (LENCIONE, 1999), o que se

    constitui num erro crasso na Geografia, haja

    vista ser a paisagem apenas “um epifenômeno”(SANTOS, 1978), de modo que se carmos apenasno fenômeno visível corremos o risco de nãocompreendermos o espaço geográco em todaa sua plenitude, que tanto são as formas , ou oaspecto visível (paisagem), e seus mecanismos.Essa lição de método perpassa toda a obra deMilton Santos e aparece com todas as letras emvárias passagens do Trabalho do Geógrafo. Já não é

    de agora que sabemos muito bem que a paisagemnão nos revela a essência fundadora das formas.Se assim fosse aquela frase de Marx, segundo aqual “toda ciência seria supérua se a forma demanifestação [Erscheinungsform, no original] e aessência das coisas coincidissem imediatamente”(MARX, 1985, p. 271), teria de ser revista. Alémdo mais, a idéia do “não lugar” como um conceitobasilar da ciência geográca é denitivamenteabsurda. Sendo o lugar uma dimensão do espaçogeográco, defender a idéia de “não lugar”, édefender a existência do não espaço geográco, ouseja, uma negação do objeto de estudo da nossaciência o que do ponto de vista epistemológico éinimaginável, dado que não há a possibilidade deexistir uma ciência sem um objeto de estudo.

    Podemos a f i rmar que osmecanismos constituem-se elemento primordialpara negação da Geograa Regional considerada

    nos moldes clássicos, sobretudo porque busca umentendimento da região através de suas relaçõescom o mundo. Este entendimento tornou-semais evidente para Milton Santos a partir dosestudos que realizou nos países subdesenvolvidos,sobretudo, nos africanos e sul-americanos,quer dizer, foi o contato mais intenso com essespaíses que possibilitou ao autor compreenderque o processo de constituição das regiões não

    seguia aquela lógica descrita por La Blache para aFrança, especialmente, por causa da intensidadedos processos que se desenvolviam nesses paísese, mormente, pelos interesses fundantes dessarealidade que eram, em muitos casos, estranhoaquele meio geográfico. Disso resulta outralógica de organização das regiões nesses países,conforme expõem o autor, ao armar que,

    o fato urbano nos países subdesenvolvidos da

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    America Latina, da Ásia e da África caracteriza-se

    ao mesmo tempo pela ação dominadora de paísese regiões mais desenvolvidos e por tentativasmais ou menos ecazes no sentido de escapar àsconseqüências de tal dominação (SANTOS, 1978,p. 39).

      Ao compreender a região sobeste prisma Milton Santos começa a lançar asbases de um conceito que nos anos ulteriores

    marcará profundamente sua obra, trata-se doconceito de verticalidades, desenvolvido emartigos e livros diversos, dos quais a título deexemplo destacamos: “Técnica, Espaço e Tempo”e, especialmente, em “A Natureza do Espaço”.Nessas obras o autor desenvolve o raciocínio queaponta para uma organização vertical das regiõesem virtude das ações promovidas pelos agentes daeconomia internacional que disponibilizam créditosaos países mais pobres para que estes estabeleçamredes modernas para servirem a reprodução docapital (SANTOS, 2006; 2008).

      Este raciocínio já está expostono Trabalho do Geógrafo, especialmente, em suaterceira parte, quando o autor realiza profícuodebate em torno das redes e dos investimentos,desenvolvendo a tese de que a formação das regiõesé, cada vez mais, denida a partir de investimentosdistantes e de ações estranhas que se impõem aos

    grupos humanos que constituem uma realidadelocal. Desse modo, seriam os grandes agentes daeconomia internacional que, atendendo aos seusinteresses de classe, exerceriam grande inuênciana dinâmica da região, conforme pontua o autor,ao dizer que a região é “penetrada pelas condiçõesatuais da economia internacional, tendência essaque se vem reforçando cada vez mais. Ora, osinvestimentos sempre mais internacionalizados,

    têm assim um papel a desempenhar na elaboraçãodessa nova Geograa” (SANTOS, 1978, p. 88), ouainda, quando retomando Max Sorre, argumentaque as paisagens dos países subdesenvolvidos, “derivam das necessidades da economia dospaíses desenvolvidos, onde, finalmente, seencontra a decisão. As relações mantidas pelosgrupos humanos com suas bases geográcas nãodependem desses grupos humanos” (SANTOS,

    1978, p. 9).

    Todas essas reexões constituem a

    noção fundamental do conceito de verticalidades, istoé, pontos separados que, estando interconectados,permitem que ordens alhures se imponhamas regiões e inuenciem os processos sociais,econômicos e culturais que se desenvolvem numdado meio geográco. Partindo desse raciocíniocompreendemos que a origem desse conceitoencontra-se nas formulações desenvolvidas noTrabalho do Geógrafo, sobretudo, quando Milton

    Santos debate as questões regionais.No próprio cerne do problema estará a distinçãodo que, na elaboração regional cabe as decisõesregionais e do que foge à sua jurisdição; volta-seassim ao problema crucial da Geograa Regional,visto como as relações entre grupos humanos emeios geográcos se fazem, para além das técnicasde grupo, em função de imperativos exteriores elongínquos ( SANTOS, 1978, p. 88, grifo nosso).

    Também se encontram no Trabalhodo Geógrafo outros apontamentos teórico-metodológicos essenciais para o pensamentomiltoniano, tal qual o que envolve a sua compreensãode ciência geográca, que a partir do qual emergeuma série de outras questões fundamentais para aconstrução de seu edifício teórico-epistemológico.Nesta perspectiva, o fulcro da questão reside em

    saber o que é um estudo geográco para MiltonSantos a partir desse novo entendimento.

    3 E S P A Ç O G E O G R Á F I C O :MATERIALIDADE E MOVIMENTO

      Mas, o que seria um estudogeográco para Milton Santos em o Trabalho do

    Geógrafo? Para o autor, um estudo geográcoé aquele que se propõe a analisar o espaçogeográco considerando a dinâmica do mundo dopresente, essa concepção será consagrada nosseus trabalhos posteriores. Além disso, é precisocompreender o espaço geográco a partir da suamaterialidade e dos uxos que o cortam, comomuito bem assinala o autor, ao armar que,

    o espaço real, total, não se organiza fora de

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    seu assentamento geográfico, cuja fisionomia

    e siologia mudam a cada dia. Não se realiza,tampouco, fora dos uxos de toda a natureza quenele vêm se chocar e se deformar ao contato dasinuências e uxos locais (SANTOS, 1978, p. 62).

    Esse é o entendimento de espaçoque marca o pensamento de Milton Santos emvárias de suas obras posteriores, seja quando eleo considera como um conjunto de xos e uxos,

    seja quando avançando em suas discussões passaa entendê-lo como um indissociável sistema deações e de objetos. Essas denições não levamem conta apenas os uxos ou a materialidadedo espaço, mas tanto uma coisa quanto outra,consideradas de maneira indissolúvel. Desse modo,ca evidente que a concepção de espaço que seráamplamente desenvolvida por Milton Santos jáaparece no Trabalho do Geógrafo, tanto é assimque o autor intitula uma seção do 9º capítulode “uxos e rugosidades”, no qual traz a tona àimportância do movimento e da materialidade paraa análise do espaço geográco.

      As questões da materialidade edo movimento também surgem quando o autorexpondo os elementos necessários para o estudodas redes estabelece que sua compreensão parteda análise do tempo, das massas e dos uxos.As massas constituem a materialidade das redes,

    ou seja, a sua forma concreta de existência,definindo-se a partir das diversas atividadeseconômicas e através da estrutura, do consumoe da produtividade, bem como por meio dostransportes e das comunicações, isto é, a partir das “diferentes redes (rodoviária, ferroviária, marítima,uvial etc.), sua freqüência (mercados e pessoas),suas instalações e sua utilização” (SANTOS, 1978,p. 92); já os uxos, por sua vez, relacionam-se ao

    movimento no espaço de pessoas, mercadorias,ordens, capitais, em suma, tudo aquilo que dá vidae que anima o espaço. É importante frisar que esseentendimento de redes é, pois, o mesmo expostoem “A Natureza do Espaço”, quando arma que asredes “são humanas, formadas, inseparavelmente,de objetos e de ações” (SANTOS, 2006, p. 98).

      Ao trabalhar sua compreensão deciência geográca, Milton Santos estava querendo

    evidenciar que o geógrafo não poderia mais car

     “dissertando” sobre todas as temáticas possíveis

    sem se expor ao ridículo (SANTOS, 1978), ouseja, não cabia mais ao geógrafo a realização dosfamosos estudos enciclopédicos como em outrosmomentos dessa ciência. Portanto, era preciso terclareza do objeto de estudo da Geograa para,desse modo, poder dialogar com outros ramos dosaber.

    Para Milton Santos a Geograadeveria procurar dialogar com os ramos do saber

    que pudessem contribuir para a compreensãogeográfica dos fatos. Esse entendimento deGeograa afastava o autor, por exemplo, dos estudosda Etnograa ou da Antropologia4, considerandoque estes campos do conhecimento, devido asuas características, não tinham contribuições adar a análise geográca. A justicativa para esseposicionamento vem da concepção de Geograaque Milton Santos estava construindo, que era a deuma ciência voltada para compreensão do mundodo presente. Tal proposta, consequentemente, nãoautorizava essa ciência a manter maiores diálogoscom os ramos do conhecimento supracitados, poiseles estavam mais voltados para o passado, comomuito bem evidencia os trechos que se seguem: “ora, um estudo dinâmico não se presta a umaabordagem orientada em direção ao passado ouem direção àquilo que está prestes a tornar-sepassado” (SANTOS, 1978, p. 36).

      É preciso compreender que essaproposição estabelecida por Milton Santos nãoé no sentido de isolar a Geograa do debatecientíco, mas de fazer dialogá-la somente comaquelas disciplinas que possam contribuir paraa constituição de uma nova ciência geográca,de modo que entendemos que essa “rejeição”emerge para Milton Santos como uma questão demétodo para sua construção epistemológica, tanto

    é assim que o autor aponta para a necessidade daGeograa manter diálogos com a Economia, dadoque a mesma, assim como a Geograa, estavapreocupada em entender a dinâmica do mundo dopresente. Essa questão ca mais evidente quando oautor argumenta que “o enfoque econômico obrigaa uma visão dinâmica da realidade, enquantoo enfoque etnográfico pode insensivelmentelevar a considerar como inerte uma realidade

    que é, de fato, móvel” (SANTOS, 1978, p. 38).

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    Assim, a abordagem econômica, devido as suas

    características, obrigava o geógrafo a ter uma visãodinâmica do meio geográco, de modo a considerá-lo como estando em permanente movimento detransformação.

    Dois outros pontos cruciaisaproximavam Milton Santos da abordagemeconômica. O primeiro está relacionado aos estudosurbanos e regionais dos países subdesenvolvidostão efetuados pelos economistas; e o segundo diz

    respeito ao fato de Milton Santos compreenderque a geograa deveria procurar desenvolverreexões teóricas em suas análises como formade se afastar do empirismo que tanto marcou osestudos geográcos. Em ambos os casos, MiltonSantos entendia que a Economia poderia darsignicativas contribuições para a construção deuma ciência geográca, dado que na concepçãodo autor, a economia já havia realizado avançossignicativos nessas questões.

    Em síntese, fica evidente quea preferência de Milton Santos para com opensamento econômico emerge como umaquestão de método, sobretudo, porque naquelemomento estava buscando a produção de umaGeograa nova, que ao mesmo tempo em quefosse capaz de compreender o espaço geográcoa partir da dinâmica do presente, produzisse umareexão teórica a respeito da realidade dos países

    subdesenvolvidos.O Trabalho do Geógrafo também é

    fundamental para a compreensão da obra de MiltonSantos porque nele estão contidas as primeirasreexões mais sistematizadas do autor apontandoque o espaço não é passivo na organização dasociedade, ou seja, ele é determinante e se impõemas ações do homem em diferentes momentos ede formas diversas. Assim, os uxos que cortam

    e vivicam o espaço sofre com suas imposições,como fica evidenciado a partir das seguintesconsiderações: “estes (uxos) não percorrem oespaço como corpos estranhos. Sua autonomia élimitada pelas diferentes formas de combinação,às quais eles são obrigados a adaptar-se parapoder inserir-se numa base geográca concreta”(SANTOS, 1978, p. 62).

      O autor prossegue em suas

    reexões reforçando as determinações do espaço

    para com os uxos que o cortam, de modo que

    aponta para a impossibilidade de compreender arealidade se essa dimensão for negligenciada:

    se considerarmos estes últimos como forças dotadasde uma autonomia completa na configuraçãodo espaço, arriscar-nos-emos a não levar emconsideração as limitações geográcas, assimcomo aquelas que resultam de uma herançahistórica. Desse modo, escaparia à análise. [...]

    Como os uxos são multilaterais, as deformaçõessofridas em decorrência das rugosidades do espaçoocasionam modicações quantitativas ou ainda,com bastante freqüência, qualitativas. A expressãodessas modicações seria diferente se os efeitosde polarização dependessem apenas da naturezaoriginal dos uxos (SANTOS, 1978, p. 63).

    A compreensão do espaçoenquanto determinante social se constitui em umesforço intelectual do autor para colocar o espaçono centro dos debates sobre a sociedade, o que,com efeito, nos autoriza a armar que em termosepistemológicos os avanços de Milton Santos para oconceito de espaço têm o seu início já no Trabalhodo Geógrafo, sobretudo, porque a essa época anoção de espaço reinante na Geograa ainda oentedia como um palco das ações humanas, e nãocomo determinante para as ações humanas.

    No Trabalho do Geógrafo tambémestão presentes as discussões em torno da questãodo tempo, que sempre foi negligenciada na análisegeográca. Tratando a problemática como umaquestão de método, o autor já evidenciava queo espaço geográco é passível de uma dataçãopor meio da análise dos objetos ou equipamentopresentes nos sub-espaços, de modo que cadalugar possui uma idade, ou seja, o tempo é

    empiricizado a partir dos objetos geográcos.A partir dessas consideraçõesMilton Santos coloca em denitivo a questão dotempo em relevância no debate geográco. Assim,na compreensão da organização e da estruturado espaço, o tempo passa a ser considerado umacategoria de análise, de modo que o autor armaque a sua denição, “leva em conta duas noções:a da multiplicidade de tempos e a das rugosidades

    do espaço, sendo este a expressão atual de uma

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    Introdução ao pensamento de Milton Santos: reexões sobre o “trabalho dogeógrafo...” pp. 139 - 148  147

    acumulação de tempos reais” (SANTOS, 1978, p.

    64). Torna-se, portanto evidente que Milton Santosinaugura, de modo mais consistente, seu debateem torno do tempo já no Trabalho do Geógrafo, oque, mais uma vez, confere importância teórico-epistemológica a esta obra.

    4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

      Os apontamentos tecidos ao

    longo do presente trabalho, fundamentadas numacompreensão do Trabalho do Geógrafo, procuraramdemonstrar que Milton Santos ao produzir essaobra já tinha vários elementos chaves para aconstituição de seu projeto teórico, o que nosautoriza armar o caráter inovador desse livro,sobretudo quando levamos em consideração omomento em que foi lançado, no qual muitasdessas discussões ainda não eram tratadas dessa

    maneira, essencialmente aquelas relativas à

    questão espacial. Nesse sentido, entendemosque essa obra marca o início dos debates emtorno do espaço, pois aí já temos elementosque apontam para a denição clássica do autor,isto é o espaço enquanto indissociável sistemade ações e de objetos, quando ele em diversosmomentos aponta que o espaço é formado poruxos e por rugosidades, considerados de maneiraindissociável.

      Faz-se mister destacar que asreexões encaminhadas nesse trabalho fazemparte de uma compreensão da obra em questão eque logicamente outras são possíveis, sobretudo,porque “O Trabalho do Geógrafo” é uma obradotada de grande riqueza epistemológica o que, porconseguinte, abre a possibilidade para que outrosapontamentos sejam realizados sem, no entanto,invalidarem aqueles aqui evidenciados.

    Notas

    1. É importante destacarmos que embora MiltonSantos já tivesse escrito algumas obras antes doTrabalho do Geógrafo (entre livros e artigos), todasde grande valia para formação de seu pensamento,acreditamos que o autor ainda não havia produzidouma crítica sistemática a Geograa Francesa e aosseus conceitos consagrados como o mesmo faz na

    obra em análise. Desse período pré Trabalho doGeógrafo, podemos citar sua tese de doutorado “O Centro da Cidade Salvador”, de 1958, e o livro “A Cidade nos Países Subdesenvolvidos” de 1965,além de artigos como “Villes et Région dans unpays sous-développé : l'exemple du Recôncavo deBahia”, de 1965 e “Croissance nationale et nouvellearmature urbaine au Brésil” de 1968.

    2. A teoria emerge da prática e a ela retorna. Anatureza se revela a nós por meio da prática, pelaexperiência; e tão somente pela prática é que adominamos de modo efetivo. Á prática, portanto, éum momento de toda a teoria: momento primeiroe último, imediato inicial e retorno ao imediato.E, vice-versa, a teoria é um momento da práticadesenvolvida, daquela que supera a simplessatisfação dos carecimentos imediatos (LEFEBVRE,

    1979, p. 235).

    3.Vejamos o que o próprio Milton Santos diza respeito do Trabalho do Geógrafo: “essacontestação (a geograa francesa e aos seusmestres) vai se manifestar de maneira maiscoerente em 1968, com o meu livro Le Métier DuGeographe, cujo título é inspirado em Marc Bloch,

    que escreveu Le Métier Du Historien. Eu achava tãoruim, tão terrível o que os colegas do departamentode Geograa faziam, que decidi escrever aquelelivro. Ele cou na gaveta, porque eu oscilava entreachar que estava bom e que estava ruim, masacabou sendo publicado. Creio que é esse livro queme abre os caminhos que eu até hoje busco trilhar.Ali estão, talvez, os problemas que eu fui poucoa pouco desenvolvendo (SANTOS, 2002, p. 28), étambém importante observar o que o autor diz arespeito dessa obra no texto Saúde e Ambiente noProcesso de Desenvolvimento de 2000.

    4. Compreendemos que embora nessa obra MiltonSantos se afaste um pouco da Antropologia, nosanos ulteriores ele mantém um dialogo interessantecom alguns antropólogos dos quais Bruno Latouré um exemplo.

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