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343o de formadores AULA 1.doc) · PDF fileAULA 1: Fundamentos para as ... do Sistema Único de Segurança Pública, ... • Sistemas, instituições e gestão integrada de segurança

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA AULA 1 ......................................................................... 3 UNIDADE 1 - Matriz Curricular Nacional ........................................................ 4 UNIDADE 2 - Processo de Construção do Conhecimento Segundo Piaget................................................................................................................. 7 UNIDADE 3 - Referenciais Teóricos Metodológicos para as ações formativas baseadas no desenvolvimento de competências ................... 10 UNIDADE 4 - As Abordagens Metodológicas .............................................. 17 FECHAMENTO E ATIVIDADES DE CONCLUSÃO DA AULA ...................... 23

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AULA 1: Fundamentos para as ações formativas na área de segurança pública

APRESENTAÇÃO DA AULA 1

Olá! Você entrou na aula 1 do Curso de Formação de Formadores para a Prática de Ensino de Profissionais da Área de Segurança Pública. Bem, nesta primeira aula serão discutidos as seguintes unidades:

1. Matriz Curricular Nacional. 2. Processo de Construção do Conhecimento Segundo Piaget. 3. Referencias Teóricos Metodológicos. 4. As Abordagens Metodológicas.

A partir dos conhecimentos tratados nesta aula você será capaz de:

Objetivos da aula

• Utilizar as orientações da Matriz Curricular Nacional. • Entender o Processo de Construção do Conhecimento fazendo relação com sua prática. • Identificar os referenciais teóricos metodológicos para as ações formativas no desenvolvimento de competências.

Boa Aula!

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AULA 1: Fundamentos para as ações formativas na área de segurança pública

UNIDADE 1

Matriz Curricular Nacional Olá! Seja bem-vindo à primeira unidade da aula 1!

Desafio

Iniciamos esta unidade com um desafio: O que você sabe sobre Matriz Curricular Nacional da SENASP? Registre seu conhecimento no espaço abaixo e, em seguida, compare com o que temos a lhe dizer!

Utilize o ambiente virtual do curso

Anotações:

Matriz Curricular Nacional _____________________________ A principal característica da Matriz Curricular Nacional – doravante denominada Matriz – é ser um referencial teórico-metodológico para orientar as atividades formativas dos profissionais da área de Segurança Pública – Polícia Militar, Polícia Civil e Bombeiros Militares – independentemente da instituição, nível ou modalidade de ensino que se espera atender. Seus eixos articuladores e áreas temáticas norteiam, hoje, os mais diversos programas e projetos executados pela SENASP. Apresentada em 2003, num amplo Seminário Nacional sobre Segurança Pública, que tinha por objetivo divulgar e estimular ações formativas no âmbito do Sistema Único de Segurança Pública, a Matriz sofreu sua primeira revisão em 2005, quando foram agregados ao trabalho realizado pela SENASP outros dois documentos: as Diretrizes Pedagógicas para as Atividades Formativas dos Profissionais da Área de Segurança Pública, um conjunto de orientações para o planejamento, acompanhamento e avaliação das atividades formativas e a Malha Curricular, um núcleo comum composto por disciplinas que congregam conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.

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A busca para responder a demanda cada vez maior por apoio para implantação da Matriz nos estados estimularam a equipe da Coordenação de Ensino da SENASP a lançar, em 2008, uma versão atualizada e ampliada da Matriz Curricular Nacional.

Objetivos da Matriz ___________________________________ Objetivo Geral

As ações formativas de segurança pública planejadas tendo como referência a matriz têm como objetivo geral:

• Favorecer a compreensão do exercício da atividade de segurança pública como prática da cidadania, da participação profissional, social e política num Estado Democrático de Direito, estimulando a adoção de atitudes de justiça, cooperação, respeito à lei, promoção humana e repúdio a qualquer forma de intolerância. Objetivos Específicos

As ações formativas de segurança pública deverão criar condições para que os profissionais em formação possam:

• Posicionar-se de maneira crítica, ética, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como importante instrumento para mediar conflitos e tomar decisões;

• Perceber-se como agente transformador da realidade social e histórica do país, identificando as características estruturais e conjunturais da realidade social e as interações entre elas, a fim de contribuir ativamente para a melhoria da qualidade da vida social, institucional e individual;

• Conhecer e valorizar a diversidade que caracteriza a sociedade brasileira, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, classe social, crença, gênero, orientação sexual, etnia e outras características individuais e sociais;

• Conhecer e dominar diversas técnicas e procedimentos, inclusive as relativas ao uso da força e as tecnologias não-letais, no desempenho da atividade de Segurança Pública, utilizando-as de acordo com os preceitos legais;

• Utilizar diferentes linguagens, fontes de informação e recursos tecnológicos para construir e afirmar conhecimentos sobre a realidade em situações que requerem a atuação das instituições e dos profissionais de segurança pública.

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Dica

A dinâmica e a flexibilidade da Matriz Curricular Nacional se encontram nos Eixos Articuladores e nas Áreas Temáticas, onde a interação dos seus conteúdos produzirá a resposta à demanda complexa das ações formativas para área de segurança pública.

Veja a seguir o que são Eixos Articuladores e Áreas Temáticas.

Objetivos da Matriz ___________________________________ Os Eixos Articuladores da Matriz estruturam o conjunto dos conteúdos de caráter transversal definidos por sua pertinência nas discussões sobre segurança pública e por envolverem problemáticas sociais de abrangência nacional. Devem permear as diferentes disciplinas, seus objetivos, conteúdos, bem como as orientações didático-pedagógicas. Os quatro eixos articuladores são: • O sujeito e as interações no contexto da segurança pública; • Sociedade, poder, Estado, espaço público e segurança pública; • Ética, cidadania, Direitos Humanos e segurança pública; • Diversidade, conflitos e segurança pública. A seguir, conheça as áreas temáticas.

Objetivos da Matriz ___________________________________ As Áreas Temáticas contemplam os conteúdos indispensáveis à formação do profissional da segurança pública, isto é, devem convergir para capacitá-los no exercício de sua função. Foram relacionadas 8 (oito) áreas temáticas destinadas a acolher um conjunto de conhecimentos a serem tratados nos currículos das ações formativas. As oito áreas temáticas:

• Sistemas, instituições e gestão integrada de segurança pública; • Violência, crime e controle social; • Cultura e conhecimentos jurídicos; • Modalidades de gestão de conflitos e eventos críticos; • Valorização profissional e saúde do trabalhador; • Comunicação, informação e tecnologias em segurança pública; • Cotidiano e prática policial reflexiva; • Funções técnicas e procedimentos em segurança pública.

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Você sabe como se dá o relacionamento desses eixos e das áreas temáticas? Veja a seguir.

Relacionamento dos Eixos Articuladores e das Áreas ______ O movimento é constante entre os eixos articuladores e as áreas temáticas. É valido ressaltar que todo este movimento possui como concretização final de todo o processo de formação à área temática funções, técnicas e procedimentos em segurança pública, que instrumentalizará o profissional de segurança pública no desempenho de sua função.

Atividade de Pesquisa _________________________________ A SENASP espera que a Matriz Curricular Nacional seja uma ferramenta de gestão educacional e pedagógica, com idéias e sugestões que possam estimular o raciocínio estratégico-político e didático-educacional necessários à reflexão e ao desenvolvimento das ações formativas na área de segurança pública. pera-se que este documento seja uma ferramenta de gestão educacional e pedagógica, com idéias e sugestões que possam estimular o raciocínio estratégico-político e didático-educacional necessários à reflexão e ao desenvolvimento das ações formativas na área de segurança pública. Espera, também, que todo este movimento chegue às salas de aula, transformando a ação pedagógica e contribuindo para a excelência da formação do profissional de segurança pública. Tenha acesso ao texto integral da Matriz, acessando o link abaixo. www.mj.gov.br/senasp

Fechamento da Unidade _______________________________ Fechamos aqui a unidade 1 da aula. Lembre-se que a Matriz Curricular Nacional é para você formador da SENASP um documento norteador, por isso seu estudo, análise e aplicação devem ser uma constante nas suas ações educacionais. Se houver dúvida sobre os documentos oferecidos para sua leitura. Converse com a tutoria que o ajudará a entender melhor. Vamos em frente! Na próxima unidade você estudará sobre o Processo de Construção do Conhecimento.

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UNIDADE 2 Processo de Construção do Conhecimento

Segundo Piaget

Relembrando...

Na unidade passada você estudou sobre a Matriz Curricular Nacional, vendo seus princípios, objetivos e eixos, não foi mesmo? Muito bem, Nesta unidade você estudará como se processa a aprendizagem e qual a sua relação com o processo de ensino.

É importante que você saiba que muitos teóricos e estudiosos se dedicaram a estudar sobre a questão, mas aqui será utilizado o modelo de Piaget, pois o mesmo expressa de forma bem didática o processo de construção do conhecimento. Atividade Para iniciar o estudo sobre a teoria de Piaget, reflita sobre a frase a seguir.

A construção do conhecimento se dá pela indissociável interação entre experiência sensorial e raciocínio.

Registre no ambiente virtual a sua percepção sobre esta frase. A seguir compare sua resposta.

Processo de Construção do Conhecimento Segundo Piaget Para Piaget o processo de construção do conhecimento se dá por meio do processo de “equilibração sucessiva”, ou seja, envolve funções de adaptação e organização. Veja o quadro das funções de adaptação e organização de acordo com Piaget.

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Adaptação

A atividade intelectual é uma adaptação, ou seja, uma inter-relação entre indivíduo e meio (equilíbrio progressivo entre assimilação e acomodação). Cada vez que acomodamos um novo problema ou acontecimento, geramos um esquema mais adaptativo. A adaptação abrange a assimilação e acomodação. • Assimilação O indivíduo age sobre o mundo (objetos e pessoas) incorporando-os em si mesmo, ou seja esquemas de ação, em suas estruturas mentais. • Acomodação É a ação do meio sobre o indivíduo fazendo com que este se modifique, ou seja, modifique seus esquemas e estruturas mentais ajustando-os aos novos dados fornecidos pela assimilação. Organização

Articula esses processos com as estruturas existentes e reorganiza todo o conjunto.

Para saber mais sobre este o Processo Equilibração, visite o site da Cérebro e mente: http://www.cerebromente.org.br/n08/mente/construtivismo/construtivismo.htm e leia o texto A Construção do Conhecimento Segundo Piaget.

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A Relação Ensino e Aprendizagem para Piaget ____________ A aprendizagem sistematizada se caracteriza por um processo de assimilação de conhecimentos, ações físicas e mentais, conduzidas pelo processo de ensino, ou seja, a ação intencional do ensino criará condições para que a partir da ação do sujeito, ocorra a aprendizagem (mudança de comportamento). Podemos aprender:

• Fatos, conceitos, princípios, entre outros conhecimentos sistematizados (conteúdos conceituais);

• A observar fatos, extrair conclusões, dominar procedimentos, usar adequadamente os sentidos, manipular objetos e instrumentos, entre outras habilidades e hábitos (conteúdos procedimentais);

• A resolver problemas assertivamente e a utilizar nossas convicções, valores e senso crítico nos momentos de tomadas de decisão (conteúdos atitudinais).

Contudo, a aprendizagem significativa só ocorre, efetivamente, quando o professor, mediante o processo intencional de ensino, cria condições para que o aluno opere física, mental e emocionalmente sobre o objeto do conhecimento, apropriando-se, como destaca Libâneo, 2001, do mesmo, ocorrendo assim o processo de assimilação ativa. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Série Formação do Professor. São Paulo: Cortez, 2001.

Assimilação Ativa – processo de percepção, compreensão, reflexão e aplicação desenvolvidos mediante ações intelectuais, motivacionais e atitudinais do aluno, sob a ação e orientação intencional do professor.

Fechamento da Unidade _______________________________ Você concluiu mais uma unidade, mas não termina aqui. Na próxima unidade você vai estudar sobre os Referenciais Teóricos Metodológicos para as ações formativas baseadas no desenvolvimento de competências.

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UNIDADE 3 Referenciais Teórico-Metodológico para as

ações formativas baseadas no desenvolvimento de competências

Relembrando...

Na unidade anterior você pôde estudar, como se processa a aprendizagem e qual a sua relação com o processo de ensino. Também viu que muitos teóricos e estudiosos se dedicaram a estudar sobre a questão, vendo o modelo de Piaget, que expressa de forma bem didática o processo de construção do conhecimento.

Nesta unidade você estudará os referenciais teóricos metodológicos que ampliam o quadro conceitual descrito na Matriz Curricular Educacional da SENASP, visando à fundamentação dos currículos a partir de teorias e metodologias que sejam suporte para o desenvolvimento das competências necessárias a formação do profissional da área de segurança pública. Antes de prosseguir, você tem uma atividade reflexiva. Atividade De acordo com seus conhecimentos prévios, o que significa “competência“? Para realizar esta atividade utilize o ambiente virtual. Compare sua resposta.

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Referenciais Teóricos Metodológicos para as ações formativas baseadas no desenvolvimento de competências

Competência é entendida como a capacidade de mobilizar saberes para agir nas diferentes situações da prática profissional, em que as reflexões antes, durante e após a ação estimulem a “autonomia intelectual”, traduzida por ALTET (1992) como a capacidade de “agir em situações diferentes, de gerir incertezas e poder enfrentar as mudanças no exercício de sua profissão”. ALTET (1992), Marguerite. (1992) in PAQUAY, Léopold. et al. Formando professores profissionais: quais estratégias? quais competências? Porto Alegre: Artmed, 2001.

• Compreensão ampla dos conhecimentos necessários à ação policial e da metodologia a ser usada;

• Prática docente que não se restrinja à aprendizagem de conceitos, mas que promova aplicação destes em várias situações;

• Compreensão de que a competência a ser demonstrada vai além da mera execução de uma tarefa, fazendo da prática docente uma prática voltada para a autonomia do policial em formação, para possa utilizar os conhecimentos e melhorar cada vez mais o seu desempenho;

• Novo tratamento dos conteúdos para que sejam entendidos como recursos a serem mobilizados pelo policial em situações concretas, privilegiando os que podem ser utilizados como instrumentos teórico-práticos, orientando a tomada de decisão na ação profissional;

• Comprometimento do docente com o crescimento do policial em formação e com o desenvolvimento de competências;

• Utilização de práticas que estimulem a criatividade, fortaleçam a ação educativa e a visão global do conhecimento, em estreita relação com os contextos em que será aplicado.

Saiba Mais ___________________________________________ Se você quiser saber mais recomendamos uma entrevista com Philippe Perrenould leia “Construindo Competências” entrando no site: http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_2000/2000_31.html Recomendamos, também, o livro:

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Perrenoud, Ph. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000. Você sabia que os conceitos de competências estão intimamente relacionados com as dimensões do pensar, ser/conviver e atuar? Veja sobre isso a seguir.

Referenciais Teóricos Metodológicos para as ações formativas baseadas no desenvolvimento de competências Continuação... Os conceitos de competência e autonomia intelectual estão intimamente relacionados com as dimensões do pensar, ser/conviver e atuar. A. Competências Cognitivas: Aprender a Pensar

Competências que requerem o desenvolvimento do pensamento superior reflexivo por meio da investigação e da organização do conhecimento. Explicam como o indivíduo constrói e organiza o conhecimento, habilitando-o a pensar de forma crítica e criativa, posicionar-se, comunicar-se e estar consciente de suas ações. B. Competências Atitudinais: Aprender a Ser e a Conviver

Competências que visam estimular a percepção da realidade, por meio do conhecimento e do desenvolvimento das potencialidades individuais: conscientização de sua pessoa e da interação com o grupo. Capacidade de conviver em diferentes ambientes: familiar, profissional e social. C. Competências Operativas: Aprender a Atuar

Competências que prevêem a aplicação do conhecimento teórico em prática responsável, refletida e consciente. Atendimento às necessidades individuais, profissionais e societárias por meio do trabalho, contribuindo para a melhoria da segurança da sociedade.

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Capacidades Cognoscitivas

“No processo de assimilação de conhecimentos, o desenvolvimento das capacidades mentais e criativas possibilita o uso dos conhecimentos e

habilidades em novas situações. Englobam a compreensão da relação Parte-Todo, das propriedades fundamentais de objetos e fenômenos, diferenciação entre objetos e fenômenos, abstração, generalização, análise e síntese, a combinação de métodos de ação, o pensamento alternativo (busca de soluções possíveis para um problema específico), etc. Essas capacidades vão se desenvolvendo no processo de assimilação ativa de conhecimento”. (Libâneo, 2001)

Saiba Mais ___________________________________________

• Se você quiser saber mais sobre estas dimensões pesquise os Pilares da Educação no livro: DELORS, Jacques e outros. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. Paris: UNESCO / Rio Tinto: ASA, 1996. • Você também pode acessar o resumo dos pilares de Delors: Os quatro Pilares da Educação no site: http://infoutil.org/4pilares/text-cont/delors-pilares.htm

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Referenciais Teóricos Metodológicos para as ações formativas baseadas no desenvolvimento de competências Continuação... É fundamental que você compreenda bem essas orientações, pois as ações formativas na área de segurança pública exigem práticas pedagógicas diferenciadas e significativas que criem condições para que ocorra a transferência de conhecimentos! De acordo com PERRENOUD (2000), a transferência é um processo que ocorre permanentemente e pode ser expressa como a capacidade de aplicar conhecimentos prévios em novos contextos, com o objetivo de identificar semelhanças e diferenças para agir em novas situações. PERRENOUD, Phillipe. Pedagogia diferenciada das intenções à ação. Porto Alegre: Artmed, 2000. Isso mostra a importância de uma metodologia que tenha como ponto de partida situações problematizadoras inerentes à ação dos profissionais da área de segurança pública. A simulação de situações reais no contexto de aprendizagem é importante para que os profissionais consigam relacionar com a prática na área de segurança pública. A prática desses profissionais requer destrezas operacionais que permitam a execução de procedimentos com segurança, técnica e atitudes relacionadas com o sentimento de humanidade, respeito aos direitos humanos e compromisso social, fundamentos que asseguram o exercício profissional ético. Podemos dizer que os programas de educação profissional, com currículos dirigidos para competências requeridas pelo contexto de uma área profissional, caracterizam-se por um conjunto significativo de problemas e projetos, reais ou simulados, propostos aos participantes e que desencadeiam ações resolutivas, incluídas as de pesquisa e estudo de conteúdo. (MEC, 2000, p. 31) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (Brasília). Educação Profissional Brasília, 2000. Essas alternativas metodológicas possibilitam abordar o conhecimento de forma global e significativa, motivando o futuro policial a lidar, em seu processo de formação, com situações imprevistas e com as dificuldades da profissão. E então, ficou claro para você até aqui? Vamos em frente, você conhecerá os estudos de SCHON. Já ouviu falar sobre ele?

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A partir da crítica à formação profissional sempre relacionada somente com o campo teórico e organizada de forma cartesiana, que SCHÖN (2000), em Educando o Profissional Reflexivo, propõe um novo desenho para o ensino e a aprendizagem, em que a teoria e a prática possam estar em constante interação. SHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000. A chave para que essa interação seja constante está nas condições criadas para que os “estudantes” exercitem-se diante de um problema, além dos processos de refletir antes e após a ação, a reflexão – na – ação.

A reflexão – na – ação tem uma função crítica... Pensamos criticamente sobre o pensamento que nos levou a essa situação difícil ou essa oportunidade e podemos, nesse processo, reestruturar as estratégias de ação, as compreensões dos fenômenos ou as formas de conceber os problemas. (SHÖN, 2000, p.33).

Atividade O que você pensa sobre isso? Qual a sua opinião sobre a importância dos profissionais da área de segurança pública exercitarem o processo de refletir-na-ação? Para realizar esta atividade utilize o ambiente virtual. Agora compare sua resposta.

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Os profissionais da área de segurança pública exercitarem o processo de refletir-na-ação certamente auxiliará no desenvolvimento de uma atitude contínua de aprender a aprender e de ampliar as habilidades para buscar novas informações que gerem novos conhecimentos! É válido ressaltar que além de novos ambientes de aprendizagem, o modelo curricular por competência exige a substituição do professor que transmite informações pelo professor que contribui para a construção e apropriação do conhecimento. Veja o que Silva tem a nos dizer sobre isso: Silva, Marco. Sala de Interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2002.

...[o professor] deverá converter-se em formulador de problemas, provocador de interrogações, coordenador de equipes de trabalho, sistematizador de experiências e memória viva de uma educação que, em lugar de se aferrar ao passado [transmissão], valoriza e possibilita o diálogo entre culturas e gerações. (SILVA, 2002, p. 70).

Fechamento da Unidade _______________________________ Bem fechamos mais uma unidade da aula 1. Na próxima unidade você estudará sobre as abordagens metodológicas: contextualização, interdisciplinaridade e transversalidade e você vai poder perceber que, cabe ao professor assumir um papel ativo e crítico, viabilizando experiências, abrindo espaços para que os profissionais da área de segurança pública possam ampliar, aprofundar, transferir conhecimentos e refletir sobre a prática e as relações desta com o conhecimento e com o mundo.

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UNIDADE 4 As Abordagens Metodológicas

Relembrando...

Até aqui você estudou sobre os referenciais teóricos metodológicos para as ações formativas baseadas no desenvolvimento de competências. Nesta unidade temos um desafio para você!

Desafio A opção consciente por uma metodologia gera inúmeras questões, das quais se elegeram algumas como desafio para direcionar a reflexão sobre a ação pedagógica nas ações formativas, visando a favorecer o desenvolvimento de competências. Responda de acordo com seus conhecimentos prévios e suas experiências, as seguintes questões: • Quais são os saberes significativos que precisam ser mobilizados durante as ações formativas, sendo transferíveis à prática profissional? • Quais situações de aprendizagem precisam ser organizadas para superar a prática de mera transmissão de conteúdos? Como organizá-las? • Quais implicações o modelo de competências traz para a ação do professor? Para realizar esta atividade utilize o ambiente virtual. Bem, as respostas e as soluções a essas questões devem ser construídas coletivamente, pautadas na observação do desempenho dos profissionais da área de segurança pública e nas reais necessidades do contexto social, com vistas a levantar pontos que contribuam para o melhor desenho do

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planejamento das intervenções pedagógicas durante o processo de aprendizagem. Isso é o que vamos fazer nesta unidade. Preparado? Vamos lá!

As abordagens metodológicas _________________________

Importante

A metodologia é o elemento central na execução do currículo, pois possibilita o desenvolvimento do processo pedagógico. O planejamento encadeado das atividades para uma aprendizagem coerente com as competências e os objetivos selecionados favorece a reflexão e o levantamento de conhecimentos que possibilitem formas diferenciadas de ação com a utilização variada de materiais e estratégias de aprendizagem individual e em grupo.

Vamos pesquisar sobre as abordagens metodológicas. O desenvolvimento das ações formativas para um projeto que considere a efetividade no ensino requer que sejam garantidas aos professores as condições para planejamento coletivo, possibilitando a organização de situações de aprendizagem pautadas numa visão integradora dos conteúdos, assegurando-se uma prática fundamentada em algumas abordagens que você pode ver no livreto a seguir.

As abordagens metodológicas: contextualização, interdisciplinaridade e transversalidade _________________

Abordagens Metodológicas

Contextualização As ações formativas devem estar coerentes e sintonizadas com a realidade. Isso implica a seleção estratégica e consciente, por parte do professor, de conteúdos estreitamente relacionados com as situações reais ou simuladas extraídas da prática profissional, ou seja, a transformação de uma teoria e uma prática de referência em uma teoria e prática significativas, criando, assim, condições para que ocorra o processo de construção e aplicação do conhecimento pelo policial em formação e não apenas a simples operação sobre os conteúdos. O trabalho realizado pelo professor em transformar o conteúdo em algo que posso ser ensinado e aplicável é denominado transposição didática. Contextualizar o conteúdo que se quer aprendido significa, em primeiro lugar, assumir que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto (...) O tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo. Se bem trabalhado,

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permite que, ao longo da transposição didática, o conteúdo do ensino provoque aprendizagens significativas que mobilizem o aluno e estabeleçam entre ele e o objeto do conhecimento uma relação de reciprocidade. A contextualização evoca por isso áreas, âmbitos ou dimensões presentes na vida pessoal, social e cultural, e mobiliza competências cognitivas já adquiridas. (MEC, 2000, p. 79) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (Brasília). PCN: Ensino Médio. Brasília, 2000.

Interdisciplinaridade

As disciplinas a serem trabalhadas nas ações formativas deverão estar articuladas de modo a romper com a segmentação e o fracionamento das informações. Considerar a possibilidade das relações existentes entre os

diversos campos de conhecimento contribuirá para uma visão mais ampla da realidade e para a busca de soluções significativas para os problemas enfrentados no âmbito profissional. A interdisciplinaridade questiona a segmentação dos diferentes campos do conhecimento, possibilitando uma relação epistemológica entre as disciplinas, ou seja, uma inter-relação existente entre os diversos campos do conhecimento frente ao mesmo objeto de estudo (...) Romper com a fragmentação do conhecimento não significa excluir sua unidade (...), mas sim articulá-la de forma diferenciada possibilitando que o diálogo entre eles possa favorecer a contextualização dos conteúdos frente às exigências de uma sociedade democrática. Levantando questões, abrindo pista, intervindo construtivamente na realidade, favorecendo o pensar antes, durante e depois da ação e consequentemente na construção da autonomia intelectual. (CORDEIRO & SILVA, 2005, p. 31) CORDEIRO, Bernadete M. P. e SILVA, Suamy. S. Direitos Humanos: referencial prático para docentes do Ensino Policial. 2ª Ed. Brasília: CICV, 2005.

Transversalidade

Enquanto a interdisciplinaridade possibilita a relação epistemológica das disciplinas, relacionando e articulando campos de saberes frente a um objeto comum de estudo, a transversalidade dinamiza o currículo, mediante a inclusão de temas que perpassam todas as disciplinas, ampliando o vínculo com o real e os possíveis questionamentos a serem feitos frente a essa realidade. Segundo CORDEIRO & SILVA (2005), a transversalidade se refere a temas sociais que permeiam os conteúdos das diferentes disciplinas, exigindo uma abordagem ampla e diversificada, não se esgotando num único campo de

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conhecimento. Salienta-se que os temas transversais não devem constituir uma disciplina, mas permear todo o trabalho educativo. O enfoque integrador torna a aprendizagem mais significativa, pois o conhecimento estrutura-se na mente do estudante por meio de uma rede de inter-relações que modifica a forma de armazenamento de informações, ampliando a capacidade de ativar os conhecimentos quando necessários para a resolução de problemas.

Considerações finais A contextualização, a interdisciplinaridade e a transversalidade proporcionam o questionamento da realidade e a ação dos policiais em formação sobre ela. No processo de ensino, esse questionamento/ação se dá pela aplicação de técnicas que possam criar condições para que o aluno seja capaz de utilizar os conhecimentos e o foco das várias disciplinas na compreensão e solução de problemas. São as situações problematizadoras que mobilizam os saberes e geram esquemas de ação, filtros pessoais que tornam as situações compreensíveis, envolvendo esquemas de percepção, decisão e avaliação, contribuindo para que os policiais em formação desenvolvam o analisar, o refletir, o justificar, considerados meta competências imprescindíveis na construção da autonomia intelectual e principalmente na atuação policial.

Ficou claro para você as três abordagens? A seguir conheça algumas das abordagens propostas por Rosenbaum. Tendo por base as abordagens que orientam as atividades de um “treinamento policial” propostas por ROSENBAUM (1994), destacam-se, a seguir, as que poderão contribuir para a seleção e exploração das situações problematizadoras nas ações formativas. ROSENBAUM (apud Feltes, 2002) in Cadernos Adenauer IV (2003), nº 3. Segurança cidadã e polícia na democracia. Rio de Janeiro: Fundação Adenauer, outubro 2003.

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Abordagem local Os problemas devem ser resolvidos onde aparecem; Abordagem criativa A utilização de meios criativos e não convencionais na resolução de problemas; Abordagem estrutural Policiamento orientado por problemas – a resolução de problemas deve se basear na análise de causas estruturais, na consideração de todos os fatores subjacentes e nos meios disponíveis de criação de segurança; Abordagem multifator A consideração dos problemas sob o ponto de vista mais geral e não apenas da abordagem da repressão ao combate ao crime; Abordagem da divisão do trabalho e abordagem cooperativa Considerar a cooperação estratégica com instituições, autoridades, comunidades e pessoas na resolução de problemas; Abordagem pró-ativa Considerar a capacidade de pensar sobre o problema antes que o problema aconteça.

Observe o quanto estas abordagens são importantes para a formação policial. A seguir, vamos estudar outras orientações metodológicas.

As abordagens metodológicas _________________________ Além das abordagens citadas, a utilização das situações problematizadoras como recursos de aprendizagem nas ações formativas deverá considerar as seguintes orientações metodológicas:

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1. A compreensão de quais são as competências necessárias à prática policial é o elemento chave para direcionar a prática pedagógica;

2. Os conhecimentos prévios dos policiais em formação e as competências a serem desenvolvidas passam a ser o eixo estruturador para o planejamento das propostas de atividades;

3. As situações problematizadoras a serem apresentadas aos policiais em formação devem ter um enfoque contextual, interdisciplinar e transversal, favorecendo a busca, a seleção e a utilização dos conteúdos pautados nos eixos legal, técnico e ético para auxiliar na compreensão dos processos e fenômenos tais como eles se apresentam na realidade do trabalho policial;

4. Os conteúdos devem ser considerados ferramentas, meios

articuladores, dos quais os policiais em formação devem lançar mão para compreender a realidade e auxiliar na resolução de problemas;

5. As situações problematizadoras deverão criar condições para que os

policias em formação utilizem as habilidades mentais, levantando hipóteses e estimulando o processo de reflexão que deverá ocorrer antes, durante e após a ação;

6. O professor, como mediador do processo de aprendizagem, é o

responsável pela seleção e pelo planejamento das técnicas que conduzirão às situações-problema e principalmente pelas intervenções por meio de questionamentos e feedback durante a execução.

Fechamento da Unidade _______________________________ Fechamos esta unidade. Aqui você pôde ver que a organização do currículo que contemple situações problematizadoras permitirá ao educando adquirir experiências mais integradas e uma série de condutas que contribuirão para enfrentar diferentes situações de vida, nos aspectos pessoal e profissional, assim como se apropriar de princípios e conceitos básicos que lhe permitam estabelecer generalizações frente a novas situações. Sendo assim, a prática pedagógica deverá utilizar técnicas de ensino que favoreçam a reflexão antes/durante/após a ação!

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Atividades de auto-avaliação __________________________ Utilize o ambiente virtual para realizar estas atividades. 1. Você estudou nesta aula a Matriz Curricular Nacional da SENASP. Gostaríamos de saber sua opinião sobre este documento. Que contribuições ele traz para sua prática como formador e aos alunos? A resposta deve ser socializada com todos por meio de Ferramenta Fórum.

2. Analise as situações a seguir e assinale qual está de acordo com orientações metodológicas estudadas nesta aula. ( ) Ao iniciar a aula o professor deve passar o conteúdo e depois as atividades a serem realizadas sobre o assunto para verificar se houve aprendizagem. ( ) Ao iniciar a aula o professor deve contextualizar o conteúdo que será trabalhado, levando os alunos, em diferentes momentos da aula, a refletir sobre o que está aprendendo. ( ) Ao iniciar a aula o professor deve passar atividades-testes para ver o que o aluno conhece sobre o conteúdo.

3. Abra as cartas a seguir sobre as competências: Cognitivas, atitudinais e operativas. Quando conseguir virar as cartas relacionadas clique em “ok” e veja o feedback.