268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    1/134

     

    CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

    CELSO SUCKOW DA FONSECA – CEFET/RJ

    DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

    COORDENADORIA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA

    DISSERTAÇÃO

    CONTRIBUIÇÃO À ANÁLISE ESTRUTURAL DE CASAS POPULARES COMESTRUTURA METÁLICA ATRAVÉS DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

    Francisco de Assis Corrêa

    DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-

    GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA COMO PARTE DOS REQUISITOSNECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM TECNOLOGIA

    Pedro Manuel Calas Lopes Pacheco, D.Sc.

    Orientador

    RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL.

    SETEMBRO / 2009

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    2/134

    ii

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO 01

    I - NECESSIDADE DA RACIONALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DAS HABITAÇÕES

    POPULARES NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO E O USO DO AÇO

    04

    I.1. Habitações populares e o problema social no município do Rio de janeiro 04

    I.2. O aço como material de construção de moradias 09

    II – CASO ESTUDADO USITETO/POPMETAL 14

    II.1. Projeto popmetal 17

    III – ANÁLISE ESTRUTURAL SEGUNDO A NORMA NBR 8800 21

    III.1. Principais características 21

    III.2. Tipos de carregamentos 21

    III.3. Dimensionamento estrutural com detalhamento 26

    III.4. Colunas 31

    III.5. Ligações 35

    III.6. Fundações 41

    IV – ANÁLISE ESTRUTURAL UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS 49

    IV.1. A Simulação Pelo Método de Elementos Finitos 49

    IV.2. Modelos dos projetos USIMINAS e POPMETAL 50

    V – SIMULAÇÕES NUMÉRICAS 63

    VI - CONCLUSÃO 70

    VII - REFERÊNCIAS 74

    VIII - ANEXOS

    IX – FOLHA DE APROVAÇÃO

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    3/134

    iii

    FICHA CATALOGRÁFICA

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    4/134

    iv

    Dedico este trabalho ao meu pai, onde quer que ele esteja. A minha mãe, e ao meu

    irmão Sergio Corrêa que sempre me incentiva e apóia com entusiasmo em todas as minhas

    empreitadas.

    Obrigado!

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    5/134

    v

    Agradecimentos

    A todo corpo docente e administrativo da pós-graduação, e aos meus colegas de curso.

    Ao meu orientador, que com muita sabedoria e paciência me conduziu com segurança

    por este caminho.

    E a Deus, por me ajudar a superar os tantos obstáculos!

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    6/134

    vi

    “É por retomar o antigo que aprendemos o novo, e assim nos tornamos mestre”Confúcio (551-479 a .C) Filósofo chinês.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    7/134

    vii

    Resumo da dissertação submetida ao DIPPG/CEFET-RJ como parte integrante dos requisitos

    necessários para a obtenção do grau de mestre em tecnologia (M.T.)

    CONTRIBUIÇÃO À ANÁLISE ESTRUTURAL DE CASAS POPULARES COMESTRUTURA METÁLICA ATRAVÉS DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

    Francisco de Assis Corrêa

    Setembro / 2009

    Orientador: Pedro Manuel Calas Lopes Pacheco, D.Sc.

    Programa: PPTEC

    A falta de moradias adequadas para a população de baixa renda é um problema que assolanão só o Brasil como todo o mundo. A utilização de novas tecnologias e a redução dos custosenvolvidos são fatores decisivos para permitir a redução desse déficit. Uma parcelaconsiderável do custo de uma casa popular está associada ao custo do material utilizado. Nosúltimos anos novos tipos de casas populares têm sido propostos, utilizando diversos materiaise tecnologias. As casas populares com estrutura metálica oferecem diversas vantagens como ocusto final e a facilidade de montagem. Nesse escopo, este trabalho apresenta umametodologia baseada no método de elementos finitos que permite avaliar o comportamentoestrutural de casas populares com estrutura metálica. Através de modelos numéricos daestrutura metálica baseados no método de elementos finitos é possível identificar os níveis de

    solicitação mecânica dos elementos estruturais e auxiliar na escolha de uma configuração queresulte em uma construção de baixo peso e custo. Neste trabalho a metodologia é aplicada auma configuração de casa popular com estrutura metálica existente, com o objetivo de verificara viabilidade de reduzir o peso da estrutura metálica. Resultados das simulações numéricasindicam que o peso da estrutura metálica da casa popular pode ser reduzido em até um quartodo seu peso original sem comprometer a sua integridade estrutural.

    Palavras Chave: Análise Estrutural, Método dos Elementos Finitos, Habitação Popular

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    8/134

    viii

    Abstract of dissertation submitted to DIPPG / CEFET-RJ as part of the requirements for

    obtaining the degree of Master of Technology (MT)

    CONTRIBUTION TO STRUCTURAL ANALYSIS OF LOW COST HOUSES WITH STEEL

    FRAME STRUCTURE USING THE FINITE ELEMENT METHOD

    Francisco de Assis Corrêa

    September / 2009

    Supervisor: Pedro Manuel Calas Lopes Pacheco, D.Sc.

    Program: PPTEC

    The lack of adequate low cost houses for poor population is a problem that is present in thewhole world. The use of new technologies and cost reduction approaches are fundamental forthe deficit reduction. A considerable part of a low cost house cost is associated to the materialcost. In the last years new types of low cost houses have been proposed, using variousmaterials and technologies. Steel frame low cost houses present some advantages as low costand assemblage. In this work a methodology based on the finite element method is developedto assess the structural behavior of steel frame structure low cost houses. Structural solicitationlevels can be predicted using the proposed numerical models and used to in selection ofconfigurations that results in low weight and low cost houses. The methodology is applied to anexisting low cost house to study the viability of steel frame structure weight reduction. Numericalresults show that the steel frame structure weight can be reduced in one-quarter withoutcompromise its structural integrity.

    Keywords: Structural Analysis, Finite Element Method, Low Cost Houses

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    9/134

    ix

    LISTA DE ILUSTRAÇÕES, TABELAS E GRÁFICOS Pág. 

    CAPÍTULO I

    Figura I. 1 – Situação habitacional no Rio de Janeiro – Mangueira 04

    Figura I. 2 a, b, c – Habitações populares verticais e horizontais 09

    Figura I. 3 – Estrutura da casa montada 11

    Figura I. 4 – Detalhamento do processo 12

    CAPÍTULO II

    Figura II.1 – Etapas da Montagem sem acréscimos 14

    Figura II.2 – Planta baixa humanizada sem acréscimo 15

    Figura II.3 – Etapas da montagem do acréscimo – 63m² 15

    Figura II.4 – Planta Baixa humanizada com acréscimo – 63m² 16

    Figura II.5 – Planta de Arquitetura Humanizada 18Figura II.6 – Planta de Arquitetura Legal – áreas compatíveis 19

    CAPÍTULO III

    Figura III.1 - Vento nas Edificações 23

    Figura III.2 - Isopletas da Velocidade Básica V0 (NBR 6123/88) 24

    CAPÍTULO IV

    Figura IV.1– Planta baixa de unidade residencial unifamiliar térrea 52

    Figura IV.2– Planta da fachada frontal 53

    Figura IV.3– Planta da fachada lateral 53

    Figura IV.4– Planta de arquitetura humanizada 54

    Figura IV.5– Esquemático da estrutura do modelo simulado 54

    Figura IV.6– Representação dos pontos . Modelo para metade da construção 55

    Figura IV.7– Representação das linhas. Modelo para metade da construção 55

    Figura IV.8– Representação das áreas. Modelo para metade da construção 56

    Figura IV.9– Elementos BEAM4 (a) e SHELL63 (b). (ANSYS,2006) 56

    Figura IV.10– Estrutura metálica. Modelo para a estrutura inteira com os tipos de perfis 57Figura IV.11– Malha de elementos finitos 58

    Figura IV.12– Condições de contorno aplicadas na linha da base 59

    Figura IV.13– Carregamento da pressão do vento aplicada na lateral e no telhado 61

    Figura IV.14– Carregamento da pressão do vento aplicada na frente e no telhado 61

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    10/134

    x

    CAPÍTULO V 

    Figura V.1 – Perfis da estrutura metálica. do projeto da USIMINAS. 64

    Figura V.2 – Perfis da estrutura metálica do projeto POPMETAL. 64

    Figura V.3 – Deslocamentos. Projeto USIMINAS. 65

    Figura V.4 – Deslocamentos. Projeto POPMETAL 65

    Figura V.5 – Distribuição da tensão equivalente de von Mises  na estrutura USIMINAS 66

    Figura V.6 – Distribuição da tensão equivalente de von Mises  na estrutura POPMETAL 66

    Figura V.7 – Distribuição da tensão equivalente de von Mises . Projeto USIMINAS 67

    Figura V.8 – Distribuição da tensão equivalente de von Mises  na estrutura metálica.

    Região de máximo no encaixe da terça com a cumeeira. Projeto

    POPMETAL. 68

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    11/134

    xi

    LISTA DE TABELAS

    CAPÍTULO IV

    Tabela IV.1 – Características geométricas dos perfis para os projetos analisados 57Tabela IV.2 – Propriedades Mecânicas dos Materiais(NB14) 58

    Tabela IV.3 – Cargas distribuídas associadas ao efeito do vento e peso das telhas 60

    CAPÍTULO V

    Tabela V.1 – Valores máximos da tensão equivalente de von Mises 69

    Tabela V.2 – Deslocamentos máximos obtidos 69

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    12/134

    xii

    GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS

    Autocad - AUTODESK – Software de projetos gráfico em 2D.

    ANSYS – Software de simulações pelo método de elementos finitos

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    13/134

    xiii

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

    ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

    AC Abreviatura de “Antes de Cristo”CEFET/RJ Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da

    Fonseca

    DC Abreviatura de “Depois de Cristo”

    EPS Poliestireno Expansível

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    INMETRO Instituto de Metrologia

    INT Instituto Nacional de Tecnologia

    NBR Norma Brasileira

    OMS Organização Mundial de Saúde

    PBQPH Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do

    Habitat

    PNAD Programa Nacional de Amostra de Domicílios

    SINDUSCON-RJ Sindicato da Indústria da Construção Civil – Rio de Janeiro

    UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    14/134

    1

    INTRODUÇÃO

    Na área de construção civil as tecnologias construtivas estão em constante

    transformação com o uso de novos materiais e metodologias de projeto cada vez mais

    precisas. A área passa a contar com novos materiais que apresentam um melhor desempenho

    em diversas situações com melhores propriedades e maior capacidade de resistir às cargas e

    às condições impostas. As metodologias de projeto passam a incorporar ferramentas

    computacionais que permitem trabalhar com modelos mais próximos de situações reais,

    resultando em previsões mais precisas.

    No Brasil o segmento econômico da construção civil é responsável por 14,8% do PIB,

    representando um importante setor da economia no país. Entretanto, a indústria da construção

    civil é a responsável por 14 a 50% do consumo dos recursos naturais consumidos pela

    sociedade em todo planeta (SILVA FILHO et al., 2002).A falta de moradias adequadas para a população de baixa renda é um problema

    existente não só o Brasil como em todo o mundo. A utilização de novas tecnologias e a

    redução dos custos envolvidos são fatores decisivos para permitir a redução desse déficit. O

    problema está presente em todos os estados da federação e, em particular, especificamente o

    município do Rio de Janeiro, que possui, segundo o IBGE, um déficit de quase quinhentas mil

    unidades, sendo esta incidência maior para a classe com rendimentos abaixo de três salários

    mínimos.

    Diversos estudos têm sido desenvolvidos nos últimos anos no sentido de contribuir para

    reduzir estes problemas. Análises envolvendo ferramentas computacionais, como o método de

    elementos finitos, e programas experimentais têm sido desenvolvidas para avaliar o

    comportamento estrutural de diversos tipos de casas com o objetivo de aumentar a

    confiabilidade e otimizar os projetos. DA COSTA et al. (2003) apresentam um estudo do efeito

    da carga de vento provocada por ciclones tropicais em casas utilizando experimentos em

    escala real e modelos de elementos finitos. DUBINA (2008) avalia a performance de casas de

    estrutura metálica submetidas a carregamentos de terremotos, utilizando técnicas

    experimentais e modelos baseados no método de elementos finitos. Outros autores

    (SIVAKUMARAN et al., 1998; REN, et al., 2006; ZHOU et al., 2007) focam a análise nocomportamento de perfis de aço utilizados na construção de casas, envolvendo fenômenos

    complexos como flambagem plástica. SALEEM e ASHRAF (2008) apresentam um estudo

    utilizando modelos baseados no método de elementos finitos para o desenvolvimento de

    projetos de casas populares capazes de resistir a terremotos.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    15/134

    2

    Neste trabalho apresenta-se uma metodologia baseada no método de elementos finitos

    desenvolvida para estudar o comportamento estrutural de casas populares com estrutura

    metálica. A metodologia envolve a utilização de simulações numéricas obtidas através de

    modelos de elementos finitos, desenvolvidas para identificar os níveis de solicitação mecânica

    dos elementos estruturais e avaliar a possibilidade de reduzir o peso da estrutura metálica

    através da redução da área transversal dos perfis metálicos. O modelo auxilia na escolha de

    uma configuração que resulte em uma construção de baixo peso e custo. A metodologia é

    aplicada a uma configuração de casa popular com estrutura metálica existente, cujo projeto foi

    desenvolvido pela USIMINAS (projeto USITETO), considerando-se as condições de

    carregamento para o Município do Rio de Janeiro.

    O trabalho está estruturado em cinco capítulos. Em seguida apresenta-se uma breve

    descrição dos capítulos do trabalho.

    O Capítulo I apresenta uma breve contextualização do problema da falta de habitação

    que está presente em todos os estados da federação. Em particular, o foco recai

    especificamente no município do Rio de Janeiro que possui, segundo o IBGE, um déficit de

    quase quinhentas mil unidades, com maior incidência na classe com rendimentos abaixo de

    três salários mínimos. Tal problemática demanda a necessidade de políticas públicas voltadas

    para a construção de moradias para população de baixa renda levando em consideração

    aspectos relacionados à sustentabilidade. Nesse contexto, complementando o capítulo, o aço é

    apresentado como material que possui grande potencial para ser utilizado na construção de

    edificações sendo uma opção para uso em casas populares.

    No Capítulo II apresenta-se o tipo de casa popular escolhida para análise do

    comportamento estrutural através do método de elementos finitos conforme definido no objetivo

    desse trabalho. Dois projetos são mostrados: uma estrutura existente (USITETO) e uma

    estrutura alternativa proposta (POPMETAL). A estrutura proposta é baseada na estrutura

    existente (USITETO), apresentando uma configuração similar à original existente, e é utilizada

    para avaliar a redução de peso em relação à estrutura original existente.

    Já no Capítulo III, com uma abordagem específica e detalhada, avaliam-se os

    carregamentos e esforços solicitantes dentro de um contexto conservativo, proporcionando um

    desenvolvimento dentro de parâmetros de segurança e enquadramento das normas técnicaspertinentes ao estudo.

    O Capítulo IV apresenta o modelo numérico proposto baseado no método de elementos

    finitos para avaliar a estrutura metálica da casa popular. São descritos as condições de

    contorno, os carregamentos, a malha e os elementos utilizados.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    16/134

    3

    O Capítulo V apresenta os resultados das simulações numéricas desenvolvidas para as

    duas configurações estudadas: USITETO e POPMETAL em termos de desempenho da

    estrutura metálica submetida aos carregamentos especificados no Capítulo III. O desempenho

    é analisado em termos das tensões equivalentes de von Mises e deslocamentos.

    Finalmente a Conclusão apresenta a consolidação dos resultados obtidos e sugestõespara trabalhos futuros.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    17/134

    4

    CAPÍTULO I

    NECESSIDADE DA RACIONALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DAS HABITAÇÕES

    POPULARES NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO E O USO DO AÇO

    Esse capítulo destina-se a apresentar uma breve contextualização da problemática da

    habitação popular no Município do Rio de Janeiro de modo a evidenciar a necessidade de se

    buscar a racionalização da construção nesse tipo de edificação. Primeiramente é mencionado

    o problema social da habitação popular no referido município que demanda políticas públicas

    voltadas para a construção de moradias para população de baixa renda considerando aspectos

    de sustentabilidade. Na sequência é apresentado o aço como material possível de ser utilizado

    para atendimento dessa demanda.

    I. 1 - HABITAÇÕES POPULARES E O PROBLEMA SOCIAL NO MUNICÍPIO DO RIO DE

    JANEIRO 

    As favelas do Município do Rio de Janeiro surgiram como conseqüência da falta de

    planejamento e descuido dos órgãos públicos em sucessivas administrações ocorridas ao

    longo dos anos, resultando na situação ilustrada na Figura I. 1.

    Figura I. 1 – Situação habitacional no Rio de Janeiro - Mangueira – (Fonte: o autor)

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    18/134

    5

    Para Campos (2001) a favelização teve origem pouco antes da abolição da escravatura

    em 1888. Conforme o autor:

    “A abolição teve seu complemento ardilosamente imposto pela classe

    dominante, no veto ao acesso a terra para os ex-escravos. O objetivo

    era impedir que a alternativa de vida viável simbolizada pelos quilombos

    fosse generalizada. Impedidos de se converterem em camponeses

    independentes, uma parcela numerosa dos ex-escravos preferiu tentar a

    sobrevivência nos centros urbanos que permanecer como assalariados

    ou agregados de seus ex-senhores agrários. Uma boa parte procurou a

    então a capital federal, à época o Rio, que já contava com considerável

    população de ex-escravos urbanos e negros libertos.”  

    O bloqueio de acesso à terra e consequente migração para os centros urbanos, fez com

    que os ex-escravos construíssem suas moradias em regiões inadequadas à sobrevivência

    ocupando locais de difícil acesso e sem infraestrutura sanitária. Ainda segundo Campos (2001):

    “Nas favelas, o controle e vigilância, desde o início, não era tão direto e

    sempre foi impessoal: ao invés do capataz e do capitão do mato sob

    ordens diretas do senhor, atuam as forças coletivas de repressão da

    classe capitalista - a polícia, os grupos de extermínio, excepcionalmente

    as forças armadas. Mais importante que isso, na senzala o opressor,

    através de seus instrumentos, tinha acesso permanente e absoluto,

    tinha conhecimento completo do espaço. Na favela, a incursão das

    tropas e funcionários do opressor só pode ser esporádica (ainda que

    muito violenta), o conhecimento do terreno é precário e incerto (as

    senzalas eram construídas segundo plano do senhor; as favelas

    crescem sem plano, mas seus moradores conhecem em detalhes sua

    geografia complexa), a realidade social da favela não pode ser

    conhecida a não ser em linhas gerais.”  

    Pode-se dizer que o texto do autor, que faz uma reflexão do passado, apresenta

    similaridade com a realidade ainda hoje encontrada nas favelas nas favelas do Município do

    Rio de Janeiro. Em função de seu relevo acidentado, o referido município apresenta uma

    geografia que favoreceu o surgimento de favelas com a ocupação de locais de difícil acesso

    por pessoas mais pobres que encontravam nesses locais a perspectiva de ficarem próximas

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    19/134

    6

    aos centros urbanos em busca de oportunidades de trabalho, resultando numa ocupação

    desordenada do solo. Essa ocupação desordenada do solo, aliada à falta de infraestrutura e

    planejamento bem como à condição social das pessoas que habitam as favelas, acabou por

    constituir um ambiente propício ao crescimento da marginalidade nesse espaço urbano,

    constituindo-se hoje em um grave problema a ser enfrentado pelo poder público.

    No que se refere à questão da favelização, COMPANS (2003) acrescenta a

    problemática da titulação da propriedade em áreas ocupadas irregularmente conforme o

    seguinte relato:

    “São muitos os entraves legais e burocráticos para a efetivação da

    titulação da propriedade em áreas ocupadas irregularmente. Apesar de

    três décadas de experiências em urbanização de favelas no Brasil,

    poucas foram aquelas em que o processo de regulamentação fundiária

    foi concluído.”  

    Para BONDUKI (2004) os primórdios da transformação da habitação numa questão

    social, datam seu início na primeira metade do século passado, com suas vilas operárias,

    cortiços e casas geminadas, conforme ilustrado na Figura I.2, levando a necessidade da

    primeira intervenção do Estado nos anos 30 e 40 com os primeiros conjuntos residenciais

    públicos, edificados a partir do Estado Novo.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    20/134

    7

    (a)

    (b)  (c)

    Figura I. 2 (a),(b) e (c) –Habitações populares verticais e horizontais

    Segundo FUGAZZOLA (2005), a persistente crise brasileira e as políticas econômicas

    adotadas nas últimas décadas reduziram drasticamente os recursos aplicados em habitaçõessociais. O desaparecimento paulatino de programas federais que (ainda que marginalmente)

    financiaram populações de baixa renda e continham em seu escopo a construção de conjuntos

    de moradias, contribuiu para a intensificação de movimentos voltados para a ocupação de

    áreas urbanas em condições precárias. Ainda segundo o autor, a ausência de políticas

    fundiárias progressistas promoveu a exclusão dos pobres do mercado de terras e as

    intervenções públicas nas áreas ocupadas, quando ocorridas, consolidaram essa condição de

    penúria.

    SACHS (1999) corrobora dizendo que as políticas de crescimento econômico baseado

    na desigualdade, implicaram diretamente no acúmulo de loteamentos periféricos, favelas e

    cortiços em várias regiões da cidade. Também a crise do SFH – Sistema Financeiro da

    Habitação, que nos anos 80 levou à extinção do Banco Nacional da Habitação, provocou uma

    queda acentuada nas realizações das COHAB espalhadas por todo o Brasil levando ao

    aparecimento de diversas comunidades carentes instituídas com base em construções

    inadequadas.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    21/134

    8

    Há que se destacar que, em 12 de agosto de 2008 (Portal PINI-Web acesso em

    14/08/2008), chegou à Câmara dos Deputados, em Brasília, a Proposta de Emenda

    Constitucional (PEC) da habitação. A PEC prevê a reserva de 2% do orçamento da União e 1%

    da arrecadação dos Estados para os Fundos Nacional, Estaduais e Municipais de Habitação de

    Interesse Social. A iniciativa é uma articulação entre movimentos pró-moradia, parlamentares,

    secretários de Habitação e entidades nacionais e regionais da construção civil e visa garantir

    recursos permanentes para permitir o acesso à moradia digna pelas famílias de baixa renda.

    Ainda segundo o portal, durante o lançamento do Comitê Estadual, na Assembléia Legislativa

    do Estado de São Paulo, o presidente da empresa estatal (CDHU- Companhia de

    Desenvolvimento Urbano do Estado de São Paulo), Lair Krähenbühl, argumentou que a

    solução do problema habitacional depende de uma política setorial coerente e compromissada

    em atuar em situações críticas e afirma também:

    “A moradia reflete diretamente em áreas como educação, saúde, esegurança pública. Os impactos positivos são evidentes. Está provado

    que residências que não acomodam satisfatoriamente os membros da

    família prejudicam o desempenho escolar dos jovens, que não tem

    espaço para estudar. O ambiente também é propício à transmissão de

    doenças.”  

    Considerando-se o estabelecimento de uma política pública, projetos habitacionais de

    âmbito nacional devem privilegiar as considerações básicas de arquitetura e aquelas referentes

    à cidadania. Assim sendo, os projetos não só devem considerar a durabilidade dos materiais,

    como também as condições mínimas de ampliação, resguardando o embrião e sua

    estabilidade1, resultando em ruas do mesmo padrão do restante do espaço da cidade, pois o

    tamanho dos lotes, compatíveis com os padrões praticados no mercado, propicia taxas de

    ocupação baixas na origem das edificações.

    A sustentabilidade é outro aspecto importante a ser considerado com relação à questão

    da moradia e da construção de projetos habitacionais. O Portal Conpet (acesso em

    10/07/2008), por exemplo, destaca a preocupação da indústria da construção civil – que possui

    peso significativo na economia mundial – com o esgotamento dos recursos naturais não-renováveis, com o desperdício de materiais e a destinação final dos resíduos sólidos. Tal

    preocupação é decorrente das discussões sobre a Agenda 21, durante a Conferência das

    Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (UNCED/Rio-92) e do surgimento

    1  lotes de 200 a 360m², dispostos em quadras regulares, com arruamentos realizados seguindo as

    normas da municipalidade. 

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    22/134

    9

    do movimento denominado construção sustentável, com a proposta de repensar toda a cadeia

    produtiva do setor.

    Considerando que é grande o impacto provocado pela construção civil no meio

    ambiente, na economia e no homem, a construção sustentável destaca o cuidado na extração

    das matérias-primas, a minimização da liberação de materiais perigosos no meio ambiente, a

    economia de energia e água, o aprimoramento das condições de segurança e de saúde dos

    trabalhadores, e a qualidade e o custo das construções para os usuários finais (Portal Conpet –

    acesso em 10/07/2008). Dentro desse contexto, a sustentabilidade ganhou importância no

    ambiente das grandes construtoras interessadas em adquirir os chamados selos verdes

    através de processos de certificação.

    A maior preocupação com projetos sustentáveis, fomentados pela implementação de

    leis, gerou diversas possibilidades e alternativas para novos projetos de edificações inclusive

    voltados para população de baixa renda. Faz-se necessário, portanto, racionalizar as diversas

    atividades envolvidas na construção de edificações buscando a melhoria nos processosconstrutivos e o aperfeiçoamento das características dos materiais, não apenas com a

    finalidade de redução dos custos das construções, mas também com o atendimento de outros

    aspectos relacionados à sustentabilidade conforme mencionado anteriormente. Dentre os

    diversos materiais usados na construção de edificações, pode-se dizer que a tecnologia de

    construção em aço no Brasil, com análises detalhadas visando reduzir custos e, por

    conseguinte, o menor uso de matérias-primas, atende a esses anseios. O aço deixou de ser

    utilizado apenas em construções industriais e comerciais para ser usado também no mercado

    de construção residencial uni/multifamiliar.

    I. 2 – O AÇO COM0 MATERIAL DE CONSTRUÇÃO DE MORADIAS

    A escolha da tecnologia ou dos materiais de uma construção perpassa por vários

    segmentos estratégicos para consolidação do todo da construção, principalmente em relação à

    Habitação Social que constitui uma demanda significativa da maior parcela da sociedade.

    O barateamento da construção civil é decisivo para a redução do déficit habitacional

    brasileiro. Estima-se, segundo ARAÚJO e TEIXEIRA (2007), que oito milhões de famílias no

    país não têm onde morar, sendo que 93% dessas pessoas possuem renda de até três saláriosmínimos, segundo Secretaria Nacional de Habitação.

    Neste contexto se insere a construção estruturada em aço. Segundo a revista Téchne ,

    número 54, as Siderúrgicas nacionais já oferecem modelos de casas e pequenos edifícios com

    estrutura metálica para população de baixa renda. Um exemplo é a Usiminas que, através de

    parceria com prefeituras e governos estaduais, impulsionou a venda de soluções para o setor

    de construção civil. Os produtos da empresa já estão sendo utilizados em vários projetos

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    23/134

    10

    habitacionais, entre os quais obras da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano

    do Estado de São Paulo (CDHU) dentre outras.

    Os ganhos de qualidade e produtividade proporcionados pelas obras industrializadas

    estão sendo reconhecidos pela CEF (Caixa Econômica Federal). Em maio de 2008, a

    instituição lançou o trabalho técnico "Requisitos e Critérios Mínimos para Financiamento pela

    Caixa de Edificações Habitacionais em Aço", voltado para as construções em aço

    posteriormente fechadas com paredes de alvenaria, realizado em parceria com o IBS (Instituto

    Brasileiro de Siderurgia), representando os produtores de estruturas metálicas, e o

    Sinduscon/SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo),

    respondendo pelos usuários. Esse trabalho aborda os aspectos do aço, suas especificações e

    dimensionamentos, sempre fazendo referência à utilização das normas existentes. Normas de

    segurança estrutural e fogo também são citadas. Termos de garantia das construtoras e

    fabricantes, por sua vez, são exigidos pela CEF no momento de solicitar o financiamento.

    A liberação de recursos por parte da CEF provavelmente irá alavancar o consumo deaço no setor. Enquanto na maioria dos países, essa matéria-prima é responsável por mais de

    50% das construções residenciais, no Brasil as usinas de aços planos têm participação de

    menos de 1% neste mercado.

    As vendas de aço no segmento da construção, que consome cerca de 32% do material

    vendido no país, se resume a produtos longos, como os vergalhões, utilizados nas estruturas

    de concreto. Empresas como Cosipa, Usiminas, CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e

    Gerdau já possuem sistemas direcionados à habitação popular e devem se beneficiar com a

    decisão da CEF.

    O setor da construção civil vem despontando como um dos de maior potencial para o

    aumento do consumo de aço. Esse potencial é vislumbrado pelo vice-presidente executivo da

    ABCEM (Associação Brasileira da Construção Metálica) que cita a diferença de uso da

    estrutura metálica entre o Brasil e a Inglaterra: enquanto no país apenas 4,5% dos edifícios

    utiliza este método construtivo, na Inglaterra o número é de 68%.

    No que se refere ao aço, as construtoras brasileiras estão indo buscar nos Estados

    Unidos, país com tradição nesse mercado, conceitos e tecnologia para produção de casas em

    série, com modelos que possuem estrutura em aço leve (light steel frame , em inglês) e

    fechamento com painéis com o conceito de construção a seco. Algumas construtoras do Brasilestão incorporando às residências unifamiliares sistemas de construção industrializados, que

    integram a maioria das etapas construtivas, desde a estrutura (Figura I. 3) em perfis leves de

    aço galvanizado, até a cobertura.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    24/134

    11

    Figura I. 3 – Estrutura da casa montada (Fonte: www.revistaau.com.br)

    Todas as peças metálicas da estrutura obedecem a um projeto de modulação e os

    perfis já são fornecidos pela fábrica nas dimensões pré-definidas pelo projeto. A modulação

    facilita a montagem e reduz o emprego de mão-de-obra. Segundo informação da ABCEM: “Em

    uma obra convencional, 40% do investimento vai para o material e 60 % para a mão de obra”.O conceito presente neste sistema requer que todos os elementos construtivos como

    paredes, janelas, armários, portas etc. obedeçam a uma linha de produção industrial e sejam

    apenas instalados pelo operário.

    Cada unidade é apoiada em um radier de concreto convencional, onde são feitas

    marcações para a colocação dos perfis estruturais que por sua vez podem ser montados

    previamente isolados ou já compostos, com as chapas de gesso acartonado, formando os

    painéis. O aço das estruturas possui tensão de escoamento mínima de 228 MPa e apresenta

    revestimento com zinco, que garante proteção contra corrosão, presente no aço de

    especificação G60. No caso de áreas expostas à orla marítima, utiliza-se o aço G90, que

    possui maior revestimento de zinco. A espessura das chapas que compõem os perfis é de 0,95

    mm, adotada na maioria dos perfis, e de 1,25 mm, em perfis de reforço de portas e janelas e

    em situações especiais, como, por exemplo, em relação a cargas concentradas. A largura dos

    montantes e das guias estruturais varia entre 90, 140 e 200 mm, e o espaçamento entre os

    perfis, de 40 a 60 cm, dependendo do pé-direito, como ilustrado na Figura I. 22. A fixação dos

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    25/134

    12

    painéis ao radier é feita com o uso de pinos de 2 polegadas com fixação à pólvora. As paredes

    internas são constituídas de painéis de chapas de gesso acartonado, os quais recebem miolo

    de lã de vidro ou rocha. Dependendo da composição das chapas de gesso com a lã mineral, o

    isolamento de sons aéreos pode chegar a 60 dB.

    Figura I. 4 – Detalhamento do processo (TÉCHNE, 2002)

    As placas são aparafusadas nos perfis e as suas junções recebem um

    impermeabilizante. Outro fechamento empregado nas casas é a argamassa armada. Estaconsiste na cobertura dos perfis metálicos com uma tela de aço galvanizado fixada com

    parafusos, que recebe um impermeabilizante de celulose de alta densidade, onde se aplica a

    argamassa manualmente ou por jateamento, formando-se uma camada de 2 cm de espessura.

    Esse processo consome muito tempo e causa sujeira na obra indo em direção oposta ao

    conceito de rapidez e industrialização pretendido pelo sistema.

    Após o fechamento da fachada, vem a etapa seguinte, chamada home wrap que

    consiste na cobertura de toda a área externa das casas com uma manta impermeabilizante de

    polietileno de alta densidade para garantir a estanqueidade das paredes. A umidade é o grande

    problema gerado pela não impermeabilização da fachada, cuja conseqüência é o aparecimento

    de marcações nas paredes. Com a manta colocada, inicia-se a aplicação do acabamento

    externo, que também pode ser de siding   vinílico ou cimentício, ou ainda, tijolo à vista. Os

    sidings   são fixados com parafusos e possuem vários tamanhos, cores e texturas. De

    preferência, devem ser usados sidings  de cores claras, em função do conforto térmico e da

    durabilidade do PVC. O projeto estrutural das casas pode prever diferentes distribuições

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    26/134

    13

    espaciais internas, inclusive a montagem de edificações de até três pavimentos. Nesse caso,

    escadas metálicas podem ser incorporadas ao sistema mediante lajes estruturadas por vigas

    de perfis metálicos, onde são apoiadas placas cimentícias ou de madeira, que podem receber

    carpete, revestimento cerâmico, piso de madeira ou outro tipo de revestimento de piso. O

    revestimento das paredes internas pode variar de acordo com a determinação do arquiteto ou

    proprietário. Os acabamentos podem ser com tinta acrílica lisa ou texturizada, papel de parede,

    peças de granito ou mármore, e azulejo nas áreas molhadas. A impermeabilização do piso-

    parede das áreas molhadas pode ser resolvida com a aplicação de manta asfáltica de 3 a 5

    mm ou manta auto-adesiva que possui uma tela na face superior, onde é espalhada a cola para

    o assentamento do piso cerâmico. As chapas de gesso usadas nessa área são resistentes à

    umidade e podem receber tinta antimofo. Em ambos os projetos das construtoras, as portas

    importadas são completas, com batente, dobradiças e fechaduras. Os vãos das portas

    recebem guarnições reguláveis, para possibilitar ajustes frente a irregularidades de paredes. As

    guarnições das janelas podem ser feitas com os perfis metálicos dobrados também e asesquadrias são de PVC. A cobertura das casas é estruturada em tesouras metálicas que

    recebem placas de cimento com fibrocelulose, onde se apóiam as telhas, que podem ser das

    mais variadas, como telha de barro, metálica, ou ainda a telha asfáltica do tipo shingle (telha

    plana). 

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    27/134

    14

    CAPÍTULO II

    CASO ESTUDADO USITETO/POPMETAL

    Neste capítulo é apresentado o projeto da Usiminas denominado USITETO que foi

    utilizado como referência para a elaboração do projeto proposto neste trabalho, denominadoPOPMETAL.

    A concepção estrutural dos projetos é o diferencial em relação a outras tecnologias, já

    que a estrutura é fabricada em linha industrial e chega às obras prontas para montagem. A

    montagem da estrutura consome em torno de duas horas, conforme a sequência mostrada da

    figura II. 1. A planta baixa humanizada sem acréscimo do projeto USITETO é apresentada na

    figura II. 2.

    Figura II. 1 – Etapas da Montagem sem acréscimo – 42 m2 (Adaptado de USIMINAS, 2005)

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    28/134

    15

    Figura II. 2 – Planta Baixa humanizada sem acréscimo (Adaptado de USIMINAS, 2005)

    Na possibilidade de haver um acréscimo construtivo, este se dará sem grandes

    prejuízos ao aspecto estético, conforme sequência apresentada na Figura II.3. Um possível

    resultado dessa interferência é a Figura II.4:

    Figura II. 3 – Etapas da montagem do Acréscimo – 63m 2 (Adaptado de USIMINAS,2005)

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    29/134

    16

    Figura II. 4 – Planta Baixa humanizada com acréscimo– 63m2 (Adaptado de USIMINAS, 2005)

    Após esta montagem, o telhado pode ser montado em pouco mais de uma hora, ficando

    a construção completamente configurada e protegida após estas duas etapas. Em nenhuma

    outra tecnologia este tipo de favorecimento ocorre, pois o grande problema das obras

    horizontais é o fator climático, melhor dizendo, chuva.

    As condições climáticas são responsáveis por grande parte dos atrasos, em virtude de

    prejudicar o preparo e lançamento de argamassas de assentamento e concretagens, sem levar

    em conta os danos, como organização do canteiro abrigo para os trabalhadores e controletecnológico dos materiais envolvidos.

    O caso estudado é um projeto de arquitetura que atende às necessidades de uma

    família normal de baixa renda em função de pesquisa em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatística), quanto ao quantitativo de pessoas e perfil de consumo.

    O projeto também permite acompanhar o crescimento da família, pois a ideia e de tornar

    estas construções em futuras habitações maiores e evoluindo de acordo com a evolução da

    família que a ocupa. O empreendimento não deixa de lado as outras questões que também

    fazem parte de um projeto como: infra-estrutura de lazer, saúde, educação, transporte, entre

    outras necessidades básicas de um projeto grandioso de habitação. O projeto também leva emconta os impactos ambientais com a obra e a pós a entrega das chaves, com todo o complexo

    habitacional funcionando no seu dia a dia.

    Neste trabalho o foco principal se baseia na análise da estrutura metálica, pois ela

    apresenta o maior impacto financeiro no conjunto construtivo. Naturalmente uma redução de

    custos neste segmento proporciona diretamente desdobramentos financeiros favoráveis no

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    30/134

    17

    custo final do empreendimento. Sem ressaltar outras qualidades decorrentes deste tipo de

    tecnologia, tais como o tempo de montagem, a organização, a limpeza, o controle, o uso de

    materiais 100% recicláveis. A seguir apresenta-se o projeto POPMETAL proposto neste

    trabalho, que é baseado no projeto USITETO da Usiminas.

    II. 1 – PROJETO POPMETAL

    O projeto de arquitetura foi concebido para uma residência unifamiliar afastada das

    divisas, composta de dois amplos quartos, um para o casal e outro para os filhos, sala, copa-

    cozinha e banheiro com área de serviço externa, aproveitando ao máximo a parte interna e

    enquadrando numa área similar ao projeto do USITETO, para em termos comparativos ser

    possível a visibilidade da proposta.

    O fechamento externo considerado em termos orçamentários, considerou o uso de

    lajotas cerâmicas de 10x20x30, 10x20x20 e 10x20x10 para amarrações dos painéis. Estepoderia ser de qualquer outro material, pois não causaria incompatibilidade com estas outras

    tecnologias, como bloco de concreto, gesso acartonado, painéis cimentícias, painéis de isopor,

    painéis plásticos entre outros.

    O projeto proposto, denominado POPMETAL, procurou não introduzir alterações

    significativas no projeto original USITETO com o objetivo de permitir uma comparação direta

    entre as duas propostas. Na figura II. 5, temos a arquitetura com sugestões de decoração do

    projeto proposto:

    Quarto

    Quarto

     Cozinha

     WC

    C   i    r  c u  l       a   ç ã    o 

    Sala

     9.86 m²

     9.05 m

     9.86 m²

    5.80 m²

    2.60 m²

    P1

    P1

    P1

    P2

    1   .8  4   m²  

    P2

    − 0,01cm

    0,02cm

    0,00cm

    0,02cm 0,02cm

     

    Figura II. 5 - Planta de Arquitetura Humanizada

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    31/134

    18

    Neste projeto, também poderão ser desenvolvidas no canteiro de obras a viabilização

    de outras tecnologias construtivas, tais como contra-piso zero, porta pronta, janela pronta, kit

    hidráulica, kit elétrica, kit gás, prémoldar medidores, prémoldar urbanização do conglomerado,

    aproveitamento da água da chuva, tratamento de esgotos, energia solar para aquecimento de

    água, paginação de alvenarias para redução de perdas, separação dos rejeitos das

    embalagens para posterior reciclagem, treinamento da mão de obra local, visando melhoria do

    nível de emprego e especialização do trabalhador, primeiro emprego para jovens carentes da

    região, e muitas outros benefícios que a construção industrializada pode e deve proporcionar.

    Esta proposta tem uma abrangência sem precedentes, bastando apenas observar a

    própria planta de arquitetura legal mostrada na Figura II.6, onde se observa que os

    compartimentos não são cubículos como eram projetados no passado, eles possuem as

    dimensões semelhantes a de projetos de apartamentos sofisticados de classe média, pois

    independente da classe social há de se respeitar a legislação vigente.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    32/134

    19

    Figura II. 6 - Planta de Arquitetura Legal - áreas compatíveis.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    33/134

    20

    Este detalhe induz a um direcionamento de uma visão mais humanista e cidadã, da

    população de baixa renda, na concepção dos novos projetos, deixando de lado a

    estigmatização de projeto para se transformar em depósitos de pessoas em dimensões não

    satisfatórias e não humanas. No passado a leitura de projeto popular   era exatamente esta,

    sobrepondo inclusive aos Códigos de Obras e as leis de parcelamento do solo e de

    compartimentação dos ambientes, denotando um caráter de exclusão total dos direitos do

    cidadão, pois se aprovavam construções totalmente incompatíveis com a legislação com

    pretexto e bandeira da economia e passando a impressão de barateamento do custo final da

    obra.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    34/134

    21

    CAPÍTULO III

    ANÁLISE ESTRUTURAL SEGUNDO A NORMA NBR 8800

    Neste capítulo são apresentados de forma sucinta, os padrões e critérios ditados pela

    norma NBR 8800 (ABNT, 2008), destacando suas principais características, tipos decarregamentos e basicamente o dimensionamento do projeto USITETO.  Esta norma

    estabelece os requisitos básicos no projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço

    e concreto de edificações.

    III. 1 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

    A norma NBR 8800 (ABNT, 2008) considera o dimensionamento dos componentes de

    uma estrutura através do método dos estados limites. O método exige que nenhum estado

    limite aplicável seja excedido nos componentes de uma estrutura quando a mesma for

    submetida a todas as combinações de ações possíveis.

    A norma estabelece que a estrutura não mais atende aos objetivos para os quais foi

    projetada, quando um ou mais estados limites foram excedidos. Os estados limites últimos

    estão relacionados com a segurança da estrutura sujeita às combinações mais desfavoráveis

    de ações previstas em toda a vida útil, enquanto que os estados limites de utilização estão

    relacionados com o desempenho da estrutura sob condições normais de serviço.

    A resistência de cálculo de cada componente ou conjunto da estrutura deve ser igual ou

    superior à solicitação de cálculo. A resistência de cálculo, Nd, é calculada para cada estado

    limite aplicável. 

    III. 2 – TIPOS DE CARREGAMENTOS

    Os carregamentos a serem adotados no projeto das estruturas de aço e seus

    componentes são considerados na análise através de ações estipuladas pela NBR 8800

    (ABNT, 2008). Essas ações devem ser tomadas como nominais, devendo ser considerados os

    seguintes tipos de ações nominais:

    G: ações permanentes, incluindo peso próprio da estrutura e peso de todos os

    elementos componentes da construção, tais como pisos, paredes permanentes, revestimentos

    e acabamentos, instalações e equipamentos fixos, etc;

    Q: ações variáveis, incluindo as sobrecargas decorrentes do uso e ocupação da

    edificação, equipamentos, divisórias, móveis, sobrecargas em coberturas, pressão hidrostática,

    empuxo de terra, vento, variação de temperatura, etc;

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    35/134

    22

    No presente projeto, as cargas permanentes atuantes são representadas pelo peso

    próprio da estrutura de aço, das paredes, das telhas e as cargas variáveis são representadas

    pelo vento e efeitos da sobrecarga.

    As telhas usadas no projeto são telhas cerâmicas do tipo portuguesa, cujo consumo é

    de 16 peças por m² e a sua massa é de 2,4 kg cada. O espaçamento desse tipo de telha é de

    33 cm, logo a massa pela unidade de área do telhamento é de 38,4 Kg/m² que equivale a um

    peso por unidade de área de 0,376 kN/m².

    Segundo BELLEI (2004), em geral, em edifícios de porte pequeno e médio, fora de

    zonas de acúmulo de poeira, adota-se, para sobrecarga na cobertura, 15 kgf/m² (0,147 kN/m²),

    para levar em conta fatores como chuvas etc.

    Em relação à carga de vento, o item B-4 do anexo B da NBR 8800 (ABNT, 2008)

    estabelece que:

    “Estruturas de edifícios cuja altura não ultrapassa cinco vezes a menor

    dimensão horizontal (estrutural) nem 50 metros, podem na maioria dos

    casos, ser consideradas rígidas, podendo-se supor que o vento é uma

    ação estática. Nos demais casos e nos casos de dúvida, a estrutura será

    considerada flexível, devendo ser considerados os efeitos dinâmicos do

    vento”. 

    No caso estudado, a altura da casa é de 4,04 m, que é muito inferior a cinco vezes a

    menor dimensão horizontal (5 x 7,00 = 35,00m) ou 50 m. Logo, não são consideradas as

    cargas dinâmicas devidas ao vento no dimensionamento. No entanto, as ações estáticas dovento, são consideradas normalmente. As considerações para determinação das forças

    devidas ao vento foram calculadas de acordo com a norma NBR 6123/1988 intitulada “Forças

    devidas ao vento em edificações ” (ABNT, 1988). Define-se o termo barlavento com sendo a

    região de onde sopra o vento (em relação à Edificação), e sotavento, a região oposta àquela de

    onde sopra o vento, conforme figura III. 1. Quando o vento sopra sobre uma superfície existe

    uma sobrepressão (sinal positivo), porém em alguns casos pode acontecer o contrário, ou seja,

    existir sucção (sinal negativo) sobre a superfície. O vento de um modo geral atua

    perpendicularmente à superfície que obstrui sua passagem.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    36/134

    23

    Figura III. 1 - Vento nas Edificações (Fonte: o autor)

    Os cálculos são determinados a partir de velocidades básicas determinadas

    experimentalmente em torres de medição de ventos, e de acordo com a NBR6123 (ABNT,

    1988) a 10 metros de altura, em campo aberto e plano. Segundo a norma, a velocidade básicado vento, V k , é dada por uma rajada de três segundos de duração, que ultrapassa em média

    esse valor uma vez em 50 anos, e se define pela eq. (3.1):

    V k  = V 0 S 1 S 2 S 3  (3.1)

    onde V 0, pode ser obtido da norma, pela análise das isopletas, como mostra a figura III.2 de

    velocidade básica, e S 1, S 2, S 3 são , respectivamente, fator topográfico, rugosidade do terreno

    e fator estatístico da edificação obtidos em tabelas da norma.

    As velocidades foram processadas estatisticamente, com base nos valores de

    velocidades máximas anuais medidas em cerca de 49 cidades brasileiras. A NBR 6123 (ABNT,

    1988) despreza velocidades inferiores a 30 m/s e considera que o vento pode atuar em

    qualquer direção e no sentido horizontal. A figura III.2 apresenta as isopletas da velocidade

    básica definidas na NBR 6123 (ABNT, 1988).

    A análise desenvolvida considera que a construção será erguida no município do Rio de

    Janeiro. Como o estado do Rio de Janeiro, está entre as isopletas de 30 m/s e 35 m/s, como

    mostra a figura III. 2 nas análises desenvolvidas neste trabalho considera-se V 0  de

    aproximadamente 33m/s e os seguintes valores S 1 =  1,0, S 2 =  0,859 e S 3 = 1,0. Assim, o valorde V k  adotado é igual a 28,347 m/s .

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    37/134

    24

    Figura III. 2 - Isopletas da Velocidade Básica V0 segundo a NBR 6123 (ABNT, 1988)

    A força devido ao vento depende da diferença de pressão nas faces opostas da parte da

    edificação em estudo (coeficientes aerodinâmicos). A NBR 6123 (ABNT, 1988) permite calcular

    as forças a partir de coeficientes de pressão ou coeficientes de forma. Os coeficientes de formatêm valores definidos para diferentes tipos de construção, que foram obtidos através de

    estudos experimentais em túneis de vento.

    Assim, a força total devida ao vento pode ser expressa como:

    F  = (C  pe - C  pi) q  A  (3.2)

    onde q  = 0,613 x (V k )² = 0,493 kN/m² e A  é a área do painel de parede na qual o vento incide.

    Para a casa considerada neste estudo as áreas são as seguintes: no vento de frente 19,60 m²e 16,80m² no vento incidente na lateral. C pe   e C pi   são os coeficientes de pressão interno e

    externo, respectivamente e dependem da geometria e das dimensões do elemento estrutural.

    Os valores de C pe   e C pi utilizados estão listados na próxima seção que trata do

    dimensionamento dos elementos estruturais da casa.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    38/134

    25

    No caso dos coeficientes de majoração e de combinação dos esforços atuantes, a

    norma brasileira NBR 8800 (ABNT, 2008) adota uma formulação compatível com as normas

    nacionais e internacionais de segurança das estruturas.

    A Norma Brasileira NBR 8681 (ABNT, 2008), intitulada Ações e Segurança nas

    Estruturas, fixa os critérios de segurança das estruturas e de quantificação das ações e das

    resistências a serem adotados nos projetos de estruturas constituídas de quaisquer dos

    materiais usuais na construção civil. Obtém-se então para combinações normais e aquelas

    referentes a situações provisórias de construção. Após o desenvolvimento de uma análise

    baseada na norma, onde foram consideradas diversas combinações de carregamentos e

    avaliações dos dados das tabelas a respeito do coeficiente de segurança de solicitações no

    Estado Limite de Projeto, foram adotadas as seguintes cargas e os seguintes esforços críticos

    para os cálculos realizados:

    CARGAS

    P telhas  = 0,658 kN/m

    P ripas   = 0,222 kN/m

    P caibros  = 0,135 kN/m

    SC = 0,257 kN/m

    CP = Ptelhas + Pripas + Pcaibros = 1,015 kN/m

    MOMENTOS CRÍTICOS (Md)

    Caibros..........................6,20 kN.m

    Pilares...........................4,48 kN.m

    ESFORÇOS NORMAIS CRÍTICOS (Nd)

    Caibros...........................-3,43 kN (compressão) e 6,51 kN (tração)

    Pilares...........................-13,18 kN (compressão) e zero (tração)

    RESUMO DAS VIGAS DE APOIO

    Nd = 0 e Md = 5,52 kN.m

    onde P telhas , P ripas  e P caibros  representam, respectivamente, os pesos das telhas, ripas e caibros

    por unidade de comprimento. SC  representa a sobrecarga por unidade de comprimento.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    39/134

    26

    III. 3 DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL COM DETALHAMENTO

    III. 3.1 DIMENSIONAMENTO DAS TERÇAS

    Sob o ponto de vista estrutural são elementos lineares alongados, denominados hastes

    ou barras. Hastes formam elementos alongados cujas dimensões transversais são pequenas

    em relação ao comprimento.

    As terças são vigas longitudinais dispostas nos planos da cobertura destinadas a

    transferir à viga de cobertura as cargas atuantes naqueles planos, tais como peso do

    telhamento e sobrepressões e sucções devidas à ação do vento.

    As cargas de vento produzem flexão simples nas terças, enquanto as cargas de

    gravidade produzem flexão oblíqua. As terças têm como função principal de servir de apoio às

    telhas da cobertura. Bem como servir de elemento estabilizador da estrutura.

    Seu espaçamento depende das cargas que atuam na cobertura e do vão limite do tipo

    de telha adotado. As cargas atuantes nestes elementos são o peso das telhas, o peso própriodas terças e ainda os elementos de fixação. São submetidas às cargas acidentais e as cargas

    de vento.

    Os esforços resultantes são transferidos para vigas componentes de pórticos que

    devido a seus vãos podem apresentar problemas de estabilidade lateral principalmente na

    direção de menor inércia do elemento.

    Podem ser usados perfis laminados ou conformados a frio de seção simples.

    Pré-dimensionamento:

    O perfil escolhido segundo a norma deve ter sua altura compreendida na faixa de 55

    mm < d < 77 mm, foi escolhido o perfil C 90 x 25 x 2.0, pois por tentativa verificou-se que os

    perfis de altura menor, não passavam no dimensionamento.

    As terças estão distribuídas a uma distancia de 33 cm uma da outra, pois a galga da

    telha utilizada é de 33 cm. Foi utilizado um total de 24 terças.

    Por economia, foi adotado o perfil C de chapa dobrada, pois é o mais leve encontrado

    próximo a faixa de altura estipulada pelo pré-dimensionamento.

    É indicado o dimensionamento usual pelo método das tensões admissíveis:

    •  1º Verificação: Resistência a Flexão

    O modulo elástico de resistência segundo eixo y 0,6. Fy é a tensão admissível à flexão igual a60% da tensão de escoamento do aço.

    •  2º Verificação: Flecha máxima deve ser inferior ao limite de esbeltez, considera-se

    ainda que as fixações das telhas sobre as terças evitarão problemas de flambagem

    lateral e torção.

    As terças estão posicionadas na cobertura de tal forma que a parte aberta da seção

    fique voltada para o lado da cumeeira. Esta posição gera maior estabilidade porque as cargas

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    40/134

    27

    verticais, nesse caso, se aproximam do centro de cisalhamento do perfil. As tensões máximas

    ocorrem na seção central. As cargas atuantes nas terças serão:

    •  Peso das telhas (P)

    Peso das telhas: 38,4 kg/m² = 0,376 kN/m²

    Onde: 0,33 = distância entre as terças

    •  Peso estimado para terças (Pterças = 0,127 kN/m² P= 0,127 x 0,33 = 0,042 kN/m

    Carga Permanente Total (CP)

    CP = Ptelhas + Pterças = 0,124 + 0,042 = 0,166 kN/m terças

    •  Sobrecarga (SC)

    SC = 15 kgf/m² = 0,147 kN/m²

    SC = 0,147 x 0,33 = 0,048 kN/m

    •  Vento (V):

    Coeficiente de Pressão máximo no telhado (Cpe): -1,26 (TABELA) Pressão dinâmica do vento =

    0,489 kN/mV = -1,26 x 0,489 = - 0,616 kN/m²

    V = 0,616 x 0,33 = 0,203 kN/m2

    •  1º Combinação: Peso Próprio e Sobrecarga

    C= 1,3.CP + 1,5.SC

    III. 3.1.1 ESFORÇOS NAS TERÇAS

    Cálculo do Momento fletor máximo da viga:

    1. Calculo do momento fletor na terça Mx:

    l = menor vão a que a terça está sujeita em metros 3,50 m.

    Mx1= qx . l² / 8 = 0,423 kN.m

    2. Cálculo do Momento fletor da terça L= 1,75 m.

    My1= qy.l² / 8 = 0,038 kN.m

    •  2º Combinação: Peso Próprio e Vento= 0,9.CP C2= 0,9 . 0,166 = 0,149 kN/m

    Cálculo do Momento fletor Máximo da terça Mx: l = maior vão a que a terça está sujeita em

    metros = 3,50 m.

    Cálculo do Momento fletor Máximo da terça My:•  1º Verificação (Para a hipótese mais critica):

    A hipótese mais crítica foi a que considerou o peso próprio e a sobrecarga.

    Mx= 51,1 kN.cm

    •  2º Verificação (Para a hipótese mais critica):

    l = 350 cm

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    41/134

    28

    E = 20500 kN/cm²

    qsc= sobrecarga na terça = 1,3.SC. cosß

    O total de Terças utilizado foi de 24 terças C de chapa dobrada 90x25x2,5x2,00kg/m

    com comprimento total de 7,94m

    III. 3.2 DIMENSIONAMENTO DA CUMEEIRA

    A cumeeira está também sujeita a solicitações de flexão simples ou dupla, mas recebe

    aproximadamente o dobro da carga, logo não precisa ser dimensionado, pois foi considerado o

    pórtico central como referencial pra todos outros pórticos, em virtude disto será utilizado o

    dobro do perfil calculado anteriormente.

    III. 3.3 DIMENSIONAMENTO DAS TESOURAS

    As tesouras têm como função principal servir de apoio às terças. Uma vez que também

    se encontra submetido a esforços de flexão. Para as tesouras foram usados os mesmos

    critérios de pré-dimensionamento e de dimensionamento das terças.

    Foram utilizadas 5 tesouras, (figura ) espaçadas 1,75 m uma da outra.

    A altura das tesouras deve estar compreendida dentro da seguinte faixa: L / 70 < d < L / 50

    onde L = 4,04 m , assim foi escolhido o perfil C 100 x 60 x 25 x 2,0 pois é o perfil mais

    leve, com altura próxima a faixa estipulada pelo pré-dimensionamento.

    Cargas Atuantes nas tesouras e nas colunas:

    Peso Próprio

    Tesouras e colunas - Carga de Peso PróprioOnde:

    0,3 = peso no topo da coluna menor valor assumido 0,6 = peso no topo da coluna maior

    valor assumido 1,68 = carga distribuída nas tesouras, tendo como valor assumido 1,68 kN/m

    poderia estar de acordo com o perfil pré-dimensionado para as tesouras, mas por segurança,

    foi adotado um valor maior.

    São considerados carga permanente apenas o peso próprio de telhas, terças, tesouras

    e o peso próprio das colunas, no topo destas. As cargas variáveis a serem consideradas são o

    vento e a sobrecarga que corresponde ao coeficiente utilizado para cargas permanentes depequena variabilidade. São consideradas cargas permanentes de pequena variabilidade os

    pesos próprios de elementos metálicos e pré-fabricados, com controle rigoroso de peso.

    O coeficiente de ponderação utilizado para a sobrecarga é 1,5, pois a sobrecarga inclui-

    se dentro de: Ações do uso. São consideradas ações decorrentes do uso de edificação

    sobrecargas em pisos e cobertura.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    42/134

    29

    O coeficiente de ponderação utilizado para o vento é 1,4, pois este se inclui dentro da

    categoria: demais ações variáveis. Os fatores de combinação utilizados foram Ψ  = 1 para

    sobrecarga e igual a 0,6 para vento. As combinações são Normais, pois não se trata de cargas

    durante a construção apenas, ou de cargas excepcionais, então as combinações feitas foram:

    1. 1,3PP + 1,5SC

    2. 1,3PP + 1,4V

    3. 1,0PP + 1,4V1 

    4. 1,3PP + 1,4V2 

    5. 1,0PP + 1,4V3 

    6. 1,3PP + 1,5SC +0,84V4 

    7. 1,3PP + 1,5SC +0,84V1 

    8. 1,3PP + 1,5SC +0,84V2 

    9. 1,3PP + 1,5SC +0,84V3 

    10. 1,3PP + 1,4V1 +1,5SC

    11. 1,3PP + 1,4V2 + 1,5SC

    12. 1,3PP + 1,4V3 + 1,5SC

    13. 1,3PP + 1,4V4 + 1,5SC

    Onde: PP = peso próprio

    SC = sobrecarga

    V1 vento 90°/ cpi 0,20

    V2 vento 90°/ cpi -0,30

    V3 vento 0°/ cpi 0,20

    V4 vento 0°/ cpi -0,30

    As cargas de vento produzem flexão simples nas terças, enquanto as cargas de

    gravidade (peso próprio e sobrecarga) produzem flexão e compressão.

    Esforços na tesoura

    Cargas Atuantes: P = 0,376 kN/m

    Telhas 0,376 . 1,75 = 0,658 kN/m

    Pterças= 0,127 kN/m²

    0,127. 1,75 = 0,222 kN/m

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    43/134

    30

    P= 0,09 kN/m + 0,09/2 = 0,135 (valor assumido) SC = SC = 0,147 kN/m

    Tesouras 0,147 . 1,75 = 0,257 kN/m

    CP (Carga Permanente) = Ptelhas + Pterças + Ptesouras, logo:

    CP = 0,658 + 0,222 + 0,135 = 1,015 kN/m

    a) Dimensionamento das tesouras à compressão

    Ao contrário do esforço de tração que tende a retificar as peças reduzindo o efeito de

    curvaturas iniciais existentes, o esforço de compressão tende a acentuar este efeito. Os

    deslocamentos laterais produzidos compõem o processo conhecido por flambagem por flexão,

    que em geral reduz a capacidade de carga da peça em relação ao caso da peça tracionada.

    Solicitações de Cálculo:

    Nd = -3,43 kN

    Aço A570 Fy = 22,555 kNLogo, a alma é uma placa enrijecida sem possibilidades de flambagem local Qa = 1.

    O flange é uma placa não-enrijecida sem possibilidades de flambagem local Qs = 1.

    1=⋅= sa   QQQ   (3.3)

    Q = 1, para seções cujos elementos têm relações b/t iguais ou inferiores aos limites da

    norma.

    Esbeltez no sentido X e Y

    Considerando a tesoura bi-rotulado, tem-se que o comprimento de flambagem é o

    mesmo que o comprimento real da peça.

    Kx = 1,0

    Ky = 1,0

    I = 415 cm (maior vão da tesoura).

    O índice de esbeltez Kl/r, para barras comprimidas, não pode ser superior a 200.

    Esbeltez no sentido x:

    Esbeltez no sentido y:

    Parâmetros de esbeltez para barras comprimidas:

    Curva = c (NBR 8800, tabelas nos 3 e 4, páginas 21 e 24).

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    44/134

    31

    Resistência Nominal à Compressão

    A resistência de cálculo de barras axialmente comprimidas sujeitas a compressão é

    dada por

    b) Dimensionamento da tesoura à Flexão:

    1. Verificação da Flambagem local da alma

    Classe 1 – Seção super-compacta.

    Cálculo da resistência a flexão Mn:

    2. Verificação da Flambagem local da mesa:

    Classe 2 – Seção compacta.

    Total de Tesouras: 5 tesouras 100 x 60 x 25 x 5,0 com comprimento de 7,94 m (47cm de beiral)

    III. 4 COLUNAS

    São elementos estruturais cuja finalidade é levar às fundações as cargas originais das

    outras partes. Basicamente, cada coluna é composta de três partes principais: fuste, que é o

    elemento portante básico da coluna; ponto de ligação, que serve de apoio para as outras partes

    da estrutura e a base, que tem por finalidade distribuir as cargas nas fundações, além de fixá-

    la. Com relação à fixação das bases, as colunas podem ser em rotuladas e engastadas.

    Fez-se opção por bases engastadas, por propiciarem estruturas mais leves.

    As colunas podem estar sujeitas a esforços de compressão com flexão; tração com

    flexão (caso de pendurais e o caso de algumas colunas, quando solicitadas a peso próprio

    mais vento). Nas colunas sujeitas a cargas de compressão, podemos dividi-las em compressão

    centrada, em que as cargas estão aplicadas diretamente no centróide da seção da coluna oude forma simétrica em relação ao eixo do fuste e compressão excêntrica, em que as cargas

    estão aplicadas descentradas em relação ao centróide da seção.

    Colunas Submetidas à compressão

    O tipo de fuste da coluna de alma cheia e altura constante é formado por um ou vários

    perfis laminados ou de chapa dobrada, ligados por solda ou parafusos.

    III. 4.1 PRÉ-DIMENSIONAMENTO

    A altura dos perfis das colunas deve estar compreendida dentro da seguinte faixa:

    L/30 < d < L/20, onde L = 4,04Dimensionamento das Colunas à Compressão:

    Solicitações de Cálculo:

    Md = - 3,5 kN.m

    Nd = - 13,18 kN

    Aço A570 Fy = 22.555 kN/cm²

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    45/134

    32

    Cálculo da Resistência a Compressão Nn:

    1. Esbeltez a compressão dos elementos da Coluna escolhida Alma:

    A alma é compacta se:

    Logo, a alma é uma placa enrijecida sem possibilidades de flambagem local Qa = 1.

    O flange é uma placa não enrijecida sem possibilidades de flambagem local Qs = 1.Q = Qa . Qs = 1

    2. Esbeltez no sentido X e Y:

    Kx = 1,0

    Ky = 1,0

    I = 404 cm

    Aplicando o teorema de translação dos eixos obtemos os valores dos momentos

    principais de inércia do perfil composto, assim a flambagem se dará em torno do eixo y, pois foi

    verificado que nessa direção há o menor momento de inércia e conseqüentemente o menor

    raio de giração:

    Parâmetros de esbeltez para barras comprimidas:

    Curva = b NBR 8800/2008, tabelas nos 3 e 4, páginas 21 e 23.

    Resistência Nominal a Compressão:

    Dimensionamento das Colunas à Flexão

    1. Verificação da Flambagem Local da Alma:

    Classe 1 – Seção super-compacta.

    Resistência nominal à flexão:

    2. Verificação da Flambagem local da mesa:

    Classe 1 – Seção super-compacta.

    Resistência nominal à flexão:

    4.4.1- Bases de Coluna e Chumbadores

    Os objetivos da colocação de bases em colunas são:

    1. Distribuir a pressão concentrada do fuste da coluna sobre uma determinada área da

    fundação;

    2. Garantir a fixação da extremidade inferior do fuste da coluna na fundação, de acordo com o

    esquema estrutural adotado.

    A base escolhida foi a engastada. As bases engastadas propiciam estruturas mais

    econômicas, mas têm as fundações mais caras que as rotuladas. Sua finalidade é engastar os

    pilares às fundações por meio de uma série de artifícios, tornando-as o mais real possível com

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    46/134

    33

    relação ao esquema estrutural adotado. São dimensionadas para resistir a cargas verticais,

    horizontais e aos momentos de engastamento. Para pequenas excentricidades de carga, as

    tensões de compressão se estendem por toda a superfície de contato, bastando adotar

    ancoragens construtivas. A resultante de tração é absorvida pelos chumbadores.

    As placas de base devem ser soldadas em oficina, antes de ser levadas para a obra,

    para garantir que seja feita uma solda de boa qualidade. Serão dimensionadas apenas as

    bases das colunas de 4,04 m de comprimento, por serem as maiores.

    Foi admitido inicialmente chapa de 40 x 40 cm.

    Cálculo da placa de base:

    Assumindo:

    Fck = 2,0 kN/cm²

    Anec = 0,57 cm²

    Aplaca = 40 x 40 cm = 1600 cmAplaca > Anec 

    Anec = área necessária da placa,

    Cvertical = carga vertical na base da coluna = 0,4 kN 10 kg/m * 4,09 m 40,9 kg 0,4 kN

    Cvertical

    Cálculo dos Chumbadores:

    Aço – A36

    d = ½” = 12,7 mm

    Fy = 250 Mpa = 25 kN/cm

    Fu = 400 Mpa = 40 kN/cm

    Resistência de cálculo na seção bruta:

    0,9 * 1,27 * 25 = 28,575 kN

    Resistência de cálculo da seção rosqueada:

    Md = 3,54 kN.cm do concreto

    L = 30 cm

    Rd = 0,177 kN

    Para cada chumbador:O comprimento dos chumbadores é função de sua aderência ao concreto.

    Verificação do esmagamento da chapa de base pela coluna: A chapa utilizada é de espessura

    3/8” em aço A570.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    47/134

    34

    III. 4.2 DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS

    Para receber as cargas de cobertura (telhas, chuvas, poeiras e sobrecargas em geral) e

    transmiti-las às colunas, são empregadas vigas que ao mesmo tempo servem para dar

    estabilidade às estruturas, que podem ser em alma cheia ou vazada ou em tesouras e treliças.

    Nesse projeto foram utilizadas vigas em alma cheia.

    a. Cargas atuantes nas Vigas

    São as seguintes cargas atuantes nos pórticos:

    • Peso das telhas

    • Sobrecarga

    • Peso de terças e tesouras

    • Peso próprio estimado da viga

    • Peso no topo da coluna

    Esquema de Calculo para as vigas:Foi feito o esquema de cálculo apenas para o pórtico central, pois se deseja utilizar um

    único tipo de perfil para as vigas de ambos os pórticos, e por isso será utilizado o valor mais

    critico, que no caso é o da viga do pórtico central.

    Esforços Críticos

    Esforços Normais Críticos:

    Nas Vigas: Nd = 0

    Momentos Críticos:

    Nas Vigas: Md = 5,52 kN.m

    A resistência à flexão das vigas pode ser afetada pela flambagem local e pela

    flambagem lateral. A flambagem local é a perda de estabilidade das chapas comprimidas

    componentes do perfil, a qual reduz o momento resistente da seção.

    Solicitações de Cálculo:

    Md = 552 kN.m

    Nd = 0 kNAço A 570

    Fy = 22.555

    Cálculo da esbeltez Segundo X e Y:

    Será considerado Kx = Ky = 1

    Esbeltez no sentido X:

    Esbeltez no eixo Y:

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    48/134

    35

    1. Verificação da Flambagem local da alma:

    Classe 1 – Seção super-compacta

    2. Verificação de Flambagem local da mesa:

    Classe 3 – Não-compacta

    Na flambagem lateral, a viga perde seu equilíbrio no plano principal de flexão e passa a

    apresentar deslocamentos laterais e rotações de torção.

    As vigas sem contenção lateral contínua podem ser divididas em três categorias, dependendo

    da distância entre os pontos de apoio lateral: vigas curtas, vigas longas e vigas intermediárias.

    Condições para se ter viga intermediária:

    Vigas intermediárias apresentam ruptura por flambagem lateral inelástica, a qual é muito

    influenciada por imperfeições geométricas da peça e pelas tensões residuais embutidas

    durante o processo de fabricação da viga.

    III. 5 LIGAÇÕES

    As ligações das partes da estrutura (ligações internas), ou dela com partes externas,

    como, por exemplo, as fundações, são utilizadas de forma a transmitir as cargas atuantes às

    peças e restringir as deformações na estrutura a limites admissíveis. São classificadas em

    ligações permanentes ou desmontáveis. As ligações permanentes são executadas com rebites

    e solda, as removíveis, com parafusos e pinos. As mais utilizadas são as ligações soldadas e

    aparafusadas, pois os rebites estão em desuso e os pinos são restritos a casos especiais.

    Cuidado especial deve ser tomado com construções em que as ligações dos elementos

    estruturais na montagem são feitas através de solda, pois isto gera problemas insolúveis,

    como: falta de prumos, falta de alinhamento e falta de garantia na qualidade da própria solda.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    49/134

    36

    III. 5.1 MEIOS DE LIGAÇÃO

    III. 5.1.1 PARAFUSOS E ARRUELAS

    III. 5.1.1.1 PARAFUSOS

    De acordo com a NBR 8800, os elementos de ligação e os meios de ligação deverão

    ser dimensionados de forma que as suas resistências de cálculo, correspondentes aos estados

    limites em consideração, sejam maiores que as solicitações de cálculo.

    As resistências de cálculo, de modo geral, são calculadas como uma porcentagem

    especificada da resistência dos elementos ou meios de ligação a um determinado efeito (o

    estado limite).

    As solicitações de cálculo, em consideração a esse mesmo estado limite, são

    calculadas através da análise da ligação sujeita às ações multiplicadas pelos coeficientes de

    ponderação.

    Vale dizer que a solicitação de cálculo à tração no parafuso (considerando oscoeficientes de ponderação) não deverá nunca exceder a esse valor.

    Nas ligações a serem montadas no campo, utilizam-se preferencialmente os parafusos

    à solda. A NBR 8800 (ABNT,2008), item 7.1.10 indica as ligações onde devem ser usados

    solda ou parafuso de alta resistência e aquelas em que podem ser feitas com parafusos

    comuns ASTM A-307 ou isso 4.6. As ligações feitas nesse projeto encaixam-se nos casos que

    utilizam parafusos comuns.

    Os parafusos comuns ASTM A307 são parafusos feitos de aço, sendo o tipo de mais

    baixo custo. Entretanto, podem produzir conexões que não sejam as mais econômicas, devido

    a sua baixa resistência. São empregados em estruturas leves, membros secundários,

    plataformas, passadiços, terças, vigas de tapamento, pequenas treliças etc., em que as cargas

    são de pequena intensidade e de natureza estática. Como se trata de um galpão pequeno será

    utilizado apenas parafusos comuns.

    Nos parafusos comuns, os esforços de tração são transmitidos diretamente através de

    tração no corpo do parafuso e os esforços de cisalhamento são transmitidos por cisalhamento

    do corpo do parafuso e o contato de sua superfície lateral com a face do furo, devido ao

    deslizamento entre as chapas ligadas e além da resistência dos parafusos, deverão ser

    verificados também o esmagamento do furo, o rasgamento entre os furos e entre o furo e aborda da chapa como apresentado na figura 68; tratando-se de estados limites últimos, todas

    as verificações deverão ser feitas para as solicitações de cálculo, que são aquelas afetadas do

    coeficiente de ponderação das ações.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    50/134

    37

    III. 5.1.1.2 ARRUELAS

    A NBR 8800 (ABNT, 2008) especifica o uso de arruelas quando:

    1- Partes parafusadas

    Devem ser usadas arruelas biseladas endurecidas para compensar a falta de

    paralelismo, quando uma das faces externas das partes parafusadas tiver mais de 1:20 de

    inclinação em relação ao plano normal do eixo do parafuso. As partes parafusadas da estrutura

    não podem ser separadas por nenhum material que não seja aço estrutural, devendo ficar

    totalmente em contato quando montadas. Os furos podem ser puncionados, subpuncionados e

    alargados, ou broqueados.

    2- Arruelas

    Deverão ser usadas arruelas endurecidas nas seguintes situações: Sob o elemento que

    gira (porca ou cabeça de parafuso) durante o aperto, no caso de parafusos A490 apertados

    pelo método da rotação da porca e no caso de parafusos A325 ou A490 apertados com chave

    calibrada (isto é, por controle de torque);Sob o elemento que não gira durante o aperto, no caso de parafusos A490, quando

    esse elemento assenta sobre um aço estrutural com limite de escoamento inferior a 280 Mpa.

    Serão utilizadas arruelas, pois elas conferem maior superfície de contato da porca com o

    parafuso, dando maior segurança a ligação.

    III. 5.2 PRINCIPAIS LIGAÇÕES

    III. 5.2.1 LIGAÇÃO VIGA-TESOURA

    Na cumeeira, as tesouras são ligadas uma a outra, mas não ligadas à viga central,

    estas são ligadas às vigas laterais.

    A chapa é dimensionada no sentido da força, logo a chapa no sentido da tesoura é

    analisada por ser a mais crítica, pois Nd na viga = 0; já a tesoura Nd = -3,43 kN (compressão)

    e 6,51 (tração).

    Será analisada a parte da chapa de ligação no sentido da Força. Serão utilizados

    parafusos comuns ASTM A307. Adota-se inicialmente um diâmetro nominal de 12,5 mm ( ½”).

    Para o dimensionamento de ligações parafusadas precisamos determinar a menor

    resistência entre:a peça (na região com, e sem, furos).

    A pressão de contato nos furos (esmagamento e rasgamento) Tração na chapa deligação.

    Os conectores são instalados em furos nas chapas. A execução desses furos é onerosa,

    tornando-se necessária a padronização de dimensões e espaçamentos, a fim de permitir a

    furações múltiplas nas fabricas.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    51/134

    38

    Os furos padronizados para parafusos comuns deverão ter uma folga de 1,5 mm em

    relação ao diâmetro nominal do parafuso; essa tolerância é necessária para permitir a

    montagem das peças.

    O esforço resistente de calculo a tração será o menor dentre os encontrados nos

    seguintes casos:

    III. 5.2.1.1 RESISTÊNCIA DO PARAFUSO AO CISALHAMENTO

    Ae = 0,7 . Área do Parafuso.

    Essa equação admite a situação mais desfavorável de plano de corte passando pela

    rosca, considerando a área da seção efetivada da rosca igual a 0,7 da área da seção do fuste;

    para cada parafuso Rdv = Número de parafusos x R= 2 . 22,08 = 44,16 kN/cm

    A espessura da chapa será admitida inicialmente de 1,5 cm. Pois o processo maiseconômico de furar é o puncionamento no diâmetro definitivo, o que pode ser feito para

    espessura t de chapa ate o diâmetro nominal do conector mais 3mm.

    Ab = 1,905 cm²

    Rn = 3 . 1,905 . 41,5 = 237,17 kN

    F . Rn = 0,6 . 237,17 = 142,3 kN

    Já esta definida a espessura da chapa: 1,5 cm.

    III. 5.2.1.2 RASGAMENTO

    un   F t a R   ⋅⋅=   (3.4),

    onde a  é o diâmetro do parafuso, t  é a espessura da chapa e F u  é a tensão de ruptura.

    O valor mínimo de a  deve ser de d  + 6mm para d   = 19mm, para bordos laminados ou

    cortados com maçarico.

    Foi assumido a = 20 mm.

    R n  = 2 . 1,5 . 41,5 = 124,5 kN

    0,6 . R n  = 74,7 kN

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    52/134

    39

    A norma AISC permite utilizar estes valores de resistência à pressão de apoio

     juntamente com regras geométricas que garantem a resistência a rasgamento:

    Mínimo de dois conectores na direção da força Distância do centro do furo extremo à borda a  =

    1,5 d . Distancia entre centros de furos s  = 3d  

    A chapa inicialmente assumida passou no dimensionamento de pressão de contato em

    furos, respeitando os critérios acima.

    III. 5.2.1.3 TRAÇÃO NA CHAPA

    As chapas de ligação sujeitas a cisalhamento são dimensionadas com base nas

    resistências ao escoamento da seção bruta; as resistências obtidas foram comparadas a

    solicitação:

    Nd = -13,18 kN < 44,16 kN

    Nd = -13,18 kN < 142,3 kNNd = -13,18 kN < 74,7 kN

    Nd = -13,18 kN < 189 kN

    Nd = -13,18 kN < 243,59 kN

    Logo, a ligação passa em todos os cálculos.

    III. 5.2.2 LIGAÇÃO TESOURA-TESOURA

    Solicitações de Cálculo: Nd =6,51 kN

    Características do parafuso:

    ASTM A307 Fu= 41,5 KN/cm

    d  = 1,27 cm

    Ag = 1,27 cm

    = d + 0,35 cm = 1,62 cm

    As terças são fixadas sobre as tesouras usando sistema de parafusos gancho.

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    53/134

    40

    III. 5.2.3 LIGAÇÃO VIGA-COLUNA

    Esforço Solicitante de Projeto: Nd = -13,18 kN.

    Será analisada a parte da chapa de ligação no sentido da Força.

    Serão utilizados parafusos comuns ASTM A307. Adota-se inicialmente um diâmetro

    nominal de 12,5 mm e os conectores são instalados em furos nas chapas. A execução dessesfuros é onerosa, tornando-se necessária a padronização de dimensões e espaçamentos, a fim

    de permitir a furações múltiplas nas fabricas.

    Os furos padronizados para parafusos comuns deverão ter uma folga de 1,5 mm em

    relação ao diâmetro nominal do parafuso; essa tolerância é necessária para permitir a

    montagem das peças.

    O esforço resistente de calculo a tração será o menor dentre os encontrados nos

    seguintes casos:

    III. 5.2.3.1 RESISTÊNCIA DO PARAFUSO AO CISALHAMENTO

    A resistência de calculo de conectores a corte é dada por F , onde:

    F= 0,60 (para parafusos comuns)

    III. 5.2.3.2 DIMENSIONAMENTO DA PRESSÃO DE CONTATO EM FUROS

    Apoio:

    Resistência de Contato = F

    ubn   F  Aa R   ⋅⋅=   (3.5)

    Onde:

    a   = 3

    Ab  = t . d  

    Onde:

    t = espessura da chapa de ligação

    d = diâmetro do parafuso

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    54/134

    41

    O diâmetro do parafuso já foi definido como ½”.

    A espessura da chapa será admitida inicialmente como 1,5 cm, pois o processo mais

    econômico de furar é o puncionamento no diâmetro definitivo, o que pode ser feito para

    espessura t  de chapa ate o diâmetro nominal do conector mais 3mm.

    Ab  = 1,905 cm²

    R n  = 3 . 1,905 . 41,5 = 237,17 kN

    F   . R n  = 0,6 . 237,17 = 142,3 kN

    Já esta definida a espessura da chapa: 1,5 cm. Logo, a ligação passa em todos os

    cálculos de resistência.

    III. 6 FUNDAÇÕES

    Entende-se como fundação de uma estrutura a parte da obra civil na qual as cargas dasuperestrutura são transferidas para o substrato de suporte - solo ou rocha, através do

    elemento estrutural (aço, concreto, etc.).

    As fundações são convencionalmente separadas em dois grandes grupos: o

    Fundações superficiais (ou “diretas” ou rasas); o Fundações profundas.

    A distinção entre esses dois tipos é feita segundo o critério (arbitrário) de que uma

    fundação profunda é aquela cujo mecanismo de ruptura de base não surge na superfície do

    terreno, a norma NBR 6122 ( ABNT) determinou que fundações profundas são aquelas cujas

    bases estão implantadas a uma profundidade superior a duas vezes sua menor dimensão e a

    pelo menos 3 metros de profundidade.

    Alguns exemplos de fundações superficiais são: bloco, sapata, sapata corrida, viga de

    fundação, grelha, sapata associada, radier. No caso do presente projeto, a fundação superficial

    é o radier , elemento de fundação que recebe todos os pilares da obra.

    A fundação em radier é adotada quando:

    •  As áreas das sapatas se aproximam umas das outras ou mesmo se interpenetram;

    •  Deseja-se uniformizar o recalque.

    No entanto, a escolha do radier  neste projeto está mais associada ao fato de que neste

    tipo de obra normalmente a solução mais usual em função da sua eficiência, racionalidade ecusto são a laje de apoio ou radier . Se fosse utilizar sapatas, mesmo utilizando a dimensão

    mínima, estaria gastando mais que o necessário, devido as cargas de projeto serem muito

    baixas.

    Para prever os esforços internos do radier de concreto armado, há quatro métodos que

    podem ser aplicados:

    1. Método do AIC

  • 8/19/2019 268_FRANCISCO DE ASSIS CORREA.pdf

    55/134

    42

    2. Método das Diferenças Finitas

    3. Método dos Elementos Finitos

    4. Método Simplificado (como um conjunto de vigas)

    O método AIC apresenta momentos fletores muito baixos. Foi optado por não utilizar

    programas para fazer o dimensionamento, por isso não foi escolhido os Métodos das

    diferenças finitas e dos elementos finitos.

    O método escolhido foi então o Método Simplificado (como um conjunto de vigas), que

    divide o radier em faixas e calcula estas faixas como vigas. A