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    A EDUCAÇÃO FÍSICA E O DESENVOLVIMENTO MORAL

    Gisele Laureto Sanches de CarvalhoOrientadora: Dr a Ana Cláudia Saladini

     A inversão de valores éticos e morais estampada no comportamento decrianças e jovens tem sido foco de deates entre educadores! " al#uns t$m sederuçado sore os assuntos relacionados % disciplina e % sua aus$ncia! Acreditamos &ue a educação precisa ocupar'se da moralidade do sujeito( umave) &ue( a &uestão não é apenas disciplinar o aluno( e sim compreender &uaisprocessos o levam a tal conduta! "*iste um e&u+voco em acreditar &uesomente a "ducação ,+sica deva traalhar a moralidade do sujeito( talve) pelofato desta disciplina apresentar como conte-do curricular( o jo#o de re#ras! .averdade( a moralidade humana é uma tarefa de toda a escola! /m outroe&u+voco presente é acreditar &ue o simples fato de fa)er 0neste caso jo#ar1#arantirá a construção e a or#ani)ação desta moralidade! ,ica claro neste

    processo a aus$ncia( por parte dos professores( de uma compreensão maiselaorada a respeito do assunto! 2endo em vista nossa formação 0Licenciaturaem "ducação ,+sica1( os conte-dos da "ducação ,+sica e sua tarefa naconstrução e compreensão da 3otricidade 4umana( aordaremos como acriança pratica e compreende as re#ras( lemrando( &ue toda moral consistenum sistema de re#ras 5ia#et 067781! .osso referencial te9rico estáfundamentado na epistemolo#ia #enética de ean 5ia#et 067781 ;O u+)o 3oral.a Criança

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    Palavras chave: Disciplia! M"rali#a#e! E#$ca%&" F'sica(

    Linha de "studo: Desenvolvimento 3oral

    Centro /niversitário 2oledo ' /.@2OL"DO

    ua Alfredo Castilho( B.ovo /muarama E AraçatuaFS56H66'6IH

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      .ossa sociedade vem enfrentando uma ascendente

    crise de valores( #eradora de comportamentos desumanos( a#ressivos(

    desonestos( injustos! Com isso( as relaç?es interpessoais t$m sido aaladas

    pela desconfiança( inse#urança( incerte)a( entre outros sentimentos &ue

    afetam os relacionamentos! Acreditamos &ue esta crise pode estar relacionada

    ao enfra&uecimento do ju+)o moral!

    .a escola não tem sido diferente( vemos constantemente a

    indisciplina( a a#ressividade veral eFou f+sica para com o outro( as

    manifestaç?es hostis ao espaço escolar( o desrespeito para com o outro! "m

    meio a esta acirrada crise( muitos educadores t$m discutido assuntos sore

    ética( moral e valores em diversos pa+ses!

    5or outro lado( vemos o desJnimo e o estresse &ue atin#e a

    maioria dos professores &ue não saem mais o &ue fa)er! Se#undo CurK

    0BHH1( pes&uisas reali)adas no instituto Academia de @nteli#$ncia( mostram

    &ue no rasil( por conta da indisciplina( 7BM dos professores estão com tr$s ou

    mais sintomas de estresse e 86 M com de) ou mais! O &ue tem acontecido

    com nosso sistema educacionalN "stamos em um momento preocupante( tem

    faltado disciplina( cooperação( reciprocidade( amor( solidariedade( justiça(

    #enerosidade e muitas outras virtudes em nossas escolas!

     As crianças t$m passado a maior parte de seu tempo na

    escola( os pais( salvo e*ceç?es( t$m dei*ado por conta desta a educação de

    seus filhos! "m nossa sociedade ensinar e aprender estão li#ados % escola e é

    principalmente nela &ue acontece o processo de construção de saeres(

    conhecimentos e valores morais &ue nos permitem conviver em comunidade e

    compreender a realidade! 5ara alcançar tais ojetivos não podemos aplicar o

    mesmo n+vel de pensamento &ue nos levou ao ponto em &ue nos encontramos

    hoje!

    5ara CurK 0BHH1 a educação precisa uma revolução e não

    apenas de reforma! Sendo assim( de al#uma maneira temos &ue intervir nesse

    processo( uma ve) &ue os alunos estão carentes de valores morais e os

    professores inailitados % prática educativa( pois( na maioria das ve)es não

    t$m compreendido seus alunos e os t$m tratado de maneira injusta e inefica)(

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    0com puniç?es( recompensas( chanta#ens( serm?es( etc!1( acreditando &ue

    desta forma o prolema da indisciplina será solucionado!

     As escolas se preocupam em formar indiv+duos &ue tenham

    dom+nio em &u+mica( portu#u$s( matemática( esportes( etc!( e não t$m dado odevido valor aos assuntos relacionados % moral! Consoante 2o#netta 0BHH(

    p!H1( 5ia#et ;PQ compreendia &ue pouco adianta falar de f+sica e matemática(

    se não houver( em educação( um traalho voltado a essa consci$ncia moral no

    homem

    @nfeli)mente temos visto( em atuação( muitos educadores

    despreparados( ne#li#entes e autoritários com seus alunos! 5ara Rinha 0BHHH1(

    por tratar'se de seres humanos em formação( o professor não tem o direito deser incompetente! Saemos &ue não cae apenas % escola a tarefa de

    ;disciplinar< seus alunos( a educação institucionali)ada não dá conta do

    processo como um todo( mas há possiilidade desta participar com uma

    considerável parcela de colaoração neste processo!

    Conforme 2o#netta 0BHH( p!BB1 ;PQ somente é poss+vel mudar 

    a&uilo &ue é verdadeiramente conhecido

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    5ara 5ia#et 0BHHB( p!1( o comportamento do ser humano( é

    re#ido por amos os elementos( co#nitivo e afetivo!

    […] desde o período pré-verbal existe um estreito paralelismoentre o desenvolvimento da afetividade e das funções intelectuais, já que estes

    so dois aspectos indissociáveis de cada aço! "p!#$%

    Se#undo adsTorth 0677( p!1( o aspecto afetivo tem

    #rande influ$ncia sore o desenvolvimento intelectual do sujeito! "*emplo disto

    é o interesse( o #ostar ou não #ostar de al#o ou de al#uém! "ste sentimento

    seleciona &ue tipo de assunto o sujeito uscará conhecer maiselaoradamente( com &uais pessoas se relacionará e ;PQ determina sore

    &ual conte-do a atividade intelectual se concentrará

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    Com o prop9sito de compreender o desenvolvimento da moral

    torna'se pertinente comentarmos a epistemolo#ia #enética de ean 5ia#et

    067781 ;O u+)o 3oral .a Criança

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    idade e desenvolvimento mental e &ue consci$ncia tem a respeito das

    mesmas!

    "m relação % prática das re#ras definiu &uatro está#ios:

    "stá#io puramente motor= está#io e#oc$ntrico= está#io da cooperaçãonascente e está#io da codificação das re#ras!

    .o primeiro está#io( &ue se#ue até dois anos de idade

    apro*imadamente( as crianças manipulavam as olinhas ;PQ em função de

    seus pr9prios desejos e seus háitos motores< 0p!1! O jo#o é individual e

    utili)ado apenas para sua satisfação pessoal! /m e*emplo t+pico é &uando a

    criança arremessa um ojeto repetidamente para &ue o adulto pe#ue! Ainda

    não se pode falar de re#ras coletivas( apenas re#ras motoras( seu ojetivo écompreender a nature)a da olinha e acomodá'la a seus es&uemas motores!

    O se#undo está#io inicia'se por volta dos dois aos cinco anos

    de idade! A criança recee do e*terior as re#ras prontas( codificadas( e jo#a

    imitando os mais velhos( não há preocupação com vit9ria ou em jo#ar so)inha(

    mesmo &uando jo#a com outras crianças ;!!!Q jo#am ainda cada uma para si

    0todas podem #anhar ao mesmo tempo1 e sem cuidar da codificação das

    re#ras< 0p!1!

    5or volta dos sete ou oito anos de idade as re#ras começam a

    ser oservadas pelas crianças havendo a necessidade de um entendimento

    m-tuo no dom+nio do jo#o! "*iste vontade de descorir re#ras fi*as e comuns a

    todos( emora as informaç?es sore as mesmas sejam diver#entes! A partir 

    desse está#io ocorre uma real cooperação já &ue( no anterior as crianças

     jo#avam para si! .o dom+nio do jo#o( há um interesse social e não mais

    psicomotor! 0como nos está#ios anteriores1!

    .o &uarto está#io( &ue ocorre por volta dos on)e anos de

    idade( as re#ras se tornam mais comple*as e conhecidas( havendo acordo

    entre o #rupo com relação a sua poss+vel mudança! Os jo#adores discutem as

    re#ras( mudando'as desde &ue haja consentimento de todos( caracteri)ando

    uma situação de suposta i#ualdade entre as partes!Como neste está#io o

    racioc+nio l9#ico da criança está se formali)ando( há maior compreensão em

    relação %s discuss?es jur+dico'morais( uma ve) &ue estas são assimiláveis ao

    racioc+nio formal em #eral!

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     Analisamos até a&ui( como o sujeito pratica as re#ras de um

     jo#o! Acreditamos &ue o fato de praticá'las não seja e*pressão da

    compreensão do &ue é feito! 5ortanto( vale a pena analisarmos os tr$s está#ios

    &ue 5ia#et 067781 propVs para a consci$ncia das re#ras! .o primeiro oservou

    a não ori#atoriedade das re#ras( no se#undo a ori#atoriedade sa#rada e no

    -ltimo a ori#atoriedade devido ao consentimento m-tuo!

    O primeiro está#io é puramente individual e vai até tr$s anos

    de idade apro*imadamente! A criança jo#a pelo pra)er da repetição( não

    valori)a a re#ra( pois( não há consci$ncia da ori#atoriedade de seu

    cumprimento( jo#ando de maneira astante sujetiva! A re#ra não é coercitiva

    para a criança ;PQ seja por&ue é puramente motora( seja 0in+cio do está#io

    e#oc$ntrico1 por&ue é suportada( como &ue inconscientemente( a t+tulo de

    e*emplo( interessante e não realidade ori#at9ria< 0p!81!

    .o se#undo está#io( &ue acontece por volta dos tr$s anos de

    idade( a re#ra se torna sa#rada( ori#at9ria e intan#+vel! Sua mudança se

    constitui em uma falta #rave! Wuando( por parte da criança( há aceitação de

    uma nova re#ra( na verdade( sua consci$ncia ima#ina ;!!!Q &ue encontrou(

    simplesmente( uma re#ra já estaelecida< 0p!XX1! Até cinco anos de idade

    apro*imadamente a criança tem dificuldade de coordenar o seu ponto de vista

    com o do outro( o antes e o depois( o anti#o e o novo( então( &uase sempre

    acredita &ue as re#ras( mesmo &ue inventadas a pouco( já e*istiam há muito

    tempo e foram criadas por autoridades( preferencialmente por seus pais!

    Se#undo o autor isso acontece devido % dificuldade de retrospecção e a

    desor#ani)ação de sua mem9ria!

    .o terceiro está#io 0de) anos de idade apro*imadamente1(

    n+vel mais elaorado da compreensão das re#ras( oservamos &ue há uma

    modificação no sentido da re#ra! 5ara 5ia#et 06778( p!H1

    […] a re(ra do jo(o se apresenta 1 criança no mais como lei 

    exterior, sa(rada, enquanto imposta pelos adultos, mas como o resultado de

    uma livre deciso, e como di(na de respeito na medida em que é mutuamente

    consentida!

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     A criança passa a aceitar livremente a modificação das re#ras(

    desde &ue haja concordJncia por parte de todos os envolvidos! .ão há mais a

    crença( de &ue as re#ras são transcendentes( imutáveis e eternas! A#ora a

    criança acredita &ue ;PQ lon#e de ter sido impostas como tais pelos adultos(

    foram estaelecidas( pouco a pouco( pela iniciativa das pr9prias crianças<

    0p!61! Ou seja( as re#ras são vistas como um acordo( e sua veracidade se dá

    pelo fato de terem sido cominadas e constru+das por todos!

    2anto a prática como a consci$ncia do sujeito em relação as

    re#ras evoluem tendo em vista aspectos &ualitativos e &uantitativos! ,erra)

    0677( p!H1 esclarece a importJncia da consci$ncia neste processo citando

    &ue

     

    […] a evoluço da prática no se dá somente no aspectoquantitativo, ou seja, o aumento do n2mero de re(ras3apresenta sim, essencialmente, uma mudança qualitativaexpressa pela consci4ncia!

    "mora a prática e a consci$ncia das re#ras evoluam( amas

    caminham distantes( conforme 5ia#et 067781 com uma diferença deapro*imadamente um ano! @sto nos remete para al#umas hip9teses: muitas

    ve)es a criança oedece determinada re#ra sem compreensão 0para al#uns

    professores já é o astante1= verali)a a re#ra( mas na prática isto não ocorre

    0a re#ra ainda lhe é e*terior1= ou ainda não se#ue a re#ra por não ter 

    compreendido a mesma!

    5ouco a pouco( em um processo de construção e

    desenvolvimento intelectual( afetivo e social( prática e consci$ncia evoluem e acriança passa a ter melhor compreensão das re#ras( coordenando estes dois

    conceitos!

    "ntre a prática e a consci$ncia do sujeito 5ia#et 067781( definiu

    tr$s está#ios do desenvolvimento moral! São eles: anomia( heteronomia e

    autonomia!

    Rejamos como se dá este processo evolutivo pelo &ual a

    criança passa desde o per+odo pré'veral( rumo % con&uista de umaconsci$ncia moralmente autVnoma!

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    A"-ia

    2amém chamado de está#io da pré'moralidade( inicia'se a

    partir do nascimento até mais ou menos X anos de idade! A criança está fora douniverso moral( as re#ras não são associadas a valores como em( mal( certo(

    errado! Sua caracter+stica principal é a aus$ncia da prática e compreensão das

    re#ras! 5ara Rinha 0BHHH( p!X1( neste per+odo a criança se sumete %s suas

    pr9prias idéias( a#e de acordo com suas necessidades e desejos!

     A autora afirma &ue isto acontece( pois e*iste uma certa

    dificuldade de compreensão causada pela insipi$ncia dos &uadros mentais(

    fu#a)es e sem coordenação! 5ia#et 067781 nos mostra &ue conforme asestruturas mentais da criança vão se aprimorando e amadurecendo( a medida

    &ue ela cresce e intera#e socialmente( passa a perceer os outros e a si

    mesma( compreendendo &ue e*istem coisas &ue podem e outras &ue não

    podem ser feitas( ocorrendo então o processo de descentração &ue

    transformará aos poucos a anomia em heteronomia!

    .e)er""-ia

    .o está#io de anomia a criança concee &ue coisas são feitas(

    na heteronomia ela irá descorir &ue coisas devem ser feitas! O háito cede

    lu#ar ao dever e autoridade é a fonte de le#itimação deste dever! 5ara o sujeito

    heterVnomo( é moralmente correto oedecer %s re#ras postas como certas e

    oas pela autoridade( por isso( é chamada a moral da oedi$ncia!

    Rinha 0BHHH( p! 87 e XH1( di) &ue a moral heterVnoma resulta

    da coação do adulto sore a criança e tem ori#em no respeito unilateral! .este

    está#io o sujeito se#ue as re#ras pelo medo da punição ou de perder o amor 

    da autoridade!

    Conforme 5ia#et 0BHHB1( as formas de heteronomia são as

    primeiras ad&uiridas pela criança a respeito das re#ras! Dentro das

    normalidades este está#io se finda por volta dos 7( 6H anos de idade! A

    principal caracter+stica é &ue( a oedi$ncia não é % re#ra propriamente dita e

    sim % autoridade da &ual emana a re#ra 0respeito unilateral1!

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    .este está#io ocorre o &ue o 5ia#et 06778( p!61( chamou de

    realismo moral( &ue é ;PQ a tend$ncia da criança em considerar os deveres e

    os valores a eles relacionados como susistentes em si( independentemente

    da consci$ncia

    paralela-e)e as rela%/es s"ciais #e c""pera%&" e recipr"ci#a#e! a

    cria%a passa p"r $- pr"cess" #e #esce)ra%&"! e a"s p"$c"s c""r#ea

    se$ p")" #e vis)a c"- " #" "$)r"! )e#" c"#i%/es #e se relaci"ar 

    recipr"ca-e)e(

    "ste realismo moral comporta al#umas caracter+sticas(

    vejamos:

    O dever é essencialmente heterVnomo( sendo om todo ato

    &ue testemunhe oedi$ncia % autoridade( independente das instruç?es dadas(

    e mau todo ato &ue não conforme as re#ras=

     A re#ra é oservada ao pé da letra e não no esp+rito=

    .ão é uma realidade elaorada pela consci$ncia 0e*terior ao

    sujeito1=

    O sujeito não pode ne#ociar( nem construir uma nova re#ra=

    Os aspectos sujetivos das re#ras não são considerados!

     Acarreta uma concepção de ojetiva responsailidade(

    desconsiderando as intenç?es! Conceendo as re#ras ao pé da letra e

    definindo o em apenas pela oedi$ncia( a criança começará( com efeito( por 

    avaliar os atos não em função da intenção &ue os desencadeou( mas em

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    função de sua conformidade material com as re#ras estaelecidas! 05@AG"2(

    6778 p! 781

    Devido a necessidade de adaptar'se ao meio em &ue estásituada( a criança passa oedecer as re#ras jul#adas como corretas pelas

    autoridades! Acreditamos( assim como 5ia#et 06778( p!761( &ue de certa forma

    o respeito unilateral serve de ase para a autonomia! U nesta situação &ue

    formas superiores de respeito se tornam poss+veis( sendo assim( é condição

    necessária 0mas não suficiente1 para o respeito m-tuo!

    Parece-nos incontestável que, no decorrer do desenvolvimento mental

    da criança, o respeito unilateral ou o respeito do menor pelo maior desempenha um papel essencial: leva a criança a aceitar todas as

    instruções transmitidas pelos pais e é assim grande fator de

    continuidade entre as gerações.

    5ia#et 067781 em suas pes&uisas identificou &ue o adulto por si

    s9 coa#e! Os efeitos da cooperação entre i#uais na consci$ncia moral da

    criança mostraram'lhe &ue( #raças a esse tipo de relação social( um outro tipo

    de respeito pode constituir'se: o respeito m-tuo! Com o desenvolvimento dosujeito( os relacionamentos de coação vão cedendo espaço para

    relacionamentos de cooperação e reciprocidade( e o sujeito vai con&uistando

    uma consci$ncia cada ve) mais autVnoma!

    A$)""-ia

    5m contraponto 1 'eteronomia 'á a autonomia! ela, os atores

    levam em consideraço a influ4ncia de suas ações sobreoutras pessoas que sero afetadas por seus atos!"6&7&895:, .//; p!/;%

    .este está#io( &ue se inicia por volta dos nove( de) anos de

    idade( as re#ras são respeitadas dentro de um conte*to onde há um m-tuo

    respeito( contratos são feitos em comum acordo e novas re#ras podem ser 

    criadas( desde &ue haja apreciação por parte do #rupo!

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    3uitos confundem autonomia( com dei*ar a criança fa)er o &ue

    &uer! Devemos destacar &ue o sufi*o nomia  indica a presença de re#ras! @sto

    posto( podemos inferir &ue( autonomia é a capacidade &ue o sujeito tem de se

    re#er por leis pr9prias!

     A autonomia é o está#io onde o sujeito tem condiç?es de se

    colocar no lu#ar do outro( assumir o seu lu#ar na sociedade e respeitar as

    re#ras( consciente de sua importJncia( não mais por ori#ação( mas por 

    necessidade! 5ara &ue estas re#ras sejam estaelecidas é necessário um

    acordo entre as partes envolvidas! A cooperação é necessária para &ue haja

    autonomia( adsTorth 0677( p! 6H1 afirma &ue

    o domínio da afetividade, o contínuo desenvolvimento daautonomia co(nitiva e afetiva, bem como de uma auto-re(ulaço saudável, depende do estabelecimento dacooperaço com os demais, incluindo reciprocidade desentimentos e relações de respeito m2tuo, "p!5ara La 2aille 0BHH( p!X81( somente é moral &uem assim o

    &uer! O autor defende &ue para uma ação moral ser efetivada é necessária a

    dimensão do &uerer fa)er moral! /m sujeito moralmente autVnomo a#e

    corretamente( pois sa0e e 1$er  fa)er da&uela maneira!

    5ia#et 067781( aponta al#uns sentimentos( apresentados ase#uir( &ue são centrais para &ue possamos entender o desenvolvimento moral

    e sua dimensão afetiva 0&uerer fa)er1!

    Se)i-e)"s -"rais

    5ia#et 067781( oservou uma #rande relação entre o respeito e

    a lei moral( e considerou &ue a verdadeira moral não será encontrada no ato do

    sujeito 0ser om( educado( honesto( justo( etc!1( antes estará no respeito &ue

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    este ad&uiriu em relação as re#ras! 5ia#et 067II1( afirmou &ue os sentimentos

    morais estão todos li#ados ao respeito &ue os indiv+duos sentem uns pelos

    outros! 5ortanto( para uma ordem ser aceita pela criança( a autoridade( da &ual

    emana esta ordem( deve ser al#uém de prest+#io aos olhos da criança &ue a

    recee!

    O autor( aseado na hip9tese de ovet( afirma &ue e*istem

    dois tipos de respeito e &ue tr$s espécies de sentimentos se apresentam na

    constituição mental da criança( podendo interessar % vida moral!

    ,undamentada nesta tese( Rinha 0BHHH( p! 81 ressalta &ue

    . no /e/0 e1iste tr0s sentimentos que se apresentam inicialmente,que interessam 2 vida moral 3 primeiro sentimento é o amor, ou uma

    necessidade de amor, de afeição . 3 segundo, é um sentimento de

    medo, em relação 2s pessoas maiores e mais fortes que a criança 4"

    ainda um terceiro sentimento, que é o respeito 'sse respeito é na

    realidade uma mistura dos dois anteriores, um misto de amor e temor

    De acordo com 5ia#et 067781( estes tipos de respeito são:

    respeito unilateral e respeito m-tuo( amos são um misto de amor e medo e o

    &ue diferencia um do outro é o tipo de temor presente! .o respeito unilateral( o

    medo é de ser punido( repreendido ou de perder o amor de &uem se estima!

    .o respeito m-tuo( o medo é de decair perante os olhos do outro!

    5ara &ue possamos compreender melhor estes dois respeitos

    utili)aremos um e*emplo do respeito unilateral!

    /ma professora de "ducação ,+sica &ue estava a oservar um

    treino de futsal de uma turma do o ano do ensino fundamental de uma escola

    em Araçatua( per#unta a um #aroto de I anos de idade( &ue participava dotreino: O &ue é faltaN "le responde com astante clare)a e mostra conhecer as

    re#ras da&uela modalidade esportiva! Rejamos a resposta da criança: ;falta é

    &uando empurra o menino do outro time e ele cai( %s ve)es não cai e mesmo

    assim é falta Al#um tempo depois( o #aroto esarra propositalmente em um

    outro do time adversário com &uem jo#ava! Ao ser &uestionado pela professora

    se o seu ato correspondia a uma falta( ele disse &ue não( e acrescentou &ue s9teria sido falta se o jui) tivesse visto!

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    .o respeito unilateral as re#ras são respeitadas( não pela sua

    ess$ncia 0como no caso da falta( para não machucar o outro1( mas por medo

    da autoridade da &ual emana a re#ra( pela possiilidade de ser punido! A

    prolemática deste respeito é justamente esta: na aus$ncia da autoridade a

    re#ra é infrin#ida( sendo assim( o respeito é #arantido( mas não % re#ra eFou

    aos demais jo#adores e sim % autoridade presente na&uele jo#o!

    .o caso do respeito m-tuo a re#ra será respeitada

    espontaneamente( pois( a criança tem consci$ncia de &ue um empurrão( por 

    e*emplo( pode ferir o outro( sendo assim( o medo é de decair perante os olhos

    do outro! A ess$ncia deste respeito está no sentimento de m-tuo respeito &ue é

    desenvolvido pelo sujeito devido ao relacionamento social de cooperação e

    reciprocidade!

    C"si#era%/es Fiais

    2emos então dois tipos de moral( uma autVnoma e outra

    heterVnoma! Consoante Rinha 0BHHH1( a #rande diferença entre as duas está

    no por &ue se#uir determinadas re#ras e não outras! .a moral heterVnoma( a

    re#ra é respeitada por medo de puniç?es ou da perda do amor de &uem se

    estima( na moral autVnoma( o medo é de decair perante os olhos do outro!

    .osso ojetivo como educadores deve ser o de colaorar na

    construção de consci$ncias autVnomas e ;PQ formar personalidades tão livres

    &uanto responsáveis< [email protected]/"S( apud [email protected] BHHH( p!8X1!

    CurK 0BHH1( fala da ur#$ncia de uma revolução na educação(

    pois esta precisa formar l+deres não apenas do mundo &ue estamos( mas do

    mundo &ue somos! O autor di) &ue as escolas nasceram sem uma real

    compreensão dos papéis da mem9ria e do processo de construção dos

    pensamentos e &ue se preocupam demais em formar indiv+duos competentes

    para o mercado de traalho( mas completamente desastrados no &ue se refere

    aos seus desafios pessoais!

    Rimos a relação e*istente entre as estruturas co#nitivas e

    afetivas( e &ue amas participam paralelamente no processo de

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    desenvolvimento do sujeito! 5ortanto( &ue n9s como educadores( us&uemos

    uma educação voltada para as &uest?es intelectuais( afetivas e morais!

     Acreditamos assim como 5ia#et 067II( p!1( na necessidade

    de proporcionar %s crianças um amiente ade&uado para &ue elas criemsituaç?es e construam seus pr9prios valores( onde as relaç?es estejam

    alicerçadas na cooperação e na reciprocidade( entre professores e alunos(

    caso contrário au*iliaremos no processo de construção de sujeitos moralmente

    heterVnomos!

    5orventura se pretende formar indiv+duos sumetidos %

    opressão das tradiç?es e das #eraç?es anterioresN .esse caso astam aautoridade do professor e( eventualmente( as ;liç?es< de moral( com os

    sistemas dos encorajamentos e das sans?es punitivas para reforçar essa moral

    da oedi$ncia! 5retende'se( pelo contrário( formar simultaneamente

    consci$ncias livres e indiv+duos respeitadores dos direitos e das lierdades de

    outremN "ntão é evidente &ue nem a autoridade do professor e nem as

    melhores liç?es &ue ele possa dar sore o assunto serão o astante para

    determinar essas relaç?es intensas( fundamentadas ao mesmo tempo na

    autonomia e na reciprocidade! /nicamente a vida social entre os alunos( isto é(

    um auto#overno levado tão lon#e &uanto poss+vel e paralelo ao traalho

    intelectual em comum( poderá condu)ir a esse duplo desenvolvimento de

    personalidades donas de si mesmas e de seu respeito m-tuo!

    5udemos compreender &ue a ess$ncia da moral é alicerçada

    no respeito &ue o sujeito ad&uire pelas re#ras( &ue a princ+pio são aceitasdevido % pressão e*terior 0coação adulta1 e são re#ras tamém e*teriores ao

    sujeito! Com o tempo e os relacionamentos de cooperação e reciprocidade(

    mais o processo de descentrali)ação( o sujeito passa a se#uir as re#ras &ue

     jul#a serem importantes!

    elacionamentos aseados no respeito unilateral e na coação

    adulta são a causa de uma moral heterVnoma( estes são os mais primitivos e

    não devem permanecer( uma ve) &ue sua perman$ncia proporciona sujeitos

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    vol-veis( manipulados( sem #overno de si pr9prios! .ão seriam estes os

    relacionamentos &ue predominam em nossas escolasN

    "stas primeiras consideraç?es por n9s encontradas denunciam

    a real necessidade de mudança em nossas escolas! U necessário &ue oprofessor compreenda os determinantes hist9ricos( sociais e psicol9#icos &ue

    influenciam na constituição do sujeito!

    "specificamente na disciplina de "ducação ,+sica 0nossa área

    de atuação profissional1 a necessidade não é diferente! 5ensando em

    aprofundar esta nossa investi#ação( daremos continuidade futuramente(

    pes&uisando a compreensão &ue as crianças entre seis e oito anos de idade

    t$m a respeito das re#ras do jo#o de futeol! Assim( poderemos contriuir naconstrução do conhecimento &ue permitirá aos professores compreenderem

    um pouco mais a moralidade humana!

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    2I2LIO3RAFIA

    C/Y( Au#usto or#e! 5ais rilhantes( professores fascinantes! io de aneiro:

    Se*tante( BHH!,"AZ( Osvaldo Lui)! O desenvolvimento da noção de re#ras do jo#o de futeol! @n:evista paulista de "ducação ,+sica( São 5aulo an!Fjun! 677!

    LA 2A@LL"( Yves de! 3oral e Utica: dimens?es intelectuais e afetivas! 5orto Ale#re: Artmed( BHH!

    LO.GA"Z@( Andréa 3aturano! A 0@n1disciplina na escola: concepç?es de professores(alunos e funcionários! @n: [R@ "ncontro .acional de 5rofessores do 5O"5"(Campinas( 6777! Anais!!!( Campinas( /nicamp!

    3AGAL4\"S( osiane! "studo sore a fidelidade % palavra empenhada: aconstituição moral de crianças e adolescentes da rede p-lica e privada de ensino

    fundamental na cidade de Cáceres 32! 3arin#áF5( de)!deBHH8 Dispon+vel em:]http:FFTTT!uruta#ua!uem!rF HHIFHIedu^ma#alhaes!htm_! Acesso em BX jun!BHH!

    5@AG"2( ean! 5ara onde vai a educaçãoN 2radução de @vete ra#a! 6H!ed! E io deaneiro: osé OlKmpio( 67II!

     ^^^^^^^^^^^! O ju+)o moral na criança! 2radução "l)on Lenardon! E São 5aulo:Summus( 6778!

     ^^^^^^^^^^^! Seis estudos de psicolo#ia! 2radução Alice 3a#alhães D` Amorim e5aulo Sér#io Lima Silva' B8 ed!' io de aneiro: ,orence /niversitária( BHHB!

    2OG."22A( Luciene e#ina 5aulino! A construção da solidariedade e a educação dosentimento na escola: uma proposta de traalho com as virtudes numa visão

    construtivista! Campinas( S5: 3ercado de Letras( São 5aulo: ,apesp( [email protected]( 2elma 5ile##i! O educador e a moralidade infantil: uma visão construtivista!Campinas( S5: 3ercado de Letras: São 5aulo: ,apesp( BHHH!

    ADSO24( arrK ! @nteli#$ncia e afetividade da criança na teoria de 5ia#et!2radução de "sméria ovai= supervisão editoral 3aria e#ina 3aluf! E X! ed! E São5aulo: 5ioneira( 677!

    http://www.urutagua.uem.br/%20008/08edu_magalhaes.htmhttp://www.urutagua.uem.br/%20008/08edu_magalhaes.htm