16
HISTÓRIA DO EUROBASKET PALMARÉS ANO MEDALHA DE OURO MEDALHA DE PRATA MEDALHA DE BRONZE ANFITRIÃO 1935 Letónia Espanha Checoslováquia Suiça (Genebra) 1937 Lituânia Itália França Letónia (Riga) 1939 Lituânia Letónia Polónia Lituânia (Kaunas) 1946 Checoslováquia Itália Hungria Suiça (Genebra) 1947 URSS Checoslováquia Egipto Checoslováquia (Praga) 1949 Egipto França Grécia Egipto (Cairo) 1951 URSS Checoslováquia França França (Paris) 1953 URSS Hungria França URSS (Moscovo) 1955 Hungria Checoslováquia URSS Hungria (Budapeste) 1957 URSS Bulgária Checoslováquia Bulgária (Sofia) 1959 URSS Checoslováquia França Turquia (Istanbul) 1961 URSS RSF da Jugoslávia Bulgária RSF da Jugoslávia (Belgrado) 1963 URSS Polónia RSF da Jugoslávia Polónia (Wrocław) 1965 URSS RSF da Jugoslávia Polónia URSS 1967 URSS Checoslováquia Polónia Finlândia 1969 URSS RSF da Jugoslávia Checoslováquia Itália 1971 URSS RSF da Jugoslávia Itália RFA 1973 RSF da Jugoslávia Espanha URSS Espanha 1975 RSF da Jugoslávia URSS Itália RSF da Jugoslávia 1977 RSF da Jugoslávia URSS Checoslováquia Bélgica 1979 URSS Israel RSF da Jugoslávia Itália 1981 URSS RSF da Jugoslávia Checoslováquia Checoslováquia 1983 Itália Espanha URSS França 1985 URSS Checoslováquia Itália Alemanha 1987 Grécia URSS RSF da Jugoslávia Grécia (Atenas) 1989 RSF da Jugoslávia Grécia URSS RSF da Jugoslávia (Zagreb) 1991 RSF da Jugoslávia Itália Espanha Itália (Roma) 1993 Alemanha Rússia Croácia Alemanha 1995 RF da Jugoslávia Lituânia Croácia Grécia (Atenas) 1997 RF da Jugoslávia Itália Rússia Espanha 1999 Itália Espanha RF da Jugoslávia França 2001 RF da Jugoslávia Turquia Espanha Turquia 2003 Lituânia Espanha Itália Suécia 2005 Grécia Alemanha França Sérvia e Montenegro 2007 Rússia Espanha Lituânia Espanha

HistóRia Do Euro Basket33

Embed Size (px)

DESCRIPTION

MMM

Citation preview

Page 1: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

PALMARÉS

ANO MEDALHA DE OURO MEDALHA DE PRATA MEDALHA DE BRONZE ANFITRIÃO

1935 Letónia Espanha Checoslováquia Suiça (Genebra)

1937 Lituânia Itália França Letónia (Riga)

1939 Lituânia Letónia Polónia Lituânia (Kaunas)

1946 Checoslováquia Itália Hungria Suiça (Genebra)

1947 URSS Checoslováquia Egipto Checoslováquia (Praga)

1949 Egipto França Grécia Egipto (Cairo)

1951 URSS Checoslováquia França França (Paris)

1953 URSS Hungria França URSS (Moscovo)

1955 Hungria Checoslováquia URSS Hungria (Budapeste)

1957 URSS Bulgária Checoslováquia Bulgária (Sofia)

1959 URSS Checoslováquia França Turquia (Istanbul)

1961 URSS RSF da Jugoslávia Bulgária RSF da Jugoslávia (Belgrado)

1963 URSS Polónia RSF da Jugoslávia Polónia (Wrocław)

1965 URSS RSF da Jugoslávia Polónia URSS

1967 URSS Checoslováquia Polónia Finlândia

1969 URSS RSF da Jugoslávia Checoslováquia Itália

1971 URSS RSF da Jugoslávia Itália RFA

1973 RSF da Jugoslávia Espanha URSS Espanha

1975 RSF da Jugoslávia URSS Itália RSF da Jugoslávia

1977 RSF da Jugoslávia URSS Checoslováquia Bélgica

1979 URSS Israel RSF da Jugoslávia Itália

1981 URSS RSF da Jugoslávia Checoslováquia Checoslováquia

1983 Itália Espanha URSS França

1985 URSS Checoslováquia Itália Alemanha

1987 Grécia URSS RSF da Jugoslávia Grécia (Atenas)

1989 RSF da Jugoslávia Grécia URSS RSF da Jugoslávia (Zagreb)

1991 RSF da Jugoslávia Itália Espanha Itália (Roma)

1993 Alemanha Rússia Croácia Alemanha

1995 RF da Jugoslávia Lituânia Croácia Grécia (Atenas)

1997 RF da Jugoslávia Itália Rússia Espanha

1999 Itália Espanha RF da Jugoslávia França

2001 RF da Jugoslávia Turquia Espanha Turquia

2003 Lituânia Espanha Itália Suécia

2005 Grécia Alemanha França Sérvia e Montenegro

2007 Rússia Espanha Lituânia Espanha

Page 2: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

TODOS OS MEDALHADOS

POS. SELECÇÃO MEDALHA DE OURO MEDALHA DE PRATA MEDALHA DE BRONZE TOTAL

1 URSS 14 3 4 21

2 RSF da Jugoslávia 5 5 3 13

3 Lituânia 3 1 1 5

4 Sérvia e Montenegro 3 0 1 4

5 Itália 2 4 4 10

6 Grécia 2 1 1 4

7 Checoslováquia 1 6 5 12

8 Hungria 1 1 1 3

9 Rússia 1 1 1 3

10 Letónia 1 1 0 2

11 Alemanha 1 1 0 2

12 Egipto 1 0 1 2

13 Espanha 0 6 2 8

14 França 0 1 5 6

15 Polónia 0 1 3 4

16 Bulgária 0 1 1 2

17 Israel 0 1 0 1

18 Turquia 0 1 0 1

19 Croácia 0 0 2 2

Nota: A FIBA considera os títulos conquistados pela RSF da Jugoslávia e da URSS distintos dos da Sérvia e Montenegro/ RF da Jugoslávia e da Rússia, respectivamente.

Page 3: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

PRÉMIOS INDIVIDUAIS

ANO MVP MELHOR MARCADOR

JOGADOR PPJ

1935 Não atribuído Registo não oficial

1937 Não atribuído Registo não oficial

1939 Não atribuído Registo não oficial

1946 Não atribuído Paweł Stok (Polónia) 12,6

1947 Não atribuído Otar Korkiya (URSS) 14,8

1949 Não atribuído Hüseyin Öztürk (Turquia) 19,3

1951 Não atribuído Ivan Mrázek (Checoslováquia) 17,1

1953 Não atribuído Ahmed Idilibi (Líbano) 15,9

1955 Não atribuído Miroslav Skerik (Checoslováquia) 19,1

1957 Não atribuído Yalçın Granit (Turquia) 21,3

1959 Não atribuído Radivoj Korad (RSF da Jugoslávia) 28,1

1961 Não atribuído Radivoj Korad (RSF da Jugoslávia) 24,0

1963 Emiliano Rodríguez (Espanha) Radivoj Korad (RSF da Jugoslávia) 26,6

1965 Modestas Paulauskas (URSS) Radivoj Korad (RSF da Jugoslávia) 21,4

1967 Jiří Zedníček (Checoslováquia) Georgios Kolokithas (Grécia) 26,7

1969 Sergei Belov (URSS) Georgios Kolokithas (Grécia) 23,5

1971 Krešimir Dosid (RSF da Jugoslávia) Edward Jurkiewicz (Polónia) 22,6

1973 Wayne Brabender (Espanha) Atanas Golomeev (Bulgária) 22,3

1975 Krešimir Dosid (RSF da Jugoslávia) Atanas Golomeev (Bulgária) 22,9

1977 Dražen Dalipagid (RSF da Jugoslávia) Kees Akerboom (Holanda) 27,0

1979 Mickey Berkowitz (Israel) Mieczysław Młynarski (Polónia) 26,6

1981 Valdis Valters (URSS) Mieczysław Młynarski (Polónia) 23,1

1983 1. Juan Antonio Corbalán (Espanha) Nikos Galis (Grécia) 33,0

1985 Arvydas Sabonis (URSS) Doron Jamchy (Israel) 28,1

1987 Nikos Galis (Grécia) Nikos Galis (Grécia) 37,0

1989 Dražen Petrovid (RSF da Jugoslávia) Nikos Galis (Grécia) 35,6

1991 Toni Kukoč (RSF da Jugoslávia) Nikos Galis (Grécia) 32,4

1993 Christian Welp (Alemanha) Sabahudin Bilalovid (Bósnia-Herzegovina) 24,6

1995 Šarūnas Marčiulionis (Lituânia) Šarūnas Marčiulionis (Lituânia) 22,5

1997 Aleksandar Đorđevid (RF da Jugoslávia) Oded Kattash (Israel) 22,0

1999 Gregor Fučka (Itália) Alberto Herreros (Espanha) 19,2

2001 Predrag Stojakovid (RF da Jugoslávia) Dirk Nowitzki (Alemanha) 28,7

2003 Šarūnas Jasikevičius (Lituânia) Paul Gasol (Espanha) 25,8

2005 Dirk Nowitzki (Alemanha) Dirk Nowitzki (Alemanha) 26,1

2007 Andrei Kirilenko (Rússia) Dirk Nowitzki (Alemanha) 24,0

Page 4: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

DÉCADA DE 30

Domínio Báltico nos primórdios da competição

Criada em 1932, a FIBA (acrónimo que designou até 1991 Fédération Internationale de

Basketball Amateur) conseguiu associar o basquetebol aos Jogos Olímpicos de 1936, estatuto

que ainda hoje mantém. Como forma de preparar as Olimpíadas, foi decidida a criação de um

Campeonato da Europa que teria lugar em 1935, na cidade de Genebra, primeira sede da

Federação Internacional.

Essa primeira edição contou com a presença da selecção de Portugal, que foi

derrotada pela congénere espanhola (33-12) no único jogo de qualificação que a prova teve,

facto curioso! Ainda mais pelo facto de o mesmo ter sido arbitrado pelo seleccionador

espanhol, Mariano Manent, tendo este sido inclusivamente elogiado pelos jogadores dos dois

conjuntos após o final da partida.

Com um formato, no mínimo, questionável, a primeira fase lá arrancou com dez

selecções, onde apenas três dos vencedores das suas eliminatórias garantiam presença nas

meias-finais, enquanto a Itália e a Suiça tiveram de disputar mais uma eliminatória. Nas meias-

finais, letões e espanhóis superaram, respectivamente, suíços e checoslovacos. A influência

dos americanos imigrados nos estados bálticos acabou por ser benéfica para a Letónia que

levou de vencida a Espanha na final por 24-18. O também futebolista Jānis Lidmanis e espanhol

Rafael Martin e o italiano Livio Franceschini (ao que tudo indica foi o melhor marcador do

torneio) foram os melhores jogadores da competição.

Dois ano depois (em 1937) foi a vez da Letónia receber o Campeonato, em virtude de

ter ganho a edição anterior, no entanto, e ao contrário do que aconteceu em Genebra, os

anfitriões não tinha pavilhões cobertos, pelo que os jogos foram disputados ao ar livre e num

piso de cimento. As oito selecções participantes foram divididas em dois grupos de quatro

equipas, num formato bem mais organizado, onde os dois primeiros de cada grupo se

qualificavam para as meias-finais. A selecção da Letónia, então campeã em título, não passou

da fase de grupos, enquanto a vizinha Lituânia, estreante em 1937, conseguiu derrotar tudo e

todos, incluindo a Itália do terrível jogador Livio Franceschini numa final decidida por um

ponto de diferença, 24-23 foi o resultado. Destaque ainda para a participação do Egipto,

autorizado pela FIBA Europe a entrar no Campeonato da Europa, numa decisão que abriu um

precedente que nem sempre foi benéfico para a competição.

Page 5: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

A jogar em casa, a selecção da Lituânia não desperdiçou a oportunidade e revalidou o

título europeu em 1939, antes de ser anexada pela URSS para enfrentar o grande conflito do

século. As oito equipas presentes foram colocadas todas no mesmo grupo, jogando todas

contra todas, naquele que foi considerado um péssimo sistema de competição.

As duas melhores selecções da altura eram a Lituânia e Letónia e não deixaram os

créditos por mãos alheias, acabando com o ouro e prata, respectivamente. O jogo disputado

entre as duas nações bálticas foi de grande tensão, o público da casa enchia o mítico Kaunas

Sports Hall para um encontro carregado de política causado pela iminente anexação russa. O

resultado foi de 37-36 no entanto os letões acusam os seus vizinhos de terem ganho à custo do

génio do “ilegal” Pranas Lubinas. Nascido nos EUA e campeão olímpicos em representação dos

States em 1936, Frank Lubin falsificou a sua identidade e tornou-se lituano, com o nome de

Pranas Lubinas, ajudando o seu novo país a conquistar mais um campeonato. A influência de

Pranas Lubinas (ou Frank Lubin) foi tão grande que ainda hoje o jogador e também treinador é

recordado com saudade na Lituânia, sendo igualmente conhecido como “O Pai do Basquetebol

da Lituânia”. A questão adulteração de passaportes era recorrente nesta época, no entanto as

sanções que a FIBA tinha previsto foram esquecidas devido à tensão provocado pela Segunda

Guerra Mundial.

GÉNIO. Lubin foi o herói da sua geração

Page 6: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

DÉCADA DE 40

Renascer após a Guerra

Os efeitos desastrosos provocados pela Segunda Guerra Mundial influenciaram a

realização de eventos desportivos durante a década de 40. O basquetebol não foi excepção,

muitos representantes de várias selecções integraram as forças armadas durante o conflito e

nunca mais voltaram a competir, para além do mapa da Europa ter mudado drasticamente. Os

campeões das três anteriores edições, Lituânia e Letónia, foram anexadas pela URSS que se

tornou a grande potência do basquetebol europeu, intercalando esse domínio com a

Jugoslávia.

A posição neutral da Suiça durante a Guerra levou os dirigentes da FIBA a escolherem

Genebra novamente como cidade anfitriã do Campeonato da Europa de 1946. As dez

selecções em prova foram organizadas em dois grupos de três equipas e um grupo de quatro.

De forma previsível, tendo em conta o baixo nível das outras nações, Hungria, Itália,

Checoslováquia e França atingiram as meias-finais de uma competição inesquecível. O italiano

Giuseppe Stefanini introduziu o lançamento em suspensão no jogo de basquetebol, gesto

elementar e fundamental nos dias de hoje. Para além deste feito, Genebra apadrinhou o

aparecimento do primeiro grande vulto da história do jogo, Ivan Mrázek. Este poste de 1,93 m

revolucionou e dominou o jogo interior até 1961, data em que apareceu Radivoj Korad. A

Checoslováquia acabaria mesmo por se sagrar campeã da Europa derrotando a Itália por 34-

32, na batalha entre as duas grandes figuras do campeonato.

A edição de 1947 mostrou uma URSS sem rival, que vulgarizou os seus adversários em

cada um dos seis jogos que disputou em terras checoslovacas. O número de nações envolvidas

aumentou para 14, que foram divididas em quatro grupos na primeira fase e em dois de

quatro equipas cada na segunda fase. Os vencedores de cada um dos grupos da segunda fase

disputaram a final da competição e os segundos classificados lutaram pela medalha de bronze.

A diferença média de 25 pontos por jogo atesta bem a superioridade soviética, que

contava com jogadores como Otar Korkiya, Stepas Butautas (pai de Ramūnas, treinador da

Lituânia) e ainda Joann Lõssov. Nem a equipa da casa, a Checoslováquia, conseguiu deter o

poder da URSS que venceu o jogo decisivo por 56-37, arrecadando a primeira de 14 medalhas

de ouro da sua história. Paralelamente, a Europa foi surpreendida pela selecção africana do

Egipto que venceu seis dos sete jogos que disputou, terminando com a medalha de bronze.

Page 7: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

Em 1949, a URSS recusou acolher o Campeonato da Europa, apesar das regras da FIBA

Europe preverem que o último campeão seja o país organizador. Assim sendo, e após a nega

da Checoslováquia, que não estava interessada em receber o torneio duas vezes consecutivas,

o Campeonato da Europa mudou… de continente! Sim, isso mesmo, o Egipto, medalha de

bronze em 1947, aceitou o convite e foi o anfitrião de um campeonato completamente

descaracterizado. A necessidade de viajar de avião, que para além de ser caro não era muito

seguro (nesse mesmo ano, a equipa de futebol do Torino foi vitima de um trágico acidente de

avião), afastou as melhores selecções da Europa, sendo o velho continente representado por

apenas quatro países, França, Holanda, Turquia e Grécia. A Síria e o Líbano, para além do

Egipto, completavam o elenco pobre com apenas sete selecções, de três continentes. Foi uma

espécie de Taça de Mundo (!) que antecedeu a criação do Mundial, que aconteceu um ano

depois.

À imagem do que acontecera em 1939, o formato voltou a ser uma mini-liga entre os

sete países, mesmo depois da insatisfação que esse sistema tinha causado. Abdel Ismail, Walid

Saleh e Gabriel Catafago foram as principais figuras da selecção egípcia que conseguiu a vitória

no torneio, deixando para trás a competitiva França. A Grécia, na altura com pouco expressão

basquetebolística, terminou mesmo assim com a medalha de bronze.

JUMP SHOT. Otar Korkiya (URSS) em busca do gesto perfeito.

Page 8: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

DÉCADA DE 50

Hegemonia Soviética

O número de títulos conquistados pela URSS durante as décadas de 50 e 60 foi de tal

forma avassalador que chegou ameaçou a própria competição, sem qual a qual o desporto não

pode viver. As características físicas dos seus jogadores aliadas às inovadoras técnicas de

treino transformaram a URSS num adversário sem rival. A década de 50 marcou ainda a

estabilização do número de selecções participantes e do sistema de competição baseado numa

fase final sem eliminatórias, que caiu em desuso com o passar dos anos.

Em 1951, a França acolheu o EuroBasket no Vélodrome d'hiver, emblemático recinto

fechado da cidade de Paris, com capacidade para 12.000 espectadores. Portugal participou

pela primeira vez no EuroBasket, terminando em 15º num total de 18 países, com três vitórias

em oito jogos. Noutro nível estava a URSS, liderada por Stepas Butautas e Otar Korkiya, não

deu hipóteses à concorrência e venceu todos os jogos das duas fases de grupos e ainda mais

dois, a meia-final contra a Bulgária e a final frente à Checoslováquia, por 44-43, no único jogo

em que os soviéticos foram postos à prova.

Em 1953, Moscovo recebeu a fase final do Campeonato da Europa, acolhendo os jogos

no Estádio Municipal que chegou a albergar 35.000 pessoas em alguns jogos da URSS. O

formato da competição, que envolveu 17 selecções, mudou ligeiramente em relação ao da

edição anterior, desta feita não houve fase de eliminatórias.

Mais uma vez, os soviéticos ganharam com toda a tranquilidade outro Campeonato da

Europa, vencendo, em média, cada um dos dez jogos que disputou por uma diferença de 32

pontos! Anatoly Konev e Otar Korkiya (quem mais podia ser!) foram as grandes figuras desta

selecção da URSS e do próprio campeonato. A Hungria ficou com a prata e a Checoslováquia

com o bronze.

A medalha de prata conquistada em Moscovo foi um trunfo para a Hungria organizar

em 1955 o Campeonato da Europa, na capital Budapeste, local onde a selecção húngara se

imortalizou perante os seus milhares de fãs. A introdução do tempo de ataque de 30 segundos

revolucionou completamente a abordagem dos treinadores ao jogo, que passaram a privilegiar

ataques rápidos em vez de um jogo demasiado pensado, por vezes enfadonho.

Após uma fase de grupos sem surpresas, em que soviéticos, húngaros e checoslovacos

venceram todos os seus jogos, a fase final era ansiosamente esperada pelos adeptos da casa.

Page 9: HistóRia Do Euro Basket33

HÉROIS NACIONAIS. A selecção húngara exibe o troféu conquistado em 1955

HISTÓRIA DO EUROBASKET

Quem começou melhor foi a União Soviética,

vencendo os seus três primeiros jogos e

aumentando para 41 a série de invencibilidade. No

entanto, a Checoslováquia do genial Miroslav Skerik

causou uma das maiores surpresas da história dos

Campeonatos da Europa, derrotando os gigantes

soviéticos por 81-74 e acabando com o seu estatuto

de intocáveis. Três dias depois foi a vez a Hungria

derrotar a URSS por 68-82 e se assumir como líder

do grupo quando lhe faltava apenas um jogo, apenas uma vitória para se coroar campeã da

Europa. Os húngaros vencerem mesmo a Roménia e passaram a ser considerados verdadeiros

heróis nacionais, destaque para János Greminger, László Hódy e Tibor Zsiros.

Desapontados com a medalha de bronze de 1955, os soviéticos apresentaram-se na

capital da Bulgária com mais uma excelente selecção, encabeçada por Viktor Zubkov e Stasys

Stonkus. Os anfitriões tinham também um excelente elenco em 1957, com jogadores como Ilija

Mirchev, Tsvetko Savov ou Georgi Panov, que faziam sonhar os entusiastas adeptos búlgaros

que enchiam constantemente o Estádio Nacional Vasil Levski para apoiar o seu país. Chegadas

à fase final, a Bulgária, a URSS, a Hungria e a Checoslováquia eram os únicos candidatos ao

título. Contudo, o último dia de competição reservou um Bulgária-URSS, que decidia o

campeonato uma vez que os dois países chegaram ao derradeiro jogo sem qualquer derrota.

No final a vitória sorriu aos russos que venceram por 57-60, perante a desilusão dos 48.000

espectadores da Bulgária. Checoslováquia completou o pódio.

O Campeonato da Europa de Istanbul em 1959 foi último a ser realizado ao ar livre,

após a FIBA ter decidido que a existência de recintos cobertos era a partir daquela data um

requisito obrigatório. Foi também a penúltima edição do EuroBasket decidida sem

eliminatórias, a última aconteceu em 1975. O sistema de competição utilizado envolveu ainda

mais fase de grupos do que o habitual, forem três no total. A URSS não teve, desta feita, que se

preocupar com a selecção da casa que saiu de cena logo na primeira fase de grupos. Os

grandes adversários dos soviéticos voltaram a ser a Hungria, Bulgária, Checoslováquia e

França, que mesmo assim não conseguiram superar a colossal selecção do Norte da Europa,

que contou mais uma vez com o melhor de Viktor Zubkov e com altura (2,14 m) de Ianis

Krouminch.

Page 10: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

DÉCADA DE 60

União Soviética, uma máquina de vitórias

A década de 60 é usualmente designada como sendo o início da era moderna do

basquetebol. Até então, as selecções participantes no Campeonato Europa eram escolhidas

com base numa inscrição a que se tinham de submeter, no entanto o número de países

interessados em participar aumentava a cada edição, o que levou a FIBA Europe a criar uma

fase de qualificação para determinar as 16 vagas. Para além desta introdução, em 1963, foi

pela primeira vez designado um MVP, leia-se, melhor jogador do campeonato e em 1965, a

União Soviética inovou ao escolher duas cidades para acolher os jogos desse Campeonato da

Europa. Dois anos depois na Finlândia, o Campeonato da Europa foi pela primeira vez

transmitido pela televisão.

Paralelamente às inovações tecnológicas, os soviéticos continuavam o seu domínio

pela Europa do basquetebol, que teve como expoente máximo os anos 60, quer ao nível da

selecção (cinco campeonatos europeus em outras tantas edições) quer ao nível de clubes, com

os sucessos internacionais do ASK Riga, CSKA Moscow e

Dinamo Tbilisi.

O Campeonato da Europa de 1961 marcou a

entrada em cena do histórico Alexander Gomelsky para

o comando técnico da União Soviética. Durante

praticamente três décadas, Gomelsky bateu-se com

ferozes rivais dos Balcãs como Aleksandar Nikolid, Ranko

Žeravica ou Mirko Novosel, tendo levado muitas vezes a

melhor. O seu estilo de jogo pressionante e de

constante rotação de jogadores tornou a sua selecção

praticamente invencível durante a década de 60. A

ganhar desde 1957 de forma consecutiva, a União

Soviética prolongou em 1961 a sua série de sucessos, potenciada por Viktor Zubkov e pelo

virtuoso base de origem arménia, Armenak Alachachian, não dando hipóteses à talentosa

selecção jugoslava, vergada na final por escassos sete pontos, perante os 12.000 espectadores

que enchiam o Beogradski Sajam em Belgrado. Nos balcânicos brilhavam jogadores como

Radivoj Korad e Ivo Daneu, que nunca chegaram a ganhar um Campeonato da Europa.

MESTRE. Gomelsky é, ainda hoje, um exemplo a seguir

Page 11: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

Organizado na Polónia, o Campeonato da Europa de 1963 proporcionou aos anfitriões

o seu melhor resultado de sempre, uma medalha de prata. Mais uma vez, a URSS venceu todos

os seus jogos, incluindo uma vitória por 40 pontos sobre a rival Checoslováquia. Os polacos

podem orgulhar-se da magnífica campanha, principalmente da vitória sobre a fortíssima

Jugoslávia na meia-final por 72-83,onde Mieczysław Łopatka e Zbigniew Dregier brilharam. Do

lado soviético, Ianis Krouminch e o Gennadi Volnov foram os que mais se destacaram, no

entanto o primeiro prémio de MVP foi entregue ao espanhol Emiliano Rodríguez.

Doze anos depois, o Europeu voltou à União Soviética, naquilo que foi mais um passeio

da superioridade soviético até ao dia em que defrontaram a Jugoslávia, na mais do que

esperada final. Novamente, Gomelsky levou a melhor sobre Nikolid, lançando mais uma grande

estrela do basquetebol europeu, Modestas Paulauskas, na altura com 20 anos, mostrou uma

capacidade de drible e um trabalho de pés pouco comuns para época. Resultado: foi eleito

MVP na edição de 1965!

O Europeu de Helsínquia em 1967 foi o primeiro a ser televisionado para toda a

Europa, marcando um ponto de viragem no basquetebol. A URSS a vencer de forma

concludente todos os seus jogos da primeira fase. Na meia-final, a União Soviética defrontou e

devastou a Polónia, tendo vencido por 40 pontos de diferença, mostrando um poderio que

parecia roçar a perfeição e que nem a Checoslováquia conseguiu deter no jogo da final, apesar

do equilíbrio que os números demonstram (77-89). Jiří Zedníček foi eleito o MVP da

competição deixando para trás a concorrência soviética. Pela primeira na história, a

organização elegeu um cinco ideal do Europeu que contou com Modestas Paulauskas (URSS),

Mieczysław Łopatka (Polónia), Jorma Pilkevaara (Finlândia), Anatoli Polivoda (URSS) e Emiliano

Rodríguez (Espanha).

Criticado em 1967 após o nono lugar de Helsínquia, Ranko Žeravica foi elevado à

condição de herói depois da medalha de parta nos Jogos de 1968 e da vitória sobre a União

Soviética na fase de grupos do EuroBasket de 1969 em Itália. O jovem Krešimir Dosid ajudou

com os seus 20 pontos nesse jogo a por um ponto final à série de 55 vitórias da URSS em

Campeonatos da Europa, périplo iniciado em 1957. Esta derrota não atemorizou os soviéticos

que acabaram por se vingar e derrotar a Jugoslávia na grande final. Mais uma vez, este êxito

teve o dedo de Gomelsky, que colocou o veterano Gennadi Volnov a defender o irreverente

Dosid, limitando-o a apenas 6 pontos nesse jogo. Os jovens Modestas Paulauskas e Sergei

Belov (MVP da edição e considerado por muitos como o melhor jogador europeu de sempre)

foram os rostos da sétima medalha de ouro consecutiva.

Page 12: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

DÉCADA DE 70

Jugoslávia vs. URSS

Os anos 70 e 80 marcaram um domínio repartido entre a Jugoslávia e URSS, apenas

interrompido pelo colapso destes dois grandes impérios, que são ainda hoje são os países com

mais títulos europeus. O desenvolvimento do basquetebol por toda a Europa proporcionou o

aparecimento de outros países, que não os de leste, na luta pelas medalhas, exemplos da

Espanha, Itália, Israel e Holanda.

A edição de 1971 do Campeonato da Europa coroou a URSS e a sua magnífica série de

oito medalhas de ouro consecutivas, feito que dificilmente será alcançado tem em conta a

conjuntura actual. A República Federal da Alemanha assistiu a mais uma intensa disputa entre

Jugoslávia, sem Korad e Daneu, e União Soviética e ao confronto entre Vladimir Kondrashin

(sucessor de Gomelsky) e Ranko Žeravica. O estreante soviético acabou o trabalho do seu

antecessor e conquistou a oitavo medalha de ouro consecutiva. À imagem do que Gomelsky

fez no passado, Kondrashin também preparou uma defesa especial para Krešimir Dosid,

atribuindo esse papel a Alzhan Zharmukhamedov que condicionou o jugoslavo a uma

percentagem de 15% em lançamentos de campo. Apesar da miserável exibição na final,

Krešimir Dosid foi eleito o MVP do torneio, superando, neste particular, Modestas Paulauskas.

Após três medalhas de prata no EuroBasket e um título mundial em 1970, Žeravica

abandonou a selecção jugoslava sendo Mirko Novosel o escolhido para o substituir. Com o

novo técnico no comando, a sorte da Jugoslávia nos Campeonatos da Europa mudou

definitivamente, passando de eterno segundo a tricampeão europeu (1973, 1975 e 1977). A

magnífica geração jugoslava pôs fim ao reinado da URSS, que jamais se conseguiu impor de

forma tão dominadora como havia feito no passado.

No Campeonato de 1973, organizado pela Espanha, a Jugoslávia surgiu de equipa

renovada, para além do novo treinador, Dražen Dalipagid e Dragan Kidanovid estreavam-se em

grandes competições. Após uma primeira fase sem surpresas, chegaram as meias-finais, onde

inesperadamente a União Soviética foi derrotada pela… Espanha do naturalizado de origem

norte-americana Wayne Brabender. A Jugoslávia, que tinha vencido a Checoslováquia na fase

anterior, ficou assim com a tarefa facilitada e não vacilou, derrotando a Espanha no jogo da

final, que significou o primeiro título da sua história. Mais uma vez, o prémio de MVP não foi

entregue a um dos campeões europeus, mas antes a Wayne Brabender.

Page 13: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

A jogar em casa, a Jugoslávia apresentou em

1975 uma autêntica equipa de sonho, à qual Novosel

juntou ainda o jovem base Mirza Delibašid. O novo

Pionir Hall recebeu a fase final da competição, onde

a Jugoslávia e a URSS chegaram invictas. O

calendário reservava um confronto no último dia da

competição, já a prever que o título se podia decidir

no último jogo da fase final. Assim aconteceu,

soviéticos e jugoslavos chegaram à quinta e

derradeira jornada com quatro vitórias cada e com a

medalha de prata já garantida. O troféu acabou nas

mãos dos jugoslavos mas, mais do que isso, importa

destacar o admirável espectáculo que ambas as

selecções proporcionaram. Uns (os soviéticos)

liderados por um Sergei Belov na plenitude das suas capacidades e outros por um quarteto

fantástico formado pelo experiente Dosid (novamente eleito MVP) e pelos jovens Dalipagid,

Kidanovid e Delibašid, o resultado foi um 90-84 (incrível resultado para a época) para gáudio

dos efervescentes adeptos dos Balcãs.

Em 1977, o Campeonato da Europa, organizado pela Bélgica, marcou o regresso de

Alexander Gomelsky ao comando da URSS e de Aleksandar Nikolid ao banco da Jugoslávia, a

fazer lembrar os duelos entre ambos durante a década de 60. No entanto, desta feita Nikolid

conseguiu finalmente superiorizar-se a Gomelsky, levando a Jugoslávia ao seu terceiro título

consecutivo. Ao contrário do que normalmente sucedia, tanto a União Soviética como a

Jugoslávia foram derrotadas na fase de grupos pela Itália (com Dino Meneghin, Pierluigi

Marzorati e Carlo Recalcati) e Checoslováquia, respectivamente. Contudo, acabaram por

chegar à final, onde Dražen Dalipagid (MVP) e Dragan Kidanovid dominaram perante a oposição

de Tkatchenko e Belov.

O Campeonato de 1979 em Itália foi uma demonstração de força por parte a União

Soviética, quando todos pensavam que tinha perdido o hábito de vitória, os comandados de

Gomelsky deram uma prova cabal da sua capacidade. Liderados pelos veteranos Belov e

Zharmukhamedov e pelos talentosos Tarakanov e Tkatchenko, a URSS dominou a competição

e venceu de forma esclarecedora a geração de ouro de Israel por 98-76. O atirador israelita

Miki Berkovich foi eleito o MVP do torneio.

ÚNICO. Dosid foi eleito por duas vezes MVP do EuroBasket, feito único até aos dias de hoje

Page 14: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

DÉCADA DE 80

Gerações de Ouro

A década de 80 foi marcante pelo aparecimento de alguns dos melhores jogadores da

história do jogo. Dražen Petrovid, Arvydas Sabonis, Nikos Galis, Juan Antonio Corbalán,

Antonello Riva ou Valdis Valters fazem parte dessa restrito lote de jogadores, que fez muitos

aclamarem a década de 80 como a melhor de sempre. A excelência do basquetebol europeu

foi pela primeira vez alvo de atenção por parte da NBA que durante os anos 80 começou a

recrutar jogadores estrangeiros para as suas equipas. A introdução da linha de 3 pontos no

basquetebol trouxe novas tendências ao nível da organização ofensiva das equipas, tal como

tinha acontecido quando surgiu a restrição ao tempo de ataque em meados da década de 50.

Pela segunda vez em 46 anos, a Checoslováquia foi escolhida para organizar o

Campeonato da Europa. A primeira aconteceu em 1947 após terem sido campeões da Europa

um ano antes. O sorteio colocou Jugoslávia e URSS no mesmo grupo durante a primeira fase,

naquilo que seria um aquecimento para a final que os dois conjuntos viriam a disputar alguns

dias depois. Quer num quer noutro jogo, a vitória foi alcançada pela União Soviética, onde

despontava um dos melhores bases europeus de sempre e MVP desta edição de 1981, Valdis

Valters. A Jugoslávia, orientada por um jovem Tanjevid, manteve o núcleo duro onde

permanecia o veterano Dosid, não conseguindo acompanhar a evolução e aparecimento de

novos jogadores da URSS.

O EuroBasket de 1983 em França acolheu o prémio êxito de um país do Sul da Europa,

após praticamente meio século de domínio do norte e leste europeu. A Itália e a Espanha

disputaram uma final pouco esperada tendo em conta a grande selecção da URSS de Gomelsky

e o aparecimento do genial Dražen Petrovid na selecção da Jugoslávia desta vez orientada por

Josip Đerđa. A Itália chegou à final após derrotar a surpreendente Holanda, enquanto a

Espanha eliminou a União Soviética após um encontro impróprio para cardíacos (95-94), onde

Juan Antonio San Epifanio, Fernando Martín e Cándido Sibilio se consagraram como estrelas da

Roja. Na final, os italianos liderados por Renato Villalta, Enrico Gilardi e Romeo Sacchetti

sagraram-se campeões europeus pela primeira vez na sua história derrotando por 105-96 uma

selecção de Espanha recheada de estrelas (a medalha de prata nos Jogos de 1984 é prova

disso), que incluía o MVP do EuroBasket, Juan Antonio Corbalán. Destaque ainda para os 33

pontos por jogo que Nikos Galis conseguiu em representação da Grécia.

Page 15: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

A saída de Gomelsky não impediu a consagração daquela que é considerada a melhor

selecção soviética de todos os tempos na RFA no ano de 1985. De Sabonis, de origem lituana a

Volkov, de origem ucraniana, esta equipa era uma

autêntica sociedade das nações, onde estavam

representadas seis repúblicas soviéticas. Orientada

por Vladimir Obukhov, a União Soviética perdeu

apenas um jogo, de novo com a Espanha ainda

durante a fase de grupos, rectificando esse mau

momento com vitórias expressivas sobre a Bulgária

(nos quartos-de-final), Itália (nas meias-finais) e

contra a Checoslováquia na grande final. Esta foi a 14ª e última medalha de ouro da União

Soviética, no entanto a pesada herança deixada pelo Behemoth soviético jamais será

esquecida e muito dificilmente igualada. O festival de ataque proporcionado pela URSS

encantou a Europa, registando uma média de 106,3 pontos por jogo, para a qual Arvydas

Sabonis (MVP em 1985), Valdis Valters e Rimas Kurtinaitis muito contribuíram.

O Campeonato Europeu de 1987 é considerado como um dos melhores de sempre,

aquele onde a imprevisibilidade mais esteve presente. A Grécia após se ter qualificado na

quarta posição do seu grupo nada fazia prever o que acabou por acontecer. Nos quartos-de-

final eliminou a Itália de Riva, nas meias-finais foi a vez da super-talentosa selecção da

Jugoslávia, orientada por Krešimir Dosid ser afastada e na final derrotou a União Soviética, na

mais emocionante final da história do EuroBasket. Foi este o trajecto da Grécia até ao título no

Pavilhão Paz e Amizade de Atenas, apenas possível com um jogador como Nikos Galis, que

marcou nada mais, nada menos do que 37 pontos por partida, sendo obviamente distinguido

com o prémio de MVP.

O último Europeu da década de 80 marcou o regresso aos títulos da Jugoslávia,

conquistado a jogar em Zagreb. Sob o comando de Dušan Ivkovid, a Jugoslávia apresentou uma

selecção tão boa ou até melhor (dizia Dražen Petrovid antes da competição começar!) do que a

da União Soviética em 1985. No entanto, a Jugoslávia teria de provar esse estatuto em campo

e fê-lo com distinção. Com um cinco inicial de sonho constituído por Dražen Petrovid, Žarko

Paspalj, Vlade Divac, Dino Rađa e Jure Zdovc, a Jugoslávia tinha ainda no banco jogadores

como Predrag Danilovid, Stojan Vrankovid, Toni Kukoč, que lhe permitiam uma intensidade de

jogo que a Grécia de Galis, Giannakis e Fassoulas não conseguiu aguentar no jogo da final (98-

77).

DREAM TEAM. Os argumentos ofensivos dos soviéticos encantaram a Europa em 1985.

Page 16: HistóRia Do Euro Basket33

HISTÓRIA DO EUROBASKET

DÉCADA DE 90