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Traduções de Zamenhof: no limiar do futuro! Pequeno ensaio sobre as traduções de Zamenhof dentro do contexto dos movimentos literários mundiais Zamenhof foi o precursor do esperanto, autor de ‘inkunabloj’ 1 , de obras do período inicial da língua, antes do florescimento literário propriamente dito... Nada mais errado!!! Essa interpretação falsa, forçada, que tenta tirar de Zamenhof sua autoridade lingüística incontestável sobre o esperanto, sua modernidade ou contemporaneidade, é uma falácia nascida dentro do próprio movimento esperantista, usada por autores desavisados, ou mesmo deslumbrados consigo mesmos —já que pretendem ‘evoluir’ 2 o esperanto—, que tentam ‘vendê-la’ aos esperantistas em geral. A fim de combater essas idéias falsas, sem querer somente levantar polêmica, ao contrário, querendo didaticamente recolocar a obra de Zamenhof em seu devido lugar 3 , este pequeno ensaio visa confrontar o período de vida de 1 1

Zamenhof no limiar do futuro final 1.0

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Traduções de Zamenhof: no limiar do futuro! Pequeno ensaio sobre as traduções de Zamenhof dentro do contexto dos movimentos literários mundiais

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Traduções de Zamenhof: no limiar do futuro!

Pequeno ensaio sobre as traduções de

Zamenhof dentro do contexto dos movimentos literários mundiais

Zamenhof foi o precursor do esperanto, autor de ‘inkunabloj’1, de obras do período inicial da língua, antes do

florescimento literário propriamente dito... Nada mais errado!!! Essa interpretação falsa, forçada, que tenta tirar de Zamenhof sua autoridade lingüística incontestável sobre o esperanto, sua modernidade ou contemporaneidade, é uma falácia nascida dentro do próprio movimento esperantista, usada por autores desavisados, ou mesmo deslumbrados consigo mesmos —já que pretendem ‘evoluir’2 o esperanto—, que tentam ‘vendê-la’ aos esperantistas em geral. A fim de combater essas idéias falsas, sem querer somente levantar polêmica, ao contrário, querendo didaticamente recolocar a obra de Zamenhof em seu devido lugar3, este pequeno ensaio visa confrontar o período de vida de

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Zamenhof com alguns movimentos literários de sua época, atestando sua modernidade, além de permitir situar suas traduções no contexto de textos e autores mais conhecidos da literatura mundial.

Nota 1: Livro medieval impresso.

Nota 2: Esse 'evoluir' significa de fato modificar a essência da língua, p.ex. acrescentando regras gramaticais desnecessárias (a Plena Gramatiko/ Gramática Completa é exatamente isso —completa!—) e usando imensa quantidade de neologismos dispensáveis ao invés de compostos (mais próprios ao idioma, à sua necessidade de economia vocabular para ser um instrumento eficiente como segunda língua de todo habitante do Planeta Terra).

Nota 3: A obra de Zamenhof é a fonte e essência mesma do esperanto, a língua internacional por excelência segundo o projeto original de Zamenhof, que nasceu moderna e não é um projeto, é uma língua pronta, com suas características próprias, modelarmente usada por Zamenhof em sua obra significativa de traduções e originais—

Zamenhof é a essência do esperanto, como língua e como movimento. Foi Zamenhof quem definiu o que é e como funciona a Língua Internacional, e sua vida e obra se inserem num

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contexto moderno4, das origens mesmas do nosso mundo contemporâneo. Mas, infelizmente, principalmente a partir da década de 70, vários autores esperantistas, bastante difundidos até, têm escrito

muito, em quantidade, mas sem qualidade, adentrando-se por caminhos pessoalistas, com arroubos de ‘evoluir’ o esperanto, é certo, mas de fato desvirtuando a língua internacional e seus objetivos, conforme definidos por Zamenhof no Fundamento de Esperanto e em suas demais obras. Grosso modo, a língua internacional tem um sistema aglutinante de criação de novos vocábulos —não podemos simplesmente abarrotar a língua com neologismos—, e regras gramaticais definidas pela Plena Gramatiko —não podemos inventar regras à vontade do freguês (em língua nenhuma!)—, num sistema lingüístico único no Planeta, que permite o acesso de todas as camadas da sociedade tanto à linguagem cotidiana quanto ao vernáculo da língua. É claro que todos têm direito à sua opinião

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—e continuam com esse direito, mesmo com as considerações contrárias feitas por outros—, mas será que, à mercê dos gurus de ocasião, o esperanto vai se tornar uma multiplicidade de dialetos, sem unidade? Será que a língua vai se emaranhar nos caminhos dos ‘preciosismos’ —gramática e vocabulário raros e rebuscados—, dos ‘modismos’ —usos copiando essa ou aquela língua nacional, ou mesmo ‘criações’ (invenções) pessoais—, dos ‘modernismos’ —mudanças visando a ‘(pseudo-)evolução’ da língua—? Ou se complicar, também, devido a supostas necessidades da ‘linguagem poética’ e outras desculpas mais —sempre mudanças e mais mudanças, novidades e mais novidades fora do padrão estabelecido por Zamenhof—, como querem os autores do PIV5, da PAG5, e muitos, mas muitos outros moderninhos —num nível de dificuldade e complexidade vocabulares

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e gramaticias crescentes e completamente inúteis, pra não dizer grandemente prejudiciais, pois ao final eles somente transpõem ao esperanto os excessos e complicações das línguas nacionais—?

Ou será que a coisa é assim mesmo: a partir de sua ‘popularização’, o esperanto estará sujeito a interpretações as mais diversas, ao uso por indivíduos e grupos os mais diversos, que poderão estar interessados mais em modismos, idéias particulares, preciosimos, modernismos, enfim, em caprichos pessoais e querer fazer escola ao invés de estudar a fundo a língua nos seus fundamentos, nas suas aplicações de instrumento eficiente de comunicação entre todas as camadas da sociedade, de todos os povos, de todas as culturas do Planeta Terra —e isso, em todos os tempos, passados e futuros—? Acho que esta última alternativa é a correta: tudo o que vai parar nas mãos da Humanidade, tudo o que se vulgariza, sofre com os desejos, peculiaridades, arbítrios e descaminhos dessa mesma Humanidade.

Nota 4: Observação didática (i): estou usando o termo 'moderno' para me referir ao mundo atual, contemporâneo, e não à Idade Moderna, com término em 1800 (1789, Revolução Francesa).

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Nota 5: PIV: Plena Ilustrita Vortaro, PAG: Plena Analiza Gramatiko. Estas obras, ao invés de 'evoluir' o esperanto, acabam transpondo ao mesmo os excessos e complexidades das línguas nacionais. Mas, da mesma forma como temos profetas pra tudo nesse mundo —e cada um vai escolher seu guru particular de acordo

com seus pendores—, esse texto se insere num contexto de volta às origens, estudando, usando e ensinando ou divulgando o esperanto segundo a idéia original do gênio Zamenhof. É um 'alerta didático' para que saibamos o caminho a seguir no aprendizado e uso do esperanto original, autêntico, verdadeiramente internacional. Assim, havendo estudado o esperanto original, segundo o padrão fornecido pelas traduções-

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modelo de Zamenhof, indivíduos com formação diversa, p.ex. um simples turista, um homem de negócios, um tecnólogo, um médico, das mais diversas procedências, quando em viagem a um país estrangeiro (ou mesmo pela Internet) poderão conversar entre si, e com pessoas as mais diversas, no aeroporto, nos centros de informação turística, nos restaurantes, no comércio, na rua, num hospital. Isso porque estarão seguindo um padrão, uma norma verdadeiramente internacional, fornecida pelas regras da Plena(!) Gramatiko, pelos vocábulos fundamentais do Universala Vortaro e compostos formados com estes, e pelo exemplos vivos e bem desenvolvidos de literatura da Fundamenta Krestomatio, das Fabeloj de Andersen, de Marta etc. (para iniciantes: Ekzercaro), que permitem a todos os indivíduos falantes do esperanto —de todas as classe sociais, de todos os povos— o acesso às nuances da língua, aos detalhes da fala —dentro da unidade da língua—, sem ter que passar décadas estudando preciosismos de gramática e vocabulário ciclópico e complicado. Isso posto, vamos ao trabalho: mostrar o mundo literário onde Zamenhof se insere, e as

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Fundamento de Esperanto

Deklaracio de Bulonjo-sur-maro

Lingvaj Respondoj

La Esperantisto

Artikoloj/Tezoj

Originalajhoj/Broshuroj

Fundamenta Krestomatio

Proverbaro Esperanta

Fabeloj de Andersen

Hamleto

Georgo Dandin

Ifigenio en Taurido

La Batalo de l’ vivo

La Rabeno de Bahharahh

La Gimnazio

La Rabistoj

La Revizoro

Marta

Malnova Testamento

escolhas literárias de Zamenhof para suas traduções-modelo do esperanto. Vem, agora, uma pergunta: você já leu a Fundamenta Krestomatio? La Batalo de l’ Vivo? Hamleto? Marta? Fabeloj de Andersen? Se não, eis uma sugestão: assim que acabar de ler esse pequeno ensaio, não pare, continue e leia as obras de Zamenhof (Fig. 5). Ou melhor, estude-as com atenção: leia, anote o vocabulário desconhecido ou interessante, faça frases que você usaria com esse vocabulário, revise de tempos em tempos. Mas preste atenção principalmente nos compostos, naquele pequeno prefixo ou sufixo, ou mesmo radical usado como prefixo, que fazem toda a diferença nos textos em esperanto —ekkrii: começar a

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gritar, i.e. exclamar; elteni: ‘segurar de dentro’, isto é, suportar; resopiro: suspiro, anelo repetido, i.e., saudade—, num sistema de palavras compostas que permite traduzir um texto a partir da língua original com todas suas nuances sem ter que introduzir na língua toneladas de neologismos. Através dessas leituras de Zamenhof você vai mergulhar pessoalmente nesse mundo fantástico da literatura em esperanto original, autêntico, que nos traz diretamente dos originais as idéias, a trama, os detalhes pretendidos pelo autor —sem complicações—.

Agora, mesmo sem ter lido todas essas obras vamos, inicialmente, colocar o tempo de vida de Zamenhof no contexto literário mundial. Para isso, vamos utilizar um quadro sinóptico dos movimentos literários, em inglês, disponível na internet (www.online-literature.com/periods/ timeline.php), repetido ao final deste texto. Por que em inglês? De fato, poderia ser em qualquer língua, já que o esperanto é um meio de comunicação entre todas as culturas do Planeta, e, portanto, se insere em qualquer contexto. E não escolhi exatamente o inglês, escohi esse quadro, por sua disposição, com uma escala de tempo e indicações dos movimentos em cores, com alguns autores e obras bem

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6 (Figura repetida de maneira mais clara ao final)

conhecidos, o que é bem didático, bem adequado para os objetivos deste texto. (Mesmo se você não souber inglês, certamente

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poderá identificar movimentos e autores/obras por analogia com o português.)

Observemos, então, que o tempo de vida de Zamenhof (1859-1917) se situa numa época que poderíamos considerar como o limiar, o marco inicial do nosso mundo moderno, ou melhor, contemporâneo6: o século XIX7. De fato, a partir de 1800 —de acordo com as datas para os movimentos nos países de língua inglesa8—, logo após o Iluminismo (1700-1800), a Europa começa a experimentar não somente a alternância de movimentos importantes, como foram o Renascimento, o Iluminismo, o Romantismo, que se sucediam, mas agora a cultura européia —e o mundo intelectual que a segue— experimenta uma multiplicidade de movimentos simultâneos. Assim, enquanto o Romantismo (iniciado em 1800) mostra sua força, o Realismo aparece (1820), e logo em seguida a era Vitoriana (1837), o Existencialismo (1850), Naturalismo (1870) e outros. Obviamente temos outros movimentos literários, outras datas e especificidades através do Planeta, mas esses movimentos europeus são os que mais nos interessam por estarem no contexto social e histórico de Zamenhof. Nesse contexto, durante a infância de Zamenhof (1859-1870), o

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Romantismo deixa de ter adeptos (produção) importantes, mas o Realismo, a era Vitoriana, o Existencialismo estão em pleno desenvolvimento. E vão continuar até os últimos dias de Zamenhof (a era Vitoriana, aqui considerada em seu aspecto de movimento literário, deixa de ter produção considerável um pouco antes, em 1900).

Nota 6: Observação didática (ii): a Idade Moderna termina com a Revolução Francesa, em 1789, quando começa a Idade Contemporânea. V. nota 4.

Nota 7: Para ser mais preciso, a grande variedade de movimentos literários simultâneos a que irei me referir se situa a partir de 1830 ou 1840, com o início da era Vitoriana e o Transcedentalismo, e vai até aproximadamente 1920, com o fim ('oficial') do Realismo e do Naturalismo, ou seja, grande parte do século XIX e comecinho do século XX. Mas considero que o marco mais importante é de fato o século XIX, referência de muitas mudanças que têm efeito sobre nosso mundo atual, e que continuam, adentram-se pelo século XX e XXI. Zamenhof viveu bem no meio desse burburinho de novas idéias!

Nota 8: Observação didática (iii): As datas de início e término de um determinado movimento literário mudam sensivelmente de acordo com os

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7 Exposição Paris 1889.

países, dependendo da época em que autores desse país tenham aderido a esse ou aquele movimento, lançado em outras terras.

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Ou seja, Zamenhof viveu num mundo em intensa transformação —o século XIX (e início do século XX)—, cheio de novas idéias, dentro do qual as artes e as ciências se modificaram intensamente, em grau nunca antes visto na história da Humanidade, onde os movimentos literários não se sucediam simplesmente, mas se multiplicavam. As idéias não só da literatura, mas da ciência, desenvolvidas no século XIX, são o limiar do mundo atual, sua origem. São a essência do futuro da Humanidade, que —hoje— é uma continuidade de idéias e tecnologias lançadas em grande quantidade no século XIX —muitas lançadas anteriormente, é certo, mas concretizadas ou finalmente desenvolvidas a partir do século XIX—. As obras de autores que viveram nessa época, e até mesmo suas correntes literárias, continuam a influenciar o mundo até hoje, em pleno século XXI, que em muitas áreas nada mais é que uma continuação da idéias efervescentes e revolucionárias do século XIX —entre elas a concretização dos antigos ideais de língua internacional, tornados realidade pelo gênio lingüístico de Zamenhof—. Mas, voltemos às idéia literárias. Após nos

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8 Primeiro vôo do mais pesado que o ar: em 1906, avião 14-bis de Santos Dumont.

darmos conta, mesmo que superficialmente, de que Zamenhof viveu numa época de novas idéias, de mudanças e simultaneidade de movimentos literários, devemos, agora, analisar suas escolhas literárias. Sim, porque, tendo vivido nesse mundo rico em idéias, no limiar do mundo atual —ou melhor, do futuro, que está sendo feito com as idéias revolucionárias lançadas ou finalmente materializadas naquela época, como p.ex. o vôo do mais pesado que o ar— , para sabermos quais dessas idéias mais influenciaram Zamenhof devemos verificar suas escolhas de tradução. Se não, incorreremos no vício de muitos esperantistas de ficar afirmando ‘Zamenhof era assim, pensava isso, queria

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aquilo’ sem bases concretas, construindo fantasias sobre Zamenhof sem indicar fatos comprobatórios do que falamos. Vamos, então, listar e comentar um pouco, sob diversos aspectos, as obras traduzidas por Zamenhof, obras de sua escolha (mesmo sob influência de outros), que vão nos dizer algo sobre suas escolhas pessoais dentro desse contexto literário efervescente em que viveu —ou até mesmo antes dele, como veremos—, e analisar o que nos legou como herança para compor a bibliografia fundamental do esperanto. Essa bibliografia (ou pelo menos alguns itens), diga-se de passagem, é obrigatória para o estudo do esperanto, da mesma forma como estudamos os principais autores da nossa língua materna, de diferentes épocas, apreciando os diferentes estilos, mantendo e cultivando a linguagem culta contida nas obras clássicas e bons autores.

Consideremos, inicialmente, que, quanto a gêneros literários clássicos, Zamenhof traduziu textos narrativos —La Batalo de l’ Vivo (Dickens), La Habeno de Baĥaraĥ (Heine), La Gimnazio (Aleihem), Marta (Orzeszko)—, líricos —diversos poemas na Fundamenta Krestomatio (Mickiewicz, Goethe, Heine e outros), que incluem Hamleto (Shakespeare)— e

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9 Selo russo de 2009. (Ревизор: Revizoro)

dramáticos — Hamleto (Shakespeare), La Revizoro (Gogol), La Rabistoj (Schiller), Ifigenio en Taŭrido (Goethe), Georgo Dandin (Molière)—. Como sub-gêneros, ou classificações até um pouco informais, temos tragédia —Hamleto—, comédia satírica —Georgo Dandin, La Revizoro—, romance e contos — La Batalo de l’ Vivo, La Habeno de Baĥaraĥ (rakonto),

Marta (rakonto), La Gimnazio (rakonto) —, teatro —Hamleto, Ifigenio en Taŭrido, Georgo Dandin, La Revizoro, La Rabistoj—, literatura religiosa —Malnova Testamento—, infantil —Fabeloj de Andersen— e ‘popular’ —Proverbaro Esperanta (Marko Zamenhof)—.

Sob a perspectiva da localização das obras no tempo, temos textos antigos —Malnova Testamento—, renascentistas —Hamleto,

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Georgo Dandin—, e contemporâneos, pertencentes ao Romantismo —precursores: Ifigenio en Taŭrido, La Rabistoj; mais recentes à sua época: La Habeno de Baĥaraĥ—, Realismo —La Revizoro—, era Vitoriana —La Batalo de l’ Vivo—, Positivismo (polonês) —Marta—.

Sob aspectos variados, podemos dizer que algumas obras são ‘universais’ em seu conteúdo —Hamleto: drama complexo, com assassinato, infidelidade, aparição de espírito, loucura; La Revizoro: sobre corrupção de servidores de um estado; Georgo Dandin: sátira da vida pessoal, diferença de classes, infidelidade conjugal—, outras bem locais ou regionais —La Rabeno de Baĥaraĥ: drama da vida dos judeus na Idade Média; La Gimnazio: monólogo muito comovente e divertido de um bom chefe de família—, outras obras se ligam mais à crítica social —La Rabistoj: luta entre dois irmãos, entre o bem e o mal, poder econômico e revolução; La Revizoro; Georgo Dandin—, à denúncia de problemas das minorias —La Rabeno de Baĥaraĥ; Marta: condição extrememente desfavorável da mulher no mundo do trabalho no século XIX—, algumas são obras mais leves —La Batalo de l’ Vivo: uma história de amor, fuga, renúncia, final

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10 "George Dandin" de Molière montada (em francês) en 2006 pela associação "Théatrémolo"

de Saint Philbert de Grand Lieu.

feliz—, outras mais profundas —Malnova Testamento—, ou mesmo essencialmente infantis ou juvenis e por isso ricamente fantasiosas —Fabeloj—, ou, ainda, com objetivos didáticos —Fundamenta Krestomatio, Esperanta Proverbaro—.

Com relação a vocabulário, temos uma obra riquíssima em descrições de emoções, ações, paisagens, reais e imaginárias, com abundância de detalhes —as Fabeloj (4 volumes)—, uma obra de introspecção e análise psicológica —Marta (em linguagem modelar do esperanto vernáculo)—, obras com temas

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trágicos —Hamleto, La Rabeno de Baĥaraĥ, Marta—, cômicos —La revizoro, Georgo Dandin —, romance —La Batalo de l’ Vivo, Marta, La Rabeno de Baĥaraĥ—, frases ou provérbios populares —Esperanta Proverbaro—. A construção de frases e o estilo acompanham os temas indicados para o vocabulário, observando que, no entanto, em todas as obras temos exemplos de frases típicas ou modelares da língua. Como detalhe, observemos que temos construção de frases e até uso de palavras especiais em La Revizoro, “frases às vezes não compreensíveis à primeira vista” (Lingvaj Respondoj), principalmente no personagem Osip que tem um estilo de pessoa inculta (‘malklera’). Zamenhof fez assim para de alguma forma manter o estilo do original, nesse caso necessário para manter as características de estilo na tradução (ver detalhes em: ‘Pri la Esperanta stilo’ (Respondo 25), ‘Lingvaj Respondoj’).

As indicações acima às vezes repetem algumas obras, e às vezes não mencionam outras, mas o intuito é mostrar a variedade, sob diversos aspectos, das obras traduzidas deixadas por Zamenhof, que às vezes se enquadram em mais de uma classificação, ou não.

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11 Bildo por 'Heinrich Heine, Der Rabbi von Bacherach' (germane),

1922/1923, Max Liebermann.

Como uma ‘tese’ particular vou, agora, reunir as traduções de Zamenhof em determinados grupos, ligados a alguns movimentos/ conceitos literários —principalmente aos diretamente relacionados às

obras usadas em suas traduções, mas também a outros

movimentos—, para tentar identificar alguma metodologia dentro destas escolhas de Zamenhof. Não posso afirmar que ele teve os objetivos quantitativos e qualitativos indicados a seguir, mas são indicações do resultado final de suas escolhas sobre o universo de obras disponíveis: se não escolheu exatamente assim, o resultado final, quantitativo e qualitativo,

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parece ser o indicado.

Inicialmente, com relação à ‘herança cultural’ contida nos movimentos literários, ou cultuada por estes, e depois deixada para todos nós, Zamenhof escolheu duas obras contemporâneas suas —Marta, de sua juventude, que, aliás, é obra madura do vernáculo do esperanto, e La Gimnazio, contemporânea ao lançamento do Unua Libro, obra de conteúdo social-local—. Orzeszko, autora de Marta, está ligada ao Positivismo, e assim grosso modo Marta dá uma idéia das preocupações sociais do Realismo-Naturalismo da época.

Além de Marta, Zamenhof escolheu, ainda, duas outras obras nesse contexto realista-naturalista —La Revizoro e La Rabeno de Baĥaraĥ—, um pouco anteriores. São quatro obras representativas das correntes realistas-naturalistas, que tratam dos problemas, anseios, das dificuldades e angústias de povos, classes, minorias, de uma maneira direta (sem ‘romantismo’). Lembremo-nos de que Zamenhof pertencia a uma minoria, o povo judeu, perseguida e mesmo assassinada por seus costumes e haveres (confira em La Rabeno de Baĥaraĥ) e mais, tinha entranhado em si a consciência, ou o sentimento da extrema

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12 Interior com mulher passando a ferro e criança costurando, Albert

Neuhuys (1844–1914). (Meio similar àquele de 'Marta')

necessidade de uma língua comum como premissa básica para o entendimento entre todos os povos. Assim, não é de se estranhar essa sensível preocupação com a temática realista-naturalista, de cunho social, em

suas escolhas de traduções.

Mas, nem tudo é guerra e,

ao lado daquelas obras, temos La Batalo de l' Vivo, representativa da era Vitoriana, obra amena, comparada às demais, contemporânea (em seu original) a La Revizoro e La Rabeno de Baĥaraĥ. Se colocarmos as temáticas do Realismo-Naturalismo num mesmo grupo, apesar de serem diversas entre si em vários

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aspectos, e as opusermos às obras vitorianas, poderemos, em seguida, considerar os românticos como possuindo uma temática mais próxima à vitoriana9,10, e aí teremos, então, mais duas obras similares a La batalo de l´Vivo, que são os exemplares românticos Ifigenio en Taŭrido e La Rabistoj. Ou seja, temos um conjunto de três obras com tema Vitoriano-Romântico. Essas obras —7 até agora— estão no contexto do limiar do mundo contemporâneo, a partir de 1800 até 1900 ou pouco mais, e, de forma bem compacta, representam as principais temáticas literárias que continuarão a se desenvolver até os tempos atuais. Se contarmos as Fabeloj de Andersen, em 4 volumes (originais publicado de 1815 a 1842), teremos outro conjunto de obras desse ‘limiar’ do mundo moderno, dessa feita com literatura infantil, caindo ainda no gosto da juventude e dos adultos, com traços de romantismo, mas também naturalismo, realismo fantástico, quem sabe existencialismo e ainda sentimento de religiosidade —‘mix’ da genialidade e personalidade de Andersen, excelente como obra didática para expressões as mais diversas em esperanto como já observei, ou seja, uma escolha perfeita de Zamenhof para a bibliografia básica da língua—.

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13 Estátua da 'Sereiazinha' (Fábulas de Andersen) em

Copenhague.

Em resumo, essas 8 obras (11 volumes) são uma amostra da herança cultural literária deixada por Zamenhof para a literatura em esperanto, tomada dos movimentos literários do limiar do mundo moderno, a saber: a) temática realista-

naturalista —4 obras: Marta, La Gimnazio, La Revizoro, La Rabeno de Baĥaraĥ—, b) temática vitoriana-romântica —3 obras: La batalo de l´Vivo, Ifigenio en Taŭrido, La Rabistoj, c) temática infanto-juvenil bem diversificada (romantismo, naturalismo, realismo fantástico, religiosidade) —uma obra

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(4 volumes): Fabeloj de Andersen. Temos, então, uma extensa base moderna em nossa bibliografia básica, moderna tanto com relação aos temas desenvolvidos quanto à linguagem utilizada ou mesmo necessária para desenvolver esses temas.

Nota 9: Realmente o Romantismo e o ideal Vitoriano são diversos, mas um ponto comum entre eles é justamente o conceito popular de 'romântico', e ninguém pode negar que La Batalo de l' Vivo tem seu caráter romântico. Veja a nota 10 a seguir.

Nota 10: Observemos, sob outro aspecto, que Ifigenio en Taǔrido e La Rabistoj contêm temas mais relacionados a crítica e problemas sociais, apesar de seus arroubos românticos, do que a temas amenos ou romanescos como em La Batalo de l’ Vivo. O mesmo é válido para Georgo Dandin, ou mesmo Hamleto, que são críticas sociais a certos temas e épocas. Então temos uma outra tese: Zamenhof escolheu um conjunto maior de temas 'sociais' para suas traduções, cheios de conflitos e crítica social, composto por Marta, La Gimnazio, La Revizoro, La Rabeno de Baĥaraĥ, Ifigenio en Taŭrido, La Rabistoj, Georgo Dandin, Hamleto, considerando-se, no entanto, que La Revizoro e Georgo Dandin são comédias, oposto a um conjunto menor de obras mais leves, composto por La Batalo de l’ Vivo, Fabeloj,

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Proverbaro, Fundamenta Krestomatio, ressalvando-se que algumas das ‘fabeloj’ são bem tenebrosas. Eis mais um ponto a localizar Zamenhof no limiar do futuro, onde temos (atualmente) uma grande quantidade de autores e obras voltados para a análise e crítica da sociedade e seus costumes, apesar de não ser pequena a quantidade de obras amenas, como o que se encontra geralmente nos romances ao gosto da juventude, ou mesmo popular, e nos seriados televisivos e filmes cinematográficos.

Agora, vamos recuar para um passado anterior ao século XIX. Como herança cultural, acabamos de ver que Zamenhof nos legou uma literatura básica moderna, contemporânea, realista-social, romântica, de 1800 a 1900. E antes disso? Zamenhof foi mais além? E quais foram suas escolhas? Resposta: Sim, Zamenhof foi bem mais além (na realidade, já vimos isso mais acima), e suas escolhas foram de clássicos universais e um texto antigo de ampla difusão no Planeta! Zamenhof não ficou restrito ao seu século, ao moderno, mas nos legou, inicialmente, um pequeno exemplário de duas obras renascentistas (1500-1670), clássicos11 de alcance mundial, que não saem do imaginário nem do uso da literatura mundial. Assim, do mundo renascentista temos Hamleto

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15 Cartaz de apresenta-ção

de Hamlet em 2004, grupo teatral ‘le cubitus’, na França.

14 ‘Visão de Hamlet’, 1893, de Pedro Américo.

(Shakespeare) e Georgo Dandin (Molière). Apesar de Hamleto ter temática medieval, e Molière atualmente se restringir um pouco a ambientes mais acadêmicos, essas duas obras são de autores clássicos11 na literatura mundial. Impensável deixar um legado sem uma obra de Shakespeare, sem um exemplar de Molière. Em seguida, bem mais além, datando de ... 300 a

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100 anos antes de Cristo, ou no primeiro século da Era Cristã, que são as supostas datas das versões da Bíblia Hebraica, usada para a tradução da Igreja Católica... bem, controvérsias de datas à parte, temos o Malnova Testamento da Bíblia, texto especialíssimo, com seu linguajar típico e seu conteúdo sagrado para muitos povos. Trata-se também de uma obra imprescindível a um legado literário, no mínimo é um dos livros mais difundidos na história da Humanidade.

Acrescentemos, assim, às temáticas anteriores: d) temática renascentista —2 obras: Hamleto e Georgo Dandin, e) texto antigo —uma obra (extensa): Malnova Testamento. Observe que não temos, a rigor, nenhuma obra medieval, porém consideremos que Hamleto se passa num período medieval, ou seja, de alguma forma temos uma relação com esse período.

Nota 11: Observação didática (iv): ‘clássico’ não se refere ao Classicismo, mas está sendo usado no sentido popular de obra ou autor que permanece como modelo mesmo séculos após sua publicação.

Com essa tradução (Malnova Testamento), fechando a variável tempo,

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16 Pergaminho com o Velho Testamento.

Zamenhof distribuiu sua produção por um período de 1800 a 2100 anos, dependendo da datação do Velho Testamento, com exemplares de clássicos mundiais, regionais e locais, com conjuntos de duas ou três obras de uma mesma tendência ou temática —

renascentista, realista-naturalista, vitoriano-romântica

etc.—, e com ao menos um exemplar de teatro (na verdade, vários), tragédia, comédia, romance, conto, poesia, texto antigo, religioso-histórico. Ufa! quer mais? E ainda tem! Continuaremos a seguir. Resta, ainda, uma observação sobre duas obras. Inicialmente, ao lado do Malnova Testamento, se assim posso ousar, coloco o Proverbaro Esperanta —tradução de

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‘Frazeologio rusa-pola-franca-germana’ de Marko Zamenhof, pai de Zamenhof—, uma obra também à parte, singular, por conter a ‘sabedoria’ popular (“Venas proverbo el popola la cerbo”) de diferentes povos, coletada pelo pai de Zamenhof. O Malnova Testamento contém um tratado de sabedoria religiosa, além da história ou trajetória do povo judeu, e o Proverbaro um tratado da sabedoria popular. Ambos importantes heranças em esperanto, legadas por Zamenhof, o mestre dos mestres, e o maior do populares. Em seguida, lembremos da Fundamenta Krestomatio, que contém uma coletânea de textos-modelo, a serem estudados e analisados por quem queira se tornar um ‘bom autor’ em esperanto, segundo o próprio Zamenhof coloca em seu prefácio. Aí temos pequenos textos originais e traduzidos, de Zamenhof e vários outros esperantistas. A Fundamenta Krestomatio também é uma obra contemporânea, seus textos são similares, p.ex., aos interesses dos livros atuais e das obras cinematográficas e televisivas modernas, contendo tanto ‘short stories’ (história curtas típicas do inglês, mas de grande divulgação na cultura contemporânea) quanto temas variados —fábulas e lendas, anedotas, contos (‘short stories’) com histórias de amor, mistério, policial, temas da vida e ciências (calendário,

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17 Livraria no Congresso Universal de Esperanto de 2008.

relógio de Sol, cupinzeiro, conjuntivite), onde temos curiosidades como seguir pegadas, grafologia, receitas de cola de porcelana, informações sobre vegetarianismo, geografia (Califórnia, Austrália) e história (Alexandre da Macedônia, viagem de Colombo), biolologia (a voz humana, o mar Morto)— e mostra Zamenhof como revisor e editor. Sim, Zamenhof foi editor e revisor, revisou também dicionários, e foi consultor da Kolekto Aprobita (Kolekto Esperanta, aprobita de Dr-o Zamenhof, editora Hachette), que tentava apresentar obras com a chancela do mestre, não para serem superiores, mas para manterem

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a unidade da língua. Aí está outra faceta importante do gênio de Zamenhof, o cuidado com a unidade de língua e estilo, sem negar as particularidades de cada um, mas mantendo-se padrões de uso modelar, internacional, estes sim a serem seguidos. A ‘Kolekto Aprobita’ é um ótimo exemplo de textos particulares, com o estilo de cada um, mas seguindo um padrão geral —a norma culta da língua—. E você achava que Zamenhof simplesmente deixou o esperanto a mercê das vontades de todos nós, usuários sem a genialidade de um mestre, presos aos nossos costumes nacionais arraigados, míopes e mesquinhos quando precisamos de mudanças de hábito? Não, Zamenhof deixou o ‘Fundamento de Esperanto’ como Lei, e esta produção significativa em originais e traduções como modelos de língua e estilo a serem estudados e seguidos, obviamente segundo o gosto e habilidades de cada um, segundo cada época, cada movimento literário, mas sem adulterar a essência, o caráter da língua12. Agora, resta-nos, nos momentos de lucidez, seguir esses guias, estudar profundametne estes modelos —diretamente de Zamenhof ou revisados por ele—, para produzirmos um linguajar num padrão realmente internacional.

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18 Congresso Universal: pequena mostra de pessoas de línguas e culturas bem diversas.

Essas duas últimas obras poderíamos incluir em f) temática didático-popular —diversas obras: Proverbaro Esperanta, Fundamenta Krestomatio, Dicionários ‘aprovados’ por Zamenhof, Kolekto Aprobita (diversos livretos)—. Temática bem extensa e diversa, ao considerarmos os livretos da Kolekto Aprobita.

Nota 12: Lembremo-nos de uma frase famosa, resposta de Vitor Hugo que se tornou uma ‘divisa’ (Réponse à un acte d'accusation, 1834)

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para se libertar das restrições do classicismo e dar asas à sua verve romântica: "Guerra à retórica e paz à sintaxe". Ou seja, mudemos nosso estilo, mas respeitemos a língua em sua essência. E a essência do esperanto inclui o uso de vocábulos compostos para descrever o mundo, a realidade à nossa volta, sem abarrotar a língua com neologismos, e o uso da Plena Gramatiko, sem acréscimos de regras moldadas segundo essa ou aquela língua nacional.

Finalmente, vê-se que o projeto de traduções de Zamenhof cobre uma grande variedade de gêneros, estilos, épocas, autores, temáticas, conteúdo. Uma seleção por um lado até pequena —se considerarmos somente as obras diretamente de Zamenhof, são 13 obras de tradução13— mas por outro lado riquíssima em variedade de conteúdo e estilo. Somente um gênio com a capacidade de concisão de Zamenhof poderia produzir uma obra tão compacta, e ao mesmo tempo tão significativa em seu conteúdo variadíssimo. Se os esperantistas estudassem mais e sistematicamente as obras de Zamenhof, metade dos neologismos inúteis que vemos por aí desapareceriam, pois somente quem não deu atenção p.ex. ao vocabulário riquíssimo e detalhadíssimo das Fabeloj, imediatamente

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compreensível sem muita consulta ao dicionário, pode querer usar ou mesmo ensinar ‘spekti’ ao invés de ‘rigardi’, ‘inventi’ ao invés de ‘elpensi’, ‘ekspliki’ ao invés de ‘klarigi’, ‘spuroj’ ao invés de ‘postesignoj’, etc., etc., etc.

Nota 13: Observemos que há vários originais na

Fundamenta Krestomatio. Alguém poderia argumentar, ainda, que algumas obras são de fato sensivelmente extensas, como o Malnova Testamento e as Fabeloj. Como informação adicional, eis a lista das obras traduzidas por Zamenhof ou com traduções suas/ sob sua revisão e suas datas de publicação: -1891: Batalo de l’ Vivo. -1894: Hamleto. -1903: Fundamenta Krestomatio. -1905-07: Proverbaro Esperanta (3 volumes). -1907: La Revizoro. -1908: Georgo Dandin; Ifigenio en Taŭrido; La Rabistoj. 1909: La Habeno de Baĥaraĥ; La Gimnazio. -1910: Marta. -1907~1915: Malnova Testamento. -1889 (Virineto de Maro)~1917: Fabeloj (4 volumes). Não incluo na lista nem no quadro sinóptico os dicionários aprovados nem a Kolekto Aprobita, por não serem diretamente da lavra de

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Zamenhof que, p.ex., corrigiu ele mesmo alguns textos da Fundamenta Krestomatio. Mas são uma fonte extra de conteúdo no mínimo ‘aprovado’ por Zamenhof. (Dicionários não entram no contexto desse pequeno ensaio.) Os principais originais de Zamenhof são: -1887: Internacia Lingvo: Antaŭparolo kaj Plena Lernolibro (também chamaddo de 'Unua Libro'). -1888: Dua Libro de l’ Lingvo Internacia; Aldono al la Dua Libro de l’ Lingvo Internacia. -1889~1895: La Esperantisto (revista). -1894: Ekzercaro de la lingvo Esperanto, Universala Vortaro de la Lingvo Internacia. -1900: Esenco kaj Estonteco de la Ideo de Lingvo Internacia. -1903: Fundamenta Krestomatio. -1905: Fundamento de Esperanto. -1905~1912: Dirkursoj en Universalaj Kongresoj. -Lingvaj Respondoj (publicação póstuma, coletânea de artigos).

As escolhas de Zamenhof, sua herança deixada em traduções ao esperanto, têm, então, esse caráter: amplo no tempo, variado em estilo, em temática, que vai do local, regional, até o universal, e quantitativamente acessível ao comum dos falantes, que podem ler e estudar praticamente toda sua obra sem gastar dezenas de anos para isso14. E, ao serem traduzidos para o esperanto, mesmo o local-regional acaba se tornando universal, já que foi

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traduzido para a língua internacional e, a partir daí, está ao dispor de toda a Humanidade, para que possa ler, usufruir, e refletir sobre esses pequenos tesouros de literatura —modelos práticos de língua, para a unidade planetária do esperanto—.

Nota 14: Obervemos que, para se chegar a um nível vernáculo no esperanto,

vamos ter de ‘investir’ de um a dois anos de estudo regular, além do nível básico. Por outro lado, para se chegar ao nível básico, o cidadão comum de qualquer nacionalidade, alfabetizado, com um nível de conhecimento similar aos primeiros 8 anos de estudo na escola, vai necessitar de um ano de estudos (em média). No entanto, esse nível básico inclui uma proficiência considerável comparado às línguas nacionais —conversação sobre temas do dia-a-dia, correspondência pessoal—. Observemos, no entanto, que precisamos de continuidade, regularidade, estudar de duas a três vezes por semana, durante os períodos indicados. Melhor mais vezes e menos tempo, do que menos vezes e mais tempo, pois nossa memória trabalha com

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repetição (confira em 'Marta' os esforços em vão de nossa heroína, para recordar suas lições de francês, numa situação de necessidade premente). Adultos somente alfabetizados, ou com pouco estudo formal, vão variar bastante na relação tempo necessário versus proficiência atingida, segundo sua habilidade em estudar. Em todo caso, dada a regularidade, lógica e intuitição do esperanto, podemos esperar para esse último indivíduo (com pouco estudo formal) um período de até dois anos para o conhecimento básico referido acima, i.e., até o dobro do tempo de um indivíduo de cultura escolar regular, e de até três anos para nível avançado —ler obras do vernáculo, ou então especializadas, técnicas—, i.e. até um a dois anos a mais que o de cultura regular. Mas tudo com estudo regular, contínuo. Pessoas não alfabetizadas, ou com dificuldades sensíveis na aprendizagem, certamente vão levar um tempo maior, e necessitar metodologias didáticas para auxílio na compreensão e memorização. Mas certamente vão atingir níveis de aprendizado bem melhores do que numa língua estrangeira, lembrando que, segundo afirmativas de esperantistas da área, o esperanto poderá até ajudá-las na aquisição de novos conhecimentos lingüísticos.

Palavras de ordem da unidade lingüística planetária do esperanto: estudemos a obra de Zamenhof, aprendamos o que é e como

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funciona a Língua Internacional em suas traduções e também originais —p.ex. as obras de referência fundamentais

de Zamenhof, como Fundamento de Esperanto, Esenco kaj Estonteco de la Ideo de Lingvo Inernacia, Lingvaj Respondoj, seus prefácios (p.ex. na Fundamenta krestomatio)—, antes de emitirmos opiniões sobre qualquer assunto relativo ao que seja ou não a Língua Internacional. Aprender o esperanto até que é fácil, ensinar suas regras e vocabulário básicos também, mas propor ‘melhoras’, ‘avanços’, ‘modernização’ do esperanto... Hmmm, meio difícil. Somente com o estudo sério da obra de Zamenhof é que teremos uma noção do ‘espírito da língua’, do balanço entre, de um lado, palavras do Universala Vortaro e compostos destas —esmagadora maioria— e, do outro, neologismos —quantidade sensivelmente menor, somente o estritamente necessário—, e ainda distinguindo, na tradução, o essencial —o significado, o

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movimento das idéias, descrições e ações do texto— do não-essencial —culto à forma pela forma, às palavras ‘bonitas’, ‘difíceis’, geralmente de origem latina ou grega, mas também do francês, ou inglês, comum no vernáculo das línguas nativas—. E, como tentei monstrar nesse ligeiro ensaio, a obra deixada por Zamenhof é tão moderna e atual quanto a obra de Eça de Queirós, Machado de Assis, Dostoyevsky, Tolstói, Tchékov, Vitor Hugo, Émile Zola, Gustave Flaubert, Júlio Verne, Guy de Maupassant, Henrik Ibsen, Henryk Sienkiewicz, Edgard Allan Poe, Charles Dickens, Lewis Carrol, Mark Twain, Robert Lewis Stevenson, Oscar Wild, Bernard Shaw, Conan Doyle, citando vários autores não traduzidos por ele mas comuns a brasileiros (Este texto foi produzido dentro do contexto do movimento esperantista no Brasil, contexto cultural do autor do texto). Ainda neste contexto de obras antigas no tempo mas bastante utilizadas —lidas, estudadas— nos tempos atuais, eu poderia estender estas listas por séculos a fio, que encontraríamos autores atualíssimos, moderníssimos, indispensáveis ao pensamento moderno, como Pascal, Leibnitz, Descartes, ... O incrível é ter de convencer esperantistas do valor literário inestimável e obrigatório

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de Zamenhof. Zamenhof foi um dos gênios da Humanidade, e espero que esse pequeno ensaio tenha contribuído para colocar as idéias de muitos em ordem, para que não sucumbam a apelos de 'modernidade' quando alguém quiser deixar de lado Zamenhof para tentar impor novidades que julgam mais importantes que a obra do gênio da comunicação internacional. Leia Zamehof, estude seu vocabulário e estilo, usufrua do conteúdo de Marta, Georgo Dandin, ... e ganhará um 'instinto' sobre o esperanto ‘nativo’, autêntico, original, verdadeiramente internacional. E sem ter que gastar anos de estudo ou vastos recursos monetários.

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Zamenhof está aí, na internet, de graça, ao seu alcance, e com a leituras de suas obras em pouco tempo você poderá ter conhecimentos de esperanto tirados de obras mestras da língua: as traduções modelares de Zamenhof. Após as observações feitas acima, podemos mesmo dizer que Zamenhof, um dos gênios do ‘limiar do moderno’, escolheu obras que transcendem o conceito de tempo, são clássicos intemporais, como Hamleto, Georgo Dandin, La Rabistoj, Fabeloj de Andersen, Ifigenio en Taǔrido. E após ler a obra de Zamenhof, o que você vai começar a fazer daqui a pouco, vai descobrir que Marta, La Habeno de Baĥaraĥ, La Gimnazio, La Batalo de l' Vivo são igualmente clássicos, disponibilizados ao mundo por sua tradução ao esperanto. Zamenhof obviamente não participou do Modernismo, que se inicia oficialmente em 1910, mas sua obra se situa no limiar do moderno, do contemporâneo. Então, desconfie de quem quer modernizar o que já nasceu moderno, e ‘curta’ a obra de Zamenhof, atualíssma e moderna, indispensável como modelo unificador do esperanto, como padrão internacional. E mantendo seu esperanto no contexto deste padrão internacional, você também se sentirá sempre no limiar do futuro, pois terá nas mãos uma linguagem com um mecanismo externamente simples15 mas

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internamente, intrinsecamente poderoso, capaz

de compreender o passado, lidar com o presente e se comunicar com o futuro!

Nota 15: Mecanismo 'extermamente simples': os vocábulos compostos são simples porque trazem, em si mesmos, a chave para sua 'decodificação', ao contrário de vocábulos simples, que devem ser memorizados em sua forma e significado, p.ex.: -iv) fluir, jorrar × flui, ekflui; -iii) rir, sorrir,

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gargalhar × ridi, rideti, ridegi; -i) falar, conversar, discutir × paroli, interparoli, priparoli; -ii) gritar, bradar, vociferar, clamar, exclamar × krii, kriegi,

kolerkriegi, kriprotesti, ekkrii. 'Internamente poderoso': com os 2.640 radicais do Universala Vortaro podemos construir de 10.452 a 23.660 palavras simples e compostos destas. Com os 6.900 radicais do Plena Vortaro, dicionário clássico e autorizado do esperanto, podemos construir de 50.908 a 58.181 (valor moderado) palavras simples e compostos destas. Nesse último caso, 51.000 a 58.000 palavras é um quantitativo análogo ao vernáculo das nossas línguas nacionais (em português temos aproximadamente 100.000 palavras no vernáculo, que correspondem aos 51.000 a 58.000 do vernáculo 'otimizado' do esperanto).

Luiz Claudio Oliveira Uberlândia/ Divinópolis/ Belo Horizonte - Minas Gerais! p.s.: Um aviso: este ‘ensaio’ não é acadêmico, muito pelo contrário, está a nível amador(íssimo), pois meus conhecimentos de literatura são provenientes de manuais a nível do ensino médio, no máximo graduação, com algumas (bem poucas) leituras de textos mais especializados. Como sempre, espero que outros com maior conhecimento se apercebam

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da pobreza de referências, no movimento esperantista, de estudos sistemáticos sobre as obras de Zamenhof, estudadas no contexto da língua internacional, e não importantdo conceitos dessa ou de outra língua para tentar moldar o esperanto ao gosto particular dessa ou daquela cultura —todos falam, todos propõem, mas ninguém mostra que estudou a obra básica do esperanto, i.e., as obras de Zamenhof, em sua essência, em sua propostas, em suas características distintas das outras línguas—. Desabafo final: O esperanto de Zamenhof —i.e., as regras gramaticais da Plena Gramatiko, com detalhes explicados nas Lingvaj Respondoj, mais os radicais do Universala Vortaro e compostos destes, usados em abundância, complementados por neologismos realmente necessários, usados com parcimônia, mais o estilo preconizado nos Ekzercaro e usado modelarmente nas suas demais obras, algumas vistas acima—, este esperanto de Zamenhof, dizia eu, foi o necessário e suficiente para traduzir todos esses clássicos, tratados, etc. dispersos por um período de 1800 a 2100 anos da hisória literária da Humanidade. Então, porque tanto boçalismo, tanta futilidade, tanto ‘modernismo’, tanto falta de visão de muitos esperantistas, querendo 'evoluir' a língua

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modelar de Zamenhof, padrão internacional? Será que não conseguem mesmo enxergar a genialidade do sistema de gramática minimalista e vocabulário aglutinante? Ou são só caprichos pessoais, de querer fazer ‘grandes obras’, que são de fato pastichões inúteis e complicados das línguas nacionais? Muitos esperantistas acabam sendo, de fato, analfabetos funcionais no esperanto, pois desconhecem completamente os princípios básicos da língua, expostos no Fundamento e nas obras modelares de Zamenhof (que nunca estudaram a fundo). E mais, acabam sendo reformistas por vício, pois têm verdadeira fixação aos preciosismos e complexidades de suas línguas nativas (vade retro!). Assim, desconhecem as necessidades prementes da gramática mínima e do processo de formação vocabular aglutinante para o perfeito funcionamento da Língua Internacional, que deve ser acessivel a todas as camadas da sociedade, e isso tanto em seus registros de língua familiar quanto na língua do vernáculo (‘grande literatura’). Veja que o Malnova Testamento e Marta, obras clássicas, além das Fabeloj de Andersen são compreensíveis com um tempo e esforços mínimos. Isso sim é genialidade, e não esses pretensiosos pastichões, de pretensos intelectuais baldos de

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critérios, baldos de estudos sobre a língua autêntica de Zamenhof, e cheios de presunção. Você acha que encher dicionário com palavras copiadas do latim, do francês, ou de outra língua européia, mais prefixos do grego, vai ajudar a traduzir as nuances das línguas asiáticas, do árabe, dos inúmeros dialetos chineses, das várias línguas do subcontinente indiano? Acha realmente que, com os 15.250 verbetes do PIV, o dobro de raízes do Plena Vortaro16, mais complicações introduzidas em significados originais, vamos solucionar o problema de uma segunda língua entre os povos melhor que Zamenhof? Sinto muito, mas isso não funciona. Isso não é língua internacional, isso é capricho de intelectualóides sem critério. Então, tenha critério: estude a fundo as obras de Zamenhof, e verá a verdadeira solução da questão de uma língua internacional.

Nota 16: Temos 2.640 radicais fundamentais, i.e. do Universala Vortaro. Com estes radicais fundamentais, podemos construir de 10.452 a 23.660 palavras simples e compostos destas. O Plena Vortaro, dicionário clássico e autorizado do esperanto, tem 6.900 radicais: 2.666 radicais “fundamentais” (incluindo o texto do Fundamento de Esperanto) + 1.759 radicais acadêmicos (neologismos “oficializados” pelas listas

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acadêmicas, até a sexta lista) + 1.294 radicais não fundamentais nem “oficializados” usados por Zamenhof + aproximadamente 1.180 neologismos da equipe do PV. Com estes radicais do Plena Vortaro, que poderíamos chamar de matriz acadêmico-fundamental, podemos construir de 50.908 a 58.181 (valor moderado) palavras simples e compostos destas. Confira o modelo para esses quantitativos na série “Esperanto Fundamental” (http://esperantofundamental.blogspot.com.br/). Esse último número —51.000 a 58.000 palavras simples e compostas— poderíamos chamar de um valor ‘otimizado’ para o vernáculo do esperanto. Em português temos aproximadamente 100.000 palavras no vernáculo, que correspondem às 51.000 a 58.000 do vernáculo 'otimizado' do esperanto. Esses quantitativos crescentes —2.640 radicais fundamentais, 6.900 da matriz acadêmico-fundamental— devem ser memorizados ou pelo menos reconhecidos por cada indivíduo falante da língua. E isso sem muita consulta ao dicionário. Nas línguas nacionais, um indivíduo de cultura média conhece de 3.000 a 6.000 ‘palavras’ (dados da língua alemã), ou seja, se com os radicais fundamentais construímos de 10.452 a 23.660 ‘palavras’, então o esperanto fundamental é quantitativamente mais do que suficiente para a cultura média. Para situações com maiores ‘nuances’, p.ex. a literatura vernácula, temos a

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matriz acadêmico-fundamental, 6.900 radicais, que já não caberão na memória de grande parte da população, que, então, terá de consultar mais e mais o dicionário. Mas ainda é um valor otimizado: reconhecer muitos dos 6.900 radicais e decodificar o significado das possíveis 51.000 a 58.000 palavras. E porque não aumentar ainda mais a ‘capacidade’ desses radicais acadêmicos, como faz o PIV? Porque isso de fato só complica, não ajuda. Nossa mente tem limites. Encher dicionários com neologismos é fácil, difícil é colocar essas palavras na mente das pessoas, ou pelo menos torná-los reconhecíveis sem muito esforço. Isso porque já temos de lidar com nossas línguas nacionais, que não são ‘otimizadas’ e ‘ocupam’ um espaço muito grande na memória. Então, como recomendava Zamenhof, ao nos dirigirmos às pessoas em cartas, mensagens, conversações, devemos nos esforçar para usar os radicais fundamentais, que nosso interlocutor poderá mais facilmente compreeender. E, como dito acima, para situações com maiores ‘nuances’, esforcemo-nos por usar a matriz acadêmico-fundamental. ‘Enriquecer’ o esperanto com neologismos é ‘empobrecer’ sua capacidade como instrumento realmente eficiente para a comunicação entre todos os indivíduos de todas al culturas do planeta, é voltar ao problema dos dicionários ciclópicos das línguas nacionais. E dobrar a quantidade de radicais do PV (como fez o PIV)

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não muda nada frente ao milhões de palavras das centenas de línguas do planeta, diversíssimas entre si. Somente o sistema de aglutinação de raízes é capaz de resolver essa situação —tradução de milhões de palavras/termos das mais diversas línguas, com seus significados—, pois descreve idéias novas através da composição de idéias conhecidas: elpensi, subaĉeti, klarigi. Isso sim é capaz de traduzir as idéias expressas por todas as culturas do Planeta.

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�:el 1603 (Hamlet, Shakepeare)

�a:el 1836 (Der Revisor,

Gogol)

�b:el 1668 (George Dandin, Molière)

�c:el 1779 (Iphigenie auf Tauris,Goetthe)

�d:el 1781 (Die Räuber, Schiller)

�e:el 1840 (Der Rabbi von Bacherachr, Heine)

�:el 1835 ...72 (Eventyr, Andersen)

�:el 300 a.K. aŭ 100 p.K (MalnovaTestamento, Diversaj Aŭtoroj)

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�1887: Unua libro. �1891: Batalo de l’ Vivo. �1894: Hamleto. �1903: Fundamenta Krestomatio. �1905: Fundamento de Esperanto. �1905-07: Proverbaro Esperanta. �1907-10: a-La Revizoro, b-Georgo Dandin, c-Ifi-genio en Taŭrido, d-La Rabistoj, e-La Habeno de Baĥaraĥ, f-La Gimnazio, g-Marta.

1887 � �

� � � �

1917

Ĉefa Literatura Verkaro* de Zamenhof (†1859-‡1917): (*: originala kaj tradukita)

1915: Malnova Testamento. �~1917: Fabeloj.

�:el 1846 (The Battle of Life, Dickens)

�f: el 1890? (Sholem Aleichem, La Gimnazio)

�g:el 1873 (Marta, Eliza Orzeszko)

�:el 1835 ...72 (Eventyr, Andersen)