Hoehnea 29{ 1): 19-30, 28 fig., 2002.
Micota uredinol6gica da Reserva Florestal "Armando de SallesOliveira", Sao Paulo, Brasil: sobre Amaranthaceae, Asclepiadaceae,
Bignoniaceae e Boraginaceae
Anibal Alves de Carvalho JrY, Mario Barreto Figueiredo ', Edson Luiz Furtad02 e Joe Fleetwood Hennen]
ABSTRACT - (Uredinological micota of the Forest Reserve "Armando de Salles Oliveira", Sao Paulo, Brazil: on Amaranthaceae,Asclepiadaceae, Bignoniaceae and Boraginaceae). The aim of this paper is to present the Uredinales collected monthly on members ofAmaranthaceae, Asclepiadaceae, Bignoniaceae and Boraginaceae families, during one year, in the Forest Reserve "Armando de SallesOliveira" at the campus of Sao Paulo University, Sao Paulo, Brazil. The valid names, synonymous, descriptions, spore stages, host namesand illustrations concerning the rusts aspects are also presented. The rust species collected during this period and their respective hostswere: Pllccinia I/logiphanis Arthur on Altemalllhera brasilialla (L.) Kuntze, Uromyces asclepiadis Cooke on Asclepias curassavica L.,Crossopsora lIlateleae Dale on OxypetalulIl appendiculatlllll Mart., Prospodilllll slizophylli H.S. Jackson & Holway on Macladyenaungiiis-cati (L.) A.N. Gentry, P. appelldiclilatlllll (Winter) Arthur on Tecollla stalls (L.) Jussieu ex Kunth., Aecidilll/l cardiae P. Henn. onCordia ecalyculata Yell., Puccillia cardia Arthur on Cordia trichotollla (Yell.) Arrab. ex Steud. and Urolllyces dolichosporus Dietel &Holway on TOllrnejortia palliclilata Cham.Key words: Atlantic Forest, rust fungi, Uredinales
RESUMO - (Micota uredinol6gica da Reserva FlorestaJ "Armando de Salles Oliveira", Sao Paulo, Brasil: sobre AmaranLhaceae, Asclepiadaceae,Bignoniaceae e Boraginaceae). No presente trabalho sao apresentadas as especies de Uredinales coletadas mensalmente, durante um ano,sobre Amaranthaceae, Asclepiadaceae, Bignoniaceae e Boraginaceae, na Reserva Florestal "Armando de Salles Oliveira", situada no campusda Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, Brasil. Sao apresentados os nomes v51idos, sinonfmias, descri~6es, est5dios esporfferos, especieshospedeiras e ilustra~6es de aspectos morfol6gicos das ferrugens estudadas. As especies encontradas e os seus ho pedeiros sao: PliccillialIlogiphallis Arthur sobreAltel'llalllhera brasilialla (L.) Kuntze, Urolllyces asclepiadis Cooke sobre Asclepias curassavica L., CrossopsoralIlateleae Dale sobre O>\)'petallllll appelldiclilatlllll Mart., Prospodilllll stizophylli H.S. Jackson & Holway sobre Mactadyella 1Il1giiis-cari(L.) A.N. Gentry, P. appendiClilatl/ll1 (Winter) Arthur sobre Tecollla stallS (L.) Jussieu ex Kunth., Aecidi/llll cardiae P. Henn. sobre Cordiaecalyculata Yell., Pliccillia cordia Arthur sobre Cordia trichorollla (Yell.) Arrab. ex Steud. e Urolllyces dolichosporus Dietel & Holwaysobre TO/lmejortia paniclilata Cham.Palavras-chave: ferrugens, Mata Atlantica, Uredinales
Introdu~ao
Pelo reconhecimento da importancia de pesquisassobre biodiversidade e ecologia, 0 Brasil vemdesenvolvendo muitos projetos nas areas de botanica emicologia. As pesquisas inventariais sao basicas para essesestudos e podem fornecer resultados praticos em curtoespa~o de tempo. Apesar de pesquisadores ja teremrealizado alguns trabalhos sobre 0 assunto, pouco seconhece das ferrugens existentes em areas naturais oumesmo degradadas. A diversidade da micota tem recebidoparticular aten~ao pelo grande numero de especiesexistentes, das quais poucas sao conhecidassatisfatoriamente. Relevante, tambem, e a ideia de que asUredinales teriam como centro de dispersao os tr6picos e,estudos mais intensivos nestas areas, poderiam acrescentarinforma~6es importantes para 0 entendimento deste grupode pat6genos e possibilitar um melhor conhecimento da
filogenia, taxonomia e da biologia, atraves de modelosbiol6gicos encontrados em areas silvestres, de ferrugensde maior interesse fitopatol6gico.
FreqUentemente, durante 0 trabalho rotineiro de coletade ferrugens, somente um ou dois estadios dos ciclos devida sao encontrados no campo em uma mesma epoca. Paraque os outros estadios tambem sejam encontrados, saonecessarias varias visitas de coleta no mesmo local e emdiferentes epocas do ano, uma vez que 0 aparecimentodesses estadios esporfferos e estacional.
Neste sentido Carvalho Ir. (200 I) efetuou coletas mensa is de ferrugens, por um ano, na reserva f10restal "Armando de Salles Oliveira". Nesse estudo foram coletadas especies de ferrugem sobre Amaranthaceae, Asclepiadaceae,Asteraceae, Bignoniaceae, Blechnaceae, Boraginaceae,Convolvulaceae, Cucurbitaceae, Euphorbiaceae,Leguminosae, Malvaceae, Marantaceae, Moraceae,Myltaceae, Oxalidaceae, Poaceae, Rhamnaceae, Rubiaceae,
I. Instituto Biol6gico. Centro de Sanidade Vegctal. Av. Conselheiro Rodrigues Alves. 1252,04014-002 Sao Paulo, SP. Brasil.2. UNESP. Botucatu - FCA. Prote,ao de Plantas. Caixa Postal 236, 18603-970 Botucatu, SP, Brasil.3. Botanical Research Institutc of Tcxas (BRIT), 509 Pecan Street. Fort Worth, Tcxas 76102-4060 EUA.4. Autor para corresponctencia: [email protected]
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Sapindaceae, Schizaeaceae, Smilacaceae, Thelypteridaceaee Vitaceae. Neste trabalho sao apresentadas as especies deferrugens sobre Amaranthaceae, Asclepiadaceae,Bignoniaceae e Boraginaceae.
Material e metodos
Foram coletadas plantas infectadas pOl' ferrugens durante 0 perfodo de urn ano, dejulho de 1997 ajunho de 1998,com periodicidade mensal, na Reserva Florestal da CidadeUniversitaria "Armando de Salles Oliveira", Sao Paulo, Brasil, cujas coordenadas aproximadas sao: 23°33'S e 46°43 'W.Esta reserva ocupa uma area de 102.100 m2 (Rossi, 1994). Ascoletas foram realizadas conforme sugerido por Arthur(1929), Fidalgo & Bononi (1989) e Carvalho Jr. (2001).
Identifica~ao preliminar foi real izada apenas para referencia, utilizando-se 0 "fndice de Ferrugens (Uredinales)do Brasil" (Hennen et aI., 1982) e a experiencia acumuladado coletor. Para a identifica~ao definitiva foi consultadavasta literatura especializada contendo as descri~5es dostaxons. Alem do exame da bibliografia original, quando disponfvel, outros trabalhos, como os de Jackson (1931, 1932),Dale (1955), Arthur (1962) e Lindquist (1982) entre outros,tambem foram consultados.
A herboriza~ao do material e os metodos de analiseseguiram, em linhas gerais, as metodologias sugeridas pOl'Arthur (1929), Systematics Association Committee forDescriptive Biological Terminology (1962), Savile (1971),Cummins (1978), Cummins & Hiratsuka (1983), Fidalgo &Bononi (1989) e Carvalho Jr. (2001), seguindo-se os conceitos da escola ontogenica de nota~ao de Uredinales.
As ferrugens coletadas sobre Amaranthaceae,Asclepiadaceae, Bignoniaceae e Boraginaceae foram organizadas por ordem alfabetica, dentro de cada famnia de plantas hospedeiras e sao apresentados os seus nomes validose sinonfmias, descri~5es, estadios esporfferos encontrados,especies hospedeiras e, finalmente, ilustra~5es. Os especimes foram preservados no Herbario do Laborat6rio deMicologia Fitopatol6gica do Centro de Sanidade Vegetaldo Instituto Biol6gico de Sao Paulo (IBI).
Na identifica~aodas especies hospedeiras foram utilizadas chaves de identifica~aopreparadas pOl' Rossi (1994)e Groppo Jr. (1999).
Resultados e Discussao
Amaranthaceae
Puccinia mogiphanis Arthur, Bot. Gaz. 65: 469. 1918.(Fig. 1-2)
Lectotipo sobre Achyranthes sp., Pasco, Peru, 06 de Agosto,1914, Rose & Rose n. 18804.
Anamorfos:Uredo maculans Patouillard & Gaillard, Bull. Soc. Mycol.France 4: 98.1888
Tipo: sobre Maranthaceae, Caracas, Venezuela.Uredo mogiphanis Juel, Bih. K. Svenska Vet. - Akad. Handl.23: 24. 1897.Lectotipo sobre Mogiphanes sp. (= Telanthera) , Cuiaba,Mato Grosso, Brasil, 17 de junho de 1894, Lindman s.n.Uredo telantherae Viegas, Bragantia 5: 90.1945.Tipo sobre Telanthera sp., Alagoinha, Paraiba, Brasil, mar~ode 1940, Deslandes n. 854.
m-estadio teliaI nao foi encontrado.II - urediniossoros anffgenos, dispostos em gruposintemamente as areas clor6ticas em manchas necr6ticas,2-6 mm diam., de colora~ao marrom-canela, pulverulentos,desde cedo irrompentes; parafises ausentes.Uredini6sporos com pedicelos decfduos, glob6ides ouquase glob6ides, (26-)29(-32) J.l.m compr. e (22-)26(-29) J.l.mlarg.; parede de colora~ao castanho-clara, intensamenteverrugosa, com espessura irregular, 2,0-3,5 J.l.m, com 5 a 6poros germinativos dispersos; uredini6sporos imaturos emgrande numero, muito palidos, tambem glob6ides ou quaseglob6ides, (22-)27(-33) J.l.m compr. e (18-)23(-27) J.l.m larg.,paredes tambem irregulares, 2-4 J.l.m espess., porosgerminativos nao visfveis.0, I - estadios ecial e espermogonialnao foram encontrados.
Material analisado: sobre Alternanthera brasiliana (L.)O. Kuntze, 18-VIlI-1997, A.A. de Carvalho Jr. 97-159(lBI 17929 - II).
Comentarios: esta especie apresenta varios pedicelos semos respectivos uredini6sporos que se mantem presos aosoro e podem ser confundidos com parafises.
Segundo Lindquist (1982), esta especie terncaracterfsticas similares a Puccinia ventanensis Lindq., queocorre sobre Pfaffia lanata Poir (Amaranthaceae),diferenciando-se desta pelo maior tamanho dosuredini6sporos, presen~a de poros germinativos em numerode 5-6, equatoriais esparsos, enquanto P. ventanensis possuiapenas 3-4 poros germinativos equatoriais.
Ainda de acordo com Lindquist (1982), P. mogiphanistern - I - ecios anffgenos mais comumente hip6filos, emgrupos de 0,5-0,8 mm diam., rodeando os espermogonios,cilfndricos, curtos, com eros5es nas margens, amarelados,celulas peridiais irregularrnente romboidais, 16-26 x 26-32 J.l.m,vistas de perfil sao convexas na parte intema, membranaexterna, 6-8 J.l.m espess., transversalmente estriada,ligeiramente rugosa na superffcie, marcas sao dispostas emcfrculos concentricos irregulares, membrana intema, 2-3 J.l.mespess., verrugoso-tuberculada; eci6sporos gIob6ides oulargamente eIips6ides, 26-32 x 32-42 J.l.m, membrana delgada,1,0-1,5 J.l.m espess., finamente verrugosos. III - Teliossorosanffgenos, 0,5-1 ,0 mm diam., semelhantes aos urediniossoros,desde cedo descobertos, castanhos; teli6sporos elips6idesou ov6ides, 29-31 x 39-50 J.l.m, arredondados em ambasextremidades ou pouco atenuados abaixo, ligeiramentecontrafdos no septo, membrana castanha, 2,5-3,0 J.l.m espess.nos lados e 7-10 J.l.m no apice, pedicelo hialino, uma vez emeia 0 comprimento do esporo.
A.A. Carvalho .Ir., M.B. Figueiredo, IO.L. Furtado, .1.1'. Ilennen: Uredinales 21
Distribui<;:ao geogn\/ica: Brasil, Peru; Venezuela (Saccardo,1891), De acordo com Lindquist (1982) Argentina e Bolivia,
Asclepiadaceae
Crossopsora male/eae Dale, Commonw. Mycol. Inst. Mycol.Pap. 59: 4. 1955.(Fig. 3-4)
Tipo: sobre Male/ea viridi(/ora (G.F.W. Wey.) R.E.Woodson, River State, Diego Mmiin, Trinidad, 04 de mar<;:ode 1947, Dale n. 1335.
"I - estadio telial nao encontrado." - urediniossoros anfigenos, em areas clor6licas, deeolora<;:ao canela-palida, punliformes, dispersos ouagrupados, 0,1-0,4 mm diam.; para/ises livres, marginais,cilindricas ou clavadas, mais ou menos encurvadas, comparede hialinas ou amareladas, usualmente finas, mas
algumas vezes bastante espessas no apice. Uredini6sporoscom pedicelos deciduos, elips6ides ou obov6ides,(24- )29(-40) /1m compr. e (16-) 18(-23) ~L1n larg., paredes decolora<;:ao canela-pc\lida ou hialina, oll1amenladas com finasequinula<;6es, 1-3 ~lm espess. lateral, poros genninativosobscuros.0, I - estadios espermogonial e ecial nao conhecidos.
Malerial analisado: sobre Oxypelalul1'I appendiculalumMart., 26-VI-1998, A.A. deCruvalho.Jr. 98-320(/BI 18337 - II).
Comentarios: Dale (1955), ap6s 0 exame de varia colec;;oesde Stevens, que Sydow utilizou como base para cria<;:ao daespecie Crossopsora slevensii Syd., comenta que criou umanova especie sobre Asclepiadaceae, Crossopsora maleleaeDale, mesmo considerando que nao existem grandesdifercn<;as eslruturais entre as duas. Dale (1955) ainda expoeque C. maleleae apresenta colunas de lelios com mais
Fig. 1-2: Puccinia lI10giphanis (18117929). I: uredini6sporos em vista mediana mostrando 0 hila bem deflniclo os poros gerrninativos(pontoa<;:6es Illais claras); 2: uredini6sporos em vista superficial 1TI0strancio 0 padrao verrugoso de ornalllenta<;:ao. Fig. 3-4: Crossopsoramale/ea (I 8118337). 3: ureclini6sporos em vista Illediana; 4: ureclini6sporos em vista superficial evidenciando as finas equinula<;:6es; acimae aesquerda, aspecto da pan\flse.
22 Iloehnea 29( I). 2002.
freqi.it~ncia e as celulas sao mais estreitas em relac;:ao ac. slevensii. as uredinios das duas e pecies sao indistintos.
o presente trabalho, apesar da presenc;:a apena dosuredinios, a especie foi identi ficada como Crossopsoramalelea Dale, devido ao hist6rico de sua presenc;:a no Brasil.Uma outra colec;:ao desta ferrugem, sobre Schuberliagrandiflora Martius, foi encontrada no Para porAlbuquerque & Figueiredo (1971 ).
Maiores estudos sobre a especie de ferrugem queocorre sobre Schuberlia devem ser desenvolvidos no Brasilpara que um aprofundamento do conhecimento destae pecie seja po ivel e os problemas a ela relacionadosre olvidos.
Segundo Dale (1955),0 estadio II [ apresenta teliossoroship6filos, numerosos, em longas co[unas, originando-sesobre urediniossoros velhos, fili formes, 20-70 11m espess.,com mais de 2 mm compr., marrom-eseuros; celulas comfimle adesao lateral, 8-14 x 32-36 ~lm, paredes manom-claras, com aproximadamente 1 11m espessura.
Distribuic;:ao geograrica: Brasil, Trinidad. Segundo Dale(1955) Antilhas, America Central e do SuI.
Uromyces asclepiadis Cooke, Grevillea 5: 152. 1877.(Fig. 5-8)
Tipo: obre Asclepias sp., Capes Elizabeth, Maine, EUA,data nao regi trada, Fuller 66.Uromyces hOll'ei Peck, Ann. RpL ew York State Mus.30: 75. 1879.Tipo: Iiteratura nao di ponivel.
Anamorfos:Uredo asclepiadis chweinitz, Exotic Fungi p. 282. 1854Tipo: obre Asclepias sp., Suriname, data e coletor naoregistrados.Uredo asclepiadina Spegazzini, An. Mus. ac. BuenosAires 19: 316. 1909.Tipo sobre Asclepias campeslris (Yell.) Decne, Jujuy,Argentina,janeiro de 1906, Spegazzini s.n.
Fig. 5-8: Uromyces asclepiadis (18117974).5: teli6 poros em vista rnediana, corn a per istencia de parte dos pedicelos; 6: teli6sporos emvista superficial; 7: uredini6sporos em vista mediana, com a presenc;:a de poros germinativos (pontos claros e escuros); 8: uredini6sporosem vista superficial.
A.A. Carvalho Jr., M.B. Figueiredo, E.L. Furtado, J.F. Hennen: Uredinales 23
III - teliossoros hip6filos, as vezes epffilos, de colora~ao
castanho-escura, no princfpio recobertos pela epiderme ficando logo nus e pulverulentos, abundantes, isolados ouem grupos, circulares, 1-2 mm diam.; panlfises ausentes.Teli6sporos glob6ides ou obov6ides, as vezes assimetricos,(26-)30(-32) Jlm compr. e (21-)24(-27) Jlm larg., paredes decolora~ao castanho-escura, finamente verrugoso-reticuladas, 2,1-2,8 Jlm espess. lateral, com uma papila hialina sobre 0 poro germinativo, pedicelos decfduos.II - urediniossoros hip6filos, de colora~ao castanho-escura, arredondados, 1-2 mm diam., circundados pela epidermedilacerada; panifises ausentes. Uredini6sporos pedicelados,glob6ides ou amplamente elips6ides, (27-)31(-34) Jlm compr.e (23-)29(-31) Jlm larg., parede de colora~ao canela, apresentando equinula~6es esparsas, 1,4-3,2 Jlm espess.lateral, com4 poros germinativos equatoriais.0, I - nao se conhece os estadios espermogoniais e eciais.
Material analisado: sobre Asclepias cllrassavica L.,29-VII-1997, A.A. de Carvalho Jr. 97-151 (IBIl7921 - II);24-X-1997, 97-204 (IBIl7974 - II,III); 31-III-1998, 98-272(IBIl8289 - II, III).
Comentarios: segundo Arthur (1962), 0 ciclo de vida destaferrugem nao e perfeitamente entendido. Algumas cole~6es
de regi6es de zonas limftrofes dos.estados do sui dos Estados Unidos e de pafses ao sui dos Estados Unidos, muitasvezes apresentam a aparencia de urn desenvolvimento sistematico ecial, mas, nenhum espermogonio pode ser encontrado. A cole~ao de Schweinitz do Suriname nao diferede muitas outras cole~6es das regi6es ao sui dos EstadosUnidos. Nas regi6es do norte dos Estados Unidos, a aparencia clor6tica dos brotos nao tern side vista, e 0 uredfnionao e tao abundante como 0 telio, e ambos ocorrem no finalda esta~ao sazonal.
Os teli6sporos de U. asclepiadis, apesar de considerados decfduos, apresentam pedicelos onde uma pequenaparte dos mesmos e mantida aderida a maioria dostel i6sporos.
A especie e muito comum em areas de transi~ao, emlocais degradados como nas proximidades de estradas deterra e em terrenos baldios em regi6es de domfnio da MataAtlantica. Os especimes estudados foram encontrados emareas degradadas pr6ximas alagoa da reserva.
Distribui~aogeografica: Argentina, Brasil, Suriname. Segundo Arthur (1962) America Central, America do Sui, Bermudas, Caribe e sui dos Estados Unidos.
Bignoniaceae
Prospodium appendicuLatum (Winter) Arthur, J. Mycol.13: 31. 1907.(Fig. 9-12)
Tipo: 0 mesmo de Puccinia appendicuLata.Puccinia appendicuLata Winter, Flora 64: 262. 1884.
Tipo: sobre Bignoniaceae indeterminada, Mexico, data naoregistrada, Kerber. s.n.Puccinia ornata Harkness, Proc. Calif. Acad. Sci. II. 2: 231.1889.Tipo: sobre Tecoma stans (L.) Jussieu, Comondu, BaixaCalifornia, Mexico, 1989. Brandegee s.n. (nao 0 de Arthur &Holway, 1887 - uma ferrugem sobreRumex).Puccinia medusaeoides Arthur, Bot. Gaz. 16: 226. 1891.Nom. nov para P. ornata Hark.Tipo: 0 mesmo de P. ornata.Pliccinia tecomae Saccardo & P. Sydow in Saccardo, Syll.Fung. 14: 358.1899. Nom. nov. paraP. ornata Hark.Tipo: 0 mesmo de P. ornata.
Anamorfos:Uredo cuticllLosa Ellis & Everhart, Bull. Lab. Nat. Hist.Iowa 4: 67.1896.Tipo: material proveniente da Nicaragua. Literatura nao disponfvel.Uredo Lilloi Spegazzini, An. Mus. Nac. Buenos Aires 6:234.1898.Lectotipo sobre Tecoma stans (L.) Jussieu, Tucuman, Argentina,janeiro de 1895.Puccinia cuticulosa (Ellis & Everhart) Arthur, Mycologia9: 83.1917.Tipo: 0 mesmo de Uredo cuticulosa.
III - teliossoros hip6filos, de colora~aomarrom-chocolate,surgindo a partir dos urediniossoros, pequenos,apraximadamente 0, Lmm diam.; poucas parafises perifericas,com paredes hialinas, encurvadas e curtas. Teli6sporoselips6ides ou oblongo-elips6ides, estreitamente ou naoconstritos no septo, (38-)42(-44) Jlm compr. e (18-)22(-25) Jlmlarg., paredes laminadas, de colora~ao castanho-escura ouchocolate-clara, finamente ou espa~adamente equinuladas,2,5-4,0 Jlm espess. lateral e 4,6-7,6 Jlm espess. no umbo, poragerminativo da celula distal apical e da celula proximaladjacente ao pedicelo, cada uma coberta por um umboconspfcuo e de colora~ao castanho pal ida; pedicel os,50-69 mm compr. e 7-11 J1.m espess. pr6ximo ao hila, comparedes finas, hialinas, providas de apendices mais oumenos dicotomicos nos dois ter~os inferiores, em 3-5 alturasdo pedicelo.II - urediniossoros hip6filos, de colora~ao canela-palida,pequenos, aproximadamente 0, I mm diam.; parafises perifericas, paredes hialinas, encurvadas, curtas. Uredini6sporoscom pedicelos decfduos, radial mente assimetricos,glob6ides ou largamente obov6ides, (19-)25(-29) J1.m compr.e (19-)23(-27) J1.m larg., elips6ides quando os porosgerminativos estao dispostos lateralmente, paredes distintamente laminadas, de colora~ao canela, moderadamenteequinuladas, 1,2-5,0 J1.m espess. lateral; com 2 porosgerminativos opostos e equatoriais, dispostos em areasachatadas.0, I - estadios espermogonial e ecial nao foram encontrados.
Materiais analisados: sobre Tecoma stans (L.) Jussieu ex
24 Iloehnea 19( I l, 2001.
Fig. 9- J2: Prospodilll/1 appel1diclIlOllll11 (181 J8311).9: teli6sporo em vista Illediana mostrando esporo tricelular e umbo nas celulas distais;aesquerda e acillla teli6sporo individualizado Illostrando duas alturas das ornalllenta<;:oes do pedicelo; 10: telia poros em vista superficialevidenciando a equinula<;:oe das paredes; II: uredini6sporo em vi ta mediana, mostrando que sao laminados; 12: urediniasporos em vistasuperficial; adireita e abaixo, paralises hialinas, cncurvadas e curtas.
Kunth, 23-IV-1998,A.A. de Carvalho Jr. 98-294 (18118311 II, III); 26-V-1998 (18118342 - II, III).
Comentarios: segundo Cummins (1940) P appendiculatume uma das mais caracteristicas especies do genero, devidoaos teli6 poros grandes e escuros, e pedicelos extensivamente ornamentados.
Segundo Arthur (1907), 0 estadio - 0 - apresentacspermog6nio anfigenos e fruticulos sobre pequcnas areashipertrofiadas ou em galhas caulicolas ou fruticolas, decolorayao castanha, subcuticulares, amplamente c6nicos,70-135 ~lm diam. I - soros eciais anfigenos c 1'ruticulos, aoredor dos espern10g6nios em grupos de 2-8 mm diam., decolorayao canela, subcuticular, uredin6ide, parafisesperi1'ericas ou aparentemente intel111cada' nas conOuenciasdos soros; eci6sporos parecidos com os uredini6 porosporem maiores, 21-26 x 24-34 11m e paredes, 5-9 11m espess.
Distribuiyao geograFica: Argentina, Brasil, Mexico,Nicaragua. Segundo Arthur (1907) do Mexico ate a Americado SuI.
Prospodiu/11 sti::.ophylli II.S. Jackson & Holway in Jackson,Mycologia 24: 92. 1932.(Fig. 13-16)
Tipo: sobre Sti::.ophyllu/11 pel:!oratum Mier, Parque da Avenida Paulista, Sao Paulo, Brasil, 05 de maryo de 1922, Holwayn.1613.
III - teliossoro principalmcnte hip6filos, sobre pequenasareas amareladas, 0,5-1 ,5 cm diam., de colorayao castanha,pulverulentos, usual mente desenvolvidos nos anguloonde as laminas das 1'olhas encontram uma nervura;parafises ausentes. Teli6sporos oblongos a elips6ides,notadamente constritos no septo, circulare acima e abaixo,(35-)40(-44) 11m compr. e (15-)22(-26) 11m larg.; paredesinconspicuamente bilaminadas, lamina interior de colorayaoca tanha, lamina exterior u ualmente visivel somente nosepto e sobre os poros germinativos, de colorayaosemi-hialina, rinamente rugosa, com rugas irregulares, asquais se fundem para forn1ar um reticulo indistinto, paredeI 5-4,0 ~t1n espess. lateral; poro germinativo da celula di tal
A.A. Carvalho .Ir., M.H. Figucircdo, E.I.. Furtado, .1.1'. Ilcnncn: LJrcdinalcs 25
Fig. 13-16: Prospodim sti::ophvlli (I BI17934). 13: tcli6sporos ern vista rnediana, corn a presenc,:a de rnes6sporos (unicelulares) e pedicelospersistentes; 14: tel i6sporo ern vista superficial; 15: detalhe da superficie rugosa do teli6sporo; 16: aspecto ontogenico do tel i6sporos.
localizado no apice e da celula proximal abaixo, sendocobertos pOI' LII11 pequeno umbo cuticular; pedicelo hialino,sem ornamentac,:oes, 5,5-12,5 llm compr. e 5,0-8,0 ~lm larg.perto do hilo, mai abaixo, provido de um septo que 0 tornafragil, onde normalmente se quebra, paredes delgadas.Teli6sporos unicelulares (mes6sporos) tao numerososquanto os bieelulares, glob6ides e providos, usual mente,de um poro lateral, outras vezes, igual aos bicclularcs.0, I, II - estadios espermogonial, ecial e uredinial nao saoproduzidos.
Materiais analisados: sobre Mactac~vena unguis-cati (L.)A.II. Gentry, 29-VII-1997,AA de Carvalho Jr. 97-146, 97-147(fB11791 6 -111,18117917 -III); 18-VIfI- 1997, 97-164(1BI I7934-III); 19-IX-1997, 97-182, 97-186 (18117952 - "1,18117956III); 23-IV-1998, 98-30 1(lB118318 -III); 25-VII-1998, 98-339(18118356 -III).
Comentarios: segundo Cummins (1940), Jackson trataP slizophyili como uma espccie microcielica, entretanto, estaideia nao pode ser considerada final. 0 habito dos soros, anatureza das omamentac,:oes, a abundiincia de mes6sporos
e as caracteristicas dos pedicelos, sugerem que esta especie tem outros estadios esporiferos que ainda nao foramencontrados, podendo tratar-se de uma especie macrociclica.
Distribuic,:ao geografica: Brasil.
Boraginaceae
Aecidiu/11 cordiae P. Ilenn., Bot. Jahrb. 17: 491. J 893.(Fig. 17-20)
Tipo: sobre Cordia IJltllala L., Santo Domingos, Haiti, datae coletor nao registrados.Aecidiu/11 cordi1i7hilu/11 Speg., Rev. Argent. Bot. 1(2-3): 95.1925.Tipo: sobre Cordia IIlmijhlia Jusseou, Salta, Sierra de Santa Barbara, Argentina,janeiro de 1906, Spegazzini s.n.
0-1- espcrmogonios epifilos, aos grupos, dispostos em manchas arredondadas e escurecidas, com aproximadamente3-5 mm diiim., subepidcrmicos, com aproxlmadal11ente70-100 11111, glob6ides. Eciossoros hip6filos, dispostos dolado oposto dos cspermogonios, agrupados em l11anchas
26 Iloehnea 29( I), 2002.
Fig. 17-20: Aecidiul/I cordiae (IBI18334). 17: eci6sporos em vista mediana mostrando 0 engrossamento das paredes distais de algunsesporos; 18: eci6sporos em vista superficial mostrando as verrugosidades; 19: celula peridiai de form as poliedricas; 20: celulas peridiaiscom mem branas verrugosas.
dispersas, alTedondadas e escurecidas COI11 aproxil11adamente 3-5 111m diam., cupulados, amarelados com aproximadamente 200-250 flm diam. Eci6sporos catenulados, elip 6idesou poliedricos, (2 J - )27(-36) flm diam.; parede hialina,verrugosa., J-2 flm espess., engrossada no apice em ate 5 ~lm.
Peridios hexagonais, retangulares ou trapezoidais, 2 J-37 flmdiam. e paredes de 2,3-8,0 flm espess., com l1lembranas extemas verrugosas e internas mais lisas.II e 111- estadios telial e uredinialnao sao conhecidos.
Material analisado: sobre Cordia ecal)'culata Yell.,26-v-1998,AA de Carvalho Jr. 98-317 (lBI J8334 - 0-1).
COl1lentarios: Segundo Jackson (J 93 J) e Lindquist (1982) euma especie facill1lente distinguivel devido aoespessamento apical dos eci6sporos.
Jackson (J 931) ainda relata que a localidade do tipo foidada como Santo Domingo, mas pode ser considerada umerro. A observac;:ao de Jackson deve-se, provavelmente, aofato de que 0 titulo do artigo em que se encontra a descric;:aoser "Die von lieI'm P. Sinteni auf del' Insel Portorico
1884-1887 gesammeltcn Pilze. Bearbeitet von J. Bresadola,P. Hennings und P. Magnus", pOl·tanto, todos os materiaiali contidos devem tel' sido provenientes de Porto Rico(Bresadola et aI., 1893). Apesar dos materiais examinadosserem provenientes de Porto Rico, ao final da descric;:aoP. Hennings, coloca a Frase "aufBliittem von Cordia bullataL. St. Domingo (EI fRENBERG)", devido a isso, considera-se,ao contrario de Jackson, que a especie seja proveniente deSao Domingos, I-Iaiti,ja que sao ilhas vizinhas ituadas noCaribe e os pesqui adores poderiam tel' anexado estematerial em conjunto com 0 outros.
0utra curiosidade sobre a referencia bibliogratica eque em Saccardo (1895), a referencia do tipo eAecidium cardiae P. Henn., F. PortoI' Sint., 491. Eimpossivel encontrar na literatura esta referencia pOI' citar apenasao trecho da publicac;:ao em que J. Bressadola, P. Henningse P. Magnus fizeram as de cric;:5es dos fungoportorriquenhos.
Arthur (1924) lista Aecidium brasiliense Diet. comoum sinonimo, mas este e claramente um erro, pois
A.A. Carvalho .lr., M.B. Figuciredo, E.L. Furtado, .I.F. Ilenl1cn: Uredinalc 27
A. brasiliense e sinonimo de Uromyces selariae-ilalicaeYoshino e possui caracteristica bastantc diversas.
A adoc;ao do diametro dos esporos em lugar do comprimento e largura se deu devido a impossibilidade de
visualizaC;ao do hilo,ja que os eci6 poro sao catenulados.
Distribuic;ao geografica: Argentina, Brasil, Haiti. SegundoJackson (1931) Caribe e Trinidad.
Pllccinia cardiae Arthur, Mycologia 8: 17. 1916.(Fig. 21-26)
Tipo: sobre Cordia alliodora (Ruis & Pavon) Chamisso,
Ponce, Porto Rico, Janeiro de 1911, Holway s.n.Anamorfos:Caeoma cordia (Hennings) 1. Hernandez & J.F. Hennen,
Sida: 20. 1999.Tipo: 0 mesmo de Uredo cordiae.Uredo cordiae P. Hennings, Hedwigia 43: 163. 1904.
Tipo: sobre Cordia sp., Tarapoto, Peru, outubro de 1902,Ule no. 3241.
Bul/aria cordiae (Hennings) Arthur & Mains, . Am. Flora7: 492. 1922.Tipo: 0 mesmo de Uredo cordiae.
III - teliossoros predominantemente hip6filos, de colorac;aocastanha, em areas escurecida ., di persos, pulverulentos,surgindo a partir dos urediniossoras, 0, 1-1,0 mm diam.;p3l'afises ausentes. Teli6sporos elips6ides, an'edondadonos exu'emos, alguns com uma pequena constric;ao no septo,(43-)49{-58) Ilm compr. e (-22)25{-30) f.lm larg., parede de colorac;ao castanho-clara, com grossas e espac;adas verrugasconicas, uni forme, 2-3 f.lm e pess., poras genninativos tipo
"plug", pedicelos hialinos, 38-68 ~lm compr. e 5,8-8,3 f.lmlarg.
perto do hilo, entumescidos cm LlIll ponto no terc;o inferior.Quando mergulhados em liquidos entumescendo aindamais, chegando a medir cerca de 20 ~lIn diam.11- urediniossoros anfigenos, predominantemente hip6tilos,
em area escurecidas, de colorac;ao canela-escura, dispersos,pulvcrulentos, 0, 1-1,0 mm diiim.; paratises numerosas, peri
fericas, unidas na base. Uredini6sporos catenulados, irre-
Fig. 21-22: Puccinia cordiae (18117927).21: teli6sporos em vista mediana; 22: teli6sporos em vista superficial mostrando as verrugasconicas; adireita e abaixo, aspecto das panilises. Fig.: 23-24: P. cordiae (18118326).23: uredini6sporos em vista mediana; 24: uredini6sporosem vista superficial evidenciando 0 padrao de verrugosidades.
28 Hoehnea 29(1), 2002.
gular e largamente elips6ides ou glob6ides, (26-)31 (-36) IW1
compr. e (22-)25(-31) JJ-m larg., paredes de colora~ao castanha, verrugosas, 1,6-3,4 JJ-m espess. lateral, porosgerminativos 3-4, pr6ximos do equador.0, I - espermogonios e ecios dispersos sobre hastes e foIhas mais ou menos hipertrofiadas, onde e desenvolvido 0
micelio sistemico.I - eciossoros sem perfdio, anffgenos, de colora~ao castanha, de origem subepidermica e em areas escurecidas, associados aos espermogonios, irrompentes, pulverulentos,0,1-1,0 mm diam.; parafises ausentes. Eci6sporos, assim comoos uredini6sporos, desenvolvendo-se em cadeias(catenulados), irregular ou largamente elips6ides ouglob6ides, (25-)31 (-39) JJ-m compr. e (19-)24(-32) JJ-m larg.,paredes de colora~ao castanho-clara, verrugosas, 1-3 JJ-mespess., provavelmente 3-4 poros germinativos, pr6ximosao equador.
Material analisado: sobre Cordia trichotoma (Veil.) Arrab.ex Steud., 18-VII-1997, A.A. de Carvalho Jr. 97-157 (IBIl7927- II, III); 13-1-1998,98-18 (IBI18035 -0-1); 23-1-1998, 98-25(IBIl8042 - Il); 20-Il-1998, 98-31,98-37,98-50 (IBIl8047 - II,III, IBIl8053 - II,III, IBIl8066 - II, III); 31-IIl-1998, 98-281(lBI18298 - Il, ill); 23-IV-1998,98-288,98-309 (IBI18305 - II,III, IBIl8326 - II, 0-1); 26-V-1998, 98-327 (IBIl8344 - II, III);25-VII-I998, 98-335 (lBIl8352 - Il, ill).
Comentarios: seis especies de Puccinia foram descritassobre Cordia spp. Duas delas, P. bulbilipes Hennen &Cumins e P. gerasacanthi Urban sao sinonimos taxonomicosde P.johnstonii Arthur. Outra especie P. corticola Arthur &Johnston e microcfclica, apresentando apenasespermogonios e telios, produz galhas e e, provavelmente,derivada de uma das tres outras especies remanescentes,que estao muito proximamente relacionadas. P. johnstoniiapresenta uredini6sporos equinulados e em P. ciliata Mainse P. cordia os uredini6sporos sao verrugosos com pequenas diferen~as nos tamanhos dos esporos. Provavelmenteestas duas ultimas sejam a mesma especie.
A especie Uromyces cordiae P. Hennings foi colocada erroneamente como sinonimo anam6rfico de Pucciniacordiae por Hennen et al. (1982). U. cordiae e na verdadesinonimo anam6rfico de U. dolichosporus Dietal & Holway.
Uredo cordiae P. Hennings foi transferido paraCaeoma cordiae porque 0 arranjo dos esporos diferem dadefini~ao do genero Uredo. 0 genero Caeoma, alem de apresentar esporos em cadeia, nao possui perfdio, sendo 0 nomemais apropriado.
Apesar dos anamorfos da especie serem catenulados,e possivel notar sua cicatriz (hilo), permitindo determinar aorienta~ao do esporo e, conseqUentemente, seu comprimento e largura.
Distribui~ao geografica: Brasil, Peru, Porto Rico. SegundoGallego & Cummins (1981), Mexico e Guatemala.
Uromyces dolichosporus Dietel & Holway, Bot. Gaz. 31:327.1901.(Fig. 27-28)
Tipo: sobre Tournefortia velwina Humboldt, Bonpland &Kunth, Oaxaca, Mexico, 18 de outubro de 1899, Holwayn.3655.Uromyces tournefortia P. Hennings, Hedwigia 47: 267. 1908.Tipo: sobre Tournefortia sp., Jardim Botanico, Rio de Janeiro, Brasil, data nao registrada, Ule n. 2535.Poliotelium dolichosporium (Dietel & Holway) Mains, Bull.TorreyBot.Club66: 175.1939.Tipo: 0 mesmo de Uromyces dolichosporus Dietel &Holway.
Anamorfos:Uredo pachystegia Dietel, Hedwigia 38: 257. 1899.Tipo: sobre Tournefortia sp. identificada erradamente comoVernonia sp., Rio de Janeiro, Brasil, dezembro de 1895, Ulen.2165.Uromyces cordiae P. Hennings, Hedwigia 47: 267. 1908.Tipo: sobre Tournefortia sp., Brasil, Rio de Janeiro, E. Ule2535.
III - estadio telial nao encontrado.II - urediniossoros anffgenos, predominantemente hip6filos,de colora~ao castanho-escura, irrompentes, em grupos concentricos ou dispersos, circulares, pequenos, 0,2-0,5 mmdiam.; parafises ausentes. Uredini6sporos com pedicelosdecfduos, obov6ides, (29- )35( -41) JJ-m compr. e(18-)23(-27) /lm larg.; paredes de colora~ao castanho-escura, equinuladas, proximal e distal mente engrossadas, parede lateral 1,2-2,7 JJ-m espess., parede apical 2,0-9,7 JJ-m espess.,3 poros germinativos equatoriais a ligeiramentesupraequatoriais.0, 1 - estadios espermogonial e ecial nao conhecidos.
Material analisado: sobre Tournefortia paniculata Cham.,25-VII-1998, A.A. de Carvalho Jr. 98-348 (IBI 18365 - II).
Comentarios: sobre Tournefortia sao encontradas quatro especies de Uredinales: Aecidium tournefortia P.Hennings, Puccinia tournefortiae Jacks & Holway, P.tournefortiicola Speg. e Uromyces tournefortia P.Hennings. P. tournefortiicola e P. tournefortiae saomicrocfclicas sendo que a primeira foi coletada apenasno Paraguai sobre Tournefortia salzmanii e a segundana Bolfvia, sobre T. fuliginosa.
Mains (1939) levantou a questao de algumas especiesdo genero Uromyces pertecerem ao genero Polioteliumdevido ao tipo de germina~ao do teli6sporo.
Na descri~ao original da especie (Holway, 1901),0 estadio III apresenta teliossoros de medio tamanho, hip6filos,raramente epffi los, dispersos ou em pequenos grupos, amarelo-alaranjados quando frescos, tornando-se brancos e comaspecto de feltro mais tarde; teli6sporos longifusiformes
A.A. Canalho .Ir.. M.B. Figueiredo. E.L. hlltado. .1.1'. Iknncn: Uredinales 29
26
Fig. 25-26: P cordiae (I BI18298). 25: eciosporos em vista mediana; 26: eciosporos em vista superficial. Fig. 27-28: Urom)'ces dolicho!Jporu(IBI18365). 27: urediniosporos em vista mediana, com hilo, poros germinativos (pontos mais claros) c a irregularidade na espessura dasparedes; 28: urediniosporos em vista superficial mostrando as equinulac;:oes esparc;:as.
ou longiclavados, 45-65 x 12-18 11m, com LII11 episporo fino,hialino e liso, germinando ao amadureccr; pedicelo persistente com aproximadamente 0 comprimento do teli6sporo.
Distribuiyao geogrMica: Brasil, Mexico. Segundo Jackson(1931), Cuba, Equador c Porto Rico.
Agradecimentos
Os autores agradecem aFAPESP (Proc. 0 I/03403-1),ao C Pq (Proc. 522655/96 - 3RN) e ao MSc. Milton GroppoJr. pelo auxilio na identificac;:ao das especies hospedeiras.
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