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Transfer - método de estamparia utilizando impressão a laser e thinner sobre
superfície têxtil.
Transfer - printing method using laser printing and thinner on textile surface.
Andre Fernandes Vieira Peixoto Coordenador de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do SENAI CETIQT, professor do curso de pós-
graduação em design de Estamparia, turma 2011, SENAI CETIQT.
Ricardo Assad Neder Aluno do curso de pós-graduação em design de Estamparia, turma 2011, SENAI CETIQT.
Resumo Este artigo tem como objetivo experimentar o método de transferência de uma impressão a laser sobre papel para uma superfície têxtil através da utilização de thinner. A proposta do experimento é sistematizar um procedimento a fim de buscar uma boa forma de executá-lo, propondo um método que abrange artesanalidade com tecnologia digital de impressão, barato e acessível, para estampagens caseiras e rápidas, porém com qualidade e eficiência. Palavras- chave: Estamparia. Transfer. Impressão a laser. Thinner. Têxtil. Tecido.
Abstract This article aims to try the method of transferring a laser print on paper for a textile surface through the use of thinner. The purpose of the experiment is to systematize a procedure that fits craftsmanship and digital paper printing, in order to seek a good way to run it by offering a cheap and affordable for faster home prints, but with quality and efficiency. Keywords: Printing. Transfer. Laser print. Thinner.Textile. Fabric.
INTRODUÇÃO
É notória a agregação de valor conferida ao material têxtil pela aplicação de cor à
sua superfície. No fluxograma industrial têxtil, os beneficiamentos secundários são
processos que visam atribuir cor ao substrato têxtil, agregando valor ao produto.
Esses dividem-se em duas vertentes ou subsetores: Tinturaria e Estamparia
(ARAÚJO; CASTRO, 1984).
A tinturaria é o processo de modificação físico-química do material têxtil, objetivando
que a luz refletida pelo mesmo provoque uma percepção de cor. Esta modificação é
realizada com a aplicação de substâncias químicas coloridas no substrato, através
de um processo denominado tingimento. Os produtos que provocam tais
modificações são denominados matérias corantes. Na tinturaria a atribuição de cor
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ao material é uniforme, por toda a extensão do mesmo, sendo a água o veículo de
transporte corante/fibra (TROTMAN, 1984).
Paralelamente, a estamparia têxtil é o processo que consiste em colorir áreas
específicas do substrato formando desenhos, com o objetivo de decorar o material,
tornando-o adequado para atender às necessidades do consumidor. O meio de
transporte ou veículo da matéria corante para o substrato têxtil na estamparia
convencional é uma pasta (viscosa). A utilização de pigmentos, substâncias na
maioria das vezes insolúveis e sem afinidade por fibras têxteis, é mais evidente
neste processo, onde resinas atuam na fixação da cor sobre o material têxtil (MILES,
1994).
A estamparia permite obter um desenho ou padrão de repetição, mono ou
policromático, sobre tecido, enquanto a tinturaria introduz uma única cor ao material
por toda sua superfície e é altamente dependente da composição fibrosa do material
(NEVES, 2000).
A importância da estamparia no segmento industrial têxtil, no que diz respeito ao
desenvolvimento do design de moda e de interiores é um fato consumado. Neste
contexto, a estamparia artesanal é sinônimo de exclusividade tanto para quem cria
como para quem consome, agregando valor, identidade, e muitas vezes histórias ao
produto ofertado.
Através da estamparia é possível transportar para o mundo da moda/interiores todo
o estilo e personalidade do designer ou brand que ele representa. É também
possível traduzir ideias e representar culturas em uma infinidade de cores e motivos.
Uma estampa consegue trazer a arte para a moda, e com sua constante evolução,
sempre surgem novos processos e aplicações para a atividade.
A essência do artesanato é a manufatura, o ato de fazer manualmente um a um, objetos do cotidiano, os chamados utilitários, que, ao mesmo tempo, expressam a cultura das comunidades. Pode-se dizer que o artesanato nasceu com essa função. Hoje não é mais assim. Os utilitários são produzidos em série pela indústria, mas o artesanato não perdeu sua força. Pelo contrário, passou a ser produzido como arte e, a cada dia, ganha mais espaço no mercado. (FAJARDO; MATHIAS; AUTRAN, 2002, p. 7)
Em um mundo em que cada vez mais a palavra “exclusividade” torna-se uma
obsessão, a estamparia artesanal surge com o objetivo de ser original e diferente.
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Representa a marca registrada do criador, muitas vezes atingindo o símbolo de
status para se diferenciar de outros produtos que são desenvolvidos em escala
industrial no mundo globalizado.
Na verdade, a ideia que fazemos atualmente de artesanato, como um tipo de trabalho diferenciado e especial, é fruto da industrialização, pois essa distinção faria pouco ou nenhum sentido antes da Revolução Industrial. Design, arte e artesanato têm muito em comum e hoje, quando o design já atingiu uma certa maturidade institucional, muitos designers começam a perceber o valor de resgatar as antigas relações com o fazer manual. (CARDOSO, 2009, p. 21)
Há, atualmente, muitas empresas e cooperativas que prosperaram com a utilização
da produção artesanal. Apenas como singela exemplificação, cita-se a CoopaRoca,
localizada na comunidade da Rocinha, Zona Sul do Rio de Janeiro, que cria
produtos com retalhos de tecidos; a Autofalante, em Recife, formada por jovens que
encontram no tecido uma forma de arte e renda e a Associação Mineira de
Artesanato e Reciclagem, em Belo Horizonte, Minas Gerais, que produzem papel
artesanal através da reciclagem. Exemplos de processos artesanais de estampagem
e tingimento no segmento têxtil com boa aceitação no mercado são: tie-dye, batik,
shibori, estêncil, block printing, aerografia, ikat, ombré, deep-dye e pintura sobre
tecido.
A proposta deste artigo surgiu em uma das aulas do curso de pós-graduação em
Design de Estamparia do SENAI CETIQT, no ano de 2011, através da proposta de
criação de uma estampa, usando como base uma frase ou trecho de alguma música
ou poema de interesse do aluno. Em buscas na internet, um site ofereceu uma
maneira alternativa de transfer, empregando thinner e impressão a laser. O resultado
final foi interessante, surgindo daí a vontade de aprofundar e desenvolver a técnica
aplicada.
No presente trabalho, experimentações foram feitas com o objetivo de adaptar e
sistematizar a técnica de transfer com impressão a laser, e procurar aprimorar um
método artesanal, caseiro, rápido e prático para se estampar tecidos de fibras
celulósicas (algodão, linho, viscose, rami, etc). Assim sendo, pesquisas sobre os
componentes e o funcionamento de algumas etapas do processo, como a impressão
a laser, a estampagem por termotransferência, o toner de impressão, e a forma de
ação do thinner no transfer, foram realizadas e sintetizadamente explicitadas no
segundo item, Revisão Bibliográfica. O terceiro item do artigo, Materiais e Métodos,
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mostra os materiais utilizados na estampagem e os procedimentos experimentais
adotados nas impressões e estampagens. No quarto item, os resultados obtidos são
fornecidos e discutidos assim como relatadas as dificuldades encontradas nos
processos, seguidos por uma conclusão no sexto e último item do presente trabalho.
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 Como funciona a impressão a laser
Basicamente, uma impressora a laser funciona da seguinte maneira: a impressora
processa a imagem vinda de um computador. Imediatamente após o processamento, o
cilindro da impressora recebe uma carga elétrica positiva e um laser descarrega certas
partes do cilindro formando uma imagem elétrica da impressão. Logo, o toner entra em
contato com o cilindro, aderindo-se aos espaços descarregados pelo laser.
Posteriormente, a impressora puxa o papel, que recebe uma carga negativa assim que
entra no aparelho. O papel passa em baixo do cilindro, que recebe a fixação da imagem
a ser impressa. Finalmente, a imagem que está formada pelo pó de toner é fixada ao
papel pelo calor do fusor, formando assim a impressão. (TECMUNDO)
Figura 1: Trajeto de uma folha de papel através de uma impressora a laser Fonte: HOWSTUFFWORKS
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1.2 Estamparia por termotransferência
A estamparia por termotransferência é um método baseado no princípio da
passagem de um desenho aplicado em papel (estampa) para o substrato (tecido)
através da aplicação de calor e pressão. Este tipo de estamparia é bastante
adequado para desenhos complexos e detalhados, onde os processos mais simples
de estampagem não conseguem atingir.
Existem diferentes tipos de processos de estampagem por termotransferência,
porém os mais conhecidos são o transfer convencional ou comum, o transfer de
impressão e recorte, com tinta à base de solvente, e o por sublimação.
Transfer comum é o processo de transferência de imagem de papel especial, impresso em impressora laser ou jato de tinta, para o tecido por prancha aquecida. A tinta contida no papel é transferida para o tecido quando o papel é submetido à pressão e alta temperatura por alguns segundos. No transfer sublimático, ou por sublimação, o processo é semelhante ao transfer comum, a diferença é o tipo de tinta utilizada e o toque proporcionado. O transfer sublimático é feito com tinta sublimática, caracterizada pela presença de corantes dipersos, utilizada em impressoras especiais (sublimáticas). A tinta interage diretamente com a fibra dos tecidos de poliéster ou poliamida, através da mudança de fase do estado sólido para gasoso, diretamente (sublimação) e funciona como uma espécie de tingimento localizado. (FASHIONBUBBLES)
1.3 Toner
Toner é uma tinta em pó, com tamanhos das partícula que variam de 1 a 15
micrômetros, usada em impressoras ou copiadoras. Constitui-se de uma mistura de
carbono e polímeros que, através do calor do rolo fusor e de eletricidade estática, é
fixada ao papel, formando a imagem da impressão. (TECNOLOGIAUOL)
Figura 2: Como funciona o transfer sublimático Fonte:PORTALDASUBLIMACAO
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1.4 Thinner
O thinner, chamado também de diluente ou redutor, é um solvente para tintas e
vernizes muito utilizado em oficinas de pinturas, altamente inflamável e volátil.
Devido ambas as características, o thinner, deve ser manuseado cuidadosamente e
em locais arejados, pois além de queimaduras em contato com fontes de ignição,
podem causar danos à saúde como enjoos e efeitos alucinógenos. (WIKIPEDIA,
2012)
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Conforme mencionado na introdução deste artigo, o processo de estampagem
proposto tem como objetivo ser simples, rápido e econômico, por isso foram
utilizados materiais que possam ser facilmente adquiridos.
2.1 Materiais
• Impressora multifuncional a laser monocromática, fabricante SAMSUNG,
modelo SCX-4200
• Papel sulfite branco, tamanho A4 (210mmx297mm), gramatura de 75g/m²
• Thinner, fabricante NENA (vendido em qualquer loja de materiais de
construção)
• Ferro de passar roupas
Figura 3: Grão de revelador recoberto com pequenas partículas de toner
Fonte: XEROX
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• Tecido de meia malha 100% algodão, alvejado (onde foram estampados os
desenhos)
• Fita adesiva
• Estopa ou esponja de lavar louças
2.2 Métodos
Foram realizadas várias tentativas, com o objetivo de alcançar a maneira mais eficaz
de se transferir a estampa do papel para o tecido, dentro das condições testadas e
relatadas nos subitens desta seção. Primeiramente, reproduziu-se no item 3.2.1 o
método de estampagem tal como é indicado no site usado como referência
(http://mademoisellechaos.blogspot.com). Posteriormente, foram realizados mais
dois experimentos usando outros métodos relatados a seguir.
2.2.1 Experimento 1: aplicação de thinner e pressão no verso do papel
impresso
• Primeiramente, o papel impresso a laser com o motivo a ser estampado foi
colocado com a face impressa em contato com o tecido, fixando-o com fita
adesiva. Deve-se ressaltar que a imagem impressa deve estar invertida, para que,
no momento da transferência para o tecido, seja visualizada de maneira correta,
conforme mostrado na figura 4;
• Depois disso, aplicou-se o thinner no papel, com auxílio de uma estopa ou
esponja, de maneira que esse absorva bem o solvente (figura 5).
• A seguir, com a ajuda de uma espátula, esfregou-se moderadamente o desenho
na superfície do papel para fixar o toner, que está por baixo, no tecido (figura 6).
• Após o término, retirou-se o papel com cuidado (Figura 7).
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Figuras 4,5,6 e 7: passo-a-passo do experimento 1 Fonte: Autores
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2.2.2 Experimento 2: aplicação de thinner, pressão e calor no verso do papel
impresso
Desta vez, aplicou-se calor e pressão através do ferro de passar roupas.
• Como no experimento anterior, colocou-se o papel com a estampa em contato
com o tecido (figura 8).
• Em seguida, o thinner foi aplicado no papel usando esponja ou estopa (figura
9).
• Com o ferro de passar, em temperatura média/alta, aplicou-se pressão em
cima da estampa, entre vinte e trinta segundos, objetivando fazer a
transferência da imagem (figura 10).
• A seguir, retirou-se o papel com cuidado (figura 11).
Figuras 8,9,10 e 11: passo-a-passo do experimento 2 Fonte: Autores
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2.2.3 Experimento 3: aplicação de thinner, pressão e calor no tecido
Neste procedimento, ao invés de aplicar o thinner no verso do papel, aplicou-se
diretamente no tecido o mesmo.
• Foi colocado o papel com a estampa para baixo e fixamos no tecido com a
fita adesiva (figura 12).
• Agora, virou-se todo o conjunto para que o tecido fique por cima do papel
(figura 13).
• Com a estopa, o thinner foi aplicado sobre o tecido, de maneira que o
mesmo absorva bem o solvente (figura 14).
• Em seguida, aplicou-se pressão com o ferro de passar regulado em
temperatura média/alta (figura 15).
• Com cuidado, retirou-se o papel (figura 16).
Figuras 12,13,14, 15 e 16: passo-a-passo do experimento 3 Fonte: Autores
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3 RESULTADOS
3. 1 Resultado do Experimento 1
Nesta primeira experimentação, procurou-se reproduzir a metodologia explicitada no
site de referência. O resultado não foi tão satisfatório, pois o estampado final não
combinou com a imagem mostrada na página eletrônica de referência, que era uma
estampa com qualidade, bem contrastada e nitidez nos detalhes.
A estampa ficou esmaecida, pois o toner não passou totalmente para o tecido. O uso
de uma espátula também não surtiu muito efeito. O thinner foi passado mais de uma
vez, em um total de três, melhorando um pouco a transferência da estampa para a
malha. Apesar do pouco contraste, a imagem tem nitidez com alguns detalhes,
conforme pode ser visualizado na figura 17.
A amostra de tecido foi submetida a dez lavagens à mão, usando sabão neutro.
Logo após a primeira lavagem, percebeu-se que a imagem perdeu qualidade ficando
ainda mais esmaecida. Nas lavagens seguintes a imagem manteve-se no tecido sem
mais perda de qualidade (figura 18).
Figura 17:antes das lavagens Fonte: Autores
Figura 18: após as 10 lavagens Fonte: Autores
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3. 2 Resultado do experimento 2
Este experimento adotou a aplicação de calor para ajudar na transferência da
imagem. O resultado obtido foi um pouco melhor que o primeiro. Já houve uma
passagem maior do toner para o tecido, deixando a imagem mais contrastada, mais
nítida e com detalhes mais aparentes. O processo de aplicação de thinner e do ferro
de passar foi feito três vezes, melhorando mais a transferência do desenho a cada
passagem (figura 19).
A amostra também foi submetida a 10 lavagens, como no experimento anterior. O
resultado foi semelhante, perdendo qualidade logo na primeira lavagem e depois
mantendo a aparência nas lavagens seguintes (figura 20).
3. 3 Resultado do experimento 3
O terceiro experimento apresentou o melhor resultado visual para o trabalho. A
aplicação do thinner e do ferro de passar no substrato ao invés da aplicação no papel,
parece ter resultado na diferença. O tecido absorveu mais o thinner e reagiu
diretamente no toner da impressão, transferindo uma quantidade maior do que nos
experimentos anteriores. Mesmo assim, a passagem de thinner e ferro de passar teve
que ser repetida duas vezes para um resultado final melhor. A imagem ficou com
contraste bom e com uma melhor nitidez, consequentemente os detalhes também
aumentaram, conforme mostra a figura 21.
Figura 19: antes das lavagens Fonte: Autores
Figura 20: após as 10 lavagens Fonte: Autores
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Após dez lavagens, a imagem teve uma perda bem pequena de qualidade, mas não
comprometeu a estampa como nos outros experimentos (figura 22).
CONCLUSÃO
Em face do exposto, conclui-se que, através das experimentações, torna-se possível
a criação de uma maneira mais sistematizada a esse tipo incomum de transfer, cujas
referências quase não existem na literatura e outras fontes de pesquisa.
Realmente, a técnica em questão é mais indicada para trabalhos artesanais, pois
cada resultado de estampagem é diferente do outro, tornando assim um método
industrializado aparentemente difícil de ser realizado. Contudo, um fator acelerador
do processo é a impressão da imagem digitalmente.
A perda de qualidade após as lavagens nos experimentos sugere que esse tipo de
transfer tenha uma característica de produto "descartável", como por exemplo, uma
camisa para um evento específico, ou que seja usado com peças que não se
submetam à lavagem, como a arte de um painel ou quadro.
Percebeu-se também que o tamanho das estampas a serem utilizadas é limitado.
Quanto maior o desenho maior deverá ser a habilidade para fazer o transfer.
Sugere-se que não sejam usadas estampas muito grandes, tendo em vista a
limitação do tamanho padrão de uma impressora popular: formato A4
(210mmx297mm).
Figura 21: antes das lavagens Fonte: Autor
Figura 22: após as 10 lavagens
Fonte: Autor
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Como vantagens da técnica, pode-se frisar a simplicidade de execução, larga
disponibilidade de matéria prima, possibilidade de reciclagem do papel e estopa
utilizados, o toque “zero” no tecido e o baixo custo de execução. A possibilidade de
mistura com outros métodos também é possível, como o uso de tintas ou canetas
próprias para tecido.
O efeito de corrosão que a estampa deixa, abre possibilidade de uso em todos os
resultados obtidos nos experimentos, dependendo do efeito que o designer ou cliente
desejar.
Como sugestões a serem futuramente exploradas, evidenciam-se o uso de cor nas
impressões e o uso de tecidos coloridos. Há também a possibilidade de utilização de
outros substratos para testes, como não tecidos e materiais de outras composições,
como poliéster, poliamida, lã ou seda, aumentando ainda mais o leque de opções do
uso desta técnica, caso sejam obtidos bons resultados de nitidez e durabilidade
como os do presente trabalho.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, M; CASTRO, E. M. M. Manual de engenharia têxtil. Lisboa: Fundação Cauloust Gulbenkian,1984. v. 2. CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. Rio de Janeiro: Blusher, 2009. FAJARDO, Elias; MATHIAS, Cristina; AUTRAN, Margarida. Papéis e panos. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2002. FASHIONBUBBLES. Disponível em: <http://www.fashionbubbles.com/historia-da-moda/processos-e-tecnicas-de-estamparia-parte-12/>. Acesso em: 3 fev. 2012. HOWSTUFFWORKS COMO TUDO FUNCIONA. Disponível em: <http://informatica.hsw.uol.com.br/impressoras-a-laser1.htm>. Acesso em: 27 jan. 2012. MILES, L. W. C. Textile printing. Perkin House: Society of Dyers and Colourist, 1994. NEVES, Jorge. Manual de estamparia têxtil. Portugal: TecMinho, 2000. PORTAL DA SUBLIMAÇÃO. Disponível em: <http://www.portaldasublimacao.com.br/o-que-e-sublimacao/41>. Acesso em: 18 fev. 2012.
Andre Fernandes Vieira Peixoto; Ricardo Assad Neder. REDIGE v. 3, n. 03, dez. 2012
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TECMUNDO. Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/infografico/3066-como-funciona-uma-impressora-a-laser-.htm>. Acesso em: 11 fev. 2012. TECNOLOGIAUOL. Disponível em: <http://tecnologia.uol.com.br/produtos/ultnot/2007/05/08/ult2880u357 .jhtm>. Acesso em: 15 fev. 2012. TROTMAN, E. R. Dyeing and chemical technology of textile fibres. 6. ed. Griffin, 1984. WIKIPEDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiner>. Acesso em: 18 fev. 2012. XEROX. Disponível em: <www.xerox.com>. Acesso em: 12 fev. 2012.
Currículo Resumido do(s) Autor(es)
Andre Fernandes Vieira Peixoto Engenheiro Industrial Têxtil, SENAI CETIQT, Especialista e Engenharia Econômica e Administração Industrial,UFRJ, Mestre em Ciência e tecnologia de Polímeros, IMA-UFRJ, Coordenador de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do SENAI CETIQT, professor do curso de Pós-graduação em design de Estamparia, turma 2011, SENAI CETIQT. E-mail: [email protected] Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5864656381149194 Ricardo Assad Neder Aluno do curso de pós-graduação em design de Estamparia, turma 2011, SENAI CETIQT.